RVA 05-2010

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• GESTÃO DE RESÍDUOS • TECNOLOGIA • SUSTENTABILIDADE

Ano 1 • no 5 • Março/Abril 2010 • R$ 19,00

RESÍDUOS INDUSTRIAIS

Destino correto para uma produção sem fim

SINÔNIMO DA VIDA MODERNA

Ano 1 • no 5 • Março/Abril 2010 • R$ 19,00 •

VISÃO AMBIENTAL

O grande desafio de tornar o plástico um material 100% renovável

ALIMENTOS ORGÂNICOS Corpo e natureza saudáveis

COSMÉTICOS DO BEM Pesquisa a favor da beleza

FÓRMULA INDY Etanol nas pistas

ESPELEOLOGIA A ciência das cavernas




SUMÁRIO

6 MATÉRIA DE CAPA

Plástico ambientalmente correto

14 Beleza

Cosméticos do bem 50 Eventos

O meio ambiente em destaque

51 Linha de Crédito 23 Visão Econômica Por Paulo Skaf

26 Investimentos

Dinheiro público apoiando empresas sustentáveis

52 Visão Política

Por Antonio Carlos Porto Araujo

ISE: o índice do presente e do futuro

32 Visão Administrativa

Câmara aprova a Política Nacional de Resíduos Sólidos

33 Mercado de Trabalho Engenharia Florestal: Um leque de oportunidades Para onde vai o nosso lixo

Produtos que ajudam a preservar o planeta

63 Legislação

Por Welinton dos Santos

44 Aterros Sanitários

36 Consumo Consciente

64 Automobilismo O etanol na pole position

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Eco Estilo

66 Agenda / Radar

Eventos e contatos das empresas e colaboradores desta edição

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Uma aventura por cenários subterrâneos

53 InspiraMais Sólidos 38 Resíduos Industriais

Destino correto para uma produção sem fim

Inovações atreladas à sustentabilidade

54 Visão Legal

Por Maria Alice Doria

59 Visão Ambiental

Por João Guilherme Sabino Ometto

56

Alimentos Orgânicos Qualidade de vida em primeiro lugar


EXECUTIVO EDITORIAL Nilberto Machado de Sá nilberto@rvambiental.com.br EXECUTIVO FINANCEIRO José Antonio Gutierrez gutierrez@rvambiental.com.br EDITORA-CHEFE Susi Guedes susiguedes@rvambiental.com.br PROJETO GRÁFICO e DIREÇÃO DE ARTE Flora Rio Pardo flora@rvambiental.com.br JORNALISTAS Arielli Secco, Fernanda Pajares, Henriete Mirrione, João Paulo Amorim, Melissa Sayki e Taís Castilho jornalismo@rvambiental.com.br REVISÃO Diego Teixeira e Cris Barbieri jornalismo@rvambiental.com.br COLABORADOR Paulo César Lamas (tratamento de imagens) COLUNISTAS DESTA EDIÇÃO Antonio Carlos Porto Araújo, João Guilherme Sabino Ometto, Maria Alice Doria, Paulo Skaf e Welinton dos Santos COMERCIAL e PUBLICIDADE comercial@rvambiental.com.br PRODUÇÃO Cristopher Raineri atendimento@rvambiental.com.br Jurema Jardin jurema@rvambiental.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Susi Guedes (MTb 44.447/SP) PERIODICIDADE – Bimestral TIRAGEM – 10.000 exemplares IMPRESSÃO – Vox Editora

ATENAS EDITORA Rua José Debieux, 35, Cj. 42 Santana – São Paulo/SP – CEP: 02038-030 Fone: 55-11- 2659-0110 www.rvambiental.com.br

ASSINATURAS Fone: 55-11-2659-0110 assinaturas@rvambiental.com.br

Legislação e tecnologia, aliados nas questões ambientais A busca por inovações tecnológicas tem sido uma constante preocupação do setor produtivo. Encontrar novos materiais e aplicações diversas para os já existentes faz com que as pesquisas avancem e apareçam sempre novas opções. Porém nenhum material provocou tanta mudança de comportamento e consumo quanto o plástico, e é ele um dos destaques desta edição. A transformação recente que colocou no mercado os polímeros feitos à base de fontes renováveis ao invés de fósseis, aponta para uma nova revolução desse tão versátil e indispensável material, sinônimo da vida moderna. A tomada de consciência sobre as questões ambientais amplia a visão das pessoas acerca de seu cotidiano. Esse aspecto é bem abrangente e afeta nosso estilo de vida, nossas escolhas, desde os alimentos que compramos até o combustível com que abastecemos nossos veículos. Matérias sobre os alimentos orgânicos, a espeleologia e o uso do etanol na Fórmula Indy, por exemplo, mostram que tudo o que nos cerca tem alguma ligação com o meio ambiente. Após 19 anos, finalmente foi aprovada a lei dos resíduos sólidos, uma vitória de todos nós. Arnaldo Jardim e José Valverde Machado Filho são diretamente responsáveis por essa conquista e explicam em detalhes o que muda diante deste novo cenário. As profissões verdes são sempre destaque na revista, e nesta edição a engenharia florestal se mostra como um caminho interessante para quem busca atuar na preservação da natureza e não tem medo de se aventurar em campo. Começa a temporada de feiras e duas delas são destaque em abril: a Ambiental Expo e a Fiema. A revista Visão Ambiental estará presente em ambas, e você, leitor, está convidado para visitar nosso estande e conhecer a equipe. Aproveitamos este espaço para agradecer o incentivo, os elogios recebidos e, também, o grande interesse pela assinatura da revista. Ficamos felizes em tê-lo conosco. Boa leitura! José Antonio Gutierrez, Nilberto Machado de Sá e Susi Guedes

ATENDIMENTO AO LEITOR Fone: 55-11-2659-0110 leitor@rvambiental.com.br As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são de responsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes. Capa: Fotomontagem SXC por design.rvambiental@gmail.com

ERRATA • Diferente do que foi publicado na matéria Empresas Verdes da edição anterior, a empresa MCassab tem 82 e não 62 anos.

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EXPEDIENTE


CAPA

Plástico

ambientalmente correto A tendência mundial de redução das emissões de CO2 na atmosfera, aliada à crescente escassez de petróleo e ao aumento da consciência ambiental, tem impulsionado a criação de fins ecologicamente lucrativos ao plástico

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Por Fernanda Pajares

Vivemos na era do plástico. Não temos como negar. Presente nas escovas de dente, nas solas dos sapatos, nas embalagens dos alimentos e nos carros, o plástico – nas suas diversas formas e sob diferentes nomes – tornou-se um produto onipresente em nosso dia a dia. Importantes setores da economia, como os de construção civil, automóveis, brinquedos, saúde, o têxtil, o alimentício e o de eletroeletrônicos incorporam, cada vez mais, esse produto em detrimento de outros materiais. Os motivos? Seu baixo custo, durabilidade e, principalmente, por se tratar de um produto 100% reciclável. Tudo que consumimos provém da natureza, e o plástico não fica de fora. Para começar, a origem da palavra “plástico” vem do grego plastikó, o que significa “adequação à moldagem”, até por se tratar de um material extremamente flexível. A principal fonte de matéria-prima desse produto é o petróleo, sendo que sua fabricação absorve, hoje, cerca de 3% da produção mundial – o equivalente a 100 mil toneladas/ano. Segundo o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente – organização não governamental focada na conscientização e mobilização do cidadão brasileiro quanto às questões de sustentabilidade e meio ambiente – a reciclagem de 100 toneladas de plástico resulta em uma economia de 1 tonelada de petróleo. Nessa relação politicamente correta, ambos os lados são beneficiados: a natureza é preservada na mesma medida em que os gastos diminuem. Desde a década de 70, os cuidados com o meio ambiente passaram a ser uma das grandes preocupações mundiais, principalmente por causa do au-

mento da produção de lixo, resultado da proliferação das embalagens e produtos descartáveis. A partir de então, o termo “reciclagem” ganhou um significado ecológico, visto que as substâncias jogadas no lixo podiam tornar-se úteis para serem reinseridas no mercado. Resultado? Um destino final ecologicamente lucrativo aos resíduos. A partir dos anos 90, alguns fatores contribuíram decisivamente para que a indústria mundial passasse a se preocupar com os produtos descartados no meio ambiente. Além da criação de importantes leis ambientais, houve também um aumento nas campanhas de consumo consciente. Agora, os cuidados com a preservação da natureza seguem uma via de mão única, por onde trafega também o exercício de cidadania. TECNOLOGIA A SERVIÇO DO PLÁSTICO O conceito de matérias-primas retornáveis está bem estabelecido na Tetra Pak, empresa líder mundial no fornecimento de embalagens longa vida. Desde 1996, a empresa incentiva a coleta seletiva e investe na reciclagem de suas embalagens. Em 2005, na cidade de Piracicaba, interior paulista, a Tetra Pak inaugurou a primeira fábrica com forno de plasma – tecnologia que permite a separação total do alumínio e do plástico que compõem a embalagem longa vida. Segundo dados fornecidos pela empresa, a construção da fábrica consumiu investimentos de R$ 12 milhões. A unidade tem capacidade para processar 8 mil toneladas por ano de plástico e alumínio – o que equivale à reciclagem de 32 mil toneladas de embalagens longa vida. As inovações tecnológicas com o plástico também chegaram ao campo da telefonia móvel. Em junho


Reciclagem de embalagens Longa vida com tecnologia de Plasma da Tetra Pak

Telhas fabricadas a partir das embalagens recicladas

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Material no Hidrapulper para a separação do plástico e do alumínio


de 2009, a fabricante de celular Sony Ericsson lançou dois modelos “verdes”. Além de serem vendidos em caixas menores, os modelos C901 GreenHeart e Naite, da família GreenHeart (“coCelulares verdes: ração verde”, em Nokia 3110 Evolve e inglês), possuem Sony Ericsson Naite manuais eletrônicos – o que evita o desperdício de papel – e são feitos com 50% de plástico reciclável. Desde 2006, a Nokia, o maior fabricante de aparelhos celulares do mundo, utiliza embalagens com credenciais verdes, proporcionando uma economia de 100 milhões de euros. Já em 2008, a empresa lançou um aparelho revestido de material reciclável, o 3110 Evolve. A aceleração tecnológica e o seu reflexo direto na destruição do meio ambiente têm também impulsionado inúmeros arquitetos a buscar soluções sustentáveis para a decoração dos ambientes. A proposta ecológica abrange desde o projeto de construção ou reforma de uma casa, com a escolha correta de materiais alternativos, até a opção por eletrodomésticos e outros produtos que proporcionem benefícios reais à natureza. Diante dessa situação, o acrílico ecológico feito com plástico reciclável entrou com força total na decoração e ajudou a dar forma e popularizar móveis e luminárias. Pensando em colaborar com esse movimento sustentável, a By Art Design, empresa pioneira na fabricação de móveis acrílicos, incluiu em sua fabricação peças feitas com material reciclável. De acordo com seu proprietário, Thiago Schwarz, proprietário empresa, a diferença é quase imperceptível: “No processo chamado craquelação, o acrílico é queimado e reutilizado. A diferença no resultado final é insignificante. Somente na coloração transparente, que se torna mais opaca depois da craquelação é que se torna possível perceber a diferença entre o reciclado e o não reciclado”. Thia-

go ainda explica que, como todo produto verde, os móveis feitos de acrílico reciclado são mais caros. No entanto, o consumidor tem optado pelos produtos que contribuem com a natureza. NATUREZA PEDE: 100% RENOVÁVEL Como o plástico é um material indispensável na vida moderna, tornar sua distribuição mais sustentável pode ter um impacto positivo para o meio ambiente. Para se ter uma ideia, o consumo anual de plástico no mundo inteiro cresceu 20 vezes desde os anos 50 – um total de 150 milhões de toneladas. Os plásticos verdes ou não poluentes aliviam em grande medida esses impactos negativos. Em 2007, a tendência econômica e social, cada vez mais favorável ao uso de matérias-primas de fonte renovável, impulsionou a Braskem, petroquímica brasileira líder em resinas termoplásticas na América Latina, a lançar no mercado o primeiro polietileno produzido a partir do etanol da cana-de-açúcar, matéria-prima 100% renovável. Com investimentos superiores a R$ 330 milhões a Braskem é a primeira empresa brasileira a produzir um polietileno verde. O primeiro plástico com essa característica está saindo do forno. A primeira usina começará a operar no segundo semestre deste ano e terá uma capacidade de 200 mil toneladas/ano – o que equivale a 0,5% da produção global de polietileno. “Hoje, se tivéssemos condições de produzir 1 milhão de toneladas de polietileno verde, seguramente teríamos mercado”, afirmou Bernardo Gradin, presidente da Braskem, durante um evento sobre o plástico realizado em São Paulo no ano passado. Ainda segundo ele a demanda para os próximos anos poderá triplicar. AtuBy Art Design incluiu peças com material almente, a Braskem opera reciclado em seu apenas uma fábrica-pilocatálogo de móveis acrílicos to em Triunfo (RS), com Divulgação

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CAPA


Brasken e Brinquedos Estrela: parceria na fabricação do jogo Banco Imobiliário Sustentável

car, usina de etanol e de fabricação de plástico. Ela deverá funcionar a partir de 2011 e a expectativa é produzir 350 mil toneladas de plástico. Embora o preço do petróleo esteja em baixa, os bioplásticos continuam sendo extremamente atrativos para a indústria. Competitividade de custo e consciência ambiental por parte do consumidor são apenas alguns reflexos deste “movimento verde”, que evidencia o potencial brasileiro na fabricação de etanol e dos plásticos ecológicos. INOVAÇÕES BIODEGRADÁVEIS Alguns números assustam. Atualmente, apenas 5% de todo plástico produzido pela indústria mundial é incinerado. O restante continua presente na natureza. É um ciclo vicioso e danoso a todos. Toneladas de lixo permanecem no meio ambiente, levando séculos para se decompor. Grande parte desse plástico acumulase em aterros sanitários e lixões. Outra parte cai nos bueiros e é arrastado pelos rios até os oceanos, onde se aglomera e acaba por interferir na fauna marinha. Na tentativa de virar esse jogo, as indústrias petroquímicas adotaram o uso de plásticos biodegradáveis, que se

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capacidade de 12 toneladas anuais. Os plásticos de fontes renováveis já despertam o interesse de diversas companhias, entre elas, a Toyota Tsusho, trade company da Toyota Corporation, parceira da Braskem desde 2008 na comercialização de 50 mil toneladas do polietileno verde na Ásia. No Brasil, a empresa também acertou com a Brinquedos Estrela, que usará a resina em um dos seus jogos mais populares, o Banco Imobiliário. Nesse ano, a Johnson & Johnson, empresa norteamericana de produtos de saúde e cuidados pessoais, também utilizará o polietileno verde fornecido pela Braskemnas embalagens dos protetores solares Sundown. A J&J será a primeira marca de cosméticos do Brasil a iniciar o desenvolvimento de embalagens com polietileno verde. “No que diz respeito a embalagens, possuímos diversos projetos de utilização de material reciclado pré e pós-consumo, mas a utilização da resina verde é uma ação inédita da companhia em todo o mundo”, afirmou em nota o gerente do grupo de Suncare da Johnson & Johnson, Marcelo Scatolini. Já em 2008, a Dow Química, empresa norte-americana atuante no Brasil desde 1956, e a Crystalsev, controlada pela Santelisa Vale, aproveitaram o boom do mercado de plástico no País para assinar um acordo de grandes proporções, dando início a uma joint venture. A meta é construir o primeiro pólo alcool-químico integrado do mundo para produzir, em escala global, polietileno a partir do etanol da cana-de-açúcar. No momento, as empresas estão montando a primeira usina integrada – lavoura de cana-de-açú-

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Divulgação/Edu Barcellos

Usina da Braskem em Paulínia (SP)


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Embalagem da margarina Cyclus é biodegradável

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decompõem sob a ação do sol, da umidade ou do ar, em prazos que variam de seis meses a dois anos. A Usina da Pedra, no município de Serrana (SP), é um dos principais polos de produção de plástico derivado da cana-de-açúcar. Lá desde o ano de 2002, sete usinas da PHB Industrial, que detém a marca Biocycle, produzem cerca de 500 mil toneladas de açúcar, além de 800 milhões de litros de álcool por ano. Diferente da Braskem, a PHB produz sua resina através da fermentação do açúcar, e não do etanol. Como resultado, obtém-se um plástico 100% biodegradável. A fábrica da PHB Industrial tem capacidade para produzir 50 toneladas de plástico verde por ano. O plano de expansão da companhia prevê um aumento de 230 mil toneladas/ano na próxima década. Mundialmente falando, são consumidas 230 milhões de toneladas de plástico todos os anos. Deste total, apenas 0,5% é feito com material renovável, ou seja, esse mercado só tende a crescer. Enganam-se aqueles que acham que a tecnologia utilizada pela PHB é a única disponível no mercado. O amido de milho também é utilizado na produção de plásticos biodegradáveis. Em 2009, a Bunge Alimentos lançou no Brasil a primeira embalagem biodegradável para alimentos industrializados – a margarina Cyclus foi o produto contemplado com a embalagem sustentável. O pote feito de amido de milho e plástico renovável pode até mesmo ser jogado no lixo orgânico. Sob certas condições de calor e umidade, além da ação das bactérias, a embalagem leva apenas 180 dias para se decompor. A iniciativa da Bunge demandou mais de dois anos de estudo e um investimento de R$ 10 milhões. Em sua maioria, os plásticos biodegradáveis são constituídos de materiais que, quando descartados de maneira adequada, em condições específicas (em ambiente com micro-organismos, oxigênio e temperatura da ordem de 40 ºC), se transformam em CO2, água e húmus – uma espécie de adubo. De acordo com especialistas da área, o plástico biodegradável carrega duas vantagens relevantes: economiza recurso fóssil e se decompõe muito mais rápido, na medida em que as bactérias decompositoras se familiarizam com ele. Segundo o Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT), cerca de 270 toneladas de bioplástico são fabri-

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CAPA

cadas ao ano no País. As perspectivas futuras são boas. Estima-se que até 2015 esse número chegue a 1 milhão de toneladas. Nos EUA, essa tecnologia já existe há mais de uma década, sendo o milho a matéria-prima mais utilizada. A NatureWorks, empresa independente que pertence à Cargill, desenvolveu uma resina chamada Ingeo, um dos primeiros plásticos à base de plantas, utilizado na fabricação de roupas, fraldas e embalagens. Atualmente, a NatureWorks tem capacidade para produzir 140 mil toneladas de plásticos biodegradáveis. Outras empresas americanas, como a Metabolix e a Du Pont também estão investindo na produção de plástico feito à base do amido de milho. Na Europa, essa prática também é conhecida. Há mais de 10 anos, a empresa italiana Novant fabrica plásticos e poliéster biodegradável. PLÁSTICO VERDE X PLÁSTICO BIODEGRADÁVEL Para muitos especialistas, os plásticos produzidos a partir do amido de milho apresentam mais desvantagens se comparados aos plásticos provenientes do etanol da cana-de-açúcar. Além de reduzir a oferta de alimento, caso sejam produzidos em larga escala, os plásticos feitos do amido de milho possuem um custo maior. O quilo do polímero de cana-de-açúcar custa cerca de US$ 5, enquanto o quilo de outros plásticos biodegradáveis, provenientes, por exemplo, da beterraba ou do milho, custa cerca de US$ 14. Esse preço competitivo só é obtido porque as fábricas são autossuficientes. A cana fornece a matéria-prima; o açúcar e o álcool, por sua vez, são utilizados na etapa final da fabricação. Até o bagaço de cana pode ser reaproveitado para gerar energia elétrica e valor, fatores primordiais no processo industrial. Outra questão bastante discutida gira em torno do desempenho dos plásticos. Os biodegradáveis são menos flexíveis, pouco resistentes e sensíveis à água. Além disso, esse gênero, que libera gás metano ao se decompor nos aterros sanitários, não pode ser facilmente eliminado devido à necessidade de separá-lo do material reciclável tradicional. Por outro lado, os plásticos verdes armazenam, durante muito tempo, o CO2 absorvido na fotossíntese, na medida em que é reciclado e usado de diferentes maneiras. Ao final


Bioplastico PHB: polietileno verde que tem como matériaprima o etanol de cana-deaçúcar, 100% renovável

de sua vida útil, o plástico verde pode ser queimado para a recuperação da energia nele contida. O coordenador de Planejamento Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Casemiro Tércio Carvalho, acredita que a educação ambiental para o consumo e o descarte do produto é mais importante que qualquer “competição” entre os dois plásticos: “As pessoas acham que tudo o que é biodegradável é bom. Isso é uma ilusão. A degradabilidade é boa quando está sob controle, como, por exemplo, em processos de compostagem. Se o plástico não for reciclado em um aterro sanitário, não é bom que seja biodegradável, pois vai gerar gases de efeito estufa no curto prazo.” De acordo com o Plastivida – Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, a degradação dos plásticos utilizados não é função do meio ambiente. Presunções desse gênero podem retardar a ampliação da consciência ambiental e das estruturas de coleta seletiva e saneamento básico. Na visão da engenheira química Silvia Rolim, assessora técnica do instituto Plastivida, a biodegradabilidade possui aspectos positivos e negativos: “Se os sacos forem para usinas de compostagem, funciona. Mas como elas são poucas no Brasil, o ganho ambiental é nulo.” Essa “briga” entre os fabricantes e defensores dos plásticos biodegradáveis e os descrentes de seus benefícios ainda deve se prolongar por um bom tempo.

