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CANTINHO DO JOÃO João Correia
from 55º EDIÇÃO
primeira noite num albergue para peregrinos, em camaratas, e as quais me fizeram lembrar a experiência de recruta militar que nunca tive. Cada uma delas com um cacifo no qual poderíamos guardar as nossas coisas desde que, claro, os conseguíssemos abrir (ou fechar) situação essa a qual motivou uma certa vontade de perder a cabeça e arranjar um pé-de-cabra que resolvesse o problema.
Para além do mais, e na mesma localidade, aquando da nossa presença numa esplanada local, vi um sósia de Miguel Esteves Cardoso e fiquei tentado a conversar com o mesmo, manifestandolhe a minha admiração pelo escritor e, ao mesmo tempo, pelo facto de este ser tão parecido com aquele. Seja como for, não aconteceu, com muita pena minha. Talvez num próximo caminho, pois não tenciono ficar por este.
No mais, nada é igual à solidariedade que naturalmente surge entre os peregrinos e qual se revela em pequenos detalhes tais como quando cada um de nós comprava uma garrafa de água e dava por si a comprar duas ou três, ou seja, uma para nós e as restantes para quem precisasse, não fosse o diabo tecê-las.
Vi jovens com uma postura muito “cool”, vi pessoal menos jovem com uma postura igualmente “cool” e velhotes com uma atitude que eu gostaria de ter daqui a uns (poucos) anos. Cada um fazia o seu caminho, olhava por si, refletia e olhava pelos outros. Vi uma família que fez o caminho com um (nem sei como lhe chamar) carrinho no qual carregavam sempre um dos seus filhos, chegando assim, mais lentamente (mas chegando) ao final.
E chegar lá é (mais uma vez falta-me vocabulário) inesquecível.
Bom caminho.