Newsletter Outubro 2012

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Propriedade da JA! Justiça Ambiental Rua Marconi, no 110, 1o andar ­Maputo­Tel: 21496668 E­mail:ja@ja.org.mz, news@ja.org.mz

Parem com as barragens no Zambeze No passado mês de Setembro a posição da JA contra a construção de mais barragens no rio Zambeze, foi apoiada pelos Amigos da Terra Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte (EWNI). Este apoio constituido por 230 grupos de ativistas locais, incluindo 100,000 membros individuais da Grã­Bretanha! A JA foi convidada para fazer algumas apresentações na reunião anual dos Amigos da Terra Inglaterra, realizada em Londres de 14 a 16 de Setembro de 2012. Infelizmente, o oficial de pesquisa e programas da JA não pode viajar para o Reino Unido porque a embaixada Inglesa levou demasiado tempo para informar se iria ou não dar o visto, e quando a informação saiu finalmente já era muito tarde para viajar e assim acabou­se por cancelar tanto o pedido do visto como a viagem a Inglaterra. Dia 14 à tarde finalmente recebemos o passaporte e o visto, mesmo depois de ter sido cancelado,pois já não servia para nada devido ao atraso. A JA está extremamente desiludida com esta atitude tão mesquinha e arrogante da parte das autoridades Inglesas. É um desafio constante que os activistas do sul enfrentam, principalmente aqueles que são críticos às políticas erradas

Foto:A.Lemos

Edição #16: 5 de Outubro 2012

de desenvolvimento praticadas nos seus Países. Este ano foi negada a entrada no Brasil do nosso jornalista que só depois de muita pressão, conseguiu finalmente voltar ao Brazil para estar presente no Rio +20, agora o oficial de pesquisa e programas não só não pode ir à reunião do EWNI como também o visto para o Canada chegou tarde demais para poder estar presente na reunião dos “Civicus”. Mais uma vez aconteceu numa reunião internacional cujo País hospedeiro não respeita os processos, pois enviam os vistos tarde demais para não haver a possibilidade do activista estar presente, infelizmente não se pode dizer nada porque os vistos não foram negados, simplesmente chegaram (propositadamente) tarde demais!. Mas mesmo sem a presença fisica da JA, a EWNI juntou a sua voz em solidariedade com a campanha da JA contra a barragem de Mphanda Nkuwa, para exigir que não sejam construidas mais barragens no rio zambeze, e para se optar por energias mais renováveis. “O Povo moçambicano precisa de energia, mas eles precisam mais que tudo de soluções verdadeiras, não as falsas como as mega barragens “. Enquanto decorria em Londres acções de solidariedade contra a construção de Mphanda Nkuwa, nos Estados

Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro, Janice Lemos, Jeremias Vunjanhe, Sílvia Dolores e Vanessa Cabanelas/ Layout & design: Ticha


Unidos, na cidade de S.Francisco o nosso parceiro, “Internacional Rivers”, lançou um estudo sobre os impactos das mudanças climáticas no Rio Zambeze, que veio fortalecer imenso os argumentos da JA contra não só a barragem de Mphanda Nkuwa como qualquer outra barragem que possa vir a ser construída neste rio. O estudo é da autoria do Dr.Richard Beilfuss ,um hidrólogo de renome internacional, com uma vasta experiência em assuntos relacionados com o Zambeze. O referido estudo com o titulo “Risco Hidrológico e grandes hidroélectricas na Africa Austral ­Avaliando os riscos hidrológicos, incertezas e as suas consequências para os sistemas dependentes de energia hidroélectrica na Bacia do Rio Zambeze ”, adverte dos possiveis perigos para as propostas de novas barragens no Rio Zambeze porque quando se fala em secas extremas e cheias mais destrutivas criam­se riscos para as barragems existentes assim como as projectadas porque elas não estão suficientemente preparadas para as mudanças climáticas, e os resultados poderão ser barragens economicamente não viáveis, com desempenhos abaixo do esperado face às secas extremas, ao mesmo tempo, podem também constituir um perigo pois nào estão a ser projectadas para lidar com cheias cada vez mais destrutivas. O Zambeze que é o quarto maior rio em Africa e segundo o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas, a Bacia do Zambeze exibe os piores potenciais efeitos das mudanças climáticas, quando comparada às 11 principais bacias hidrográficas da África Subsariana, irá enfrentar uma redução mais substancial de precipitação e de escoamento. Vários estudos estimam que a precipitação ao longo da Bacia vai diminuir na ordem dos 10­15%, sendo o aumento da escassez de água uma grande preocupação para as zonas semi­áridas da Bacia do Zambeze.

