arte: essencial
F418
Festival de Inverno (40. : 2008 : Diamantina, MG) Arte : essencial. – Belo Horizonte : UFMG, Diretoria de Ação Cultural, 2008 128 p. : il. Realizado no período de 13 a 26 de julho de 2008, em Diamantina, MG. 1. Diamantina (MG) – Festivais. I. Universidade Federal de Minas Gerais. Diretoria de Ação Cultural. II. Título. CDD: 700.798151 CDU: 792.09(815.1)
Elaborada pela DITTI – Setor de Tratamento da Informação Biblioteca Universitária da UFMG
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arte: essencial 3
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sumário abertura
04
- coordenador geral do festival de inverno
06
- curador geral do festival de inverno
07
ensaio aulas abertas
08
oficinas
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- artes cênicas
24
- artes literárias
34
- artes musicais
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- artes visuais I
54
- artes visuais II
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projetos especiais
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projeto saúde
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resumo dos eventos
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lista de eventos
103
publicações
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patrocínio e apoios
122
expediente
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40 edições de um Festival de cultura e arte Feito pela Universidade.
Como professor, sei que na Universidade ensinamos quase tudo do que pode ser ensinado. Nisso se encaixa todo o conhecimento científico acumulado ao longo de E nós já nem nos impressionamos tanto mais. Porque depois de se tornar alguns milênios. Mas sei principalmente que nós, professores, só nos tornamos tradicional, o próximo passo é parecer normal – ainda mais porque na verdadeiros educadores quando além de instruir, formamos novos cidadãos. Essa Universidade é comum termos a impressão de que conhecemos quase tudo do é, em minha opinião, a grande missão da Universidade Pública. que pode ser conhecido. É exatamente nesse contexto que ganha sentido, relevo e destaque o Festival de Mas há algo além. Inverno da UFMG. Quarenta anos depois de seu surgimento, me arriscaria a dizer que ele nasce e cresce a partir da compreensão de que há algo que a ciência não Além, por exemplo, do costume de pensar que a tarefa de uma Universidade pode fazer, a despeito de sua potência: ela não tem o poder, sozinha, de fazer consiste apenas em ministrar instrução e, depois de instruir, devolver à sociedade sonhar. indivíduos capacitados para o exercício profissional. Isso é verdade, mas apenas parte da verdade inteira. A outra parte que temos obrigação de considerar diz E sem um sonho não se cria um mundo. respeito à própria natureza de uma Instituição Pública de Ensino Superior, como a UFMG. Existe uma singela, mas fundamental diferença naquilo que devem Porque o desejo, normalmente, não é fecundado apenas pela verdade. É a beleza fazer as Universidades públicas: seu maior objetivo é fazer pensar. Porque um que engravida o desejo. E, cada vez mais, acredito que são os sonhos de beleza país – ao contrário do que as aparências indicam – não se faz apenas com as que têm o poder de transformar indivíduos isolados num povo. coisas físicas que se encontram em seu território, mas principalmente com os pensamentos de seu povo. Esse é o sentido do Festival de Inverno, ao longo dessas quarenta edições e de tudo o que nele – e a partir dele – se produziu e veiculou de arte e cultura. Uma das chaves para entender isso é lembrar Santo Agostinho, quinze séculos Assim como Freud um dia pensou da religiosidade, hoje arte e cultura podem ser atrás, ao dizer que um povo é “um conjunto de seres racionais unidos por um designadas como os melhores índices de uma certa sensação de ‘eternidade’. mesmo objeto de amor”. Ou seja, das pessoas que partilham de um mesmo E curiosamente, nós, que em Minas Gerais não temos mar, podemos hoje celebrar sonho. 40 anos em que acessamos um sentimento de algo ilimitado, sem fronteiras – oceânico, por assim dizer. Émile Durkheim percebeu de forma semelhante, e disse que os povos “não são
feitos meramente da massa de indivíduos que os compõem, dos territórios que ocupam, das coisas que usam, dos movimentos que executam. Eles são feitos, sobretudo, com as ideias que os indivíduos têm de si mesmos”.
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Mauricio Campomori
40º FESTIVAL DE INVERNO UFMG - CURADORIA O Festival de Inverno da UFMG vem sendo conceituado e construído, a partir do ano 2000, para o aprofundamento da reflexão sobre a prática artística. Assim, consolida-se, cada vez mais, como um evento com propostas experimentais, que procuram estabelecer novos direcionamentos, novas perguntas e novas respostas. Estamos construindo um festival que permite uma imersão mais aprofundada nos campos da arte e, principalmente, que estabelece uma convergência para uma produção coletiva e que possa mesclar várias fontes de conhecimento, várias maneiras de pensar e agir para produzir arte. A proposta do 40º Festival de Inverno Arte: Essencial é exatamente isso: confirmar, reafirmar e consolidar a presença da arte como elemento transformador de uma sociedade a partir de uma maneira mais sensível, mais delicada, e que atinja as pessoas de uma forma diferenciada. Pensar na arte em sua essência, ou buscar a essência da arte é instigante, porque a vida é a própria manifestação da arte, então o fazer arte permite construir toda uma rede integrada a favor da vida. A natureza e todo o universo é movimento, é criação continuada. O tempo não para, o tempo não espera, o tempo transforma. Esse nosso ímpeto de criar, criar e criar, a meu ver, não é meramente tentar imitar a natureza, mas ser a natureza. Temos necessidade de vivenciar a arte para, de alguma maneira, tentar acompanhar a vida, uma vez que arte é parte intrínseca dela e da natureza humana. Por isso ela é essencial. Existe uma inquietude ao tentar definir a arte e a sua essencialidade. Isso porque ela toca num ponto crucial, a busca pela compreensão imediata sobre seu papel e seu sentido. É um processo difícil porque a arte permeia outras esferas que fogem a uma compreensão cartesiana
e que tende a ser marginal a uma reflexão Apolínea – arte é razão e emoção. Ela vai além disso, pois trabalha com o campo da intuição, da espiritualidade e do sentimento. Esta edição tem um caráter especial tanto no plano pessoal como institucional. São datas simbólicas: 15 anos em que trabalho e vivencio o Festival, e 40 edições celebradas de um evento transformador. Quatro décadas de movimentos em que cada tempo tem características especiais. Em um primeiro momento, o Festival propõe uma relação do artista com a sociedade; no segundo, se consolida como uma arte de vanguarda com inserções políticas; no terceiro se configura um festival mais investigativo, atrelado à pesquisa e à poética, para se transformar, nos anos 90, em um evento de grandes proporções de público e de atividades. A partir de 2000, propõe um aprofundamento acentuado, busca construir novos direcionamentos, o que coincide com sua transferência para a cidade de Diamantina. Essa diversidade de caminhos do Festival de Inverno da UFMG demonstra uma capacidade de renovação e transformação, como a própria arte, como a própria vida. São novos patamares, atitudes, propostas, direcionamentos e locais, o que mantém viva a dinâmica do Festival. Ele não se basta, naturalmente, está em busca de fronteiras desconhecidas. Neste percurso, a cidade de Diamantina tem uma relação especial. Tudo começou na década de 80, quando o Festival adotou uma característica mais investigativa. Ele encontrou em Diamantina um terreno cultural promissor a partir de uma cultura regional consolidada por vários fatores históricos, sociais e econômicos. Num outro aspecto, se deparou com elementos inéditos a serem pesquisados que envolvem a arte, o ambiente, o patrimônio e a arquitetura. Neste contexto, o evento e a cidade constroem uma relação simbiótica: por um lado o Festival como
