• MEIO AMBIENTE • TECNOLOGIA • NEGÓCIOS • SUSTENTABILIDADE
Ano 3 • no 12 • Maio/Junho • 2012 • R$ 9,90
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ISSN 2178177-X
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R$ 9.90
DO LIXO AO LUXO RESÍDUOS DE JEANS VIRAM VESTIDOS MARAVILHOSOS
COSMÉTICOS TESTADOS EM ANIMAIS
Ano 3 • no 12 • Maio/Junho • 2012 • R$ 9,90
A CRUELDADE EM NOME DA BELEZA
CADERNO ESPECIAL SANEAMENTO BÁSICO QUADRO ATUAL É PREOCUPANTE, MAS HÁ TAMBÉM BOAS NOTÍCIAS
GASTRONOMIA SUSTENTÁVEL CUIDADOS COM ALIMENTAÇÃO, DA COMPRA AO PRATO
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Sumário
6. Educação ambiental Capa
12. Visão energética
Caderno especial
por Carlos Bezerra
Saneamento básico no Brasil
14. Moda sustentável
36. Introdução
Retalhos viram moda com a ajuda das redes sociais
20. Fiema 2012
Feira sobre meio ambiente: inovações e negócios
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42. Artigo técnico Pesquisa ajuda a analisar a toxicidade da água
45. Fenasan 2012
Consumo Consciente
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Uma análise sobre o saneamento no Brasil
Vem aí a maior feira de saneamento do País
46. Inclusão da limpeza Como ficam os resíduos sólidos com a nova legislação?
48. Entrevista
Oscip tem projeto consistente para a despoluição do rio Pinheiros
52. Água potável Novas regras de controle ajudam ou atrapalham?
Proteção 16. animal A crueldade dos testes de cosméticos em animais
Gastronomia sustentável 54. Alimentação saudável respeitando a natureza
EXPEDIENTE
EXECUTIVO ADMINISTRATIVO Eduardo Pacheco pacheco@rvambiental.com.br DIRETORA de ATENDIMENTO Juliana Sabbatini juliana@rvambiental.com.br CONTEÚDO/EDITORA-CHEFE Susi Guedes susiguedes@rvambiental.com.br INTERNET e REDES SOCIAIS André Luiz Tuon e Wladimir Martins de Arruda PROJETO GRÁFICO Flora Rio Pardo flora@rvambiental.com.br DIREÇÃO DE ARTE, DIAGRAMAÇÃO e TRATAMENTO DE IMAGENS Aline Pasqualetto alinemoraes.br@gmail.com JORNALISTAS Anahi Fros, Arielli Secco, Bartira Bertini, Inês Pereira jornalismo@rvambiental.com.br REVISÃO Giovana Franzolin giovana@easyidiomas.com.br COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Eduardo Pacheco, Joni Anderson Ana Luiza Fávaro PRODUÇÃO Ana Rodriguez COLUNISTAS DESTA EDIÇÃO Carlos Bezerra COMERCIAL Christine Funke christine@rvambiental.com.br comercial@rvambiental.com.br PUBLICIDADE publicidade1@rvambiental.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Susi Guedes (MTb 44.447/SP) PERIODICIDADE – Bimestral TIRAGEM – 5.000 exemplares IMPRESSÃO – Gráfica SILVAMART www.graficasilvamarts.com.br EDITORA BORBOLETA Rua Rio Grande, 308 – cj 32 - Vila Mariana São Paulo / SP CEP – 04018-000 Fone: 55- 11- 3582.2921 Celular: 55-11- 8062.0070 Portal - www.rvambiental.com.br ASSINATURAS Fone: 55-11-3582-2921 assinaturas@rvambiental.com.br ATENDIMENTO AO LEITOR leitor@rvambiental.com.br As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são de responsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes.
CAPA - EDUCAÇÃO AMBIENTAL Imagem de fundo: Sandra Cunningham/Depositphoto Imagem da maçã: Stanislav Odiagailo/Depositphoto Fotomontagem e edição: Aline Pasqualetto
Educação ambiental como base para a mudança Abordar o tema educação foi um grande desafio, pois é um assunto muito amplo, todos desejamos que o mundo se conscientize, mas essa conscientização ambiental deve começar na escola ou em casa? Se concordamos que são ações complementares, por que ainda é tão difícil encontrar pessoas “educadas ambientalmente”? Parece que a situação está mudando. Nos dias atuais, as escolas introduzem o assunto e se as crianças não têm o tema colocado em pauta pelos pais, elas mesmas têm se encarregado de disseminar em suas casas o que aprenderam na escola, exigindo atitudes ambientalmente corretas em seu meio familiar. Isso é certamente um grande avanço. Saneamento básico é um tema recorrente e muito utilizado em discussões ambientais e sobre desenvolvimento, mas o que nós realmente sabemos sobre a questão? O que tem mudado, o que tem sido feito, o que ainda há por fazer? Para que nosso leitor possa entender um pouco melhor esse assunto, trazemos nesta edição um CADERNO ESPECIAL SANEAMENTO, contendo uma análise geral, um pouco sobre legislação, entrevista, depoimentos, e até uma abordagem um pouco mais técnica em um dos artigos. O engenheiro sanitarista Eduardo Pacheco, que é executivo administrativo da revista, acertou em cheio ao indicar este tópico. Como sempre pensamos em nossos leitores como pessoas interessadas em vários tópicos ligados a meio ambiente e sustentabilidade, o que não faltam nesta edição são variedades, gastronomia, moda, atitude contra teste de cosméticos em animais, consumo, e uma super cobertura de uma das maiores feiras ambientais da América Latina. A cada edição, se torna mais prazeroso elaborar matérias que de forma abrangente possam informar e gerar reflexão entre nossos leitores. Temos tido um excelente retorno através de e-mails e também em nossas páginas nas redes sociais – é bom saber que de alguma forma estamos fazendo nossa parte. Aproveitamos para convidar nosso leitor a integrar nossas redes no Twitter e no Facebook. A Revista Visão Ambiental é feita para você, participe! Boa leitura! Susi Guedes Publisher e editora-chefe Papel Certificado e Imune
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PUBLISHER Susi Guedes susiguedes@rvambiental.com.br
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Educação Ambiental
Por Bartira Bertini
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Sandra Cunningham
Escolas apostam em ações ambientais para desenvolver o interesse das crianças desde cedo em cultivar atit udes para preservar e cuidar do meio em que vivem
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Educação Ambiental
o projeto (PLC 15/09) que institui a Semana de Educação Ambiental nas escolas do ensino fundamental e médio. De autoria do deputado Maurício Rands (PT-PE), o projeto foi relatado pela senadora Ana Rita (PT-ES) e deve seguir agora para exame da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), para virar lei. De acordo com o texto aprovado, a semana de educação ambiental deverá ser realizada anualmente na primeira quinzena de junho e contar com atividades desenvolvidas em todos os componentes curriculares. Rands escolheu esse período para que as atividades se realizem em torno do dia 5 de junho - Dia Mundial do Meio Ambiente. Em defesa do projeto, Ana Rita afirmou, para a Agência Senado, que a semana de educação ambiental deve ser uma ocasião para a abordagem do tema de forma articulada, buscando conscientizar crianças e jovens sobre a necessidade de mudança dos padrões de conduta de nossa civilização, a fim de garantir sua sustentabilidade, um meio ambiente saudável e a preservação da biodiversidade. Fatos assim e a constante preocupação nacional com o tema meio ambiente e a conscientização das pessoas mostra que não há dúvidas de que uma das principais saídas para equacionar o impasse entre desenvolvimento e preservação ambiental passa pela educação. Reduzir, reutilizar, reciclar e repensar são ações que devem ser incentivadas desde a infância. Hoje no Brasil, com determinações formais ou não, já temos bons exemplos de instituições educadoras que fazem a sua parte, de norte a sul do País, desenvolvendo a educação ambiental em sala de aula, dentro do ambiente da escola, com ativi-
O MEC já realizou em todo o País inúmeras iniciativas voltadas à educação ambiental. Uma delas é a formação continuada de professores
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A
oferta de educação ambiental no Brasil cresceu, bem como o número de estudantes beneficiados por ela. Dados do Censo da Educação Básica revelam que, em 2001, apenas três estados ofereciam educação ambiental em mais de 90% de suas instituições. Em 2004, essa oferta chegou à maioria dos estados brasileiros. O número de crianças matriculadas com acesso à educação ambiental também passou de 25,3 milhões, em 2001, para 32,3 milhões, em 2004. Segundo informações da coordenadora geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação (MEC), Rachel Trajber, a Lei 9.795/99 determina que a educação ambiental deve estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades de ensino. De acordo com ela, uma grande parte dos estados brasileiros já possui ou está elaborando sua política de educação ambiental e seus programas para desenvolvimento do tema. Rachel diz, ainda, que muitas unidades da federação já vêm debatendo estratégias para a implantação da educação ambiental no ensino formal e na formação dos professores. O MEC já realizou inúmeras iniciativas voltadas à educação ambiental. Uma delas é a formação continuada de professores na área, no âmbito do programa Vamos Cuidar do Brasil com as escolas. Outra é a Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, que teve três edições: em 2003, 2006 e em 2009. Ao todo, desde a primeira edição, participaram dessa iniciativa cerca de 13 milhões de pessoas, em mais de 30 mil escolas. Somente a terceira conferência, realizada em abril deste ano, em Luziânia (GO), contou com quase quatro milhões de participantes, representando mais de 11 mil instituições de ensino fundamental. Para estimular ainda mais ações voltadas à popularização da educação ambiental, a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) aprovou no dia 10 de abril, deste ano,
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Alunos desenvolvem brinquedos com material reciclável na escola Stance Dual (SP)
Divulgação
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Educação Ambiental
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dades constantes e que envolvem toda a comunidade escolar.
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EDUCAÇÃO INFANTIL Na Escola Viva, tradicional instituição de ensino baseada no construtivismo, localizada na zona sul de São Paulo, a questão ambiental é prioritária e a escola particular nasceu capitaneada por essa proposta, em 1991. As crianças estão em contato constante com a natureza presente no próprio espaço escolar, como chão de terra batida, animais, árvores, horta e o projeto pedagógico prevê o uso desse espaço. “O convívio com bichos e plantas ajuda a provocar conflitos, a exercitar valores em situações concretas, a discutir a relação
As criações são usadas como exemplo de que é possível usar materiais descartáveis e criar objetos úteis
com o outro e a respeitar a vida”, diz Sônia Marina Muhringer, bióloga e coordenadora de educação ambiental da escola. Ela completa: “O desafio é permanente para que a gente consiga garantir que nossa prática esteja coerente com aquilo que exortamos na teoria. Coisas bem simples como sair da sala e apagar a luz ou desligar o ventilador”. A problemática ambiental está tão profundamente ligada ao projeto político pedagógico da escola que, em 2000, houve a decisão de se construir um prédio ecologicamente correto: as telhas utilizadas são de embalagem longa-vida reciclada; os canos são de cobre; a captação de água de chuva está sendo utilizada nas descargas dos banheiros e outros detalhes, como tijolos de solo-cimento (feito com a terra do local); bancos de jardim feitos de resina vegetal; impermeabilizante e isolante termoacústico à base de óleo de mamona. A educadora explica que alunos a partir dos três anos trabalham a importância de se preservar o meio ambiente. Nessa faixa etária, os alunos são estimulados a trazer sucatas de casa e realizam uma profunda pesquisa, por meio do lúdico, sobre o lixo, usos e costumes das famílias, bem como sobre especificidades dos materiais dos resíduos (papel, plástico, etc). Os pais são convidados a participar de
Educação Ambiental Iniciativa na rede pública A preocupação em ensinar a importância de reciclar o lixo, preservar a água e diversas outras ações voltadas para a conservação ambiental já fazem parte do cotidiano dos alunos da rede pública e da particular. A Lei Federal 9.795 de 1999 prevê que sejam implantadas em todas as disciplinas escolares lições ligadas ao assunto. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Aroldo Azevedo, no bairro do Limão, zona norte de São Paulo, foi implantado, em 2007, o projeto ‘Lixo é um Luxo’, onde alunos voluntários de 5a a 8a série fazem coleta seletiva nas casas próximas do colégio, separam e levam o material para reciclagem, como forma de aprenderem a importância de cuidar do
atividade programada para o sábado com enfoque na reutilização: canto do plantio (vasos com latas); canto da papelaria (produtos feitos de sucata); canto da música (construção de instrumentos a partir da sucata). Já no ensino médio, está prevista para este ano a construção de um viveiro e a riqueza de conteúdo que esse trabalho envolve garante a proposta ambiental.
lixo e transformá-lo em algo útil para a sociedade. Já as aulas de educação ambiental da Emef Chico Mendes, no Jardim Brasília, zona leste de São Paulo, mudou o dia a dia dos alunos, que aprenderam a economizar água, energia elétrica e não jogar nem papel de bala na rua. Fazendo jus à história do ambientalista e exlíder seringueiro que dá nome à escola, ela desenvolve várias atividades focadas no meio ambiente. Uma delas propõe aos alunos do ensino fundamental descobrirem atitudes certas e erradas de preservação do meio ambiente no caminho de casa até a escola. Depois, as informações são trazidas pelo estudante para a sala de aula e o tema é debatido.
Adepta da Agenda 21 - conjunto de metas estabelecidas na Conferência Rio-92 tendo em vista a obtenção do desenvolvimento sustentável - essa escola consegue, de fato, envolver seus alunos, transformando-os em multiplicadores das propostas da Agenda. Por toda a escola é possível sentir o clima de responsabilidade ambiental. Cestos coloridos por todo lado sinalizam a existência de coleta seletiva de lixo. A própria localização da escola favorece um pensamento que esteja voltado à natureza. Uma área verde em pleno centro de São Paulo, com 6 mil metros quadrados cheios de árvores e pássaros. Um verdadeiro oásis. Débora Regina Pires Moreira, coor-
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OUTRO EXEMPLO QUE DEU CERTO Quem já não ouviu o bordão “tudo tem um preço”? Quando o assunto é meio ambiente, o lugar-comum ganha expressivo significado. A Escola Stance Dual, que fica na zona central da capital paulista, é um exemplo de como trabalhar consistentemente as questões ambientais em projetos pedagógicos.
Stanislav Odiagailo
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a produção diária de lixo no Brasil chega a 150 mil toneladas; 59% vai para lixões e só 13% é reaproveitado
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Educação Ambiental Lixo tecnológico
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Michael
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Pergunt e-se: quantas vezes você já t rocou de celular? Na sua casa tem algum monitor ou CPU enconstados? O que fazer com as máquinas fotográficas analógicas ou mesmo as digitais que quebraram? Certamente esse é um dos pontos mais nevrálgicos da questão ambiental. Estima-se que, a cada ano, sejam geradas no mundo 50 milhões de toneladas de lixo tecnológico, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, são comercializados milhões e milhões de computadores a aparelhos de TV por ano e a montanha de entulho gerado por essa extensa variedade de produtos, coloca o planeta em estado de alerta. Uma das saídas é a conscientização da necessidade da reciclagem e do consumo consciente. Assim, o caminho se encontra na educação. Algumas inst it uições educadoras buscam, em suas ações e
projetos, abordar a problemática. No Colégio Pentágono (Unidade Alphaville), em São Paulo, os alunos do ensino fundamental, do 1a ao 5a ano, entram no laboratório de ciências, onde foi montada uma oficina de reciclagem, para desmontar equipamentos sucateados (monitores, rádios, computadores, eletrodomésticos, etc), da própria escola ou enviados pelas famílias. Mais de seis toneladas de material já passaram pela oficina, desde 2006. Os alunos também aprendem a trabalhar em grupo, dividindo ferramentas. “Eu chamo de recicloterapia. Os alunos ficam concentrados realizando este trabalho”, destaca Denise Desiderá, coordenadora pedagógica de educação infantil. 100% dos materiais têm dest inação, seja na construção de objetos ou no encaminhamento a instituição parceira.
denadora da Agenda 21, conta que a proposta da Agenda não se restringe aos limites da escola. “A intenção é multiplicar. Colocamos cestos de coleta seletiva na praça em frente à escola no ano passado, para que residências e empresas do entorno aderissem à idéia. Já colhemos frutos dessa ação e uma das empresas já virou nossa parceira”, festeja Débora. Muitos outros feitos fazem parte do dia a dia dessa escola, que utiliza, por exemplo, temporizador de água em todas as torneiras; as toalhas de papel foram substituídas por de pano; o lixo orgânico é depositado na composteira, que produz adubo para a horta da creche vizinha, que, por sua vez, abriga crianças carentes; os alunos frequentam diariamente a recicloteca,
oficina de sucata que produz brinquedos que serão doados. “Buscamos mostrar aos nossos alunos que, tão importante quanto criar novas formas de divulgar a Agenda 21, é manter as ações já conquistadas”, ressalta Débora, garantindo que a Stance Dual venha conseguindo implantar, pelo menos em seu universo, o tão almejado desenvolvimento sustentável.