CONSUMO RESPONSÁVEL DE SACOLAS PLÁSTICAS No fim da década de 50, na ocasião de seu surgimento, as sacolas de plástico eram motivo de orgulho das redes de supermercado e símbolo de status entre as donas de casa. Meio século se passou e tudo mudou. O símbolo da modernidade tornou-se vilã do meio ambiente. A causa? O plástico polui – e muito. No âmbito mundial, 500 bilhões de sacolas de plástico são produzidas a cada ano, o equivalente a 1,4 bilhão por dia ou 1 milhão por minuto. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), são consumidas 12 bilhões de sacolas plásticas anualmente. Cada brasileiro usa, em média, 66 unidades por mês. Por se tratar de um material que leva longo tempo para se decompor, o plástico pode provocar danos irreparáveis ao meio ambiente. Algumas cidades norte-americanas e países da Europa têm adotado alternativas radicais para a diminuição do impacto ambiental das sacolas plásticas. Em São Francisco, por exemplo, as sacolas plásticas foram exterminadas do mapa – apenas as produzidas à base de milho ou papel reciclado podem ser usadas. Por sua vez, desde 2002 os supermercados ingleses e irlandeses cobram taxas por sacolas utilizadas. E o mais interessante é que o dinheiro dessas taxas é revertido em projetos ambientais. Em alguns estados brasileiros, a utilização de plásticos oxibiodegradáveis tornou-

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Fotos: Niels Andreas/ Divulgação UNICA

Usina da PHB Industrial, na região de Serrana (SP), produz plástico verde

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CAPA

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se uma alternativa, pois eles possuem um aditivo químico que, em contato com terra, luz ou água, acelera a decomposição. O prazo de degradação é até 100 vezes menor. Os supermercados de Curitiba (PR), que consomem 900 milhões de sacolas ao ano, aderiram à novidade. Em São Paulo a Assembleia Legislativa chegou a aprovar um projeto de lei que tornaria obrigatório o uso dos oxibiodegradáveis, mas ele foi vetado pelo governador do Estado, José Serra, devido a problemas técnicos. O aditivo usado nesse tipo de plástico faz com que a embalagem continue contaminando o ambiente devido ao uso de catalisadores derivados de metais como níquel e manganês. Representantes da cadeia produtiva do plástico criticam o uso dos oxidegradáveis. Para o presidente do Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, o engenheiro químico Francisco de Assis Esmeraldo, os plásticos oxidegradáveis também são nocivos ao meio ambiente: “No final do processo, o plástico não desaparece, mas sim vira um pó que facilmente acaba parando nos córregos, rios, represas, lagos e mares. Isso significa que nossa geração poderá beber, involuntariamente, plástico oxidegradável misturado à água”. Ainda segundo o presidente do Plastivida, as sacolas plásticas que embalam o lixo, por exemplo, servem de combustível no processamento, o que acarreta em uma economia de óleo diesel e outros derivados do petróleo. “Isso somente é possível devido ao elevado conteúdo energético dos plásticos, pois 1 quilo de plástico produz a mesma energia de 1 quilo de óleo diesel. Em síntese, o plástico é energia; portanto, não desperdice”, conclui. Em 2008, a rede de supermercados Walmart aproveitou o boom do consumo consciente para lançar a campanha nacional “Saco é um Saco”. A redundantemas inteligente campanha visava alertar a população sobre a importância de se reduzir o consumo de sacolas plásticas. Segundo a assessoria de imprensa do Walmart, a campanha aposta no poder de decisão do consumidor como ação transformadora de hábitos e

atitudes. O argumento baseia-se no fato dos sacos plásticos não custarem nada no momento das compras, porém, posteriormente, eles representam um custo que não pode ser mensurado – quando jogados nos rios, bueiros, esgotos ou mesmo no mar, acarretando em severos problemas para a fauna marinha. Nesse contexto, a meta da rede de supermercados é reduzir pela metade o uso de sacolas plásticas em suas lojas até 2013. Pioneiro em programas de estímulo ao uso consciente de embalagens, o Grupo Pão de Açúcar vem desenvolvendo alternativas práticas para o uso consciente das sacolas plásticas em todas as suas lojas. Até o ano de 2009, a rede de supermercados comercializou mais de 1 milhão de unidades de sacolas retornáveis, contribuindo para a economia de milhões de embalagens plásticas e seu respectivo descarte no meio ambiente. “Fomos os primeiros a destacar a importância e a atuar de maneira bastante pragmática com relação à sustentabilidade no varejo. Trabalhamos fortemente na busca por alternativas viáveis e valorizadas pelos nossos clientes, e o resultado disso é que hoje temos todos os nossos super e hipermercados envolvidos com essa causa”, destaca Paulo Pompilio, diretor de Responsabilidade Ambiental do Grupo Pão de Açúcar. Segundo o diretor da Associação Brasileira Grupo Pão de Açucar investe de Embalagens, Mauricio em sacolas retornáveis Montoro Groke, a tendência das empresas é se adequar aos modelos de produção sustentáveis e ecologicamente corretos: “A empresa que não tiver isso dentro da sua política, dentro dos seus investimentos, vai estar fora do contexto mundial. E já existem as certificações, as legislações. Então, isso é uma onda muito favorável para todo mundo.” DE OLHO NA RECICLAGEM DO PET Basta um dia de chuva torrencial em São Paulo para se perceber a quantidade de garrafas PET – sigla da resina que as constitui, o tereftalato de polietileno – espalhadas pela cidade. A leveza e a resistência popularizaram o material na década de 1970. E, com o passar dos anos, elas ficaram ainda mais populares. Divulgação

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Walmart Brasil: campanha nacional “Saco é um Saco”


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do ainda é o têxtil, com 38% de participação. E s s a te n dência che gou, inclusive, ao futebol. Neste ano de Copa do Mundo, as camisas da Seleção Brasileira de Futebol serão feitas com um novo tecido, o Camisa oficial da Seleção Dri-FIT, feito a partir de garBrasileira de Futebol, da rafas PET. De acordo com a Nike: confeccionada Nike, patrocinadora oficial com tecido Dri FIT da seleção, a utilização do polímero diminuiu em 30% o consumo de energia durante a fabricação. Além desses mercados, o produto tem grande presença na indústria automobilística. O plástico está praticamente em 100% dos carros produzidos hoje no Brasil. Por enquanto, o poliéster de PET reciclado é utilizado em todos os carpetes que revestem os veículos incluindo os porta-malas. As montadoras não revelam detalhes, mas em breve o PET reciclado vai revestir portas, o teto e outras partes dos carros. Apesar do crescimento, o presidente da Abipet lembra que o maior entrave para a ampliação da reciclagem de PET no Brasil é resultante da falta de políticas públicas de coleta seletiva: “Infelizmente, muitos projetos de ampliação de capacidade continuam suspensos e novos desenvolvimentos para aplicação do PET reciclado não evoluem porque existe carência de embalagens para serem recicladas. Sem um sistema de coleta seletiva, as embalagens acabam no meio ambiente, ao mesmo tempo em que faltam garrafas PET para a indústria reciclar.” A solução para esse problema está na redução da montanha de PET nos rios e córregos, por meio de um sistema mais eficaz de recolhimento dos recipientes. Cabe às indústrias que os fabricam e utilizam arcar com o ônus de aperfeiçoá-los. Os plásticos verdes são mais baratos, resistentes, econômicos e poluem menos a natureza. Já os plásticos biodegradáveis são caros, sensíveis à água, inflexíveis e também poluem o meio ambiente.

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Para se ter uma ideia, em 11 anos a produção de PET teve um avanço de 275%. O reaproveitamento do material também vem crescendo. De acordo com o 5° Censo da Reciclagem de PET no Brasil, realizado pela Associação Brasileira da Indústria do PET (ABIPET) houve um aumento de 9,5% na quantidade de embalagens PET recicladas em 2008, em comparação com o ano anterior. Em números absolutos, o levantamento registrou números animadores: 253 mil toneladas do produto tiveram um destino ambientalmente adequado. Com esse resultado, o País consolida-se na liderança dessa atividade, à frente de Estados Unidos e da União Europeia. São mais de 500 empresas em todo o Brasil que, juntas, somam um faturamento anual de R$ 1 bilhão. “O grande impulsionador desse crescimento é o trabalho que a indústria vem fazendo para ampliar a demanda pelo PET reciclado, por meio do desenvolvimento de novas aplicações”, explica Auri Marçon, presidente da Abipet. “Isso reduz a dependência de um único setor e dá a sustentabilidade que o negócio precisa para continuar prosperando”, diz. O mercado de produtos sustentáveis tem crescido em decorrência do aumento da consciência ecológica dos consumidores. A partir dessa constatação, as empresas que trabalham com matérias-primas ecologicamente corretas estão elevando a sua produção mensal para suprir a demanda. De acordo com uma pesquisa realizada pela Abipet, o uso do plástico na produção de resina estrutural – como, por exemplo, na fabricação de piscinas, caixas d’água ou bancaAuri Marçon, das de mármore presidente sintético – aumenda Abipet tou 18%. No entanto, o segmento que mais usa o PET recicla-

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BELEZA

Cosméticos do bem Empresas de beleza investem em produtos com apelo natural para diferentes nichos

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Por Henriete Mirrione

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Linha Natura Ekos: compromisso com a sustentabilidade

US$ 11 milhões foram investidos, dos quais quase 50% apenas em novas tecnologias. Seguindo a tendência de internacionalização do mercado de cosméticos, a Beraca, além da sua atuação no território nacional, também está presente no exterior. Por meio de distribuidoras, tem seus ativos comercializados em mais de 47 países. Em 2008, inaugurou uma filial em Paris. CASES DE SUCESSO Um dos melhores exemplos de empresas que já abraçaram a postura verde no mundo é a Body Shop, marca de cosméticos inglesa fundada por Anita Roddick. A grife é fabricante de varejo de produtos de beleza, de xampu a maquiagem, e conta com mais de 2 mil lojas espalhadas em mais de 52 nações. Nada mal, considerando que tudo começou em 1976, com uma pequena loja. A maior vitória de Anita foi fazer com que seus consumidores comprassem algo que fosse além dos cremes hidratantes ou dos condicionadores para cabelos secos. No fundo, eles adquirem uma ideia: a de fazer negócios respeitando a natureza, inclusive colaborando com as comunidades fornecedoras de matérias-primas. No Brasil, uma das principais empresas que segue essa linha similar de atuação é a Natura. Fundada há cerca de 40 anos com a proposta de uti-

lização de ingredientes naturais em suas formulações, em 1987 a empresa foi pioneira em usar o refil em cosméticos e, no ano 2000, lançou a linha Natura Ekos, reforçando o seu compromisso com a sustentabilidade. Em 2001, incorporou em seu processo de desenvolvimento de produtos acabados a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) para as embalagens. Anos depois, substituiu os insumos tradicionais de origem mineral (como derivados de petróleo) e animal por matérias-primas vegetais; primeiro, na formulação de sabonetes e, depois nas linhas Ekos, Sève e Mamãe e Bebê. As embalagens de óleo trifásico da Natura passaram a ter 30% de PET reciclado. Nesse mesmo período, a empresa começou a substituir gradativamente por álcool orgânico o álcool comum, antes usado na perfumaria e nos desodorantes. Produzido de forma sustentável e socialmente

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Na contramão da crise econômica mundial, os artigos de beleza e os cuidados pessoais não deixaram de atrair os consumidores Pelo contrário, esse mercado cresce a cada ano. O Brasil é um dos expoentes nesse setor, sendo o terceiro maior mercado de consumo de cosméticos do mundo – perde apenas para o Japão e os Estados Unidos. E é em meio a esse mercado que um segmento ganha cada vez mais força: o de ativos e produtos ligados à sustentabilidade. Atualmente, ele representa 4% do total, mas, segundo uma projeção da Organic Monitor, pode representar 10% em 2012. É nesse nicho que ganha destaque, por exemplo, a Beraca, empresa brasileira que fornece ingredientes naturais e orgânicos para indústrias farmacêuticas, de cosméticos e de fragrâncias, sejam elas nacionais ou internacionais. Em 2007, a divisão de saúde e cuidados pessoais foi responsável por quase 20% do faturamento da empresa, de R$ 84 milhões. André Sabará, responsável pela área de Responsabilidade Corporativa da Beraca, explica: “Produtos orgânicos e sustentáveis têm um preço mais elevado, mas isso se traduz em vantagem quando pensamos em qualidade, procedência e rastreabilidade, já que eles geram menos custo à empresa tanto em risco quanto em rendimento. Há um grande mercado em desenvolvimento no Brasil, na área de educação socioambiental, o que gera uma exigência em relação a produtos naturais, orgânicos e sustentáveis, pois o mercado passa a enxergar os benefícios.” Fundada há 50 anos, a Beraca é a única empresa nacional de matérias-primas centrada em produtos da biodiversidade da Amazônia. Inaugurou sua própria fábrica na região em 2008. A pesquisa e o desenvolvimento de produtos são feitos em parceria com universidades locais. “A empresa oferece uma linha de produtos orgânicos com certificação Ecocert, desde a extração de óleos, fabricação de extratos e manteigas, até Bioscrubs (micropartículas esfoliantes), com máxima otimização dos processos, o que gera poucos resíduos”, conta Sabará. Esse empreendimento foi projetado para aumentar em quatro vezes a produção e garantir um fornecimento contínuo de seus produtos, mesmo fora de temporada de alguns insumos. Até hoje,

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BELEZA

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os sabonetes líquidos para o corpo e para as mãos vegetalizados. Com nova fórmula, os produtos agora possuem mais de 60% de matéria-prima vegetal renovável. Os óleos corporais passaram a conter em sua fórmula ativos de origem vegetal (oleína de Palma) no lugar de óleo mineral, não renovável. Já os novos sabonetes de murumuru, cupuaçu, maracujá e cacau têm de 20% a 50% de óleo da biodiversidade brasileira, extraídos de ativos comprados de oito novas comunidades. Com isso, a empresa passa a beneficiar mais de 263 famílias e dobra os recursos financeiros revertidos por ano. Ao longo desses anos, somente através da linha Natura Ekos, foram feitas parcerias com 19 comunidades, abrangendo 1.714 famílias. O fornecimento de ativos da biodiversidade brasileira e a repartição de benefícios geraram mais de R$ 8,5 milhões em recursos. “Em 2009, revertemos R$ 1,3 milhão para todas as comunidades fornecedoras de Natura Ekos e, com os novos sabonetes, passamos a reverter R$ 2,6 milhões. Além de valorizar os ativos da biodiversidade, mantendo a floresta em pé, nós nos preocupamos também com as comunidades parceiras, em nos relacionar com elas de forma ética e justa”, diz Gilberto Xandó, diretor de Unidade de Negócios. Para chegar a esse resultado, a Natura levou

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responsável, o álcool orgânico vem da canade-açúcar colhida sem queimadas, cultivada sem o uso de agrotóxicos e adubos químicos. Integrada a áreas de vegetação nativa, esse tipo de plantação conserva a biodiversidade local. A inovação está presente em quase todo o portfólio de perfumes e desodorantes da empresa. Com essa ação, a empresa tornou-se pioneira mundialmente na utilização em larga escala de álcool orgânico na fabricação de cosméticos. Em 2006, a Natura iniciou as atividades da Unidade Industrial Benevides, no Pará, para fornecimento de óleos vegetais da Amazônia. Nesse mesmo ano, no Espaço Natura, a energia solar passou a ser utilizada para aquecer a água e iluminar o estacionamento, e a empresa lançou o Sistema Natura de Gases do Efeito Estufa – uma rede interna de colaboradores encarregada de planejar a redução de emissões. Em 2007, foram implantados o Projeto Reciclagem, no Recife (PE), a Tabela Ambiental nos produtos – um quadro informativo que apresenta dados técnicos sobre fórmulas e embalagens que fez a empresa reduzir em 7% as emissões de gases causadores do efeito estufa – e o programa Carbono Neutro, cujo conteúdo completo é divulgado no site www. natura.net/carbononeutro. Em 2010, a linha Natura Ekos, que completa 10 anos de existência, deu mais um importante passo em relação às ações sustentáveis da empresa:

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Refis dos desodorantes spray d’O Boticário

cerca de dois anos, entre mapeamento das comunidades, capacitação, articulação de parcerias e desenvolvimento dos produtos. São oito novas comunidades: Camta colhe cupuaçu e maracujá; Caepim, Jauari, Coomar, Cofruta, Cart e Santo Antônio do Tauá fornecem murumuru; e Copoam, cacau. Todas as comunidades fornecedoras de ativos para os novos sabonetes priorizam sistemas de manejo agroflorestal e de baixo impacto ambiental. O cacau utilizado nos sabonetes vem de plantação orgânica certificada, e o maracujá, do reaproveitamento do resíduo da fabricação de suco. Com a utilização do cupuaçu nos novos sabonetes, preservamse 100 k m² de ­Floresta Amazônica. Já o murumuru mantém 3 mil árvores em pé.

Óleo de buriti

Óleo de andiroba da Beraca. Ao lado, o fruto açaí


RESPONSABILIDADE SOCIAL Maior rede de franquias de cosméticos e perfumaria do mundo, O Boticário começou sua história em 1977como uma pequena farmácia de manipulação em Curitiba (PR). Hoje, são mais de 2,8 mil lojas no Brasil. No exterior, está presente em 15 países, com 73 lojas e mil pontos de venda. A responsabilidade social permeia todos os negócios de O Boticário. A empresa trabalha também com investimento social privado, mantendo a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, além de ações de educação ambiental e projetos culturais. Neste ano, O Boticário ampliou a refilagem para desodorantes spray. Passou a ofertar refil para todas as fragrâncias, com embalagens padronizadas, que também passam a ter 5% mais

BUSCA DE NOVOS NICHOS Da fusão de duas empresas – Origem e Ravor – nasceu a Nazca Cosméticos, empresa brasileira que desenvolve produtos para a saúde e para o tratamento dos cabelos. Desde a sua fundação a empresa vem investindo fortemente em pesquisas e novas tecnologias, procurando atender às necessidades de seu público. Com essa filosofia, em 2009 a Nazca resolveu apostar em produtos sustentáveis para as crianças, oferecendo a única linha do mercado de cosméticos infantis com ativos orgânicos e ingredientes naturais – a linha Acqua Kids Naturals. A fórmula é livre de conservantes químicos e os xampus são biodegradáveis. Destinada ao público entre 3 e 10 anos, a Acqua Kids Naturals conta com duas versões: Mel e Girassol e Erva-Doce com Hortelã. “O público infantil representa quase 30 % da população brasileira e já influencia o comportamento das compras familiares. Cada vez mais bem informadas, as crianças levam para casa noções de sustentabilidade ambiental e social adquiridas em sala de aula”, afirma Paulo Maffei, CEO da Nazca Cosméticos. Outra empresa nacional que utiliza matérias-primas com alta concentração de ativos naturais é a Bio Extratus. Ela foi idealizada em 1989 por cabeleireiros amantes da natureza. Num salão de beleza de Belo Horizonte

Linha de xampus e condicionadores com ingredientes naturais da Nazca

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RECICLAGEM Consciente de que embalagens de plástico causam grande impacto ambiental, uma vez que são derivadas do petróleo e demoram em média 450 anos para se decompor, a Natura apostou também nas sacolas de compras reutilizáveis. Já a área de Pesquisa & Desenvolvimento da empresa estuda constantemente matérias-primas que consumam menos recursos e que causem menos danos ao meio ambiente no descarte, sendo sempre recicláveis. Além dos refis de produtos cosméticos e da utilização de embalagens feitas com PET reciclado, a empresa também oferece, em alguns de seus produtos, o cartucho das embalagens produzidos com celulose de plantios certificados pelo Forest Stewardship Council (FSC) – selo que comprova que a madeira utilizada é proveniente de florestas manejadas segundo rigorosos padrões que garantem o respeito ao meio ambiente e aos trabalhadores envolvidos.

(MG), os proprietários desenvolveram, de forma artesanal, uma linha de cosméticos diferenciada, com qualidade e preço acessível. A Bio Extratus foi uma das pioneiras na utilização do óleo de tutano em cosméticos capilares e hoje também fabrica produtos biodegradáveis para o tratamento da pele. Tudo com matérias-primas de apelo sustentável. André Alves Cruz, responsável pela implantação do Sistema de Gestão Ambiental da empresa, afirma que o consumidor nacional ainda está despertando para o consumo consciente na área de cosméticos: “O cliente nacional ainda não exige esse tipo de produto. Contudo, essa é uma tendência que gradualmente tem se modificado. Há alguns anos, os consumidores se preocupavam tão somente com preço e marca do produto, mas hoje já existem aqueles que verificam o processo de produção, avaliando os rótulos à procura de certificações, da presença de termos como ‘biodegradável’, ‘orgânico’ e de selos de qualidade ambiental. Eles são minoria, mas o número vem crescendo devido à ênfase dada pela mídia aos efeitos causados pela degradação do meio ambiente.” Divulgação

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Linha de produtos para o público masculino da Bio Extratus

conteúdo – de 95 ml para 100 ml –, sem alteração de preço para o consumidor. As mudanças estão alinhadas à estratégia de ampliar as opções de refil do portfólio, intensificada em julho do ano passado, quando a empresa lançou a linha Cuide-se Bem – itens para corpo, rosto e banho. Para Fabio Gilioli, gerente de Categoria de Cremes e Loções, além do preço cerca de 25% menor que o do produto regular, o refil também incentiva o consumo responsável, impulsionando também as vendas em itens para o corpo. “Essa atitude conquista mais adeptos conforme as pessoas se tornam mais conscientes em relação ao meio ambiente e, aos poucos, começamos a perceber essa adesão dos consumidores brasileiros. O percentual de crescimento em vendas desses artigos mais que dobrou no segundo semestre de 2009, período que coincide com o lançamento da linha com refis, se comparado ao mesmo período do ano anterior”, conta o executivo.

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ECO ESTILO

Aventura em cenários subterrâneos Com um pé no esporte e outro na ciência, a exploração de cavernas é uma atividade envolvente e apaixonante para quem aprecia o meio ambiente e busca conhecimento

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Expedição da União Paulista de Espeleologia pelo Vale do Ribeira (SP), região que abriga grandes áreas de conservação mata atlântica

Ricardo Martinelli/União Paulista de Espeleologia

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Por Arielli Secco


Jose Ayrton Labegalini

Equipamentos básicos de segurança A exploração de cavernas é uma atividade desempenhada em grupos. Por isso, é fundamental que todos usem equipamentos de segurança, tais como: capacete, boia, salva-vidas, cintos, macacão, botas, iluminação frontal, lanterna de carbureto e equipamento vertical (para descida de abismos e escalada de paredes).