promotor do desenvolvimento cultural, da promoção social e econômica daquela região; e por outro, uma Diamantina acolhedora, feminina que o transforma poeticamente pela delicadeza. Passados quase 20 anos, em 2000, retorna a uma Diamantina reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade. Em seu constante movimento, o Festival torna-se um elemento importante para uma transformação profunda no que tange à arte, à cultura, e à economia dessa cidade. Justamente por perseverar na busca pela qualidade, pela essência e pela inquietude do ato criador. Na minha atividade de 15 anos de Festival, carrego uma profunda alegria de poder pensar e fazer parte de um projeto desta natureza. Ser ator nesta história é uma oportunidade rara. O Festival é, antes de tudo, um transformador de vidas, de vocações, de sociedades. Minha trajetória artística foi pautada por ele – desde minha adolescência até os dias de hoje. Ele me transformou e me transforma como pessoa e como artista. É meu espaço de investigação e de criação. É a arte do encontro. E como curador e coordenador geral por quase 10 anos consecutivos, exerci uma atividade de excelência através da qual tive a oportunidade de ousar e de propor novas ideias, em que foi possível arriscar e não ter necessidades de resultados imediatistas. Este é um evento em que se respeita o tempo do homem, o tempo da criação e o tempo da arte. Territórios em que se trilham caminhos diferenciados. São caminhos tortuosos, extremamente prazerosos e instigantes. Sem artista não há arte. Sem arte não há vida. Arte Essencial. Fabrício Fernandino
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Aulas Abertas Para tanto, sonho com um Festival que, ao lado das diversas atividades desenvolvidas em espaços fechados, ofereça igualmente, e na mesma proporção, Não há como negar que o Festival de Inverno desequilibra a cidade que o recebe. atividades em espaços abertos, tanto espetáculos, shows, exposições e demais E, como organizadores desse grande evento, devemos fazer o máximo para eventos quanto oficinas, possivelmente oferecidas em grandes tendas pelas aproveitar o lado maravilhoso e extremamente positivo que esse desequilíbrio praças. tem, pois um dos poderes da arte, independentemente da sua forma de expressão, é nos arrebatar e nos mostrar um universo que amplia nosso olhar, instiga-nos à O projeto das aulas abertas é a semente desse sonho. Quando pensei pela primeira reflexão e impulsiona nossa capacidade de solucionar com mais criatividade as vez em levar uma oficina para a rua – na ocasião em que fui professor da oficina questões que nos acompanham. de Canto Coral no Festival de 1996, em Ouro Preto –, não pensei exatamente em uma aula aberta. Naquele momento, a ideia era valorizar o processo de trabalho e Certamente, cada evento artístico com o qual nos envolvemos contribui no não apenas o resultado final, oferecendo aos alunos a oportunidade de apresentar sentido de oferecer oportunidades para que esse arrebatamento aconteça. No continuamente ao público os ganhos diários, em vez de privilegiar uma única entanto, é, muitas vezes de maneira inesperada, que vivemos o privilégio de mostra final. No entanto, o retorno obtido do público atingido mostrou, ao mesmo sermos transformados, seja por uma imagem, por uma melodia, pela palavra, tempo, o potencial pedagógico daquele tipo de intervenção e, em especial, a sua pelo movimento ou por qualquer outra forma de expressão por meio da qual o capacidade de aproximar do festival os moradores, turistas e demais pessoas artista nos encanta. Por isso, quando as aulas abertas que o Festival de Inverno que, a princípio, não estavam envolvidas no evento. Por isso o meu empenho, tem proposto nos últimos anos transformam o espaço cotidiano em um ambiente desde 2006, em propor e oferecer as aulas abertas. Atualmente, tenho o orgulho artístico e surpreendem as pessoas com a possibilidade de outros caminhos, em ser reconhecido como “o homem do megafone”, aquele que atravessa as ruas além daqueles costumeiros, ampliam-se as possibilidades para que, sem esperar anunciando mais uma atividade aberta e contribui para que algumas pessoas por isso, experimentemos uma nova forma de olhar nosso dia a dia e vivamos – tenham o privilégio de viver, talvez, a sua primeira experiência artística. quem sabe? – algum tipo de arrebatamento. Vale ainda ressaltar que as aulas abertas, por mais programadas que sejam, são Por mais que sejam imprescindíveis ao Festival, as atividades que ocorrem representantes especiais do que considero ser a alma dos festivais de arte: o em espaços fechados – tanto oficinas quanto apresentações artísticas – não acontecimento inusitado e imprevisível. Acredito que, na mesma proporção em conseguem por si só preencher as expectativas que o Festival cria, pois um que devemos ser rigorosos na organização e planejamento, buscando prever todos evento como esse, para exercer todo o seu potencial, deve significar um universo os possíveis detalhes, é fundamental também – e quase paradoxalmente – não à parte, isto é, um mundo paralelo para o qual nos transportamos por um tempo apenas aceitar, como até mesmo desejar e estimular o imprevisto, aquela ideia quando, diferentemente da nossa realidade, é possível nos dedicarmos profunda de última hora que sempre surge, fruto da dilatação que o festival provoca em e exclusivamente à criação, fruição e reflexão artísticas. Há mais de quarenta nossa criatividade. As aulas abertas são assim. Por mais que sejam planejadas, anos, o Festival nasceu assim e conseguiu se preservar como tal por muito nunca sabemos exatamente o que vai acontecer. E sempre somos surpreendidos tempo. E, por mais que sejamos obrigados a constatar que, há algum tempo, não por alguma coisa que saiu melhor que a encomenda. temos mais experimentado essa situação em toda a sua plenitude, é inegável que esse será sempre o seu fundamento e a sua razão de ser. Ao propor o projeto das aulas abertas, pretendi semear a ideia de um grande festival cada vez mais aberto. Reconheço a complexidade que essa proposta Penso que, para reativarmos essa essência do Festival, que talvez esteja carrega, mas a cada ano o retorno positivo dos professores, dos alunos e do esmaecida, há um princípio que deve ser respeitado: a cidade que recebe o público tem sido mais significativo, o que me impulsiona a acreditar ainda mais Festival deve se confundir com ele, de modo que, da forma mais intensa possível, na possibilidade de realizá-la. possamos re-significar o ambiente urbano, transformando-o em cenário artístico. E isso só é possível se, continuamente, houver intervenções pelas ruas e pelos demais espaços públicos, para que, ao chegarmos à cidade, não seja necessário Ernani Maleta procurar pelo Festival, pois já estaremos nele.
