Conheça sua Igreja: Identidade Cristã

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CONHEÇA SUA IGREJA

Módulo I: Identidade Cristã

CONHEÇA SUA IGREJA Escola Bíblica Dominical Igreja Presbiteriana do Bairro Amambaí Ano de 2016

NOME

I D E N T I DA D E C R I S TÃ MÓDULO I

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CONHEÇA SUA IGREJA

Módulo I: Identidade Cristã

BOAS VINDAS! 
 Olá aluno(a), seja bem vindo(a) ao curso de "Conheça sua Igreja"1 da Escola Bíblica Dominical da Igreja Presbiteriana do Bairro Amambaí. Será um prazer muito grande estar com você nesse ano para que juntos possamos aprender mais sobre a nossa amada igreja. Esperamos que você não só tenha o conhecimento intelectual de tudo o que iremos ver aqui mas que principalmente se disponha a ouvir e obedecer a voz do nosso mestre Jesus, que sobre o custo do seu precioso sangue comprou a sua igreja e nos fez junto com ele um corpo do qual compartilhamos a salvação e a benção de sermos um só. A Ele e somente a Ele toda glória. Jaroslav Pelikan afirma que “O que a igreja de Jesus acredita, ensina e confessa com base na palavra de Deus: essa é a doutrina cristã. (..) A igreja cristã não seria a igreja que conhecemos sem a doutrina cristã”. Reconhecendo a importância, urgência e necessidade de se afirmar a doutrina cristã que nos motivamos para este curso. Que Deus nos ajude em nossos estudos e que lembremos das palavras do apóstolo Paulo ao seu estimado amigo Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagras letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” 2 Timóteo 3.14-17 Dos professores2 , Campo Grande, 08 de fevereiro de 2015.

Este material foi organizado e editado por João Vinícius de Abreu. As fontes quando utilizadas estão citadas nas notas de rodapé de cada página. Dúvidas, sugestões e apoio são muito bem vindos, para isso envie um email para jvabreu@gmail.com. 1

João Vinícius de Abreu, seminarista da Igreja Presbiteriana do Brasil Gilberto Tuller Esposito, presbítero da Igreja Presbiteriana do Bairro Amambaí 2

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Módulo I: Identidade Cristã

SOBRE O CURSO A quem se destinam as aulas? A todos que desejam conhecer melhor a Igreja Cristã e a Igreja Presbiteriana do Brasil. Suas raízes, história, confissões de fé e pontos fundamentais de sua identidade. Dedicada a novos membros da igreja (que vieram de outra igreja) como também aos membros interessados por esse assunto. Horário de aula Todos os domingos Início: 9h20 no Templo da IPBA Término: 11h Duração aproximada do curso O curso terá uma duração estimada de 1 ano completo, que serão trabalhadas em aproximadamente 36 aulas. O que será trabalhado neste curso? Nós iremos trabalhar 3 módulos neste curso, que são: • Módulo I - Identidade Cristã: O que nos constitui enquanto cristãos? 3 • Módulo II - História da Igreja Cristã: De onde viemos? Para onde vamos? • Módulo III - Identidade Presbiteriana: O que nos faz presbiterianos? ou Porque ser um presbiteriano? Livros que utilizamos e recomendamos • • • • • • •

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DEVER, Mark. 9 marcas de uma igreja saudável. São José dos Campos: Fiel, 2007. FERREIRA, Franklin. A Igreja Cristã na História - Das origens aos dias atuais. São Paulo: Vida Nova, 2013. FERREIRA, Franklin. Credo dos apóstolos: as doutrinas centrais da fé. São José dos Campos: Fiel, 2015. KUYPER, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. LUCAS, Sean Michael. O Cristão Presbiteriano. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. MAIA, Hermisten. Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São José dos Campos: Fiel, 2014. ROBERTS, W. H. O Sistema Presbiteriano. São Paulo: Cultura Cristã, 2014.

Estaremos disponibilizando as apostilas por módulo. 3


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Módulo I: Identidade Cristã

Módulo I
 Identidade Cristã

Módulo II
 História da Igreja Cristã

Módulo III Identidade Presbiteriana

O credo apostólico

A igreja na Antiguidade: Pais da Igreja, Concílios e Divisões

Identidade da Igreja Presbiteriana do Brasil

Creio em Deus Pai

Idade Média: Império Romano, Cristandade e Pré Reformadores

A soberania de Deus e sua maravilhosa graça

Creio em Jesus Cristo

Reforma Protestante

A aliança

Creio no Espírito Santo

Renascimento e Modernidade: Avivamentos da Europa e Estados Unidos, Ciência e Fé

Os sacramentos

A Santa Igreja Universal

Mundo comteporâneo: Movimentos missionários e o Evangelho no Brasil

Piedade presbiteriana

Os símbolos de fé

Culto Presbiteriano

Confissões & Catecismos

Governo Presbiteriano

O domínio de Cristo: Cosmovisão Cristã

Os primórdios do presbiterianismo

9 Marcas de uma igreja saudável

O presbiterianismo no Brasil

O que fazer sendo um presbiteriano?

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IDENTIDADE CRISTÃ Módulo I

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ÍNDICE Aula

Página

Aula 01: O Credo Apostólico

7

Aula 02: Creio em Deus Pai

13

Aula 03: Creio em Jesus Cristo

17

Aula 04: Creio no Espírito Santo

23

Aula 05: A Santa Igreja Universal

26

Aula 06: Os símbolos de fé

32

Aula 07: Confissões e Catecismos

35

Aula 08: Cosmovisão Cristã

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Aula 09: 9 Marcas de uma igreja saudável

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Módulo I: Identidade Cristã AULA 01

O CREDO APOSTÓLICO OBJETIVO DA Aprender a importância e a necessidade de cada afirmação presente no AULA texto do "Credo Apostólico" para a Igreja Cristã e para seus membros TESE DA AULA O credo apostólico é a confissão principal da Igreja e medida para determinar a identidade comum da igreja cristã RESPOSTA À AULA Interagir o texto do credo com a vida diária

Algumas perguntas • Qual a necessidade de termos um credo? • Porque é importante afirmar a nossa fé? • Quais os problemas que surgem quando não sabemos o que cremos? • É possível ser cristão e discordar de algum ponto do credo dos apóstolos? • __________________________________________________? (se quiser faça sua pergunta) Introdução O Credo Apostólico é o mais conhecido texto entre todos os credos que a igreja formulou ao longo da sua história. Alguns pensavam que ele tivesse sido escrito diretamente pelos doze apóstolos, mas é provável que ele tenha sido desenvolvido ao longo dos primeiros séculos a partir do que era repetido nas confissões batismais. Segundo Schaff4 o texto que conhecemos só alcançou sua forma definitiva perto do sexto século. Na Assembléia de Westminster foi anexado ao catecismo ali organizado (como apêndice) e isso foi feito não porque o credo era uma escritura assim como a bíblia é, mas porque ele concordava com a palavra de Deus e era útil por apresentar um breve resumo da fé cristã. Ferreira5 nos lembra do papel bíblico, ortodoxo e consensual que vemos no credo apostólico. É "aquilo que foi crido em todo lugar, em todo tempo e por todos”. Ele ainda afirma que

SCHAFF. Creeds of Christendom, vol.1, 20. Citado por A. A. Hodge, Outlines of Theology (Edinburgh, & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1991), 115. (em http://monergismo.com/textos/credos/ credoapostolico.htm) 4

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FERREIRA, Franklin. O Credo dos Apóstolos. São José dos Campos: Fiel, 2015. 7


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“o Credo oferece aquele núcleo da verdade cristã que determina e baliza se uma determinada igreja é cristã ou não”. O nome “Credo" quer dizer “Eu creio”. Ele funciona como uma expressão de fé e reconhecimento público diante das outras pessoas sobre aquilo que se afirmava como pontos centrais de quem o confessava. O texto do Credo

"Creio em Deus pai, Todo-poderoso criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo, seu único filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades; ressurgiu dos motos ao terceiro dia; subiu ao céu está assentado à mão direita de Deus Pai Todo-poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; a santa Igreja universal; a comunhão dos santos; a remissão dos pecados; a ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém.”6 ___ O Credo é uma herança histórica. “Muitos católicos conhecem bem esse credo e se espantam ao descobrir que os protestantes também o conhecem. Do me s m o m o do, alguns prot es tante s se surpreendem quando ouvem um companheiro evangélico recitá-lo. Quase sempre, os evangélicos ficam até mesmo mais surpresos ao descobrirem que existe um credo antigo que, muito mais do que apenas um documento misterioso e abstrato, é uma

Representação de Cristo Pantokrator

viva e vibrante profissão de verdades essenciais cridas por todos os cristãos ao longo dos séculos.

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Texto extraído do Hinário Novo Cântico, p. 347. 8


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Aqui está um ponto de partida universal para a declaração cristã - um credo que expressa as verdades vitais e fundamentais confessadas pelos crentes muito antes da ruptura da igreja visível nos séculos 11 e 16. (…) A confiança viva em Cristo requer uma fé cristã alicerçada tanto na História quanto na experiência presente. A verdadeira confissão não pode existir sem o Novo Testamento e este exige que confessemos nossa fidelidade a Cristo, tanto à sua pessoa como à sua obra. Todos aqueles que confessam seu amor a Cristo precisam compreender isso. (…) Ao longo dos séculos, crentes têm sempre confessado sua fé ao confirmar sua crença na santa igreja católica. É que a palavra católica significa universal, antes de ser usada como nome próprio da igreja de Roma. E a igreja de Cristo, em razão de estar espalhada por toda a terra, abrangendo pessoas de todas as origens, tanto sociais quanto étnicas, é uma igreja católica. Todos os cristãos de todos os tempos e lugares formam a igreja universal, ou católica, de Cristo.”7 De acordo com Oliver, o "Credo dos Apóstolos continua a ser usado hoje tanto quanto era no passado: como uma confissão batismal, como um esboço do ensinamento, como um guarda e guia Ichthys, Símbolo usado na igreja primitiva que significa:Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador

contra a heresia, como um resumo da fé, como uma afirmação em adoração. Ele tem mantido nos tempos modernos, a sua distinção como o credo mais amplamente aceito e utilizado entre os cristãos.”8

As principais afirmações do Credo • A afirmação da trindade: Deus Pai, Jesus Cristo, Espírito Santo • A afirmação da igreja universal

ARMSTRONG, John. O mistério católico. São Paulo: Cultura Cristã citado em Hinário Novo Cântico, p. 350-352. 7