Heros Lobo

Fonte: Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas

Aventureiro escala o Abismo Ponta de Flecha, no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, em Iporanga (SP)

Momento em que Silmara, esposa de Heros, consegue sair do poço; em segundo plano, da esquerda para a direita, Fábio, Gisele e Valtécio

Formação do tipo travertino na Toca da Boa Vista, em Campo Formoso (BA)

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Renê de Souza

A sensação é de mistério. Esculturas naturais de tamanhos e formatos variados, abstratos, no teto, nas paredes, no chão. Morcegos, aranhas, animais exóticos e paisagens intocadas, silenciosas. Se a História aponta a existência de homens das cavernas nos primórdios da humanidade, hoje há quem retorne aos locais de origem para estar em contato com as diversas formas de beleza que eles oferecem. Os motivos são muitos – curiosidade, comtemplação, adrenalina, diversão –, definidos pela palavra “espeleologia”, do grego espelaion (gruta) e logos (estudo), conforme explica José Ayrton Labegalini, um dos fundadores do Espeleo Grupo Monte Sião, de Minas Gerais, e ex-presidente da União Internacional de Espeleologia. A classificação dessa atividade varia de acordo com o entendimento de cada um. Há quem a compreenda exclusivamente como o estudo (mapeamento, aspectos científicos e biológicos, por exemplo) das cavernas, conforme indica a origem da palavra. Para estudá-las, são necessários preparo físico e domínio de técnicas provenientes de esportes como mergulho, escalada, rapel, trekking, caminhada. Essa exigência faz com que ela seja considerada por muitos uma prática esportiva, também conhecida como cavernismo (ou caving). Há, ainda, o espeleísmo, que se refere a quem pratica o turismo em cavernas. Para Ricardo Martinelli, espeleofotógrafo e coordenador do Cadastro Nacional de Cavernas, a nomenclatura é confusa. Ele esclarece: “Espeleólogo é um profissional com grande conhecimento, normalmente um biólogo ou geólogo. Já o termo ‘caverneiro’ é o que mais se aproxima de pessoas que possuem outra profissão, mas que têm paixão por cavernas e que vão além do turista por possuírem conhecimento técnico, por fazerem descobertas e mapas topográficos que podem vir a ser utilizados por estudiosos.” De acordo com a Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), o Brasil possui 5.029 cavernas no Cadastro Nacional de Cavernas (CNC). Ricardo conta que os primeiros registros desses ambientes subterrâneos foram feitos por volta de 1884. “As primeiras cavernas estudadas e que depois serviriam de base para o cadastro da SBE foram as grutas citadas pelo naturalista Ricardo Krone, que, com base em estudos preliminares de geólogos do Museu Paulista, produziu estudos os mais diversos, incluindo os paleontológicos em 41 cavernas

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ECO ESTILO

As 10 maiores cavernas do Brasil

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Ricardo Martinelli/União Paulista de Espeleologia

Expedição da UPE em Mambaí, no nordeste de Goiás, onde a entidade atua em parceria com o Grupo Espeleológico Goiano no mapeamento e na exploração das cavernas

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1. Toca da Boa Vista, em Campo Formoso (BA) – 107 km 2. Toca da Barriguda, em Campo Formoso (BA) – 33 km 3. Gruta do Padre, em Santana/Santa Maria Vitória (BA) – 16,4 km 4. Boqueirão, em Carinhanha (BA) – 15,17km 5. Ressurgência Angélica/Bezerra, em São Domingos (GO) – 14,1 km 6. Lapa do Angélica, em São Domingos (GO) – 14,1 km 7. Gruna da Água Clara, em Carinhanha (BA) – 13,88 km 8. Lapa do São Mateus III, em São Domingos (GO) – 10,83 km 9. Lapa de São Vicente I, em São Domingos (GO) – 10,13 km 10. Lapa Doce II, em Iraquara (BA) – 9,7 km Fonte: Cadastro Nacional de Cavernas e Sociedade Brasileira de Espeleologia

do Vale do Ribeira (SP)”. O estado brasileiro com mais cavernas cadastradas é Minas Gerais, com 1.768, seguido por Goiás, com 692, São Paulo, com 596, e Bahia, com 573. Segundo um estudo realizado pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), a Toca da Boa Vista, em Campo Formoso (BA), é a maior do País e também de todo o Hemisfério Sul. São 167 quilômetros de extensão, caracterizados pela alta temperatura e ausência de água. Para Heros Lobo, espeleólogo desde 1995 e atual coordenador da seção de turismo da SBE, apesar de serem um patrimônio importante, as cavernas ainda não contam com a proteção de leis ambientais em escala nacional. “A legislação é falha e voltada para as questões pontuais de mineração e de empreendimentos”, diz. Por outro lado, Heros destaca o crescimento de estudos científicos na área, principalmente no que concerne à geologia e à biologia das cavernas a partir de pesquisas sobre o clima desses ambientes e análises de espeleotemas (estruturas formadas pelo depósito natural de minerais de origem química). Essas formações são muito presentes em cavernas calcáreas e podem compor diversas paisagens subterrâneas, como: escorrimentos, travertinos, cortinas, chão de estrelas, flor de calcita, flor de gipsita, agulha de aragonita, dente de cão, estalactite, estalagmite, entre outros.

ESPORTE E CIÊNCIA De acordo com Yuri Stávale, geógrafa integrante da Redespeleo Brasil e do Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas, a visita a cavernas abrange, além da prática física, o exercício intelectual: “É comum que os espeleólogos saibam explicar a formação das cavernas, a adaptação dos bichos à falta de luz e outros assuntos tipicamente acadêmicos e específicos”. Yuri concorda com Leda Zogbi, sócia-colaboradora, e Luís Rocha, consultor ambiental e conselheiro, ambos da Redespeleo, acerca de quem pode ser considerado um espeleólogo. Para eles, a definição é pertinente a qualquer pessoa que goste de estar no ambiente subterrâneo e respeite os limites – os próprios e os do local. “Se uma caverna é basicamente horizontal e sem presença de trechos aquáticos, é preciso ter segurança para caminhar em terrenos pedregosos. Em cavernas com trechos verticais, é necessário ter cordas e equipamentos apropriados, além do domínio das técnicas de escalada e rapel (progressão vertical), de preferência com a certificação de cursos”, recomendam. As grutas têm características peculiares. Existem ambientes quentes, frios, secos, úmidos, inundados, e cada um pode apresentar perigos diferentes. Para Heros Lobo, é primordial ter autocontrole: “A pessoa deve pensar que estará em um ambiente com paredes e teto o tempo todo. Em algumas cavernas,

o ar interno é muito seco e a temperatura se aproxima dos 35º C. No caso da existência de rios, é preciso saber nadar e, por vezes, mergulhar para enfrentar os trechos com sifões (partes em que a água chega ao teto), além de adotar estratégias para se manter aquecido”. Outra recomendação é que haja um preparo antes e durante a atividade, com uma boa alimentação e hidratação constante. A instrução é apenas uma das exigências da espeleologia. Visitar territórios cavernosos requer um espírito ao mesmo tempo aventureiro e cauteloso. Heros lembra uma situação arriscada que viveu há cinco anos, em Tocantins, quando ele e a esposa, Silmara, entraram em um poço vertical: “Ela seguiu na frente e eu fiquei dando segurança. Quando chegou ao fundo do pequeno abismo, de uns 20 metros, eu comecei a descer. Senti um cansaço excessivo na metade da descida e uma sensação estranha de


sufocamento; olhei para baixo e ela estava quase roxa de falta de ar”. O espeleólogo explica que a causa disso foi a alta quantidade de matéria orgânica no local, o que, provavelmente, resultou em pouca oxigenação. Apesar do susto, tudo acabou bem e os dois conseguiram subir rapidamente, saindo do poço. Os riscos existem, mas quem pratica esse tipo de atividade com frequência diz que a sensação proporcionada pela interação com a natureza é única. Quando questionada sobre suas impressões quando está em uma caverna, Yuri fala sobre o sentimento de liberdade e de fazer parte do desconhecido. Para ela, isso supera qualquer dificuldade e falta de conforto, como sujar-se na lama, molhar-se durante o percurso, carregar mochilas pesadas, comer lanche frio, sentir fome e cansaço durante o retorno. “Essas coisas se transformam em um inigualável prazer! Não tem uma vez que a gente não volte da caverna com um sorriso no rosto.” Para a geógrafa, a calma e a ausência de sons foi uma das experiências mais marcantes dentro de uma caverna: “Vivenciei o silêncio absoluto e percebi que nunca tinha me sentido realmente longe das coisas cotidianas do mundo”. EXPLORAR PARA PRESERVAR Estar em lugares pouco ou nunca visitados é algo que incentiva a preocupação com o meio ambiente e a conscientização dos aventureiros.

Para Leda Zogbi, a fragilidade dos ecossistemas subterrâneos torna-os propensos a passarem por sérios problemas caso haja qualquer desequilíbrio provocado pela interferência humana. Ela cita, hipoteticamente, o impacto da existência de uma plantação de tomates cultivados com o uso de agrotóxicos em uma área cárstica, ou seja, cujo relevo geológico cavernas. Com a formação de cavernas. Com o envenenamento da água e a consequente morte dos organismos que dependem dela para sobreviver, toda a vida da caverna pode ser alterada radicalmente. “Praticando a espeleologia de maneira consciente, com o acompanhamento de espeleólogos ou monitores devidamente preparados, as pessoas conseguem ver de perto esse ecossistema e percebem a importância da sua preservação”, diz Leda. Ela lembra, ainda, que a conservação desses ambientes é fundamental para que a bio e a geodiversidade sejam mantidas, garantindo a manutenção também da vida humana. Segundo Luís Rocha, as cavernas possivelmente são alguns dos últimos redutos inexplorados da Terra. “A exploração de uma caverna deve ser sempre documentada, de preferência com a elaboração de um mapa, que é o primeiro passo para estudos mais aprofundados que visem a conservação de qualquer área”. Esses lugares são documentos vivos, ambientes ricos em história e dados científicos. Ele explica: “O estudo

Sergio Amaral Resende

Sumidouro da Angélica, no Parque Estadual de Terra Ronca, em São Domingos (GO)

das estalagmites, por exemplo, traz informações valiosas sobre como era o clima de determinada região há milhares de anos, fundamentais para o entendimento dos ciclos e eventos climáticos”. Luís ainda cita os fósseis, os restos arqueológicos e a própria morfologia da caverna como informações que permitem a reconstituição da história do homem. Por isso, aqueles que se candidatam a visitar uma caverna devem se esforçar para que suas atividades causem o menor impacto possível. Heros recomenda usar o mínimo de iluminação à base de fogo, permanecer pouco tempo dentro das cavernas, não fazer pichações, evitar tocar em espeleotemas, para não quebrá-los, e não deixar lixo no percurso. “Atitudes como essas já ajudam bastante!”, exclama. Ele faz um alerta para que haja mais atenção sobre o turismo nesses locais, uma vez que o segmento está em expansão. “Ainda falta um pouco mais de

VISÃO AMBIENTAL • MARÇO/ABRIL • 2010

Gruta de Maquiné, em Cordisburgo ( MG)

Yuri Stávale

Renê de Souza

Caverna do Diabo, no Parque Estadual do Jacupiranga, em Eldorado (SP)

Sergio Amaral Resende

Formação do tipo travertino na Carverna dos Paiva, no Parque Estadual Intervales, em Ribeirão Grande (SP)

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ECO ESTILO

Jose Ayrton Labegalini

Algumas entidades e grupos de espeleologia

Gotas nos extremos de duas helectites em Cueva del Guacharo na Venezuela

Redespeleo Brasil – www.redespeleo.org Sociedade Brasileira de Espeleologia – www.sbe.com.br Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas (Belo Horizonte) – www.bambui.org.br Espeleo Grupo de Brasília (Brasília) – www.espeleogrupodebrasilia.org Grupo de Estudos Espeleológicos Açungui (Curitiba) – www.geepacungui.org.br Grupo Pierre Martin de Espeleologia (São Paulo) – www.gpme.org.br União Paulista de Espeleologia (São Paulo) – www.upecave.com.br

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controle e responsabilidade no planejamento e na gestão do espeleoturismo, pois muitos lugares tratam a atividade de forma amadora, sem as devidas precauções para conservar o ambiente e até mesmo para manter a segurança do turista”, afirma.

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UNIDOS PELA PRESERVAÇÃO A Sociedade Brasileira de Espeleologia promove ações de abrangência local, regional e nacional para instruir os membros da entidade e pessoas interessadas nas atividades espeleológicas. Entre elas, Heros destaca os manifestos, movimentos organizados, expedições de exploração, congressos, entre outras: “Temos também revistas de divulgação da produção técnica e científica da espeleologia nacional, que contribuem para ampliar o conhecimento sobre as possibilidades de conservação e uso de nossas cavernas”. A mobilização mais recente é a campanha “Salve Nossas Cavernas: Diga Não ao Decreto 6.640/08”. Para a SBE e muitas outras instituições que assinaram o manifesto, a terminologia utilizada no decreto é ambígua e imprecisa. Além disso, segundo informações publicadas no site da entidade, não houve participação

Jose Ayrton Labegalini Sergio Amaral Rsende

Sergio Amaral Rsende

Magníficas colunas na Caverna do Diabo, conhecida também como Gruta da Tapagem

Helectite em forma de satélite, na Gruta da Torrinha, em Iraquara (BA)

Formação idêntica a cortinas pendendo do teto

Leda Zogbi na Caverna do Bom Pastor, em Paripiranga (BA)

Yuri Stávale

Sergio Amaral Rsende

Formação semelhante a flores composta pelo mineral aragonita, na Caverna Cristal, em Iporanga (SP)

da sociedade civil organizada na aprovação desse decreto que altera a lei de proteção às cavernas, em vigor desde 1990. O pedido de suspensão dessa decisão está em tramitação e é justificado nos termos do trecho reproduzido a seguir: “são significativas [as alterações] no regime de proteção ao patrimônio espeleológico nacional, possibilitando que cavidades naturais subterrâneas em todo território nacional sejam ‘objeto de impactos negativos irreversíveis, mediante licenciamento ambiental’. O eufemismo utilizado pelo Poder Executivo autoriza a destruição de cavidades naturais subterrâneas ou a alteração de suas condições morfológicas, ecológicas, ambientais, paisagísticas e cênicas irreversivelmente.” Todos os documentos podem ser acessados no site da SBE, no link próprio da campanha. Yuri Stávale afirma que a Redespeleo Brasil também acompanha essa mobilização. Integrantes da entidade participaram de reuniões promovidas pelo Centro Nacional de Estudo, Manejo e Proteção de Cavernas (Cecav) para a elaboração da Instrução Normativa Nº 2 do Ministério do Meio Ambiente, de agosto do ano passado. Esse documento regulamenta o Decreto Nº 6.640/08, que, segundo ela, é extremamente

complexo – mesmo depois de muitas discussões, nem os especialistas conseguiram chegar a um entendimento comum. Yuri diz que a IN deve ser revisada futuramente conforme previsão contida no texto do próprio documento. “O decreto foi elaborado com um foco totalmente desenvolvimentista, sem se preocupar com a gestão do nosso patrimônio espeleológico natural”, explica. A paixão, fator comum a todos os espeleólogos, motiva o engajamento nas alianças para beneficiar a natureza. Se antigamente as cavernas protegiam os homens, hoje a situação se inverteu: são elas que precisam de proteção. Referências: www.sbe.com.br www.redespeleo.org vsites.unb.br/ig/sigep/index.html www. ig.unb.br/sigep/sitio019/sitio019.htm www.espeleogrupodebrasilia.org


VISÃO ECONÔMICA

Paulo Skaf

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PAULO SKAF é presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp)

As estatísticas que acabam de ser divulgadas, demonstrando a ascensão à classe média de 30 milhões de brasileiros, referendam o peso de nosso mercado interno na vitória contra a crise mundial. Por outro lado, também propõem uma instigante pergunta: como essas pessoas conseguiram subir a um novo patamar de renda? Dentre todos os fatores conjunturais e macroeconômicos, há uma causa estrutural inequívoca: elas conquistaram um novo padrão de vida por meio do trabalho! Bastaria esse exemplo para desqualificar tecnicamente a Proposta de Emenda Constitucional 231/1995, que prevê a redução da jornada semanal de trabalho de 44 para 40 horas e aumento da hora extra de 50% para 75%. Como se sabe, a matéria visa à criação de maior número de empregos, contrariando a lógica matemática e experiências práticas semelhantes – e malsucedidas –, já experimentadas em outros países. Afinal, em qualquer lugar do mundo, menos (horas trabalhadas) com mais (custos) continua dando menos resultado. A realidade, como a aritmética, é implacável: de 2003 a 2009, o Brasil reduziu a taxa de desemprego de 12,3% para 8,1%, por meio do crescimento econômico, e não por trabalhar menos tempo. Em contrapartida, a redução da jornada, de 48 para 44 horas, estabelecida pela Constituição de 1988, não criou um emprego sequer. Ou seja, a proposta, além de não servir à ampliação dos postos de trabalho, reduziria a produtividade, comprometeria a competitividade da indústria e demais setores produtivos, poderia reduzir exportações e provocar a majoração do preço de numerosos produtos e bens de consumo. Conspiraria, portanto, contra a criação de empregos! O caso mais ilustrativo e parecido com o que se pretende fazer no Brasil é o da França, que realizou um processo de redução de jornada em duas etapas e de maneiras distintas. A primeira, iniciada em 1982, impôs diminuição repentina, sem medidas preventivas governamentais de manutenção dos empregos. Ocorreu queda de até 4%

nos postos de trabalho. Os grupos de trabalhadores mais prejudicados foram os que recebiam salário mínimo. As autoridades diagnosticaram, à época, que a maior parte das empresas afetadas pela redução da jornada não tinha condições de arcar com o aumento de custos. Isso as levou a reduzir os quadros. A segunda etapa, em 1998, foi elaborada levando-se em conta os erros da primeira. Assim, o governo francês adotou amplo pacote de incentivos para as empresas mais afetadas, buscando preservar empregos. E o mais importante: a adesão ao programa tinha caráter voluntário. No Brasil, a realidade é diferente da Europa. Aqui, a jornada média já é de 41,4 horas semanais, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O índice está abaixo de muitos países que concorrem com a economia brasileira no mercado internacional: Coreia (43,4), México (43,5), Chile (41,7), Argentina (41,5) e Turquia (49). Além disso, 99% das empresas brasileiras são de pequeno e médio portes e respondem por 56% do emprego. Para as grandes empresas, que já praticam jornadas iguais ou inferiores a 40 horas, a obrigatoriedade da redução não traria efeito algum. Porém, para as pequenas e micro, a medida seria inviável. Ademais, a jornada de trabalho no Brasil já está alinhada à da maioria das nações, inclusive desenvolvidas, e nossa Constituição permite o soberano entendimento entre empresas e trabalhadores para estabelecer o regime adequado a cada atividade e/ou segmento. Portanto, em vez de uma legislação impositiva, é mais eficaz que empregadores e trabalhadores unam-se na meta do crescimento sustentado, do aumento da produção e das exportações e da consequente criação intensiva de empregos. O diálogo democrático e inquestionável estabelecerá, como já vem ocorrendo, a melhor jornada para cada empresa e setor, suscitando sinergia entre capital e trabalho. Sem dúvida, é por meio dessa postura madura e avançada, congruente com as demandas da economia mundial, que pavimentaremos nosso caminho ao desenvolvimento. Assim, por mais que o tema seja atraente ao marketing político, é preciso estar alerta para evitar que os apelos eleitorais deste ano acabem fazendo prevalecer algo insensato para a Nação.

VISÃO AMBIENTAL • JANEIRO/FEVEREIRO • 2010

Menos trabalho, mais desemprego

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O índice do presente e do futuro O ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial – criado e utilizado pela BM&FBOVESPA, está diretamente ligado a uma postura sustentável e, ao mesmo tempo, rentável das empresas

VISÃO AMBIENTAL • MARÇO/ABRIL • 2010

Por João Paulo Amorim

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Estamos juntos e misturados. Essa frase coloquialmente falada no dia a dia das grandes cidades pode ser aplicada ao mercado empresarial, principalmente se levarmos em conta os conceitos de sustentabilidade e rentabilidade. Para simplificar, trata-se de um “círculo do bem”, afinal, as empresas com atitudes sustentáveis estarão mais próximas de fazer parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e, por sua vez, ficarão mais suscetíveis a investimentos internos e externos. Mas qual é a relação entre o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e a BM&FBOVESPA? Em uma simples explicação, aplicar na Bolsa de Valores é sinônimo de poupar dinheiro e formar um patrimônio para ser utilizado futuramente. A partir desse objetivo principal, a BM&FBOVESPA, em conjunto com outras entidades, criou, em 2005, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), com o propósito de direcionar o investidor às empresas socialmente responsáveis. A ORIGEM E OS OBJETIVOS DO ISE Imaginem a cena: uma pessoa no meio da rua rasgando uma nota de R$ 100,00. Isso seria possível? Com certeza, “louco” será o adjetivo mais leve que essa pessoa ouvirá, pois é fato que nos

dias atuais, ninguém rasga dinheiro. Nem investe no incerto (pessoa física ou empresa). Partindo desse pressuposto, a tendência nacional e internacional de investimentos está pautada no ISE e suas variáveis. A criação desse Índice começou a ser arquitetada em meados de 2004. Mário Monzoni, Coordenador-adjunto do Centro de Estudos em Sustentabilidade (CES) da Faculdade Getúlio Vargas (FGV) e um dos idealizadores do ISE, relembra a origem desse importante marco no mercado de capitais brasileiro: “A ideia do ISE surgiu em 2004 de uma ‘provocação’ de administradores de fundos que passaram a adotar critérios socioambientais na seleção das empresas para seus fundos de investimento. Além do desejo de estimular o desenvolvimento deste mercado, sentiam a necessidade de um benchmark para comparar o desempenho dos fundos. Naquela época, havia no mundo apenas dois índices: o DJSI na bolsa de NY e o FTSE4good, da bolsa de Londres”, diz Monzoni. Em linhas gerais, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) consiste em criar um ambiente favorável de investimento, aliado a uma postura ética das corporações através de boas ações empresarias. Esse cenário alinha-se com o chamado “investimento socialmente responsável (SRI)”, no qual as empresas sustentáveis estão mais pro-

pensas a gerar um valor para o acionista em longo prazo, afinal, há um melhor preparo para enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais. A partir do ISE, as empresas listadas na BM&FBOVESPA estarão propensas a uma análise comparativa de performance, sempre baseanda na sustentabilidade corporativa, regida, principalmente, pela eficiência econômica, o equilíbrio ambiental, a justiça social e a governança corporativa. Alexandre Assaf Neto, pesquisador do Instituto Assaf e professor da USP, comenta essa tendência: “Diversos trabalhos de pesquisa têm demonstrado que empresas socialmente responsáveis e sustentáveis mostram-se mais aptas para enfrentar os desafios futuros e vencer as dificuldades, além de gerarem riqueza em longo prazo aos investidores. Além disso, essas empresas conseguem captar


