Newsletter Março 2013

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Propriedade da JA! Justiça Ambiental Rua Marconi, no 110, 1o andar ­Maputo­Tel: 21496668 E­mail:ja@ja.org.mz, news@ja.org.mz

Papo da Praça

Foto:D.Ribeiro

Edição # 20: 5 de Março 2013

O Reino Imaginário de Techobanine Só pode ser coincidência...Essa Techobanine de que falam os jornais decerto que não é a nossa Techobanine. Não pode ser! Se fosse, a concessão do tal porto de águas profundas teria de ter sido feita de acordo com as nossas leis, mas como tal não é o caso, essa Techobanine só pode ser parte do Reino Imaginário de um Rei demente qualquer. Apesar das claras semelhanças, uma vez que a nossa Techobanine também é junto à costa, existem claras diferenças. A primeira, como já expus, é que no Reino Imaginário de Techobanine não há ministérios, nem parlamentos, nem assembleias, nem democracia... O regime é absolutista, quem manda é o Rei, e se o Rei decide que quer fazer um porto para impressionar os outros monarcas da região, não há protocolos a seguir, estudos a elaborar ou consultas a fazer, está decidido! Aqui em Moçambique, felizmente que não é assim, ainda bem que não vivemos nesse imaginário Reino de Techobanine nem somos súbditos desse autocrata. A segunda diferença, é que pelo que leio sobre essa outra Techobanine, não me parece que haja nada de especial na área onde dizem que vão construir o tal porto, a nossa Techobanine, pelo contrário, encontra­se no coração de duas reservas naturais (a Reserva Natural de Elefantes de Maputo e a Reserva Especial Marinha da Ponta d´Ouro), o que logicamente impossibilita a construção de uma infraestrutura dessa natureza. E ainda bem... Imaginem só se para agradar o Botswana, o Zimbabwe e a África do Sul começássemos a construir portos de águas profundas em Reservas Naturais. Seria ridículo não?

Se eu fosse um ilustre membro da corte desse Rei insano, mesmo tendo em conta que nessa Techobanine não há elefantes, nem hipopótamos, nem crocodilos, nem golfinhos, nem tubarões baleia, nem tartarugas, nem um dos dez maiores recifes de coral do mundo, ao contrário do que há na nossa Techobanine, perguntar­lhe­ia se tivesse oportunidade: “Excelência, você pensa?”

Qual a importância da Reserva Especial de Maputo (REM)? A (REM) protege um dos mais valiosos habitats de África Austral.A zona é extremamente rica em termos de flora, com uma vasta gama de habitats e um remarcável valor de biodiversidade, sendo considerada uma zona endémica segundo o Centro Global de Diversidade de plantas de Maputaland. Segundo o Centro de Diversidade de Plantas de Maputaland a Reserva Especial de Maputo é de interesse por várias razões: Situa­se numa parte significativa deste centro de endemismo de plantas, uma das quatro de África Austral, ocupa uma posição estratégica do limite sul dos trópicos e contém espécies das zonas temperadas do sul; Apresenta uma surpreendente variedade de combinação de comunidades de plantas, ecossistemas e Terras húmidas de significado internacional; entre outras. Relativamente à fauna, a REM apresenta uma grande população de mamíferos, uma população acima de 300 elefantes,a única na Província de Maputo.Suspeita­se que esta população constitua um grupo genético muito particular. Além do elefante (Loxodonta africana), podem­se encontrar os seguintes mamíferos: chango (Redunca arundinum), cudo (Tragelaphus strepsiceros), piva (Kobus ellipsiprymnus), changane (Neotragus moschatus)e hipopótamo (Hippopotamus amphibius), entre outros. Foram identificadas cerca de 337 espécies de aves incluindo o Stanley bustard e o Pel's fishing owl; em termos de ictiofauna foram encontradas pelo menos 3 espécies endémicas; a fauna marinha é muito diversa, inclui várias espécies de baleias, golfinhos, tartarugas marinhas e inumeráveis espécies de peixes.A reserva contém uma considerável população de crocodilos do Nilo, a maior a sul de Gorongosa. Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro,Janice Lemos, Jeremias Vunjanhe, Ruben Manna, Sílvia Dolores e Vanessa Cabanelas/ Layout & design: Ticha / Editor : Ruben Manna


