Newsletter Setembro 2012

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Propriedade da JA! Justiça Ambiental Rua Marconi, no 110, 1o andar ­Maputo­Tel: 21496668 E­mail:ja@ja.org.mz, news@ja.org.mz

Foto:A.Lemos

Edição #15: 5 de Setembro 2012

Plantações florestais – Futuros desertos verdes No passado dia 6 de Agosto do corrente ano, a JA! participou num seminário sobre as Plantações Florestais e sua Indústria no Niassa, que teve lugar no Hotel VIP em Maputo, com a presença de um elevado número de individualidades do sector de Agricultura e Florestas. O seminário foi organizado pela Associação Florestal do Niassa em coordenação com a Direcção Nacional de Terras e Florestas e presidido por Sua Excia. o Sr. Ministro da Agricultura. A primeira apresentação do seminário foi “Avaliação das Plantações Florestais na Província do Niassa 2005­2012”, onde se mencionou que até 2005 a Província do Niassa não tinha ainda investimentos em plantações florestais, a partir de 2005 surgem os investimentos na área de plantações florestais e neste momento a área ocupada é de 165.772.80 hectares e desta, 32.409.00 ha já se encontram plantados com pinho e eucalipto. O objectivo neste momento é transformar Moçambique num produtor a nível mundial, o maior de África Austral e os exemplos de sucesso apresentados foram a África do Sul, o Chile e o Uruguai. As empresas Mondi e Sappi foram mencionadas em algumas ocasiões e sempre com imensa admiração pela sua dimensão e trabalho que estas tem feito. Foi reconhecido que existem problemas causados pela actual enorme demanda de terra e a grande onda de investimentos a que temos assistido, entre estes as consultas comunitárias mal conduzidas, casos de usurpação de terra, etc. No entanto todos estes problemas são tratados de forma leviana, como se já tivessem sido resolvidos ou que estão já em processo de resolução, enquanto que a cada dia que passa temos conhecimento de mais e mais casos graves de usurpação de terra, um pouco por todo o País.

Cheguei ao seminário curiosa e interessada, saí do mesmo questionando tudo...de que servem os processos de consulta comunitária? Não passa de apenas um processo informativo, a comunidade não tem direito a vetar qualquer projecto, pode­se manifestar, pode ser contra, mas quem tem a última palavra é o Estado e o Estado já decidiu. De que servem os processos de estudo de impacto ambiental? Não passam de mera formalidade, e de uma imensa fonte de rendimento para muitos, nestes estudos todos os impactos grandes ou pequenos tem medidas de mitigação, algumas fazem sentido e são de facto possíveis de implementar outras estão completamente fora da realidade. Serve então para que seja elaborado o Plano de Gestão Ambiental, que é sim importante, mas é preciso lembrar que há projectos que nunca deveriam ir em frente, pois os seus impactos são demasiado sérios e com imensos custos...

Já tinha estado em outros encontros em que estava bastante evidente a desesperada e cega vontade do Governo de Moçambique de atrair cada vez mais e mais investimentos na área de plantações florestais. No entanto, por ingenuidade minha ou por achar que a preocupação pelo sector florestal em Moçambique também passaria por um significativo investimento na conservação e uso sustentável das florestas nativas, desta forma a utilização de alguns hectares de terra degradada para plantações florestais poderia não ter grande impacto, não quis acreditar na visão enganosa aqui exposta. Uma das evidências disto foi a rapidez com que foi proposto e aprovado o Regulamento das Plantações Florestais, enquanto que vários outros instrumentos legais ficam à espera anos e anos...entre estes a Lei da Acção Popular, a Lei das Áreas de Conservação, falando apenas na área do ambiente, para não ter que fazer uma lista exaustiva!

Pau­Preto (Dalbergia melonoxylon) ,uma sobrevivente (2007) Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro, Janice Lemos, Jeremias Vunjanhe, Sílvia Dolores e Vanessa Cabanelas/ Layout & design: Ticha


Vetar um projecto? O que é isso? Como é isso possível, num país onde o Estado dá publicamente luz verde a projectos que ainda não têm os estudos ambientais exigidos por lei...e vai ser o MICOA a vetar algum projecto??? Um ministério estrategicamente denominado Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental??? Em Moçambique esse conceito não existe, é uma aberração, provavelmente mais uma teoria idiota dos “defensores de minhocas”, aqueles, os próprios, “contra o desenvolvimento”.