Mário Monzoni, Coordenador-adjunto do CES, da FGV

Alexandre Assaf Neto, pesquisador do Instituto Assaf e professor da USP

princípios do TBL, o Conselho do ISE adicionou outras três dimensões: governança corporativa, características gerais e natureza do produto. Neste contexto, algumas empresas participantes dessa carteira são selecionadas para responder ao questionário desenvolvido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da FGV, que, entre outras funções, também desenvolve critérios para a seleção das empresas, bem como as classifica de acordo com os critérios aprovados. Esse questionário é enviado às companhias emissoras das 150 ações mais líquidas da BM&FBOVESPA. “O questionário foi desenvolvido, e é revisto anualmente, com a participação da sociedade. Além de grupos de discussão específicos, o questionário é submetido a uma consulta pública virtual e presencial (Audiência), que possibilitam o envio de sugestões por toda a sociedade. As empresas também participam deste processo de construção. As questões são agrupadas em indicadores, critérios e dimensões. Estas análises são feitas pela CES (Centro de Estudos em Sustentabilidade) e dão subsídios para que o Conselho Deliberativo do ISE (CISE) faça a escolha”, explica Mário Monzoni. Adiante, o Conselho, cuja função também é definir a faixa de valores que podem ser assumidos por essa variável do ISE, aprova e seleciona as empresas. Os seguintes critérios são levados em consideração: relacionamento com empregados, fornecedores e com a comunidade, governança corporativa e impacto ambiental de suas atividades. Por fim, a BM&FBOVESPA calcula e divulga o Índice em tempo real. A quinta (e atual) carteira do ISE entrou em vigor no dia 1º de dezembro de 2009 e terá vigência até 30 de novembro de

ÍNDICES E INVESTIMENTOS SUSTENTÁVEIS NO EXTERIOR A Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) é representada no Conselho Deliberativo do ISE por Osvaldo Soares. Segundo ele, o investimento SRI, focado nos preceitos da sustentabilidade, é uma tendência mundial. “A utilização do Índice pelos investidores é um processo que vem se ampliando ao longo destes anos. Profissionais de investimento, investidores individuais e fundos de investimento crescentemente vem incorporando os critérios de sustentabilidade em suas análises e decisões. Hoje, há vários fundos cujas carteiras são espelho da carteira do ISE ou são compostas por empresas que

Atual Carteira do ISE - 2009/2010 AES Tietê Bradesco Brasil Braskem BRF Foods Cemig Cesp Coelce Copel CPFL Energia Dasa Duratex Eletrobras Eletropaulo Embraer Energias Br Even

Fibria Gerdau Gerdau Met Inds Romi Itausa Itauunibanco Light S/A Natura Redecard Sabesp Sul América Suzano Papel Telemar Brasil Tim Part S/A Tractebel Usiminas Vivo

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O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES NO PROCESSO E A METODOLOGIA UTILIZADA “A ideia de criar o ISE surgiu, também, da necessidade de a BM&FBOVESPA ter um índice de ações referencial para os investimentos socialmente responsáveis.” Essas são as palavras de Sônia Favaretto, Diretora de Sustentabilidade da BM&FBOVESPA. A criação desse Índice contou com a colaboração de diversas entidades do mercado, que passaram a integrar um Conselho Deliberativo. Hoje, o Conselho do ISE, presidido pela própria Sônia Favaretto, conta com a participação das seguintes entidades: Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (ANBIMA), Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, International Finance Corporation (IFC), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e Ministério do Meio Ambiente. O ISE é formulado com base no conceito internacional Triple Bottom Line (TBL), que avalia, de forma integrada, práticas ambientais, sociais e econômico-financeiras das companhias. Aos

2010. Ela reúne 43 ações de 34 companhias, que representam 15 setores e somam R$730 bilhões em valor de mercado, o equivalente a 32,21% do valor de mercado total das companhias com ações negociadas na BM&FBOVESPA.

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recursos no mercado, tanto próprios como de terceiros, com menores custos, então elas apresentam menores riscos e são mais apreciadas pelos investidores”, diz Assaf.

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INVESTIMENTOS

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são reconhecidas por suas práticas de sustentabilidade por comporem aquela carteira. Estes fundos são oferecidos para atender à crescente demanda dos investidores por opções de investimento SRI”, explica Osvaldo. A Apimec tem feito um trabalho consciente voltado para esta “nova” tendência verde como parâmetro para investimentos. “Temos feito um grande esforço de disseminação da cultura da sustentabilidade entre as empresas e seus membros, com destaque para os analistas de investimento que trabalham nas empresas administradoras de fundos e nas corretoras de valores. O objetivo é que estes analistas incorporem os indicadores de sustentabilidade como um dos critérios para suas recomendações. Para estes

Jorge Soto, Diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem

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Projeto para reduzir as emissões de CO2 da atmosfera por meio da restauração de florestas nativas, no entorno dos reservatórios das usinas hidrelétricas operadas pela AES Tietê

profissionais tanto o questionário-base quanto a carteira do Índice são importantes referenciais”, conclui Osvaldo. Nos Estados Unidos, o investimento SRI está crescendo rapidamente. Para se ter uma ideia, segundo dados da BM&FBOVESPA, no período de 1995 a 2007, o montante de investimento envolvido com SRI na Terra do Tio Sam cresceu mais de 320%. Ao final de 2007, dos US$ 25,1 trilhões aplicados na indústria de fundos, US$ 2,7 trilhões (10,76%) estavam aplicados em fundos SRI. “O principal incentivo para os empresários vem justamente dos investidores que, nos Estados Unidos, por exemplo, estão cobrando mais iniciativas sociais, ambientais e de governança sustentável junto às empresas. Mas devemos separar as intenções corretas das falcatruas, pois remediações de curto prazo para limpeza de imagem e/ou melhoria na percepção da sua marca, dificilmente compensam”, fala Carolina Cabral Murphy, pesquisadora da Columbia University (EUA). Para exemplificar, Carolina cita o caso de uma empresa punida financeiramente nos Estados Unidos devido à falta de seriedade ao programar políticas de Sustentabilidade Empresarial recomendadas pelo ISE. “As ações da BP (British Petroleum) estão sendo boicotadas por diversos investidores institucionais, individuais e fundos de investimento responsável, que não querem ter seus rendimentos e investimentos promovendo uma empresa poluidora com diversos litígios”, diz Carolina. Outros Índices internacionais seguem o

mesmo padrão. Lançado em 1999, o Dow Jones Sustainability Index (DJSI) representa o valor de um grupo de empresas consideradas sustentáveis segundo critérios financeiros, sociais e ambientais. Estão inseridas 317 empresas de 27 países, na qual o Brasil está representado por sete empresas: Aracruz, Bradesco, Cemig, Itaú Unibanco, Itaúsa, Petrobrás e Redecard. Outro Índice importante é o FTSE4Good, uma parceria da Bolsa de Londres com o Financial Times. EMPRESAS BRASILEIRAS DESTAQUES NO ISE A Sabesp, maior empresa de saneamento nas Américas e 5ª do mundo em número de clientes, é uma das selecionadas, pelo terceiro ano consecutivo. Os números da empresa são impressionantes. Segundo dados do Valor 1000, o faturamento de 2008 foi de R$ 6,4 bilhões, incluindo-a entre as 50 maiores empresas do Brasil. Com suas 17 Unidades de Negócio, divididas por bacias hidrográficas,


Osvaldo Soares, da Apimec

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Carolina Cabral Murphy, pesquisadora da Columbia University ( EUA)

– líder em resinas termoplásticas na América Latina e uma das maiores companhias industriais privadas de capital nacional – que alinha, desde 2002, suas estratégias de tecnologia e inovação com um compromisso em promover ações sustentáveis. A empresa, cujo faturamento em 2009 alcançou R$18 bilhões (segundo dados do Valor 1000), foca suas atitudes socioambientais nos seguintes preceitos: • Contribuir para o crescimento econômico do País, por meio do desenvolvimento tecnológico, da conquista de mercados internacionais, da geração de divisas e da oferta de produtos que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da população; apoiar o processo de modernização da indústria petroquímica nacional, de modo a agregar valor ao produto plástico e à sua cadeia produtiva, respeitando as práticas da livre concorrência; valorizar as mulheres e os homens que constroem e dão vida à empresa; estabelecer parcerias sólidas com os fornecedores, baseadas em compromissos mútuos de eficiência operacional e de acesso a tecnologias competitivas; gerir de forma responsável e transparente os ativos e os recursos financeiros da empresa, de acordo com as melhores práticas de governança corporativa. Em 2007, a Braskem foi a primeira a lançar o polímero verde – polietileno de alta densidade produzido a partir da cana-de-açúcar –, que é uma resina já utilizada nos mercados internacionais. O desempenho e a qualidade são superiores. “Com investimento de R$ 500 milhões, vamos inaugurar a 1ª planta de PE Verde agora no 2º semestre de 2010. O intuito é promover a captura de 500 mil toneladas de CO2, o que contribuirá para evitar a emissão de gases do efeito estufa”, diz Jorge Soto, Diretor de Desenvolvimento Sustentável da empresa.

Em virtude de suas inúmeras ações sustentáveis, com investimentos de R$ 100 milhões ao ano, a empresa está inserida no ISE pelo quinto ano consecutivo. “Para a Braskem, o ISE além de dar oportunidade a um conjunto cada vez maior de investidores de escolher para seu portfólio de investimentos as empresas que realmente valorizam o Desenvolvimento Sustentável, é uma espécie de reconhecimento público, uma vez que é um processo conduzido com muito cuidado pela BOVESPA/FGV”, conclui Soto. AES Tietê, uma das mais eficientes geradoras de energia elétrica do País – com capacidade instalada de 2,65 mil MW (megawatts) – possui dez usinas hidrelétricas, que respondem por cerca de 20% da energia gerada no Estado de São Paulo e por 2% da capacidade instalada nacional. A energia gerada pela AES Tietê é suficiente para abastecer aproximadamente 5 milhões de residências. Os reservatórios que integram as usinas viabilizam diversas atividades econômicas como irrigação, turismo, abastecimento confiável para os municípios do entorno, operação da hidrovia Tietê-Paraná, entre outras. A Responsabilidade Ambiental está incorporada à estratégia da AES Tietê, envolvendo todos os públicos, desde colaboradores, fornecedores e empresas supridas com a energia gerada, comunidades localizadas no entorno das usinas hidrelétricas até todas as partes envolvidas na utilização dos recursos naturais e o meio ambiente, necessários ao processo produtivo. O objetivo é gerar um ambiente favorável para que o aproveitamento energético das bacias hidrográficas onde a empresa

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atua em 365 municípios paulistas, atendendo a 26,4 milhões de pessoas, ou 68% da população urbana do estado. Um dos focos de atuação da companhia é a área socio ambiental. Para se ter uma ideia, em 2007, foi investido R$ 14 milhões em parcerias com 120 entidades. Já em 2008, a Sabesp publicou o seu 1º Relatório de Sustentabilidade, atendendo aos requisitos do Global Reporting Initiative (GRI) e incluído entre os “Top Ten” (classificado em 7º lugar) na pesquisa realizada em conjunto pela Fundação Brasileira para Desenvolvimento Sustentável e a ONG inglesa Sustain­Ability, com apoio do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP). Para continuar nessa caminhada sustentável, a companhia vem desenvolvendo, ao longo de seus 35 anos de existência, programas voltados ao consumo consciente e à redução de perdas, bem como ações de conscientização de empresas e da população sobre a necessidade de preservação dos recursos hídricos. O reconhecimento da Sabesp como empresa sustentável não se restringe ao ISE, afinal, a companhia já recebeu prêmios relacionados à questão, entre os quais estão o Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento (PNQS), tido como o mais importante do setor das Américas e concedido pela Associação Brasileira de Engenharia e Saneamento Ambiental (ABES). “O Desenvolvimento Sustentável é uma forma de condução de nossos negócios considerando as necessidades de todas as partes interessadas, hoje e no futuro”, esse é o pensamento da Braskem

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atua ocorra de forma sustentável, assegurando o potencial energético explorado, tanto às gerações atuais quanto às futuras. “Na área ambiental, a AES Tietê é referência, desenvolveu de forma pioneira, um projeto para remover emissões de CO2 da atmosfera por meio da fotossíntese que se desenvolve na restauração de florestas nativas, no entorno dos reservatórios das usinas hidrelétricas operadas pela empresa. Serão mais de 12 mil hectares plantados em Áreas de Preservação Permanente (APPs), em até cinco anos, ao longo das margens dos rios Tietê, Grande e Pardo no interior dos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Com o crescimento das árvores ao longo de 30 anos, estima-se a remoção de um total de 4,5 a 6 milhões de toneladas equivalentes de CO2 (tCO2e) da atmosfera, com benefícios significativos para o reequilíbrio climático. O projeto é resultado de esforços intensos da AES Tietê na aprovação de uma metodologia pioneira no Brasil e no mundo para calcular os volumes de CO2 que florestas nativas removem da atmosfera durante seu crescimento. A metodologia foi aprovada junto ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no âmbito da ONU”, diz Demóstenes Barbosa, Diretor de Sustentabilidade Ambiental da AES Brasil. A AES Tietê direcionou R$ 12,1 milhões a projetos ambientais, dentre os quais estão o Reflorestamento de APPs, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), o repovoamento de peixes dos reser vatórios, ações de cons-

Nelson Pereira dos Reis, da Fiesp

cientização e educação ambiental e o processo de renovação de licenças ambientais. Já no ano de 2009, até 30 de setembro, período do último relatório trimestral consolidado, foram investidos R$ 6,3 milhões em projetos de meio ambiente. Esses investimentos transformados em ações explicam a inserção da empresa no ISE desde 2007. “Fazer parte do ISE é um importante reconhecimento do comprometimento da empresa com a sustentabilidade dos negócios e de todos seus públicos de relacionamento”, conclui Demóstenes. A RELAÇÃO ENTRE INVESTIDOR, EMPRESA E CONSUMIDOR FINAL As vantagens do ISE para o investidor estão mais do que perceptíveis. No âmbito de quem almeja investir, a palavra mais apropriada para definir essa relação entre “investidor-empresa”, pautada no ISE, é segurança. “Para o investidor preocupado com as questões socioambientais, o ISE é um filtro importante que pode dar direcionamento aos seus investimentos”, diz Mário Monzoni. E o lado das empresas? Quais os benefícios delas em relação a esse Índice? Nesse caso, a palavra mais apropriada será reconhecimento. Uma empresa contida nesse Índice será vista pelo mercado como “expert” em responsabilidade social e preocupada com as questões de sustentabilidade e suas possíveis consequências. Nesse caso, o ISE funciona como uma espécie de selo de qualidade. “Para as empresas o ISE tem um forte papel indutor e, ao mesmo tempo, é uma ferramenta que pode ajudar na gestão e na internacionalização da sustentabilidade. Fazer parte do ISE é um reconhecimento de que a empresa faz parte de um grupo que se destaca das demais empresas, na adoção de práticas que contribuem com o desenvolvimento sustentável”, explica Monzoni. Por falar nas empresas, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) avalia como positiva essa relação das empresas com o ISE. “O DMA/Fiesp avalia o ISE com bastante simpatia e interesse, pois nesta carteira de ações são valorizadas – em termos financeiros, considerando fortemente, senão exclusivamente, os ativos empresariais – aquelas empresas que têm práticas de sustentabilidade, comprovadas por indicadores objetivos relativos ao seu desempenho não só econômico, mas também social e ambiental. A carteira de ações que compõe o ISE é uma carteira diferenciada, na qual entram

apenas empresas com um nível muito alto de gestão empresarial”, diz Nelson Pereira dos Reis, Diretor Titular do Departamento de Meio Ambiente da Fiesp. Mário Monzoni ainda complementa. “Ao mesmo tempo, por ser revisto anualmente e ser um índice dinâmico, o ISE faz com que as empresas não fiquem paradas, isto é, a cada ano as empresas dever buscar evoluir, para não correrem o risco de ficar para trás. Muitas já perceberam que, mais do que um exercício de preencher questionário, o ISE é uma poderosa ferramenta de gestão, que pode contribuir muito com o aprimoramento das práticas da empresa”. Por fim, o consumidor final que, em linhas gerais, seguirá a mesma linha de pensamento dos investidores. “Da mesma forma que para os investidores, o consumidor consciente pode olhar para esse filtro e escolher as empresas das quais quer consumir. Temos um mercado consumidor ainda em fase de amadurecimento, especialmente com relação ao tema da sustentabilidade. Mas este é um caminho sem volta e a tendência é que essa consciência faça cada vez mais parte do processo de decisão do consumidor”, conclui Monzoni. Sônia Favaretto segue a mesma linha de raciocínio, na qual todas as partes envolvidas saem fortalecidas. “A importância do ISE para as empresas vem através do reconhecimento, perante o seu público (não só de investidores, mas da sociedade em geral), de que elas estão comprometidas com a responsabilidade social, a sustentabilidade e a promoção de boas práticas de gestão no País”.



VISÃO ADMINISTRATIVA

Welinton dos Santos

Desafios dos municípios O grande dilema é encontrar soluções para questões como o lixo, energia e meio ambiente

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WELINTON DOS SANTOS é economista e psicopedagogo, membro da Câmara ÍtaloBrasileira de Comércio, Indústria e Agricultura, Delegado de Economia de Caçapava,conferencista e colaborador de projetos sociais

A falta de permeabilidade do solo das cidades faz com que ruas, avenidas e calçadas tornem-se escoadouros das águas das chuvas que , ao transportar lixos indiscriminadamente descartados pela população, entopem bueiros, provocam enchentes e contribuem com o assoreamento de rios e córregos. O aquecimento global pode ser considerado um agravante desse quadro, pois uma de suas conquências é o aumento da intensidade das chuvas. A adoção de práticas que contribuam com a sustentabilidade é uma alternativa para mudar essa situação. Muito comum na Europa e nos EUA, a telha verde é um exemplo de reciclagem. Em Paris, destacam-se as calçadas, guias e asfaltos permeáveis, o incentivo do plantio de árvores nas áreas urbanas para o aumento de espaço verde e os centros de compostagem de resíduos sólidos e de retenção de calor. É válido ressaltar que o governo de Paris também adotou laços coerentes da razão do viver urbano, encorajando a sociedade moderna a ser mais inovadora e ter audácia ecológica. Com os incentivos, a realidade desta cidade está mudando para a sustentabilidade da vida. Dentre as ações colocadas em prática na cidade francesa, estão a disponibilização de 25 mil automóveis elétricos em 2010, o incentivo à utilização de bondes, metrôs, barcas do rio Sena e sua ciclovia, que já está em atividade há 2 anos. O projeto é chamado de Vélib (sistema de locação de bicicletas em que o órgão público aliouse à iniciativa. Além de atrair recursos para o município, foi uma vitória ecológica e de consciência ambiental). A medida permitiu a diminuição da emissão de 9% dos gases efeito estufa, redução de 20% do volume de veículos em circulação e, hoje,

apenas 40% dos veículos são individuais. Com esta modernização do transporte coletivo foi possível realizar economias e implantar alternativas como minieólicas em prédios públicos. O governo também pretende montar túneis de contenção de energia no Rio Sena, provocando diversificação de fontes de energia, além de apresentar a toda a região os quadros de desperdício energético, no intuito de impulsionar a sociedade a buscar alternativas mais viáveis. O governo busca melhorias dos processos de climatização e conservação de calor em ambientes, nas várias estações do ano. Com isso, suas ações tornam-se mais humanistas, ecológicas e corretas ambientalmente. Esta cidade sem dúvida pode ser exemplo. Outro dilema em nossa sociedade é a questão da comida, é necessário encontrar soluções frente aos processos industriais e às culturas orgânicas, um caminho a ser estudado para atender a demanda crescente de consumo de alimentos da população de maneira mais saudável e que cause menos impacto no clima global. A consciência coletiva da reciclagem é essencial, muito do que é jogado no lixo, pode virar matéria-prima ou adubo composto, portanto estamos jogando fora riquezas que poderiam ser aproveitadas, desde resto de obras que podem virar materiais para construção até diminuir o volume de resíduos sólidos urbanos. Um dado assusta, enquanto muitas cidades do Brasil lutam pela sustentabilidade, no Estado da Paraíba, 98% dos municípios, segundo o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), descartam o lixo de forma inadequada e muitas vezes a céu aberto, portanto, temos várias realidades dentro do Brasil. Existem soluções: asfaltos feitos com borrachas de pneus usados, aproveitamento de esgotos urbanos para produção de gás de cozinha, chuveiros com captadores de calor, lavagem a seco de carros. Mas é preciso colocá-las em prática, portanto, vamos repensar as cidades para melhoria da qualidade de vida e auxiliar as futuras gerações.