Estima-se que, a cada ano, sejam geradas no mundo 50 milhões de toneladas de lixo tecnológico, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU)
CARTILHA PARA AS ESCOLAS Em 2010, o governo federal sancionou a lei que cria a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que tem a missão de promover a reciclagem de lixo e o correto manejo de produtos usados com alto potencial de contaminação. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a produção diária de lixo nas cidades brasileiras chega a 150 mil toneladas. Desse total, 59% vão para lixões e apenas 13% são reaproveitados. A situação é
Educação Ambiental Garantia de vida para futuras gerações
O governo federal, em 2010, sancionou a lei de resíduos sólidos, que promove a reciclagem e o manejo correto de produtos contaminantes com a experiência do Colégio Pentágono, de São Paulo. “A partir do momento em que as crianças entendem o processo pelos quais os materiais passam para chegar até o consumo, bem como a maneira como são obtidos na natureza, a conscientização ocorre mais eficazmente”, garante Amanda Macchion, assessora da área de ciências do Pentágono e responsável
se anto escova os dente Feche a torneira enqu is ma os nh ba louça, tome enquanto ensaboa a a. á-l lav de z da em ve rápidos, varra a calça
Separe o lixo
dide coleta seletiva, há não possua o serviço ião reg is, sua pé e pa , qu o ros sm vid Me caminhar a onde você pode en tam os nic trô ele versos postos de colet s e equipamentos ha pil , ias ter Ba s. e. tai e-s me plásticos e ropriados. Inform inhados a coletores ap bém devem ser encam
Apague a luz
ia eléO desperdício de energ , poreza tur na trica prejudica a se sas ace es luz ixe tanto, não de ue slig de e rio ssá ce ne não for tos eleda tomada equipamen sticos, mé do trônicos e eletro ndby. sta em s -lo ixá evitando de
Malakhova Imagens: Evgenia
Tenha plantas
alidade Elas significam mais qu ão. Eviluiç po s no para o ar e me s poela – cas sti plá s te sacola s ao no da dem trazer inúmeros oec as fira Pre meio ambiente. . eis záv tili reu s ola bags ou sac
Consuma menos
rias desEvite comprar mercado se torm de po necessárias que . ve bre nar lixo em
Caminhe, pedale ou
Utilize menos seu ve
ículo
e de Re du zir a quantidad isem a ir inu dim carros é ou dê o, iss r Po ₂. CO de são lo capeça carona e siga pe l. ve dá sau minho mais
vá de ônibus
ios que possível. Nos horár se locomover, sempre ra epa ch ios a, me rrid es rco ess pe e Us cia a ser dependendo da distân va ati ern alt a um é de congestionamento, ta icle do que de carro. A bic de ga-se mais rápido a pé so, as duas alternativas dis m Alé . lui po o nã e qu e loz ve e ort nsp de tra bem à saúde. deslocamento fazem
pelo trabalho de validação do conteúdo. Sua análise, afirma, se preocupou em usar linguagem adequada para a faixa etária do público de 8 a 10 anos. A revisão técnica final foi feita pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo e pelo Ministério do Meio Ambiente, que contribuíram com as tabelas de materiais e considerações relevantes. O Conjunto de Educação Ambiental conta com uma cartilha de 64 páginas que explica como são fabricadas as embalagens, seu consumo consciente, sua reciclagem, a simbologia que as identifica e como é possível transformá-las em instrumento para um mundo melhor. Também acompanha o conjunto um caderno de exercícios com 48 páginas que con-
solida, com atividades lúdicas, os conceitos aprendidos e propõe construção de brinquedos e objetos com embalagens usadas, trazendo ao universo das crianças a questão ambiental. O conjunto vem numa sacola e ainda tem uma cartela com oito adesivos para que as crianças possam identificar as lixeiras de coleta seletiva. Foram produzidos 30 mil conjuntos que têm a proposta de atender 300 mil crianças.
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crítica e a sociedade deve se mobilizar para reverter esse quadro. Nada melhor do que começar pela conscientização. É com essa perspectiva que o Instituto de Embalagens lançou o material paradidático “Nós, as Embalagens e o Meio Ambiente”, que contribui efetivamente para que as embalagens possam ser entendidas e usadas como aliadas na educação e conscientização ambiental das crianças. A validação do conteúdo do material contou
Economize água
Fonte: Grupo OHL
Toda degradação à natureza, que hoje em dia é uma constante, está diretamente relacionada ao nosso estilo de vida urbano, ao crescimento desenfreado da economia, da tecnologia, do consumo e da falta de consciência das pessoas. Dessa forma, a responsabilidade de evitar catástrofes naturais depende do volume que geramos de lixo, do uso que se faz da água, do controle de seu consumo. Atitudes simples e eficazes ajudam na preservação do meio ambiente. Confira dicas simples:
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Visão Energética Carlos Bezerra
Os três pilares da indústria de valorização dos resíduos sólidos Com a proximidade da Rio+20, é oportuno e pertinente analisar a questão relativa ao lixo urbano. A atividade econômica inerente à coleta, destinação e reciclagem é uma das poucas que responde de modo pleno aos três pilares desse importante evento da ONU: o econômico, o social e o ambiental. A questão do lixo precisa ser tratada sob uma perspectiva mais condizente com os níveis profissional, tecnológico e de investimento dos dias atuais. Falamos da indústria de valorização dos resíduos, que cria empregos, recolhe impostos, produz itens de expressivo valor agregado, como energia elétrica de fonte renovável pela queima de biogás de aterro ou queima de rejeitos em fornos, além de uma série de subprodutos obtidos com a reciclagem; consubstancia uma cadeia produtiva cujo resultado é a melhora do meio ambiente, a geração e distribuição de renda por meio da produção e salários, e a geração de energia elétrica que dá segurança ao crescimento econômico. No tocante ao eixo social, a atividade é muito peculiar, pois propicia a inclusão na sociedade de consumo de milhares de trabalhadores sem especialização e baixa empregabilidade em outros segmentos. São pessoas contempladas com emprego registrado em carteira e todos os direitos trabalhistas. Por executarem função fundamental, esses trabalhadores precisam ser valorizados, bem treinados e reconhecidos, sendo uma vertente significativa do setor. Trata-se de um negócio complexo e moderno, exigem-se vultoso aporte financeiro e tecnologia de ponta para se implantar eficazmente sistemas de coleta domiciliar, sistemas de coleta seletiva, unidades de triagem e usinas termelétricas que recuperam energia dos resíduos que não se mostraram viáveis para a reciclagem. Não podemos esquecer os cuidados para se optar por bons projetos, com garantias das performances prometidas, e o cuidado com a segurança no tocante aos efluentes líquidos, gasosos e sólidos gerados com o processamento
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Estudo recente aponta a necessidade de implantação de 448 aterros de grande e pequeno portes no País, a um custo total aproximado de R$ 2 bilhões
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Carlos Bezerra é diretor de projetos especiais da Vega Engenharia Ambiental.
dos resíduos. Todos esses projetos de geração de energia a partir de resíduos têm como característica a redução de gases de efeito estufa que vai ao encontro do consenso que houve em Durban (África do Sul) entre os países. Esse tema não pode continuar sendo tratado no plano da retórica e de modo superficial. A despeito da determinação da lei de erradicação dos “lixões” até agosto de 2014, metade das cidades brasileiras continua ainda depositando o lixo no solo. Estudo recente aponta a necessidade de implantação de 448 aterros de grande e pequeno portes no País, a um custo total aproximado de R$ 2 bilhões. Faz-se necessário um maior senso de urgência para a realização da prática, uma vez que as possibilidades técnicas já existem. Diversas questões envolvem hoje essa atividade, que evoluiu da coleta, transporte e disposição de lixo para uma indústria que atua conforme os mais contemporâneos conceitos de valorização dos resíduos. O foco que antes era a disposição dos resíduos mudou para a valorização destes. O objetivo é que cada aterro de resíduo urbano seja um aterro sanitário, que possua uma unidade de triagem e, quando viável, implemente unidade de valorização dos resíduos que pode ser uma termelétrica para geração de energia renovável a partir do biogás gerado no próprio aterro. Tal viabilidade se amplia se buscarmos e efetivarmos saídas criativas, como incentivos fiscais e tributários e taxa de valorização de resíduo mais apropriada. A gestão adequada dos resíduos sólidos é parte fundamental na manutenção da qualidade de vida e na sustentabilidade de cidades que crescem aceleradamente, ampliam o consumo e a quantidade e a diversidade dos resíduos. O grande desafio, que envolve todos os agentes sociais, é manter a qualidade dos serviços e a inovação tecnológica, com uma projeção de longo prazo. Para regular e salvaguardar esses direitos, é preciso que estejam bem estabelecidos os parâmetros das normas legais, técnicas, ambientais, econômicas e jurídicas, fatores fundamentais para preservar, nesse processo, os indivíduos, o habitat e os objetivos de sustentabilidade perseguidos na Rio+20.
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Moda Sustentável
Por Joni Anderson
Do L I XO ao U X O
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Doações pelo Facebook e reaproveitamento de jeans fazem a diretora criativa Erica Andrade unir redes sociais, reciclagem e moda
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ntigamente, as tendências de moda se renovavam a cada seis meses. Hoje em dia, com o fast fashion (moda rápida), as vitrines mudam a cada semana. Justamente para se posicionar contra o consumismo e a favor da ecologia, Erica Andrade resolveu apostar alto em um paradigma na cena fashion. “Iniciei o projeto ‘Do Lixo ao Luxo’ com uma campanha no Facebook apelando para que os amigos e colegas doassem seus jeans velhos, rasgados, desatualizados em prol da criação de figurinos sustentáveis”, diz a profissional, formada
em Negócios da Moda pela Universidade Anhembi Morumbi. “Todo mundo tem um jeans em casa que pode ser reaproveitado: então fica a dica: vamos reciclar”, diz. Como as peças doadas não foram suficientes para a confecção de todos os figurinos pensados para o desfile da marca de cosméticos E Cosmetics International Salon na feira Hair Brasil 2012, Erica percorreu brechós e comprou os jeans usados pelos quais pagou no máximo R$ 7 cada (a maioria das calças custou R$ 4) e elaborou um projeto ecológico contra a ditadura do consumo imposta pela indústria da moda e para ressaltar o comprometimento com os padrões da E Cosmetics International Salon, cada vez mais preocupada na adequação de suas responsabilidades socioambientais. Grande parte das peças adotadas para a construção dos figurinos foram as calças e com elas foram elaborados vestidos longos e curtos, tops
CRÉDITOS Direção Criativa e Figurinos: Erica Andrade Locação: Central de Triagem do Butantã Fábio Arantes/Secom Fotos: Ronaldo Gutierrez Assistente de Fotografia: Guilherme Griebler Modelos: Caetana Santos, Lyana Merlo, Karina Magiore Assistente de Figurino: Thaís Viana
e saias em patchwork. Apesar dos figurinos serem estilizados e alguns mais conceituais, eles podem ser adaptados à vida real, eventos sociais, baladas, etc., por serem modernos e atuais. Na Hair Brasil 2012, Erica Andrade, que é a responsável por toda direção criativa da terceira maior indústria de cosméticos da América Latina em produção, a E Cosmetics, elaborou os desfiles para a marca, com o tema “Eco-Fashion”. Foi tanto sucesso que a plateia quis comprar os looks. ”Só queria mostrar que roupas velhas ou desatualizadas com a moda podem se transformar
em peças novas e modernas”, defende. E foi na Hair Brasil 2012, depois do sucesso com a apresentação do quadro de penteados, que Erica resolveu fotografar junto com Ronaldo Gutierrez o editorial de moda e beleza que ganhou o nome “Do Lixo ao Luxo”. Mesmo os uniformes da equipe técnica também entraram no esquema ecológico. Os aventais e grande parte do uniforme também utilizaram tecidos “corretos”, como a polêmica fibra de bambu, lona pet e tecido modal, materiais ecológicos.
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PRODUÇÃO Cenográfica: Johnny Melo Make-up: Fábio Lopeira Hair Stylist: Nilza Araújo - Studio La Vie
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Proteção Animal Por Arielli Secco
Questão de ÉTICA ou de NECESSIDADE?
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16 Depositphoto/Peter Kirillov
A saúde e beleza do corpo humano podem custar a vida de milhares de animais utilizados em testes de cosméticos em todo o mundo Lush cosmetics
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vivissecção mobiliza protetores de animais e pesquisadores até hoje na busca por alternativas de substituição total desse tipo de teste. Segundo a Agência de Notícias de Direitos Animais, somente no ano de 2009, 600 mil animais foram utilizados em experimentos de laboratórios. Isso inclui testes de tecnologia, fármacos e cosméticos. Na última semana de abril deste ano, uma jovem de 24 anos chamou a atenção de quem passava pela Regent, uma rua em Londres. A ação foi promovida em parceria com a Lush, uma marca de produtos de beleza ecologicamente corretos. Na vitrine de uma das lojas da marca, a atriz Jacqueline Traide se sujeitou a passar por todos os procedimentos feitos com os animais em laboratórios para testes de cosméticos: com a boca presa por grampos, ela foi forçada a ingerir alimentos, passou por aplicação de produtos nos olhos e na pele (para medir a irritabilidade), tomou injeções e teve parte do cabelo raspado. Além do alerta, o objetivo era buscar assinaturas para um abaixo-assinado contra os testes. Diante desse caso, fica a pergunta: se a ideia parece tão chocante quando exercida sobre um ser humano, por que continua sendo realizada em animais? A questão divide opiniões no mundo inteiro e, cada vez mais, ganha adeptos contra essa prática. Não faltam exemplos de iniciativas. Nos Estados Unidos, a organização ARME - Animal Rescue
Em vez de animais, um ser humano. A ação da Lush chocou quem passava em frente a uma vitrine da marca de cosméticos, em Londres.
Media Education (Educação na Mídia para o Resgate de Animais), fundada em 2004, é liderada pela ativista advogada Shannon Keith e atua no resgate de animais e na defesa de mudanças na legislação. Um dos principais projetos é o Beagle Freedom criado em 2010 em Los Angeles - para resgatar e promover a adoção de beagles utilizados em laboratórios. A espécie é muito utilizada em pesquisas por ter um comportamento dócil. Em dezembro de 2011, o resgate de 72 cães comandado pela ARME foi destaque nos noticiários nacionais e internacionais. Eles estavam em um laboratório espanhol em Barcelona. A iniciativa da ONG foi possível depois de Shannon receber várias mensagens
de denúncia pelas redes sociais. Os usuários alertavam sobre a falência do laboratório, que ameaçava matar os animais caso não houvesse ninguém comprometido a cuidar dos mesmos. Para a ativista, isso é um crime. Shannon compara a recorrência do uso de animais em laboratórios ao holocausto. “Enquanto nós salvarmos animais de laboratórios, seremos capazes de mostrar a cara e o sofrimento dos animais depois dos testes. É isso que repercute entre as pessoas”,
Lush cosmetics
A atriz Jacqueline Traide foi submetida a testes durante 10 horas
Lush cosmetics
A marca se posiciona contra testes em animais desde 1993
A atriz teve o cabelo raspado e o corpo preso por cordas
destaca. As ações foram compiladas recentemente no documentário Behind the Mask, que expõe a indústria da vivissecção (uso de animais vivos para fins científicos). Desta forma, a organização acredita que os telespectadores possam compreender o pensamento de quem infringe a lei para efetuar os salvamentos. “Quando as pessoas olham nos olhos dos beagles que resgatamos, percebem que não há nenhuma forma de entender a tortura de um cão para fabricar um rímel ou detergente”, acredita Shannon. De acordo com a presidente da organização, existem vários criadores e corretores de animais fornecedores exclusivos de laboratórios em todo o mundo. Ela cita uma das maiores empresas do
ramo, a Marshall Farms, com sedes nos Estados Unidos, China e Itália. “Infelizmente, o que eles fazem está de acordo com a lei, desde que os animais tenham alimentação adequada, água, abrigo e espaço. Os bichos são criados de acordo com o que o laboratório pede”, conta a ativista. LEGISLAÇÃO A Europa pode ser considerada a região mais avançada na tendência à proibição dos testes em animais. A legislação restringe a vivissecção para vários fins, exceto experimentos para o avanço de pesquisas sobre o
tecnologia para nos ajudar, bonecos de borracha para simular pessoas ou animais, uso de placentas e cordões umbilicais”, descreve. No Brasil, a questão motivou, em 2008, a criação do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal – Concea, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, responsável pela instituição de normas para “a utilização humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica, bem como estabelecer procedimentos para instalação e funcionamento de centros de criação, de biotérios e de laboratórios de experimentação animal”. Todas as empresas ou instituições de ensino que pratiquem testes em animais precisam estar cadastradas no Ciuca (Cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais). A fiscalização é conjunta por parte dos Ministérios da Agricultura, da Saúde, da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente com as Comissões de Ética no Uso de Animais (Ceua) criadas pelo Conselho. O próprio site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) justifica o uso de animais como sendo uma prática necessária para autorização da comercialização desse tipo de produto. O órgão expõe a proibição dessas experimentações como uma tendência mundial, mas esclarece que, no Brasil, ainda não há legislação vigente para o impedimento dessa prática. Outra dificuldade é a falta de métodos alternativos validados. O “Guia para Avaliação de Segurança de Produtos Cosméticos”, disponibilizado pela Anvisa, descreve alguns tipos de testes alternativos já validados, como métodos in-vitro (para avaliação do potencial de irritação ocular) e utilização de pele reconstituída (para avaliação do potencial de irritação cutânea).
