BACK&
STAGE
FIRENZE, FLORENÇA, FLORENCE WELCH
CONCEITO VS. COMÉRCIO NA MODA
As influências renascentistas no trabalho da vocalista da banda Florence+The Machine
A REALIDADE DE
ALEX ROSS
A ESTÉTICA RENASCENTISTA ALÉM DA BELEZA 1 | BACK&STAGE
Releituras de “Cristo Benedicente” de Rafael Sanzio, respectivamente, feitos por Henrique Oliveira e André Zanin, para ressaltar a variedade da arte e até onde o artista e suas percepções estéticas e conceituais influenciam na arte.
EXPEDIENTE
ALLAN PEDRO Estudante de Comunicação Visual, escritor, 16 anos, amante de artes visuais e corporais e simpatizante de fotografia, música e cinema. Pretende aprofundar-se em outras áreas de Design e também em História da Arte.
ANDRÉ ZANIN Estudante de Comunicação Visual, 18 anos, passa parte livre do seu tempo desenhando e assistindo filmes. Busca referências em filmes e música. Futuramente pretende trabalhar no ramo de ilustração e quadrinhos.
HENRIQUE OLIVEIRA Estudante de Comunicação Visual, 17 anos, adora tudo relacionado a Artes Visuais, seu maior hobby é desenhar. Tem expectativa de entrar na área que atue com esse tipo de trabalho.
EDITORIAL POR ALLAN PEDRO
Enquanto o Centro Cultural do Banco do Brasil em parceria com o Ministério da Cultura recebe a exposição “Mestres do Renascimento - Obras Primas Italianas”, a Back&Stage se supre de material gráfico e histórico afim de propiciar uma reflexão em relação a um tema filosófico que se desenvolve dentro das Artes Visuais: A Estética. O ideal de Belo é um dos pontos de destaque nas obras deste que é considerado um dos principais períodos da história da arte, mas tratando-se de uma postura não superficial, como a nossa, nosso objetivo é entender diversas linguagens que vão além da beleza renascentista. Os estudos de anatomia, a construção geométrica, o modo como o sentimento é passado visualmente. São pontos que procuramos introduzir para uma visão mais precisa do que compõe tais obras e o que elas realmente representam para a arte num todo, e além disso, para o ser humano, que é o centro de todo esse processo criativo. Já na era contemporânea, voltamos a abordar a relação de Estética e Conceito na arte de outras formas, variando desde o design de moda até a indústria musical, afim de melhor compreender o que estes dois tópicos têm em comum e também no que diferem entre si. Enquanto consome nosso material, lhe perguntamos: A arte se constrói de beleza ou conceito?
Estudo de fortificação para Porta al Prato, 1529-1530, Michelangelo
m r e a n C Intensa a cada momento.
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NESTA EDIÇÃO 10
RESENHA MESTRES DO RENASCIMENTO
BIOGRAFIA DE RAFAEL SANZIO
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FLORENCE WELCH E SUAS RAÍZES NA RENASCENÇA
ALEX ROSS E SUAS INFLUÊNCIAS RENASCENTISTAS
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RENASCIMENTO ALÉM DA ESTÉTICA DE BELEZA
CONCEITO + COMÉRCIO NA MODA
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RENASCIMENTO NA ALEMANHA
MESTRES DO RENASCIMENTO OBRAS PRIMAS ITALIANAS
U
ma exposição que atraiu mais de 37 mil pessoas em dois meses, a exposição Mestres do Renascimento no CCBB em São Paulo, foi uma das maiores atrações culturais da cidade de São Paulo neste ano. Em 3 andares, o prédio do CCBB guardou de Julho a Setembro, esculturas, pinturas, desenhos e marcenaria de artistas renascentistas italianos como Michelangelo, Rafael, Ticiano e Tintoretto. As obras estavam muito bem distribuídas de acordo com a cronologia e local onde foram produzidas, não havendo somente de artistas conhecidos como Da Vinci e Michelangelo, mas artistas menos conhecidos, mas tão bons quanto. Um meio do público aumentar seu repertório. Como na exposição de obras Impressionistas do CCBB, que houve do final de 2012 ao começo de 2013, a filas eram enormes e demoradas. Após duas, três horas de espera, o público ja estava cansado para a visita à exposição. Quanto aos funcionários, eram muito atenciosos e organizados. BACK&STAGE | 10
