RVA 02-2009

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• GESTÃO DE RESÍDUOS • TECNOLOGIA • SUSTENTABILIDADE

Ano 1 • no 2 • Setembro/Outubro 2009

CADERNO DE RESÍDUOS Cobertura de eventos do setor de saneamento

Madeira Certificada Selo de origem evita desmatamento

ISO 14000 Como e por que obter

Oceanografia

Ano 1 • no 2 • Setembro/Outubro 2009 •

VISÃO AMBIENTAL

Vida e trabalho no fundo do mar

GREEN BUILDING

CONSTRUIR COM SUSTENTABILIDADE




SUMÁRIO Hospital Albert Einstein: sustentabilidade em favor da saúde

6 MATÉRIA DE CAPA

Green Building

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Meio Ambiente

Madeira Certificada x Madeira Ilegal 24 Certificação

A evolução do conceito Qualidade e a ISO 9001

26 Eco Estilo 13 Visão Política

Por Laércio Benko Lopes

14 Política

Gestão de Resíduos - desafios e oportunidades

16 Turismo

Viagem sustentável pela Europa

20 Legislação

Compensação do impacto ambiental

22 Mercado de Trabalho VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009

Oceanógrafo - um mergulho nas ciências do mar

Redescobrindo a Ilha

53 Visão Médica

58 Debate Virtual

Por Moises Chencinski

Escolhas sustentáveis e conscientes

54 Exportação de Resíduos Alerta para a prática internacional de crimes ambientais

57 Visão Social

Por Emiliano Milanez Graziano da Silva

61 Visão Internacional por João Sampaio

62 Visão Administrativa Por Giovani Toledo

65 Evento

A transparência e a sustentabilidade no Mercado de Capitais

66 Agenda / Radar

Eventos e contatos das empresas, participantes e colaboradores desta edição

64 Visão Econômica Por Alexandre Reis

34

Consumo Consciente

Dicas de compras que ajudam a preservar o meio ambiente

38

Caderno de Resíduos Cobertura dos principais eventos do setor e Especial RSS


EXECUTIVO EDITORIAL Nilberto Machado nilberto@rvambiental.com.br EXECUTIVO FINANCEIRO José Antonio Gutierrez gutierrez@rvambiental.com.br EDITORA-CHEFE Susi Guedes susiguedes@rvambiental.com.br PROJETO GRÁFICO e DIREÇÃO DE ARTE Flora Rio Pardo flora@rvambiental.com.br JORNALISTAS Arielli Secco, Miriam Bollini, Renan de Souza, Taís Castilho e Walter Prandi jornalismo@rvambiental.com.br REVISÃO Diego Teixeira jornalismo@rvambiental.com.br FOTOGRAFIA Luciana Yole jornalismo@rvambiental.com.br COLABORADOR Paulo César Lamas (tratamento de imagens) COLUNISTAS DESTA EDIÇÃO Alexandre Reis, Arnaldo Jardim, Emiliano Graziano da Silva, Giovani Toledo, João Sampaio, Laércio Benko Lopes, Moisés Chencinski, Raul Lóis Crnkovic COMERCIAL e PUBLICIDADE Haroldo Macedo haroldo@rvambiental.com.br PRODUÇÃO Cristopher Raineri e Jurema Jardin atendimento@rvambiental.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Susi Guedes – MTB 44447/SP PERIODICIDADE – Bimestral TIRAGEM – 8.000 EXEMPLARES IMPRESSÃO – VOX EDITORA

ATENAS EDITORA Rua José Debieux, 35 Cj. 42 Santana – São Paulo/SP – CEP – 02038-030 Fone: 55-11- 2659-0110 www.rvambiental.com.br ATENDIMENTO AO LEITOR F. 55-11- 2659-0110 leitor@rvambiental.com.br As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são de responsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes. Capa: Fotomontagem imagens SXC por design.rvambiental@gmail.com

Caminhando na direção certa O mundo editorial pode ser surpreendente... Emitir opiniões, buscar soluções, informar, entreter, e todas as atribuições que se dão a um lançamento nesse mercado são conceitos amplos e podem esbarrar em dificuldades, opiniões e preconceitos que venham a ditar o lugar de uma nova publicação no mercado. Pensando nisso, antes de lançarmos nossa “número 1”, todos os critérios de qualidade editorial, planejamento, projeto gráfico e de conteúdo foram analisados à exaustão pelos executivos da revista, e colocados em prática por uma equipe conectada com as necessidades do segmento escolhido, mas com uma visão mais amplificada do que nosso leitor pudesse desejar ter em mãos. O esforço não foi em vão, pois conquistamos nosso espaço com grande destaque. A revista surpreendeu positivamente a todos, obtendo elogios de empresas, entidades, anunciantes e leitores em geral, inclusive de outras publicações do setor, as quais admiramos e respeitamos muito, que manifestaram seu carinho e desejaram sucesso. Nossa tiragem inicial de 6 mil exemplares precisou ser aumentada para atender a tantos pedidos de adesão ao nosso mailing. Dentro de um universo de internautas qualificados, nosso site, que entrou no ar em caráter definitivo no dia 12 de agosto sem nenhuma divulgação, em apenas 17 dias já contou com mais de 11 mil páginas visitadas, incluindo visitas de outros países. Foram feitos 487 downloads da versão virtual da revista. Ao dividir essas conquistas, queremos agradecer nossos leitores, anunciantes, parceiros e colaboradores, que nos ajudaram a construir este sucesso já em nosso primeiro número. E agora trazemos a todos a número 2, feita com o mesmo cuidado e dedicação da anterior. Entre os destaques desta edição temos: Green Building - construções sustentáveis; RSS - os caminhos dos resíduos da área de saúde; Turismo Sustentável na Europa; Mercado de Trabalho - desvendando os segredos do oceano; Fenasan - cobertura de um dos mais importantes eventos sobre saneamento e meio ambiente. A imensa receptividade, os elogios ao nosso projeto gráfico e ao conteúdo variado, bem elaborado e isento, nos fizeram ver que estamos no caminho certo, e vamos continuar por ele, sempre abertos a sugestões, opiniões e críticas, assumindo a responsabilidade de continuar melhorando sempre, trazendo cada vez mais informação e entretenimento ao nosso leitor, e retorno ao nosso anunciante. Esperamos que gostem de mais este número e, enquanto não chega a número 3, aguardamos sua visita em nosso portal www.rvambiental.com.br, que tem atualizações semanais com conteúdo complementar ao da revista, além de matérias e notícias provenientes de várias fontes, e as exclusivas de nossa redação. Boa leitura! José Antonio Gutierrez, Nilberto Machado, Susi Guedes

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EXPEDIENTE


CAPA

GREEN BUILDING

Divulgação

Tecnologia da construção aliada à eficiência ambiental

Jatobá Green Building, do escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos: ganhador do VI Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa, categoria Green Building

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Por Susi Guedes

Conforto integrado à beleza e segurança sempre foram conceitos básicos da construção. Ao projetar um prédio, uma casa, um hospital, uma construção de utilidade urbana ou qualquer outra, engenheiros, arquitetos, construtores e técnicos levam em conta esses princípios. Há até bem pouco tempo, esses eram os únicos pontos relevantes para a construção civil, mas a modernidade e a necessidade de preservação do planeta têm transformado o pensamento comum, e gradativamente as chamadas “construções verdes” vão tomando forma e ocupando seu espaço. Muito se especula sobre a necessidade da normatização dos processos construtivos, em

que a diminuição de resíduos passe a ser obrigação e não opção. No meio acadêmico, as escolhas por cursos, matérias e especializações que levem em conta soluções ambientais para a construção, arquitetura e decoração de espaços têm aumentado rapidamente, e as pesquisas de novos materiais e métodos tem ganhado força e encontrado soluções surpreendentes, mas, de maneira geral, apenas os primeiros passos foram dados. Muito há para se caminhar ainda, e essa normatização está longe de se tornar realidade. Os profissionais ligados ao setor da construção, bem como as empresas que contratam seus serviços, de maneira lenta mas constante, têm se dado conta dos muitos benefícios para

os que optam pelas construções verdes, onde todos colaboram e têm algum tipo de retorno, seja financeiro, de imagem ou conforto, e o planeta ganha fôlego na luta preservacionista. Ouvimos várias partes envolvidas no processo que pretende multiplicar a quantidade desse tipo de construção, e em todos os depoimentos é possível identificar entusiasmo e a certeza de que seja este o caminho a ser seguido para os projetos futuros da construção civil em todas as suas variantes.


ção de obra visando usar mais eficientemente a energia, dando-se especial atenção ao sistema de ar-condicionado, com utilização de sistemas e equipamentos de alto rendimento; iluminação com utilização de lâmpadas e luminárias de alto rendimento, aproveitamento de luz natural, individualização e automatização dos circuitos; sistemas de bombas de água com motores de alto rendimento; elevadores com recuperação de energia e sistemas de controle inteligentes. Uso adequado de materiais: recomenda-se a reutilização de materiais; uso de materiais com componentes reciclados; gestão adequada dos resíduos durante a obra e no uso dos edifícios; uso de materiais produzidos na região. Qualidade do ambiente interno: pede-se que atenção seja dada para a criação de ambientes que tragam bem estar e preserve a saúde dos usuários;

recomenda-se ventilação adequada, iluminação natural e visibilidade do exterior para a maioria dos usuários; utilizar na pintura e na colagem dos carpetes, por exemplo, materiais com baixo teor de VOC (Composto Volátil Orgânico).

Nelson Kawakami, diretor-executivo do Green Building Council Brasil Divulgação

Categorias de Certificação LEED NC® (New Construction): para novas construções ou grandes reformas. Elaborado para guiar projetos que se distinguem por sua alta performance (energia, água, qualidade ambiental interna, produtividade, etc.). Pode ser usado para prédios comerciais, residenciais, governamentais, instalações recreativas, laboratórios e plantas industriais. LEED CS® (Core & Shell): nesta modalidade, certifica-se toda a envoltória do empreendimento, suas áreas comuns e, internamente, o sistema de ar-condicionado e elevadores. O LEED CS® é utilizado por construtores e incorporadores que estão desenvolvendo o projeto para posterior comercialização de suas salas, garantindo ao futuro usuário que suas instalações ofereçam todas as condições para a alta performance do empreendimento. O LEED CS® foi desenvolvido para ser complementado pelo LEED CI® (Commercial Interior). Ocorre que o construtor e incorporador destes empreendimentos que serão futuramente comercializados não podem se comprometer em relação ao modo que o futuro usuário ocupará as salas comercializadas. Pré-certificação: a précertificação se faz presente apenas nos projetos registrados na modalidade LEED CS®. Trata-se de um reconhecimento formal de que o empreendedor estabeleceu metas para o desenvolvimento de um empreendimento certificado LEED CS®. Tendo em vista o caráter comercial destes empreendimentos, após pré-certificado, o empreendedor poderá fazer a divulgação visando a pré-venda do empreendimento ou facilidades de financiamentos. Concluído o processo de auditoria do empreendimento, tendo o empreendedor cumprido todas as metas por ele apresentadas, o empreendimento receberá a certificação LEED CS®. LEED CI® (Commercial Interior): para interiores comerciais. Foi desenvolvido para garantir a alta performance dos interiores, em termos de ambiente saudável, locais de trabalho produtivos, baixo custo de manutenção e operação e redu-

ção do impacto ambiental. O LEED CI® oferece aos usuários, arquitetos de interiores e designers, a possibilidade de criar ambientes sustentáveis, independentemente de não poderem atuar na operação de todo o prédio. LEED ND® (Neighbourhood Development): o sistema de certificação LEED ND®, para bairros e desenvolvimento de comunidades, integra os princípios do crescimento inteligente, urbanismo e construção sustentável para a concepção de bairros. A certificação LEED ND® requisita que o desenvolvimento da localização e concepção do empreendimento cumpra elevados níveis de responsabilidade ambiental e social. LEED School®: o sistema de certificação LEED School® reconhece o caráter único da concepção e construção de escolas. Baseado no sistema de certificação LEED NC®, aborda questões como a sala de aula, acústica, planejamento central, prevenção contra mofo e avaliação ambiental do local. Ao abordar a singularidade dos espaços escolares e as questões de saúde infantil, o LEED School® fornece uma única e abrangente ferramenta para as escolas que pretendem construir de forma sustentável com resultados mensuráveis. LEED EB® (Existing Building): O sistema de certificação LEED EB®, para edifícios existentes, ajuda os proprietários e operadores a medir suas operações, fazer melhorias na manutenção em uma escala consistente, com o objetivo de maximizar a eficiência operacional e minimizar os impactos ambientais. O LEED EB® aborda em todo o edifício questões de limpeza e manutenção, programas de reciclagem, programas de manutenção exterior e atualização de sistemas, podendo ser aplicado tanto para edifícios existentes que procuram a certificação LEED EB® pela primeira vez quanto para projetos previamente certificados no âmbito de outros Sistemas de Certificação LEED®, como LEED NC®, LEED School®, LEED CS® e LEED EB® (em caso de renovação).

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ENTIDADE CERTIFICADORA O engenheiro Nelson Kawakami, diretor-executivo do Green Building Council Brasil, uma das mais importantes entidades mundiais na divulgação de informações, normatização e incentivo do conceito de construção sustentável, fala sobre a entidade no Brasil e no mundo, e sobre os principais pontos de referência do conceito e das particularidades desse tipo de construção. Revista Visão Ambiental - Quais as principais características para que uma construção se enquadre no conceito de sustentabilidade? Nelson Kawakami - O órgão pontua as soluções sustentáveis de uma construção e avalia seu desempenho em variáveis como: espaço sustentável, eficiência no uso de água e de energia, uso de materiais e recursos, qualidade ambiental interna e inovação de processos. Localização do empreendimento: sugestões quanto à preservação e recuperação do habitat natural e terreno; cuidados que devem ser tomados na execução da obra para não afetar o meio ambiente e vizinhos; observações quanto à conectividade do empreendimento com a infraestrutura local. Uso racional de água: sugestões para redução de consumo de água potável através do uso de tecnologias de reaproveitamento de águas de chuva e usadas; utilização de equipamentos sanitários com menor consumo, tais como válvulas de descarga e vasos com duplo fluxo; metais de alta eficiência, como torneiras automáticas; irrigação de paisagismo com água não tratada e uso de tecnologias mais avançadas, como, por exemplo, o gotejamento. Eficiência energética: desenvolvimento de projeto e execu-


CAPA

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Divulgação

Pesquisa e Educação

No planejamento estratégico do GBC Brasil, a educação é o ponto mais importante para nos ajudar a transformar o mercado imobiliário brasileiro, e três itens são extremamente importantes para nós: • Alianças com universidade para oferecermos nos cursos de graduação, pós-graduação e especialização cursos relativos a construção verde. Temos convênios com a Universidade Mackenzie, FAU/USP, UFF, UFMG, Belas Artes. No Rio de Janeiro, por exemplo, o GBC tem uma parceria com a Universidade Católica de Petrópolis e com a América Latina Sustentável Consultoria para a realização de um MBA em edificações sustentáveis. Nesse semestre está sendo aberta a segunda turma. • Cursos, seminários e palestras para a divulgação de boas práticas, como a parceria com a Academia de Engenharia e Arquitetura. De julho a dezembro, foram programados 24 cursos em nove cidades das regiões Sudeste, Sul, Nordeste e Centro-Oeste. Os cursos são desenvolvidos para capacitar engenheiros, arquitetos e profissionais da área que desejam atuar no mercado de construção civil sustentável. • Certificação LEED, que é uma ferramenta poderosa de comunicação com os diversos públicos do setor da construção civil. No fundo, gostaríamos que ela não fosse mais necessária, pois seria a garantia efetiva que estaríamos alcançando os nossos objetivos, ou seja, a cultura de sustentabilidade teria sido implantada e não mais precisaríamos de certificações. No ano 2008, conseguimos envolver diretamente em nossas palestras cursos e seminários, mais de 7 mil pessoas em 12 estados brasileiros.

Hotel Acqua - projeto Arquiteto Rafael Vinoly - utiliza gás ecológico no ar condicionado e reaproveitamento da água

RVA- Quem avaliza o certificado LEED? Ele tem reconhecimento no mercado nacional? NK- A certificação é concedida pelo United States Green Building Council, que criou a certificação em 1999 em resposta à demanda do mercado norte-americano por uma definição mais precisa de Green Building. Constantemente adaptado e aberto às mudanças sociais e de mercado, o LEED é um sistema baseado no consenso entre os atores envolvidos e prevê a atuação de comitês de análise, grupos de consultoria técnica, ouvidoria para comentários, críticas e sugestões de mudanças e um processo justo de apelação. RVA - Como o consumidor final tem reagido a esta nova postura do segmento da construção civil? Quem é este consumidor? NK - A construção civil começa a demonstrar que está se adequando cada vez mais aos conceitos de sustentabilidade que estão sendo impostos em todos os setores da economia e que a cada dia passam a ser uma exigência da sociedade, principalmente da nova geração. Os mais jovens estão começando a exigir de seus fornecedores uma postura mais correta em relação ao meio ambiente, desenvolvendo um dos maiores desafios corporativos deste milênio: o consumo consciente. Consultores, grandes construtoras de imóveis, empreendedores e incorporadores tanto comerciais quanto residenciais, fornecedores de materiais, insumos e tecnologias estão aos poucos desenvolvendo expertise nessa área, em um movimento que ganhou força nos últimos cinco anos e que hoje já começa a criar uma nova demanda no mercado da construção civil no Brasil. RVA - Qual a previsão de crescimento de adesão ao movimento? NK- Hoje, no Brasil, há 139 empreendimentos em processo de certificação. A expectativa é que até o final de 2009 esse número chegue a 200. RVA - Que tipo de resistência esse conceito encontra? Quais argumentos costumam abrandar ou eliminar essas resistências? NK- Um dos empecilhos comumente citados é o preço superior da construção. Contudo, os núme-

ros mostram que isso não é verdade e que o valor gasto a mais é recompensado em pouco tempo. Nos Estados Unidos, construir empreendimentos sustentáveis custa, em média, de 1% a 7% mais caro. No Brasil, esse aumento pode ser de 5% a 10% para prédios comerciais e de 2% a 4% para prédios residenciais. Mas esse é o caro que sai barato. Prédios comerciais nos Estados Unidos obtêm, em média, prêmio de 3% por metro quadrado no aluguel e de 3,5% na ocupação. Além disso, apresentam maior velocidade na venda e 7,5% de sobrevalorização. No Brasil, devido ao número ainda reduzido de prédios em operação, esse retorno tem sido ainda maior, com valorização em torno de 20% e uma redução nos custos operacionais de 25%, além da maior velocidade de venda desses imóveis. RVA- Há previsão de quando será efetivado no Brasil o sistema LEED de certificação? NK- O processo de auditoria para certificação continuará sendo gerido centralizadamente nos EUA. Os requisitos para certificação já foram analisados e otimizados para utilização no Brasil. Eles devem estar em operação no ano que vem. RVA - Quais são os outros 12 países membros do World Green Building Council? NK- Argentina, Austrália, Canadá, Emirados Árabes, Alemanha, Índia, Japão, México, Nova Zelândia, África do Sul, Taiwan, Reino Unido e Estados Unidos. Os grandes desafios da entidade para os próximos anos são a consolidação de um programa educacional nacional e o estabelecimento de parcerias estratégicas para alavancar as atividades da ONG em território nacional. Além disso, o GBC tem como objetivo integrar todos os agentes do mercado de forma a propiciar um ambiente favorável à construção sustentável, favorecendo a conscientização do cliente final de todo o processo e seus benefícios. O trabalho do GBC Brasil é apoiado por diversas empresas e associações preocupadas com a preservação do meio ambiente, os chamados membros fundadores, como Alcoa, Amanco, Cushman & WakeField, JHSF, Rossi Residencial, Wal-Mart e WTorre Empreendimentos, entre outros.


PALAVRA DO CONSTRUTOR Fazer escolhas na hora de conceber e construir um prédio sustentável pode contar pontos significativos para o sucesso do empreendimento. O mercado tem ficado atento a todo tipo de inovação, e o consumidor com maior acesso à informação também tem buscado analisar diferenciais ligados à consciência ecológica na hora da decisão de compra de seus bens de consumo, o que se estende a bens imóveis também, sejam eles para moradia, trabalho ou investimentos. Alguns construtores demonstram estar atentos a essa tendência e procuram inserir os conceitos aos seus lançamentos.

Unidade de Diagnóstico Fleury : iluminação e ventilação adequadas acalmam os pacientes

Divulgação

North Corporate Center: bem-estar gera produtividade; sustentabilidade aliada a recursos humanos

crescente cobrança de nossos clientes por produtos com propostas de preservação ambiental, mas que viesse com condições viáveis, ou seja, não só com o discurso ecológico, mas apresentasse uma solução economicamente exequível”, diz Sérgio Auad, da MSN Imobiliária. “Por esse motivo consultamos a NR Ambiental e juntos discutimos os vários pontos a serem abordados: uso de materiais recicláveis e/ou certificados, utilização de novas tecnologias para menor consumo de água e energia, payback dos vários sistemas e materiais a serem implantados, automação de vários sistemas e equipamentos, utilização de materiais alternativos desde a construção até o condomínio de utilização, etc.” “O cliente do North Corporate Center, além de ter preocupações ambientais, tem preocupação com sua imagem junto a seus clientes, fator este que cria uma posição de destaque em seu nicho de mercado, vende uma imagem positiva de sua empresa. Resumindo, essa consciência ambiental não custa mais caro e não é mero discurso.” “Os custos envolvidos, segundo estudos preliminares, não afetarão o custo final do empreendimento, visto que todas as soluções propostas vêm acompanhadas de um estudo mostrando o retorno a médio e longo prazos. Acredito também que o empreendimento, por ter essas características, causará um importante impacto na sua microrregião, ocupada principalmente por empresas de transporte, shopping center, centro de exposições, concessionárias de veículos, rodoviária e próxima à Marginal Tietê, ou seja, um ‘oásis’ para a região.”

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Escritórios Comerciais “O que nos levou a considerar o modelo de sustentabilidade para o empreendimento foi a


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Centro de treinamento que usa o contato com a natureza em seu favor

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Espaço de Convivência e Treinamento O Espaço Terra é um novo conceito em empreendimento voltado ao segmento corporativo. É um espaço de 220 mil m², sendo 120 mil m² de mata atlântica nativa e totalmente dedicado à vivência corporativa. Um dos grandes diferenciais é o foco sustentável do empreendimento, que foi todo decorado com produtos naturais ou reaproveitados do local. Ainda dentro do contexto de sustentabilidade, alguns espaços serão destinados às atividades locais, como o alambique e o tear, que abrigarão trabalhadores da região de Embu das Artes para trabalhar e viver da renda de sua produção. Além disso, o espaço possui diversas opções de atividades que visam as mudanças comportamentais e o contato direto com a natureza. Todo esse conceito natural e diferenciado foi idealizado pelo psicanalista Osório Roberto dos Santos, que, ao conceber o espaço dentro de conceitos de sustentabilidade, viu nesta forma orgânica de viver e trabalhar um diferencial de fundamental

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Divulgação

CAPA

Fontes naturais ajudam a manter a sensação térmica


Novo Centro República: conforto e economia em moradias sustentáveis

trocar experiências e alcançarmos juntos resultados significativos também aqui no Brasil”. “O mercado consumidor brasileiro em pouco tempo vai se conscientizar dos benefícios que esse conceito pode trazer para nós. Não só o meio ambiente agradece como também o bolso do consumidor. Temos como hábito procurar saber qual o consumo de combustível de um automóvel que queremos adquirir, mas ainda não pensamos nisso quando compramos um imóvel. Muito em

Alessandra Nicoli/SXC

TELHADOS BRANCOS – Diminuir a temperatura do planeta em 1 oC é o que se pode conseguir com telhados brancos, sejam eles pintados ou feitos com telhas, coberturas e lajes desta cor. Uma campanha mundial propõe essa mudança. www.onedegreeless.org

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Telhados Verdes: jardim na cobertura garante lazer e sensação térmica agradável

Telhados brancos: sabedoria milenar e aproveitamento de matéria-prima nativa

TELHADOS VERDES – A criação de jardins nos telhados se apresenta como uma das opções menos dispendiosas e mais criativas para se manter a temperatura interna. Além de eficaz na economia de energia, tornam-se muitas vezes um espaço de convivência, cuidado por todos.