MERCADO DE TRABALHO

Engenharia Florestal A profissão completa cinquenta anos no Brasil e tem um mercado com possibilidades de atuação cada vez mais diversificadas

Recepção de calouros

Plantio de mudas

Alunos saem a campo

Fotos: Coordenação do curso de Engenharia Florestal da UFPR

A Engenharia Florestal foi introduzida no País em 1960 com a criação da Escola Nacional de Florestas, com sede em Viçosa (MG). Em novembro de 1963, o curso foi transferido para Curitiba e incorporado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os primeiros anos de ensino foram promovidos em conjunto com o Convênio de Assistência das Nações Unidas através da FAO (Food and Agriculture Organization), entre 1961 e 1969. Para Glauber Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais (SBEF), o período de desenvolvimento efetivo do ensino na área aconteceu de 1971 a 1982, quando vigorou uma parceria entre a UFPR e a Universidade Albert-Ludwig de Freiburg, na Alemanha. “Isso foi caracterizado pelas pesquisas e atividades de extensão, incluindo a criação do primeiro curso de mestrado em Engenharia Florestal do Brasil em 1973, seguida pelo curso de doutorado, iniciado em 1982”, explica. Desde então, a profissão adquiriu visibilidade e ampliou seu campo de trabalho. Os egressos da graduação na UFPR podem realizar mestrado, doutorado e pós-doutorado nas áreas de Conservação da Natureza, Tecnologia da Madeira, Economia e Política Florestal, Sivicultura e Manejo Florestal. As relações internacionais da universidade são mantidas até hoje e foram ampliadas para diversas instituições do mundo inteiro. Dartagnan Baggio Emerenciano, atual coordenador do curso na Federal do Paraná, cita convênios com África do Sul, Alemanha, Chile, Estados Unidos, França e Japão, além de tramitações com outros países, como Haiti e Angola. Hoje, as principais pesquisas articuladas pelo curso compreendem estudos genéticos para melhoramento florestal, sivicultura e produção de sementes. “Destacamos ainda o projeto PRIMAS (Padronização de Resíduos da Indústria de Madeira Serrada) para otimização e aproveitamento das toras, e promoção da sustentabilidade e fixação de carbono; Projeto Pinhão e a Operação Gralha Azul, de incentivo ao plantio da Araucária e do aproveitamento racional de seus produtos com benefícios

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SXC/Thiago Almeida

Por Arielli Secco

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MERCADO DE TRABALHO

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SXC/ Zoran Ozetsky

Aula nas alturas

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sociais nas áreas de gastronomia, turismo e artesanato; utilização de VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) para obtenção de fotos aéreas e vídeos, a fim de identificar áreas florestais e danos à natureza”, detalha o coordenador. A UFPR integra uma gama de cinquenta e oito cursos de graduação existentes hoje no País, de acordo com a SBEF. A Engenharia Florestal completa cinco décadas marcadas por mudanças no direcionamento de suas atividades. Dartagnan afirma que, no começo, a profissão estava mais voltada para a sivicultura (estudo dos métodos de melhoria e regeneração de áreas florestais) e manejo de florestas de forma restrita. “Atualmente, há grande identificação com as questões relacionadas à conservação e preservação da natureza e ao uso dos recursos florestais madeiráveis ou não. Os temas de maior evidência no momento são: aplicação de conceitos de certificação de produtos florestais, utilização dos recursos de forma inteligente e com menor desperdício e métodos de quantificação, emissão e fixação de CO2”, relata. Glauber Pinheiro destaca pontos de modificações fundamentais, tanto por parte dos profissionais quanto da sociedade, ocorridas durante esses cinquenta anos: “desenvolvimento tecnológico do setor, avanço nas pesquisas, difusão da profissão, inserção da temática ambiental na sociedade e o reconhecimento do papel que os ecossistemas florestais desempenham nesta questão”. GOSTO PELA NATUREZA O interesse pelo meio ambiente é primordial para quem opta pela Engenharia Florestal como formação profissional. Rodrigo Baesso, recémformado pelo curso da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), declara que escolheu a profissão pela proximidade à natureza. “Desde criança morei em sítios e chácaras rodeados por florestas. Fiz uma busca por cursos relacionados

com a área e a Engenharia Florestal foi o que mais me cativou”, conta. “Com certeza o mais gratificante é o contato com o meio ambiente, tanto pela sua riqueza e valor inestimável quanto pela beleza cênica, independente de o trabalho ser na área produtiva ou de conservação”. Rodrigo também ressalta que o conhecimento adquirido em sala de aula só se torna completo a partir da vivência em ambientes florestais. Dartagnan Baggio relata a mesma afinidade ao contar que já havia pensado em se tornar engenheiro civil por influência do pai, mas que o gosto por estar próximo à natureza falou mais alto. “Quando amadureci em relação às especificidades da profissão, optei sem dúvida pela Engenharia Florestal e pela área de Manejo e Economia, que trabalha para que se promova a sustentabilidade dos ecossistemas e a preservação e o aproveitamento racional dos recursos florestais”, descreve. O coordenador do curso da UFPR classifica a profissão como uma arte que interpreta o comportamento do meio ambiente através de números. Para ele, o engenheiro deve criar soluções de forma inventiva e com talento e, ao aliar tais finalidades às florestas, é necessário ter a capacidade de transformar recursos naturais em bens consumíveis de forma harmoniosa. DESAFIOS DO MERCADO DE TRABALHO A profissão clama por uma mudança de paradigmas e maior atenção por parte das autoridades políticas. Glauber Pinheiro afirma a existência de mitos acerca do engenheiro florestal que desvalorizam sua atividade. Muitas pessoas acreditam que o conhecimento empírico é suficiente para lidar com essa função, e a situação se complica quando esse pensamento se difunde entre empresários, órgãos públicos de controle e dos próprios sistemas de fiscalização do exercício profissional. “O cidadão não faz ideia que o singelo ato de plantar uma árvore pode trazer complicações para uma comunidade

Prédio Floresta da Universidade Federal do Paraná

e para o ambiente: é preciso levar em conta a escolha da espécie dessa árvore, a procedência do material genético e o local, por exemplo. Pode haver supressão de vegetação, descaracterização dos ecossistemas e de suas funções, e aí os riscos são bem maiores”, esclarece Glauber. O presidente da SBEF assegura ser comum a exposição de leigos e profissionais de outras áreas em veículos de comunicação difundindo informações incorretas. Outro motivo que favorece a incompreensão do valor desta profissão por parte da sociedade é que a maioria dos resultados não é instantânea e pode demorar semanas, meses ou anos para ser apresentada. Basta pensar no exemplo mais simples de uma árvore, que leva um período considerável para se desenvolver. “Muitas de nossas atividades precisam de muito tempo, até de décadas, para surtirem efeitos. Esse fato acaba favorecendo essa prática”, diz Glauber. Segundo Dartagnan Baggio, informar a sociedade, corrigir conceitos equivocados e orientar a população sobre o equilíbrio entre desenvolvimento e conservação da natureza, inclusive na mídia, é um dos papéis do engenheiro florestal. “São cinco anos de estudos nos quais o aluno vivencia, através de experiências práticas, o desenvolvimento de


Cubagem de toras de pinus

Entre as árvores

CURSOS DE GRADUAÇÃO

Universidade Federal de Santa Maria www.ufsm.br/ccr/florestal Universidade do Estado de Santa Catarina www.cav.udesc.br Universidade Federal do Paraná www.floresta.ufpr.br Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura www.esalq.usp.br Universidade Federal de São Carlos www.sorocaba.ufscar.br Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro www.if.ufrrj.br Universidade Federal do Recôncavo da Bahia www.ufrb.edu.br Fonte: SBEF

florestais atuantes. Glauber enumera que, atualmente, existem 13 mil profissionais formados em todo território nacional, sendo que, nos cursos universitários, a oferta é de uma vaga para cada 58 mil habitantes. “O aumento da população e da necessidade de matéria-prima, além do crescimento da consciência ambiental e do rigor no controle público, abre um leque enorme de possibilidades para os novos profissionais”, declara o presidente da SBEF. Para ele, tais números podem ser um indicativo de que futuros profissionais terão grandes chances de serem atendidos pelo mercado de trabalho.

Saiba mais: Portal Celulose Online www.celuloseonline.com.br Sociedade Brasileira dos Engenheiros Florestais – www.sbef.org.br Sociedade Brasileira de Sivicultura www.sbs.org.br Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais www.ipef.br Centro de Inteligência em Florestas www.ciflorestas.com.br

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SUSTENTABILIDADE: PRINCÍPIO BÁSICO A madeira, matéria-prima retirada de florestas, é a principal motivadora das buscas de soluções sustentáveis na exploração de áreas florestais. O presidente da SBEF declara que, em suas diversas finalidades, ela é fundamental para a humanidade, requer longos períodos de produção e ainda não há nenhum material que possa substituí-la com a mesma eficácia. Para suprir essa necessidade, deve haver muito planejamento e consideração de fatores econômicos, sociais e ambientais. “Econômicos para que não ocorra desabastecimento e para que suportemos financeiramente os longos ciclos;

sociais, pois teremos um tempo de convívio para execução das atividades nas comunidades locais e interação entre o empreendimento e os moradores; e ambientais, já que dependemos diretamente das condições do meio ambiente para o sucesso e a perpetuação das atividades”, justifica Glauber. O engenheiro florestal tem possibilidades de atuação em áreas rurais e urbanas, como destaca Dartagnan Baggio. Não só as indústrias de transformação passaram a valorizar esse profissional na supervisão e administração do uso de matéria-prima, mas também as cidades passaram a oferecer oportunidades para este profissional. “A Engenharia Florestal não é voltada apenas a áreas rurais e de mata preservada, onde estão as florestas e mananciais de água, mas principalmente a áreas urbanas, onde os bens produzidos pela floresta são consumidos, para controle de arborização das cidades, preservação e conservação de parques, controle da poluição do ar”, exemplifica. Alguns números representam a profissão no Brasil. Glauber Pinheiro se refere ao setor florestal como responsável por 5% do PIB do país. “A produção anual do setor é de U$$ 46,1 bilhões e gera 8,6 milhões de empregos de acordo com dados de 2008, mas tem potencial para muito mais. Temos 61,5% do território coberto por ecossistemas florestais, com atuais 524 milhões de hectares, e ocupamos lugar de destaque mundial em ciência e tecnologia florestal”, afirma. Ainda é pouco perto do que o presidente da SBEF acredita ser possível com mais incentivos e menos burocratização na área. “O poder público não tem o controle ambiental, isso é fato. E, em contrapartida, algumas atividades produtivas, como o manejo sustentável de florestas nativas, são inviabilizadas pelo excesso burocrático e pela falta de métodos de avaliação e licenciamento eficazes”, alerta. Mesmo com a repercussão de profissões voltadas ao meio ambiente, o País carece de engenheiros Fotos: Coordenação do curso de Engenharia Florestal da UFPR

pesquisas e a convivência com as comunidades que subsistem das florestas”, explica. O engenheiro florestal também precisa estar preparado para a necessidade de se transferir a lugares diversos. Rodrigo Baesso lembra que isso é frequente na profissão: “devido à existência de diferentes polos do setor florestal em localidades distintas, é comum você ter que se deslocar para outras regiões do Brasil, exigindo disposição e adaptabilidade do profissional”. Outra recomendação é que o engenheiro deve estar pronto para enfrentar novas situações de modo flexível, crítico e criativo diante da complexidade dos vários aspectos que envolvem uma comunidade. “Devemos estar aptos a compreender e traduzir as necessidades dos indivíduos com relação aos problemas tecnológicos, sócioeconômico, gerenciais e organizativos”, expõe Rodrigo. A profissão de engenheiro florestal é regulamentada pela Lei Federal nº 5.194, de 1966, enquadrando-se nas determinações para as demais Engenharias, para a Arquitetura e a Agronomia. Resoluções como a de nº 218, de 1973, no artigo 10, definem as atribuições específicas da Engenharia Florestal. Esses e outros documentos podem ser acessados pelo site da SBEF, no link Legislação.

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CONSUMO CONSCIENTE A Chokolah lança para esta Páscoa o primeiro ovo de chocolate orgânico fabricado no Brasil, livre de agrotóxicos, DNA transgênico e gordura trans. Além dos ovos, a marca também oferece barras e pastilhas de chocolate orgânico nos sabores menta, amargo, soja e ao leite. www.chokolah.com

O Vaio W Eco (VPC-W210AB/WI) é o primeiro mini notebook ecológico da Sony. Ele apresenta uma cadeia de composição e funcionamento com impacto ambiental reduzido, 80% de suas peças plásticas são feitas com material reciclado, a partir de CDs e DVDs descartados, possui manual de instruções eletrônico economizando 70% no uso de papel e é embalado por uma bolsa 100% feita de materiais reciclados. www.sony.com.br/vaioeco

As lojas da Osklen, em todo o País, passam a vender uma t-shirt exclusiva da Dow Live Earth Run For Water, uma corrida mundial pela conscientização sobre a escassez de água no planeta, que acontecerá dia 18 de abril em mais de 100 cidades do mundo. Sete por cento de todo o valor arrecadado com as vendas será revertido para o Instituto que investirá o montante em projetos que tenham por objetivo educar a população sobre o uso consciente da água. www.osklen.com.br www.run4water.com.br

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A lã de aço Bombril sempre foi um produto ecológico. Originária do minério de ferro, após um tempo de uso, degrada-se virando ferrugem e desaparece na natureza, sem deixar resíduo. SAC 0800 707 6161

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A linha ecológica da Ortopé, engajada no Ciclo 3R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), leva a ideia de sustentabilidade e preservação da natureza para os pés dos bebês. Desenvolvida com materiais de baixo impacto ambiental, como a malha feita a partir de fibra de bambu, os modelos possuem motivos de animais e plantas aplicados com bordados e serigrafia feita com tinta à base d’água, tanto no cabedal quanto na sola. www.ortope.com.br

Pensando em qualidade e preservação ambiental, a Trisoft lança no mercado o Trisoft Eco, o primeiro travesseiro 100% reciclável e ecologicamente correto. Sua composição, desde o enchimento interno até o tecido externo, é feita exclusivamente de fibra de garrafa PET, obtida através da reciclagem. www.doural.com.br e www.trisoft.com.br


Divulgação/Carlos Piratininga

Fotos: Divulgação

A Cerâmica Antigua lança mosaicos feitos com peças recicladas e pintados à mão em estilo colonial, o Mosaico Faentino. Com duas opções de tamanhos, eles formam diversas composições lindas e com ar de exclusividade. www.antigua.com.br

O livro “Responsabilidade internacional do Estado por dano ambiental”, escrito pela Juíza Federal, Alessandra Nogueira Reis, tem como tema principal os danos ambientais que afetam mais de uma nação, e tornam-se responsabilidade do Estado onde ocorreu a tragédia. Este, por sua vez, tem o dever de reparar o estrago causado aos outros países tendo culpa ou não. São abordadas questões sobre poluição atmosférica, marítima, radiação nuclear entre outras. www.campus.com.br

O condomínio residencial Neo foi concebido para ser o primeiro empreendimento com produção de energia eólica no Brasil, num conceito inédito de sustentabilidade batizado de Next Generation. Localizado no bairro Novo Campeche em Florianópolis (SC), o projeto prevê a instalação de duas turbinas de vento - uma em cada torre residencial - para o aquecimento da água consumida pelos 24 apartamentos do condomínio. www.helixwind.com

O Grupo Carrefour Brasil anunciou o fim da utilização das tradicionais sacolas plásticas na sua unidade de Piracicaba (SP). Inédita no varejo brasileiro, em quatro anos a decisão será estendida gradualmente a todas as lojas da rede. A iniciativa conta com o apoio do Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, do prefeito de Piracicaba, Barjas Negri, e do presidente do Instituto Akatu, Hélio Mattar. “Recebemos todos os dias mais de um milhão de clientes em nossas lojas e entendemos que este é um importante canal para conscientizar e influenciar o comportamento do consumidor”, afirma o Diretor-superintendente do Grupo Carrefour Brasil, Jean-Marc Pueyo. Várias opções de embalagens sustentáveis foram desenvolvidas para a comodidade e conveniência do consumidor, que terá à disposição caixas de papelão gratuitas para poder acondicionar suas compras, sacolas retornáveis a preços acessíveis e até uma sacola 100% biodegradável desenvolvida em parceria com a BASF e feita a partir de uma resina derivada do milho. “Já existe um forte movimento do público em geral, governo e ONGs para substituir as sacolinhas, mas sabemos que temos um importante desafio no sentido de discutir e convencer os consumidores sobre a importância do seu apoio e envolvimento nessa mudança”, diz o diretor de Sustentabilidade do Grupo, Paulo Pianez.

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Puff Preto Todo: é um banco composto por uma trama feita de câmara de ar de pneu... São mais de 2000 encaixes macho e fêmea para compor a peça, que une o clássico ao contemporâneo e favorece o bom gosto e a natureza. www.liderinteriores.com.br

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A gestão dos resíduos industriais vai além do respeito ao meio ambiente. É também um gesto de respeito para as gerações futuras Por Tais Castilho

SXC

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Destino correto para uma produção sem fim


caracterização descrito na ABNT NBR 10004 permite classificar um resíduo sólido, bem como identificar se ele deve, por exemplo, ser qualificado como perigoso por apresentar características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade”, explica José Cláudio. Segundo ele, características como essas é que norteiam o gerenciamento dos resíduos. “A escolha de uma alternativa para a destinação de um resíduo sólido, por sua vez, depende da composição química, do teor de contaminantes, do estado físico doresíduo, entre outros fatores”, ressalta. Implementar um projeto de gestão de resíduos sólidos em uma indústria requer um conjunto de políticas, práticas e procedimentos organizacionais, técnicos e administrativos, visando ao controle, à recuperação e à preservação dos recursos ambientais. A Resolução No. 313 do Conama, publicada em 2002, trouxe

em anexo o modelo do Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais. Trata-se de uma tabela onde as indústrias inserem um conjunto completo de informações sobre os resíduos por elas gerados, tais como: características, armazenamento, transporte, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e disposição final. EXEMPLO DE SUSTENTABILIDADE Instalada no Brasil desde 1973, a Fiat é hoje um exemplo de responsabilidade e comprometimento com o meio ambiente. Além do desenvolvimento de carros menos poluentes, a indústria automobilística recicla a maior parte dos materiais e resíduos industriais. Durante a construção da de sua fábrica, em Be tim (MG), foram

O QUE SÃO OS RSI E SUA CLASSIFICAÇÃO Segundo o Conama, todos os resíduos gerados a partir de processos produtivos industriais – nos estados sólido, semi-sólido, gasoso (quando contido) e líquido (quando inviável o lançamento na rede pública de esgoto) – são considerados RSI. No entanto, por terem cada um deles característica próprias, é necessário subdividi-los em três classes. São elas: Resíduos de Classe I (Perigosos) – Devido às suas características físico-químicas e infecto-contagiosas, apresentam ao menos uma das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Exemplos: restos e borras de tintas e pigmentos, resíduos de limpeza com solvente na fabricação de tintas, aparas de couro curtido em cromo, embalagens

vazias contaminadas e resíduos de laboratórios industriais. Resíduos de Classe II (Não Inertes) – Apresentam propriedades de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. Exemplos: resíduos de EVA (etil vinil acetato) e de poliuretano espumas, cinzas de caldeira, escórias de fundição de alumínio e de produção de ferro, aço, latão e zinco. Resíduos de Classe III (Inertes) – Aqueles que em contato estático ou dinâmico com água não a contaminam ou se misturam a ela. Exemplos: restos de alimentos, de madeira, sucata de metais ferrosos e não ferrosos, resíduos de materiais têxteis, de plástico polimerizado, de borracha, papel e papelão.

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Praticamente toda atividade humana gera resíduos que causam impactos e descontrole ambiental. Por isso, para facilitar sua gestão, os chamados resíduos sólidos foram divididos em diversas classes, de acordo com sua origem (de saúde, construção civil, urbano e industrial). Mas, apesar dessa divisão, a ideia sobre o que fazer com eles é uma só: reduzir sua quantidade, seja por meio da reutilização, seja por meio da reciclagem. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos (Abetre), atualmente há 23 principais normas aplicáveis aos resíduos sólidos, sendo duas leis federais, cinco resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), duas resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), três normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e 11 leis estaduais. José Cláudio Junqueira Ribeiro, coordenador da Comissão de Estudo Especial Temporária (CEET) da ABNT, conta que os resíduos sólidos são classificados segundo a NBR 10004. Essa norma foi publicada pela ABNT em 1987, mas aperfeiçoada em 2004 com base num regulamento técnico federal norte-americano. “O processo de

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PROCESSO UNIFICADO Com o modelo “World Class Manufacturing”, todas as unidades da Fiat no mundo possuem as mesmas diretrizes de produção, seguindo o sistema “lean” aplicado na maioria dos grupos empresariais japoneses. Esse sistema visa reduzir os gastos e o desperdício de materiais, aproveitar melhor o tempo e zerar os acidentes de trabalho. Já em relação ao meio ambiente, a preocupação da

montadora vai desde a coleta seletiva até a melhoria constante dos processos industriais com, por exemplo, a eliminação dos resíduos nos processos químicos como o da pintura. Outro exemplo está na arquitetura da fábrica: os novos galpões, projetados na atual fase de expansão da Fiat, já adotam conceitos bioclimáticos ecológicos, contando com iluminação e ventilação naturais e com sistemas inteligentes de descarga sanitária. Fotos: Divulgação

instaladas estações de tratamento de água, resíduos e ar. De lá para cá, inúmeras medidas relacionadas à preservação do meio ambiente foram tomadas. De acordo com Windson Paz, diretor de Qualidade da Fiat América Latina e responsável pelo Comitê de Desenvolvimento Sustentável, a Fiat foi a primeira empresa brasileira a eliminar a substância ascarel em seu processo produtivo, investindo mais de US$ 9 milhões para incinerar 442 toneladas da substância, na Inglaterra. Além de implantar a coleta seletiva e a reciclagem de resíduos industriais, a empresa foi a primeira montadora brasileira a receber a certificação ISO 14001 por seu sistema de gestão ambiental.

Divulgação

Vista aérea da fábrica da Fiat

ILHA ECOLÓGICA A Ilha Ecológica da Fiat fica dentro da fábrica, que tem 30 mil metros quadrados e cerca de 100 funcionários que trabalham na destinação dos resíduos sólidos gerados no processo produtivo – um volume de 400 toneladas de material processado por dia.

Resíduos prontos para serem levados à Ilha Ecológica da Fiat


TRATAMENTO E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS As melhores opções para os resíduos industriais ainda são a reutilização e a reciclagem, práticas incentivadas em vários estados brasileiros através de bolsas de resíduos – publicações periódicas, gratuitas, por meio das quais a indústria disponibiliza os seus resíduos para venda ou para doação. Além das publicações, vários sites, como o da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o do Sistema Integrado de Bolsas de Resíduos (SIBR), disponibilizam um espaço para a oferta

PERFIL DO SETOR DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS NO BRASIL • Foram contabilizadas 7,1 milhões de toneladas de resíduos sólidos industriais em 2008; • São 160 unidades receptoras de resíduos sólidos em operação; • 20 mil clientes ativos e 12 mil empregos diretos; • 77% dos resíduos sólidos industriais são tratados e dispostos em aterros, 17% são coprocessados, 3% são incinerados ou passam por outros tratamentos térmicos, e 3% passam por tratamentos biológicos e outros; • Dos resíduos sólidos industriais gerados e tratados, em média, 25% são perigosos e 75% não perigosos; • Em 2008, os resíduos sólidos industriais igualaram-se aos resíduos sólidos urbanos em tratamento e destinação (50% de RSI e 50% de RSU), gerando R$ 1,8 bilhão entre tratamento, gerenciamento, transporte e outros. Fonte: Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos (Abetre)

de resíduos – uma espécie de “classificados” para que indústrias possam converter RSI em matéria-prima. Não havendo possibilidade de reuso, é preciso torná-los inertes. Há vários processos para dar a cada tipo de resíduo o destino correto, e eles envolvem a triagem, o acondicionamento, o transporte e o tratamento. Conforme estipula a legislação, a responsabilidade total pelo gerenciamento dos RSI é de quem os produz. Inclusive, se uma empresa especializada for contratada para transportar resíduos de uma indústria e ocorrer algum problema – como, por exemplo, o vazamento de um líquido químico –, a indústria que contratou o serviço é que irá responder pelo acidente. Por isso, é muito importante que as indústrias que terceirizam o tratamento de resíduos procurem empresas especializadas, que atendam a todas as normas brasileiras.

