Khayyam - Ahl-i-Batin

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Resumo Do BG de Khayyam al Amman 5


Descrição

ersa de 45 anos, calvo, pele escura e castigada pelo sol do deserto, olhos de um tom de folha seca. Seu nome é Ghiyath alDin Abu'l-Fath Umar ibn Ibrahim Al-Nishapuri al-Khayyam al Amman, mas é conhecido como Khaymman. Tatuado com versos do corão no peito costas e braços. Corpo com musculatura rígida, mas não excessiva, cavanhaque no queixo e sobrancelhas arqueadas. Há uma aura de poder em Khaymman que não é percebida, um desprezo que mexe no ar ao seu redor, uma força invisível dentro de seu ser, dormente só porque ele assim deseja. Sua pele marcada pelos milhares de duelos com demônios e o toque demoníaco dos Tremere. Com seus olhos enegrecidos pelos inúmeros combates contra as forças do mal sua aparência é uma anomalia entre os seus e rumores dizem que ele concede aos anciãos de Qaf uma visão além do alcance através de seus olhos, isso lhe ocupa o olho esquerdo. O cabelo e cavanhaque são negros e ele prefere usar simples túnicas brancas ou negras, leves e com miríades de bolsos que contêm inumeráveis componentes para seus feitiços. A voz de Khaymman é profunda e ressonante e ainda 6


comanda imediatamente, mas ainda assim sempre calma e suave. Khaymman move-se com a facilidade da mocidade, e ele está acostumado a usar suas mágicas para executar tarefas comuns, um ato que aflige muitos magi em seus laboratórios com a visão de frascos que saltam de mesas para verterem-se. Depois da Morte de sua mãe, aos 13 anos, Khaymman foi criado por seu tio Hassam de quem aprendeu as habilidades Batini depois de seu despertar magi. Durante sua educação normal fora do círculo magi, ele foi educado como um Ymman mulçumano. Daí deu codinome: Khay, o Ymman de Nashipur, ou Khaymman de Nashpur. Khaymman é muito reservado, pois seu treinamento como Batini com seu tio Hassan e com os Hashishin junto a Jihad de moldaram o caráter. Sempre foi dado à leitura e aos estudos acadêmicos o que fez dele um excelente alummnu de Hassan. Desenvolveu ótimas relações com magis de outras tradições como o Coro Celestial onde mantém contato com os Monges Francisco e Antônio. Há, porém, um lado oculto e sombrio em Khaymman que passa despercebido aos olhos de quem o vê sobre essa aura de paz e tranquilidade: Ele ainda é um Hashishin. Apesar de lutar constantemente contra essa natureza, nem sempre consegue.

Nome do Avatar: Khaymman Cortes Nome do Personagem: Ghiyath al-Din Abu'l-Fath Umar ibn Ibrahim Al-Nishapuri al-Khayyam al Amman, conhecido como Khaymman. 7


Raça: Mago Tradição: Ahl-iBatin (Batini) Esfera: Correspondência + Primórdio Idade Real: 199 anos (em 1247) Idade Aparente: 45 anos Características: Persa de 45 anos, calvo, pele escura e castigada pelo sol do deserto, olhos de um tom de folha seca. Tatuado com versos do corão no peito costas e braços. Corpo com musculatura rígida, mas não excessiva, cavanhaque no queixo e sobrancelhas arqueadas. Geralmente é visto trajando roupas de origem persa, árabe ou de alguma etnia do oriente médio, normalmente de cor clara, preferencialmente branca, ou em algumas missões “especiais” com traje negro. Conceito: Investigador e Sábio

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Khaymman é uma pessoa sábia e instruída. Sempre foi extraordinariamente precoce. De qualquer forma, ele sabe muitas coisas e dá a impressão de ter muito bom senso. As pessoas vão até ele para pedir conselhos, e muitas vezes lhe agrada dá-los. O Aprendizado é uma grande ferramenta — é o que nos separa dos animais inferiores. Também é sua maior força. Faminto por conhecimento, ele devora livros, pergaminhos e arquivos em sua busca eterna por trivialidades. Para ele, a vida é uma escola e sempre estamos em aula. No entanto, muitas vezes sua sabedoria é inibida pela Distância. Para ele, tudo é abstrato; para os outros, ele parece remoto, impassível, frio. Embora isso fortaleça sua objetividade, essa característica o isola das coisas ao seu redor. Para progredir, ele precisa encontrar algo mais significativo que o mero conhecimento. — Sua Força de Vontade é renovada quando aconselha alguém em necessidade, ajuda alguém através de seus vastos conhecimentos ou descobre algum conhecimento obscuro. Natureza: Visionário Comportamento: Solitário Sinto-me só, mesmo no meio da multidão. Sou um peregrino, um caçador, um lobo solitário viajando de cidade em cidade como assassino de aluguel me escondendo até que os 9


eventos exteriores tornem-se importantes demais para serem ignorados. A solidão não é meu destino, é meu prazer. Embora a maioria me considere solitário, desamparado e distante prefiro a minha própria companhia à dos outros, isso porque entendo demais as pessoas e por isso prefiro me afastar delas vivendo perdido em meus próprios pensamentos. Além de outros motivos, mas isso é assunto pessoal e você não tem nada com isso! Mas acima de tudo o sentimento de angustia porque sei que pequei, todos os meus sonhos me acusam e sinto a profundidade de minha depravação e ela me consome por dentro. Sei que o homem é um insulto a Allah (swt). Sei do meu papel no destino, mas ao arrependimento me corroe por dentro. Entendome como predestinado a ser o instrumento da ira de Allah (swt) Al Muntaqim e minha humanidade intrinsecamente pecaminosa e impura esta condenada sem a graça de Allah (swt) Al Hakam. Mas Allah (swt) também basear-se-á seu julgamento final nas escolhas feitas pelas pessoas durante sua vida assim só resta remediar a condição de morto-vivo como instrumento da ira de Allahm como um Mujahid . A vergonha da decepção me força a continuar roendo o demônio interno em meu ventre. Sei melhor que qualquer outro o que o despertar de meu ancestral significa, e o pensamento do que é vem abastecer minhas noites com distrações e seus sonhos diurnos com imagens de sangue cobrindo o solo. Não obstante continuo cumprindo meu dever com o Sangue até o 10


fim — até mesmo se isso significar agir em contra o que a maioria do Cry ache o que é a “verdadeira trilha.” Agora que a Maldição está quebrada, minha primeira esperança é que os magi — e, talvez, seus aliados entre os estudiosos — possam guiar de alguma maneira os guerreiros antes que eles entrem numa segunda guerra, uma que sei que não podemos ganhar. Nunca aceitei completamente os modos obcecados da e acredito que o papel dos Filhos seja manter uma posição de força em lugar de deixar um rastro de cinzas pelo mundo.

Antecedentes: encontrá-lo. Se você desejar, pode "conter" o

*Arcanum: Khayyam é um mestre das artes

efeito e "aparecer" diante de todos. Khayyam é

místikas pode esconder-se do olhar comum. As

um mestre da desorientação que pode tornar-se,

sombras giram ao seu redor. As multidões o

desde um rosto esquecido rapidamente, até uma

envolvem. Ninguém parece lembrar-se dessa

agulha num palheiro, ou ser completamente olvidado

pessoa estranha — nem seu senhor, nem seus pais, nem mesmo os habitantes da aldeia em que ele

da memória dos outros caso queira.

cresceu. Suas características somem como sonhos

*Daemon:

antigos. Esta Vantagem permite que você "suma"

O Daemon (ou Avatar) forma a

base do Eu Místiko, Em termos de jogo, esta

da visão e da lembrança. Embora ela não o torne

Característica mede a força desse gênio interior.

invisível ou ajude em situações de combate, ela o

Quanto maior o nível, mais poderoso é o Daemon e

tornará extremamente difícil de rastrear. De

mais influência ele tem na sua vida. Um Daemon

alguma forma, as coisas simplesmente acabam

fraco pode manifestar-se como intuições ou vozes

encobrindo seus rastros. .Em termos de jogo, o

tênues, enquanto um de cinco pontos pareceria tão

Antecedente Arcanum acrescenta seu nível ás

real quanto qualquer ser humano (pelo menos aos

suas tentativas de Furtividade e subtrai a mesma

olhos do mago — poucas pessoas além dele são

quantidade de qualquer Parada de Dados de

capazes de ver o Eu Místiko). Todos os

Percepção ou Investigação dos outros para

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Despertos têm seu próprio Daemon; assim, cada

algumas décadas de idade e a maioria dos livros é

personagem magus deve ter pelo menos um ponto

manuscrita), este Antecedente reflete um

neste Antecedente. O nível denota três coisas; a

suprimento de conhecimentos de fácil acesso. Este

"realidade" do Eu Interior, a força de sua

pode ser um cômodo repleto de livros e

Essência e a Força Primordial — a

pergamínhos, um arquivista particular ou mesmo

Quintessência — que ele pode armazenar. Os

um ente querido entre os bardos e sábios. De

dois primeiros casos são resolvidos através de

qualquer forma, uma Biblioteca verdadeira permite

interpretação e Narração. O terceiro atributo se

que você tenha acesso a muitos assuntos

manifesta através da quantidade de Quintessência

diferentes e tenha tempo para estudá-los. Em

que você é capaz de armazenar em si mesmo.

termos de jogo, esse estudo ajuda a economizar

Assuma que você pode absorver automaticamente

pontos de experiência. Testando seu nível no

um ponto de Quintessência para cada ponto no

Antecedente Biblioteca contra uma dificuldade de

nível de Daemon quando medita por pelo menos

8 permite que você economize um ponto de

uma hora em um Cray (Percepção + Meditação,

experiência por sucesso. Você tem que gastar pelo

dificuldade 7). Essa quantidade não pode exceder

menos um ponto, não importa quão bem tenha se

o nível do Daemon. Você também pode gastar um

saído no teste; leva-se pelo menos uma semana

ponto de Quintessência para auxiliar numa

para pesquisar seu assunto dessa forma, e apenas

operação mágika para cada ponto em sua

um teste é permitido quando você gasta a

Característica Daemon. (Um mago com Daemon

experiência. Há um porém para esse benefício:

3 poderia gastar três pontos por turno, por

nessa era, o conhecimento é limitado. Muitos

exemplo.) Essa energia flui de dentro e não pode

assuntos — e muitas Características — estão

ser canalizada, usada ou compartilhada com outro

além do alcance de uma Biblioteca comum. Elevar

magus, a não ser que você deseje sacrificar parte

o Conhecimento Cosmologia seria fácil no arquivo

de sua essência para fazê-lo. O nível do Daemon

de um monastério , mas quase impossível numa

de Khayyam é uma aparição fascinante, tão humana

aldeia irlandesa. Algumas Características, como

quanto qualquer homem conseguindo armazenar

Ciência, são tão obscuras que muitas bibliotecas

cinco pontos de Quintessência por turno.

não podem ajudá-lo de modo algum a elevar o seu

*Biblioteca:

nível. As Artes que você busca — e a sociedade

Algo raro e precioso na era

que você prefere — têm muito a ver com os

Sombria Fantástica (a imprensa tem apenas

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assuntos que você pode pesquisar. Um Artífice

mero instrumento, ele permite que um magus (e

teria facilidade para aprender a Ciência Anatomia,

certos mortais) utilize seus poderes únicos.

mas um feiticeiro alemão isolado numa torre teria

Embora não sejam tão comuns quanto o folclore

que aprender por tentativa e erro. Um mago sem o

pode nos fazer crer, tais itens são as ferramentas

tipo certo de Biblioteca pode ter que ir para outro

de trabalho de magi, bruxas e muitos xamãs. Tais

lugar ou aprender a partir de seu mentor.

instrumentos são armas por excelência — e são

[Khayyam possuia uma verdadeira coleção de

tratadas com o devido respeito. Em termos de

conhecimentos terrenos vasta para os arquivos da

jogo, um Tesouro tem Efeitos mágikos embutidos.

época].

Qualquer personagem com um Daemon Desperto,

*Maravilha – Talismã (Medalhão):

o Talento Consciência ou ambos pode empregar esses feitiços como se fosse um mago. Um

Talismãs são itens mãgikos tradicionais — as

Tesouro Mágiko lança feitiços com seu próprio

poções, varinhas ou armas que canalizam forças

"Arete", não o do mago; uma reação de Castigo

sobrenaturais. Esses Tesouros tiveram feitiços

normalmente fere seu usuário. O medalhão de

tecidos dentro deles por magos poderosos e

Khayyam é um artefato poderoso (Arete 5,

normalmente irradiam um brilho místiko. Esses

Quintessência 25).

Objetos contém a essência da mãgika; ele não é um

Focos: Q’ran e Talismã Dæmon: Sussuro, O invertigador * Correspondências: Ar/Madeira, Sangue, Masculino; * Signos: Gêmeos, Libra, Aquário; * Planetas: Vênus, Saturno; * Direção: Leste

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Soprando numa encruzilhada, o Daemon Sussurro plana sobre trilhas extenuadas e ruínas despedaçadas. Uma alma investigadora, ele leva um feiticeiro numa jornada infindável através de moitas de cobiça e armadilhas de dúvida. Trazendo presentes de equilíbrio, calma e visão, esse espírito tem mais concentração que o Furo incontrolável e mais imaginação que o Castellum rígido. Como Maré, ele flui através dos obstáculos, mas suas obras são mais moderadas e benéficas. Arautos de um novo dia, as Essências Sussurro raramente assumem formas sólidas. Como os ventos com que se assemelham, esses espíritos não têm forma e são implacáveis e efêmeros. Por mais restauradoras que pareçam ser, tais almas nunca descansam. Seus magos vagam até que a morte acabe com sua jornada. Atributos Físicos: •

Destreza alta (Suave como o vento): Velocidade, reflexos, graça e coordenação vêm de um nível elevado de Destreza. Pessoas com uma Destreza baixa costumam se atrapalhar e tropeçar, enquanto seus companheiros mais ágeis parecem flexíveis e seguros. Especializações: Graça Felina, Reflexos Rápidos, Flexibilidade, Equilíbrio Perfeito, Mãos Leves, Velocidade e Suavidade

Força média (consegue levantar 125 kg): Esta Característica determina o nível de seu poder físico, incluindo a habilidade de mover objetos pesados e causar dano. Geralmente, um personagem com um nível elevado de Força é maior e mais musculoso do que alguém com um nível menor. Use sua Força quando tentar algum tipo de pulo ou salto. Em combate com armas brancas, você normalmente acrescenta seu nível de Força à Parada de Dados para determinar o dano.

Vigor Médio (constituição de montanhês):

Quando a doença, a fadiga ou os

ferimentos o ameaçam, seu Vigor define sua condição. Pessoas resistentes ignoram tais

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distrações, enquanto os mais fracos precisam descansar ou recuperar-se. Quando você sofre danos, esta Característica ajuda a "absorvê-los."

Atributos Mentais: •

Percepção média (Coisas sutis tornam-se claras como o dia):

Você tem

consciência do que o cerca ou tropeça no estérco? Esta Característica cobre a prontidão e a imaginação, desde os instintos até os sentidos físicos. Algumas pessoas, especialmente as crianças, vêem tudo com uma clareza surpreendente; outros olham para as próprias costas, procurando aquela faca inevitável. Seja qual for sua razão, sua intuição geral é julgada por esta Característica. A Percepção vai além da impressão sensorial. Um mago com um nível elevado pode descobrir as sutilezas no comportamento de alguém, entender as intenções por trás de uma obra de arte ou ouvir um galho quebrando, indicando uma emboscada. Personagens que estejam fugindo precisam de Percepções elevadas para sobreviver. Especializações: Sentidos Aguçados, Compreensão Fantástica, Visão Perfeita, Astuto, Atento e Intuitivo. As Coisas sutis tornam-se claras como o dia para Khayyam •

Inteligencia alta (Brilhantismo): Esta Característica mede sua acuidade mental básica — memória, julgamento, lógica, compreensão e pensamento crítico. O pilar da Razão, a Característica Inteligência reflete a clareza de pensamento e a compreensão dos fatos. Um personagem com uma Característica Inteligência elevada tem padrões de pensamento sofisticados; ele é capaz de analisar muitos níveis de um argumento e discernir a verdade da mentira, Um nível baixo denota uma mente entorpecida — não necessariamente estúpida, mas cega para as complexidades da vida. Especializações: Brilhantismo, Sagacidade, Criatividade, Pragmatismo, Memória e Genialidade

• Raciocínio alto(Um espião bem-sucedido): Algumas pessoas vivem de acordo com seu raciocínio — ou morrem por causa dele. Esta Característica mede seu talento para pensar rápida e claramente. Um magus astuto e perspicaz teria um nível razoavelmente elevado, enquanto um desatento teria um nível baixo (hã...). Seus reflexos em combate dependem de seu Raciocínio. Sua habilidade para sair de uma situação para outra também depende de sua astúcia. Especializações: Ardiloso, Astuto, Reflexos, Rápido, Perspicaz, Concentração, Puro Instinto

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Talentos: Consciência: Você possui uma afinidade com o mundo invisível. As coisas que a maioria das pessoas ignora – especialmente coisas místikas — chamam-lhe a atenção. Embora este talento seja mais comum entre feiticeiros, alguns mortais são particularmente perceptivos. A Consciência é limitada a atividades locais; você não seria capaz de sentir algo a 15 quilômetros de distância, mas poderia notar ocorrências próximas. Khayyam consegue ver as cores da alma — auras — tornam-se claras quando ele procura por elas.

Instrução: Ensinar é seu forte. Com palavras inspiradoras, exemplos coerentes ou simples arrogância, você faz as pessoas aprenderem. Um tomo fundamental do processo de aprendizado, este Talento passa seus conhecimentos para estudantes dispostos. Em termos de jogo, qualquer Perícia ou Conhecimento que você possua pode ser ensinado a outro personagem com um pouco de estudos. (Talentos são inatos e não podem ser passados.) Para cada mês gasto ensinando seu pupilo, teste sua Manipulação + Instrução (dificuldade 11 menos a Inteligência de seu aluno; um pupilo com Inteligência 3 levaria a uma dificuldade 8). Cada sucesso permite que o aluno economize um ponto de experiência que normalmente teria que gastar para adquirir a Característica; mesmo com seu auxílio, o outro jogador terá que gastar pelo menos um ponto de experiência. Apesar disso, a "economia" vale o esforço extra. Naturalmente, você não pode ensinar aquilo que não sabe; as Características que você passa não podem exceder o nível do professor. Um instrutor com Ocultismo 3, por exemplo, não poderia ensinar ao seu aluno como chegar a Ocultismo 4. Ninguém pode ser eternamente brilhante; um aluno entediado pode gastar um ponto de Força de Vontade (a critério do Narrador) para concentrar-se em seus estudos, especialmente se estão ocorrendo outras coisas. Aulas longas podem cansar o aprendiz, e instruções que duram mais de dois meses podem forçar a situação. A era Sombria Fantástica oferece menos distrações do que a nossa, mas todo pupilo tem seus limites.

Atributos Sociais: Carisma médio (Um sujeito agradável): Indica o quanto você é charmoso, agradável, um bom companheiro ou meramente tolerável ? Esta Característica mede a impressão que você causa, sua força de personalidade. Ao contrário da Manipulação, o Carisma mede seu charme inato (ou a falta dele). Especializações: Eloqüente, Confiante, Sofisticado, Gracioso, Devoto e Régio

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Aparência média (Um camponês bonito): A beleza tem mil faces, desde a vulnerabilidade de uma garota rica até um aspecto pagão selvagem, Esta Característica reflete sua atratividade básica e determina as primeiras impressões, indo além do aspecto meramente físico para englobar um sorriso gentil, um riso gracioso, um olhar ardente ou qualquer outra característica fascinante. Especializações Sugeridas: Fascinante, Ousado, Adorável e Selvagem

Manipulação alta (Excepcional): Khayyam é bom em conseguir o que quer? Esta Característica lhe dá um reflexo para enganar, seduzir, encantar ou influenciar as pessoas de algum outro modo, a Manipulação permite que você mude as opiniões de seus amigos e inimigos. No entanto, é melhor ter cuidado ao fazê-lo; a raiva pode assumir formas drásticas numa época como esta. Especializações: Encantador, Inspirador, Impressionante e Persuasivo. Habilidades: Esquiva (Artes Marciais), Armas brancas (Armas Improvisadas), Furtividade (Ele pode mover-se silenciosamente através de arbustos, Misturar-se com as Sombras) Acadêmica (Ele poderia dar aulas numa universidade e consegue discutir política, arte ou filosofia com qualquer pessoa na Europa, sabe latim e grego, compreende a matemática e as ciências básicas e compreende muitos princípios de filosofia, governo, arte, Matemática, Metafísica, Filosofia), Investigação (Escritura, Confissões, Textos Clássicos) Enigmas (Conhecimento Arcano, Alquimia), Lingüística (Grego, Latim, Asteca, Maia, Egípcio, Mouro, Árabe, Hebraico)

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Equipamentos: Talismãs mágico, Adaga e Cimitarra Principal Atributo: Fé Verdadeira - Grau 10

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Magias de Khayyam (Aha-i-Batin)

Esferas: • Conexão • Primórdio • Espírito Conexão: O tecido da Criação Especializações:: Conjuração, Portais,

Divinação,

Proteção, Orientação Todas as coisas estão ligadas. Um magus que compreenda os elos entre lugares e coisas pode atravessar grandes distâncias, mover objetos longínquos, espionar através de bolas de cristal, abrir portais ou manter outras criaturas à distância. Uma disciplina esotérica, a Conexão permite que um feiticeiro mantenha uma distância segura entre ele e seus alvos. Alguns magi supostamente vêem "fios" segurando a Criação; para eles, a mágika é simplesmente uma questão de puxar as linhas certas. Outros videntes vêem espelhos, água ou chamas como pontes para viagens ou 19


percepções. Os sábios falam sobre o "contágio," a teoria de que todas as coisas que se tocam formam laços entre si. Futuramente, essa Arte será chamada de "Correspondência." Contudo, agora seu nome reconhece os padrões que Deus criou e a natureza ilusória do que os mortais chamam de "distância." Para os magi sábios, não há distâncias, apenas conexões. Como essa Arte transcende a distância, os feitiços que a utilizam empregam uma tabela de alcance diferente. Muitos feitiços unem a Conexão a outras Esferas, o que permite que o magus ligue seus encantamentos a lugares, seres ou coisas. A tabela mostra o número de sucessos necessários para criar um elo entre alvos; quanto mais fraca a ligação, mais sucessos o feitiço exige. Os feiticeiros com afinidade pela Conexão parecem distraídos mas precisos; embora seus olhos estejam focalizados em locais distantes, eles nunca parecem tropeçar ou esbarrar. Os feitiços de Conexão muitas vezes exigem algum "elo" com o alvo — um espelho, um pedaço de cabelo, um punhado de poeira, etc; trabalhar "às cegas" é possível, mas arriscado.

1 - Sentido do Mago Neste nível, um magus pode sentir coisas próximas em todas as direções; discernir os quatro pontos cardeais sem usar o sol ou um mapa; adivinhar a distância entre dois pontos ou objetos; ou encontrar distorções ou rupturas na Trama (como as causadas por um portal ou feitiço de adivinhação).

2 - Visão Distante/Toque do Viajante Agora o feiticeiro pode enviar qualquer um de seus cinco sentidos através de uma determinada distância, puxar objetos pequenos (do tamanho de um gato ou menores) 20


através de portais pequenos ou aumentar a espessura da Trama ao seu redor para dificultar tentativas de adivinhação. Todas dessas operações deixam traços no tecido da Criação — traços que outro magus habilidoso pode encontrar com Conexão 1.

3 - Abrir e Fechar Portais/Visão dos Vários Olhos/Mão Distante Com este nível de habilidade, o magus pode atravessar grandes distâncias ou impedir que outros façam o mesmo. Esse feito difícil abre um portal do tamanho suficiente para a passagem de uma única pessoa, de um objeto do tamanho de uma pessoa ou de diversos objetos menores. Caso queira, o operador também pode observar diversos locais ao mesmo tempo. Cada paisagem nova mistura-se às demais, criando visões fantasmagóricas ou imagens sobrepostas (o que pode tornar difícil prestar atenção nas coisas; um mago pode ver claramente uma cena para cada ponto de Raciocínio que possua; acima disso ele estará se arriscando a sofrer de loucura e sobrecargas sensoriais). Acrescentando outras Esferas ao feitiço, nosso magus também poderia "trazer" itens distantes, levitar pessoas ou manipular objetos sem estar próximo deles.

4 - Dilacerar o Espaço/As Sombras Dançantes Um mago verdadeiramente talentoso é capaz de abrir portais na Trama, permitindo que grupos ou objetos grandes atravessem. A critério do jogador, um "rasgo" realmente bem sucedido poderia abrir uma passagem permanente. Ao alternar entre diversos lugares ao mesmo tempo, o magus poderia parecer sombras dançantes dele mesmo. Uma brincadeira desse tipo é divertida, mas pode confundir enormemente o operador, a não ser que ele também separe seus pensamentos (Mente 1). Cada 21


"sombra" age como o mago original, a não ser que ele acrescente Vida 2 à operação, concedendo movimentos independentes a cada "eu".

5 - Dobrar a Paisagem/Castelo em Muitas Colinas Ao comprimir as ligações entre locais ou coisas, um arquimago pode esticar, encolher ou distorcer de alguma outra forma seus alvos. A massa permanece sendo a mesma, mas as proporções se comportam como manteiga em suas mãos. Um feito poderoso de mágika poderia transportar diversos lugares para um único espaço sem causar danos. Tais magikas transcendem claramente a ordem de Deus e podem ser punidas com severidade. Mesmo assim, um magus que domine essas Artes pode expandir sua Característica Percepção além dos limites humanos normais. (Vida 3).

Primordio Especializações: Canalizar, Drenar Quintessência, Encantamento Antes que houvesse forma, havia a Essência Divina. Moldada pelos comandos de Deus, essa "Quintessência" transformou-se em Padrões. Por baixo da superfície tranqüila da Criação, a Quinta Essência ainda se agita. Emoções fortes a invocam, a Ressonância a altera e a mágika lhe dá asas. Um feiticeiro do Primórdio canaliza e molda a Quintessência de acordo com suas necessidades. Embora mais limitado do que as outras Artes, esse talento fornece a base da criação mágika. Para conjurar um objeto ou força do "nada," um magus precisa tecer a Quintessência em um Padrão. Um feiticeiro habilidoso é capaz de deslocar a energia de um Padrão para o outro, 22


impregnando alguns objetos com essência místika enquanto reduz outros a pó. E mais fácil usar algumas fontes de Primórdio do que outras. A Quintessência "bruta" acumula-se em Sorvo e outros Padrões materiais. A Quintessência "livre" flui através de Crays, Daemons Despertos e acontecimentos poderosos. Com habilidade suficiente, um magus pode utilizar qualquer um dos tipos e obter energia a qualquer hora, em qualquer lugar. Um mestre da Quintessência denuncia sua afinidade por um brilho poderoso; algumas pessoas resplandecem com uma luz dourada, enquanto outras reluzem tenuamente, como sóis da meia-noite. O Primórdio tem uma presença inconfundível; quando canalizado através de orações, alquimia ou tecelagem, ele brilha e cria "passagens das bruxas"

que

até

mesmo os mortais podem sentir.

6 - Traços/Restauração Para um aprendiz, a Quinta Essência revela-se como tecidos de poder. Alguns vêem os fios brilhantes da Criação de Deus; outros ouvem a Música das Esferas.De qualquer forma, o magus sente o fluxo Quintessencial e pode sentir o

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"gosto" da Ressonância dessa energia. Sorvos, Crays e entidades com emanações poderosas de Primórdio tornam-se claros como o dia. Ver o fluxo é o primeiro passo para controlá-lo. Enquanto qualquer magus é capaz de absorver Quintessência através de seu Antecedente Daemon, um magus com Primórdio 1 pode absorver mais Quintessência que o nível dessa Característica. Para cada sucesso num teste de Arete (dificuldade 4, um teste por fonte), ele pode armazenar um ponto adicional de Quintessência em seu Padrão.

7 - Tecer o Ideal/Criar Fagulha Cada coisa possui um "reflexo" perfeito nesse mundo imperfeito. Com esse Nível de Primórdio, um feiticeiro habilidoso pode criar um ideal platônico —um item perfeiteito composto apenas por Quintessência. Ao dar forma a esse ideal com Artes do Padrão, ele pode conjurar um reflexo imperfeito daquele ideal no mundo material. Em suma, ele pode criar algo onde antes nada existia.

8 - Canalizar Quintessência Ao torna-se um recipiente vivo, o magus pode refinar a Quintessência "livre" do Sorvo, "agitá-la" numa vítima viva (causando dano normal) ou transferi-la entre Padrões mais "solidos," como pessoas ou objetos. Desse modo, ele pode encantar uma vassoura, destilar Força Primordial do Sorvo ou alimentar um ritual com uma fonte inesgotável de Quintessência. Cada opção exige uma fonte de Quintessência prontamente disponível (um Cray, Sorvo, o Daemon do mago); retirar a força vital de outros objetos exige... 24


9 - Drenar o Padrão Agora o magus aprende a alterar a Quinta Essência dentro de itens inanimados. Com essa Arte, ele pode fazer um objeto brilhar com poder ou desaparecer totalmente. O primeiro feitiço fortalece um item, criando lâminas que não podem ser quebradas ou madeira que não pode ser queimada; o segundo consome o alvo. Um objeto enfraquecido sofre dano até que se despedace; é preciso muito trabalho para destruir um item grande ou resistente, mas muitos objetos menores podem ser aniquilados com esforços simples. Ao drenar a Quintessência desse modo, o magus também pode recarregar seu Daemon em qualquer lugar do mundo material. A meditação ainda é necessária, mas um Cray não.

10 - O Invólucro Vivo/Bebida da Vida Um mestre pode usar o mesmo efeito contra espíritos, criaturas vivas e seres mortos-vivos. Todo dano é agravado e só pode ser absorvido por meios mágicos (contramágika, Fortitude vampírica, regeneração místika). Os espíritos perdem Poder em vez de Vitalidade. Se o dano acabar com a vítima, ela literalmente deixa de existir. Com um gole místiko, o magus também pode recuperar seu Daemon instantaneamente, transferindo a força vital de outros para seu corpo (infligindo dano normal, não agravado; cada sucesso eqüivale a um ponto de Quintessência e um Nível de Vitalidade de dano). Esse feitiço não é gentil, mas ocasionalmente pode vir a ser necessário.

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Espirito Especializações: Andar pelas Sombras, Discussão Espiritual, Possessão, Fetiches, Necromancia Nenhum magus duvida do Mundo Invisível. Futuramente, alguns magi tentarão redefinir os Outros Mundos como "dimensões paralelas." Contudo, nesta época todos os feiticeiros acreditam neles — mesmo se definem suas crenças de modo diferente. Magi devotos temem os fantasmas, demônios e seres celestiais que habitam esse mundo parcial, mas místikos primordiais preferem a alma à carne. Alguns vêem os Outros Mundos como ante-salas do Céu e do Inferno; outros consideram-nos o sopro da Criação. As Artes do Espírito são bem ecléticas; um xamã habilidoso é capaz de viajar nas Névoas, negociar com espíritos, abrir passagens ou criar ferramentas efêmeras. Para os cristãos e muçulmanos, as Artes Espirituais são magia negra, ocasionalmente toleradas, mas nunca perdoadas. No entanto, xamãs, bruxos e mágicos do Extremo Oriente consideram essas Artes ferramentas de sobrevivência essenciais. Nosso mundo é o legado dos fantasmas. Como essas tecelagens ligam mundos, a maioria dos feitiços de Espírito usa a Película local como dificuldade de operação em vez do valor alvo usual baseado no Nível. Místikos do Espírito vivem em mundos divididos entre a carne e a efêmera; eles falam sozinhos e vêem coisas que mais 26


ninguém vê. Fantásticas "Passagens das bruxas" seguem-nos a todo lugar. As artes xamanistas muitas vezes incluem provações excruciantes — jejum, sacrifício e mutilação — que apenas aumentam o estigma de mágika negra.

11 - Dilacerar a Película/Prender Espíritos Ao abrir um buraco na barreira, o xamã cria uma passagem para seus amigos; um feitiço semelhante constrói uma barreira entre os dois mundos. Cada sucesso reduz ou aumenta a Película em um durante uma hora. Ao contrário de feitiços menores, esse encantamento é capaz de superar completamente a Película ou aumentá-la de forma a impossibilitar a passagem. Ao prender um espírito a um objeto ou pessoa, o magus pode criar um fetiche ou permitir uma possessão; revertendo o efeito, ele pode soltar um espírito preso (ou possuidor). ("Possessão e Exorcismo.")

12 - Criar Efêmera/Andar pelo Vácuo Ao usurpar o poder Divino, o mestre do Espírito pode criar novos Reinos, recuperar a Característica Poder de um espírito, colocar uma alma num corpo vazio e até mesmo destruir o Daemon de um mago. Esse feitiço Gilgul — sempre vão — marca o operador aos olhos de todos os magi; ninguém nunca mais irá confiar nele, e muitos irão considerá-lo um inimigo. Um xamã mais introspectivo pode deixar a Terra para trás e viajar pelo Vácuo. Protegido do ambiente rigoroso (se não de seus habitantes), ele literalmente caminha para o Céu e além.