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letiva (condomínio); para a empresa construtora, talvez exista ainda um custo adicional inicial maior. Os custos podem variar muito, dependendo da disposição da empresa. Pode-se inclusive não onerar nada, simplesmente trabalhando com parceiros que também já tenham em seus produtos e processos de fabricação esses procedimentos. “No Brasil, ainda estamos começando, mas a imagem que uma empresa tem com relação a sua postura ambiental é relevante – basta ver o numero elevado de empresas ligadas ou não à construção civil que já têm programas socioambientais instalados, mostrando para os consumidores sua conscientização e ações para o combate do aquecimento global”. “Em alguns países, construções que não atendam procedimentos de proteção ambiental demoram mais tempo para serem comercializados. Atualmente, ainda não é fator determinante para compra aqui no Brasil, mas, seguindo a tendência mundial, em breve isso será fundamental, um caminho sem volta.” PALAVRA DO CONSULTOR Escritórios de engenharia e consultorias do setor passaram a olhar esse segmento como grande aliado para atender a clientes preocupados em fazer bons negócios sem abrir mão dos princípios de sustentabilidade. Ouvimos a experiência de alguns deles neste sentido. “Nos Estados Unidos, temos dezenas de profissionais divididos em dois escritórios na Califórnia, em Oakland e SanDiego, que há muitos anos vêm se dedicando ao desenvolvimento de projetos que têm por meta o conceito do Green Building. A expertise adquirida pelos nossos colegas americanos nos garante que poderemos

Divulgação

importância na gestão de empresas e pessoas. Edifício Residencial “A tomada de consciência do impacto causado pela construção no meio ambiente, tão divulgado na mídia, o reconhecimento por ações ambientalmente corretas e a crença de que os consumidores também exigem esse tipo de conduta nos levaram a optar por inserir elementos de sustentabilidade em nosso recente empreendimento, o Novo Centro República”, declara Stella Maud Fleury Teixeira Leite, do escritório Luis Alcino Teixeira Leite & Arquitetos Associados. “Vemos inclusive que o comprador de um apartamento em um prédio sustentável pode se beneficiar do ponto de vista de sua saúde, pois visamos também seu bem-estar e conforto. Ele sente que está contribuindo favoravelmente de alguma forma em seu dia a dia para essa questão e ainda pode se beneficiar da redução de alguns custos na sua moradia.” “Quando se fala em custos, podemos analisar por dois lados: para o consumidor, alguns custos poderão ser diminuídos na parte de consumo de energia elétrica ou uso racional da água na sua conta individual ou co-

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CAPA

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Divulgação

Escritórios da Kema Consultoria, em Oakland (EUA): fachada de vidro garante boa iluminação com pouco consumo

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breve o custo de manutenção do imóvel também terá um forte apelo comercial. Aquela edificação que não conta com soluções de sustentabilidade vai custar mais caro, por exemplo, para uso do ar-condicionado, iluminação e outros fatores que hoje a maior parte das pessoas desconhece”. “Trabalhamos no sentido de formar uma equipe altamente qualificada. Estamos nos preparando para atendermos a demanda de projetos dessa natureza, que certamente está em franco crescimento e podem contar com a nossa contribuição. Pretendemos também submeter nossos projetos às etiquetas disponíveis no mercado”. O arquiteto e urbanista Marcelo Perret é consultor sênior da Kema, responsável pela área de edificações sustentáveis. É mestre em “Energy Studies” pela instituição inglesa Architectural Association School of Architecture, London. “Edifícios com preocupação

ambiental já são realidade nos dias atuais e tendência para o futuro, pois dia a dia o mercado percebe que esses empreendimentos têm a preferência do investidor. Diversas pesquisas apontam que o consumidor final está disposto a pagar um pouco mais por metro quadrado num edifício verde.” “No passado, alguns edifícios eram promovidos como edifícios verdes e vendidos a preços bem mais altos, sem de fato terem esse conceito em sua concepção. Isto levou a certa desconfiança, e, quando um novo empreendimento é lançado com o argumento de que é “verde”, muitos suspeitam da veracidade das informações. Isso tem mudado, e hoje há um amadurecimento do setor.” “Duas forças concorrentes corroboraram para uma maior credibilidade desse novo tipo de empreendimento: por um lado, a existência de entidades certificadoras isentas e específicas para esta finalidade, e, por outro, o valor cobrado está mais alinhado com a realidade.” “Dentro desse contexto é que trabalhamos para dar a nossos clientes uma perspectiva de soluções reais, exequíveis dos pontos de vista técnico e financeiro. É necessário muito conhecimento e criatividade a fim de adequar todas as facilidades que o mercado exige dentro do conceito ecológico.” “Adequações de custos, soluções preservacionistas e preocupação com conforto são itens fundamentais ao se pensar, projetar, construir e administrar

um ’empreendimento verde’, e nesse contexto é imprescindível uma boa consultoria ambiental”. Nilberto Machado é engenheiro pela Escola Politécnica da USP, com ênfase em Energia. Sua empresa, a NR Ambiental, conta com um departamento específico de consultoria para construtoras interessadas em fazer projetos dentro do conceito Green Building A tendência mundial de construções verdes parece mesmo irreversível. Já se sabe que, no detalhe ou no todo, moradias, hotéis, hospitais e escritórios podem ser construídos dentro desse conceito. A mudança principal que cabe agora é a de postura diante das opções de quem planeja, constrói, compra, investe ou administra. Elas definirão os novos rumos da construção civíl e as possibilidade de melhor viver num mundo sustentável.

Copa Sustentável

A Copa do Mundo de Futebol que acontecerá no Brasil em 2014 terá como tema “Copa Sustentável”. As 12 capitais escolhidas para sediar jogos precisarão desenvolver projetos caracterizados pela sustentabilidade ambiental e econômica. Os requisitos foram definidos pela Fifa, e seus fiscais estarão atentos a todos os detalhes da construção e modernização dos estádios, desde os projetos de engenharia e arquitetura, até a qualidade dos materiais utilizados.


VISÃO POLÍTICA

Laércio Benko Lopes

em todos os casos a exportação de lixo perigoso para os países em desenvolvimento. E, mais importante ainda, a UE prepara uma série de regras que incluem a exigência de que as indústrias eletrônicas que venderem aos 25 integrantes do bloco assumam a responsabilidade por todo o ciclo de vida de seus produtos. Soluções existem várias, porém, a mais sensata seria que tanto os fabricantes quanto os consumidores pensassem em seus computadores e outros aparelhos Os especialistas industriais dizem que eletrônicos não tanto como produtos entre 50% e 80% do lixo eletrônico para serem vendicoletado para reciclagem acaba em dos e comprados, mas como serviços barcos que se dirigem aos lixões de a serem utilizados lixo eletrônico da Ásia, onde seus durante tempo mais prolongado do componentes tóxicos vão parar em que os atuais. Mas o correntes sanguíneas e cursos de água que aconteceria se comprássemos dos fabricantes “caixas” básicas contendo os componentes centrais e que, por sua vez, os produtores, como parte de um acordo de serviço a longo prazo, garantissem a manutenção regular da máquina e instalassem nela dispositivos mais modernos quando estes estiverem disponíveis? A “expectativa de vida” dos computadores se estenderia, então, para cinco anos ou mais. Para adotar tal enfoque seria necessário adiar indefinidamente LAÉRCIO BENKO LOPES a estratégia de sobrevivência dos é advogado tributarista fabricantes de planejar a obsolese dirigente regional do cência a curto prazo de Partido Verde seus produtos e de condicionar a preferência dos consumidores por incessantes novidades em seus equipamentos eletrônicos. Divulgação

O lixo eletrônico constitui o problema de coleta de resíduos de maior crescimento no mundo. Desde a China continental até regiões da Índia, Paquistão e principalmente o Brasil, em rápido processo de industrialização, uma ampla gama de aparelhos está sendo produzida e destinada em condições que colocam em perigo a saúde dos trabalhadores, suas comunidades e o meio ambiente. A maior parte dos componentes destes aparelhos, na maioria das vezes, não é recuperada e vendida para sua reutilização. Manuseada como lixo normal, seu destino é o lixão, e o meio ambiente ao seu redor fica exposto aos perigos provenientes do contato com metais pesados como mercúrio, chumbo, berílio, cádmio e bromato, que deixam resíduos letais no corpo, solo e cursos de água. Trata-se de um tipo de reciclagem que não é exatamente o que os consumidores têm em mente quando depositam seus computadores no lixão local. Os especialistas industriais dizem que entre 50% e 80% do lixo eletrônico coletado para reciclagem acaba em navios que se dirigem aos lixões de lixo eletrônico da Ásia, onde seus componentes tóxicos vão parar em correntes sanguíneas e cursos de água. Os governos e as companhias eletrônicas conhecem há muito tempo os perigosos efeitos desta reciclagem, como já assinalava em 1989 a redação da Convenção da Basileia, um tratado internacional que se ocupa do comércio mundial de resíduos tóxicos. Em 1994, esse tratado foi reforçado para proibir a exportação de todo lixo tóxico dos países ricos para as nações pobres, inclusive com o propósito de reciclá-los. O único país desenvolvido que se recusou a ratificar a Convenção da Basileia foram os Estados Unidos. Agora, como no caso de muitos acordos globais, o restante do mundo deixou de esperar que Washington conduza o processo para reduzir os perigos derivados do lixo eletrônico e tomou a iniciativa em suas mãos. A União Europeia, por exemplo, já colocou em vigor a Convenção da Basileia e proíbe

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009

E-Trash: um problema muito sério sem a devida atenção

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POLÍTICA

Resíduos Sólidos

Renato Cardoso/SXC

Desafios e oportunidades

A gestão adequada do lixo é uma tendência mundial irreversível

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Por Arnaldo Jardim

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A gestão adequada de resíduos sólidos é uma tendência mundial irreversível. Entenda-se por resíduos todo o lixo doméstico, efluentes industriais, rejeitos perigosos, entulhos da construção civil e materiais hospitalares usados. Há décadas, países desenvolvidos implantaram políticas que melhoraram sua qualidade de vida e sua saúde pública, além de ajudar na preservação dos recursos naturais. No Brasil, faz 17 anos que o Congresso Nacional tenta aprovar uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, sem sucesso. Agora, queremos mudar esse destino e caminhar na direção das experiências internacionais bem sucedidas. Esta convicção gera expectativa em torno do grupo de trabalho, suprapartidário, formado no âmbito da Câmara Federal, que será responsável por apresentar a proposta de Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS). Trata-se de um marco regulatório fundamental, ao estabelecer diretrizes de gestão em todo o País, reconhecendo a descentralização político-administrativa das ações e estabelecendo a responsabilidade compartilhada entre a sociedade, a iniciativa privada e o poder público. Anualmente, produzimos 61,5 milhões de toneladas/ano de resíduos urbanos, das quais 54,4 milhões de toneladas são coletadas. De acordo com a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), dos 5.563 municípios, 3.406 não dão uma destinação adequada ao lixo. Na cidade de São Paulo, são geradas 12 mil toneladas de lixo/dia, mas apenas 5% são reciclados. As áreas de periferia, justamente as que mais sofrem com enchentes, epidemias e lixões, em sua maioria estão excluídas do programa. Todos os meses são distribuídos 66 milhões de sacolinhas plásticas, que demoram 300 anos para se decompor. Pesquisa junto às 31 subprefeituras da capital paulista, feita por um jornal diário, revelou que existem 1,3 mil pontos ilegais de despejo de entulho. A experiência como autor da lei paulista sobre

Na cidade de São Paulo, são geradas 12 mil toneladas de lixo/dia, mas apenas 5% são reciclados. Pesquisa revelou que existem 1,3 mil pontos ilegais de despejo de entulho


iliàn /SX C

ARNALDO JARDIM é deputado e coordenador do grupo de trabalho responsável pela apresentação de proposta de Política Nacional de Resíduos Sólidos da Câmara Federal. arnaldojardim@arnaldojardim.com.br www.arnaldojardim.com.br

Nas 1.971 cidades que contam com coleta seletiva, algumas já usufruem de parcerias entre cooperativas de catadores, iniciativa privada e o poder público

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Zsu zsa nna K

O princípio do Poluidor-Pagador estabelece ao poluidor a responsabilidade pelos custos de combate à poluição, para manter o meio ambiente em estado aceitável, bem como sua melhoria. A partir deste conceito, surge a necessidade de implantarmos a Análise do Ciclo de Vida do Produto, que consiste em uma série de etapas que envolvem a produção, desde a obtenção de matérias-primas e insumos, processo produtivo, até o seu consumo e disposição final. Já a Logística Reversa é um instrumento econômico e social, caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios, destinados a facilitar a coleta e a restituição dos resíduos por seus geradores para que sejam tratados ou reaproveitados. Neste sentido, destaco o trabalho do Inpev (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), a partir de uma legislação específica. Trata-se de uma entidade, sem fins lucrativos, responsável pelo transporte das embalagens vazias, a destinação final (reciclagem ou incineração) e pelo seu destino ambientalmente adequado. O comprometimento de toda a cadeia (agricultor, indústria, poder público e sistema de comercialização) é um dos pontos fortes e fator chave do processo de destinação final de embalagens vazias. Só no ano passado, foram coletadas quase 22 mil toneladas de embalagens que, caso contrário, estariam contaminando rios, solos e animais. O grupo de trabalho já realizou quatro audiências públicas sobre os temas mencionados anteriormente. A mais recente abordou a construção de um modelo viável, a partir de instrumentos econômicos e tributários que fomentem processos de produção mais limpos e favoreçam a inovação tecnológica, no sentido de distinguir, do ponto de vista tributário, os equipamentos destinados a esta finalidade e, assim, estimular boas práticas, novas oportunidades de negócios, ciclos ecoeficientes e a geração de empregos/renda. Também temos participado de diversos eventos para conhecer experiências, esclarecer detalhes, colher contribuições, críticas e propostas dos diversos segmentos da sociedade. Queremos construir um arcabouço jurídico com um espírito de política pública que estabeleça responsabilidades e seja o ponto de partida para regulamentação de práticas sustentáveis em diversos setores produtivos. A participação e o acompanhamento de toda a sociedade serão fundamentais para aprovarmos uma Política Nacional de Resíduos Sólidos exequível, inovadora e transformadora.

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a questão de resíduos sólidos fez com que tivesse acesso a estes dados que demonstram a dimensão do problema, pois, pasmem, não existem estatísticas oficiais atualizadas ou consolidadas. A necessidade de dispormos de um inventário nacional – de quanto se produz, como se transporta, quanto se trata e qual a destinação final do lixo –, é uma das prerrogativas da PNRS para elaborarmos um diagnóstico e embasar políticas públicas adequadas à realidade de cada cidade, região ou Estado. Aos municípios, cabe elaborar um Plano de Gestão Integrada de Resíduos, que consiste na criação de um plano de varrição, de coleta seletiva, diagnóstico de produção de resíduos e outros serviços de limpeza pública, que será condição obrigatória para que recebam verbas da União para investimentos no setor. Nas 1.971 cidades que contam com coleta seletiva, algumas já usufruem de parcerias entre cooperativas de catadores, iniciativa privada e o poder público, que serão fortalecidas com a PNRS. Cerca de 800 mil pessoas sobrevivem da catação de reciclados, com uma renda média de 1 a 1,5 salário mínimo. Para demonstrar a importância desta atividade econômica e social, basta observar os dados da Associação Brasileira de Alumínio (Abal). Segundo a entidade, o índice de reciclagem de latinhas chega a 95%, o que gera uma economia de energia na faixa de 1.976 GW/h por ano (0,5% do consumo no Brasil), além de ser responsável pela economia de 700 mil toneladas de bauxita, matéria-prima da alumina. Exemplos bem sucedidos como este, estimulam o princípio do Poluidor-Pagador e os instrumentos de Logística Reversa e a Análise do Ciclo de Vida do Produto, pilares da nova legislação.

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TURISMO

Viagem sustentável pela Europa

Fotos: Divulgação

Paisagens naturais e alimentos saudáveis fazem a diferença

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Por Renan de Souza

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A Europa já está adaptada ao novo modelo global de economia verde. Prova disso é a ampla infraestrutura turística do continente para as boas práticas do turismo sustentável de qualidade. Dados da Comissão Europeia de Turismo apontam que há mais de três mil hotéis, pousadas e casas de veraneio com certificação ecológica pelos altos padrões ambientais em toda a Europa. Essa certificação assegura ao turista que o local em que ele vai se hospedar protege a natureza, compra produtos e alimentos orgânicos, reduz o consumo de energia e água e também utiliza energia renovável, garante o tratamento adequado de esgoto e recicla o lixo. Em uma “viagem sustentável” pela Europa, o turista pode expe-

rimentar deliciosas e saudáveis comidas típicas regionais, preparadas com produtos locais, e se hospedar em acomodações inovadoras ou tradicionais, administradas por famílias europeias. Viajar de forma ecologicamente correta e socialmente responsável permite, além de pagar preços mais justos, desfrutar de uma experiência de viagem única e excepcional. Confira a seguir

alguma s opções sustent áveis disponíveis em cada destino: ALEMANHA Já pensou em percorrer Berlim de bicicleta ou a pé e evitar outros meios de transporte que poluem o ambiente? A cidade possui faixas exclusivas para o trânsito de bicicletas e, para quem prefere caminhar, as calçadas são excelentes


e bem sinalizadas. Independente do meio de transporte, faça a rota obrigatória para qualquer turista: seguir o curso do antigo Muro de Berlim. Não deixe de apreciar ainda as belas paisagens e de respirar o ar puro da cidade que possui apenas 320 automó veis para cada mil habitantes. Aproveite o passeio ao ar livre para visitar um dos 2,5 mil parques de Berlim que, juntos, correspondem a um terço de toda a área verde da cidade. ÁUSTRIA Na Áustria, visite a Floresta de Bregenz, localizada entre o Lago de Constança e Arlberg. Na floresta, o visitante conta com diversa s opções de passeio s, como acampamentos, trilhas e práticas de esportes. A atração pode ser visitada o ano todo. No verão, o turista tem à disposição mais de duas mil trilhas que levam ao contato com diversa s espécies de plantas e animais. Já no inverno é possível esquiar na floresta. Na hora de dormir, o viajante pode optar pelos hotéis

locais ou acampar. Não deixe a Áustria sem antes experimentar um dos diversos tipos de queijos da região. O país conta também com 10 mil km de ciclovias e é considerado um dos melhores do mundo para a prática de cicloturismo. A infraestrutura para atender os ciclistas é tão completa que hotéis oferecem até mesmo manutenção para as bikes. ITÁLIA Em Umbria, localizada na região central da Itália e conhecida como o Coração Verde do país, o turista pode se hospedar em fazendas e participar da preparação de alimentos como queijos, doces ou do típico vinho italiano. Umbria também é tradicionalmente conhecida pela produção de carne de porco, então aproveite a hospedagem em uma das mais de 200 estadias sustentáveis e participe da preparação de alimentos derivados da carne suína. Se preferir, hospede-se em típicas casas de pedra nas quais você pode sentir o conforto e a hospitalidade da

população local. Reserve tempo em sua viagem para conhecer o fantástico Parque Nacional Dei Monti Sibillini. Por toda a Itália o viajante poderá encontrar opções de hospedagem em locais preocupados com o ambiente. Para mais informações, acesse www. agriturist.it. IRLANDA Nosso destino na Irlanda fica na região oeste do país, na província de Connacht. The Organic Centre (www.theorganiccentre. ie) é uma organização sem fins lucrativos, criada em 1995, que tem como objetivo fornecer educação pública, treinamento e informação sobre a produção biológica e o modo de vida sustentável. Ao visitar o local, o turista fica por dentro da aplicação das práticas sustentáveis no dia a dia. Visite o jardim, as horticulturas e o pomar. Caso tenha tempo, participe de um dos cursos de fim de semana que ensinam a manusear produtos orgânicos. Após conhecer todo o complexo, vá até o Grass Roots Café e saboreie os deliciosos lanches naturais e as sobremesas caseiras acompanhadas de chá ou café. Para entrar no Organic Centre, o turista paga apenas

Produtos orgânicos produzidos em Umbria, região conhecida como o Coração Verde da Itália

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cinco euros.

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TURISMO

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Praia da r e Algarve em gião do onde num Por tugal, pré-defini roteiro d segue por o o viajante trilhas de ciclismo a t de Sagres é a cidade

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PORTUGAL Na região do Alentejo, em Portugal, localiza-se a maior usina fotovoltaica do mundo e também um dos maiores parques eólicos da Europa. Um projeto ambicioso de aproveitamento energético das marés no Arquipélago dos Açores e que colocam Portugal num cenário de destaque. E, para o turista que deseja uma aventura sustentável, nada melhor que fazer um trajeto histórico de bicicleta. Em Vila Real de Santo Antonio tem início uma fantástica rota que passa pela ensolarada região do Algarve. Neste roteiro, pré-definido pela EuroVelo (12 grandes trilhas de ciclismo com mais de 65 mil km que cruzam toda a Europa), o viajante seguirá ao longo de belas praias até a cidade de Sagres, reduto de inúmeros locais históricos, inclusive a Escola dos Navegadores, que tem cerca de 500 anos e faz parte da época das Grandes Navegações. Também aproveite a região do Algarve para caminhar e sentir a brisa do Oceano Atlântico, além de experimentar pratos típicos da região. ESPANHA Na capital da Espanha, Madrid, embarque em um trem que parte

em direção à região de Santander, com paradas em Reinosa e Torrelavega. O passeio rumo ao norte da Espanha dura entre seis e oito horas. Conhecida por sua beleza natural, Torrelavega é a segunda maior cidade da região da Cantabria e conserva patrimônios históricos e artísticos como o Conjunto Monumental de Viérnoles, com palácios e casarões dos séculos XVII e XIX. Torrelavega ainda permite ao turista entrar em contato com tradições e costumes locais. Participe de “La Celebración de La Virgen Grande”, uma festa cheia de flores da região, que ocorre em meados de agosto. Ao passar pela cidade, experimente as famosas polkas, doce típico da região. POLÔNIA Distante 200 km ao norte de Varsóvia, o Puszcza Bialowieska (Parque Nacional Bialowieza) é uma floresta na qual as plantas e os animais são respeitados e mantidos sob preservação. Outra

atração da região é uma estrada de ferro que leva o visitante a observar belas paisagens naturais. Após visitar a floresta, siga para a pequena cidade de Bialowieza, que possui pitorescas casas de madeira. O local conta ainda com uma Igreja Ortodoxa toda em mármore, uma Fonte de Energia, repleta de campos magnéticos, e o Palace Park, considerado um dos parques mais bonitos da Polônia. FRANÇA A França dispõe de excelentes opções para deixar ainda melhor sua “eco viagem”. O Le Morgane Hotel é uma delas. Localizado no monte Aiguille du Midi, a uma altitude de 3,2 mil metros, o hotel é todo revestido por materiais naturais como granito, ardósia e madeira, conta com ambientes espaçosos e características modernas. O hotel ainda dá um show no quesito sustentabilidade, ao fazer o equilíbrio de energia com emissão zero de gás carbônico na


m Berna Feira livre e ite em o – passar a n borear sa um celeiro, anhã m um café da rovar p da fazenda e ijos são e deliciosos qu nicas ú s experiência Suíça a no roteiro d

SUÍÇA Se você deseja visitar Genebra, dê preferência aos transportes públicos, pois hotéis da região oferecem um cartão para utilizaç ão gratuit a dos meios de transp orte urbano . Para diminuir os impactos ecológicos e entrar em contato com os costumes locais, opte pelos “Bed & Breakfa st” (www.b nb. ch), hospedagem em casas de família suíça. Se preferir ser ainda mais ecológico e alternativo, o turista pode passar a noite em um celeiro, experimentar a sensação única de dormir no feno e saborear um café da manhã da fazenda com ingredientes cultivados na própria região, além de provar deliciosos queijos típicos (www.bauernhof-ferien. ch). Separe um tempo em sua viagem para visitar aos sábados, em Vevey, a feira de produtos orgâni cos produz idos pelos fazendeiros locais, com frutas e legumes frescos, vinhos, pães, geleias e queijos caseiros.