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A Construção de Texto - Bartolomeu Camposde Queirós
A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM CENÁRIO ARTÍSTICO
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Um Jeito de Fazer Tradicional e Contemporâneo - Helder Vasconcelos
A Dança Contemporânea na Escola - Um Diálogo com o Corpo, a Arte e a Educação - Nora Vaz de Melo
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Aula Aberta - Tocar e o Tambor
Inventรกrios de Memรณria - Eustรกquio Neves
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Essencial - Potencialidades Musicais - Damián Rodriguez Kees
Imagem - Lugar de Diálogo entre Corpo e Espaco - José dos Santos Cabral Filho
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Introdução ao Conceito de Livro de Artista - Neide Sá
Minas Afro-Descendente - Sônia Maria de Melo Queiroz
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O Tempo-ritmo como Recurso no Processo Criativo - Luiz Otรกvio Cardoso
Palhaรงo - Um Passo a Frente - Fernando Escrich
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Representação com Máscaras - Fernando Linhares
Stockhausen para Iniciantes - Gilberto Carvalho
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Técnicas de Estamparia Têxtil - Desenhos na Trama - Paulo André Ferreira de Souza
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MÔNICA MEDEIROS Coordenadora de Artes Cênicas Qual é a importância de se ter uma discussão de Arte na contemporaneidade no âmbito de um Festival de Inverno?
associada ao pensamento de pesquisador, que é onde se recontextualiza o conhecimento.
Quando convidamos professores de outras Universidades, ou artistas independentes, não acadêmicos, a gente fortalece mais ainda a reflexão e a possibilidade dessa reflexão se tornar prática, transformando o conhecimento.
É uma pergunta que motiva os professores do Festival, e os convidados a refletirem sobre a prática, porque dentro do contexto universitário lidamos, às vezes, muito mais com o conhecimento estabelecido, com o teórico. É muito importante porque mobiliza nosso pensamento. O lugar da pesquisa na Universidade é o lugar em que vamos refletir e descobrir novos conhecimentos, começar a sistematizar Eu acho que é um privilégio, sendo professora de uma universidade, participar de um evento dessa natureza, que propõe este tipo de mobilidade. novos saberes.
Quando o Festival de Inverno, que é um espaço por excelência de extensão O Festival se coloca numa linha de ponta quando incita os professores e universitária, propõe uma reflexão desta, acho que ele se aproxima muito de pesquisadores a pensar na interação de sua pesquisa com a situação do mundo questões da área da pesquisa. Com isso temos uma extensão universitária contemporâneo. É uma oportunidade de renovação.
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A Dança Contemporânea na Escola - Nora Vaz de Melo
Artes Cênicas
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Artes Cênicas: oficinas O tempo-ritmo como recurso no processo criativo do trabalho de ator Luiz Otávio Carvalho Gonçalves de Souza (UFMG)
Sensibilizar os participantes sobre os aspectos rítmicos da ação física, através de exercícios práticos, acompanhados de reflexão e anotações. Treinar os elementos rítmicos através de exercícios práticos de construção de micro-cenas teatrais. Construir micro-cenas teatrais a partir do estímulo criativo dos elementos rítmicos. Refletir sobre o diálogo desse estímulo rítmico com os outros elementos da cena, a partir da cena elaborada. Tirar conclusões sobre a relação do ritmo com o trabalho de ator, no que se refere à ação física.
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Representação com máscaras Fernando Linares (UFMG)
A partir do uso de Máscaras Neutras, Larvárias e Expressivas, os estudantes realizarão exercícios individuais e coletivos para colocar-se ao serviço dos tipos ou arquétipos a que as máscaras remetem. Desta forma, o estudante iniciará um processo de criação pessoal em que esboçará um corpo, uma voz, um estado e uma pulsação para delinear uma “segunda natureza”, diferenciada das suas características pessoais, que agirá por meio de uma representação que será: orgânica, espontânea e cenicamente eficaz. Assim, “as máscaras” passam a pensar e agir simultaneamente em cena no tempo presente com autonomia, apoiadas em imagens que emanam das próprias fantasias do ator. No último dia de trabalho será realizada uma aula aberta à comunidade.