À esquerda, montagem da exposição; à direita, pintura de Leonardo da Vinci, presente na mostra. Imagem da fila da exposição, ao lado do prédio do Centro Cultural Banco do Brasil
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RAFAEL SANZIO R
afael Sanzio nasceu em Urbino, no dia 6 de abril de 1483, foi um importante artista plástico do período Renascentista; destacou-se não só por suas pinturas como também na arquitetura. Famoso por suas Madonas, série de quadros da Santíssima Virgem, diversos painéis nas paredes do Vaticano e várias cenas da História Sagrada, tornou-o ícone do Renascimento. Pode-se dizer que já possuía um talento artístico desde que nasceu. Seu pai, Giovanni Santi, era um pintor de poucos méritos, mas foi o responsável por revelar ao filho o mundo da arte e logo ingressou-o na corte de Urbino. Após a morte do pai (1494), Rafael aprendeu a técnica de afresco – pintura em murais – com pintor italiano Pietro Perugino, em Perúgia; assim criou uma de suas obras mais admiradas “O casamento da Virgem” (Figura à esquerda). No ano de 1504, Rafael transitou de um estilo que havia a preocupação de uma composição geométrica, para uma maneira mais livre e natural de pintar. Encontrava-se em Florença, atraído pelas obras de mestres como Leonardo da Vinci e Michelangelo que, mais tarde teriam forte influência sobre o pintor.
Viveu na cidade nos quatro anos seguintes, onde adquiriu grandes inovações introduzidas na pintura Renascentista, como o chiaroscuro (claro-escuro), contraste de luz e sombra que empregou com moderação, e o sfumato (esfumado), sombreado levemente esbatido, em vez de traços, para delinear as formas.
Em 1508, Rafael foi chamado pelo papa Júlio II a Roma, onde passaria os últimos doze anos de sua curta vida. Sua primeira tarefa em Roma foi pintar uma série de afrescos em três salas dos apartamentos papais do Vaticano. O afresco chamado “A Escola de Atenas”, numa dessas salas, retrata um debate entre os filósofos gregos Platão e Aristóteles, e talvez seja o trabalho mais famoso de Rafael.
Já sob o papa seguinte, Leão X, Rafael foi encarregado de criar os desenhos de grandes tapeçarias, destinadas inicialmente para as paredes laterais da Capela Sistina. Nesses esboços, Rafael retratou com grande sensibilidade cenas bíblicas do Novo Testamento, como a pesca maravilhosa e a pregação do apóstolo Paulo em Atenas.
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Sanzio morre em Roma no ano de 1520, no mesmo dia em que alcançava os 37 anos. Afirma-se que ele foi vítima de uma febre muito grave. Seu trabalho, criativo e original, influenciou várias gerações de artistas, como aqueles do movimento maneirista, que, mais tarde, no final do século XVI, procurariam pintar “à maneira” de Michelangelo, Leonardo e evidentemente Rafael.
FLORENCE WELCH E SUAS RAÍZES NA RENASCENÇA
Florence Leontine Mary Welch, vocalista da banda indie mais pop da atualidade, Florence And The Machine, chama atenção não só por sua voz versátil e potente, mas também pelo modo como se comunica esteticamente com o público. A ruiva de 27 anos mostra suas fortes referências da Renascença em seus trabalhos e em sua vida. Não é coincidência a cantora ter o nome da cidade berço da Renascença (no português, Florença, ou Firenze no italiano). Evelyn Welch, mãe de Florence, professora de História da Arte e especialista em Renascença foi a principal responsável por essa inserção da estética renascentista nos trabalhos da filha. “Eu quero algo como isso mas na música. Eu espero que minha música tenha grandes temas - sexo, mote, amor, violência que ainda fará parte da história da humanidade daqui uns 200 anos”, declarou Florence, comentando sobre quando conheceu o trabalho da mãe.