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Documenti Magika

Feitos Tipo

Dificuldade Efeito

Simples

e 5

Regulares

Mudar a cor dos olho. acender uma vela uma mágilca de Mente para sentir a presença de alguém nas proximidades, conjurar uma raça Mudar sua própria forma, fazer um barril de polvora explodir, influenciar o humor de alguém com uma mágika de Mente, conjurar uma bola de fogo

Difícil

6

Transformar-se em algo maior ou menor do que você mesmo, pôr fogo num palheiro , leitura profunda da mente de alguém , conjurar uma besta

Impressionantes 7

Mudar a forma de outra pessoa, explodir uma cabana, controlar ,a mente de alguém, conjurar uma armadura, desaparecer

Poderosos

8

Transformar alguém em barro, incinerar uma fortaleza, destruir a mente de alguém, invocar um animal mágico, fazer toda a mobília de um cômodo desaparecer

De

Outro 9

Mundo

Transformar uma sala inteira de pessoas em barro, pôr fogo num castelo, controlar mentalmente uma multidão de loucos, invocar um demônio, fazer uma mansão desaparecer

Divinos

10

Fazer um castelo desaparecer, encontrar uma pessoa em particular num reino usando uma mágika de Mente, invocar um arquidemônio, levitar uma montanha, criar um Reino do Horizonte

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• O dano para esses feitos é baseado nos sucessos obtidos, Se, por exemplo, um mago tentasse matar um grifo, o método que ele usasse determinaria o nível do feito, Se ele obtivesse quatro sucessos ao atacá-lo com uma mágika de Vida, ele causaria (4x2 = 8) oito Níveis de Vitalidade de dano. Nivel de Sucesso • Falha crítica: O místiko comete um erro grave e falha completamente. O Efeito é perdido e o mago ganha pontos de Castigo, a não ser que gaste um ponto de Força de Vontade para cancelar a falha crítica. • Fracasso total: Nenhum sucesso, mas nenhuma falha crítica. O mago pode continuar com sua mágika, mas com +1 de dificuldade, ou tentar de novo do zero. • Sucesso parcial: 50%: dos sucessos necessários. O místiko realiza aquilo que desejava fazer, mas não tão bem quanto queria. Christina de Aeoli, por exemplo, conjura uma espada, mas a lâmina é mole e cega. O magus pode continuar se quiser, com +1 de dificuldade. • Sucesso: 100% dos sucessos exigidos. O mago faz exatamente aquilo que queria. A espada de Christina é tão afiada e eficiente quanto qualquer uma encontrada numa loja local de armas. • Sucesso extraordinário: 150% ou melhor. O mago não é apenas bem sucedido, mas sim tremendamente bem sucedido. A espada é incrivelmente afiada, com uma lâmina ornamentada e uma pequena gema em seu cabo. (Contudo, ela não é um Talismã; isso requer uma mágika separada.) 29


Dano Ataques vãos de mágikas de Vida (Vingança do Mago) que dilacerem o padrão do ser através de mágika em vez de usar objetos ou doenças. • Ataques vãos de mágikas de Primórdio (O Invólucro Vivo) ou ataques carregados por Primórdio; isso não inclui Efeitos meramente criados com Primórdio (Toque do Dragão). • Ataques diretos (vãos) de Entropia num corpo vivo (Necrossíntese). • Mágikas de Espirito que invoquem Umbróides para atacar um ser vivo. • Armas naturais de criaturas sobrenaturais (lobisomens, vampiros). Todas as outras formas de dano sâo normais, a nâo ser que o alvo seja excepcionalmente suscetível a eles (lobisomem à prata, vampiros ao fogo, etc), ou a nâo ser que o Narrador decrete que o dano é particularmente grave (lepra, ácido, chumbo derretido). Alcance do tempo Sucessos

Duração

Um

Até um mês

Dois

Uma estação

Três

Um ano

Quatro

Cinco anos

Cinco

10 anos

Seis a nove

50 anos

10 a 14

100 anos

15+

500 anos

30


Alcance da conexão Sucessos

Alcance ou Ligação (Use um ou o outro)

Um

Linha de visâo/relaçâo consangüínea; parte do corpo ou humor

Dois

Muito familiar (casa)/me!hor amigo; bens estimados

Três

Familiar (praça central da cidade)/primo; bens

Quatro

Visitado uma vez/conhecido; qualquer coisa usada uma vez

Cinco

Viu ou ouviu falar sobre/um estranho; item tocado casualmente

Seis+

Qualquer lugar no continente/nenhuma conexão

Dano e duração Sucessos

Dano

Duração

Um

Nenhum

Um turno

Dois

Sucessos x 1

Uma cena

Três

Sucessos x 2

Um dia

Quatro

Sucessos x 2 Uma história

Cinco

Sucessos x 2

Seis meses

Seis+

Sucessos x 3

Opção do Narrador

Forças acrescenta um sucesso adicional quando usada para dano; Mente subtrai um sucesso quando estiver infligindo dano. Ataques diretos de Entropia não provocam dano até o quarto nível, mas ataques acidentais (paredes desmoronando, etc.) infligem dano normal. Película Área

Dificuldade Sucessos Necessários

Mar Profundo/Além das Nuvens

0

Nenhum

Grande Cray

1

Um

Cray, Vale ou Círculo Feérico

2

Um

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Área

Dificuldade Sucessos Necessários

Região Selvagem Profunda ou Encruzilhada

3

Dois

Floresta

4

Dois

Área Rural

5

Três

Aldeias & Vilas

6

Três

Vilas Grandes &. Cidades

7

Quatro

Áreas Protegidas

8

Cinco

Áreas Poderosas de Crença Oposta

9

Cinco

• Modificadores Opcionais de Película Época

Dificuldade

Amanhecer

+1

Meia-noite

-1

Beltane ou Dia das Bruxas

-2

Natal ou Páscoa

+2

Solstício ou Equinócio

-1

Observação: Uma área com uma Película de 1 ou 2 é um Regio; uma com 0 é um Baixio. Um modificador pode reduzir a Película a 0 em determinados momentos. Magias Comuns • Mágika Corporal Magika

Esferas

Adaptar o Ambiente

Vida 2 (3)

Animar Cadáveres ou Partes

Vida 2 / Primórdio 2

Causar/Curar Doenças

Vida 2 (3)

Criar Corpo

Vida 2 (simples) ou 5 (Complexo)/Primórdio 2

Duplicar Corpo

Vida 5/Primórdio 2

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Magika

Esferas

Criar Membros Novos ou Outras Características Vida 3 (4) Curar/Ferir Ser Vivo

Vida 2 (3)

Curar/Ferir Vampiros

Vida 3/Matéria 2

Aumentar Físico/Características

Vida 3 (4)

Aumentar Velocidade

Tempo 3

Reviver Morto

Vida 4/Espírito 4/Primórdio 3

Apodrecer Corpo

Entropia 4 (ou Vida 4)

Metamorfose

Vida 4 (5)

Absorver Dano Agravado

Vida 3

Transformar-se em

Vida 3/(qualquer Outro Elemento Esfera que se aplique)

• Destino & Sorte Magika

Esferas

Causar Deterioração

Entropia 3 +

Localizar Fraquezas

Entropia 1

Alterar a Sorte

Entropia 2

• Objetos & Elementos Magika

Esferas

Invocar Tempestade

Forças 4+/Primórdio 2

Conjurar Elemento

Forças 3/Primórdio 2 (fogo, vento); ou Matéria 3/Primórdio 2 (terra, metal, água); ou Vida 3/Primórdio 2 (madeira)

Conjurar Novo Objeto

Matéria 3/Primórdio 2

Conjurar Ilusão "Física"

Forças 2+/Primórdio 2

Controlar

Elementos Forças 2 +

Existentes

33


Magika

Esferas

Desintegrar um Objeto

Entropia 3/Tempo 3 (ou Matéria 3)

Enrijecer/Aperfeiçoar

um Matéria 3 +

Objeto Campo de Invisibilidade

Força 2+

Invisibilidade em Ser Vivo

Força 2/Vida 2

Levitação/Vôo

Força 2 + (ou Conexão 3/Vida ou Matéria 2)

Acelerar/Retardar

Forças 2+

Transformar Objetos

Matéria 2+/(qualquer Esfera que se aplique)

Transformar Forças

Forças 3-(-/(qualquer Esfera que se aplique)

• Percepções & Poderes Psíquicos Magika

Esferas

Projeção Astral

Mente 4 +

Clarividência

Conexão 2 (ou Conexão 2/Mente 3)

Conjurar Ilusões Mentais

Mente 2+

Entrar num Sonho

Mente 3

Influenciar Humor

Mente 2

Controle da Mente

Mente 4

Profecia/Visão do Passado

Mente 2/Tempo 2

Embaralhar Pensamento

Mente 3

Ver Auras

Mente 1 (ou Espírito 1)

Ver Daemon

Mente 3/Primórdio 2/Espírito 1

Ver Através dos Olhos de Outro

Mente 3

Ver Através de Ilusões Mentais

Mente 4

Sentir Energias

(Esfera apropriada) 1

Compartilhar Percepções Místikas

(Esfera apropriada) 1

Escudo Mental

Mente 2

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Magika

Esferas

Dilacerar a Mente

Mente 3 (ou Mente 3/Vida 3 para dano agravado)

Telepatia

Mente 3

Telecinesia

Forças 2 +

Traduzir Línguas

Mente 3 (ou Mente 3/Forças 2 para um grupo)

Influência Inconsciente

Mente 3 +

• Quintessência Magika

Esferas

Absorver Quintessência

Primórdio 3

Canalizar a Quintessência Entre Coisas

Primórdio 3

Criar Cray

Matéria 3/ Primórdio 3

Destruir Algo com

Primórdio 4 (objeto) Quintessência ou 5 (criatura)

Drenar Cray

Primórdio 4

Drenar Quintessência

Primórdio 3

Alimentar Novo Padrão

Primórdio 2

Refinar Sorvo

Primórdio 3

• Poderes Espirituais Magika

Esferas

Abençoar/Amaldiçoar

Entropia 3

Comandar Espírito

Mente 4/Espírito 4

Conjurar Espírito

Espírito 3

Criar Fetiche

Espírito 4

Criar Talismã

Primórdio 4

Drenar Energia Espiritual

Espírito 4/Espírito 4

Ferir Espírito

Espírito 3

Abrir/Fechar Passagem

Espírito 4

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Magika

Esferas

Andar pelas Sombras

Espírito 3

Falar com Espíritos

Espírito 2

Tocar Espíritos

Espírito 2

• Tempo & Distância Magika

Esferas

Afetar Objeto/Ser Distante

Conexão 2+

Conjurara Ser Terreno

Conexão 4/Vida 2

Criar Imagens Múltiplas

Conexão 3 (ou Forças 2+/Primórdio2)

Criar Objetos Múltiplos

Conexão 5/Matéria 3/Primórdio 2

Abrir Passagem entre Locais

Conexão 4

Estabelecer Gatilho Temporal

Tempo 4

Acelerar/Retardar

Tempo 3

Teleporte

Conexão 3 (4)

Viagem no Tempo

Tempo 5 +

Proteção/Esconjurar

Conexão 2+/(Esfera)

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Agindo em Conjunto

A mágika não precisa ser uma Arte solitária. De fato, algumas práticas exigem a participação de grupos. Feitiços realmente grandes — invocações, pesquisas, rituais complexos, criação de Reinos, aprisionamento de espíritos, etc. — são executados com mais facilidade quando você está entre amigos místikos. Feitiços pequenos também podem ser lançados desse modo, mas isso raramente vale o esforço da colaboração. Antes que possam trabalhar juntos, cada mago precisa ter pelo menos um ponto em cada Esfera do Efeito. Alguém que não saiba nada sobre as Artes da Matéria não 37


pode ajudar um mago que saiba. Os colaboradores também precisam ser capazes de comunicar-se livremente durante a operação. Organizar o ritual pode levar um turno ou mais para o operador. Uma vez que tudo esteja resolvido, o grupo pode trabalhar junto em uma de duas maneiras: • Se todos os místikos tiverem os níveis de Esfera necessários para realizar o Efeito, cada um faz um teste de mágika normal, em turnos, como se ele ou ela estivesse lançando o feitiço sozinho. Todos os sucessos são somados; o resultado vale para se chegar ao total necessário. • Se magi menos sábios auxiliarem outro mais poderoso, apenas um teste é necessário. Cada "ajudante" acrescenta um sucesso ao esforço do operador principal. Companheiros não-Despertos também podem ajudar; o místiko soma um sucesso para cada cinco participantes mortais em seu ritual. Muitas vezes leva-se horas para iniciar cerimônias como essas, mas uma vez que o ritual tenha começado, ele é uma visão admirável. Sob essas circunstâncias, esses ajudantes não contam como "testemunhas" de mágika vã— eles querem que as coisas ocorram! Apenas uma opção pode ser usada de cada vez. Se um mago sofrer uma falha crítica, o Castigo afeta todos os envolvidos, seja com um punhado de pontos de Castigo, seja com uma reação em larga escala. Por outro lado, uma Bênção para um é uma Bênção para todos.

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Contramagika

Qualquer bom lutador sabe como golpear e contraatacar. Embora poucos feiticeiros sejam guerreiros

por

profissão, um número menor ainda consegue ficar a vida toda sem nunca usar suas Artes contra outro magus. Portanto, desenvolveram-se as contramágikas — o equivalente mágiko a aparar, prender e esquivar. Algumas criaturas ou materiais resistem à mágika por sua natureza inata. Minérios mágikos dos Artífices e proteções dos Outros Mundos são capazes de bloquear energias ocultas; o mesmo vale para uma grande Fé, Encantos, proteções, contramágikas faladas — todas dão ao magus ou ao mortal uma chance dê lutar quando um feiticeiro quer vê-los mortos. Cada um deles exige uma ação normal para ser realizado, a não ser que o defensor divida sua Parada de Dados entre as ações. Se o mago estiver ciente do ataque, ele 39


pode gastar sua ação tentando desviá-lo antes que seja atingido. A dificuldade da contramágika básica é 7; na maioria das variantes 8 e numa delas 9. Gastar pontos de Força de Vontade é a única coisa que pode modificar o resultado. Uma falha crítica em qualquer tipo de contramágika deixa o defensor extremamente exposto. Para empregar a contramágika básica, é preciso ser um magus, um Taumaturgo vampírico, um mágico não-Desperto(Feiticeiro), um metamorfo, uma fada ou um mortal com Fé Verdadeira. Ele também precisa ter algum tipo de encanto ou feitiço de proteção disponível. Quando é feita a investida mágika, o personagem precisa de pelo menos um turno para anular o ataque. Personagens não-magus que tenham poderes místikos (Gnose, Taumaturgia ou Glamour) testam seu Raciocínio + Ocultismo em vez do Arete. Mortais com Fé Verdadeira testam seu nível de Fé como uma contramágika. A contramágika avançada está além da capacidade de nãomagi, embora alguns vampiros Tremere possam lembrar-se dos segredos antigos a critério do Narrador. Para alguns grupos pode ser preferível ater-se à contramágika básica, por uma questão de simplificação. Estas variações podem ser complicadas demais para grupos iniciantes.

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Contramágica Básica A contramágika é basicamente um teste de absorção contra a mágika e funciona da mesma forma. Na contramágika básica, um mago com algum conhecimento do ataque vê a mágika se aproximando, do mesmo modo que um lutador vê um soco se aproximando. Assim sendo, o mago precisa ter consciência do ataque para desviá-lo. Se ele puder vê-lo e souber o que ele é, pode tentar anulá-lo. Para tentar uma contramágika básica, o místiko precisa ter pelo menos um ponto na(s) Esfera (s) envolvida (s) no ataque; nesse caso ele testa seu Arete, dificuldade 7. Os sucessos obtidos na contramágika cancelam os do feitiço original numa taxa de um para um. Se os sucessos excederem o resultado do Efeito original, o feitiço é detido completamente. O feitiço original também pode falhar se a contramágika reduzir o número de sucessos para um nível abaixo das intenções originais do operador: se o feito requer cinco sucessos, três sucessos com contramágika podem anular a operação. O atacante teria que obter mais sucessos (com +1 de dificuldade, como num fracasso) ou tentar de novo.

Contramágica Ofensiva Geralmente, a contramágika só se aplica a Efeitos lançados contra o mago defensor. Através de um teste de Arete com dificuldade 8, ele pode tentar anular um feitiço dirigido contra outra pessoa. Com um pouco de esforço extra, ele é capaz de refletir um feitiço ofensivo de volta para seu criador! 41


Contramágikas como essas exigem pelo menos um ponto em uma das Esferas do ataque e no mínimo um ponto em Primórdio. Ambas as operações precisam ser realizadas no mesmo turno. Superando o número de sucessos do atacante através de um teste de Arete com dificuldade 9, o defensor pode refletir o ataque de volta para seu oponente. Cada sucesso acima do total obtido pelo atacante conta como um sucesso mágiko contra este.

Contramágica de Esfera versus Esfera Na maioria dos casos, um magus precisa saber algo sobre as Esferas que estão sendo usadas contra ele. No entanto, nesta variedade ele consegue anular magikas ofensivas com seus próprios conhecimentos. Praticamente qualquer Esfera pode deter um ataque mágiko se usada com astúcia. A dificuldade para tais contramágikas é 8 em vez de 7. Contudo, a maioria das formas de contramágika do tipo Esfera versus Esfera exigem certo nível de habilidade por parte do defensor; pode ser necessário um Efeito específico. Por falar nisso, esses "ataques" não causam dano — eles apenas detêm as magikas. Quando estiver lidando com criaturas sobrenaturais, a contramágika de Esfera versus Esfera é a melhor aposta do mago. Embora qualquer Esfera possa anular o Glamour de uma fada e a Taumaturgia vampírica, Espírito é a única forma eficaz de conter Dons dos Garou ou Arcanoi fantasmagóricos.

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Desfiar

Ataques contínuos — proteções, maldições, passagens — podem ser desfeitas por um magus com poder e determinação suficientes. Embora a contramágika normal seja inútil contra um feitiço que já esteja ocorrendo, um mago habilidoso pode tentar desfiar o que foi tecido. Para tentar desfiar um feitiço, o mago precisa de alguns conhecimentos básicos (pelo menos um ponto) em cada uma das Esferas envolvidas e pelo menos um ponto em Primórdio (para ver os fios que devem ser desemaranhados).

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Desfiar é difícil — dificuldade 8 — mas o magus pode fazer um teste prolongado até que supere os sucessos iniciais do operador. Entretanto, uma falha crítica durante o processo acaba com a tentativa; o mago precisa recomeçar. Alguns Efeitos — invocações, ataques de dano instantâneo, magikas sensoriais e o Gilgul — não pode ser desfeitos. Outros — maldições, doenças, transformações, contramágikas e criações — são particularmente vulneráveis. Esse último tipo normalmente tem algum tipo de proteção entretecida com ele desde o começo na forma de novos ataques ou contramágikas; o poder divino de um golem, por exemplo, desvia os feitiços. No entanto, em seu caso a contramágika simplesmente concede ao golem dois "sucessos" de resistência a feitiços. Um encantamento que normalmente causa três sucessos, por exemplo, causará apenas um. A maioria dos feitiços duradouros exige no mínimo 10 sucessos para ser desfiado; proteções, barreiras, criações, maldições e coisas semelhantes exigem rituais prolongados para serem lançados, e é difícil eliminá-los sem fazer o mesmo. As vezes — como sempre, a critério do Narrador — uma operação não pode ser desfeita sem que se lance um Efeito completamente novo para alterá-la outra vez. Se um homem foi transformado numa rã, seria mais fácil transformar a rã num homem outra vez do que desfazer a mágika inicial.

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O Castigo

Quando o orgulho vem, então vem a vergonha; mas com os humildes

está a sabedoria... A integridade dos honestos irá guiá-los, mas a perversidade dos transgressores irá destruí-los. — Provérbios 11: 2-3

A mágika nunca foi uma ciência exata; contudo, nesta época confusa, até mesmo as Artes mais confiáveis falham de forma imprevisível. Mas esse assim chamado "Castigo" é tão imprevisível quanto as pessoas crêem? Na verdade não. Nem sempre.Tudo que um mágico faz tem volta e reverterá para auxiliá-lo ou assombrá-lo. Este é um dos preços da mágika: sentir o beijo do Inferno e a ira do Céu. A mágika em si é neutra, mas é moldada pelas intenções humanas. Essas intenções — boas ou más — perseguem o magus e suas Artes. Assim, as conseqüências da má sorte trazem o selo do próprio mago estampado em si. Tudo o que se faz, se paga — disso não há dúvidas. As únicas incertezas são o quando e o como. As vezes você tem o que merece; outras vezes você tem o oposto. A Dama da Sorte é uma amante volúvel, e os magi passam muito tempo em sua cama. O magus mais puro pode sentir a dor do Castigo ardendo em suas costas, enquanto outro 45


insuportavelmente maligno tem marcas de favores. Alguns elementos da mágika são incontroláveis; no final, a Dama da Sorte vai embora rindo. Em termos de história, o Castigo surge dos Céus em momentos imprevisíveis; às vezes ele dói — uma Maldição — às vezes ajuda — uma Bênção. Em termos de jogo, um Dado da Sorte determina os caprichos da Dama da Sorte; quando chega a hora do acaso, suas ações até aquele momento determinam o que acontece.

Evitando o Castigo Então você está à mercê do Castigo? Não completamente. Todos os magi sentem sua mordida, mas há certos modos de evitar seus piores efeitos: • Purificação: Um pré-requisito em quase todas as disciplinas místikas, a purificação o ajuda a concentrar-se, impedir a Ressonância e realizar um ritual com clareza e devoção. Para purificar-se, um feiticeiro isola-se de toda e qualquer companhia, harmoniza-se com a Criação e a Divindade e realiza algum tipo de ritual de purificação (prece, jejum, banho, transe, e t c ) . De vez em quando, é uma boa idéia purificar-se, ou o azar irá marcar suas operações magikas. Em termos de jogo, o personagem precisa meditar sozinho com sucesso por pelo menos um dia para cada ponto em sua Reserva de Castigo. Ele não pode fazer mais nada durante esse período; de outro modo perde todos os benefícios e retorna ao seu total antigo de Castigo.

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• "Correção": Com o tempo, os efeitos do Castigo desaparecem lentamente. Um magus que evite usar magikas "corrige-se," assim como um arco sem uma corda retorna à forma antiga. Em termos de jogo, os pontos de Castigo desaparecem numa taxa de um ponto por semana, admitindo-se que o magus renuncie à mágika durante esse período. Qualquer feitiço lançado durante esse período desfaz imediatamente a "correção," mantendo a Característica Castigo em seu nível anterior. Se o magus adquiriu mais de 10 pontos, a "correção" não é uma opção. Algo tem que — e vai — acontecer .

47


Formas de Reação

A Ressonância não se limita às virtudes ou vícios. Muitos feiticeiros manifestam Bênçãos ou Maldições estranhas devido às suas Artes — seja por sua afinidade com as Esferas ou pelo feitiço que finalmente os "apanhou." Tais efeitos vão desde os óbvios (um feitiço de fogo queima o mago) até os indiretos (o mesmo feitiço acende todas as velas no quarto de uma só vez). Independentemente da forma que assumir, o Castigo representa uma "justiça poética." O que você faz realmente volta para você multiplicado diversas vezes. Quando o ar subitamente torna-se gelado, quando a grama seca e a água transformase em gelo, um Castigo transformou o mundo ao redor do mago. Essas passagens do mago dão margem ao folclore — o leite coalha, sinos tocam e pegadas desaparecem conforme um feiticeiro passa. As mudanças ambientais ficam basicamente a cargo do Narrador; via de regra, elas devem ser pequenas, locais e ligadas à Esfera de afinidade do mago. De vez em quando, um acontecimento realmente dramático — uma explosão de luz num quarto escuro, um terremoto, etc. — pode ocorrer durante uma crise real. Obviamente, qualquer um pode perceber a passagem das bruxas, e qualquer pessoa com algum 48


conhecimento de ocultismo saberá que um magus está presente quando ocorrer uma alteração.

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As Esferas

De modo geral, já se tratou dos Dias e das Horas no Primeiro

Livro. Agora é necessário observar particularmente a que horas deve ocorrer a execução e o aperfeiçoamento das Artes, tendo sido

feitos todos os preparativos necessários. — The Greater Key of

Salomon, Livro Dois

Como raízes da árvore do Céu ligadas à Terra, as nove Esferas definem tudo que é mágiko. Elas são a base da realidade, constructos políticos ou símbolos da ordem divina? A resposta ainda está aberta para debates — e permite inúmeros destes para magi que preferem uma aproximação teórica das Artes. No lado prático, as Esferas permitem que você simule uma variedade interminável de encantamentos. A tabela de Feitos Mágikos Comuns oferece uma visão geral dos feitiços mais óbvios, mas na maioria das vezes as possibilidades são limitadas apenas por sua imaginação, pela habilidade de seu personagem e pela permissão do Narrador. Em termos de história, raramente fala-se sobre as Esferas. O conselho debate por nove anos antes de "formalizar" esses princípios e selecionar representantes por suas afinidades a cada Arte; entretanto, mesmo assim, os magi das Tradições raramente usam os nomes das Esferas para 50


descrever o que fazem. A crença, a prática e as ferramentas definem a mágika muito mais do que as "Esferas." Para o Conselho, os Nove Elementos Místikos são uma concessão complicada criada para sustentar uma aliança ainda mais complicada. Ninguém dá o crédito aos verdadeiros "fundadores" do sistema das Nove Esferas — os Maçônicos, que o desenvolveram a partir das Nove Harmonias dos Princípios Sagrados escritos em textos egípcios antigos. Esses artesãos formalizaram os ensinamentos de nove elementos díspares aproximadamente 200 anos antes da existência do Conselho e levaram sua inovação para a Convenção da Torre Alva. Assim, os dois adversários utilizam a mesma estrutura para seus ensinamentos — uma estrutura que o próprio Deus pode ter criado. Para os propósitos de jogo, todos os magi usam as Esferas; eles apenas não descrevem seus feitiços nesses termos. Cada Esfera engloba um aspecto da realidade. Cada Nível concede ao magus novos poderes ligados a esse aspecto. Ao subir e descer no espectro e combinar as Esferas como achar apropriado, você consegue criar qualquer feitiço que seu magus possa conceber. O modo como ele descreve a Arte fica a cargo dele — e seu. Ele não dirá, "Tenho Forças 3," em vez disso, ele resmunga algo sobre as "Artes dos quatro ventos, dos elementos e da chama." Os personagens não devem falar utilizando termos de jogo. Muitos feitiços surgem de uma única Esfera; os mais complexos combinam duas ou mais Esferas num Efeito conjunto. A tabela de Feitos Mágikos Comuns. As descrições a seguir simplesmente oferecem uma lista do que você pode fazer nos 51


diversos Níveis. Como uma forma simples de julgar as capacidades de uma Esfera, lembre-se disto: Ação

Nível

Para sentir algo:

Nível Um;

Para cutucar algo:

Nível Dois;

Para afetá-lo de uma forma duradoura:

Nível Três;

Para fazer algo grande com isso:

Nível Quatro;

Para fazer algo realmente grande com isso:

Nível Cinco.

52


Grimorium

Rotinas Magicas conhecidas por Khayyam 1.

Desviando a Corrente (Forças 2 ou 3) -

25. Chute do Dragão Voador (Forças 4, Correspondência 1) -

2.

Força Centrífuga(Forças 2, Primórdio 2) -

26. Campo de Força Eletromagnético (Forças 3, Primórdio 2) -

3.

Transe (Mente 1, Correspondência 3, Vida 1) -

27. Chamas Eternas (Forças 2, Primórdio 3 ou 4):

4.

Exército Divino (Correspondência 4, Vida 2, Mente 1) -

28. Círculo de Luz (Forças 3, Primórdio 2) -

5.

Redirecionar Emoção (Mente 2) -

29. Cólera de Poseidon (Forças 5, Correspondência 2):

6.

Belly Talking (Mente 3, Vida 1) -

30. Esfera da verdade (Forças 3, Mente 2, Primórdio 2) -

7.

Pensamentos como Água (Mente 2) -

31. Evocar os Espíritos das Forças (Forças 1, Epírito2) -

8.

Iludir Sentidos (Entropia 2 Mente 3) -

32. Invocação de Negativo (Forças 3) -

9.

Defesa Mental (Mente 3) -

33. Linhas de Magnetismo (Forças 3, Primórdio 2) -

10. Palavra de Iluminação (Mente 3) -

34. Purificação com a Luz Solar (Forças 5, Primórdio 2) -

11. Punho Espíritual (Espírito 2) -

35. Receptáculo de forças menores (Forças 2, Primórdio 2) -

12. Localizando o Caminho do Círculo Dhármico (Tempo 2 e

36. Proteção Divina (Forças 2, Correspondência 2, Entropia 2)

Espírito 3) -

37. RASTRO

13. A árvore caindo sem ninguém ver (Matéria 2, Primórdio 2, às vezes Mente 1 e Tempo 2)

DE

QUINTESSENCIA

(Correspondência 2 Primórdio 1) – 38. Aleph (Correspondência 2 Mente 3) -

14. Posição Perfeita de Defesa (Mente 1, Entropia 1, Correspondência 1) -

39. Aperto da força (Correspondência 4) 40. Ativar Processo Demoníaco (Correspondência 3 Espírito

15. O Sopro do Poço (Vida 1, Entropia 1) -

2) -

16. Analisar Estilo de Luta (Entropia 1, Mente 1) -

41. Conjurar Processo Demoníaco (Correspondência 1, Espírito

17. Pegar Mosca (Mente 1, Correspondência 1, Entropia 2) -

2) –

18. O Toque de Paz (Entropia 1, Vida 3) -

42. Farol de Jeron ( Correspondência 1 Primórdio 2) -

19. Corte as Asas do Corvo (Vida 3, Entropia 1) -

43. Janela da Visão (Correspondência 2):

20. Unifique Mente e Corpo (Vida 3, Mente 1) -

44. Manipulação de Janelas (Correspondência 2) –

21. Punho do Dragão (Vida 3, Primórdio 2) -

45. A Invocação dos Quatro Arcanjos (Espírito 2) -

22. Grito da Coruja (Mente 3, Entropia 3) -

46. Abençoando o Servo do Destino (Primórdio 2 Espírito 2) -

23. Brado Incisivo (Matéria 3, Entropia 3) -

47. Abrir Ponte da Lua (Espírito 4, Mente 2, Correspondência

24. Punho Longo (Correspondência 4, Primórdio 2) -

3, Primórdio 2) -

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48. Assombração (Espírito 2 Entropia 2) -

67. Visão de raio-x Forças 1

49. Carregar Película (Espírito 4, Forças 3 e Primórdio 2) -

68. Metamorfose - Olhos da Besta Forças 2

50. Cavalgar com os Espíritos (Espírito2 Correspondência 2

69. Amplificador Forças 2 70. Distração Forças 2

Mente 3) 51. Chuva de Fogo e Lava (Espírito 5 Forças 2) -

71. O Caminhar hobbit Forças 2

52. Comer Espíritos (Vida 3 Espírito 4)

72. Tempestade Forças 3/Primórdios 2

53. Conjurar Succubus/Incubus (Espírito 2 Mente 2)

73. Papo Animal Vida 2 Mente 2

54. Consagrar Círculo (Espírito 4 Primórdio 3) -

74. Sentidos Aguçados vida 3

55. Dissolver Espíritos (Espírito 4, Entropia 4) -

75. Canto do roxinol Vida 1/ Forças 2

56. Espírito Mensageiro (Espírito 2, Correspondência 2) -

76. Dissipar fogo Matéria 3

57. Espíritos "Vampiros" (Primórdio 3, Espírito 3) -

77. Farmácia portátil Matéria 3/primórdios 3

58. Exorcismo (Espírito 2) -

78. Destrancar Matéria 2

59. Frasco Espiritual (Espírito 4 Matéria 3)

79. BOOM Matéria 2/Forças 2/primórdios 2

60. Guardião (Espírito 2 Matéria 2)

80. Atravessar cachoeira Matéria 3

61. O Cajado de Fogo (Espírito 3, Forças 3 ou 5, Primórdio 2)

81. Desacelerar Tempo 4

62. Oferenda (Espírito 3 Primórdio 3) -

82. Rastrear Mente 1

63. Possuir Objeto (Espírito 2 Matéria 3) -

83. Dilacerar lembranças Mente 4 [Entropia 2 para escolher

64. Preenchendo a Corrente do Paradoxo (Espírito 2 Correspondência 2)

aleatoriamente] 84. Gaveta do espaço infinito

65. Varinha de condão (Primórdios 3)

85. Refúgio Salvador Correspondência 3

66. As moedas de ravnos entropia 2

Grimorium Generalis

Você pode cantar o canto do templo entristecido Você pode ser o som ou bater o gongo Você pode traçar padrões do céu Você pode cavalgar os anjos onde eles voam Irei despertá-lo — Elysian Fields, "Anything You Like"

A mágika é ilimitada. Você não está preso a "listas de feitiços," mas cria os Efeitos de que precisa conforme o necessário. No entanto, há certos "procedimentos clássicos" que cobrem a maioria das tecelagens que seu mago irá executar. Uma vez que você veja como eles funcionam, você pode ajustar o processo conforme for necessário. 54


Conjuração Metamorfose e Transformação Você quer transformar um príncipe num sapo, fazer com que sua bruxa tenha garras, transformar uma mesa em fumaça ou invocar uma tempestade com um assobio? Essencialmente, todos esses são feitiços clássicos envolvendo a mesma mecânica de jogo. Ao combinar duas ou três Esferas nos níveis certos, seu mago pode transformar uma coisa em outra, alterá-la ou criá-la do nada. O processo é simples: • Confira os Níveis das Esferas (ou a tabela de Feitos Mágikos) para ver o que você pode fazer e de que Esferas você precisa. • Determine se o feitiço que você quer empregar é casual ou vão e decida o quão dramático ele é. A resposta determinará a dificuldade do teste. • Faça a jogada. Quanto maior a mudança ou conjuração, mais sucessos você precisa obter. Não se esqueça de descrever o que seu mago está fazendo para que as coisas aconteçam. Para transformar uma coisa em outra, combine as Esferas apropriadas. Criar algo do nada exige a Esfera adequada + Primórdio 2. Por exemplo, transformar um ser vivo em outro diferente (ou alterar sua estrutura corporal) exige apenas uma Esfera — Vida. Se você o está transformando num objeto sólido — digamos pedra — você precisará de Vida + Matéria. Se você quisesse criá-lo do nada, precisaria de várias Esferas — Vida, Mente e Primórdio 2 no mínimo, + Espírito se quiser que ele 55


tenha algo parecido com uma alma. O processo funciona da mesma forma com forças elementais e objetos materiais: transformar pedra em carne exige Matéria (a pedra) + Vida (a carne); se você quiser fazer uma pessoa a partir de fogo, precisará de Forças (o fogo) + Vida (o corpo). Se você quisesse conjurar uma pedra ou fogo do nada, precisaria de Matéria + Primórdio 2 ou Força + Primórdio 2. Via de regra, admita que alguma coisa criada do nada ou transformada em algo diferente acaba desaparecendo ou voltando à sua forma original, a não ser que o feitiço seja permanente. ("Alcance, Dano e Duração.") Assim, Artífices e outros artesãos se esforçam com ainda mais afinco em suas criações. Uma máquina malfeita se despedaça rapidamente ou transforma-se em pó, enquanto outra fabricada com esmero irá durar anos.

Mudança de Forma Naturalmente, um objeto transformado ainda carrega certa Ressonância daquilo que era. Um homem feito de fogo indubitavelmente terá um temperamento realmente volúvel, e uma mesa de pedra transformada em vidro será extraordinariamente resistente. É um fato fundamental da mágika nessa era que todas as coisas têm uma essência que não pode ser alterada. No fundo, um homem transformado num sapo ainda é um homem — ele pensa em termos humanos e seus olhos refletem uma humanidade fantástica, mesmo que continue sendo um sapo para sempre. Essa essência remanescente surge através de Narração e interpretação, não de sistemas, e 56


pode ser realmente útil quando um Narrador tenta evocar um certo clima. ( "Há algo nesse sapo que não está muito certo...") Por outro lado, a idéia vale no outro sentido; as coisas tendem a transformar-se em outras coisas que sejam muito parecidas com elas. Um homem transformado num sapo provavelmente sempre teve um pouco de sapo em si... Quando uma pessoa assume uma forma que não seja familiar, precisa acostumar-se a ela. O mesmo vale para um animal que se torna um homem. Quanto mais radical a diferença entre as formas animais, mais tempo se leva para familiarizar-se com elas: se Alabaster, o Branco, virasse um cavalo, ele poderia levar um dia ou mais antes que pudesse galopar; se ele se tornasse um macaco, poderia acostumar-se rapidamente. Com mudanças muito básicas de forma (Vida 4), também há o perigo de "perder-se" na nova forma. Se não tomar cuidado, Alabaster poder pensar que ele é um cavalo! Para cada dia gasto na forma animal, um humano precisa gastar um ponto de Força de Vontade; se Alabaster ficar sem Força de Vontade, ele se esquece de sua humanidade e torna-se um animal até que alguém lhe mostre que não é bem assim. Para evitar essas complicações, um mago que troca de forma constantemente pode gastar dois pontos de experiência para "comprar" essa forma alternativa. Por dois pontos, Alabaster pode transformar-se num cavalo sem dificuldade e fazer o que quiser pelo tempo que desejar. Vida 5 permite que um magus se transforme num animal sem qualquer complicação; contudo, as pessoas que ele transforma ainda precisam "concentrar-se em si mesmas" ou correm o risco de tornar-se um animal em todos os aspectos. 57


Mudanças Permanentes Normalmente, um magus precisa de quatro a seis sucessos para alterar-se permanentemente, ou oito a 10 para transformar alguém da mesma forma. Mesmo depois disso, a mágika pode ser desfeita pelo operador ou por outro feiticeiro com um conhecimento suficiente de Vida. Essas magikas poderosas alteram a Forma Verdadeira do alvo. Classicamente, um encantamento de mudança de forma carrega uma "chave"; se algo acontecer — um príncipe beijar uma rã, um herói arrepender-se de sua luxúria — o feitiço desaparece instantaneamente e o alvo volta à sua Forma Verdadeira. As criações de Deus são mais duradouras do que as mágikas. Um magus que se transforme num animal precisa gastar Força de Vontade para manter sua mente intacta. Se for bem sucedido, ele pode permanecer naquela forma pelo tempo que quiser. No entanto, outras "melhorias" têm um preço: modificações anormais — asas, garras, Atributos aumentados — acrescentam pontos permanentes de Castigo à Reserva do mago. Encantamentos menores — como aqueles que aumentam os Atributos do personagem dentro dos limites humanos — devem ser pagos com pontos de personagem. Nesse caso, o custo é metade da quantidade normal. (Ver "Pontos de Experiência"). Se esse "preço" não for pago, o alvo sofre uma doença degenerativa semelhante à lepra, perdendo um Nível de Vitalidade por dia até que pague o preço ou morra. Isso se aplica apenas a coisas vivas (ou mortas58


vivas) e a espíritos. Objetos materiais podem ser alterados sem preocupação ou custo. Dispositivos, Fetiches e Talismãs A alegria de qualquer magus artesão, um tesouro bemfeito contém um toque de genialidade. Enquanto outros feiticeiros lançam feitiços efêmeros, o artesão sela suas Artes dentro de um objeto de poder. Lousia Mazarin de la Forge fabrica seus tesouros com paciência e uma mão firme. Seus esforços criam Dispositivos e Talismãs que qualquer pessoa com habilidade místika pode usar.

Talismã Antigamente, os objetos místikos estavam em todo lugar — ou pelo menos é o que dizem os mitos. No entanto, considerando a quantidade de trabalho necessária para criar um Talismã, isso é duvidoso. Em termos de história, um magus precisa preparar um tesouro, lançar sua vontade sobre ele e investir um pouco de sua própria essência dentro do objeto. Considerando o sistema, ele faz o tesouro (talvez com as Características: Ofícios, Herborismo ou Ciência), utiliza uma mágika de Primórdio 4 para introduzir 10 pontos de Quintessência no objeto e então lança os feitiços necessários sobre ele, testando seu Arete (a dificuldade é igual ao nível de Antecedente do Talismã + 3) e gastando um ponto de Força de Vontade. O encantamento leva aproximadamente uma

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semana por nível no Antecedente: um feitiço para criar um Talismã de cinco pontos levaria cinco semanas, além do tempo gasto para confeccionar o item. Nessa era mágika, o processo é casual e requer pontos temporários de Força de Vontade, não os permanentes. Talismãs de uso único — poções, misturas, flechas — são mais fáceis de fazer. Um magus com as Esferas certas simplesmente faz o item, lança o feitiço sobre ele e gasta um ponto de Força de Vontade. O processo leva menos tempo — um dia por nível — e exige Primórdio 2, não 4. O Talismã funciona uma vez, depois se quebra, se dissipa ou se reduz a pó.

Fetiches Ao invocar a ajuda de um espírito, um xamã como Falcão Andarilho investe um objeto "sem vida" com poderes místikos. Isso requer Espírito 4, muita interpretação e aproximadamente 10 sucessos, com um teste para cada hora em tempo de jogo. A criação de fetiches muitas vezes é casual (dificuldade 7), mas para muitos europeus parece uma adoração de demônios.

Dispositivos A verdadeira habilidade de Lousia está em criar Machinae — Dispositivos construídos por mãos Iluminadas. Para construir uma, ela utiliza suas habilidades 60


consideráveis para projetar o item, construí-lo e investir seu talento nele. A primeira parte envolve perícia — diversos pontos em Ofícios, Ciência e Invenções, assim como muito tempo de trabalho e materiais. O segundo passo dura um mês por ponto no nível do Antecedente (junto com muitos erros e mau humor); o último passo exige "lançar o feitiço" através do Dispositivo — algo que requer as Esferas apropriadas. Se tudo sair bem, um teste final de Arete (dificuldade 4 + nível do Antecedente) completa o Dispositivo. Nenhuma Força de Vontade ou Primórdio é necessário, embora muitos alquimistas alimentem suas criações com Quintessência. Não importa o que seu feiticeiro esteja tentando fazer, uma falha crítica acaba com o processo, manda o artesão de volta para a estaca zero e muitas vezes também causa uma reação desagradável. Falhas críticas em Talismãs frequentemente resultam em queimaduras ou visitas espirituais; falhas críticas em fetiches liberam um Iwa furioso; falhas críticas em Dispositivos normalmente quebram o item, queimam o magus ou destroem a oficina, dependendo do que estava sendo feito e como isso ocorria. Lousia tem uma profissão perigosa. Mesmo assim, é recompensadora... e abre o caminho para outros a seguirem.

