revista
Fazer o bem
Ano 01 | Edição 01
Lar Amigos de Jesus
Conheça mais sobre a Instituição que oferece um verdadeiro lar a crianças e adolescentes que deixam suas casas para fazer tratamento em hospitais de Fortaleza.
palavras do bem
Foto: Vanessa Mírian
Saiu! Finalmente saiu a primeira edição da Revista Fazer o Bem. UFA! Pensem num parto difícil! A equipe é micro, os recursos ainda menores, o tempo disponível, então, nem se fala... De sobra mesmo só a vontade de ajudar. Mas o legal é que, ao longo dessa caça por matérias, tanto para a revista, quanto para o site, nós conhecemos um monte de gente que também se multiplica em mil para ajudar àqueles que mais precisam. Fazem feira, bazar, recolhem notas fiscais, lotam as redes sociais de apelos... Tem uns que correm feito loucos para dar conta dos afazeres do dia a dia sem deixar de lado as obrigações do coração. Já outros abrem mão da vida comum para se dedicar 100% à causa do bem. E nós, que fazemos tão pouco, nos sentimos umas formiguinhas diante de tantos heróis... Resta, pelo menos, a esperança de tocar o coração de quem lê essa Revista. Quem sabe você não se junta a esses heróis e melhora a nossa situação? :)
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Expediente
Editora- chefe
Isabele Pequeno
Repórter
Leonardo Ribeiro
Repórter
Gabriela Ribeiro
Projeto Gráfico
Kelly Cristina
Fotográfa
Carminha Campos
Fotográfa
Vanessa Mírian
Tirinha
THESCO!
Revista Fazer o Bem
www.revistafazerobem.com.br
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pĂĄginas do bem
08 Lar Torres de Melo Conhecendo bem
12 Me leva para casa?
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MatĂŠria de capa
Lar Amigos de Jesus
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Dicas da Gata Lili Porque adotar um animal?
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Entrevista: Amor
Permanente
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Seu espaço
Edição 01
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i d B O R G a a! Ana Lima
Talita Cavalcante
Luzia Monalisa 6
Raquel Dias
Antes de mostrar nosso trabalho, queríamos dizer que a Revista Fazer o Bem jamais existiria se não fosse a ajuda de todos os amigos. Sem a paciência, a força e a compreensão de vocês nada disso teria se tornado realidade. Obrigada por acreditar nesse projeto e por dedicar tempo a ele, mesmo com a vida super corrida, agradecemos por compartilhar e propagar essa ideia. Que possamos estar sempre juntos! Nossa simples homenagem a todos vocês! Obrigada mesmo!
Amanda Pessoa Anderson Lemos
Daniel Gularte Alexandre Vidal
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conhecendo bem
um lugar para
descansar A
credito que ser idoso nunca foi
Por isso, para muitos, a única alternativa
fácil. E digo “acredito”, porque só
é mudar-se para um abrigo de assistência a ido-
posso acreditar, ainda tenho 27
sos, como o Lar Torres de Melo, em Fortaleza.
anos. Entretanto, acho que não
Criada em 10 de agosto de 1905, essa associação
há como chegar aos últimos anos de sua vida
civil de direito privado, sem fins lucrativos, pres-
sem temer o que vem pela frente.
ta assistência integral a idosos carentes, tanto em
O mais justo seria, portanto, que quem ainda tem muitos anos de juventude ser esfor-
regime de internato, quanto em regime aberto, buscando cuidar-lhes física e psicologicamente.
çasse para fazer do final da vida de seus prede-
O Lar procura dar atenção a todos os as-
cessores momentos tranquilos e felizes. Mas,
pectos da vida das pessoas idosas, oferecendo
infelizmente, não é isso que costuma aconte-
serviços de clínica médica, fisioterapia, terapia
cer. Segundo estudo feito pelo Instituto Brasi-
ocupacional, enfermagem, nutrição, e diversos
leiro de Ciências Criminais, cerca de 650 mil
outros. Tudo pensado com base no bem estar
idosos são agredidos todos os anos no país.
de seus moradores e frequentadores.
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02
01 A instituição que abriga 240 idosos e recebe mais 100 para atendimento diário, depende do repasse de recursos públicos e da arrecadação de 70% das aposentadorias dos idosos. Entretanto, o auxílio público só cobre cerca de 10% dos gastos e nem todos os idosos recebem aposentadoria.