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Disponível em: http://mb-soft.com/believe/ttc/apostles.htm 9


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Módulo I: Identidade Cristã Ambas as afirmações serão estudadas nas nossas aulas. Nas próximas 3 aulas iremos estudar respectivamente cada uma das pessoas da trindade e depois iremos tratar da catolicidade (ou universalidade) da igreja. Segundo Casanova e Stam9, “Foi o Concílio de Nicéia (325 d.C.) que formulou uma posição conclusiva do dogma da Trindade. E ainda que o Credo Apostólico não entra na discussão de forma detalhada quanto a cada pessoa da Trindade, confessa a fé em um Deus Trino. O

Credo está claramente dividido em três partes: O Pai e a nossa criação, o Filho e a nossa redenção, o Espírito Santo e a nossa santificação. Assim, tem se dividido o seu conteúdo em 12 artigos. Deve ser notado que a parte referida ao Filho é a mais detalhada. A metade de seus 12 artigos está dedicada ao Filho e sua obra da redenção. Tal é a importância de Jesus na teologia cristã como o centro de nossa salvação. A primeira vista, pareceria que a seção que fala do Espírito Santo foi a menos informativa, mas a verdade é que a Igreja é vista em íntima relação com a obra do Espírito. Desde o tempo apostólico, a Igreja teve que lidar com falsas doutrinas, percebendo que era urgente produzir uma declaração de fé que reprimisse o desenvolvimento das falsas doutrinas, especialmente no que concerne a Santíssima Trindade. Por exemplo, houve um movimento chamado arianismo (cerca 318-381 d.C.), que afirmou que o Filho não era Deus, mas que havia sido criado pelo Pai. Outra seita também pregava que o Filho não era Deus, mas que era uma espécie de emanação procedente da divindade. Assim, criam que todo o mal se encontrava no mundo material, enquanto que tudo o que era

The "Shield of the Trinity" or Scutum Fidei diagram of traditional medieval Western Christian symbolism, since 12th-century CE.

bom e belo estava no mundo espiritual. Seguindo esta

Extraído do livro de Humberto Casanova e Jeff Stam, El Credo Apostólico (Grand Rapids, Libros Desafio, 1998), pp. 14-22. Disponível em: http://monergismo.com/textos/credos/ introducao_credo_apostolico.htm 9

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linha de pensamento, concluíram que o Filho de Deus não poderia fazer-se homem, porque isto lhe exigiria assumir um corpo material mal. Isto os levou a dizer que o Filho teve um corpo que somente parecia ser um corpo físico, mas que na realidade não era (docetismo), e disseram que o Filho possuiu um homem comum chamado Jesus em seu batismo e depois o abandonou antes de sua crucificação. João teve que enfrentar estas idéias (1 Jo 4:1-6,15). Foi por isto que o Credo teve que formular a sua doutrina com base na estrutura trinitária.” Usando o credo na nossa vida “É essencial que os crentes entendam a necessidade de confessar a sua fé (Mt 10:32; Rm 10:9). Confessamos a nossa fé no batismo, na Ceia do Senhor, ao testificar aos incrédulos, ao dar bom testemunho na vida pública e privada, e ao recitar o Credo no culto de adoração. Toda confissão pública da fé deve ser feita com sinceridade, e deve vir acompanhada de uma vida de compromisso com os valores do reino de Deus. 
 Até aqui todos estamos de acordo, mas ocorre que na América Latina algumas igrejas evangélicas não dão muito valor ao Credo Apostólico. Não se interessam em estuda-lo, nem em confessar a sua fé através dele. Esta atitude surge de três erros. Primeiro, as pessoas se enganam ao identificar o Credo com a Igreja Católica Romana, crendo que é um documento inventado por ela. Segundo, como a Igreja Católica Romana tem a prática de conferir autoridade divina a muitos de suas tradições, então, se teme que ela conceda tanta importância ao Credo dos apóstolos, que se lhe estime na mesma altura que a Bíblia. Terceiro, uma boa parte da igreja evangélica carece de consciência histórica. Se existe algum interesse pelo passado, este se concentra no período da Igreja primitiva, a qual se pretende chegar passando por toda a história que media entre nós e a Igreja do livro de Atos. 
 Esta falta de interesse pode ser superado se considerarmos que ao usar o Credo, o fazemos junto com a Igreja “universal” ao longo de toda a sua história. A Igreja vem usando, quase desde o seu começo, muito antes que existisse o romanismo que teve a sua origem com o papado. (…) O Credo está subordinado a Palavra de Deus. Então, é importante que os crentes percebam o quanto o Credo provê um maravilhoso recurso para confessar os pontos principais de sua fé.”10

Extraído do livro de Humberto Casanova e Jeff Stam, El Credo Apostólico (Grand Rapids, Libros Desafio, 1998), pp. 14-22. Disponível em: http://monergismo.com/textos/credos/ introducao_credo_apostolico.htm 10

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ANOTAÇÕES DE AULA ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Outras referências Ouça “João Alexandre e RED Orquestra: Credo apostólico - Projeto Redenção” em: https:// www.youtube.com/watch?v=taO57pvjpk0

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Módulo I: Identidade Cristã AULA 02

CREIO EM DEUS PAI OBJETIVO DA Conhecer a importância da declaração acerca de Deus Pai no Credo AULA Apostólico TESE DA AULA Deus é Pai, Todo-Poderoso e Criador de tudo o que existe RESPOSTA À AULA Reconhecer as implicações que a afirmação da crença na paternidade, onipotência e na criação de Deus trazem para a nossa vida.

Algumas perguntas •

Será que temos percebido que de fato somos "filhos de Deus”? O que nos faz sermos “filhos de Deus”?

Como a afirmação de que “Deus é Todo Poderoso” nos humilha?

Como temos agido enquanto criaturas de Deus?

________________________________________________? (se quiser faça sua pergunta)

Introdução Como vimos na aula passada, iremos a partir de agora aprender um pouco mais sobre as três principais afirmações do credo, sendo estas declarações acerca de cada uma das pessoas da trindade. É importante lembrar que quando falamos da trindade não estamos falando de uma pessoa maior do que a outra, nem de subordinação de uma à outra. Nós não devemos escolher “quem queremos adorar mais” ou “quem é mais importante”. Fe r re i ra n o s l e m b ra d e d u a s p a l a v ra s importantes a respeito do Deus único e trino (trindade). A primeira é infinito: Ele é maior do que toda a criação, está assentado e sobre toda coisa criada. A segunda é pessoal: Apesar de estar sobre toda criação ele se dirige a nós, nos chama pelo nome, se mostra a nós.

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Ao falarmos sobre o Deus Pai, lembremos que ele é a aquele quem gera na trindade. Por isso ele é o Pai: Quem dá vida e sustenta tudo o que existe. Quem gera o filho (o que é gerado) e de quem é procedido, espirado, soprado o Espírito. "Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um.” 1 Jo 5.7 Deus Pai De acordo com Pannenberg o Deus Pai é aquele que representa à bondade misericordiosa de Deus. No qual quando Deus é lembrado ao longo de toda a história do seu povo como Pai e sendo assim o vínculo a qual seu povo se submete é também afetivo, e isso revelado no próprio Cristo como cumprimento da bondade, do amor e da promessa de Deus aos seus filhos. Deus Todo Poderoso A onipotência de Deus é o único atributo de Deus declarado de forma enfática no Credo. “O Credo afirma que nada escapa à força poderosa do Pai. Temos aqui um eco do texto bíblico quando é dito que nada é impossível para esse Des. A história do dialogo do Deus Eterno com Sara, em Gn 18.1-15, é encantadora. Sara ri quando Deus diz que ela vai engravidar com noventa anos de idade. E a pergunta que Deus faz a Sara não tem resposta: ‘Acaso, para o Senhor há coisa demasiadamente difícil?’. Quando nós confessamos, então, que Deus é todo-poderoso, estamos confessando não só que ele sustenta todas as coisas, que ele as mantém por seu poder, mas que também esse Deus pessoal é o Deus que se digna a dizernos que nada é impossível ou inalcançável para ele, e que intervém em nossa história.”11 Deus Criador dos Céus e da Terra É interessante ver que a afirmação sobre a onipotência de Deus vem antes da afirmação sobre o seu ato criador. Ferreira12 11

FERREIRA, Franklin. O Credo dos Apóstolos. São José dos Campos: Fiel, 2015.

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Ibid. 14


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atenta para este ponto ao dizer que somente para um Deus para o qual não “há coisa demasiadamente difícil” (Gn 18.14) é que pode formar céus e terra. O ato de criação de Deus nos diz que Deus criou por seu poder (Todo-Poderoso) tudo o que existe do nada e que essa criação era boa. A ideia por trás disso é que Deus não precisa de nada que exista anteriormente para criar. Deus é quem cria a matéria, não é a matéria que cria Deus. Deus cria o tempo, a história, oxigênio, universo (FERRREIRA, 2015). “A Partir da ênfase do Credo sobre a criação de Deus nós não podemos rejeitá-la. Porque a criação, ainda que maculada pelo pecado, é parte da criação boa que Deus fez, nas suas origens. Então, o cristão não deve ser estranho ao prazer, e este pode ser santo. O prazer do amor conjugal entre um homem e uma mulher, o prazer de uma boa brincadeira, o prazer de olhar uma pintura bonita e dizer: “Oh!”. A criação não é estranha ou repulsiva a cristãos que confessam o credo.”13 Por fim, uma citação de Martinho Lutero é importante para que meditemos sobre os efeitos práticos do que vimos sobre a afirmação da crença na paternidade, na onipotência e na criação divina. “Creio que Deus me criou a mim e todas as criaturas; e me deu corpo e alma, olhos, ouvidos e nodosos membros, razão e todos os sentidos, e ainda os conserva; além disso me dá vestes, calçado, comida e bebida, casa e lar, esposa e filhos, campos, gado e todos bens. Supre-me abundante e diariamente de todo o necessário para o corpo e a vida; protege-me contra todos os perigos e me guarda e preserva de todo o mal. E tudo isso faz unicamente por sua paterna e divina bondade e misericórdia, sem nenhum mérito ou dignidade de minha parte. Por tudo isso devo dar-lhe faças e louvor, servi-lo e obedecer-lhe” ANOTAÇÕES DE AULA ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 13

FERREIRA, Franklin. O Credo dos Apóstolos. São José dos Campos: Fiel, 2015. Kindle Edition. 15


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Módulo I: Identidade Cristã AULA 03

CREIO EM JESUS CRISTO OBJETIVO DA Conhecer as afirmações do Credo a respeito de Jesus Cristo e sua obra AULA redentiva. TESE DA AULA Jesus Cristo, o Deus Redentor é o ponto central do Credo. RESPOSTA À AULA Submeter-se a centralidade de Cristo em todas as coisas.

