Revista Shalom Maná - Março 2013

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ATUALIDADE | Maria, Santa Maria, rogai pelos jovens! Especial| Cardeal Rylko visita Comunidade Católica Shalom

Ano 26 • nº 236 | Março • 2013 • R$ 9,90

“Isto é o meu corpo que é dado por vós”

Lc 22,19

Jesus institui a Eucaristia em favor de todos


“Era necessário este lava-pés, esta purificação perante a Comunhão, na qual participariam desde aquele momento. O próprio Cristo sentiu a necessidade de se humilhar aos pés dos seus discípulos; humilhação que dele tanto nos diz naquele momento. Daqui em diante, distribuindo-se a si mesmo na comunhão eucarística, não se abaixará Ele continuamente ao nível de tantos corações humanos? Não irá, assim, servi-los sempre?” (Beato João Paulo II)



08 SUMÁRIO

A Palavra do Papa Doação total: a onipotência do amor

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A Igreja Celebra No Ano da Fé, construindo a Igreja Doméstica com José

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Especial Bem-aventurados os misericordiosos”(parte 2)

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Orando com a Palavra Arrependei-vos e crede no Evangelho

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Especial Cardeal Rylko visita Comunidade Shalom

22 Shalom Maná | Março 2013

Atualidade

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Maria, Santa Maria, olhai pelos jovens!

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Especial Escola de Evangelização São Felipe Neri: evangelizar pela misericórdia

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Acontece no Mundo

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Acontece na Comunidade

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Divirta-se

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Simplesmente Maria A mediação de Nossa Senhora

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JMJ 2013 “Jesus Christ you are my life. Aleluia!”

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Espiritualidade Deus, meu amigo

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Jesus institui a Eucaristia em favor de todos

Creio em Jesus Cristo, mas qual mesmo?

Assunto do Mês

Entrelinhas


Carta ao leitor

A

o se aproximar a hora da Sua partida para a eternidade, nas vésperas de Sua Paixão, Jesus deixa para os apóstolos um modo pelo qual Ele permanecerá sempre presente no meio de Sua Igreja: a Eucaristia. Este santo Sacramento é o modo real com o qual Cristo ficará eternamente no seu corpo, no seu sangue, na sua alma e na sua divindade em meio aos seus fiéis.

Filipe Cabral Coordenador Geral das Edições Shalom

Jesus institui a Eucaristia em favor de todos EXPEDIENTE Fundador e moderador geral da Comunidade Católica Shalom Moysés Azevedo

Coordenação Geral das Edições Shalom Filipe Cabral

Coordenação Editorial Carolina Fernandes

Equipe de Redação José Ricardo F. Bezerra Irlanda Aguiar

Revisão

Eunice dos Santos Sousa Silvestre

Editor de Arte Kelly Cristina

Foto da capa Wallace Freitas

Gerente Comercial Eliana Gomes Lima

Assinaturas

Ângela Gonçalves

Jornalista Responsável Egídio Serpa

Impressão

Gráfica Pouchain Ramos

Serviço de Apoio ao Assinante Estrada de Aquiraz - Lagoa do Junco Aquiraz /CE CEP: 61.700-000 Para assinar ou renovar (85) 3308.7403 3308.7415 Para anunciar (85) 3308.7403 Para sugestões, dúvidas, reclamações e testemunhos, ligue-nos ou escreva-nos: shalommana@comshalom.org assinaturas1edicoes@comshalom.org www.edicoesshalom.com.br www.comshalom.org

Shalom Maná | Março 2013

Nesta edição da Shalom Maná, apresentamos no Assunto do Mês uma rico ensinamento sobre a instituição da Eucaristia, extraído de pregação proferida pelo padre Silvio Scopel, da Comunidade Católica Shalom. Segundo ele, a Eucaristia faz com que vivamos a nossa real vocação de filhos de Deus: ter uma existência voltada para o outro. Ela “gera um dinamismo de salvação, de ressurreição, de doação de vida, e esse dinamismo nos leva à vida eterna”, nos ensina Pe. Silvio. Ainda nesta edição, conheça a Escola de Evangelização São Felipe Neri, uma inspiração dada por Deus à Comunidade Shalom para anunciar Jesus Cristo ao homem de hoje. Na seção JMJ Rio2013, a missionária Larissa Albuquerque lembra fatos importantes das Jornadas anteriores, com destaque para mensagens de João Paulo II que marcaram a vida de muitos jovens. Na seção Atualidade, trazemos uma reflexão sobre a tragédia em Santa Maria (RS) que vitimou centenas de jovens e que comoveu todo o país. Artigos das seções Espiritualidade, Orando com a Palavra, Entrelinhas, além de notícias da Igreja e da Comunidade Shalom no Brasil e no mundo estão presentes nesta edição. Tenha uma abençoada Quaresma e Semana Santa! Boa leitura!

Ano 26 • nº 236 | Março • 2013 • R$ 9,90

EDITORIAL

“Fazei isto em memória de mim”

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ATUALIDADE | Maria, Santa Maria, rogai pelos jovens! ESPECIAL| Cardeal Rylko visita Comunidade Católica Shalom

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Fala leitor Shalom | Ser família TESTEMUNHO de amor a Deus Nair: 97 anos ESPECIAL | Tia 5

“Fraternidade e Juventude: ‘Eis-me aqui, envia-me!’” foi o Assunto do Mês da edição de fevereiro de 2013. Por meio do artigo de Célio Lourenço, conhecemos um pouco mais os objetivos da Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como tema “Fraternidade e Juventude”, além de outro grande acontecimento para os jovens em 2013: a JMJ no Rio de Janeiro. Ainda na edição passada, na seção A Igreja Celebra, apresentamos a vida de Santa Bernadette e as mensagens de Nossa Senhora de Lourdes. Na seção Especial, meditamos com o Frei Raniero Cantalamessa sobre a bemaventurança da misericórdia. Com o nosso coração cheio de gratidão pela vida ofertada de tia Nair, mãe de Moysés Azevedo, fizemos uma simples homenagem àquela que foi exemplo de amor e fidelidade a Deus. Veja logo a seguir os comentários de nossos leitores sobre estes e outros artigos. Escreva para nós você também. O nosso e-mail é: shalommana@comshalom.org.

Ano 26 • nº 235 | Fevereiro • 2013 • R$ 9,90

-me!” qui, envia a e m is “E

ERRATA: Na seção A Igreja Celebra do mês de janeiro, o ano correto é 1877 e não o informado na frase: “Sua saúde piora em 1977”.

Assunto do Mês: “Fraternidade e Juventude: ‘Eis-me aqui, envia-me!’” A juventude vive um momento único na história da Igreja no Brasil. Campanha da Fraternidade e Jornada Mundial da Juventude, tudo concorre para a missão! “Não tem como não se comover perante o apelo do Santo Papa ao dizer: “Ide! Cristo precisa também de vós!”. A Igreja nos convida, por meio da Campanha da Fraternidade 2013, a confiar nos jovens, na sua capacidade de evangelizar pelo amor e pelo testemunho de vida. É muito importante entendermos e divulgarmos a importância do momento no qual está vivendo a Igreja no Brasil: Campanha da Fraternidade e Jornada Mundial da Juventude. Ide!” Cláudio Fernandes Membro da Obra Shalom em Fortaleza/ CE

Shalom Maná | Março 2013

Especial: “Tia Nair: 97 anos de amor a Deus”

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Contamos agora com sua intercessão, com seu cuidado com a Comunidade Shalom, agora em preces feitas diante de Deus. “Louvo e bendigo a Deus pelo grande dom da vida da tia Nair. Ela, este forte testemunho de alegria, determinação, fortaleza, mulher guerreira. Todas as vezes que eu a encontrava, ela estava a sorrir. Obrigada por tudo, tia Nair!” Conceição Borges Missionária da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE

Is 6,8


Fé em versos

Deus entre nós Ricardo Vale Baumgratz

Oh, amor sem igual Quisestes permanecer entre nós Nós, que sem Ti nada podemos Tu, sabendo que só em Ti viveremos Permaneces para nós no sacrifício do altar Oh, doçura infinita Pão dos anjos Pão vivo para os homens Eucaristia Ao Céu elevamos ação de graças Por tamanha dádiva e misericórdia Por este Sacramento Augustíssimo Tu Deus eterno Em cada Eucaristia Em toda Adoração

És E permites que te tomemos nas mãos E nos alimentas Pão vivo descido dos céus Pão da vida Vida que ansiamos Eternidade Em comunhão contigo O Eterno Entramos no mistério de nossa vocação Comungamos junto ao Teu sacrifício E Tu nos introduz no Céu Gratidão sem fim Teu amor sem fim Ressuscitado e glorioso Pão da vida Eterno Oferta amorosa para todo homem.

Entrelinhas: Creio! Ani maamin! e seção Especial: São João da Cruz: o doutor místico “Recebi a revista de janeiro e já vejo a qualidade dos longos e curtos artigos. Sinto falta da seção Só Família. Amei o artigo Creio! Ani maamin! escrito por Emmir, e o artigo sobre São João da Cruz escrito por Cristiano Filho. Excelentes! A capa está belíssima e os artigos com as imagens de Nossa Senhora muito singelos.

Maria Auxiliadora (Dodora) Pinheiro Missionária da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE www.edicoesshalom.com.br

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A PALAVRA DO PAPA

Doação total:

a onipotência do amor Como Pai, Deus acompanha com amor a nossa existência, doando-nos a sua Palavra, o seu ensinamento, a sua graça, o seu Espírito.

Shalom Maná | Março 2013

Trecho da Catequese de Bento XVI durante Audiência Geral, em 30 de janeiro de 2013.

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A

profissão de fé especifica a afirmação de que hoje nem sempre é fácil falar de paternidade. Sobretudo no mundo ocidental, as famílias desagregadas, os compromissos de trabalho sempre mais exigentes, as preocupações e frequentemente a dificuldade de enquadrar as contas familiares, a invasão dos meios de comunicação de massa na vida cotidiana são alguns dos muitos fatores que podem impedir uma relação serena e construtiva entre pais e filhos. A comunicação muitas vezes

é difícil, a confiança é menor e a relação com a figura paterna pode se tornar problemática; e problemático se torna também imaginar Deus como um pai, não tendo modelos adequados de referência. Para quem teve a experiência de um pai demasiado autoritário e inflexível, ou indiferente e pouco afetuoso, ou até mesmo ausente, não é fácil pensar com serenidade em Deus como Pai e abandonar-se a Ele com confiança. A revelação bíblica ajuda a superar estas dificuldades falando-nos de um Deus que nos


mostra o que significa verdadeiramente ser “pai”; e é, sobretudo, o Evangelho que nos revela esta face de Deus como Pai que ama a ponto de doar o próprio Filho para a salvação da humanidade. A referência à figura paterna ajuda também a compreender algo do amor de Deus que permanece infinitamente maior, mais fiel, mais total que o amor de qualquer homem. “Quem dentre vós, – diz Jesus para mostrar aos discípulos a face do Pai, – dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? E se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celeste dará coisas boas aos que lhe pedirem” (Mt 7,9-11; cf. Lc 11,11-13). Deus é Pai porque nos abençoou e nos escolheu antes da criação do mundo (cf. Ef 1,3-6), nos tornou realmente seus filhos em Jesus (cf. 1Jo 3,1). E, como Pai, Deus acompanha com amor a nossa existência, doando-nos a sua Palavra, o seu ensinamento, a sua graça, o seu Espírito. Ele – como revela Jesus – é o Pai que alimenta as aves do céu sem que essas precisem plantar e colher, e reveste de cores maravilhosas as flores dos campos, com vestes mais belas do que aquelas do rei Salomão (cf. Mt 6,26-32; Lc 12,24-28); e nós – acrescenta Jesus – valemos bem mais que as flores e as aves do céu! E se Ele é tão bom a ponto de fazer “nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e...chover sobre os justos e sobre os injustos” (Mt 5,45), poderemos sempre, sem medo e com total confiança, confiar-nos ao perdão do Pai quando erramos no caminho. Deus é um Pai bom que acolhe, abraça o filho perdido e arrependido (cf. Lc 15,11ss), doa gratuitamente àqueles que pedem (cf. Mt 18,19; Mc 11,24; Jo 16,23) e oferece o pão do céu e a água viva que faz viver na eternidade (cf. Jo 6,32.51.58). Certeza de ser amado O orador do Salmo 27, cercado por inimigos, assediado por maus e caluniadores, enquanto busca ajuda junto ao Senhor e o invoca, pode dar o seu testemunho pleno de fé afirmando: “Meu pai e minha mãe me abandonaram, mas o Senhor me acolheu” (v.10). Deus é um Pai que não abandona nunca os seus filhos, um Pai amoroso que sustenta, ajuda, acolhe, perdoa, salva, com uma fidelidade que supera imensamente a dos homens, para abrir-

se a uma dimensão da eternidade. “Porque o seu amor é para sempre”, como continua a repetir em ladainha, a cada verso, o Salmo 136 repercorrendo a história da salvação. O amor de Deus Pai não é menor, não se cansa de nós, é amor que se doa até o extremo, até o sacrifício do Filho. A fé nos doa esta certeza, que se transforma em uma rocha segura na construção da nossa vida: nós podemos enfrentar todos os momentos de dificuldade e de perigo, a experiência da escuridão da crise e do tempo de dor, suportados pela confiança de que Deus não nos deixa sós e sempre está próximo, para salvar-nos e levar-nos à vida eterna. Face do Pai no Filho É no Senhor Jesus que se mostra em plenitude a face benevolente do Pai que está nos céus. É conhecendo-o que podemos conhecer também o Pai (cf. Jo 8,19; 14,7), é vendo-o que podemos ver o Pai, porque Ele está no Pai e o Pai está Nele (cf. Jo 14,9.11). A fé em Deus requer crer no Filho, sob a ação do Espírito, reconhecendo na cruz que salva a revelação definitiva do amor divino. Deus nos é Pai doando o seu Filho para nós; Deus nos é Pai perdoando o nosso pecado e levando-nos à alegria da vida ressuscitada; Deus nos é Pai doando-nos o Espírito que nos torna filhos e nos permite chamálo, em verdade, “Abbá, Pai” (cf. Rm 8,15). Por isso Jesus, ensinando-nos a rezar, nos convida a dizer “Pai nosso” (Mt 6,9-13; cf. Lc 11,2-4). A paternidade de Deus, então, é amor infinito, ternura que se inclina sobre nós, filhos indefesos, necessitados de tudo. O Salmo 103, o grande canto da misericórdia divina, proclama: “Como é terno um pai para o filho, assim o Senhor é terno para aqueles que o temem, porque Ele sabe como somos formados, lembra que somos pó” (vv. 1314). É a nossa pequenez, a nossa indefesa natureza humana, a nossa fragilidade que se transforma apelo à misericórdia do Senhor para que manifeste a sua grandeza e ternura de Pai ajudando-nos, perdoando-nos e salvando-nos. E Deus responde ao nosso apelo, enviando o seu Filho, que morre e ressuscita para nós; entra na nossa fragilidade e faz aquilo que sozinho o homem não poderia nunca fazer: toma para Si o pecado do mundo, como cordeiro inocente, e nos reabre o caminho para a comunhão com Deus, nos www.edicoesshalom.com.br