Na ilha, eles são reciclados e transformados

Além de implantar a coleta seletiva e a reciclagem de resíduos industriais, a Fiat foi a primeira montadora brasileira a receber a certificação ISO 14001 por seu sistema de gestão ambiental

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Cada carro produzido hoje gera 210 quilos de resíduos. Porém, 93% disso é reciclado, e o restante tem destino ecologicamente correto. Em 1996, cada carro gerava 400 quilos de resíduos, e apenas 70% dessa quantidade ia para a reciclagem. Windson Paz conta ainda que a Fiat investiu US$ 11,5 milhões nos pós-combustores dos fornos de secagem da pintura, que controlam totalmente as emissões atmosféricas de gases tóxicos. Além disso, também lembra que a montadora foi pioneira em picotamento e condensação de caixas de isopor (poliestireno expandido) em matéria-prima para a fabricação de peças plásticas como canetas, solas de sapato, utensílios domésticos e outras. Segundo o diretor de qualidade, nos últimos 10 anos foram recicladas 16 mil toneladas de papel e papelão (o equivalente a 320 mil árvores), 16 mil toneladas de plástico e 1,625 mil toneladas de isopor (que correspondem a 75 toneladas de petróleo).

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Laboratório de análises da Essencis Soluções Ambientais

Além do transporte, que é parte importante do programa de gerenciamento de resíduos sólidos, existem os processos de tratamento. Fase anterior à destinação final (disposição em aterros), o tratamento serve para despoluir e reduzir os RSI, minimizando os eventuais danos que eles poderiam causar

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ESSENCIS INVESTE NO REAPROVEITAMENTO

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Com tecnologia de ponta, a Essencis Soluções Ambientais não para de crescer e de apresentar soluções eficazes para tratamento e disposição final de resíduos. A empresa possui laboratórios próprios para caracterização e classificação de resíduos, cuida de aterros e oferece uma ampla lista de serviços, como dessorção térmica, incineração, coprocessamento, tratamento de efluentes, biopilha e diversos outros. Tem também uma unidade de negócios de manufatura reversa, solução que promove o ciclo completo de sustentabilidade de produtos manufaturados. Muitos equipamentos eletroeletrônicos que seriam descartados – geladeiras, condicionadores de ar, veículos e diversas outras máquinas – são desmontados e descaracterizados para que suas partes recicláveis sejam reaproveitadas. Luzia Galdeano explica: “Produtos descartados ganham vida nova na forma de materiais que são reintegrados aos processos industriais para serem utilizados em outras aplicações. O que não pode ser reaproveitado é tratado e encaminhado para a destinação final adequada”. Além da manufatura reversa, outras medidas estão sendo implementadas. “A previsão é de que a Essencis comece a recuperar metais e entulhos ainda neste ano”, finaliza.

Fotos: Divulgação

RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS

Vista aérea do aterro da Essencis em Caieiras (SP)

ao meio ambiente ou à saúde pública. Os diversos processos de tratamento são aplicados levando-se em conta dois fatores: o tipo de resíduo e a viabilidade econômica. Os mais utilizados atualmente, de acordo com o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (publicação elaborada em 2001 pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal sob o patrocínio da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República) são: Incineração e pirólise: Ambos são processos de destruição térmica. Na incineração, os materiais à base de carbono são queimados com excesso de oxigênio. Durante sua decomposição, desprendem calor e geram um resíduo de cinzas. Normalmente, o excesso de oxigênio empregado na incineração é de 10% a 25% acima do necessário para a queima dos resíduos. “A decomposição térmica acontece via oxidação a alta temperatura da parcela orgânica dos resíduos, transformando-a em uma fase gasosa e outra sólida, reduzindo o volume, o peso e as características de periculosidade dos resíduos”, explica Luzia Galdeano, superintendente de implementação e operações da Essencis Soluções Ambientais, empresa especializada em tratamento e destinação final de resíduos e em manufatura reversa. Resíduos sólidos, pastosos, líquidos e gasosos podem ser incinerados. Por exemplo: resíduos orgânicos clorados e não clorados (borra de tinta, agrodefensivos, borras oleosas, farmacêuticos, resíduos de laboratório e resinas, entre outros), resíduos inorgânicos contaminados com óleo, resíduos ambulatoriais (grupo B dos resíduos sólidos de saúde) e solos contaminados. “As escórias e cinzas são

As melhores opções para os resíduos industriais ainda são a reutilização e a reciclagem, práticas incentivadas em vários estados brasileiros através de bolsas de resíduos dispostas em aterros próprios, os efluentes líquidos são encaminhados para estações de tratamento e os gases oriundos da queima são tratados e monitorados”, finaliza Luzia. A pirólise também é um processo de destruição térmica, mas difere da incineração por absorver calor e se processar na ausência de oxigênio. Neutralização: Processo utilizado para resíduos com características ácidas ou alcalinas. Consiste em neutralizar a periculosidade de certos produtos através de reações químicas.


Secagem ou mescla: É a mistura dos resíduos com alto teor de umidade com resíduos secos ou com materiais inertes, como serragem, por exemplo. Encapsulamento: Consiste em revestir os resíduos com uma camada de resina sintética impermeável e de baixíssimo índice de lixiviação. Incorporação: Neste processo, os resíduos são agregados a uma massa de concreto ou de cerâmica em quantidades que não prejudiquem o meio ambiente. Os resíduos também podem ser acrescentados a materiais combustíveis, desde que não gerem gases prejudiciais ao meio ambiente quando queimados. Depois de passar por algum desses processos de tratamento, os resíduos são levados para aterros próprios, de acordo com sua carga física, química ou biológica. CÂMARA APROVA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS No começo de março, a Câmara dos Deputados aprovou o substitutivo ao Projeto de Lei no. 203/91, do Senado Federal, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, impondo

obrigações a empresários, governos e cidadãos no gerenciamento dos resíduos. Antes de ser encaminhada para a sanção do presidente, a matéria passará por nova votação no Senado. A seguir, alguns destaques das novas regras. Ciclo de vida dos produtos: Todos os envolvidos na fabricação e comercialização de produtos terão de investir em tecnologias para oferecer ao mercado produtos recicláveis e que gerem a menor quantidade de resíduos, incluindo embalagens. Logística reversa: Geradores de resíduos perigosos – agrotóxicos, pilhas, baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes e produtos eletroeletrônicos, entre outros – serão responsáveis pelo recolhimento desses materiais, sua desmontagem (se for o caso), reciclagem e destinação ambientalmente correta. Coleta seletiva: O poder público deverá estabelecer a coleta seletiva, implantar sistema de compostagem (transformação de resíduos sólidos orgânicos em adubo) e dar destino final ambientalmente adequado aos resíduos da limpeza urbana (varredura das ruas). As empresas de limpeza urbana deverão dar prioridade ao trabalho de cooperativas de ca-

tadores formadas por pessoas de baixa renda. Os municípios que implantarem a coleta com a participação de associações e cooperativas de catadores terão prioridade no acesso a recursos da União em linhas de crédito, no âmbito da Política Nacional de Resíduos. Proibições: Não poderão ser lançados resíduos no mar, em praias, rios e lagos. Será proibido o lançamento de resíduos a céu aberto sem tratamento – exceto no caso da mineração –, além da queima a céu aberto ou em equipamentos não licenciados. A importação de resíduos perigosos ou que causem danos ao meio ambiente e à saúde pública também será proibida. Referências: www.ibam.org.br www.portfolio.com www.abrelpe.org.br www.abetre.org.br

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ATERRO SANITÁRIO

Para onde vai o nosso lixo? Um problema para o poder público, o meio ambiente e a sociedade em geral

VISÃO AMBIENTAL • MARÇO/ABRIL • 2010

Imagine que você e sua família acabaram de almoçar em um restaurante. Os restos de comida, os copos descartáveis e os guardanapos são jogados no lixo. O mesmo acontece em sua casa, quando tudo o que não tem mais utilidade para você é colocado na calçada para que os lixeiros passem e levem embora. Ao ver o caminhão partir, já pensou o que acontece com esse lixo? Talvez, que uma parte dele seja reciclada, outra incinerada e outra é levada para um aterro sanitário. Essas são as alternativas corretas, mas a realidade brasileira mostra que o lixo também pode ter outros destinos.

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A PROLIFERAÇÃO DOS LIXÕES Moscas, baratas, ratos, urubus e montanhas de lixo. Esse é o retrato dos aterros irregulares ou clandestinos, mais conhecidos como lixões. Concentrados nas periferias das cidades, nesses locais os resíduos recolhidos nos centros urbanos são simplesmente jogados sem qualquer cuidado, ocasionando problemas como o surgimento de vetores transmissores de doenças, o mau cheiro, a contaminação do solo e dos corpos d’água, além da destruição da paisagem urbana. E o pior: nesse ambiente, crianças e adultos garimpam o lixo na esperança de garantir o sustento da família. O cenário antigo e, por muitas vezes, já foi objeto de discussões em fóruns nacionais e internacionais. Mas será que esse problema tem solução? Uma alternativa é o aterro sanitário, onde os resíduos sólidos, principalmente o lixo domiciliar, são depositados, cobertos com terra e prensados, selados. A reciclagem é outro meio para lidar corretamente com os resíduos domésticos, pois, além de

minimizar o problema, pode gerar lucro e emprego para quem nela investe. Infelizmente, não existe no País uma política de reciclagem efetiva. Fica a cargo de cada município coletar o lixo e, então, reciclá-lo ou direcioná-lo para quem o faça. Chega a ser assustador o aumento desenfreado de lixo produzido hoje no Brasil, e a tendência é que esse volume cresça ainda mais. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o País gera, em média, 90 milhões de toneladas de lixo por ano, e cada brasileiro, aproximadamente, 800 gramas de lixo por dia, podendo chegar a um quilo, a depender do poder aquisitivo. Esse lixo compõe-se, em média, de 25% de papel, 4% de metal, 3% de vidro, 3% de plástico e 65% de matéria orgânica. A situação é tão séria que a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resídu-

os Especiais (Abrelpe) resolveu fazer um levantamento sobre essa questão. Dentre os dados, outro fator alarmante: mais de 20 mil toneladas de lixo produzido diariamente no País não são coletadas e vão parar em rios, valas, terrenos baldios e mar. Esse conteúdo é suficiente para encher 28 piscinas olímpicas todo dia. Das 150 mil toneladas de lixo coletadas diariamente, 83 mil toneladas (54,9%) vão parar em aterros sanitários, enquanto 67 mil toneladas (45,1%) seguem para lixões a céu aberto. Essa economia do “jogar fora” agrava ainda mais a situação de Tecnologia micro-ondas para tratamento de resíduos e geração de energia e combustível

Divulgação

Por Melissa Sayki


DEMANDA, INVESTIMENTO E TECNOLOGIA Embora o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos seja uma obrigação constitucional das prefeituras, as iniciativas mais bem-sucedidas vêm do setor privado, já que faltam recursos ao poder público para bancar os investimentos, sobretudo na fase inicial do projeto. Para empresários como o engenheiro e especialista em finanças Luciano Prozillo, o modelo de negócio que permite transformar lixo em dinheiro tem se tornado atraente, rentável e desafiador. “Depois de anos de pesquisas financiadas pela Propower Energy do Brasil Ltda. junto a pesquisadores das universidades federais de Santa Catarina e Mato Grosso, foi possível desenvolver uma solução tecnológica capaz de tratar resíduos e, ao mesmo tempo, gerar energia elétrica e combustível a partir deles”, comemora o diretor da empresa. Em quatro anos foi investido R$ 1,5 milhão. A tecnologia em questão envolve a utilização de micro-ondas, já conhecida em todo o mundo, mas não na área de saneamento. Nesse processo,

em vez de ser depositado em um aterro, o lixo é encaminhado para uma “Unidade de Tratamento de Resíduos”, onde são separados os materiais recicláveis. O lixo orgânico é triturado e levado a um reator de micro-ondas, no qual passa por um processo de depuração a altas temperaturas, o que reduz em 90% seu tamanho. O resultado é uma biomassa sem cheiro e sem contaminação, contaminação que, transferida para a Unidade Termogeradora, produz energia elétrica. Essa eletricidade é enviada à concessionária local através de linhas de transmissão. “O que oferecemos é uma solução capaz de diminuir a demanda por aterros sanitários e, ainda, gerar energia autossustentável”, garante Luciano. Outra novidade é o craqueamento do plástico, um processo gerador de combustível. Na triagem, separa-se o plástico. O material passa por uma reação termocatalítica que recupera as frações de hidrocarbonetos, resultando em diesel e gasolina. Com isso, a empresa espera multiplicar em dez vezes o seu faturamento anual, hoje estimado em R$ 30 milhões. Mas a ousadia do empreendimento não para por aí. Para tornar o negócio ainda mais atrativo aos olhos dos prefeitos de pequenos e médios municípios brasileiros, Luciano Prozillo garante que a simplicidade da máquina garante bons resultados: “O equipamento é fabricado por em-

Tecnologia Micro-ondas 2. Triagem

1. Recepção

3. Triturador 4. Reator de Micro-ondas

5. Briquetadeira

6. UTE 7. Distribuição de energia

Fonte: Divulgação/Luciano Prozillo

presas terceirizadas e possui um elevado grau de automação. São necessários apenas 15 funcionários, divididos em três turnos, para operá-lo em uma usina padrão. O bom é que o investimento, de R$ 10 milhões, se paga em dois anos.” UMA PROPOSTA DE ATERRO A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define da seguinte forma os aterros sanitários: “consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza os princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos ao menor volume permissível, cobrindoos com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou à intervalos menores se for necessário.” E para que isso ocorra de modo eficiente, é imprescindível seguir à risca o que manda a legislação sobre a implantação e a operação. “Do contrário, o espaço facilmente se transformará em um lixão”, lembra Geraldo Antônio Reichert, membro da Câmara Temática de Resíduos Sólidos da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes). Na hora da escolha do terreno, é necessário fazer um estudo de impacto ambiental no local para determinar a área de terra necessária para o aterro, a composição do solo e do leito da rocha, o fluxo de água da superfície no lugar, o impacto do aterro sobre a vida selvagem e o valor arqueológico ou histórico do ambiente. Segundo a Norma Técnica NBR 8.419 (ABNT, 1984), um aterro sanitário deve ser localizado a uma distância mínima

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algumas cidades brasileiras, pois há um conjunto de fatores que devem ser levados em consideração, como a falta de cultura sobre a real necessidade de aterros sanitários, a escassez desses espaços e, principalmente, a falta de recursos públicos a serem aplicados nesse setor.

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ATERRO SANITÁRIO de 200 metros de qualquer curso d´água e não ser operado em áreas sujeitas à inundação. A arborização deve ser adequada nas redondezas para evitar erosões, o espalhamento da poeira e, ainda, para reter os odores. Também devem ser construídos poços de monitoramento para avaliar se estão ocorrendo vazamentos e contaminação do lençol freático. Completado o estudo, chega o momento de solicitar as autorizações dos governos local, estadual e federal. Como outros empreendimentos de alto potencial de impacto no meio ambiente, os aterros sanitários precisam precisam obter três licenças ambientais: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO). Para depósitos de menor porte, os órgãos de controle ambiental dos estados têm exigido diferentes níveis de licenças, dependendo de cada caso. Os fatos nada entusiasmante é que a instalação de um aterro sanitário leva anos para ser concluída, pois as inspeções levam tempo, seu custo é alto e o local será fechado depois de dez

anos de utilização. No caso dos resíduos industriais e hospitalares, eles devem ser encaminhados para depósitos específicos, cuja instalação é ainda mais complexa, pelo alto risco de contaminação. No Brasil, a maioria dos aterros é municipal, mas a responsabilidade sobre sua operação é das empresas concessionárias que realizam a coleta de lixo na cidade. O gerenciamento de um aterro sanitário, aliás, é um dos pontos críticos. Portanto, para garantir sua durabilidade, são essenciais: a contratação de mão de obra qualificada, o investimento em equipamentos de ponta, o controle rigoroso da entrada dos resíduos, um sistema de drenagem eficiente e o tratamento correto do chorume. OUTROS SISTEMAS DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS Triagem e reciclagem: a primeira etapa consiste na separação dos materiais recicláveis dos não recicláveis. Depois, os materiais recicláveis são reaproveitados como matéria-prima para

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Funcionamento de um aterro sanitário regular

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1- Primeiramente, o solo é perfurado até o lençol freático e impermeabilizado com uma manta de polietileno (tipo de plástico sintético durável e resistente a perfurações) e uma camada de pedra britada. Em alguns casos, o plástico também é combinado com solos de argila compactados, que funcionam como um revestimento adicional. Isso é muito importante para evitar a contaminação do local. 2- Depois, o lixo é compactado por máquinas pesadas, como tratores, escavadeiras ou rolos compressores, que passam sobre o monte de resíduos várias vezes. 3- Na sequência, uma camada de terra compactada, de cerca de 30 centímetros de altura, cobre o lixo para evitar a proliferação de vetores de doenças. A compactação, além de reduzir o volume das camadas de resíduos e terra, prolongando a vida útil do aterro, serve também para diminuir a liberação de gases. 4- O chorume (líquido que sai do lixo misturado à água da chuva) percorre as calhas de concreto e escoa para a lagoa de acumulação. Para evitar o excesso das águas de chuva, tubos colocados ao redor do aterro as desviam para outras áreas. 5- Na lagoa de acumulação, o chorume passa por testes que verificam se os níveis de vários produtos químicos são aceitáveis. Depois de testado, o líquido é tratado como qualquer água de esgoto. O tratamento pode ocorrer no próprio local ou fora dele. 6- Os gases liberados pelo lixo são captados por chaminés com filtros. Por esses canos verticais eles sobem e chegam à superfície. Alguns são retidos e aproveitados como combustível – o biogás é composto principalmente por metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2). 7- Um aterro sanitário tem vida útil de 10 a 20 anos, dependendo do tamanho da área. Esgotada a capacidade de depósito de resíduos, ele deve ser fechado. Como há riscos de contaminação por, pelo menos, mais 15 anos, recomenda-se que o terreno não seja usado para construções. Em algumas cidades, o local dá origem a Fonte: www.educarede.org.br áreas verdes de conservação.

fabricação de novos produtos. Compostagem: processo controlado de transformação de resíduos orgânicos em composto orgânico (adubo). Os resíduos orgânicos podem ser decompostos por microorganismos como bactérias e fungos, ou, em baixas temperaturas, por organismos como lesmas e minhocas. Incineração: consiste na queima de resíduos sólidos, industriais e hospitalares sob condições extremamente controladas, permitindo, assim, a redução de seu volume e o aproveitamento da energia liberada durante a combustão. CTR DE NOVA IGUAÇU: UM MODELO DE SUCESSO A Central de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu (RJ), implantada em 2003 pela empresa Novagerar – hoje pertencente ao grupo Haztec –, utilizou tecnologias modernas para promover o encerramento e a recuperação ambiental do antigo lixão da Marambaia, onde todo o lixo de Nova Iguaçu vinha sendo depositado sem qualquer controle desde 1990. Trata-se do primeiro projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do mundo, registrado pela Organização das Nações Unidas (ONU) de acordo com o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997. O MDL incentiva a redução de emissões de gases de efeito estufa nos países em desenvolvimento através do investimento em projetos socioambientais. Com esse mecanismo, são gerados créditos de carbono, commodities ambientais que podem ser negociadas no mercado internacional. A captação e o aproveitamento energético do


Vista aérea da Central de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu (RJ)

biogás têm como principal objetivo o combate ao aquecimento global e a melhoria ambiental no país hospedeiro do projeto. Já a lucratividade com essa iniciativa é considerada receita acessória, adicional ao empreendimento. De acordo com a assessoria de imprensa da CTR de Nova Iguaçu, o aterro tornou-se referência no mundo por apresentar resultados concretos para amenizar o mais grave problema ambiental do planeta: até 2012, estima-se a redução de aproximadamente três milhões de toneladas de emissões de gás carbônico. “Exemplos recentes mostram que as empresas que apostaram em modernas tecnologias de transformação de resíduo em energia transformaram um passivo ambiental num ativo, colaborando com a qualidade ambiental do planeta e com a qualidade devida das pessoas”, ressalta Mônica Hog. REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR Outro bom exemplo de gestão de resíduos é o projeto Lixo Mínimo, adotado por um dos mais

tradicionais hotéis do Estado do Rio de Janeiro. Localizado em Visconde de Mauá, na Serra da Mantiqueira, o Hotel Bühler desenvolve, há nove anos, uma ação para eliminar os impactos negativos do lixo. “Todo resíduo gerado pelo estabelecimento é tratado, destinado para reciclagem ou reaproveitado. O lixo orgânico (restos de comida, papéis sujos, cascas de fruta, cinzas de lareira e outros) é transformado em adubo por meio de decompositores e é utilizado nos jardins do próprio hotel. Já o óleo de cozinha vira sabão”, garante a sócia-gerente Norma Bühler. Além disso, quem visita o estabelecimento pode ver garrafas de vidro e PET sendo usadas para preencher blocos de concreto ou formar canteiros na horta. Cascas de ovo viram uma nutritiva farinha de cálcio e latas tornam-se charmosos vasos depois de pintadas. “Durante a estadia, o hóspede é convidado a depositar cada tipo de resíduo em um recipiente apropriado, facilitando o trabalho dos funcionários, que também aderiram integralmente ao projeto”,

No Hotel Bühler, os resíduos são separados (à esq.) e o lixo orgânico vai para decompositores

conta a gerente do hotel. “As técnicas que adotamos aqui podem ser adotadas também por restaurantes, lojas, condomínios e até mesmo por residências. Eu sempre digo que, para adotar um programa de redução de lixo, basta ter boa vontade.” O primeiro passo a ser seguido é aprender a separar o próprio lixo. Assim, pode-se avaliar o volume de resíduos produzido diariamente e, então, tentar reduzi-lo, dando preferência, na hora das compras, a produtos com menos embalagem ou que tenham alguma ligação com práticas sustentáveis. “O importante disso tudo é refletirmos sobre a questão do lixo, para entender que somos responsáveis pelos resíduos que geramos”, diz Norma. “E nada melhor do que fazer primeiro a nossa parte, para depois, cobrar atitudes semelhantes do vizinho e do poder público”, conclui. Saiba mais: • Lixo Mínimo www.hotelbuhler.com.br • Central de Tratamento de Resíduos – Nova Iguaçu (RJ) www.ctrnovaiguacu.com.br • Tecnologia de Micro-ondas para tratamento de resíduos www.propowerenergy.com.br

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Fotos: Divulgação

Flare da Central de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu (RJ)

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EcoSoftware

Sistema de Administração de Resíduos Aumente o lucro diminuindo as perdas


SEJA ECONÔMICO! GERENCIE OS RESÍDUOS DE SUA EMPRESA E AUMENTE OS LUCROS COM SUSTENTABILIDADE. A NR Ambiental, em parceria com a EcoSoftware, traz ao Brasil o SAR - Sistema de Administração de Resíduos. Essa inovadora ferramenta, já amplamente testada e utilizada em grandes indústrias da América Latina, permite o gerenciamento eficaz dos resíduos produzidos na operação de sua empresa. Desenvolvido especialmente para as áreas de Mineração e Petróleo, Indústria e Hospitais, o SAR simplifica o gerenciamento de resíduos, disponibilizando informações precisas em tempo real. Por meio da Internet, o sistema reúne e centraliza todos os dados da empresa e de suas subsidiárias, permitindo que eles sejam acessados de qualquer computador conectado à rede mundial. Toda a informação é apresentada de forma consolidada, através de relatórios customizáveis desenvolvidos por profissionais experientes e atuantes. O sistema possui ainda interface para exportar esses dados para sua planilha eletrônica. Resíduos em excesso significam desperdício de matérias-primas ou insumos. O SAR permite que se conheça de forma direta a quantidade de resíduos produzida em cada etapa da produção, identificando, assim, os processos pouco eficientes. Essa poderosa ferramenta possibilita ainda a emissão dos formulários necessários para o correto transporte de resíduos perigosos. Evite problemas com a fiscalização dos órgãos ambientais. Com o SAR, todo o histórico do resíduo, desde sua produção até a correta destinação final, estará acessível em segundos! Mapear a geração de resíduos em cada etapa do processo produtivo é fundamental para a implantação das normas de certificação ISO 14000. Nesse sentido, o SAR é um forte aliado de sua empresa, pois, organizando as informações segundo as melhores práticas do mercado, permite uma redução drástica nos custos de certificação. Disponível em português, espanhol, inglês e japonês. A NR Ambiental oferece também todo o treinamento necessário para a efetiva implantação do sistema em sua empresa. Agende uma demonstração sem compromisso e faça parte desta nova economia, com sustentabilidade e lucros!