Viagens por outros mundos Há duas formas de viajar além do mundo mortal; a jornada astral, quando a consciência do mago deixa seu corpo para trás; e andar pelas sombras, quando ele atravessa a

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Película e torna-se metade carne, metade espírito. É possível Caminhar pelos Sonhos, um talento raro que permite ao xamã entrar nos mundo oníricos, mas de modo geral foi esquecido pelos magi da Europa e Ásia. • A Viagem Astral (Mente 4 e 5) liberta a mente do corpo. Solto dessa forma, o magus pode atravessar a Terra ou voar pelo Mundo Astral. Ligado ao seu corpo por um cordão de prata, o feiticeiro perde a noção de seus sentidos físicos e "vê" através de olhos mágikos. Nu e incorpóreo, ele não carrega nada consigo; invisível para os olhares normais, ele flutua numa nuvem brilhante de pensamento puro. Com esforço (e um ponto de Força de Vontade), o viajante se manifesta como uma imagem fantasmagórica. No entanto, mesmo assim, ele é efetivamente imune a danos físicos. Apenas magikas de Espírito, armas despertas ("Possessão") e outros seres astrais são capazes de tocá-lo, e apenas a visão da Mente consegue detectar sua presença. Os Atributos Mentais e Sociais de um viajante astral substituem os Físicos; a Força torna-se Manipulação, a Destreza torna-se Raciocínio e o Vigor torna-se a Inteligência. A Força de Vontade substitui a Característica Vitalidade, e qualquer dano que o viajante sofra elimina pontos de Força de Vontade. Se ele chegar a zero de Força de Vontade, o cordão do mago se rompe e ele flutua à deriva pelos Céus superiores. Supostamente, ele se perde para sempre, mas alguns viajantes afirmam ter retornado de tais jornadas, muitas vezes um pouco enlouquecidos e balbuciando sobre visões indescritíveis... 62


As vezes um viajante fica preso; em termos de jogo, uma falha crítica prende o magus entre o mundo mortal e a Penumbra. Ele permanece ali até que outro magus do Espírito ou ser espiritual ajude-o a atravessar. Andar pelas sombras de forma bem sucedida leva o viajante para a Penumbra; ali ele segue as trilhas espirituais através das Névoas. Quando retorna ao mundo mortal, o andarilho precisa voltar à Penumbra; quando emerge através da Película, ele reaparece no reflexo material de seu destino final. Em outras palavras, um xamã que tenha entrado numa passagem em Northamptonshire e voltou através de um Cray em Paris surgiria "do nada" na cidade francesa. Muitos magos andam pelas sombras para cruzar grandes distâncias — embora os perigos espirituais possam superar os mortais! • Passagens (Espírito 4) abrem buracos na Película grandes o bastante para diversas pessoas — tanto magi como Adornecidos — atravessarem. Contudo, esses portais raramente duram mais que uma cena e são efeitos claramente vãos. Os espíritos adoram essas "janelas de oportunidades" e correm até elas; afinal de contas, os portais funcionam tanto para um lado como para o outro... • Caminhar pelos sonhos funciona em todos os aspectos como andar pelas sombras. Entretanto, poucos magi têm a imaginação para entrar num sonho. Em vez disso, muitos feiticeiros empregam magikas astrais (Mente 3) para entrar em Reinos do Sono perturbadores, e depois se retiram quando os sonhos tornam-se vividos demais. Espíritos, demônios e criaturas feéricas habitam o Sonho, e muitas irritam-se com intrusos mortais. 63


Magias de Percepção Quando a senhorita Gianni consulta sua bola de cristal ou Caesario assobia a Melodia de Pã, esses magos vêem coisas que nenhum mortal percebe. Normalmente, essas percepções permanecem sendo um segredo do místiko — ninguém mais consegue ver o que Caesari vê, a não ser que ele opte por compartilhar a visão. Portanto, em termos de jogo esses feitiços são casuais, não vãos.

Visões e Advinhações Mágicas A não ser que seu magus tenha feito alguma "melhoria" permanente, os sentidos mágikos precisam ser "ligados" pelo feitiço adequado. A maioria dos feitiços de percepção exige simplesmente um Efeito de Nível Um com a Esfera adequada; ver as correntes de vento requer Forças 1, enquanto aguçar sua visão para enxergar no escuro exige Vida 1. Na maioria das vezes, esses feitiços ocorrem com sucessos automáticos; qualquer magus que mereça esse título é capaz de empregar uma visão mágika sem dificuldades. Observar coisas pode exigir um teste adicional de Percepção+ Consciência — enxergar no escuro não permite que você veja automaticamente tudo nas proximidades. Uma vez que o feitiço comece a funcionar, ele costuma durar o resto da cena, a não ser que o mago opte por interrompêlo. Fazê-lo muitas vezes é uma boa idéia — é um pouco difícil agir quando se vê coisas em diversos níveis diferentes ao mesmo tempo. 64


Um magus que utilize mais visões do que é capaz de suportar sofre uma penalidade em seus testes de percepção. Para cada Esfera de Nível Um em jogo, a dificuldade da percepção aumenta em um (+1 de dificuldade com uma Esfera, + 2 com duas, etc). Videntes de Cronos são um pouco melhores nesse tipo de coisa; eles acrescentam um para cada nova percepção a partir da segunda (+1 para duas, +2 para três, etc.) Uma sensibilidade exagerada também se torna um problema; ruídos altos, luzes brilhantes e outras sensações poderosas têm um efeito maior quando as percepções magikas estão envolvidas. Na maioria das circunstâncias, um brilho repentino de uma chama pode assustar uma pessoa, mas para um bruxo com olhos de gato, esse brilho pode cegá-lo, mesmo que apenas por um instante. Ver coisas distantes requer um pouco de mágika de Conexão. A senhorita Gianni observa locais que nunca visitou através do cristal e de suas habilidades magikas. Em termos de jogo, seu jogador simplesmente utiliza Conexão 2 e joga dos dados. Quanto melhor o resultado, mais distante será a visão de Gianni. Como a visão do feiticeiro tem um impacto dramático no jogo, as tentativas de observar à longas distâncias devem ser testadas. Não é uma boa idéia permitir que seus magi vejam tudo sem dificuldade.

Percepções Compartilhadas Digamos que Caesario queira lançar a Melodia de Pã em sua amiga Catherine para compartilhar sua visão com ela também. Nesse caso, sua mágika não é mais tão fácil 65


como era antes. Se o mago é o único que vê através de olhos mágikos, realmente não vale a pena fazer um teste de operação; se ele compartilha esse feitiço com outra pessoa... bem, é melhor testar, apenas para certificar-se de que será bem sucedido. Ao aumentar em um sua dificuldade normal de operação, nosso magus pode dar o próximo passo com seu feitiço e concedê-lo a outro personagem. Cada pessoa que recebe a visão acrescenta +1 à dificuldade e outro sucesso ao total. Se Caesario quer estender sua visão para três outras pessoas, ele precisa obter pelo menos três sucessos e acrescentar + 3 à sua dificuldade. Ninguém mais consegue ver o que essas pessoas percebem. Tal visão é vã ou casual? Isso depende dos alvos. Se são magi, povos da noite, companheiros do mágico ou outras pessoas que tenham uma crença verdadeira, ela é casual. Caso contrário, isso é algo sobrenatural — uma mágika vã. Com um Efeito adicional de Forças 2/Primórdio 2, um magus habilidoso pode criar uma visão que qualquer um pode ver. A senhorita Gianni, por exemplo, tece um feitiço como esse em seu espelho e conjura uma imagem de seu alvo nele. Qualquer número de pessoas pode ver a imagem, e não se aplica nenhuma penalidade por "observadores adicionais." Dependendo do estilo do mágico e das expectativas de seu público, esse tipo de mágika pode ser considerado casual. Um xamã pode conjurar uma visão com a fumaça e estar perfeitamente de acordo com as crenças de sua tribo. A senhorita Gianni, por outro lado, veria algum tipo de demônio se fizesse o mesmo com seu espelho. 66


Enxergando Mágicas Dada sua afinidade com a mágika, um magus normalmente a sente em ação. Um teste bem sucedido de Percepção + Consciência (dificuldade 6) permite que um feiticeiro perceba magikas em uso num raio de aproximadamente 30 metros. Feitiços realmente poderosos pode reduzir a dificuldade até 4, enquanto outros particularmente discretos podem elevá-la até 10. Com um feitiço de Primórdio 1, seu místiko consegue sentir o "resíduo" de ações magikas após elas terem ocorrido. Esse "vestígio" começa a enfraquecer-se após a mágika ter sido lançada, e a dificuldade do seus testes de Percepção + Consciência vão aumentado proporcionalmente. Pequenos feitos "desaparecem" em minutos, mas outros realmente fortes podem ser sentidos horas ou mesmo dias depois. Naturalmente, itens místikos não se enfraquecem dessa forma, e podem ser percebidos com um bom teste de Percepção + Consciência.

Invocação e Proteção Quando Deus concedeu sabedoria a Salomão, Ele deu ao magus domínio sobre os anjos, demônios e outros espíritos. Xamãs, Herméticos, Infernalistas e ocasionalmente os bruxos usam esse legado para invocar criaturas terrenas e dos Outros Mundos. Então como você lida com isso em termos de jogo?

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• Para invocar uma criatura viva de algum lugar da Terra, use Conexão 4, talvez com Mente 2 ou Vida 2 para fazer com que a criatura venha correndo. Um animal pequeno — aproximadamente do tamanho de um gato — poderia ser trazido através de uma passagem pequena (Conexão 2) sem muitas dificuldades. Invocar um ser terreno exige entre dois e 10 sucessos, dependendo do tamanho da criatura (e da passagem). • Para conjurar uma criatura espiritual, use Espírito 2. Para trazê-la através da Película, use Espírito 3; para trazer diversas delas, use Espírito 4. Um espírito que esteja preso a um fetiche ou possua o Encanto Materializar pode manifestar-se sozinho; um espírito sem nenhuma das duas opções precisa de um corpo para habitar — um componente adicional de Vida 4/Primórdio 2 para o feitiço. Quanto maior o espírito, mais sucessos ele requer: um simples espírito da Natureza só precisa ser levado através da Película, enquanto um Umbróide ou elemental maior precisa ser invocado de seu Reino natal (10-20 sucessos). • Trazer um fantasma de volta ao mundo dos vivos requer um Grilhão (um objeto importante para aquela pessoa durante sua vida) e Espírito 2. Para comandá-lo, use Espírito 4; para encobri-lo com um corpo vivo, acrescente Vida 4/Primórdio 2. Como fantasmas sofrem muitos destinos estranhos no Mundo Inferior, o feiticeiro pode ou não ser capaz de trazer um de volta. • Para trazer um Umbróide poderoso — um demônio ou anjo importante — ao mundo material, use Espírito 4 e alguma relíquia ou Nome Verdadeiro para ligar o plano terreno e o dos Outros Mundos. Essa invocações exigem 15 sucessos ou mais.

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Prender uma criatura poderosa geralmente é uma boa idéia — espíritos superiores são notoriamente independentes. Os rituais de invocação são perigosos e complexos. Em termos dramáticos, uma passagem mágika agita toda a área — ventos sopram, a água congela, velas se apagam e objetos frágeis se quebram. Uma entidade espiritual poderosa literalmente traz o Inferno ou o Céu à Terra quando aparece, e deixa um pouco de sua Ressonância para trás quando vai embora. Porthos Fitz-Empress, que freqüentemente invoca criaturas sobrenaturais, impregnou as paredes de sua oficina com uma essência que provoca arrepios. A senhorita Palestrina, uma Infemalista, literalmente escurece sua alma com cada demônio que conjura. O ritual em si muitas vezes exige um pentáculo ou algum outro espaço preparado. Nomes Verdadeiros, Grilhões, oferendas ou outros elos com a entidade muitas vezes são partes necessárias de um ritual. Um feiticeiro astuto defende-se com uma Proteção ligada ao ser que ele invoca. Muito poucas criaturas gostam de ser arrastadas de um lado para o outro por algum espertalhão mágiko. • Uma Proteção menor exige Conexão 2 e Vida 2 (para seres vivos) ou Espírito 2 (para espíritos). Esse feitiço deixa a criatura desconfortável e reduz a Parada de Dados do ser em um dado para cada sucesso do feiticeiro se ele tentar atravessar a Proteção. • Uma Proteção maior, ou Banimento, exige Conexão 3/Vida 3 ou Espírito 3, cinco sucessos e algum objeto ou Nome Verdadeiro do ser invocado. Cada Banimento é único, e precisa ser refeito antes da invocação. Enquanto durar (normalmente uma 69


cena), o Banimento impede que a criatura toque o mago ou lance Encantos contra ele. Contudo, isso não o protege contra objetos arremessados ou ajuda externa... Uma vez que a criatura chegue, o Narrador pode iniciar uma disputa de testes resistidos de Força de Vontade entre o invocador e o invocado. Quanto maior o "favor," maior a dificuldade. Tarefas menores têm uma dificuldade igual a 5 ou 6, enquanto serviços prolongados exigem 9 ou 10. Se o magus vencer, a criatura realiza uma ou duas tarefas antes de ir embora; se o invocado vencer... use sua imaginação. Obviamente, os modos do mago, suas Características (como Metafísica [Celestiografia ou Demonologia] ou Cultura Espiritual) e suas relações fazem uma grande diferença. Um fantasma ancestral está disposto a ajudar um xamã respeitável; um anjo menor forçado a ajudar um mago convencido pode não ser tão prestativo.

Possessão Quando espíritos de verdade assumem o controle de algo — ou de alguém — eles costumam fazer o que quiserem. Entretanto, um xamã ou sacerdote habilidoso pode direcioná-los para um alvo e "sugerir" o que fazer com ele. Esse tipo de mágika é difícil de ser controlado, mas entre muitas culturas tribais é uma Arte essencial — e casual. Dramaticamente, o operador prepara um meio ou receptáculo para uma possessão espiritual, invoca o ser apropriado e faz um acordo com ele. Fantasmas, demônios, Naturae — todos os espíritos com o poder correto (o Encanto Possessão ou o Arcanos Marionete — podem habitar um corpo material. Se o espírito não tiver o 70


poder para possuir o receptáculo sozinho, um feiticeiro talentoso pode fazer isso para ele. Esses rituais costumam envolver cantos, sacrifícios e um receptáculo especialmente preparado. Se Falcão Andarilho quisesse convidar um espírito de falcão para dentro de sua machadinha, ele pintaria a arma com desenhos, queimaria tabaco e suplicaria ao falcão que viesse. Quanto aos sistemas, há diversos tipos de possessão mágika: • Marionete (Mente 4), em que um feiticeiro assume o controle de um corpo mortal. Detalhada em "Encantos", essa possessão requer concentração absoluta, mas deixa o espírito de fora do feitiço. • Despertar espíritos dentro de um objeto (Espírito 3) desperta entidades adormecidas e lhes pede um ou dois favores. Como qualquer xamã sabe, todas as coisas contêm espíritos. Com o incentivo apropriado, esses Iwas podem ser despertos e tornar-se seus aliados. Embora o objeto não seja capaz de fazer nada realmente extraordinário, o espírito interior pode alterar os acontecimentos de formas sutis. Um espírito do falcão concede ao xamã uma visão aguçada enquanto segurar a machadinha, ou mantém a lâmina da arma afiada como as garras de uma ave de rapina. Além disso, o item desperto pode existir ao mesmo tempo no mundo espiritual e material; Falcão Andarilho pode levar sua machadinha em suas jornadas além da Película ou usá-la contra inimigos astrais. Espíritos podem ser despertos em objetos ou lugares, mas não em animais ou pessoas (seus espíritos já estão despertos). 71


• Criar um fetiche (Espírito 4) leva esse despertar a outro nível. Aqui, o espírito torna-se uma força ativa no mundo mortal e utiliza seus poderes através de um objeto "hospedeiro. Uma variação terrível (também Espírito 4) transforma uma pessoa num tipo de fetiche. Ao invocar espíritos furiosos e canalizá-los para dentro de um hospedeiro vivo, um xamã pode dilacerar as pessoas de dentro para fora. Esse ataque assustador causa dano agravado e também assusta muito a vítima. Ela pode tentar absorver o dano, mas mesmo que sobreviva ao ataque desses Iwas que se agitam e gritam em seu interior, dificilmente irá se esquecer deles. • Com a autopossessão (Espírito 4), o místiko abre-se para "condutores" espirituais. Ele oferece seu corpo e, com sorte, eles lhe fornecem poderes sobrehumanos. Uma especialidade entre os xamãs, Infernalistas e até alguns profetas cristãos, a autopossessão concede ao mágico três Características Físicas adicionais, um Conhecimento de Cosmologia com 4 pontos e quaisquer Encantos que o condutor espiritual possua. Em troca, o espírito pode assumir o controle por algum tempo — e os "condutores" são um pouco insensíveis com seus hospedeiros! Quando o espírito vai embora, o xamã normalmente precisa recuperar-se. Ele dorme por dias e muitas vezes ganha cicatrizes ou "marcas espirituais" devido à experiência. Pesadelos, marcas estranhas, ossos quebrados e febre são apenas alguns dos sinais mais óbvios de autopossessão; um magus do Espírito realmente astuto é capaz de ver a marca de demônios que tenham tomado o corpo de um xamã. Quando o xamã morre,

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todos os cristãos acreditam que ele terá que se explicar a Deus Todo Poderoso por cada "passeio" que ele permitiu.

Exorcismo Quando os espíritos entram por conta própria, um bom sacerdote pode expulsá-los. Isso requer Espírito 4 para lutar contra um Umbróide possuidor, embora Primórdio 3 possa ajudar. A batalha em si é travada com testes resistidos de Força de Vontade (dificuldade 7 ou 8). Cada teste cobre mais ou menos uma hora de tempo de jogo. Um curandeiro que vença pode expulsar o espírito; um espírito que vença pode trocar de corpo e possuir o feiticeiro... que nesse momento estará cansado demais para resistir. Obviamente, é mais fácil exorcizar um espírito fraco do que um poderoso. Entidades menores exigem 10 sucessos para serem derrotadas; as mais fortes, 15; as maiores, 20; e as poderosas, 30 ou mais. Usando um auxílio de energia Primordial, o exorcista pode acrescentar um sucesso a seu total para cada sucesso obtido no feitiço de Primórdio. Em termos de história, as duas partes travam uma guerra pelo corpo do hospedeiro. No final, a área será arrasada, o hospedeiro estará exausto e ambos os combatentes estarão extremamente desgastados.

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Interpretando Estilos Mágikos Para o mágico, a Arte é suprema. Sua dedicação a ela permite que ele realize milagres. Um feiticeiro do Renascimento não define o que ele faz como "modelar a realidade." Para ele, há uma realidade e um modo de alterá-la. Confrontado com os diversos tipos de mágika — todos os quais funcionam — ele exalta o seu e denigre os outros. Será necessário o conflito atual de culturas para arrancar a venda e forçar o mágico a redefinir sua Arte como uma trilha rumo a uma caminho comum. Enquanto isso, os mortais ao seu redor tomam suas próprias decisões baseados na fé, no folclore e eventualmente na ciência. Em termos de jogo, essas crenças definem um feitiço como casual ou vão. Os estilos a seguir refletem as práticas da maioria dos feiticeiros e cientistasfilosofos do Velho Mundo. Cada um descreve uma atitude, uma crença, ferramentas comuns e a forma que a mágika assume. Um milagreiro não fabricará canhões e um médico não lançará raios da ponta de seus dedos. Considere essa lista como observações para interpretação e "seletores de ferramentas" para seu magus. Escolha uma opção e utilize-a como modelo para suas crenças e orientação para os feitiços que ele pode lançar. Existem muitos outros estilos, especialmente no Oriente misterioso e nos Novos Mundos distantes, mas para a mentalidade europeia, essas Artes são bastante vãs, se não impossíveis. Levará séculos até que as estranhas tradições hindus ou as práticas taoístas arcanas sejam conhecidas, e muito mais até que se acredite nelas. Embora seus praticantes — como os Chakravanti, os Videntes e alguns Irmãos de 74


Akasha — aventurem-se ocasionalmente na Europa, eles têm muita dificuldade para realizar suas artes por lá. Apenas para constar, é assim que se dividem os seguintes estilos na Europa Sombria Fantástica, por volta de 1450: Casual

Realização de Milagres, Infernalismo, Bruxaria Pagã (muitas vezes confundida com o Infernalismo), Alta Mágika Ritualística (mesma coisa), Alquimia

Xamanismo Tribal, Dô, Ars Praeclarus, Medicina, Outras formas de mágika

Realização de Milagres Taumaturgia (do grego θαύμα, thaûma, "milagre" ou "maravilha" e έργον, érgon, "trabalho") é a capacidade de um santo ou paranormal de realizar milagres. Os seus praticantes são denominados taumaturgos. Todos somos filhos de Deus, dizem os mágicos devotos. Filhos imperfeitos, mas Seus mesmo assim. Para aqueles favorecidos por Deus, Ele concede as dádivas do Despertar e do poder. O milagreiro utiliza esse poder a serviço do Senhor. A tentação é constante nessa Trilha — é fácil demais ver-se como a fonte de suas Artes. A Palavra Sagrada adverte-o a evitar obras de feitiçaria, mas o milagreiro sabe que sua graça divina é, em última análise, o instrumento de Deus. Ele toma o cuidado de seguir Sua Palavra, manter Seus votos e pregar Seus evangelhos. Ele pode viver bem — como muitos clérigos vivem — mas no fundo, um magus devoto é apenas um servo, um caminho para o poder superior. A fé é o ingrediente chave dessa "mágika"; a maioria dos milagreiros recusa-se a definir aquilo que fazem por esse nome. Preces, solos sagrados, relíquias, cantos, 75


salmos, escrituras, água benta e hóstias consagradas são ferramentas da vontade de Deus. A luz do sol, o fogo, a peste, a cura e demonstrações incríveis de poder seguem Seus discípulos. Fenômenos bíblicos — dilúvios, terremotos, chuvas, arco-íris e coisas como essas — são vistos quando ocorrem milagres, mas tudo acaba se um magus perde sua fé, macula sua pureza ou recusa as penitências. A maioria das pessoas liga os milagres à Igreja, mas o fato é que a mão de Deus está em todo lugar. Os maiores profetas vêm das pessoas comuns, e embora poucos leigos tenham lido as escrituras, eles reconhecem o toque da Divindade quando o vêem. Apesar do cristianismo controlar a Europa, os muçulmanos, judeus, hindus e até mesmo os pagãos também têm seus milagreiros. Embora muitas vezes eles considerem blasfêmias as Artes uns dos outros, aqueles que buscam Deus com um coração aberto compreendem que a Voz da Criação fala muitas línguas diferentes — heresia para o homem, mas Verdade perante a Divindade.

Alta Magia Ritualística Para o Alto Magus, o poder é a Arte e a Arte é o poder. Deus abençoou o primeiro homem com o domínio; a maioria das pessoas é preguiçosa, ignorante ou medrosa demais para usar esse legado, mas não o magus! Longos anos estudando os segredos, aperfeiçoando os instrumentos e dominando a si mesmo deram ao mago a confiança para segurar a mão de Deus e embarcar na Trilha Dourada. A Alta Mágika não é uma Arte, é a Arte. Todas as outras são imitações pálidas de conhecimentos presumidos. 76


Para aprender a mágika, uma pessoa precisa ter à mão as ferramentas do homem — escrita, matemática, artesanato, canto, gestos ritualísticos e fórmulas complexas, concentração profunda e medidas precisas são partes essenciais desse ofício. Essas Artes não são desajeitadas ou aleatórias — são o instrumento da vontade sobre a Criação, a ruptura das correntes e a elevação da consciência pela aplicação da mente. As operações de Alta Ritualística exigem tempo e exatidão; um encantamento malfeito é perigoso e vergonhoso. Todo feitiço é um reflexo do aperfeiçoamento do mago, e leva-se anos para dominar essa disciplina. Um magus verdadeiro nunca pára de aprender; até o dia de sua morte, ele estará enfiado em meio aos livros e experimentará o que todos dizem ser as melhores soluções para os questionamentos eternos. Como Deus prometeu, o magus detém poderes fantásticos. Canalizados através de grandes rituais, os elementos abalam-se ao seu comando. Anjos, demônios e servos terrenos respondem às suas invocações, e os homens tremem de medo quando ele passa. Talismãs, produzidos a partir de medições precisas, brilham com poderes sobrenaturais, e o próprio tecido da Criação abre-se e forma novos mundos. O magus pode ser um homem arrogante, mas seu orgulho é justificável. Após anos de trabalho, primeiro na ignorância, depois no aprendizado, ele finalmente segura a herança de Deus em suas mãos.

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Alquimia Uma forma de Alta Mágika, a alquimia refina materiais básicos, levando-os à perfeição. O alquimista é parte cientista, parte artesão e parte clérigo. Seu templo é seu laboratório, sua bíblia são seus tomos de segredos e seu evangelho é o palavrório arcano, que oculta seus conhecimentos dos olhos dos outros. Embora o enigma da transformação de esterco em ouro defina o alquimista, seu objetivo verdadeiro é muito mais nobre: alcançar a Ascensão através da sabedoria e do equilíbrio. Como uma solução aquecida no fogo, ele permite que os sedimentos desprendam-se e a iluminação borbulhe para a superfície. Como o magus, ele passa gerações em pesquisa. Ao longo do caminho, ele aperfeiçoa fórmulas menores — poções fantásticas, riquezas refinadas, truques e Talismãs — que tornam sua vida um pouco mais fácil. De acordo com suas teorias, todas as coisas têm estados básicos e estados perfeitos. Passar de um para o outro é difícil, mas dificilmente é impossível. O alquimista supera os limites da mente mortal. Através de símbolos, charadas e equações, ele fala uma linguagem oculta. Seus livros — e ele possui muitos! — estão repletos de diagramas, encantamentos, fórmulas e observações que fazem sentido apenas para ele. O laboratório onde trabalha está cheio de tubos de vidro, utensílios, chamas e gases, substâncias estranhas e amostras perturbadoras. Em sua cozinha gigantesca, os estranhos se perdem — como deveria ser! Sua Trilha não tem espaço para estúpidos. Ele estuda as obras de outros alquimistas e tenta descobrir os enigmas que eles deixaram; essa pesquisa ensina mais verdades e sabedorias do que 78


simples afirmações seriam capazes. É verdade que ele cria maravilhas — que mentes básicas podem chamar de "mágika" — mas para ele, a Arte verdadeira está em caminhar pelo labirinto e encontrar a saída sem deparar com o minotauro. Todo o resto é vaidade — ocasionalmente útil, mas, em suma, sem valor.

Ferramentas Ritualísticas Se A Cruzada dos Feiticeiros é a encenação de uma peça, os instrumentos ritualísticos são os adereços. Como jogador, você define muitas das ações de seu mago através das ferramentas que ele emprega; como Narrador, você faz julgamentos baseando-se nas coisas que seus jogadores fazem. Os rituais dão vida aos feitiços; conforme o magus prepara o círculo e lança seus apelos em todas as direções, sua cerimônia torna-se uma história fabulosa. Nenhuma Parada de Dados ou modificador é capaz de capturar a essência da mágika como um conjunto interessante de ferramentas. Uma ferramenta funciona porque é um símbolo; esse símbolo liga as crenças de um mago às suas Artes. Embora cada estilo dê preferência a certas ferramentas, dois feiticeiros nunca usam exatamente as mesmas coisas. Ao escolher os instrumentos para seu mágico, procure algo apropriado tanto à sua imaginação como ao aspecto de seu personagem. Como as roupas, os instrumentos criam o mago.

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Usando as Ferramentas O tempo que se leva para usar um ferramenta é o tempo que se leva para lançar um feitiço. Geralmente, quanto maior o feitiço, mais tempo se leva para lançá-lo. Uma maldição pode ser feita com um olhar, mas uma tempestade deve ser preparada durante horas. Admita que uma operação complexa ou poderosa requer diversas ferramentas e muita concentração. Algumas práticas levam mais tempo para dar resultado do que outras, mas isso depende da região. Nem todas as Artes são iguais Mágicos ritualísticos que esperam encontrar problemas preparam seus feitiços com antecedência e, a seguir, "armazenam" esses encantamentos numa ferramenta. Se o magus precisar do feitiço, ele simplesmente o lança a partir desse ponto. Em termos de jogo, o jogador precisa especificar quais feitiços ele "armazena" e onde ele os "coloca." Quando um feitiço é lançado, o jogador faz o teste de Arete. Uma vez que os feitiços sejam lançados, eles se vão. Novas operações precisam ser realizadas na hora. Magi realmente iluminados aprendem a verdade por trás desses símbolos. Em termos de jogo, um personagem que alcance Arete 7 pode deixar suas ferramentas de lado e trabalhar apenas com a vontade. Implementos comuns de magikas incluem: • Laboratório Alquímico: Abrigando um conjunto complexo de tubos, quadros, tabelas, ingredientes e recipientes, o laboratório é um reflexo que se assemelha ao local de trabalho. Alguns alquimistas mantêm suas oficinas impecáveis, enquanto outros jogam suas ferramentas ao acaso pelo cômodo. Embora a tradição alquímica insista em 80


muitas ferramentas especiais — béqueres, vasilhas, chamas e livros — é a oficina em si que converte os materiais mundanos em elementos mágikos. Através do laboratório, esses materiais são transformados, decompostos e reorganizados de acordo com as expectativas do mágico. Assim, a oficina torna-se um instrumento. Nenhum alquimista pode executar sua Arte sem processar os elementos através de seu laboratório. • Sangue e Outros Humores: O sangue é a vida, como eles dizem, e os fluidos corporais carregam essa vida mesmo depois de removidos. Fluidos frescos são melhores, mas alguns feitiços exigem humores "fermentados." O elemento sagrado mais comum, o sangue muitas vezes é obtido em sacrifícios vivos, mutilações ritualísticas, pequenas incisões ou cortes fatais. O sangue sela pactos, criando laços que só podem ser quebrados com a morte. • Ossos, Pele, Relíquias e outros Restos: Como os humores, os ossos formam a base de um ser vivo. Leve os ossos e você leva o ser. Ossos são triturados a pó, esculpidos para criar outras ferramentas ou quebrados para jogar uma maldição contra uma pessoa viva. A pele protege seu "usuário"; por extensão, ela também protege o mágico que utiliza a pele após seu "dono" ter acabado de usá-la. A pele pode ser esticada sobre tambores, transformada em vestuário, fervida em caldeirões ou simplesmente comida para passar adiante poderes protetores. Muitos metamorfos vestem-se com peles ou jóias feitas a partir do animal — ou pessoa! — em que desejam transformar-se. 81


O mesmo vale para os corações, olhos e outros órgãos, que passam seus propósitos para qualquer coisa que os consuma. Muitas práticas primitivas empregam o canibalismo; corações são comidos pela coragem, os olhos pela visão — a lista é tão interminável quanto óbvia. Outras práticas mais "civilizadas" usam restos animais ou representações simbólicas — como as eucaristias católicas — para personificar as mesmas qualidades. Nesta época, as relíquias — supostos restos de santos e mártires — detêm uma grande importância. Teoricamente, os milagres abrigam-se nos ossos dos santos. Mágikas mais "calmas" usam pedaços de cabelo ou unhas para ligar um feitiço a seu alvo. Não importa o que você use e como o faça, as partes corporais são ferramentas místikas poderosas.

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Essencias

Pois a alma assumi: a forma corporal; Pois a alma é forma, e cria o corpo, — Edmund Spenser, "An Flymne in Honour of Beautie."

Qual é a cor ou o temperamento de uma alma? Para responder a essa questão, muitos feiticeiros observam a Essência — a personalidade do Daemon. Essa Essência leva os Despertos por caminhos que mesmo eles não compreendem; na maioria das vezes, ela simplesmente influencia seu humor ou escolhe seus alvos. Entretanto, ocasionalmente ela emerge como um Destino — como um fado. Então o que é a Essência precisamente ? Esse é o problema — não há uma definição precisa. Pergunte a uma dúzia de magos e você obterá uma dúzia de respostas (a maioria incompreensível). A maioria das explicações privilegia uma de duas teorias: que a Essência é o impelir constante de uma vida passada, realizado através de uma "alma antiga" numa busca eterna pela perfeição, ou que Deus guia todas as almas usando certos "sinais" relacionados aos planetas, os humores e os elementos. A maioria dos magi europeus prefere a segunda teoria. A separação entre as duas perspectivas causa muitas discussões (e duelos ocasionais) entre magi que, anos depois, podem concordar em discordar.

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O Conselho tem um verdadeiro problema com o conceito de Essência; enquanto metade das Tradições prefere os reencarnacionistas , esses grupos ainda são minoria no Ocidente cristão. Deixe que esses cataios, hindus, bruxos e xamãs pagãos acreditem no que quiserem — os Herméticos, Coriscas e alquimistas não podem e não vão aceitar tais besteiras! Como todos sabem, Deus planeja uma única vida para cada ser humano, e Sua mão sugere a Trilha que cada pessoa escolhe! A Ordem da Razão tem mais facilidade para lidar com a questão: até onde os Dedaleanos sabem, a Essência é um toque do Criador Divino guiando Suas criações. Os feiticeiros mais independentes estão igualmente divididos; os que vêm de terras distantes aceitam o conceito de "alma antiga", enquanto os magi europeus e nativos do Oriente Médio vêem a Essência como um sopro de Deus. Conforme a idéia de Livre Arbítrio cresce e se espalha, a vontade dos magi diminui o papel da Essência em suas vidas. Contudo, na era Sombria Fantástica, é difícil ignorar o espectro da predestinação. Quando alguém parece ter "nascido" para um certo papel, dificilmente ele irá discordar. Então, a Essência torna-se um diagrama da alma — seu temperamento, objetivo e destino. Ao serem confrontados com esse ímpeto, muitos feiticeiros condescendem. Toda Essência tem uma série de correspondências. De acordo com a maioria das crenças, tudo na Criação está ligado por influências e inter-relações, Como tantos outros elementos de teorias do ocultismo, essas correspondências discordam umas das outras. Algumas autoridades relacionam a Essência Furo com os princípios 84


masculinos, enquanto outros consideram-na extremamente feminina. A diferença real surge quando orientais e ocidentais comparam seus estudos. De acordo com a alquimia taoista, a Essência Padrão está ligada à água; já os alquimistas franceses ligam-na à terra. A longo prazo, muitos magi irão deixar de lado as correspondências e nomes latinos ou desconsiderar completamente o conceito de Essência (como a Ordem da Razão faráe). Contudo, nesta era mágika, essas correspondências são consideradas bem importantes e, como os ímpetos da Essência, são levadas a sério. Em termos de jogo, a Essência é uma ferramenta para interpretação. Ela ajuda você a saber como o contraponto de seu mágico pode agir e lhe fornece um compreensão de sua Trilha. Não é um mandamento absoluto — se todo magus Castellum agisse do mesmo modo, o mundo seria bem tedioso — mas lhe dará uma idéia sobre o que ele pode fazer, o que ele pode querer, como ele pode agir e a Trilha que ele pode seguir para a Ascensão. A Essência também influencia a aparência, os objetivos e a personalidade do Daemon. Um Daemon Furo parece um demônio flamejante conduzindo seu mago para um destino caótico; o Castellum, por outro lado, parece calmo e sereno e persuade o feiticeiro a realizar grandes obras. Rodopiando nas águas de sua própria mente, o feiticeiro com uma Essência Maré vê-se como uma sereia numa jornada misteriosa; o risonho magus Sussurro, por outro lado, evita uma casa e um lar em favor de uma estrada. As diversas correspondências podem surgir durante as Procuras, aparecer junto com o Daemon, ditar o signo de nascimento astrológico do feiticeiro ou 85


influenciar suas peculiaridades. O mago Furo (de Leão) gosta de brincar com fogo e dorme com sua cabeça apontada para o sul; o Sussurro (nascido sob Aquário) assobia o tempo todo e tem um irmão gêmeo. Outros magi com os mesmo ímpetos comportamse de forma diferente. Em suma, a Essência pode ser tão influente ou insignificante quanto você quiser. pode ser uma piada no século XX, mas para as pessoas dessa época, a astrologia era considerada uma ciência. Mesmo o Dedaleano mais cabeça-dura a encara com bastante seriedade, especialmente os Mestres Celestiais que sabem que os planetas são muito mais que simples pedaços de pedra. Alguns teóricos especulam que existe uma quinta Essência, Medius. Ligada ao Sol, ao centro, ao Espírito e (no pensamento Oriental) à Terra, a alma Medius supostamente permanece em equilíbrio e harmonia com todas as coisas. Como uma alma tão sublime seria invisível para as almas mais imperfeitas ao seu redor, ninguém consegue provar que ela existe. Talvez toda a ideia seja simplesmente uma teoria, ou talvez esse seja o estado que todas as almas atingem quando Ascendem...

Castellum (Padrão) • Correspondências: Terra/Água, Atrabílis, Masculino (às vezes Feminino); • Signos: Touro, Virgem, Capricórnio; 86


• Planetas: Saturno, Mercúrio; • Direção: Norte Como o forte do qual recebe seu nome, o Castellum protege a terra, construindo coisas maravilhosas onde antes imperava o caos. Reconfortante, ordenado e meticuloso, ele tece redes de segurança. Sem sua influência, a Criação iria em direção à loucura. O ideal Dedaleano, este desejo suaviza a dor, mata dragões e acalma as almas inquietas. Muitos espíritos Castellum parecem castelos, pais, anjos e raios de luz calmantes. Embora esses Daemons exijam muito de seus místikos, sua promessa de ordem e o conforto torna válidos todos os sacrifícios.

Furo (Dinâmico) • Correspondências: Fogo, Fleuma, Feminino (às vezes Masculino); • Signos: Áries, Leão, Sagitário; • Planetas: Marte, Mercúrio; • Direção: Sul Cavalgando as chamas da mudança, o Daemon Furo leva um magus a lutar, alterar, destruir e criar. Inquieto e caprichoso, ele representa o desejo dinâmico de caos e admiração. Levada a um extremo, essa Essência conduz os Desauridos que se expressam confusamente nos confins do mundo; normalmente ela atormenta o místiko com promessas de novidade e a emoção da rebelião. Os espíritos Furo parecem pilares de fogo, demônios, redemoinhos e sombras. Sempre famintos e curiosos, eles são brilhantes, inspiradores e muitas vezes têm uma aparência assustadora. 87


Mare (Primordial) • Correspondências: Agua/Metal, Bile, Feminino; • Signos: Câncer, Escorpião, Peixes; • Planetas: Plutão, Júpiter; • Direção: Oeste Profunda como as águas sem fim, uma Essência Maré mantém-se em silêncio, levando um magus para suas profundezas com ondas e correntes sedutoras. Embora sua graça pareça demoníaca, seu desejo é mais antigo que o tempo e mais estranho que Arcádia. Os escolhidos por ela adoram mistérios e prazeres carnais; em seu ventre, eles dão à luz uma nova Criação e observam a antiga de longe. Complexos e estranhos, Daemon Maré muitas vezes assumem a forma de animais, deuses pagãos ou espíritos da natureza. Os magi que eles inspiram têm um ar de conhecimento e parecem mais velhos, mesmo quando são jovens,

Sussurro (Investigador) • Correspondências: Ar/Madeira, Sangue, Masculino; • Signos: Gêmeos, Libra, Aquário; • Planetas: Vênus, Saturno; • Direção: Leste

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Soprando numa encruzilhada, o Daemon Sussurro plana sobre trilhas extenuadas e ruínas despedaçadas. Uma alma investigadora, ele leva um feiticeiro numa jornada infindável através de moitas de cobiça e armadilhas de dúvida. Trazendo presentes de equilíbrio, calma e visão, esse espírito tem mais concentração que o Furo incontrolável e mais imaginação que o Castellum rígido. Como Maré, ele flui através dos obstáculos, mas suas obras são mais moderadas e benéficas. Arautos de um novo dia, as Essências Sussurro raramente assumem formas sólidas. Como os ventos com que se assemelham, esses espíritos não têm forma e são implacáveis e efêmeros. Por mais restauradoras que pareçam ser, tais almas nunca descansam. Seus magos vagam até que a morte acabe com sua jornada.