Algumas perguntas •

Quem é Jesus?

Existe um "Jesus da história" e um "Jesus da fé"?

Qual a profundidade da aplicação da expressão “Nosso Senhor” sobre Jesus em nossa vida?

________________________________________________? (se quiser faça sua pergunta) "Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo” Romanos 10.9 Introdução O artigo sobre Jesus no Credo é o maior. Ferreira14 nos diz que isso acontece porque em alguma medida o Pai e o Filho vêm a nós por meio do Filho. Ele diz que ninguém pode ter a pretensão de ter a Deus como Pai e ter a consolação que vem do Espírito Santo se não for por meio de Jesus Cristo. Talvez uma das grandes dificuldades de nossos dias é a falta de entendimento do papel e da pessoa do Filho. Muitos querem ou imaginam a

Deus como o Espírito ou como Deus Pai mas “torcem o nariz” quando se fala de Cristo e de sua obra e acabam por tropeçando [Rm 9.32-33].

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FERREIRA, Franklin. O Credo dos Apóstolos. São José dos Campos: Fiel, 2015. Kindle Edition. 17


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Jesus é confessado no credo como o único salvador. O caminho, a verdade, a vida, aquele que sem ele ninguém pode ir até Deus. Como Ferreira15 afirma enfaticamente: Não há outro ponto de contato entre Deus e a humanidade a não ser Jesus, o Cristo. Devemos também lembrar que Jesus Cristo é o enredo unificador da Escritura. A Bíblia trata de uma promessa, que é explicita no Antigo Testamento sobre aquele que virá. O Novo Testamento é o cumprimento dessa promessa, dizendo a respeito sobre aquele que veio e cumpriu a promessa anterior. Jesus, o Cristo: Jesus é a tradução grega para Josué, que por sua vez quer dizer “a salvação que vem de Javé” ou até “Javé salva”. Nos lembramos aqui da trindade e da ação de Javé, o Deus trino, ao nos salvar por meio do Filho. Cristo é a tradução grega para a palavra Messias, quer significa por sua vez “ungido”. Em conjunto com “Javé Salva” temos a ideia de que Deus “ungiu" especialmente Jesus para salvação do seu povo. Lembremos também de que a unção de Deus no Antigo Testamento era própria para sacerdotes, profetas e reis. Cristo cumpre ao estabelecer seu Reino essas três funções. Irineu de Lyon diz: “Aliás, é o que indica o seu próprio nome; porque no nome de Cristo está subentendido Aquele que ungiu. Aquele que foi ungido e a própria Unção com que foi ungido. Aquele que ungiu é o Pai, Aquele que foi ungido é o Filho, e o foi no Espírito que a Unção.” O único filho de Deus: Alister McGrath16 diz que “No Credo, afirmar que Jesus é o filho de Deus equivale a dizer que Jesus é Deus. Esse conceito geralmente é chamado de ‘a encarnação’ isto é, Deus se fez homem em Jesus Cristo (Jo 1.14). O título de “filho unigênito” de Jesus mostra que ele é o eterno Filho de Deus, que sempre existiu. Gerado pelo Pai. Ele assumiu uma natureza humana para a nossa redenção, mas ele continua sendo Deus. Devemos também lembrar que Deus não se revela por outra pessoa ou coisa a não ser pelo seu filho. “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e a aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11.27). Ferreira diz que “Nós não temos como ir a Deus, e Deus não vem a nós, se não for por Jesus Cristo, e este como revelado na Sagrada Escritura: como 15

Ibid

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apud FERREIRA, Franklin. O Credo dos Apóstolos. São José dos Campos: Fiel, 2015. Kindle Edition. 18


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ansiado, profetizado, antecipado no Antigo Testamento, e, agora, como cumprido no Novo Testamento. É somente Jesus Cristo que vem de “lá" para “cá". Nós não conseguimos fazer este caminho”. Nosso Senhor: O senhorio de Jesus é uma das mais básicas declarações de fé que encontramos no Novo Testamento (Rm 10.9). Ferreira nos diz que “um pecador é salvo, e colocado numa relação correta com Deus, quando ele confessa que Jesus é o único Senhor”. Mas o que significaria a afirmação Senhor? Em primeiro lugar isso quer dizer que ele é “nosso” Senhor, isto é Senhor de todos nós. Mas ele não é Senhor sobre uma determinada esfera da nossa vida mas de toda a nossa vida. Nós somos escravos de Cristo (Rm 6.8-23). A confissão no senhorio de Cristo quer dizer que nós não pertencemos a nós mesmos e nossa existência está totalmente, integralmente e inteiramente colocadas diante dele. Nasceu da Virgem: A plenitude dos tempos é inaugurada pelo nascimento virginal de Jesus. A história terrena de Jesus Cristo começa e termina com um milagre. Ela começa com um nascimento surpreendente e termina com uma ressurreição surpreendente. O nascimento virginal significa em um certo ponto que Deus nos salva sem a cooperação de ninguém. Deus vem a terra por si mesmo, por concepção do Espírito Santo. Deus é quem escolhe Maria e ela responde declarando a submissão ao cumprimento da palavra de Deus. Talvez o nascimento virginal seja um dos pontos mais atacados do credo e do ensino bíblico sobre este. Talvez porque o ato sobrenatural e total de Deus neste acontecimento que constranja a todos nós. Ele veio porque quis. E porque quis nos salvar de nossos pecados.

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Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos: Uma pergunta é instigante aqui: Porque citar no credo o nome de um homem que teve o poder sobre a morte de Cristo? A única menção de uma criatura no Credo é o nome de Pilatos. Talvez a razão para isso é para que lembremos que o que Cristo fez por nós ele fez na nossa h i s t ó r i a . A l g u n s h i s t o r i a d o re s d a antiguidade falam de Cristo e nos mostram que mesmo que alguém não acredite no caráter divino da vida de Cristo, deve pelo menos saber que ele existiu de fato. Jesus andou nas ruas que existem hoje. Comeu junto com pessoas que tem descendentes até o dia de hoje. Ele adentrou o nosso tempo, nosso calendário e esteve de fato aqui. Jesus veio em carne. A expressão “padeceu" nos lembra de que Cristo tem empatia pela nossa dor. Ele padeceu, sofreu, morreu. O sofrimento não é algo estranho para Deus. Lembremos que verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas dores. Nós devemos ao lembrar disso saber que temos um intercessor junto a Deus que sabe exatamente tudo aquilo que passamos. “Homem de Dores”; “Servo Sofredor” Crucificação e Ressurreição - Elementos centrais da nossa fé: Esta declaração pode ser considerada como o coração da fé Cristã. Conforme vemos em Rm 4.24-25 e 1 Co 15.4-5: “… Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo das Escrituras” Isto é o Evangelho. As boas novas de alegria para quem crê custaram um preço de tristeza ao Deus Todo Poderoso ao perder e castigar seu único filho e inocente. A crucificação expressa a maior vergonha que um homem daquela época poderia sofrer. Os piores criminosos a mereciam. Quando tira-se a cruz do centro do cristianismo tornamos o cristianismo uma religião inofensiva e abstrata. A morte de Cristo foi violenta. Mais do que imaginamos. Mais do que os filmes de Hollywood podem nos mostrar. Ele foi sepultado porque de fato morreu . “Desceu ao Hades” ou “inferos” não 20


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quer dizer que ele foi ao inferno propriamente dito mas que conheceu a morada dos mortos, experimentando a dor da morte e a humilhação do julgamento de Deus sobre o pecado. Tudo isso em nome de todos os que creem nele. Nós não temos o inferno que merecemos porque ele pagou esse preço por nós. Ele desceu a morada dos mortos para que nós não precisássemos fazer isso. Ele nos comprou com o seu próprio sangue (At 20.28). Mas Deus o ressuscitou e isto é obra do Pai. At 2.29-32 nos diz no final que este Jesus, Deus ressuscitou, e todos nós somos testemunhas disso. Os discípulos viram, tocaram, testemunharam que Cristo de fato tinha morrido e ressuscitado. Se por um lado somos salvos pela crucificação, a ressurreição é a autenticação, o selo que o sacrificado e Jesus Cristo foi aceito pelo Pai e que assim Pai e Espírito levantam o Filho dentre os mortos. O apóstolo Paulo já dizia que se Cristo não ressuscitou então é vã a nossa fé. Sobre isso, um poema de John Updike17 é interessantíssimo para ilustração: “Não se engane: se Ele ressuscitou mesmo foi com Seu corpo; se a dissolução das células não foi revertida, as moléculas reconectadas, os aminoácidos reanimados a Igreja cairá Não foi como as flores que ressurgem em cada suave primavera. Não foi com Seu Espírito nas bocas e olhos aturdidos dos onze apóstolos; foi com Sua Carne: nossa. Os mesmos dedos articulados O mesmo coração e suas válvulas que - perfurado - morreu, murchou, parou, e então reconquistou de permanente Poder novas forças para sustentar (…)" Russel Shedd dizia em citação apresentada por Ferreira18 que se entendêssemos de fato o que Jesus Cristo fez por nós na cruz, nunca mais entraríamos numa capela ou 17

apud FERREIRA, Franklin. O Credo dos Apóstolos. São José dos Campos: Fiel, 2015. Kindle Edition.

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FERREIRA, Franklin. O Credo dos Apóstolos. São José dos Campos: Fiel, 2015. Kindle Edition. 21


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templo como costumamos entrar. Entraríamos em nossas capelas e templos pulando e saltando de alegria, celebrando a “graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós” (Ef 1.6-8)

ANOTAÇÕES DE AULA ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 22


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Módulo I: Identidade Cristã AULA 04

CREIO NO ESPÍRITO SANTO OBJETIVO DA Compreender a ação e a necessidade de se afirmar o Espírito Santo AULA como confissão de fé TESE DA AULA Somente pelo Espírito Santo que conhecemos a Deus Pai e Deus Filho RESPOSTA À AULA Compreender a dependência constante que temos do Espírito Santo e de sua obra em nós

Algumas perguntas •

Qual o papel do Espírito Santo na trindade?

O que vem a nossa mente quando falamos do trabalho do Espírito Santo?

Porque não podemos dizer que o Espírito Santo é a terceira pessoa da trindade?