Plantações não são florestas, ao contrário, do que tem sido insistente e vergonhosamente defendido pelas empresas, tentando deste modo aproveitar­se da crescente preocupação com o actual problema de desflorestação e desmatamento, criando a ilusão de que estas plantações de algum modo substituem as florestas. A única semelhança entre florestas e plantações é que em ambas predominam árvores.

De que servem todas as palavras politicamente correctas que se colocam nos imensos discursos? Como podemos falar em conservação quando nem sequer sabemos distinguir correctamente entre florestas nativas e plantações florestais? Querendo sempre fazer parecer que as plantações são de algum modo florestas... Para os propósitos e objectivo finais do seminário, Moçambique tem potencial para plantar 3 000 000 hectares de floresta plantada, com eucalipto e pinheiro. Segundo a informação dada no seminário, para isso teremos que converter parte da floresta de baixa produtividade e já degradada em plantações florestais que, ainda segundo estes, possa trazer um impacto positivo em termos de sequestro de carbono, acesso a terra para agricultura, desenvolvimento económico e ainda na biodiversidade. Está a decorrer um estudo para determinar como isto poderá ser levado a cabo, não para determinar se poderá ser levado a cabo, mas apenas como. E neste contexto poderemos ter que rever a “nossa definição de florestas” estabelecer um critério nacional, definindo o que é “floresta”no contexto Moçambicano...este ponto pode ser o detalhe mais importante de todo este seminário, a forma como será definida a floresta no nosso contexto irá determinar como vamos usá­la, ou eliminá­la para dar espaço a esta nova moda, as plantações florestais. Vale a pena reflectir uns minutinhos sobre estas questões, vamos melhorar o acesso à terra para agricultura com plantações? E aumentar a biodiversidade? As plantações florestais constituem verdadeiros desertos alimentares, as poucas espécies que sobrevivem aqui são eliminadas por constituirem pragas.

Perante esta completa manipulação da verdade, deturpação de conceitos em nome de uma orgulhosa linguagem local, nacional, restrita a interesses particulares, utilizada em nome de um desenvolvimento falso, débil, hipócrita, vamos seguindo em frente com projectos já à partida condenados. E em nome deste mesmo desenvolvimento, vão­se enterrando ainda mais fundo os pobres deste país. Aqueles que utilizamos nos vários discursos politicamente correctos para assegurar a contínua “ajuda externa” de que tanto dependemos. Resta­nos perguntar se de facto estamos a falar do mesmo? Têm sido estes e outros, os argumentos utilizados para promover as plantações florestais a nível global, e têm sido sucessivamente debatidos por não corresponderem à verdade, mas mesmo assim, aqui estão novamente. O “desenvolvimento de Moçambique” é planeado com base nas necessidades de fora e não dos moçambicanos! Segue modas, interesses e visões que claramente não são a dos moçambicanos, já que estes ainda precisam de ser convencidos, formatados... mas se nos serve de consolo, podemos sempre nos lembrar que no meio disto tudo “vamos nos afastando mais e mais da pobreza absoluta rumo ao desenvolvimento sustentável” ........ de quem?

Marcha dos Povos da SADC em Maputo "Não há Nada sobre Nós sem Nós!"


Participaram na Oitava Cúpula dos Povos da SADC cerca de 500 pessoas provenientes de, pelo menos, oito Países e 10 províncias moçambicanas representando movimentos sociais de camponeses, mulheres rurais e urbanas, ambientalistas, comunidades de pescadores e artesãos, que teve lugar nos dias 13 a 16 de Agosto, numa sala simples de freiras em Mumemo, no Distrito de Marracuene, Província de Maputo. Antecedendo a 32ª Cimeira de Chefes de Estados e de Governo da SADC que decorreu entre 17 e 18 de Agosto último em Maputo. A Oitava Cúpula dos Povos da SADC foi marcada por profundos debates e reflexão dos povos da SADC, onde se questionou e contestou as actuais prioridades da agenda e políticas de desenvolvimento dos países da SADC centradas na atracção de grandes investimentos estrangeiros da indústria extractiva mineira, hidrocarbonetos e construção de grandes infra­estruturas ferro­portuárias e barragens viradas para o fluxo do grande capital transnacional, facilitando ainda o saque dos recursos naturais da região. Destas discussões abertas, inclusivas e transparentes resultou uma declaração, a Oitava Declaração dos Povos da SADC entregue ao Secretário Executivo da SADC. A marcha dos Povos da SADC, que teve lugar no dia 16 de Agosto, foi co­organizada pela União Nacional de Camponeses­UNAC, JA! Justiça Ambiental­JA,Fórum Mulher, Livaningo, ACOORD em parceria com a Via Campesina, Diálogo dos Povos e Rede de Solidariedade dos Povos da África Austral, foi o momento mais alto de expressão da vontade popular articulada na Oitava Cúpula dos Povos da SADC.