Enquanto salvarmos animais de laboratórios, seremos capazes de mostrar a cara e o sofrimento deles depois dos testes” – Shannon Keith, presidente da ARME homem, os animais ou doenças (esclerose múltipla, Alzheimer, câncer e Parkinson) desde março de 2009. O texto aprovado pelo Parlamento Europeu afirma que os trabalhos científicos precisarão trabalhar para que “a dor e o sofrimento infligidos sejam reduzidos ao mínimo”. Na opinião da presidente da Aliança Internacional do Animal (Aila), Ila Franco, o Brasil ainda precisa progredir na articulação de leis específicas. “As leis são elaboradas sem a participação dos órgãos interessados, então se coloca em pauta o que beneficia principalmente os interesses econômicos de grandes laboratórios e empresas”, diz Ila. Para ela, é o que falta para mudar o modelo de testes das empresas, já que existem alternativas. “Temos a
DA CIÊNCIA PARA A CIÊNCIA Se a comunidade científica cita a evolução das pesquisas como justificativa para as experiências com animais, a ciência também progride para salvar a vida dos seres que não têm outro destino senão os laboratórios. A pele artificial é uma das saídas apontadas pelos estudiosos e pelos ativistas para resolver esse impasse, e já é amplamente utilizada por alguns países. No Brasil, um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo trabalha no desenvol-
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Lush cosmetics
Proteção Animal
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vimento do produto. Silvya Stuchi, uma das coordenadoras do projeto, afirma que a alternativa substitui animais em alguns tipos de testes e também pode oferecer resultados mais precisos. “A pele artificial é muito semelhante à pele humana: é composta por células humanas, apresenta praticamente a mesma espessura da epiderme e derme, e é diferente de cobaias”, explica. Shannon Keith é diretora da ARME e fundadora Para a pesquisadora, o prodo projeto Liberdade para os Beagles duto tem potencial para representar uma autonomia nacional e o desenvolvimento tecnológico do País. “Após a sas que testam e não testam seus diretiva europeia de 2009, não é permitido o teste produtos em animais. Segundo o de novas formulações de cosméticos em cobaias. site da organização, o cadastro foi Portanto, qualquer novo cosmético passa obriga- elaborado por via de documentos toriamente por testes em peles artificiais”, pontua. enviados pelos fabricantes contaOutros estudos já abordavam a produção da pele, tados, descrevendo como são remas a pesquisa foi pioneira no desenvolvimento alizados os testes. As declarações de um modelo totalmente humanizado do tecido. são assinadas por representantes Agora, a equipe trabalha junto ao Concea para legais de cada empresa. discutir regimentos e chegar ao mesmo momento produtivo de países da Europa, Estados Unidos PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS e Japão, que já desenvolveram modelos de pele artificial. Segundo Silvya, é necessário haver uma legislação específica para testes alternativos que viabilize a comercialização e o uso do produto. COMO CONTRIBUIR O consumidor pode ser seletivo na hora da compra e dar preferência a marcas ecologicamente corretas. O Projeto Esperança Animal (PEA) – uma entidade ambiental de São Paulo –, por exemplo, mantém um levantamento com listas de empre-
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Acervo USP/Francisco Emolo
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A pele artificial é produzida com células do tecido epitelial retirado de cirurgias plásticas
De acordo com o site do Projeto Esperança Animal (PEA), os principais testes realizados por algumas empresas de cosméticos são: Teste de irritação dos olhos: tem a finalidade de observar possíveis inflamações das pálpebras e íris, úlceras, hemorragias ou até cegueira. Os produtos são aplicados diretamente em um ou nos dois olhos dos animais. Neste caso, os coelhos são os mais utilizados. Ao final dos experimentos (que duram de 72 horas a 18 dias), os bichos são mortos para que sejam analisadas as reações internas das substâncias. LD 50: o Lethal Dose 50 (dose letal 50%, em português) serve para medir a toxicidade. Duzentos ou mais animais são forçados a ingerir substâncias com uma sonda gástrica até que metade do grupo experimental morra. Teste Draize (irritação dermal): aplicação de produtos diretamente na pele raspada ou ferida para testar a irritabilidade.
Susan Weingertner
Divulgação
Proteção Animal
O site beaglefreedomproject.org tem todas as informações e registros das ações do projeto
Marcas brasileiras como O Boticário, Contém 1g e Natura são exemplos de fabricantes de cosméticos isentos de testes em animais. Como muitos modelos alternativos ainda não foram validados no Brasil, as empresas precisam realizar os procedimentos no exterior. A assessoria da Natura informou à nossa reportagem que os testes de cultura tridimensional, por exemplo, são realizados nos Estados Unidos e na Europa. As metodologias utilizadas são validadas pelo Centro Europeu de Validação de Métodos Alternativos (ECVAM) e publicados pela OECD (Organization for Economic Co-operation and Development).
“As leis são feitas sem a participação dos órgãos interessados, então os principais beneficiados são grandes laboratórios e empresas” – Ila Franco, presidente da Aila A empresa investiu e importou conhecimento para substituir totalmente a vivissecção a partir de 2006. Para promover a internalização de tecnologias, foram contratados pesquisadores franceses para atuarem em um laboratório inaugurado na Europa, a fim de aproximar a marca dos locais de desenvolvimento de novas técnicas. Algumas multinacionais também constam na listagem. As informações foram obtidas a partir de uma parceria de divulgação com a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), uma entidade internacional com sede nos EUA que também realiza esse tipo de investigação. As informações podem ser acessadas no endereço www.pea.org.br.
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Fiema 2012 Por Anahi Fros
Fio condutor de necessidades e soluções
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s quatro dias dedicados à Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente (Fiema) ficaram pequenos para quem acompanhou de perto a 5ª edição do evento, ocorrido em Bento Gonçalves (RS), nos pavilhões da Fundaparque. A diversidade da programação, distribuída entre os dias 24 e 27 de abril, além do alto número de expositores nacionais e internacionais– foram mais de 300 estandes espalhados em uma área 50% maior que em 2010 –, exigiram fôlego dos 22 mil visitantes que passaram pelo local. O interessante é que, em meio a tantas coisas para ver e ouvir, os assuntos convergiam, levando uma coisa à outra, em uma espécie de fio condutor. No rescaldo de todas as atividades, ficou clara a conectividade, mesmo que nem sempre intencional, mas certamente positiva, entre empresas, pessoas e iniciativas, entre elas um intenso networking. A definição de uma visão ecológica, defendida por Fritjof Capra no livro A Teia da Vida, qu e co n ceb e o mundo como um
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Feira ocorrida na Serra Gaúcha conectou soluções, ideias e pessoas em torno da temática ambiental, indo além do fechamento de negócios
todo integrado, e não como uma coleção de partes dissociadas, cabe bem para definir a energia circulante na Fiema. A feira conseguiu gerar a interdependência necessária entre as necessidades de mercado, oferecendo soluções ambientais para a indústria, com os anseios da sociedade, que está despertando para a busca de um convívio sustentável, onde homens, mulheres e desenvolvimento possam dialogar sem prejudicar o entorno. Na contramão do que ocorria na Serra Gaúcha, o público da feira, assim como o restante do País, viu com perplexidade a Câmara dos Deputados aprovar, no dia 25 de abril, o relatório do deputado Paulo Piau (PMDB-MG) para o novo Código Florestal. O texto, que ainda precisava da sanção da presidente Dilma Rousseff até o fechamento desta edição, favoreceu a bancada ruralista. Entre os pontos polêmicos estão a suspensão das sanções e anistia a quem praticou crimes ambientais e a maior vulnerabilidade das áreas de preservação permanente (APPs) em torno de nascentes e rios. A lição que fica da Fiema é que, enquanto a vontade política demonstra desconhecer os riscos de um retrocesso, empresas e corporações provam que estão à frente quanto ao futuro dos negócios, cada vez mais focados na busca da sustentabilidade, praticando que a terminologia indica: usar os recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes sem comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras.
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Anahi Fros
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Espaço de convivência Vila + Sustentável encantou quem passou pela feira, ocorrida na Serra Gaúcha
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decorada nvívio foram Praças de co is reciclados com materia
s
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Salão de Arte Ambiental contou com mais de 80 trabalhos
Ao final do evento, música típica animou corredores
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VERDE: UM BOM NE
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Área da feira aumentou 50% em relação a 2010
GÓCIO
A Fiema é uma unidade de negócios da Fundação Proamb, criada em Bento Gonçalves em 1991, tendo como foco de atuação soluções ambientais. O evento se une a outras três linhas de atuação da entidade: aterro industrial, assessoria técnica e coprocessamento. Idealizada e consolidada a partir da iniciativa de um grupo de empresários que se reuniu em busca de uma alternativa para a destinação correta dos resíduos industriais, nada mais natural do que encontrar na feira um mix variado de expositores oferecendo soluções e serviços focados no meio ambiente e no desenvolvimento sustentável. Os stakeholders – interessados por projetos, gerenciamento, mercado e produtos de uma
empresa que circulavam pelo local – puderam conhecer de perto novas tecnologias, bem como travar negociações. O conceito que a Fiema vende, o chamado green is green (o verde é bom negócio), acaba se tornando um benefício também para o planeta. Nessa busca das empresas para tentar reduzir o impacto ambiental daquilo que produzem, seja por compreensão da necessidade, seja por cumprimento à legislação ou exigência de fornecedores, a Terra, e todos os seus habitantes, saem ganhando. Vale lembrar que, segundo pesquisa divulgada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) – também presente no evento, viabilizando a participação de micro e pequenas empresas e consultores gaúchos na feira – em 2011, 48% dos consumidores estavam dispostos a pagar até 10% a mais por produtos ou serviços que atendam a requisitos ecológicos e sociais. “A Fiema apresenta a cada ano novas tendências e práticas ambientais bem sucedidas no setor, que transformaram o evento em um gerador de experiências e de negócios importantes para o sul do País”, destacou o diretor comercial da Fiema Brasil, Neri Gilberto Basso. O presidente da Fiema Brasil 2012, Marcio Chiaramonte, reiterou a afirmação e comemorou os resultados. Ao final da feira, ele contou ter observado os estandes e eventos com o olhar de visitante, já que buscava, entre os expositores, parceiros para a construção da nova planta da Meber, líder no mercado gaúcho na fabricação de metais decorativos e utilitários, da qual é um dos proprietários. “Encontrei ótimas empresas e tecnologias. Também recebi o feedback positivo dos expositores e sugestões de melhorias, que sempre são bem-vindas e fazem com que a feira se qualifique a cada edição”, comentou, destacando o aumento da participação de comitivas internacionais, como vindas da Alemanha e Itália. A Fiema Brasil contou com a participação de representantes de dez países, entre expositores e palestrantes. No dia 24 de abril, por exemplo, ocorreu o Seminário para Soluções Ambientais das Empresas Alemãs, quando representantes da Küttner, grupo empresarial internacional dedicado à engenharia e construção de instalações industriais, mostraram que é possível fazer aproveitamento de resíduos urbanos para geração de energia elétrica. Já a Business With Brasil revelou as novas tecnologias de Hamburgo para o tratamento de lodo, coleta de lixo e reciclagem de sucata.
Gilmar Gomes/Fiema
a Gilmar Gomes/Fiem
de Tecnologia Congresso Internacional u auditório loto para o Meio Ambiente
EVENTOS SIMULTÂ
NEOS
Além de centenas de expositores, cada um com interessantes experiências e soluções diversas para mostrar, a Fiema abriu espaço para 11 eventos simultâneos. Entre eles, destaque para o Meeting Empresarial, estreante na programação. Cerca de 230 líderes empresariais da região prestigiaram as apresentações do consultor Ricardo Voltolini, do gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Braskem, Mário Pino, e do presidente da Tetra Pak para o Brasil e América da Sul, Paulo Nigro.
O espaço serviu de palco para o primeiro encontro da Plataforma Liderança Sustentável fora de uma capital brasileira. Voltolini, idealizador do projeto, abriu o meeting com uma análise das características comuns aos líderes selecionados para integrar o livro Conversas com Líderes Sustentáveis, origem da plataforma. Pino, da Braskem, defendeu que o líder sustentável é aquele que inverte a lógica tradicional e faz perguntas a si mesmo, antes de tomar decisões, e que as empresas têm de ter a coragem de “não vender para qualquer um”, cercando-se de cuidados em toda a cadeia produtiva. Paulo Nigro usou a sua história de vida para defender que tudo tem valor e pode ser transformado. Quando criança, ele acompanhava o pai, trabalhador da construção civil, recolhendo fios de cobre e outros objetos para vender, motivo que o fez despertar para as questões ambientais e sociais. “Palavras emocionam. Mas o que arrasta as pessoas é o exemplo”, aconselhou o empresário. A Fiema também abriu espaço para o debate da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), que até o mês de agosto deste ano obriga todos os municípios brasileiros a
A Fiema 2012 contou com 11 eventos simultâneos, abrindo espaço para o debate de diversos temas, como governança sustentável
apresentarem planos para resíduos sólidos locais. No dia 24 de abril, ocorreu o encontro intitulado “Gestor público: como adequar seu município às novas políticas”. Para discutir a legislação, foram convidados o diretor do Departamento de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Silvano Silvério da Costa, que falou sobre “A Política Nacional de Resíduos Sólidos: Exigências e Custos para o Atendimento da Lei”. Silvério é considerado referência nacional em relação à gestão de resíduos sólidos. Também esteve presente o atual secretário estadual de Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul, Hélio Corbellini, que apresentou o Projeto do Plano de Resíduos Sólidos do RS. Segundo o secretário, o Rio Grande do Sul está entre os quatro melhores projetos do Brasil. Já no dia 27 de abril, o tema pautou o 3º Simpósio de Legislação Ambiental. O evento reuniu cerca de 250 participantes e foi uma iniciativa da Comissão Estadual de Direito Ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS). Participaram do encontro os técnicos da Proamb, Taísa Trevisan e Evandro Schweig, que explicaram sobre todos os processos que envolvem os resíduos sólidos. Como mediador estava o presidente da OAB/ RS subseção de Bento Gonçalves, Felipe Panizzi Possamai, e Sulamita Santos Cabra, representando o presidente da OAB/RS, Cláudio Lamachia. A lei determina, entre diversos pontos, o fechamento de lixões até 2014, a implantação da logística reversa, o reaproveitamento energético dos resíduos, a elaboração de planos de resíduos sólidos nos estados e municípios e a responsabi-
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Primeiro Meeting Empresarial tratou de liderança sustentável
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Anahi Fros
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lidade compartilhada entre todos os integrantes da cadeia produtiva em relação à destinação dos materiais. O debate foi pertinente, já que os dados não são nada animadores. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios, apenas 37% das cidades brasileiras possuem aterros sanitários controlados, o que significa que 63% ainda utilizam os chamados lixões. Cerca de 60% dos municípios não possuem qualquer tipo de coleta seletiva e 80% não desenvolvem programas para compostagem de lixo orgânico.
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Congresso Internacional de Tecnologia chamou a aten ção de estudantes universitários e pesquisadore s
Fórum de Jornalismo Ambiental debateu cobertura
DIVERSIDADE DE TEMAS Empresas que desenvolvem soluções para preservar o meio ambiente podem gerar lucros. Sabendo disso, centenas de empresas visitantes que buscavam soluções em tecnologias e serviços na área ambiental estreitaram laços com expositores durante a Rodada de Negócios, outro dos eventos simultâneos da Fiema. Foram 250 reuniões, todas focadas no econegócio. Mais de 140 pessoas participaram, na tarde de 25 de abril, da abertura do 3º Seminário de Gestão Ambiental na Agropecuária. O evento, presidido pelo pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Luciano Gebler, seguiu até o dia 26, tendo como eixo temático a gestão de resíduos. Palestraram o presidente da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (Sbera), Julio César Palhares, também pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, o consultor Luiz Carlos Ferreira Lima, representando a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), a pesquisadora Maria Cristina Diez Jerez, da Universidad de La Frontera, Chile, e o engenheiro agrônomo Ricardo Furtado, fiscal federal agropecuário no Rio Grande do Sul. Em paralelo, no dia 26, ocorreu o 3º Congresso
Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente. O auditório ficou lotado de acadêmicos de diversas universidades do RS e público em geral. Mais de mil pessoas assistiram às quatro palestras do dia. Entre os destaques internacionais, estava a especialista italiana que faz parte do Centro de Documentação e Pesquisa Sobre Tecnologias para Gestão Ambiental em países em Desenvolvimento (Cetamb), da Universidade de Bréscia, Sabrina Sorllini. O tema da palestra foi “Tecnologias para a utilização de resíduos industriais no setor da construção civil”. Ela mostrou ao público a eficiência na utilização de matérias-primas e insumos na construção civil. Em sua segunda edição, o Seminário de Segurança do Trabalho, ocorrido entre os dias 24 e 27 de abril, apontou que o setor é uma das principais bases de sustentação das corporações. Entre as falas esteve a abordagem das Normas Regulamentadoras (NRs) existentes e seu cumprimento, como a NR-12, que trata da Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. Todos os temas discutidos na Fiema têm pautado com cada vez mais frequência os veículos de comunicação. Debater a forma como os assuntos são tratados pela mídia foi uma das tônicas do 1º Fórum de Jornalismo Ambiental, ocorrido no dia 25. A iniciativa contou com a participação de Ricardo Voltolini, Alan Dubner, Paulina Chamorro, Cláudia Piche, Vilmar Berna, Henrique Camargo e Reinaldo Canto, jornalistas experientes na área ambiental.