Qual a Relação Entre Barragens e Cheias? Moçambique depara­se novamente com uma grave situação de cheias, e mais uma vez, o nosso governo alega que precisamos de construir mais barragens para nos precavermos e protegermos. Como tal, somos mais uma vez forçados a questioná­los: Há dados científicos que sustentem essa alegação? Desde os primórdios que existem cheias. Elas fazem parte integrante do fluir natural de vários rios, e o Zambeze, maior rio de Moçambique e o orgulho do Este de África é um deles, um rio pulsante. Ou seja, é normal que anualmente o rio tenha épocas de enchente, e mesmo que haja cheias ocasionalmente, mas a recorrência de grandes cheias pode ser atribuída a vários factores. No entanto, a história diz que tanto no passado como nos dias que hoje correm, as barragens são uma resposta inadequada para os crescentes problemas de cheias. Analisemos então as alegações do governo, que afirma que podemos construir barragens com o propósito de evitarmos e nos protegermos de cheias. Ora, se esse fosse o caso, teríamos de construir barragens que tivessem grandes reservatórios, sempre disponíveis para receber águas excessivas durante a época de enchente, ou durante uma eventual cheia. Mas sejamos honestos, para isso acontecer as albufeiras das barragens teriam de estar vazias. Por mais idiota que possa soar, só um reservatório vazio pode albergar água, e se a função da barragem é a proteção contra as cheias, então, como já foi dito, a barragem tem de ter capacidade de armazenar água, e a única maneira de garantir isso é mantendo o seu reservatório vazio. Todavia, nenhuma barragem foi alguma vez construída exclusivamente para esse propósito, e esse é exatamente o principal problema. Como tal, tais alegações por parte do governo denotam falta de conhecimento e de entendimento de como as barragens são construídas e quais os seus principais desígnios. É verdade que pequenas e médias represas podem ajudar a regular as épocas de enchente anuais, armazenando nas suas albufeiras algum do caudal de água excedente depois de fortes precipitações. As grandes barragens, por seu turno, são normalmente projetos multiusos, cujos propósitos muitas vezes entram em conflito e onde os interesses financeiros e políticos obrigam frequentemente a que se mantenham as albufeiras cheias a fim de se maximizar a produção de eletricidade, em detrimento de mantê­las vazias para acolher a água de eventuais cheias. Na realidade, vários são os casos documentados de cheias que foram agravadas porque operadores de barragens decidiram reter água e deixar o reservatório encher, e quando as chuvas continuaram depois do reservatório estar cheio, estas tiveram de abrir desmesuradamente as suas comportas para evitar que a água galgasse o paredão da barragem. Sem um ambiente físico saudável, o funcionamento do ecossistema é ameaçado e o padrão de sedimentos, vital para

para a sobrevivência e crescimento dos diversos ecossistemas, é quebrado. Vários estudos, incluindo um da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), demonstram que após a construção de uma barragem há 2 a 16 vezes mais erosão do que estava originalmente estimado. Para tornar as coisas piores, sempre que se criam estruturas de controlo nos rios como barragens, o falso sentido de segurança dado pelo “enorme muro de cimento” encoraja frequentemente as pessoas a estabelecerem­se nas planícies aluviais, e como o fluir e o regime natural dos rios é controlado pela gestão das barragens, as populações perdem a noção das oscilações sazonais do caudal dos rios e permanecem nas planícies aluviais o ano todo. Posto isto, quando ocorrem cheias, as consequências são muito mais nefastas e sérias do que se nenhuma estrutura de controlo existisse e as planícies tivessem permanecido virgens. Para mais, a progressiva perda de sedimentação reduz a capacidade das barragens reterem as águas de cheias, e consequentemente, ano após ano, o risco para aqueles que permanecem nas planícies aluviais aumenta. Para além disso, o consequente decréscimo na produtividade do solo em virtude dessa perda de sedimentação, aumenta a desflorestação, que por sua vez reduz a absorção da água das cheias. Não nos podemos esquecer que as mudanças climáticas e seus impactos e danos tornarão as barragens cada vez mais perigosas, uma vez que vários estudos de mudanças climáticas preveem um aumento na variabilidade do clima e na frequência e seriedade de fenómenos meteorológicos extremos. Com o agravar das mudanças climáticas as cheias tornar­se­ão, não só consequência de fortes precipitações, de cada vez mais frequentes ciclones que aumentarão o risco de impactos de cheias derivados da contingencial abertura de comportas descontroladas, mas também uma ameaça para a integridade estrutural das barragens. Por incrível que pareça, a maioria dos indivíduos e instituições que tomam essas decisões, ignora a ciência e todos os conselhos de especialistas e peritos, bem como a voz da experiência das comunidades. Assim sendo, ficam reunidos todos os ingredientes para o desastre.