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torna verdadeiros filhos de Deus. É ali, no mistério pascal, que se revela em toda a sua luminosidade a face definitiva do Pai. E é ali, na cruz gloriosa, que acontece a manifestação plena da grandeza de Deus como “Pai onipotente”. Deus onipotente Mas poderíamos nos perguntar: como é possível pensar em um Deus onipotente olhando para a cruz de Cristo? Nós gostaríamos, certamente, de uma onipotência divina segundo a nossa mentalidade e os nossos desejos: um Deus “onipotente” que resolva os problemas, que intervenha para evitar a dificuldade, que vence o poder adversário, muda o curso dos acontecimentos e anula a dor. Assim, hoje, diversos teólogos dizem que Deus não pode ser onipotente, caso contrário, não existiria tanto sofrimento, tanto mal no mundo. Na realidade, diante do mal e do sofrimento, para muitos, para nós, torna-se problemático, difícil, crer em um Deus Pai e acreditar nele como onipotente; alguns procuram refúgio em ídolos, cedendo à tentação de encontrar resposta em uma suposta onipotência “mágica” e nas suas ilusórias promessas. Mas a fé em Deus onipotente nos impele a percorrer caminhos bem diferentes: aprender a entender que o pensamento de Deus é diferente do nosso, que as vias de Deus são diferentes das nossas (cf. Is 55,8) e também a sua onipotência é diferente: não se exprime como força automática ou arbitrária, mas é marcada por uma liberdade amorosa e paterna. Na realidade, Deus criando criaturas livres, dando liberdade, renunciou a uma parte do seu poder deixando o poder da nossa liberdade. Assim Ele ama e respeita a livre resposta de amor ao seu chamado. Como Pai, Deus deseja que nós nos tornemos seus filhos e vivamos como tais no seu Filho, em comunhão, em plena familiaridade com Ele. A sua onipotência não se exprime na violência, não se exprime na destruição do poder adversário como nós gostaríamos, mas se exprime no amor, na misericórdia, no perdão, no aceitar a nossa liberdade e no incansável apelo à conversão do coração, em uma atitude só aparentemente indefesa – Deus parece indefeso, se pensamos em Jesus Cristo que reza, que é morto. Uma atitude aparentemente indefesa, feita de paciência, de mansidão e de amor, demonstra que 10

Shalom Maná | Março 2013

este é o verdadeiro modo de ser poderoso! Este é o poder de Deus! E este poder vencerá! [...] Somente quem é verdadeiramente poderoso pode suportar o mal e mostrar compaixão; somente quem é verdadeiramente poderoso pode exercitar plenamente a força do amor. E Deus, a quem pertence todas as coisas porque tudo foi feito por Ele, revela a sua força amando tudo e todos, em uma paciente espera pela conversão de nós, homens, que deseja ter como filhos. Deus espera a nossa conversão. O amor onipotente de Deus não conhece limites, tanto que “não poupou o próprio Filho, mas o entregou por todos nós” (Rm 8, 32). A onipotência do amor não é aquela do poder do mundo, mas é aquela da doação total, e Jesus, o Filho de Deus, revela ao mundo a verdadeira onipotência do Pai dando a vida por nós, pecadores. Eis o verdadeiro, autêntico e perfeito poder divino: responder ao mal não com o mal, mas com o bem, aos insultos com o perdão, ao ódio com o amor que faz viver. [...] Então, quando dizemos: “Eu creio em Deus Pai onipotente”, nós expressamos a nossa fé no poder do amor de Deus, que no seu Filho morto e ressuscitado derrota o ódio, o mal, o pecado e nos abre à vida eterna, aquela dos filhos que desejam estar para sempre na “Casa do Pai”. Dizer “Eu creio em Deus Pai onipotente”, no seu poder, no seu modo de ser Pai, é sempre um ato de fé, de conversão, de transformação do nosso pensamento, de todo o nosso afeto, de todo o nosso modo de viver. Queridos irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor para sustentar a nossa fé, para ajudar-nos a encontrar verdadeiramente a fé e para dar-nos a força de anunciar Cristo crucificado e ressuscitado e de testemunhá-lo no amor a Deus e ao próximo. Que Deus nos conceda acolher o dom da nossa filiação, para viver em plenitude a realidade do Credo, no abandono confiante ao amor do Pai e à sua misericordiosa onipotência que é a verdadeira onipotência e salvação.

“O amor de Deus Pai não é menor, não se cansa de nós, é amor que doa até o extremo, até o sacrifício do Filho”


“José seguiu os passos de seu Filho, fazendo-se e deixando-se fazer por Ele pai e discípulo, sendo guiado de forma velada, somente por sonhos; nunca presenciou nada de extraordinário, mas viveu o ordinário de forma extraordinária pela fé”

a igreja celebra

No Ano da Fé, construindo a Igreja Doméstica com José

Assessoria Litúrgica da Comunidade Católica Shalom

à custa de duras provas aprendeu a não apoiar-se na carne, nem no sangue, simbolizado pelo Egito, uma vara seca de bambu que fura a mão de quem se apoia nela: “Manterei no meio de ti um resto de gente humilde e pobre: procurarão refúgio no nome do Senhor. O resto de Israel não mais cometerá iniquidade; nunca mais dirão mentiras. De sua boca não escapará mais um modo de falar enganador; mas pastarão e repousarão sem que ninguém os faça tremer” (Sof 3,12-13). Para triunfar sobre o mistério da iniquidade, Deus escolhe a pobreza, a kenosis, a pequenez, o escondimento, a humildade, a confiança, a caridade, a certeza da esperança como algo impossível de ser destruído, pois pertence a uma realidade que transcende o homem. “O resto de Jacó será então entre numerosos povos, como um orvalho vindo do Senhor, um chuvisco sobre relva, que nada espera do homem e nada aspira dos filhos de Adão. O resto de Jacó será então entre as nações, no meio de povos numerosos, como um leão entre os animais da floresta, como um filhote de leão no meio de rebanhos de carneiros; quando ele passa, esmaga, despedaça, ninguém pode livrar” (Mq 5,6-7). Foram ao longo de séculos de tribulações que, silenciosamente, o Espírito de Deus foi gerando os Anawins ou pobres de Javé, pobres de si e ricos de Deus, pois querem o que Deus quer. Joaquim, Ana, Elisabete, Zacarias, João Batista, Matias, Maria e José fazem parte desta geração que prepararam a vinda do Cordeiro.

Shalom Maná | Março 2013

“Fé é a certeza das coisas que não se veem”, diz São Paulo. Esta fé foi vivida de forma incomparável por José. O autor da Carta aos Hebreus diz que Jesus aprendeu a obediência pelos sofrimentos. José seguiu os passos de seu Filho, fazendo-se e deixando-se fazer por Ele pai e discípulo, sendo guiado de forma velada, somente por sonhos; nunca presenciou nada de extraordinário, mas viveu o ordinário de forma extraordinária pela fé. José não assistiu a um milagre de Cristo, pois faleceu antes de sua vida pública. Sua anunciação foi feita em sonhos, os anjos que se manifestaram aos pastores não lhe apareceram. As ordens de Deus eram sempre por sonhos. José tinha decidido obedecer sem entender e continuar obedecendo sem entender até o fim de sua vida. O refrão que lhe acompanhou na vivência da santidade no cotidiano foi a oração de Cristo crucificado: “Pai, em vossas mãos, Eu entrego o meu Espírito”. Foi nesta fé que José assumiu a sua missão de ser pai e esposo, ou melhor, um justo e bom esposo e, como consequência, um bom pai. A fé de José não foi simplesmente iniciada em sua vida como a de Noé e a de Abraão, mas em um culminar de desafios, quedas, tropeços, fracassos, soerguimentos, perdão, misericórdia, promessa, esperança, purificação, humilhação, benefícios de penúria, exílios, diásporas, páscoas, numa luta entre o mistério da graça e o mistério da iniquidade. Uma luta em grande frente de batalha, na qual algo novo foi preparado com muito carinho pela providência divina: um povo pequeno, separado do mundo, que

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A Palavra de Deus nos fala que José era um homem justo (Mt 1,19). Que tipo de justo é José? José é um anawin tsadiq. O tsadiq é aquele que reconhece o fundamento absoluto da Lei e seu valor moral e o anawin é o pobre que vive o amor esponsal em querer o que Deus quer, que fecunda a terra como um orvalho, mas que aterroriza o mal com sua alma unificada, como um filhote de leão no meio de rebanhos de carneiros; quando ele passa, esmaga, despedaça, o inferno inteiro treme, ninguém pode livrar.” José é o homem do Shalom (da raiz shin – lamed – mem), da paz justa, ou seja, do shalom, da plenitude feliz de sua alma unificada, reunida (Assaph = Iosseph) em Deus e que leva à execução de sua vontade. José, chamado justo, dirige o coração inteiramente para Deus; com toda a sua alma ajustada e com todas as suas forças ele abraça a integridade e a fidelidade autêntica a Deus. Devido pertencer a uma pequena nação submetida a várias diásporas, o judeu primou pela educação no lar, pois tinha que preservar a sua identidade. Era em casa que se aprendia o idioma do povo eleito, as danças, o canto sacro, o ritual do shabbat. Hoje estamos vivendo uma situação em que a mentalidade do mundo esvazia-nos de nossa dignidade de filhos de Deus. É preciso que aprendamos com José a edificar em nossas casas, pela Fé, uma Igreja Doméstica. Na Igreja doméstica, o discipulado da pequenez Na Igreja doméstica da família de Nazaré, Maria é quem leva a humanidade de Ieshuah a José; a mãe protege, cria um ambiente caloroso e pacífico, teme por seu Filho, lhe dá a vida e a percepção de Adonai em si. A mulher é ministra da imanência divina. O pai ajuda a crescer, José ensina sua profissão a Ieshuah e o prepara para a vida. Ieshua será o Naggar, do arquiteto que fez o mundo em sua divindade ao carpinteiro que projeta e esculpe móveis em sua humanidade; o pai é o reconhecimento externo que confirma o que a mãe disse. É o outro, reflexo do “Outro”, desempenha o papel de separação que fará o filho sair da fusão com a mãe, cortando o cordão umbilical em cada fase da vida. Ele nos empurra em direção à vida, é o Deus fora de nós, Deus além de nós, revela o transcendente. É o olhar de Maria sobre José que comunicará à humanidade de Cristo uma relação sadia com a 12

Shalom Maná | Março 2013

paternidade divina, pois José foi de todos os homens o escolhido por Deus para ser referencial da sexualidade masculina para a humanidade de seu Filho. José ensinará a Ieshuah o aramaico, a Torah1, os salmos e provérbios, as profecias, o conhecimento da flora e da fauna de Israel, as danças que celebram a glória de Adonai, que celebra o Shabat2, sobe a Jerusalém todos os anos para a festa da Páscoa cantando os salmos das peregrinações. É preciso que aprendamos com José a sermos pequenos e a formar nossos filhos no discipulado da pequenez. Como? Dando as primícias de nosso tempo e intimidade ao Senhor, na sua palavra, em seu louvor, na benção das refeições, na oferta de vida que parte e transborda na Eucaristia, na vivência da missão de ser homem, esposo e pai, assim como mulher, esposa e mãe, mas em tudo: filhos e almas esposas do Esposo, pois este amor de união de vontades em gratidão e louvor, chamado amor esponsal, é para homens e mulheres, adultos e crianças. É preciso retornar o costume salutar de pedir a bênção aos pais antes de sair de casa, como abençoar cada refeição; de se ter um oratório em local de destaque da casa para onde se voltem o olhar e o coração a fim de agradecer, suplicar, louvar e retornar o costume de orar em família, em honra da Mãe de Deus, nas festas e celebrações. Os filhos que veem seus pais a louvar nos momentos de bonança e tribulação terão uma imagem de Deus forte, que os capacitará a enfrentar os desafios da vida. Um pai que forma seus filhos no reconhecimento da grandeza de Deus, leva-os a participar do exército dos pequeninos que com a Mulher pisarão a cabeça da serpente e triunfarão sobre o mundo e o maligno, fazendo novas todas as coisas, unidos ao Emanuel e apressando a sua vinda no advento da Nova Jerusalém, onde toda lágrima será enxugada. O mundo antigo desaparecerá, não haverá mais maldição. Todos verão a face do Altíssimo, o seu nome estará sobre suas frontes. Não haverá mais noites, ninguém precisará da luz da lâmpada nem da luz do sol, porque o Senhor Deus difundirá sobre eles a sua luz e reinarão pelos séculos dos séculos (Ap 21,4; 22,5). Amém. Vem, Senhor Jesus!

Torah = a Lei, o pentateuco – os cinco primeiros livros da Bíblia. Shabat, o dia de descanso, é o símbolo máximo do judaísmo, verdadeira essência da fé judaica. 1 2


ESPECIAL

“Bem-aventurados os misericordiosos” (parte 2)

Pe. Raniero Cantalamessa O.F.M. Cap. Pregador da Casa Pontifícia (Vaticano)

Shalom Maná | Março 2013

Continuando o artigo sobre a bem-aventurança da misericórdia, iniciado na edição passada, Cantalamessa medita sobre o exercício e a importância do perdão individual e comunitário.