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GRÃ-BRETANHA Em Londres, na Inglaterra, visite o Chelsea Physic Garden, o segundo jardim botânico mais antigo da Inglaterra. A atração, fundada em 1673 pela Sociedade Veneradora de Boticários, recebeu a certificação “Green Tourism for London” ou “Turismo Verde para Londres” na categoria bronze. Ao visitar o local, descubra a origem dos remédios na seção das plantas medicinais e os diversos temperos no jardim das ervas culinárias. Plantas raras e a maior oliveira da Grã-Bretanha ao ar livre também podem ser vistas pelo turista. Já no “Jardim do Mundo da Medicina”, conheça o uso medicinal das plantas nas sociedades tribais. O

REPÚBLICA TCHECA Na República Tcheca, siga até a cidade termal de Karlovy Vary, distante 140 km de Praga. Sem dúvida, o visitante se encantará com as nascentes de água mineral que possuem propriedades terapêuticas e medicinais. As águas são provenientes de 12 mananciais com profundidades entre 2 mil e 2,5 mil metros e cujas temperaturas variam entre 41ºC e 72ºC. Visite a fonte termal de Sprudel, que é a maior e mais quente, e a de Vridlo, que lança jatos d’água a 17 metros de altura. Aproveite essa atração natural e desfrute dos benefícios à saúde, como os efeitos curativos sobre o sistema nervoso e a circulação sanguínea. Após esse banho natural, passeie pelas diversas trilhas arborizadas que existem em Karlovy Vary e admire as belezas das exuberantes montanhas ao redor da cidade.

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atmosfera. Em Paris, percorra a cidade por meio do sistema vélib, no qual é possível alugar bicicletas por um (€ 1) ou sete dias (€ 5) em um dos mais de 750 postos espalhados pela capital francesa. Utilizando o sistema é possível conhecer de uma maneira mais livre e menos poluente o rico patrimônio histórico francês e as paisagens naturais.

passeio custa £ 7 (R$21) para adultos e £ 4 (R$12) para crianças.

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LEGISLAÇÃO

Compensação do

impacto ambiental Legislação deve levar em conta o equilíbrio entre empreendedorismo e impacto ambiental

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Em maio deste ano foi publicado o Decreto nº 6.848, que estabeleceu um limite para o cálculo da compensação decorrente de impacto ambiental significativo, ocasionado pela instalação e construção de empreendimentos. A grande mudança instituída pela nova regulamentação é que o cálculo da compensação ambiental passou a ter um percentual limitado a 0,5%. O impacto ambiental é o resultado ocasionado por qualquer alteração no meio ambiente, benéfica ou adversa, decorrente de atividades humanas ou naturais. A definição de impacto ambiental é necessariamente abrangente, uma vez que deve abarcar as alterações, principalmente as significativas, incidentes sobre o meio ambiente natural, artificial, cultural e, também, do trabalho. O meio ambiente está amplamente consagrado na Constituição Federal (artigo 225), uma vez que o legislador resguarda o tema de forma que tanto sua preservação quanto sua recuperação são vistas como prioridades dos cidadãos e do Estado. O meio ambiente, mesmo antes da Constituição de 1988, passou a ter como medida de proteção, em 31/08/81, a Lei nº 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, cujos objetivos gerais são: a) preservação do meio ambiente; b) melhoria da qualidade ambiental; c) recuperação do meio ambiente; d) assegurar ao País condições de desenvolvimento socioeconômico e; e) proteção da dignidade da pessoa humana. Já o Direito Ambiental visa regulamentar e respeitar os procedimentos necessários para a aplicação efetiva da Política Nacional do Meio Ambiente. O Direito Ambiental tem

Thiago Felipe Festa/SXC

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Por Victor Penitente Trevizan

O impacto ambiental é o resultado ocasionado por qualquer alteração no meio ambiente, benéfica ou adversa, decorrente de atividades humanas ou naturais


VICTOR PENITENTE TREVIZAN é advogado de Direito Ambiental do Peixoto e Cury Advogados vpt@peixotoecury.com.br

Para que o empreendedor possa viabilizar o início de sua atividade, independentemente de sua natureza, necessita obter a licença ambiental

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Assim, verificada a ocorrência de impactos ambientais significativos, o empreendimento, para ter prosseguimento em suas atividades, é obrigado a pagar valor a título de compensação pelos danos e degradações ao meio ambiente, baseado em percentual incidente sobre o montante total a ser gasto. Até o período anterior à vigência do Decreto nº 6.848, não havia uma previsão máxima do percentual incidente sobre o valor total vinculado à execução do empreendimento. Apenas não poderia ser inferior, conforme previsto no § 1º do artigo 36 da Lei nº 9.985/2000, a 0,5%. Ou seja, para o empreendedor, nunca era certo o valor total que seria investido em suas atividades, uma vez que a quantia atribuída à compensação ambiental poderia influenciar consideravelmente em suas despesas. A partir da instituição do decreto, o cálculo da compensação ambiental passou a ter um percentual limitado a 0,5%, gerando um grande alívio aos empreendedores brasileiros. A nova regra determina que “o Valor da Compensação Ambiental - CA será calculado pelo produto do Grau de Impacto - GI com o Valor de Referência - VR”. O Valor de Referência é “a somatória dos investimentos necessários para implantação do empreendimento, não incluídos os investimentos referentes aos planos, projetos e programas exigidos no procedimento de licenciamento ambiental para mitigação de impactos causados pelo empreendimento, bem como os encargos e custos incidentes sobre o financiamento do empreendimento, inclusive os relativos às garantias, e os custos com apólices e prêmios de seguros pessoais e reais”. Já o Grau de Impacto é o nível de impacto sobre os ecossistemas, calculado de acordo com índices determinados conforme a especificidade do caso. O percentual é delimitado pelo Grau de Impacto, que, após ser delineado mediante análise do empreendimento, deve atingir percentuais entre 0 e 0,5%. Apesar desta delimitação do cálculo da compensação estar regulamentada, encontrase pendente no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade que tem como propósito discutir o método de cálculo da compensação ambiental. Ou seja, o decreto atual ainda pode sofrer alterações em seu texto, trazendo novas delimitações e as formas para o cálculo da compensação ambiental.

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como um de seus escopos regular as ações de empreendedores quando iniciam atividades que interfiram direta e indiretamente sobre o meio ambiente. Para que o empreendedor possa viabilizar o início de sua atividade, independentemente de sua natureza, necessita obter a licença ambiental. É o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades que empregam recursos ambientais considerados efetiva e potencialmente poluidores, ou que, de algum modo, possam ocasionar degradação ambiental. Para que o empreendimento obtenha o licenciamento ambiental, faz-se necessária a apresentação, ao órgão competente, do EIA (Estudo de Impacto Ambiental), de acordo com a Resolução Conama nº 1/86. Além do EIA, o empreendedor deve apresentar o RIMA (Relatório de Impacto ao Meio Ambiente). Esse estudo envolve técnicos e especialistas das mais variadas áreas, como químicos, biólogos e geólogos, para fornecer uma análise cabal do impacto a ser ocasionado pelo empreendimento em caso de deferimento do pedido de licença ambiental. Torna possível, assim, uma mensuração aproximada sobre o nível do impacto, bem como dos possíveis danos a serem suportados pelo meio ambiente. Mesmo que o relatório seja desfavorável ao empreendimento, não significa que as atividades, tanto para instalação quanto para operação, não poderão ser viabilizadas. Ao contrário, constatada a ocorrência de impactos ambientais negativos, o empreendimento poderá ser iniciado mediante apoio, por parte de seus idealizadores, à implementação e manutenção de unidade de conservação voltada à proteção ambiental. O empreendedor não tem que criar, necessariamente, algo voltado à proteção e recuperação do meio ambiente. Mas, sim, despender valores com a finalidade de compensar os danos que seu empreendimento ocasionará ao equilíbrio ambiental. Tem-se, assim, a compensação pecuniária decorrente da constatação de impacto ambiental. Tais efeitos e resultados negativos devem ser apurados e analisados pelo órgão ambiental na apresentação do EIA e do RIMA pelo empreendedor, em virtude do pedido de licenciamento ambiental realizado.

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MERCADO DE TRABALHO

Oceanógrafo

Um mergulho nas ciências do mar

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Por Arielli Secco

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Os oceanos cobrem cerca de 70% do planeta e contribuem de forma significativa para o equilíbrio da vida. Para se ter uma ideia, mudanças nos ecossistemas marinhos e alterações na temperatura das águas, por exemplo, são fatores que influenciam diretamente o funcionamento do meio ambiente e o clima da Terra. É para amenizar as consequências do desenvolvimento do homem e da má utilização dos recursos naturais que a atuação do oceanógrafo é tão importante. Ele está preparado para relacionar todas as instâncias da natureza a partir do estudo dos processos e das composições marítimas. Não é uma tarefa fácil. Pode-se dizer que, para exercer a profissão, é preciso estudar um mar de conteúdos, abarcar muitos conhecimentos. “A oceanografia, incluída nas áreas de ciências exatas e da Terra, é multi e interdisciplinar, que requer conhecimento geral e integrado de biologia, física, geologia, matemática e química”, define Fernando Diehl, presidente da Associação Brasileira de Oceanografia (Aoceano). Rodrigo Barletta, oceanógrafo há 12 anos, foi professor da primeira turma do curso de oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), iniciado em 2008. Ele diz que o estudante deve se dedicar a todas as áreas ensinadas durante o curso – independentemente das preferências pessoais – porque, como profissional, cedo ou tarde terá de interpretar e solucionar situações que envolvem um pouco de cada ciência. Basta pensar no caso de um rio que tem, às suas margens, plantações ou criação de animais. Através das bacias de drenagem, todos os resíduos desses tipos de atividades (fertilizantes, dejetos etc.) vão parar nas águas do rio, que, por

sua vez, deságua no mar. “Com a contaminação, aumenta a disponibilidade de nitrogênio, o que acelera a produção de algas; como consequência, haverá redução de oxigênio no ambiente”, explica Rodrigo. Esse processo provoca a morte de diversas espécies e a proliferação de organismos prejudiciais a determinado ecossistema, ocasionando desequilíbrio ambiental. São os estudos das correntes, da formação geológica, da composição química dos resíduos e da fauna local que, nesse caso, permitem a correção ou prevenção desse tipo de acontecimento. Durante a graduação, portanto, o oceanógrafo deve adquirir um conhecimento amplo. Essa característica do curso é um dos fatores que mais atraem os estudantes que optam pela ciência do mar. É o caso de Ricardo Arruda, aluno da quarta fase de oceanografia da UFSC. “São quatro áreas diferentes com um pouco de tudo, e foi isso que eu achei legal”, diz ele, que desistiu da engenharia civil justamente por se sentir limitado. Ácmon Bhering, também aluno da quarta fase, concorda: “Nós vemos o mar sob vários enfoques para, no futuro, poder atuar com uma dessas possibilidades”. Ele explica que o que o motivou a escolher o curso foi o fato de poder trabalhar em uma profissão que é voltada ao meio ambiente, mas com uma abordagem científica. O PAPEL DA OCEANOGRAFIA O oceanógrafo está aí para mostrar que interferir na natureza é coisa séria. Por isso, o mercado exige um perfil empreendedor, criativo e, acima de tudo, ético. Alexandra Severino é uma apaixonada pela profissão. Atualmente, mora em Macaé (RJ) e trabalha na Bureau Veritas, uma empresa que presta serviços, por exemplo, para a Petrobras. Com oito anos de profissão,

Fotos: Arquivo pessoal de Rodrigo Barletta com colaboração dos alunos da 1a fase de 2008

A oceanografia compreende diversas áreas do conhecimento e é focada na preservação ambiental

Explicação do professor Rodrigo Barletta na saída inaugural do curso de Oceanografia da UFSC, em 2008

“O estado do Rio de Janeiro, por concentrar a quase totalidade das indústrias de óleo e gás, assim como um grande parque portuário, é uma das regiões brasileiras que mais oferecem emprego na área.” Fernando Diehl, presidente da Aoceano


Rede de coleta de plâncton

Refratômetro que mede a salinidade da água através da passagem da luz

Primeira turma de Oceanografia da UFSC e professores na saída inaugural do curso

ela menciona alguns dos melhores momentos proporcionados pelo trabalho. “Ver uma baleia, realizar uma campanha oceanográfica e ver o sol nascer em alto mar, nas embarcações, são lembranças únicas, que me fazem pensar que eu não poderia fazer outra coisa”. Sustentabilidade é a palavra-chave para a utilização racional dos recursos marinhos. Alexandra alerta para a concentração populacional nas áreas costeiras, principalmente porque o Brasil possui um extenso litoral, tanto em partes tropicais como subtropicais: “A ocupação humana nesses territórios vem aumentando de forma exponencial, o que resulta em uma enorme diversidade de interações que podem provocar danos aos diferentes ecossistemas marinhos”. A melhor saída, porém, não é esperar que o desenvolvimento da sociedade cesse, e sim propor pontos de equilíbrio que satisfaçam as pessoas e que não prejudiquem o meio ambiente. Rodrigo Barletta recomenda aos oceanógrafos que vistam a camisa da natureza e que, ao mesmo tempo, saibam ponderar as necessidades evolutivas do homem. “Se você que é profissional, que tem o conhecimento, se omitir ou se recusar a fazer algum trabalho para que tudo saia da melhor maneira, alguém que não tem esse conhecimento vai fazer as coisas de um jeito muito pior no seu lugar”, pondera. REGULAMENTAÇÃO E MERCADO DE TRABALHO A Lei 11.760, que regulamenta a profissão do oceanógrafo no Brasil, foi sancionada no dia 1º de agosto de 2008, depois de quase trinta anos

Alunos recolhendo um correntógrafo, instrumento que mede as correntes marítimas

de espera. O presidente da Aoceano, Fernando Diehl, acha que esse acontecimento vai incentivar a demanda por profissionais. “Isso aumentou a autoestima do profissional e a confiança dele no mercado. Facilitou também a atuação da associação, que, por ações muitas vezes simples, interfere positivamente no cenário, oferecendo profissionais, ampliando as vagas em concursos e se relacionando com a imprensa”, explica. A empregabilidade para o oceanógrafo é promissora. De acordo com a Aoceano, o setor público representa uma considerável parcela do mercado de trabalho. As oportunidades no setor privado são encontradas em empresas que exercem atividades relacionadas a consultoria ambiental, aquicultura e pesca, petróleo e gás. Fernando Diehl afirma que “o estado do Rio de Janeiro, por concentrar a quase totalidade das indústrias de óleo e gás, assim como um grande parque portuário, é uma das regiões brasileiras que mais oferecem emprego na área; mas o estado de São Paulo e a região Nordeste também têm se destacado”. O presidente da associação cita, ainda, o setor portuário, as ONGs e o terceiro setor como possibilidades de atuação. UM POUCO DE HISTÓRIA Os principais personagens da oceanografia são estrangeiros, e suas ações repercutem até hoje na profissão. Rodrigo Barletta lembra que os nórdicos, naturalistas e aventureiros, são os introdutores da oceanografia física. “Amundsen e Scott, por exemplo, queriam desbravar os polos. Nansen encalhou um navio na Groenlândia e

ficou três anos lá para provar que o gelo também tinha uma corrente”. A garrafa de Nansen, desenvolvida pelo próprio navegador, é um instrumento utilizado até hoje para coleta de água e medição de índices de salinidade. Informações no site da Aoceano descrevem Matthew Fontaine Maury como o pai da oceanografia. Estadunidense, ele foi o responsável pela organização de um evento com a finalidade de discutir o padrão dos métodos náuticos e as observações meteorológicas do mar. A conferência ocorreu na Bélgica e rendeu dados posteriormente interpretados no primeiro livro da moderna oceanografia, The Physical Geography of the Sea, de 1855. No Brasil, o precursor foi o almirante Paulo Moreira da Silva, que, em 1964, transformou o navio escola Almirante Saldanha no primeiro navio oceanográfico brasileiro. O Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo é o mais antigo do país, e a Fundação Universidade Federal de Rio Grande (RS) foi a primeira a oferecer o curso de graduação na área, em 1971.

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Garrafa de Van Dorn para coleta e análise físico-química da água

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CERTIFICAÇÃO

Normas de certificação guiam as boas práticas empresariais e gestão consciente, garantindo qualidade de modo sustentável

A evolução do conceito qualidade e a ISO 9001

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Por Raul Lóis Crnkovic

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Inicialmente seria interessante fazer uma breve abordagem sobre a evolução da qualidade ao longo do tempo. Antes da Revolução Industrial, que teve início em meados do século XVIII, a atividade produtiva era artesanal e manual, com no máximo o emprego de algumas máquinas de baixa complexidade. Dependendo da quantidade de objetos a serem manufaturados, alguns grupos de artesãos podiam se organizar e dividir determinadas etapas do processo artesanal. Porém, na maioria das vezes o próprio artesão cuidava de todo processo, ou seja, desde a obtenção da matéria-prima até a comercialização do produto. Esses trabalhos eram frequentemente executados nas dependências dos próprios artesãos. Com a Revolução Industrial os artesãos se tornaram operários, não tendo mais domínio sobre a matéria-prima, processos e produtos. Esses trabalhadores passaram a operar máquinas, trabalhar em grandes grupos chamados de empresas, e a não mais usufruir dos próprios lucros. Essa foi uma transição marcante nas evoluções tecnológica, econômica e social. Até então as atividades eram predominanteRAUL LÓIS CRNKOVIC é engenheiro consultor, graduado em engenharia e administração, pós-graduado em MBA e mestrado no Brasil, com cursos de especialização nos EUA

mente agrícola, artesanal e de prestação de serviços. Esse período foi denominado mercantilista, e durou de 1450 a 1850. A partir da Revolução Industrial o volume de produção teve uma mudança extraordinária. Passaram a ser produzidos bens em grande escala a preços reduzidos, empregando milhares de trabalhadores, tudo para atender a um mercado consumidor em total crescimento. A elevada produção trouxe consigo algo preocupante: o alto índice de rejeição, oriundo de problemas com matéria-prima, processo ou produto. Assim, a produção elevada, que antes beneficiava o mercado pela redução de preços, agregou um novo fator: as unidades rejeitadas, que passaram a contar como prejuízo, reduzindo o lucro obtido e elevando o custo total. Foi então introduzido o conceito de qualidade, que inicialmente consistia em inspecionar a matéria-prima e operações da produção. Posteriormente, surgiu o departamento de controle de qualidade, que se reportava à gerência de fábrica. A qualidade então significava o atendimento à especificação do produto. Ou seja, a qualidade era restrita à produção. Esse conceito evoluiu e passou a ter importância estratégica, fazendo com que deixasse de ser um departamento anexo à produção e se tornasse uma estrutura independente. E, para ampliar ainda mais o conceito de qualidade, teve início a era da globalização propriamente dita, ou sua terceira fase, iniciada em 1989 e que perdura até os dias atuais. A globalização impôs novos desafios devido à elevada concorrência, como a busca por preços baixos agregada à boa qualidade, maximização dos resultados gerais e o pleno atendimento ao cliente. Dessa forma o conceito qualidade assumiu uma linguagem única e de maior abrangência dentro das organizações. Diante desse novo desafio, foram gerados sistemas de qualidade para monitorar atividades produtivas e improdutivas dentro das empresas. A qualidade tornou-se de importância vital para a sobrevivência e o desenvolvimento

A implantação das normas ISO é vantajosa para as organizações, pois lhes conferem maior organização, qualidade, produtividade e credibilidade das organizações. Entretanto, sua difusão em termos globais passou a enfrentar problemas de interpretação devido à existência de inúmeros padrões de normatização e diversas linguagens. Assim sendo, foi fundada em 1947, em Genova, Suíça, a ISO (International Organization for Standardization), com o objetivo de unificar as especificações técnicas e de procedimentos produtivos e não produtivos. Atualmente a ISO é a maior organização mundial para o desenvolvimento de normas técnicas. Hoje ela é constituída por representantes de 162 países, e passou a ser um padrão de referência entre as organizações mundiais. Desde sua fundação ela publicou mais de 17,5 mil normas internacionais, abrangendo especificações para inúmeros segmentos, como o in-


dustrial, a construção civil, engenharia, aviação, meio ambiente, saúde, TI e outros. Dentre as inúmeras normas da ISO, a mais difundida e conhecida é a ISO 9001, que estabelece um modelo de gestão da qualidade para qualquer organização, independentemente de seu porte ou atividade econômica. A sua função é promover a normatização de atividades de qualquer natureza. Essa norma estabelece requisitos que promovem a melhoria dos processos produtivos, maior capacitação dos colaboradores, o monitoramento do ambiente de trabalho e a verificação da satisfação de clientes, colaboradores e fornecedores, buscando a melhoria contínua pelo sistema de gestão da qualidade. Aplica-se a áreas distintas, como as de materiais, produtos, processos e serviços. A implantação das normas ISO é vantajosa para as organizações, pois lhes conferem maior organização, qualidade, produtividade e credibilidade, fatores esses facilmente identificáveis pelos clientes, aumentando a sua competitividade nos mercados nacional e internacional. Uma certificação ISO, de reconhecimento internacional, deve ser realizada por auditorias externas independentes. Contudo, dependendo da estrutura da organização, é altamente recomendável que se contrate um serviço de consultoria para assessorar

a empresa no processo de certificação. A norma ISO 9001 foi elaborada através de um consenso internacional, informando as práticas que uma empresa deve adotar para atender plenamente os requisitos de qualidade total. A ISO 9001 não fixa metas a serem atingidas pelas organizações, mas as próprias organizações devem estabelecer as metas para essa certificação. Entretanto, as organizações que desejarem receber a certificação devem atender a determinados requisitos, dentre eles: padronização dos processos chave da organização, que afetam o produto e consequentemente o atendimento ao cliente; monitoramento e medição dos processos para assegurar a qualidade dos produtos materiais/serviços através de indicadores de desempenho e desvios; implantação e manutenção dos registros adequados e necessários para garantir a rastreabilidade dos processos; inspeção de qualidade e meios apropriados de ações corretivas quando necessário; revisão sistemática dos processos e do sistema da qualidade para garantir sua eficácia e a melhoria contínua. Convém ressaltar que “produto”, no vocabulário da ISO, pode significar um objeto físico, um serviço, um software, uma aplicação financeira, um cartão de crédito, etc. Considerando-se todas as normas ISO, há duas de caráter genérico que podem ser implantadas

Uma certificação ISO, de reconhecimento internacional, deve ser realizada por auditorias externas independentes em quaisquer segmentos ou organizações: a ISO 9001 (qualidade) e a ISO 14001 (meio ambiente). Observando-se a realidade atual de nosso planeta e da escassez dos recursos naturais, essas duas normas deveriam ser implantadas conjuntamente, pois ao se promover a maximização dos resultados gerais com a ISO 9001, devemos também nos comprometer com o meio ambiente, nosso e das futuras gerações, conforme dita a ISO 14001.