________________________________________________? (se quiser faça sua pergunta)

Introdução A última declaração do Credo Apostólico trata sobre o Espírito Santo de Deus. Ele nos convida a afirmar a fé no Espírito Santo como pessoa da Trindade e "crer que Ele é poderoso para constituir a igreja, perdoar pecado, ressuscitar a carne e nos inserir na vida eterna”.

Repare que estamos enfatizando a

preposição “em" apenas para o Espírito Santo. Creio “no" (em + o) Espírito Santo. Nós cremos n e l e , n ã o e m s u a s o b ra s p o r s i . M a s confessamos que suas obras só são possíveis porque é Ele quem faz. O Credo coloca o Filho e o Pai no mesmo nível de igualdade e assim o faz com o Espírito Santo. Ferreira nos lembra que devemos resistir à tentação de dizer a primeira pessoa da trindade é o Pai, a segunda é o Filho, a terceira o Espírito. Há plena igualdade entre as pessoas divinas e elas compartilham todos os mesmos atributos. Todas elas fazem as obras de Deus e recebem adoração e louvor.

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Módulo I: Identidade Cristã

O Espírito Santo Gregório de Nazianzeno apresenta uma ideia de pedagogia da “condescência”, na qual há uma espécie de progressão no nosso conhecimento para conhecermos toda a trindade. Ele diz assim: “O Antigo Testamento proclamava manifestamente o Pai, mais obscuramente o Filho. o Novo manifestou o Filho, fez entrever a dignidade do Espírito. Agora o Espírito tem direito de cidadania entre nós e nos concede uma visão mais clara de si mesmo. Com efeito, não era prudente, quando ainda não se confessava a divindade do Pai, proclamar abertamente o Filho e, quando a divindade do Filho ainda não era admitida, acrescentar o Espírito Santo como um peso suplementar, para usarmos uma expressão um tanto ousada… É por meio de avanços e progressões “de glória em glória”que a luz da Trindade resplandecerá em claridades mais brilhantes”. A Centralidade do Espírito Ele é centro na vida Cristã. Calvino diz que “É o Espírito que inflama nossos corações com o fogo do amor ardente para com Deus e para com o próximo”. Toda a vida cristã é uma vida de dependência do Espírito Santo. Temos que suplicar diariamente por Ele. Existe um hino que a igreja medieval cantava que se chamava “Venha Espírito Criador” escrito por Rábano Mauro no século IX. Este hino lembra que no passado os cristãos sabiam que se o Espírito Santo não viesse com poder no culto, o que seria oferecido ali seria uma paródia, e não um culto espiritual, não “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1). Nós precisamos do Espírito Santo para sermos igreja de verdade. A trindade, por fim Um diagrama útil para tentar entender a Trindade é apresentado a seguir:

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Módulo I: Identidade Cristã

Lembremos das seguintes palavras de João Calvino e que possamos estar em humildade diante do conhecimento que buscamos de Deus. "Certamente aqui, como soa com os mistérios da Escritura, deve-se filosofar com sobriedade e grande moderação, tomando também muito cuidado para que nem o pensamento nem a língua avancem além dos fins que são traçados para o Verbo de Deus. De fato, de que modo a mente humana, quanto à sua medida, definiria a imensa essência de Deus se nem pode estatuir ao certo qual seja o copro do Sol, ao qual, no entanto vê cotidianamente com os olhos? Ou melhor, de que modo, por si só, penetrará no exame da substância de Deus aquele que minimamente alcança a sua própria? Portanto, deixemos livre para Deus o conhecimento de si. “ ANOTAÇÕES DE AULA ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

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Módulo I: Identidade Cristã AULA 05

A SANTA IGREJA UNIVERSAL OBJETIVO DA Deixar claro que a igreja existe porque Deus existe como Pai, Filho e AULA Espírito Santo. Por causa da revelação de Deus Pai (Palavra), ação de Deus Filho (Redenção) e aplicação de Deus Espírito Santo (Santificação) que estamos aqui. TESE DA AULA A Igreja pertence a Cristo RESPOSTA À AULA Entender que pertencer a uma igreja é consequência de pertencer a Cristo

Algumas perguntas •

Por que é importante pertencer a uma igreja?

O que você pensa sobre igreja visível?

E igreja invisível?

Você falaria que a sua igreja é católica?

________________________________________________? (se quiser faça sua pergunta) Introdução N ó s v i m o s a t é a q u i s o b re a importância das três afirmações do Credo. É importante dizer que quando estamos falando da Igreja de Cristo e de seu caráter santo e universal, estamos falando da obra de toda a trindade na vida da igreja. É como se fosse uma progressão, primeiro entendemos o Deus Pai,

sua natureza e obra, depois o Filho e depois o Espírito Santo, para aí entendermos o que é a igreja. Se vermos em Rm 8.9; 1 Co 12.3 e Gl 4.6, podemos notar que uma afirmação como o Credo enquanto genuína e verdadeira confissão em Cristo só pode ser feita por causa de uma ação previa do Espírito Santo e de revelação do Deus Pai. Ferreira19 irá nos dizer que "só existe igreja verdadeira quando o Espírito Santo opera. Toda a nossa vida cristã, tudo o que somos como cristãos, todas as bênçãos que

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FERREIRA, Franklin. O Credo dos Apóstolos. São José dos Campos: Fiel, 2015. Kindle Edition. 26


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recebemos, são dádivas concedidas pela bendita pessoa do Espírito Santo.” De forma simples podemos dizer que o cristão precisa de uma igreja porque a igreja é o local onde o Espírito age. A perspectiva reformada afirma que a igreja não é o edifício, o sistema de governo, os eventos, mas sim a reunião (assembleia) do povo de Deus para a aplicação da Palavra e dos sacramentos (batismo e santa ceia). Se você quiser mais informações sobre a relação Espírito Santo, Credo e Igreja, recomendo o livro que já usei muito até aqui do Franklin Ferreira, indicado nas notas de rodapé. Boa parte do texto do terceiro artigo trata dessas questões.

A Igreja de Deus: Una, Santa e Universal20 Devemos sempre ter em mente que quando falamos de igreja estamos falando da Igreja de Cristo, pois ele é “a cabeça”. Não podemos enfatizar o corpo (igreja) sem lembrar daquele que é autoridade sobre o corpo, isto é Cristo. A igreja não pertence a homens mas sim e unicamente a Cristo. Igreja de Deus A palavra Igreja é uma tradução do termo grego ekklesia, que significa assembleia. Outras duas palavras são importantes na constituição do termo em grego, que são ek + A partir de agora irei utilizar trechos do livro "Creio" do Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa, publicado pela Ed. Fiel em 2013. 20

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Módulo I: Identidade Cristã

kaleo, que significam “chamar para fora”. A igreja é a reunião de pessoas que são chamadas/convocadas para fora. A ideia aqui é que Deus em Cristo chama os homens “para fora do mundo”, e por mundo entende-se o mundo enquanto sistema hostil e pecaminoso. Devemos pensar que a Igreja de Deus se reúne porque Deus a chamou das trevas para a luz, da morte do mundo para a vida em Deus. No Novo Testamento temos alguns significados que complementam o nosso entendimento do que é a Igreja de Deus, são eles: •

Círculo dos crentes reunidos num lugar específico para cultuar a Deus: Uma comunidade local (ex. As vezes eram domésticas)

Um conjunto de Igrejas locais (ex. Igreja de Jerusalém)

O corpo daqueles que através do mundo professam sua fé em Cristo e que constituem sua Igreja

A definição dada por MAIA se faz importante para resumir as informações apresentadas até então. Igreja é “a comunidade de pecadores regenerados, que pelo dom da fé, concedido pelo Espírito Santo, foram justificados, respondendo positivamente ao chamado divino, o qual fora decretado na eternidade e efetuado no tempo, e agora vivem em santificação, proclamando, quer com sua vida, que com suas palavras, o Evangelho da graça de Deus, até que Cristo venha”. 4 Marcas da Igreja: Unidade, Santidade, Catolicidade e Apostolicidade A Igreja sempre foi atacada por heresias e usurpadores que tentavam corromper sua identidade e fundamento. Schaeffer faz uma afirmação interessante que nos instiga a necessidade de afirmar marcas que distinguam a igreja enquanto Igreja. Ele diz “De que adianta o aparente crescimento numérico dos evangélicos se muitos que se chamam por esse nome não creem mais naquilo que caracteriza a fé evangélica?”. A Confissão Belga (1561), que também é um material utilizado pela nossa igreja como padrões doutrinários da reforma, diz em seu artigo XXIX que “os sinais para conhecer a Igreja verdadeira são estes: a pregação pura do evangelho; a administração pura dos sacramentos, tal como foram instituídos por Cristo; a aplicação da disciplina cristã, para castigar os pecados”.

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Iremos agora passar nesta aula por 4 marcas que podemos utilizar para distinguir a Igreja Cristã verdadeira. Estas 4 marcas vem da afirmação do próprio texto do Credo Apostólico e também de um Credo elaborado em Nicéia e revisto em Constantinopla, que se chama Credo Niceno-Costantinopolitano. São estas 4 marcas: Unidade: A afirmação da unidade está em que todos os crentes do mundo e de todos os tempos estão unidos pela fé comum que te em Jesus Cristo, sendo selados pelo Espírito Santo e tornando-se juntos o seu templo. Quando buscamos participar da Igreja, estamos buscando participar da unidade e da comunhão do Espírito. É interessante ver a harmonia que existe na igreja. Na igreja igualdade e diferenças convivem conjuntamente. Todos estão unidos por uma fé comum e em obediência Cristo, que é o cabeça. A unidade é produzida pelo Espírito; É essencial; E é de propósito. Santidade: Nós tristemente sabemos que somos pecadores, e as vezes falar que a igreja é Santa pode soar um pouco estranho, já que somos pecadores. Mas devemos lembrar que a igreja pode (e deve) ser chamada de Santa por causa que Deus a santificou. Deus a separou para si através de Cristo Jesus. Ser Santa é um presente de Deus que resulta em nossas comunhão com ele. Quando vemos uma igreja que não está sendo santa, devemos lembrar que ela precisa ser assim porque isso manifesta coerência com aquilo que ela foi chamada a ser. D. Martyn Lloyd-Jones afirma que “aqui está a Igreja em seus farrapos, em sua imundície e vileza! Cristo morreu por ela, salvoua da condenação. Ele a toma de onde estava e a separa para si (…). Ela é removida do mundo para a prisão especial que, como Igreja, deve ocupar. Enquanto a Igreja caminha neste mundo de pecado e vergonha ela se suja de lama e lodo. Portanto, há manchas e nódoas nela. E é muito difícil livrar-se delas. Todos os medicamentos que conhecemos, todos os produtos de limpeza são incapazes de remover estas manchas e nódoas. A Igreja não é limpa aqui, não é pura; embora esteja sendo purificada, ainda há muitas manchas nela. Entretanto, quando ela chegar àquele estado de glória e glorificação, ficará sem uma única mancha; não haverá nódoa alguma nela.” Catolicidade: Talvez nos assustemos um pouco com o uso da palavra Católica, devido a tradição de rivalidade que o evangelicalismo no Brasil tem com a igreja romana. 29