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“Há uma graça especial quando não é só o indivíduo, mas toda a comunidade que se põe ante Deus nesta atitude penitencial. De uma experiência profunda da misericórdia de Deus saímos renovados e cheios de esperança”

Jesus diz: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”; e no Pai Nosso nos faz orar: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Diz também: “Se não perdoais os homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas” (Mt 6,15). Estas frases poderiam levar a pensar que a misericórdia de Deus para conosco é um efeito de nossa misericórdia para com os outros, e que é proporcional a ela. Se assim fosse, no entanto, estaria completamente invertida a relação entre graça e boas obras, e se destruiria o caráter de pura gratuidade da misericórdia divina solenemente proclamado por Deus ante Moisés: “Realizarei graça a quem quiser fazer graça e terei misericórdia de quem quiser ter misericórdia” (Ex 33, 19). A parábola dos dois servos (Mt 18,23ss) é a chave para interpretar corretamente a relação. Nela se vê como é o senhor que, em primeiro lugar, sem condições, perdoa uma dívida enorme ao servo, e que é precisamente sua generosidade que deveria ter impulsionado ao serviço de ter piedade de quem lhe devia a mísera soma de cem denários. É preciso ter misericórdia, senão a misericórdia de Deus não terá efeito em nós e nos será retirada, como o senhor da parábola a retirou ao servo impiedoso. Experimentar a misericórdia divina Se a misericórdia divina está no início de tudo e é ela que exige e torna possível a misericórdia de uns para com os outros, então o mais importante para nós é ter uma experiência renovada da misericórdia de Deus. O escritor Franz Kafka tem uma novela titulada ‘O Processo’. Nela, fala de um homem que um dia, sem que ninguém saiba por que, é declarado em detenção. Ele começa uma extenuante busca para conhecer os motivos, o tribunal, as imputações, os procedimentos, mas ninguém sabe dizer-lhe nada, 14

Shalom Maná | Março 2013

apenas que existe verdadeiramente um processo contra ele. Até que um dia chegam para levá-lo à execução da sentença. No curso do sucesso se vai conhecendo que haveria, para este homem, três possibilidades: a absolvição autêntica, a absolvição aparente e a prorrogação. A absolvição aparente e a prorrogação, contudo, não resolveriam nada; serviriam somente para manter o imputado em uma incerteza mortal por toda a vida. Na absolvição autêntica, ao contrário, as atas processuais devem ser completamente suprimidas, desaparecem totalmente do processo, não só a acusação, mas também o processo e até a sentença se destroem, tudo é destruído. Mas destas absolvições autênticas, tão suspiradas, não se sabe da existência de nenhuma; há só rumores a respeito, nada mais que ‘belíssimas lendas’. A obra conclui assim como todas as do autor: algo que se entrevê de longe, se persegue com afã como um pesadelo noturno, mas sem possibilidade alguma de alcançá-lo. Na Páscoa, a liturgia da Igreja nos transmite a incrível notícia de que a absolvição autêntica existe para o homem, não é apenas uma lenda, algo belíssimo, mas inalcançável. Jesus destruiu “a acusação que havia contra nós; e a suprimiu pregando-a na cruz” (Col 2,14). Destruiu tudo. “Nenhuma condenação pesa já para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8,1). Nenhuma condenação! De nenhum tipo! Para os que creem em Cristo Jesus! Em Jerusalém havia uma piscina milagrosa e o primeiro que se jogava dentro, quando as águas se agitavam, ficava curado (v. Jo 5,2ss). No entanto, a realidade, também aqui, é infinitamente maior que o símbolo. Da cruz de Cristo brotou a fonte de água e sangue, e não um só, mas todos os que se ajoelham dentro saem curados. Depois do batismo, esta piscina milagrosa é o sacramento da Reconciliação. Há uma graça especial quando não é só o indivíduo, mas toda a comunidade que se põe ante


Deus nesta atitude penitencial. De uma experiência profunda da misericórdia de Deus saímos renovados e cheios de esperança: “Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, estando nós mortos por causa de nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2,4-5). Revesti-vos de entranhas de misericórdia A última palavra a propósito de cada bemaventurança deve ser sempre a que afeta pessoalmente e impulsiona cada um de nós à conversão e à prática. São Paulo exortava os Colossenses com estas palavras: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão, paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-os mutuamente, se alguém tem queixa contra outro. Como o Senhor vos perdoou, perdoai-vos também vós” (Col 3,12-13). “Nós, os seres humanos - dizia Santo Agostinho - somos como vasos de argila, que só com tocálos, quebram (lútea vasa quae faciunt invicem angustias)”. Não se pode viver em harmonia, na família e em qualquer outro tipo de comunidade, sem a prática do perdão e da misericórdia recíproca. Misericórdia é uma palavra composta por misereo e cor; significa comover-se no próprio coração pelo sofrimento ou o erro do irmão. É assim que Deus explica sua misericórdia frente aos desvios do povo:

“Meu coração está em mim comovido, e por sua vez se estremecem minhas entranhas” (Os 11, 8). Trata-se de reagir com o perdão e, até onde é possível, com a justificação, não com a condenação. Quando se trata de nós, vale o ditado: “Quem se desculpa, Deus o acusa; quem se acusa, Deus o desculpa”; quando se trata dos demais, ocorre o contrário: “Quem desculpa o irmão, Deus o desculpa; quem acusa o irmão, Deus o acusa”. O perdão é para uma comunidade o que o óleo é para o motor. Se sairmos de carro sem uma gota de óleo no motor, em poucos quilômetros tudo se incendiará. Como o óleo, também o perdão resolve as fricções. Há um Salmo que canta o gozo de viver juntos como irmãos reconciliados, diz isso: “é como um óleo suave na cabeça, que desce pela barba de Aarão, até a orla de suas vestes” (v. Sl 133, 1). Nosso Aarão, nosso Sumo Sacerdote, diriam os Padres da Igreja, é Cristo; a misericórdia e o perdão são o óleo que desce dessa ‘cabeça’ elevada na cruz e se estende ao longo do corpo da Igreja até a orla de suas vestes, até aqueles que vivem em suas margens. Onde se vive assim, no perdão e na misericórdia recíproca, ‘o Senhor dá sua bênção e a vida para sempre’. (Sl 133, 36). Procuremos identificar, em nossas relações com os outros, aquela que pareça mais necessitada de receber o óleo da misericórdia e da reconciliação, e a invoquemos silenciosamente, com abundância, pela Páscoa. Unamo-nos a nossos irmãos ortodoxos, que na Páscoa não se cansam de cantar: “É o dia da Ressurreição! Irradiamos gozo pela festa, Abracemo-nos todos. Digamos irmão também a quem nos odeia, Perdoemos tudo por amor à Ressurreição.”

“Se a misericórdia divina está no início de tudo e é ela que exige e torna possível a misericórdia de uns para com os outros, então o mais importante para nós é ter uma experiência renovada da misericórdia de Deus” www.edicoesshalom.com.br

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orando com a palavra

Arrependei-vos e crede no Evangelho

O apelo à conversão, ao arrependimento e a fé no Evangelho é permanente e necessário para todos, em qualquer tempo.

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José Ricardo Ferreira Bezerra Missionário da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE

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ntes de iniciar a leitura, peça o auxílio do Espírito Santo, aquele que inspirou os autores sagrados a escreverem o que Deus quis, para entender o que e o para quê foi escrito. Oremos: “Ó vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai, Senhor, o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra”. Oremos: “Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém”.

O objetivo desta seção é levá-lo a ler e meditar com a Palavra de Deus por meio do antigo e comprovado método da lectio divina, que consiste em quatro passos: leitura, meditação, oração e contemplação. Tomemos hoje um trecho do Evangelho segundo São Marcos, do capítulo 1, versículos 14 e 15 (Mc 1,14-15), sobre o início da pregação de Jesus. Também tome a passagem paralela no Evangelho de Mateus (Mt 4,12-17) e faça a sua lectio deste dia. Leia, devagar, à meia voz, os versículos indicados, e continue com os demais passos da lectio. A seguir, leia a minha partilha abaixo para ajudar na sua oração.


Graças inesperadas “Depois que João foi preso...” (Mc 1,14a). “Ao ouvir que João tinha sido preso...” (Mt 4,12a). Os dois evangelistas dizem que Jesus inaugura o seu ministério público, justamente quando João Batista termina o seu. João fora levado à prisão por censurar o adultério do rei Herodes com Herodíades, a mulher do seu irmão, Filipe (cf. Mt 14,3-4). Embora o precursor continuasse em contato com seus discípulos até ser decapitado, ela já havia cumprido seu papel, preparando os caminhos do Senhor. Note, portanto, que o início do anúncio da Boa-Nova do Evangelho por Jesus ocorreu somente após a prisão de João. Às vezes, fatos negativos em nossa vida ou na de alguém próximo a nós podem nos trazer graças inesperadas. É preciso ter os olhos e ouvidos atentos ao que Deus nos fala através dos acontecimentos. Medite sobre isso e louve a Deus pelas oportunidades que Ele já lhe deu após quedas ou frustrações em sua vida.

“Deus não se esquece dos seus filhos, mesmo daqueles que se acham desprezados ou abandonados”

“... veio Jesus para a Galileia...” (Mc 1,14b) “... ele voltou para a Galileia e, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum, à beira-mar, nos confins de Zabulon e Neftali, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região além Jordão, Galileia das nações! O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; aos que jaziam na região sombria da morte, surgiu uma luz.” (Mt 4,12b-16). Jesus nasceu em Belém, na Judeia, mas Ele e os seus www.edicoesshalom.com.br

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pais foram morar em Nazaré, da Galileia, no norte da Terra Santa. João batizava no rio Jordão, numa região vizinha a Jerusalém (cf. Mt 3,5). Jesus foi até lá e depois do batismo passou 40 dias no deserto, provavelmente o da Judeia, que estava ali perto, no sul de Israel. Porém, o Mestre escolhe iniciar sua pregação não em Jerusalém, mas na Galileia, na área das tribos de Zabulon e Neftali, perto das primeiras cidades que foram arrasadas com a invasão babilônica a Israel, como previra Isaías. Deus não se esquece dos seus filhos, mesmo daqueles que se acham desprezados ou abandonados. Você já se sentiu “distante” de Deus? Você tem confiado nas promessas do Senhor? Evangelho: boa notícia “... proclamando o Evangelho de Deus” (Mc 1,14c). “A partir desse momento, começou Jesus a pregar e a dizer...” (Mt 4,17a). Evangelho é uma palavra derivada do grego que significa “boa notícia”. Jesus começa a anunciar a todas as pessoas um “Evangelho”, isto é, uma boa notícia. E a Boa-Nova que Ele traz da parte de Deus é Ele mesmo. Você já acolheu o Evangelho, esta boa notícia que é Jesus? E você tem anunciado aos outros essa Boa-Nova? “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho.” (Mc 1,15). “Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus.” (Mt 4,17b). Para esta palavra “Arrependei-vos” usada pela Bíblia de Jerusalém, outras traduções trazem: “Convertei-vos” e “Fazei penitência”. Note que João Batista havia iniciado a sua pregação com essa mesma exortação: “Arrependei-vos...” (Mt 3,2a). A nota de rodapé

“Às vezes, fatos negativos em nossa vida ou na de alguém próximo a nós podem nos trazer graças inesperadas”

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da Bíblia de Jerusalém nos ajuda a entender melhor o significado original dessa palavra: “A metanoia, etim., mudança de sentimento, designa a renúncia ao pecado, o ‘arrependimento’. Esse pesar, que se refere ao passado, vem normalmente acompanhado de uma ‘conversão’ (verbo grego epistrephein), pela qual o homem se volta para Deus e empreende uma vida nova. Esses dois aspectos complementares de um mesmo impulso da alma não se distinguem sempre no vocabulário (cf. At 2,38+;3,19+). Arrependimento e conversão constituem a condição necessária para receber a salvação trazida pelo Reino de Deus. O apelo ao arrependimento, proclamado por João Batista (...) foi retomado por Jesus (...), pelos seus discípulos (...) e por Paulo ...” Este apelo à conversão, ao arrependimento e à fé no Evangelho é permanente e necessário para todos, em qualquer tempo. Como isso está em sua vida? Você tem o hábito de fazer o exame de consciência e arrepender-se quando erra? Em que áreas você precisa mais de conversão? Oração Caso não tenha feito, sugerimos então que você comece fazendo um bom exame de consciência, arrependendo-se e pedindo o perdão pelas suas faltas e pecados. Há quanto tempo você não se confessa? Caso tenha pecados graves, é urgente que procure um sacerdote. Assuma um compromisso sério de conversão. Ao concluir sua lectio, lembre-se de anotar em seu caderno de oração as principais graças que o Senhor lhe deu neste dia. Se quiser, escreva-nos dando o seu testemunho. É uma alegria tê-lo(a) como leitor(a). Veja os endereços no expediente da revista ou envie sua mensagem para este email: josericardo@comshalom.org. Convertei para vós, ó Pai, nossos corações, a fim de que, buscando sempre o necessário e praticando as obras da caridade, nos dediquemos ao vosso culto. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Ó Maria santíssima, Mãe de misericórdia, Refúgio dos pecadores, rogai por nós que recorremos a vós! Até o próximo mês! Shalom!


Especial

Cardeal Rylko visita Comunidade Shalom

C

om alegria e entusiasmo, os mem bros d a C omu n id a de Católica Shalom receberam entre os dias 1 e 4 de fevereiro a visita do Cardeal Stanilaw Rylko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos e responsável geral pela Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O purpurado, ao lado de Moysés Azevedo e Emmir Nogueira, conheceu as dependências da Diaconia Shalom, sede do Governo Geral

da Comunidade. Ainda durante a visita, no dia 2 de fevereiro, Monsenhor Rylko abençoou e lançou a pedra fundamental da igreja que será construída na Diaconia, em Aquiraz (CE). No dia 3, a Comunidade Shalom teve a grande alegria de participar da Santa Missa presidida pelo Cardeal, no Centro de Evangelização Shalom da Paz, em Fortaleza (CE). Mantido o tom coloquial, apresentamos, a seguir, a homilia do Cardeal Rylko pronunciada no dia 3 de fevereiro.