Felizmente, há pessoas que, mesmo sem nenhum vínculo familiar, fazem questão de dedicar algumas horas das suas vidas a alegrar a esses senhores e senhoras. É o caso da estudante Ana Paula Alves, 20, que, juntamente com outros jovens da Comunidade Católica Shalom,
pende tanto da solidariedade das pessoas. É o
dedicou a sua tarde de sábado aos moradores do
que afirma Lúcia Severo, gerente de marketing
Lar. Além de provarem um delicioso lanche e
do Lar: “a luta não é fácil e obriga a instituição
conforto espiritual, os idosos também puderam
a buscar sua sustentabilidade, possibilitando
participar de uma ginástica divertida que me-
assim, novos investimentos direcionados ao
xeu um pouco com seus ossos cansados.
mesmo na melhoria dos serviços prestados”.
02– O estudante Flávio Mendes e D .Cleonice Pereira
receber uma visita de parentes.
Essa é a razão pela qual a instituição de-
aumento da capacidade de abrigamento e até
01 – A estudante Ana Paula Alves
ção e carinho, pois muitos passam anos sem
Para Ana Paula, o conforto espiritual é algo muito importante na vida desses idosos: “isso os
E a ajuda pode ser oferecida de diversas
fortalece. Eles vão acreditando neles mesmos”. É
formas. Além de produtos como açúcar, café,
o que também acredita o jovem estudante Flá-
leite em pó, desinfetante, água sanitária, bar-
vio Mendes. Flávio demonstra que para trazer
beador e colônias; os idosos carecem de aten-
um pouco de paz para a vida dessas pessoas, não
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importa a religião, mas a vontade de ajudar. Ele é
lá conversar com os moradores é algo impres-
evangélico e, junto com seu pai, visita o Lar todos
cindível na vida dela: “Sou bem tratada aqui,
os sábados, sempre reservando um tempinho
mas o que eu gosto mais é dos visitantes”.
para ler alguma passagem do Evangelho para D. Cleonice Pereira, moradora da instituição.
também parece gostar, já que faz questão de
Quem também mora no Lar Torres de Melo são as senhoras Maria Augusta e Fátima, que nos presenteiam com sua alegria contagiante e convidam a conhecer o jardim do qual esta última, pessoalmente, toma conta.
dançar e cantar para alegrar os visitantes: “ai, se eu te pego. Ai, ai se eu te pego...”. Quer fazer parte dessa alegria? Pois visite, sempre que possível, esses senhores e senhoras, que tanto têm a nos ensinar. Você tam-
D. Augusta diz que gosta muito de morar no local e que as visitas das pessoas que vão
03 10
D. Fátima não é de muitas palavras, mas
bém pode se voluntariar para trabalhar no Lar ou ajudar com doações.
04
03 – Fátima 04– Maria Augusta
Para refletir... o d n la a f e u q e d e -t "Lembra é e r p m e s , o d n ia c n e ou sil m." e b m u lg a r e z a f l e possív o Xavier) (Chic
"Só o que faz bem ao homem pode fazê-lo feliz."
(Santo Agostinho)
“O maior bem que você pode fazer pelo outro não é somente dividir suas riquezas, mas revelar a ele as dele.” (Benjamim Disraeli)
"O bem do homem é o amor, como o da planta é a luz. " (Leon Tolstoi)
"Faça todo o bem que você puder, com todos os recursos que você puder, por todos os meios que você puder, em todos os lugares que você puder, em todos os tempos que você puder, para todas as pessoas que você puder, sempre e quando você puder." (John Wesley)
Me leva para casa? Todas essas fofuras estão disponíveis para adoção. Não perca tempo, leve um deles para casa e viva momentos maravilhosos com seu novo amigo. *Alguns desses animais já podem ter sido adotados.