“Florence é total renascença, pelas vestes, pelo astral” - Angelica Morais, Professora de História da Arte, Graduada pela FUMEC e UFMG
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É
notável a presença de elementos que remetem ao período em seus videoclipes, figurino, música e até no modo como lida com a realidade. Em seus videoclipes, é comum depararmo-nos com vestes que remetem à cultura greco-romana, arranjos de cabelos característicos do início da renascença, e um ponto forte do Renascimento: o belo. No clipe da música “Rabbit Heart (Raise It Up)” isto é visível através do modo que o sacrifício é apresentado. A cantora é colocada numa espécie de caixão de maneira encantadora e é depositada à água, cena envolta por dança, música, indumentária Vitoriana e Renascentista.
À esquerda, uma cena do clipe, muito semelhante à que pode ser vista na pintura acima, “A Primavera”, de Sandro Botticelli.
Neste mesmo clipe, Florence vai além. Seus personagens e cenas podem ser facilmente comparados aos da famosa pintura de Botticelli, “A Primavera”. No início do vídeo, a
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cantora e duas dançarinas aparecem em disposição e vestes muito semelhantes à de personagens da obra: As Três Graças (já vistas nesta edição, pintadas por Sanzio). Além delas, há também um
personagem em seu clipe, sentado ao seu lado esquerdo numa mesa, semelhante ao deus da mitologia grega, Mercúrio, representado em ambas as situações em vestes vermelhas e cabelo volumoso.
A polifonia, isto é, junção harmônica de melodias distintas (sendo voz ou instrumental), que foi um grande marco na música Renascentista, Florence explora em seus dois álbuns (Lungs, 2009 e Ceremonials, 2011) de maneira impecável, conquistando milhões de fãs em diversos países. Já foi dito pela própria cantora que ela e a banda estão trabalhando num novo álbum, porém, este não tem nome divulgado ou previsão de lançamento. Além de “A Primavera”, outra pintura famosa de Botticelli é usada como inspiração para a diva. “O Nas-
Florence também utiliza as referências artísticas que herdou de sua mãe e seu pai no modo como se veste e se arruma. Seus penteados chamam atenção pela singularidade e ainda semelhança aos do século XIV (onde se inicia o Renascimento),
cimento de Vênus” pode ser revisto numa performance durante o desfile da grife Chanel, onde Florence canta “What The Water Gave Me” dentro de uma concha.
característico por tranças e adornos sutis e leves. Seus looks por vezes semelhantes às túnicas greco-romanas se mesclam com peças assinadas por grandes nomes da moda, tornando Florence uma referência não só musical mas de estilo.
Aguardemos novos trabalhos desta incrível cantora britância e de sua banda, que faz arte de maneira graciosa e encantadora.
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Por que contentar-se com apenas uma opção quando se pode ter todas?
www.mutare.com.br BACK&STAGE | 16
Mutare Mudando com seu toque
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RENASCIMENTO ALÉM DA
ESTÉTICA DE BELEZA
O trabalho realizado no período pelos artistas contribuíram para áreas como arquitetura, engenharia, filosofia e até mesmo medicina, como no caso de Leonardo Da Vinci e sua não finalizada obra composta por estudos de anatomia humana, jamais registrados anteriormente. Homem Vitruviano, um dos estudos de proporção mais famosos da história, de Leonardo da Vinci BACK&STAGE | 18
Um dos principais períodos da história da arte, característico pela beleza expressa em suas obras, o Renascimento vem além de definir padrões estéticos durante dois séculos, trazer da Antiguidade Clássica questões também ideais, de inovação, uma nova visão de mundo, quebrando todos os padrões do período Gótico e da mentalidade Medieval do ser humano vivente na época.
“Pietá” de Michelangelo, um dos principais artistas da Renascença, autor de “David” e da pintura interna da Capela Sistina.