A dança contempôranea na escola: Um diálogo com o corpo, a arte e a educação Nora Vaz de Mello (UFMG)
Presença cênica - um jeito de fazer tradicional e contemporânea Helder Vasconcelos (Recife/PE)
Introduzir os elementos básicos da Dança Contemporânea para serem aplicados no ambiente escolar, em conformidade com os Parâmetros Curriculares Nacionais. Paralelamente, serão enfocadas a pesquisa, a investigação do movimento, a criação artística, a reflexão e a busca do corpo cênico.
Trabalhar a presença cênica, esse “estar presente” que amplia o fazer – seja ele teatral, musical ou de dança – e possibilitar que algo aconteça de fato entre o artista e o público. A base do trabalho são alguns princípios fundamentais encontrados num “jeito de fazer” comum às tradições populares, tais como a música, a pulsação e o ritmo, como mobilizadores de dança e do fazer teatral, a superação da barreira do físico e a repetição. O treinamento energético desenvolvido pelo grupo Lume de Teatro é uma das ferramentas utilizadas e permite trabalhar sempre no trilho dos princípios citados, a essência de cada um, peça fundamental no fazer contemporâneo.
Música-Cênica Eduardo Guimarães Álvares (SP)
Palhaço - um passo à frente Fernando Escrich (SP)
Estudar as relações entre as linguagens contemporâneas da música e do teatro, estabelecendo o tempo (ritmo) como parâmetro comum. Será realizada uma introdução histórica da evolução das duas linguagens e uma série de exercícios que visam analisar essa relação entre o teatro e a música, com objetivo final de uma apresentação dos trabalhos dos participantes da oficina.
Permitir aos participantes, através de jogos e improvisações, a vivência da linguagem do palhaço fora dos palcos, circos e ruas e a reflexão sobre a função social do palhaço na sociedade moderna. Professor
Improvisação e escritura dramática Cia. Dos a Deux (França): André Curti e Artur Ribeiro
Através do jogo e da imaginação, o objetivo é descobrir seu próprio corpo, seus gestos pessoais e naturais e desenvolver uma criação gestual teatral ligada à construção de um personagem. Em seguida, a proposta será de levar os alunos a um trabalho de escritura e de composição, numa seqüência dramática gestual, que será a transposição em corpo e em movimento de um texto ou de uma situação. O trabalho será constituído de três etapas: aquecimento, introdução ao vocabulário técnico, e, finalmente, a composição de uma seqüência de teatro gestual.
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Música-Cênica - Eduardo Guimarães Álvares
Improvisação e Escritura Dramática - Cia Dos a Deux
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Palhaรงo - Um Passo a Frente - Fernando Escrich
O Tempo-ritmo como Recurso no Processo Criativo - Luiz Otรกvio Cardoso
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Um Jeito de Fazer Tradicional e Contemporâneo - Helder Vasconcelos
Representação com Máscaras - Fernando Linhares
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VERA CASANOVA Coordenadora Artes Literárias
Esta é uma nova tendência, as coisas parecem ir para este caminho de integração?
Não sei se é de integração, mas de atravessamento, uma arte atravessando a Você já tem uma experiência vasta em Festivais de Inverno da UFMG. Quais são as principais mudanças que você percebeu ao longo destes Festivais os quais outra. E criando novos espaços e um novo tempo. Eu acho que espaço e tempo estão sempre juntos, se eu mudo o tempo, é claro que eu mudo o espaço. participou? Eu acredito que as grandes transformações que acontecem cada vez mais nos festivais, e hoje eu tive a exata impressão disso, é esse atravessamento – esse diálogo como a gente costuma dizer no popular – entre as artes. Eu acho que a arte literária permite, cada vez mais, a aproximação com outras artes. Isto não é uma coisa nova, porque a própria arte literária já propõe isto, com o concretismo, por exemplo. Mas as outras artes, como as artes visuais, têm o verbal. Não é a imagem só pela imagem, tem sempre uma coisa que te leva “a” imagem. Este “a” é “através do” verbo. Este verbo é levado às últimas consequências pelas outras artes. Pode ser até que você subtraia o verbo, quando ele não aparece, mas sempre será presente.
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O festival tem mostrado isto de uma forma cada vez mais gritante. Nesta última edição nós tivemos uma trava, vamos dizer assim, com a proposta de “Arte: essencial”. Porque arte essencial é você identificar o que é de cada arte, o essencial. De certa forma, impôs uma certa trava. Mas, por outro lado, apontou novos caminhos. Estes novos caminhos, não tenha dúvida, são estes diálogos, é o atravessamento entre as artes, e este uso constante do “fora do limite”.
Não há mais limite entre as artes. Não há mais uma fronteira, elas se atravessam artisticamente numa boa.
A Construção de Textos - Bartolomeu Campos de Queirós
Artes Literárias
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Artes Literárias: oficinas Figurações do erotismo na literatura Rodrigo Cabide (BH)
Criação Literária Bernardo Carvalho (SP)
A partir do pequeno dicionário Analisar e produzir textos de ficção. amoroso barthesiano, pretendese investigar as fronteiras, distanciamentos e rasuras entre erotismo e pornografia, ao considerar ramificações do tema atreladas ao corpo, olhar e silêncio. Para impulsionar a escritura serão lidos textos de Almodóvar (palavraimagem), Caio Fernando Abreu, Clarice Lispector e Hilda Hilst. A oficina também será ritmada por canções na voz de Maria Bethânia e Caetano Veloso.
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A palavra poética Carol Lara (BH)
A proposta da oficina concentra-se na palavra mesma, em sua materialidade e sonoridade. Colocar em evidência o objeto palavra ou não palavra: os sons que a compõem, a constroem ou ainda, a deformam. O ritmo, a entonação, a quebra, o silêncio e o ruído em constante formação na poesia sonora. O acaso que manifesta colocando em conflito qualquer sentido requerido pelo signo lingüístico. A partir da introdução da poesia sonora brasileira de Philadelpho Menezes (SP) e Marcelo Dolabela (BH), os participantes terão a oportunidade de conhecer e criar seus próprios poemas sonoros.