Não tenha dúvidas, as barragens não são a solução para nos proteger ou evitar cheias, e se alguém afirma o contrário, esse alguém não faz a mínima ideia do que está a falar.


Escrito nas entrelinhas de Sena E agora senhoras e senhores? – perguntam certamente a Vale Moçambique e a Rio Tinto ao nosso governo, à luz das duas semanas de interrupção na circulação da linha de Sena que deixou as suas minas de carvão no país num preocupante estado de... chamemos­lhe obstipação.

Quando o EIA foi apresentado, a JA deu o seu parecer criticando vários aspectos do estudo, entre os quais a sua análise convenientemente omissa a eventuais impactos secundários e a já habitual falta de congruência dos dados científicos apresentados pela consultora.

De acordo com a Rádio Moçambique, o Ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, afirmou esta quinta­feira (21/02/2013) ao presenciar em Mutarara, Tete, o início das obras de emergência que aliviarão as “dores” das companhias mineiras, que em 4 dias a circulação ferroviária seria retomada com algumas limitações. Ora, hoje é dia 28 e apesar do dia ainda não ter terminado, os principais órgãos noticiosos do país ainda não dão a questão como resolvida. Seja como for, estamos convictos que nos próximos dias tudo estará solucionado. Sabemos muito bem que os problemas que mexem com o bolso dos “donos do país” são resolvidos tchap­tchap, mesmo que para que isso aconteça alguns milhares de desgraçados país a fora tenham de suster a respiração debaixo de água só mais um bocadinho...

Em 2012, o já mencionado Ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, anunciou em entrevista a um órgão de comunicação social internacional que o Ministério para a Coordenação da Ação Ambiental (MICOA) reprovara o projeto.

Mas não é para a hierarquia de prioridades do nosso governo que pretendemos chamar a vossa atenção. O que pretendemos sim, é acautelar­vos que estas contrariedades no escoamento do carvão colocam o governo sob enorme pressão, e apelar a esse executivo que se mantenha firme e que encare esta adversidade como uma oportunidade de demonstrar que é coerente, competente e tem pulso. Passo a explicar... Logicamente e com razão, nem a Vale nem a Rio Tinto reconhecerão este conserto como um problema solucionado. Estas companhias, cujo volume de negócios se presume que tenha um peso significativo no orçamento do país (uma vez que tais valores não são do conhecimento público), certamente que pressionarão o governo a fim de obter garantias que este cenário não se volte a repetir. Ou seja, a nosso ver, esta é para aqueles que fazem lobby para essas empresas, uma oportunidade de ouro para sugerirem que se volte a colocar o dossier de navegabilidade do Zambeze em cima da mesa. Não porque não haja outras alternativas (algumas delas até já estão em construção como a linha férrea Moatize–Nacala), mas pura e simplesmente porque tal reduziria substancialmente os seus custos de transporte.

