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RUAS DE LISBOA

Ruas da minha cidade veias que o meu sangue abraça e põe cravos de ansiedade na lapela de quem passa.

Ruas da minha cidade onde perco o coração. Poema diz a verdade! Diz a verdade canção!

Ruas da minha cidade amanhecendo a firmeza duma ponte entre a saudade e um Abril à portuguesa.

Ruas da minha cidade onde vingo as minhas asas. O meu nome é liberdade e moro em todas as casas.

Ruas da minha cidade praças da minha alegria onde antes da claridade era noite todo o dia.

Ruas da minha cidade onde o velho é sempre novo: as ruas não têm idade porque são todas do povo.

Ruas da minha cidade becos de ganga puída. Oficinas da verdade dos operários desta vida.

Ruas da minha cidade janelas do meu olhar onde os pardais da amizade à tarde vêm poisar.

Ruas da minha cidade rasgadas por minha mão. A gente passa à vontade quando pisa o nosso chão.

Ruas da minha cidade Aonde eu quero morrer Com cravos de eternidade Dos meus olhos a nascer.

Joaquim Pessoa 1948 - 2023

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