Naquela que se tornou a maior mobilização dos últimos oitos anos, os Povos da SADC marcharam durante duas horas, percorrendo cerca de 4 quilómetros até ao CICJC, manifestando solidariedade regional e expressando publicamente as suas preocupações e indignação perante a prevalência de injustiças sociais e económicas, fraca governação democrática, impunidade das corporações nas indústrias extractivas, usurpação de terra em larga escala por corporações e governos com a conivência das lideranças tradicionais, reassentamento de comunidades pelas corporações com envolvimento dos governos da SADC, aumento da insegurança alimentar, danos causados aos ecossistemas, declínio de padrões de provisão dos serviços de saúde e educação, crescentes desigualdades, catástrofes climáticas globais, aumento da violência contra as mulheres e crianças, e ainda depravação dos meios de vida sustentáveis. Reivindicando uma SADC de e para todos os Povos desta região, exigindo políticas e agenda de desenvolvimento que priorizem as necessidades, interesses e direitos das pessoas e não o interesse do grande capital transnacional das multinacionais. Por volta das 15 horas um representante de Moçambique e uma representante da SADC subiram ao camião de som, palco principal da Marcha dos Povos, e leram a Oitava Declaração da Cúpula dos Povos intercalando entre o português e o inglês.

Entre outras exigências, o documento reafirma a decisão e o compromisso dos Povos da SADC de «... reforçar as campanhas contra os Acordos de Livre Comércio, sobre Privatizações, Organismos Geneticamente Modificados, ditadura, usurpação de terra, violência de género e todas as formas de discriminação.» alertando aos Chefes de Estado e do Governo da SADC para a necessidade urgente e imediata de «reorientar o desenvolvimento de infra­estruturas para promoção da integração regional para servir os povos da Região e não desenhadas para escoar produtos para fora da SADC; garantir a soberania alimentar através da reforma A Oitava Declaração da Cúpula dos Povos da SADC, um agrária e o estabelecimento de bancos de sementes importante documento contendo o resultado das discussões, indígenas; parar com a usurpação de Terra, utilizar a terra e com recomendações, colocado sobre a forma de proposta de outros recursos naturais para o desenvolvimento dos pobres agenda de uma SADC que os povos querem ver e marginalizados; parar com o uso da violência para a implementada. A Declaração da Cúpula dos Povos de Maputo repressão dos direitos democráticos das pessoas e satisfazer foi entregue, no final da marcha, ao Secretário Executivo da as necessidades das pessoas, tais como o acesso à àgua SADC, o moçambicano Tomáz Salomão na tarde de 16 de potável, serviços de saúde, educação, alimentação e Agosto último no Centro de Conferências Internacional energia, mais do que investir na mineração, energia baseada Joaquim Chissano, local onde os chefes de Estado e de em combustíveis fósseis e megaprojectos que apenas governo da região se iriam reunir nessa mesma semana. beneficiam as grandes corporações e as elites». Foi transformador e gratificante presenciar este movimento regional unido e com propostas claras de transformação estrutural, o que faz acreditar na luta por uma SADC que os povos querem ora proposta e assumida. “Devemos continuar a resistir e a lutar pelos nossos direitos e interesses. Não é uma luta fácil e exige de nós muitos sacrifícios, moderação e maiores responsabilidades para travarmos uma das maiores batalhas da nossa época.


A pressão sobre os Recursos Florestais

Quando tudo parece sob controle e às mil maravilhas no País, há quem dia após dia vai intensificando cada vez mais e se apoderando dos recursos pertencente a um grupo pobre e carenciado de pessoas, que para a sua sobrevivência, depende básica e exclusivamente daquilo que se calhar para os outros é só mais um modo de aumentar a sua riqueza.