NR AMBIENTAL n Consultoria para certificação ambiental (ISO 14000) n Análise e otimização de processos de produção, diminuindo custos operacionais diretos e indiretos, melhorando a qualidade de produtos e serviços e reduzindo o consumo de recursos naturais n Contratação e intermediação de seguro ambiental n Licenciamento junto aos órgãos ambientais n Elaboração de Relatórios de Impacto Ambiental n Assessoria na elaboração de Termos de Compromisso Ambiental n Administração de passivo ambiental n Projeto e planejamento de usinas de reciclagem (projetos turn-key) n Venda de máquinas e equipamentos para reciclagem de pneus, plásticos, RCD, madeira e outros

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ECO ESTILO

Redescobrindo a Ilha

Formado em Florianópolis, o grupo Trilhas Floripa se aventura e aprecia a natureza com responsabilidade

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Por Arielli Secco

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Um feriado, alguns estudantes e uma trilha para Lagoinha do Leste, um lugar encantador entre os morros ao sul de Florianópolis que reúne praia, mata nativa, costões e a tranquilidade de uma lagoa. Aconteceu em 7 de setembro de 2004. A ideia vingou, vieram os amigos dos amigos e, hoje, cinco anos depois, o grupo se classifica como uma família. Pessoas de várias idades, profissões, classes sociais e até nacionalidades se encontram cerca de duas vezes por mês para trilhar caminhos diferentes e contemplar o meio ambiente. Fabrício Lima Brasil, engenheiro eletricista e fundador do Trilhas Floripa, atualmente mora na Alemanha e conversou com a Visão Ambiental por e-mail. Ele conta que a fama do grupo se espalhou boca a boca, mas que o crescimento repentino veio depois da criação de uma comunidade no site de relacionamento Orkut. São mais de 2,4 mil membros trocando informações, experiências e agendando atividades. Não são todos que comparecem aos encontros e a rotatividade desse número é grande, mas Fabrício acredita que esse é um dos grupos de trilha mais ativos do Brasil. O amor por “andar no meio do mato” é o responsável pela união dessas pessoas, como descreve Deizi Crispim, 39 anos, integrante do grupo desde 2006. A pedagoga e comerciária tomou conhecimento do Trilhas Floripa quando buscava por comunidades de trilheiros no Orkut. Ela adora a natureza e gosta de sentir a grandeza de lugares pouco visitados. Deizi destaca a afinidade que os participantes acabam criando mesmo tendo

Reserva do Arvoredo

Reserva do Arvoredo Trilha do Morro do Cambirela

Mutirão de limpeza na Lagoinha do Leste

personalidades e características tão distintas. “Gosto de como esse tipo de aventura une as pessoas. No final de cada trilha, parece que já somos amigos de longa data”, conta a pedagoga. Ela cita atos simples para exemplificar essa interação, como estender a mão a um companheiro com dificuldade para subir um morro. Isso faz com que as pessoas tenham noção de como são pequenas e de como podem ser grandes. “Pequenas diante da força e da dimensão da natureza e grandes porque conseguimos superar nossos próprios limites para alcançarmos nossos objetivos”, completa.

A NATUREZA COMO PROTAGONISTA No cenário das trilhas, os animais, as plantas ou qualquer outro elemento natural são vistos como personagens principais por quem percorre os caminhos camuflados entre montanhas e paisagens. Preserválos, portanto, é primordial para que esse envolvimento seja algo constante e experimentado por cada vez mais pessoas. O Trilhas Floripa incentiva a conscientização ambiental e cumpre o seu papel nesse quesito. Fabrício diz


São José dos Ausentes

Fotos: Divulgação/Trilhas de Floripa

Rafting e rapel na Cachoeira do Cambará

Trilha noturna na Lagoa da Joaquina

Cambará do Sul Cambará do Sul

que o slogan do grupo é “A trilha é na faixa, mas será cobrada consciência ecológica”. Em alguns casos, os participantes são convocados para uma ação coletiva. “Fazemos campanhas pedindo que os trilheiros levem sacolas plásticas e coletem o lixo durante o percurso”, ele conta. A ação que ganhou maior destaque aconteceu em 16 de dezembro do ano passado, quando a mesma trilha que motivou a criação do Trilhas Floripa foi recompensada com um mutirão de limpeza. Na alta

temporada, a Lagoinha do Leste é muito procurada por turistas e nativos. O acesso à praia só é possível por meio de trilhas ou de barcos. Ao mesmo tempo em que o lugar torna-se mais conhecido e divulgado, a quantidade de lixo aumenta e põe em risco suas belezas naturais. O objetivo do grupo, então, foi recolher os resíduos e dar continuidade ao trabalho através da divulgação e do alerta em prol dos cuidados com o meio ambiente. “A campanha superou nossas expectativas, pois contou com o apoio de uma rede de televisão, da

TRILHANDO NOVOS HÁBITOS Com tantos trilheiros, a organização é fundamental para o respeito à natureza. Muitas trilhas precisam ter o número de participantes limitado. “Aconselhamos que, ao atingir um certo número, o restante fique em uma lista de espera para preservar a região”, explica Fabrício. Não existe nenhum cadastro ou controle de integrantes, e qualquer pessoa pode fazer parte do Trilhas Floripa. “A participação nas trilhas do grupo fica sujeita às regras de conduta e preservação publicadas em nosso site”, avisa. O Trilhas Floripa contabiliza cerca de cem trilhas percorridas e quinze viagens realizadas. Nesse percurso de cinco anos, além do fortalecimento dos laços de amizade entre os participantes, Fabrício diz que essa prática pode colaborar com a qualidade de vida de quem está disposto a se aventurar. Ele cita um caso comum: “Exemplos reais são pessoas que pararam de fumar e passaram a cuidar melhor da alimentação e do preparo físico”. A impressão de Deizi não é diferente. Para ela, ser trilheira pode ser considerado um estilo de vida: “Talvez as trilhas sejam só o ponto de partida, e não de chegada”. Ficou com vontade de levantar da cadeira e partir para uma aventura? Com responsabilidade e respeito à natureza, a experiência de fazer uma trilha pode trazer recompensas incomparáveis. Renovar as energias, respirar ar puro e contemplar uma bela paisagem são fatores que curam qualquer estresse provocado pela vida nos centros urbanos. Ficam as recomendações de Fabrício: “Além do respeito ao meio ambiente, é bom utilizar um mapa e tentar fazer a trilha acompanhado, sem se esquecer da água, de uma alimentação saudável e de trazer de volta o seu lixo”. É um estilo de vida. É um Eco Estilo. Comunidade no Orkut: Trilhas Floripa Site: www.trilhasfloripa.com

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prefeitura e dos moradores locais, além dos barqueiros e trilheiros”, lembra Fabrício. Ele destaca que o material recolhido encheu mais de um contêiner e resultou em aproximadamente setenta sacos de lixo. Uma placa foi colocada no início da trilha com os dizeres: “Acabamos de limpar este local. Por favor, colabore. Leve seu lixo embora”.

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MEIO AMBIENTE

Pau para toda

(e qualquer) obra Madeiras certificadas e de demolição são alternativas de sucesso contra o desmatamento frente à escassez de recursos naturais Por Tais Castilho

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O Brasil sempre aparece com destaque no noticiário quando se trata de desmatamento de florestas e de um certo descaso com os recursos naturais. Segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), só o desmatamento na Amazônia já acabou com mais de 26 espécies de vida e ameaça outras 644. Lá ainda consta que, até o ano de 2006, a floresta já tinha perdido uma área equivalente à da Venezuela. “Isso significa que os protagonistas amazônicos não conseguiram imaginar um futuro no qual as políticas públicas, o mercado, a ciência e a tecnologia se desenvolvam, simultaneamente, de uma maneira suficientemente positiva de forma a promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, diz o documento. O relatório ainda cita previsão feita em outro estudo de que 60% da Amazônia pode se transformar em savana ainda neste século.

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O DESMATAMENTO NO BRASIL É interessante notar que nosso país foi batizado com nome de uma árvore. No século XVI, logo que os portugueses começaram a explorar a terra recém-descoberta, viram uma fonte de lucratividade no pau-brasil. A madeira servia para a confecção de móveis e instrumentos musicais; a seiva avermelhada, para tingir tecidos. Desde então, o desmatamento em nosso país é constante. Da mata atlântica, por exemplo, hoje restam aproximadamente 9% da área que ocupava há quinhentos anos. O desmatamento existe nos quatro cantos do País e vários são os motivos para essa tragédia ambiental: a derrubada de árvores para a confecção de móveis e inúmeros outros fins, as frentes agrícolas (desmatamento para fins de pastagem e plantações), as queimadas e incêndios e, por

fim, o crescimento das cidades (crescimento populacional, construção de condomínios residenciais e polos industriais, construção de rodovias para escoamento de produtos etc.). Por outro lado, é fato que, atualmente, instituições públicas, privadas e não governamentais estão mais atentas aos problemas resultantes do desmatamento, e unem forças para diminuir os impactos sobre a natureza. Tanto que as políticas públicas e as constantes iniciativas dos outros dois participantes estão conseguindo desacelerar o ritmo da derrubada de árvores. Ou seja, a destruição de florestas e áreas verdes tem acontecido com menor frequência. MADEIRA DO BEM A certificação florestal tem o objetivo de garantir que a madeira utilizada em qualquer produto ou empreendimento venha de um processo produtivo ecologicamente adequado, socialmente justo e economicamente viável. E, logicamente, dentro das leis vigentes. A certificação garante a origem da madeira dentro dos mais rigorosos padrões de legalidade ambiental. O FSC é hoje o selo verde mais reconhecido do mundo em relação ao manejo sustentável de madeira e atua em mais de 75 países. A sigla quer dizer: Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal), uma organização internacional sem fins lucrativos, criada em 1993 por entidades de várias partes do mundo, que tem como meta diminuir a exploração predatória e a degradação de florestas. Para tanto, elaborou critérios capazes de avaliar se os empreendimentos florestais realizam um manejo florestal responsável, considerando aspectos ambientais, sociais e econômicos. Atualmente, o FSC está sediado em Bonn, na Alemanha, e possui representações em mais de 46 países.


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Infográfico: WWF-Brasil / Talita Ferreira

Madeira Certificada X Madeira Ilegal Entenda as diferenças

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MEIO AMBIENTE

Exemplos de ecologicamente correto

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Pensando no meio ambiente e numa forma sustentável de produzir e lucrar, empresas de pequeno, médio e grande porte dão exemplos de responsabilidade ambiental e mostram ao país que podem ser ecologicamente corretas e produtivas sem pecar na qualidade e agredir o ambiente.

FABER-CASTELL: AMIGA DA NATUREZA Não poderíamos falar de madeira e não citá-la. Com mais de 240 anos de existência, a empresa tem uma política ambiental bastante significativa. Além das unidades de produção, a empresa possui uma unidade voltada apenas para a geração de mudas e operações florestais com industrialização da madeira e outra área de plantio e preservação. Sua produção anual chega a 1,8 bilhão de EcoLápis de madeira plantada e fez do Brasil líder mundial no setor. Através de um conjunto de ações, a empresa conquistou vários prêmios e certificados por ser “amiga“ da natureza. Desde a década de 80, a Faber-Castell trabalha somente com madeira reflorestada. Em 1999, as florestas receberam o certificado FSC. Em 2005, foi a vez dos EcoLápis receberem o selo. Todas as unidades da empresa no Brasil são certificadas pela norma ISO 9001:2000, que trata dos Sistemas de Gestão e Garantia da Qualidade de processos e produtos. O sistema de gestão ambiental também conquistou mais um certificado em 2001, o ISO 14001, pelo LGA InterCert, que foi renovado em 2004 e 2008. Hoje qualquer processo de produção leva em conta a preservação do meio ambiente. “Este cuidado se reflete desde a escolha das áreas de plantio das árvores até o processo industrial ambientalmente responsável, com o desenvolvimento de programas de preservação da biodiversidade local, solos e águas, reutilização, reciclagem, reaproveitamento correto de resíduos, chegando até a educação ambiental de colaboradores diretos e indiretos e da comunidade”, afirma Jairo Cantarelli, gerente da Divisão Madeira da Faber-Castell.

A empresa jamais substitui vegetação nativa. Ela ocupa apenas terras degradadas ou já utilizadas para projetos florestais e conserva a integridade dos solos, dos rios e riachos, aumentando os estoques de água nos lençóis subterrâneos. Só faz o uso de produtos químicos se são recomendados e aprovados para o ambiente florestal. Entre outros, a empresa desenvolve e adota estratégias para aprimorar constantemente a qualidade e produtividade da madeira, minimizando a necessidade de área. Atualmente, 70% dos resíduos da empresa são reciclados. ECOEFICIÊNCIA Todos os subprodutos resultantes do processo de fabricação do lápis são aproveitados, evitando o desperdício e a geração de resíduos. As árvores são aproveitadas em sua totalidade: galhos e folhas são deixados no solo para que se decomponham e reincorporem nutrientes. A parte fina da árvore é aproveitada para a geração de energia ou para a fabricação de chapas de aglomerado. Os resíduos da indústria são utilizados e a serragem, além de gerar energia, também é vendida para granjas de criação de frangos e para a fabricação de briquetes. A casca é empregada na produção de húmus. Os resíduos que são considerados riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública são gerenciados por métodos de tratamento adequados. Toda a água utilizada nas unidades fabris é tratada e devolvida à natureza através da ETE (Estação de Tratamento de Efluentes), considerada estação modelo pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Todo o resíduo das unidades fabris e escritórios da empresa são reciclados. Para viabilizar a reciclagem, a segre-

Projeto Animalis, da Faber-Castell: reserva em Minas Gerais abriga espécies em extinção

gação é feita por categorias: vidros, plásticos, papéis, metais e não recicláveis. Esses materiais, quando não passíveis de reaproveitamento na própria produção, são vendidos para empresas que reciclam resíduos. Todo papel coletado é encaminhado a empresas de reciclagem e retorna em forma de cadernos que completam o kit de material escolar oferecido aos colaboradores e seus dependentes. PROJETO ANIMALIS Uma área de aproximadamente 10 mil hectares em Prata (MG), sendo 35% dela de Reserva Legal ou Preservação Permanente. O projeto Animalis cuida da fauna desse lugar há mais de 15 anos e já identificou 219 espécies de pássaros, 40 de mamíferos e 41 de répteis e anfíbios na área. Fotos: Divulg ação

Divu lgaçã o

Lápis Eco Grip, da Faber-Castell


Fotos: Divulgação

Muitos destes animais estão ameaçados de extinção, como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira e a onça-parda. O objetivo do projeto é criar um ambiente propício à sobrevivência dos animais já existentes, além de fazer com que outras espécies procurem abrigo nesses parques. PROJETO ARBORIS Tem por objetivos a preservação e a recuperação dos remanescentes da flora nativa presentes nos parques florestais da empresa. Mais de 300 espécies nativas já foram identificadas nos inventários. O conhecimento detalhado da flora existente mais o conhecimento da fauna definem as ações a serem tomadas para a criação de ambientes propícios à manutenção e à atração das espécies da fauna. PROJETO DE CONSERVAÇÃO DE SOLOS A empresa promove práticas adequadas de uso do solo, difundindo o conhecimento gerado entre os proprietários rurais locais. Para sua realização, foi firmado convênio com a Universidade de Brasília (UnB) por meio do qual a instituição dá suporte técnico-científico ao monitoramento e controle dos processos erosivos existentes antes da presença da Faber-Castell na região. No início do projeto foram cadastrados 66 processos erosivos, dos quais 62 já

estão controlados. Esta experiência foi registrada em livro lançado pela UnB em 2007. RAMO MOVELEIRO: ALTERNATIVAS DE SUCESSO Que o progresso acarreta o esgotamento de recursos naturais e o acúmulo crescente de resíduos, ninguém tem dúvida. Por outro lado, existem empresas que fizeram do problema uma causa nobre e uma forma de produzir sem destruir. Com essa filosofia, o ramo moveleiro buscou alternativas para conseguir criar sem causar danos e impactos ao meio ambiente. A solução foi buscar materiais que substituíssem os processos criativos. Através da permacultura (cultura da permanência), e com a utilização de materiais descartados na natureza, Adhimar Silva criou a Barrocarte, uma empresa que confecciona móveis com madeira de demolição, conferindo qualidade e requinte às peças. Localizada em Santa Cruz de Minas (MG), município em ascensão na área de móveis e decoração, a empresa se fez reutilizando madeira antiga e descartada na elaboração de projetos moveleiros. “Só usamos produtos ecologicamente corretos, e com esta filosofia estamos atraindo clientes que pensam no meio ambiente e que buscam um produto diferenciado, de qualidade”, ressalta Adhimar. A madeira de demolição é uma alternativa

sustentável e muito interessante (além de viável) para usos diversos, tanto na construção de móveis e objetos variados como na reinserção em construções civis. Isso tudo devido a sua origem, pois se trata de matéria-prima que não seria mais usada, somente descartada como mais um resíduo no meio ambiente. É bom lembrar que a decomposição da madeira leva anos, além de liberar gases nocivos à atmosfera. Normalmente, quando existe a demolição de uma obra, por motivos de reconstrução ou não, a maioria do que existe ali vira entulho. E muita madeira sobrevive para virar mesas, armários, cadeiras e outros objetos. “Em tempos de aquecimento global, a preocupação com o meio ambiente se tornou mais evidente entre todos nós. No entanto, o uso de madeira de demolição para fins decorativos – o que é o caso de fábricas de móveis de madeira de demolição – vem

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Floresta de pinus e o plantio das mudas: projeto da Celulose Irani

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Peça confeccionada com madeira de demolição, da Barrocarte

mostrando há tempos essa preocupação com a preservação ambiental”, explicou Adhimar, que recupera a madeira de casarões antigos, dá o devido tratamento e transforma as mesmas em móveis de estilo e qualidade. “O produto torna os espaços mais aconchegantes e bonitos, coordenando harmoniosamente o rústico com o moderno. Não deixa de ser uma reciclagem de um material que já tinha um destino certo: o lixo”, finaliza. As peças confeccionadas pela empresa são consideradas de alto luxo e são utilizadas por

renomados arquitetos, designers de interiores, engenheiros, entre outros. Marceneiros talentosos espalhados pelas cidades de Santa Cruz de Minas e São João Del Rei dão vida a materiais considerados inutilizáveis, transformando-os em verdadeiras obras de arte. Tudo é criado e produzido artesanalmente e sem derrubar uma única árvore. A empresa chega a produzir cerca de 200 peças por mês e, de acordo com o proprietário, se fosse transformar este número em árvores, seria necessário cerca de 20 árvores de grande porte para suprir a produção. São iniciativas como esta que precisam ser entendidas, conhecidas e colocadas em prática. Uma coisa importante é não confundir madeira de demolição com madeira de reflorestamento. A madeira de demolição sai da obra que foi destruída e vai direto para as mãos de verdadeiros artesãos. A madeira de reflorestamento sai de indústrias ou madeireiras em forma de placas manufaturadas para depois serem transformadas em produto final. PRODUÇÃO RESPONSÁVEL Outro grande exemplo é a Celulose Irani, que fabrica móveis para exportação e para o consumidor final através de uma loja virtual chamada Meu Móvel de Madeira. Mas não é só isso, a empresa consegue ir além e trabalha hoje com várias vertentes: papel, embalagens e resinas. Tudo dentro dos padrões ecologicamente corretos. A madeira utili-

zada na fabricação dos móveis vem de florestas cultivadas e planejadas, localizadas nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O manejo das florestas plantadas ocorre por meio de ciclos sucessivos de plantio, quando, além de garantir matéria-prima renovável, ainda contribui para a conservação de florestas nativas e preservação da biodiversidade local. O grupo possui locais de intensa preservação da natureza: matas nativas de araucária, cedro, jacarandá e espécies menos conhecidas, além dos diversos rios, lagoas, vertentes e animais, como o macaco-prego, a capivara e a onçapintada, que também estão dentro do cenário de preservação. Com muitas ações em prol do meio ambiente, a empresa conquistou a certificação Forest Stewardship Council. “Com a conquista do FSC buscamos dar aos nossos clientes uma garantia maior da proveniência da madeira utilizada na fabricação dos móveis, e também engajar cada vez mais quem pratica o consumo conscien-

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Sofás produzidos com madeira maciça de reflorestamento, da Meu Móvel de Madeira

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MEIO AMBIENTE


te”, afirma Franciane Junctum, coordenadora do Sistema de Gestão da Qualidade. Além de buscar a sustentabilidade do seu negócio e minimizar os impactos das operações industriais, a empresa só adquire madeira, peças e componentes de pínus e eucalipto, chapas de MDF, OSB e Duraplac (compensado e sarrafeado) no mercado regional, evitando a compra de matérias-primas oriundas de fontes controversas. Para comprar madeira, profissionais capacitados da empresa analisam fornecedores e, como critério, só adquirem madeira de florestas com certificado FSC. Quando isso não é possível, verificam a origem da madeira conforme os critérios definidos pelo FSC e, através de um questionário acompanhado de evidências (documentos, declarações, pareceres jurídicos, etc.), a empresa avalia as condições para se determinar se a madeira provém de uma área que possui um alto ou baixo risco em relação aos critérios definidos pelo FSC. “Nesse processo, são controlados a autenticidade dos materiais fornecidos e o atendimento das definições e exemplos do FSC”, explica Franciane. O grupo também tem capacidade para produzir cerca de 15 mil toneladas mensais de papéis Kraft pardo e branco de 30 a 200 g/m², além de papéis para a fabricação de chapas e caixas de papelão ondulado. Em 2005, a empresa inaugurou na Unidade Fabril Papel, em Vargem Bonita (SC), a Usina de Co-geração de Energia, um projeto MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) à base de biomassa. O projeto trouxe autossuficiência

energética à unidade e reduziu a emissão de poluentes na atmosfera. Com isso, a Celulose Irani S.A. é a primeira empresa brasileira do setor de papel e embalagem e a segunda no mundo a ter créditos de carbono emitidos segundo o Protocolo de Kyoto. Ou seja: ela retirou mais carbono da atmosfera do que emitiu, em função do grande volume de florestas plantadas e da energia gerada pela própria empresa por meio das suas hidroelétricas e termoelétricas. Em 2006, a Irani ativou sua nova Planta de Recuperação de Produtos Químicos. O investimento, além de permitir o aumento da produção de celulose em 30%, elevando de 170 para 220 toneladas por dia a capacidade instalada da unidade, possibilitou um melhor aproveitamento térmico do processo, gerando uma economia de aproximadamente seis mil toneladas mensais de biomassa. Com suas várias ações, em 2007 o grupo recebeu da ISO a certificação 9001:2000. SELO BIOMÓVEL O conceito do móvel ecologicamente correto está neste selo e é exclusivo do APL Móveis do Planalto Catarinense, região onde as empresas utilizam madeira renovável e buscam processos ambientalmente corretos. Atualmente, 25 empresas estão credenciadas a fabricar produtos com o selo. Entre elas, a Meu Móvel de Madeira. Para poder batizar um produto com o selo Biomóvel, as empresas precisam cumprir diversas exigências no desenvolvimento do móvel e no processo de fabricação. Entre os principais requisitos

estão a obrigatoriedade de ter na composição do móvel 100% de madeira de origem reflorestada, utilizar exclusivamente adesivos à base de PVA, controlar os resíduos gerados durante o processo produtivo, direcionar de forma ambientalmente adequada produtos químicos, vasilhames e resíduos não orgânicos, otimizar o número de componentes e peças, escolher materiais e processos de baixo impacto e evitar a utilização de materiais tóxicos. Políticas de segurança e socialmente justas também integram as exigências do Biomóvel. A proposta do Biomóvel é construir um modelo de desenvolvimento econômico e social sustentável aliando tecnologia limpa e materiais não nocivos ao meio ambiente ou à saúde do consumidor. “É uma nova cultura na produção de móveis. As indústrias, além de atenderem a todos os requisitos de qualidade, também estão oferecendo ao mercado produtos que unem design moderno, resistência e visão ambiental”, explica o coordenador do projeto, Carlos Mattos.