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Arete

Não me tente mais; pois eu Conheci a hora do relâmpago, O orgulho

interior do poeta, A certeza do poder. — Cecil Day-Lewis, "The Magnetic Mountain"

O Arete é a base do poder místiko — a iluminação da vontade. Através dele, o magus controla a dança mágika da Criação, Tal consciência pode surgir lentamente da ignorância ou explodir num arrebatamento súbito de compreensão. Não é incomum para um místiko adquirir muito Arete (um a três pontos) durante seu Despertar No entanto, progredir a partir disso é um caminho árduo. Literalmente a habilidade interior, o Arete faz de um magus o que ele é. Uma combinação de iluminação, experiência, conhecimento e vontade pura, ele impede uma categorização fácil. Cada prática o vê de um modo um pouco diferente, e poucos chamam o Arete por esse nome. Para os Maçônicos, o Arete é a Centelha Divina dirigida pela compreensão; para a

bruxa, é o Movimento dos Deuses em seu interior; o padre o vê como um Toque

Ardente de Divindade, enquanto um místiko oriental considera-o o equilíbrio entre os

elementos, o Dharma e sua consciência.

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Todas essas visões e muitas outras estão corretas e acabam levando a mesma coisa essencial. Em termos de jogo, o Arete permite que você manipule a realidade. Quanto maior seu nível, maior sua força místika. Mesmo um ponto de Arete lhe concede um dado para jogar na realização de operações magikas. Conforme o Arete de um mago aumenta, seu poder segue o mesmo caminho. Mago tem mais a ver com crescimento e desafio do que com poder bruto; consequentemente, o Arete inicial de um personagem não pode ser maior do que 5. Elevar a consciência mágika também exige mais experiência e estudo; na maioria dos casos, você terá que passar por uma jornada interior antes de aumentar seu nível de Arete. Os pontos de experiência isoladamente não podem elevar esta Característica, a não ser que se decida concentrar-se no material em detrimento do místiko. Pontos de Arete Nível x

Não-Desperto

Olhos Recém Abertos

••

Talentoso

• ••

Novato

••••

Disciplinado

•••••

Imponente

••••••

Consciente

•••••••

Sábio

••••••••

Iluminado

•••••••••

Visionário

••••••••••

Transcendental

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Efeitos do Arete • Seu nível de Arete indica a quantidade máxima de dados que você pode jogar ao realizar um feito mágiko. Se você não compreende muito bem a realidade, você não pode fazer muito em relação a ela. • Você não pode possuir Esferas num nível mais elevado que seu nível de Arete, a não ser que este tenha diminuído através da perda de Força de Vontade. Nesse caso, você ainda tem o conhecimento, mas falta a habilidade para usá-lo. • Os maiores magi aprendem que a vontade é a única coisa que você realmente precisa. Até chegar nesse ponto, os feiticeiros estão presos às ferramentas e práticas que definem sua compreensão. Entretanto, nos níveis mais elevados de Arete um magus pode jogar fora os instrumentos de sua Arte. Em Arete 7, ele pode "livrar-se de" três ferramentas; para cada ponto acima do sétimo, ele pode descartar três ferramentas adicionais, até que alcance Arete 10, quando ele é capaz de comandar a Criação simplesmente através de sua vontade. • A mágika exige confiança. Se seu nível de Força de Vontade cai abaixo de seu nível de Arete, sua Parada de Dados mágika é limitada por seu nível de Força de Vontade até que você compense a diferença. Se a Força de Vontade de Cesario caísse para três pontos enquanto seu Arete fosse 4, ele não poderia usar esse último ponto (ou o Nível Quatro de suas Esferas) até que elevasse sua Força de Vontade para 4 ou mais. A compreensão esta lá, mas a vontade místika não.

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Mágikas Populares

Os Adormecidos não estão sem seus próprios recursos. Embora obviamente sejam superados por magikas grandiosas, as pessoas comuns empregam encantos, adivinhações menores e remédios simples. Esses talismãs não são confiáveis, mas mesmo assim podem fazer alguma diferença. Dramaticamente, certos itens e elementos possuem poderes mágicos — poderes que qualquer um pode usar se souber como. Em termos de jogo, esse poder fornece um instrumento de jogo quando o Narrador quiser manter seus jogadores em dúvida (ou 93


proteger um pouco seus mortais!). Qualquer item na lista de "Ferramentas Ritualísticas" pode conceder a um personagem não-Desperto uma vantagem a critério do Narrador. Um ramo de acônito pode afastar um homem-lobo; um cálice de água benta pode queimar um mago infernal. Em suma, com a ajuda de Deus, da Natureza e do Narrador, uma pessoa comum pode obter uma vantagem pequena, mas surpreendente, contra adversários místikos. Ao contrário dos Tesouros Mágikos dos mágicos e das fadas, esses "curingas" não são à prova de falhas. Seus efeitos entram em cena quando o Narrador quiser que isso ocorra. "Encantos comuns" não são medidos por dados de dano ou testes de Efeito; em geral, eles protegem em vez de ferir e funcionam segundo os caprichos do Narrador, como deve ser. Para as pessoas comuns, a mágica (com "m") é um pássaro imprevisível, surgindo quando quer, indo embora de acordo com sua vontade e defecando em seu ombro justamente quando você mais precisa dele.

• Livros: Como portadores da escrita, os livros encerram pensamentos, sabedoria, observações e confissões, permitindo que outros vejam essas coisas. A maioria dos textos místikos são escritos em códigos ou línguas mortas, seja para protegê-los das autoridades ou para resguardar seus conhecimentos. A mágika envolve a compreensão, e algumas verdades são sagradas demais serem lidas por pessoas comuns. O feiticeiro emprega livros para estudar, lançar feitiços, meditar e refletir. Nas tradições ocidentais, o mágico que não sabe ler ou escrever é um desafortunado. 94


• Misturas, Poções, Pós e Cataplasmas: Ao misturar ervas, restos e toxinas em misturas freqüentemente repugnantes, os magi incorporam diversas essências num todo mais poderoso. Uma vez feito isso, os resultados podem ser bebidos, comidos, espargidos ou espalhados para liberar o poder mágiko — uma especialidade de alquimistas, bruxos e médicos.

• Cartas, Dados, Varetas e Números: O termo "sortilégio," sinônimo de bruxaria, vem de "escolha de sortes." Assim, diversas ferramentas — cartas, dados, ossos entalhados, galhos, conchas, etc. — formam a base da divinação, das bênçãos e das maldições. Normalmente, o mágico estabelece um conjunto de destinos, mistura-os e escolhe uma série deles para determinar o que irá acontecer. Ao determinar um certo destino intencionalmente — concentrar-se em puxar uma "carta ruim," por exemplo — o feiticeiro pode fazer com que os acontecimentos o favoreçam caso sua mágika seja bem sucedida.

• Alinhamentos Celestes: Embora se possa dizer que "nosso destino não está nas estrelas, mas em nós mesmos," muitos mágicos discordariam disso. Diversas práticas dependem das conjunções astrológicas, da influência celestial e de uma "janela de oportunidade" específica aberta pela dança planetária.

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Os símbolos intricados e fórmulas ligadas à influência planetária estão além do escopo deste livro. A maioria das ligações básicas são bem óbvias — Marte para feitiços hostis, Vênus para laços emocionais, Saturno para o Destino e operações baseadas em Tempo, a Lua para o mistério, etc. Se você estiver interessado em significados mais profundos, confira um bom livro de astrologia ou simbolismo.

• Círculos, Pentáculos e Outras Formas: Um símbolo universal do infinito, da unidade e do todo, o círculo encontra seu caminho para rituais de todos os tipos. Os feiticeiros de todo o mundo juntam as mãos, entalham círculos e dançam ao seu redor. Outras ferramentas, como anéis, cintos e diagramas, muitas vezes assumem a forma do círculo para transmitir suas qualidades ao mágico. Outras formas, como quadrados, triângulos e pentagramas representam condições diferentes. O quadrado reflete a estabilidade; o triângulo direciona as intenções para cima ou para baixo; o retângulo cria a base para as matérias terrenas; a cruz reflete uma intersecção. Os mágicos transformam as formas em símbolos, traçam-nas no ar, desenham-nas com pó ou líquidos ou convertem-nas em Talismãs, simpatias ou obras de arte.

• Encruzilhadas e Dias Santos: Conforme uma coisa dá espaço a outra, os laços da Criação se afrouxam. Nas junções do tempo e do espaço, os fios são um pouco mais finos, e as possibilidades um pouco 96


melhores. (tabela de Película Espiritual.) Ao lançar feitiços numa encruzilhada, à meia-noite ou ao amanhecer, ou durante certos feriados, um magus aproveita-se da mudança. Portanto, caçadores e povos da noite esperam nas encruzilhadas pelos mágicos que tentam realizar suas operações.

• Taças, Cálices e Outros Recipientes: Taças representam o princípio feminino, levam água ("Elementos") e simbolizam o mistério. Recipientes maiores — tubos, caldeirões, baldes, vasos — fornecem utensílios excelentes para as "misturas das bruxas."

• Maldições e Bênçãos: Invocar maledicências ou benefícios é uma prática mágika antiga, especialmente entre aqueles que se recusam a intitular-se "feiticeiros." Mais uma feitiçaria do que uma ferramenta, a maldição ou bênção começa com a invocação de um poder superior e, a seguir, direciona a atenção do ser para o alvo e sela um pacto com um "que assim seja." O magus gosta de acreditar que é um condutor da vontade do Senhor, mas na verdade é o oposto. Na prática, uma maldição ou bênção fornece ao artífice da vontade um instrumento para seu próprio benefício — ou irritação. Deus é o mensageiro, não a mensagem.

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• Danças e Gestos: Dançar é divertido, especialmente com alguém. Além de seu aspecto obviamente sexual, uma dança combina exercício físico, paixão emocional e expressão artística. A combinação reúne muito poder, agita os dançarinos e agrada os deuses e espíritos. A maioria das práticas, especialmente as pagãs, emprega algum tipo de dança. Os estilos mais "civilizados" preferem um conjunto ritualístico de movimentos que tornam-se gestos e poses significativos.

• Drogas e Venenos: Para transcender a visão mortal, muitos feiticeiros empregam toxinas. O choque no sistema do mágico traz (espera-se) as visões. Desde o vinho cerimonial católico e o pão mofado comido por profetas até o soma hindu e a ísatis celta, os mágicos comem, bebem, fumam ou lambuzam-se com uma grande variedade de venenos fracos — e fortes! (É melhor deixar esse tipo de coisa a cargo de uma tabela oficial)

• Elementos: O que poderia ser mais poderoso que a Natureza? Ao transformar os elementos puros — terra, ar, fogo, água e às vezes madeira, metal, cinza e gelo — em um ritual, mágicos de todo tipo evocam os espíritos do mundo natural e obrigam os materiais a seguirem seus comandos.

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Mau-Olhado: Um olhar pode matar, seduzir, adoecer ou beneficiar alguém. Com um olhar maligno, um bruxo pode fazer com que sua vítima fique enferma; com um relance discreto, ele poderia dar-lhe sorte. Pessoas comuns temem o Mau-Olhado e inventaram uma variedade de proteções contra ele — gestos, bênçãos, cuspir no chão ou outros costumes mais estranhos.

• Gemas, Pedras e Minerais: Todos sabem que as gemas têm propriedades místikas — os diamantes são invencíveis, o coral bloqueia os venenos, o jade evita o azar... literalmente centenas de pedras e minerais possuem poderes significativos. Ao utilizar-se desses recursos, um magus canaliza a Ressonância da pedra em suas operações ou protege-se contra as Artes de outra pessoa. Um componente da maioria das contramágikas, as feitiçarias com gemas preciosas acrescentam outra utilidade à moda.

• Rituais Grupais: "Reunir poder" é incrivelmente importante. Ao reunir um grupo (tanto de mágicos como de não-mágicos) concentrando-se em algo em particular e utilizando-se das ondas de energia, os sacerdotes e antisacerdotes podem beneficiar suas operações. O ideal é que o feiticeiro chegue com seus auxiliares a um frenesi com músicas, cantos, preces, discursos ou sexo; a partir desse ponto, ele orienta a energia conforme os 99


participantes alcançam um clímax. Quando desmaiam devido à exaustão, ele absorve o poder deles como se fosse seu (muitas vezes através de um feitiço da Esfera do Primórdio).

• Ervas e Raízes: Como os elementos, as plantas detêm partes vivas da Criação; como toxinas, muitas vezes elas possuem algumas propriedades especiais particulares. Mágicos de todo tipo fazem poções, misturas, pomadas, vinhos, pós e coisas do gênero a partir de ervas, raízes e outras plantas. Bebendo, fumando, comendo, pintando ou espalhando essas misturas, um feiticeiro pode imbuir um pouco da essência da planta com o objetivo do feitiço.

• Ferramentas Domésticas: Uma extensão das mãos, as ferramentas tornam-se instrumentos mágikos óbvios. Vassouras, enxadas, foices, espelhos, facas, batedeiras de manteiga, potes, caldeirões, ferraduras, martelos, pregos e ampulhetas têm uma longa tradição sobrenatural. Um feiticeiro simplesmente usa suas ferramentas para criar uma ponte entre a atividade mundana — como limpar ou refletir — e suas intenções magikas. A maioria dos mágicos mantém suas ferramentas ritualísticas longe das tarefas mundanas, mas os feiticeiros rurais também usam seus instrumentos em trabalhos do dia-a-dia. 100


• Invenções: A imaginação é mágika; inventar coisas é o auge das Artes renascentistas. Enquanto magos rabugentos empregam seus ofícios antigos, os Resplandecentes modernos criam novas maravilhas. Máquinas voadoras, mecanismos, motores a vapor — esses frutos da genialidade são as ferramentas ritualísticas de uma nova mágika. Leva-se tempo para projetá-las, materiais para construí-las e esforço para empregá-las, mas elas valem a pena. Ao contrário de muitos itens místikos, as invenções podem ser usadas por pessoas comuns; quanto mais as pessoas as usarem, mais fácil se torna usá-las.

• Nós: Ao fazer um nó numa corda ou fio, um magus prende a energia místika na linha; ao desatá-lo, ele libera esse poder. Embora seja uma tradição comum da bruxaria, a mágika dos nós também é encontrada com freqüência na filosofia grega, na cultura árabe e nos enigmas chineses.

• Números: Como a escrita, a matemática desvenda o código da Criação. A arquitetura, a cartografia, a navegação e a adivinhação — todas exigem uma compreensão dos números; por sua vez, isso cria teorias magikas. O Enoquiano, a linguagem dos anjos, 101


usa fórmulas matemáticas para descobrir os nomes e propósitos dos servos de Deus; a numerologia traça ligações entre as pessoas, os locais e os acontecimentos através de equações significativas; "números da sorte" e "quadrados mágicos" ajudam o adivinho a encontrar agouros auspiciosos. Embora os Dedaleanos se especializem em mágika matemática, os Herméticos e outros magi ritualísticos também empregam feitiçarias numéricas para preparar os feitiços mais elaborados. • Oferendas e Sacrifícios: Para receber, você deve dar. Os mágicos pedem muito, então os melhores (e piores) dentre eles retribuem o favor. Dependendo do magus e de sua crença, um sacrifício pode envolver juramentos, bens ou seres vivos. A maioria das oferendas são consumidas no rito, mas algumas são doadas (como os dízimos da Igreja) ou devolvidas (como a vida de um xamã, que morre e renasce). Em feitiços realmente drásticos, o magus precisa oferecer a si mesmo; os mártires de Cristo fornecem um exemplo óbvio, embora as tradições pagãs estejam repletas de auto-sacrifícios. Quanto mais vale a oferenda, melhor o "presente"; um sacrifício sem valor não é lá muito eficaz.

• Nomes Verdadeiros: Tudo tem uma identidade diante de Deus; se você sabe qual é ela, você tem um elo com o alvo. Alguns feiticeiros compilam arquivos de Nomes Verdadeiros (ou Nomes Verdadeiros falsos) para seus feitiços; esses registros são úteis durante rituais de invocação, maldições, curas, criações ou ameaças. Qualquer mágico digno desse título 102


assume um apelido novo ("Cognomes,") para proteger-se. Afinal de contas, uma pessoa que fale ou escreva seu nome define uma parte de você.

• Sexo: Sexo é poder. Ele conduz a ligações íntimas, acaba com inibições, faz as pessoas perderem a cabeça e liberam seus sentidos. Qualquer coisa tão poderosa merece o nome de "o Grande Rito," e toda prática mágika emprega (ou nega) esse poder incontrolável. Orgias, abstinência, relação sexual, estimulação sem contato, até mesmo mutilação genital — todas essas ferramentas concentram a energia sexual para propósitos místikos. Até mesmo a Igreja, que condena o pecado da Luxúria, emprega "ajudantes" cuja maior habilidade são os favores sexuais.

• Símbolos: Todas as ferramentas são símbolos de algo maior; no entanto, algumas ferramentas são símbolos no sentido literal: padrões labirínticos, crucifixos, suásticas, esboços Herméticos, runas, selos alquímicos, hexagramas, mandalas, tantras e outros desenhos complexos representam a verdade mágika e fixam-na num local ou objeto.

• Voz: Os cânticos, os cantos, as preces, as lamentações, cada tipo de mágika emprega uma invocação falada que propaga os pensamentos do mágico, declarando-os para a 103


Criação. Poucas magikas, inclusive as sutis, funcionam sem um componente falado, e algumas empregam apenas a voz.

• Cetros e Cajados: Ao estender seu alcance, um cetro, cajado ou outra ferramenta masculina direciona a vontade do mágico. Independentemente da ferramenta ser esculpida em marfim, produzida em madeira ou fabricada com pedra, vidro ou mesmo ossos, ela serve como um símbolo de posição. Agitado durante um feitiço, um cetro reúne a energia místika e a envia na direção desejada.

• Máquinas de Guerra: Como armas, as máquinas de guerra espalham a destruição; ao contrário delas, essas monstruosidades desajeitadas — torres de cerco, aríetes, canhões — inspiram terror de uma forma que espadas e flechas jamais poderiam fazer. Esses aparatos exigem equipes especializadas, mas os resultados dramáticos — muralhas despedaçadas, projéteis flamejantes e assim por diante — valem o esforço.

• Armas: Como um cetro, uma arma estende a mão além do alcance de um braço normal, levando a força até o alvo do mágico. Armas magikas incluem lâminas, martelos, machados, lanças e flechas. Como a maioria dos deuses dá preferência a uma arma em particular 104


(Thor tem seu martelo, Diana seu arco, Miguel sua espada flamejante), os feiticeiros religiosos muitas vezes empregam a arma favorita de suas divindades. Por outro lado, magi científicos preferem canalizar a força da vontade através de pistolas, bestas e lâminas afiadas de esgrima.

• Escrituras e Inscrições: Como os estudantes dos mistérios poderiam dizer-lhe, a língua é a maior de todas as magikas. A escrita, que captura essa mágika e a encerra numa forma permanente, canaliza o pensamento em realidade. Ao escrever uma frase, entalhar uma runa ou pressionar um glifo sagrado contra a argila, o mágico fixa suas intenções no material para que outros a vejam. Algumas práticas são baseadas integralmente na escrita de diversos tipos. Nos estilos muçulmano, hebreu, taoísta e Hermético, símbolos escritos capturam a essência sagrada e preparam-na para ser usada. Essas ferramentas são particularmente poderosas num mundo em que a alfabetização é rara e muitas das línguas antigas (isto é, egípcio e sumério) foram efetivamente perdidas. Apenas através da escrita um mágico pode estudar os rituais primitivos de quando os homens buscavam a Criação, lacravam-na e tornavam-na sua. "Assim está escrito," diz o ditado, "assim seja feito."

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Cores da Alma

Temperamento

Cor

Temperamento

Cor

Calmo

Azul-Claro

Povos da Noite Fada

(Cintilante;

Corrompido

Preto

Covarde

Amarelo

Invejoso

Verde

Empolgado

Violeta

Devoto

Dourado Brilhante

Assustado

Laranja

Avarento

Verde-Escuro

Aflito

Cinza Prateado

Inocente

Branco Puro

Alegre

Branco Prateado

Afetuoso

Azul-Marinho

Libidinoso

Vermelho-Escuro

Melancólico

Cinza

Solidário

Rosa

Enfurecido

Vermelho Brilhante

Muito

Brilhante ou Muito Escuro) Infernalista

(Ondas Negras)

Criatura Mágica

("Fantasma" Brilhante da Forma Verdadeira do Animal)

Desaurido

(Cores Girando em Círculos)

Pessoa Ressuscitada/Possuída

(Cores Extremamente Pálidas)

Usando Mágika

(Cintilante)

Vampiro

(Cores Pálidas)

Licantropo

(Cores Intensas)

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Fortes

e


Niveis de Personagens

• Um Aprendiz ainda não estudou os princípios da mágika ou apenas começou a estudá-los, mas ainda não alcançou o Nível Um em nenhuma Esfera. Ele é mais importante por quem pode tornar-se do que por aquilo que é capaz de fazer no momento. Criação do Personagem: • Atributos: 6/4/3, • Habilidades: 10/8/3, • Antecedentes: 3, • Força de Vontade: 3, • Esferas: nenhuma, • Arete: 1-2

• Um Discípulo busca a iluminação e alcançou uma habilidade razoável em pelo menos uma Esfera (Nível Três ou menos) Criação do Personagem: • Atributos: 7/5/3, • Habilidades: 13/9/5, • Antecedentes: 5, • Força de Vontade: 5, • Esferas: 6,

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• Arete: 1-4

• Um Iniciado alcançou um nível que transformou suas percepções. Ele reuniu poder pessoal em pelo menos uma Esfera (Nível Quatro) e normalmente em outras também. Criação do Personagem: • Atributos: 8/6/3, • Habilidades: 19/10/5, • Antecedentes: 7, • Força de Vontade: 8, • Esferas: 15, • Arete: 4-6

• Um Mestre alcançou um Nível igual ou maior a Cinco em uma esfera e provavelmente comanda diversas outras no status de um Adepto ou superior. Mestres místikos expandiram sua visão além das preocupações humanas, enquanto os Dedaleanos alcançaram uma influência monumental ou recolheram-se em isolamento para perseguir seus sonhos. Criação do Personagem: • Atributos: 9/6/5, • Habilidades: 22/10/6, • Antecedentes: 10 + , • Força de Vontade: 8-10, • Esferas: 15-30, • Arete: 8 +

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Tesouros

Se todos os homens fossem virtuosos, eu ensinaria com muito prazer

todos eles a voar. — Leonardo da Vinci

O item "Custo" reflete os pontos de Antecedentes necessários para comprar o objeto. Talismãs e Fetiches • Quadrado de Esgrima • Arete 2, • Quintessência N/D, • Custo 2

Embora LAcademie de L'Espee de Gerald Thibault não seja publicada até 1629 (um ano após sua morte), os princípios pitagóricos da esgrima estão sendo desenvolvidos secretamente na época de A Cruzada dos Feiticeiros. O Quadrado de Esgrima mágiko é uma ferramenta de treinamento. Mais um diagrama que um aparelho, o Quadrado é composto por um círculo ou quadrado desenhado no chão. Seu tamanho depende de uma fórmula exata determinada pelo tamanho e alcance do mago — sua impulsão, seus movimentos laterais, etc. Uma vez que os cálculos tenham sido 109


feitos e o Quadrado criado, ele é usado para realizar e aperfeiçoar manobras de esgrima, mais ou menos como os katas das artes marciais do Extremo Oriente. Esses exercícios são mais do que simples atividades físicas. (São ferramentas espirituais de treinamento para ensinar na prática os mistérios da geometria tridimensional.) Em outras palavras, eles são as Artes da Esfera da Conexão. Embora o praticante mais famoso do sistema, Thibault (um Membro da Guilda), publicasse um estilo espanhol modificado, muitos estilos diferentes podem ser aplicados ao mesmo método. De fato, alguns afirmam que o Quadrado originou-se com os treinamentos de espadas dos Ahl-i-Batin. O emissário Batini DuadAllah Abu-Hisham reconhecidamente usa esses desenhos e foi visto ensinando-os para seu amigo Brisa de Outono, um Irmão de Akasha. [Quando usado diariamente, esse Talismã "ensina" a Esfera da Conexão como se fosse um Antecedente Biblioteca de cinco pontos. Para empregar adequadamente o Quadrado, seu usuário medita por pelo menos meia hora, pratica por pelo menos uma hora e medita outra vez por outra meia hora após o exercício ter sido feito. Cada semana gasta dessa forma permite que o mago que está estudando Conexão faça um teste. O desenho não ensinará ao magus como exceder seus poderes usuais da Esfera ou transcender as limitações de Arete; ele concede consciência aumentada, não um bônus mágiko repentino.]

• Proteção do Pé de Coelho • Arete 2,

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• Quintessência 10, • Custo 4

O coelho sempre é o inimigo do cachorro. Na maioria dos casos, o cachorro vence; contudo, esse fetiche permite que o espírito do coelho se vingue — de certa forma. Um caçador respeitoso pode implorar ao espírito do coelho que permaneça por algum tempo. Após um sacrifício para a família do coelho (normalmente uma oferenda de comida próxima à toca) ter sido feito, o espírito pode ficar dentro da perna cortada; ali, ele concede pés silenciosos ao caçador. Se qualquer cachorro perceber o usuário do fetiche, o espírito também silencia o ser canino. Obviamente, um caçador que utilize cachorros não pode usar esse fetiche — especialmente se, para começar, um cão foi usado para matar o coelho. Após algum tempo, o coelho considera que seu trabalho foi feito e deixa o fetiche para trás. [Em termos de jogo, esse fetiche acrescenta seu "Arete" à Parada de Dados de Furtividade do personagem; além disso, ele silencia qualquer cão por perto (durante o resto da cena) antes que o animal possa latir. Isso funciona por uma incursão por ponto de Quintessência; após 10 utilizações, o espírito parte e o pé torna-se inútil (entretanto, a critério do Narrador, ele ainda pode dar um pouco de sorte ao caçador em momentos curiosos).]

• • Bálsamo do Crepúsculo • Arete N/D, • Quintessência 10, • Custo 4

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Acredita-se que esse cataplasma estranho, feito para ser envolto em torno da testa, alivie a febre causada por um "disparo de elfo," flechas venenosas invisíveis empregadas por fadas vingativas. A cura para esse veneno está além da capacidade humana e provoca uma morte terrível para suas vítimas. Alguns Umbróides usam toxinas semelhantes ou infectam suas presas com decadência espiritual; esses ataques também são imunes aos remédios dos mortais. Uma antiga mistura pagã, esse cataplasma é eficaz contra todas as formas de ferimento espiritual. Ele exige uma raiz de mandrágora e um pano limpo, embrulhado com 47 ervas colhidas durante o amanhecer, e precisa ser aplicado ao luar. De manhã, o paciente estará curado. [Cada ponto de Quintessência representa uma aplicação do bálsamo; o Custo de Antecedente cobre uma porção grande, que pode ser utilizada no cataplasma conforme necessário. A cura leva uma noite e quase sempre funciona. Uma porção dura um ciclo lunar completo; depois disso, ela precisa ser descartada e um bálsamo novo precisa ser feito. Se quiser, o Narrador pode desconsiderar o Custo e simplesmente dar esse Talismã finito aos jogadores ao longo de sua história.]

• • Anulus Vigil (o Anel Guardião Vigilante) • Arete 4, • Quintessência 20, • Custo 6

A traição é algo comum nas cortes e mercados de Toscana. Para evitar assassinatos, os mágicos criam Anéis Guardiões para seus ajudantes, seus amigos e 112


si mesmos. Freqüentemente feitos de ouro e enfeitados com rubis, esses anéis brilham na presença de veneno; a mágika não revela o pretenso assassino, mas pode descobrir os instrumentos de seu jogo. Quanto mais perto estiver o veneno, mais intenso será o brilho do rubi. Por razões óbvias, anéis de ouro são jóias populares entre a nobreza italiana; contudo, muitos dos assim chamados "amigos do príncipe" são falsificações não magikas. Feiticeiros rúnicos do Norte gelado fabricam proteções semelhantes com copos de chifres, canecas de madeira e cálices de ferro; uma runa Algiz no recipiente, uma vez manchada, brilha ou sangra na presença da traição. [Se o usuário encontrar algum item ou comida envenenados, o Narrador testa o "Arete" do Talismã contra uma dificuldade de 7; um teste bem-sucedido faz com que o rubi (ou runa) aja adequadamente. Um fracasso faz com que o veneno não seja detectado.]

• • • • Tambor do Andarilho dos Sonhos • Arete 4, • Quintessência 20, • Custo 8

Com uma batida constante de um tambor, um xamã-coruja pode fazer um homem dormir e conduzir seu espírito por um certo tempo. Dentro do tambor encontra-se um espírito do sono; os golpes das baquetas despertam o espírito e fazem com que ele se lance contra o inimigo do xamã. Uma vez lá, o ser entra no corpo da vítima e força-o a dormir. Então ele abre um canal entre o dono do tambor e a vítima. O xamã deixa 113


seu corpo para trás e segue o espírito do fetiche. Por uma noite, o inimigo torna-se o hospedeiro do xamã; este pode andar no corpo dele, examinar sua lembranças ou falar com sua voz. De manhã, os dois espíritos partem e em seguida dormem por um dia inteiro. A vítima da possessão lembra-se da noite como um pesadelo longo e terrível, mas não recorda quem foi responsável por ele. [O xamã bate seu tambor para começar o feitiço de possessão; seu jogador testa o "Arete" do fetiche; a dificuldade para o teste é 7 ou o nível de Força de Vontade do alvo, o que for maior. Se o teste for bem sucedido, a vítima pertence ao dono do fetiche por uma noite inteira. Durante esse tempo, o xamã entra num transe mórbido. De manhã, o transe torna-se um sono profundo mas normal, e o tambor torna-se um simples instrumento outra vez. Depois disso, o espírito em seu interior descansa por uma semana. Um fracasso evita o feitiço e uma falha crítica faz com que o xamã durma. Como o feitiço é efetivamente invisível, esta mágika é casual.]

• • • • • Cátedra de Bolingbroke • Arete 5, • Quintessência 25, • Custo N/D

Roger Bolingbroke (um magus da Casa Tytalus) é famoso na Inglaterra por seus objetos ritualísticos. Após o magus ser acusado de uma conspiração para assassinar o rei e ser preso, seus artefatos mágikos são expostos para o público; logo eles são furtados e substituídos por falsificações. O mais importante desses itens é a 114


Cátedra Dourada, uma grande cadeira de madeira pintada com sinais místikos e decorada com espadas e imagens de bronze. Nessa cadeira está escrito "ele tinha o hábito de sentar-se quando praticava sua necromancia". Supostamente, a cadeira encantada permitia a Bolingbroke ver lugares longínquos, interagir com espíritos e lançar magikas à distância de seu refúgio protegido. Certamente esse item seria bem valioso, especialmente entre as fileiras Herméticas. No entanto, tanto os mortais como os místikos desconhecem o paradeiro da Cátedra. Quem sabe onde ela pode estar agora? Ou para que propósitos está sendo usada? [Um Talismã único, a Cátedra fornece ao seu "dono" os seguintes poderes: • Um Antecedente Arcanum efetivo de 5; • Um feitiço Visão Distante com Arete 5; • Uma Ponte de Mercúrio, também com Arete 5; • Uma Proteção com a mesma eficácia; • Uma Muralha Espiritual, outra vez com Arete 5.

De acordo com boatos, a cadeira é possuída de um espírito maligno que exige uma oferenda de sangue toda vez que suas magikas são empregadas. Bolingbroke supostamente capturava uma criança camponesa e alimentava a cadeira com seu sangue quente toda lua cheia. A verdade por trás desses rumores fica a cargo do Narrador, mas nenhum magus consegue algo sem dar nada em troca...]

Machinae e Dispositivos • Oleo de Abundanti • Arete N/D,

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• Quintessência N/D, • Custo 2 por barril

Através de refinações estranhas, os Maçônicos destilam um óleo para lâmpada que dura semanas em vez de dias. Extremamente inflamável, o extrato Abundanti é uma fonte volátil mas eficiente de energia. Os Dedaleanos usam-no para acender suas lâmpadas, provocar incêndios, lubrificar mecanismos e alimentar fornalhas. Alguns artesãos engenhosos começaram até mesmo a incorporar motores a suas Machinae — motores que funcionam à base desse combustível "eterno." Obviamente, a fórmula é guardada cuidadosamente em segredo — um segredo no qual diversos Grandes Financiadores gostariam de pôr suas mãos. Enquanto isso, os Maçônicos mantêm o lucro de suas casas com um comércio ativo de Óleo de Abundanti... e distribuem combustível de graça para as pessoas comuns todo inverno. [Esse Óleo é, para todos os propósitos e intenções, gasolina de altíssima qualidade. Entretanto, comparada com as fontes verdadeiramente ineficientes de energia da época, esse extrato parece milagroso. Um barril de Õleo de Abundanti explode causando 15-20 dados de dano e queima por uma hora ou mais.]

• • Armadura do Titã ou Placas de São Jorge • Arete 4, • Quintessência N/D, • Custo 6

Fabricada primeiramente pelo Artífice milanês Julianni Tibaldo, a Armadura do Titã combina os melhores aperfeiçoamentos de armaduras de placas articuladas com o 116


minério chamado de "ovo do dragão." Produzido através de segredos alquímicos, esse minério fornece a base para o aço de Tibaldo; mestres fabricantes de armaduras trabalham esse aço para criar armaduras de placas resistentes. Produzidas a partir de projetos impressionantes, essas carapaças são capazes de suportar quase qualquer coisa. Espadas longas rebatem nela sem deixar praticamente um único risco, e "morningstars" mal arranham o acabamento. Um guerreiro com a Armadura do Titã é realmente impressionante — tão impressionante que um "efeito latente" no aço assusta qualquer um que olhe a carapaça. Cada armadura de Placas de São Jorge (em homenagem ao matador de dragões) transforma um homem numa montanha; artesãos constroem-nas baseados nos músculos verdadeiros do guerreiro, mas exageram-nos a proporções divinas. Embora pesada — mais de 30 quilos — a armadura é menos desajeitada do que parece. Um guerreiro pode pular, correr e lutar com a armadura quase tão bem quanto se estivesse sem ela. Essa armadura de placas é absurdamente cara; ela custa mais do que a colheita de um ano todo de algumas aldeias e leva seis meses para ser produzida. Contudo, as maiores elites dos Gabrielitas, Artífices e Membros da Guilda acreditam que ela vale seu preço; possuindo uma beleza incrível e resistência fantástica, cada Armadura do Titã é uma obra de arte. Mesmo os parcimoniosos Maçônicos admitem que tais extravagâncias às vezes são necessárias quando as hordas do Inferno caminham pela Terra. [Em termos de jogo, as Placas de São Jorge oferecem a seu usuário um Nível de Armadura de 8 e o encantamento Aura Divina (testado com o "Arete" da armadura). As Paradas de Dados de Percepção e Destreza do personagem são reduzidas em 117


dois; são precisos pelo menos 15 minutos para que o usuário vista sua armadura e quase o mesmo tempo para removê-la. Via de regra, a Armadura do Titã é feita sob medida; ninguém exceto um gêmeo idêntico pode vestir a armadura de outra pessoa.]

• • • Trovão de Horácio • Arete 5, • Quintessência 25, • Custo 6

Embora as armas de fogo não adquiriam uma praticidade real por pelo menos mais um século, a Ordem da Razão está num fase experimental nessa época. Muitas armas de fogo, variando de eficientes a ridículas, aparecem nas mãos de Dedaleanos. Uma das mais comuns é uma pistola com tambor para cinco tiros chamada Trovão de Horácio. Com aproximadamente 45 centímetros de comprimento e bastante pesada, essa arma de roda gira sua câmara após cada disparo. Embora leve certo tempo para ser recarregada, sua cadência de fogo ultrapassa qualquer coisa disponível durante essa época. O tiro da pistola também é impressionante. Os Raios de Horácio (balas arredondadas de ferro impregnadas com enxofre) explodem em chamas conforme deixam a arma e continuam queimando na pele do alvo. Caso esses tiros acertem materiais inflamáveis, certamente irão queimá-los. Alguns artesãos também produzem balas de prata e ferro ou fazem com que sejam abençoadas por um padre antes da luta. Embora esta última opção seja difícil — a maioria dos homens de Deus abomina armas de fogo, mesmo se ambos pertencerem à Ordem da Razão — essas 118


"lágrimas divinas" são muito populares entre os caçadores de monstros. Pode ser difícil obter munição, por isso, muitos usuários do Trovão aprendem a fabricar a sua — e a consertar os mecanismos de roda, notoriamente falíveis. [Essa arma de roda com tambor para cinco tiros dispara munições superaquecidas com o impacto de um feitiço de Forças 3/Primórdio 2. Mesmo as balas normais causam dano agravado, e as "lágrimas divinas" aproveitam-se da fraqueza de licantropos e fadas. O nível de Quintessência reflete uma porção de munição, que precisa ser reposta quando acaba. [O Trovão dispara cinco tiros em sucessão — um por turno. Após esses cinco tiros, ele precisa ser recarregado; isso leva vários minutos, pois o tambor precisa esfriar antes que as próximas balas sejam colocadas. Com uma falha crítica, a pistola trava (exigindo subitamente algum reparo) ou explode (a critério do Narrador). Vulgares na maioria dos lugares, as pistolas do Trovão são propensas a sofrer golpes do Castigo.]