O
s irmãos Van Eyck possibilitaram o desprendimento das obras artísticas da arquitetura, trazendo pinturas à óleo para telas com a descoberta de uma espécie de verniz que conservava a tinta óleo, e tornando a obra de arte um objeto individual, bem como os escultores que retomaram à cultura de esculpir peças individuais, com visão de 360º, diferentemente do que foi feito no perí-
odo gótico, onde as esculturas faziam parte da arquitetura. Isso reforça o antropocentrismo da época, desafixando o pensamento teocentrista da Idade Média para dar espaço à uma era onde os aspectos humanos eram os mais valorizados. Obviamente que a estética deste período é algo que se preze, afinal, é um dos motivos do movimento durar por quase dois séculos. Ainda
assim, não define toda a manifestação visual da Renascença. O modo como a beleza era expressa torna-se algo estudado. A expressão do modo como o ser humano se relaciona consigo mesmo, com os outros, com suas divindades, nada mais é do que a busca pela perfeição do ser. A exaltação das virtudes do homem torna-se tema de diversas obras, sendo como próprio ser, sendo como divindade. 19 | BACK&STAGE
“Escola de Atenas”, Refael Sanzio
A
“Davi”, Michelangelo
“Monalisa”, Leonardo Da Vinci
atenção aos detalhes e à geometria trazia às obras renascentistas a precisão e realidade necessárias para se obter formas naturais e sensíveis. Desse modo, faziamse obras de beleza e requinte, remetendo não só à cultura greco-romana, mas também à cultura além da religiosa Cristã, onde o tema que era tratado na arte era a religião.
Notam-se muitas referências pagãs no período, buscando sempre unir a realidade humana à divina, como vemos por exemplo nas obras de Botticelli e Rafael Sanzio (já citados nessa edição). A figura do ser humano torna-se frequente nos retratos feitos sob encomenda pela classe alta do período, por ser (além da Igreja) a que podia custear a produção de tais obras de arte. BACK&STAGE | 20
Por fim, ressaltamos que o Renascimento não foi apenas um período artístico ou cultural. Foi mais que isso. A Renascença se encontra além das artes, na ciência, na medicina, na filosofia, no modo como o ser humano vê o mundo, como se relaciona para consigo mesmo e suas crenças, e ainda, no modo como vive.
PINTAR
I
Eco tinta, é ecologicamente fábricada de matéria prima natural, que provém de florestas plantadas, logo, ao usá-la a nossa flora se duplica e melhora nossa qualidade de vida.
pLANTAR
“O amor é a nova nomenclatura para preservação da espécie”.
A ARTE DE ALEX ROSS e suas tendĂŞncias Renascentistas.
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Nelson Alexander Ross, americano de 43 anos, é um dos maiores quadrinistas e pintores da atualidade. Ele é conhecido por suas ilustrações hiper-realistas e humanas. Seu trabalho pode ser visto como influência direta do Renascimento na contemporaneidade.
As técnicas de pintura realistas de artistas como J.C Leyendecker e Salvador Dalí o fascinam, e Alex Ross percebe que tais pinturas poderiam acrescentar muito aos quadrinhos.
Alex Ross nasceu em 22 de Janeiro de 1970 em Portland, Oregon, e foi criado em Lubbock, Texas. Espelhando-se em sua mãe, artista comercial, Alex seguiu os passos da família e voltou-se ao ramo artístico.
Desde então, tem trabalhado para as empresas Marvel Comics e DC Comics, produzindo HQ´s de grande reconhecimento como a minissérie de 1996 O Reino do Amanhã.
Ele se tornou conhecido em 1994 com as minisséries Marvels.
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Teve participação em adaptações de HQ´s para o cinema, como na arte narrativa dos filmes Homem-Aranha 1 e 2 e na caracterização dos personagens.
Seu trabalho passa por quadrinhos, design para seriados e filmes e até pinturas carregadas de críticas políticas. Ele é conhecido internacionalmente pelos seus traços surpreendentes, sendo praticamente hiper-realistas.
Sua atenção aos detalhes e à estética da anatomia humana, a postura icônica dos heróis e a radicalização da perspectiva nos desenhos de Alex são influências do Renascimento na arte comercial contemporânea: herança dos artistas renascentistas, a busca pelo belo e pela perfeição trouxeram maior complexidade às HQ´s.
Essa estética abrange não apenas os super-heróis, mas também os personagens comuns. Alex Ross constrói, assim, o humanismo e a realidade do dia-a-dia ao lado da grandiosidade dos super-heróis no terreno dos quadrinhos.
