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REDD: o Bom, o Mau e o Feio Muito se deve rir o governo à custa das Organizações da Sociedade Civil... Aposto que de tanto sermos motivo de troça, um novo género de comédia rico em anedotas e adivinhas parvas deve estar em voga em certas instituições públicas nacionais. Mas falemos primeiro das coisas sérias e boas, que embora escassas merecem gozar de prioridade, e deixemos as tristezas e a ironia que gostamos de reservar aos hipócritas para último. É lá que ela pertence. Foram dois dias intensos e riquíssimos em troca de experiências e saberes os que vivemos a 26 e 27 de Agosto em Maputo. Todos aqueles que tiveram oportunidade de participar no workshop internacional sobre mecanismos REDD que promovemos aqui na capital, e que foi aberto ao público, poderão certamente dizer que saíram dele muito mais conhecedores do que é o REDD e do porquê que não devemos aceitar a implementação de mais projetos REDD em África. Os representantes das associações camponesas de vários pontos do país que estiveram presentes, manifestaram em várias ocasiões o seu apreço pelo conhecimento que lhes foi passado, o que nos deixa extremamente orgulhosos, pois oportunisticamente, é com base na pouca informação de que estes dispõem que muitas vezes os proponentes destes e outros projetos os aliciam e ludibriam. Os convidados internacionais e os depoimentos com que nos brindaram, enriqueceram imenso o workshop e deram peso e volume à mensagem que nós e algumas outras organizações da sociedade civil há muito tentámos passar. Terminado o workshop, na nossa avaliação preliminar, apesar da teimosia e relutância em aceitarem os factos que lhes apresentámos, concluímos que era de enaltecer a presença dos diversos funcionários de distintos ministérios e direcções nacionais do nosso governo, bem como a forma participativa e despretensiosa como a maioria se fez representar. Mas independentemente de quão “no escuro” algumas destas pessoas poderiam estar em relação à agenda do dia do governo para quem trabalham, hoje, sabendo que enquanto na Malhangalene discutíamos de forma bastante aberta o REDD, e que alguns quarteirões abaixo (em Conselho de Ministros) o executivo aprovava sorrateiramente o Regulamento dos Procedimentos para a Aprovação de projectos REDD+, a mensagem é outra: vocês e/ou aqueles para quem vocês trabalham, mais uma vez, foram profundamente infelizes. Vocês são hipócritas e esta é a prova cabal disso. E ainda têm coragem de vir insinuar que incidentes como o
Foto:D.Ribeiro
Edição # 26 5 de Setembro
que aconteceu em Palma o mês passado com a directora do CTV são fruto da falta de diálogo entre as OSCs e o governo (como se nós fossemos a parte culpada)! Para depois fazerem isto? Mas que grande “lata”! Podiam ao menos ter nos dito... Havia Directores Nacionais de vários Ministérios na sala. Custanos a crer que ninguém sabia que o REDD estava na agenda do dia do Conselho de Ministros. Uma triste coincidência e certamente tópico para mais uma ou duas piadas que por esta hora já devem estar “batidas” nos gabinetes de alguns ministérios. Gostaríamos de poder dizer que quem ri por último ri melhor, mas sabemos que infelizmente tal não acontecerá. Ninguém mais vai rir. O que acontecerá é bastante mais triste. Enquanto vocês se riem agora, mais tarde chorarão aqueles em nome de quem vocês tomaram essa decisão. Aqueles para quem vocês deviam trabalhar. Será que então pesarvosá a consciência? Mas há mais e pior... Avaliando mais atentamente o workshop e o que nele se debateu, não podemos deixar de colocar na mesa uma pergunta que pode parecer absurda mas que fazemos questão de fundamentar o porquê de a estarmos a colocar:
Será que os nossos ilustres Ministros têm uma ideia real do que é o REDD e de qual o papel que Moçambique desempenhará neste mecanismo? Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro,Janice Lemos, Ruben Mama e Vanessa Cabanelas/ Layout & design: Ticha / Editor : Ruben Manna