“A Igreja confia em vós e conta convosco”

Shalom Maná | Março 2013

Caros amigos, Há uma conexão profunda entre a Eucaristia que agora celebramos no Centro de Evangelização Shalom, em Fortaleza, e aquela celebrada juntos na Basílica de São João de Latrão, em Roma, no mês de maio passado, durante a vossa peregrinação ‘Ad limina apostolorum’. Continua, de fato, a ação de graças a Deus pelos 30 anos de história da vossa Comunidade, e aqui, em Fortaleza, tudo nos fala desta história: as vossas origens, uma pequena pizzaria e um grupo de jovens enamorados de Cristo e do Seu Evangelho, e depois o vosso magnífico crescimento e difusão não somente no Brasil, mas em cerca de 20 países do mundo. Quem poderia imaginar tudo isto no início dos anos 80? O Senhor nos surpreende sempre com a Sua generosidade e com o Seu amor. A memória das origens de uma comunidade é fundamental para compreender em profundidade a natureza e a beleza do carisma do qual ela brotou. A memória é importante também

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para compreender a verdadeira identidade de uma comunidade e a sua missão eclesial, o que ela é na Igreja, porque nasceu, qual é o seu papel na Igreja. A memória das origens permite, por fim, colher mais claramente aquele enorme dinamismo que cada carisma traz em si. Um pequeno grão de mostarda torna-se uma árvore robusta, ou seja, um pequeno grupo de pessoas animadas por um carisma torna-se um povo numeroso, dotado de uma extraordinária vitalidade missionária. Neste processo de crescimento, um importante marco é certamente o Decreto de Aprovação Pontifícia por parte do Pontifício Conselho para os Leigos. Recordo que também para vós o Reconhecimento Pontifício foi um momento de grande comoção. A Igreja conferiu o seu importante selo de autenticidade e de genuinidade ao vosso carisma, um sinal eloquente que a Igreja confia em vós e conta convosco. A partir daquele momento na vida da vossa comunidade, abriu-se uma etapa nova, aquela que podemos chamar de etapa da maturidade eclesial, tão fortemente desejada pelo Beato João Paulo II para todos os Movimentos Eclesiais e as Novas Comunidades. 20

Shalom Maná | Março 2013

Ontem visitei com muita alegria a Diaconia Geral da vossa Comunidade e pensei “que esta Diaconia tão grande e bela seja exatamente o sinal de que estais vivendo a etapa da maturidade eclesial”. Esta é uma meta importante – maturidade eclesial – para todo o movimento e para todas as novas comunidades, mas o que quer dizer de fato? Gostaria de deter-me brevemente em dois aspectos que me parecem essenciais para que se possa falar de maturidade eclesial: viver com toda a profundidade o próprio carisma e viver a espiritualidade de comunhão. O carisma do qual nasce uma comunidade constitui o coração pulsante, a alma que dá vida a tal comunidade. Eis então a primeira missão da vossa Diaconia Geral: guardar com grande cuidado e amor o vosso carisma. O carisma é um dom, mas também uma tarefa, um desafio para quem o recebe. Ocorre para isso um forte senso de responsabilidade diante de Deus e da Igreja. O Concílio Vaticano II afirma que cada carisma cuja autenticidade e genuinidade foi reconhecida pela igreja, deve ser acolhido com gratidão e consolo e deve ser posto generosamente a serviço da missão. Os carismas dos movimentos eclesiais suscitam em tantos leigos, homens e mulheres, jovens e adultos, um extraordinário impulso e criatividade missionários. Tanta alegria na vivência da fé, infelizmente, com o passar do tempo, pode-se correr também o risco que um carisma seja mitigado, podendo deixarse comprometer pela mentalidade deste mundo, o risco que uma certa rotina ou cansaço na vivência do carisma possa encontrar espaço e, assim, o carisma na vida de uma comunidade torna-se sempre mais opaco, menos brilhante, perde o seu frescor e a sua força de atração. Pode acontecer até mesmo que alguns carismas, mesmo aqueles que possuem uma longa história na Igreja, cheguem a morrer. Pensemos nos tristes casos de algumas congregações religiosas. O carisma de uma comunidade, portanto, deve ser guardado e protegido por todos os membros, pois é um bem precioso que pertence a toda a comunidade, ou melhor, à Igreja, mas guardar e proteger um carisma quer dizer concretamente vivêlo até as últimas consequências, de modo radical, com fidelidade, com alegria e com entusiasmo. A especial tarefa para a vossa Diaconia Geral,


portanto, é manter vivo o senso de responsabilidade para guardar o carisma que recebestes. Que seja sempre vivo, cheio de frescor e genuíno. Na segunda leitura, tirada da Primeira Carta aos Coríntios, São Paulo nos dá um importante ensinamento: o que fazer para que um carisma não perca a sua cor, o seu brilho e frescor. São Paulo exalta com força: “Irmãos, aspirai aos dons mais elevados. Eu vou ainda mostrar-vos um caminho incomparavelmente superior. Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse caridade, eu seria como um bronze que soa, ou um címbalo que retine”. Recordamos que fascinada exatamente por estas palavras, Santa Teresa de Lisieux declarou na sua autobiografia: “A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, no coração da Igreja, minha mãe, serei o amor”. Eis o melhor caminho que cada um de nós deve seguir: o amor. Somente um carisma vivido com amor não envelhece nunca. Consideremos agora o segundo aspecto próprio da etapa da maturidade eclesial de uma comunidade: viver segundo a espiritualidade de comunhão. Na sua Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, o Beato João Paulo II escreveu: “Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão: eis o grande desafio que nos espera no milênio que começa”, mas o que isto significa? O papa respondia: “Antes de programar iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade da comunhão, elevando-a ao nível de princípio educativo em todos os lugares onde se plasma o homem e o cristão. Mais completamente, isto significa viver dentro, e viver tendo o olhar fixo em Deus, no Mistério da Comunhão Trinitária, sentir o irmão de fé na unidade da Igreja, corpo místico de Cristo e, portanto, como um que faz parte de mim. Ver no outro, sobretudo, aquilo que nos une, valorizar o que há de positivo no outro, e criar espaço na própria vida, rejeitar as tentações egoístas que nos insidiam e que geram uma insana competição, arrivismo e ciúmes. Trata-se, pois, de saber alegrar-se com o êxito dos outros, estar dispostos a colaborar, sobretudo, com as iniciativas das dioceses e das paróquias. Ter um só coração e uma só alma deve ser, portanto, o objetivo prioritário no interior de cada comunidade cristã. A comunhão assim entendida é profundamente ligada à missão”.

A christifideles laici explica-o muito bem: a comunhão e a missão estão profundamente ligadas entre si, complementam-se e integram-se mutuamente, a ponto de a comunhão representar a fonte e, simbolicamente, o fruto da missão. A comunhão é missionária e a missão é para a comunhão. Decerto, o único e mesmo Espírito que convoca e une a Igreja e que a manda pregar o Evangelho até os confins da terra. Queridos amigos, quando hoje falamos de missão evangelizadora da Igreja, o nosso pensamento voltase espontaneamente à próxima Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro. Sim, sobretudo o Brasil está vivendo hoje um Kairós particular, um verdadeiro e próprio tempo da graça, e isto se sente nas expectativas por parte dos jovens do mundo inteiro, que são grandes. Não podemos desiludi-los. Para isso, é necessário que todas as forças vivas da Igreja no Brasil, particularmente aquelas dos movimentos eclesiais e das novas comunidades, possam dar generosamente a própria contribuição à preparação pastoral e logística deste grande evento. É este o momento para comprovar a maturidade eclesial de cada um. Sei que a Comunidade Shalom encontra-se na linha de frente, está entre as mais empenhadas, e hoje estou aqui para dizer a todos vocês, em nome do Santo Padre, um profundo obrigado. Especialmente, agradeço a Moysés por ter dado ao Pontifício Conselho para os Leigos, neste tempo de intenso trabalho preparatório à JMJ, um precioso colaborador na pessoa do padre João Wilkes, que vós bem conheceis, e que me acompanha também nessa viagem. Obrigado, pois, a todos vós, e nos veremos no Rio de Janeiro, no mês de julho próximo. Amém.

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atualidade

Maria, Santa Maria,

olhai pelos jovens! A tragédia de Santa Maria (RS), ocorrida na madrugada de 27 de janeiro de 2013, comoveu o mundo inteiro com a morte de mais de 230 jovens. Voltemos a nossa atenção para a dor das famílias e para a realidade da juventude brasileira, tão sedenta da verdadeira felicidade. Amanda dos Reis Cividini Missionária da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE

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tragédia brasileira que vitimou vários jovens no Rio Grande do Sul recentemente e que foi intensamente reportada pela mídia, encontrou dentro de nós um eco de muitas críticas, sentimentos de dor, incompreensão de como tantos jovens perdem a vida de forma tão abrupta e quase “inexplicável”. Inexplicável, não porque quero me alienar dos erros humanos envolvidos neste caso, mas porque é senso comum que o jovem chegue à maturidade e à velhice. Não nos surpreendemos quando um idoso morre por qualquer causa, mas um jovem, sim. Como dizemos: “É a lei da vida”. Talvez, sobre esta “lei” é que eu tenha me sentido inquieta e decidi escrever algumas

linhas. Olhei para o nome da cidade da tragédia e não consigo deixar de mencionar aquela que também jovem escolheu dar a vida a um Filho que mudaria a história da humanidade. Aquela, que viu seu Filho, jovem, dar a vida para que todos pudessem tê-la em abundância. Maria, Santa Maria, olhai pelos jovens! Olhai por suas famílias e amigos. Olhai para que suas vidas na eternidade sejam luz para mais amor no meio de nós e maior preocupação com a vida. Mãe, olhai para tantas mães que desprezam a vida dos filhos nascituros, e olhai para aquelas que amaram tanto estes seus filhos que jovens partiram. Consolai-as com seu exemplo de fé. Que elas possam neste momento de dor lembrar que deram o que tinham de mais precioso a seus filhos: a vida!


Refletir sobre este fato é importante demais para todo ser humano. Não vou ser inovadora ao dizer que vivemos tempos de apatia e indiferença tamanha que as pessoas não se assustam mais com tragédias. Quantas não morrem todos os dias de forma brutal, violentadas e torturadas pelas guerras na Síria, Faixa de Gaza, Egito (infelizmente cabe aqui: etc). Sem querer tirar o foco da tragédia que envolveu estes jovens em Santa Maria (RS), nem de forma alguma dizer que são mais um número diante de tantas mortes, mas realmente olhálos para trazer nosso “coração para a cena”, que não é de ficção cinematográfica, não! Estamos perdendo pessoas, nossos jovens, de forma absurdamente banal! Meu comentário, como disse, não é inovador, mas pode ser hoje para você uma ponte para a realidade da “lei da vida”. Esta deve ser a lei que nos rege, pois vivemos e não morremos todos os dias como tenho escutado tantas vezes. Pessoas dizem, para consolar, que a cada dia caminhamos para a morte. Eu quero definitivamente contestar isso. Caminhamos para a vida. Fomos criados por Deus para viver e depois de viver empregados no tempo, viver eternamente. Os jovens de Santa Maria buscavam felicidade e vida. Nenhum deles, posso deduzir, entrou ali para morrer nem para sofrer. Mas será que encontraram vida? E será que a teriam encontrado mesmo se não houvesse aquele incêndio que os fez ser conhecidos pelo mundo? Será que cada um deles estava preparado para a eternidade? Quantos cristãos estavam lá testemunhando a vida? Será que eles se sentiam, como foi reportado, apenas mais um aumento no número de tragédias e mortos pelo mundo? Ou sabiam que cada um possui um valor incalculável por ser filho de Deus? Estes devem ser os nossos questionamentos diante de tragédias, e não encontrar fatos para justificar as negligências de um ou de outro. Isso não cabe a nós. Não devemos jamais deixar de buscar a justiça e o aprendizado com os erros humanos, porque isso também resguarda a vida, mas isso não impedirá que a morte chegue, sendo ela numa boate, numa igreja, na nossa casa. Um incêndio pode acontecer de forma intencional ou não, em qualquer lugar. Divagar em acusações não muda a realidade da vida. Não é impressionante que no Ano da Fé e no ano da Jornada Mundial da Juventude, em que tantos jovens se alegram e preparam para celebrar a vida, a fé e o encontro com o sucessor de Pedro, o Papa, outros morram buscando a mesma coisa: a alegria? Devemos

interpretar os sinais dos tempos que vivemos. Muito mais do que dizer que Deus os ignorou ou que nunca mais acontecerão mortes absurdas se houver mais leis punitivas no Brasil, como a pena de morte, lembremos que por trás de tragédias como estas podem estar o egoísmo e a avareza humanas, e não a vontade Deus. A primeira impressão que meu coração teve ao ouvir o noticiário foi: “Meu Deus, estes jovens foram evangelizados? Será que eles no momento de desespero recordaram que mais valia pensar que a eternidade estava próxima? Será que seu nome, Jesus, foi clamado no meio da escuridão?” E se não foi, eu errei, foi sim erro humano, meu e de cada cristão, que não chegou à vida destes jovens para dizer a eles que a verdadeira alegria é Deus! De forma alguma faço uma apologia de que se não estivessem na festa, numa boate e, sim, em uma Igreja ou qualquer outro lugar, não teria acontecido. Seria, no mínimo, anti-cristão um pensamento deste, pois a liberdade do homem e sua segurança não podem estar condicionadas. Poderia ter acontecido, como falei, em qualquer lugar, e Deus olha por seus amados em qualquer lugar. Mas aquele lugar foi na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, “o vale da sombra da morte”, e Deus lá estava, como nos garante sua Palavra (cf. Sl 22). Disso não duvide! Para cada um de nós, conclamo sempre mais divulgar a vida. A lei da vida é que ninguém sabe a hora nem o lugar, e é necessário que estejamos preparados. Meu clamor, ao leitor e à dureza do meu coração, é que devemos nos cansar mais pela evangelização dos jovens. Eles buscam em toda parte a felicidade e a vida, e aqueles que já encontraram não podem se calar e simplesmente sentar no sofá e se indignar porque morreram mais 230 jovens. Antes nos indignemos porque, talvez por nossa apatia, tantos jovens podem nunca ter encontrado a verdadeira vida. Santa Maria, rogai por nós!

“Maria, Santa Maria, olhai pelos jovens! Olhai por suas famílias e amigos. Olhai para que suas vidas na eternidade sejam luz para mais amor no meio de nós e maior preocupação com a vida” www.edicoesshalom.com.br

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Shalom Manรก | Marรงo 2013

ASSUNTO DO Mร S


Jesus institui a Eucaristia em favor de todos A Eucaristia é o modo real com o qual Jesus permanece para sempre no seu corpo, no seu sangue, na sua alma e na sua divindade em meio aos seus fiéis para sempre. O Esposo está conosco através da Eucaristia. Trecho de pregação proferida durante a Quaresma de 2009. Mantido o tom coloquial. Pe. Sílvio Scopel Missionário da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE

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bramos a nossa Bíblia em Lucas 22,1420. “Quando chegou a hora, Ele se pôs à mesa com os seus apóstolos e disse-lhes: ‘Desejei ardentemente comer esta páscoa convosco antes de sofrer, pois eu vos digo que já não comerei até que ela se cumpra no Reino de Deus’. Então, tomando uma taça, deu graças e disse: ‘Tomai isso e reparti entre vós, pois eu vos digo que doravante não beberei do fruto da videira até que venha o Reino de Deus’. E tomou o pão, deu graças, partiu, deu a eles dizendo: ‘Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória’. E depois de comer, fez o mesmo com a taça dizendo: ‘Esta taça é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós’”. Nós lemos o texto da instituição da Eucaristia segundo Lucas, este texto denso, fortíssimo, cheio de significados, que transforma a nossa vida e nos faz dar passos de conversão. Seria impossível encerrar todo o mistério deste texto num momento de meditação. Desejo somente tomar alguns elementos-chave.