“os modelos climáticos alertam para os impactos das alterações dos padrões de precipitação e de escoamento da bacia na produção de cereais, na disponibilidade de água, e na sobrevivência de espécies. No entanto, as grandes barragens hidroeléctricas ameaçam diminuir, em vez de aumentar, a resiliência climática –especialmente para a população pobre rural – dando maior prioridade à produção de energia do que ao abastecimento de água, eliminando os picos de inundação naturais que auxiliam a produção alimentar, e aumentando a perda de água por evaporação”.

O Dr. Beilfuss afirma que “Os responsáveis pela elaboração do plano de energia e os governos regionais devem reconhecer estes riscos hidrológicos e tomar medidas para melhorar o planeamento e gestão das grandes barragens na Bacia,” continuando que “No mínimo, as barragens existentes e as futuras devem ser submetidas a uma análise profunda em relação aos riscos climáticos.” Talvez este estudo traga um pouco de clareza aos nosso decidores e que os ajude a tomarem melhores decisões para o futuro do País e do Povo, acima de tudo que tenham a integridade e a coragem de parar com o projecto de Mphanda Nkuwa e voltar de novo a analisar a questão climática, sedimentos e sismologia , porque até hoje as respostas não são convenientes nem sequer os estudos feitos são baseados em dados científícamente válidos e conclusivos.

Leia o relatório completo, sumário executivo e materiais de apoio no: http://www.internationalrivers.org/node/7673 Leia também o relatório sobre um plano energétioc para Moçambique lançado em 2009 pela JAi: http://www.internationalrivers.org/africa

Precisamos ter sempre em mente o equilíbrio necessário entre desenvolvimento econômico e saúde ecológica. Richard Foster, teólogo

Àgua subterrâneas ... o que sabemos

As barragens na Bacia do Zambeze estão a ser planeadas, com muito pouca participação pública, e com muito pouca, se alguma, atenção aos amplos impactos sociais e ambientais que estes projectos podem acarretar. Entre as várias recomendações, o estudo alerta para uma necessidade de se diversificar os recursos energéticos de modo a reduzir a dependência da energia hídrica que é fundamental para a adaptação às mudanças climáticas nas regiões com escassez de água. O estudo também apela para que os investimentos tenham como objectivo aumentar a resiliência ao clima:

Foi publicado há alguns meses um artigo muito interessante no blog do Wilson Center, New Security Beat, sobre um estudo publicado na revista Nature, intitulado " Water balance of global aquifers revealed by groundwater footprint" (O equilíbrio das águas dos aqüíferos globais revelado pela pegada das águas subterrâneas) e que revela "... os seres humanos estão a sobre­explorar as águas subterrâneas em vários grandes aqüíferos essenciais para a agricultura, especialmente na Ásia e América do Norte. O estudo estima que cerca de 1,7 bilhões de pessoas vivem em áreas onde os recursos de águas subterrâneas e/ou os ecossistemas dependentes destas águas subterrâneas estão sob ameaça. Veja o artigo completo e os gráficos em:

http://www.newsecuritybeat.org/2012/08/stress­levels­major­global­aquifers­ revealed­groundwater­footprint­study/


Projecto de Gestão Comunitária Sustentável e Boa Governação Florestal Teve lugar nos dias 20 e 21 de Setembro do corrente ano, no Hotel Girassol em Maputo, um seminário no âmbito do projecto de Gestão Sustentável e Boa Governação Florestal financiado pela União Europeia, numa parceria entre a OXFAM NOVIB, Justiça Ambiental e ORAM Zambézia. O projecto situa­se na província da Zambézia, distritos Mocuba, Ile e Maganja da Costa, especificamente nas comunidades de Namaquita, Nigula, Maria, Patela, Mersa, Muzo, Mualama e Aliua. O projecto tem como objectivo principal facilitar a legalização e lançamento de duas concessões comunitárias para a exploração sustentável das florestas em redor destas comunidades, dotar as mesmas de conhecimentos técnicos para melhor gestão dos seus recursos naturais e identificar para além da exploração florestal outras formas de obtenção de rendimento, bem como, apoiar o início destas actividades identificadas. Como o próprio título indica, o projecto pretende contribuir de forma positiva e significativa para a gestão sustentável e boa governação das florestas.

projecto, o que representa para estas comunidades e como poderá ter melhores resultados. Foi igualmente importante ouvir a experiência de vida dos fiscais dos Serviços Provinciais de Floresta e Fauna Bravia, baseados na área abrangida pelo projecto, com todas as suas dificuldades e limitações e de que maneira estas influenciam os imensos problemas encontrados na fiscalização da exploração ilegal de madeira no nosso País.