• • • • Viasilicos • Arete 6, • Quintessência 30, • Custo 9

Dispositivos de profecia provenientes das oficinas dos Maçônicos, os Viasilicos ajudam a manter a Ordem da Razão unida. Através de correspondências arcanas, essas "pedras de comunicação" feitas de cristal permitem que Facilitadores e Magistrados conversem através de longas distâncias. Conforme a luz do sol ilumina 119


os padrões inscritos no vidro, imagens brilham no interior desses desenhos. Através dessas manifestações, os mestres Dedaleanos discutem seus planos. Para olhos destreinados, um Viasilico parece um quartzo grande cortado e polido numa forma geométrica perfeita; alguns são simples — pirâmides, cubos e assim por diante — enquanto outros assumem forma complexas — hexágonos, decágonos, etc. A forma tem um papel fundamental na função do Dispositivo; os artesãos que fabricam as pedras afirmam que cada Viasilico é esculpido para harmonizar- se com seus arredores. Mover a pedra rompe sua ligação com a trilha (a "rede"); os princípios geomânticos que orientam os Dispositivos baseiam-se numa colocação precisa. As salas em que as "pedras de comunicação" descansam também são construídas para canalizar a energia das pedras e permitir que a quantidade exata de luz entre nos momentos adequados. A comunicação após o anoitecer é impossível — os Viasilicos exigem luz do sol, e a iluminação artificial não é suficiente. Diversas pedras podem ser ligadas ao mesmo tempo, mas como cada uma requer luz do sol, os grupos em conferência precisam usá-las de dia. Para empregar uma "pedra de comunicação," um Dedaleano precisa meditar a partir de seus desenhos por uma hora ou mais, projetar seus pensamentos para uma chave distante na "rede" e traçar os desenhos com seus dedos. O receptor precisa estar observando seu próprio cristal para ver a mensagem; a maioria dos Facilitadores envia um mensageiro com antecedência, levando o anúncio de uma conferência e estabelecendo um horário determinado para ela. Os Viasilicos só podem comunicarse com pedras ligadas à mesma correspondência; existem diversas trilhas, a maioria ligada a outras. Para alcançar uma trilha, um Dedaleano precisa 120


possuir a pedra adequada; assim, muitos Magistrados possuem diversos Viasilicos, cada um em sua própria sala. Deve-se observar que essas salas são muito bem trancadas e frequentemente vigiadas. [Através de elos de Conexão, Viasilicos enviam mensagens instantâneas uns para os outros. O teste de "Arete" estabelece a ligação, que dura até quatro horas de uma vez. Qualquer marca na pedra ou movimento que sofra destrói a conexão para sempre; entretanto, até que algum desastre ocorra, qualquer Viasilico pode comunicar-se com outro na mesma trilha. Deve-se observar que esses Dispositivos são vãos, mas dificilmente alguém os vê em ação.)

• • • • • Nau do Céu Arete 5, Quintessência N/D, Custo 10

Quando os Mestres Celestiais exploraram o assim chamado "firmamento" no começo do século XIII, eles descobriram que aquilo que todos acreditavam ser uma casca negra, na verdade estendia-se mais longe do que qualquer um poderia imaginar. Numa jornada para alcançar "o outro lado dos céus," os Mestres enviaram Embarcações Celestiais — logo chamadas de "Naus do Céu" — para o espaço. Os horrores que descobriram aterrorizaram tanto os Mestres que muitos enlouqueceram ou queimaram seus registros e dedicaram-se à Igreja. Os que se recusaram a entregar-se diante do cosmos aperfeiçoaram uma pequena armada de Naus do Céu, treinaram marinheiros corajosos (embora um pouco fatalistas) — 121


chamados de Navegantes do Céu, assim como Mestres do Vácuo e outros nomes menos lisonjeiros — e utilizaram-se de ambos. Numa época em que os exploradores começam a discordar da teoria dos "confins da Terra," a Profundum Expedido não tem falta de voluntários. As embarcações em funcionamento durante os primeiros anos do Expeditio são naus resistentes tripuladas por homens ousados (e, ocasionalmente, mulheres disfarçadas também) . As exigências para esse serviço são bem rígidas, mas as Naus do Céu não requerem grandes tripulações. A embarcação normal "navega" com 40 homens — muito menos que um navio destinado ao mar exigiria. Em forma e função, uma Nau do Céu assemelha-se a uma embarcação oceânica de grande porte. Equipada com balões, asas e velas posicionadas em ângulos estranhos, a Nau comum mede cerca de 30 metros de uma ponta à outra. Os balões tiram o barco do solo e levam-no aos céus, onde os ventos celestes conduzem-no para as profundezas do espaço. Três conveses, equipados de forma luxuosa, abrigam a tripulação, as armas e suprimentos suficientes para um ano. Em vez da linha-d'água e dos joanetes, a embarcação possui hélices, janelas e armamentos. Como o conceito do vácuo sem ar ainda não foi concebido, as Naus do Céu não precisam de instrumentos de manutenção de vida; no entanto, muitos tripulantes vestem equipamentos de proteção — uma mistura entre armaduras e roupas de mergulho dos séculos futuros — quando caminham por planetas estranhos. Ah, sim... "planetas estranhos." Eles são habitados, você sabe, e muitos Mestres Celestiais encontram seus nativos — às vezes do pior modo possível. Embora a civilização em Marte tenha acabado há muito tempo, um vale misterioso na Lua continua a causar problemas para os Navegantes do 122


Céu. Outros locais mais remotos ofereceram abrigo para Mestres Celestiais intrépidos, mas os habitantes foram menos acolhedores. Uma coisa mandibular, maior que uma catedral de Paris, destruiu dois de três barcos numa expedição recente a Vênus. Para protegerem-se dessas criaturas, os Mestres equipam suas Naus do Céu com lâminas enormes, canhões, lançadores de cravos e pontas afiadas. Os poucos barcos que sobrevivem o bastante para retornar trazem histórias de horrores inimagináveis num espaço interminável — não anjos num Céu ordenado, mas demônios num Vácuo eterno. As Naus do Céu levantam vôo de seus estaleiros na calada da noite. Em frotas de duas a cinco, elas se elevam em direção à Lua e seguem em frente. Iluminadas por Óleo de Abundanti, as lâmpadas dos barcos brilham como pequenas estrelas. Envoltos em roupas e cobertores grossos, esses tripulantes corajosos navegam através de Dispositivos estranhos que alteram suas coordenadas ao longo da jornada. [Como um barco normal, uma Nau do Céu na verdade é um instrumento de enredo. Para propósitos de dano, o barco possui um Nível efetivo de Armadura de 8 e pode suportar a perda de 15 Níveis de Vitalidade antes de quebrar-se. Uma descompressão explosiva não é uma preocupação real no "espaço" estranho do Vácuo, mas um vazamento pode ser fatal se não for consertado rapidamente.]

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Historia:

haymman nasceu no oriente médio em Nishapur. Seu nome era Ghiyath al-Din Abu'l-Fath Umar ibn Ibrahim Al-Nishapuri al-Khayyam al Amman . Filho de duas famílias influentes que se uniram por causa de alianças políticas para garantir a paz entre os Cristãos e Mulçumanos. Era Neto de um peregrino cristão, filho de Paio Rodrigues de Coimbra, Cavaleiro medieval e Conde de Coimbra que se lançara a caminho de Jerusalém após a morte do pai e que, decepcionado com o cristianismo se converte ao islã. Sua mãe era filha de um Iman de uma familia de fabricantes de tendas. Era conhecido como Khayyam ou Khaym al Amman. Seu tio era Sufi, discípulo de Jalâl ud Dîn Rûmî de quem aprendeu amor pela Unidade. Seu primeiro filho, o primogênito, morreu de diarréia com 1 ano de idade, deixando-o descrente da medicina e das potencialidades humanas, apenas 124


Deus ou Allah é em quem se pode confiar. Entrou em crise e após um dia em meditação no deserto, teve a intuição de migrar para Al-Andalus para se unir aos Mouros. Apesar de seu avô ter sido um cruzado, tomou aversão aos cristãos por causa das cruzadas. Anos antes mataram mulheres e crianças no oriente, saquearam várias cidades como Zara, deixaram um rastro de sangue e destruição por onde passaram. Por outro lado considerava os mulçumanos um bando de desordeiros e infiéis que tiveram coragem de enviar mulheres e crianças para batalha. Assim dividido entre dois mundos e ao mesmo tempo “hibrido” de dois conceitos de Deus unise a seu tio Hasan, nos exércitos turcos na expamção do islã.

Figura 1 - Dervishes Sufis

Após uma peregrinação a Mecca, período de profundo aprofundamento na mística Sufi, em viagem para Jerusalém, conheceu Yusra, vinda de Konya a quem desposou, mas ao chegar em Florença, casou-se com a filha de Yasir, Layla, uma verdadeira jóia. Seu sogro se tornou um grande amigo e um grande aliado. Khaymman vive inseguro com relação a sua situação em Florença. Tem um espião na corte, um tolo viciado em jogo a quem sistematicamente empresta dinheiro. 125


Prólogo: O Nascimento de Khayym al Aman ou Khaymman Ghiyath nasceu a 04 de Fevereiro de 1048, em Nishapur, cidade pertencente ao atual Irã, o seu último nome, Nishabouri, significa "o fazedor de tendas", indicando o ofício a que a sua família se dedicava. Embora não se conheçam muitos pormenores biográficos, pensa-se que cresceu na sua cidade natal e que viveu em Samarkanda, tendo viajado muito com o propósito de estudar e trocar conhecimentos com sábios de outras regiões. Estudou com o Sheik Muhamad Mansuri e com o Imã Mowaffak de Nishapur, sendo que no período de estudos com este último foi condiscípulo e se tornou amigo de duas outras personalidades que iriam ter especial relevo no mundo persa: Nizam al-Mulk (Vizir) e Hassan ibn al-Sabbah (chefe da seita dos Hashishin).

Khayyam al Aman – um Magi1 Batini

O vento fala. Às vezes como o sussurro de um amante, outras como o grito de um sirocco.

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Apesar da expressão ser muito parecida um “magi” é o mesmo que um “bruxo”. O Magi tem poderes idênticos aos de um mago, com a diferença de que Magis podem lançar magias sem a preparação prévia .Eles tem poder natural, e as criam e controlam da forma que querem sem dificuldades maiores, porém, por usar magia provinda dele mesmo, causa um grande desgaste físico/mental. Isso pode trazer desvantagens, pois se muito dependentes da magia, quando sem a mesma, ficam indefesos. A vantagem é que as chances da magia falhar é muita pequena, se consideradas a de um mago. E um Magi mesmo sem conhecimento, tem mais poder e lançam suas magias com mais força e as controlam com mais facilidade. Um Magi tem que já nascer com o talento de um bruxo, ou seja, com habilidades místicas próprias de sua natureza. Os magos não possuem nenhum poder natural. Apenas as de estudar e aprender a controlá-las. Os Magi têm um talento natural para conjurar magias arcanas, graças (como alguns acreditam) ao sangue que corre em suas veias. Qualquer que seja essa origem, estes personagens são paradoxais, ganhando uma grande flexibilidade tática ao se especializar em muitas magias.

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Foi através de meu tio Hassan que entrei em contato com os Batinis. Disseram-me que minha aura já indicava que meu despertar estava próximo e que nada poderia impedir o que estava por vir em minha vida, mas este é um capitulo a parte em minha história. Desde cedo fui considerado uma criança excepcionalmente brilhante. Sendo criado em uma família influente em Nishipur, o que me levou a possibilidade de um futuro brilhante. Desde que era criança tive contato com uma gama diversificada de cultura e conhecimento. Passei um tempo aprendendo a história islâmica, cristã e cultura judaica. Depois dos 13 anos, após a morte de sua mãe, fui criado por meu tio Hassam onde aprendi com os místicos sufis e Qabbalistas judeus. Eu passava as noites deitado no telhado de casa olhando para o céu e desde cedo já era fascinado por ele.Desde que mostrei aptidões arcanas, fui treinado por um grupo de Magi e enviado para uma escola na mesquita de Nishipur para estudar. Como o vento, os Ahl-i-Batin2 parecem não ter forma, sendo invisíveis e elementais quando usam suas Ars Magika. Como o vento, eles falam através de muitas vozes. Mestres da Conexão atravessamos grandes distâncias com facilidade. Durante as Cruzadas, nossos

Figura 2 - Simbolo da Sociedade Batini

assassinos Batini derrubaram reis; agora guerreiros fazem tréguas mais duradouras, mas quando surge a necessidade aparecemos, realizamos nosso dever e da mesma forma desaparecemos. Nossos laços com o Conselho são mais profundos. Há muito tempo atrás, convites misteriosos 2

Ahl-i-Batin: Tecelões da Teia da Fé, esses místikos árabes buscam a unidade para todos.

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convocaram dezenas de magi na casa de um mercador árabe, os convidados estabeleceram os planos para a Teia da Fé. Eles acabaram por perceber que seu anfitrião era um feiticeiro inferior agindo em nome de uma sociedade maior: os Ocultos, cujo nome — Ahl-i-Batin — significa "sutil" e "interior". Por trás desse nome enganoso encontra-se um laço comum a todos os grupos. Quinhentos anos antes de Cristo, uma guerra arcana levou a uma união bizarra. Um grupo de Irmãos de Akasha cansado da guerra se encontra por acaso em meio a uma dança Extática; juntando-se a ela, um de seus membros subitamente uniu-se a um Extático, criando uma entidade com dois rostos chamada de Khwaja al-Akbar. Numa série rápida de revelações, ele anunciou a Doutrina da Unidade, em que todas as partes da Divindade deveriam ser reunidas num único e inefável todo. Os grupos de guerra das outras seitas interromperam essa "Noite de Fana." A batalha resultante transformou as planícies férteis num deserto. Assim nasceram os Ahl-i-Batin dos quais hoje faço parte. Após tal noite, os sobreviventes tornaram-se miragens. Unindo suas antigas Artes às revelações arcanas de Khwaja al-Akbar, eles transcenderam o espaço mortal. Num vão entre o tempo e a distância, os Batini descobriram o Monte Qaf, o coração da Criação. Ali eles construíram a cidadela de Sihr Maqamut e estabeleceram um laço de união através de uma rede telepática — o Naffas Allah, ou "Sopro de Deus." Ao longo de diversos séculos, os Batini se espalharam pelo Oriente Médio, plantando o conhecimento entre as tribos guerreiras. Em suas viagens, os Sutis enfrentaram os Whash (Desauridos), Mafgouh Doudi (Nefandi) e outros inimigos 128


seculares. Para prevalecer, os Batini empregaram disfarces, furtividade e artifícios. Seu convite para os outros grupos propiciou novos aliados. Logo o Islã lhes concedeu um propósito.

Figura 3 - Mapa de localização das intituições Magi na Europa

Sem dúvidas, a Teia da Fé foi o berço da futura Convocação. Através de emissários, professores e assassinos ocasionais, os Sutis agora orientam as Tradições fragmentadas em direção à Unidade da qual falou Khwaja al-Akbar. Apesar do esforço do grupo, a maioria dos magi europeus não conhece os Batini; aqueles que conhecem consideram-nos muçulmanos hereges. Embora os Batini abracem devotamente a fé de Maomé — uma extensão Divina de sua própria doutrina — o grupo permanece oculto por trás de véus de segredos. Os poderes fantásticos dos Fana são abominações para a maioria dos filhos do Profeta, de forma que os Batini 129


continuam "sutis" até hoje. Como indivíduos, os Batini costumam ser um povo charmoso e trabalhador. A palavra "feiticeiro" é um insulto para eles, mas a maioria irá tolerar "magus". O Sutil comum chama-se de khilwat — ou silêncio. Esse termo estranho refere-se tanto à comunicação telepática que os Batini preferem como o silêncio anterior à grande revelação. Nesse silêncio, Alá sussurra aos Iluminados, e esse sussurro segue como o vento. Nossa filosofia nos ensina que a sabedoria não vem do isolamento, mas da experiência. O aprendizado é fundamental, mas a maturidade é ainda mais. A maioria

dos Murids3 (magi experientes) dominou a Mente bem o suficiente para alcançar uma empatia profunda pelas outras pessoas. Combinado com suas viagens, estudos e doutrinas, um khilwat espelha o conceito da própria Unidade. A Unidade encontrase na essência de nossas crenças. O Divino dorme em todos, mesmo nos descrentes. Todas as coisas estão ligadas a Alá; com Sua ajuda, aproximamos um pouco as ligações. A sabr — perseverança — fortalece os homens, e a generosidade torna-os virtuosos4.

Um dia que jamais será esquecido...

“(...) Oh Allah! Faça a Terra espaçosa para ela em ambos os lados e eleva sua alma para ti. Oh Allah! Perdoe-nos, perdoe-nos” .

3

Um Murid realiza seus milagres através de preces, meditação, cânticos e música. A matemática esotérica rompe as correntes do preconceito e a dança liberta a mente e o corpo. Alguns khilwati praticam alquimia, mas mesmo esses povos prezam as riquezas espirituais em detrimento das materiais. 4 Infelizmente, as Cruzadas e a Reconquista zombam da Doutrina da Unidade. Certamente Alá nunca planejou isso! Frente à ignorância e à traição, os Sutis ensinam quando podem e matam quando precisam. O reconforto eterno "La ilaha Ma 'llah" — "Não há Deus além de Alá" — nunca está longe de seus lábios.

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Nunca foi tão doloroso entoar isto. Quando tinha 13 anos de idade havia acompanhado outros sepultamentos, vidas ceifadas pela peste ou pela guerra, mas a dor da morte inesperada de minha mãe era quase insuportável. Na minha mente apenas uma pergunta: Por que? Mas no meu coração um emaranhado de sentimentos: do cinismo à comiseração, do ódio à ternura, culpa e auto-piedade, um verdadeiro sirocco de emoções bestiais, como um leão selvagem faminto a vagar pelas savanas. Pensava “Allah (swt) , se é de tua vontade de que um homem se case e tenha filhos, por que minha mãe morreu durante trabalho de parto? Por que Allah (swt) permitiste que o ventre de minha mãe se tornasse o túmulo de meu irmão não-nascido?” Transtomado pelo desespero minhas lágrimas caiam ao solo. O mesmo solo que agora velava o corpo de minha mãe e de meu irmão. Foi nesse momento que percebi que uma mão descansava sobre meu ombro e seus dedos queimavam como brasas, mas a minha pele e sim a minha alma. Inexplicavelmente uma serenidade começava a brotar em meu coração, uma paz diferente de tudo que havia experimentado. Foi como se minhas emoções estivessem sendo reordenadas. Foi como se o “tempo” perdesse o significado e passado-presente-futuro não existissem. Minha razão silenciou-se e pude escutar o vento do deserto. O som provocado pelo ar ao tocar aquele mesmo solo que

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guardava minha mãe, sussurrava de forma doce, porém incessante: Al Mujib ... Al Mujib... Al Mujib... Al Mujib... Sim, Allah (swt), Al Hakim (O Sábio) que detêm todas as respostas e que também é “A Resposta”.Então consegui assimilar a realidade da morte. Compreendi de uma forma profunda que Allah (swt) é Al Muhyi (o Doador da Vida) mas também Al Mumit (O Criador da Morte, O Destruidor). Este dia foi o mais importante de minha vida, foi o dia em que deixei para trás todo resquício da infância e me tornei verdadeiramente um homem, um servo de Allah (swt). Ainda atordoado por causa da morte de minha mãe, percebi que o sol já havia se posto. A noite no deserto é uma experiência singular e uma paisagem de ilusória monotonia porcausa de um céu limpo, repleto de estrelas. Este cenário é paradigmático pois torna visível a miséria do Homem. Insignificantes grãos de areia com autoconsciência, mas por outro lado, por sobre nós, inalcançável,

está

o

firmamento,

transcendente como Allah (swt) em toda sua magnificência, Al 'Azim . Olhando as estrelas, vejo por trás de mim com a mão em meu ombro, seu olhar sereno e sua inconfundível fisionomia austera, quase sombria, mas com leve sorriso afável. Tinha algo de muito diferente em seu olhar. Estava mais penetrante, mais vivo. Seus olhos transpareciam uma pureza, 132


uma simplicidade, mas uma nobreza como nunca havia percebido antes. Por um segundo pensei que estivesse vendo uma miragem. Ele aqui?? Como isso seria possível? Ele percebeu meu espanto. Era meu tio Hassan, irmão de minha mãe. Ele me explicou que estava de volta pois deixara de ser um Mujahid, pois a Jihad perdeu completamente o sentido pra ele. E estava a caminho de Mecca quando soube da morte da irmã. Disse que ficaria na cidade até o fim da lua crescente, depois partiria para Meca. Embora estive muito confuso com relação ao repentino retorno de meu tio Hasan, cheio de indagações sobre por onde esteve nesses anos e o que realmente o levou a abandonar a frente de batalha, caminhávamos de volta para o acampamento em absoluto silêncio. Era como se as minhas questões perdessem a importância, como se a presença de meu tio por si só bastasse. Uma serenidade misteriosa brotava em meu coração suavizando a dor que outrora sentia pela perda de minha mãe. Na minha mente, até então tão perturbada, agora reinava uma tranqüilidade reconfortante e ecoava quase que independente de minha vontade, de forma autônoma...

‫ﷲ رس ول محمد ﷲ إال إل ه ال‬ ("La ilaha illa Allah, Muhammadur rasûlullâh")

Um Sonho Perturbador Alguns dias após o sepultamento de minha mãe eu tive um sonho tão perturbador que mudou para sempre os rumos da minha vida. Ví um rosto agonizante soltava um grito em meio ao deserto que dividia-me a alma ao meio. 133


Olho em volta e percebo que estou em nossa tenda no deserto. Escuto apenas o uivo do vento, sinto o calor da fogueira, tudo aparentemente bem. Meu tio prepara-me um chá e me pergunta do sonho que tive. Conto que foi o sonho mais estranho de minha vida. Por Allah, Al Mutakabbir . Sonhei que eu e mais dois homens desconhecidos, com os rostos cobertos por causa do vento, vagávamos sem rumo pelo deserto, estávamos exaustos, sem água ou comida. Quando o nosso fim parecia iminente, veio uma ventania muito forte que nos atirou ao chão, o vento então se transformou em um redemoinho de poeira, mas não parecia um redemoinho comum como estamos acostumados a ver no deserto. Ele era bem mais compacto e parecia escavar a areia. Passado alguns minutos, o redemoinho parecia ter escavado a areia e revelado um tesouro que estava escondido a aproximadamente 10m de profundidade. Neste momento os dois homens se precipitaram desesperadamente em direção ao objeto dourado que eu não conseguia identificar e começaram a se agredir e gritavam frases como: “Essa lâmpada é minha”. “Eu a vi primeiro, ladrão”. Então, após trocarem alguns socos e insultos, um deles se apoderou da lâmpada e esfregou-a vigorosamente com a manga da camisa. Uma voz soou como um trovão: “FAÇA SEU PEDIDO”. -O homem disse: “Água, água para matar a minha sede”. -A mesma voz respondeu ainda mais forte: “COMO QUISERDES”. -Nisso, de forma inexplicável, uma torrente de água se abateu sobre ele, enchendo toda a vala onde se encontrava, matando o pobre homem afogado. A outra pessoa 134


aproveitando-se da situação, agarrou a lâmpada e saiu correndo. Também quase se afogou, mas conseguiu escapar. Após alguns minutos de descanso às margens daquele pequeno “lago” que se formara, esfregou a lâmpada e novamente ouviu-se: “FAÇA SEU PEDIDO”. Com sua sede saciada, ele disse: “Uma cáfila carregando todo ouro que conseguirem transportar”. Aquela voz respondeu, em tom de ira: “QUE ASSIM SEJA”. Subitamente, por trás deste homem um número incontável de camelos desgovernados surgiu. O infeliz tentou fugir, mas foi atropelado pelos animais e morreu pisoteado. Depois que os camelos passaram, pude ver seu corpo estendido e várias jóias, moedas e pepitas de ouro pelo caminho, como que seguindo o rastro dos animais. Provavelmente faziam parte da carga da cáfila. Nesse momento vi a lâmpada no chão e peguei-la. Lembro-me que estava amassada pelos cascos dos animais. -E o que você fez? -Nada.

Fiquei com a lâmpada na mão,

olhando aquela cena inusitada. Então ouvi uma voz doce, porém incisiva me chamando: “Khayyam ”. Quando me virei, vi um homem alto, vestido com manto impecavelmente branco. Ele me disse: “O que você realmente deseja? Me diga.” Eu respondi: “Eu desejo a Verdade”. Então aquele homem misterioso estendeu seu braço, fez um movimento como que se desenhasse um semi-circulo no ar e me disse: “O que procuras, não 135


encontrarás nesta lâmpada”. E a lâmpada se transformou em areia a escorrer por entre meus dedos. -E o que aconteceu sobrinho? – Hasan me olhava fixamente. -Aquele homem olhou pra mim, sorriu, e voou em direção vertical, tão rápido que em poucos segundos estava tão alto que não conseguia mais vê-lo. Passado alguns minutos ouvi um estrondo e pude vê-lo novamente no céu, mas não estava sozinho. Aos poucos foi se aproximando, se aproximando e pude ver um animal alado junto a ele, mas apenas quando pousou eu consegui identificá-lo. Allah, bismillah, era ele, al-Buraq e provavelmente era o “Anjo Gabriel”. Ele, então, veio até onde eu estava, trazendo o animal, e me entregou suas rédeas. O Anjo alçou voou, ficou flutuando a uns 4 metros do chão e me disse: “Siga-me”. Olhei para al-Buraq, parecia sorrir para mim. Percebi que deveria montar o animal divino. Mas, não pude fazê-lo... Eu olhei para o Anjo e gritei: “Eu não sou digno de montar al-Buraq”. Então olhei para o animal, agora parecia triste, me olhou com compaixão, seus olhos ficaram cheios de lágrimas. Olhei para o Anjo, estava com um olhar aflito, percebi que estava profundamente decepcionado comigo, e então... então, ele elevou seus braços, suas mãos estavam em chamas, e a última coisa que me lembro foi um grande lampejo que me ofuscou. Neste momento despertei. – Hasan me olhou em silêncio por alguns segundos. e me perguntou por que você não montou al-Buraq e seguiu o “Anjo Gabriel”. respondi que tive medo. Calmamente Hassam me diz que o temor pelo desconhecido é natural, que eu ainda era muito jovem, minha mãe morrera recentemente e ainda estava de luto, talvez confuso, mas precisava aprender a lidar com “O Medo”, 136


ou nunca seria um homem. Hassam me explica que Al-Buraq foi o transporte de Muhammad (s.a.w.) na sua “Jornada Noturna”. Aparentemente, em meu sonho, fui convidado a refazer os caminhos do profeta e que estava na hora de eu fazer o meu próprio caminho. Que o sonho indica o caminho que devia trilhar. Que deveria refazer os caminhos do profeta. Ir até Kaaba em Mecca, e de lá seguir para Jerusalém. Como não sabia para que lado ficava Mecca Hassam prontamente disse que fariamos juntos a Hajj. Naquela noite não consegui dormir. Fiquei imaginando o que teria acontecido se tivesse subido no lombo de al-Buraq e acompanhado o anjo Gabriel. Teria ele me conduzido até Mecca ou Jerusalém? Será que me encontraria com outros profetas, ou até mesmo com o Muhammad em pessoa? Por que o anjo Gabriel ficou tão decepcionado comigo? Mas como eu, um beduíno de apenas 13 anos a vagar pelo deserto com minha família, poderia imaginar que Allah (swt) teria planos tão grandiosos para este seu servo tão humilde? A “Despedida” sempre é um momento difícil. No meu íntimo, sabia que estava partindo para sempre. Mais do que renunciar à família e aos amigos, era a ruptura com o meio de vida que havia aprendido com meu povo: viver um dia de cada vez procurando água, pastagens, sempre confiante na generosidade de Allah (swt) que provem o pão de cada dia. A maior felicidade que experimentara era encontrar um oásis. Esse era o meu mundo até então, muito simples, mas eu amava aquela vida que agora ficava para trás. Como reencontraria minha família? Eram nômades a vagar pelo deserto. Isso seria praticamente impossível. Mas estava decidido, tinha que ser forte e seguir o meu caminho... 137


Saimos ao anoitecer, apesar de eu não achar prudente, mas confiava em Hassan. Aos poucos íamos nos distanciando do acampamento, do qual se via apenas um ponto brilhante no horizonte, correspondente à fogueira que os aqueciam, mais alguns quilômetros deserto adentro e não se via mais nada... Um aperto veio em meu peito. Teria eu tomado a decisão certa? Fui interrompido quando Hasan bateu no meu ombro e me disse que montaríamos acampamento. Demorei a pegar no sono. Fiquei observando as estrelas e orando para que Allah (swt) nos guiasse. Com pouca água e comida, sem camelos, viajar assim pelo deserto é muito arriscado. Naquela noite tive um sonho muito estranho... Sonhei que estava em um lugar sombrio, às margens de um rio de águas caudalosas. Sentia sede, o cheiro de enxofre era sufocante. Estava mais quente que o sol do meio dia, o céu estava encoberto por nuvens sombrias de cor amarronzada. De repente, ouvi um zumbido ensurdecedor, era um enxame de vespas gigantes que vinha em minha direção. Então corri desesperadamente em direção ao horizonte. Ao longe vi uma estrela cadente, tão brilhante que mal podia olhar diretamente para ela. Ao se chocar com o chão, ouviu-se um grande estrondo e formou-se no céu um desenho geométrico, como uma mandala. As vespas então se dispersaram, pareciam assustadas. Nesse momento pude ver surgindo no horizonte um homem com uma túnica branca, estava com um sorriso acolhedor. Ele se aproximava de mim quando subitamente fui arrebatado aos céus. Estava sentado sobre um cavalo alado, voando tão rápido que mal conseguia me segurar na sua clina... Era Ele, al-Buraq que veio me buscar. Nunca me senti tão livre como naquele momento. E voávamos cada vez mais alto, aquele homem ria às 138


gargalhadas e uma alegria imensa brotava em meu coração. Quando parecia que iríamos tocar o céu, atravessar aquelas nuvens sombrias, acordei. Saí da tenda, mas quando olhei para o horizonte não pude acreditar, minhas mãos ficaram úmidas, minha boca seca, minhas pernas tremiam. Dei um passo para trás, pisei em falso e caí sentado na areia. Era Mecca e Isso era impossível, pois Mecca estava a centenas de quilômetros do nosso acampamento e de camelo levaria várias semanas e estavamos a pé. Olhava pro meu tio que começou a rir feito uma criança. E neste momento enquanto ele ria, ria, ria... No seu pescoço, observei a presença de uma jóia, um colar que não havia percebido antes. Um colar, com um medalhão no formato de um desenho geométrico, uma mandala idêntica a que vi no meu sonho da noite anterior. Que segredos meu tio Hasan escondia e o que será que encontraria em Mecca? Começava a perceber que a Hajj é muito mais do que uma simples visita à Kaaba...

Mecca… Hassan me observava e , apesar do meu nome aparentemente amaldiçoado, minha áurea resplandecia a pureza de meu coração, e ele via como que pequenos pontos cintilantes que reluziam e dançam e celebram a maravilha da criação de Allah (swt) ele percebeu que eu seria Khayyam um mago a ser despertado e deixou isso aos cuidados de Allah (swt), que sua vontade suprema seja feita. Tinha convicção de que deveria conduzir 139


Khayyam à Mecca, intuição confirmada por suas visões, uma clara indicação da vontade de Allah (swt)... Que Allah (swt) nos proteja e me dê forças para cumprir com seus desígnios. Pergunto ao meu tio por que ele abandonou a Jihad. Ele parou por alguns instantes, olhou em direção do horizonte, voltou-se para mim, sorriu enigmaticamente e respondeu que ele estava nos arredores de Jerusalém, os cruzados estavam em vantagem, a derrota era iminente. Nossos generais ordenaram uma retirada, mas ele se recusava. Preferiria morrer a admitir a possibilidade de recuar, confundia orgulho com a vontade de Allah (swt). Então ele foi atingido por uma lança que transfixou meu tórax direito, e me mostrou as cicatrizes correspondentes ao orifício de entrada e saída da arma branca. A morte era iminente e ele começara a orar, invocando Allah (swt) para que perdoasse seus pecados e acolhesse no Jannah , se fosse de sua vontade. Estava desfalecendo, a visão estava turva, quando viu um ponto brilhante descendo do céu. Foi se aproximando, e pude ver um homem alto, forte, vestido com uma túnica impecavelmente branca. Com voz doce, porém incisiva, lhe disse “Assalam-u-Alaikum , fiel servo de Allah (swt). Al Rahman se compadeceu de ti e prolongará seus dias na terra e, para que o sirvas de forma mais perfeita, te revelará a verdade”. Então ele apontou-lhe sua espada e um clarão ofuscou seus olhos. Quando abri uos olhos estava à beira de um oásis e ao seu lado um homem magro, sentado, cantava uma Dhirk, frases de adoração à Allah (swt). Parecia estar “fora de si”, como que embriagado. Hassan disse que começou a chamá-lo, implorar por ajuda, mas ele não se movia, estava como que em transe, não parecia me ouvir. Então uma paz muito grande invadiu seu coração e ele começou 140


também a orar com a música e foi como se entrassem em sintonia. Quando acabou a música, após alguns minutos de silêncio, o homem ergueu a cabeça, sorriu , fez um movimento com a mão e a lança começou a mudar de cor, foi tornando-se como que translúcida, Hassan sentiu um frio intenso e a lança transformou-se em água que caiu sobre seu corpo refrescando do calor do deserto e o ferimentoestava completamente curado, restava apenas estas duas pequenas cicatrizes que ainda carregava. Ai o homem disse: Sofreste em excesso por tua ignorância, carregaste teus trapos para um lado e para outro, agora fica aqui. Na verdade, somos uma só alma, tu e eu. Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti. Eis aqui o sentido profundo de minha relação contigo, Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu. -Quem és? Perguntei-lhe e tive como resposta: Vem, te direi em segredo aonde leva esta dança. Vê como as partículas do ar e os grãos de areia do deserto giram desnorteados.

Cada átomo feliz ou miserável, Gira apaixonado em torno do sol.

Perguntei a Hassan quem era este homem. Ele me disse que era Khajah Khayyamlah Ansari, um dervixe , um mestre Sufi que apresentou a ele a trilha mística do Sufismo. Sem entender o que meu tio estava dizendo levantei uma das sonbrancelhas e hassam me explicou que o Sufismo é um caminho místico, ou seja, 141


valoriza a experiência de Allah (swt), como perceber-se na sua presença e do amor por e de Allah (swt) que o Sufismo é o braço místico do Islã, chamado esoterismo. Hassan dizia que minha inocência o comovia. Que era impressionante minha sede pela verdade e como eu estava aberto a “novas realidades”, mas, ainda assim, estava apreensivo por minha reação quando visitassem a Kaaba. Se ficaria aterrorizado ou possuído pela ira? Mas agora era tarde, estavamosa poucos metros de Mecca e seus incontáveis peregrinos. Separarmo-nosse seria muito perigoso e já podiam avistar a Kaaba em toda sua glória. Que Allah (swt) nos acompanhe e os guie. Uma noite uma voz me disse em segredo: Não existe voz que sussurra em segredo na noite! (Haidar Ansari) Então os outros se reúnem e juntos cumprem suas obrigações religiosas. Hasan coloca sua mão no ombro de Khayyam e caminham para próximo da Kaaba e iniciam as circumambulações . Hasan não consegue esconder seu descontentamento, como se estivesse muito insatisfeito. Khayyam quase em êxtase não se atenta para a tristeza de seu tio. Ser um Ahl-i-Batin não é fácil. Exige dedicação, uma vida de renúncias, disciplina e principalmente lealdade para com os Batini. Ao longo de sua vida como Mujahid já foi imbuído de várias tarefas complicadas, de várias missões que discordava, que acha sem sentido. Mas como mago era a primeira vez que recebia uma missão que colocava em conflito “O Mago” com “O ser Humano” que era. Omar Khayyam disse uma vez que há duas Kaabas, uma construída na terra e outra no coração. A da terra é aquela que os peregrinos freqüentam, a outra é o local secreto, que só os buscadores da 142


“Verdade” descobrem. Essa Kaaba ninguém poderá tirar de Khayyam , esse era seu único consolo. Então decide levar seu sobrinho através do sufismo, um caminho místico, ou seja, previlegia a experiência direta de Allah (swt)... Em Meca Khayyam conheceuZaynab que apareceu em meio a uma imagem semelhante ao medalhão de Hasan, mas com aproximadamente 2m de altura, subitamente desenhada na parede que começou a brilhar e como se viesse através desta imagem. Ela era uma mulher alta, esbelta e jovem. Seu rosto possuía contornos delicados, vestia um vestido simples, mas com um belo hijab de seda.

Também conheceu Frei Francisco que apareceu na Kaaba depois de um som agudo, seguido de uma oração em latim. Ele é um homem magro, envelhecido, alto, com uma barba branca, com um cajado que parece mais um tronco de árvore ainda com lascas da casca, com um imenso crucifixo feito de galhos amarrado no pescoço por uma faixa de couro cru bem rústico, com uma túnica branca e um manto amarrotado de lã. Lá. Também, conheceu Jafar. Um homem bem envelhecido, baixa estatura, obeso, barba completamente branca mas muito bem feita,

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com um tarbush5 vermelho e turbante. No dia que ele o conheceu, Jafar adentrou o recinto, parou bem diante do portal, olhou muito seriamente para os presentes, fitou Khayyam como um antiquário a avaliar um valioso jarro de porcelana chinesa. Também naquele dia conhecera dois outros homens. O primeiro de estatura mediana, bem envelhecido, longa barba lisa e grisalha, vestindo um turbante branco, com um manto muito gasto. Tinha o aspecto de cansado, como se carregasse o peso da eternidade nas costas. Olhar duro, insensível, quase cruel; sua tez era muito bronzeada, quase da cor do ébano. Rugas muito evidentes. Suas unhas chamaram-me a atenção, eram alongadas, enegrecidas e imundas, próprio daqueles que moram no deserto e sofrem com a escassez de água limpa. O segundo era jovem, aparentando ter entre 18-23 anos, muito alto, quase 2m de altura, porte físico avantajado, embora também fosse moreno escuro, a pele de seu rosto era lisa, brilhante e bem cuidada. Vestia ricas vestes de seda e um manto de fino linho, alguns anéis de ouro e um colar que ostentava um imenso rubi vermelho vivo que refletia a luz ambiente de forma magnífica. Tinha um ar de superioridade, como de “filho de sultão”, porém melancólico. Tinha uma postura defensiva, bastante atento aos movimentos dos magos, excessivamente cauteloso, sua mão esquerda sempre próxima de uma pequena cimitarra que carregava na cintura. 5

Pequeno chapéu de feltro ou pano, muito usado entre os homens muçumanos.