Refiro­me a um grupo vulnerável, aparentemente possuidor de recursos florestais, sem alternativas de vida, que para sua própria sobrevivência depende da agricultura e dos recursos florestais que a natureza gratuitamente lhes oferece. O futuro desses recursos está entregue à sua sorte dado que o fluxo de circulação é cada vez maior na medida em que o número de madeireiros ilegais neste processo, tanto nacionais como estrangeiros (principalmente chineses), é cada vez maior, caso para se dizer que se descobriu mais uma mina de “ouro verde” na província da Zambézia.

local a morte de duas pessoas e outras feridas e encaminhadas para o hospital de Mocuba. Contudo, é notório as dificuldades enfrentadas pelas entidades governamentais da província da Zambézia responsáveis pelo sector florestal, que na nossa opinião necessitam de apoio do governo e da sociedade civil no geral, tanto a nível de efectivos como a nível de recursos e incentivos, para fazer face aos operadores furtivos, dado que acabam colocando em risco as suas próprias vidas pela desproporcionalidade de recursos. O Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia no seu No. 1 do artigo 112, prevê o direito à comparticipação, em que cinquenta por cento dos valores provenientes das multas por transgressão à Legislação florestal e faunística destinam­ se aos fiscais florestais e aos agentes comunitários, que tiverem participado no levantamento do respectivo processo de transgressão, bem como às comunidades locais ou a qualquer cidadão que tiver denunciado a infracção. Devido ao descontentamento por não receberem os valores referentes à comparticipação, os membros da comunidade, estão sujeitos a estarem em conivência com os furtivos para obterem benefícios imediatos. O facto curioso é que, chega informação que desde Julho de 2011 os fiscais não recebem incentivos de fiscalização, supostamente devido aos procedimentos burocráticos do sector governamental das finanças, daí a questão: Como garantir uma exploração racional e sustentável de madeira e uma fiscalização efectiva sem contudo, garantir melhores condições de trabalho e meios para execução do mesmo?

Para quem conhece minimamente a província, e já passou pela estrada que liga os distritos de Mocuba, Ile e Gilé via posto administrativo de Mulevala e pela estrada que liga os distritos da Maganja da Costa e Pebane via posto administrativo de Mocubela, deve ter uma ideia do que se está a falar. Refiro­me a dezenas de camiões entre eles camiões cavalos e de seis toneladas carregados de toros de pau­ferro, umbila e chanfuta por vezes, sem o diâmetro de corte recomendado e, sem nenhuma marcação ou registo ou ainda com marcação falsificada e/ou fraudulenta, entram geralmente durante o período da manhã e saem carregados no período da noite, explorando brutal e injustamente as comunidades locais no processo de carregamento, que devido à sua vulnerabilidade, são obrigados a arriscar as suas vidas em cima dos camiões carregados, pela venda unitária de toros na razão de 100 MT incluído o corte e carregamento. Só para ter noção da gravidade e dos riscos dessas actividades insustentáveis e oportunistas, na primeira semana de Julho registou­se a ocorrência da morte de um membro da comunidade de Muzo por sinal pertencente a associação comunitária ACODEMUZO, no exercício da actividade de apoio aos furtivos, quando se encontrava em cima de um camião após o carregamento, encontrou a morte acidentalmente após a queda de um ramo durante a trajectória e foi abandonado como se tratasse de um animal. Na primeira semana de Agosto, tombou durante a noite, um camião cavalo no troço Mulevala­Mugeba tendo ocorrido no

Apesar destes factos, é preciso reconhecer, encorajar e acarinhar os esforços empreendidos pelos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna bravia da Zambézia (SPFFBZ), que com insuficiência de fiscais e precárias condições de trabalho estão a todo custo a redobrar esforços para cobrir toda província a partir de posicionamento de brigadas fixas e móveis nos pontos estratégicos. A título de exemplo, durante o percurso das nossas actividades de campo, no princípio da manhã, foram interpelados e multados por este organismo do governo quatro camiões carregados de pau­ferro, alguns com documentação falsificada e outros simplesmente sem documentação. Motivo para dizer bem haja a luta contra operadores ilegais, em prol da protecção e conservação de recursos florestais e faunísticos para o bem estar social e ambiental.