Introdução ao conceito de livro de artista A construção de textos Neide Dias de Sá (RJ) Bartolomeu Campos de Queirós (BH)
Introdução às técnicas do roteiro cinematográfico Marçal Aquino (SP)
A violência no cinema e na literatura Márcio Seligmann-Silva (SP)
A poesia no cinema: Exercícios de análise fílmica Maria Esther Maciel (UFMG)
Introduzir o conceito de Livro de Discutir, conhecer e praticar a artista; discutir a grafia e significado construção de textos, com perspectivas do livro de artista; definir as fronteiras literárias. entre o livro de artista e o livro literário; distinguir as artes do livro e a identidade do livro de artista; levar os alunos a criar um livro de artista através da exploração de diferentes linguagens contemporâneas.
Abordagem didática da formulação de um roteiro cinematográfico, com análise dos aspectos específicos dessa linguagem, a partir de explanação teórica e da exibição de filmes.
Fazer um exercício de comparação entre a representação da violência no cinema e na literatura. Na oficina, projetaremos filmes ou trechos de filmes com temática violenta e posteriormente faremos um exercício de tradução intersemiótica para a literatura. Os participantes refletirão sobre a diferença entre os dois midia. A questão proposta é a de como transitar entre o mostrar visual para o modo de apresentação verbal. Desde de Aristóteles a representação da violência constitui um topos para se pensar a diferença entre a narrativa e a representação teatral. Na oficina será apresentada esta tradição, da Antiguidade aos nossos dias, levando em conta também a teoria da narrativa cinematográfica no seu confronto com a literária.
Investigar diferentes formas de manifestação do poético no cinema e estimular, através da leitura de poemas, a análise de filmes contemporâneos. Serão tomados como referência pelo menos cinco filmes contemporâneos: Asas do desejo, de Wim Wenders; Nossa música, de Godard; O livro de cabeceira, de Peter Greenaway; Dead Man, de Jim Jarmusch, e Amarelo Manga, de Cláudio Assis. Outros filmes emblemáticos dessa conjunção poesia/cinema, produzidos em períodos anteriores, como O cão andaluz, de Buñuel, Limite, de Mário Peixoto, e A queda da casa de Usher, de Jean Epstein, serão também abordados ao longo do curso.
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A Poesia no Cinema - Exercícios de Análise Fílmica - Maria Esther Maciel
A Palavra Poética - Carol Lara
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Criacao Literária - Bernardo Carvalho
A Violência no Cinema e na Literatura - Márcio Seligmann-Silva
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Introdução a Técnicas de Roteiro Cinematográfico - Marçal Aquino
Figurações do Erotismo na Literatura - Rodrigo Cabide
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MAURO RODRIGUES COORDENADOR ARTES MUSICAIS
necessidade daquele momento. A necessidade era romper. Mas na medida em que isto vai se tornando uma rotina, uma fôrma, começa a virar uma coisa automática que não atende mais à necessidade.
A música contemporânea parece quebrar, desconstruir, romper com algumas estruturas musicais que foram estabelecidas ao longo do tempo. Até onde você acha legítimo este rompimento e não vira uma desconstrução total, um monte de barulho, e não uma música?
Em meio aos tempos contemporâneos, temos que ficar muito atentos a qual é a nossa necessidade neste momento. Além dos artifícios dos hábitos, das coisas que fazemos sem perceber que estamos fazendo. Buscar qual a razão profunda de fazermos as coisas que fazemos.
Acho que a maior dificuldade, principalmente da arte, é encontrar medida.
Então se atende à necessidade é legítimo?
É o que corresponde à necessidade, mas qual é a necessidade, é difícil de responder. Igual criança pequena, quando somos pais, temos a obrigação de dar limite. A criança pode querer comer só a batata frita, e julgar que é legítimo A gente vive hoje num mundo já bem desconstruído, de todo o jeito. Acho que, por comer só aquilo, mas a gente, como adulto, sabe que temos que dar um limite um lado, a arte corresponde a esse momento. Também acho que tem uma busca para isso. incansável de preencher uma falta, que é humana, com o que podemos encontrar. Acho que a medida corresponde a essa falta. A necessidade é uma busca que tem que ser muito honesta, profunda mesmo. Não é a necessidade mais superficial, tem que ser uma busca mais comprometida. Na música contemporânea, num certo momento, fazia sentido romper com Isto é difícil. A gente fica às vezes desorientado com essa busca e o sofrimento a estrutura tonal, porque isto se tornou uma amarra que não correspondia à faz parte. Qual a fronteira, qual a medida? Quando é música, quando não é?
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Banda e Música - Prática de Repertório Sinfônico - Anor Luciano Jr
Artes Musicais
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Artes Musicais: oficinas
Stockhausen para iniciantes Gilberto Carvalho (UFMG)
O compositor alemão Karlheinz Stockhausen, já falecido, é um dos marcos no que diz respeito à música do século XX. A proposta central desta oficina é a apresentação cronológica das obras do citado compositor, sendo esta abordada tanto como objeto artístico, através de audições de trabalhos, quanto sob o aspecto teórico, através de exposições das diversas propostas e técnicas utilizadas nos primeiros.
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Viagem panorâmica pelo barroco musical André Cavazotti (UFMG)
Figuras retórico-musicais e inovações tecnológicas Robson Dias (BH)
A oficina fará um panorama da música do período barroco, abordando obras marcantes de compositores do período, com um olhar sobre sua evolução histórica e seu desenvolvimento estilístico. Possibilitar aos ouvintes uma visão panorâmica da sua história de modo que estes ouvintes passem a escutá-la com critérios mais apurados.
Para algumas áreas de atuação a música é elemento essencial. Todo aquele que utiliza a música, com um objetivo determinado, necessita desenvolver um critério de seleção musical. A eficácia de seus propósitos está diretamente relacionada com suas escolhas. Esta oficina pretende levar ao conhecimento do participante o mundo das figuras retórico-musicais e sua relação direta como despertar de afetos na sociedade ocidental. O computador será utilizado como ferramenta pedagógica, especialmente um software desenvolvido na Escola de Música da UFMG pelo proponente desta oficina.
Banda de música Prática de repertório sinfônico Anor Luciano Jr. (UFMG)
Conhecer o repertório para banda de música, abordando aspectos técnicos e musicais, específicos de cada instrumento, de regência e da prática em conjunto, no processo de preparação do repertório sinfônico.