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Dormitório Grossl: elaborado dentro das normas de certificação e com orientações do Sebrae

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Em substituição aos convencionais aramados de metal, supermercados estão aderindo aos carrinhos feitos de plástico. Ecologicamente corretos, são 100% recicláveis, e seu processo de fabricação não agride o meio ambiente. Exigem pouca manutenção, são fáceis de manusear e menos ruidosos. Os modelos da Masterplastic apresentam durabilidade, praticidade, conforto e higiene. www.masterplastic.com.br.

A Tintas Futura lança no mercado uma alternativa ecológica para pinturas de superfícies de madeira e metal. O esmalte à base d’água, com todas as qualidades do esmalte sintético, não afeta a natureza nem prejudica a saúde. Sua fórmula oferece resistência a fungos, não amarela com o tempo e dispensa a compra do solvente utilizado para diluição e limpeza. www.futuratintas.com.br

A linha “De pet para pet”, produzida pela Lazza Pet, estimula a coleta e o aproveitamento do material reciclável disponível em garrafas de refrigerante, água mineral e outros, ajudando na preservação do meio ambiente. Com design anatômico, as peças proporcionam conforto e bem-estar para os animais. São roupinhas e acessórios que permitem que os animais corram, brinquem e se movimentem sem nenhuma dificuldade. A qualidade e o acabamento também estão presentes nos produtos, acompanhando as tendências da moda de cada estação. www.lazza.com.br

Bolsas de algodão estão mais presentes nas ruas. Estilosas, práticas e resistentes, elas substituem perfeitamente os sacos plásticos, um dos grandes vilões da poluição, que demoram mais de 100 anos para se degradarem na natureza, gerando acúmulo de lixo e poluição. A Drogaria São Paulo incentiva esta iniciativa com a venda das sacolas de algodão a custo acessível. www.drogariasaopaulo.com.br Divulgação

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Além de embelezar os espaços com estilo, estas lixeiras são práticas e feitas de material que não agride o meio ambiente. Recoberta com couro pespontado e revestida por recouro, as lixeiras têm durabilidade garantida, e podem ser fabricadas em couro liso, croco ou lezard. Os valores variam de acordo com o material escolhido. www.laeder.com.br

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A TriFil apresenta a linha Ecology Bambu, produzida da fibra da planta, considerada uma das matérias-primas mais ecológicas do século. O produto surpreende pelo conforto e capacidade de absorção do suor. Além disso, é hipoalergênico e antibacteriano. A coleção tem quatro produtos desenvolvidos com a fibra: calcinhas (tanga e boxer) e cuecas (boxer e slip). Calcinhas P, M e G nas cores branca, preta e chocolate, e cuecas P, M, G e EG nas cores branca, preta, azul denim e duna. www.trifil.com.br

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Sylvain Darnil (Nestlé) e Mathieu Le Roux escreveram 80 homens para mudar o mundo. O livro retrata 80 iniciativas de empresários que, ao redor do planeta, mantêm negócios rentáveis sem agredir o ambiente, promovendo o equilíbrio socioeconômico. www.clioeditora.com.br

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Agricultura Sustentável descreve ações de educação e responsabilidade socioambiental. Apresenta projetos sobre seis temas: Boas Práticas Agrícolas, Comunidade, Educação, Emprego e Renda, Meio Ambiente e Pessoas. www.andef.com.br

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CADERNO DE RESÍDUOS

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Como parte integrante da publicação, o CADERNO DE RESÍDUOS é composto de informação mais direcionada, colocando à disposição de nossos leitores matérias técnicas, cobertura de eventos e dados de interesse específico sem, no entanto, abrir mão de uma linguagem mais aberta e de fácil entendimento para todos. A parceria com empresas e entidades do setor é que torna possível a realização deste caderno. O apoio da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) se mantém nesta edição, confirmando a importância da VISÃO AMBIENTAL para o segmento. Outras entidades e associações que nos procuraram devem passar a integrar as próximas edições de forma mais concreta, possibilitando maior abrangência de informações e ações direcionadas ao nosso público-alvo. Fazemos aqui um agradecimento especial à AESabesp (Associação dos Engenheiros da Sabesp), organizadora da Fenasan e nossa apoiadora na realização e lançamento da revista junto ao setor de saneamento básico. São destaques nesta edição: • RSS - RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE • COBERTURA COMPLETA DA XX FENASAN (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) E DO ENCONTRO TÉCNICO • COBERTURA SEMINÁRIO AMBIANCE • LANÇAMENTO PANORAMA ABRELPE 2008 • LANÇAMENTO OFICIAL DA REVISTA VISÃO AMBIENTAL O CADERNO DE RESÍDUOS tem ainda conteúdo exclusivo para nosso portal, com depoimentos de visitantes da Fenasan e a lista completa de expositores, apoiadores e parceiros da feira, além de um painel de fotos do lançamento do Panorama Abrelpe. Visite www.rvambiental.com.br e cadastre-se. Visitantes cadastrados passam a receber informativos semanais com notícias sobre meio ambiente, resíduos e sustentabilidade. • As matérias e assuntos abordados neste caderno não são exclusivos da entidade apoiadora; tratam de forma abrangente de assuntos de interesse do setor.


Lançamento

Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil - 2008 Por Susi Guedes

des. “Países que adotam a reciclagem energética conseguem reduzir substancialmente o volume de seus resíduos, um benefício incalculável, principalmente para localidades que contam com problemas de espaço para a destinação de lixo”, explica o presidente da entidade, Francisco de Assis Esmeraldo. Juntas, as entidades iniciarão estudos sobre a viabilidade política e econômica para a instalação das usinas de reciclagem energética no Brasil, assegurando a continuidade do processo. “Isso porque se trata de um projeto de capital intensivo”, lembra o presidente da Abrelpe, João Carlos David. Participaram da mesa e da solenidade: Ana Cristina Pasini da Costa - diretora da Cetesb; Arnaldo Jardim - deputado Federal e coordenador do Grupo de Trabalho de Resíduos Sólidos da Câmara dos Deputados; Casemiro Tércio Carvalho - Secretaria Estadual de Meio Ambiente, representando o secretário Xico Graziano; Rodolfo Costa e Silva - deputado estadual; Paulo Teixeira - deputado federal; Fernando Tadeu da Costa Passos - gerente regional de negócios da Caixa Econômica Federal; Luiz de Carvalho - secretário de Relações Políticas e Institucionais da Prefeitura de Curitiba - PR; Marisa Guimarães - Secretaria

de Estado de Saneamento e Energia de São Paulo, representando a secretária estadual Dilma Seli Pena; Nelson Pereira dos Reis - vice-presidente da Fiesp e do Conselho Superior de Meio Ambiente (Cosema) e diretor titular do Departamento de Meio Ambiente; vereador Gilberto Natalini vereador do município de São Paulo; Afonso Celso Teixeira de Moraes - Limpurb/São Paulo, representando o secretário municipal de Serviços da Prefeitura de São Paulo. O acesso ao Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil se dá através do site www. abrelpe.org.br , onde é possível baixar seu conteúdo gratuitamente. Mais informações sobre o acordo no site www. plastivida.org.br Fonte: assessorias de imprensa das entidades

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Informação detalhada e com aval de uma entidade conceituada são fundamentais para uma análise isenta e profunda de qualquer segmento. Pensando nisto, e mantendo o foco no desenvolvimento de um setor que precisa ser melhor entendido e ter sua fundamental importância reconhecida, a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), lançou no dia 10 de agosto mais uma edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. Utilizando-se de metodologia estatística para captação e tabulação de dados, a entidade consegue traçar o perfil da situação destas questões na atualidade – esta edição tem como base as informações coletadas em 2008. Tais elementos devem servir de base a empresas, entidades, instituições públicas e privadas no sentido de encontrar soluções adequadas e segmentadas, atendendo às necessidades de cada região. Todos os tipos de resíduos sólidos foram analisados separadamente. Números, gráficos e um diagnóstico dos resultados conferem consistência e relevância à pesquisa, que contempla todas as variantes de resíduos sólidos (RSU– resíduos sólidos urbanos, RSI- resíduos sólidos industriais, RSS- resíduos de serviços de saúde, RCD- resíduos da construção e demolição). Uma cerimônia presidida por João Carlos David, presidente da entidade, reuniu membros da Abrelpe, personalidades e autoridades. Além do lançamento oficial, foi consolidado um acordo de cooperação com a Plastivida (Instituto SócioAmbiental dos Plásticos), acordo este que objetiva promover a recuperação energética dos resíduos sólidos e o desenvolvimento sustentável. De acordo com a Plastivida, entidade que vem promovendo a tecnologia da reciclagem energética em seu trabalho de educação ambiental pelo Brasil, a destinação do lixo urbano transformou-se num dos mais graves problemas das grandes cida-

João Carlos David e autoridades convidadas para o lançamento oficial do Panorama Abrelpe 2008

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Lixo bem tratado

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Por Tais Castilho e Miriam Bollini

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Photoxpressa

Com segurança, tecnologia e consciência ambiental, municípios e instituições se unem para melhorar a gestão dos resíduos da área da saúde

de assistência médica, odontológica, laboratorial, farmacêutica e instituições de ensino e pesquisa médica e que são altamente prejudiciais. De acordo com o Dr. Hamilton Coelho, presidente da Comissão Interna de Biossegurança do Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, do Rio de Janeiro, os RSS trazem grande risco em função da presença de materiais biológicos capazes de causar infecção, além de objetos perfurocortantes contaminados, produtos químicos perigosos e até mesmo os rejeitos radioativos. “Todos requerem cuidados específicos de acondicionamento, transporte, armazenamento, coleta, tratamento e disposição final”, ressalta o especialista. Parte da solução veio com a homologação de resoluções que falam da necessidade de definir procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos, com o objetivo de preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente. Inicialmente, a Resolução no 5/93 (Conama) e sua regulamentação posterior definiram os resíduos sólidos, bem como sua destinação e transporte. A resolução prevê que tais estabelecimentos devem fazer um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRSS) e submetê-lo à aprovação dos órgãos de meio ambiente, saúde pública e vigilância sanitária competentes, identificando o responsável técnico por aquela atividade.

Os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) ocupam lugar de destaque quando falamos em meio ambiente e saúde pública. O manejo inadequado desses resíduos causa grande impacto no ambiente por conter uma carga significativa de componentes químicos, biológicos e radioativos. Quando falamos em saúde pública, os RSS aparecem como grandes inimigos do homem, pois exercem influência na transmissão de doenças através da contaminação de moscas, mosquitos, baratas e roedores que encontram as condições necessárias para procriação. Outro grande risco é para os trabalhadores, que se tornam vítimas de acidentes devido ao mal acondicionamento dos resíduos perfurocortantes, que, por sua vez, contribuem diretamente para o aumento da incidência de infecção hospitalar. Para o meio ambiente, o risco é ainda mais significativo, já que acarretam poluição biológica, física e química do solo e do ar, submetendo as pessoas às variadas formas de exposição, ao contato direto ou indireto com vetores biológicos e mecânicos. Por isso, é muito importante que os geradores de resíduos tratem e destinem adequadamente todo “lixo” produzido por eles. Conforme a Resolução nº 358/05 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 306/04 da RESOLUÇÕES, CLASSIFICAÇÃO E RISCOS Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), São várias as classificações para os RSS. No os RSS são tudo aquilo gerado por prestadores Brasil devemos nos guiar através das resoluções

redigidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), pelo Conama e pela Anvisa. Já os riscos, tanto ao meio ambiente quanto à saúde pública, são classificados segundo a Norma no 10.004/87 da ABNT. A Resolução no 05/93 do Conama classifica os resíduos em quatro grandes grupos (A, B, C e D). Resíduos Grupo A : Mistura de micro-organismos e meios de cultura inoculados provenientes de laboratório clínico ou de pesquisa; vacina vencida ou inutilizada; filtros de ar e gases aspirados da área contaminada, membrana filtrante de equipamento médico hospitalar e de pesquisa; sangue, hemoderivados e resíduos que tenham entrado em contato com estes; tecidos, membranas, órgãos, placentas, fetos, peças anatômicas; animais — inclusive os de experimentação e os utilizados para estudos — carcaças e vísceras suspeitos de serem portadores de doenças transmissíveis e os mortos a bordo de meios de transporte e todos os resídu-


darem a devida segregação, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final aos RSS. Lembrando que, apesar de existir normas específicas em âmbito nacional, os estados e municípios podem ter sua própria legislação. DESCARTE E ACONDICIONAMENTO A separação por categoria (segregação) deve ser feita no local onde os resíduos são gerados e colocados em recipientes próprios. O acondicionamento dos RSS deve ser feito em contenedores resistentes e impermeáveis, na hora e no local onde foram produzidos, de acordo com a classificação e o estado em que se encontram. Por isso que na maioria dos hospitais, clínicas e instituições que geram resíduos, encontram-se recipientes diversos para acondicioná-los, já separando as sobras por categoria. Geralmente, os RSS do grupo A devem ser acondicionados em saco resistente e impermeável, de cor branco leitosa, com a simbologia de resíduo infectante. No caso de resíduos pesados e úmidos, o saco deve ser duplo. Eles devem ser identificados com rótulos e a inscrição do tipo de resíduo. Os do grupo B seguem os mesmos padrões, só mudando a identificação de substância tóxica e a inscrição de resíduo tóxico. Os perfurocortantes são acondicionados em recipientes resistentes, estanques, rígidos, com tampa e identificados como resíduos classe A, conforme a Norma Brasileira no 10.004 da ABNT, sendo expressamente proibido o esvaziamento desses recipientes para o seu reaproveitamento. Os recipientes não devem ultrapassar 2/3 de sua capacidade. As agulhas

O que é ISO? É um conjunto de normas definidas pela International Organization for Standardization – ou seja, as iniciais em inglês para Organização Internacional para Padronização. Quando se fala em ISO 14000, diz-se de normas para a gestão ambiental em empresas. Atingir um desempenho ambiental exemplar requer empenho da organização com uma abordagem constante e melhorias contínuas do seu sistema de gestão ambiental. Esta certificação é bem criteriosa e apenas empresas com excelência no assunto conseguem conquistá-la. A partir do momento que as firmas começam a seguir as normas do ISO 14000, elas reduzem significativamente os danos ao meio ambiente. Ao implantar os processos indicados, a empresa conquista o certificado, o que significa que a organização possui responsabilidade ambiental. Para conquistar e manter o título, é preciso seguir a legislação ambiental do país, treinar e qualificar os funcionários para seguirem as normas, diagnosticar os impactos ambientais que está causando e aplicar procedimentos para diminuir os danos ao meio ambiente.

Coleta Sterlix: contenedores resistentes e impermeáveis

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os que tenham entrado em contato com eles; objetos perfurantes ou cortantes provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde; excreções, secreções, líquidos orgânicos procedentes de pacientes e todos os resíduos contaminados por estes; resíduos de sanitários de pacientes; resíduos de área de isolamento; materiais descartáveis que tiveram contato com paciente; lodo de estação de tratamento de esgoto (ETE) de estabelecimento de saúde e resíduos provenientes de áreas endêmicas ou epidêmicas definidas por autoridades de saúde competente. Resíduos Grupo B: Drogas quimioterápicas e outros produtos que possam causar mutagenicidade e genotoxicidade e os materiais por elas contaminados; medicamentos vencidos, interditados, não utilizados, alterados e medicamentos impróprios para o consumo; antimicrobianos e hormônios sintéticos; demais produtos considerados perigosos (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). Resíduos Grupo C: Enquadram-se neste grupo os resíduos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia. Resíduos Grupo D: Resíduos comuns, que não se enquadram nos grupos A, B e C. Em 2001, a Resolução nº 283 é apresentada pelo Conama com o intuito de complementar e melhorar a Resolução nº 5. Nela é discutido o tratamento e destino final dos RSS. Considerando também que as ações de prevenção são eficazes e diminuem os riscos ao meio ambiente e à saúde pública, com o passar dos anos as resoluções que dão diretrizes relacionadas ao meio ambiente melhoraram muito. Hoje, para toda infração relativa à destinação dos RSS existe uma punição descrita, o que não significa que todo criminoso ambiental seja preso e pague multas. O que vem acontecendo, na verdade, é que o meio ambiente tem sido visto pelos fiscais com um pouco mais de responsabilidade e cuidado e, portanto, as fiscalizações têm se intensificado. Atualmente, no Brasil existem duas legislações que regulamentam os serviços: a RDC 306/04, da Anvisa, e a Resolução 358/05, do Conama. Essas resoluções regulamentam a obrigatoriedade dos geradores de resíduos de saúde humana e animal

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usadas em quimioterapia, assim como todos os outros materiais, são considerados resíduos classe B. As agulhas usadas para aplicação de radiofármacos são consideradas classe C. As agulhas descartáveis devem ser desprezadas juntamente com as seringas, sendo proibido reencapá-las ou proceder a sua retirada manualmente. De acordo com as normas, os serviços locais de

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Sistema de autoclave: descaracterização de objetos como lâminas, agulhas, seringas entre outros

limpeza ficam com os resíduos do grupo D. TRATAMENTO E DESTINAÇÃO O tratamento dos resíduos é caracterizado segundo os processos que recebem: térmicos, químicos ou biológicos. O objetivo é descontaminar, desinfectar ou esterilizar os RSS alterando suas características biológicas, químicas e físicas para assim diminuir e até mesmo eliminar os riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Seja qual for o processo de tratamento adotado, deverão ser dispostos em aterro sanitário projetado, operado

e monitorado, tanto para disposição das cinzas ou escórias provenientes de incineração como para a carga esterilizada em autoclaves. Segundo o professor Antonio Germano Gomes Pinto, especialista em recursos naturais, tecnologia e gestão ambiental, o método de incineração, desde que seja realizado o tratamento dos gases emitidos, é o método mais indicado: “Financeiramente o incinerador é mais interessante, pois consome menos energia e reduz a quantidade de resíduos em até 97%. Ambientalmente também é vantajoso, pois a autoclave e o micro-ondas eliminam apenas a contaminação biológica, permanecendo contaminantes químicos e físicos, que são encaminhados ao aterro sanitário e podem contaminar a água e o ar”, alerta. No processo de incineração acontece a decomposição dos RSS através de altas temperaturas, entre 900 e 1250 ºC, com tempo de permanência controlada. É utilizado para o tratamento de resíduos de grande perigo e que precisam ser destruídos de forma segura. “É a decomposição térmica devido à oxidação em alta temperatura da parte orgânica dos resíduos. Acontece uma fase gasosa e outra sólida, reduzindo o volume, o

Grupo Fleury: sustentabilidade e responsabilidade com o meio ambiente Pela primeira vez no País, uma empresa do setor de saúde recebe licença de operação para tratamento interno de resíduos infectantes. Por meio de autorização concedida pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo), o Fleury trata o lixo infectante gerado na sede técnico-administrativa, transformando-o em resíduo comum. Para tanto, foi necessário que atendesse às exigências do órgão, como a monitoração da qualidade dos efluentes, do nível de ruído, e, também, avaliações regulares para controlar o desempenho do processo. A instalação do sistema precisou da compra de duas autoclaves (equipamentos que funcionam sob alta pressão e temperatura elevada) para destruir os micro-organismos, e de um triturador para descaracterizar o material, reduzindo-o em peso e, principalmente, em volume. Confira a entrevista com o gerente de sustentabilidade do grupo, Daniel Périgo. Revista Visão Ambiental: Quais as ações que a instituição adotou para diminuir os impactos ao meio ambiente?

Daniel Périgo: Para o Fleury Medicina e Saúde, o conceito de sustentabilidade é parte integrante de nossa missão. As atividades neste sentido são norteadas pela integração dos conceitos ambientais e sociais, até os financeiros, conforme preconizado pelo modelo TBL (Triple Bottom Line — resultados de uma empresa que são medidos em termos sociais, ambientais e econômicos). Em agosto de 2002, o Fleury implementou um Sistema de Gestão Integrada, migrando seu sistema da qualidade, previamente certificado, para a versão 2000 da norma ISO 9001, e conquistando também a certificação ISO 14001, com a qual oficializou a preocupação ambiental da empresa. Neste processo, além do atendimento à legislação ambiental aplicável, o Fleury buscou otimizar suas rotinas de trabalho. O sistema trouxe para a empresa um melhor controle de seus aspectos ambientais e foi ainda acompanhado pelo estabelecimento de ações de monitoramento e Programas de Gestão Ambiental. Com relação a esses programas, destaca-se o voltado à minimização da geração de resíduos e os voltados à redução do consumo de


água, papel e energia. A criação da área de sustentabilidade, em 2007, e a subsequente unificação das ações sociais da empresa permitiram explorar de maneira mais consistente as diversas sinergias existentes entre as dimensões da sustentabilidade. Além disso, como parte de seu compromisso ambiental, o Fleury adotou em 2008, em parceria com a Delegacia Regional do Trabalho, o programa “Empresa Livre de Mercúrio”, substituindo os equipamentos que continham mercúrio metálico por alternativas sem esse elemento, iniciativa pela qual recebeu menção honrosa do órgão. Ainda em 2008 foi inaugurada a primeira unidade de atendimento sustentável, a Rochaverá-Morumbi. Construída segundo os requisitos da certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design — em português, Liderança na Energia e no Projeto Ambiental), do U.S. Greenbuilding Council, desde a fase de planejamento até o término da fase de obras, foram adotadas várias medidas visando à redução dos impactos ambientais oriundos da construção civil, dentre as quais se destacam o estudo da eficiência energética da unidade e a utilização de equipamentos livres de CFC, madeira certificada,

materiais de rápida renovação na natureza e produtos livres de metais pesados e substâncias voláteis. RVA: O que é feito com os resíduos sólidos? DP: O programa de gerenciamento de resíduos do Fleury segue padrões de referência na área. Cada resíduo possui um descarte e destinação específicos, de acordo com a natureza e o risco apresentado. Nas Unidades de Atendimento, os resíduos infectantes são acondicionados em sacos branco-leitosos e posteriormente encaminhados ao sistema de tratamento por desativação eletrotérmica oferecido pelo município. Perfurocortantes são acondicionados em caixas resistentes a puncturas e são encaminhados para o mesmo tratamento. Na sede técnica da empresa, os resíduos infectantes são autoclavados e descaracterizados, e posteriormente encaminhados como resíduo comum. Resíduos químicos são acondicionados em bombonas ou frascos de vidro, de acordo com a compatibilidade química, e posteriormente encaminhados para incineração. Rejeitos radioativos são armazenados em contêineres e abrigos revestidos de chumbo, onde aguardam o decaimento da radioatividade até níveis inócuos à saúde humana. Também

troladas através do sistema de amostragem do Analisador Contínuo de Emissões Atmosféricas (CEMS), que assegura a qualidade do ar. Com esta conduta, o grupo conquistou o ISO 14001 em 2006. “Somos os primeiros e únicos com o certificado ISO 14001 para o escopo de Coleta, Transporte e Incineração de Resíduos de Serviço de Saúde, e continuamos sempre buscando a excelência ambiental aprimorando os nossos processos”, afirma Andreas. No sistema de autoclavagem acontece a esterilização dos RSS dentro de um equipamento de autoclave. Os sacos com os resíduos são depositados em caixas metálicas sem tampa e o vapor é injetado na câmara com temperatura de 150 ºC a 4 kg de pressão por centímetro quadrado. Com a alta temperatura da câmara, os

é praticada a coleta seletiva para separação dos materiais recicláveis. Os demais resíduos são considerados comuns e recolhidos por empresas contratadas para este fim. O Fleury apresenta ainda programas específicos para a destinação de lâmpadas fluorescentes, baterias, óleo comestível e filmes de raios-X desprezados, dentre outros. RVA: O que foi preciso para conseguir a licença para tratar os RSS? DP: A licença foi emitida pela Cetesb em março de 2006, e possui validade de 5 anos. O licenciamento envolveu a elaboração de um Relatório Ambiental Preliminar e a realização de testes para verificação da eficácia do processo e envolve ainda o compromisso do envio periódico à Cetesb de dados relacionados à eficácia e produtividade do sistema. RVA: Existem medidas de sustentabilidade e reciclagem de materiais RSS? DP: Sim, a coleta seletiva foi implantada em 1998 na empresa e envolve a separação dos materiais passíveis de reciclagem no momento e local da sua geração, mas caso o resíduo apresente algum risco, ele é separado de acordo com suas características (infectante, químico ou radioativo) para seguir a destinação correta específica.