FIM BACK&STAGE | 24
FONTES DIFERENTES
a a α a a a a a a
PARA LINGUAGENS DIFERENTES
Renascimento das Artes Gráficas NA ALEMANHA
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As ideias do renascimento dispersaram-se por toda Europa ocidental. As artes gráficas alemãs tiveram uma produção muito rica com grande relevância nas gravuras. Uma invenção revolucionou a difusão de ideias e pensamentos renascentistas: a impressão em papel que permitia reproduzir em série
textos na forma de livros. Gutenberg, em 1456, publicou o primeiro livro impresso: a Bíblia. A partir dos tipos compostos para impressão, a informação passou a circular muito mais rapidamente. O conhecimento até então restrito praticamente à Igreja e alguns membros da nobreza, tornou-se mais acessível, inclusive para os burgueses. Folhetos, orações, entre outros, passaram a ser impressos, atingindo mais pessoas, embora ainda de forma bastante restritiva, devido aos custos. Após a invenção da prensa de tipos móveis, passou-se a combinar textos impressos a ilustrações via xilogravuras. Tornava o processo
de ilustração muito mais simples e barato. Alguns artistas, entretanto, consideravam a xilogravura uma arte menor, pois apesar de sua praticidade, acreditavam não ser um método preciso de representação de figuras, uma vez que dificultava o trabalho com detalhes. Sendo assim, muitos artistas passaram a ilustrar livros e a se dedicarem às gravuras. Um desses grandes artistas foi Albrecht Dürer, nasceu em Nuremberg em 1471. Dürer representava muito bem o espírito do Renascimento, pois ele era, além de pintor, gravador, ilustrador, desenhista, matemático e teórico da arte alemã. Ele influenciou muitos artistas do século XVI, e se especial-
izou também nas artes gráficas, fazendo muitas gravuras, consideradas inovadoras. Entre elas uma das que mais se destacou: “O Rinoceronte” vindo do ano de 1515.
A xilogravura é uma antiga técnica que permite grande multiplicação de cópias de forma simples, através de uma madeira como matriz para reprodução da imagem gravada sobre papel ou outro suporte adequado. É um processo muito parecido com um carimbo. No século XX a xilogravura já não está mais associada à reprodução, por possuir expressão própria, onde artistas são atraídos pela experimentação com técnicas diferentes e as possibilidades de expressão.
Da esquerda para direita gravuras de Albrecht Dürer: “O Rinoceronte”, “A Santíssima Trindade”, “Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”.
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M.Friedi
A Flor-de-Lis e O Vermelho
por Mariana Fernandes
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CONCEITO+ COMÉRCIO como a moda une e separa as duas questões em sua produção
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N
ão é de se surpreender que coleções conceituais, por possuírem recortes, estampas e combinações improváveis em suas peças gerem estranheza ao público, afinal, onde está a beleza nisso tudo? Onde estão as roupas que as pessoas realmente irão usar? Na moda conceitual, o estilista se vê em uma situação de total liberdade, onde sua criação será colocada numa passarela e admirada em seus mínimos detalhes, até mesmo nos que não estão ditos visualmente, mas podem ser analisados idealmente. É onde ele se torna artista e através de sua coleção, transmite toda a sua ideia, seus objetivos com aquilo que produziu. É a expressão de ideais da forma mais pura que o estilista pode ter. Entretanto, sabemos que tais peças chegam por vezes a ser impossíveis de se utilizar pela massa, tanto por questões funcionais (podendo limitar o movimento), quanto estéticas. É onde a Moda Comercial se situa. Esta tem como foco a criação funcional, rentável e que se difunda. Seu design é pensado para coagir entre a beleza e sua função: vestir o ser humano. Enquanto o estilista debruça-se sobre a criação conceitual de suas peças únicas e personificadas, o Designer de moda busca suprir as necessidades do mercado. Mas isso não impede que ambos se interliguem, afinal, em ambas a situações, a indumentária ainda é o produto principal, mesmo com formas diferentes.
Peça de Jum Nakao, confeccionada em papel. Exemplo de Moda Conceitual.
Vestido de Alexander McQueen, um dos expoentes da Moda, que une conceito à moda comercial.