Enfrentando Finanças As constantes e sucessivas descobertas de grandes e ricas quantidades de recursos naturais tais como o carvão, o gás natural, o petróleo, ferro e outros podem segundo o professor Boaventura Sousa, trazer alguns riscos de condicionamento ao país, tais como o crescimento do PIB em vez de desenvolvimento social; corrupção generalizada da classe política e do sector público no geral; aumento da pobreza; destruição ambiental e sacrifícios inaceitáveis às populações onde se encontram os tais recursos em nome de um “progresso” que estas nunca conhecerão; supressão do pensamento e das práticas dissidentes das organizações da sociedade civil sob o argumento de serem anti­ desenvolvimento pelas várias críticas feitas em relação ao modelo de desenvolvimento implementado, neste caso em Moçambique, podendo desta forma resultar no agravamento da pobreza económica, social, política e cultural. Pelo seu compromisso e preocupação com a sustentabilidade do desenvolvimento e justiça social a todos os níveis, desde Maio de 2011, a Justiça Ambiental tem estado a implementar o projecto e campanha “Facing Finance”, juntamente com a Solidarity International (SODI), providenciando todo o apoio necessário para a implementação das suas actividades. São parte deste projecto a SODI, FacingFinance, Earthlink, Urgewald (Alemanha), CentrumCSR.PL (Polonia), FairFin (Belgica), e a própria JA!. A implementação deste, cujo objectivo principal é fazer com que os bancos e instituições financeiras parem de investir na violação dos direitos humanos, danificação do meio ambiente, corrupção e produção de armas controversas; consiste em uma rigorosa inspecção a companhias e instituições financeiras cujos investimentos e actividades resultam na violação dos direitos humanos, severa danificação do meio ambiente e o aumento da corrupção. No seu primeiro ano de implementação, a JA! dedicou­se a pesquisas, identificação e selecção de companhias e instituições financeiras actuando em Moçambique cujas actividades não só infringem os padrões de desempenho ambiental e social do IFC, mas também por violarem os mesmos, assim como violam as directrizes da OECD para multinacionais, resultando numa contínua violação dos direitos humanos e drástica danificação do meio ambiente. São algumas destas a Vale Moçambique, BHP Billiton/Mozal, Rio Tinto, Anadarko, Eskom, Anglogold, BarrickGold, Arcelor Mittal, Tata, Sasol, Statoil, Portucel, Chikweti, Eco­Energia, e a italiana ENI. . Durante o segundo encontro anual do consórcio ¨Facing Finance¨, que decorreu nos dias 5 e 6 de Junho na capital Belga ­ Bruxelas, foram abordados vários assuntos relacionados com o projecto, a destacar a selecção das 20 principais companhias a serem envolvidas nesta primeira fase da campanha e as respectivas organizações responsáveis por cada uma destas. Estas encontram­se distribuídas da seguinte forma: SODI (Lockheed, BAE Systems, Northrop Grumman, General Dynamics, Boeing, Textron e CocaCola); Urgewald (Vedanta e Areva); Justiça Ambiental (Vale Moçambique – explorando carvão em Moatize na província de Tete, a Mozal – fundição de alumínio na Matola e a Anadarko – exploração de petróleo na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado); FairFin (Shell, Wilmar e Goldman Sachs); EarthLink (Nestlé); CSR (Flextronics e Foxconn); Glencore e Siemens.

Estas são algumas das multinacionais que vêem exercendo as suas actividades no país com quase que inexistente regulação do estado, tendo celebrado contratos que lhes permite uma exploração intensa e desregrada dos recursos dos moçambicanos, com contribuições insignificantes para o orçamento do estado, violando ainda impunemente os direitos humanos das populações onde existem recursos, para além dos incalculáveis danos causados ao ambiente. Infelizmente a actividade destas multinacionais não está a produzir a tão esperada prosperidade social e económica, e poderá mesmo chegar a elevar as taxas de desemprego e da pobreza caso determinados cuidados de política económica não sejam acautelados, entre os quais manter taxas de câmbio baixas e investir em outros sectores fundamentais para a economia, é o caso da agricultura.

Ainda como parte do projecto e campanha, de 20 de Maio a 07 de Junho do corrente ano, a JA participou com dois representantes, numa actividade denominada ¨Speakers Tour¨ organizada pelas organizações que fazem parte do projecto em parceria com outras ONGs na Alemanha, Polónia e Bélgica. Neste evento, a JA! fez apresentações e participou activamente em debates que tiveram lugar em organizações e instituições de ensino em diferentes cidades dos países acima mencionados, onde foram abordados vários temas de carácter social, económico e ambiental, com enfoque nos investimentos e envolvimento dos bancos europeus nos investimentos feitos em Moçambique e seus impactos sócio­económico e ambientais, enfatizando a actividade mineira do carvão e a exploração do petróleo, o problema de usurpação de terras, e o impacto dos megaprojectos no país em geral. No âmbito desta actividade, realizaram­se também encontros e houve oportunidades de lobby com individualidades, líderes e influentes em algumas instituições financeiras e de investimentos cujas acções têm tido impactos negativos em Moçambique e outros países, no que se refere à violação de direitos humanos, degradação do meio ambiente e falta de transparência nos seus processos de investimento. Para mais informação do projecto veja no site: WWW.facing­finace.org