O seminário foi bastante positivo pois ilustrou claramente os imensos desafios encontrados no sector florestal e a urgente necessidade de maior sinergia e colaboração entre os vários actores envolvidos na gestão dos recursos naturais. Permitiu uma discussão aberta e alargada sobre as razões por detrás de vários dos problemas da exploração ilegal de madeira. A discussão demonstrou igualmente que é possível sim estabelecer parcerias inteligentes entre os vários actores e usufruir do conhecimento e experiência de todos os envolvidos para finalmente atingir o objectivo real da gestão sustentável dos recursos naturais.

O Papo na Praça O seminário pretendia transmitir informação sobre a situação do projecto, o trabalho que tem sido levado a cabo, os desafios encontrados e ainda discutir possíveis caminhos para futuros projectos similares. Neste encontro participaram: o representante do principal financiador do projecto, a União Europeia; líderes tradicionais das comunidades abrangidas, Muzo e Nipiode; parceiros de implementação do projecto; representantes dos Serviços Provinciais de Floresta e Fauna Bravia e da Direcção Nacional de Terras e Florestas; juristas com conhecimento na área de terras e florestas; representantes de outras organizações não governamentais e demais grupos de interesse.

No encontro foram apresentados: o conceito geral do projecto; a situação actual no terreno e os desafios encontrados desde o início do projecto em 2010; o actual estado das concessões comunitárias em Moçambique; a análise legal aos problemas encontrados e possíveis soluções para os mesmos; entre outros. Foi criada a oportunidade para ouvir a experiência e expectativas dos líderes comunitários e membros das associações comunitárias em como tem sido implementado o

Prémio do Ambiente Na passada sexta feira (14/09/2012) 3 jornalistas, nomeadamente Boaventura Mandlate ( Rádio Moçambique), Simone Francisco Muvalane Gomane (Diário de Moçambique), e César Ibraimo Nacuo (Instituto de Comunicação Social) ganharam o prémio de Jornalismo Ambiental, atribuido pelo Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA). O presente prémio foi criado pelo MICOA, com o objectivo de incentivar um maior envolvimento da sociedade civil em acções de consciencialização ambiental visando a mudança de atitude rumo à gestão sustentável do ambiente. Boaventura Mandlate ganhou o prémio com a reportagem “Impacto Ambiental da Navegação sobre o Rio Zambeze”, onde, explica com profundidade os aspectos envolvidos na intenção de navegar o Rio Zambeze para o transporte de carvão mineral e os riscos que tal poderá causar ao ambiente ( nível local e regional), trazendo à tona elementos inéditos julgados importantes para uma análise profunda das várias dimensões do problema e chama atenção para uma melhor reflexão em torno desta matéria, tendo, por isso, um sentido persuasivo ( Rádio de Moçambique, 2012). A jornalista Simone Francisco Muvalane ganhou com a reportagem “Parque Automóvel e a Saúde Pública”, e o jornalista César Ibraimo Nacuo venceu com a peça “Degradação Ambiental”.


Recomeçou uma vez mais o massacre de golfinhos em Taiji, no Japão Decorre anualmente, de Setembro a Maio, na pequena vila de Taiji, no Japão o massacre de golfinhos e baleias. Todos os anos milhares de golfinhos e baleias são brutal e cruelmente assassinados, todo o processo de captura até à matança é absolutamente chocante e desumano. Os animais são cercados pelos barcos de pescadores que se posicionam estratégicamente e através de barreiras de som que os desorientam vão sendo empurrados para a pequena e estreita lagoa onde são presos. Ali ficam, desorientados, desesperados, presos, por vezes por alguns dias. Destes golfinhos e baleias capturados os melhores exemplares são escolhidos e comprados pelos grandes oceanários, que chegam a pagar até 200.000 doláres americanos, por animal, os restantes são assassinados, uns atrás dos outros vão sendo mortos através de golpes de arpão, a pequena lagoa fica assim manchada de sangue. Enquanto uns vão sendo mortos, os outros vão desesperando à espera da sua vez. Ali a morte é certa, e quando o dia termina antes de conseguirem assassinar a todos, os poucos que ali ficam, ficam a nadar num mar de sangue!!! A carne é utilizada para consumo humano, apesar das inúmeras evidências da carne de golfinho ser imprópria para consumo humano devido à elevada concentração de mercúrio que acumulam. A carne é muitas vezes vendida fazendo se passar por carne de baleia, que apresenta um preço de mercado mais elevado. É das cenas mais cruéis de se ver e ouvir, e existem várias imagens chocantes de toda a matança, incluindo o filme “The cove” que retrata exactamente o que se passa...vários são os voluntários que se deslocam todos os anos para pacificamente e em silêncio protestar contra esta matança, são chamados os Guardiões da Enseada, e ali permanecem incansáveis e firmes durante toda a época da matança.