Primeiro, o evangelista Lucas fala do termo hora, “sabendo que chegou a sua hora”. Para o Evangelho, a hora é o momento de Jesus manifestar a glória do Pai, que é, por excelência, o Cristo que se dá na cruz e revela o amor do Pai. Jesus era consciente de que Ele estava vivendo as suas últimas horas sobre esta terra. O tempo da vida terrena de Jesus estava se cumprindo, mas Ele queria permanecer eternamente com os seus discípulos. Ele o faz por meio do Espírito Santo, mas também por meio de um Sacramento. Jesus deixa, no momento de sua hora, no momento de partir desta vida, um modo através do qual Ele estará sempre presente na vida da sua Igreja, na vida dos seus apóstolos. Nós temos aqui a instituição da Eucaristia propriamente dita. Jesus diz: “Tomai e comei todos vós. Este é o meu corpo que é dado por vós”, ou seja, o pão, a partir das palavras de Jesus, se torna verdadeiramente o Corpo de Cristo, dado por vós. Em seguida, Ele toma o cálice e diz: “Tomai e bebei


“O Sacramento é um sinal visível de uma graça invisível. Se nós falamos que a Eucaristia é um grande e digníssimo Sacramento, em função do qual todos os outros estão ordenados, é porque ela é um sinal visível da presença invisível da cruz de Cristo”

todos vós, este é o meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que é derramado por vós”. O vinho, pelas palavras de Jesus, se torna verdadeiramente o Sangue de Cristo, o sangue que é o sangue de uma nova aliança. Como nós sabemos, quando lemos o Antigo Testamento em Êxodo, Levítico, está lá uma série de rituais por meio dos quais se eram sacrificados animais em vistas da purificação do povo, de que o povo permanecesse fiel à primeira aliança, aliança feita através de Moisés, no Sinai. Jesus vai dizer que aquele vinho é o seu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, não uma aliança que precisará se repetir. Aqui nós percebemos então um mistério a partir do pão e do vinho. Nós temos o Sacramento do Corpo de Jesus dado e do Sangue de Jesus derramado. É interessante perceber que não é simplesmente o corpo e o sangue, mas vejamos o verbo que vem depois, é um corpo dado e um sangue derramado, com um fim: por vós! Eu poderia perguntar para você: onde é que o Corpo de Cristo foi dado e 26

Shalom Maná | Março 2013

onde é que o Sangue de Cristo foi derramado? Na cruz. Por que eu estou dizendo isso? Porque se o Corpo de Cristo foi dado na cruz e o Sangue de Cristo foi derramado na cruz, eu estou dizendo que a Eucaristia é o Sacramento da cruz de Cristo. É o sacramento que torna presente, que atualiza na nossa vida a cruz de Cristo. Sacramento da cruz de Cristo O que é um Sacramento? Um modo simples e eficaz de defini-lo, sem muita pretensão de aprofundar, é dizer que o Sacramento é um sinal visível de uma graça invisível. Se nós falamos que a Eucaristia é um grande e digníssimo Sacramento, em função do qual todos os outros estão ordenados, é porque ela é um sinal visível da presença invisível da cruz de Cristo. A Igreja explica que a Eucaristia celebrada na Santa Missa é o mesmo sacrifício da cruz do Senhor, por quê? Porque é Cristo o sacerdote que celebra. É a mesma vítima oferecida: Cristo Jesus. A distinção é que no Calvário o sacrifício foi cruento, e na Santa Missa, agora, nós temos o sacrifício


“Eis a espiritualidade da Eucaristia: gerar em nós uma vida que seja realmente um sacrifício de louvor”

não cruento. A Eucaristia atualiza na nossa vida aquele evento que nos salvou, aquele evento de eternidade. A Eucaristia é o modo real com o qual Jesus permanece para sempre no seu corpo, no seu sangue, na sua alma e na sua divindade em meio aos seus fiéis para sempre. O Esposo está conosco através da Eucaristia. Em Cristo, nós temos o agir filial, Cristo que é sempre Filho do Pai, vive como filho até o fim e, obedecendo até o fim, morre na cruz. Adão desobedeceu porque quis ser dono da própria vida, quis colocar Deus à parte. A desobediência de Adão acarretou a morte. A obediência de Cristo acarretou a vida. A ressurreição é fruto da obediência na cruz, por isso que nós falamos que a Eucaristia é penhor de vida eterna, porque quem se alimenta dela, alimenta-se da cruz de Cristo, daquela caridade que emana da cruz. Quem comunga e quem se deixa envolver pelo dinamismo que a Eucaristia nos traz, repleto de amor e de doação, é um corpo dado, não é um corpo para si, não é um sangue para si, é um sangue derramado. Temos claro que a Eucaristia gera um dinamismo de salvação, de ressurreição em nós, de doação de vida, e esse dinamismo nos leva à vida eterna. Jesus também diz: “Fazei isto em memória de mim”. O termo memória não é uma lembrança e nem uma recordação simplesmente, porque nós estamos falando do Corpo de Cristo real, do Sangue de Cristo real. Quando Jesus fala de memória, Ele não está falando que a Eucaristia deve ser celebrada como evento que, historicamente, ficou no passado, mas o termo memória evoca atualização. Ele dá esse mandado aos apóstolos: “Fazei isso em memória de mim”, e é a partir daí que nasce o sacerdócio, por quê? Cristo é o único mediador entre Deus e os homens, Ele cumpre a sua mediação através da cruz. A Eucaristia é o sacramento da cruz de

Cristo, e a Igreja vai mediar este sacramento para o povo de Deus. A Igreja vai ser, então, instrumento de mediação entre o sacrifício da cruz e o povo de Deus, entre o povo de Deus e o sacrifício da cruz. Uma existência para o outro O fruto maior da Eucaristia será a ressurreição, mas para que a ressurreição aconteça é necessário se deixar envolver pelo mistério eucarístico desde já. O dinamismo eucarístico é um dinamismo de um corpo dado e um sangue derramado, sendo assim, a Eucaristia nos impulsiona a doarmos o nosso corpo e o nosso sangue pelo outro. Ela tem esse efeito na vida do fiel, na vida de quem comunga. Lembro-me agora de uma frase de Santo Agostinho, muito conhecida: “Aquele que te criou sem ti, não quer salvar-te sem ti”. Jesus faz com que, através da Eucaristia, o mistério da cruz seja presente na nossa vida, mas, por respeito e por amor a nós, Ele chama a nossa responsabilidade, Ele chama a nossa liberdade, e aí também há a nossa parcela de colaboração nesse dinamismo que a Eucaristia gera em nós, ela nos faz sempre pessoas abertas. A Eucaristia é um dom do Filho de Deus por nós. Como a cruz de Cristo é o amor de Deus pelo homem, a participação nessa cruz também nos lança sempre num ‘pelo outro’, em um amor ao outro, na doação da nossa vida ao outro. Jesus nos deixou o exemplo de como é que se ama: lavando os pés dos homens – até mesmo de quem o trairia – e se dando na cruz. A Eucaristia faz com que vivamos a nossa real vocação de filhos de Deus. Como filhos de Deus, nós também temos uma existência para o outro. Nós comungamos, todos os dias, ou uma vez por semana – no caso de quem não tem um compromisso mais estreito ou uma vida consagrada – para que a nossa vida, a partir da Eucaristia, seja transformada nessa vida que é sacrifício em louvor a Deus pela salvação dos homens. Eis a espiritualidade da Eucaristia: gerar em nós uma vida que seja realmente um sacrifício de louvor. Como é que eu posso medir se a Eucaristia está produzindo efeito na minha vida? A medida é: você tem crescido no sacrifício e no louvor? Porque quem comunga é para crescer em sacrifício e em louvor, em vida para o outro, em vida pelo outro. www.edicoesshalom.com.br

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“Lavar os pés uns dos outros” Jesus, no mesmo dia, instituiu a Eucaristia e também lavou os pés dos seus apóstolos. Vamos tomar as nossas Bíblias em João 13,1-5, pois nós também podemos olhar o lava-pés como algo bem ligado à espiritualidade eucarística. “Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou os até o fim. Durante a ceia, quando já o diabo pusera no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, o projeto de entregá-lo, sabendo que o Pai tudo pusera em suas mãos e que tudo viera de Deus e que a Deus voltava, levanta-se da mesa, depõe o manto, e tomando uma toalha cinge-se com ela. Depois põe água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido”. Agora vamos para os versículos 12 a 17: “Depois que ele lavou os pés, retomou o manto, voltou à mesa, e lhes disse: compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois o sou. Se, portanto, eu, o Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar vossos pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que como eu vos fiz, também vos o façais. Em verdade, em verdade vos digo: o servo não é maior do que o Senhor, nem o enviado maior do que quem o enviou. Se compreenderdes isso e praticardes, felizes sereis”. Leiamos agora o versículo 21, no qual nós temos o anúncio da traição de Judas e, depois, o versículo 38, em que há a predição da traição de Pedro. Eis a questão. Segundo o Evangelho de Lucas, a traição de Judas se dá depois da Ceia, depois da instituição da Eucaristia. Nós podemos agora fazer um paralelo no relacionamento que existe entre Jesus e Judas, em como um tratava o outro.

“A Eucaristia faz com que vivamos a nossa real vocação de filhos de Deus. Como filhos de Deus, nós também temos uma existência para o outro”

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“Rabi, serei eu?” Jesus, para com Judas, o elege apóstolo. O Senhor coloca Judas no seu círculo de intimidade, lava os seus pés, Jesus dá a ele a Eucaristia. E Judas, para com Jesus, é um falso, um traidor. O que Judas faz? Segundo o Evangelho de João, rouba o dinheiro que deveria manter aquele grupo. Segundo o Evangelho de Mateus, Judas vende Jesus, entrega-o por um valor insignificante e, após entregá-lo, quando Jesus anuncia a traição, ele pergunta falsamente ao Senhor: “Rabi, serei eu?”. Na sequência, o que aconteceu? Após ter chamado Jesus de Rabi, Judas sai, volta com os soldados do sumo sacerdote e com qual gesto ele entrega o Filho do Homem? Judas o entrega com um beijo. Beijo que é sinal de amor, sinal de respeito, de veneração. Sabe por que ele entregou Jesus por aquela mixaria? Porque Judas esperava um Messias político. Escutando as profecias do Antigo Testamento, ele esperava um novo Davi, aquele que iria expulsar os romanos de Israel, iria fazer novamente de Israel uma grande nação. Quando Jesus anuncia que o seu reino era diferente, o que Judas faz? Trai. O que significa isso? Judas nunca seguiu Jesus, ele seguia os seus próprios interesses e, por causa deles, entregou o Mestre. Nós podemos hoje, durante esses dias de celebração do mistério pascal de Cristo, desmascarar os Judas que existem dentro de nós, reconhecer as vezes que nós procuramos Jesus ironicamente, falsamente, movidos pelos nossos interesses. Jesus instituiu a Eucaristia também por este homem. Jesus institui a Eucaristia e dá a Eucaristia também a nós, mesmo havendo no nosso interior um certo Judas, que trai a Jesus. Mas há uma esperança de transformação, ainda que o ‘nosso Judas’ seja grande dentro de nós, ele pode ser destruído pela força da cruz de Cristo, que é dinâmica dentro de nós pela Eucaristia. Jesus e o príncipe dos apóstolos Vejamos também a relação entre Jesus e Pedro, relação fantástica, muito interessante. O que acontece entre eles? Jesus elege a Pedro, faz com que ele deixe de ser um pescador de peixes para ser um pescador de homens. Elege Pedro apóstolo, faz com que ele seja o primeiro entre os apóstolos. Pedro, por


“A partir da nossa intimidade com Jesus, o nosso temperamento, as nossas pretensões serão transformadas e nós viveremos a partir do exemplo de João, como discípulo amado do Mestre, por obra da graça”

sua vez, professa a fé. Em João 6, ele diz: “A quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna”, em Mateus 16, ele vai dizer: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Pedro professa sua fé no Filho de Deus, mas ele também tenta aconselhar e dar ordens a Jesus, e o Senhor diz para ele algo próximo a estas palavras: “ei, ei, volta para trás de mim, não queira me dar ordens, vai para trás de mim, satanás”. E quem é satanás? Quem tenta dar ordens a Jesus, quem tenta dizer a Jesus o que Ele deve fazer. Se nós quisermos um critério de discernimento da ação do mal em nós, está aí: quando começamos a querer dizer a Deus o que Ele deve fazer da nossa vida. Começar a dar ordens a Deus é sinal de que o espírito do mal está agindo. Às vezes, a Palavra de Deus é traduzida como “afasta-te de mim”, mas deveria ser “para trás de mim”, ou seja, “volte a ser discípulo”, quem quer dar ordens a Deus é satanás. O discípulo vem atrás de Deus. Pedro, se de um modo tenta dar ordens a Jesus, de outro modo tenta defendê-lo. Quando os soldados se aproximam, ele saca a espada, mas Jesus manda abaixá-la. Pedro, também movido pelo messianismo político, acaba negando o Mestre. No final, Pedro se arrepende, a partir do olhar de Jesus, e a partir de um encontro com o Ressuscitado, ele é reabilitado na sua missão de príncipe dos apóstolos. Jesus o faz passar por uma reconstrução do amor, daquele amor negado, fazendo com que ele professe por três vezes o amor pelo Senhor. Nós também temos em nós esse Pedro inconstante, temperamental, que tenta dar conselhos a Jesus, esse Pedro que tenta resolver tudo com as próprias forças, que tenta decepar a orelha dos outros com a espada. Jesus e o discípulo amado Nós temos, por fim, Jesus e João, o discípulo amado. No relacionamento de Jesus, João também

‘aprontou das suas’. Como é que o Evangelho de Mateus e Marcos chamam João e seu irmão Tiago? Boanerges, que significa ‘filhos do trovão’. João é sem misericórdia com aqueles que não aceitavam o Evangelho: “Senhor, vamos mandar colocar fogo, que caia fogo do céu?”. João e Tiago querem ser os primeiros no novo Reino. Mas o que acontece com esse homem que é filho do trovão, esse homem que quer o primeiro lugar? Ele muda de mentalidade, esse homem reclina a cabeça no peito de Jesus, segue-o até o Calvário, permanece com o Senhor aos pés da cruz. Todos os outros apóstolos fugiram. João demonstra aqui uma transformação de mentalidade. Este homem se deixa transformar pela ternura do Mestre, torna-se verdadeiramente o discípulo amado de Jesus. Essa intimidade que foi gerada entre João e Jesus produziu um dos grandes frutos que a Palavra de Deus nos atesta, lá na pesca milagrosa: é João quem reconhece o Senhor, é ele quem diz aos outros apóstolos: “É o Senhor, é o Senhor”. A partir da nossa intimidade com Jesus, o nosso temperamento, as nossas pretensões serão transformadas e nós viveremos a partir do exemplo de João, como discípulo amado do Mestre, por obra da graça. Jesus deu a Eucaristia e lavou os pés de Judas, que o traiu, de Pedro, que o negou, e de João, que o amou até os pés da cruz. Dentro de nós existem essas realidades. Traímos a Jesus, negamos a Jesus, mas amamos a Jesus. Vivemos em um drama interior, essa é a realidade interior também do discípulo de Cristo. É por nós que Jesus institui a Eucaristia em cada Celebração, é por nós que Jesus atualiza o sacrifício da cruz em cada Celebração. É a nós que Jesus dá como alimento a caridade que emana da cruz, através da Eucaristia, em cada Celebração. É a nós que Jesus quer, pela Eucaristia, transformar a nossa vida. www.edicoesshalom.com.br