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Módulo I: Identidade Cristã

Entretanto a catolicidade de igreja é uma das principais afirmações que devemos ter em mente quando pensamos e tratamos da Igreja de Cristo. A palavra católico é uma transliteração do termo katholikós, que significa universal ou geral. A catolicidade da igreja significa que existe apenas uma Igreja de Cristo. Cristo não está dividido, mas ele tem somente um corpo e por isso só existe uma igreja. Calvino diz “essa companhia é chamada católica, ou universal, porque não há apenas dois ou três na igreja, mas, ao contrário, todos os eleitos de Deus estão de tal forma unidos e ligados em Cristo que, como dependem de uma só Cabeça, também são incorporados num só corpo, entrelaçados como verdadeiros membros. E realmente formam muito bem um só, e assim, como uma mesma fé, esperança e amor, eles vivem do mesmo Espírito de Deus, e são chamados, não somente para receberem uma mesma herança, mas também para desfrutarem uma mesma comunhão com deus e com Jesus Cristo”. A universalidade da igreja é vista na oferta de graça a todos os homens de todos os tempos de todas as culturas. Estão congregados na grande reunião do Senhor pessoas de todas as nações, raças, línguas, condições sociais. Apostolicidade: A apostolicidade nos lembra que a igreja está fundamentada na palavra de Deus e esta palavra é constituída pelo testemunho dos apóstolos (enviados) sobre Cristo Jesus. Nós só conhecemos a Cristo e podemos ser chamados igreja de Cristo porque os apóstolos testemunharam por toda Judeia e Samaria e até os confins da terra (At 1.8). ANOTAÇÕES DE AULA ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 30


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Módulo I: Identidade Cristã

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Módulo I: Identidade Cristã AULA 06

OS SÍMBOLOS DE FÉ OBJETIVO DA Apresentar a importância dos símbolos de fé para a tradição da igreja AULA fundamentada nas Escrituras. TESE DA AULA A fé deve ser confessada RESPOSTA À AULA Assumir a fé em Cristo Jesus e os símbolos que a confessam

Algumas perguntas •

Qual a importância de termos símbolos de fé?

Se você é filho de um crente e vem a igreja desde criança, o que te trouxe até aqui?

Se você veio a igreja através de um outro relacionamento que não o de família, o que te trouxe até aqui?

________________________________________________? (se quiser faça sua pergunta)

Introdução21 Em 2 Co 12.14 Paulo afirma que os filhos não devem entesourar para os pais, mas os pais para os filhos. A ideia de Paulo aqui era da importância da responsabilidade de trazer os tesouros de Deus aos filhos (ou ao rebanho, no caso do Pastor). A ideia dos símbolos da fé está dentro deste contexto, uma vez que nas afirmações dos credos e confissões ao longo da história da igreja que a tradição cristã se fundamenta em sua palavra. 
 É verdade que devemos aprender com os nosso irmãos do passado, que como Pais se apresentam a nós, sobre a fé que uma vez por todas foi entregue a eles e que todos nós somos herdeiros. Como Igreja de Cristo devemos entender que nós não estamos sozinhos. Fazemos parte de uma história: A história do povo de Deus. Um povo que pelos séculos e gerações passou pelas mais assombrosas perseguições e lutas e que hoje temos a honra de fazer parte, por Cristo e somente por Ele.

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MAIA, Hermisten. Creio. São José dos Campos: Fiel, 2013. 32


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Módulo I: Identidade Cristã

“Os cristãos modernos são os herdeiros de uma grande tradição intelectual cristã. Essa tradição de pensamento ativo e solução prática de problemas é uma aliada vital dos cristas que lutam contra as tendências intelectuais do mundo contemporâneo. O uso das perspectivas do passado pode fornecer uma perspectiva valiosa sobre as questões atuais. Podemos, assim, livrar-nos da tirania do presente, a suposição de que a maneira que as pessoas as pensam hoje é o único modo possível de pensar”22 Símbolos A palavra símbolo quer dizer “um sinal pare conhecer-se”, ele deriva-se de um outro termo que significa “comparar" ou "lançar junto”. Talvez uma referência a antiguidade nos ajude aqui, pois quando um contrato era formalizado, um objeto era partido e dividido entre as partes do contrato e cada parte do objeto dividido era um símbolo de identidade para a junção com o outro pedaço. A ideia do símbolo é apontar algo que está além de si mesmo. Pense em uma fotografia, uma selfie que você tirou quando estava no parque. Você pode olhar para a fotografia em si, mas ela está apontando como um símbolo a algo maior: você no parque. O símbolo é um veículo de comunicação que contribui para romper as barreiras lingüísticas, permitindo a identificação sem o uso necessário de palavras. Pensando novamente na foto. O símbolo foto mostra seu rosto que lembra quem você é. Não precisamos do nome para saber através da foto que você é você. O Antigo Testamento utiliza da ideia de símbolo diversas vezes, como em Gilgal por exemplo, que se torna expressão da benção e direção de Deus. Deus faz com que os sacerdotes retirem as pedras como memorial do rio Jordão (Js 4.20-24). Alguns anos depois o profeta Miqueias (Mq 6.3-5) irá utilizar a figura de Gilgal como símbolo daqui que tinha acontecido ali. O símbolo também pode ser utilizado como elemento de convergiria de um povo ou de um grupo: nós nos reunimos em torno de gestos que simbolizam nossos ideais ou valores. Pense em uma bandeira, um hino, um código de roupas, entre outros.

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Veith, Gene Edward em MAIA (2013). 33


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Módulo I: Identidade Cristã

Já citamos aqui um símbolo conhecido da igreja primitiva, o conhecido Ichthys, que era o desenho de um peixe com iniciais em grego que significavam: Jesus Cristo, Deus, Filho e Salvador. O Credo Apostólico que estudamos recebeu o nome de símbolo por estar significando algo sobre a confissão dos apóstolos. Lutero e Melanchton, já na reforma, foram os primeiros a usar a palavra símbolo para os credos protestantes, dando nome aos catecismos e confissões adotados pelas igrejas como elementos que simbolizavam a compreensão teológica deles. Credos e Confissões Partindo para um sentido mais estrito sobre os símbolos de fé e sendo aquilo que a igreja afirma enquanto símbolos ao longo da história temos os Credos e Confissões, a qual temos o Apostólico (que estudamos) mas também outros que fazem parte desse fio que conduz a igreja até os dias de hoje. Na igreja primitiva os dedos e confissões eram empregados de duas formas: Doutrinariamente (ensinando a verdade contra as heresias e confirmando a fé dos novos convertidos - regra de fé); Liturgicamente (declarações no batismo, na santa ceia e no culto). Alguns símbolos são importantes de serem citados aqui, são eles: •

Credo dos Apóstolos (….): Afirmação da igreja primitiva a respeito da doutrina dos apóstolos. Ênfase nas verdades fundamentais da igreja.

Credo Atanasiano (500 d.C.): Reflete a teologia dos quatro primeiros sínodos ecumênicos da igreja. Ênfase na defesa de Cristo e da Trindade.

Credo Niceno-Constantinopolitano (325 d.C.): É um dos mais importantes credos da Igreja Cristã. Combateu heresias.

Credo da Calcedônia (451 d.C.): Procurou estabelecer uma unidade teológica na Igreja;

Confissão de Westminster

Catecismo Maior e Menor de Westminster

Confissão Belga

Confissão Helvetica

Catecismo de Heidelberg

Catecismo Nova Cidade (2014); 
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Módulo I: Identidade Cristã AULA 07

CONFISSÕES & CATECISMOS OBJETIVO DA Apresentar o Catecismo de Heidelberg como exemplo de ensinamento AULA de símbolo de fé TESE DA AULA A fé cristã é uma fé que está intimamente relacionada ao ensino e aprendizado RESPOSTA À AULA Submeter-se ao aprendizado das escrituras constantemente

Algumas perguntas •

Quando você ouve falar de catecismo ou catequese, o que vem a sua mente?

Você já ouviu falar do Catecismo de Heidelberg?23

________________________________________________? (se quiser faça sua pergunta) Introdução Dando sequência ao estudo da última aula, nessa aula gostaríamos de apresentar como forma de exemplo e sugestão um material excelente que serve como exemplo para apresentar a importaria sobre as nossas questões acerca dos símbolos de fé. Este material é o Catecismo de Heidelberg. O Catecismo de Heidelberg é o segundo dos padrões doutrinários da Igreja Reformada e originou-se no ano de 1563 na cidade de Heidelberg, capital do eleitorado alemão

do Palatinado. O príncipe eleitor Frederico III, que se tornou calvinista em 1560 encarregou Zacarias Ursinus e Caspar Olevianus de prepararem um manual de instrução doutrinária para consolidar a fé reformada em seus domínios. O documento foi aprovado em 1563 e foi um sucesso, e já em sua 3ª edição o conteúdo foi agrupado em 52 dias do Senhor, de forma que pudesse ser estudado ao longo de um ano. 24

O texto online pode ser lido nas seguintes fontes: http://monergismo.com/textos/catecismos/ catecismo_heidelberg.htm; http://www.heidelberg-catechism.com/pt/; 23

DE BRES, G.; URSINUS, Z.. Confissão Belga & Catecismo de Heidelberg. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. 24