"De quatro em quatro anos temos problemas com o rio Zambeze, que sai das margens e mata pessoas, e se vamos dragar e alargar as margens, vamos ter mais problemas" – afirmou então o Ministro". Embora posteriormente tivéssemos solicitado ao MICOA a documentação referente ao seu chumbo do projeto, esta nunca nos foi facultada, deixando no ar a ideia de que este veto fora feito em prol de outras agendas, provavelmente as das outras barragens propostas para o Zambeze. Mas essa é outra história... Sobre a atual situação do transporte de carvão, arriscamo­ nos até a dizer mais: Talvez este revés possa ser, não uma oportunidade para aqueles que querem ver carvão a descer o Zambeze, mas uma oportunidade para o governo negociar com essas empresas mineiras um ainda maior investimento (mesmo que comparticipado) na infraestrutura ferroviária nacional, de modo a que num futuro próximo esta possa melhor servir, não só estes e outros eventuais projetos, mas quiçá a necessidade que Moçambique tem à muito de um meio de transporte condigno, seguro e de preço acessível. Entre outras mais valias, o comércio, a indústria e o turismo nacionais beneficiariam imenso do “encurtar” de distâncias que tal investimento traria, e mais importante ainda, permitiria a Moçambique dar um pequeno mas importante passo rumo a um plano de desenvolvimento mais diversificado, menos dependente de projetos “sujos”, e com uma esperança de vida certamente maior.

Dada a conhecida proximidade desses lobistas com o poder instituído, toda a nossa apreensão é pouca. Aos que conhecem o nosso trabalho e têm vindo a seguir esta “novela” nos últimos anos, escusado será dizer que, em nossa opinião, chumbar o projeto de navegabilidade do Zambeze foi das decisões mais integras e sensatas que o governo tomou nos últimos tempos e à qual temos fé que se mantenha fiel. Aos que, por outro lado, não estão a par desta trama, eis uma breve narração: " Em 2009, a Riversdale (que então detinha a concessão da mina de Benga agora propriedade da Rio Tinto) propôs ao governo a vegabilidade do Zambeze com a finalidade de transportar carvão de Moatize até ao delta do rio.

A JA opôs­se desde início à proposta e participou nos processos de consulta pública conduzidos pela Impacto,que entretanto fora incumbida de elaborar o Estudo de Impacto Ambiental do projeto.

Governo Japonês Mostra­se Aberto a Discutir o ProSavana Em função do trabalho que estas têm vindo a desenvolver na área, a Justiça Ambiental e a União Nacional de Camponeses visitaram Tóquio a convite das Organizações da Sociedade Civil Japonesa a fim de iniciar um diálogo com o Governo Japonês sobre o Programa Prosavana. Dada a dimensão do programa e a escassa informação que tem caracterizado o mesmo, a Justiça Ambiental tem vindo a acompanhar o processo de implementação do ProSavana com alguma preocupação.


De acordo com os documentos disponíveis (ProSavana ­ TEC), este programa inspira­se no PRODECER ou Pro Cerrado, implementado em parceria pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) e o Brasil. A informação publicada em alguns orgãos de comunicação veio a suscitar ainda mais dúvidas sobre o ProSavana e os impactos deste nas comunidades de camponeses na área do projecto. Em alguns artigos publicados no Brasil pode­se ler que o governo de Moçambique está a oferecer uma área de 6 milhões de hectares para que os agricultores brasileiros plantem soja, algodão e milho no norte do país. Numa entrevista televisiva o deputado do PSDB do Paraná, Luíz Nishimori, convida os jovens agricultores brasileiros que queiram trabalhar em África, a adquirir terra em Moçambique para agricultura. Estas e outras informações documentadas levantam várias questões que são agravadas pelo facto dos proponentes do ProSavana em momento algum terem procurado apresentar e expor o Programa à sociedade civil moçambicana. Até ao momento, e apesar de algumas questões terem sido colocadas à equipa de implementação nas escassas oportunidades, mais especificamente nos dois encontros agendados por organizações da sociedade civil em que estes participaram apenas como convidados, as vagas respostas dadas em nada contribuiram para esclarecer as inúmeras