Todo o mundo é um génio,mas se julgares um peixe pela sua habilidade em trepar uma árvore, ele irá viver toda a sua vida a acreditar que é um estúpido. Einstein


Introducão de OGMs, Organismos Geneticamente modificados ou Transgenicos, chumbada em Mocambique por UNAC, Uniao Nacional de Camponeses. Depois de mais de 30 anos do cultivo e comercialização os transgénicos, estes demonstram pertencer a um sistema de produção agroindustrial monopolizado pelas multinacionais, com consequências avassaladoras para a agricultura, saúde pública e para o meio ambiente, principalmente em todos os países onde a agricultura é o principal sector de sobrevivência da população, tendo sido inclusivamente proibidos em vários países europeus.

Os mochos ou corujas, são aves de rapina noturnas, com uns ouvidos muito aguçados e olhos móveis, capazes de enxergar muito bem no escuro. É um animal de hábitos marcadamente nocturnos, embora, quando as condições o permitem, seja comum observá­lo durante o dia ou crepúsculo. São muito sensíveis a metais pesados e venenos, por isso são excelentes bioindicadoras da qualidade de um determinado ambiente. Se um ecossistema está com populações estáveis e saudáveis de aves de rapina, significa que está tudo a funcionar bem e que o ecossistema está equilibrado. A ausência deste grupo gera uma série de desequilíbrios ecológicos por toda a cadeia atingindo até a vegetação, pois como são controladoras, a sua ausência permite um aumento descontrolado de outros animais. Além de serem óptimas indicadoras da qualidade do ambiente e de controlar a população de presas, algumas espécies podem ser excelentes veículos propagadores do pensamento conservacionista, através de acções de educação ambiental com as crianças e a comunidade em geral, já que essas aves despertam um certo fascínio na maioria das pessoas, mas infelizmente em Moçambique e em algumas partes de África o mocho é temido e rejeitado pelas comunidades pois é considerado um aliado da feitiçaria e do mal. Geralmente estas aves constroem o seu ninho em tocas das árvores ou em rochedos. As fêmeas depositam entre 3 a 5 ovos, cujas crias nascem após 28 dias de incubação. Sempre despertaram a admiração do homem, desde tempos remotos da antiguidade como símbolos de força, nobreza, agilidade, independência e perfeição. Elas eliminam insectos e animais nocivos ao homem, e caçam também animais velhos, doentes ou feridos, que não podem sobreviver. Por isso elas são muito úteis ao homem. Fonte: http://www.avesderapinabrasil.com/importancia_avesderapina.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Mocho­galego

No entanto, o Governo de Moçambique anunciou que pretende rever o Protocolo de Biosegurança de Cartagena ratificado em 2001 e o regulamento de Biosegurança relacionado com a gestão dos OGM que aprovou em 2007, de modo a poder adoptar/criar uma legislação que rege os casos de cruzamento de sementes para a melhoria da capacidade produtiva. Para mais informacao consulte: http://www.verdade.co.mz/ambiente/29318­ organismos­geneticamente­modificados­uma­solucao­letal

"Há o suficiente no mundo para todas as necessidades humanas; não há o suficiente para a cobiça humana." ­ Ghandi

Japão, o maior caçador O Japão, atualmente, é o principal defensor da caça de baleias, praticada sob o rótulo de “científica”. A caça dita científica é permitida pela comunidade internacional, mas para organizações não­governamentais e ambientalistas, trata­se apenas de uma fachada para o país continuar a caçar os animais. Para Milton Marcondes, o Japão não é movido por interesses econômicos, já que a matança dos grandes cetáceos não é uma atividade importante na geração de riquezas do país. Mesmo assim, Japão, Rússia e Noruega, também países caçadores, conseguiram construir uma coalização de países que votam na CIB a favor da matança. Nesse estranho grupo está até mesmo a Mongólia, que vota na Comissão apesar de ser um país que sequer tem acesso ao mar. Fonte: www.oeco.com.br

No mês de Agosto a JA lançou o seu Blog “JA4change” em “http://JA4change.wordpress.com”, e também podem nos seguir pelo Twitter

"Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro."Indios Cree


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