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Módulo I: Identidade Cristã

O Catecismo de Heidelberg25 “O Catecismo de Heidelberg tem sido destacado como a mais bela das confissões de fé produzidas pela Reforma Protestante, a mais generosa e pessoal dentre as exposições do calvinismo. Trata-se de uma confissão constituída de 129 perguntas e respostas, tendo a sua seqüência baseada na Epístola aos Romanos. As duas primeiras perguntas são introdutórias. A 1ª pergunta, “uma jóia de confissão existencial”,[25] estabelece o teor do documento, e a 2ª pergunta esboça o que vem a seguir: “meu pecado e miséria”, “como sou redimido” e “como devo ser grato”. O documento tem três divisões principais: a 1ª Parte – “Nosso Pecado e Culpa: A Lei de Deus” (perguntas 3 a 11), é uma confissão da pecaminosidade humana e do desprazer de Deus. A 2ª Parte – “Nossa Redenção e Liberdade: A Graça de Deus em Jesus Cristo” (perguntas 12 a 85), revela o plano de redenção e inclui uma exposição do Credo dos Apóstolos. A 3ª Parte – “Nossa Gratidão e Obediência: Nova Vida através do Espírito Santo” (perguntas 86 a 129), apresenta a gratidão obediente como o fundamento das boas obras e inclui uma exposição dos Dez Mandamentos e da Oração Dominical. Esta seção vê a vida cristã como a resposta de gratidão do crente às bênçãos de Deus. Constitui-se em um “pequeno clássico da vida devocional”.[26] Os estudiosos têm destacado algumas outras características que tornam esse documento especialmente notável: 1. O uso do pronome da primeira pessoa, muitas vezes no singular, “confere ao seu testemunho evangélico um tom caloroso e pessoal”.[27] Bons exemplos disso são a pergunta n° 1: “Qual é o teu único consolo, na vida e na morte?” Resposta: “Que eu MATOS, A. S.. O catecismo de Heidelberg: ua história e influência. Disponível em: http:// www.mackenzie.br/7054.html 25

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Módulo I: Identidade Cristã

pertenço – corpo e alma, na vida e na morte – não a mim mesmo, mas ao meu fiel Salvador, Jesus Cristo...”; e a definição de fé encontrada na resposta à pergunta n° 21: “É não somente um conhecimento seguro pelo qual eu aceito como verdadeiro tudo o que Deus nos revelou em sua Palavra, mas também uma confiança plena que o Espírto Santo cria em mim através do evangelho...” 2. É a mais ecumênica dentre as confissões da Reforma, reunindo três correntes do pensamento reformado. Ademais, está isenta de definições dogmáticas e é notavelmente não-sectária.[28] A pergunta 80, sobre a diferença entre a Ceia do Senhor e a Missa, foi inserida pelo eleitor Frederico após a primeira impressão. 3. Possui um caráter inteiramente bíblico; toda a sua estrutura é moldada pela perspectiva bíblica. O catecismo deixa a Escritura falar e não procura substituí-la. 4. Em sua posição teológica, o catecismo é cristão, evangélico e reformado, estando plenamente radicado na tradição dos apóstolos e dos concílios ecumênicos da igreja antiga.[29] 5. O catecismo é um manual de religião prática. Ao invés de levantar problemas especulativos, a fé cristã é apresentada de maneira prática, acentuando-se a sua importância para a vida diária. Foi concebido para ser ao mesmo tempo um guia para a instrução religiosa das crianças e dos jovens e uma confissão para toda a igreja.[30] Bela Vassady comenta que o Catecismo de Heidelberg tem cumprido um quádruplo propósito: catequético, teológico, litúrgico e querigmático. “Ele combina de modo feliz a ênfase à necessidade humana de salvação com um testemunho ainda mais forte do triunfo da graça e da glória de Deus em Sua contínua obra de redenção”.[31] Outros temas importantes são a sua ênfase na bondade e providência de Deus, sua forte preocupação soteriológica e sua insistência numa “interioridade que não se torna em mera subjetividade”.[32] Joseph Hall comenta que “o Catecismo de Heidelberg presta-se a uma pedagogia holística. Ele contém perguntas cognitivas com respostas devocionais.[33] Isso pode ser visto nas perguntas e respostas sobre a Oração Dominical (119-129). Finalmente, como muitas outras declarações de fé reformadas, o ensino sobre os Dez Mandamentos vem após uma exposição do Credo dos Apóstolos (nas declarações de 37


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Módulo I: Identidade Cristã

Lutero é o contrário). Essas posições não são antitéticas, mas apontam para ênfases diferentes: a Lei como parte do alegre serviço do crente a Cristo (ênfase reformada) e como a força que impele o pecador a ele (ênfase luterana).” Uma pergunta: Qual é o seu único conforto na vida e na morte? “O meu único fundamento é meu fiel Salvador Jesus Cristo. A Ele pertenço, em corpo e alma, na vida e na morte, e não pertenço a mim mesmo. Com seu precioso sangue Ele pagou por todos os meus pecados e me libertou de todo o domínio do diabo. Agora Ele me protege de tal maneira que, sem a vontade do meu Pai do céu, não perderei nem um fio de cabelo. Além disto, tudo coopera para o meu bem. Por isso, pelo Espírito Santo, Ele também me garante a vida eterna e me torna disposto a viver para Ele, daqui em diante, de todo o coração. ANOTAÇÕES DE AULA ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

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Módulo I: Identidade Cristã AULA 08

COSMOVISÃO CRISTÃ OBJETIVO DA Apresentar o conceito introdutório de cosmovisão cristã para auxiliar os AULA alunos a identificar as diferentes cosmovisões presentes no mundo e em como a cosmovisão cristã pode auxiliá-los a ver o mundo sobre o domínio de Cristo TESE DA AULA O melhor jeito de enxergar as coisas é pelas lentes de Deus RESPOSTA À AULA Saber identificar e distinguir a cosmovisão no mundo atual

Algumas perguntas •

O que é cosmovisão?

Porque estudar cosmovisão em uma sala sobre Igreja?

________________________________________________? (se quiser faça sua pergunta)

Cosmovisão: Uma Introdução26 O estudo das cosmovisões é um estudo das idéias que influenciam quase todo pensamento e toda decisão que uma pessoa faz no curso de sua vida. Literalmente, cosmovisão é tudo sobre tudo. Leia o discurso do apóstolo Paulo em Atos 17:22-31 e você verá uma síntese da visão cristã do mundo. Nessa passagem, Paulo discute suas visões sobre a origem e natureza do universo, a identidade e valor dos seres humanos, a natureza e a existência de Deus, a teoria cristã da verdade e do destino humano. Nessa breve passagem, Paulo responde às questões essenciais que todas as cosmovisões devem abordar. O estudo das cosmovisões é um tópico de importância crescente para os cristãos por causa da diversidade crescente das pessoas no mundo e as pressões sociais, políticas, morais e teológicas que disso resultam. À medida que as visões das pessoas sobre Este texto é de autoria de Mark Blocher e foi traduzido por Felipe Sabino de Araújo Neto e Marcelo Herberts. Pode ser encontrado na íntegra no site: http://www.monergismo.com/textos/cosmovisao/introcosmovisao_blocher.pdf 26

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Módulo I: Identidade Cristã

Deus, os seres humanos, a verdade, a moralidade, o comportamento humano, etc., se tornam mais diversos, o potencial para o conflito e a confusão cresce. Não é incomum uma disputa intensa irromper quando duas pessoas se envolvem numa conversação sobre algumas das principais questões morais dos nossos dias. A fonte de discórdia é geralmente uma diferença em como cada pessoa vê o mundo. À medida que você ler os capítulos seguintes descobrirá indubitavelmente que o autor está projetando sua própria cosmovisão como “a” cosmovisão cristã. Isso não é feito por arrogância, mas sim convicção; a convicção que o Cristianismo bíblico fornece o melhor entendimento da realidade, conhecimento, existência humana, propósito de vida e a melhor explicação do que acontece aos seres humanos quando eles morrem. Você deveria se sentir livre para comparar e contrastar as visões expressas pelo autor com aquelas de outros cristãos e com a sua também. O que é uma Cosmovisão? Uma breve análise da literatura atual sobre cosmovisão fornecerá uma variedade de definições, todas das quais, de uma forma ou de outra, chegam à forma como uma pessoa vê o mundo. Em essência, uma cosmovisão é tudo sobre tudo. Cada experiência que temos, cada pensamento, cada dor e prazer é interpretado por meio das nossas crenças sobre a forma como as coisas são e deveriam ser. Como reagimos à dor ou ao prazer, e até mesmo o que é considerado dor e prazer, procedem da nossa cosmovisão. Nisso é verdade então que todas as pessoas têm uma cosmovisão. Se uma pessoa é capaz de usar o termo “cosmovisão”, ela tem uma. Elas podem não ser capazes de articular todas as suas crenças sobre tudo, ou mesmo conscientemente saber quais são essas crenças, mas elas sustentam crenças sobre tudo no mundo e sobre o mundo. Como elas chegam a essas crenças é complicado, visto que isso envolve onde nasceram, como foram criadas, que educação receberam, que tipos de experiências tiveram e assim por diante. O estudo das cosmovisões é particularmente importante para os cristãos que tomam a Grande Comissão seriamente, pois uma cultura crescentemente diversa representa um 40


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desafio para o Evangelho. Multiculturalismo, pluralismo e a crença comumente sustentada de que nenhum sistema de crença é melhor do que outro desafia as reivindicações exclusivas do Cristianismo. Infelizmente, muitos cristãos têm se afastado do que assumiram como “intelectualismo”, evitando reflexões e meditações sérias sobre questões últimas. Em 1980, durante o discurso inaugural como dedicatória ao Billy Graham Center no campus Wheaton College, o embaixador das Nações Unidas Charles Malik fez referência direta a esse problema, dando uma descrição clara da importância da cosmovisão cristã para o evangelismo: “Eu preciso ser franco com você; o maior perigo que confronta o cristianismo evangélico norte-americano é o anti-intelectualismo. A mente, em seu maior e mais profundo alcance não é guardada o suficiente. Mas a educação intelectual não pode tomar espaço à parte de uma profunda imersão por um período de anos na história do pensamento e do espírito. Pessoas que estão com pressa para sair da universidade e começar a ganhar dinheiro ou servir a igreja ou pregar o Evangelho, não têm idéia do valor infinito de se dispensar anos de prazer conversando com as maiores mentes e almas do passado, amadurecendo, aprimorando e ampliando a sua capacidade de discernimento. O resultado é que a arena do pensamento criativo é renunciada e abdicada em favor do inimigo. Quem entre os evangélicos pode se manter firme perante os maiores acadêmicos seculares em seus próprios campos de conhecimento? Quem entre os acadêmicos evangélicos é citado como uma fonte normativa pelas maiores autoridades seculares no campo da história, filosofia, psicologia, sociologia ou política? ... Em favor de uma maior eficácia no testemunho de Jesus Cristo, tal como para os seus próprios fins, os evangélicos não podem se permitir viver na periferia da existência intelectual responsável.” Malik exorta os cristãos a renunciarem à mentalidade antiintelectual e a se reengajarem ao plano das idéias. Os filósofos J. P. Moreland e William Lane Craig ressaltaram corretamente que os cristãos não podem se dar ao luxo de serem indiferentes ao conflito de idéias que toma espaço na civilização ocidental, conflito esse que é particularmente áspero dentro das universidades norte-americanas. 3 Eles nos alertam que nas universidades é que se formam doutores, advogados, legisladores, juízes, professores, artistas, executivos de negócios, banqueiros etc, para a sociedade. Logo, a cosmovisão que eles assimilam no processo do seu treinamento é a cosmovisão que irão incorporar em suas profissões, e, finalmente, na sua influência, uma vez que 41