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Incinerador Pioneira: resíduos se transformam em anidrido carbônico (CO2), anidrido sulfuroso (SO2), nitrogênio (N2), oxigênio (O2), água (H2O) e cinzas

peso e as características de periculosidade dos resíduos”, define o professor. As escórias e cinzas são dispostas em aterro sanitário próprio, os efluentes líquidos devem ser encaminhados para estação de tratamento e os gases oriundos da queima precisam ser tratados e monitorados. A Pioneira Ambiental foi a primeira empresa brasileira a conseguir licença e instalar um incinerador privado. Hoje, segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), são doze incineradores em todo Brasil. A técnica usada pela empresa é uma das mais positivas ao meio ambiente: a dry scrubber, ou seja, que remove os poluentes a seco. Ele “limpa” os resíduos sem gerar efluentes contaminados, o que atende aos mais rigorosos limites de emissões. “Temos capacidade para incinerar dez toneladas por dia, já que temos duas linhas com capacidade de cinco toneladas; nosso sistema foi projetado para operar dentro das mais rigorosas leis vigentes” ressalta o gerente de projetos do grupo Pioneira, Andreas Babinskys. Segundo ele, o sistema em operação emite menos do que 15% dos valores máximos permitidos. As emissões de gases são permanentemente con-

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Delboni Auriemo, unidade do grupo Dasa: excelência também no tratamento de resíduos

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Dasa e o compromisso ambiental

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Tanto as empresas públicas quanto as privadas estão cada vez mais com a consciência ambiental incorporada em seu dia a dia. A Diagnósticos da América (Dasa), por exemplo, é um grupo formado por 20 marcas, presente em doze estados brasileiros e no Distrito Federal. Entre as marcas, as mais conhecidas são: Delboni Auriemo, Lavoisier e Med Imagem. Atualmente é a maior empresa de medicina diagnóstica da América Latina e a quinta maior rede do mundo. Com cerca de 10 mil colaboradores, atende aproximadamente 50 mil pacientes por dia e processa, em média, 6,5 milhões de exames por mês. Seu sistema de gerenciamento ambiental assegura que todos os RSS sejam coletados, transportados, manuseados, processados, armazenados e descartados conforme os regulamentos ambientais aplicáveis. Todos os resíduos com material biológico são descontaminados e descartados em aterros legalizados, promovendo a redução do potencial poluidor e diminuindo o volume gerado. Além disso, todas as unidades de atendimento contam com o Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, que contempla também o correto descarte dos resíduos radioativos, químicos e lixo comum. Confira abaixo a entrevista com a gestora de Processo de Meio Ambiente da Dasa, Andréa Pussenti Derossi. Revista Visão Ambiental: Quais as medidas adotadas pela empresa visando a sustentabilidade? Andréa Pussenti Derossi: A Dasa tem um plano de controle do meio ambiente em que alguns pontos são monitorados, como: descarte de re-

síduos, emissão de poluentes atmosféricos de equipamentos a diesel, emissão de fumaça de veículos, poluição sonora, efluente líquido, produtos controlados, corte e poda de árvores e cuidados operacionais para evitar desperdício de água e energia elétrica. RVA: A Dasa conta com mais de 300 unidades espalhadas pelo território nacional. O que faz com todo o lixo gerado? APD: A Dasa destina seus resíduos para aterros licenciados pelo orgão ambiental de cada município. Os resíduos infectantes e perfurocortantes são tratados para descontaminação, são descaracterizados e depois enviados para aterro sanitário. Os resíduos químicos que podem ser neutralizados são tratados no próprio laboratório; os co-processados ou incinerados, em empresas contratadas. Os resíduos comuns não recicláveis são destinados para aterros sanitários licenciados e os resíduos comuns recicláveis são vendidos para empresas de reciclagem devidamente licenciadas pelo orgão ambiental ou são doados para ONGs, também licenciadas para tal fim. RVA: Vocês possuem o ISO 14000? APD: Sim, desde 2006. RVA: O tratamento dos resíduos infectantes é feito na instituição ou alguma empresa especializada faz esta parte? APD: Os resíduos infectantes do grupo A1* são tratados na própria Dasa. Os resíduos infectantes do grupo A4** são encaminhados para empresas especializadas e licenciadas pelo orgão ambiental, para tratamento térmico (em alguns lugares, a autoclavação; em outros, a incineração).

* A1: culturas e estoques de micro-organismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética. Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. ** A4: kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores; filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares; sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4; recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre; peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica; bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

sacos são destruídos, permitindo o contato do vapor com os resíduos que são esterilizados. “Essa tecnologia permite a modificação das características biológicas e físicas dos resíduos, eliminando sua carga microbiana”, explica Roberval Battaglini, diretor comercial da Sterlix Ambiental, empresa que trabalha com a gestão completa de RSS, desde a coleta até o destino final. “Em síntese, transformamos resíduos classificados como do grupo A em resíduos do grupo D, que são os domésticos”. Após o processo, os materiais são triturados para a descaracterização de objetos como lâminas, agulhas, seringas entre outros. Posteriormente, o que sobra é disposto em aterros sanitários. Como a empresa é responsável pela destinação final dos RSS, precisam de um aterro devidamente licenciado e dentro das normas vigentes. Muitas empresas fazem o serviço de coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos. No entanto, é muito importante que estejam regularizadas junto aos órgãos competentes, como Secretaria do Meio Ambiente e Cetesb. Já no PGRSS, segregação e armazenamento interno são de responsabilidade dos geradores. Segundo Roberval, para todas as etapas do processo existem legislações específicas. “Os veículos devem ser licenciados perante a Vigilância Sanitária, certificados pelo Inmetro, registrados na ANTT. Os motoristas devem possuir curso de Movimentação Operacional de Produtos Perigosos (curso obrigatório para quem transporta RSS) e treinamentos específicos a serem comprovados aos clientes, junto com os coletores”, finaliza.


Seminários Ambiance

Informação dirigida é fundamental para a atuação profissional em todos os setores. Em se tratando de manipulação e destinação dos resíduos da saúde, a responsabilidade é aumentada em função dos possíveis danos ao meio ambiente e às pessoas que tenham contato direto ou indireto com esses resíduos. A promoção de seminários e workshops é uma maneira eficiente para se divulgar produtos e serviços, mas também uma oportunidade para discutir os problemas e a legislação sobre determinado assunto. Nesse tipo de encontro, a troca de experiências aproxima todos os elos do setor, unindo profissionais, empresas, entidades públicas e privadas, no intuito de compartilhar o conhecimento e buscar soluções. No caso das questões ligadas aos resíduos de serviços de saúde (RSS), a complexidade é maior. Num seminário recente, a Ambiance – empresa que oferece consultoria em saúde e soluções ambientais – abordou temas atuais e pertinentes. As palestras apresentadas demonstraram que o assunto é extenso e a inserção de variados temas possibilitou que os participantes tivessem acesso a profissionais de destaque, se atualizassem e pudessem discutir os temas de maneira direcionada. Todos os aspectos do assunto foram abordados de maneira abrangente, e a grade de palestras se mostrou eficaz pela variedade e pelos palestrantes escolhidos. Em dois dias de evento, os participantes tiveram acesso a informação de qualidade dentro da programação. Confira: • Gestão ambiental em um centro de medicina diagnóstica – Adriana S.E. Gonçalves (Fleury Medicina e Saúde) • Tratamento dos resíduos de serviços de saúde

A promoção de seminários e workshops é uma maneira eficiente para se divulgar produtos e serviços

Acima, carro da Pioneira equipado para coleta de RSS. Ao lado, Andreas Peter Babinsky apresenta palestra sobre tratamento dos RSS

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009

Por Susi Guedes

– Andreas Peter Babinsky (Pioneira) • Gestão dos RSS e as práticas de sustentabilidade – Vital de Oliveira Ribeiro Filho (CVS) • Implantação do Plano de Gerenciamento: PGRSS em ambientes de saúde – Silvia Renata da Silva (Hospital Samaritano) • A importância da gestão ambiental nos serviços de saúde para o desenvolvimento e crescimento sustentável das organizações – Gonzalo Vecina Neto (Hospital Sírio-Libanês) • Gestão ambiental dos RSS, segundo a RDC 306 da Anvisa e a Resolução 358 do Conama – Luiz Carlos da Fonseca e Silva (Anvisa) • Gestão ambiental em hemocentros – Antonio Carlos Magnanelli (Fundação Pró-Sangue) Com a necessidade cada vez maior de se aprimorar métodos e posturas, eventos como esse demonstram ser fundamentais na disseminação de informações, que servem de base para o crescimento desse importante segmento profissional.

Fotos: Divulgação

Conhecimento gera caminhos e soluções na gestão dos resíduos do setor de saúde

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COBERTURA

FENASAN 2009 e XX ENCONTRO TÉCNICO AESABESP

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Cerimônia de abertura do evento

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Por Susi Guedes

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Aconteceu entre os dias 12 e 14 de agosto, no Expo Center Norte, em São Paulo, um dos mais importantes eventos no que se refere a saneamento e meio ambiente. Em sua 20ª edição, a Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) e o XX Encontro Técnico se mostraram como sendo um meio eficiente de obter e disseminar conhecimento, oferecer e fazer negócios, e encontrar caminhos e redes de relacionamentos que possam ajudar na construção e ampliação de ideias e projetos que sirvam de suporte ao aprimoramento do

trabalho e à evolução do setor. Com toda sua área de exposição comercializada, contando com a participação de empresas, fabricantes e fornecedores de equipamentos para o setor, prestadoras de serviços e de demais segmentos complementares à esfera do saneamento, num total de 152 expositores, e sob o tema “Sustentabilidade – caminho para universalização do saneamento ambiental”, o evento foi considerado como um dos mais importantes do setor na América Latina, com visitação de 10 mil pessoas. Em sua 20ª edição, o Encontro Técnico cresceu muito e evoluiu na diversidade de temas. Compa-

nhias de saneamento de todo o País, docentes de universidades e representantes da iniciativa privada apresentaram 130 palestras técnicas sobre eficiência operacional, gestão ambiental, resíduos sólidos, eficiência energética, novas tecnologias e políticas públicas do segmento. Além disso, houve cinco mesasredondas, com debates sobre as questões mais atuais e pertinentes ao meio. O encontro também contou com visitantes

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CADERNO DE RESÍDUOS


trabalho da AESabesp em disseminar a tecnologia do setor e atrair o interesse da esfera pública, acadêmica e do setor privado para a otimização e excelência do saneamento nacional.

Alberto Viol (presidente da APECS - Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente), João Carlos Bibbo (presidente da CECRES - Cooperativa de Crédito dos Empregados e Servidores da Sabesp), Daniel Castilho Azevedo (presidente da AAPS – Associação dos Aposentados e Pensionistas da Sabesp), Luis Paulo Almeida Neto (superintendente da Unidade de Negócio Baixo Tietê e Grande), Wilson Passeto (presidente da OSCIP Água & Cidade) e Vera Bueno (diretora do Sindicato dos Advogados). Os pronunciamentos dos presentes à mesa giraram em torno do tema do evento (Sustentabilidade – caminho para universalização do saneamento ambiental), e também em torno do

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de várias regiões do país e com a presença de aproximadamente dois mil congressistas. Empresas internacionais, como as trazidas pelo consulado de Israel – um país com sérios problemas de captação e gestão de água –, da Itália e dos EUA, também estiveram presentes. A visita da Superintendente Nacional de Saneamento do Governo do Chile, Magaly Espinosa Sarria, que apresentou o modelo de regulação dos serviços sanitários daquele país, foi outra participação de extrema importância. A solenidade de abertura do XX Encontro Técnico da AESabesp contou com participantes de destaque do setor e da sociedade, numa mesa composta por Luiz Narimatsu (presidente da Associação dos Engenheiros da Sabesp), Hugo de Oliveira (presidente da ARSESP - Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), Orlando Diniz Vulcano (presidente da ADM - Associação dos Administradores da Sabesp), Cláudio Antônio Borges (presidente da Associação Sabesp), René Vicente (presidente do Sintaema - Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), Walter Sigolo (superintendente de RH da Sabesp), José Aurélio Boranga (superintendente da Unidade de Negócio Médio Tietê da Sabesp), Camil Eid (vice-presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo), Dante Ragazzi (presidente da ABES-SP - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária), Carlos Alberto Rosito (presidente da AIDIS - Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental), João

Participantes na palestra no segundo dia do Encontro Técnico

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Bancada no primerio dia: presentes autoridades e representantes do setor

MESAS-REDONDAS: As mesas-redondas deram suporte a todas estas ações, com discussões que devem surtir efeitos e frutos. A primeira mesa-redonda do encontro, realizada na tarde do dia 12 de agosto, apresentou o tema “Equilíbrio entre o capitalismo e sustentabilidade numa empresa - cases bem sucedidos”. Ela foi coordenada por Marcelo Morgado (Sabesp). No dia 13 de agosto, na parte da manhã, foi realizada a mesa “Sustentabilidade nas contratações de projetos, equipamentos e obras”, coordenada por Francisco Kurimori (CREA). Neste mesmo dia, na parte da tarde, foi realizada a mesa “Estratégias para implementação das metas do milênio e do consumo de água”, coordenada por Amauri Pollachi (Subcomitê Cotia-Guarapiranga).

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CADERNO DE RESÍDUOS

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SEMINÁRIOS Os seminários foram um sucesso entre os visitantes; o que confirma a vocação original do evento como sendo um forte ponto de sinergia entre conhecimento e quem deseja aprender. Os temas foram: • “Boas Práticas e Tendências de Automação em Saneamento”, promovido pela AESabesp em parceria com a ISA (International Society of Automation) da América do Sul, Distrito 4. Foram 22 horas de programação, entre palestras, mini-cursos e uma mesa-redonda, que abordou diversos temas, como PIMS, MES, sistemas SCADA, eficiência energética, plano diretor de automação, sistemas de comunicação wireless e estratégias de controle; • “Inovação Tecnológica”, promovido pela Missão Econômica de Israel no Brasil em parceria com o Israel Newtech, programa nacional de atuação nas indústrias israelenses que desenvolvem soluções inovadoras para os setores de água, saneamento e recursos hídricos. Em ambos os casos, a presença maciça deixou gratificados palestrantes e organizadores.

Na tarde do dia 13, a AESabesp promoveu uma visita técnica ao complexo da empresa de cosméticos Natura, em Cajamar (SP), denominado Cidade Natura. O grupo, coordenado pelo conselheiro Sérgio Eduardo Nadur, reuniu vinte participantes, que conheceram as instalações dessa empresa e suas ações Visita técnica de cunho socioambiental.

à Cidade Natura

AÇÕES SOCIAIS A AESabesp renovou a parceria com a ONG Iniciativa Verde, que desempenha um projeto de neutralização das emissões de gases de efeito estufa (GEE) por meio do restauro florestal, tornando-se detentora do selo Carbon Free, a exemplo das grandes realizações feitas com consciência ambiental em todo o mundo. Este compromisso é assumido pela AESabesp desde a Fenasan de 2007. Durante os três dias da realização da Fenasan 2009, o Instituto Oniki do Brasil disponibilizou a sua equipe da Escola Técnica de Massoterapia e equipamentos especiais para sessões de massagem e relaxamento, muito indicadas para amenizar o estresse. Desde 2005 na Fenasan, essa iniciativa está voltada à inclusão social, uma vez que a maior parte dos massoterapeutas são portadores de deficiência visual. ATIVIDADES DA OSCIP AESABESP No estande da AESabesp foi reservado um espaço para o desenvolvimento do trabalho da OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) da entidade, conduzido pelo diretor de Projetos Socioambientais, Ivan Norberto Borghi. Este espaço teve intensa visitação e imensa repercussão positiva. Os visitantes demonstraram um forte interesse em cadastrar suas propostas de atuação nos projetos socioambientais da entidade, bem como em se tornarem associados e apresentarem os seus trabalhos, que devem ser inseridos na “Carteira de Projetos AESabesp”, que se prontifica a buscar sua viabilização com apoio das iniciativas pública e privada.

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Visita técnica à Natura

No espaço da OSCIP, a AESabesp ainda lançou o livro Água, sua importância em nossa vida, que foi inserido nas pastas dos congressistas do Encontro Técnico e exposto no estande da associação. Esse trabalho, que é uma grande referência para as palestras de educação ambiental, consolida o termo de cooperação técnica entre a OSCIP AESabesp e a OSCIP Água e Cidade, autora do projeto. Além das atividades e produtos inerentes à OSCIP, a AESabesp também promoveu no seu estande a distribuição da revista Saneas, do jornal da AESabesp e do folder institucional da entidade, num trabalho motivacional de arregimentação de novos associados que teve um resultado muito positivo, fortalecendo a sua imagem no setor.

Fotos: Luciana Yole

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No dia 14, pela manhã, foi realizada a mesa “A Parceria Público-Privada (PPP) como alternativa para a universalização do saneamento básico no Brasil”, coordenada por Yves Besse (ABCON). Na tarde deste dia, encerrando as sessões de mesasredondas, foi realizada a mesa “Regulação do setor de saneamento na atualidade”, coordenada por Paulo Ferreira (Instituto de Engenharia de São Paulo).


Sistemas de Resfriamento

Luciana Yole

PALAVRA DOS ORGANIZADORES “ Estou cansado mas recompensado. É um imenso prazer poder terminar os trabalhos com sentimento de dever cumprido. Observar a satisfação dos participantes nos faz perceber a importância do evento e nos dá a certeza de que devemos continuar a realizá-lo”.

“Visitei cada estande, conversei com cada expositor, colaborador e parceiro. Vi em todos a alegria em fazer parte deste evento que comemora 20 anos. É muito bom ver todos os espaços ocupados por empresas preocupadas em mostrar seus lançamentos ao mercado, e também ver lotados os auditórios em todas as atividades programadas” Luciana Yole

Carlos Alberto de Carvalho– diretor de marketing

Luciana Yole

Luiz Narimatsu – presidente da AESabesp

TORRES DE RESFRIAMENTO ÁGUA • Resfriamento de água, água contaminada ou efluentes • Circuito aberto em PPRFV ou concreto • Circuito fechado em PRFV ou chapa galvanizada com erpentinas em aço inox ou aço galvanizado.

TUBE dek® • Placas Lamelares • Projetos Aplicáveis: - Processo Físico/Químico Floculação-Decantação - Água de Lavagem de Filtros - Sedimentação Primária - Lodo Ativado - Polimento Final

“Houve muita dedicação e empenho para que este evento ocorresse da forma que aconteceu. Estamos felizes com os resultados porque percebemos que expositores, parceiros, visitantes e participantes estão satisfeitos”.

Linha BIO dek® • Enchimentos Estruturados • Projetos Aplicáveis: - Filtros Biológicos Percolares - Filtros Submersos (aerados e anaeróbios) - Filtros Anóxicos - Lavadores de Gases

Olavo A. Prates Sachs – diretor cultural da AESabesp

Linha BCN® • Mídias Randomicas • Projetos Aplicáveis: - Reatores de leito fluidizado - Reatores Anoxicos - Reatores de alta carga

GEA Sistemas de Resfriamento Ltda. Al. Venus, 573, Distr. Industrial American Park Indaiatuba - SP - CEP: 13347-659 Fone: (19) 3936.1522 Fax: (19) 3936.1171 E-mail: geasr@geasr.com.br


Fotos: Luciana Yole

CADERNO DE RESÍDUOS “A feira está sendo realizada em um momento importante para o País. Os investimentos do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, entre outros no segmento de saneamento, são importantes para nós.” Maurílio Cirne, da Caetanos

“Nossa expectativa está sendo boa, há um grande ­número de participantes. Nosso lançamento é um adaptador de material antigo, anterior da linha do Fofo (ferro galvanizado que é PVA) e a luva de MPVC linha 300/550.” Armindo Furini, da CEB “O ano de 2009 foi um pouco atípico, e acredito que todos estejam falando isso. Nós entramos com uma expectativa de parceria com a Sabesp; mesmo que o mercado esteja retraído, temos que continuar persistindo e acreditar no saneamento.” Maurizio Bortali, da Continum “A expectativa está ótima! Participamos de algumas feiras 4 anos atrás, e esta feira está acima das perspectivas. Estamos com um equipamento de tecnologia italiana com patente específica para o ramo de biogás; o pessoal tem passado para tirar dúvidas técnicas, pois estamos aqui para trocar informações, e não só no âmbito comercial.” Roberto Silvestre, da Robushi

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“Nós participamos da feira há 5 anos, aumentamos o tamanho do estande e visamos um excelente retorno para o futuro, não só pelo contato com a Sabesp, mas com outras empresas privadas. Certamente estaremos aqui ano que vem; a feira é essencial, não podemos faltar.” Luiz Gustavo Escobar, da Allonda

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“A Fenasan é a maior feira de saneamento da América Latina; é excelente esta oportunidade para divulgarmos os equipamentos para tratamento de efluentes e efetuar contatos com antigos e novos clientes. Este ano se comprovaram mais uma vez os bons resultados com o público.” Cristina Correia, da Hidrosul


EXPOSITORES “A feira vem de encontro a aquilo que fabricamos e ao trabalho que executamos. Uma vantagem que o nosso material apresenta é que ele é natural, com uma tecnologia inovadora derivada do óleo de mamona como matériaprima, um material totalmente atóxico, sólido, sem solvente, que atende todas as necessidades ambientais e ecológicas.” Donizeti Curcio Luciano, da Imperveg

“Já participamos há alguns anos de algumas feiras e essa é mais uma oportunidade. Realmente estou bastante surpreso com a movimentação; nós tivemos uma repercussão muito boa pelos nossos equipamentos. Com certeza esta é uma feira que vou sempre estar presente.” Dirceu Rinaldo, da Flipper “Já participamos de edições anteriores, e a feira é muito importante para nossa empresa e para o setor. Nosso objetivo aqui, além de divulgar nossa empresa, nossos produtos e serviços, é fortalecer relacionamentos já existentes e criar novos relacionamentos. ” Carlos Crusciol, da Electric Schneider

“Nós estamos vendo este evento com satisfação positiva. Estamos aqui para divulgação do nosso produto, temos interesse e vamos continuar participando da Fenasan. Como diz o ditado, ‘onde você não é visto, você não é lembrado’ .” Roberto Campos, da Acquamec

“A Fenasan está muito boa. Já participamos várias vezes da feira e este ano trouxemos duas inovações que são os tubos de fibra de vidro e os tanques oblatados do mesmo material, ambos normalizados pela ABNT; é uma tecnologia que, na América toda, só a Tecniplas tem.” Wagner Rodrigues, da Tecniplas “Estamos participando pela 3ª vez e temos notado que o crescimento é bem grande. Este ano a Famac está lançando uma média de dez linhas de produtos e, para o ano que vem, vamos trazer catálogos novos com bombas para diversos portes e setores.” Rafael Dancoski, da Famac

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“A feira está muito proveitosa, o mercado de saneamento está crescendo bastante. Quero aproveitar e deixar um recado para o pessoal nos consultar mais e verificar o que o mercado exige hoje. Também estaremos aqui em 2010, pois o saneamento é o mercado do futuro.” Andres Forghieri, da Digitrol

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CADERNO DE RESÍDUOS

Lançamento oficial da Revista Visão Ambiental

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Por se tratar de um grande evento que reúne empresas e visitantes de grande relevância no setor, a VISÃO AMBIENTAL considerou a Fenasan como uma boa ocasião para lançar oficialmente a revista no mercado. Uma edição exclusiva contendo um caderno especial com um pouco dos 20 anos de história da feira e do encontro técnico, e um estande concebido dentro do conceito de sustentabilidade, fizeram um sucesso imenso entre expositores, dirigentes, autoridades e participantes em geral. A preocupação e o cuidado com os detalhes demonstraram coerência entre conteúdo e atitude.