Música de Câmara Celina Szrvinsk (UFMG)
Música, poética e filosofia Antônio Jardim (RJ)
Abordagem do repertório camerístico para diversas formações, sob todos os aspectos inerentes à prática de conjunto como: compreensão do estilo, análise do texto musical, aspectos rítmicos, melódicos, de fraseado, dinâmica, agógica, afinação e articulação, objetivando a unidade interpretativa do grupo.
Situar o fenômeno musical em sua relação com a possibilidade de uma filosofia da música. Apresentar a música numa dimensão poético-filosófica. Caracterizar as manifestações musicais quanto às possibilidades de uma discussão filosófica de seus fundamentos. Compreender o fenômeno musical em sua relação com a dimensão poética.
Percussão e música contemporânea Fernando Rocha (UFMG)
Enfocar aspectos técnicos e musicais da performance de percussão, especialmente dentro do contexto da música contemporânea. As atividades serão predominantemente práticas e todos os estudantes realizarão exercícios de técnica de baquetas e leitura rítmica, além de participarem de improvisações e ensaios de obras para grupo de percussão. Complementando as atividades práticas, serão realizadas sessões de escuta orientada de obras importantes do repertório de música contemporânea para percussão, especialmente de trabalhos mais recentes. Desta forma, os participantes poderão conhecer novas tendências no uso da percussão, incluindo novas possibilidades propiciadas pela interação com recursos eletrônicos.
Violão sem fronteiras Aliéksey Vianna (BH/Suíça)
Ampliar os horizontes do aluno através de audições, discussões e análises de um repertório diversificado, bem como em performances e aulas práticas. Nela o aluno/violonista é incentivado a trabalhar aspectos menos desenvolvidos de sua musicalidade, com o objetivo de se despertar para uma formação musical mais ampla e livre de preconceitos. Cada dia será dividido em duas partes: na primeira, os alunos serão convidados a tocar e trabalhar obras do seu próprio repertório para violão solo (ou em grupos de câmara) no formato master-class. Também trabalharemos, em grupo, alguns exercícios para a aplicação prática e desenvolvimento dos recursos técnico-musicais discutidos.
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Música de Câmara - Celina Szrvinsk
Figuras Retórico-musicais e Inovações Tecnológicas - Robson Dias
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Percursão e Música Contemporânea - Fernando Rocha
Música, Poética e Filosofia - Antônio Jardim
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ViolĂŁo Sem Fronteiras - AliĂŠksey Vianna
Stockhausen para Iniciantes - Gilberto Carvalho
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Artes Visuais I expostas a experiências muito aproximadas e isto faz com que a gente possa abraçar o trabalho delas com mais profundidade.
O Festival está trabalhando muito com essa mistura da tradição com novas tecnologias. Qual é a importância de preservar a tradição na contemporaneidade, E justamente pela comparatividade a gente formula um repertório mais aberto. especificamente nas Artes Plásticas? Aberto no sentido de propiciar uma experimentação maior. O Festival é um momento de experimentação. Não é uma Academia, não é uma escola, não é coisa que pretende ser estanque. Esta experimentação inclui Este “repertório” que você cita é baseado na tradição? vários níveis. É como a informação, você só pode avançar quando você cria um repertório. Quando as pessoas estão lidando com o assunto, tem um repertório No caso da 40ª edição do Festival, é baseado na tradição, mas ele sai da tradição crescente. Em termos de arte, no caso das artes plásticas, eu acho que a criação no sentido que, quando se aprende a lidar tecnicamente com os materiais de um repertório entra também como uma questão da contemporaneidade. O tradicionais, se tem a possibilidade de implantar neles uma conceituação modo de criar repertório é diferente de tempos atrás, ou mesmo diferente da matemática contemporânea. Imagina, por exemplo, um artista do séc. XIX que fosse fazer um objeto que não fosse uma talha naturalista ou religiosa. O que ele Academia. faria? Então isto sempre ficou muito restrito a arte popular. Onde as pessoas eram Então qual é a possibilidade de lidarmos com a contemporaneidade no festival? mais próximas, tinham experiências mais livres e faziam o que quisessem, não É criar soluções que fogem aos padrões acadêmicos, e no festival, mais além da tinham uma visão acadêmica nem uma visão tradicionalista no sentido restrito. Academia – que lá também se faz isso – é presente a possibilidade da questão Então aqui é mais ou menos a mesma coisa, a gente pode pegar os materiais de sempre, agregar novos materiais e possibilitar uma modificação justamente da comparatividade. no uso. Tecnicamente adotando mudanças que vão influenciar na direção de um conceito mais contemporâneo. Tratar de temas mais atuais, mesmo que às vezes As pessoas estão imersas no mesmo ambiente de Diamantina, haja referências ao passado próximo ou distante.
estão convivendo na mesma cidade, que é pequena, estão
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Aquarela - Sérgio Nunes
LINCOLN VOLPINI Coordenador Artes Visuais I
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Artes Visuais I: oficinas
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Desenho: Educação do olhar René Coulaud (UFMG)
Pintura: Detalhes da Criação Raquel Souza Borges (BH)
Introdução às técnicas de Desenho, com apresentação dos principais materiais e métodos utilizados e dos temas explorados pela técnica. Ênfase no Desenho de Observação. Haverá desenvolvimento de trabalhos ao ar livre, baseados nas paisagens de Diamantina, no casario e em elementos do Barroco presentes na cidade.
Incentivar os participantes a desenvolverem seus próprios processos criativos através do trabalho com os temas que lhes interessam. Para tanto, será pedido aos alunos que levem referências (fotografias, desenhos, textos, reproduções de trabalhos artísticos, texturas, etc.) que lhes instiguem e a partir das quais as pinturas serão desenvolvidas. Ao mesmo tempo, possibilitar aos participantes o aprendizado das qualidades das tintas guache e das tintas acrílicas por meio de exercícios com aguadas, empastes de tinta e da experimentação com diferentes suportes (papel, suportes rígidos e tela).