preocupações e dúvidas, rementendo para o Plano Director todos os detalhes. Algumas das questões colocadas estavam relacionadas com a possibilidade de reassentamento de comunidades da área do projecto, com os beneficios do projecto para os milhares de camponeses da área, com o uso de pesticidas, fertilizantes inôrganicos e organismos geneticamente modificados no programa. Todas elas permanecem sem resposta. No sentido de obter resposta a algumas destas preocupações e de partilhar com o Governo Japonês as preocupações da sociedade civil moçambicana, a União Nacional de Camponeses (UNAC) e a Justiça Ambiental (JA!) deslocaram­ se ao Japão onde se encontraram com representantes do governo japonês (Ministério das Relações Exteriores do Japão e a Agência Japonesa de Cooperação Internacional ­ JICA) e Organizações da Sociedade Civil japonesas. A equipa foi constituída pelo presidente da UNAC, Augusto Mafigo e o pessoal técnico das duas Organizações nacionais acima mencionadas. Após terem visitado a Província de Hokkaido para troca de experiências e discussão de problemas comuns entre os camponeses da UNAC e de Hokkaido, particularmente no que respeita à produção de adubos orgânicos, a JA! e a UNAC tiveram uma reunião nos escritórios centrais do Ministério das Relações Exteriores, em Tóquio, com os representantes desta instituição e da JICA. Neste encontro, os representantes do governo japonês

comprometeram­se a levar a cabo um diálogo aberto, democrático e transparente com as Organizações da Sociedade Civil dos três países envolvidos no ProSavana, nomeadamente Japão, Brasil e Moçambique. Em relação ao estabelecimento de agricultores brasileiros em Moçambique, estes afirmaram não existir nenhum acordo neste sentido e que o Programa pretende aproveitar a experiência do Brasil no que se refere à tecnologia de produção agrícola e que o ProSavana não seria a réplica do projecto do Cerrado brasileiro. Com estas afirmações, os representantes do governo japonês contrariam algumas das informações oficialmente documentadas e publicadas sobre o ProSavana. Durante a visita, a equipa teve a oportunidade de apresentar no parlamento japonês o posicionamento das duas instituições e partilhar as preocupações destas e outras organizações da sociedade civil moçambicana a alguns deputados e Organizações da Sociedade Civil. Neste encontro, a JA! apelou ao governo japonês que reconsidere o modelo escolhido, que assuma que o Programa tem sido mal conduzido em Moçambique, sem a devida inclusão e participação dos camponeses da área em questão e da sociedade civil em geral, e que considere as preocupações e questões da sociedade civil moçambicana para redifinir a sua actuação no programa. A visita terminou com a realização de um seminário na Universidade de Tokyo em que participaram académicos, Organizações da Sociedade Civil (OSC) e representantes da JICA, e onde as OSC japonesas manifestaram total apoio e solidariedade aos camponeses moçambicanos e prometeram dialogar com o governo japonês de modo a clarificar os aspectos referidos nas posições da JA! e da UNAC. Nota­se aqui uma mudança de discurso por parte do governo Japonês, na medida em que os seus últimos pronunciamentos omitem forçosamente aspectos relacionados com o cerrado brasileiro, o que demonstra de facto que o PRODECER, ao contrário daquilo que está oficialmente escrito, foi um projecto que não atingiu o sucesso desejado. Esta conclusão é sustentada pelo surgimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no cerrado após a implementação do projeto e pelo facto de, ainda hoje, a região depender da importação de alimentos. Esperamos que esta visita tenha contribuido para, de alguma forma, criar uma maior consciência sobre os potenciais impactos deste imenso programa na vida dos camponeses da área do corredor de Nacala, e que através das várias reuniões e contactos tenha sido possível demostrar que, apesar de para muitos ser apenas um vasto programa de “desenvolvimento agrícola”, para os camponseses moçambicanos o ProSavana pode representar a perda das terras de que dependem directamente. Conforme nos foi prometido, aguardamos pelo pronunciamento dos representantes do ProSavana relativamente às questões colocadas, incluindo um esclarecimento cabal do papel de cada um dos países envolvidos no programa. Esperamos que haja transparência, respeito e responsabilidade para com os moçambicanos, pois se este programa é realmente para melhorar a vida dos nossos camponeses, exigimos que estes sejam envolvidos desde o início e que lhes sejam proporcionadas oportunidades para que possam de facto melhorar a sua produção agrícola, para que beneficiem de capacitação, tecnologia, mercados e vias de acesso, assegurando sempre que não serão apenas afastados para dar lugar aos “patrões” donos da tecnologia, do dinheiro e portanto das terras e oportunidades.