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especial

Escola de Evangelização

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São Felipe Neri:

evangelizar pela misericórdia

Somos chamados a ir ao encontro do homem que sofre, sedento do amor e da misericórdia de Deus. Douglimar Estevam da Silva Lucena Missionário da Comunidade Católica Shalom em Aquiraz/CE


A

Escola de Evangelização São Felipe Neri é uma inspiração dada por Deus à Comunidade Católica Shalom, destinada a ser uma oportunidade de reunir jovens que desejam fazer uma forte experiência como Comunidade de Vida e, ao mesmo tempo, na evangelização. Criada em 2003, a Escola é uma resposta ao apelo da Igreja para a Nova Evangelização. Deseja ser um instrumento de anúncio explícito de Jesus Cristo para alcançar o coração do homem de hoje, levando todas as pessoas que por ela foram alcançadas a uma experiência com a Misericórdia de Deus, pois como nos disse o Beato João Paulo II, “o novo milênio será evangelizado pela misericórdia”. A Misericórdia Divina é experimentada e não ensinada. A evangelização feita em contato direto com as necessidades da humanidade transforma o coração do evangelizador em um coração transpassado. Na evangelização pela misericórdia, não se impõe a ninguém nenhuma filosofia ou teologia, mas se testemunha uma experiência autêntica com o amor de Deus. Este tipo de evangelização nos lança no amor ao outro e nos faz tocar os corações das pessoas, por isso é preciso recomeçar e não desistir, mesmo quando você não tiver muitas perspectivas de mudanças. Objetivos A Escola de Evangelização São Felipe Neri tem como objetivo anunciar explicitamente Jesus Cristo segundo o Carisma Shalom; trazer de volta os católicos batizados que deixaram a Igreja, reconduzindo-os à prática dos Sacramentos; fazer novos cristãos pelo contato pessoa a pessoa; capacitar evangelizadores para responder aos anseios

“A evangelização feita em contato direto com as necessidades da humanidade transforma o coração do evangelizador em um coração transpassado”

do coração do homem; contribuir para formação de um povo novo, um povo em movimento, dentro do plano evangelizador Shalom; trazer um novo ardor missionário para aquela obra local, como também difundir a Obra Shalom, desenvolvendo a potência do ministério da evangelização e a formação de uma mentalidade segundo o Evangelho. Temos experimentado a partir da evangelização porta a porta, em pontos de ônibus, praças públicas, edifícios e em todos os lugares que o Senhor nos envia, a graça de Deus tanto na vida dos missionários como na vida das pessoas que vão sendo alcançadas pela evangelização e sendo resgatadas pela ação poderosa do Espírito Santo, pois como dizem nossos Estatutos: “Evangelizar para nós é no poder do Espírito e com o auxílio dos seus carismas”. Somos chamados a ir ao encontro do homem que sofre por causa do pecado, ferido na sua dignidade, sedento do amor e da misericórdia de Deus. A Escola de Evangelização torna-se um instrumento que leva todos os homens que por ela são alcançados a uma experiência com a Misericórdia do Pai. Cotidiano Aqueles que compõem a Escola abdicam por sete meses da família, dos estudos e do trabalho para uma dedicação em tempo integral à evangelização, que se dá no kerigma e na catequese. Sendo assim, os irmãos que a integram tem a manhã dedicada à oração, que se inicia com a Celebração Eucarística, seguida de adoração, estudo da Palavra e formação específica. Recebem a formação com base na Doutrina da Igreja e em seus documentos para esclarecer a fé aos que são evangelizados. Durante a tarde, os evangelizadores saem em duplas de casa em casa, visitando-as, levando a Palavra de Deus, a oração, o terço, o sorriso, o entusiasmo e seus corações cheios da presença de Deus. Escolha do patrono A Comunidade escolheu São Filipe Neri como patrono da Escola de Evangelização. No século XVI, enquanto os protestantes tentavam esvaziar a Igreja, ele foi o apóstolo da alegria e da evangelização. A escolha deste santo também está relacionada ao seu coração ardente pela

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“A Escola de Evangelização torna-se um instrumento que leva todos os homens que por ela são alcançados a uma experiência com a Misericórdia do Pai”

evangelização, bem como no seu método simples de conversação que formava para a arte de evangelizar. A crise na Igreja se tornou, para ele, mais uma oportunidade de evangelizar do que uma catástrofe em si mesma. Seu coração gigante o levou às ruas como “evangelho da Misericórdia”. Com estilo e originalidade incomuns, ele atraiu as multidões e o clero de volta à Igreja. Sua grande jogada foi sair todos os dias nas ruas realizando Ragionamento (método que usava) para trazer de volta as ovelhas doentes ao Pastor. Com grande misericórdia saía diariamente ao encontro das “ovelhas perdidas”, pois dizia não poder esperar dentro da Igreja. Era também considerado o santo da alegria, dom este que transbordava amor e entusiasmo que atraiam todos aqueles que estavam distantes de Cristo. História breve Em abril de 2005, iniciamos a primeira Escola em Fortaleza (CE) na Casa Mãe da Comunidade, experiência esta que abriu caminhos 32

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de evangelização a muitos corações fechados a Cristo Jesus. Com o passar dos anos, a Comunidade Shalom começou a incentivar que as escolas também fossem realizadas nas missões como um suporte de desenvolvimento evangelizador, ou seja, passou a ser um auxílio para as missões desbravarem um crescimento na evangelização nas cidades em que a Comunidade está presente. Hoje a Escola de Fortaleza é permanente e a cada ano é discernida uma nova turma para compor esta casa comunitária e assim fazer essa entusiasmante experiência. Já aconteceram escolas também em Santo Amaro (SP), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Mossoró (RN), Natal (RN), Aracaju (SE), Recife (PE), Brasília (DF). Neste ano, teremos a Escola de Fortaleza (CE), Florianópolis (SC) e Belém (PA). Se você é membro da Obra Shalom e deseja fazer parte da Escola de Evangelização e ter essa experiência de evangelização, entre em contato conosco pelo e-mail: escoladeevangelizacao@comshalom.


Encontramos o Tomé A Escola de Evangelização é, de fato, um desejo do coração de Deus e nós, seus membros, provamos o sentido autêntico da evangelização, de levar a paz do Ressuscitado ao coração do homem ferido. Em 2012, como Jovem em Missão, tive a graça de tocar nesta realidade e de viver muitos momentos de evangelização que muito me marcaram. Escrevo um que abriu as portas do meu coração, ainda medroso para a oferta e para o anúncio de Jesus. Em julho, durante a comemoração dos 30 anos da Comunidade Shalom, realizamos uma vigília de evangelização no bairro de Fátima, em Fortaleza. Eu e um rapaz rezamos antes de sair, pedindo uma direção e a abertura aos carismas. Fomos para um lado contrário ao que planejamos. Em uma avenida muito movimentada, vimos um jovem que carregava uma garrafa de cachaça e que parecia andar sem direção. Nós o paramos e começamos a conversar com ele. Como estávamos no meio da rua, sugeri que sentássemos na calçada de uma loja, mais ele relutou e disse estar com pressa para comprar cigarros. Na espontaneidade, fomos conversando e o jovem foi se abrindo. Num certo momento, ele nos disse que se achava como Tomé, mesmo sem saber a história desse discípulo. Dissemos a ele quem era Tomé e o rapaz repetia, dizendo que era como o apóstolo. Rezamos por ele e o Espírito Santo foi nos dando palavras de ciência com episódios que ocorreram em sua vida. Ao falarmos, o “nosso Tomé” chorava, confirmando e pedindo ajuda. A partir daí, contou-nos que era usuário de drogas, não vivia bem com a mãe, havia se afastado da Igreja há muito tempo e sentia-se preso em grades. Perguntei se tinha drogas no bolso, ele confirmou e até nos ofereceu. Pedimos para jogar fora, mas o rapaz dizia que o vício era maior. Despedimos-nos pegando o seu telefone, enquanto ele nos agradecia e se comprometia a ir ao Seminário de Vida no Espírito Santo. Não voltamos a vê-lo, mas conversamos por telefone, fazendo novos convites e recordando-o sobre o amor de Deus que tudo muda e pode levar aqueles que não creem a ter uma experiência com a sua misericórdia.

Quem é evangelizado sai de si Partilho a alegria de ter sido acolhida por algumas famílias de um bairro que evangelizamos. Em meio a “casas de muros altos e grandes portões de ferro”, encontramos pessoas sedentas de Deus e de sua Palavra, que expressam sua fé, que se mostram solidárias com as outras, que saem de si, do seu fechamento e de seu aparente individualismo para se reunirem e rezarem. Isso é possível pela presença da nossa Mãe, Maria, pois pela oração do terço nas famílias, percebemos a adesão da parte destas pessoas e fazemos a experiência do amor de Deus. Semanalmente nos encontramos. Chamamos os moradores de determinada rua e a cada dia, na casa de uma família, nos reunimos para rezar. Uma coisa que me chama atenção é que eles expressam um desejo forte de intercessão, não só por suas intenções pessoais, mas por todos que precisam: pelos doentes, pelos pobres, pela paz no mundo, etc. É uma ótima oportunidade de sair de si. Partilhamos também sobre a Palavra de Deus, trocamos experiências vividas, nos confraternizamos e, acima de tudo, expressamos a fé na Igreja Católica e o amor filial a Maria. As famílias partilham conosco de suas vidas e bens, juntam-se a nós e buscam evangelizar. Sinto a Providência e o cuidado de Deus por meio de cada um. Quão grande alegria é ser instrumento da paz para essas pessoas que acolhem nosso anúncio. É bem verdade que é desafiante a evangelização em nosso bairro, mas acreditamos na ação de Deus que nos conduz a cada casa, pois Ele, mais do que nós, sabe que lá está alguém que precisa conhecer o Seu amor. A nós cabe não desanimarmos e perseverarmos, pois é Deus quem tudo realiza naqueles que abrem suas portas e, assim, seus corações. Kleima Macedo Missionária da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE

Thaís Fernandes Jovem em Missão (Macaé/RJ) www.edicoesshalom.com.br

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ACONTECE NO MUNDO

Aberta investigação sobre possível milagre pela intercessão dos pais de santa No início de janeiro de 2013 foi iniciado em Valência (Espanha) a etapa chave no processo de canonização dos Beatos Louis Martin e Celia Guerin, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus. Nesta cidade foi nomeado o tribunal que investigará um possível milagre acontecido em 2008: a cura de um bebê prematuro de uma série de graves infecções após a oração de seus pais, que invocaram especialmente a intercessão dos beatos franceses. “O fato de que se vá abrir este processo corre em paralelo com o desejo de muitos bispos e fiéis da França”, expressou com satisfação Dom Bernard Lagoutte, reitor da Basílica de Santa Teresinha de Lisieux, presente na cerimônia, presidida pelo Arcebispo de Valência, Dom Carlos Osoro. A experiência que motivou a investigação é a de um casal que decidiu permanecer no anonimato e que enfrentou a grave enfermidade de uma de suas filhas em 2008. A pequena nasceu prematuramente, depois de uma gravidez de alto risco. Os médicos preparavam os pais para enfrentar o eventual falecimento de sua filha. Sem embargo, como a infante havia nascido no dia de Santa Teresa de Ávila, os pais decidiram invocar a ajuda divina, para o qual buscaram com pressa o convento carmelita mais próximo. “Cheguei de noite. Estava fechado e só pude falar com as monjas pelo telefone. Mas no domingo seguinte fomos à Santa Missa de lá”, relatou o pai. Nesta Eucaristia, as religiosas lhes recomendaram pedir a intercessão dos pais de Santa Teresinha, que haviam sido beatificados poucos dias

antes, e lhes presentearam com uma estampa com a oração para pedir o milagre. “Rezamos com muitíssima fé”, disseram os pais. Em poucas semanas o bebê começou a manifestar uma mudança inexplicável em sua saúde, que surpreendeu notavelmente os médicos. A família manifestou sua gratidão a Deus pelo fato e comentaram o caso às religiosas do convento carmelita, que contataram a Congregação para a Causa dos Santos. O tribunal recém constituído coletará toda a documentação sobre o acontecimento, efetuará provas médicas e avaliará os testemunhos disponíveis para examinar e provar se efetivamente o fato constitui um milagre. Uma vez concluída esta fase diocesana, os resultados serão enviados à Santa Sé para avaliação do congresso de médicos do Dicastério e as comissões de teólogos, bispos e cardeais, que remeterão, se aprovado, seu informe ao Santo Padre, que promulgaria o “Decreto do Milagre” que tornaria possível a canonização dos beatos.

Fonte: Gaudium Press

Shalom Maná | Março 2013

Divulgado Relatório sobre perseguição a cristãos na Índia

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O relatório do Conselho Global dos Cristãos Indianos (GCIC) revela que em 2012 houve, oficialmente, 135 ataques contra cristãos no país. O documento foi entregue no dia 24 de janeiro à Agência Fides por ocasião do ‘Dia do Martírio’, que foi proclamado pela comunidade cristã do país, por ocasião do aniversário do assassinato do pastor protestante Graham Steines e de seus dois filhos, por radicais hinduístas em 1999. Segundo o relatório apresentado pelo bispo metodista Sampath Kumar, o Estado de Karnataka, na Índia Central, ocupa o primeiro lugar com 41 ataques. Em seguida, vem o estado de Orissa com 16, Tâmil Nadu com 15 e Madhya Pradesh com 14 casos.

O bispo metodista, recordando Tertuliano, recordou que “o sangue dos mártires é semente de cristãos”, e “os cristãos assassinados hoje recordam a presença do Senhor”. “As perseguições – salientou – nos permitem participar dos sofrimentos de Cristo; em segundo lugar, nos conduzem a uma vida purificada; em terceiro lugar, anunciam o Evangelho de Cristo”. Dom Kumar exortou os fiéis a “serem fortes nas perseguições”, agradecendo a todos que se empenham na defesa dos cristãos.