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EVENTOS

Feiras e congressos colocam o meio ambiente em destaque Por Susi Guedes

e proporcionam o encontro das empresas e entidades com do meio ambiente com seus possíveis clientes. Além do espaço dos expositores, há também congressos e seminários que ocorrem paralelamente. Saiba mais sobre esses eventos.

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Divulgação

O mês de abril será marcado por dois importantes eventos que têm como foco empresas e negócios ligados a meio ambiente e sustentabilidade. Questões como produção mais limpa, gestão de resíduos, saneamento, energias alternativas, fontes renováveis de combustível,

matérias-primas inteligentes e tantas outras ligadas à preservação do planeta, que até pouco tempo atrás eram consideradas delírio por alguns e coisas sem importância por outros, hoje fazem parte do cotidiano dos negócios lucrativos e conscientes. A Ambiental Expo e a Fiema Brasil estão entre as feiras de maior destaque no cenário nacional

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Em sua quarta edição, a Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente (Fiema), promovida pela Fundação Proamb, uma organização voltada para o desenvolvimento das questões ambientais e de sustentabilidade, consolida-se como feira internacional de negócios focada no meio ambiente e em temas relacionados a ele. A tendência do mercado que dita que “green is green” (o que é ligado ao verde, à natureza, é dinheiro bem aplicado, é bom negócio) impulsionará esta edição. O evento fortalece os princípios de sustentabilidade ao reunir tantas empresas e organizações voltadas para a produção de tecnologia, soluções e serviços focados no meio ambiente, atuantes em áreas como: gestão de efluentes líquidos, apoio e fomento aos negócios sustentáveis, geração e conservação de energia, equipamentos para produção limpa, gestão de resíduos, construções sustentáveis, tratamentos de emissões atmosféricas e outras. A programação paralela contempla diversos interesses: Rodadas de Negócios, Jornada Técnica, 2º Congresso Internacional, Seminário de Segurança do Trabalho, Seminário de Gestão Ambiental na Agropecuária, Casa Sustentável, Fórum Brasileiro de Energia, entre outros.

Panorâmica do evento em 2009

Versão latino-americana da consagrada Pollutec (França) – maior evento de meio ambiente do mundo –, a Ambiental Expo (Feira Internacional de Equipamentos e Soluções para o Meio Ambiente) foi criada em 2009 com o objetivo de ser o centro gerador de conhecimento e negócios entre governos e indústrias para fomentar a economia verde e o desenvolvimento sustentável. Organizada e promovida pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, em parceria com a Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), a feira apresenta equipamentos, serviços e soluções para prevenção e tratamento nos setores de saneamento, resíduo, ar, solo, energia e ruído. Simultaneamente à feira é realizado o Congresso Ambiental Expo, cuja grade privilegia temas focados no aspecto macroeconômico do meio ambiente e sua relação com as esferas governamentais. Data: 27 a 29 de abril de 2010 Horário: 13h às 20h Local: Pavilhão de Exposições do Anhembi Av. Olavo Fontoura, 1.209 – São Paulo (SP) Telefones: (11) 3060-4893 / 4894 www.ambientalexpo.com.br

Data: 27 a 30 de abril de 2010 Horário: 10h às 18h Local: Parque de Eventos de Bento Gonçalves Al. Fenavinho, 481 – Bento Gonçalves (RS) Telefones: (54) 3055-3979 www.fiema.com.br Fonte: Assessorias de Imprensa


LINHA DE CRÉDITO

Seminário Economia Verde

Seminário levou informações e boas notícias para participantes e entidades

Milton Luiz de Melo Santos, diretor-presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento

Por Susi Guedes Em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a Nossa Caixa Desenvolvimento - Agência de Fomento Paulista promoveu um seminário que levou não só informações, mas também boas notícias para as pessoas e entidades ligadas à questão ambiental. Principalmente àqueles que necessitam dos benefícios de uma linha de crédito para levar adiante seus projetos. Participaram dos debates e palestras autoridades e personalidades com destacada relevância na área de meio ambiente e sustentabilidade, entre eles: Fabio Feldmann, Walter Lazzarini, José Goldemberg, Fernando Almeida, Rachel Biderman, Ignacy Sachs, Eduardo Jorge e Xico Graziano, além do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de Geraldo Alckmin e do governador José Serra. Há uma lista de assuntos que vêm sendo exaustivamente discutidos: ações públicas e privadas na preservação do meio ambiente, metas de redução de emissão de gases, créditos de carbono, econo-

mia sustentável, novos modelos de produção. Para os participantes do seminário, no entanto, é preciso agir, é preciso que ideias sejam postas em prática. E foi com base nesse consenso que a Nossa Caixa Desenvolvimento lançou a Linha de Financiamento Economia Verde, para dar suporte às pequenas e médias empresas paulistas que queiram reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Trata-se de um financiamento inteligente, que pode contemplar cada etapa da produção. A linha Economia Verde financia até 100% do projeto, com taxa de juros de 6% ao ano – corrigida pelo IPC-Fipe – e prazo de até 5 anos para pagamento – com até 1 ano de carência. Com recursos próprios, destina crédito para investimento em inovação e tecnologia sustentável. “Queremos preparar o Estado para uma sociedade mais moderna, preocupada com o meio ambiente, além de incentivar as novas tecnologias”, diz o diretor-presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento, Milton Luiz de Melo Santos. A agência também repassa recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Serão disponibilizados R$ 170 milhões em créditos para empresas com faturamento anual entre R$ 240 mil e R$ 100 milhões. A atuação será em parceria com as entidades de classe do setor produtivo. “Ninguém melhor que as entidades para saber as necessidades das empresas de cada setor”, afirma Santos. As empresas interessadas em obter créditos da agência podem encaminhar a documentação

necessária diretamente para a entidade de classe por quem é representada. Ela fará todo o acompanhamento junto à Nossa Caixa Desenvolvimento. Além do financiamento, a agência contribui com a elaboração de inventário de emissão de gases de efeito estufa e com a elaboração de projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL). Podem se beneficiar os seguintes setores: agroindústria, transporte, saneamento, energias renováveis, eficiência energética, processos industriais, recuperação florestal em áreas urbanas e rurais, manejo de resíduos e construção. O grande entusiasmo demonstrado pelo presidente da Nossa Caixa Desenvolvimento e a expectativa de que essa nova linha de crédito seja uma mola propulsora no desenvolvimento sustentável do estado de São Paulo sugerem uma mudança de atitude por parte das empresas, que renovaram seus conceitos ao entender que questões ambientais podem ser aliadas de bons negócios.

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Fotos: Divulgação/ Alex Silva e Miguel Schincariol

Dinheiro público apoiando empresas sustentáveis

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VISÃO POLÍTICA

Antonio Carlos Porto Araujo

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Há mais de 20 anos se discute no Brasil a viabilização de uma política de construção de barragens no Rio Xingu (Pará). No início de fevereiro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) anunciou a liberação da licença ambiental prévia para o projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. Desde então se intensificam as opiniões e pressões com todos os tipos de interesses, nem sempre ambientalmente justificáveis, tanto a favor quanto contra a construção. Infelizmente, a adjetivação que todas as partes pretendem dar ao assunto carece muitas vezes de racionalidade. Como se fosse possível concluir sabiamente como “inteligente” ou “burra” a construção de uma obra dessa magnitude. O fato é que nosso País precisa de mais fornecimento de energia elétrica. Segundo relatórios recentes, atingimos no último mês o recorde de consumo de eletricidade. Projetando o crescimento do Brasil para os próximos dez anos, teremos de dobrar a capacidade de oferta de energia para algo em torno de 200 mil MW. Todos nós assistimos com o último blecaute a vulnerabilidade que o sistema elétrico brasileiro sofre em todos os segmentos. Desde a geração, transmissão, distribuição até a mesmo comercialização. Dessa forma, precisamos racionalizar a respeito do nosso potencial de geração de energia nas diversas fontes, renováveis ou fósseis. Enquanto o mundo debate sobre o tema do aquecimento global e sustentabilidade, nosso País ainda dispõe de fontes importantes para geração de energia que não podem ser desconsideradas. Enquanto países como a França esgotaram sua capacidade de aproveitamento do potencial hidrelétrico, o Brasil utiliza somente 28% do Potencial Tecnicamente Aproveitável, levando à conclusão de que podemos produzir ainda uma grande quantidade de energia limpa, de base hídrica. Fatores como esse colocam o País no topo mundial da produção e utilização de energia renovável, com índice de 46%, enquanto

o índice médio mundial é de 14%. É evidente que grande parte do nosso potencial de geração de energia hidrelétrica situa-se na região amazônica, onde os impactos ambientais devem ser mitigados, os povos das áreas atingidas devem ser protegidos e a riqueza gerada desde a construção deve ser administrada corretamente, com critérios de distribuição de renda, criação de empregos de qualidade, capacitação da mão-deobra etc. Tudo deve ser acompanhado de políticas aptas a tratar com dignidade uma região ecologicamente protegida e habitada por brasileiros merecedores do desenvolvimento sustentável. Ao mesmo tempo, por razões da atual geopolítica mundial, o Brasil deve manter-se aberto para todas as possibilidades justas de aproveitamento de suas condições geológicas e geográficas na geração e oferta de energia líquida ou elétrica. Nesse sentido, vemos que, até mesmo como razão de soberania, precisamos criar mecanismos públicos e privados para o fomento de intensivos investimentos nessa área, com perspectivas em energia eólica, hidrelétrica, biomassa, carvão, petróleo, urânio e gás natural. Isso significa que a produção de energia deixa de ser intrinsecamente regionalizada e passa a ter uma dimensão de conceito mais abrangente. A integração nacional com igualdade é questão de sobrevivência. O atual Sistema Interligado Nacional (SIN) necessita de mais investimentos, sobretudo em modelos de defesa redundantes, para permitir que a energia gerada possa ser distribuída em todo o território, proporcionando a imprescindível segurança energética. Portanto, essa questão envolve muito mais que desenvolvimento. Tratamos de mitigação de ineficiências ambientais ao evitarmos a geração de energia suja e, ao mesmo tempo, ao exigirmos práticas que respeitem inescusáveis requisitos de proteção ambiental. Não se trata de simplesmente adjetivar a questão. É preciso olhá-la com Seriedade. Mais de 25 milhões de brasileiros vivem na região amazônica e não podem ser relegados à falta de desenvolvimento.

Divulgação

Alta voltagem nos debates sobre energia

ANTONIO CARLOS PORTO ARAUJO é consultor de energia renovável e sustentabilidade da Trevisan. antonio.araujo@trevisan.com.br


Exaltação da cultura brasileira, responsabilidade social e experimentações raras foram alguns dos conceitos apresentados no Inspira Mais

SETOR CALÇADISTA

Inspira Mais Informação é fundamental para renovar padrões de comportamento empresariais. A evolução, as mudanças são constantes, e é necessário acompanhá-las. No setor calçadista, então, onde as inovações estão diretamente ligadas a fatores como conforto e saúde, essa necessidade adquire maior importância. A pluraridade dos calçados “made in Brazil” permite que caminhos diferentes sejam buscados, e que novos métodos e materiais possam ser incorporados à produção sem afetar a qualidade e a originalidade que eles conquistaram nos mercados interno e externo. O Inspira Mais – Salão de Design e Inovação de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos é um exemplo do esforço do setor no sentido de incorporar informações atualizadas e conceitos sustentáveis. Entre as inovações atreladas à sustentabilidade apresentadas no evento, destacam-se: os contrafortes feitos à base de material reciclado e totalmente recicláveis, os adesivos à base de água e as embalagens inteligentes, entre outros itens e acessórios de fontes renováveis. Além disso, também se falou em gestão de resíduos, aproveitamento de maté-

Divulgação

Por Susi Guedes

rias-primas e em maneiras para tornar a produção mais limpa. Todas as questões mercadológicas, logísticas e de fabricação tiveram como base a preocupação com o meio ambiente. As palestras trataram de diversos temas, e as que inseriram a sustentabilidade em sua abordagem ficaram entre as mais procuradas. No seminário, os visitantes tiveram acesso a Kip Garland, consultor internacional da Innovation Seed. Ele apontou caminhos para se conciliar os resultados dos negócios com o respeito ao meio ambiente. O sociólogo Dario Caldas palestrou sobre “A força da sustentabilidade nas tendências de consumo”. Charles Bezerra, diretor executivo da GAD Innovation, apresentou soluções sobre “Inovação e sustentabilidade” e Beth Furtado, psicóloga com especialização em Administração de Empresas e em Varejo, contou sobre sua pesquisa – “O comportamento de compra, a moda e a sustentabilidade”. Rhodia, Solvay, Artecola, FCC, Walter Villar, Mitsui Chemical e o Senai também participaram com palestras técnicas, apresentando cases positivos e temas pertinentes a inovação e sustentabilidade.

O Inspira Mais foi realizado pela Associação Brasileira de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal Brasil) e patrocinado por: Grupo Artecola, Amazonas, Cipatex, Sappi, Sintex e Solvay. Contou com o apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Agência Brasileira de Promoção a Exportações e Investimentos (Apex Brasil), além da Petrobras, através do Prêmio Assintecal/Petrobras, que premia a pesquisa científica para o setor. Esse evento evidencia a união de representantes de toda a cadeia produtiva por um objetivo comum, que é o crescimento e a visibilidade da indústria calçadista nacional.

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VISÃO LEGAL

Maria Alice Doria

A destinação final de pneus e a questão ambiental

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Com o crescimento econômico experimentado pelo País nos últimos anos, a venda de carros atingiu níveis históricos, trazendo consigo preocupações que vão muito além do aumento das emissões de gases poluentes na atmosfera. Uma dessas preocupações são os pneus, cujo tempo de decomposição no ambiente pode durar vários séculos. A destinação irregular desses produtos pode gerar danos gravíssimos ao ambiente e às populações humanas. A recente Resolução Conama nº 416/09 visa restringir e controlar a disposição final de pneus usados e inservíveis. Conforme anteriormente regrado pela Resolução no 268/99, ela manteve a ideia de atribuir aos fabricantes e importadores a responsabilidade pela destinação final dos pneus velhos, estabelecendo a obrigação de se inscreverem no Cadastro Técnico Federal (CTF), o que implica no recolhimento da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA). Assim, no rol dos deveres dos fabricantes e importadores de pneus novos está a necessidade de informar ao Ibama, no prazo máximo de um ano, a destinação adequada dos pneus inservíveis. Nesse aspecto, a Resolução nº 416/2009 inovou ao acrescentar expressamente a possibilidade de suspensão da liberação de importação em caso do não fornecimento dessas informações. No que diz respeito ao armazenamento provisório dos pneus inservíveis, a nova resolução estabeleceu 12 meses como sendo o prazo máximo até a destinação final, ressalvando que o armazenamento temporário de pneus deve garantir as condições necessárias à prevenção dos danos ambientais e de saúde pública, sendo vedado o armazenamento de pneus a céu aberto. Ciente dos impactos ambientais ocasio-

nados pelo descarte irregular de pneus em meio urbano, a Resolução Conama nº 416/2009 conferiu aos fabricantes e importadores de pneus a obrigação de implantar, nos municípios com mais de 100 mil habitantes, pelo menos um ponto de coleta de pneus usados. Aos estabelecimentos de comercialização de pneus restou a obrigação de receber e armazenar temporariamente os pneus usados entregues pelo consumidor, sem qualquer custo para este, no ato da troca por um novo ou reformado. Essa resolução instituiu também o dever de elaborar um plano de gerenciamento de coleta, armazenamento e destinação de pneus inservíveis (PGP) por parte dos importadores e fabricantes de pneus novos. Tal plano tem de explicitar as estratégias a serem adotadas para a coleta de pneus, a indicação e descrição das unidades de armazenagem, modalidades de destinação final a serem aplicadas e licenças ambientais envolvidas em todo o processo. A capacidade instalada e os limites de emissão decorrentes do processo de destinação utilizado também devem ser especificados. Em meio ao novo arcabouço de normas trazido pela Resolução nº 416/09, é visível a crescente preocupação trazida pela questão da destinação final dos pneus no País. A consagração da responsabilização civil pós-consumo tem o importante papel de fazer subsistir a responsabilidade dos importadores e fabricantes de pneus novos. Resta agora esperar que seja devidamente incentivado o desenvolvimento de tecnologias que permitam prolongar a vida útil dos pneus e o aprimoramento de processos de reforma desses materiais, atenuando, assim, o impacto causado pelo crescente consumo desses produtos em escala global.

Divulgação

O crescimento do setor automobilístico traz preocupações que vão além das emissões de gases poluentes na atmosfera

MARIA ALICE DORIA é sócia da área ambiental do escritório Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados. Escreveu o artigo com a colaboração do acadêmico Lucian Moreira.


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ORGÂNICOS

Por que consumir alimentos orgânicos? Com uma legislação recente e um mercado em plena expansão, os orgânicos mostram porque vieram para ficar e como são importantes para a qualidade de vida

VISÃO AMBIENTAL • MARÇO/ABRIL • 2010

Por Tais Castilho

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Até poucos tempo atrás, os alimentos orgânicos eram consumidos quase que exclusivamente por vegetarianos e naturalistas. Hoje, com o aumento da produção e com a disseminação de informações acerca de seus benefícios, eles conquistaram um grande espaço no mercado, apresentando-se como opção mais saudável. Os orgânicos são cultivados sem o uso de agrotóxicos, pesticidas, adubos químicos ou de qualquer outra substância que comprometa sua qualidade e a estabilidade do meio ambiente. O cultivo desses alimentos não foca apenas a produtividade e o lucro”, diz o agrônomo Frederico Simões de Carvalho, gerente de produção da Fazenda Salvaterra. “É um processo que, além dos aspectos agronômicos internos, leva em consideração os aspectos ambientais, legais e culturais, prezando pela saúde do produtor e do consumidor”. O sistema orgânico é isento de qualquer contaminação nociva e tem o intuito, entre outros, de preservar o ecossistema e a biodiversidade, respeitando os ciclos e as atividades biológicas do solo. Além da sustentabilidade da vida humana e do próprio processo produtivo ao longo do tempo. “Alimentos convencionais estão sujeitos a resíduos químicos, são desequilibrados pelo uso intensivo de insumos industriais, deixam um rastro de degradação ambiental global”, diz Frederico, que ainda cita o efeito estufa, a desertificação e a incerteza genética como desvantagens. Muitos agrotóxicos utilizados e à venda hoje no Brasil estão proibidos em muitos países. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem incentivado e apoiado o Programa Pró-Orgânico do

Ministério da Agricultura, que tem como objetivo ampliar a oferta de produtos que não utilizam agrotóxicos, visando diminuir os agravos à saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde, o agrotóxico é a segunda causa de intoxicação no País, depois dos medicamentos. Por isso, é um equívoco atacar os alimentos orgânicos com o argumento de que eles são muito caros. Se por um lado o seu preço é maior, por outro ele é mais saudável, mais nutritivo e mais durável. Além disso, ainda há a questão ambiental. “Sua composição é resultado de um solo vivo, equilibrado, e seu tempo de maturação natural é respeitado”, diz Frederico. “Os alimentos convencionais crescem sobre adubações básicas, limitadas ao nitrogênio, ao fósforo e ao potássio, e são protegidos por venenos – caso contrário, nada vingaria”. Outro fator que influi no preço é a logística para colocar o produto no mercado, explica o agrônomo: “Se você está no interior, próximo aos produtores e ao comércio local, os orgânicos chegam a ser mais baratos. Se está em grandes centros urbanos, a coisa muda, pois os pontos de venda são dispersos e com volume de venda limitado.” Frederico acredita que o mais importante na questão de preços é que o produto convencional não apresenta seu verdadeiro custo: “O valor representa apenas os custos diretos do produto. Os custos provenientes dos problemas ambientais, sociais e de saúde pública não são levados em conta, são simplesmente omitidos e transferidos para a sociedade e o poder público.” E conclui: “No caso dos orgânicos, a preservação ambiental e a qualidade de vida dos produtores e consumidores são consideradas, estão incluídas nos custos diretos. Isso é sustentabilidade. Mas a verdade é que não

se pode ficar comparando preços de produtos tão distintos.” OS ORGÂNICOS NO BRASIL O mercado de orgânicos cresceu e foi além do tomate sem agrotóxicos. Antonio Carlos Freitas Vidal, gerente comercial da IBD Certificações, diz que “o mercado demonstra um movimento crescente chamado pelos economistas de ‘inelástico para baixo’ quando as taxas são sempre superiores às taxas observadas nos períodos anteriores, com altas da ordem de 25% a cada ano”. Hoje o Brasil possui toda uma legislação que regulamenta a produção de orgânicos, inclusive seu armazenamento, rotulagem, transporte, certificação, comercialização e fiscalização. Em 23 de dezembro de 2003 foi promulgada a Lei no. 10.831, que estabeleceu o que deve ser considerado um sistema orgânico de produção agropecuária e quais devem ser as suas finalidades. Depois, em 27 de dezembro de 2007, veio o Decreto no. 6.323, que regulamentou a lei e disciplinou as atividades pertinentes à agricultura orgânica. Ele estabeleceu prazo de dois


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anos – até 28 de dezembro de 2009 – para que todos os segmentos envolvidos na cadeia produtiva dos orgânicos se adequassem às novas regras. Porém, no último dia 24 de dezembro, com a publicação do Decreto no. 7.048, o prazo final para a adequação foi prorrogado para 31 de dezembro deste ano. A alteração foi proposta depois que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou os números de seu mais recente Censo Agropecuário. Isso porque em 2007 estimava-se que o Brasil possuía 15 mil produtores de orgânicos, mas o censo indicou que há 90 mil deles – seis vezes mais. Para Rogério Pereira Dias, coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, “a regulamentação da agricultura orgânica impulsionou o setor, pois estabeleceu regras claras quanto aos processos e produtos aprovados e criou o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica, que propicia aos aos consumidores mais garantias e facilidade na identificação dos produtos”.