Todos os dias estamos expostos a tanta miséria humana, tanta pobreza, tanta maldade, que por vezes vamos nos sentindo adormecidos, indiferentes, sem energia para lutar mais, para continuar a lutar pelo que é justo, pelo que é certo, pelos direitos das pessoas, do ambiente, dos animais, afinal estamos todos juntos neste planeta, e só temos este planeta.

Retirado de: http://mamiferos­marinhos.mundoentrepatas.com/os­golfinhos.htm

É preciso acordar, é preciso assumir que estas lutas são nossas, de todos nós e não de uns e outros. É mais fácil fingir que não existe, é mais fácil não ver, não saber o que se passa, é mais fácil neste caso dizer, que está tão longe de nós e as pessoas precisam de comer, então porque não matar uns golfinhos??? Moçambique já tem tantos problemas para quê que vamos nós buscar ainda mais problemas e tão longe de nós? É mais fácil passar ao lado de um grupo de meninos de rua e dizer a nós mesmos que só não vão para casa porque são marginais, porque preferem a vida na rua...a quem estamos a querer enganar? Somos apenas mais uma das inúmeras espécies que partilha este planeta, a pior de todas, mas apenas uma delas, temos que ter consciência sim do que se passa à nossa volta, e temos o dever de lutar por um mundo melhor para todos, para todas as espécies. Se mesmo assim, depois de ler esta breve nota, a indiferença permanecer, então sugiro que gastem alguns minutos e vejam na internet algumas das imagens chocantes sobre o massacre em Taiji...depois disso, não acredito que seja possível permanecer na indiferença...

Apesar dos fortes e contínuos protestos a nível internacional que o Japão tem arrogantemente ignorado por completo, este ano não é excepção, e o massacre iniciou oficialmente no passado dia 1 de Setembro. O Governo do Japão defende que esta prática é uma herança cultural, e sabe­se que é uma enorme fonte de receitas pela venda de animais aos oceanários e finalmente pela venda da carne de golfinho. Não podemos ficar indiferentes a este tipo de crueldade, ou a qualquer tipo e forma de crueldade, não podemos deixar que permanecem a pretexto da tradição e da cultura. Chega de hipocrisia, é preciso que parem de justificar barbaridades em nome da cultura e da tradição, era suposto termos evoluido ao longo destes últimos anos.

"Virá o dia em que a matança de um animal será considerada crime tanto quanto o assassinato de um homem." ­ Leonardo da Vinci

Existem várias formas de participar nas várias campanhas e protestos a nível global para parar com esta matança, desde boicote a produtos japoneses à assinatura e divulgação das várias petições a decorrer. Veja os seguintes links: http://www.opsociety.org/issues/dolphin­slaughter­in­taiji http://www.seashepherd.org/cove­guardians/latest­news.html http://www.seashepherd.org/dolphins/taiji­dolphins.html http://www.petitiononline.com/golfinho/petition.html http://savejapandolphins.org/take­action/sign­the­petition http://www.thepetitionsite.com/3/stop­the­dolphin­slaughter/