O segredo Sangrento da Namíbia A Reserva de Cape Cross na Namibia, uma área protegida onde vive uma das maiores populações mundiais de focas, é o cenário de uma das mais crueis matanças de focas bebés (Cape Fur seals)de que há registo. Esta chacina é feita com todas as devidas autorizações e inclusive com proteção militar proporcionada pelo Governo.

É absolutamente proibido fotografar ou filmar este evento, e enquanto em outras partes do mundo a violação desta regra dá direito a cadeia, na Namíbia, agir em defesa dos direitos destas focas bebés pode resultar na morte por espancamento nas mãos daqueles que lá trabalham. Perante o Governo da Namíbia, o negócio é todo absolutamente legítimo, os “desgraçados” que fazem o trabalho sujo de espancar as focas bebés até à morte são, como sempre, os miseráveis que menos ganham com isso. Sem querer minimizar de forma alguma o acto bárbaro que praticam conscientemente durante cerca de 4 meses por ano, ano após ano, na maioria dos casos esta é a sua única fonte de renda. A matança ocorre anualmente a partir de Junho/Julho, mediante autorização do Ministério da Pesca e Recursos Marinhos. Todos os anos são brutalmente espancadas cerca de 90.000 focas bebés, que depois do brutal espancamento, quer estejam ainda vivas ou já mortas, tanto faz, são esfaqueadas e sangradas para de seguida serem esfoladas. O cenário é demasiado cruel, demasiado desumano e irracional. Estas focas bébés são brutal e impiedosamente espancadas perante o olhar e o chamamento desesperado das suas mães. Sangue jorra por todos os lados, vomitam leite materno... até sucumbirem. Para além das focas bébés, cerca de 6.000 a 7.000 machos adultos são mortos a tiro e castrados todos os anos pelas propriedades afrodisíacas do seu pénis. Tudo isto se passa numa Reserva visitada por milhares de turistas precisamente pelo estatuto de reserva que tem. Mas o governo da Namíbia utiliza esse estatuto enganosamente, e num local onde supostamente esta espécie deveria ser protegida e onde milhares de turistas vão inocentemente visitá­la no seu habitat natural, com certeza crentes que a sua visita contribuirá de alguma forma para a continuidade do local como acontece em muitas outras reservas e parques, na calada da madrugada as focas são barbaramente espancadas até à morte. Continuidade da espécie, perpetuação do massacre..... E tudo isto para quê? Que justificação se poderá apresentar para uma barbaridade destas?

Os titulares das autorizações justificam a carnificina com os lucros das peles, o Governo da Namíbia refugia­se em justificações como o controle da população de focas que, segundo eles, tem impactos negativos sobre a pesca, e ainda pelo número de empregos que esta indústria acolhe. O Governo da Namíbia recebe cerca de 120.000 USD desta matança, enquanto o principal empresário envolvido, que detém o monopólio deste negócio, adquire acima de 3.25 milhões de doláres americanos. Esse empresário, Hatem Yavuz, celebrou em 2008 um contrato exclusivo com o Governo da Namíbia para a aquisição de todas as peles de foca, válido até 2019. As peles destas focas bebés cruelmente assassinadas são enviadas para a Túrquia onde são processadas e vendidas depois à China e à Rússia. Este não é de forma alguma um caso isolado, várias atrocidades como esta ocorrem pelo mundo a fora, e apesar do generalizado discurso bonito e sensível às questões ambientais, apesar de estar na moda a questão do ambiente e a proteção de animais e plantas, continuamos a testemunhar actos destes...