A GARANTIA NO SELO DE CERTIFICAÇÃO A certificação é uma ferramenta imprescindível para o mercado de orgânicos porque proporciona credibilidade ao produto. Antonio Carlos Vidal diz que “o selo de certificação fornece ao consumidor a certeza de um produto isento de contaminação química, de um alimento produzido sem uso de quaisquer insumos, aditivos ou ingredientes nocivos à saúde humana ou animal”. Ele acrescenta que, no caso de alimentos processados, é fundamental que eles tenham, no mínimo, 95% de ingredientes orgânicos para receberem o selo. Um produtor, para obter a certificação, deve procurar um organismo de avaliação de conformidade credenciado pelo Ministério da Agricultura e informar suas necessidades, assim como o processo de produção e as características do produto. “A partir daí, é elaborada uma proposta de certificação completa, com detalhes sobre as etapas e o cronograma do processo, investimentos necessários, protocolos e mercados atendidos, cronograma de execução, e outras

informações”, conta o gerente comercial da IBD. Depois de várias etapas, é emitido o relatório de conformidade. Caso o parecer seja positivo, o certificado, que tem validade de um ano, é finalmente emitido. “Todas as etapas do processo de produção são inspecionadas. É preciso desintoxicar o solo, não utilizar adubos químicos nem agrotóxicos, atender às normas ambientais do Código Florestal Brasileiro, recompor matas ciliares, preservar espécies nativas e mananciais, além de respeitar as normas sociais baseadas nos acordos internacionais do trabalho.” No Brasil, o IBD certifica cerca de 5 mil produtores, distribuídos pela maioria dos estados e lidan-

A Fazenda Salvaterra está localizada em Juiz de Fora, na região da Zona da Mata, em Minas Gerais. São 278 hectares de terreno montanhoso, sendo 70% de Mata Atlântica preservada. Começou a produzir orgânicos em 1998, conquistando a certificação seus produtos são certificados em 2003. A fazenda e seus produtos são certificados pelo Minas Orgânica e pela BCS Öko-Garantie. Atualmente, a Salvaterra produz os iogurtes orgânicos da Taeq, marca do Grupo Pão de Açúcar. “Nunca usamos insumos que prejudicam o meio ambiente ou que desequilibram o ecossistema; exploramos os recursos naturais de forma sustentável, tornando-os passíveis de serem utilizados por todos que ainda virão”, conta Frederico Simões de Carvalho, agrônomo gerente de produção da fazenda. Segundo ele, o foco era a implantação de sistemas agroflorestais para

produção diversificada de alimentos, óleos essenciais, madeira e fitoterápicos, entre outros, tendo o café como cultura principal. “A opção pelos orgânicos veio de um antigo sócio, que enxergava a necessidade não apenas de produzir, mas também de desenvolver e divulgar modelos sustentáveis que pudessem contrapor a degradação ambiental da região e seus biomas”. Além do café e de legumes, verduras e frutas, a fazenda produz alimentos orgânicos processados derivados do leite, como o iogurte e a manteiga. As vacas têm a alimentação isenta de agrotóxicos – a ração pode conter, no máximo, 30% de elementos não orgânicos em sua composição –, feita do que é produzido na propriedade. A medicação dos animais também tem de ser totalmente natural. Na Salvaterra, as galinhas vivem livremente em uma enorme área, comendo minhocas de um solo isento de contaminação e tendo acesso a fontes de águas límpidas. Frederico diz que esse sistema proporciona aos animais bem-estar e uma dieta variada: “Consequentemente, os ovos têm uma maior concentração de vitamina A e de proteínas. A carne de frango supera o prazer gastronômico. É consumida com a certeza de que rações e remédios não deixaram resíduos.

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Uma história bonita de se contar

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do com praticamente todos os produtos agrícolas, pecuários, extrativistas, in natura e processados, como, por exemplo, cereais e hortaliças, gado de corte, óleos de dendê e de babaçu, frutas, castanhas, leite e seus derivados. “Atualmente, acompanhamos ainda projetos na Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Uruguai, Estados Unidos, Canadá, Bélgica, Nova Zelândia, China, Índia e Tailândia”, conta Vidal.

Brasil é o quinto maior agricultor de orgânicos do mundo

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Os dados relativos a 2008 da Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica (Ifoam, na sigla em inglês) e do Instituto de Pesquisa de Agricultura Orgânica (FIBL) foram apresentados só no último mês de fevereiro, na cidade de Nuremberg, Alemanha, durante a BioFach, a maior feira do setor no mundo. Os números mostram que, naquele ano, cerca de 1,4 milhão de produtores, em 154 países, ocupavam 35 milhões de hectares com produção orgânica certificada. Foram quase 3 milhões de hectares a mais em comparação com o ano de 2007. América Latina e Europa tiveram os maiores índices de crescimento. O resultado da pesquisa apresentou o Brasil como quinto maior produtor de orgânicos do mundo e verificou que 86% de todos os países do mundo já possuem uma economia orgânica consolidada. O maior produtor mundial é a Austrália, com 12 milhões de hectares, seguida pela Argentina com 4 milhões, China, com 1,85 milhão e Estados Unidos, com 1,82 milhão de hectares. O crescimento da área certificada A área certificada de agricultura orgânica cresceu, em média, 9% no mundo entre 2007 e 2008. A América Latina obteve o maior índice de crescimento (25,7%). Na Europa, o maior mercado de orgânicos do mundo, ela cresceu 7,2%, abaixo da média da Ásia (14%) e dos Estados Unidos (11,5%). Em termos financeiros, o mercado global de produtos orgânicos cresceu 235% entre 1999 e 2008, uma taxa média de 21% ao ano. O mercado dos países da União Europeia respondeu por 51% desse movimento, e o dos Estados Unidos, por 46%. Os demais países foram responsáveis por somente 3% do movimento financeiro do mercado.

GRUPO PÃO DE AÇÚCAR: CRENÇA NOS ORGÂNICOS Com uma vasta lista de produtos que envolvem desde frutas e legumes até processados, o Grupo Pão de Açúcar investiu e acreditou na força dos alimentos orgânicos. Faturou R$ 58 milhões em 2009, um crescimento de 40% na comparação com 2008. “Nossa expectativa era atingir esse patamar apenas em 2012”, conta Sandra Caires Sabóia, gerente de OrTaeq Orgânico: gânicos do grupo. “Em 2010, a meta é linha com mais de crescer mais 40%”. 300 itens São mais de 600 itens orgânicos: cerca de 200 produtos entre frutas, verduras, le- com um produto de qualidade gumes e processados, outros 250 de mercearia damos todo o suporte para que e mais 160 nas áreas de laticínios, congelados, ele possa nos atender e levar a carnes e padaria. “Há dez anos, somente verduras e marca Taeq”, diz Sandra. legumes estavam disponíveis nas lojas. Hoje, além Nas lojas, a alface, a batata, dos itens in natura, temos carnes, massas, molhos o tomate e a banana continuam e todos os componentes para uma refeição.” sendo os mais vendidos. Na caO trabalho para a construção do pilar Taeq pital paulista está a maior fatia Orgânico começou em 2007. “Hoje temos cerca de consumidores, ficando com de 20 fornecedores, e alguns deles triplicaram 65% de todo volume de legumes, suas vendas com a marca Taeq. É o caso da geleia frutas e verduras. orgânica lançada no ano passado”. Os itens que fazem parte da linha Taeq Orgânico são quase Saiba mais: www.organic-world.net 300, entre frutas, legumes, verduras e produtos de www.agricultura.gov.br mercearia, como azeite, geleias, mel e atomatados, www.aao.org.br www.prefiraorganicos.com.br entre outros. O Núcleo de Orgânicos do Grupo Pão de Açúcar seleciona fornecedores Instruções potenciais para a marca. “QuanNormativas do vemos um pequeno fornecedor de orgânico

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ORGÂNICOS

A agricultura orgânica no Brasil foi regulamentada em dezembro de 2007, com a publicação do Decreto no. 6.323. As instruções normativas do Ministério da Agricultura vieram depois, sendo as principais delas as seguintes: IN n° 17 Estabeleceu as normas para o extrativismo sustentável orgânico, permitindo que produtos de extrativismo e de agroextrativismo sejam certificados como orgânicos. IN n°18 – Tratou do processamento, armazenamento e transporte de produtos nas três etapas para que o consumidor possa adquirir uma mercadoria de qualidade. excelência nas três etapas para que o consumidor possa adquirir uma mercadoria de qualidade. IN nº 19 Instituiu as regras para os mecanismos de controle e informação da qualidade dos produtos orgânicos. Colocou em prática o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica ((Sisorg), que tem como atribuição identificar e controlar a produção nacional de orgânicos, conferindo um selo oficial aos produtores em conformidade com a legislação. O sistema nacional de avaliação foi instituído para dar maior credibilidade e para facilitar a identificação do produto orgânico no mercado.


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João Guilherme Sabino Ometto

médias, pequenas e microindústrias. A indústria paulista defende, ainda, regulação jurídica nacional que estruture o desenvolvimento e defina a natureza jurídica dos créditos de carbono. A partir dessas referências legais, será possível criar mecanismos de financiamento hoje não encontrados no Brasil. Ademais, é necessário reavaliar o procedimento de aprovação dos projetos, essencialmente no que diz respeito à validação, e reduzir a burocracia agregada internamente ao já muito complexo protocolo criado pela ONU. Esses problemas oneram os custos dos projetos nacionais. No tocante à matriz energética brasileira, a hidrelétrica deve ser mantida como a principal componente, por ser uma das mais limpas. Em caráter complementar, é preciso ampliar o uso de fontes com baixo nível de emissão de carbono, como bagaço de cana-de-açúcar e eólica, reduzindo-se a utilização das térmicas. Outras medidas importantes são o incentivo à eficiência energética e ao consumo racional e a expansão do uso de biocombustíveis no transporte de cargas. Na área de pesquisa e inovação, é preciso incentivar o desenvolvimento do etanol de segunda geração e incrementar a transferência de tecnologias produtivas e de uso dos biocombustiveis oriundos do Brasil. Medida importante é estimular a transferência dos direitos de propriedade intelectual, com a devida proteção e remuneração, facilitando o acesso de países em desenvolvimento a tecnologias que visem a maximizar os esforços globais de mitigação das emissões de gases de efeito estufa. Como se observa, a indústria é um dos setores protagonistas nessa epopeia em busca de uma civilização com menos contrastes no desenvolvimento e vida de melhor qualidade. Independentemente dos desacordos entre os países na COP 15, é decisivo que a indústria e todos os segmentos empresariais continuem mobilizados em prol da sustentabilidade socioeconômica e ambiental. O planeta agradece!

JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO é engenheiro (EESC/USP), presidente do Grupo São Martinho, vice-presidente da Fiesp e coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da entidade

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O fracasso da Conferência do Clima (COP 15) ampliou o ceticismo mundial quanto à possibilidade de entendimento dos governos para mitigar a emissão dos gases de efeito estufa. A ausência de um acordo entre os países, contudo, não deve suscitar a resignação da sociedade. Ao contrário. Mais do que nunca, é imensa a responsabilidade de cada cidadão e empresa no sentido de contribuir para a contenção das mudanças climáticas. Se o diálogo da diplomacia e da política internacional está truncado, não podemos esperar o trâmite de intrincadas soluções políticas. É preciso agir imediatamente contra a letargia que parece ter sido contagiante após a frustração com o encontro de Copenhague. O parque empresarial brasileiro e as condições de nosso País contribuem para essa postura proativa em prol do meio ambiente. Somos uma das poucas nações aptas a conciliar índices substantivos de crescimento econômico com a preservação ambiental e a redução da emissão de carbono. A capacidade de contribuição do País é imensa, considerando seu potencial hidrelétrico, suas reservas hídricas e florestais, sua imensa biodiversidade e suas excepcionais condições para a produção de biocombustíveis, em especial o etanol. Tudo isso é estratégico para o advento de uma nova economia, ancorada em fontes energéticas limpas e renováveis. Nesse contexto, é inegável o papel primordial da indústria. Por isso, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), representante de um dos maiores parques manufatureiros do mundo, reafirma o compromisso de fomentar a economia de baixo carbono nas fábricas. Com esse propósito, a entidade estabeleceu um plano de ação voltado a incentivar os distintos segmentos a realizarem inventários de gases de efeito estufa expelidos, visando a diminuir a emissão. Também está previsto o incentivo à transferência de tecnologia de produção limpa às

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Aumenta a responsabilidade socioambiental das empresas

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Após 19 anos de espera, Câmara aprova Política Nacional de Resíduos Sólidos Por Arnaldo Jardim, com a colaboração de José Valverde Machado Após 19 anos de espera, a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi um fato histórico comemorado por cooperativas de produtos recicláveis, empresários, entidades setoriais de reciclagem, representantes de ONGs ambientais, do governo e parlamentares. Foi um momento emocionante e recompensador, uma demonstração clara de que é possível fazer política com espírito público e participação efetiva da sociedade. Há décadas, países desenvolvidos implantaram políticas que melhoraram a qualidade de vida e a saúde pública, além de ajudar na preservação dos recursos naturais. Agora, o Brasil pode caminhar na direção das experiências internacionais bem-sucedidas a partir de uma diretriz ambiental e socioeconômica que visa transformar o lixo em alternativa de geração de renda, empregos, oportunidades de negócios e de sustentabilidade. Afinal, vivemos em uma sociedade impulsionada pelo consumo, na qual nos empenhamos em comprar sem nos preocuparmos com o descarte e o tratamento adequados do lixo gerado todos os dias. Entenda-se por resíduos todo o lixo doméstico, efluentes industriais, rejeitos perigosos, entulhos da construção civil e materiais hospitalares usados. O reflexo da ausência, até então, de uma lei nacional sobre o tema, todos nós conhecemos, são lixões a céu aberto, efluentes industriais que contaminam nossos rios e lençóis freáticos, enchentes causadas pelo acúmulo de entulho nas galerias de

SXC

Pintou limpeza! esgoto, surtos de dengue por conta do descarte inadequado de pneus usados entre outros fatos. Fui presidente do Grupo de Trabalho (GTRESID) destinado a examinar o parecer proferido pela Comissão Especial ao Projeto de Lei nº 203, de 1991, que dispõe sobre o acondicionamento, a coleta, o tratamento, o transporte e a destinação final dos resíduos de serviços de saúde. Nos últimos 20 meses, o GTRESID realizou várias atividades: audiências públicas, visitas técnicas, reuniões setoriais e promoção de um diálogo com a sociedade. Debatemos o relatório na Frente Parlamentar Ambientalista, dialogamos com outros deputados, discutimos em congressos e seminários, alcançamos um consenso que reuniu os movimentos sociais, setor empresarial e as entidades ambientalistas, em meio a um diálogo permanente com o Executivo. A proposta reúne conceitos modernos de gestão de resíduos sólidos, entre elas: responsabilidade compartilhada; gestão integrada; inventário; sistema declaratório anual; acordos setoriais; ciclo de vida do produto; não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; logística reversa; princípios do direito ambiental; a elaboração de planos de gestão (na esfera Nacional, dos Estados e Municípios) e de gerenciamento (pelo setor empresarial); e o destaque para a inclusão social por meio do fortalecimento das cooperativas de catadores. Particularmente, tenho comigo o sentimento de dever cumprido, pois quando eleito deputado federal, em 2006, assumi o compromisso

de elaborar, articular e cobrar a aprovação da PNRS, após a bemsucedida experiência com a lei estadual 12.300/2006, da qual fui o autor, conseguimos disciplinar a gestão dos resíduos sólidos no Estado de São Paulo. Reconheço que não foi uma tarefa fácil. Afinal, o Congresso Nacional tinha uma imensa dívida com a sociedade e a missão de compatibilizar interesses, legislações esparsas, resistências de ordens distintas e as recentes exigências socioambientais. Além da experiência enriquecedora, todo o processo de elaboração e aprovação da PNRS foi de extrema importância para a conscientização da preservação do meio ambiente e um sinal claro de que o Brasil está fazendo a sua parte para melhorar a vida no planeta. Essa legislação deve somar-se a outras políticas nacionais como a de Saneamento, de Mudanças Climáticas, de Meio Ambiente e de Educação Ambiental. Acredito que a proposta, por reunir bases consistentes para a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, deve ter uma rápida tramitação no Senado e seguir para ser sancionada pelo Presidente da República. Nestas poucas linhas, será difícil mencionar todos que contribuíram para que este desafio fosse superado, mas a certeza de que este trabalho poderá desencadear profundas transformações nos modos de produção, consumo e da própria relação entre o ser humano e o meio ambiente, é a herança de sustentabilidade que deixaremos para as futuras gerações. ARNALDO JARDIM arnaldojardim@arnaldojardim.com.br www.arnaldojardim.com.br twitter.com/ArnaldoJardim JOSÉ VALVERDE MACHADO FILHO ambientevalverde@hotmal.com

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LEGISLAÇÃO

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AUTOMOBILISMO

Fórmula Indy São Paulo Etanol na pole position

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Por Susi Guedes

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Em março, São Paulo foi palco da Fórmula Indy, um fascinante mundo paralelo onde, além da competição, pesquisas e testes automobilísticos podem ser feitos numa estrutura ímpar, dentro de um badalado espetáculo. Alinhados com o pensamento sustentável, os organizadores zeraram a emissão de carbono através do plantio de árvores. Isso aliado à escolha do etanol como combustível, o que já acontece desde 2007, coloca o esporte em destaque nas questões ambientais. Sediar uma das etapas da competição é para o Brasil mais um passo na conquista da visibilidade mundial para a tecnologia avançada de um combustível desenvolvido no País há mais de 30 anos e que traz em seu ciclo de vida o princípio básico da preservação do planeta. O caminho para que o etanol brasileiro chegasse às pistas foi traçado principalmente pela Agência Brasileira de Promoção de Exportação

e Investimentos (Apex) e pela União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica). Associações originalmente interessadas na divulgação do etanol americano, produzido a partir do milho, ambas estavam entre os patrocinadores do evento. Em 2009, a Apex Brasil entrou em negociações para um patrocínio institucional, mas esse movimento acabou afastando os produtores americanos e os organizadores viram-se na necessidade de buscar um substituto. Entra

aí a Unica, que passou a fornecer combustível para os carros de Fórmula Indy e encontrou neles uma importante vitrine para o etanol brasileiro. O etanol anidro utilizado em competições tem em sua composição 0,5% de água, mas chega ao consumidor final misturado apenas à gasolina. Já o


Com um aval desse é estimulante, mas o desejável é que ele se torne uma porta de acesso a negociações para tributações justas, uma vez que, juntos, Brasil e EUA produzem 80% de todo o etanol do mundo, e a propagação deste biocombustível será benéfica a todos. Em termos de sustentabilidade, o etanol brasileiro é imbatível. Segundo cálculos da International Energy Agency (IEA), sua produção reduz em 90% a emissão de gases. Para a EPA, cuja metodologia de cálculo inclui o transporte do combustível, a redução é de 61%, contra 21% do etanol americano – mesmo este sendo produzido nos EUA.

A exclusiva bandeira quadriculada verde e branca desenvolvida pela Unica para o evento representa bem o orgulho de ser sustentável, uma conquista dos que desde o primeiro momento superaram críticas e barreiras para que se pudesse agora colher os frutos em grande estilo. Agradecemos Adhemar Altieri, da Unica, que nos abasteceu com as informações que tornaram esta matéria possível.

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Fotos: Tadeu Fessel/Cortesia UNICA

álcool utilizado nos carros comuns é o etanol hidratado, que tem de 4% a 5% de água. Em função de sua maior octanagem, é responsável pelo melhor desempenho nos carros de passeio, inclusive nos flex. No caso da Fórmula Indy os organizadores escolhem o combustível a ser usado em cada corrida de acordo com a conveniência ou viabilidade econômica, levando-se um conta até mesmo questões de logística e tributárias. Metade do combustível usado nas corridas de 2009 era brasileiro, o que confirma o reconhecimento internacional. A Agência de Proteção Ambiental do governo dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês)considerou o biocombustível brasileiro o mais avançado do mundo. A organização da Fórmula Indy reconhece isso, pois o utiliza também na categoria de acesso – a Indy Light – e, em alguns casos, para abastecer as carretas de transporte.

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