"A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados." ­ Mahatma Gandhi


Mais um processo questionavél...para variar Na mês passado (6 Setembro de 2012), realizou­se no centro de conferências Joaquim Chissano, a reunião de apresentação do plano Director de Gás Natural para Moçambique. O documento foi elaborado pelo ICF International ­ Banco Mundial e a reunião foi organizada pelo Ministério dos Recursos Minerais em representação do Governo Moçambicano. O documento apresentado e disponibilizado para posterior “discussão e comentários” continha informação insuficiente para uma avaliação e análise eficaz, para além do processo em si ( sua elaboração e participação pública) apresentar lacunas graves no que diz respeito à transparência e à democracia em processos de tomada de decisão. De entre as várias questões negligenciadas tanto pelos consultores assim como pelo Governo, as principais foram: Participação pública; Regulamentação Legal; Corrupção; impacto negativo no turismo, sócio­ambientais; impacto negativo dos mega­ projectos. Participação Pública – Ausência de participação efectiva Por definição um plano director é um documento técnico, que deve ser resultado de mecanismos democráticos, onde cria­ se a possibilidade da prática de gestão compartilhada, com a participação directa da população no planeamento do sector em questão. O cronograma e os métodos de participação empregues na elaboração deste plano é um escárnio para com o povo Moçambicano. A maioria da sociedade civil não foi consultada durante a elaboração do mesmo e nem tão pouco foi convidada para estar presente na reunião. Aos que participaram no encontro, foi­lhes dado apenas 1 semana para ler e comentar o relatório, para além de não ter sido fornecido o relatório completo, mesmo depois de solicitado ( disponibilizaram apenas o sumário executivo). Num País como Moçambique onde 80% da população são camponeses e pescadores, que tem a agricultura e a pesca de pequena escala como actividades de subsistência e tratando­se de um assunto que toca directamente com a sua sobrevivência, organizações de base como a UNAC (União Nacional de Camponeses) assim como outras associações como a de pescadores, deveriam ser consultados, para além que deveriam ter sido incluídos no grupo durante a elaboração do plano, e convidados para o evento, o que lamentavelmente não aconteceu. Outro facto preocupante é que os workshops tanto para os Governantes como para os restantes stakeholders aconteceram apenas na capital do País– cidade de Maputo, limitando e tornando então impossível a participação dos restantes moçambicanos que na maioria das vezes são pessoas ( tanto as populações como as entidades governamentais locais) que terão as suas vidas modificadas, pois serão directamente afectados pelos os impactos e mudanças que ocorrerão com a extracção do gás natural. Factos como estes, demonstram uma falta de transparência assim como a ausência de um sistema democrático, integridade e respeito pelo povo Moçambicano nos processos de tomada de decisão. Regulamentação Legal ­ Falta de regulamentação de sistemas legais e outros O plano director pressupõem erradamente que o País está pronto para o desenvolvimento do sector de gás porque “ desde a última década tem vindo a construir um quadro legal regulamentar para gerir o desenvolvimento de seus recursos naturais dentre os quais o gás” . Essa afirmação é totalmente

enganosa, uma vez que o País tem as melhores Leis e regulamentos apenas de forma teórica ( no papel) , a aplicação e implementação da tais instrumentos é algo totalmente deficiente no País. Muitas estratégias, leis, regulamentos são criadas mas muitas delas tem lacunas por não se enquadrarem com a realidade do País. Corrupção ­ Não inclusão de corrupção no Plano Director É muito chocante notar que a palavra "corrupção" aparece apenas 1 vez no documento de 46 páginas. E quando aparece é uma referência feita à Nigéria e não a Moçambique. No Plano Director de Gás nem sequer menciona­se o estado actual da corrupção em Moçambique, quando temos a dúbia distinção de estar na linha abaixo de 120, na 182ª posição no Índice de Percepção da Corrupção. Impactos negativos no Turismo ­ Gás ou Turismo O turismo é um dos maiores contribuintes para a economia do País e um dos sectores que mais cresce. Com a exploração de gás na bacia do Rovuma, o potencial turístico da região será prejudicado. Os impactos da exploração de gás nas reservas marinhas das Quirimbas serão devastadores. As análises dos benefícios apresentados no plano não levam em consideração o potencial turístico da região que será destruído. Impactos sociais e ambientais ignorados O Plano Director afirma que o aumento do emprego é um dos objectivos prioritários do País . No entanto o Governo moçambicano não prioriza a formação e capacitação dos moçambicanos, nem apoia pequenas e médias indústrias, por isso é claro que os estrangeiros e as elites locais serão os únicos a beneficiar­se do sector do gás. O documento sugere que os impactos ambientais são pequenos e podem ser reduzidos se forem geridos adequadamente. No entanto isto é uma afirmação enganosa. A exploração de gás é uma actividade altamente complexa e prejudicial para o meio ambiente. Moçambique não tem um bom histórico na condução eficaz de Estudos de Impacto Ambiental (EIA). Na maioria dos casos, os EIAs agem apenas como um "carimbo" uma vez que as decisões políticas para os projectos são feitos antes dos EIAs serem realizados. Impactos dos Mega­projetos – Mega Projectos : Quem se beneficia? O Plano Director recomenda que Moçambique deve priorizar mega­projectos. No entanto, a história dos mega­projectos no País mostra claramente que não tem sido uma maravilha, são extremamente egoístas, e voltados somente para a exportação,estes empreendimentos oferecem aos Moçambicanos apenas uma pequena percentagem de empregos e na sua maioria pouco qualificados ( postos de emprego básicos) e são indústrias altamente poluidoras. A contribuição dos mega­projectos para o Estado moçambicano em 2010 e 2011 foi insignificante. Em 2010 os oito mega­projectos contribuíram com apenas 0,004% para as receitas do Estado, o equivalente a 83 milhões de euros, e 0,001 para o Produto Interno Bruto. O Presidente da Autoridade Tributária de Moçambique, disse em uma entrevista que a contribuição de mega­projectos em 2011 para o estado foi ainda menor do que a contribuição do sector informal.