Os bebês já vão fazer um mês e são todas fêmeas, a mãezinha será doada também. Contato: 8708.3734
Essa gatinha deu luz a três filhotes. Alguém pode dar abrigo a ela e aos filhotes? Contato: Facebook Gata Lili
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Apelidada de Florzinha, já está castrada e vermifugada. Contato: 8791.2221
Esse é macho porte médio e já está vermifugado. Os contatos têm fotos dos pais. Contato pelo facebook: Glaucimary Teixeira dos Santos ou Rúbia Bernardes
O Ninho é macho, com menos de 2 anos já está vermifugado. Além de lindo, é carinhoso. Contato: 88914578
Apaixonou-se por esse olhar? Essa é a Lucy! Contato: 3274.0220/ 8742.1452
matéria de capa
Lar é onde o coração está 14
E
ssa frase pode ser um clichê, mas se aplica perfeitamente ao Lar Amigos de Jesus. A Organização, fundada pelas Irmãs Maria da Conceição Dias de Albuquerque e Maria de Lourdes Rabêlo, atua oferecendo um verdadeiro Lar a crianças e adolescentes que precisam deixar suas casas para fazer tratamento em hospitais de Fortaleza.
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As pessoas assistidas não recebem ape-
religiosos e culturais. Tudo para que possam
nas uma cama para dormir. Além da hospeda-
ter autoestima e vontade de viver. Nós temos,
gem, o Lar provê alimentação, kit de higiene
aqui, uma disciplina para que esses meninos
(com sabonete, escova de dentes e pasta), rou-
tenham condições de melhorar a qualidade
pas e cesta básica para quando a criança retor-
de vida. Enquanto o hospital toma conta do
na a sua casa.
medicamento, nós aqui damos uma injeção de
São oferecidas seis refeições e há 72 lei-
otimismo, de alegria e vontade de viver”.
tos em 16 suítes. O Lar possui funcionários
As crianças e adolescentes chegam, mui-
pagos, que realizam a limpeza, três vezes ao
tas vezes, apenas com a roupa do corpo, sem
dia, e cozinham. As oficinas e atividades são
nenhum bem, nem conhecidos em Fortaleza.
ministradas por voluntários, que têm trabalho
Os hospitais as encaminham, com um acom-
fixo no lar, uma vez por semana.
panhante, para o Lar Amigos de Jesus, onde
De acordo com Irmã Conceição, presi-
eles recebem todo esse apoio.
dente da instituição, os assistidos têm, tam-
Ainda de acordo com a Irmã, as pessoas
bém, “apoio sócio pedagógico e sócio fami-
podem ficar hospedadas por tempo indetermi-
liar, além de atividades diárias, que envolvem
nado, enquanto durar o tratamento. “Foi por
palestras, oficinas e participam de eventos
isso que surgiu o foco nas crianças com câncer.
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01 – Irmã Conceição procura passar o máximo de tempo com as crianças. 02 – As crianças fazem atividades diversas durante o dia.
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O tratamento delas é mais longo, variando de
Amazonas. “Eu trabalhava em casa de família,
dois a dez anos. e elas geralmente têm de ficar
lá. Mas quando a Patrícia precisou, deixei tudo
aqui mais tempo e precisam de mais assistên-
e vim para cá. Agora, estou pensando em mu-
cia”, explica. A organização também recebe
dar para Fortaleza, vir com toda a família. A
crianças com outros problemas de saúde.
irmã Conceição me ofereceu um emprego no
Persistência
04 – Irmã Conceição foi uma das fundadoras do Lar.
cântara, mãe de Patrícia.
Uma das adolescentes que estava no local
Ainda segundo a mãe, é mais fácil des-
era Patrícia Alcântara. Com apenas 17 anos, ela
sa maneira. Apesar de não terem parentes em
já teve que fazer três transplantes de fígado, pois
Fortaleza, elas teriam que vir constantemente,
o corpo rejeitou o órgão nas duas primeiras ve-
para fazer os exames de acompanhamento.
zes. Ela morava com sua mãe e irmãos em São
“Mas agora parece que a operação deu certo”.
Gabriel da Cachoeira, a cinco quilômetros de 03 – Jaqueline Alcântara e sua filha Patrícia.
Lar e vamos morar aqui”, disse Jaqueline Al-
Manaus (AM), mas teve que abandonar tudo, quando precisou fazer a cirurgia.