Fonte: Rádio Vaticano


Mãe dos sacerdotes, “dom único e especial” “No ocidente secularizado, as mães dos sacerdotes e dos seminaristas constituem um verdadeiro recurso para apoiar seus filhos e acompanhá-los em sua vocação.” Assim, o Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Mauro Piacenza, se dirige às mulheres que, em virtude de sua maternidade, têm filhos que se tornaram ou se tornarão padres. Pela primeira vez, o Cardeal dedicou uma mensagem a todas as mães de sacerdotes, seminaristas e a todas aquelas que exercem com eles o dom da maternidade espiritual. A carta é intitulada “Causa nostrae Letitiae - Causa da nossa alegria”, e está publicada no site www.clerus.org. No documento, o Cardeal destaca o papel desempenhado pela família no nascimento da vocação sacerdotal. “É na família que a vocação sacerdotal encontra o terreno fértil no qual a disponibilidade à vontade de Deus pode enraizar-se e tirar o indispensável alimento. Ao mesmo tempo, cada vocação representa, também para a própria

família, uma novidade irredutível, que foge dos parâmetros humanos e chama a todos, sempre, para a conversão. Nesta novidade, a participação das mães dos sacerdotes é “única e especial”. “Toda mãe, de fato, só pode alegrar-se ao ver a vida do próprio filho, não somente repleta, mas cheia de uma especialíssima predileção divina que abraça e transforma pela eternidade.” O Cardeal Piacenza então conclui sua carta: “Por esta razão, desejo com todo o coração encorajar e agradecer especialmente todas as mães dos sacerdotes e dos seminaristas e - com elas - a todas as mulheres, consagradas e leigas, que acolheram o dom da maternidade espiritual dos chamados ao ministério sacerdotal, tornando-se assim partícipes, de modo especial, da maternidade da Santa Igreja, que tem o seu modelo e a sua realização na divina maternidade de Maria Santíssima”.

Fonte: Rádio Vaticano

Bento XVI “consternado” pela tragédia que deixou mais de 230 mortos no Brasil

céu o conforto e restabelecimento para os feridos, coragem e a consolação da esperança cristã para todos atingidos pela tragédia e envia, a quantos estão em sofrimento e ao mesmo tempo procuram remediá-lo, uma propiciadora bênção apostólica”, conclui a nota do Santo Padre. A mensagem é assinada pelo cardeal Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado de Sua Santidade. O incêndio já pode ser considerado uma das maiores tragédias da história do país que este ano será sede da Jornada Mundial da Juventude.

Fonte: ACI Digital

Shalom Maná | Março 2013

Na manhã do dia 28 de janeiro, o Papa Bento XVI enviou ao Arcebispo de Santa Maria (RS), Dom Hélio Adelar Rubert, um telegrama expressando seu pesar e consternação pela tragédia ocorrida na madrugada de 27 de janeiro na boate Kiss, ocasionando a morte de mais de 230 jovens e a internação de centenas de outros, alguns em estado grave. “Consternado pela trágica morte de centenas de jovens em um incêndio em Santa Maria, o Sumo Pontíficie pede a Vossa Excelência que transmita às famílias das vítimas suas condolências e sua participação na dor de todos os enlutados”, afirma a missiva. “Ao mesmo tempo em que confia a Deus Pai de misericórdia os falecidos, o Santo padre pede ao

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ACONTECE Na comunidade

Shalom é capa em edição vaticana Costumeiramente, o Papa Bento XVI, ao início de cada novo ano, escreve uma mensagem por ocasião do Dia Mundial da Paz. Em 2013, o tema escolhido por Bento XVI foi a citação evangélica “Bem-aventurados os que promovem a Paz”. A foto que ilustrou o livreto publicado pela Editora Vaticana com a mensagem foi a do pontífice romano, enquanto caminhava na Praça São Pedro, cumprimentando membros da Comunidade Católica Shalom, associação nascida em Fortaleza (CE) e que em julho de 2012 realizou convenção internacional na Cidade Eterna. Na fotografia, um nome imenso com a palavra Shalom é erguido. O vocábulo hebraico significa a plenitude da Paz, e é uma saudação usual no Oriente. No sentido teológico, o Shalom é Cristo, a Paz de Deus para os homens. A paz, segundo Bento XVI, é dom de Deus e obra do homem. “A paz envolve o ser humano na sua integridade e supõe o empenhamento da pessoa inteira: é paz com Deus, vivendo conforme à sua vontade; é paz interior consigo mesmo, e paz exterior com o próximo e com toda a criação”, diz o texto.

Fonte: blog.opovo.com.br/ancoradouro

Shalom Maná | Março 2013

Programa “Com o Shalom na JMJ”

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A missão da Comunidade Católica Shalom no Rio de Janeiro lançou no dia 1 de fevereiro um programa de webtv com o objetivo de deixar os jovens mais por dentro da Jornada Mundial da Juventude. O programa intitulado “Com o Shalom na JMJ” é transmitido ao vivo semanalmente, às 21h (horário de Brasília), direto da cidade que receberá a Jornada Mundial da Juventude. Na pauta, as novidades da JMJ, da Comunidade e a presença de convidados especiais.


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Números relacionados a Jesus 1

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HORIZONTAL 1. Cinquenta, 2. Quarenta, 3. Doze, 4. Três, 5. Setentaedois, 6. Cinco, 7. Dois, 8. Oitentaequatro, 9. Trintaeoito, 10.setentavezessete, 11.oito, 12. Seis, 13.quatro

Indicamos

rte e tão perto Tão fo Aos 11 anos de idade, Oskar Schell é uma criança excepcional: inventor amador, admirador da cultura francesa, pacifista. Depois de encontrar uma misteriosa chave que pertencia a seu pai, que morreu no World Trade Center no 11/09, ele embarca em uma incrível jornada – uma urgente e secreta busca por um segredo pelas cinco regiões de Nova York. Enquanto Oskar vaga pela cidade, ele encontra pessoas de todos os tipos, todos sobreviventes em seus próprios caminhos. Por fim, a jornada de Oskar termina onde começou, mas com o consolo da experiência mais humana de todas: o amor. (2011, 129 min.)

Shalom Maná | Março 2013

Um homem vinha caminhando pela floresta, quando viu uma raposa que perdera as pernas. Perguntou-se como ela faria para sobreviver. Viu, então, um tigre aproximando-se com um animal abatido na boca. O tigre saciou a própria fome e deixou o resto da presa para a raposa. No dia seguinte, o tigre alimentou a raposa novamente. O homem maravilhou-se com a grandiosidade de Deus, que usava o tigre para ajudar outro animal. Disse a si mesmo: “Também eu irei me recolher em um canto, com plena confiança em Deus. E ele há de prover tudo de que eu precisar.” Assim fez. Mas, durante muitos dias, nada aconteceu. Estava já quase às portas da morte, quando ouviu uma voz: - Ó, tu que estás no caminho do erro, abre os olhos para a verdade! Segue o exemplo do tigre e pára de imitar a raposa aleijada.

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divirta-se

O exemplo do tigre

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HORIZONTAIS 1-Quantos anos no máximo Jesus tinha segundo os judeus (Jo 8,57) 4 2- Quantos dias e noites Jesus jejuou no deserto (Mt 4,2) 3- Quantos apóstolos Jeus escolheu (Mc 3,14) 4- Quantas tendas Pedro queria fazer no monte (Mt 17,4) 5- Quantos discípulos Jesus enviou na segunda vez (Lc 10,1) 6- Quantos maridos teve a samaritana, segundo Jesus (Jo 4,18) 6 7- Quantos ladrões foram crucificado ao lado de Jesus (Mt 27,38) 8- Quantos anos tinha a profetisa Ana ao ver Jesus (Lc 2,37) 2 9- Há quantos anos estava enfermo o homem da piscina de Bestesda (Jo 5,5) 10- Até quantas vezes Jesus diz que devemos perdoar (Mt 18,22) 9 11- Com quantos dias Jesus foi circuncidado (Lc 2,21) 12- Quantas talhas cheias de água Jesus mudou em vinho (Jo 2,6) 10 13- Quantos dias Lázaro estava morto quando Jesus o chamou (Jo 11,17) VERTICAIS 1- Quantas pessoas receberam os 7 pães multiplicados por Jesus (Mc 8,9) 2- Quantos demônios Jesus expulsou de Maria Madalena (Mc 16,9) 3- Quantas vezes mais receberão os que tudo deixarem por Jesus (Mc 10,30) 4- Quantas pessoas receberam os 5 pães multiplicados por Jesus (Jo 6,10) 5- Quantos talentos devia ao rei o primeiro homem na parábola (Mt 18,24) 6- Quantas ovelhas um homem deixa para buscar a perdida (Mt 18,12) 7- Por quantas moedas Jesus foi traído por Judas (Mt 26,15) 8- Quantos anos estava doente a mulher curada por Jesus na sinagoga (Lc 13,11) 9- Quantas moedas de prata valia o perfume derramado por Maria (Jo 12,5) 10- Quantos peixes os apóstolos pegaram em Tiberíades após a ressureição (Jo 21,11) 11- A que horas Jesus foi crucificado (Mc 15,25) 12- Quantas eram as virgens na parábola contada por Jesus (Mt 25,1)

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VERTICAL 1. Quatromil, 2.sete, 3. Cem, 4. Cincomil, 5. Dezmil, 6. Noventaenove, 7. Trinta, 8. Dezoito, 9. Trezentas, 10. Centoecinquentaetres, 11. Nove, 12. dez

José Ricardo Ferreira Bezerra

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SIMPLESMENTE MARIA

A mediação de

Nossa Senhora Com Maria nós chegamos a Jesus, e com Jesus, que é o medianeiro por excelência, nós chegamos a Deus.

Shalom Maná | Março 2013

Luciana Mariano Missionária da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE

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maginemos uma escada. Maria é o primeiro degrau dessa escada para chegar a Deus. Com Maria nós chegamos a Jesus, e com Jesus, que é o medianeiro por excelência, nós chegamos a Deus. E você pode pensar: “ah, então se eu recorro a Maria eu deixo de lado Jesus”. Pelo contrário! Maria é humilde por excelência, ela é a mãe de Deus, ela é a toda santa, ela é a cheia de graça e, uma vez que você recorre a ela, naturalmente, consequentemente, Maria não retém nada para si, dando diretamente tudo a

Jesus. Ela é essa mediação que nós temos até Jesus, o mediador por excelência. São Bernardo de Claraval diz em uma oração belíssima que nenhum daquele que recorreu a Maria jamais foi deixado de lado, foi repelido, foi ignorado. Jamais, “desde que o mundo é mundo”, ele diz, aquele que recorreu a Maria ficou desemparado. Deus nos dá Nossa Senhora para podermos chegar a Jesus e, em Jesus, sermos santos. E ela é mãe! Qual é a mãe que não conhece o seu filho e intercede por ele? Qual


é a mãe que, vendo a necessidade do seu filho, não dá aquilo que é o melhor para ele? Devemos recorrer a Maria, utilizar-nos dessa mediação de Nossa Senhora, pois se quiséssemos, por exemplo, nos aproximar de um rei, não conseguiríamos simplesmente batendo na porta e dizendo que desejamos falar com ele. Nós precisaríamos passar por algum conhecido, e nada melhor do que passar pela Mãe para que ela nos leve até o Rei. Arca da Nova Aliança Aquele que é escravo de Nossa Senhora, que se confia à sua Senhora, sabe que é fraco, que existem fraquezas que não consegue superar e que muitas graças que recebe, basta ‘passar um vento’, que tudo é levado embora. Devemos conservar todas as graças que Deus nos dá, todos os tesouros e todas as riquezas em Maria, neste vaso honorífico, vaso de ouro, porque este é o lugar seguro. Nós somos vasos de argila, somos fracos, por isso é muito importante colocar no coração de Maria aquilo que você tem de precioso, os seus dons, para que ela, como Porta do Céu, como aquela que guarda os tesouros de Deus, possa guardar também os teus tesouros, ela que é a Arca da Nova Aliança. Lembremos que ela guardou no seu seio o que há de mais precioso no céu, que é o próprio Deus, então, porque não deixar também as minhas preciosidades, as minhas riquezas espirituais, os meus

dons sob o cuidado daquela que é a tesoureira do céu, daquela que é a medianeira de todas as graças? Devemos nos apoiar naquela que é a arma que Deus nos deu para nos salvar, por isso nós temos que entrar nessa barca que nos leva para o céu, como diz no akathistos¹, neste porto que é lugar seguro, porque ela, sendo santa, sendo cheia de graça, totalmente unida ao Espírito Santo e totalmente unida à vontade de Deus, o inimigo não consegue se aproximar dela. Ele teme mais do que todas as coisas a Virgem Maria. Por isso eu convido você a se confiar a Maria, confiar tudo aquilo que você é, tudo aquilo que tem, tudo aquilo que para você é mais precioso. Coloque-se no coração, nas mãos de Maria, para que ela dê tudo a seu Filho Jesus, para que ela guarde, faça crescer e frutificar todas as coisas, para que ela possa fazê-lo santo. Nada mais, nada menos do que nos fazer santos, é isso o que ela quer, é isso que, como Mãe, ela quer. Jamais se ouviu dizer, desde que o mundo é mundo, que alguém que tenha recorrido a Maria com confiança e perseverança tenha sido por ela desamparado ou repelido. Por isso, Mãe, nós recorremos a ti, como filhos teus que somos, recorremos à tua mediação, à tua intercessão. Sabemos que por ti Jesus veio a nós e por ti nós também queremos ir a Deus. Vem interceder por nós neste dia, acolhe os nossos tesouros, as nossas riquezas, guarda-nos no bom caminho, vem ser mestra e guia neste caminho da paz!

“Coloque-se no coração, nas mãos de Maria, para que ela dê tudo a seu Filho Jesus, para que ela guarde, faça crescer e frutificar todas as coisas, para que ela possa fazê-lo santo”

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O Akathistos é um grande hino litúrgico da Igreja grega antiga, uma longa composição poética organicamente estudada para celebrar o mistério da Mãe de Deus.

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JMJ RIO2013

“Jesus Christ you are my life. Aleluia!” Às vésperas de um evento que espera milhões de jovens cristãos de todo o mundo, como estamos nos preparando? E como devemos nos preparar? Simples! Comecemos conhecendo um pouco mais sobre esse encontro. Larissa Albuquerque Missionária da Comunidade Católica Shalom em Aquiraz/CE

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Shalom Maná | Março 2013

Jornada Mundial da Juventude (JMJ), sonho do coração de Deus para todos nós, jovens, futuro da Igreja e esperança do mundo de hoje, é voltar ao centro de nossa fé. Dizia-nos o Beato João Paulo II que a JMJ é um convite contínuo e urgente de construir a vida e a fé sobre a rocha que é Cristo.