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Eram Al-Arqam e Asadullah ibn Talib dois Assamitas que pertenciam a um grupo muito especial que não pertencem mais ao monte Alamut e buscam em Al Basit,6 força para resistir à “Sede”. Allah (swt) varre a Jihad de minha alma como um vento forte do deserto. Pois pode pensar-se que exista algo de tal modo que não possa pensar-se que não exista. (Anselmo de Canterbury — Proslogion)

Assim que saí do deserto meu instinto me levou direto de novo à Kaaba. Ao me aproximar daquelas paragens, minhas memórias retornam à primeira vez que vi Meca. Percorri suas ruelas e becos e sentia claramente a energia da quintessência que emanava da Kaaba, um poder impressionante e quase inebriante que emana uma paz e esperança inexplicável, como se Allah (swt) fizesse morada em seu coração... Valendo-se dos meus conhecimentos sobre o "espaço", projeto minha visão mais para

dentro da cidade, pois todo cuidado é pouco já que a “Ordem da Razão” está a cada dia

mais infiltrada e a "Teia da Fé" alertou-nos anteriormente sobre gabrielitas que se infiltraram nas hordas de cruzados e

que

agora se articulam para dominar Jerusalém. Como até mesmo alguns expoentes cientistas islâmicos se tornaram acólicos de artesãos e renomados “scholars”, estudiosos da matemática e trigonometria, agora se 6

Um dos "99 atributos de Allah" que significa "O Magnânimo", “O que Expande”

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associam à maçônicos, a cautela é inprescindivel, pois como uma erva daninha os dedaleanos e seus aliados proliferam desrespeitosamente. Abro meu terceiro olho para ver a áurea das pessoas que transitam pela cidade. Nem mesmo os adormecidos estão indiferentes ao poder da Kaaba. Acho que nunca vi áureas de um branco tão esplêndido, encandeante, ou de um azul tão puro. Almas incendiadas pela beleza de Allah (swt). Infelizmente não tenho mais tempo, preciso me concentrar na minha missão. Que Allah (swt) nos proteja e me dê forças para cumprir com seus desígnios. Anoitecia. Chovera muito. O caminho entre as sebes altas, gotejantes, estava escorregadio e breves rajadas sacudiam as sebes, fazendo pingar as gotas que escorriam; e sopravam na planura deserta que uma e outra tamareira cortava negra e esguedelhada, com os ramos e ramículos retendo um orvalho que o vento esfarrapava. Como um vulto, vou saltitando, evitando a lama e as poças de água, apressava-me pelo caminho adiante. Apoiado a um bordão, os passos certos, como de quem, na noite que descia, distinguiria exatamente onde punha os pés; e o bordão tateava manejado por firmes punhos. Não se via nas redondezas muita gente. E a noite agreste e escura rodeava o vulto que, certo momento, parei. Não levanto, porém, a cabeça para olhar em volta, para perscrutar o horizonte. Repouso um pouco talvez, embora seguro do caminho, senão da noite e da solidão que se confundiam cada vez mais e a perder de vista. Parecia escutar um ruído que se ouvisse além do vento sibilante e súbito, do rumorejar das sebes sacudidas.

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Com o rosto, atento e concentrado, os olhos entreabertos firmados no espaço e um sorriso vago alongava-me os lábios, refundando as comissuras de uma pele castigada pelo sol. Era um longo traje branco que vestia, quase até às sandálias que, nas poças d’água, se distinguiam pouco dos pés. Parecia esperar. Mas quem viria ter com ele ali? Salteadores? Apegado ao bordão, imóvel, com as vestes esvoaçado pelo vento áspero, assim estive um longo tempo, em que a noite quase se cerrou de todo. Escutava e esperava. Não era raro que vozes me falassem. Não era também costume a que me desse, rigoroso nessas matérias incertas. Às vezes acontecia-me que tudo dentro parava, e o meu espírito ficava numa flutuação, como o de Allah (swt) levado sobre as águas. Com efeito, as coisas se passavam de igual modo, pois que, na expectativa em que deslizava imóvel no meu íntimo, não havia qualquer sinal, qualquer objeto, qualquer pensamento. Era como se ao escrever, conservasse de pena levantada sobre o pergaminho, ou, se rezasse, tivesse a sensação de os joelhos não mais estarem pousados no tapete. Uma vez, na mesquita, imenso acanhamento invadira-me, quando ao olhar o velho Yman, e ver que ele não se levantava para ouvir a sallah, lhe toquei, e 147


as vestes desabaram no chão, sem ninguém dentro. E, bem me lembro que apenas me distraíra momentaneamente, absorto na meditação das cópias dos documentos históricos que recebera na véspera. No entanto, sentira perfeitamente o toque na sua manga, e não concebia que não estivesse ali. Quando tudo parava interiormente, era como se ouvisse uma música celeste, sem instrumentos, sem cânticos, mas música. E as vozes, que então escutava, não eram em verdade como vozes. Nada tinham de comum com a leitura mental, caligrafada metodicamente na memória, que ia sendo o seu pensamento, ao escrever meus Tratados e História; nem também com os relâmpagos súbitos, inarticulados, que se faziam palavras em minha boca, nos momentos em que discutia pontos de doutrina com os alunos. Mas ouvia sem dúvida umas vozes. Só que as palavras me pareciam comuns, e mesmo a música de aliterações pressentidas, para significar a plenitude que me invadia. Havia acabado o trabalho de um resumo do Livro dos Amuletos, do príncipe Khalid de Damasco, um árabe, discípulo daquele Mariano de Alexandria, que Adamnan conheciem minha viagem à Terra Santa. Durante esse tempo aderi a causa Mas as perseguições não eram meu forte, e ficava descontente comigo mesmo se me atardava nelas. Aqueles horrores, aquela ignorância mútua, aquela verdadeira aversão pelas belezas da ciência, pelos encantos da Bíblia de que Celso se rira, ou os de Lucrécio e de Vergílio, que o grande papa Gregório abominara, não se casavam com o que ele imaginara que seria uma cristandade virtuosa, inteligente, educada, capaz também de estimar, como ele, os versos de Caedmon, os enigmas de Aldhelm, e mesmo 148


Lucrécio, que Biscop lhe sugerira que lesse, tão ateu, tão materialista! Mas alguém descrevera melhor do que esse pagão a dignidade do sábio, ou a leviandade egoísta do que na praia se sente feliz de não ser aquele que, ao longe, no mar, tenta defender das ondas a precária vida? Agora, já não lia, já não escrevia. E o meu secretário predileto, Egbert, cuja voz era em um latim sonoro como um cristal, e cuja letra não se enganava nunca, fôra mandado para Granada. Mas preparava-se uma grande escola em Granada, os planos iam adiantados, as sementes que lançara não se perderiam. Duraria muito a paz em que o país vivia? Quem poderia prever? A história podia prever os desígnios de Allah (swt)? Esse problema sempre me atormentava. Já uma vez sonhara com Barbastro saqueada e destruída. No sonho, ele levantava-se da sepultura, e arengava os invasores que, pelos chifres dos capacetes, eram piratas do Norte. E os invasores, em gargalhadas que o haviam despertado a suar frio, ameaçavam enterrá-lo vivo. Não chegaria à aldeia, como queria, com dia. O vento aumentava, o que me fez apressar o passo na caminhada que, sem dar por isso, retomei-me a pensar nas viagens de um antigo companheiro. Como me deixara atrasar! Fizesse sol ou chuva, fosse Inverno ou Verão, certo era que dava com ele parado a meio dos campos, nem na aldeia, nem na mesquita, e sem saber se estava perto ou longe. Mas nunca me atrasara tanto. Não devia ter vindo sozinho, nem ter teimado em que não precisava da companhia de um noviço. Era teimoso, muito teimoso, devia rezar para que Allah (swt) lhe perdoasse a teimosia. Tudo orgulho, é claro; a mania de que se é onipotente. 149


Tropeço e caio. Às apalpadelas, procuro o bordão. Não o encontro. O frio, a água, a treva, penetravam-me. Antes que a angústia e a aflição pela aflição que, na mesquita, a minha demora estaria causando me tomassem por completo, ajoelho-me na água, e rezo. Nestas ocasiões rezava sempre um mesmo verso do Corão. Mas, apesar de tudo, não pude deixar de sorrir, interiormente, da desproporção entre o meu caso e o do ministro de Pamplona. Quem iria cortar-lhe a cabeça? Depois de visitar Meca e a Kaaba meu coração se inclina em direção a outra cidade santa: Jesusalém. Meu coração ficou inquieto durante os meses seguintes. Parado em frente a praça da cidade via as pessoas passarem como fantasmas, pois meu coração se encontrava longe dali. A comida perdera o gosto a água tornara-se inssossa: minha peregrinação ainda não terminara. Aquele sonho novamente vinha me perturbando por noites seguidas e as vezes acordava no meio da noite gritando e o coração disparado. Do outro lado da praça, pela janela, fejo uma garotinha brincando. Meu coração torce dentro do peito e uma dor lacinante me atravessa de um lado ao outro. Sinto novamente uma mão tocar meu ombro. A sensação de conforto que experimentei no deserto retorna.

Então sobrinho, porque esse olhar tão perdido e distante? Disse Hassam com um profundo sentimento de compaixão no olhar

O caminho em direção a Jerusalém me trazia conforto ao coração, mas perturbavame a alma. O que será que encontrarei lá? Essa pergunta não me escapava a mente.

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O deserto era reconfortante com suas noites frias ao redor da fogueira e a conversa entre companheiros de viagem. Entre os diversos viajantes na caravana, uma jovem de beleza quase que divina se destacava. Com um sorriso enebriante, cabelos negros como a noite e seus olhos castanhos claros como o damasco maduro. Seu nome era Yursha, filha de uma familia da Turquia. A noite no deserto era fria, por isso nĂŁo se saia muito longe da fogueira no acampamento da caravana

Assalam-u-Alaikum. Cumprimentei a donzela Waalaikum salaam. Respondeu-me cobrindo rapidamente o rosto, deixando a

mostra apenas seus olhos amendoados e de uma beleza de tirar o folego.

Ficamos assim parados, um ao lado do outro sob o olhar atento dos pais da

moça.

A noite no deserto pode ser providencial para percebermos o mundo a nossa

volta, mas naquele momento o meu girava feito satĂŠlite desgovernado ao redor

daquelas orbitas que me fitava de uma maneira desconcertante.

É incrivel a forma como as mulheres sabem deixar um homem sem palavras. Mas meus pensamentos circuvizinhava seu corpo, sentindo o suave cheiro dos

seus perfumes.

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Aquela era a morena, mais formosa, dentre as filhas de Jerusalém, comparável ás tendas de Quedar, e às cortinas de Salomão. Com suas tranças de ouro, marchetadas de pontinhos de prata.

Os dias para chegar ao destino foi passando, o interesse virou desejo, o desejo se tornou amor. Então, com as bençãos de meu tio e dos pais de Yursha nos casamos e lhe roubei o primeiro beijo na noite que nos casamos. Um beijo roubado A caravana chega na cidade, porem não conseguia tirar os olhos daquela obra divina de Allah (swt). A noite depois do jantar resolvo observar a noite e as estrelas com sempre faço, mas uma coisa me tira a atenção. O corpo sinuoso de ondulante de uma jovem de cabelos negros como a noite. Era minha Yursha. Ela percebeu que eu a observava, e sequer fez menção de fechar a janela do quarto A porta se abriu. Ela olha para trás sem virar a cabeça e vê que estou à soleira. Entro, viro-me e fecho a porta. Estava com o olhar firme. Aguardei com a mão na maçaneta, dando a ela tempo de sobra para fazer objeção. Eu estava mais do que nunca parecendo um guerreiro. A postura grandiosa, o corpo rígido, as feições fechadas. As íris negras faiscaram, intensas de desejo.

— Não sabia se você vinha. — Lentamente, ela tirou a tiara que tinha no cabelo e jogou em uma cadeira. — Que bom que veio.

Me forcei a ficar em pé. 152


Ela ainda estava com o mesmo vestido do jantar. O cetim brilhava à luz da lamparina. O tom de esmeraldas líquidas e escuras do vestido fluía pelo corpo dela e o tecido lhe envelopava o corpo como uma segunda pele. Yursha tira os sapatos. De onde estava, vi as pontas dos dedos dos pés dela escapulindo debaixo da barra do vestido. Lentamente, ela baixou as alças dos ombros e levantou os braços.

— Pare. — Pedi em um tom grave e rouco, vibrando com a força controlada. — Tudo bem. — disse ela com uma segurança avassaladora e caminhou

descalça em minha direção com o vestido se agarrando às curvas, cobrindo tudo,

exceto os ombros.

Yursha parou a menos de 15 centímetros de meu corpo. O desejo me sombreava os olhos, que agora exibiam um tom turbulento de verde. Ela me absorveu com seus olhos maliciosos e ardentes.

— Vamos fazer isto juntos. Solto um gemido baixo e sou tomado pelo desejo, tremor após tremor, e assim ela passa a dominar a situação. Ela pega a minha mão direita e leva meus dedos aos seus lábios. Gentilmente, beija cada dobra dos dedos, beijos leves como borboletas que o fizeram apertar a mão e retesar o corpo. Rindo maliciosamente, ela pegou o dedo médio dele e o esticou. O

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verde de seus olhos ganhou um tom maliciosamente sombrio quando ela introduziu meu dedo na boca, lambendo-o por inteiro, sugando, brincando, mordiscando. O desejo se derramou sobre mim como lava, invadindo-me as veias e quase o fazendo-me cair de joelhos.

— Pronto? Sem esperar resposta, ela levou os dedos ao coração e ela pegou minhas duas mãos e as colocou sobre os seios. Meus polegares roçam seus mamilos, duros e lisos sob o cetim. Ela solta um suspiro profundo e os seios incharam. Como se dotadas de vontade própria, minhas mãos lhe desceram o corpo vagarosamente, tirando o vestido de cetim da pele sedosa. Usando as dobras dos dedos, traço o contorno de suas costelas, das laterais, da delicada concavidade onde se encontravam o quadril e as coxas. Com um só puxão usando o polegar, faço o tecido fino cair aos pés dela junto com o vestido. Yursha oscila o corpo, chegando mais perto, e o domínio da situação se reverte novamente. Insatisfeito com a distância entre nós, desço o braço até seu traseiro e a levanto, apertando-a contra o peito.

— Você ainda está de roupa — sussurra ela enquanto envolvia meu pescoço

com seus braços e mergulhava os dedos em meus cabelos grossos.

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Sem pensar, abocanho um dos mamilos e sugo-o até ela ronronar de tanto prazer. De repente, ela se solta e escorrega por meu corpo abaixo, curvando-se quando minhas mãos lhe acariciaram da base da espinha ao ponto sensível entre as omoplatas.

— Minha vez agora. Ela diz e um por um, ela foi abrindo os botões de minha tunica e largando beijos na pele firme. Ela então tirou minha túnica pelos ombros, parando apenas ao alcançar meus pulsos.

— Não — sussurrei com a voz rouca de excitação. — Shh... Ela me cala beijando-me os lábios graciosamente, e sinto seu hálito doce na boca. Então ela puxou e minha camisa foi ao chão. Ela me beijou o queixo. Deslizou os lábios pela clavícula e eu a seguro pela nuca e meus dedos lhe adentraram as madeixas pesadas que batiam nos ombros. As pontas dos cabelos me roçam o peito enquanto ela passava os lábios em meu mamilo marrom e liso, parando só um pouquinho para brincar mais antes de prosseguir. Lentamente, ela beijou o músculo rígido entre meu pescoço e o ombro. Esperei, prendendo a respiração. Nas pontas dos pés, ela deu a volta e foi para trás dele, largando um rastro de beijos levíssimos em ambas as extremidades dos ombros e na nuca.

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As mãos de Yursha foram subindo por meus braços, segurando-me com força enquanto ela apertava seu peito contras minhas costas. Solto um leve grunido sentindo o doce prazer que me atingiu. Fazia muito tempo que minhas cicatrizes não sentiam outro toque além do toque do tecido das roupas que vestia. Com os lábios e os dedos, Yursha acariciou cada reentrância, deixando sua marca, afastando os demônios de vez. Finalmente, não aguentei mais. Viro meu corpo, coloco o braço debaixo das pernas dela e a levanto. Embalo-a novamente junto ao peito. Minha boca encontrou a dela em um longo e doce beijo que deixou a ambos sem fôlego. Com uma gentileza da qual ela jamais imaginou que eu fosse capaz, a coloquei no meio da cama e ela se apoiou sobre um cotovelo, os olhos pesados de desejo, observando me despir. Yursha viu os músculos firmes que formavam seu físico, fruto ds lutas que costantemente travara no passado. As coxas rijas, o peito bem esculpido. Mas foi o desejo em meus olhos escuros que a fez levantar os braços. Me inclino sobre ela e a aperto sobre o colchão, carimbando meu corpo contra o dela. Como ela acabara de fazer minutos antes. Cavei fundo dentro de mim para encontrar uma ternura que não me permitia usar fazia muito tempo. Uma ternura que ela precisava sentir tanto quanto eu precisava dar. Como se lendo meus pensamentos, Yursha abriu as pernas, encaixando-me no vértice úmido entre elas e um gemido grave brotou do fundo do meu peito. O tom indicava uma emoção tamanha que ameaçava partir meu coração. Sarah me puxou os cabelos, empurrando-lhe a boca para baixo, para sua boca. Eu a beijei primeiro lentamente, deixando o desejo crescer até nossas bocas se moverem juntas. Selvagens. Eróticas. 156


Minha mão desceu, adentrando o triângulo entre as pernas e senti o calor na palma da mão. Com o polegar, fazia movimentos circulares gentis até ela começar a balançar o corpo, querendo mais. Yursha começou a massagear os músculos tensos de minhas costas, acariciando a pele trêmula e suada até o prazer imenso explodir na base de minha espinha e todos os nervos de meu corpo gritarem, pedindo libertação. Ela tremeu sob meu corpo e sua respiração começou a ficar entrecortada enquanto lutava para controlar o maremoto que ameaçava derrubar o controle de ambos. Eu a adentrei de uma só vez e fiquei olhando o verde de seus olhos perdendo o foco para o prazer. Nossos movimentos se coadunaram e encontrei a ternura que temia encontrar: ela estava em cada investida fluente e macia. Pela última vez o domínio da relação foi trocado novamente, mas agora nenhum de nós estava dominando e nem nos importavamos com isto. A liberdade compensava. Fomos com tudo até o limite, explodindo sobre o controle. Agarrados um ao outro, caíram num abismo tranquilo... onde só nós existíamos. Chegada em Jerusalém Yursha seguiu com seus pais para Nashipur onde eu a reecontraria, depois de tratar de negócios na Cidade Santa. Prossiguimos como planejado em direção a Jerusalém. As grandes dunas de areia são atravessadas de novo, e siguimos uma trilha principal que não pode ser confundida. O terreno eleva-se cada vez mais, seguindo uma longa cadeia de montanhas, com vales profundos e largos de cada lado, em cujos recessos vêem se muitas silhuetas de montanhas, sendo especialmente Zion à frente. A cidadela é avistada muito antes que eu a alcance. Suas longas rua de casas brancas 157


fica situada proeminentemente sobre um morro alto, cercado de vales fundos e de morros mais altos e cadeias de montanhas. A estrada desce da região alta que eu tinha atravessado, cruza um vale e sobe por uma montanha larga e íngreme, com casas separadas, casebres e ranchos de cada lado. Chegando ao topo, ela se une a outra estrada em ângulo reto, com filas de casas de porta e janela amontoadas. A cidade encerra em seu recinto quatro colinas, que são como outros tantos movimentos do terreno, através da extensão da cidade; o Moriah onde a mesquita de Omar ocupa uma porção do edifício do templo de Salomão, o Gólgota, sobre o qual se eleva a igreja da Ressurreição, o Bezetha, o Acra. Somente uma metade do monte Zion está encerrada nos muros de Jerusalém, do lado do sul. No tempo dos reis hebreus a Cidade Santa tinha maior extensão; na época de sua reconstrução por Adriano depois das desgraças da conquista perdeu sua antiga muralha ao sul, a oeste e ao norte. O monte das Oliveiras domina Jerusalém do lado do oriente; entre o monte e a cidade, o vale de Josafat se apresenta como um grande barranco no fundo do qual está a torrente de Cedron. Com Jerusalém, sob a domínio muçulmanos, excitava continuamente a ambição dos conquistadores e cada dia novos inimigos disputavam-lhe a posse, não se haviam descuidado de fortificá-la. Ha diversas vendas e armazéns de secos e molhados e ranchos abertos para cáfilas. Em todos os espaços abertos há manchas de um capim seco e mato rasteiro, onde foram jogados toras de madeira, pilhas de pedras ou pedras trabalhadas para construções que jamais serão terminadas. Uns poucos nômades, em seus animais esquálidos e usando a inevitável indumentária do deserto; umas poucas mulheres e 158


mercadores, apregoando frutas ou doces em tabuleiros; uns poucos vadios nas vendas e armazéns; algumas cabeças nas janelas assistindo apáticas a cena para a qual passam diariamente horas olhando e os numerosas cabras, porcos, bodes, cachorros, galinhas, perus e galinhas d'angola na rua constituem a restrita vida presente nesta vila sonolenta que antecede a chegada à grande Santa Cidade Santa. Uma esplanada coberta de oliveiras estende-se onde, o terreno apresenta uma superfície unida que estendia-se entre a gruta de Jeremias e os sepulcros dos reis. Via diante de mim a porta chamada de Damasco e a pequena porta de Herodes.Mais que tudo não podia afastar meus olhos da Cidade Santa e lamentava o estado de rebaixamento em que ela tinha caído. Outrora, tão soberba parecia sepultada em suas próprias ruínas e podia-se então, para nos servirmos de palavras de José, perguntar em Jerusalém mesma, onde estava Jerusalém. Com suas casas quadradas, sem janelas, encimadas por um terraço plano, ela se oferecia aos olhos como uma massa enorme de pedras fincada entre os rochedos. Viam-se, cá e lá no seu interior, alguns ciprestes, palmeiras, entre as quais erguiam-se campanários, no bairro dos cristãos e mesquitas, no dos mulçumanos. Nos vales e nos outeiros próximos da cidade, que as antigas tradições representavam cobertas de jardins e de bosques, mal cresciam oliveiras esparsas e arbustos espinhosos. O aspecto desses campos estéreis, desses rochedos fendidos, desse solo pedregoso e avermelhado, dessa natureza, queimada pelo sol, apresentava por toda a parte, aos peregrinos a imagem de luto e misturava uma tristeza sombria aos seus sentimentos religiosos. Parecia-lhes ouvir a voz dos profetas que tinham anunciado a 159


escravidão e as desgraças da cidade de Deus, e, no auge de sua devoção, eles se julgavam chamados para restitui-lhe o brilho e o esplendor. Fomos para uma região na periferia da cidade onde indicaram-me uma casa grande e nova perto da junção da rua com uma praça, construída em alinhamento com as casas adjacentes; ela ainda não foi caiada, e suas paredes nuas, marrons do reboco seco, parecem tudo menos confortáveis. Há três janelas e uma porta ocupando a fachada; uma cerca do lado encerra um pequeno amontoado em desordem de arvores frutíferas, mato e sarça, e se estende por uma pequena extensão pelo vale lá atrás. Dentro, umas poucas escrivaninhas e mesas e cadeiras foram feitas ou tomadas de empréstimo, e em volta há uma confusão de rolos de papel, maletas, selas e arreios, roupas, botas, instrumentos científicos, caixas de provisões, caixas de beberes, camas de campanha, palha e lixo em geral. Este e o quartel-general. Logo após minha chegada, sigo com meu tio até a casa de um antigo conhecido da Ordem, o alquimista da vila, que nos fornece a refeição em uma salinha nos fundos de sua casa; um arranjo temporário enquanto se aguarda a chegada das provisões e da bagagem nos há tanto esperados camelos. O Senhor Tufik, o boticário, e um indivíduo de aparência agradável e inofensiva, com cerca de trinta e cinco anos, aparentemente assolado pela praga de uma família numerosa de crianças barulhentas, agitadas e uma esposa rabugenta, pois tem um jeito atormentado e sorri tristemente quando falam com ele. É evidente que ele cresceu na estima de seus vizinhos por manter em sua propriedade o espetáculo gratuito de estrangeiros comendo. Havia um grupo de vagabundos diante de sua porta, evidentemente esperando por nós, exatamente como as 160


pessoas que se agrupam diante da jaula dos carnívoros nos circos para ver os leões serem alimentados, pois quando entramos na casa, todos nos seguiram para o interior sujo dela e procuraram os melhores lugares para se sentarem ou se encostarem; lá nos cercaram - uma falange de olhar fixo em nós - com os turbantes na cabeça, mãos na cintura, encarando sem piscar, interrompidos apenas por freqüentes expectorações e, as vezes, nem assim. Sentamo-nos para um suprimento farto de compostos gordurosos e irreconhecíveis postas de carne carbonizadas. Perguntei ao Sr. Tufik se esses visitantes o honravam com sua presença todo dia.

Oh, sim; todo dia. Respondeu Porque você não pede a alguma autoridade que o livre deste pesadelo?

Perguntei

Eu já lhes pedi para manterem-se afastados, mas não adiantou. O fato era que o Tufik não desejava diminuir seu séquito de admiradores. Este homem e um personagem curioso: ele esteve durante muitos anos a bordo de navios estrangeiros - seu latim e naturalmente, em conseqüência disto, deveras naval; ele não pode pronunciar uma frase sem o uso generoso de adjetivos fortes e profanos, mais notáveis por sua originalidade do que pela adequação. Ele tem uma grande fluência verbal e uma noção vívida de sua própria importância. Posso ver claramente pela maneira como é tratado por vários habitantes que ele é sem duvida considerado uma pessoa de posição elevada. 161


Quando passamos por Jericó, o magister estava ausente. Meu tio foi visitar um magnata local, um certo Sheik, para o qual trouxera cartas de apresentação; lá, para seu espanto, encontrou o Magister na maior sem-cerimônia tomando café com a família, a quem ele tinha se apresentado como um importante membro da expedição e, como tal, fizera-lhes uma visita, e, é claro, na qualidade de peregrino, tomou um cuidado especial para não desfazer o engano das boas pessoas. À mesa ele nos informa agora que "um daqueles camelos esta doente de novo."

Após o jantar, solicito ao estalajeiro que garanta um pouco mais de privacidade em seu

estabelecimento. Ele demonstra surpresa diante deste pedido, dizendo que "o povo e

muito manso" e que "é costume deles visitar a gente de fora", mas que, se não nos agradam, tentará segurá-los lá fora. Eles são inofensivos como os tuaregs broncos, todavia um viajante que toma sua refeição em uma estalagem se sentiria muito desagradavelmente situado se o mesmo individuo invadisse o recinto da sala de café como nossos visitantes; mas, por outro lado, é preciso lembrar que aqui somos alienígenas em um pais estrangeiro, onde, se certos hábitos do povo parecem estranhos e desagradáveis para nós, as

inconveniências devem ser suportadas com paciência, ou, se não podemos fazê-lo, melhor seria que tivéssemos permanecido em nossa terra. Essas pessoas não tinham a intençãao de ofender e nunca imaginaram que estavam sendo intrometidas, ou que sua presença pudesse não ser aceitável. Não consigo coletar informações históricas sobre esta vila, pois a maior parte dos acontecimentos da história local ocorreu em uma ampla zona que se estende para o 162


sudoeste. Não ha prédios muito velhos na vila, mesmo a mesquita ainda não tem 300 anos de idade. Suas amplas ruas se alastram por uma grande extensão; do topo do morro, uma delas segue por quase uma milha em direção á fonte de água que a abastece; a metade final sendo uma série de casas destacadas, cada uma erguendo-se em meio ao seu próprio amontoado de palmeiras e árvores de damascos; não há qualquer tentativa de se cultivarem jardins ou fazerem cercas bem acabadas e em ordem, ou sebes, ou alamedas. Paralela a esta longa rua, cerca de trezentas jardas distante em direção ao sul, fica um poço que abastece o povoado. Em muitas casas ha teares rústicos para tecer o linho em tecido grosseiro, que e largamente usado pelos habitantes para fazer túnicas, turbantes e outras confecções e que é mesmo excelentemente macio, fresco e forte para a confecção desses artigos. Há também umas poucas lojas para fabricação de instrumentos musicais nativos, ferreiros para fazer pregos, principalmente, alem de uns poucos artesãos, como pintores, pedreiros, carpinteiros - o ultimo e em geral um sujeito habilidoso, pois fará desde estruturas rústicas, ou trabalhos de marcenaria, uma porta ou uma arca, uma janela, até a construção de uma casa ou ponte. As duas ruas principais formam um T. a intersecção sendo o topo do morro. As casas são todas térreas, construídas de adobe ou tijolos secos ao sol; algumas são caiadas, outras não; todas tem janelas, e a maior parte esta enodoada pela ação do tempo e exibe grandes manchas de adobe marrom exposto pelo reboco e caiação despencados, e são em geral decadentes e desleixadas. Há dois ou três armazéns de mercadorias secas de bom tamanho, de propriedade de judeus; estes homens são bastante prósperos 163


- quer dizer, em comparação com seus vizinhos. A mesquita está em condição tolerável, e dentro dela não há mais de seis cores diferentes. Durante a primeira parte da tarde, diversos dos principais habitantes visitam Tufik ou o Rabi, como o denominam; eles são bem intencionados, mas efusivos em seus protestos de afeição e disposição para ajudar, entretanto devem achar enfadonho conversar por intermédio de Tufik. Algumas de suas traduções são muito engraçadas. 28 de fevereiro Acompanhado por um Senhor Isaak, parti por volta das dez da manhã para uma certa região, a dezesseis milhas de distância, onde disseram-me que eu poderia conseguir aposentos para minha residência durante a estadia por lá. Um dia de verão claro, ensolarado e cheio de brisas saudou-nos quando começamos a descida do alto da vila; em volta do morro há vales com rochas velhas e novas, para além das quais há montanhas e montanhas, grandes e pequenas. A descida é dura e íngreme; a estrada tem 100 pés de largura, mas e cheia de buracos fundos, blocos de pedra, toras de madeira, varias citaras soam nas casas - os habitantes espiam curiosos quando passamos; ao fundo há uns poucos ranchos, alguns vazios, outros com cáfilas de camêlos, onde os homens estão consertando rédeas e os arrieiros. 164


Esses nomades são gente muito animada, estão sempre cantando suas canções. Agora subimos um longo morro por uma longa estrada acidentada de terra vermelho-fogo; chegando ao topo e olhando para trás, obtemos uma vista encantadora e pitoresca da vila e região circunvizinha. As areias do deserto estão luzindo ao sol; as casas brancas da vila, e os diferentes tons dos morros e serras ao fundo, com o céu claro e limpo no alto, e os morros, as casas, as pedras e as arvores, brilhando na luz radiante, formam uma imagem vívida e esplêndida de forma e cor. Todos os detalhes estão definidos e as sombras das nuvens que passam caem aqui e ali sobre montes e vales, deslizando pelas encostas, cruzando os vales e ascendendo outros montes, dando suavidade e vida a cena. Prosseguindo, logo entramos por uma longa extensão que percorre milhas e onde muitas outras estradas se ramificam a partir da nossa e intrigariam terrivelmente um estranho, pois não há tabuletas amigas indicando o caminho; nenhum mapa da região pode ser obtido, mas Isaak poupa-me muita especulação. Finalmente chegamos a nosso destino, sem que tenhamos passado por uma única habitação desde que deixamos a vila. No oásis fica um pequeno palacete, é uma velha relíquia de tempos passados, mais prósperos. Ha uma casa grande, amplas construções adjuntas, mas tudo é velho, dilapidado e em ruínas; há um ar de solidão nela, que é tudo, menos animador, mas sua posição é conveniente para uma residência provisória, e isto basta. Isaak bate palmas e grita "Assalam-u-Alaikum"; ele tem de repetir varias vezes antes que um homem, grenhudo e desleixado apareça a porta e pergunte "O que e?" Isaak o cumprimenta como Muhamed, pergunta-lhe como vai indo e como vai a 165


família, e passa a explicar a natureza das minhas necessidades. Muhamed permanece o tempo todo com os olhos pregados em mim, como se eu fosse um ser de outro mundo. Entretanto, depois de um tempo, a coisa foi melhorando e seguiu-se o seguinte dialogo.

Allah (swt) Uakbar! Não sei o que fazer. Quantos cômodos o senhor quer? Preciso de dois; mas se o senhor não puder arranjar dois, eu me contentarei

com um. – Lhe respondi

“Por Allah! Nao sei o que fazer." (Depois de uma pausa, ele abre a porta que

dá para o interior enegrecido de uma sala, na extremidade da varanda da casa.)

Este aqui serve? – Me perguntou

Se o senhor não tiver um melhor, sim; mas quero que ele seja esvaziado, limpo e caiado. – Respondi

(Ele olhou para mim com surpresa, como se dissesse, ora, você e um homem muito esquisito.)

Bem, supondo que eu pague para que este cômodo se torne habitável, quanto

você cobraria pelo aluguel, serviço e comida? – Continuei Ora! Comida para ele - para ele! Ora! – Ele pensou

(Ele coça a cabeça e fica imerso em profunda reflexão); finalmente diz que preferia que eu arranjasse um cozinheiro. Explico que quero estar livre de toda preocupação desse tipo, e que qualquer cozinheiro que eu pudesse obter teria apenas de 166


providenciar o material habitual e prepará-lo conforme o uso da terra, como ele já estava habituado. Mais uma vez o homem delibera profundamente, depois, dizendo que vai consultar sua esposa, retira-se para dentro de casa, deixando-nos ainda do lado de fora. Depois de alguma demora, ele volta, parecendo ainda mais indeciso.

Quantos outros virão? – Inquiriu Muhamed curioso Eu peço apenas que providencie para mim. – Expliquei Mas, "com um grunhido", você vai comer demais. – Ele falou Meu amigo, confesso que tenho um apetite muito saudável, mas não acredito que exceda o de qualquer matuto comum. – Falei de forma o mais cortês possível.

Ele olha incrédulo, hesita, coça a cabeça, medita profundamente e, depois, levantando os olhos de súbito, aponta para uma velha, lúgubre construção abandonada quase desabando; não há portas nas janelas, as portas se apóiam nas paredes do lado de fora quando existem, o interior e freqüentado lagartos cinzentos. Olhei para ele para verificar se estaria brincando, mas não há um átomo de humor naquela face apática.

Não, eu quero o cômodo que o senhor me mostrou primeiro, e como está ficando

tarde, por favor, diga-me, o mais depressa possível, sim ou não, e quanto o senhor pede por ele. – Disse ao homem

Ora! não tenha tanta pressa; você deixa a gente agitado; quantos vem com você,

mesmo? – Perguntou

167


Só eu. – Respondi (Repeti novamente o que desejava, com toda a precisão e expliquei-Ihe qual seria a despesa provável, mas ele só parecia cada vez mais confuso e tornou a se retirar para uma consulta. Quando saiu, propôs um outro cômodo melhor, o qual aprovei; depois parou para pensar e lembrou-se de que não poderia cedê-lo.)

Muito bem, deixe-me tomar o outro, então. – Falei Oh, não consigo me decidir; você tem certeza de que aqueles lá fora não servem? – O homem me disse

E claro que não; diga logo quanto você quer pelo primeiro. – Respondi Ora! homem! você vai querer pelo menos quatro aves por dia. – Disse

Muhamed

Não, não creio que daria conta disso tudo; já expliquei ao senhor do que é que

eu necessito. – Respondi

Mas a lentilha e tão cara. – Retrucou Muhamed Não importa. – Disse a ele E depois o senhor vai querer pão. – Disse Muhamed com semblante preocupado

Não, não vou. – Retruquei 168


Agora não e época de legumes. – Ele falou Não tem importância. Quanto? – Falei começando a ficar irritado Você não vai gostar da comida e... Quanto? – Já sem paciencia Nós não entendemos a sua... Quanto? – Já visivelmente irritado Eu não sei o que fazer e... Quanto? – com o rosto vermelho de raiva Ora! diabo, homem! deixe a pessoa falar; bem, eu irei até a vila amanhã e Ihe

darei uma resposta. – Disse Muhamed de forma assertiva

Muito bem, se você quer fazer uma viagem desnecessária de dezesseis milhas,

quando poderia dar-me uma resposta agora mesmo. – Retruquei – Adeus! ate

amanha.

O sol está baixo no horizonte, e temos uma longa estrada escura pela frente. Isaak aponta para uma tempestade de areia sobre os picos distantes e diz que teremos um temporal antes que possamos chegar; portanto tocamos os animais a passo acelerado. Esta quente e abafado, não há um sopro de ar, as folhas dos topos das palmeiras estão imóveis na calmaria antes da tempestade. O velho camelo evidentemente não se 169


recuperou de sua doença de dois dias atrás, pois vai ficando preguiçoso e responde com grunhidos a aplicação da vara, anda cada vez mais devagar, a medida que a estrada vai ficando mais e mais escura; por sorte, assim que as luzes esmaecestes do dia desaparecem, chegamos ao topo de um monte e vemos as casas da vila à distancia; mais além, vemos o fundo da paisagem já envolto em nevoa escura, e densas massas areia estão se deslocando em fios longos, largos e oblíquos; o silvo do vento já reboa e suas golfadas sopram em nossas faces, as nuvens de poeira se espalham sobre nossas cabeças, ouve-se um rugido distante - ela se aproxima rapidamente -, uma terrível escuridão - um ensurdecedor estrepito da artilharia celeste -, uma rajada violenta de vento, um rugido, e a tempestade esta sobre nós; a escuridão cai simultaneamente e a estrada fica imersa na obscuridade circundante. Agora temos de confiar na sagacidade dos camelos que trilham seu caminho sem erro. Lá vamos nos em frente, na escuridão, para onde, é impossível dizer. A descida do morro e os minutos parecem horas; seguimos chapinhando. Freqüentemente, a sela desaparece sob mim, quando o camelo tropeça em uma vala ou buraco fundos. Agora estamos no sopé da montanha. Grito para Isaak, perguntando onde estamos, mas mal posso ouvi-lo em meio ao alarido e a fúria do vento. Não posso ver minha mão a duas polegadas de meu rosto, mas ainda assim o camelo prossegue sem parar; as rédeas só tem utilidade para ajudá-loa quando se afunda nos numerosos buracos. Parece um tempo interminável, mas finalmente começamos a subir o que parece uma pequena estrada e o camelo como um navio em uma tempestade, navegando tanto com vento de proa como de costado, rola de cá para lá, da guinadas para a frente, depois sobe os 170


degraus. Certamente estamos em meio a arrebentação, pois um farol aparece com uma luz constante. Não, e algum bom samaritano em uma casa a beira da estrada, mostrando-nos uma luz, pois eles ouvem o som dos viajantes que passam; agora outras luzes aparecem em outras portas com o mesmo objetivo; elas são suficientes para mostrar que nós ainda estamos em terra, embora eu estivesse antes completamente a deriva quanto ao meu paradeiro. Reconheço que estamos subindo a rua principal da vila e agora se pode perceber como uma estrada destas pode criar tais valas e buracos. Finalmente chegamos em casa cansados, doloridos e famintos, para descobrir que meu generoso anfitrião não providenciou qualquer jantar ou ceia para mim. Atravesso pesadamente a rua escura e acordo Tufik. Ainda não são oito horas da noite, mas ele e a família já estão todos deitados; entretanto os brados imperativos da natureza tornam o homem inconsiderado, e o gentil Magister abre uma janela, quando então sua luz se apaga imediatamente.