Política Nacional de Resíduos Sólidos, Legislação Ambiental, cobertura jornalística de temas ambientais foram alguns dos assuntos na feira
Fiema 2012 A Fiema vai além de se apresentar como uma feira de negócios, abrindo espaço para a arte, a fruição e o lúdico. Entre os eventos paralelos, três deles chamaram a atenção por seu foco de interação, muito mais do que de vendas: os projetos Vila + Sustentável, Viva a Natureza e Salão de Arte Ambiental. Cada um, ao seu modo, mostrou que a preocupação dos organizadores foi além de atender a cadeia produtiva. Espaço de convivência criado com base nos princípios da sustentabilidade, a Vila+Sustentável era um dos locais mais fotografados pelos visitantes. Repassando a ideia de uma rua comercial, com aproveitamento de meio quarteirão, as construções reproduziram um condomínio de parceiros unidos para dividir algumas facilidades, multiplicar iniciativas e somar interesses, totalmente aplicável ao cotidiano das grandes cidades. O telhado verde de uma das construções – jardim suspenso que consiste na aplicação e uso de solo e vegetação sobre uma camada impermeável na cobertura de edificações, facilitando a drenagem e fornecendo isolamento acústico e térmico – se destacava pelo diferencial estético e ambiental. O projeto teve a assinatura das arquitetas Gabriela Pizzetti e Cristiane Kaiser, do escritório Toni Backes Paisagismo&Arquitetura, de Nova Petrópolis. “A Vila+Sustentável congregou os elementos arquitetônicos em torno de uma grande praça, com atividades culturais e comerciais, com ações
em prol da qualidade de vida e do meio ambiente”, explicou Gabriela. Na edição anterior, ocorrida em 2010, a Casa Sustentável também foi um dos chamarizes da Fiema. O projeto ganhou sobrevida em 2 de abril, quando a construção foi doada para a Associação Beneficente de Apoio ao Autista Gota D’Água, de
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Projetos Vila + Sustentável e Salão de Arte Ambiental chamaram a atenção dos visitantes que passaram pela feira por sua beleza e inovação
Viva a Natureza atende u 10 mil estudantes de diversos municípios da região de Bento Gonçalves durante a Fie ma
Bento Gonçalves. O destino das edificações da Vila + Sustentável ainda não foi definido. O 3º Salão de Arte Ambiental foi mais uma vez um dos destaques da feira. Maior e com novos nuances, o evento contou com 86 trabalhos, proporcionando momentos de reflexão sobre a transformação da natureza através da arte. CULTIVANDO CONSCIÊNCIA Relacionar a temática meio ambiente com o futuro, questio-
nando que mundo deixaremos para nossos filhos, já virou um clichê quando se fala em mudança de hábitos. A Fiema vem saindo do discurso desde sua primeira edição e ensinando na prática que é possível atingir os principais interessados por um planeta melhor: as crianças. O projeto Viva a Natureza se consolidou e, neste ano, abordou o Consumo Consciente, relacionando a nem sempre necessidade de aquisição de bens com a realidade infantojuvenil. Os instrumentos utilizados foram duas oficinas lúdico-pedagógicas, uma de jogos virtuais com conteúdos produzidos pela ONG Akatu Mirim, e outro de customização de sacolas retornáveis, e a peça teatral O segredo de Maria Amália, baseada no livro homônimo de autoria de Rudáia Correia e Cris Guimarães, desenvolvido especialmente para o evento. A peça foi dirigida e encenada pelo Grupo Teatral Orelhas de Abano, de Bento Gonçalves. O Viva a Natureza atendeu 10 mil estudantes de diversos municípios da região durante o projeto, por meio de quatro programações diárias, dividas durante a manhã e tarde. No período de uma hora e meia, os pequenos assistiam à apresentação teatral para, logo depois, participarem das oficinas. O espaço contou ainda com a exposição Recicla Arte, composta por obras elaboradas por alunos da rede pública e privada do município gaúcho com material reciclado. O resultado de tanto esforço podia ser medido na fala do público presente, que saiu com o recado na ponta da língua. “É importante separar o lixo para deixar a natureza limpa. Se não fizer isso, o mundo fica poluído, a sujeira entope os bueiros e a cidade fica alagada quando chove”, ensinava, animado, Chrigor da Silva Barreto, seis anos, do Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira.
o Nossa alabrinian Colégio Sc o as duas d s m o n ra lu va A neira apro ia d e M ra o projeto Senho xclusiva d ça teatral e e p e as n ofici
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Empresa gera soluções ambientais há 18 anos
Enfil dá conta de toda cadeia de atendimento
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exterior faz com que a corporação garanta total conformidade com rigorosas especificações técnicas requeridas pelo mercado. O diferencial da Enfil está Engenheiro Alderico Marchi ligado principalmente ao fato de a empresa oferecer A Enfil, especialista em tecnologias ambien- não somente os equipamentos demandados, tais, mostrou na Fiema suas quatro áreas de muitos deles customizados ao negócio, mas no negócio, levando à feira a expertise de quem, apoio a toda estrutura operacional necessária. “Definimos o processo, desenhamos, fornehá 18 anos, gera soluções para o controle da poluição atmosférica, tratamento de águas e cemos e montamos o equipamento e a estrutuefluentes líquidos, cogeração a partir do lixo ra operacional”, destaca o diretor de Negócios, e gestão de resíduos e recuperação de áreas Gestão de Resíduos e Recuperação de Áreas contaminadas. Na carteira de clientes, gigantes Contaminadas, o engenheiro Alderico Marchi. Pioneira no País na cogeração a partir do recomo a Petrobrás, Vale, Klabin, OSX – empresa de estaleiros do grupo EBX, do empresário Eike síduo, uma alternativa para os lixões, a empresa oferece tecnologia para manipular a matéria Batista –, entre outras. A aliança estratégica com fornecedores orgânica do resíduo para a geração de energia e parceiros técnico-comerciais no Brasil e no elétrica. Marchi explica que 90% dos resíduos
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contêm carbono, matéria-prima na obtenção de energia. Apesar de o Brasil ainda usar de forma incipiente esse elemento, o especialista acredita que haverá avanços no setor. “O País tem trabalhado forte na área de matriz energética. A sociedade tem de compreender e se preparar para a adoção de novos padrões”, complementa o gerente de Marketing da Enfil, Marco Fernandes. A emp re s a co nt a co m duas áreas fabris no estado de São Paulo, uma na capital e outra em Itu. Certificada pela TÜV Rheinland Brasil, sob a supervisão do Inmetro, a Enfil está em conformidade com a NBR ISO 9001.
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Foco no setor público
Líder no segmento
A Fiema contou com diversos expositores referência em seus segmentos. Foi o caso da B&F Dias, presente pela segunda vez na feira. Com 20 anos de operações no Brasil, ela é líder em sistemas de aeração por ar difuso na América Latina, com mais de 1,5 mil plantas de tratamento de efluentes fornecidas no País e exterior. A linha de sistemas e equipamentos, produzidos em Vinhedo, no interior de São Paulo, também oferece sistemas de geração de ar (sopradores) e linha de acessórios. O assistente de vendas Raphael Alencar indica que diversas pesquisas e estudos consolidaram a utilização de sistemas de aeração por ar difuso para aplicações em diversos tipos de processos em estações de tratamento de efluentes e em processos industriais por conta de sua elevada eficiência e baixo custo de operação. “E, especialmente, pelo menor custo de energia necessário”, destaca.
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A norte-americana Parkson trouxe para o Brasil, na década de 1990, sua tecnologia para tratamento de água industrial, potável, reúso, tratamento de esgotos industriais e sistemas de drenagem de esgotos sanitário e industrial. Em 2001, passou a fabricar os equipamentos em Curitiba (PR), oferecendo uma linha completa, que cobre todas as fases de um projeto. Pela primeira vez na Fiema, a empresa tem como um dos focos a prestação de serviços para os municípios brasileiros que ainda não contam com tratamento de água e esgoto. “Hoje, 50% dos nossos negócios são voltados ao setor público”, revela o gerente comercial da Parkson do Brasil, Anderson Silvano. Ele elogiou a feira, que considerou um ótimo espaço de networking.
Artesã Nair Brezolin
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Moda sustentável
Restos da indústria viram moda
Raphael Alencar destaca diferenciais
Eco-design e moda sustentável na prática. A gaúcha Nair Brezolin cuidava de idosos até fazer um curso de reciclagem de materiais na década de 1990. “Na época, vi que não havia preocupação com o resíduo têxtil, que era descartado com o lixo orgânico”, recorda. Habilidosa no crochê, criativa e acostumada a costurar e reformar as roupas dos três filhos, hoje adultos, Nair perce-
beu ali uma oportunidade de negócio. Surgiu assim a San Nathorius, localizada em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. As belas peças, que incluem bolsas e acessórios, são desenvolvidas artesanalmente por meio do aproveitamento de resíduo da indústria têxtil. “Cada peça é única, nenhuma se repete”, destaca a artesã. O insight que Nair teve quanto ao aproveitamento de tecidos há mais de uma década hoje é realidade local. Desde 2009, a cidade conta com o Banco do Vestuário, que aproveita resíduos do setor para a geração de trabalho e renda em comunidades socialmente excluídas, iniciativa da prefeitura municipal em parceria com autarquias, universidade e sindicatos.
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Gerente comercial Anderson Silvano
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Sidnei Almeida e as caixas ecológicas
Legislação na nuvem
Lixeira de tubo de creme dental
Portugueses Daniel Afonso (esquerda) e Antônio Oliveira
Não houve quem não parasse para olhar o estande da Metagreen. Não era para menos. A empresa, com sede em Santa Bárbara do Oeste (SP), fabrica coletoras e lixeiras, ou caixas ecológicas, como são oficialmente denominadas, que têm como matéria-prima 30% de tubos de creme dental, 25% de alumínio e 75% de plástico, tudo reciclado. Atualmente, são fabricadas cerca de 600 unidades por mês. “A Fiema é uma porta de entrada para empresas potencialmente interessadas no produto. Aqui elas podem ver de perto o que produzimos, além de reforçarmos nossa marca”, comentou o diretor da empresa, Sidnei Almeida, participando pela segunda vez do evento.
Anahi Fros
Uma plataforma que dá conta da gestão de legislação ambiental, gestão do risco e planejamento e controle do negócio. O software RiskOff foi a novidade levada à Fiema pelos portugueses Antônio Oliveira, responsável comercial, e Daniel Afonso, responsável operacional da EnviSolutions. Focados na busca por parceiros locais, eles apresentaram aos visitantes uma forma viável de buscar na nuvem – dados que podem ser acessados pela Internet em qualquer lugar do mundo – informações centralizadas e alterações nas leis ambientais, diminuindo o extenuante trabalho de verificação do cumprimento das normas.
Cristian Cirveletto aproveita resíduos
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A Serra Gaúcha é reconhecida pela qualidade de sua uva e vinhos. A Adubare, de Veranópolis, viu no setor uma fonte de compostos orgânicos de excelente qualidade, obtidos por meio do recolhimento e transformação de resíduos sólidos de agroindústrias da região. A empresa implantou um sistema de recolhimento da sobra dos resíduos das vinícolas, indústria de suco concentrado e incubatórios. “Esses resíduos largados na natureza provocam sobrecarga com graves danos ao meio ambiente. Além disso, o produto final da compostagem é uma forma econômica de agregar carbono ao solo, melhorando suas características físicas, químicas e biológicas”, destacou o engenheiro agrônomo da empresa, Cristian Zandoná Criveletto.
Anahi Fros
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Sobras de vinícolas viram compostos
Engenheiro Fábio Rahmeier explica processo
Anahi Fros
Fiema 2012
Visão do todo
Tetra Pak mostrou processo de reciclagem
Reduzindo impacto dos pesticidas Pequenos estandes também guardavam gratas surpresas. A tecnologia desenvolvida pela OZ Engenharia e apresentada pela primeira vez na Fiema impressionou quem parou para ouvir as explicações do engenheiro Fábio Rahmeier sobre o equipamento que transformava o líquido de coloração verde em água límpida. A empresa porto-alegrense desenvolveu um equipamento que degrada pesticidas em pátios de descontaminação de aviação agrícola, que poluem o solo e colocam em risco a biodiversidade. Considerando que o Brasil é o campeão mundial no uso de agrotóxicos, e que a aplicação via aviação agrícola representa 10% da pulverização da produção no Brasil, é possível dimensionar a importância do sistema criado pela OZ, sediada em Cruzeiro do Sul, com filial na TecnoPUC, em Porto Alegre.
“A aplicação de ozônio é a tecnologia limpa utilizada no processo. “Comprovamos a ação oxidante sobre os pesticidas, mas é um processo minu-cioso, que exige conhecimento”, comentou Rahmeier. O empreendimento é o único no país gerador de material técnico-científico nas mais diversas áreas de aplicação de ozônio, mantendo convênios com seis importantes universidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Agora, o que falta para a empresa é ver a necessidade de descontaminação transformada em exigência legal, o que exige vontade política de cada Estado da Federação.
Cultura do reaproveitamento Lourdes e Glaci Nichetti, tia e sobrinha, integravam o espaço destinado à Economia Solidária de Bento Gonçalves na Fiema, espaço que atraiu milhares de visitantes por seu caráter artesanal e de valorização da cultura local. As artesãs, integrantes da Associação Pinto Bandeirense de Turismo, são de um tempo em que se praticava a sustentabilidade antes mesmo de a palavra virar jargão nos mais diversos setores. “Somos descendentes de italianos, que vieram para esta terra com poucas condições financeiras. Eles nunca jogaram nada fora, aproveitando restos de linha, palha do trigo, entre outros, e transformando-os em peças úteis, como bolsas e roupas”, recordava Glaci.
Lourdes (esquerda) e Glaci Nichetti
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dissemina o conhecimento socioambiental junto a educadores e estudantes. A empresa fornece produtos para mais de 170 países ao redor do mundo, contando com aproximadamente 22 mil funcionários em mais de 85 países.
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A Tetra Pak, líder mundial em soluções para processamento e envase de alimentos, apresentou na Fiema suas principais ações na área de meio ambiente. No estande da companhia, o visitante conheceu o processo de reciclagem das embalagens longa vida – separação do papel e dos outros elementos que compõem o envase (plástico e alumínio) –, bem como os produtos que podem ser feitos com os materiais reciclados. O público também teve a oportunidade de acessar as plataformas digitais criadas pela empresa, com destaque para o Rota da Reciclagem, p or tal desenvolvido para conscientizar a população sobre a importância da coleta seletiva, e o Portal Cultura Ambiental nas Escolas, que
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Anahi Fros
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Fiema 2012
Nova unidade no RS
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Reciclagem de fluorescentes
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Um dos destaques da Fiema, e assunto nos corredores da feira, era o estande da Apliquim Brasil Recicle, empresa especializada em tratamento de resíduos mercuriais, descontaminação e reciclagem de lâmpadas fluorescentes. Um painel extremamente didático, acompanhado da explicação detalhadas dos expositores, mostrava todo o processo de recuperação do mercúrio das lâmpadas para seu estado líquido elementar, evitando a extração do metal de transição tóxico e fazendo com que o produto volte à indústria, gerando a tão falada logística reversa. A matéria-prima é utilizada para a fabricação de revestimento cerâmico, vidro, mercúrio engarrafado, aço inox, alumínio, latão, entre outros. Com unidades em Indaial (SC) e Paulínia (SP) e administração central em Porto Alegre (RS), possui uma carteira de mais de 3 mil clientes em todo o Brasil. Segundo o diretor da Apliquim Brasil Recicle, Eduardo Sebben, a participação no evento foi importante para a empresa: “É essencial estar sempre em contato com nossos clientes, expor nosso trabalho para o público que ainda não o conhece, além de ter a oportunidade de trocar ideias e experiências com pessoas de outras companhias, inclusive de fora do Brasil”.
Anahi Fros
Empresário Eduardo Sebben
Atuando e cinco frentes, a Essencis reservou espaço de destaque na Fiema, da qual participou pela segunda vez. Em 2010, a empresa paulista, fruto da parceria entre os grupos Solví e Cavo, e líder no mercado de soluções ambientais, ainda não contava com unidade no Rio Grande do Sul. Desta vez, levou para o evento serviços que agora também são gerados em Capela de Santana, município gaúcho, fábrica inaugurada em 2011. O parque fabril conta com infraestrutura e sistemas necessários para selecionar a melhor tecnologia para o processo produtivo industrial, tratamento e a destinação final dos resíduos, de acordo com a política ambiental do cliente e o tipo de resíduo gerado. O espaço conta com Aterro de Resíduos Industriais Classe I e II, ambos cobertos,
Claudineia Cilião valida feira
e Pavilhão de Triagem de Materiais Recicláveis. A coordenadora comercial da regional Sul da Essencis, Claudineia Cilião, considerou a feira um importante espaço para o contato com potenciais clientes. “A Fiema foi válida e gerou a prospecção de novos negócios”, revelou.
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Fiema 2012
Silvia Blumberg faz luxo a partir de resíduo
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Tinta de caneta esferográfica dá tom à joia
Inspiração A coordenadora de Educação e Mobilização Comunitária no Instituto Akatu, Mirna Castro Folco, se dizia encantada com o que viu e ouviu. A ONG, que busca mobilizar as pessoas para o uso do poder transformador dos seus atos de consumo consciente como instrumento de construção da sustentabilidade da vida no planeta, foi parceira pela primeira vez da Fiema no projeto Natureza Viva, voltado à conscientização de crianças e jovens quanto ao tema. Ela achou tudo super organizado e ficou impressionada com a quantidade de crianças recebidas – foram 10 mil nos quatro dias de evento – e a qualidade do atendimento prestado e da peça teatral apresentada. “É sensacional ver a ludicidade e a temática ambiental dentro de uma feira industrial, de negócios. Saio daqui inspirada”, comentou.
Garrafa por cupom A Holanda tem apenas 3% do seu lixo descartado em aterros. O país conta com uma máquina que troca garrafas PET vazias por dinheiro. Funciona da seguinte forma: a pessoa coloca o recipiente no equipamento, a máquina pesa e, ao final, recebe um cupom. Em Amsterdã, três garrafas pet devolvidas para a máquina valem o equivalente a R$ 3.
tidas com massa de espinafre e beterraba, criando tonalidades exclusivas. Misturadas a ouro, prata e pedras brasileiras, as criações embelezam celebridades como Suzana Pires, Juliana Paes, Eva Vilma, Luiza Brunet e Glória Maria. “Agora, estou trabalhando minha nova coleção, feita com bagaço da palha da cana-de-açúcar”, adiantou Silvia.