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ENCERRAMENTO Após três dias de muito trabalho e resultados compensadores, a solenidade de encerramento do encontro foi realizada na tarde do dia 14 de agosto, após o término das mesas-redondas. A mesa de trabalho desta solenidade foi integrada pelo presidente da AESabesp Luiz Narimatsu, pelos diretores Olavo Alberto Prates Sachs (cultural), Shooji Ohara (técnico) e Carlos Alberto de Carvalho (marketing), além do deputado federal Walter Ihoshi, da Superintendente Nacional de Saneamento do Governo do Chile, Magaly Espinosa Sarria, do subprefeito de Ermelino Matarazzo, Eduardo Camargo Afonso, do presidente da Associação Brasileira de Manutenção e Tecnologia de Equipamento, Afonso Mamede, do presidente da Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente, João Alberto Viol, do presidente da ABES-SP, Dante Ragazzi, e do presidente da Associa-

ção dos Aposentados da SABESP, Daniel Castilho Azevedo. PRÓXIMA EDIÇÃO Motivada pelos bons resultados de 2009, a AESabesp já definiu a data do XXI Encontro Técnico e da Fenasan: será nos dias 10, 11 e 12 de agosto de 2010, no mesmo local. Essa iniciativa provocou o interesse tanto dos congressistas – que já podem começar a preparar seus trabalhos – como dos expositores, que estão garantindo seu espaço na feira do ano que vem – 35% da área disponível já foi comercializada, sinalizando mais uma realização de sucesso. Ao final do evento, a impressão de dever cumprido e realização de bons negócios era unânime. O setor se viu representado e fortalecido, e a ampliação de temas discutidos e empresas expositoras, demonstrando preocupações e soluções que vão além do saneamento, colocam a Fenasan como ponto de encontro obrigatório para quem trabalha ou se preocupa com o meio ambiente.

Acima (da esq. para dir.): Nilberto Machado - executivo editorial da revista Visão Ambiental, Carlos Alberto de Carvalho - diretor de marketing Fenasan, Paulo de Oliveira - coordenador de marketing Fenasan e José Antonio Gutierrez - executivo financeiro da Visão Ambiental

Acima (da esq. para dir.): José Antonio Gutierrez, Haroldo Macedo - executivo de contas da revista Visão Ambiental e Raul Lóis Crnkovic - engenheiro consultor. Ao lado e abaixo: movimentação no estande

Fotos: Luciana Yole

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Mesa de encerramento (da esq. para dir.): Shooji Ohara - diretor técnico da AESabesp, Daniel Castilho Azevedo - presidente da Associação dos Aposentados da Sapesp, Eduardo Camargo Afonso - subprefeito de Ermelino Matarazzo, João Alberto Viol - presidente da Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente, Walter Hihoshi - deputado federal, Luiz Narimatsu - presidente da AESabesp, Dante Ragazzi Pauli- presidente da ABES-SP, Magaly Espinosa Sarria - Superintendente Nacional de Saneamento do Governo do Chile, Afonso Mamede - Associação Brasileira de Manutenção e Tecnologia de Equipamento, Olavo Alberto Prates Sachs - diretor cultural da AESabesp e Carlos Alberto de Carvalho - diretor de marketing da AESabesp


VISÃO MÉDICA

Moises Chencinski

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Dr. MOISES CHENCINSKI é médico pediatra e homeopata, autor dos livros Homeopatia: mais simples do que parece e Gerar e Nascer: um canto de amor e aconchego www.doutormoises.com.br

“Se o médico perceber com clareza o que há para ser curado nas doenças, quer dizer, em cada caso patológico individual (conhecimento da doença, indicação); se ele perceber claramente o que há de curativo nos medicamentos, isto é, em cada medicamento em particular (conhecimento do poder medicinal); se souber como adaptar, conforme princípios perfeitamente definidos, o que há de curativo nos medicamentos ao que descobriu de indubitavelmente mórbido no doente de modo que obtenha seu restabelecimento; se souber, também, adaptar convenientemente o medicamento mais apropriado segundo seu modo de ação ao caso que se lhe apresenta (eleição do remédio, indicação do medicamento), assim como o modo exato de preparo e quantidade necessária (dose apropriada), e o período conveniente de repetição da dose; se, finalmente, conhece os obstáculos para o restabelecimento em cada caso e for hábil para removê-los, de modo tal que o restabelecimento seja permanente: então ele terá compreendido a forma racional de curar e será um verdadeiro praticante da arte de curar”. Esse é o 3º parágrafo do livro Organon: a arte de curar, que representa a base da filosofia homeopática, escrito por Samuel Hahnemann. Como se vê, nada de muito absurdo, nada de tão revolucionário, nada de tão inimaginável para qualquer profissional da área de saúde, especialmente os médicos. O tratamento homeopático mantém seu foco desde sua criação em 1790: o ser único, individualizado, na sua totalidade, em sua busca do equilíbrio holístico, sem agredir o indivíduo ou a natureza. O paciente vem ao médico com uma queixa. O médico analisa essa queixa dentro de um contexto global do paciente, avalia-o clinicamente, pede exames, opiniões de especialistas (se julgar necessário) e receita um tratamento amplo, in-

cluindo uma parte medicamentosa. O paciente melhora, ou até se cura. Isso é ou não é uma medicina baseada em evidências? Então, qual a razão para tanta controvérsia, para tanta discussão a respeito da validade do tratamento homeopático? Acredito que uma das principais questões de atrito seja o medicamento homeopático que é receitado após uma consulta médica específica. Sendo assim, ele é único, para aquele quadro e para aquele momento (o simillimum). Assim, o medicamento precisa ser manipulado por profissional farmacêutico habilitado a fabricá-lo, estocálo e dispensá-lo de forma adequada e que esteja apto a prestar os esclarecimentos necessários. O medicamento homeopático pode ser feito de plantas, animais, minerais. Ele é muito diluído e, dessa forma, não faz mal ao doente nem afeta o equilíbrio da natureza. Além de diluído, ele é energizado (sucussionado). O local adequado para guardar o medicamento deve ser protegido de poeira, luz, umidade e calor, de cheiros fortes, de aparelhos que emitam radiações (microondas, geladeiras, computadores, eletrodomésticos, celulares, raios X, detectores de metais em bancos e aeroportos) e distante do alcance de crianças e animais. Não existem bulas homeopáticas. Não há como indicar para que serve o medicamento. O remédio é usado para quem (paciente) e não para o quê (doença). Assim, protegendo o indivíduo sem agredir o ecossistema, utilizando mínimas quantidades de substâncias provenientes da natureza sem esgotá-las e não apresentando metabólitos que, uma vez de volta à natureza, não vão provocar mudanças na homeostase nem do indivíduo e nem do mundo que o cerca, o tratamento homeopático é um modelo a ser preservado e até difundido como meta para o milênio. Preserve a natureza e o ser humano. Homeopatia: ontem, hoje e sempre.

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Homeopatia e sustentabilidade

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EXPORTAÇÃO DE RESÍDUOS

Eduardo Borges da Silva/Ascom/IBAMA-SP

Pintou sujeira... Navio com contêineres repletos de resíduos provenientes da Inglaterra

Lixo enviado da Inglaterra para o Brasil é um alerta para a prática internacional de crimes ambientais

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Por Arielli Secco

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Um ser humano gera aproximadamente cinco quilos de lixo por dia. Fazendo uso de uma simples operação matemática, é possível ter noção do significado de mil e seiscentas toneladas de material dispensado. Acompanhe o raciocínio: são um milhão e seiscentos mil quilos. Considerando a estimativa que abriu a reportagem, seriam necessárias trezentas e vinte mil pessoas para gerar tal quantidade de resíduos. Esse contingente populacional é equivalente ao número de habitantes da cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, de Maringá, no Paraná, ou de Bauru, em São Paulo.

Os números tornam-se ainda mais expressivos quando o fato em questão é a origem desse tanto de lixo. A descoberta de vários contêineres vindos da Inglaterra veio à tona e foi divulgada pela imprensa em julho. A carga aguardava um destino nos portos de Santos (SP) e Rio Grande (RS). Ficou difícil entender o que aconteceu. A sujeira começou quando fiscais da Receita Federal encontraram setecentas e cinquenta toneladas de material indesejável em Rio Grande. Plástico, papel, vidros, seringas e até camisinhas faziam parte de todo o material transportado. Um papel trazia os seguintes dizeres em português: “Colocamos um tonel cheio de brinquedos e um saco com diversas bolas para serem distribuídos com as crianças carentes” e “Lavar antes de usar”. Reportagens na televisão mostravam bonecos quebrados, brinquedos imundos e com defeitos envolvidos em fitas adesivas junto ao recado. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Receita Federal, o Ministério Público Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambien-

“O processo de importação tem seu tempo específico; muitas vezes cargas ficam paradas no aguardo dos trâmites necessários para sua internalização.” Ingrid Öberg, chefe do escritório regional do Ibama de Santos


nistério do Meio Ambiente e ao Ministério das Relações Exteriores. O objetivo foi comunicar o governo inglês e declarar o descumprimento de acordos internacionais, como a Convenção de Basileia. O porto de Santos é o maior da América do Sul. A carga ilegal encontrada lá teve ainda como agravante o tempo em que permaneceu no local. Os últimos vinte e cinco contêineres descobertos estavam no porto desde novembro de 2008. “O processo de importação tem seu tempo específico, muitas vezes cargas ficam paradas no aguardo dos trâmites necessários para sua internalização. Mas os contêineres estavam praticamente abandonados pelo importador”, esclareceu Ingrid. Quanto aos demais contêineres de Santos e à carga localizada no Rio Grande do Sul, a remessa aportou em vários lotes que começaram a chegar ao Brasil em fevereiro deste ano. Como todo visitante indesejado, a solução para o caso foi mandar o lixo de volta o mais rápido possível. A devolução da carga começou no dia 5 de agosto e a previsão de chegada da primeira remessa é dia 17 de agosto no porto de Felixtowe, o mesmo ponto de partida. As multas aplicadas pelo Ibama às importadoras passam de um milhão de reais. “Em Santos, foram duas multas de aproximadamente R$ 154 mil e duas de R$ 234 mil. No Rio Grande, as multas foram de R$ 408 mil”, contou Ingrid. Em entrevista à Visão Ambiental, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, chamou a atenção para o dever do país em reprimir esse crime ambiental. “Estamos comunicando ao país exportador para que use a legislação soberana para punir os autores da exportação ilegal. Duvido que algum país desenvolvido aceite nosso lixo ou troquem o lixo entre si”, declarou o ministro. CONVENÇÃO DE BASILEIA O caso repercutiu no país e no mundo. Ao mesmo tempo, a África também era alvo desse tipo de crime. O jornal britânico The Times chamou a atenção dos leitores para uma denúncia em Gana. De acordo com a reportagem, televisores, geladeiras e outros aparelhos eletrônicos são amontoados em depósitos no bairro de Agbogbloshie. Moradores e trabalhadores de lá afirmam que os materiais têm etiquetas britânicas. Também não é a primeira vez que a África passa por essa situação. Em agosto do ano passado, o Greenpeace divulgou um relatório identificando

“Estamos comunicando ao país exportador para que use a legislação soberana para punir os autores da exportação ilegal. Duvido que algum país desenvolvido aceite o nosso lixo ou troquem o lixo entre si”. Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente

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te e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) se uniram no caso e iniciaram um processo de investigação. Em Caxias do Sul, mais descaso. Além do envio do lixo, a transportadora recolheu as caixas utilizadas no carregamento por ordem do importador e deixou o material despejado no porto seco da serra gaúcha junto a outras cargas, sem qualquer tipo de isolamento ou proteção. Os contêineres eram destinados a duas empresas de Bento Gonçalves (RS) - Stephenon Estratégia e Marketing e Alfatech - e a uma empresa de Goiânia. A ironia encontra-se no fato de que o dono das exportadoras é brasileiro. Julio Cesar Rando da Costa é proprietário da Worldwide Biorecyclabes Ltda. e da UK Multiplas Recycling Ltda., sendo que a primeira entrou em falência neste ano e a segunda opera em Swidon, na Inglaterra. De acordo com informações da BBC Brasil, o empresário afirmou que recebeu a carga como sendo plástico destinado a reciclagem, já que a UK Multiplas Recycling realiza o processo de prensagem do material, exportado em seguida. O problema se estendeu para São Paulo. Dias depois, as manchetes dos jornais declaravam um acréscimo de mais de seiscentas toneladas a essa conta. A chefe do escritório regional do Ibama em Santos, Ingrid Öberg, contou que recebeu um comunicado do escritório de Rio Grande com suspeita de que uma outra parte da carga do mesmo importador estaria no porto da cidade e poderia conter lixo. A dúvida se confirmou: resíduos eletrônicos como cabos e restos de computadores, travesseiros, embalagens de produtos domésticos e sobras de alimentos aumentaram a soma em cerca de trezentas toneladas. “Nós assumimos a responsabilidade de contatar a Receita Federal, vistoriar os contêineres e tomar as providências legais no âmbito da legislação brasileira”, explicou Ingrid. Segundo ela, em 2004 houve a autuação de uma importação de resíduos tóxicos industriais, mas é a primeira vez que ela tem conhecimento desse tipo de ocorrência com lixo doméstico. A conta totalizou oitenta e nove contêineres: quarenta em Rio Grande, quarenta e um em Santos e oito em Caxias do Sul. A partir de então, os órgãos envolvidos no caso procuraram agir de forma conjunta nas três regiões, seguindo o mesmo padrão de procedimentos. O escritório central do Ibama, em Brasília, providenciou a coordenação das informações e a organização de um dossiê para formalizar denúncia ao Mi-

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EXPORTAÇÃO DE RESÍDUOS depósitos ilegais de lixo eletrônico em Gana. O material era originário da Ásia, Europa e Estados Unidos. Esse tipo de resíduo recebe o nome de e-waste (ou e-lixo, na tradução) e é altamente tóxico, composto por elementos como alumínio, cádmio, zinco e chumbo, que contaminam o solo e os lençóis freáticos. O envio de lixo de países desenvolvidos a países em desenvolvimento é crime. Isso contraria a Convenção de Basileia, tratado internacional reconhecido em uma conferência do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em 1988, em Basiléia, na Suíça. Em 1993, o Brasil confirmou sua participação como integrante da convenção, citada

em resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O acordo tem como finalidade acabar com o envio de lixo dos países mais desenvolvidos aos menos desenvolvidos. Duas emendas ao tratado, aprovadas entre 1995 e 1997, determinam a proibição da exportação de qualquer resíduo, seja ele para destinação ou reciclagem. Coube aos países a decisão de ratificar ou não essa emenda. O ministro Carlos Minc alertou para a necessidade de legislação e fiscalização mais rigorosas. Reuniões entre a Polícia, a Receita Federal e o setor responsável pela política portuária brasileira já foram feitas para discutir o problema. “Só conseguiremos assegurar que nenhum lixo exportado vá

entrar aqui quando tornarmos mais rigoroso o chamado Canal Verde, em que cerca de 85% dos contêineres passam pela aduana portuária sem fiscalização direta do seu conteúdo”, explicou Minc. Para que isso ocorra, o ministro detalha que o país terá que adquirir mais equipamentos de controle, como scanners e aparelhos de raio X. Parcerias serão firmadas entre a Polícia Federal e as autoridades portuárias para que episódios como esse não voltem a ocorrer.

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POSICIONAMENTO ABRELPE

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REVISTA VISÃO AMBIENTAL – A ISWA (Associação Internacional de Resíduos Sólidos) comenta no texto de apresentação que “ser parte da nossa associação irá dar-lhe um acesso sem precedentes a organizações internacionais como o PNUMA, a OMS, a Europa ou UE (...)”. Isso demonstra que países como a Inglaterra deveriam ser referência no tratamento e destinação de resíduos sólidos. Considerando essa notícia e tantas outras que denunciaram casos de envio de lixo de países desenvolvidos a países em desenvolvimento, nota-se que essa prática não é tão incomum. Sabemos que o caso noticiado se trata de situação isolada e repudiada pela comunidade internacional, e que tal atitude não representa a postura de um país, mas sendo a Abrelpe a representante da International Solid Waste Association no Brasil, qual é a avaliação da associação diante do envio de contêineres de lixo da Inglaterra para o Brasil? O envio de resíduos de países desenvolvidos para países em desenvolvimento, principalmente os localizados na África, no leste Europeu e no sul da Ásia constitui-se num fato já constatado há algum tempo, cuja prática vem sendo coibida por todos os órgãos envolvidos. Estima-se que cerca de 400 milhões de toneladas de resíduos perigosos são gerados no mundo atualmente e que cerca de 40 milhões de toneladas são dispostas em países menos desenvolvidos. ABRELPE – Observamos que a disposição de uma tonelada de resíduos nos países desenvolvidos custa em torno de USS 100 a USS 2 mil, dependendo da característica do resíduo a ser disposto, enquanto nos países em desenvolvimento custa entre USS 3 e USS 70. Tal constatação torna necessária a adoção de políticas de controle e rastreamento de resíduos que impossibilitem tal “comércio” ilegal pois, em última instância, quem perde

é sempre o meio ambiente. A Convenção da Basileia conta com um centro e pessoal treinado e capacitado para desestimular tais práticas, fiscalizar, apurar denúncias e punir os responsáveis. Também existem diversas ONGs que tratam do assunto, auxiliando as autoridades em suas funções. Entretanto, tal como outros crimes (contrabando, tráfico de drogas, etc.), a exportação ilegal de resíduos é planejada e executada por quadrilhas com ramificações e integrantes que tentam viabilizar a tarefa e consumar a disposição dos resíduos nos países em desenvolvimento. A ISWA, no seu papel de principal associação do mundo do setor de resíduos sólidos, vem cumprindo seu papel de integrar os atores, disseminar informações, treinar e capacitar as pessoas e estabelecer uma rede de contatos a fim de promover o desenvolvimento do setor de resíduos ao redor do globo. Nesse caso específico de exportação ilegal de resíduos, a ISWA está em permanente contato com a delegação da Convenção da Basileia, em Genebra, e junto à mesma estabelece uma constante troca de informações e dados, a fim de aprimorar os sistemas de fiscalização e apuração dos crimes, com a consequente punição. Além disso, as autoridades da Convenção da Basileia participam com frequência dos congressos e seminários da ISWA, onde apresentam os dados mais recentes e outros detalhes para capacitar e conscientizar os participantes acerca da importância dessa questão. No tocante ao caso ocorrido no Brasil, a Abrelpe, como membro nacional da ISWA em nosso país, manteve contato com os representantes da CIWM (Chartered Institution of Wastes Management) e com membros nacionais da ISWA no Reino Unido na tentativa de obter mais informações de ambos os lados, bem como para estabelecer uma base de dados iniciais (afinal essa foi a primeira vez que tal

fato aconteceu envolvendo os dois países) com o objetivo de prevenir futuras ocorrências semelhantes, enquanto aguardamos a completa apuração do caso e a responsabilização dos criminosos. REVISTA VISÃO AMBIENTAL – No que diz respeito à legislação, em entrevista à nossa revista, o ministro Carlos Minc declarou que serão propostas mudanças nas leis vigentes, pois “não é possível que o lixo indesejável tenha o mesmo tratamento que qualquer produto de exportação ilegal, que é o confisco, sem que possamos responsabilizar os criminosos pelo retorno da carga exportada ilegalmente para o Brasil”. A Abrelpe concorda com isso? A legislação tem falhas? O que é preciso mudar? ABRELPE – A importação de resíduos já é efetivamente proibida no Brasil, pois o País é signatário da Convenção da Basileia, que proíbe o trânsito de resíduos sólidos e líquidos perigosos entre países. Entretanto, de acordo com a situação do mercado, empresas que atuam no Brasil podem importar alguns materiais, como sucata de papel, ferro, aço, plástico que, a todo rigor, podem se configurar como resíduo em sua origem, porém são importados como insumos (matéria-prima) para a indústria brasileira. Como signatário da convenção, o Brasil conta com uma proteção legal contra a importação indevida de resíduos. Porém, nosso país ainda não conta com uma Política Nacional de Resíduos, que poderia e deverá tratar dessa matéria de maneira mais clara e efetiva. De acordo com o projeto de lei atualmente em discussão no Congresso (PL 1991/2007), há uma disposição para vedar a importação de qualquer tipo de resíduo. Assim, ao nosso ver, não há necessidade de se falar em nova legislação, mas de se canalizar esforços para a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.