Estrutura O Lar tem uma estrutura que impressio-
Enquanto a mãe a acompanha na orga-
na pelo tamanho e qualidade. De acordo com
nização, os irmãos ficaram com os parentes, no
irmã Conceição, empresas de construção e
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arquitetos voluntários reuniram-se, há alguns
dos nas paredes, ou com tema do fundo do
anos, para construir o prédio da instituição.
mar, com diversos peixes, deixam o ambiente
“Quando eles estavam fazendo o projeto, vie-
mais leve. Os detalhes nas colchas de cama
ram perguntar o que eu achava e eu respondi
chamam a atenção de quem visita. “As mães
que não estava bom. Eles tinham que falar
que decoraram os lençóis, com artifícios que
com as mães e as crianças, saber a opinião de-
aprenderam nas nossas oficinas”, explana
las também. Elas eram as clientes. E assim o
Irmã Conceição, orgulhosa.
fizeram”, assegurou.
Os quartos também têm ventilador e ar
Todos os quartos têm um tema, que
condicionado. As contas de luz e água são pa-
leva a um mundo diferente. Quartos que si-
gas pela Secretaria Regional responsável pela
mulam uma fazendinha, com animais pinta-
área onde a instituição se situa.
"As mães que decoraram os lençóis, com artifícios que aprenderam nas nossas oficinas” 18
Voluntários Os voluntários são divididos de acordo com as suas habilidades, podendo ser designados para trabalhar com as mães ou com as crianças e adolescentes, ministrando oficinas de artesanato, música ou informática, no espaço da escolinha. As pessoas que se voluntariam assumem o compromisso de irem pelo menos uma vez por semana, durante um turno (manhã ou tarde). Assim, é possível que o Lar tenha uma escala de voluntários e uma programação fixa para todos os dias da semana. Terezinha Aguiar trabalha como voluntária do Lar Amigos de Jesus há oito anos, ministrando aulas na oficina de informática. “O que fazemos aqui envolve muito mais do que
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o ensino de um ofício a jovens e crianças. Nós também ajudamos em uma formação pessoal, visto que alguns pais não têm condições de disciplinar e educar propriamente o filho doente”, afirma. Os assistidos não são os únicos beneficiados: “quando nos dirigimos ao Lar, geralmente trazemos os nossos problemas diários, mas estes desaparecem assim que chegamos aqui. Podemos ver o lado humano e útil que nós temos. Espiritualmente, eu acho que já me elevei muito”, disse a voluntária.
05 – A voluntária Terezinha Aguiar.
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06 – Voluntária de universidades também visitam o Lar.
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Dicas da
gata Lili por Renata Goes *
Por que adotar um animal? Quando você pensa em adotar um ani-
Toda essa reflexão evita devoluções de
mal de estimação, é preciso fazer uma entre-
animais às Ong´s ou até mesmo às ruas, logo
vista consigo mesmo. Antes de tudo, avalie
depois de adotá-los por impulso.
se realmente todos os que moram no mesmo ambiente estão preparados para conviver com o novo membro da família.
Hoje, muitas pessoas estão conscientes da importância da adoção para os animais e para a saúde pública também. Animais nas
Lembre-se: cães e gatos podem viver mais
ruas indicam falta de caridade dos seres hu-
de 12 anos, em média. Durante esse tempo, eles
manos para com as criaturas de Deus e ainda
vão adoecer e necessitarão de medicação e con-
proliferação de doenças que podem afetar a
sultas regulares ao veterinário. Esteja ciente do
sociedade.
temperamento e do tamanho do animal.
Pesquisas mostram que o convívio com
Outro detalhe: Quando você viajar, quem
animais de estimação torna as crianças mais
vai cuidar do seu pet? Já existem serviços de Cat
felizes e as deixa com o sistema imunológico
e Dog Sitter. Dessa forma, você viaja com tran-
fortalecido. Além disso, ensina às crianças a res-
quilidade e deixa seu animal com segurança.
ponsabilidade pela manutenção de uma vida.
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Adotei, e agora? Nesta etapa você já sabe que um animal, seja ele cão ou gato, precisa de amor, saúde física e psicológica. Se ele já está castrado, ótimo. Caso contrário, esterilize para evitar a proliferação desordenada. Leve-o para passear, respirar um ar fresco, correr ou caminhar. Muitos animais também sofrem com um dos maiores problemas de saúde pública humana, a obesidade. Se for um gatinho, brinque com ele e ofereça estimuladores de ambientes, como brinquedos, casinhas e arranhadores. Dê uma ração de qualidade, além de vermifugação e vacinação. Esse pacote evita muitas doenças. Ração barata contém conservantes e sódio em excesso, substâncias que estimulam a formação de pedras nos rins. Medidas simples e uma boa orientação do seu veterinário evitam muitas situações constrangedoras para a família e para o animal, garantindo, harmonia e muito amor para todos.