Quem e? grita ele. Khayyam morrendo de fome. Ele abre a porta e acende outra luz.

Ora! Senhor Khayyam, o que e que o senhor está fazendo aqui a esta hora da

noite?

Senhor Tufik, se o senhor não me arrumar alguma coisa de comer

imediatamente, as conseqüências serão serias. Estou gelado, faminto e

cansado. Respondi

171


Pão, damascos e vinho são retiradas de entre as prateleiras de sua oficina, e ele expressa seu pesar por Hassan não ter lhe dito para deixar alguma coisa para mim, pois ele não sabia que meu retorno era esperado. 1º de março Sábado de manha. Realmente a vila apresenta uma certa aparência respeitável de sábado . A tempestade passou há muito, o dia está claro e cintilante, há um cheiro de frescor no ar e o lugar parece mais limpo. Há um movimento inusitado nas ruas, pois em lugar da aparência deserta habitual, elas agora são animadas por grupos vestidos com suas melhores roupas, que vem à mesquita para as orações matinais; eles vem camelo, cavalo, sós ou de garupa, a mulher montada atrás do homem, ou vem a pé; muitas das mulheres trajam a típica e antiquada capa preta, que dá a velhas e jovens a mesma aparência de anciãs; os homens estão todos vestidos com asseio, com túnicas de linho claro ou pretos. Muitos vieram a pé de distancias consideráveis. Ao se observarem os rostos dos que passam, muitas expressões boas, saudáveis, honestas e simples são vistas; mas também muitos semblantes pálidos, cabelos longos e grudados, untados com sebo derretido, a tez denotando dispepsia causada pelo consumo excessivo de alimentos gordurosos e indigestos, excesso de fumo, de bebida e de vida ociosa; mas alguns são sujeitos joviais e vigorosos. Muitos se dirigem para as casas de amigos, as mulheres todas desaparecem na mesquita ou casas adentro, os homens se agrupam nos armazéns e vendas que estão sempre abertos todos os dias. O chamado para a oração matinal ressoa e os devotos se reúnem; as mulheres ocupam o interior num espaço reservdo somente a elas e se acocoram sobre o chão ladrilhado, os 172


homens se congregam no centro em cima de um grande tapete. Um velho sheik entoa o serviço com sua voz nasalada de taquara rachada, mas é tudo bem organizado, e talvez conduzido com mais sinceridade do que muitos ofícios nas cidadelas maiores. Acabada as orações, alguns vão para casa, outros vão visitar amigos da vila. Afinal de contas, que benção deve ser esta pequena mudança para as pobres mulheres, trancadas como elas vivem, sem qualquer comunicação com estranhos e enterradas em tanta solidão do deserto! Quando voltei, encontrei Muhamed esperando por mim, naturalmente com o turbante na cabeça.

Como e, Senhor Muhamed, tomou uma decisão? Perguntei incisivamente Ele recomeçou com uma serie de objeções e dificuldades, que eu interrompi imediatamente, informando-lhe que, como eu tinha alguns manuscritos para examinar, não estava com nenhuma pressa, mas que, quando ele estivesse certo de sua resposta, viesse me participar. Ele permaneceu em perfeito silêncio por bem um quarto de hora, as mãos inquietas mexendo aqui e ali, alternadamente coçando a cabeça e olhando para mim; por fim ele disse:

Senhor! Como é, esta pronto? – Respondi olhando-o por cima dos pergaminhos Eu andei pensando nesta questão. – Disse mais calmo E evidente - e dai? – Lhe perguntei 173


Acho que o senhor devia pagar 4 peças de prata por mês. – Me disse O que? 4 peças por mês? Ora, você nunca viu tanto dinheiro em sua vida! – Falei-lhe levantando imediatamente da cadeira

Pode ser que não; mas eu sou um homem pobre, e dinheiro não e problema para

o senhor - dá na mesma se tiver de pagar 1 ou 4. – Respondeu

O Senhor Muhamed logo partiu mais triste e mais sábio do que chegara, talvez pensando em como eram mesmo misteriosos os costumes desses Batini. Ao jantar, Tufik nos livrara de nossos visitantes, e comemos em paz. Ele então me falou de outra localidade, a seis milhas de distância, onde achava que eu poderia obter acomodações confortáveis, e prometeu ir ate lá comigo na manha seguinte. Ficou combinado, e partimos no dia seguinte a sua procura; ao passar pelos morros e vales que atravessáramos na escuridão de sábado à noite, não pude deixar de sentir admiração pela inteligência ou instinto do camelo, pois achei a estrada péssima já á luz do dia, especialmente uma ponte cheia de buracos sobre uma fenda. Um trote agradável por duas ou três cadeias de montes, que correm paralelamente ao curso da estrada, levou-me finalmente a outro oasis com uma bela casa de aparência confortável às margens de um lago. A casa e outras construções eram todas velhas, mas em boas condições. Sob uma varanda em frente a casa, encontrei um velho forte, saudável e vigoroso, porem reservado, de cerca de 65 anos de idade. Ele imediatamente nos convidou a desmontar, e quando lhe expliquei o que queria, chamou sua esposa e depois de 174


deliberarem juntos, eles me mostraram um cômodo agradável no interior da casa, prometeram mandar limpa-lo e caiá-lo e fornecer-me alimentação e roupa lavada por 4 peças de prata por mês. Fiquei bastante satisfeito e contente com o arranjo e decidi ficar e providenciar para que os defeitos, estragos e deteriorações fossem reparados imediatamente, embora até minha bagagem de estrada estivessem no bairro mulçumano no centro de Jerusalém. Requisitei a Tufik que mandasse vir Isaak imediatamente, pois ele estava disposto a ficar a meu serviço. Três núbios foram também contratados do meu senhorio, Senhor Amin, a 3 peças de prata por mês cada, os quais foram postos incontinenti a trabalhar no meu quarto. Todos os moradores se reuniram para assistir a cena inusitada de uma boa faxina; os núbios criaram alento e trabalharam bem, e ao por-do-sol, o quarto estava limpo e reformado; móveis singelos foram colocados nele e pude contemplar o que seria o meu lar por varias semanas. A noitinha chegou meu novo empregado, Isaak, trazendo sua provisão por uma semana. Acho que foi um bom negócio contratar este homem; ele é particularmente bem apessoado, com cerca de vinte e cinco anos; seus modos são muito cativantes e corteses; ele e esbelto, gracioso, ativo e vigoroso, e, durante todo o tempo em que permaneceu comigo, achei-o perfeitamente confiável e fidedigno, e nem uma vez furtou-se a suas obrigações. Depois de uma conversa com o Yman local decidi passar em Nashipur por um tempo e depois teria que seguir para Espanha em Huesca e Barbastro, isto aconteceria no ano de 1061. Durante esse tempo negócios me fariam ir e vir entre Espanha, Itália e Nashipur até o fatídico mês de Junho de 1064,

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quando houve a tomada de Barbastro pela Cruzada dos cavaleiros incitada pelo Papa Alejandro II 1062 – Mujahid (Um Nizarin?) Não posso identificar nem dar detalhes do amigo que me salvou de falecer na porta de uma mesquita em Barbastro para não comprometê-lo

em

suas

atividades. Apenas posso dizer que era um membro importante da resistência otomana e ex-oficial da Inteligência de Kilij Arslan. Apenas chamo-o pelo nome fictício de Fadil, que significa “generoso”. Quando encontrou-me, Fadil acompanhava uma velha amiga, que passava por Jerusalém. Os dois ouviram-me pedir ajuda em “farsi”7 e decidiram levar-me a um médico. Mas Fadil ficou curioso e, como estava hospedado próximo, decidiu acompanhar o caso e creio que havia percebido minha situação pelas cicatrizes que os grilhões lhe deixaram nos pulsos e nas canelas – o que abria-lhe a possibilidade de que eu fosse membro da resistência otomana e para evitar procedimentos legais destinados a não documentados, suspeitos e indigentes, declarou-se amigo da família e forneceu ao médico dados falsos que me identificava

7

O Farsi (‫یف ارس‬, Fārsi, AFI: [fɒːɾˈsi]), também conhecido como parse, fársi ou pársi, é uma língua pertencente ao ramo indoiraniano das línguas indo-europeias.

176


como cidadão de Jerusalém. Os médicos, ao examinarem-me, puderam diagnosticar o meu sofrido passado e queriam informar as autoridades. Fadil convenceu-os de esperar-me recobrar os sentidos antes de fazê-lo, e eles concordaram. Acabei despertando depois de quase dois dias em que ficara desacordado. Naquele

momento,

a

movimentação era atípica e nervosa, por causa de um tumulto nas proximidades e muitos feridos foram levados para lá. Fadil aproveitou para me tirar de lá. Comprou ali por perto roupas mais adequadas e um turbante, e os levou até mim. Ajudado por Fadil, sai do hospital em meio ao tumulto do acidente, sem que ninguém nos abordasse. Passamos onde Fadil estava hospedado para apanhar a sua bagagem e seguimos para Bagdá. Fui instruído para fingir-me de surdo-mudo durante a viagem e que Fadil respondia por mim. A caravana não tinha muitas pessoas, então ficamos distante dos demais para conversarmos sem sermos ouvidos. Fadil era experiente em tais situações, além de muito cuidadoso com os detalhes. - Em Bagdá – disse-me Fadil – você estará mais seguro do que em Jerusalém, que é uma cidade totalmente controlada por Gabrielitas. De lá, será mais fácil repatriálo com segurança. 177


Eu, porém, coloquei objeções a este último projeto. Não queria retornar, estava mutilado física e espiritualmente, para sempre, e já tinha tomado a decisão irrevogável de morrer, ou, se possível, matar-me. Ele tentou demover-me da idéia e, para me convencer, inventou que ouvira dos médicos que me examinaram que me restava pouco tempo de vida, no máximo um ano, e isto se se mantivesse sob cuidados médicos e hospitalares de boa qualidade e que deveria aproveitar esse pouco tempo e o compartilhar com meus entes queridos. Agradecí o apoio, mas contraargumentei que só levaria mais sofrimento e tristeza a tais pessoas. Além disso, sentia-me profundamente humilhado e absolutamente incapaz de encarar qualquer uma delas. Contei o que me passou desde que saíra de Meca e, muitas vezes aos prantos, as torturas de que fora vítima inocente. Fora vítima das táticas dos Gabrielitas em violentarem um corpo por todas as maneiras possíveis, mas o esqueleto permanecer não atingido e intacto. Já tinham passado a fronteira, quando perguntei perguntou ao amigo se ele conhecia conhecia algum grupo da Jihad. Em caso positivo, gostaria de me apresentar como voluntário. Fadil calou-se por um tempo, antes de responder e disse-me.

178


- Tal honra, se é que eu tenha entendido onde realmente você quer chegar é exclusiva de um verdadeiro Mujahid. Muito diferente do que divulgam, o Jihad não é Guerra Santa, longe disso. Não há tradução possível numa só palavra ou expressão em outras línguas para o seu significado completo. Trata-se de um direito legítimo de defesa em dois campos distintos: internamente, em si mesmos, contra a perversão da própria alma, e externamente, em defesa da pessoa e da nação islâmicas. Há regras precisas para o segundo caso. Só pode ser usado in extremis e não pode vitimar crianças, velhos e mulheres inocentes. Tem de ser a conseqüência do amor ao Islã, e não do ódio ao inimigo. Não se trata de um instrumento de ataque, mas de uma cultura de defesa das nossas tradições. Ao se dar a vida pelo Islã, não há o suicídio, mas, sim, a purificação pelo martírio. Usado de acordo com as regras, haverá para o mártir a absolvição de todos os seus pecados. Ele encaminha a sua alma diretamente a Allah (swt). - Eu quero me tornar um Mujahid – disse-lhe. - Não sou eu quem decide isso – respondeu Fadil. Abri os olhos depois de meia hora de cochilo que me acostumei e deitado na confortável cama do quarto arejado e bem iluminado em que estava, me beliscava para certificar-se 179


de que não estava sonhando. Desta vez, não precisou, estava bem acordado... Mas não era uma felicidade comum. Não, de forma alguma! Era um outro tipo de felicidade, tão infinitamente distante daquela que imaginava que devem iluminar os grandes descobridores e inventores diante dos grandes achados históricos. Laylah entrou trazendo um lanche numa bandeja, alegre como sempre. Era linda a filha de Shakir, além de ser uma bailarina magnífica. Via nela traços de minha mãe; imaginava-a, na mesma idade, com a graça, a mesma cor da pele, o arredondado do rosto e os olhos castanhos amendoados muito semelhantes aos de Laylah. Trocamos sorrisos, e ela se foi, silenciosa e brejeira, fechando a porta com cuidado. Era um anjo! Acabamos por cultivar uma centelha de paixão. Estava a dois dias da cerimônia que me converteria, se os clérigos lhe concedessem a honra, em Mujahid. Eu considerava esses últimos quase quatro meses como equivalentes a toda uma vida que valesse a pena ter sido vivida. Daí surgiram os conceitos que expressei em meus escritos, a respeito dos valores qualitativos e quantitativos do tempo. De memória, ia repassando os acontecimentos desde que Fadil havia me deixado no esconderijo em Bagdá, no porão de uma casa onde passei dois dias com uma garrafa d’água e um pão para me alimentar. O porão parecia uma mansão perto das celas dos Gabrielitas, e a comida um manjar. Molhava o pão na água para comê-lo sem me engasgar. Fadil retornou com dois homens, cada um carregando, com grande esforço, duas belas poltronas estofadas e me disse que um sufi viria avaliar-me. Explicou-me que o sufi tinha feito parte do califado de Al-Andalus por muito tempo. Disse-me que a 180


audiência poderia ser demorada, em geral levava horas e até dias, e aconselhou-me a ser sincero, não mentir, não distorcer fatos nem tentar ludibriar o sufi. Orientou-me para que o aguardasse de pé, respeitoso, só fizesse o que ele me ordenasse, e que não falasse uma palavra sem que lhe fosse solicitada. Fadil saiu com os homens e logo os três retornaram acompanhando

Shakir,

que vinha elegantemente trajado e com um turbante alvo no qual vinha preso, ao centro, um grande rubi que combinava com a sua túnica. Shakir olhou-me dos pés à cabeça, trocou algumas palavras em árabe com os três homens, e se foi. Abaixei a cabeça, derrotado, mas, para minha surpresa, Fadil me cumprimentou, parabenizando-me, pois fora brilhantemente aprovado. Disse que receberam ordens para levar-me à residência do sufi, o qual assumiria, ele mesmo, a tarefa de iniciar-me. Além do mais, seria recebido como hóspede do sufi durante meus estudos. Ambas as decisões do sufi eram consideradas honras extremas. No mesmo dia fui foi levado até o belo, grande e rico palacete do sufi ao lado da mesquita, com vários empregados e serviçais, e fui instalado em um quarto com banho privativo cuja grande janela dava para um jardim interno belíssimo que era cuidado por dois jardineiros supervisionados pelo bom gosto de Laylah. Depois, veio-me um 181


enxoval de roupas de boa qualidade que serviam- me como se feitas sob medida, e quase encheram o armário amplo que equipava o quarto. Vieram também os livros, todos em farsi e que Fadil ia passando-me com orientações sobre cada um. O mais importante naquele momento era um manual sobre as correspondências no espaço e no tempo, escrito pelo próprio sufi, que foi o primeiro a ser lido e veio-me a ser o de cabeceira. Começei a ler muito, deixando-me levar pela leitura com atenção interessada. Tinha facilidade, desde cedo, quase criança, percebera isso, mas, em Nashipur, procurava escondê-lo dos colegas de escola e dos amigos, pois todos detestavam ler livros, e eu fingia que detestava também. Além de ler com rapidez – em poucas horas podia ler volumes que tomariam dias ou semanas de leitores normais, pois tinha o dom de apreender tudo logo na primeira leitura e ainda ser capaz de citar trechos e até parágrafos inteiros, de memória. Antes, eu procurava fugir dos livros para manter longe da consciência pensamentos que julgava desagradáveis ou pertubadores; envergonhava-me de ter facilidade para ler e escrever como se tais virtudes fossem defeitos execráveis. Valia-me de obnubiladores da consciência que buscava em banalidades fáceis, a fim de se parecer igual aos amigos e colegas – coisa em que nem sempre era bem sucedido. Agora, via-me dedicando aos livros de oito a dez horas por dia, às vezes até mais, devorando-os, como se a tentasse recuperar o tempo perdido. Não costumava ter sonos longos, e cobria insônias as com a leitura de livros que, além de me proporcionarem as maravilhas do conhecimento e abrirem as janelas da consciência, traziam-me também alívio físico, distraindo desses problemas. 182


No primeiro domingo do mês de setembro, Fadil chegou cedo acompanhado de um barbeiro que fezme o cabelo e a barba com extremo

capricho,

deixando bem desenhado o cavanhaque,

ao

estilo

árabe. Ficou combinado que o barbeiro viria aos domingos pela manhã. Depois, pediu-me que vestisse a melhor roupa, porque teria o primeiro encontro com o sufi, após o qual Fadil se despediria, pois tinha de voltar a Jerusalém. A essa altura eu já era outro, quase renascido. Eu e Fadil fomos recebidos na esplêndida biblioteca do sufi, que nos acomodou bem à vontade em grandes almofadões dispostos sobre um tapete persa magnífico, ao lado de uma grande vidraça que dava também para o jardim interno, mas em sua parte mais rica em paisagismo. Estava acompanhado de Laylah, e foi quando conheci o rosto dela, pois antes já a vira cuidando do jardim, porém, usando véu e roupas discretas. Ali, ela estava lindamente vestida e sem o véu, olhando sorridente para mim, e cumprimentando-me em farsi. Estabeleceu-se nesta primeira e rápida reunião que eu começaria o processo de iniciação no dia seguinte. Todos os dias deveria acordar-me antes do nascer do sol, ir 183


para a biblioteca e fazer a leitura de uma surata do Qran escolhida pelo mestre. Depois faria o desjejum para em seguida começarem as aulas, os exercícios espirituais, mágikos e a iniciação nos chamados “cinco pilares”. Precisei demonstrar disciplina, humildade e vivacidade desde este primeiro encontro, e isso encantou o mestre e sua filha. No final daquela mesma semana, o sufi deu-me um pergaminho e uma pena pedindo para que escrevesse reflexões sobre minha vida interior e advertiu-me que o pergaminho em Bagdá era difícil e racionado e de que não o desperdiçasse. Apontou-me uma das mesas perto da estante mais ampla e disse que, quando acabasse, deixasse ali mesmo o escrito. Em seguida, saiu, deixando-me só na biblioteca. “Fui um néscio! “Desprezei os valores do saber, da fé e da humildade e reverenciei a matéria vazia de essência e substância. Deixei-me ser escravizado e fui presa fácil de armadilhas criadas para alimentar a ganância insaciável. Porém, e não poderia ser de outra forma, meu espírito vivia em permanente estado de insatisfação, o que me impelia mais e mais ao servilismo e à vileza. “Em busca de algo que eu não sabia o que era, viajei em vão terras e mares. No início, por minha própria e equivocada vontade, e, depois, preso e indefeso nas garras de algozes poderosos. Lentamente, eles me sugarem todas as esperanças e forças vitais, e, enfim, me descartaram. Fiquei só, física e espiritualmente, no meio do deserto. “Somente agora, depois da primeira experiência pessoal com a benevolência dos justos, que dali me retiraram e trouxeram-me a esta nobre casa, é que tomei consciência: o que eu ansiosamente procurava incessantemente sempre esteve bem aqui, comigo, como um facho de luz no interior do meu próprio ser e que a cegueira da alienação não me permitia enxergar.

184


“Que as poucas linhas restantes daquelas que porventura me foram dedicadas no Grande Livro descrevam o meu encontro com o esplendor dessa luz. Por mais insignificante eu a tenha tornado com o peso de meus pecados, por resgatá-la tudo farei e, tendo êxito, me sentirei recompensado na eternidade. “É o que, com fé e humildade, peço a Allah (swt), se acaso posso ser digno da Sua misericórdia e do Seu perdão para que me julgue merecedor de tamanha glória. Khayyam al Amman

Shakir era um místico e um sábio respeitado em todo o mundo islâmico. Gozava de grande prestígio também em altas rodas ocidentais. Seu verdadeiro nome é Hamid alBasri, cuja ascendência, sempre por linha paterna, alguns experts em genealogia

afirmam que vai aos primórdios do sufismo e da cultura islâmica depois da Hégira8, lá pelos séculos VII e VIII d.C. Pertencente a uma dinastia de místicos de longa tradição, diplomata de formação e erudito, é também doutor autodidata em Filosofia e Matemática, com reconhecimento em afamadas universidades islâmicas, e autor de várias obras. Era um pesquisador da história e do pensamento islâmicos na Península Ibérica, mas por vários motivos teve que retornar a Bagdá. Ali, assumiu seu posto na alta cúpula da Jihad, organizando-a e preparando-a para invasão, depois da qual passou a atuar em duas frentes distintas. (Continua....)

8

Hégira corresponde ao ano de 622 da era cristã

185


Aliança Gitana

Gipsys e Magos devem deter os demônios

omo disse anteriormente, comecei a treinar na mesquita de Nashipur na idade de 13 e permaneci até 20 anos de idade. Eu era visto como uma espécie de prodígio. Tinha um dom natural para fazer as conexões. Via as linhas entre todas as coisas. A grande unidade que muitos Ahl-i-Batin professavam estar à procura. Rapidamente desenvolvi potentes habilidades mágicas. Destaquei-me na matemática do universo e com um conhecimento de astronomia incomparável. A minha natureza intuitiva me deu uma compreensão da astrologia inigualável, pois sempre vi padrões e movimento ligando todas as coisas no universo e isso agradava meus instrutores. Infelizmente, o sentimento não era mútuo. Enquanto terminava os estudos na escola em Nishipur, estava olhando o céu no telhado do edifício quando quase fui lançado contra a parede com o que vi ... viu o meu caminho escrito pelos céus e mostrou-me que não estava mais onde precisava estar. Imediatamente arrumei minhas coisas, pedi minha demissão e preparei minha última noite na academia. Foi quando os flashs começaram a acontecer.

186


No dia seguinte acordei ao lado de um oásis no deserto. Havia apenas uma égua negra la. A égua levantou sua cabeça e olhou para mim fez a mesma expressão interrogativa que eu estava fazendo.

"Você não saberia me dizer onde eu estou?" perguntei brincando, não

esperando uma resposta. No entanto, para minha surpresa ...

"Ainda está na Persia ... entre o Tigre e o Eufrates ..." ressoou em minha

cabeça quando olhei nos olhos do cavalo. O cavalo mergulhou sua cabeça e tomou outro gole de água.

"Eu sou Majhawal. Estive aqui esperando por você. Eu segui as estrelas e

elas levam-me na minha jornada ... até você. Há um plano para você. Ananda

espera. Você deve parar os demônios. Eles estão mapeando o céu assim como você. "

Me aproximei e subiu no dorso da égua e em um súbito turbilhão de areia, fomos embora. Chegamos em um bosque que não conseguimos identificar, eu e Majhawal. Ouvimos música e dança por perto, as seguimos e fomos saudados por um bando de ciganos.

"Ah ... nós devemos estar na Macedónia." pensou Majhawal. "Você está aqui

por uma razão ... eles têm algo para você ..."

Entrei na multidão, me aproximei do fogo e sentei-me. A multidão se afastou para permitir que uma mulher idosa se aproxima-se e sentasse ao meu lado. 187


"Eu vejo que você finalmente chegou Tecedor de Estrelas. Os destinos estão

finalmente em movimento."

Fiquei ficou confuso com o que ouvi. Ela apontou para o cavalo.

"Sua égua fez bem em trazê-lo aqui ... ela sabe o que deve ser feito ... há forças obscuras que se deslocam, Apanhador. Você deve ajudar a detê-los.

Você tem as habilidades. Eles estão mapeando o céu. Eles estão caçando a mensagem escondida lá. O segredo que irá ajudá-los a quebrar o próprio céu e abrir a terra para a escuridão que se esconde na borda das estrelas. Você não

pode deixar isso acontecer."

Houve um rangido e um estrondo veio em direção ao grupo.

"Este ... é para você ..." Eu engasguei quando vi o que surgiu. Uma bela carruagem de viagem, revestida de veludo azul com costura branca. Mostrando as estrelas e o céu.

"Você deve usar isso ... você deve vencê-los nesta corrida. Percorra o céu.

Todo o céu. Conheça-o e as verdades do destino se abrirão para você, como se

fosse um mergulho de uma abelha em uma flor de lótus esperando por isso, lá há um doce néctar. É o seu destino Tecelão da Estrelas. Você deve mapear o

céu. Sua companheira irá ajudá-lo a fazê-lo ... ela disse apontando para a

égua. Ela sabe mais do que aparenta ..." E com um sorriso elame conduziu até

a carruagem.

188


Olhando para dentro parecia muito luxuosa, excepto para a porta extra na parte de trás do compartimento. Subi para dentro da carruagem e me assustei quando percebi que, para além daquela porta, a carruagem se ampliara. Dentro havia uma casa inteira. Um lugar para meus livros ... e o que mais era necessario para viajar, e mais ... um poder que sentia. Mana ... foi fluindo para mim de dentro do carrinho. Saiu da carruagem e vi que Majhawal já havia sido atrelada a frente e parecia realmente ter gostado do arreio azul e prata que tinha colocado sobre ela. Ela estava claramente satisfeita com sua beleza.

"Eu não sei como lhe agradecer o suficiente por isso, mas vou fazer o que você

me falou."

Me inclinei dizendo

"Até que nos encontremos de novo ..." Subi no banco da carruagem e olhei para a mulher idosa. Ela me entregou um livro. Um livro vazio.

"Comece por aqui ... faça um diário e anotações do que descobrir ... os demônios

não podem reivindicar o conhecimento que já foi descoberto ... detenha-os ... você tem nossas bênçãos ..."

Ela faz vários movimentos com as mãos e adormeci. Acordei e vi-me junto com Majhawal, e a pequena carruagem azul, em uma estrada vazia. Os arredores são completamente desconhecido, mas o céu estava lindo. 189


"Então é assim que vai ser de agora em diante?" falei para Majhawal. "Sim ... essa é a natureza do entendimento da Unidade Khayyam ... você nunca está em qualquer lugar, porque você já está em todo lugar ..." Ela disse

secamente.

"Hmmmmm ..." Cocei a barba. Recostei-me no banco da frente da carruagem.

"... Bem ... bem, então ... Você segue ... Vou observar o céu ..." Coloquei os braços atrás da cabeça e nossas aventuras começaram ... (Continua...) Florença – Século XI Quando não estou lidando com as artimanhas dos vampiros e os estratagemas da ordem da razão; entre uma batalha e outra contra demônios que desejam destruir Florença, levo uma vida comum e pacífica. Minha grande paixão é a família, dedico a maior parte de meu tempo livre às minhas esposas, à educação de meus filhos, à manutenção da casa, do jardim, enfim, solucionando pequenos problemas domésticos. Tenho duas esposas, a mais velha é Yusra, nascida na Turquia, cidade de Konya, tenho dois filhos vivos com esta, e a mais nova é a florentina Layla, filha de Yasir, grande amigo e comerciante nascido em Granada.

190


Estes fatos se deram no final de julho de 1.079, no dia seguinte a grande batalha pelo Óleo dos Thuata de Danaan, muito provavelmente foi a noite em que Khayyam engravidou sua esposa mais nova... Em uma conversa informal com Ishmael, regada a chá preto, tendo apenas sua narguilé como testemunha, perguntei-lhe qual era o segredo de seu bom humor inabalável. A resposta foi "não se preocupe com absolutamente nada, porque na vida a gente fica esperando que determinadas coisas aconteçam, mas talvez elas nunca irão acontecer. A postura mais sensata diante dos problemas é confiar em Allah (swt) e deixar que os problemas se resolvam no tempo Dele, e não no nosso..." Depois de alguns segundos de silêncio, deu uma tragada, me olhou profundamente nos olhos de forma tão compassiva que me fez recordar meu tio Hasan, e me disse: "outra coisa, as crianças são um Dom de Allah (swt). Aquele que é "Al Muhyi" é também "As-Salam"9. Se quiser que a paz de Allah (swt) visite seu lar, tenha muitos filhos..." Confesso que não havia entendido bem seu sábio conselho, até aquele dia...

Chego em casa por volta das 17:30h, exausto após batalha contra os feéricos, encontro minha esposa Layla na sala, sentada no sofá, de fronte a porta, esperando por mim, usando um véu de cor escura. Eu sei que ela só usa o véu dentro de casa quando está insatisfeita, sendo que, véu escuro, quando está furiosa!

Khayyam: (Sorrindo amavelmente) “As Salam Alaikum”10 minha flor de

Florença, alegria de minha vida.

Layla: Onde você estava? (Secamente)

9

Dentre os "99 atributos de Allah", Al Muhyi significa "Doador da Vida", e As-Salam, "Fonte da Paz" Cumprimento islâmico que significa "Que a paz esteja convosco"

10

191


Khayyam: É assim que você recebe seu marido depois de uma longa e cansativa

viagem?

Layla: Onde você estava? Khayyam: Viajando a trabalho, como havíamos conversado... Tivemos um imprevisto e...

Layla: (Interrompe Khayyam) Seu trabalho... Sua loja... Os negócios...

Tens espaço para tua família na tua tão atribulada rotina?

Khayyam: Tudo o que faço é pensando no bem estar de vocês. Layla: “Vocês”, quem? O senhor não tem nenhuma consideração por sua família, muito menos por mim. Sabes que dia é hoje?

Khayyam: (Desconsertado) Hoje? Quinta-feira? Layla: (Enfurecida) Hoje, Ghiyath al-Din Abu'l-Fath Umar ibn Ibrahim

Al-Nishapuri al-Khayyam, é o 16. dia do meu ciclo. Você sabe o que isso

significa? Estou quase no fim do meu período fértil e onde estava meu marido para cumprir com suas obrigações de esposo??

Khayyam: (Irritado) Cumprindo com minhas outras obrigações de esposo, que

inclui garantir nossa sobrevivência. Além de ter que me preocupar com a

segurança de Florença, tenho quatro bocas para alimentar e você, minha

esposa...

192


Layla: (Ainda mais enfurecida) Hã hãm... Então é isso. Agora entendi

tudo... Você não quer que eu engravide!

Khayyam:[(Pensamento) “Allah”]. Querida, do que você está falando? Layla: (Tom de voz irônico) Para que mais uma boca para alimentar? Afinal

de contas você já tem 2 filhos, para que mais? (Enfurecida) O senhor

inventou esta viagem para se ausentar durante meu período fértil porque não

quer ter mais filhos.

Khayyam: [(Pensamento) “Allah, me dê paciência”]. Querida... Layla: (Interrompe Khayyam) Confesse Khayyam... Você prefere a

Amineh.

Khayyam: [(Pensamento) “Allah, me ajuda”.] Bahiya, você está sendo muito injusta. Eu amo vocês igualmente. Pode um homem amar mais seu olho direito

do que o esquerdo? Pode um homem amar mais seu dedo indicador que seu

polegar? Nós já conversamos sobre isso. Eu proibi você de fazer este tipo de

comparação absurda entre você e Amineh.

Layla: Ela já tem dois filhos e eu nenhum. Isso é justo? Khayyam: Bahiya, eu me casei primeiro com Amineh. É natural que ela tenha filhos primeiro que você.

193


Layla: Isso tudo é culpa sua! Se você não me engravidar, eu vou ter uma conversa muito séria com o xeque.

Khayyam: Conversar com o xeque? Sobre o que? Layla: Sobre sua conduta. Você está faltando com suas obrigações de esposo. Khayyam: (Irritado) O que? Como ousa me desafiar dessa forma? Além do

mais, que culpa tenho eu se você não consegue engravidar? Já estamos

tentando a quase um ano mas...

Layla: (Irrompe choro desconsolado) Eu sou estéril!! Khayyam: Querida... Layla: (Chorando desesperadamente) Sou como uma figueira que não dá

fruto. Que eu seque e seja jogada ao fogo.

Khayyam: (Se compadece de sua esposa, se aproxima e a abraça por alguns

segundos) Querida, o sagrado Corão não diz isso. Quem disse isso foi

Jesus... Minha flor de Florença, é vontade de Allah que a mulher tenha

filhos. Logo, é vontade de Allah que você tenha filhos. (Pequena pausa) Por

que estás chorando? Não confias em Allah? Tens que ser mais paciente... És fiel serva de Allah, jovem e saudável. Por que não haveria de ser

abençoada com muitos filhos?

Layla: (Entre suspiros) Você acha mesmo que eu vou conseguir engravidar? 194


Khayyam: Tenho certeza que sim! Confie na generosidade de Allah. Ele há de nos abençoar com uma criança. Mas caso você não engravide nos próximos

meses, eu conheci umaaa... Como é que eu posso te explicaaarr... Uma

estudiosa, “uma sábia” que tenho certeza que pode te ajudar a engravidar.

Layla: (Voz entusiasmada e esperançosa) Sério marido? Ela é da nossa comunidade?

Khayyam: Não minha flor, ela é uma religiosa cristã que conheci na Santa

Croce. Muito sábia e tem poder, ou melhor, conhecimento para fazer você engravidar.

Layla: (Mais conformada, suspirando, olha amorosamente para Khayyam)

Eu quero um nenezinho seu.

Khayyam: Claro, querida... Um bem bonitinho... Layla: (Sorri docemente) Khayyam: Eu vou preparar um chá para você se acalmar... (Olha em volta

vasculhando o ambiente) Cadê Yusra e as crianças?

Layla: Estão na casa de meu pai Yasir. Farão um piquenique nos arredores de Florença e só retornarão no domingo à tarde.

Khayyam: (Aborrecido e confuso) Yusra irá com meus filhos em um

piquenique com tua família sem me consultar? Que atrevimento! 195


Layla: (Voz sedutora) Dessa forma poderemos ficar a sós e nos dedicar ao nosso futuro filhinho... (Sorri maliciosamente)

Khayyam (Sorriso cúmplice, Conformado) Querida, você sabe que isso não está certo.... Inclusive, porque eu não tenho o direito de privilegiar você.

Tenho que ser justo com Yusra e estar com ela também.

Layla: (Sorri maquiavelicamente) Nós já combinamos. Depois que você me

engravidar poderá compensar generosamente a renúncia de Yusra. (Voz doce e sedutora) Marido, você me prepararia uma chávena de chá verde? Soube que

chá verde aumenta a fertilidade do casal. (Olhar suplicante)

Khayyam: Claro meu amor... (Khayyam se direciona para a cozinha) Retorno da cozinha com uma bandeja com o chá e duas xícaras, mas não encontro minha esposa. Vejo seu véu jogado aos pés da escada que conduz ao andar superior, onde ficam os aposentos particulares da família. Nas escadas encontro seus chinelos e, defronte a porta do quarto, o jilbaab11 que usava. Adentro o quarto tomado por

saboroso aroma de incensos, e encontro minha esposa com um vestido de cores vivas, bem leve, semitransparente, rendado, e adornada com algumas jóias. Ao ver-me, caminha em minha direção sinuosamente e começa a dançar. Eu entro e me sento no chão.

11

Manto tradicional islâmico que atende as orientações para vestuário feminino do Corão

196


Poucas coisas na vida me davam mais prazer do que ver as minhas esposas dançando, mas aquele dia tinha algo a mais de especial. Estava muito feliz com a conquista do Óleo para as fadas, e após ter conhecido o mundo espiritual e estado tão próximo da morte, o sabor da vitória era ainda mais doce e estar vivo era quase um gozo. A cada movimento de Layla, era como se todos os meus problemas fossem sendo suprimidos. Allah (swt), como é grande sua sabedoria e quão misteriosa é a vida. Apesar de estar a cada dia mais conhecedor dos segredos da magia, senhor da "mente" e do "espaço", detentor de um poder tão grande que eu ainda não conseguia compreender toda sua amplitude, a única coisa que eu queria era tê-la em meus braços e possuí-la. Quão generoso é Allah (swt) para com este seuservo tão humilde.

No final de outubro/1.079 minha esposa mais nova, Layla, está próximo do 2o. trimestre de gestação de seu primogênito. Por volta das 19:00h, retorno para casa

após mais um fatídico dia na Santa Croce. Preocupado com o futuro incerto de Florença, considerando seriamente a hipótese de refugiar sua família no Oriente, quando é surpreendido por Alima Sammena, sua filha mais velha, a quem também chamava por vezes de Yursha, no portão de casa.

Alima Sameena – Papaaai! Khayyam − Boa noite, minha riqueza. (abraça filha longamente). 197


Alima Sameena − Demorou muito, papai. Khayyam − Seu pai estava trabalhando. Alima Sameena − Mamãããe, papai chegou! Vamos papai. Eu tô com fome. (agarra a mão do pai e tenta arrastá-lo para dentro de casa) Layla – Salam Alaikum. Khayyam − Waalaikum salaam, minha romãzeira da Toscana. Layla − Como vai meu sultão? Khayyam − O que você quer? (secamente). Layla − Como assim? Khayyam − Você só me chama de “meu sultão” quando quer alguma coisa. Layla − Bismillah! É esse o conceito que meu marido tem de mim? Khayyam – Então, você não quer nada... Layla – Agora, nem sei se quero falar sobre isso. Eu apenas estava

preocupada com o nosso lar, tentando fazer de nossa casa um ambiente mais

aconchegante para nosso nenenzinho. Mas se meu marido não se importa com...