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moldam a cultura. A seguir, algumas definições que vários cristãos têm dado ao termo “cosmovisão”. • “Uma cosmovisão é um conjunto de pressuposições sobre a formação básica do mundo. É o sistema de crenças completo e fundamental de uma pessoa.” – James Sire • “Uma cosmovisão é uma explicação e interpretação do mundo e uma aplicação dessa visão à vida.” – Phillips e Brown 
 • “Uma cosmovisão fornece um modelo do mundo que orienta o seu aderente nesse mundo.” – Walsh e Middleton 
 • “Uma cosmovisão é um sistema completo de crenças, valores, princípios éticos e comprometimentos de uma pessoa – é tudo sobre tudo.” – Blocher 
 Os Elementos de uma Cosmovisão 
 Toda e qualquer cosmovisão toma partido sobre os pontos listados abaixo. O desafio é discernir qual é esse partido e como ele é justificado. 
 1. Cosmologia – toda cosmovisão tem uma explicação para a origem e para a natureza do universo 
 2. Teologia – toda cosmovisão, incluindo o ateísmo, toma uma posição sobre a existência e a natureza de Deus 
 3. Antropologia – a identidade e o valor dos seres humanos 
 4. Epistemologia – a natureza e a justificativa para o conhecimento/ verdade 
 5. Axiologia – a identidade e a natureza dos valores 
 6. História – o padrão e a importância dos eventos históricos 7. 8. Destino – o que acontece às pessoas após a morte O Teste de uma Cosmovisão

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Toda cosmovisão precisa ser submetida a certos testes a fim de se determinar se ela é boa ou ruim. Tal como o sistema de orientação num foguete espacial, uma cosmovisão deve ser confiável. Imagine o que aconteceria ao foguete espacial se ele estivesse fora de curso no seu retorno à atmosfera terrestre. Segundo os especialistas aeroespaciais, se o foguete espacial estiver apenas alguns graus fora de curso, irá queimar ou sair fora da atmosfera e retornar ao espaço. Qualquer dessas conseqüências é indesejável, logo é importante saber se o sistema de orientação a bordo do foguete espacial foi testado e verificado ser confiável. O mesmo pode ser dito a respeito de cosmovisões. Embora seja comum pessoas dizerem coisas como “Isso pode ser verdade para você, mas não é verdade para mim, portanto não imponha a sua visão sobre mim”, tais declarações são de fato convites para o desastre. A verdade não é determinada dessa forma subjetiva. A verdade precisa estar sujeita à verificação, assim como o sistema de orientação do foguete espacial precisa estar sujeito a testes para mensuração da sua exatidão. Toda cosmovisão precisa estar sujeita a testes para se determinar se ela é ou não abrangente, isto é, se fornece respostas a todas as principais questões de uma cosmovisão. O teste seguinte é se essas respostas são coerentes, isto é, elas concordam ou se encaixam com a forma como o mundo realmente é? Alguém poderia dizer que a lua é feita de queijo fresco, mas simplesmente dizer isso não faz disso algo real. Em vista do que nós sabemos sobre a lua, é coerente a reivindicação de a lua ser feita de queijo fresco? Um terceiro teste de uma cosmovisão é se as suas crenças básicas apresentam consistência interna umas em relação às outras. Por exemplo, o Naturalismo reivindica que o mundo fí sico é tudo o que existe. Inevitavelmente isso leva à conclusão de que para uma coisa existir, precisa ter propriedades fí sicas. No entanto isso não parece consistente com a forma como o mundo realmente é. Por exemplo, a idéia que o mundo fí sico é tudo o que existe é um conceito – uma idéia mental. Quais são as propriedades fí sicas de uma idéia mental? É algo real? Para o Naturalismo ser consistente, ele precisa fornecer uma explicação das propriedades fí sicas das idéias. No entanto, por mais que expliquem as atividades fí sicas da fisiologia do encéfalo, os

naturalistas não conseguem explicar a existência de uma idéia. Para serem consistentes, os naturalistas deveriam rejeitar a existência das idéias, uma vez que elas não têm propriedades fí sicas. Neste sentido, o Naturalismo carece de consistência interna. 43


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O quarto teste de uma cosmovisão é alegadamente o mais importante. A cosmovisão compele seus aderentes a viver consistentemente de acordo com ele no mundo? Há pouco uso para uma cosmovisão que não opera na vida real. O teste de vitalidade é um componente importante na avaliação de uma cosmovisão. As crenças e explicações básicas de uma cosmovisão deveriam ser incorporadas à vida do aderente tal que a pessoa seria compelida a trazer cada área da vida em conformidade a ela. O Valor da Cosmovisão Cristã Primeiro, a cosmovisão cristã unifica as crenças de uma pessoa num sistema coerente e bíblico. As crenças básicas da cosmovisão cristã fornecem uma estrada abrangente, coerente, consistente e atrativa pela qual se pode viajar ao longo da vida. Na próxima seção discutiremos as crenças específicas que tornam esse fundamento singular. Segundo, a cosmovisão cristã fornece um guia para a vida prática. O Cristianismo é designado por Deus para operar na vida real, não apenas hipoteticamente. Quando as crenças e valores da cosmovisão cristã são aplicados à vida real, elas funcionam. Quando nós vemos a vida pelas lentes da história divina da criação, queda, redenção e consumação, o mundo faz sentido. Terceiro, a cosmovisão cristã fornece as ferramentas necessárias para discernir a verdade do erro. A Escritura e a auto-revelação de Deus na criação nos provêm o conhecimento de que necessitamos para tomar decisões sobre o que é e o que não é verdade. ANOTAÇÕES DE AULA ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

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AS 9 MARCAS DE UMA IGREJA SAUDÁVEL OBJETIVO DA Apresentar as nove marcas de uma igreja saudável e seu propósito de AULA direcionar as igrejas para a glória de Deus TESE DA AULA A igreja de Cristo deve ser fiel a ele e aos seus princípios estabelecidos RESPOSTA À AULA Conhecer, incentivar, valorizar e trabalhar pelas nove marcas de uma igreja saudável na nossa igreja local

Algumas perguntas •

Quais marcas nós achamos que constitui uma igreja saudável?

Porque devemos ser uma igreja saudável?

Quais são as consequências que temos quando uma igreja saudável?

Quais são as características de uma igreja doente?

________________________________________________? (se quiser faça sua pergunta) Introdução A ideia de “9 marcas de uma igreja saudável” nasceu com o pastor Mark Dever e seu trabalho em sua igreja em Washington. O que chama a atenção em seu

trabalho é que ele não busca propor um “novo modelo” de organização de igreja mas sim trabalhar princípios práticos e bíblicos que toda igreja cristã deve valorizar, principalmente em nossos dias. O fato de trabalhar com princípios é tão interessante que faz com que presbiterianos como nós possamos aprender muito com irmãos batistas, como é o caso do Mark Dever, sem que abramos mão de nossa organização eclesiástica. A ideia das 9 Marcas e o seu livro27 se estruturou em uma organização, a 9Marks, que tem seu material editado e publicado pela editora Fiel no Brasil. Pastores presbiterianos como o Rev. Augustus Nicodemus Lopes, Rev. Davi Charles Gomes, Rev. Heber Campos Jr e Rev. Leonardo Sahium colaboram com vídeos e palestras sobre os assuntos distribuídos sobre a perspectiva das 9 Marcas. Sobre a organização, "9Marks crê que a igreja local é o meio principal que Deus tem escolhido para exibir sua glória a todas as nações e que a Bíblia é suficiente para a vida 27

Citado no início da apostila 46


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da igreja. Como uma organização, então, nós somos focados na igreja, nas Escrituras e nos pastores. Nós valorizamos uma pluralidade de vozes e estilos, como também parceiros igualmente convictos. Esperamos crescer continuamente no entendimento da Palavra de Deus e na sua aplicação às congregações locais.” Por que 9 Marcas? "Há muitos pastores que foram ensinados que “sucesso” tem a ver com estatísticas e picos emocionais. 9Marks existe para ajudar líderes de igrejas a definirem sucesso como fidelidade a Deus, Sua Palavra, e Seu povo. Em sua defesa, muitos desses pastores não estão interessados somente em números. Querem, sim, alcançar mais e mais pessoas com as Boas Novas do Cristianismo. O problema é que eles começam a reestruturar a vida corporal da igreja em razão do crescimento. Crescimento torna a ser a prioridade. Modelos diferentes: Algumas igrejas procuram ser atrativas ao mundo através de programações na igreja e evangelismo de porta-a-porta. Ao encerrar as pregações, sempre há um apelo para “vir até a frente”, dizendo: “Jesus deseja ter um relacionamento contigo então convide-O a entrar em seu coração.” Outras igrejas focam naquilo que será atraente aos não-crentes ou aqueles que procuram uma igreja. Removem quaisquer barreiras culturais contra a igreja, desejando ter um apelo às necessidades sentimentais das pessoas, como relacionamentos, satisfação e propósito.Já outras igrejas enfatizam a necessidade das igrejas removerem todas as barreiras e ‘inserir-se’ na cultura. Mudam para o centro da cidade, se envolvem nas artes, escolas e cozinhas comunitárias, com o objetivo de transformarem a cultura. Procuram servir e trazer restauração. A pergunta principal: O problema é que os defensores destes três modelos começam com uma pergunta secundaria: “Como podemos alcançar o mundo?” É uma boa pergunta, mas não é a pergunta principal. A primeira pergunta que devemos fazer é: “Sendo o povo de Deus, como podemos ser fiéis a Deus?” Parte dessa fidelidade é alcançar o mundo, mais fidelidade é basicamente ouvir ao Senhor e fazer tudo o que Ele manda. “Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28:20).9Marks propõe que as igrejas devem começar com a fidelidade, o que nos trás a outro assunto.