* Renata Góes é jornalista e editora do Blog da Gata Lili www.lili-gata.blogspot.com
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entrevista
Amor
permanente
E
m uma manhã chuvosa de sábado, encontramos Liana Mara em um Petshop, cheia de afazeres e com um sorriso largo no rosto. Com a agenda repleta de anotações, ela acerta as contas dos tratamentos médicos patrocinados pelos doadores do Vakinha Permanente, projeto criado por ela, que tira por mês 15 animais carentes das ruas de Fortaleza. A iniciativa já reúne 550 participantes, ou “vakinhas”, como costuma chamar. Pessoas que, assim como ela, descobriram o valor imensurável das ações de voluntariado. Servidora pública, Liana chega a trabalhar 12 horas por dia, mas não dá sinais de cansaço. Afirma ter mudado radicalmente ao fundar o grupo, que a ajudou a valorizar ainda mais o amor incondicional e descompromissado dos animais. Matéria: Leonardo Ribeiro | Fotos: Isabele Pequeno
22
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“
Mudei minha visão de mundo, minha forma de pensar e agir."
Revista Fazer o Bem – Desde quando se interessa por animais desamparados?
ramente, outros com medicamentos, com lar
Liana Mara – Desde pequena gosto de ani-
mas a gente acredita que vão contribuir. Ar-
mais, embora não tivesse discernimento do
recadamos em média três mil reais por mês.
que era ou não um animal carente. Mas sem-
Recebemos indicações de animais a serem
pre recolhi, sempre cuidei deles. Depois que
tratados e, como o dinheiro não dá para tratar
eu consegui minha independência financeira,
todos, promovemos votações no Facebook. Os
consegui montar o Vakinha Pernmaente.
mais votados recebem tratamento.
RFB – Como surgiu o projeto?
RFB – É difícil conciliar essas ações de voluntariado com o trabalho formal? E para o lazer, sobra tempo?
LM – Eu e algumas amigas ajudávamos algumas ONGs que cuidavam de animais, com transporte, ração e dinheiro. Em uma ocasião, ocorreu um acidente com um animal na Avenida Washington Soares, e não havia dinheiro para custear o tratamento. Tive a ideia de fazer um post no Facebook para angariar dinheiro junto a minhas amigas. A "vaquinha" nos rendeu tanto dinheiro que conseguimos ajudar mais um animal. Então resolvi criar o Vakinha Permanente.
temporário... Outros ainda não contribuem,
LM – No meu trabalho assalariado, chego a trabalhar dez, doze horas por dia. Depois do Vakinha, tenho dormido muito pouco. Até emagreci. Mas acredito que seja apenas nesse momento de instalação. Depois, o projeto deve caminhar com as próprias pernas. Sobre o lazer, posso dizer que isso aqui acabou sendo a minha vida. Mas eu ainda tento conciliar e ter alguns momentos de lazer. Aos domingos,
RFB – De que modo o Vakinha funciona?
eu tento me desligar, ficar sozinha... Mas onde
LM – O projeto foi criado há quatro meses e
eu estou, fico pensando. “Será que já deu certo
já reúne cerca de 550 pessoas. Uns são mais
a cirurgia de um? Será que aquele foi resgata-
envolvidos, outros contribuem só financei-
do? Será que aquele outro faleceu?
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RFB – Que histórias inusitadas você tem pra contar nesse seu tempo de Vakinha? LM – Tem muitas histórias, mas posso falar da Jack, uma vira-lata que morava numa favela de Fortaleza. Ela apanhou muito, foi muito mal tratada e teve um dos olhos vazados. Quando nós a trouxemos, ela se urinava com medo dos humanos. A Jack se recuperou. O olho dela foi retirado, porque havia uma infecção muito forte, mas a gente arranjou um lar de pessoas com excelentes condições financeiras para cuidar dela. Hoje, ela vive como uma princesa. Pelo fato de estar sem um olho, a aparência dela não desperta o interesse de pessoas que RFB – Consegue avaliar o quanto o trabalho voluntário impactou em sua vida? LM – Eu mudei de uma forma que eu não consigo nem explicar. Mudei minha visão de mundo, minha forma de pensar e agir. Mudei a forma de decidir e fazer minhas escolhas para o futuro. O Vakinha me mudou por completo (a voz embarga). Hoje eu sou uma pessoa completamente
preferem animais bonitos. Mas ela é tão amada e tão feliz que não passa despercebida, em meio a Poodles e Yorks. A Jack hoje anda de coleira, na Beira-Mar , nos melhores cantos que pode andar, e se tornou uma espécie de porta-bandeira da gente. O vira-lata também é um cachorro que merece ser valorizado.
