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Ommm!

A primeira vez que me ouvi a entoar esse ancestral som, fiquei rubro, abri disfarçadamente os olhos a buscar por outros que compartilhassem do mesmo estranhamento que eu sentia… A aula de yoga começou. Minha jornada iniciou. Isso foi em 2001 e desde então tornou-se um caminho sem volta com tentativas frustradas de negação ao que já estava impresso em meu ADN espiritual.

Yoga significa união. Nascemos num Mundo de dualidades: masculino/feminino, alto/baixo, quente/frio, prazer/dor etc.

Porém, no momento em que unimos as palmas da mão direita e esquerda diante do peito, simbolizamos com o corpo a união desses opostos, simbolizamos Deus. Não posso ser desrespeitoso a ponto de definir yoga. Posso falar da minha experiência. Quando subo sobre o meu tapete para a prática, preparome para uma odisseia na qual me transformo em cão, sapo, pavão, macaco, guerreiro e deuses. Durante todas essas posturas, a mais importante e fundamental ação que realizamos é respirar. É esse ato o mais importante numa prática. Respirar…

Não precisa ser a campeã da ginástica olímpica e nem a top model das revistas. Precisa respirar. Com presença.

É este ato de respirar que nos define como vivos. Apesar de a maioria sobreviver, respiramos. E um dia teremos a nossa última expiração.... Entre esta última e a primeira inspiração ao nascer acontece um evento chamado vida. E todos esperamos ter vivido com alegria e amor entre estes dois sopros.

As práticas físicas de yoga são compostas por asanas. Há muitas pesquisas sobre os imensuráveis benefícios dessa prática. A minha única certeza é que a yoga nos torna uma versão melhor de nós mesmos. Ao elevar os braços para a primeira saudação ao sol, sequência de posturas geralmente no início da prática, sente-se uma reconexão muito negada em nossa sociedade: a conexão connosco.

Elevar os braços, apenas isso, é um movimento anti telemóvel, computador, redes sociais e depressão. Sim. Abrir o peito, inspirar, olhar para cima e deixar a alegria nos transbordar. Sim. Sentimos a vida.

O corpo muitas vezes martirizado no cristianismo como uma fonte de pecados tem sua redenção na Yoga. Ele é um caminho de autoconhecimento e libertação. A prática exige que habitemos esse templo chamado corpo. A prática é essa oração com o corpo. Portanto, não se preocupe com o seu alongamento, com sua forma e com a sua idade. Ocupe-se! Esteja presente! A Yoga tem todo um método para te trazer para o aqui e agora. Os asanas desenham o nosso corpo para que o prana, energia vital, possa alcançar territórios abandonados por nós mesmos.

Além dessa prática física, há também um código ético e moral que deve ser rigorosamente seguido por aqueles que estão nessa vereda. Chamamos de Yamas e Nyamas. Eles são dez.

Ahimsa ou não violência é o primeiro Yama. Não deveríamos causar dor e sofrimento a nenhum ser. Este princípio justifica o vegetarianismo tão disseminado na Índia. Na bíblia, há o “não matarás!”. Porém, parece que aplicamos essa lei apenas aos humanos. Nunca se mataram tantos bichos. Há mais gado que pessoas no mundo. E a fome não justifica esse exagero. Morre-se muito mais pelo que se come do que pela falta de comer. É muita gordura animal, eu diria um oceano de gordura, a entupir veias e artérias humanas. Verdade, não roubar, contenção, não cobiçar, purificar-se, contentamento, disciplina, estudo do eu e dedicação ao supremo são os outros ítens que formam a ética e comportamento a ser seguido por um praticante.

E se você é católico, islâmico, judeu, umbandista etc, essa prática é para você. Não precisa adorar Shiva, Krishna ou Ganesha. Como diz um grande professor: yoga só não é para os preguiçosos… Porém, discordo. Se você respira, tem potencial para praticar.

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