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a concepção de uma coleção comercial, o Designer de Moda é colocado à prova de criar algo que seja rentável, que condiga com as tendências mercadológicas e ao mesmo tempo tem a possibilidade de imprimir sua marca, seu DNA nas peças. Este é o ponto onde a arte e a função se unem na moda e possibilitam uma difusão da identidade do Designer, vendendo não só a ideia, mas também a peça em si, que é o objetivo deste que é um mercado voltado ao comércio. Um exemplo disso é a coleção “A Flor-de-Lis e O Vermelho”, da marca M. Friede. A estilista Mariana Fernandes insere à uma coleção comercial todo um conceito baseado no período pós guerra. 31 | BACK&STAGE
D
esde a cartela de cores ao modo como as peças são colocadas, há um motivo claro instituído pela autora.
Mariana desenvolveu a coleção em seu Trabalho de Conclusão de Curso no curso técnico de Modelagem de Vestuário, cursado na ETEC Carlos de Campos. A proposta que recebeu era criar uma coleção comercial, mas que ao mesmo tempo carregasse um conceito.
Sem dúvidas, a coleção atendeu às expectativas. Inclusive, foi eleita melhor coleção desenvolvida em sua escola técnica.
A coleção foi inspirada nos Teddy Boys, subcultura britânica caracterizada pelos jovens dos anos 50 inspirados nos Dandies vitorianos, que mesmo pertencentes às classes baixas, vestiam-se como homens da elite do período. Com peças marcantes em alfaiataria e cores fortes (como o vermelho, azul marinho, mostarda e verde), a coleção destaca-se pela personalidade e beleza dos looks, representando impecavelmente o que a moda comercial conceituada busca: uma identidade a quem veste e a quem produz.
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Fotos do Desfile da Coleção nos jardins do Museu do Ipiranga. Imagens de alguns dos croquis.
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CONSI N DERA ÇÕES
o desenvolvimento deste projeto, nos colocamos em uma situação de completa liberdade de criação, escolha e desenvolvimento da revista. Sendo assim, iniciamos uma pesquisa e fichamento de ideias entorno do que faríamos com nosso tema (o Renascimento Cultural) e chegamos ao nosso ponto de partida: A Revista Back & Stage.
FINAIS
A Back & Stage é uma revista que aborda diversos temas relacionados à arte em suas formas mais distintas. Pintura, Escultura, Desenho, Ilustração, Música, Moda, Cinema, Dança, Literatura, Teatro, Design, Fotografia, entre outros são tópicos presentes no projeto.
O diferencial desta produção é, sem dúvida, o modo como estes temas são apresentados, de forma que o leitor se situe não só no que se considera a arte final, mas também no que gerou tais obras, foi desse diferencial que gerou-se o nome (que em uma tradução não literal, significa “Fundo E Palco”). O processo criativo e/ou produtivo é visto por nós como um estágio de grande importância para apreciação da obra, onde o público pode conhecer a concepção e as transformações de um projeto artístico. Por ser uma revista que abrange diversas modalidades culturais, o público alvo é aberto, indo desde iniciantes e simpatizantes até profissionais e estudiosos da área artística. As matérias são de completa autoria da equipe, que durante esses últimos meses, dedicou-se à pesquisas não só históricas mas também filosóficas e artísticas para entender o tema da edição (que gira em torno da relação entre Estética e Conceito dentro da Arte) e produzir um material original e que além de dar um panorama em relação ao tema, contasse com conteúdo atual e de gosto do grupo. Executado o projeto, concluímos não só um trabalho, mas também um material que reflete nossa dedicação e aprendizado na área de Design Editorial e também em todos os temas que foram abordados.
Agradecemos a todos que colaboraram de alguma forma com esta revista, como os professores, Edna, Estela, Nilson, Bispo, Lua, Fátima, Silvio, Pedro, Sica, Angelica, Gláucia, Leandro, nossos amigos, Neres, Victor Sousa, Victor Alves, Agnes, Mariana, Flavio, Iolanda, Karen e Larissa, aos modelos Julia Sponchiado e João Pedro Verçosa, e enfim, dedicamos este projeto à nós, que dispusemos de nosso sono e força para terminar a Back & Stage.
Allan, André e Henrique.
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CHICAGO 26 E 29 DE NOVEMBRO | AUDITร RIO
ETEC CARLOS DE CAMPOS
2ยบA APRESENTA