Cadernos de desenho – JE SUIS LE CAHIER, IO SONO IL QUADERNO Maria do Céu Diel (UFMG)
Instalação no espaço contemporâneo Laura Vinci (SP)
Através da deambulação e da observação, serão criados pelos participantes desta oficina cadernos de desenhos, a partir dos fragmentos ou da totalidade da paisagem e da arquitetura de Diamantina e seu entorno. Para enriquecer a oficina, serão vistos cadernos fac-similares de artistas como Picasso, Giacometti (Paris sans fin), Antonin Artaud (50 desenhos para assassinar a magia) e Watteau, além de vídeos de desenhos de Frank Gehry (Sidney Pollack) e o filme O Contrato do Desenhista, de Peter Greenaway. Serão utilizados cadernos do formato Moleskine, buscando-se desenhar dentro da tradição dos diários de desenhos de escritores, desenhistas e arquitetos.
Discutir e compreender o que é instalação e o espaço contemporâneo, através da apreciação - e reflexão - de obras da produção contemporânea e da leitura de textos críticos e teóricos significativos. Além disso, é acompanhado de uma prática focada nos projetos individuais, proporcionando ao aluno um ambiente para o desenvolvimento e a elaboração de uma produção pessoal.
Corpo desenho: Quando algo lhe disser alguma coisa, desenhe Wilson de Avellar (BH)
Imagem Impressa Afrânio Ângelo do Prado Ornelas (Betim/MG)
Abordar diferentes técnicas de Desenho e os substratos que podem ser apanhados pelo artista como suporte (papel, pano, metal, plástico, indumentária, corpo, etc.). Favorecer aos participantes experiências práticas/teóricas que lhes permitam desenvolver projetos e/ou proposições artísticas. Portanto, serão propostas atividades a partir dos meios de grafar do Desenho, mas também a partir de técnicas de práticas correlatas: monotipia, fotografia e das artes do corpo. Considerando que a oficina é um lugar de experimentação, da escuta, produção e articulação de signos, formas, gestos e objetos, transversalmente à prática serão discutidas as relações entre desenho/ suporte, luz/impressão e tensão/ repouso em conjugação com outras questões contemporâneas.
Propor aos alunos discussões em torno das relações entre a linguagem escrita, a imagem impressa, e os meios disponíveis para utilizá-las, desde os primeiros livros feitos artesanalmente até os dias atuais, com o uso de tecnologia digital. Os alunos, além de aprenderem sobre a evolução da escrita e dos processos utilizados para a divulgação e multiplicação do livro como veículo de informação e arte, também serão responsáveis pela criação de um livro utilizando a técnica de xilogravura. O tema deste livro será discutido entre professor e alunos. Cada aluno deverá trabalhar com um pequeno texto e uma imagem. Em seguida, texto e imagem serão impressos e encadernados manualmente. Ao final da oficina, cada aluno terá seu exemplar.
Aquarela Sérgio Nunes (BH)
Do objeto ao objeto Cláudia Renault (BH)
Proporcionar ao estudante de aquarela, maior aprofundamento em sua atividade. Serão ministradas e debatidas técnicas e linguagens, bem como a concepção geral do trabalho de cada estudante. Haverá atividade no atelier e no campo - como faziam os antigos aquarelistas viajantes. O foco da oficina será nas etapas da realização de um trabalho em aquarela.
Estimular o aluno a buscar novos interesses num exercício cujo fundamento é o olhar. Pretende-se desenvolver a pesquisa nos arredores de Diamantina, como Gruta do Salitre, Cachoeira dos Cristais, Cruzeiro, etc. Vamos buscar neste exercício de viajar, fontes estimuladoras e referências para o desenvolvimento de projetos individuais na elaboração de objetos de madeira e/ou outros materiais de interesse do aluno. O foco principal é a prática e a reflexão sobre arte. Esta oficina será desdobrada cotidianamente, em três etapas: pesquisa, produção e reflexão.
Técninas de estamparia têxtil: Desenhos na trama Paulo André Ferreira de Souza (BH)
Utilizar técnicas aplicáveis ao Desenho e à Pintura para Estamparia (desenho de superfície), utilizando o vestuário e substratos têxteis como suporte, tanto para ações artísticas quanto ações de produção comercial.
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Corpo Desenho - Quando Algo lhe Disser Alguma Coisa, Desenhe - Wilson de Avelar
Cadernos de Desenho - Je Suis le Carier, Io Sono il Quaderno - Maria do CĂŠu Diel
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Do Objeto ao Objeto - Cláudia Renault
Desenho - Educação do Olhar - René Coulaud
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Instalação e o Espaço Contemporâneo - Laura Vinci
Imagem Impressa - Afrânio Ângelo do Prado
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Técnicas de Estamparia Têxtil - Desenhos na Trama - Paulo André Ferreira de Souza
Pintura - Detalhes da Criação - Raquel Borges
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RODRIGO MINELLI COORDENADOR ARTES VISUAIS II Novas tecnologias mudando a forma de fazer arte
Quando se fala de mudanças, de tecnologia e produção de arte, não podemos esquecer de que quase toda a História da Arte está ligada a tecnologia.
Até bem pouco tempo – ou até hoje – se fazia, por exemplo, cinema com o roteiro prévio. Quando se escreve um roteiro, ele passa pela caneta, pelo papel, por uma outra prática artística que seria a literatura, para depois se transformar em imagens. O que eu acho mais interessante nos instrumentos digitais é que eles possibilitam ir diretamente, sem passar necessariamente por outros regimes, por outras linguagens, para a produção da imagem.
Vamos pensar no caso de um vídeo digital. Você pode simplesmente produzir o Desde a invenção do primeiro pigmento e do primeiro pincel, até chegarmos aos vídeo a partir das próprias imagens, sem a necessidade do roteiro, por exemplo. instrumentos que temos hoje para produção de arte, que são os instrumentos Isto acontece devido à facilidade que se tem de manipular o arquivo digital, digitais. de poder colocar uma imagem aqui, outra ali, uma em cima da outra. A coisa mais interessante que me parece é quando a gente consegue ir direto à própria A grande diferença que eu encontro, dentro dos poucos ramos em que pude produção. Se se vai fazer imagem em movimento, você representa suas ideias acompanhar o desenvolvimento tecnológico - e que é algo que está acontecendo, com imagens, e não através de outras imagens, por exemplo, produzidas pela e a gente não tem noção do que efetivamente está ocorrendo - é que durante escrita, pelo desenho de um storyboard. Eu acho que o nosso modo de fazer arte muito tempo ficamos restritos à representação com instrumentos, passando deve tentar se adequar à nossa realidade, ao nosso tempo. necessariamente de um suporte a outro.