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Eis uma oportunidade que os jovens cristãos têm de peregrinar pelas ruas do mundo (desta vez no Rio de Janeiro) anunciando a sua fé, a fim de que a humanidade receba um novo batismo no Espírito. “Esta peregrinação dos jovens constrói pontes de fraternidade e esperança entre continentes, povos e culturas.” (Beato João Paulo II) Desde a primeira reunião, em 1986, na Praça de São Pedro, no Domingo de Ramos, a peregrinação prova não ser apenas um encontro

convencional, mas providencial. A intenção do então Papa João Paulo II não era um congresso com palestras para jovens, nem um fórum de discussão sobre os problemas que eles vivenciam, mas um momento de encontro do Vigário de Cristo com a juventude, incialmente só com a romana, mas, no ano seguinte, com a juventude de todo o mundo. O encontro logo se tornou um grande meio de evangelização e, muitas vezes, causa de perplexidade da mídia de muitos países que pouco acreditava na proposta do evento: “o que atraiu essa multidão aqui?”, perguntava-se. E a resposta não vinha da boca do Santo Padre, mas da vida dos jovens que expressavam com alegria a sua fé: “Jesus Christ you are my life. Aleluia” (Jesus Cristo, tu és a minha vida. Aleluia - Música cantada na vigília da JMJ em Tor Vergata, 2000), “Venimus adorare eum, Emmanuel” (Viemos adorá-lo, Emmanuel).


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www.comshalom.org/jmj Testemunhar a alegria da fé Os números crescem a cada ano, mas não são frutos de uma mensagem fácil, ou do apelo a um cristianismo fajuto que se adequa às mentalidades hedonistas do mundo de hoje, ao contrário, são resultado de um convite sincero de abraçar a cruz e seguir a Cristo. Prova disto que na conclusão do Ano Santo (2004) em Roma, aos 22 de abril, João Paulo II presenteou os jovens com uma Cruz de madeira de 3,8m de altura com essas palavras: “Meus queridos jovens, na conclusão do Ano Santo, eu confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção”. Em 2003, o beato presenteou os jovens com ícone da Virgem Maria ("Salus Populi Romani"), dizendo: "Hoje eu confio a vocês […] o Ícone de Maria. De agora em diante ele vai acompanhar as Jornadas Mundiais da Juventude, junto com a Cruz. Contemplem a sua Mãe! Ele será um sinal da presença materna de Maria próxima aos jovens

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que são chamados, como o apóstolo João, a acolhêla em suas vidas". Agora quem nos espera é Bento XVI, ou melhor, nós o esperamos, o receberemos com alegria e diremos a ele que os jovens do Brasil se unem à missão da Igreja de anunciar Cristo e querem carregar a sua cruz! “A Jornada Mundial da Juventude é o dia da Igreja para os jovens e com os jovens” (Beato João Paulo II). Não é tempo de ficar parado, é tempo de “arregaçar as mangas” e se empenhar para ir testemunhar a sua fé na JMJ Rio2013. O Senhor nos dá um grande presente: no Ano da Fé, receberemos o Santo Padre em solo brasileiro. Todos nós conhecemos jovens que estão perdidos na vida, sem um sentido ou uma razão para viver; conhecemos jovens que ainda não tiveram uma experiência com Cristo, que colocam em tantas coisas e nas pessoas sua esperança de viver e se decepcionam. Está na hora de testemunharmos a nossa fé e de fazermos novos discípulos para Jesus a partir da nossa vida. Aproveitemos a oportunidade! “A Igreja olha para nós com confiança e amor...” (Christifideles laici, 46).


ESPIRITUALIDADE

Deus, meu amigo

Deus Uno e Trino, que vive na sua intimidade divina uma relação de amizade, nos criou para sermos seus amigos. Shalom Maná | Março 2013

Pe. Rômulo dos Anjos Missionário da Comunidade Católica Shalom em Pacajus/CE

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este Ano da Fé, tempo particular de graças para cada um de nós, somos convidados a uma renovação da nossa fé, que não se reduz a um simples esquema de doutrinas ou ensinamentos, mas é, na sua essência, uma experiência pessoal com uma Pessoa que é capaz de transformar a nossa vida. O homem foi criado para ser conquistado por Deus e com

Ele estabelecer uma comunhão plena de vida e amor, assim se encerra a dignidade do homem, um ser para Deus e para a Sua santíssima vontade. Verdadeiramente, o homem e o Deus único e verdadeiro se buscam reciprocamente, permanecendo com o coração inquieto até que seja estabelecida – por graça – aquela comunhão perfeita que poderíamos chamar de ‘Amizade com Deus’. Neste artigo, gostaria de partilhar


de uma maneira mais profunda, ainda na perspectiva da relação entre Deus e o homem, sobre o aspecto mais essencial e mais belo desta relação, que é tipicamente uma relação de amizade. Deus Uno e Trino, que vive na sua intimidade divina uma relação de amizade, nos criou para sermos seus amigos. O chamado à amizade com Deus revela ao homem que todo o seu ser está orientado para uma realização cujo fundamento ele não encontra em si mesmo e nem na criatura, mas, de fato, somente no Criador. Fomos criados para sermos amigos de Deus. Podemos então afirmar que a Trindade é relação de amizade, pois, sendo a fonte do amor constitui-se também a origem da amizade. Somente onde está presente o amor na sua forma autêntica e genuína, aí está a fonte de uma verdadeira relação de amizade. “A amizade pura é uma imagem da amizade original e perfeita, aquela da Trindade, própria essência de Deus”. Portanto, a Trindade vive e nos convida a uma relação de amizade plena e perfeita. Uma aliança de amor Desde a origem podemos notar que Deus quer fazer uma aliança com o homem e inseri-lo nesta profunda comunhão com Ele. É como se Deus tivesse criado o homem para conquistálo, para que, livremente, este prefira viver uma escolha que é divina: a amizade. Por meio da Aliança (Berit), Deus manifesta o seu amor pelo homem. No primeiro momento, esta aliança de amor enfatizava particularmente e principalmente a dimensão das promessas divinas (cf. Gn 17,8). Posteriormente, a aliança toma um caráter bilateral, em que é incluída também a dimensão

da reciprocidade do povo diante da iniciativa de Deus. O Senhor, que criou o homem, agora o chama para uma relação mais íntima e profunda. Isso se torna mais evidente na Aliança do Sinai, na qual esta reciprocidade se apresenta como uma dimensão essencial entre o povo eleito e Deus, pois significa o seu elemento constitutivo. Vemos esta realidade presente no Shemá Israel, em que o povo eleito deve constantemente trazer gravado na mente e no coração: “Escuta, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,4-5). Aqui temos uma realidade a ser vivida a cada dia, a cada instante, a trazer presente no coração, pois o amor de Deus impulsiona o homem a dar uma resposta fiel, responsável e amorosa. Daqui nasce o comprometimento, pois para que haja uma aliança é preciso que ambas as partes se comprometam livre e pessoalmente. “Chamo-vos de amigos” Somente com a Encarnação do Verbo e por meio da sua Páscoa abre-se um novo tempo. Esta aliança chega ao seu ápice, Cristo realiza a plena e definitiva aliança entre Deus e a humanidade, reconciliando o homem com Deus e tornandose o caminho para uma profunda amizade com o Pai, uma amizade que foi selada pelo seu próprio sangue e que é uma “aliança melhor” (cf. Hb 8,6) e uma aliança “eterna” (cf. Hb 13,20). Partindo desde a Criação, vemos um itinerário que chega ao seu ponto mais alto na pessoa e na obra de Cristo na vida do homem, que é inserido por meio do Batismo na vida divina e assim pode estabelecer

“O homem é capacitado a viver com o outro uma experiência de amizade, de amor verdadeiro e desinteressado. Somente o homem envolvido pela graça de Deus, que o torna uma nova criatura, pode alcançar a altura e a profundidade de uma relação como tal”

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uma união profunda com Deus. Tudo isso pode ser expresso também com o conceito de amizade, pois nesta experiência as pessoas se encontram e se unem profundamente sem perder a sua singularidade. Nessa experiência prova-se genuinamente o mistério da presença do outro. Jesus nos mostra a face amiga do Pai das Misericórdias. Nessa perspectiva, o homem é capacitado a viver com o outro uma experiência de amizade, de amor verdadeiro e desinteressado. Somente o homem envolvido pela graça de Deus, que o torna uma nova criatura, pode alcançar a altura e a profundidade de uma relação como tal. Deste modo, a amizade representa e significa uma autêntica epifania do amor de Deus. Assim como a aliança ou amizade entre Deus e o homem é em vista do ‘para sempre’, assim também será toda amizade verdadeira. Estando a amizade inscrita no íntimo da natureza humana, somente nesta descoberta e experiência o coração do homem encontra a paz. Com muita precisão notifica o Papa Bento XVI, afirmando que somente no caminho de “amizade com Deus” o homem encontra o

modo para vencer a solidão e pode se estabelecer uma verdadeira e duradoura comunhão com os outros. Esse caminho de amizade é trilhado na oração cotidiana, fiel, que nasce do desejo, que persevera na busca, que se alegra no encontro e se plenifica na união. Rezar não é uma obrigação, um mero exercício intelectual ou uma vã repetição de palavras. A oração é, como nos diz a mestra de espiritualidade Teresa de Jesus, um relacionamento de amizade, um encontro com Aquele que sabemos que nos ama. Sendo assim, a vocação à amizade com Deus se realiza na vida do homem pela via da oração. Concluímos este artigo com uma afirmação de Santo Aereldo de Rievaulx, que aplica à amizade o que o apóstolo João aplica ao amor, deduzindo que “Deus é amizade”. De fato, Ele é amor em ato que se manifesta na vida do homem chamando a uma perfeita relação de amizade com Ele. Descobrir esta face amiga de Deus revelada em Cristo infunde em nós uma força nova que dá sentido a nossa existência e nos capacita a viver a comunhão com Ele e com os outros, tornando-nos plenos e inserindo-nos na lógica do amor e da oferta de si.

“Cristo realiza a plena e definitiva aliança entre Deus e a humanidade, reconciliando o homem com Deus e tornando-se o caminho para uma profunda amizade com o Pai, uma amizade que foi selada pelo seu próprio sangue”

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Entrelinhas

Creio em Jesus Cristo, mas qual mesmo? Cremos em Cristo Jesus que nos fala, que é nosso amigo íntimo, que fala de coração a coração, que nos protege, nos orienta, consola e salva. Cremos no Cristo que perdoa nossos pecados e refaz a nossa história. Maria Emmir O. Nogueira Cofundadora da Comunidade Católica Shalom

Diante desse resultado, comecei a ficar mais atenta ao que os adultos e jovens conheciam como Jesus Cristo. Veja bem, não

se tratava mais de mentalidade infantil sendo formada através de figuras públicas a serem reconhecidas, mas da resposta a “Quem é Jesus Cristo?” Uma atualização da célebre e inesquecível pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que sou?” Em nossa pesquisa chamou atenção uma adição praticamente infalível à frase: o “para mim”. “Quem é Cristo para mim?!?” repetiam as pessoas, quase automaticamente. E a resposta vinha cheia de ideias próprias, figuras de filmes, histórias da carochinha,

Shalom Maná | Março 2013

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oucos anos atrás foi feito um teste de reconhecimento de figuras ilustres da história mundial e da mídia com crianças entre 8 e 10 anos. O resultado foi que uma das figuras menos reconhecidas foi a de Jesus Cristo. Chocante, certamente! Um sinal entre milhares de que o mundo está se descristianizando, que não se transmite mais a fé aos pequeninos.

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imaginação pessoal, figuras de outras religiões. Parecia até que Cristo era uma figura meio indefinida, meio genérica, à qual se poderiam adicionar as características que melhor agradassem a cada um. Um lhe dava o perfil do defensor dos pobres. Outro, do filho de uma divindade hindu. Outro ainda, de um artista americano. Ou um taumaturgo, uma lenda, um filho dos deuses astronautas, um revolucionário político, um libertador, um feminista, um personagem de livro de autoajuda. Só não recebi uma resposta: “o Messias, o Filho do Deus Vivo, a resposta de Pedro”. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos. Deus de Deus, Luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, da mesma substância do Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus: se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos: padeceu e foi sepultado. Ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, conforme as Escrituras. E subiu aos céus, onde está assentado à direita de Deus Pai. Donde há de vir, em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o Seu reino não terá fim. Eis quem é Jesus Cristo, segundo nos ensina a Igreja, na versão mais extensa do Credo. Eis Aquele em quem cremos. Eis a descrição mais exata de Jesus: Senhor, Filho Único de Deus, gerado do Pai, não criado, eterno, sem começo nem fim. Da mesma

substância que Deus. Deus como Ele, Luz como Ele. Por amor a nós, se fez homem, por obra do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria. Para redimir nosso pecado, sempre por amor a nós, padeceu em um momento bem concreto da história, foi crucificado, sepultado e ao terceiro dia o Pai o ressuscitou. Quarenta dias depois subiu aos céus como Deus e voltará em glória para ser Senhor e Rei de um reino que não terminará nunca. É esse o Cristo em que cremos? É esse o nosso Senhor? Nosso Deus? O Cristo a quem amamos, obedecemos? O Cristo em quem confiamos? Claro, cremos também no Cristo Jesus dos Evangelhos. Aquele que ressuscita os mortos, que cura os enfermos, que acolhe os desvalidos, que ensina o amor incondicional aos inimigos e perseguidores. Um amor que transforma a vida inteira em doação de si, sem reservas. Cremos em Cristo Jesus que nos fala, que é nosso amigo íntimo, que fala de coração a coração, que nos protege, nos orienta, consola e salva. Cremos no Cristo que perdoa nossos pecados e refaz a nossa história. Cremos em Sua graça que nos converte em mulheres e homens novos. Mas Jesus Cristo, nosso Senhor, a quem conhecemos e amamos, não importa a feição que tomar, só é o Deus Vivo se for o Cristo de amor total, totalmente Deus e totalmente Homem que encontramos descrito no Credo. Deus nos dê essa graça neste bendito Ano da Fé!

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“Mas Jesus Cristo, nosso Senhor, a quem conhecemos e amamos, não importa a feição que tomar, só é o Deus Vivo se for o Cristo de amor total, totalmente Deus e totalmente Homem que encontramos descrito no Credo”

“Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos. Deus de Deus, Luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, da mesma substância do Pai”

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“A luta decisiva que nós travamos é a luta pelo cumprimento da vontade de Deus” Este livro pode ser um auxílio para que tomemos consciência do combate espiritual que travamos e para que lutemos com as armas que Deus nos concede.

INFORMAÇÕES E PEDIDOS

(85) 3308.7402/ 3308.7405 www.edicoesshalom.com.br


Chegou o Cantai a Deus com Aleg�ia 2013!

Com mais de mil canções escolhidas dentre as melhores composições da música católica, o Cantai a Deus com Alegria traz ainda o Hino da Jornada Mundial da Juventude e as músicas da Campanha da Fraternidade 2013.

“Que estas canções possam enaltecer a fé com a harmonia própria da arte de cantar e amar para a maior glória de Deus”. Nicodemos Costa

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