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O Piloto de Casablanca ou
from 55º EDIÇÃO
De quando um trabalho de pesquisa (quase espionagem), e a História, se misturam com Hollywood.
Quem diria que uma biografia podia transformarse numa aventura para quem a escreveu e para a quem a lê?
Quem diria que a Biografia de um português, piloto de hidroaviões, militar da marinha portuguesa, de quando a marinha tinha asas, haveria de figurar num filme que nos marcou a todos e marcará outras gerações se o virem?
Quem diria que encontraríamos no livro Gago Coutinho e Sacadura Cabral, e que o herói do livro seria um Ás em acrobacia aérea, convidado pela América para tomar parte no meeting de Cleveland.
E do General Gomes da Costa, lembram-se?
Também faz parte do livro e do tempo em que havia um Ministro (o Sr Ministro), da Guerra. O livro desliza pela história e por personagens históricas e não deixa de contar episódios marcantes como a passagem além da Taprobana, mas no cabo Espichel até ao Bugio do nosso piloto aviador.
É a história de um “piloto aviador”, como se usava dizer era eu pequena e lia pelo Livro da 4ª Classe Deus Pátria e Família, com criaturinhas iguais às dos livros de catequese, mas sem inferno.
Capataz de “avoação” em Macau, por onde passou com o Santa Cruz que está hoje no Museu da marinha passeia-se da aviação naval à força Aérea e no tabuleiro dos jogos e interesses políticos da época.
Circula da Aero Portuguesa, que já não existe, antecessora da TAP que ainda existe. O livro é sedutor e devora-se como uma aventura. Demonstrativo de um trabalho de pesquisa intensa, de um interesse ilimitado pela personagem escolhida, piloto aviador, português alguns anos de idade, não esquece quem escreve, o que se passava à volta e não deixa de ligar os fios entre isto e aquilo, um avião e um piloto e uma companhia aérea e um filme, até chegar ao lendário Casablanca produzido em 1942. Mas se quiserem passear por Lisboa, dos espiões, da linha do Estoril, dos anos 50, leiam o livro. E se quiserem saber das intrigas políticas de quando havia um Ministro do Ultramar, e das angústias politicas relativas a Goa e Bombaim, leiam o livro.
E do segredo de Natália Correia que, viajando para Lisboa desde os EUA queria deixar a mensagem eterna ao homem com quem não casara, de que, morrendo no voo de regresso, lhe dissessem, que era a ele, não obstante ter-se casado, que ela amava.
Mas a personagem principal desta biografia não era só um charmoso piloto aviador nem um homem de sucesso, era um homem que fazia perguntas políticas em defesa de direitos.
O Biografado foi o piloto do filme Casablanca que no fim aguarda, esperamos nós, o embarque de Rick (Humphrey Bogart) com Ilsa (Ingrid Bergman) mas, onde embarcam Ingrid Bergman e o marido Victor Laszlo, líder da resistência checa, interpretado por Paul Henreid em direção em Lisboa no meio de uma segunda Guerra Mundial.
O livro além de uma biografia fantástica é um passeio maravilhoso pela história em forma de cinema. Espero sinceramente, que não seja alvo de nenhuma censura por “almas sensíveis”.
E se o título é tentador, acreditem que o que está para além dele é vertiginosamente envolvente e absolutamente enriquecedor, deixando-nos à espera de uma “segunda temporada”. E sim, porque não passá-lo ao grande ecrã?