O Brasil já oferece tecnologia similar. Foi o que mostrou a ECO RVS, de São Paulo, representante da alemã Wincor-Nixdorf. Ela levou à feira a chamada Solução de Venda Reversa (RVS), por meio de um equipamento similar ao holandês. Ele também gera um cupom na hora do descarte de garrafas PET, latinhas de alumínio e plásticos em geral, revertendo em algum benefício ao consumidor, como recebimento de um brinde na troca do comprovante. A gestora ambiental da ECO RVS, Leandra de Mattos Spezzano, revela que os principais clientes são empresas de envases de bebidas, que patrocinam a tecnologia, já utilizada em grandes eventos, como festas e jogos esportivos.
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A Fiema acabou abrindo espaço para uma joalheira sustentável. Materiais que seriam jogados no lixo se transformam em joias nas mãos da designer carioca Silvia Blumberg, iniciativa que lhe conferiu prêmios nacionais e internacionais. A reação dos visitantes era de perplexidade, ao serem informados pela artista de que as luxuosas e bonitas peças eram feitas de materiais como prata reciclada de radiografia, pó de madeira, cimento, tijolo, pirita, pedras e até mesmo restos de tinta de caneta esferográfica. Algumas colorações foram ob-
Mirna Castro Folco, do Akatu
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Resíduo luxuoso
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Consumo Consciente
A Amazon Beer, cervejaria localizada na Estação das Docas, em Belém do Pará, produz cervejas 100% artesanais, com uma mistura harmônica de malte e frutas típicas da Amazônia. www.amazonbeer.com.br
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A primeira marca de fraldas 100% biodegradáveis já pode ser encontrada no Brasil. Elas contêm película de origem vegetal, acolchoamento proveniente de celulose de madeira de reflorestamento, o processo de braqueamento não utiliza cloro, uma combinação de extratos de chás reduzem os maus odores e protegem a pele, auxiliando na regeneração e evitando assaduras. Tudo pensando no bebê e na preservação do planeta onde ele vai crescer. www.wiona.com.br
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A Love Secret foi buscar inspiração na natureza para criar a coleção Eco Shape, que une tecnologia, funcionalidade e bem estar através do sistema Nature Compact, com fibra 100% ecológica e revestimento em 100% algodão. Desenvolvido com exclusividade pela marca, o novo sistema possui componentes naturais como o algodão, o modal e o algodão com Lycra®, tornando a lingerie duas vezes mais redutora, resistente e natural. www.lovesecret.com.br
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Consumo Consciente
O tr ab alho d a AB I H ção Br PE C ( A asileira sso cia d a Pesso Indúst al, Per ria de H f u igiene maria na cor e Cosm reta d estina éticos sólido ç ão do ) s é um s resíd c as e d pecialm uos e s u ce s s ente c o, e s om os projet resulta o Dê a d M o s do ã Aj u d e a Gera o para o Fu tu r o – r Trab coorde alho e nado p Re elo de meio partam nda, ambie e n te d a nto de tr ab alh entida o da A d e. E s BIHPE associa se C e de ções e o u tr as m div tos for e r s os s e am ins gm en eridos Nacion no livr al, Ges o P t ã olítica o e Ger Resídu enciam os Sóli dos, da ento d www e editor . ab ihp a M e c .o r g anole. . br
Divulg ação
Depois de um acidente de avião no coração da Floresta Amazônica, três jovens perdidos, à beira da morte, são resgatados por índios que os levam para serem curados pelos Amazons, uma civilização secreta. Sobrevivem e são treinados para se tornarem guerreiros com poderes especiais dos animais da floresta. Esse é o enredo do livro Amazon: Guerreiros da Amazônia - O Templo da Luz, da editora RJR Produções. www.guerreirosdaamazonia.com.br
A marca espanhola Adolfo Dominguez lança no Brasil a linha Green Me. As peças da coleção são todas criadas levando em consideração o fator agressão zero ao meio ambiente. Desde o plantio do algodão, até a chegada do produto final às lojas, nada agride a natureza. www.adolfodominguez.com
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ação Divulg
A artesã Maria Conceição da Silva transforma sacolas plásticas em bijuterias, pulseiras de relógios, cintos, presilhas de cabelo, bolsas, sandálias, coleiras de animais, chaveiro, capas de chuva para cachorro, e muitas outras criações de sua fértil imaginação. Pelo reconhecimento de seu trabalho, ela recebeu o prêmio Selo Ambiental 2011, de Guarulhos (SP). con_biju@ig.com.br
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Saneamento bテ。sico no
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Caderno especial
Saneamento Básico – Introdução
Por Inês Pereira
Questão de SAÚDE
Especialistas refletem sobre a situação do País, analisam os pontos críticos e concluem que são grandes os desafios para os próximos anos
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Radmila Dijcinovic
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Imagine a sua cidade como um ser vivo, uma pessoa que necessita de cuidados para preservar a saúde e a qualidade de vida. Passeie pelas ruas e avenidas, observando a calçada e o meio-fio, os parques, as casas e prédios, edifícios públicos, as escolas, os shoppings, os bancos, os hospitais... E, nas proximidades, os rios. Madura e jovial, forte e limpa, como alguém que se alimenta corretamente e cultiva hábitos saudáveis de vida, a sua cidade certamente é um lugar bom de se viver. Oferece aos seus habitantes a infraestrutura necessária para que acordem de manhã e se preparem para ir ao trabalho ou à escola, enfim, pratiquem as mais diversas atividades,
seja do dia a dia ou de lazer. Faça sol ou chuva. Se a sua cidade funciona bem, grande parte dessa responsabilidade vem de políticas públicas bem aplicadas, de boas parcerias com a iniciativa privada, da construção de obras eficientes e de uma gestão competente de todos esses fatores. Diferentemente das obras de vulto, como grandes viadutos, aneis viários e praças, que estampam cartões postais urbanos, o saneamento básico deveria estar entre os principais investimentos de um país para seus cidadãos – embora, injustamente, seja invisível aos olhos. Muitas pessoas ainda trazem a antiga ideia de que o saneamento resume-se a tratamento de água e esgoto. O conceito, entretanto, vai além. No Brasil, desde a regulação da Lei do Saneamento, no ano passado, foram incluídos quatro componentes: abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo e drenagem das águas pluviais e manejo de resíduos sólidos. Em outras palavras, o saneamento básico pode salvar
40% da humanidade não tem acesso ao saneamento básico e mais de 70% dos países não devem alcançar as Metas do Milênio até 2015 vidas e ajuda a preservar o meio ambiente. Entre as principais doenças causadas pela falta de água tratada e de rede de esgotamento estão diarreias, hepatite A, esquistossomose, leptospirose, micoses e conjuntivite. E o cenário pode até propiciar a proliferação de vetores, como os mosquitos da dengue e da malária. Saneamento básico é assunto mundial. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU) lançaram um relatório sobre o estado mundial do acesso à água e ao saneamento básico. No documento, in-
Fotos: Divulgação/Sabesp
Saneamento Básico - Introdução
regiões com rede coletora de esgoto são, em média, 13,3% superiores aos locais desprovidos desse serviço. O profissional mais suscetível a esses tipos de doenças tem um desempenho menor do que a média de capacitação. “O saneamento básico é fundamental para evitar doenças e a contaminação do lençol freático, o que traz grandes benefícios ecológicos. Sem falar que isso torna o mercado bastante vantajoso para as empresas que atuam neste setor”, observa o engenheiro Cláudio de Castro, diretor da Tecpar, empresa de saneamento e pavimentação ecológica há 30 anos no mercado, e que presta serviços para loteamentos, empresas e prefeituras. Com a proximidade da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos em território nacional, também é essencial a percepção da relação entre o sanea-
mento básico e a atividade econômica do turismo. As estatísticas da FGV mostram que, com a universalização do saneamento básico, o Produto Interno Bruto (PIB) no turismo cresceria R$ 1,9 bilhão. Porém, se os cuidados essenciais não são tomados, ao contrário, deixam de ser criados empregos em hotéis, aeroportos, enfim, todos os segmentos direta ou indiretamente ligados a essa indústria são prejudicados. O estudo também constata que o investimento em saneamento básico está ligado à valorização de bens imóveis. Os avan-
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formações sobre a situação da infraestrutura de mais de 70 países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, dão conta de que houve progresso mundial na área, mas muitas nações estão atrasadas no cumprimento de seus objetivos socioambientais – 40% da humanidade ainda não tem acesso ao saneamento básico. Mais de 70% dos países analisados correm grande risco de não alcançar as Metas do Milênio até 2015. Segundo a ONU, a cada dólar investido em saneamento básico, quatro dólares são economizados com saúde pública. Faz todo o sentido, e vai além. Quando não há investimento, os danos, em primeira instância, recaem sobre o indivíduo, mas coletivamente pode impactar a produtividade de toda uma região. Análises da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que os salários em
Vista aérea da Represa Billings, na região de São Paulo
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Saneamento Básico – Introdução
Estação de Tratamento de água em Guaraú, estado de São Paulo
ços na qualificação do espaço urbano com obras de infraestrutura agregam valor às residências, sobretudo, das famílias de baixa renda. Os ganhos podem chegar à média de 18% no valor dos imóveis. E uma fatia substancial desse
mento de esgotos, água potável e coleta de lixo. Nos distritos em que não existe tratamento, sendo que a maioria estão situados nas regiões Norte e Nordeste, os esgotos são despejados in natura nos corpos de águas ou no solo, comprometendo a qualidade da água utilizada no abastecimento. “O saneamento básico (serviços de captação, tratamento e abastecimento público de água potável e de coleta, afastamento e tratamento de esgotos domésticos) no Brasil nunca teve em toda a sua história a atenção que verdadeiramente merece, principalmente por não ser reconhecido com uma atividade de saúde pública. Por mais que se mostrem as estatísticas que relacionam mortalidade infantil, afastamento do trabalho e outros problemas do nosso dia a dia com a falta de saneamento, os governos relutam em destinar os montantes necessários à Universalização do Saneamento”, analisa o engenheiro Eduardo Pacheco, diretor técnico do portal Tratamento de Água e executivo administrativo e consultor de engenharia ambiental desta publicação. Algo que, por sinal, segundo o engenheiro, está previsto na Lei do Saneamento (nº 11.445 de 05.01.2007 – regulamentada pelo Decreto nº
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Ainda não possuímos condições operacionais satisfatórias para que a sonhada universalização se materialize em duas décadas
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montante volta aos cofres públicos na forma de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). FALTA SANEAMENTO NA LEI O desafio da universalização dos serviços de saneamento básico no Brasil é grande. De cada dez residências, quatro não possuem saneamento básico completo, que inclui: rede de trata-
7.217 /2010). Essa lei também prevê a elaboração do Plano Nacional de Saneamento (Plansab) e a necessidade de investimentos da ordem de R$ 420 bilhões para que a desejada universalização aconteça até 2030. “Estamos falando de uma lei de 2007 que ainda prevê a elaboração de plano. Enquanto isso, 50% de todo o esgoto produzido no País nem mesmo é coletado. E da parcela coletada, apenas 40% é tratado adequadamente. Cidades e metrópoles que se destacam por terem essa preocupação fazem parte da minoria, da exceção. O quadro geral é grave e é um dos pontos responsáveis por termos, segundo a ONU, um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) igual a 0,718 (em 2011), que nos coloca na 84° posição do ranking mundial”, constata. Para o diretor técnico da AESabesp (Associação dos Engenheiros da Sabesp), Reynaldo Young, atualmente a maior carência no setor de saneamento de nosso país é o “como” fazer com que os financiamentos atualmente disponíveis (PAC, CEF, BNDES, etc.) se materializem em benefícios sociais no interior de nosso “país continente” e não somente nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre. “Nossos atuais sistemas de gestão orçamentária, legal e operacional ainda não possuem condições operacionais satisfatórias para que a tão sonhada universalização se materialize em um período de duas décadas. Então, a parceria com os governos municipais e estatuais tem que obrigatoriamente existir”. Todavia, ele destaca, é preciso que a União defina claramente quais são os critérios de transferência de recursos orçamentários, subsídios, etc., principalmente no que se refere ao ponto mais importante que diz respeito à coleta e ao tratamento de esgoto – um benefício coletivo que protege o meio ambiente e os recursos hídricos, garantindo o retorno dos efluentes já tratados para a natureza. “Todos os países do mundo que investiram pesadamente em tratamento de esgotos por meio de políticas públicas bem definidas tiveram sua qualidade de vida substancialmente potencializadas”, afirma. “Não temos um conjunto de ferramentas institucionais emanadas de um Plano Nacional que estabeleça diretrizes, objetivos e metas que deem forma e conteúdo para que o setor se utilize e maximize todos os recursos disponíveis – sejam eles recursos hídricos, tecnologia, inovação, recursos humanos, institucionais e financeiros, com destaque para os prestadores de serviços de companhias estaduais, municipais ou privadas”, completa.
Saneamento Básico - Introdução
“Em abastecimento de água potável, a situação é menos grave e, mesmo nas regiões mais pobres, observa-se um atendimento razoável”
é justamente a falta de projeto e planejamento nessa área. Também é importante lembrar que o saneamento precisa ser planejado de acordo com as bacias e sub-bacias hidrográficas. Ou seja, não podemos planejar as ações nessa área de forma individualizada para cada município”, afirma. Índices do Instituto Trata Brasil mostram que sete crianças morrem todo dia no País, vítimas de diarreia e outras 700 mil pessoas são internadas a cada ano nos hospitais públicos devido à falta de coleta e tratamento de esgoto. Além disso, mais
saneamento no Brasil são “dramáticos” e fazem o país parecer parado no século 19: “Podemos dizer que a grande maioria do esgoto do País continua indo para os cursos d’água, os rios, as lagoas, os reservatórios e, consequentemente, o oceano. Qualquer indicador que você pegue não têm nenhuma relação com o avanço econômico que o Brasil vem tendo”. Infelizmente, é bem mais fácil listar as carências do que os pontos positivos do saneamento básico no Brasil. “No que diz respeito a abastecimento de água potável, a situação é menos grave e, mesmo nas regiões mais pobres do País, observa-se um atendimento razoável”, aponta o engenheiro Eduardo Pacheco. Entretanto, o problema é crítico no que diz respeito a coleta, afastamento e tratamento de esgotos. “Há tudo por fazer nessa área. Mesmo nas cidades mais ricas como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, temos problemas graves relacionados ao sistema de esgotos, por exemplo, redes deterioradas e com vazamentos, lançamentos clandestinos, estações de tratamento A atuação da Sabesp é operando mal e com capacidareferência para outros estados des inferiores à necessidade, falta de recursos para manutenção e reforma, entre outros”, avalia. Na opinião de Pacheco, projetar e construir um sistema de tratamento de esgotos de acordo como os bons princípios de engenharia já representa uma preocupação ambiental importante e seria suficiente para reduzir significativamente alguns problemas como a poluição dos rios e dos solos. “O problema maior hoje
de 100 milhões de brasileiros não dispõem de rede de coleta de esgoto sanitário e 48 milhões ainda usam obsoletas fossas sépticas. Cláudio Bini, do Escritório Bini Advogados de Piracicaba, no interior de São Paulo, salienta que “sem esgotamento sanitário os municípios acabam gastando os poucos recursos que dispõem em saúde corretiva, em vez de
Estação de tratamento de água no Parque Novo Mundo
Em tecnologia, o Brasil evoluiu bastante nos últimos anos
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QUESTÕES INTERNAS Na palavras do presidente do Instituto Trata Brasil – organização não governamental que realiza estudos e acompanha a situação do saneamento básico no País – Édison Carlos, os indicadores de
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Saneamento Básico – Introdução preventiva, ou seja, investem no tratamento de doenças enquanto os esgotos continuam impactando a saúde da população”. O advogado afirma também que a maioria das pessoas não se dá conta de que saneamento é um direito e acaba se habituando a essa situação precária. “O desafio para o nosso país está, principalmente, na gestão desse sistema e na conscientização da população sobre seus direitos”. Observação compartilhada pelo engenheiro Claudio Castro, da Tecpar, que re-
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força: “Mais do que garantir acesso aos serviços que citam a lei, é de fundamental importância envolver também, medidas de educação da população em geral e para a conservação ambiental”.