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A Igreja Fiel: Imagine isto: um grupo de pessoas se reúne em uma sala. Alguém fica de pé, abre a Bíblia, e diz, “É isso que Deus diz.” Ele explica o que foi lido. A igreja canta, ora, participa da ceia, e vão para casa, animados para compartilhar a Palavra de Deus com aqueles que nunca A ouviram.Na verdade, isso nada mais é do que uma ilustração de uma igreja fiel.Uma igreja fiel? Isso não parece muito atraente, de um ponto de vista de marketing. Talvez tão interessante como assistir uma planta sendo plantada? Mais espere que tem mais: as palavras vem com poder, o Espirito Santo e convicção profunda. Consciências são atingidas. Vidas são transformadas. As pessoas vão para casa adorando ao Senhor, ao odiar o pecado, amar uns aos outros e ao procurar falar com seus vizinhos. Uma igreja fiel é uma igreja obediente e humilde, e isso é atraente de forma sobrenatural. É distinto como sal e brilhante como a luz. As pessoas começam a parecer como… filhos e filhas de Deus! Isso é atraente! E tudo começa quando começam a ouvi-lo.”28 Quais são essas 9 Marcas? 1 Pregação 2 Teologia Bíblica 3 Evangelho 4 Conversão 5 Evangelismo 6 Membresia 7 Disciplina 8 Discipulado 9 Liderança 1) Pregação Expositiva O que é? Um sermão expositivo pega o ponto principal de uma passagem da Escritura, torna o principal ponto do sermão, e aplica-o à vida hoje. Por que é importante? Pregação expositiva é importante porque a Palavra de Deus é o que convence, converte, edifica e santifica o povo de Deus (Hb 4:12; 1 Pe 1:23; 1 Ts 28

http://pt.9marks.org/sobre-9marks/ 48


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2:13, Jo 17:17). Pregação que faz do ponto principal do texto o ponto principal do sermão, faz com que a vontade de Deus governe a Igreja, não a do pregador. 2) Teologia Bíblica O que é? Teologia bíblica é a sã doutrina; são pensamentos corretos sobre Deus; é a crença que está de acordo com as Escrituras. Por que é importante? Teologia bíblica é essencial para: 
 9. Evangelismo. O evangelho é doutrina. Portanto, sã doutrina é necessária para o evangelismo. 10.Discipulado. Jesus orou “Santifica-os na verdade. A sua palavra é a verdade” (Jo 17:17). Cristãos crescem, aprendendo e vivendo à luz da verdade – em outras palavras, da sã doutrina. 11.Unidade. De acordo do Novo Testamento, a única unidade verdadeira é a unidade na verdade (I Jo 1:1-4; II Jo 10-11). 12.Adoração. Adorar a Deus é declarar suas excelências (I Pe 2:9-10) e exaltá-lo por quem Ele é (Sl 29:2). Verdadeira adoração é uma resposta à sã doutrina. 3) Evangelho O que é? As boas novas são: O único Deus santo nos criou à sua imagem para que O conheçamos (Gn 1:26-28)Mas nós pecamos e assim nos distanciamos dEle (Gn 3; Rm 3:23).Em seu grande amor, Deus tomou a forma de homem em Jesus, viveu uma vida perfeita, e morreu na cruz, assim cumprindo toda a lei e tomando sobre Si mesmo toda a punição dos pecados daqueles que deixariam seus pecados e confiassem nEle. (Jo 1:14, Hb 7:26, Rm 3:21-26, Rm 5:12-21) Ele ressuscitou da morte, mostrando que Deus aceitou o sacrifício de Cristo e a ira de Deus contra nós foi esgotada (Atos 2:24, Rm 4:25).Ele nos chama a arrepender-nos dos nossos pecados e confiarmos em somente Cristo para sermos perdoados (At 17:30, Jo 1:12). Se nos arrependermos dos nossos pecados e confiarmos em Cristo, somos nascidos de novo para uma nova vida, uma vida eterna com Deus (Jo 3:16). Ele está recolhendo para si mesmo um novo povo entre aqueles que se submetem a Cristo como Senhor (Mt 16:15-19, Ef 2:11-19). 49


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Por que é importante? Um entendimento bíblico do Evangelho é importante porque o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, sendo assim a única maneira de pecadores serem reconciliados com um Deus santo.Tudo na igreja flui de um entendimento do Evangelho, seja pregação, aconselhamento, discipulado, música, evangelismo, missões, etc. 4) Conversão O que é? Um entendimento bíblico sobre conversão reconhece tanto o que Deus faz quanto o que as pessoas fazem na salvação. Na conversão Deus: Dá vida aos mortos (Ef 2:5)Dá visão aos cegos (II Co 4:3-6)Dá os dons da fé e arrependimento (Fp 1:29; At 11:18).E na conversão, as pessoas: Arrependem-se de seus pecados ( Mc 1:15; At 3:19)Creem em Jesus (Jo 3:16; Rm 3:21-26).Um entendimento bíblico da conversão reconhece que somente Deus pode salvar, e que Ele salva indivíduos, permitindo-lhes responder à mensagem do evangelho através do arrependimento dos pecados e confiando em Cristo. Por que é importante? Um entendimento bíblico sobre conversão é importante para as igrejas porque: Esclarece como as igrejas devem exortar os não-cristãos – devendo chamar os não-cristãos a se arrepender dos pecados e confiar em Cristo.Lembra as igrejas que devem confiar em Deus em todos os seus esforços evangelísticos, só Ele pode dar nova vida espiritual.Ela ensina as igrejas a manter uma clara distinção entre si mesmas e o mundo.A vida dos membros das igrejas devem ser marcadas pelo fruto da conversão,As igrejas devem aceitar para o batismo e a ceia do Senhor somente aqueles que mostram evidencias de conversão. Igrejas devem evangelizar e ensinar sobre vida cristã, de tal forma que a natureza radical da conversão seja continuamente enfatizada. 5) Evangelismo O que é? Evangelismo é simplesmente dizer aos não-cristãos as boas novas sobre o que Jesus Cristo fez para salvar os pecadores. A fim de evangelizar biblicamente você deve: Pregar todo o evangelho, mesmo a dura notícia sobre a ira de Deus contra o nosso pecado.Chame as pessoas a se arrependerem de seus pecados e confiar em Cristo.Deixe claro que crer em Cristo é dispendioso, mas vale a pena.

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Por que é importante? Quando a igreja não tem um entendimento bíblico sobre o evangelho, ela não evangeliza, ou ela compartilha uma mensagem que não é o evangelho, ou evangelizam de maneira enganosa e manipulativa. Por outro lado, uma compreensão bíblica de evangelismo esclarece o nosso papel na missão que Deus deu à Igreja: devemos pregar a boa notícia sobre o que Cristo fez e orar para que Deus traga pessoas a crer. 6) Membresia O que é? De acordo com a Bíblia, membresia em uma igreja local é um compromisso que todo cristão deveria fazer, que inclui frequentar, amar, servir e submeter-se a uma igreja local. Por que é importante? Membresia bíblica é importante porque a igreja apresenta ao mundo o testemunho do próprio Deus. A igreja exibe a Sua glória. Por causa da membresia da igreja, os não-crentes deveriam enxergar nas vidas transformadas do povo de Deus que Deus é tanto santo como gracioso e que seu Evangelho é poderoso para salvar e transformar pecadores. 7) Disciplina O que é? Em um sentido amplo, a disciplina da igreja é tudo aquilo que a igreja faz para ajudar seus membros na busca da santidade e luta contra o pecado. Pregação, ensino, oração, adoração corporativa, relações de prestação de contas, e supervisão piedosa por pastores e presbíteros são todas as formas de disciplina.Em um sentido mais restrito, a disciplina da igreja é o ato de corrigir o pecado na vida do corpo, incluindo a possibilidade de, em uma etapa final, excluir um cristão confesso da membresia da igreja e da participação na Ceia do Senhor, por causa de um grave pecado sem arrependimento (veja Mt 18:15-20, 1 Co 5:1-13). Por que é importante? Pense em disciplina como uma estaca que faz a árvore crescer reta, como um conjunto extra de rodas para bicicleta, ou como as horas intermináveis de prática de um músico. Sem disciplina, nós não cresceremos como Deus quer que cresçamos. Com disciplina, nós iremos, pela graça de Deus, produzir frutos pacíficos de justiça (Hb 12:5-11).

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8) Discipulado O que é? A Escritura ensina que um cristão vivo é um cristão em crescimento (II Pe 1:8-10). A Escritura também ensina que nós crescemos não somente pela instrução, mas também pela imitação (I Co 4:16; 11:1). Portanto, as igrejas devem exortar seus membros a crescerem em santidade e ajudar os outros a fazerem o mesmo Por que é importante? Promover o discipulado bíblico e crescimento é importante porque nenhum de nós somos produtos acabados. Até que morramos, todos os cristãos vão lutar contra o pecado, e precisamos de toda a ajuda que pudermos obter nesta luta.Se uma igreja negligencia discipulado e crescimento, ou ensina uma versão distorcida e anti-bíblica, irá desencorajar os cristãos genuínos e erroneamente assegurar falsos cristãos. Por outro lado, se uma igreja promove uma cultura de discipulado cristão e crescimento, vai multiplicar os esforços dos crentes a crescer em santidade.Uma igreja que não está crescendo na fé acabará por proporcionar um testemunho insalubre para o mundo. 9) Liderança O que é? A Bíblia ensina que cada igreja local dever ser conduzida por uma pluralidade de homens piedosos e qualificados. Por que é importante? Deus abençoa igrejas com líderes a fim deapascentar as ovelhas de Deus com a Palavra de Deus (Jo 21:15-17),guiar o rebanho (1 Tim 4:16, 1 Pd 5:3, Hb 13:7),e proteger o rebanho de agressores (Atos 20:27-29, 2 Tim 4:3,4, Tito 1:9),enquanto protege a si mesmo e a igreja através da sabedoria da pluralidade (Pv 11:14, Pv 24:6). O ponto final? Liderança bíblica na igreja é importante porque, sem ela, o povo de Deus é como ovelhas sem pastores.29

Todas as informações dessa seção foram extraídas na íntegra do texto do site: http://pt.9marks.org/ sobre-9marks/ 29

Veja ainda: 9 Marcas de uma igreja doente por Kevin DeYoung: http://reformados21.blogspot.com.br/ 2015/12/9-marcas-de-uma-igreja-doente.html 52


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ANOTAÇÕES DE AULA ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

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Você tem alguma crítica, sugestão
 ou opinião para esse material? Ficaria muito feliz em recebê-la Envie um email para: jvabreu@gmail.com

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