Newsletter Novembro 2011

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Propriedade da JA! Justiça Ambiental Rua Marconi, no 110, 1o andar -Maputo-Tel: 21496668 E-mail:ja@ja.org.mz, news@ja.org.mz

Uma reflexão A JA lançou este mês na cidade de Pemba, em parceria com a Kepa, o primeiro relatório dos resultados de uma pesquisa de campo feita sobre os impactos ambientais e sociais da exploração de petróleo ao longo da costa norte após os testes sismicos realizados de Abril a Maio de 2009. Decidimos escrever também um artigo sobre a situação das nossas florestas, tendo em conta o que aconteceu e ainda está a acontecer ao longo deste ano. Em parceria com a Kepa a JA organizou o primeiro workshop sobre o tema “Responsabilidade corporativa” em que se debateu durante dois dias a questão do desenvolvimento, responsabilidades sociais e ambientais, assim como beneficios sejam eles economicos ou sociais da exploração dos nossos recursos naturais... não foi nada positivo, muito pelo contrário, com o exemplo que nos foi apresentado do caso da Nigeria, não temos dúvidas que estamos a caminhar a passos bem largos, para a tão falada “ maldição dos recursos”. Olhando o lado positivo da questão, a sociedade civil está disposta a trabalhar em parceria com os governantes, afim de juntos lutarem para um desenvolvimento mais justo e sustentável, mas enquanto existirem governantes que continuam iludidos e a pensar que estão preparados para monotorizar e forçar o cumprimento das nossas leis e suas condições contractuais, mesmo existindo já actualmente imensos abusos e atropelos ao uso e exploração dos nossos recursos naturais esse diálogo entre o Governo e Sociedade Civil será cada vez mais difícil de se concretizar. Mas vejamos …. o ano passado se não estamos em erro a Anadarko fez a prospecção sísmica durante o período da migração das baleias, como não foram penalizados, mesmo aparecendo uma baleia (pelo menos o que se conseguiu saber) morta na praia, as suas causas não foram analisadas, então neste ano a Statoil também está a pensar em fazer prospecção durante a imigração das baleias...meus senhores somos todos idiotas? A JA envia estes artigos para vossa reflexão como se diz em Inglês “food for thoughts”, e também com a esperança que os nossos decisores fiquem conscientes da situação real do País e que actuem afim de parar com todos estes abusos que os nossos recursos naturais estão a sofrer constantemente, antes que tudo acabe por desaparecer e então sim, seremos um País mais pobre ainda, sim... porque hoje podemos nos considerar ricos, pelo menos ricos em recursos naturais, mas estamos a dar a nossa riqueza de braços abertos para serem saqueados e exportados discriminadamente e sem regras.

Foto:A.Lemos

Edição #6: 5 de Novembro 2011

Florestas comunitárias A JA! em parceria com a ORAM e a Oxfam, sob um projecto financiado pela União Europeia, vem desenvolvendo desde 2010 um projecto de conservação de florestas na Província da Zambézia. O projecto visa a exploração das florestas indígenas de forma sustentável sob gestão das próprias comunidades locais de modo a poder conservar os recursos naturais e garantir a sustentabilidade das comunidades locais. O projecto localiza-se na província da Zambézia nas localidades de Muzo e Nipiodi. Neste momento, o plano de maneio para Nipiodi já foi elaborado e submetido, estando à espera de aprovação por parte das autoridades competentes e o de Muzo está em processo de elaboração. Em Nipiodi já se encontra uma serração em funcionamento e a de Muzo está em processo de montagem e à espera de equipamento, estando também em processo a capacitação de técnicos para o corte e processamento da madeira. O projecto visa também a potenciação de actividades existentes e identificação de novas que visem a diversificação de actividades de aumento de receita do sector familiar local para que se garanta a sustentabilidade dos recursos naturais locais. É ainda prematuro referir que o projecto é um sucesso. O projecto tem ainda pouco tempo de vida para que se possa avaliar o efeito das actividades realizadas e a gestão sustentável dos recursos naturais é um tema multisectorial, complexo que envolve várias áreas de acção, em que os resultados não se vêem a curto prazo. A sensibilização constitui ainda um processo de extrema importância uma vez que a conservação dos recursos naturais é a base para a conservação e gestão sustentável dos recursos naturais. Nesse sentido a Justiça Ambiental está a elaborar um manual de sensibilização, onde pretende abordar questões como a importância da conservação e uso sustentável dos recursos florestais. Este é um projecto ambicioso mas também um desafio que questiona e coloca à prova capacidades e vontades. O país encontra-se numa fase em que que tudo significa corrida, onde o factor velocidade é o mais importante para que se chegue primeiro e se consiga explorar, arrancar, usurpar, exportar. Tudo o que envolve recurso implica exploração da terra, do homem, usurpando a sua dignidade, a sua terra, a sua tradição e costumes, o acesso à água, a sua sustentabilidade. Soberania, é um termo de sonho, virtual, utilizado para conseguir fundos, ainda que muito do "staff" continue a trabalhar tentando incansavelmente atingir os seus objectivos. Conselho Editor: Anabela Lemos, Janice Lemos, Jeremias Vunjanhe, Sílvia Dolores e Vanessa Cabanelas/ Layout & design: Ticha


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