diferente do que eu era. Trabalhar com animais
RFB – O que diria para alguém que quer ingressar em um trabalho voluntário?
carentes te dá uma coisa que está muito perdida
LM – Acho que todo mundo deveria dispo-
nos dias de hoje, que é o amor descompromissa-
nibilizar um tempo para realizar algo que o
do. Um animal não quer saber se você é bonito,
pagamento não fosse dinheiro; seja ajudando
se você está bem ou mal. Ele só quer que você o
animais, pessoas ou o meio ambiente. Isso
ame. Uma forma de amor primário que ninguém
transforma muito o seu caráter e a visão que
consegue explicar. É isso que nos alimenta tanto
você tem passará para os seus filhos. É um tra-
e move tantas pessoas hoje em dia, por elas reen-
balho que vale muito a pena ser desenvolvido
contrarem essa forma de amor.
e lhe transforma como cidadão.
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seu espaço
Esse espaço é reservado ao nossos leitores, caso queira mandar seu texto enviei para nosso email: revistafazerobem@gmail.com
Dignidade
O texto abaixo é de Carminha Campos e conta um pouco sobre o dia-a-dia de sua ex-babá, que hoje tem 82 anos.
Meu nome é Izelda, mas pode me chamar de tia Iza, que não sou de cerimônias. Nasci em outro estado, numa cidade de interior. Lá, morei 70 anos. Porém, a cidadezinha pacata onde todos se conhecem e se respeitam mudou. Chegou a tal da violência, chaga que entra nas nossas casas e nos faz reféns. Pois acredite que têm acontecido coisas que nem quero lhe falar. Vim morar na cidade grande, com minha “filha” adotiva. Escrito assim entre aspas porque, na verdade, um dia fui sua babá. Hoje, é ela quem cuida de mim. Em sua casa, tenho um quarto arejado e grande, com bastante conforto. Entretanto, apesar de amenizar, o carinho com que sou tratada não me resguarda dos sofrimentos da velhice. Hoje, por exemplo, acordei com as pernas doendo muito. Tive cãibras à noite, embora bem agasalhada com cobertor de lã e calçando meias. Me fez lembrar do frescor da juventude, quando corria pelas ruas da minha cidade. Parecia que ia montada no vento. Estas mesmas pernas me levaram ainda ao topo das árvores para pegar as mangas mais maduras. Pular, correr, subir, andar com graça na adolescência, tudo isso elas me proporcionaram trazendo tantas alegrias. As meias finas, os sapatos altos... Que saudades daquela época! Hoje, no entanto, estão quase imobilizadas. Arrastam-se. Elas se recusam a andar mais que meio quarteirão. Tento, teimo, mas faltam forças para acompanhar minha vontade. Estão cansadas, assim como o resto do corpo, que tanto trabalhou. Não há motivos para tristeza. É a vida. Somos assim mesmo. Todos nós. Pensamos que nem vamos envelhecer. Eu estou com 81 anos e custo a crer que passou tão rápido. Ainda tenho tanto a compartilhar com o mundo! Embora com o corpo fragilizado e bem mais lento, minha cabeça e meu coração não são apenas depositários das recordações de uma vida inteira. Eles ainda sentem, amam e sofrem. Ainda faço planos para o futuro, convivo com minha família, rio muito, costuro meus fuxicos e faço meu crochezinho. Afinal, sou uma velhinha de sorte! Tenho uma família que me ama e cuida de mim. Mas fico triste ao pensar que nem todo idoso tem seus direitos respeitados. Por isso rezo, rezo muito todos os dias para que os que lidam com o idoso não o vejam apenas como um corpo cansado e sem alma, mas como alguém que deu o melhor de si, que já sonhou, já amou, trabalhou muito e muitas vezes de outros idosos cuidou. Que o tratem com a dignidade que merecem, que lhe deem amor, carinho e lembrem-se de que, um dia, se tudo der certo, virão a ser idosos também.
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