VISÃO SOCIAL

Emiliano Milanez Graziano da Silva

Plano Nacional da

Sociobiodiversidade cadeias de valor dos produtos da floresta sólidas e rentáveis ao pequeno produtor. Isso possibilita que aquele cidadão, caboclo da terra que sempre colheu açaí pra fazer suco ou sempre comeu pequi porque era o que tinha, possa vender estes frutos por um preço mínimo que lhe confira uma renda capaz de cobrir os custos de comprar material para a colheita, armazenamento e até mesmo transformação do produto natural bruto em matérias-primas valiosíssimas para a indústria de cosméticos, como é o caso dos óleos de andiroba ou buriti. O Plano será detalhado por produto e pactuado em cada estado produtor com órgãos governamentais, de pesquisa, representações de produtores, ambientalistas e representantes das indústrias, de modo a se encontrar alternativas econômicas para a superação dos já conhecidos gargalos visando o aumento da produção e promoção da cadeia. Inicialmente estão sendo trabalhadas as cadeias do babaçu e da castanha-do-Brasil (conhecida como castanha-do-Pará), que, segundo o IBGE, movimentaram em 2007 algo em torno de R$ 45 milhões para uma produção de pouco mais de 30 mil toneladas de castanha e R$ 113 milhões para uma produção de 114.874 toneladas de babaçu. Mais informações sobre os objetivos, metas, parceiros envolvidos e, principalmente, como você pode apoiar esta iniciativa estão disponíveis diretamente na página da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov. br/sociobiodiversidade). Caso você tenha algum comentário ou sugestão sobre este artigo ou sobre temas para o próximo artigo, escreva pra mim – emiliano@tulipeconsultoria.com.br

EMILIANO MILANEZ GRAZIANO DA SILVA é engenheiro agronômo, consultor especialista da FAO/ONU e da Unesco e também diretor da Tulipe Consultoria em Projetos Sustentáveis – www.tulipeconsultoria.com.br

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Valorizar a floresta em pé é a saída para sua preservação, isso é óbvio

Divulgação

Outro dia vi um adesivo em um carro que dizia mais ou menos o seguinte: ”Será que só depois que o último rio secar, o último peixe for pescado, a última árvore for derrubada e o último solo for desertificado é que o homem vai perceber que não pode comer dinheiro?”. É uma reflexão importante, sobretudo em tempos de greenwash, uma neologia pra picaretagem que significa a utilização de ações supostamente “verdes” ou ambientalmente corretas para disfarçar o comportamento verdadeiramente nocivo ao meio ambiente e insustentável da empresa ou corporação. Valorizar a floresta em pé é a saída para sua preservação, isso é óbvio. O cidadão que vive no meio do nada, que só tem árvores à sua volta tem que ganhar dinheiro de alguma forma para poder comprar aquilo que não planta ou então para poder satisfazer suas “necessidades”, muitas vezes criadas pela cultura do consumismo. Pipocam na mídia, especializada ou não, notícias de boas intenções para atacar este problema, como é o caso do pagamento por desmatamento evitado ou das RPPNs (Reservas Particulares para o Patrimônio Natural). Mas ainda assim, o dilema do cidadão que vive em áreas de floresta, ou muito próximo a elas, não é resolvido, pois a mata não produz dinheiro suficiente de maneira contínua. Por isso as árvores com madeira mais nobre são cortadas e vendidas, seguindo para as menos nobres até que aquilo que tem um valor comercial muito baixo como madeira é vendido como carvão e a mata desaparece. E o cidadão continua na miséria. Com este cenário em mente, está em desenvolvimento, e já apresentando resultados muito importantes, o Plano Nacional das Cadeias Produtivas da Sociobiodiversidade, que estabelece uma série de ações – divididas em emergenciais e estruturantes – para tornar as

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DEBATE VIRTUAL

Escolhas sustentáveis e conscientes

Por Susi Guedes

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Diariamente nos vemos diante de escolhas de consumo. Elas estão presentes em quase tudo e nem sempre nos damos conta disso em nossas atividades cotidianas, como escovar os dentes com a torneira aberta ou fechada, apagar a luz quando saímos de um ambiente, nas compras programadas para evitar desperdício de alimentos, e tantas outras. Estamos também expostos a escolhas quando da compra de produtos e bens, duráveis ou não, que impliquem em menor consumo de energia, origem comprovada, produto reciclável ou reciclado, responsabilidade

social, credibilidade e transparência da empresa fornecedora, matéria-prima certificada, etapas de produção otimizadas e várias outras informações, conhecidas ou não, divulgadas ou omitidas, mas que podem direta ou indiretamente afetar o meio ambiente. Todas as novas possibilidades na hora da escolha nos deixam muitas vezes sem saber qual o melhor caminho, porque, afinal, algumas escolhas que são mais condizentes com a consciência ambiental podem também implicar em custos mais altos, poucas opções de modelo, cor, conteúdo, quantidade e outras características. Surge então um dilema que nem sempre é de fácil resolução: custo X impacto ambiental X necessidade X utilidade X qualidade – tudo isso tem de ser levado em consideração, até para comprar um simples sabão em pó, uma mesa para o escritório, alimentos para o almoço, uma roupa nova, um carro ou uma geladeira. O fato é que a cada dia se torna mais evidente que até nossas escolhas mais elementares afetam a natureza. A forma como vamos conduzir nossas escolhas e educar as novas gerações neste sentido, buscando

Rafael Ferraresso, administrador de empresas, é diretor da Ferraresso Consultoria

que as empresas, fornecedores e prestadores de serviço atendam nossos anseios e necessidades, faz a diferença. Atitudes individuais podem influenciar o coletivo. A coluna DEBATE VIRTUAL apresentou o assunto em forma de perguntas a quatro pessoas de diferentes áreas profissionais e de atuação, cada um com sua visão pessoal sobre o tema, tendo suas opiniões cruzadas, num “debate à distância”, que nos leva a refletir e agir. Se o leitor desejar responder às mesmas perguntas, elas estão em nosso site e ficarão disponíveis até o lançamento da próxima edição. Algumas respostas serão divulgadas no site, assim você participa do nosso debate virtual, que começa aqui, com nossos convidados.

Simone Soares é atriz e cineasta Divulgação

ail.com ora@gm esign.fl d : o çã Ilustra

As opções do consumidor podem direcionar os novos lançamentos do mercado


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água (substituí válvulas de descarga por caixas acopladas) e separo lixo para reciclagem. Na empresa, não imprimimos e-mail e reduzimos ao máximo a impressão de documentos. Simone Soares - As atitudes que tenho de consciência ambiental começam em casa. Evito o desperdício de água, de energia, faço coleta seletiva de lixo e como alimentos orgânicos. Pedro Benamor Marvão – Cada vez mais tenho a preocupação em não deixar as luzes de casa acesas ou em fechar a torneira da água. Por outro lado, tento sempre não esquecer de separar nos vários recipientes do lixo as embalagens, o cartão e os jornais, os vidros, etc. Este cuidado é habitual e já faço isto automaticamente. Jamais deito um papel no chão quando estou na rua, e quando vou à praia nunca deixo restos de comida ou outras coisas na areia, coloco sempre tudo nos caixotes do lixo ou na mochila. Confesso que talvez tenha sido o documentário do Al Gore (Uma verdade inconveniente) que me despertou de alguma forma para uma maior consciência ambiental. De fato, uma das ameaças que vivemos hoje é a do aquecimento climático. O buraco de ozônio está a aumentar cada vez mais, e a terra está a aquecer a um ritmo sequencial mais elevado, o que faz aumentar os níveis das águas do mar, podendo engolir numerosas cidades portuárias, bem como zonas costeiras habitadas por centenas de milhões de pessoas. Do meu ponto de vista, caso não se tomem algumas medidas sérias para se combater o aumento do buraco do ozônio, não se afigura nada de bom. Resta a esperança de que Obama inverta o curso desta política de cassino que unicamente serviu para aumentar o bolso dos investidores e

Quando vai às compras, leva em consideração que o produto ou serviço tenha algum apelo ambiental, de sustentabilidade ou preservação da natureza? Já comprou alguma coisa apenas por ter este tipo de apelo? Rafael - Sim, produtos cujas empresas contribuam para algum projeto ambiental ou de sustentabilidade têm preferência na hora da compra. Simone - Tenho simpatia pelos produtos que têm essa consciência. Confesso que muitas vezes consumo o produto pela propaganda de ser orgânico, sem agrotóxico, de não agredir o meio ambiente... Acho importante a consciência de preservar o corpo e o planeta. Pedro - Não levo sempre em consideração os ape-

Pedro Benamor Marvão é advogado, partner da Sociedade de Advogados de Direito Português BMGA e sóciogerente da Clever Click, Serviços de Telecomunicações e Informática, Lda.

“Como consumidor penso realmente no que será do futuro se não fizermos algo no presente” Rafael Ferraresso

“As atitudes que tenho de consciência ambiental começam em casa; evito sempre o desperdício” Simone Soares

Luiza Zeccer Sarubi é estudante de jornalismo do 4o período da Unisul

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009

Rafael Feraresso - Eu racionalizo a utilização de

causar perdas ainda incalculáveis nas poupanças de milhares de pessoas. Luiza Zeccer Sarubi – Somos, na grande maioria, imediatistas, e por consequência acabamos não agindo de maneira efetiva em relação a assuntos recorrentes como a consciência ambiental. Não diferente de uma grande parcela da população, acabo refletindo mais sobre minha postura consciente quando me deparo com situações nas quais não tenho autonomia o suficiente para resolvê-las. Por exemplo, só me dou conta da necessidade diária da água quando o abastecimento é interrompido por algum motivo. Ou ainda me vejo escrava da energia elétrica quando ela me falta e não vejo ser possível nenhuma atividade, principalmente à noite. Na minha casa, reciclamos lixo e tentamos reduzir o consumo de energia trocando lâmpadas, tirando aparelhos domésticos da tomada etc. Nossa última postura ambiental foi abolir definitivamente as sacolas plásticas quando vamos ao supermercado. Como moramos perto de um, sempre levamos nossas sacolas ecológicas.

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Qual(is) atitude(s) cotidiana(s) você tem e que considera como sendo “de consciência ambiental”?

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DEBATE VIRTUAL

“Cada vez mais tenho a preocupação em não deixar as luzes de casa acesas ou em fechar a torneira da água” Pedro Benamor

los ambientais dos produtos ou serviços, se gostar mais de um produto ou serviço; sinceramente eu compro-o preterindo os outros. Não sou um fanático nem um fundamentalista do ambientalismo, embora tenha presente essa preocupação como um imperativo a que já não sou alheio. Nunca comprei um produto unicamente por ser bom para o ambiente. Luiza - Nas compras do dia a dia, naquelas em que consumimos o básico, não me atenho a escolhas de produtos com um apelo ambiental. Tenho sim muitos objetos derivados de material reciclado, como agenda e cadernos. Como faço jornalismo, tenho uma demanda grande de leitura e cópias, e sempre as peço em papel reciclado.

Acha justo que produtos ou serviços que tenham conotação ambiental sejam mais caros? Considera convincentes e legítimos os motivos alegados para justificar este custo mais elevado?

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Rafael – Não acho justo; os motivos alegados não

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“Só me dou conta da necessidade diária da água quando o abastecimento é interrompido por algum motivo” Luiza Zeccer

devem ser levados em conta. Aliás, a conotação ambiental deveria estar contemplada no projeto do produto e ser absorvido pelo fabricante e não repassado ao cliente. Caso contrário, é como dar esmola com o dinheiro dos outros. Simone – Não acho justo o valor elevado dos produtos naturais e orgânicos. Deveria existir um subsídio ou isenção fiscal para estimular a produção e o consumo desses produtos. Pedro –Julgo que a tendência será para o preço dos produtos ou serviços ambientais baixarem de custo, mas nunca me preocupei muito com esta questão. Luiza- Como a maioria dos produtos que compro que tenham conotação ambiental são artesanais, valorizo o preço também pela proposta, trabalho e criatividade.

Sempre que algo é divulgado como tendo alguma ligação com a causa ambiental você acredita? Se tem alguma dúvida, o que o leva a pensar assim? Rafael- Acredito, não tenho dúvidas, sei que os números e as imagens muitas vezes são superdimensionados pela propaganda paga, porém hoje em dia é muito difícil haver trapaça por parte de empresas, tal a visibilidade e os mecanismos de visualização existentes nesses projetos. Simone- Sim, eu acredito. Me interesso pelas ONGs e sei que tem sido feito um excelente controle nas empresas e produtos, e também que as pessoas es-

tão ficando cada vez mais conscientes com o meio ambiente e a importância de sua preservação. Pedro- Normalmente acredito que os produtos que são anunciados com a causa ambiental sejam realmente credíveis. Não me oferece muitas dúvidas a esta questão. Luíza - Sim, acredito, mas acho que o que existe é uma preocupação geral, mas sem muita atitude prática. Com a preocupação vêm as pesquisas e as mudanças de hábito que facilitam para que uma mudança significativa aconteça para o bem do planeta, e em consequência, do próprio homem.

Qual sua motivação quando escolhe economizar água, comprar produtos que consumam menos energia, preferir empresas que tenham atitudes sustentáveis, e outras posturas neste sentido? Rafael - Como consumidor, penso realmente no que será do futuro se não fizermos algo no presente. Como empresário, penso nas economias e benefícios a médio e longo prazo dessas ações. Simone - O que me motiva a economizar água é saber da importância que cada um deve fazer a sua parte para preservar o planeta. O meu próximo passo é colocar em casa um sistema de coleta de água da chuva e energia solar. Tenho uma filha de 5 anos, a Luana, que desde pequena já tem atitudes de preservação ambiental. Pedro - A minha motivação é bastante significativa no que tange às escolhas que no dia a dia eu faço com relação às empresas que se preocupam com o ambiente e que tenham uma perspectiva sustentável e que não pensem unicamente na maximização do lucro por si, mas antes se preocupem também com o salvamento do planeta. Como um jornalista famoso de nome Amin Maalouf disse, hoje em dia vivemos num“Mundo sem regras”e entramos no novo século sem bússola. E, por isso, todos nós temos o dever de contribuir para uma ação de salvamento com sabedoria, com lucidez, mas igualmente com paixão e, por vezes, até com ira. Luíza - Além do fator financeiro, há a preocupação ambiental. Quem nunca ficou uma noite às escuras em casa sem ter o que fazer? Em Florianópolis temos o exemplo de poucos anos atrás do apagão que durou dias, fazendo com que as atividades dos moradores tivessem que ser revistas. Nessas horas, nos deparamos com dificuldades de um futuro que pode sim estar próximo se não mudarmos nossos hábitos enquanto a mudança ainda é uma escolha.


VISÃO INTERNACIONAL

Divulgação

JOÃO SAMPAIO é economista, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea)

Considerando que a busca de alternativas no desenvolvimento de energias renováveis, a para aumentar a sua influência nas decisões sobre produção de etanol de cana-de-açúcar, a ada economia mundial é uma prioridade do BRIC ministração sustentável das matas tropicais e a (Brasil, Rússia, China e Índia), foi absolutamente gestão de resíduos sólidos. Embora o relatório lógico o destaque conferido à segurança alimentar não tenha incluído nessa lista de diferenciais e à oferta energética na pauta da primeira reunião as tecnologias de aplicação do etanol, como os de cúpula desse bloco de emergentes, na cidade automóveis flex, evidencia o reconhecimento da russa de Ecaterimburgo, em 16 de junho. Afinal, comunidade internacional não só à nossa capanão há dúvida quanto ao peso político e diplomá- cidade de produzir, mas também de inteligência tico crescente das nações e know-how. O Brasil é o país com as capazes de atender às Muito relevante tamdemandas internacionais esse mesmo estudo melhores condições de bém de comida e combustíconsiderar que o etanol veis limpos, advindos de brasileiro de cana-de-açúassumir a liderança na fontes renováveis. car reduz de 70% a 90% produção e exportação de Na verdade, o Brasil as emissões de gases do é o país com as melhores produtos agropecuários, efeito estufa, em compacondições de assumir a ração com a gasolina. Os liderança na produção incluindo as commodities biocombustíveis, ainda e exportação de prosegundo os dados do Bird, e os biocombustíveis dutos agropecuários, representam cerca de 6% incluindo as commodities e os biocombustí- da energia consumida no setor de transporte da veis. Tal circunstância se comprova no fato de América Latina, com destaque para a produção que acabamos de receber referendo da mais e consumo de etanol do Brasil. Fundamental é alta credibilidade: o estudo do Banco Mundial o reconhecimento, no documento, de que, “ao (Bird) “Desenvolvimento com menos carbono contrário da produção do etanol de milho em — Respostas latino-americanas ao desafio outros países, o produto brasileiro de cana-dedas mudanças climáticas”. açúcar não contribuiu, em razão do desvio de A pesquisa ratifica que o Brasil possui terras destinadas à produção agrícola, para o uma das matrizes energéticas mais lim- aumento do preço das matérias-primas alimenpas do mundo (mais de 80% da energia tares ocorrido em 2007/2008”. que produz são provenientes de fontes Agora, seria fundamental que, a partir de sua renováveis, como a hidroeletricidade e primeira reunião de cúpula na Rússia, as nações os biocombustíveis líquidos). do BRIC pudessem atuar diplomaticamente de Sugere, ainda, que o País maneira mais coesa e sinérgica, avançando nas pode compartilhar suas negociações, com norte-americanos e europeus, experiências bem-suce- dos subsídios agrícolas e taxas de importação do didas de manejo am- etanol. Ao agirem assim, não estariam beneficianbiental com outras do apenas o Brasil, mas todo o bloco, à medida nações emergen- que a contribuição recíproca poderia implicar tes e em desen- a contrapartida brasileira no fornecimento e vo l v i m e n t o, também na transferência de tecnologia, o que especialmente é muito importante.

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009

O BRIC e o binômio da sustentabilidade

João Sampaio

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VISÃO ADMINISTRATIVA

Giovani Toledo

Tempo de conscientização e atitude

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Em nenhum período o mundo desenvolveuse tanto como nos últimos cinquenta anos. Seja na medicina, nas telecomunicações, nos setores industriais, nos transportes, nas áreas tecnológicas ou na indústria de diversos segmentos, inúmeras mudanças tornaram mais confortável a vida do ser humano. Tanta evolução, porém, não veio só. A despeito dos benefícios adquiridos pela humanidade em todos esses anos, os danos causados ao planeta são notórios e tornaram-se urgentes por solução. No mês de agosto, existe um dia (14) especialmente dedicado ao combate à poluição, que nos faz avaliar o quanto podemos fazer em favor de nosso planeta e para melhorar nossa qualidade de vida e das próximas gerações. No ar, na terra, na água, a preservação dos recursos naturais é de responsabilidade de todos e pequenas atitudes podem trazer resultados bastante significativos. Vivemos num país beneficiado pela natureza. Temos em nosso território a maior floresta tropical do mundo, que abriga uma enorme biodiversidade — animal e vegetal — e detemos cerca de 13% da água potável do planeta. Entretanto, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam para 578 km2 de áreas em processo de desmatamento na Amazônia Legal no mês de junho último, totalizando 3.562 km2 em 12 meses, e desperdiçamos cerca de 40% da água que tratamos. Diariamente, centenas de toneladas de lixo são jogadas nas ruas e outras tantas toneladas de poluentes são lançadas no ar, produzidos por milhões de veículos que circulam por nossas cidades, responsáveis também pela poluição sonora que tanto prejudica a saúde da população. Dados da Organização das Nações Unidas apontam para um futuro ainda mais preocupante. Cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso a água potável, fator responsável por

80% das mortes e enfermidades nos países em desenvolvimento. A falta de saneamento básico e de água disponível para a agricultura tem levado milhões de pessoas à morte todos os anos. Temos de mudar este quadro, começando pelo âmbito familiar. Precisamos ensinar nossas crianças, desde pequenas, a cuidar No ar, na terra, na água, a do bem-estar de todos, a não jogar lixo preservação dos recursos naturais é nas ruas e a fechar a de responsabilidade de todos; torneira ao escovar os pequenas atitudes podem trazer dentes e ao varrer as resultados bastante significativos calçadas, e a separar os diferentes tipos de lixo. Devemos agir todos os dias em favor da preservação da natureza em casa, na rua, no trabalho, não somente por imposição de leis, mas por conscientização e respeito a nós e ao próximo. Pessoas que pensam e praticam ações que beneficiam o meio ambiente agem com base no desenvolvimento sustentável.

GIOVANI TOLEDO é gestor da Unidade de Negócios Mizumo – unidade de negócios do Grupo Jacto, especializada em sistemas compactos de tratamento de esgoto sanitário

Divulgação

VISÃO AMBIENTAL • SETEMBRO/OUTUBRO • 2009

Mais do que nunca, precisamos combater a poluição e agir em favor do meio ambiente


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VISÃO ECONÔMICA

Alexandre Reis

Recursos Hídricos:

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O Brasil detém aproximadamente 8% de toda a água doce do mundo. Desse percentual, 80% está na região amazônica. Se repartíssemos os 20% restantes pelas demais regiões, cada uma ficaria com 5%. Logo, é preciso haver um plano de gestão adequado para esse recurso natural, principalmente nos estados das regiões Sul e Sudeste. Antes, a problemática dos recursos hídricos se restringia ao problema da poluição qualitativa, ou seja, dos detritos lançados em mananciais. Com o passar do tempo surgiu também o problema da escassez quantitativa. Portanto, sem medidas bem planejadas, vai faltar água. Vários setores da sociedade argumentam pela consciência ou pela educação ambiental. Isso é muito importante, mas não é tudo. O próprio País age de maneira pouco significativa para mitigar o problema. O que precisamos, de fato, é da implementação imediata de um sistema nacional de gestão dos recursos hídricos. Isso é essencial para a sustentabilidade do sistema. Hoje, os instrumentos mais utilizados para controlar o problema da água são a cobrança pelo uso (retirada) e o direito de uso (outorga), mas falta o principal, que é a implementação da tríade incitação financeira, participação descentralizada e reversão de recursos em obras. Para que isso se concretize é preciso consolidar os comitês e as agências de bacia. A origem teórica do instrumento de cobrança está no livro Princípios da Economia Política e da Tributação, de David Ricardo, economista do século XIX. A generalização do raciocínio da renda estática para os demais recursos naturais já constava na discussão sobre a determinação da renda da terra que ele fez em sua obra. O autor falou desse problema com mais de um século de antecedência. A citação abaixo demonstra isso: “Nada é mais comum que ouvir falar das vantagens que a terra possui sobre qualquer outra fonte de produção, devido ao excedente

que proporciona sob a forma de renda. No entanto, quando a terra é muito abundante, muito produtiva e fértil, não produz renda alguma. Somente quando suas forças diminuem, e quando se obtém menor retorno com o trabalho, uma parcela da produção original das faixas mais férteis é destinada ao pagamento da renda. (...) Se o ar, a água, a elasticidade do vapor e a pressão atmosférica tivessem diferentes qualidades; se pudessem ser apreendidas e se cada qualidade existisse apenas em quantidade moderada, esses agentes, assim como a terra, dariam origem a renda, à medida que as diferentes qualidades fossem sendo utilizadas.” David Ricardo constata que os recursos naturais podem gerar renda devido a três motivos: (a) escassez, (b) qualidades diferenciadas, e (c) possibilidade de ser apropriado (possuir valor de troca). De fato, quer por problemas quantitativos (extração excessiva), quer por problemas de degradação qualitativa (poluição), as águas dos mananciais têm diminuído. Dessa forma, os recursos naturais adquirem características semelhantes a qualquer outro ativo na economia. Ao não serem mais bens livres, passam a ser considerados bens econômicos, como a terra. É claro que, no caso do ar e da água, existe o problema da apropriabilidade. Nesse caso, a apropriação é feita pela declaração de domínio estatal. Através desse instrumento, a renda não é dissipada (o que ocorreria no caso de livre acesso ao recurso) e, ao ser cobrada, reverte para o Estado (o ativo “recursos hídricos” é um bem patrimonial estatal que faz jus a uma renda de escassez). Observa-se, então, que o cerne da questão é que, quando qualquer recurso natural se tornar escasso, será necessário cobrar um preço sobre esse bem. Cobrando esse preço, e mais um pouco para ser usado em ações mitigadoras, o processo torna-se eficiente. Caso isso não seja feito, o cenário é bastante pessimista.

ALEXANDRE REIS é economista e professor especialista em Planejamento Ambiental

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qual o cenário para o Brasil?


EVENTOS

A transparência e a sustentabilidade no

Mercado de Capitais

Realizado por uma parceria entre o IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores), a M&E Consultoria e a revista Razão Contábil, e sediado no auditório da BM&FBOVESPA, o seminário “A Transparência e a Sustentabilidade no Mercado de Capitais” discutiu a importância desta nova postura, antes desejada, agora exigida, que leva em conta a clareza e a veracidade de todas as informações do mundo corporativo. A história recente da economia mundial evidencia quão graves podem ser as consequências da omissão e distorção de dados. Em função disso, a transparência passou a ser valorizada como capital impalpável, mas fundamental, e o investidor ficou mais atento a qualquer detalhe. Neste cenário, a sustentabilidade ganhou maior relevância, pois a preocupação com o meio ambiente é por si só um ponto estratégico. Cases de sucesso como os da CPFL Energia e da Braskem, que têm a sustentabilidade e a boa governança corporativa como bases fundamentais de suas empresas, sinalizam que este é

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Por Susi Guedes

Augusto Rodrigues - CPFL, Luana Pavani - Agência Estado e Luciana Ferreira - Braskem, apresentando cases de sucesso

o caminho a ser seguido. Declarações de seus representantes em suas apresentações dimensionam este posicionamento. “A perenidade do nosso negócio e o futuro da humanidade dependem cada vez mais do equilíbrio entre a busca de resultados econômicos e a capacidade da sociedade e da natureza suportarem o crescimento. Acreditamos que a integração dessas variáveis na produção e utilização de energia contribui para criar um estilo de vida que não gera desequilíbrio social e ambiental e produz uma sociedade segura, equilibrada,

saudável e agradável de viver”. Essa é a opinião de Augusto Rodrigues, diretor de Comunicação Empresarial da CPFL. “Quanto mais ações forem tomadas na direção da sustentabilidade, maior é o impacto positivo na imagem corporativa da companhia”, afirma Luciana Ferreira, diretora de Relações com Investidores da Braskem.

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