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ONDE A SITUAÇÃO É MELHOR É no estado de São Paulo que está a melhor cobertura dos serviços de saneamento do País, liderando com 84%, à frente do Distrito Federal (79,8%) e de Minas Gerais (73,4%). Segundo dados da SSE – Secretaria de Saneamento e Energia paulista, dos 50 municípios do Brasil com maior acesso a rede geral de
O QUE VIRÁ AMANHÃ? O Brasil ainda tem um representativo caminho a seguir, principalmente no que se refere às questões que impactam nos processos de gestão das bacias hidrográficas, águas superficiais e águas subterrâneas, gestão e redução de perdas, controles operacionais eficientes, atendimento aos clientes, etc. “A integração de diversas políticas voltadas para o desenvolvimento científico e tecnológico dos processos operacionais ainda requerem a incorporação de redes de conhecimento que estabeleçam competências e que promovam, rapidamente, avanços por meio do compartilhamento do conhecimento desses processos dentro de uma perspectiva integrada e interdisciplinar”, analisa o diretor técnico da AESabesp, Reynaldo Young. A questão tecnológica do saneamento no Brasil evoluiu bastante nos últimos anos e, segundo Young, o estado de São Paulo tem sido uma referência nacional. Ele conta: “A Sabesp é um bom exemplo por ter desenvolvido um amplo programa de inovação tecnológica, gerenciado por uma equipe especificamente criada para esta finalidade, e por trocar experiências com companhias de outros esNo estado de São Paulo está a melhor cobertura tados, como Goiás, Alagoas e o de saneamento do País próprio Distrito Federal, além de empresas de outros países, entre eles, Israel e Japão”. Um dos temas mais exploratratamento de 29% para 64% dos volumes coleta- dos tem sido o controle de perdas, como a introdução de tecnologias na operação para induzir o dos”, informa sua assessoria de comunicação. Entretanto, o engenheiro Pacheco ressalva: “A consumo racional, além de tecnologias específicidade de São Paulo precisa ‘importar’ água de ou- cas para o controle operacional da produção, do tras bacias do estado de São Paulo para abastecer tratamento e da distribuição dos recursos hídriseus 11 milhões de habitantes. Essas transferências cos. “Então, é fundamental para os prestadores de de grandes vazões geram impactos ambientais serviços de saneamento terem estas tecnologias imprevisíveis que vão das enchentes ao desequi- à mão”, conclui. A tecnologia que mais se destaca hoje é a de líbrio ecológico”. A Copasa, que atua exclusivamente em Minas membranas filtrantes, que incluem micro-ultraGerais, também merece destaque. Companhia de filtração, ultra-filtração, nano-filtração e osmose saneamento mais bem avaliada pela Associação reversa. “São sistemas utilizados tanto para traBrasileira das Concessionárias Privadas dos Serviços tamento de água quanto efluentes e permitem Públicos de Água e Esgoto (Abcon), foi avaliada em a prática do reúso. As membranas não são uma importantes quesitos como rentabilidade, produti- tecnologia nova mas, nos últimos anos, vêm se vidade, geração de caixa e capacidade de endivi- tornando mais competitivas devido ao aumento do número de fornecedores e isso vem facilitandamento. esgoto, 44 estão em São Paulo; assim como os 10 municípios com índices acima de 96,5%. “Na área de atuação da Sabesp, o abastecimento de água está praticamente universalizado e a coleta de esgotos evoluiu, nos últimos 10 anos, de 68% para 80% e o
A cidade de São Paulo precisa ‘importar’ água de outras bacias do estado para abastecer seus 11 milhões de habitantes
Saneamento Básico - Introdução
do a sua maior utilização”, explica Eduardo Pacheco. Outra evolução que merece destaque, ele observa, é o nível de automação dos sistemas, que permitem um maior e melhor controle dos processos. “Nos próximos dez anos teremos uma maior influência desses dois itens citados e também a maior presença do capital privado no saneamento, seja na forma de privatização (concessão plena), seja na forma de participação público-privada (PPP). O efeito mais significativo da maior participação do capital privado neste setor é a melhoria dos processos de gestão e a possibilidade da empresa poder comprar equipamentos e materiais
Saneamento básico é sinônimo de saúde para a população
de melhor qualidade, já que não estará atrelada à Lei de Licitações, que há muito tempo precisa de uma revisão completa”. SANEAMENTO NO MUNDO Preservar a saúde do planeta é responsabilidade de todos os países. No setor do saneamento, alguns desenvolvem propostas exemplares. “Dentro do grupo de países que desenvolveram políticas públicas exitosas de saneamento básico e controle de fontes pontuais de poluição destacam-se EUA, Japão, França, Itália, Inglaterra, Israel e outros, em menor grau. Esses países vêm atuando nas últimas décadas realmente de forma local e global nas questões relacionadas aos esgotos oriundos dos domicílios e
também nas atividades comerciais e institucionais de suas localidades mais problemáticas”, opina Young. Ele destaca que, em termos de volume, as águas residuárias domésticas nem sempre se constituíram na principal fonte de poluição dos cursos d’água nesses países, pois em muitos deles também se considera de elevada importância políticas específicas de proteção as águas de captação subterrânea, poços comuns ou profundos, gestão de perdas, etc. “Especificamente na questão dos esgotos domésticos, também já se utilizam da contribuição das diversas atividades realizadas na residência e na indústria e que envolvem o reúso da água”,acrescenta. Comparativamente ao Brasil, as variações observadas nas estações de tratamento de esgoto doméstico não são tão impactantes quanto em nosso país. “Em grande parte das vezes, não são como aqui gerados problemas operacionais causadas pela presença de produtos prejudiciais por empresas ligadas ao sistema de esgotamento de forma clandestina.”
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Córrego Tenente Rocha, na região de São Paulo
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Saneamento Básico - Artigo Técnico
Divulgação
Ana Luiza Fávaro, bióloga e diretora da empresa Acqua Consulting
Por Ana Luiza Fávaro
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Avaliação e redução da toxicidade dos efluentes hídricos
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O novo desafio das indústrias brasileiras
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tualmente já se sabe que cumprir os padrões de lançamento de efluentes tratados seguindo apenas as análises químicas exigidas em lei não é garantia de manter um ambiente saudável para os organismos aquáticos. Pensando nisso, os principais órgãos ambientais brasileiros criaram resoluções que incluem os ensaios eco-
toxicológicos como parâmetro de padrão de lançamento de efluentes. Os resultados das análises químicas do efluente por si só não retratam o impacto ambiental causado pelos poluentes, porque não demonstram os efeitos sobre o ecossistema. Somente os sistemas biológicos (organismos ou partes deles) po-
Saneamento Básico - Artigo Técnico
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A exposição a um agente tóxico pode ser aguda, quando a concentração letal do agente tóxico é liberada em um único evento e rapidamente absorvida, ou crônica, quando o agente tóxico é liberado em eventos periodicamente repetidos, em concentrações subletais, durante um longo período de tempo. Dessa forma, os resultados de toxicidade aguda são relatados como: • CE50...h ou CL50...h – concentração do agente tóxico
que causa efeito agudo a 50% dos organismos-teste, num determinado período de exposição; Já os resultados de toxicidade crônica são expressos como: • CENO – concentração de efeito não observado • CEO – concentração de efeito observado Existem outras formas de representar os resultados de toxicidade aguda e crônica, porém essas são as principais. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb-SP), Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma-SC), Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea-RJ), Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler do Rio Grande do Sul (Fepam-RS), Instituto Ambiental do Paraná (IAP–PR) e a Companhia Pernambucana do Meio Ambiente (CPRH-PE), recomendam a utilização dos ensaios ecotoxicológicos. Em São Paulo, por exemplo, a Resolução SMA03, de 22/02/2000 determina que os efluentes lançados não deverão causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com as normas que fixam a toxicidade permissível. Além disso, os limites de toxicidade são estabelecidos para cada efluente, podendo ser reavaliados pela Cetesb, desde que a entidade responsável pela emissão apresente estudos sobre a toxicidade do efluente a pelo menos
Os resultados das análises químicas do efluente por si só não retratam o impacto ambiental causado pelos poluentes três espécies de organismos aquáticos (três níveis tróficos), a variabilidade da toxicidade ao longo do tempo e a dispersão do efluente no corpo receptor. No Rio Grande do Sul, por sua vez, a Resolução Consema 129/06 também fixou critérios e padrões de emissão relativos à toxicidade de efluentes líquidos para as fontes geradoras que lançam seus efluentes em águas superficiais. Publicada no final de 2006, a Resolução 129 definiu um prazo máximo de quatro anos para que as empresas gaúchas avaliassem a toxicidade de seus efluentes e, caso necessário, apli-
VISÃO AMBIENTAL • MAIO/JUNHO • 2012
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Imagens: divulgação
dem detectar os efeitos tóxicos das substâncias. Assim sendo, a aplicação dos testes de toxicidade na análise ambiental é bastante abrangente e sua importância aumenta na proporção que cresce a complexidade das transformações químicas no meio ambiente. Os testes ecotoxicológicos são realizados com organismos indicadores, que devido às suas características de baixo limite de tolerância ecológica a determinadas substâncias químicas, apresentam alguma alteração, seja ela fisiológica, morfológica ou comportamental, quando expostos a determinados poluentes. As exposições são feitas no laboratório em diferentes concentrações do efluente, por um determinado período de tempo. No Brasil, diversos organismos podem ser utilizados nos ensaios de toxicidade. Os mais comuns são: 1. A bactéria Vibrio fisheri; 2. A microalga Pseudokirchneriella subcapitata; 3. Os microcrustáceos Daphnia spp. e Ceriodaphnia dubia; 4. O ouriço-do-mar Lytechinus variegatus; 5. O misídeo Mysidopsis juniae; 6. O peixe Danio rerio.
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Saneamento Básico - Artigo Técnico
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tas ao uso eficiente da água, à aplicação de técnicas para redução da geração e melhoria da qualidade de efluentes gerados e, sempre que possível e adequado, proceder à reutilização”. Surge então um novo desafio para o setor de
“Quando um efluente apresenta toxicidade, várias podem ser as causas. É imprescindível descobrir o que causou para conseguir reduzir ou eliminar o problema” ETE das indústrias brasileiras – reduzir ou eliminar a toxicidade de seus efluentes tratados. Quando um efluente apresenta toxicidade, várias podem ser as causas (metais, amônia, compostos orgânicos, surfactantes, oxidantes, etc.). Assim sendo, torna-se imprescindível descobrir que composto ou compostos são responsáveis por causar a toxicidade no efluente para conseguir, então, reduzir ou eliminar o problema. Na década de 90, o US-EPA (Environmental Protection Agency dos EUA) desenvolveu os estudos para Avaliação e Redução da Toxicidade ou ART (do inglês TRE: Toxicity Reduction Evaluation). Esses estudos têm como objetivo apontar os agentes responsáveis pela toxicidade de efluentes, isolar as fontes dessa toxicidade, avaliar, implementar ações de controle e confirmar a eficácia das medidas adotadas na redução dos efeitos tóxicos.
Teste Agudo: Vibrio fisheri e Mysidopsis juniae Teste Crônico: não é necessário CECR ≤ CL50/3 ou CECR ≤ 100/FT
Classe 1
Teste Agudo: Vibrio fisheri e Mysidopsis juniae e Teste Crônico: S. costatum e Lytechinus variegatus CECR ≤ CL50/10 ou CECR ≤ 30/FT ou CECR ≤ CENO
Teste Agudo: Daphnia similis e Danio rerio Teste Crônico: P. subcapitata e Ceriodaphnia dubia CECR ≤ CL50/10 ou CECR ≤ 30/FT ou CECR ≤ CENO
Classe 2
Águas Salinas e Salobras
Teste Agudo: Daphnia similis e Danio rerio Teste Crônico: P. subcapitata e Ceriodaphnia dubia CECR ≤ CL50/10 ou CECR ≤ 30/FT ou CECR ≤ CENO
Classe 3
Águas Doces
Teste Agudo: Daphnia similis e Danio rerio Teste Crônico: não é necessário CECR ≤ CL50/3 ou CECR ≤ 100/FT
Classe 4
VISÃO AMBIENTAL • MAIO/JUNHO • 2012
cassem medidas para que essa toxicidade fosse reduzida aos níveis aceitáveis determinados pela legislação. Para os estados, cujos órgãos ambientais estaduais não possuem uma legislação específica para toxicidade, devem seguir as orientações da nova resolução Conama 430/2011. No artigo 18 dessa resolução é proposto o cálculo do CECR (Concentração de Efluente no Corpo Receptor). O CECR = [(vazão do efluente)/(vazão do efluente + vazão referência do corpo receptor)] x 100. Essa resolução exige que seja feito ensaio de toxicidade aguda e crônica para pelo menos dois organismos-teste. Os resultados desses ensaios devem então ser menores que o CECR, conforme apresentado na Tabela 1. Cabe salientar que os organismos-teste citados na Tabela 1 são apenas exemplos de espécies que podem ser utilizadas. A legislação não especifica os organismos que devem ser usados nos ensaios. No artigo 27 é citado que “as fontes potenciais ou efetivamente poluidoras dos recursos hídricos deverão buscar práticas de gestão de efluentes com vis-
Sem restrição (Art. 17, Conama 357)
Sem restrição (Art. 20 e 23, Conama 357)
Tabela 1: Valores limites de CECR de acordo com a classificação do corpo d’água, segundo o art. 18 do Conama 430/11.
Um desses estudos é o AIT - Avaliação e Identificação da Toxicidade (Toxicity Identification Evaluation – TIE). O AIT associa técnicas de fracionamento de amostras e testes de toxicidade (Fase I), análises químicas (Fase II) e confirmação da toxicidade (Fase III), fornecendo uma ideia mais precisa do tipo de composto que está envolvido na toxicidade para a biota aquática (metais, ânions inorgânicos, compostos orgânicos polares e não polares, voláteis, oxidantes, etc.). Com os resultados obtidos nesse estudo é possível tomar ações direcionadas para reduzir ou até eliminar a toxicidade, através de melhorias na ETE ou através de soluções bem simples, como a troca de matéria-prima. Temos atendido em nosso laboratório um número considerável de indústrias em SP que foram autuadas por não cumprir a resolução SMA 03/2000. O valor da multa nesses casos varia bastante, mas temos casos de indústrias que tiveram que pagar cerca de 3.000 UFESP (equivalente a mais ou menos R$ 55.000,00), valor esse muito superior ao valor que poderia ser gasto na aplicação do estudo AIT. Temos também o caso de uma indústria que estava a ponto de investir em uma nova ETE, que foi orçada em R$ 6 milhões. Porém, antes que esse investimento fosse feito nós aplicamos o estudo AIT (Fases I, II e III) a esse efluente, e vimos que os causadores da toxicidade eram o fosfato e o sulfato. Com um simples ajuste de pH e adoção de polímeros para promover a sedimentação das partículas e assim remover fisicamente esses compostos, foi possível reduzir drasticamente a toxicidade crônica na própria ETE existente, eliminando o custo inicial previsto de R$ 6 milhões, valor esse 1000% mais alto do que foi gasto com o estudo AIT. Além disso, a nova ETE poderia não ser eficiente na remoção dos compostos tóxicos. Como foi exposto acima, a legislação ambiental brasileira está cada vez mais restritiva com relação à emissão de efluentes tóxicos. Estudar a causa da toxicidade é, portanto, primordial para atacar o problema de forma direta, evitando perda de tempo e investimentos errados ou desnecessários. Ana Luiza Fávaro é bióloga especializada em e engenharia sanitária, diretora técnica da Acqua Consulting, atua em São Paulo e no Brasil há cinco anos. É responsável pelo gerenciamento do laboratório de ecotoxicologia, onde são realizados ensaios agudos e crônicos em diferentes matrizes e diferentes níveis tróficos. Trabalhando em parceria com laboratórios de análise química, identificam causas e origem da toxicidade em efluentes.
Fenasan 2012
Fenasan terá ÁREA AMPLIADA em 2012
(visitação gratuita para maiores de 16 anos)
Congresso Técnico AESabesp Horário: 9 às 18 horas (participação mediante inscrições)
Data: 6 a 8 de agosto de 2012 Local: Pavilhão Branco do Expo Center Norte Endereço: Rua José Bernardo Pinto, 333 - São Paulo/SP MAIS INFORMAÇÕES: www.fenasan.com.br www.aesabesp.org.br Fonte: Assessoria de imprensa Fenasan
des incentivos para incrementos no setor, a falta de saneamento básico ainda se constitui como um dos maiores problemas do País. Em sua avaliação, “ainda é preciso muito investimento em tecnologia para a aplicação do seu alto potencial na sua real necessidade. E na Fenasan, essas tecnologias são efetivamente mostradas pelas empresas fabricantes de equipamentos, gestoras de sistemas e prestadoras de serviços”, diz.
Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente Nos mesmos dias da Fenasan, será realizado o Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente nos auditórios do próprio Pavilhão, também denominado XXIII Encontro Técnico da AESabesp, que é uma referência nacional em apresentação de trabalhos técnicos e debates sobre as políticas do setor, sob a coordenação do diretor cultural da entidade, Olavo Sachs. Em 2012, o tema central é “Como prover o saneamento para todos”, que abrangerá palestras voltadas para inovações tecnológicas, eficiência energética, gestão empresarial e empreendimentos no setor, legislação e regulação, manutenção eletromecânica, sustentabilidade, acesso a políticas públicas e preservação do meio ambiente, entre outros.
VISÃO AMBIENTAL • MAIO/JUNHO • 2012
SERVIÇO Fenasan: Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente Promotora: Associação dos Engenheiros da Sabesp Horário: 13 às 20 horas
Promovida há 23 anos pela AESabesp (Associação dos Engenheiros da Sabesp), a Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) está consolidada como um dos maiores eventos mercadológicos do País e da América Latina, no setor de saneamento ambiental. Em sua edição de 2012, programada para os dias 6, 7 e 8 de agosto, a Feira terá sua área ampliada e ocupará a extensão total do Pavilhão Branco do Expo Center Norte, em São Paulo (SP). Devido ao seu crescimento, em dois anos, sua área dobrou de tamanho (8.828 m², em 2010; 13.272 m², em 2011, e 17.042 m², em 2012), para atender à demanda de público e de expositores. De acordo com o presidente da AESabesp, Hiroshi Ietsugu, essa expectativa favorável é baseada em dados bem concretos, pois atualmente a Feira já conta com quase a totalidade da área de exposição ocupada. A motivação dessa receptividade tem base no crescimento do setor e no grande aporte de investimentos em obras de distribuição de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos, tanto por parte da esfera federal, quanto por investimentos de grupos estrangeiros. Já o diretor técnico da entidade, Reynaldo Young, observa que embora o Brasil esteja em condição de potência emergente e receba gran-
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Misko Kordic
Saneamento Básico - Inclusão da Limpeza
Os dois lados da inclusão da limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos à Lei do Saneamento
Quem cuidará do lixo?