(disse acariciando amavelmente seu volumoso abdome).

Khayyam − Quanto me custaria deixar nosso lar mais “aconchegante”? 198


Layla − Bismillah! É só nisso que você pensa. Khayyam (Olha para Bahiya com cara de “quem comeu e não gostou”). Layla − Cinco almofadas maravilhosas e quatro poltronas por apenas cinco

florins de prata.

Khayyam − Cinco florins de prata!? Do que é feito estas tais almofadas?

De ouro?

Layla − Só alguns fios. Khayyam − Allah (swt) me ajude, onde vou arranjar todo esse dinheiro? Layla − Nossa sala ia ficar tão bonita... Khayyam – Mas por esse preço!? Layla − Eu iria ficar tão feliz se você concordasse... (Voz suplicante). Khayyam − O que Amineh pensa disso? Layla − Ela também quer. (Olhar esperançoso). Khayyam − Tudo bem. Mas vou ter que trabalhar o dobro para pagar por

tudo isso. Não reclamem quando eu chegar tarde da loja. Layla − Obrigada, querido!! É pro nosso neném... Khayyam − Que neném caro! 199


Layla − Estarão prontas em dois dias.(Risos). Khayyam − Nossa, que rapidez. Layla − É que foram encomendadas mês passado. Khayyam − Como assim? E se eu não tivesse concordado? Layla − Por que o senhor, meu marido, não haveria de concordar? (risos)

Vamos logo, vá se lavar que Amineh já está terminando de por a mesa do

jantar.

Khayyam − Bismillah! Allah (swt), me ajude. Bismillah! Minha família está reunida em volta da mesa de jantar. Conversamos sobre assuntos variados e comento a possibilidade de trazer duas crianças para morarem conosco enquanto a saúde de sua mãe é restabelecida.

Alima Sameena − Papai, quem é Aisha? Khayyam – É uma criança que passará um tempo conosco. Sua mãe está doente e não pode cuidar dela e de seu irmão, João Batistta.

Yusrah– Marido, qual é a etnia desta criança? Khayyam – Ela é... Bem... Eu acho que é daqui mesmo da Itália. Por que? Yusrah– Nada, pensei que tivesse origem oriental. Tem o mesmo nome da esposa do profeta (saw).

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Khayyam – É verdade. Mas a pronúncia é diferente... Alima Sameena − Papai, quem é a esposa do profeta (saw)? Khayyam – Sua mãe se refere a Aisha bint Abu Bakr, a esposa favorita do

profeta Muhammad (saw). Grande narradora de hadith12. Alima Sameena − As mulheres podem narrar hadith?

Layla − Sim. Ao longo da história inúmeras mulheres se destacaram pelo seu

conhecimento do sagrado Corão. Incluindo algumas eminentes scholars e conhecedoras da “jurisprudência islâmica”.

Khayyam – Amara bin al-Rahman foi uma dessas. Yusrah – Umm ‘Atiyyah também. Alima Sameena − Nossa. Yusrah − O que o ocidente desconhece é que a primeira universidade do

mundo, a Universidade de al-Karaouine, foi fundada por uma mulher, Fatima al-Fihri.

Alima Sameena − Bismillah! E onde fica? Yusrah − Em Fes, Marrocos, um país ao norte da África.

12

Parte da tradição oral islâmica. É um corpo de leis, lendas e histórias sobre a vida de Maomé e os próprios dizeres nos quais justificou suas escolhas ou ofereceu conselhos. Tal como o Talmude está para a Tora, no Judaísmo; a Hadith está para as leis do Alcorão, no Islã.

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Alima Sameena − Papai? Khayyam – Sim, minha querida? Alima Sameena − Quando eu crescer eu posso ser uma scholar islâmica? Khayyam – Não! Alima Sameena − Não? Khayyam – Não. Você irá se casar e será abençoada com muitos filhos. Layla – Vossa filha pode se casar, ter filhos e ser uma scholar islâmica. Alima Sameena − (faz movimentos afirmativos com a cabeça). Khayyam – Eu já disse que não e não desafie seu pai. Yusrah − Mas senhor, Alima domina o árabe como poucos da sua idade, e

sua recitação do sagrado Corão é muito boa. Ela tem grande facilidade em aprender e sua dedicação é notável.

Khayyam – Infelizmente não temos uma Madrasa em Florença. Yusrah − Ela poderia morar em Fes, com o meu tio Muntasir. Alima Sameena − Eu quero ir para a escolinha de Fatima. Khayyam – Já disse que não. Além do mais não temos dinheiro para isso. Alima Sameena − Mas papai... 202


Yusrah – Não discuta com seu pai Alima. Depois conversamos sobre isso. (sorriso cínico).

Firenzi no séc. XV, é uma cidade fascinante. Sua arquitetura tão singular, suas catedrais e seus afrescos, a música, as artes liberais, as cores, a realidade parece

testemunhar o alvorecer do Renascimento. Nesta cidade moderna e em franca transformação a cada dia descubro que educar meus filhos é uma tarefa um pouco mais complexa do que imaginava... Passado alguns dias do fatídico debate sobre o futuro de Alima Sameena, estamos novamente reunidos em volta da mesa de jantar.

Alima Sameena − Papai, o que é Amaliyya? Khayyam – Amaliyya é uma das áreas da “jurisprudência islâmica”. Se refere

às regras, normas em relação aos atos. As ações podem ser classificadas em fardh, o que é obrigatório; mustahabb, o que é recomendável; mubah, o que é

permitido; makrooh, o que é desaconselhado e haraam, o que é proibido. Alima Sameena − Bismillah! Khayyam – Por que estás me perguntando isso? Alima Sameena − Porque, sim.

Khayyam – Não estás ainda pensando em ser uma scholar, estás? Eu disse

para você esquecer esta idéia.

Alima Sameena − Está bem, papai. 203


Khayyam – Está bem? (confuso). Alima Sameena − Sim, mamãe me disse para não discutir com você. Khayyam – É um bom conselho (sorriso orgulhoso). Alima Sameena − Disse para eu me preocupar em aprender o árabe, a recitar

o sagrado Corão e a juntar dinheiro; que quando eu crescer ela vai te convencer

a me deixar ir para a escolinha de Fatima.

Khayyam – (Olhar furioso, tom de voz elevado). Como pode me desafiar dessa forma?

Yusrah − (desconcertada). Marido, acalme-se. Deixe-me te explicar. Khayyam – Então a senhora tem uma explicação para esta desobediência. Yusrah − Senhor meu marido, me escute. Não achas que seria útil para a

educação de nossa filha ter um objetivo a longo prazo, mesmo que seja uma

fantasia como ser uma scholar? Khayyam – (olhar confuso).

Yusrah − Almejar ir para uma Madrasa e guardar dinheiro para este fim,

não seria de grande auxílio à educação de nossa filha? A ensinaria prudência para lidar com os recursos.

Layla – Se tornará uma mulher mais econômica na fase adulta. 204


Yusrah − Sim, é claro. Além de ser um estímulo para o estudo do sagrado

Corão.

Khayyam – (pensativo, fica em silêncio por 30 seg.) Confesso que não tinha analisado esta questão por este ponto de vista... Está bem. Eu não me oponho

que guarde dinheiro para ir para a Madrasa. No futuro poderá gastar este

dinheiro com algo mais importante...

Alima Sameena − Ehhhhh! Allah (swt) é grande, al-Kabir, al-Karim. Khayyam – Mas tem uma condição. Isso tem que ficar em segredo. Alima Sameena − Por que papai? Khayyam – Os bons mulçumanos querem se casar com moças que priorizem a família e que não tenham outras ambições.

Alima Sameena − Os homens querem se casar com mulheres que saibam

dançar. (disse isso enquanto erguia os braços e ensaiava alguns passos de dança do ventre).

Khayyam – O que é isso, minha filha!? (rubro de vergonha). Alima Sameena − Dança do ventre, papai. Khayyam – Por favor não faça isso à mesa. Aliás, não faça isso em público. Alima Sameena − Tá bem, papai. 205


Khayyam – A propósito, como você pretende juntar dinheiro? Alima Sameena − Sai correndo rumo ao seu quarto e retorna com um lenço e um baú.

Khayyam – Alima, por favor peça licença antes de sair da mesa. Mas o que é

isso?

Alima Sameena − É meu bauzinho. Foi Bahiya quem me deu. Aqui eu vou

guardar todas as minhas economias. Khayyam – Está certo.

Alima Sameena − Aqui é um hijab que eu bordei para ser vendido na loja. Khayyam – Assim é que você pretende juntar dinheiro? Bordando? Alima Sameena − É, papai. Khayyam – Me parece um bom plano. Mas... Filha... Está cheio de defeitos.

Veja. Você precisa treinar um pouco mais.

Alima Sameena − Papai, compra pra mim. (colocou o lenço sobre a cabeça

com olhar mendicante).

Khayyam – Como? Comprar para você? Mas já é seu! Alima Sameena − Não, é para ser vendido na loja. Khayyam – Mas não tem qualidade para ser vendido na loja... 206


Alima Sameena − Então papai, compra pra mim. Khayyam – Olha para suas esposas, estão rindo. Khayyam – Está bem. Toma 1 florim de cobre. Alima Sameena − Custa 10. Khayyam – Dez florins? Dez florins? Um novo não vale mais do que

quatro.

Alima Sameena − Então cinco. Khayyam – Cinco florins por um hijab que não vale mais do que quatro? Alima Sameena − Então três. Khayyam – Dois e é a minha última oferta. Alima Sameena − Tá bom. Só porque é pra você. Yusrah − Como é que se diz Alima... Alima Sameena − Obrigada, papai. Khayyam – De nada. (aparentado estar contrariado, quase um resmungo). Alima Sameena − Pode colocar aqui no meu bauzinho. Khayyam – Tome. 207


Layla – Mudando de assunto, hoje o meu bebê mexeu o dia inteiro...

Florença, 31 de outubro de 1088. A luta contra a Ordem da Razão foi particularmente dura. Tínhamos alcançado nosso objetivo, mas estranhamente não sentia aquele saboroso “aroma do sucesso”, apenas amargava o descontentamento de uma vitória, sem vitoriosos. Mesmo se bem intencionados, nós profanamos aquela procissão, desrespeitando a fé honesta, mesmo se ingênua, dos mais humildes cidadãos de Florença. Ignorei por completo a “Doutrina da Unidade”. O desfecho não poderia ser sido pior... Allah (swt) se desagradou deste seu servo que não soube usar o poder que lhe foi confiado. Traí a

confiança de meus companheiros de cabala, desonrei os Batini com um verdadeiro “festival” de magias vãs. – Um elefante voador teria sido mais “sutil”. Resultado alcançado: uma grande explosão que destruiu várias casas, pessoas mortas, outras seriamente feridas e muitas apavoradas com o horror provocado pelo uso irresponsável da magia. Ao tentar combater “A maldição de Dante”, apenas a

realizamos, “O inferno reina em Florença” e que Allah (swt), al Rahim13 se compadeça e livre nossa cidade do mal. Seriamente ferido, mal conseguindo ficar de pé sem auxílio, perdi minha “Espada de Miguel”. Não me fiz digno dela, então que a justiça de Allah (swt) seja feita; que o anjo Miguel se reaproprie dessa e não permita que mãos tão miseráveis a empunhem 13

Um dos "99 atributos de Allah" que significa "O Clemente; O Misericordioso".

208


novamente. Porém, mais doloroso que minhas feridas foram as palavras de Svetlana:

"sua filha está gravemente doente".

Allah (swt), al Muqtadir14, não permita que minhas filhas paguem pelos pecados deste teu servo inútil. Sei dos riscos que o uso da magia implica, da importância da discrição e “sutileza” para proteger minha família e todos que amo... Eu errei, mas quantos terão que pagar pelo meu erro? Até quando perdurarão as conseqüências de meus atos desastrosos? Não me sentindo digno da magia, opto por solicitar auxílio aos franciscanos e partimos rapidamente para minha casa. Encontro minha família em desespero. Subo as escadas e encontro Alima Sameena, minha filha mais velha, desacordada e em sua carne vejo as marcas da violência. Tamanha selvageria digna de cruzados. A dor de meu coração era quase insuportável. Peço para ficar a sós com minha filha e me coloco em oração buscando alento na benevolência de Allah (swt) e na sabedoria do anjo Gabriel, cuja glória apenas se compara a sua temperança. Mas como resposta, tive apenas o silêncio de Allah (swt) e a desesperança me consumia. Que trevas tenebrosas se abatem sobre Florença e minha família. O que eu, um humilde servo de Allah (swt), deveria fazer? Minhas esposas Yusra e Layla acompanhada de seu pai, xeque Yasir, adentram os aposentos de minha filhinha. Como pôde meu sogro e grande amigo Yasir ser dominado

por haiif?15 Tomado pela ira faz acusações sem provas, me insulta, me desrespeita em 14

Um dos "99 atributos de Allah" que significa "O Clemente; O Misericordioso". Na tradição islâmica, Iblis (o principal demônio) tenta os humanos através de "sussurros" de idéias pecaminosas e falsas sugestões (haiif).

15

209


minha própria casa, me humilha na frente de minhas esposas... Ao meu lado, Bahiya muito nervosa repetia inutilmente para que não nos exaltássemos. Porém, neste momento, por um instante, senti algo de diferente, realmente surpreendente. Tento me concentrar nesta estranha “percepção” e tentar compreendê-la. É como se sentisse meu coração batendo, mas tão acelerado?! Não, não podia ser o meu... Aos poucos, foi como se as palavras insensatas de meu sogro fossem perdendo o sentido. Tudo ficou escuro, mas não sentia medo, pelo contrário, foi como se visitasse o

próprio Jannah16. Embora fosse como se estivesse nu, a sensação de segurança e bem estar era inigualável. Ao tocar o meu rosto, ao invés de sentir a minha barba, senti uma penugem fina e um gosto estranho na boca, salgado. Meu nariz possuía formas suavizadas, como o de minha esposa Bahiya. Meus lábios estavam finos e sem dentes!! Como isso seria possível? Ao tocar minha barriga, percebo uma estranha “extensão” em meu umbigo, como uma corda, mas que pulsava em sintonia com a freqüência acelerada de meu coração. Tudo isso ocorreu em apenas uma fração de segundos... Sim, Allah (swt), al Hamid17 não abandonou seu servo, pelo contrário, na sua misericórdia esteve vigilante e protegeu o rebento de Bahiya de toda violência e na sua infinita misericórdia, permitiu à este pai a percepção da graça que visitava seu lar.

16 17

Nome dado ao “Paraíso” pelo islã. Um dos "99 atributos de Allah" que significa "O Digno de Louvor".

210


Neste momento escuto Bahiya me chamando aflita, me segurando pelo braço. Confesso que senti quase que frustrado por ter que renunciar aquela experiência... Dizem os cristãos que quando Isabel ouviu a voz de Maria, a criança em seu ventre percebeu sua presença e se regozijou, e seguiu-se um diálogo místico-profético entre elas18. Confesso que não havia compreendido bem essa história... Até agora. -Bendito seja teu ventre Bahiya. Bendito seja o útero que gera meu FILHO. – Exclamava enquanto abraçava seu abdome. -Yasir! Se não tens consideração por teu genro ou tua filha, tenha no mínimo, respeito por teu neto. Sob seus insultos e ofensas, coloquei a cabeça pra fora da janela e convidei os

franciscanos a entrarem para me ajudar a levar Alima Sameena até a Santa Croce, onde a quintessência brota e com a ajuda de meus companheiros magi minha filha poderá ser restabelecida, se Allah (swt) permitir. Obrigado Allah (swt), Dhu al Jalal wa al Ikram19. Kitab ai Alacir ressurge Escrito pelo antigo filósofo grego Aretus, autor do que é hoje chamado de Kitab ai Alacir. Esse tratado está dividido em duas partes: a primeira postula a existência da 18

Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas! E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre. 19 Um dos "99 atributos de Allah" que significa "O Senhor da Majestade e da Generosidade".

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Essência única da qual todas as coisas são feitas, no final das contas chamada de Éter. A segunda parte contém um debate ontológico sobre a realidade e discute como essa Essência única foi diferenciada ao longo da criação. De acordo com o Kitab al Alacir, os eruditos iluminados — "Filósofos" — eram capazes de afetar o mundo através do uso da vontade. Este pergaminho ficou desaparecido durante séculos. (Continua...) Queda de Mistridge e a sucessão de fatos que culminaral em minha reclusão voluntária Foi em 1210, durante o Inverno. Eu estava ainda em Florença quando um de meus lacaios me trouxe uma carta informando sobre a queda de fortaleza de Mistridge. Até então eu ainda tinha ligações com a Casa Batini. Os Maçônicos atacaram com canhões. O cerco começou e apenas terminou quando um traidor Hermético (acreditase que foi o feiticeiro Tremere Grimgroth) abriu uma passagem secreta para o castelo. Poucos magi escapam. Assim começou nossa Guerra. A Inquisição foi oficialmente declarada em 1231. E os Excommunicamus assolou a europa como uma praga. Foi com a ajuda dos Gabrielitas e das Vozes Messiânicas que essa maldita caça às bruxas prosperou. (Continua...)

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213


Cronologia

Ano Evento

Ano Evento

1005 Avô de Khaymman parte para

1068

Cruzada

1070 Khaymman se estabelece em Konya

1006 Avô de Khaymman é tido como morto no massacre em Anatólia, mas ele envergonhado pela derrota parte para Turquia se converte ao Islã e se casa

Khaymman estabelece negocios em 1073 Florença 1076 Khaymman reestabelece contatos com o clã Assamita ao se juntar aos monges-

1007 A familia de Khaymman parte para 1008

guerreiros islâmicos (almorávidas) no

Jerusalém

ataque e conquista do antigo Império de

O pai de Khaymman é concebido

Gana, e assumirem o controle da região da Mauritânia.

1009 Morre o Avô de Khaymman em 1010

Jerusalém

1078

O Pai de Khaymman Nasce

1080 Khayyam vai para o Cairo

1030 O pai de Khaymman se casa

1088

Khaymman se casa novamente Khaymman inicia suas principais batalhas contra a Ordem da Razão

1048 Nasce Khaymman 1061

Khaymman se Casa

Começa a dinastia almorávida com Yussuf ibn Tashufin. A mãe de Khaymman morre e passa a ser criado

1088

Khaymman se torna conselheiro de Kilij Arslan

1096 Khaymman participa do cerco de Xerigordon

pelo tio Hassan 1062 Khaymman se torna um Sufi e um Nizarin

1097 Khaymman é enviado a Jerusalém para ajudar no combate a Cruzada dos nobres

1066 Khaymman se torna Batini

214


Ano Evento

Ano Evento

1097 Khaymman participa da batalha de

1135

Jerusalém 1100

Khaymman

retorna

a

Nashipur 1103

segunda

esposa

de

1140 Khaymman aparentemente para a maioria dos mortais,se isola em casa 1240 Khaymman se dirige para europa

Khaymman estabelece negócios em em Florença

1118

a

Khaymman

Apos o estabelecimento dos estados cruzados

Morre

Primeira esposa de Khaymman morre

215


Khayyam al Amman e Os Ahl-i-Batin do Cairo 216


Os Ahl-I-Batin tem uma longa história no Egito, mas sofreram as maiores perdas em relação às outras tradições. Ainda assim, eles continuam sendo, sem sombra de dúvidas, os especialistas nas sombras do Cairo - afinal eles fundaram a cidade. A família de Khayyam ajudou muito na construção da cidade em 969 e por isso ele tem relações profundas com os Batinis de lá. Ele estudou por um tempo, depois do encontro com os Gitanos, com alguns dos mestres de lá especialmente entre os Irmãos da Pureza entre o grupo dos Estudiosos da Luz

Os Irmaos da Pureza Estes são aqueles que ousam erguer o véu e violar seus segredos para alcançar o Conhecimento e Poder máximo A Deus: Thoth A Símbolo: a palavra "Unidade" escrita em caligrafia árabe A Animal: Doninha, Ibis A Objeto: Um livro Este grupo, cuja primeira aparição data antes do século IX, une o pensamento hermético, gnóstico e sufi. Eles são, ainda, um dos vínculos mais fortes entre os batini e a Ordem de Hermes e mantem a Biblioteca de Alexandria (de fato, eles são seus guardiães, trabalhando de forma muito próxima com os herméticos e com a Sociedade de Alexandria nesta cidade), mas também estão profundamente envolvidos no 217


Ismailiyah, a seita Ismaelita do Islã. Eles revelaram a sua existência no final do Século IX espalhando as Rasail Ikhwan al-Safa (As Epístolas dos Irmãos da Pureza), mas nunca se envolveram de forma aberta. Ao invés disso eles prepararam o caminho para a invasão Fatimid no Egito, esperando com isso aproveitar-se do poder místico da terra secretamente. De fato, o seu plano à longo prazo era criar um novo califado baseado em seus conhecimentos secretos, um império místico que regeria o centro do mundo. Eles convenceram os regentes a fundar al-Khaira (Cairo) no sul do delta de forma que eles pudessem se aproveitar dos fartos nodos daquela área. Com a ajuda dos Arquitetos da Medida Divina eles construíram muitas mesquitas e a cidadela para canalizar a quintessência em padrões divinos. Mas sua ascensão ao poder teve a oposição de outros magos, e o Culto da Rosa da Freira voltou-se contra eles. Sofrendo ataques sutis, intrigas externas e corrupção interna de nefandi seu esquema principal foi esfacelado. Para escapar de seus inimigos alguns fugiram para a Pérsia ou Índia, outros esconderam-se no próprio Egito. Durante muitas décadas, os Irmãos esperaram e planejaram seu próximo passo. Eles infiltraram-se nos escravos mamelucos que estavam se tornando os verdadeiros regentes (em muitos casos eles simplesmente compravam uma criança moura e a doutrinava desde o princípio, criando aliados fanáticos e leais na corte), usando-os no princípio para influenciar a política e então escrevendo as leis. Infelizmente o governo dos mamelucos era instável e violento; logo os Irmãos se encontaram emaranhados em lutas internas por todos os lados, e seus próprios aliados tornaram a situação ainda pior. Os diferentes grupos de Irmãos se expandiram pelo Cairo e Egito, como não 218


conseguiram manter-se de forma organizada começaram a lutar entre si. A luta continuou durante séculos e os tão poderosos Irmãos se tornaram um pouco mais que uma conspiração secundária em um reino fragmentado por intrigas. Quando o império otomano invadiu, os últimos remanescentes dos verdadeiros Irmãos desapareceram na Biblioteca de Alexandria, e os governantes remanescentes fundaram duas facções, os Dhu ' l-Faqariyyah e os Qasimiyyah. Quanto mais poder eles conseguiam, mais disputas aconteciam, e os dois lados começaram a lutar novamente em uma disputa interna maligna. A Ordem da Razão estava usando isto secretamente para preparar seu próximo passo: a conquista do Egito. A Ordem em segredo já haviam feito alianças com alguns dos Irmãos, prometendo ajuda contra as outras frações em troca de apoio secundário. O seu plano real era vazar estas informações para começar lutas internas quando de alguma invasão ao Egito. Isto não funcionou perfeitamente; os Irmãos, outros Batini e Coristas perceberam quem era o inimigo real e começaram a lutar juntos. Mas as sementes tinham sido plantadas, e a deslealdade floresceu em uma luta interna que efetivamente removeu os Irmãos da arena política durante vários anos. Isso foi o bastante para a Ordem da Razão consolidarem seu poder no Egito, e inserir seu membro Muhammed-Ali como regente. Ele acabou de maneira eficaz com a resistência dos Batini restantes e começaram a trazer para o Egito o mundo da Ordem. Durante o décimo terceiro século os Irmãos começaram lentamente à retornar. Eles aprenderam de muitas formas sobre os seus erros fatais, e começaram a influenciar as pessoas das sombras ao invés de se levantar em busca do trono. Eles

219


são divididos em três grupos principais: os Irmãos da Pureza e Equilíbrio, os Estudiosos da Luz e os Ismaelitas.

Os Irmaos da Pureza e Equilibrio Os Irmãos da Pureza e Equilíbrio representam os "reformistas" da política e os manipuladores econômicos e fazem o melhor de si para manipular as sombras do Cairo. Eles são conspiradores e políticos. Recentemente eles começaram a agir no meio de grupos diferentes, vendendo artefatos ocultos ou serviços a outros grupos de mágikos e geralmente agindo como uma vasta rede de informações. A elevação do fundamentalismo os colocou porém em uma posição nada invejável onde quase todo mundo tenta levá-los para seu lado, e caso tomem uma decisão errada eles trairão muitas de suas alianças secretas.

Os Estudiosos da Luz Os Estudiosos da Luz são descendentes dos Irmãos que se "uniram com as Bibliotecas" e se dedicaram ao estudo da unidade e mágika em vez de política prática. Eles são intelectuais e pensadores, e tem trabalhado junto com os coristas. Mas hoje os fundamentalistas estão pressionando eles para unirem-se na jihad ou serão destruídos. Os Estudiosos estão tentando desesperadamente descobrir um modo para escapar, mas é claro que mais cedo ou mais tarde eles precisarão apoiar um lado.

220


Os Ismaelitas Os Ismaelitas são de muitas formas o grupo mais conservador e tentam devolver as grandes visões da era de Fatimid. Eles estão tentando unificar todos os Irmãos dispersados pelo retorno de Aga Khan ao Egito, um sinal secreto para o crente para unir-se novamente à unidade. O resultado deste esquema é incerto, especialmente desde que os fundamentalista estão pressionando os Ismaelitas à se tornarem os muçulmanos mais populares (para eles, os Ismaelitas são ghulat, extremistas heréticos).

Os Darwushim A Deus: Amun A Símbolo: Um Círculo inscrito na areia A Animal: Gato do deserto A Objeto: Manto pesado Os Darwushim são os místicos dos batini que não têm a ver com as organizações ou a política do mundo mundano, embora sua ideologia seja parecida com a dos coristas (que tendem a ignorá-los contanto que eles não tentem esparramar idéias heréticas entre a congregação). Eles se concentram em sua visão mística de unidade com Deus, normalmente vivem de maneira solitária no deserto.

221


Os Arquitetos da Medida Divina Eu sou o grande Deus no barco divino... eu sou um simples padre no mundo dos criminosos que unta em Abydos e leva todos à um grau mais alto de iniciação... eu sou o grande Mestre dos artesãos que montaram o arco sagrado em um apoio. Thoth para Osiris, o Livro dos Mortos Todas as coisas são medidas O Quran (54:49) A Deus: Imhotep A Símbolo: Um octagrama (dois quadrados cruzados) A Animal: Formiga A Objeto: Uma bússola Os vínculos entre a arquitetura e a mágika datam de antes do tempo de Imhotep, e sempre foi forte no Egito. Os arquitetos – magos do Egito – antigo praticaram a sua arte por pelo menos 1000 anos antes de ser eclipsado por outras tradições e política variável (parece provável que as Vozes Messiânicas do Coro Celestial trabalharam contra eles, visto que eles sentiam que estava errado tentar encanar poder divino em meras pedras). Mas os arquitetos tinham se espalhado por outras terras, e seus ensinamentos criaram raízes entre os batini. Quando os árabes conquistaram o Egito, eles retornaram e começaram a construir novamente e esconder as sua habilidades em mesquitas, fortalezas e canais. Eles exploraram as antigas tradições, reaprendendo muitas habilidades esquecidas. Decidindo manter as verdades sagradas escondidas de todos os outros eles apagaram todos os seus rastros no 222


Egito, destruindo antigos templos e removendo os hieroglifos que cobriam as pirâmides; o seu lema era " O segredo será secreto ". Através das cruzadas e pedreiros errantes seus segredos esparramaram-se ainda pela Europa onde eles conduziram à formação do Maçons (o que ajudou a formar a Ordem da Razão). Mas o conhecimento de como canalizar quintessência usando Quanats e como criar nodos novos permaneceu escondido. Durante o domínio mameluco e otomano eles encolheram lentamente, com algum ressurgimento ocasional. Depois houve um ressurgimento breve quando os Arquitetos entraram em contato com um grupo dinâmico de maçons; eles construíram a primeira Cidade de Jardim para "testar" a antiga mágika (criando um ambiente sem igual de quintessência corrente) e a tumba neo-farônica de Sá Zaghlul que era de fato uma mini-pirâmide completamente funcional no centro do Cairo. Infelizmente suas atividades eram notáveis por opor grupos, e durante os próximos anos os Arquitetos trabalharam forçados. Os Arquitetos nunca tiveram muito poder sobre a sociedade mundana e preferiram manter os seus segredos para si. Por isso eles confiaram em outros grupos de magos que buscavam a sua ajuda para recanalizar quintessência e travar a realidade de um lugar. O maior segredo da arquitetura sagrada é usar edifícios em nodos poderosos obrigando o paradigma a aceitá-los, isto é conhecido por todos os construtores de pirâmides, mesquitas e catedrais. Hoje, nem todos os novos edifícios são construídos de acordo com os seus ensinamentos, e a Ordem da Razão adquiriu muitos dos nodos. Eles aguentam e esperam o dia quando arquitetura sagrada subirá novamente para os céus. A maioria dos membros são arquitetos antigos, construtores ou geólogos que observam de suas 223


bibliotecas e estúdios secretos. De fato, eles estão esquecendo a verdadeira natureza da mágika, se tornando somente os protetores das velhas tradições, lentamente. A sua sede é a casa de Qansuh Shaqra, um velho e obscuro arquiteto que vive nos subúrbios do Cairo do norte, em uma grande e estranha vila com uma torre pequena (ele projetou ela, de acordo com os princípios de arquitetura sagrada; é muito bem protegida sobrenaturalmente chegando à parecer estranha). Qansuh é um dos estudantes de Mustafa Fahmi, o arquiteto que construiu a tumba de Sá Zaghlul, e o sucessor designado por ele como líder dos Arquitetos. Na casa dele eles mantêm algumas das escrituras sagradas (incluindo algumas cópias muito velhas e poderosas de textos egípcios antigos que muitos magos estariam dispostos à matar para adquirir. Por outro lado, os Arquitetos não entendem o seu significado), esculturas, modelos, mapas e ferramentas. A maioria dos membros são os arquitetos mais antigos, mas quando lidando com outros grupos (o que hoje em dia é muito raro) eles enviam um dos seus membros mais jovem, Yusuf Mina, que tem pouco mais de meiaidade. A Arquitetura Sagrada No Timaeus de Platão, aparece a equação mais conhecida do Criador ' o Arquiteto do Universo'. O Criador, no Timaeus, é chamado ' tekton', significando 'artesão' ou ' construtor'. ' Arche-tekton ' assim chamado de ' mestre artesão' ou ' mestre construtor'. Para Platão, o ' arche-tekton ' construiu o cosmo por meio de geometria. As Pirâmides falam o idioma da geometria A idéia básica da arquitetura sagrada é dar para relações geométricas forma física e assim unir o mundo físico com os reinos mais elevados. Escolhendo as relações e formas certas, o edifício 224


pode ganhar quase qualquer função mágika como se o mesmo fosse um efeito de mágiko permanente. O poder não reside tanto em consagrações e cerimônias (embora elas também são comumente usados) mas na própria estrutura - contanto que seja suficientemente completo, terá poder e ressonância. A Arquitetura sagrada foi descoberta/inventada por Imhotep que a usou para estruturar a realidade do Egito e dar para o seu rei uma vida após a morte verdadeiramente eterna. Ele não só descobriu como canalizar quintessência para pedra e geometria, mas também como criar nodos novos construindo pirâmides e como dedicar o poder deles para efeitos mágikos diferentes. Ele também percebeu um de seus perigos: se fossem construídos edifícios com as mesmas relações mágikas acidentalmente alinhado, eles ser uniriam. Isto poderia superar distâncias, mas também poderia conduzir a efeitos colaterais inesperados e perigosos como expansão de ressonância. Foi por isso que ele ordenou que o conhecimento da arquitetura sagrada fosse mantido em segredo. Contanto que um único grupo controlasse isto, havia pequena chance de abuso. O truque básico é muito simples. Cada edifício contém várias relações entre comprimentos (como a relação entre altura e largura, a relação entre o diâmetro e altura de pilares etc) e ângulos. Algumas destas relações são importantes, e se dois edifícios compartilham as mesmas relações ou têm relações que estão na mesma linha em um abstrato, possivelmente o espaço multidimensional determinado pela estrutura do edifício, então os dois edifícios serão unidos. Certas relações também unem o edifício com certos conceitos umbráticos, e se feito corretamente estes conceitos podem ser invocados. A relação mais óbvia é a relação 225


dourada que simboliza estabilidade, perfeição e harmonia. Projetar um edifício ao longo destes princípios é uma arte complexa, para fixar algumas relações principais, muitos ângulos e correspondências não desejados podem aparecer (isto é o porquê algumas das pirâmides falharam, elas tinham ângulos errados). Muitas relações secundárias são necessárias para corrigir isto e tornam o edifício mais complicado. Durante a construção, certos rituais são usados para reforçar isto comumente. Alguns deles são básicos para fortalecê-los, remover falhas de pedras e assegurar estabilidade, outros são mais esotéricos, apontado a afinação do edifício para seu propósito mágiko. A cerimônia mais famosa é a colocação da pedra de fundação: a construção começa com uma única pedra perfeita e consagrada que expressa as três relações fundamentais e que é colocada na fundação metafísica do edifício. No passado, ela era frequentemente cheia de quintessência de um sacrifício. Outra cerimônia importante é fixar a base: isto completa a estrura mágika (ou parte dela). Freqüentemente isto termina com uma pedra semelhantemente consagrada. No Egito, os exemplos mais óbvios de arquitetura sagrada ao lado das pirâmides e alguns dos templos são as mesquitas que canalizam a quintessência da Rede de Fé. Por mais de um milênio os Arquitetos trabalharam neste sistema elaborado e criaram um padrão de estabilidade e convicção que rivaliza o Padrão das pirâmides. Uma invenção árabe foi o idioma secreto dos arabescos; estes padrões abstratos podem ser projetados para conter relações e ângulos relativos a conceitos umbráticos e assim conter mensagens secretas. Muitos dos edifícios criados pelos Arquitetos são marcados com estas inscrições, escondidas da visão, é claro. 226


Jamal – Meu amigo egipcio Jamal Haroun Jamal nasceu em uma aldeia pequena perto de Luxor. O seu pai incentivou o menino à ser guia para os peregrinos, livrando a família de uma longa história de pobreza. Jamal foi educado para seguir os passos de seu pai como guia - e contrabandista. As pessoas da aldeia sempre tiveram grande conhecimento sobre os templos, tumbas e monumentos da região; uma vez que foram seus antepassados que os construíram, e outros antepassados os saqueado. Por direito eles eram seus, assim por que não ganhar um pouco vendendo alguns achados? Jamal usou sua profissão para encontrar compradores (ricos e fáceis de enganar) e ele fazia isso bem, pois sua simpatia e charme eram uma combinação perfeita para seu negócio. O mundo do comércio discreto de objetos egípcios antigos tem muitos jogadores, e um deles descobriu Jamal. Jamal era bom no que ele fazia, mas ele guardava seu potencial para algo mais. Ele foi convidado por um dos seus clientes egípcios a visitar o Cairo, para conhecer alguns contatos novos. Aquela reunião mudou a vida dele; ele percebeu de repente o quão insignificante eram suas ambições, e o desafio que as sombras do Cairo prometeram. Por um período de vários anos ele viajava entre Luxor e Cairo, transportando certos objetos, pessoas e mensagens entre indivíduos muito inesperados. Era uma forma de treinamento e lhe concedeu a perspicácia para ele conseguir realizar suas ambições. Depois de um tempo ele havia estabelecido sua posição no Cairo como um general, 227


recrutador e pessoa de contatos. Ele não se submetia à nenhum grupo em especial, apenas negociava nas sombras, clubes ilegais e em cafés escondidos. Jamal é um homem encantador e engenhoso que adora bancar o cavalheiro egípcio sutil e inescrutável para ocidentais ingênuos (e o até o mais sutil Ahl-I-Batin para magos ingênuos).Na realidade ele é um homem que ama estar no meio das coisas, agindo como um juiz ou mediador em intrigas. Ele realmente gosta das pessoas, especialmente se ele sente que conhece suas fraquezas e truques, e consegue se dar bem com a maioria das outras. Ele teve alguns problemas com fanáticos da guilda de Muhammad e é cauteloso sobre Mme Granboul-Ponty, mas fora isso ele acha que pode negociar com os bastidores do Cairo com grande sucesso. Ele está decididamente errado, mas conseguiria provavelmente improvisar bem alguma coisa até mesmo se ele descobrisse realmente toda a verdade - não há nada que ele goste mais, do que adaptar-se imediatamente. A família Zada, esta família de classe média alta é centrada ao redor do professor Sadi Zada, historiador da Escola do Cairo. Em quase todos os lugares ela é uma família grande, tumultuosa e ativa com filiais, conexões e aliados nos lugares mais estranhos. Professor Zada tem contato com vários grupos de mágikos, principalmente com os Estudiosos da Luz. Ele não é um mago maior, mas é um qualificado historiador e pensador que está mais interessado no jeito que as coisas são, eram e serão do que no jeito que elas poderiam ser. Ele está fazendo o melhor de si para proteger os Estudiosos (ele e sua família) dos ataques dos Shayks, mas nessa luta alguns dos seus amigos foram encarcerados, foram perseguidos ou foram 228


assassinados. Ele está chegando à conclusão que para salvá-los os Estudiosos deverão se aliar á um poder maior - mas as únicas alternativas são no momento a Ordem da Razão e os Shayks. Se os coristas pudessem se unir aos Estudiosos e Irmãos contra os fundamentalistas, então eles poderiam ter uma chance, mas esta junção é improvável.

Como Irritar Khayyam • Torne-se pessoal e íntimo. Ao encontrá-lo, dê um longo abraço e fique apertando-o contra o peito, emocionado, lacrimejante. • Insista para que ele o procure vezes por dia para informá-lo dos seus movimentos e posições. • Mude-se para a casa dele. • Faça-se passar por burro, tapado, e ainda queira ter razão. • Diga a ele o que ele "têm que fazer" e "quando e “como fazer". • Exiba seus valores materiais na cara deles, tipo cavalos, joias, dinheiro, posição social. • Pergunte sempre - "O que é que está pensando?" • Cite os seus amigos sempre pelo nome e apelido.

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