Na Dinamarca, as ilhas Faroé constituem um outro palco de um sangrento espetáculo, todos os anos são brutalmente assassinadas centenas de baleias piloto, numa cerimónia selvática, um ritual de passagem de criança a adulto, o festival Grindadáp. http://compromissoconsciente.blogspot.com/2012/08/matanca­das­baleias­ na­dinamarca­ilhas.html

Em Taiji, no Japão, são de forma igualmente brutal assassinados centenas de golfinhos e baleias, isto acontece ano após ano, para consumo apesar dos inúmeros protestos e vários estudos existentes evidenciando que a carne é imprópria para consumo humano devido aos elevados índices de mercúrio, um elemento tóxico. Para mais informação: http://www.seashepherd.org/desert­seal/seal­cull­facts.html

http://www.Namíbian.com.na/index.php?id=28&tx_ttnews%5Btt_news%5D=9 8635&no_cache=1

Para assinar a petição:

http://www.avaaz.org/en/petition/The_Seals_Of_Nam_End_the_seal_hunt_in _Namíbia/?aWfzBab&s=1

"De todas as espécies a humana é a mais detestável. Pois o Homem é o único ser que inflige dor por esporte, sabendo que está causando dor." ­ Mark Twain


Porco­espinho O porco­espinho é um mamífero pequeno e tranquilo, mas quase nenhum bicho se atreve a chegar perto dele. Está sempre em alerta e ao notar qualquer sinal de perigo, encolhe­se e enrola­se como uma bola. Então, vira­se de costas para o rival, pois a parte traseira do seu corpo tem mais espinhos, e começa a andar de ré. Quando se encosta no adversário, os seus espinhos longos e duros soltam­se e o porco­espinho aproveita a oportunidade para fugir. No entanto, isso acontece muito esporadicamente. O porco­espinho costuma viver solitário e protegido em tocas perto de plantas e pedras. À noite, passeia em busca de alimentos como raízes, folhas, ratos, ovos e animais mortos, emitindo roncos como um porco, razão pela qual tem esse nome. Quando come plantas venenosas, segrega uma saliva espumosa e lambe o corpo, um outro truque de defesa contra predadores. Os porcos­espinhos só se encontram na época de acasalamento, quando as fémeas se exibem encolhendo os espinhos e erguendo a cauda. Cerca de 100 dias depois, nascem os bebés, fofos e com pêlos macios. Como eles não têm qualquer proteção, ficam no ninho com a mãe por três semanas. Durante esse tempo os pêlos crescem, endurecem e viram espinhos. Só então é que estão prontos para sair com a mãe, para aprenderem a procurar comida e a defenderem­se sozinhos. O porco­espinho tem o corpo coberto por mais de 5 mil espinhos duros, que cobrem a parte de cima do seu corpo, chegando a atingir 35 centímetros de comprimento e sendo mais claros e macios na parte anterior deste. Podem­se encontrar porcos­ espinhos nos Continentes Asiático, Africano e também na Nova Zelândia. As patas com garras ajudam o porco­espinho a escalar árvores e escavar o solo. Pesam entre 2 a 30 quilos, medem entre 60 a 120 cm, a cauda chega a atingir cerca de 50 cm e vivem cerca de 15 anos. http://www.recreio.com.br/licao­de­casa/o­porco­espinho­nasce­com­pelos­macios­que­endurecem­saiba­tudo­sobre­esse­bicho

MST ocupa três fazendas de produção de eucalipto na Bahia

Ação liderada por mulheres faz parte de jornada da Via Campesina SALVADOR O núcleo baiano do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou ontem três fazendas de eucalipto no extremo sul do estado: uma da Veracel Celulose, no município de Itabela, e duas da Suzano Celulose no município de Teixeira de Freitas. De acordo com os organizadores da ação, 1.200 mulheres participam da invasão em Itabela e outras 200 nas duas áreas de Teixeira de Freitas. A atividade é a primeira da "Jornada Nacional de Luta das Mulheres da Via Campesina". O alvo do MST tem sido as empresas de celulose a quem acusam de promover "intensa destruição da biodiversidade". A organização reivindica que os grupos empresariais doem faixas de terra para a reforma agrária. Conforme Márcio Matos, um dos coordenadores estaduais do MST, a empresa Fíbria foi a única do ramo de celulose que já fechou um acordo com os camponeses. "As ocupações são por tempo determinado, para pressionar as empresas a bater o martelo", completou. Segundo o MST, 22 propriedades onde há plantação eucalipto foram ocupadas na Bahia em quatro anos. As empresas não informaram se pedirão reintegração de posse. (A Tarde)

"Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro."Indios Cree


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