VISÃO AMBIENTAL • MAIO/JUNHO • 2012
Por Inês Pereira
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m passo importante foi dado em direção ao cuidado mais eficiente e responsável dos resíduos sólidos. Ao fazer parte da lei que zela pelo saneamento básico (11.445 de 05.01.2007), o Brasil se aproxima mais do modelo ideal descrito pela Organização das Nações Unidas (ONU). “ O saneamento básico, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o gerenciamento ou controle dos fatores físicos que podem exercer efeitos nocivos ao homem, prejudicando seu bem-estar físico, mental e social, sendo que ações integradas projetadas em conjunto, poderão trazer mais qualidade de vida à população”, explica o engenheiro op er acional José Francisco Pontes Mazzotti, do Grupo Tejofran. A lei federal disciplina o setor de saneamento básico no Brasil, reunindo quatro atividades: o abastecimento de água potável, o esgotamento sanitário, a drenagem e manejo de águas pluviais urbanas e a limpeza urbana, incluindo a destinação final dos resíduos. “Esse último, tradicionalmente recebeu tratamento ju-
rídico isolado, sendo de interesse local dos municípios. As outras três atividades geralmente eram tratadas pelas empresas estaduais de saneamento”, acrescenta. O OUTRO LADO Na versão atual, a lei estabelece o tratamento sistemático das ações sobre as quatro atividades. Lida de forma integral e progressiva com a gestão do saneamento básico, e isso é positivo – os especialistas são unânimes. “Os serviços de limpeza pública e destinação final dos resíduos, quando tratados de forma conjunta, sempre trarão benefícios à população. Por exemplo, quando temos uma enchente, utilizando os atuais modelos municipais, onde várias empresas ou autarquias cuidam isoladamente da água, esgoto e lixo, nunca encontraremos o responsável pelos resíduos que obstruem as galerias de águas pluviais”, afirma o engenheiro da Tejofran. Entretanto, ele pondera: “A contratação no formato de parcerias público-privadas (PPPs) e concessões, por meio de investimentos do setor privado, é um modelo difícil de ser adotado por municípios de médio e pequeno porte, onde a
Mais de 60% das cidades brasileiras ainda não destinam corretamente o seu lixo. Usam lixões e aterros ditos controlados
Saneamento Básico - Inclusão da Limpeza
dução a pó) é encaminhado para o aterro. “O que á cidade ainda precisa é avançar na redução do lixo. Isso se consegue com educação ambiental nas escolas e na sociedade geral, e com grandes campanhas para diminuir a produção de lixo. Outro aspecto que necessita melhorar é a coleta seletiva. Está lenta, tem que separar mais”, constata. DESAFIO PELA FRENTE
Até agosto de 2014, todas as cidades do País precisam atingir metas determinadas pela lei federal: fim dos lixões, coleta de porta a porta, logística reversa, entre outras, mas estão atrasadas. A cidade de São Paulo já conquistou uma proeza enorme: duas usinas elétricas movidas a gás metano no Aterro dos Bandeirantes e no Aterro de São João. “Em três anos, já retiraram 25% dos gases do efeito estufa, equivalente a uma cidade com população de 600 mil pessoas”, conta o vereador Gilberto Natalini. A realidade brasileira não corresponde aos resultados apresentados na capital paulista. Conforme afirmou Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe (Associação de Empresas de Limpeza Púbica e Resíduos Especiais), à propósito da Rio+20, mais de 60% dos municípios brasileiros não deram destinação correta aos resíduos sólidos, em 2011. “Utilizaram lixões e aterros ditos controlados. Isso exerce um impacto negativo sobre o meio ambiente, como a poluição do solo, a contaminação dos recursos hídricos e a poluição atmosférica, sem falar em inúmeras
doenças para a população”, denuncia. Os desafios são grandes e, segundo o presidente da Abrelpe, o número de cidades atrasadas em suas metas é muito alto. “A região Nordeste, por exemplo, tem deficiência na coleta – parte do lixo sequer é coletado – e na destinação. São 23 milhões de toneladas de lixo que precisam estar regularizadas até 2014. Isso traz uma obrigação aos municípios e também para o cidadão, que tem parcela de responsabilidade sobre o lixo que produz”, aponta. Em um país que produz 62 milhões de toneladas de lixo por ano e recicla menos de 3%, com certeza ainda há muito que fazer.
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população vive com maior deficiência no saneamento básico”. O vereador Gilberto Natalini (PV-SP), presidente da Comissão do Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo, destaca que uma importante iniciativa da Comissão está sendo discutir a consolidação de projetos de leis para criar uma adaptação à lei federal. “Existem 76 projetos de lei tramitando na Câmara. A partir deles, pretendemos criar uma lei municipal de resíduos sólidos da cidade de São Paulo. É muito importante que sejam adaptados às realidades locais, pois cada lugar é um”, opina. Segundo Natalini, São Paulo produz 17 mil toneladas de lixo por dia, recolhidas pela prefeitura de forma competente. “O lixo é encaminhado para os aterros. Em São Paulo não tem lixão e, além disso, a cidade conta com quase 50 ecopontos – locais para descarte de móveis e entulhos, que antes eram descartados na rua. A meta é chegar a 96, ou seja, um ecoponto por distrito”, prevê. São Paulo recolhe 100 toneladas de lixo hospitalar diariamente. Esse lixo, conta o vereador, vai para a usina de tratamento e o resultado do processamento (re-
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Saneamento Básico - Entrevista Hamilton Breternitz Furtado
Formação do rio Pinheiros, à direita, no encontro do rio Grande, à esquerda, com o rio Guarapiranga, ao centro
Por Eduardo Pacheco
VISÃO AMBIENTAL • MAIO/JUNHO • 2012
Por um rio mais claro
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A ex-secretária do meio ambiente de SP, Stela Goldenstein, fala sobre a Oscip que visa melhorar a qualidade das águas do rio Pinheiros
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randes cidades pelo mundo são cortadas por importantes rios e o crescimento das metrópoles muitas vezes fez com que esses mesmos rios que serviram de fonte e motivo de crescimento, virassem simples depósitos de lixo e esgoto, mudando sua função original e transformando-os em problema ao invés de vida. Com o rio Pinheiros, não foi diferente. Juntamente com o rio Tietê, ele corta a cidade de São Paulo e o crescimento em seu entorno trouxe progresso, mas também poluição, desrespeito e descaso.
Dos remotos anos 1920, quando o rio era límpido e servia inclusive para a prática de esportes, até os dias atuais, muita coisa mudou; o seu curso foi alterado para atender a interesses econômicos e de utilidade pública, como a instalação da Usina Hidrelétrica Henry Borden e a drenagem do rio para a represa Billings, o que hoje em dia só acontece em casos excepcionais, de risco de inundações.
Saneamento Básico - Entrevista Desde então, muita coisa mudou, as margens do rio foram tomadas pela marginal Pinheiros, fundamental via de trânsito viário, e a pouca faixa de terra remanescente, é utilizada como espaço para instalação de linhas de transmissão de energia, interceptores e emissários de esgotos, oleoduto, cabos de telecomunicações, galerias de águas pluviais e também estradas de serviço para as operações de desassoreamento; praticamente nada mais lembra o que já foi um dia um rio que serviu como base para o desenvolvimento de grande parte da cidade.
RVA - Vamos tratar da entidade Águas Claras do Rio Pinheiros, mas antes eu gostaria que você falasse um pouco de você e dos lugares onde trabalhou. Você já passou pelo Governo do Estado de São Paulo, não é mesmo? Stela - Eu já trabalhei em muitos lugares mas, principalmente, em órgãos públicos. Trabalhei na área de planejamento regional, planejamento urbano, localização industrial e com habitação, onde coordenei projetos de urbanização de a casa de shows Credicard Hall, favelas, habitação popular e, na área de meio Editora Abril, Jockey Clube, Hotel ambiente, trabalhei na área de recursos hídricos, Transamérica e o Clube Hebraica. com zoneamento ambiental, na definição e imPara discutir e agir com relação a plantação da Lei Estadual de Recursos Hídricos, isso é que a Oscip (Organização da que depois gerou a Lei Federal. Fui Secretária de Estado do Meio Ambiente depois Secretária Municipal Ponte Estaiada: de Meio Ambiente da Cidade modernidade e alta de São Paulo; trabalhei com tecnologia viária consultoria e como assessora de governadores. Eu trabalhei mesmo em muita coisa e, nesse momento, estou fazendo uma experiência profissional nova e que é muito enriquecedora, que é trabalhar no Terceiro Setor, e em uma entidade que é uma Oscip, figura jurídica cadastrada no Ministério da Justiça e que tem aí uma missão entre pública e privada. É a Águas Claras do Rio Pinheiros, entidade cujo nome já diz o quanto é otimista e qual é a sua missão.
Praticamente nada mais lembra o que já foi um dia um rio que serviu como base para o desenvolvimento de grande parte da cidade
Apesar de tanta degradação, a importância do rio é inegável e paralelo a esses desgastes e problemas, houve imenso crescimento imobiliário no entorno e hoje estão sendo construídos ao longo de suas margens edifícios verdadeiramente cinematográficos. Torres residenciais e comerciais de altíssimo padrão contrastam com as águas escuras e de cheiro desagradável desse rio. Temos ali as sedes de algumas empresas como Nestlé, Rede Globo, Odebrecht e GE, além dos shoppings Eldorado e Villa Lobos,
Sociedade Civil de Interesse Público) Águas Claras do Rio Pinheiros (www.aguasclarasdoriopinheiros. org.br), tem atuado. Podemos entender melhor o assunto através da entrevista exclusiva com Stela Goldenstein que, entre outras atividades, já ocupou a secretária de Meio Ambiente e hoje está à frente da Oscip.
RVA - Mas o que você pretende de forma concreta nesta Oscip? O que você acha que pode fazer realmente com essa instituição? Stela - A Oscip pretende discutir, avalizar e apoiar
VISÃO AMBIENTAL • MAIO/JUNHO • 2012
Marcos Leal
RVA - Quanto tempo tem essa organização, essa Oscip? Stela - A Oscip tem pouco mais de dois anos. Ainda é uma entidade nova que está estruturando uma cultura institucional e que está definindo uma forma de atuar muito interessante. Porque é uma forma de atuar que prevê advogar por uma causa, desenvolver ações por essa causa, por um rio que talvez seja o 2° maior rio da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).
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os projetos que possam de fato trazer melhorias para a qualidade da água e para a qualidade dos afluentes do rio Pinheiros. Nosso foco é a melhoria das águas da bacia do rio Pinheiros e o que estamos vendo é que não existe um único projeto salvador. Existe um leque de medidas que têm que ser tomadas e é um leque bastante abrangente. É evidente que a primeiríssima de todas é deixar de lançar os esgotos domésticos, principal causa da poluição. Na verdade, já foi feito muito, mas não o suficiente. Em parte não é o suficiente porque não temos água em quantidade para diluir os esgotos. Quando as pessoas miram nos exemplos de Londres, Paris, metrópoles que conseguiram limpar as águas de seus rios com projetos poderosos e que se tornaram amigas dos rios e se aproximaram dos rios, devemos lembrar que são cidades que têm muito mais água do que nós. Estamos na cabeceira do rio, numa área extremamente urbanizada e o nosso rio tem muito pouca água. Essa é uma questão importante. Não temos como diluir os esgotos que chegam ao rio.
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“A drenagem da bacia do Alto Tietê é determinante para a qualidade do rio Pinheiros, temos que ter projetos e intervenções de coleta de esgoto, atuando no rio”
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RVA - Você me falou de um projeto interessante que pode ser uma das alternativas, que é a reversão de parte da água da bacia do Alto Tietê. Qual é a ideia? Explique-me melhor. Stela - A drenagem da bacia do Alto Tietê é determinante para a qualidade das águas do rio Pinheiros, ou seja, nós temos que ter projetos e intervenções de coleta de esgoto, atuando diretamente no próprio rio. Não temos dúvida disso. Mas precisamos discutir e rever a drenagem da RMSP como um todo para garantir que teremos usos múltiplos e que a gente vai conseguir reservar as águas de melhor qualidade para estarem perto da população. O projeto a que me refiro é um projeto que faz a gente repensar isso, a forma como vem sendo feita a gestão da drenagem urbana. O que nós temos hoje? Temos todo um sistema que capta água para abastecimento e busca afastar água para prever situações de enchentes. Mas nós não estamos fazendo isso da forma mais racional, me parece. A represa Taiaçupeba, na altura da cidade de Suzano, foi recentemente ampliada e serve uma quantidade significativa de água. Para quê? Para abastecimento público. Ela foi criada para isso e
Divulgação
Saneamento Básico - Entrevista
a Sabesp capta água de lá. Mas não capta toda a água. Ao longo do ano todo e principalmente nas situações de chuvas, deixamos que essas águas saiam de lá e a trazemos pelo rio Tietê. Ou seja, águas da melhor qualidade possível misturadas com águas da pior qualidade, que são as águas do Tietê. E aí criamos um outro problema porque aumentamos a vazão do rio Tietê justamente na época de cheia quando ele já tem uma carga muito grande. Ou seja, fazemos circular na cidade as águas de pior qualidade. O que esse projeto traz de novidade é pegar o máximo de água possível de Taiaçupeba e colocar na Represa Billings, ou seja, água de melhor qualidade do noroeste da cidade e colocar no sudeste, que é a Billings. E assim fazer um balanço: parte podemos lançar para a Henry Borden, produzindo energia mas, principalmente, podemos reservar uma pequena quantidade, pois não precisamos de muita quantidade, talvez algo como 3,0 m³/s, para entrar no rio Pinheiros permanentemente. Melhoraria tremendamente a qualidade do rio pela diluição. Mas esse projeto tem uma outra vantagem muito grande, porque eu falei duas vantagens: aumenta a captação na Billings e reduz a carga do rio Tietê em situação de enchentes. A terceira vantagem é criar o potencial
Saneamento Básico - Entrevista
RVA - Que tipo de público vocês pretendem cativar para a sua causa? Estudantes, profissionais? Quem A ex-secretária do meio ambiente de SP hoje está vocês estão buscando para à frente da Oscip Águas Claras do Rio Pinheiros comprar essa ideia? Stela - O nosso objetivo, por enquanto, não são as pespara navegação, porque esse canal de Taiaçupeba soas físicas e sim o governo, entidades e empresas que atuam nessa região e que para Billings pode vir a ser um canal navegável. possam se mobilizar para juntos desenvolver RVA - Mas seria um canal comercial ou apenas novos projetos. Mas a nossa entidade também aposta muito em aproximar a populapara turismo? Stela - Fundamentalmente para carga, ou seja, ção do rio. Apoiamos o Projeto Pomar para comercial. É um projeto que associa logística e que vá até a Billings e a Ciclovia na margem esquerda, que tem um potencial enorme de drenagem. utilização. Isso não é tão simples como foi RVA - E ele está sendo estudado com seriedade para a margem direita, onde já havia uma boa estrutura praticamente pronta, mas é pelo Governo do Estado de São Paulo? Stela -Esse projeto foi uma encomenda do De- interessante e importante fazê-la. Também partamento Hidroviário de São Paulo em 2007 e já é importante fazer transposições para que tem um projeto básico que está sendo detalhado, as pessoas tenham acesso e se aproximem inclusive do ponto de vista urbanístico e de estru- do rio. No nosso diálogo com estado e prefeitura, vimos que existe mais do que uma tura logística. É muito interessante. aceitação, existe um acordo no sentido que RVA - E com relação aos investimentos? Você todas as próximas estruturas devam dar acestem ideia dos valores necessários à viabilização so à beira do rio. Isso faz com que pessoas mobilizem vontades para investir na mede um projeto dessa natureza? Stela - Em suas primeiras versões, era da ordem lhoria do rio e na qualidade de suas águas. de R$ 2 bilhões. Espero que já tenham conseguido otimizar o projeto original e reduzido RVA - Fica aqui, então, a sugestão para seu custo. Mas não existe projeto barato para que todos visitem o portal da Oscip Águas resolver o problema de drenagem, poluição e Claras do Rio Pinheiros. Muito Obrigado. Stela - Eu é que agradeço a oportunidade. mobilidade na RMSP.
VISÃO AMBIENTAL • MAIO/JUNHO • 2012
RVA - Esse projeto tem potencial para uma contratação na modalidade PPP (parcerias público -privadas)? Stela - Eu acho que sim, porque traz justamente oportunidades de investimentos em logística e também no uso da água para energia e abastecimento. Permite, portanto, investimentos de múltiplos interessados e múltiplos operadores. É um projeto com capacidade de trazer muitos ganhos para a RMSP.
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Andrejs Pidjass
Saneamento Básico - Água Potável
O buraco é mais embaixo VISÃO AMBIENTAL • MAIO/JUNHO • 2012
Mudaram os parâmetros de controle da água potável no País. Mal entrou em vigor e as críticas questionam a validade
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Por Inês Pereira
A
legislação que regula o padrão de água potável no Brasil – Portaria 2914, do Ministério da Saúde – é recente, de 2/12/2011. Pouco menos de seis meses depois que veio em substituição à Portaria 518 de 25.03.2004, a novidade deu o que falar. Ela prevê o monitoramento de diversos parâmetros físico-químicos de elementos inorgânicos e orgânicos, incluindo agrotóxicos, cianotoxinas, sub-produtos da desinfecção (cloração) e diversos parâmetros organo-
lépticos (que podem ser percebidos pelos sentidos humanos) como cor, odor e sabor. A nova versão alterou os limites, que ali aparecem como “VMP” ou “Valor Máximo Permitido”. “Nem todas as alterações ocorreram para tornar a norma mais restritiva. Algumas delas diminuíram o limite, como é o caso da substância tetracloreto de carbono, cujo limite passou de 2,0 µg/L (micrograma por litro) para 4,0 -- ficou menos rigorosa nesse item específico. Já para a substância bromato, o
“O atual sistema não funciona, é ultrapassado. O cloro combate doenças transmissíveis, mas não combate hormônios, fármacos, entre outros” companhia de saneamento, que pode não ter uma estação de tratamento pronta para atendê-la. “A companhia vai precisar de um tempo para se adaptar e isso pode levar anos, pois pode demandar uma alteração radical no processo com a necessidade de grandes reformas.