Foto: http://golfinhosmissionarios.wordpress.com/2011/01/14/golfinhos­os­cidadaos­dos­oceanos/

Os golfinhos são mamíferos aquáticos pertencentes à família Delphinidae. São perfeitamente adaptados para viver no ambiente aquático, existem 37 espécies conhecidas de golfinhos dentre os de água salgada e água doce. Há sete espécies de golfinhos que habitam as águas litorais de Moçambique, nomeadamente o golfinho de costas salientes (Sousa chinensis), roaz (Tursiops truncatus), golfinho spinner (Stenella longirostris), golfinho manchado (Stenella attenuata), golfinho comum (Dolphinus delphis), Steno bredanensis e falsa orca (Pseudoorca crassidens). São excelentes nadadores, podem atingir uma velocidade de até 40 km/h, saltar até cinco metros acima da água, e mergulhar a grandes profundidades. A sua alimentação consiste essencialmente de peixes e lulas. Geralmente, na natureza vivem entre 12 a 40 anos, e podem chegar a 50 anos. Dão à luz um filhote de cada vez e geralmente o intervalo de procriação é de 2 a 3 anos. Vivem em grupos, são animais bastante sociáveis, tanto entre eles, como com outros animais e humanos. Sua excelente inteligência é reconhecida e motivo de muitos estudos por parte dos cientistas. São extremamente brincalhões, são os únicos animais que para além do homem apresentam uma variedade tão grande de comportamentos que não estejam diretamente ligados às actividades biológicas básicas, como alimentação e reprodução. Possuem o extraordinário sentido de ecolocalização ou biossonar ou ainda orientação por ecos, que utilizam para nadar por entre obstáculos ou para caçar suas presas. Referências: http://pt.wikipedia.org/wiki/Golfinho:http://www.eb1­n1­sines.rcts.pt/eb1/golfinhos/golfinho.htm http://www.unep.org/NairobiConvention/docs/Mozambique_Draft_Report.pdf

Mais noticías sobre os impactos dos "OGM"

Mais contraversia e mais provas dos perigos dos organismos geneticamente modificados (OGM), principalmente após a publicação de um estudo francês que destaca a propensão ao cancro em ratos alimentados com o produto. Os ratos alimentados com organismos geneticamente modificados (OGM) morrem antes e sofrem de cancro com mais frequência que os demais. Paris e Bruxelas alertaram as autoridades de saúde, após a publicação do estudo que mostra tumores do tamanho de bolas de pingue­pongue em ratos alimentados com milho transgênico. A Rússia suspendeu a importação de milho transgênico da multinacional americana Monsanto após a publicação do estudo.Estas e muitas mais noticias em : www.passeiaki.com/noticias/...monsanto.../relacion...

Nós em Moçambique, queremos importar OGM's, mesmo apesar do "não" dos camponeses (UNAC). Pior ainda, estamos a fazer parcerias com multinacionais que tem casos em tribunais, onde até já perderam alguns... o que dizer?

Relatório aponta as 100 espécies mais ameaçadas de extinção As perspectivas não são muito animadoras para um estranho réptil de carapaça mole que em tempos estimulou a lenda de um Deus­Tartaruga no Vietname. Em toda a face da Terra, restam apenas quatro indivíduos da espécie Rafetus swinhoei, uma tartaruga que pode chegar aos 120 quilos, com uma carapaça de até um metro. O último exemplar selvagem foi visto no lago Dong Mo, no Vietname, em 2007. E todas as tentativas de reprodução em cativeiro, no jardim zoológico de Suzhou, na China, têm falhado. http://www.rm.co.mz/index.php/noticias/ciencia­a­tecnologia/4570­relatorio­ aponta­as­100­especies­mais­ameacadas­de­extincao.html

"Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro."Indios Cree


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