MUDANÇA JUSTIFICADA? Para o professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/ USP), Ivanildo Hespanhol, a iniciativa não traz um benefício sequer. “O pessoal pega as diretrizes da ONU e as copiam, propõe valores numéricos usados nos Estados Unidos e na Europa, e que não correspondem à realidade brasileira. É como usar um paletó de um gigante para vestir um anão”, compara. O professor Hespanhol, que também é diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra), afirma que o monitoramento não é o ponto crítico do problema brasileiro, mas sim o tratamento. E alerta: “Nosso atual sistema não funciona, é ultrapassado. O cloro combate muito bem doenças transmissíveis, mas não combate hormônios, cosméticos, fármacos, entre outras substâncias atualmente presentes na água”.
VISÃO AMBIENTAL • MAIO/JUNHO • 2012
limite passou de 0,025 mg/L (miligrama por litro) para 0,01, ou seja, ficou mais exigente”, explica o engenheiro Eduardo Pacheco, diretor técnico do portal Tratamento de Água. Uma alteração nessa norma, aponta Pacheco, pode causar um problema enorme para a
Elnur Amikishiyev
Saneamento Básico - Água Potável
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Gastronomia Sustentável Por Bartira Betini
Meio ambiente e alimentação: tudo a ver Saiba como se alimentar bem e ter atitudes sustentáveis na hora de criar pratos diferentes e organizar a bagunça
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VISÃO AMBIENTAL • MAIO/JUNHO • 2012
v iye ish mik ur A Eln
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anter uma cozinha sustentável é manter uma alimentação balanceada. Ao pensar em um assunto, logo o outro o completa. Uma das principais regras para compor uma alimentação saudável é preparar refeições com alimentos de vários tipos. Assim, fica garantida a ingestão de diversos nutrientes. Repetir todos os dias o mesmo cardápio deixa o organismo pobre de nutrientes encontrados em outros alimentos, pois o tipo e a quantidade são diferentes em cada um deles. Se a preferência é arroz, feijão, bife e salada, por exemplo, esse prato pode ser oferecido uma vez por semana. Nos outros dias, pode-se consumir legumes e outros tipos de salada e carnes, além do arroz e do feijão. Além de variada, a alimentação precisa ser balanceada. “Ou seja, conter uma quantidade de calorias e nutrientes correta para garantir o crescimento saudável sem aumentar em excesso o peso da criança, nem deixar seu organismo com alguma deficiência. A quantidade necessária de cada nutriente varia conforme a idade”, diz a nutricionista Flávia Bulgarelli, de São Paulo. O planejamento e a seleção das compras são muito importantes, pois evitam a aquisição de excedentes, garantem a qualidade dos produtos e facilitam a elaboração de cardápios, impedindo que os alimentos acabem no lixo. Quando o consumo racional se torna hábito, a rotina adequada às necessidades da família passa a ser aplicada sem grande esforço. O caderno A Nutrição e o Consumo Consciente, do Instituto Akatu, ensina como fazer o planejamento das compras sem desperdício. Confira: √ Elabore o cardápio da semana em função dos gostos e necessidades alimentares de sua
família. A compra ficará mais barata, exigirá menos tempo e se realizará com maior facilidade se as refeições diárias estiverem decididas. √ Antes de sair de casa para ir ao supermercado ou à feira, veja o que ainda resta na geladeira e nos armários. A lista de compras com os produtos que faltam deve ser preparada só depois dessa inspeção cuidadosa. √ Procure ir ao supermercado após as refeições. O apetite acaba levando à compra de produtos desnecessários, em quantidades excessiva e até de muitos alimentos pouco ou nada nutritivos, mas apetitosos para quem está com o estômago vazio. √ Siga a lista que preparou. Não se deixe impressionar pela propaganda de um produto que o associa à beleza e ao prazer, ou pelo fato de ele estar em oferta e comprá-lo em grandes quantidades. Comer a mesma coisa ao longo de um determinado período acaba enjoando e o alimento vai se estragar. √ Deixe para colocar por último no carrinho de supermercado os produtos perecíveis de geladeira ou congelador. Assim, eles passam menos tempo à temperatura ambiente, conservando melhor suas características. √ Compre hortaliças, frutas frescas e produtos da safra semanalmente. Essa medida garante a reposição constante e, portanto, o frescor do alimento. Além disso, evita a compra de quantidades excessivas e permite ao consumidor acompanhar melhor os preços, percebendo abusos e aproveitando promoções. √ Procure comprar a porção do tamanho de sua família. Atualmente, já existem porções embaladas individualmente, para atender às necessidades do consumidor. Mas preste atenção: apesar de evitarem o desperdício, às vezes esses produtos são mais caros. É preciso pesar a relação custo-benefício nesse caso.
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COMO FAZER A SELEÇÃO
Fonte: Senac/SP
Para fazer bom uso do alimento, o melhor é aproveitar ao máximo o que cada variedade tem a oferecer. Boa parte dos nutrientes fundamentais para a saúde vai parar no lixo por pura falta de informação de quem os prepara. Pouca gente sabe, por exemplo, que o talo da salsa é riquíssimo em vitamina C. Há uma economia significativa com o uso de itens normalmente jogados fora, cujo aproveitamento resulta em pratos criativos, saborosos e nutritivos. √ Talos e folhas de legumes e verduras são bastante nutritivos e saborosos, como os da salsa, da cenoura, da beterraba e do agrião. Podem ser usados crus em saladas, como tempero, em caldos e sopas, ou refogados para recheio de tortas. √ As cascas de frutas como pera, maçã, pêssego e ameixa também são muito nutritivas. E mesmo as que não devem ser comidas frescas, como as da laranja, do limão, da manga e do abacaxi, podem ser batidas no liquidificador, virar recheio de tortas e bolos doces ou transformar-se em geleias e sucos. √ Prolonga-se a vida das frutas de inúmeros modos. Ao usar uma das metades do abacate, guarde a outra na geladeira com o caroço. Outras metades não utilizadas (mamão, laranja, maçã, banana, etc.) também podem ser conservadas na geladeira e usadas mais tarde, mesmo feias, em vitamina ou suco de frutas. As que amadurecem muito depressa na fruteira, ou que chegam em
casa já amassadas, podem virar salada de frutas ou doces caseiros ou simplesmente ser fervidas, cozidas ou assadas. √ As migalhas de bolachas e biscoitos que sobram no pacote podem ser acondicionadas num vidro para uso em coberturas de bolo. √ O pão amanhecido fica fresco se respingado levemente com água ou leite e, em seguida, aquecido no forno por alguns minutos. O miolo também pode ser usado em misturas de carnes para inúmeras receitas salgadas e doces. Os que endureceram, se ralados ou despedaçados, transformam-se numa farinha de pão para coberturas de pratos salgados. √ As sobras das travessas e panelas também podem ser reutilizadas. Para isso, é preciso acondicioná-las corretamente na geladeira, em recipientes limpos e tampados, logo após o preparo. Deixe as panelas e as travessas sobre a pia para acelerar o esfriamento do que sobrou. Praticamente todos os pratos de uma refeição têm potencial para transformar-se em outros igualmente saborosos e nutritivos na refeição do dia seguinte. √ Mas no prato mesmo, não convém deixar sobra alguma, pois essas não podem ser reutilizadas. É recomendável educar as crianças e as pessoas responsáveis por elas no lugar dos pais a servirem-se apenas da quantidade que vão comer. Afinal, restos não podem ser aproveitados.
COLORIDOS E SAUDÁVEIS As cores dos alimentos influenciam em muito mais do que imaginamos. Vegetais de coloração escura, como rúcula, espinafre, brócolis e agrião, contêm ácido fólico e boro, e são excelentes no combate à depressão.
Fonte: Renato Brunetti – gastrônomo e sócio-proprietário do Bistrô 28
Juan Moyano
O USO DOS ALIMENTOS
LoopAll
marcas diferentes têm composições mais ou menos saudáveis. √ Na tabela, além de observar a quantidade de calorias, prefira os produtos com maior teor de fibras, fundamentais para a boa digestão de adultos, pois aumentam o trânsito intestinal e provocam sensação de saciedade. √ Procure consumir alimentos que sejam típicos, de safra ou cultivados com facilidade em sua região. Além de serem mais baratos, a iniciativa estimula o comércio local.
Os brancos, como alho e cebola, possuem alicina, associada à redução do colesterol. Os roxos têm anticianina, com ótimo efeito contra o envelhecimento. Os vermelhos possuem licopeno, que auxilia na prevenção de câncer de próstata e osteoporose.
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√ Preste atenção à data de validade dos alimentos, que deve estar obrigatoriamente na embalagem. Escolha sempre os alimentos com maior prazo de validade. √ Evite comprar conservas e outros produtos enlatados se as embalagens estiverem rasgadas, amassadas, enferrujadas ou estufadas. Nessas condições, o alimento pode estar contaminado pela toxina da bactéria que causa o botulismo. √ Analise sempre a tabela de informações nutricionais. Muitas vezes, alimentos parecidos de
Os verdes têm bom índice de fibras e luteína, que mantém a saúde visual. Os amarelos são ricos em antioxidantes, como vitamina C e betacaroteno.
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DECORANDO O AMBIENTE A decoração do Bistrô 28, assim como os cardápios, porta-contas e prendedores de guardanapos são feitos de papel machê, uma opção para a
RECEITAS SAUDÁVEIS E SUSTENTÁVEIS CARPACCIO DE ABOBRINHA 1 abobrinha Alcaparra (quando basta) 15g ricota defumada ou parmesão 30g de mostarda Dijon 15g de mel 15ml de azeite Tomilho-limão (quanto baste) Sal marinho (quanto baste)
reciclagem de materiais. “Temos uma parceria com uma artista plástica que faz as artes somente com a reciclagem de material. Alguns rótulos de vinhos da casa seguem a linha de vinhos orgânicos, em que o produtor procura harmonizar o plantio, o solo, os insetos o ambiente voltando para a preservação do vinho, também sem empregar a utilização de pesticidas e conservantes”. Outra iniciativa do Bistrô 28 foi inserir rótulos biodinâmicos - fazer com que o solo seja rico e fértil, diferente das práticas aplicadas por produtores que buscam solos cada vez mais pobres para o plantio de seu vinho. “Também trabalhamos com sucos de uva orgânicos, que seguem essa mesma linha”, completa. NA HORA DE COZINHAR O cozimento também influencia muito na hora de avaliar a sustentabilidade do prato. Um exemplo disso é a utilização de calor residual do forno para cozinhar alimentos. “O nosso forno possui uma grande pedra em sua base, que ‘segura’ o calor, podendo, assim, mesmo com o gás desligado, produzir comida e assar uma perna de cabrito, por exemplo. Com o resíduo de calor, também podemos fazer bolinhos de chocolate. Particularmente, a escolha do alimento é uma área que me agrada muito, já que vou buscar pessoalmente todos eles dentro do maior centro de distribuição de produtos de São Paulo. O produto encontrado nesse armazém é de qualidade superior. Buscamos também a qualidade dos produtos pela sazonalidade. Isso é um ponto de partida para saber o que comprar”.
Preparo: O preparo é muito simples e consiste em aproveitar alguma apara de abobrinha que deixamos de lado no preparo do peixe assado. Fatiar a abobrinha em finas fatias, redondas, emulsificar (misturar) a mostarda, o mel e o azeite. Finalizar o prato colocando as fatias espalhadas no prato, jogar o molho em fios por cima, arrumar algumas alcaparras por cima e jogar a ricota defumada ralada. Algumas folhinhas de tomilho vão dar um toque especial nessa entrada maravilhosa.
Fonte das receitas: Bistrô 28
Renato Brunetti, gastrônomo e sócio-proprietário do restaurante Bistrô 28, de São Paulo, acredita que seja necessária uma conscientização dos funcionários sobre o consumo de água, luz e sobre a separação de resíduos, por exemplo, quando pretende-se ter um restaurante sustentável. “Detalhes como a manutenção de equipamentos frigoríficos, que evitam maior consumo de energia, evitar sua lotação trabalhando em uma escala de produção de matéria-prima sempre na capacidade diária do restaurante, e não mensal, e utilizar ambientes claros para evitar o consumo maior de energia, são de extrema importância”, ressalta. A alimentação com a preservação está diretamente relacionada ao consumo e descarte da matéria-prima. É importante que haja a separação do lixo e a coleta deve ser seletiva, separando os resíduos. A utilização total e não parcial de um alimento também é importante. Aqui entra a criatividade. “O que fazer com a casca da laranja, por exemplo? Podemos aromatizar caldas, utilizar em bolos e por aí vai, evitando o desperdício e utilizando em sua totalidade seus benefícios. Outra iniciativa é a reciclagem do óleo de cozinha, que pode ser transformado em sabão e utilizado no restaurante”, completa Renato.
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RESTAURANTE SUSTENTÁVEL
MIX DE FOLHAS ORGÂNICAS 1 pé de alface crespa orgânica 1 pé de alface roxa orgânica 1 pé de rúcula orgânica 1 pé de alface romana orgânica Para o molho: 50ml de vinagre balsâmico 25ml de mel 25ml de azeite Sal (quanto baste) Preparo: Misturar bem os ingredientes do molho até se tornar uniforme. As folhas devem ser rasgadas na mão, e não cortadas com uma faca. Servir imediatamente.
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ALIMENTOS ORGÂNICOS O alimento orgânico promove uma sustentabilidade da hora que sai do produtor, até a escolha da preparação e no descarte, que é de responsabilidade nossa fazer de forma coerente, já que o abuso e ignorância referentes a isso refletirão no nosso trabalho no futuro e nas próximas gerações. “Gosto muito do comportamento do alimento orgânico por ser uma ideia, e não somente uma prática agrícola. Nós temos o valor nutritivo de melhor qualidade em teor de vitaminas, minerais e proteínas devido ao solo equilibrado e com uso de fertilizantes naturais. É trabalhada a biodiversidade. A agricultura orgânica perpetua a diversidade das sementes nativas do local; o sabor, cor e aroma são diferenciados. Já que não temos influência de pesticidas, se revelam de forma natural, promovemos as comunidades rurais. Mas, é preciso ter atenção, porque os produtos devem ter certificação de que é orgânico. Isso pode ser percebido através do selo”, diz Renato Brunetti. A adaptação à alimentação orgânica e natural nos deixa em sintonia com os benefícios que os alimentos nos proporcionam. O consumidor pode se identificar com locais preocupados com essa sustentabilidade, com a técnica de produção dos seus produtos e com o que o cardápio tem a ofertar. Os alimentos orgânicos são produzidos sem os defensivos normalmente utilizados na agricultura convencional para combater as pragas que atacam as plantações. São também livres de aditivos,
que têm a função de conservar os alimentos ou conferir características sensoriais especiais, como sabor ou cor. As técnicas de cultivo do solo para a produção de alimentos “orgânicos”unem procedimentos agrícolas quase artesanais, descobertos pelo homem há milhares de anos, com novidades tecnológicas. O objetivo é conservar o ecossistema para a obtenção de um produto de qualidade e preservar o meio ambiente e a saúde das pessoas, livrando-os de substâncias tóxicas. Para adubar a terra, a agricultura orgânica utiliza resíduos que podem ser reintegrados ao solo: folhas, cascas, restos de verduras, esterco. Os micro-organismos presentes nesses resíduos transformam a matéria orgânica em alimento para as plantas. Além disso, deixam a terra mais porosa e permeável à água e ao ar e, portanto, melhor para o cultivo. Também são utilizadas técnicas de cultivo bastante simples e eficazes, como plantar produtos diferentes alternadamente, para evitar o esgotamento do solo. Planta-se feijão numa safra, e, logo após a colheita, planta-se soja, por exemplo.
No cultivo consorciado, duas espécies são plantadas lado a lado, de modo que uma beneficie a outra de alguma forma. Um cuidado tomado pelos produtores de alimentos orgânicos, qualquer que seja a técnica, é que a terra que receberá as sementes seja virgem ou esteja livre de substâncias químicas há pelo menos dois anos.
Iakov Kalinin
• Reduza o consumo de água. Use os redutores de fluxo nas torneiras para diminuir o fluxo de água. • Utilize corretamente a lava-louças. Se você usar a lava-louças cheia (o mesmo vale para a lava-roupas) e escolher o melhor ciclo e forma de secagem, você economiza água. Os testes nos Estados Unidos indicam que enxaguar os pratos antes de colocá-los na máquina desperdiça 75 litros de água. E sabemos que pode usar a água da saída para lavar a cozinha e/ou quintal. • Prefira sabão biodegradável. Procure usar sabão biodegradável em todos os lugares: lava-louças, lava-roupas e para todo o resto da casa. Infelizmente não temos estudos – muito menos comprovação isenta – de qual sabão é realmente biodegradável. De toda forma, é possível fazer sabão ecológico caseiro. • Reduza as embalagens. Quando for às compras, evite a
alface (orgânica) na bandeja de isopor e envelopada em plástico filme. Fuja de coisas que tenham embalagem em excesso e prefira as embalagens maiores de bebidas ou iogurtes (que inclusive, são mais fáceis de reciclar). Em casa, deixe o filme e o alumínio de lado e prefira tigelas com tampa. • Troque plástico por vidro. Em vez de usar potes plásticos para as sobras prefira os conjuntos feitos de vidro ou inox (com tampas) para essa função. Muitos plásticos podem ser reciclados, mas eles são feitos de petróleo, daí a ideia de usá-lo com parcimônia. • Esquente só o necessário. Se você vai esquentar uma pequena porção de comida ou o que restou de outra refeição, o seu micro-ondas ou torradeira consumirá menos energia que o forno ou o fogão. Esquente, por exemplo, o exato volume de chá, café ou água quente que irá consumir.
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Dicas do livro Better Home and Gardens
DICAS PRECIOSAS PARA MANTER A COZINHA ECOLÓGICA E SUSTENTÁVEL
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