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Arte, Cinema e Dispositivos - Ivana Bentes
Artes Visuais II
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Artes Visuais II: oficinas
Visual Music - Iniciação Henrique Roscoe (BH)
Apresentar um pouco da história da visual music, desde o início do século XX até hoje, do avant-guard do início do século até as novas tecnologias. Através de vídeos comentados, exemplos e performances práticas, a oficina mostrará a correspondência entre música, formas, cores e movimentos desenvolvidos por artistas audiovisuais no decorrer deste período. Na segunda parte da oficina, serão mostrados exemplos de softwares, que são usados hoje em dia para operar em tempo real, a sincronia entre música e imagem.
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Fotografia em alta velocidade: Da técnica a arte Julio Cezar David de Melo (UFMG)
Cena aberta: inventário de memórias Eustáquio Neves (Diamantina/MG)
Construindo narrativas através dos gêneros cinematográficos Wagner Morales (SP)
Ensinar os conceitos básicos de fotografia em alta velocidade e ilustrar algumas de suas aplicações. Ementa: revisão dos conceitos básicos em fotografia digital: sensores, exposição, armazenamento, uso de flashes, LEDs e lâmpadas xenon. Princípios da fotografia em alta velocidade: histórico, equipamentos, aplicações, exemplos. Primeiros experimentos: análise dos componentes do kit, funcionamento, primeiras fotos. Fotos artísticas baseadas em líquidos, fotos de impacto, ruptura ou explosão. Fotos técnicas e esportivas, fotos com múltiplas exposições, fotos com múltiplos LEDs, fotos com atrasos.
A partir da pesquisa e da utilização de suportes e meios alternativos e convencionais da fotografia e do vídeo, a oficina tem como objetivo desenvolver coletivamente um curta, desde o roteiro, com finalização em um vídeo ambientado no cotidiano da cidade de Diamantina e arredores. Para a construção do roteiro, que seguirá uma narrativa não linear, além de fontes do imaginário coletivo da população local, serão feitas pesquisas em arquivos privados e arquivos públicos de fotos, de textos e de desenhos do período colonial e atual. Serão utilizados equipamentos fotográficos analógicos, processos químicos assim como todo aparato que capta vídeo e fotografia digital.
Através da análise de alguns clássicos do cinema, os alunos serão convidados a construírem, através do vídeo, pequenas produções e narrativas explorando os clichês e estereótipos dos gêneros holywoodianos. Terror, suspense, ficção científica, aventura, comédia, etc., servirão como ponto de partida para os alunos explorarem as possibilidades do uso dos sons, imagens de arquivo, cenas de filmes e imagens gravadas por eles mesmos, assim como, do exercício da montagem a fim de criar uma poética nova.
Imagem - Lugar de diálogo entre corpo e espaço José dos Santos Cabral Filho (UFMG)
Documentário: Entre o político, o pessoal e o poético Marília Rocha (BH)
Explorar as relações entre corpo, imagem e espaço. A oficina irá conjugar discussões teóricas, inspiradas pelo filósofo Vilém Flusser, e ações práticas criadas pelo grupo. Será usada como estratégia a produção ‘amadora’ de imagens digitais (com possibilidade de manipulação computadorizada), tendo como tema o corpo e a arquitetura colonial de Diamantina. Como resultado final serão produzidas interferências de cunho interativo no espaço urbano da cidade.
Analisar possibilidades de aliar o gesto político à inscrição pessoal e à recriação poética da realidade, por meio do cinema documentário. Serão exibidas obras contemporâneas que contribuem para a discussão da estética e a prática da produção documental, e propostos exercícios que estimulem os alunos a criar pequenos vídeos, a partir dos filmes e debates. Professora
Extremos do cinema Arthur Omar (RJ)
Arte, cinema e dispositivos Ivana Bentes (RJ)
Visual Music - Atualização Henrique Roscoe (BH)
Exibir e analisar filmes e autores em que a utilização de extremos da imagem, seja a nível temporal, espacial, manipulação dos materiais fílmicos e digitais são constituintes das propostas e obras. Fronteiras entre cinema, artes plásticas e fotografia. Proposta de práticas experimentais com os participantes a partir da experiência do autor.
Apresentar, a partir da análise de instalações, filmes, videoarte, um panorama de questões contemporâneas e de obras que transitam entre o audiovisual, artes plásticas, midiarte. As obrasdispositivos e filmes dispositivos, as máquinas de visão e vigilância, o cinema depois do cinema, documentário e arte, midiarte. Análise de trabalhos apresentados em Exposições: O Efeito Cinema na Arte Contemporânea, Corpos Virtuais, Zooprismas, Voyage(s) en utopie , de Godard e obras-dispositivos.
Apresentar um pouco da história da visual music, desde o início do século XX até hoje, do avant-guard do início do século até as novas tecnologias. Através de vídeos comentados, exemplos e performances práticas, a oficina mostrará a correspondência entre música, formas, cores e movimentos desenvolvidos por artistas audiovisuais no decorrer deste período. Na segunda parte da oficina, serão mostrados exemplos de softwares, que são usados hoje em dia para operar em tempo real, a sincronia entre música e imagem
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Construindo Narrativas Através dos Gêneros Cinematográficos - Wagner Morales
Cena Aberta - Inventários de Memória - Eustáquio Neves
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Imagem - Lugar de Diálogo entre Corpo e Espaço - José dos Santos Cabral
Documentário - Entre o Político, o Pessoal e o Poético - Marília Rocha
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Visual Music - Módulo I - Henrique Roscoe
Fotografia em Alta Velocidade - da Técnica à Arte - Julio Cezar David de Melo
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Projetos Especiais A área de Projetos Especiais foi criada para possibilitar novas investidas, para além dos padrões tradicionais do ensino da arte. Ela procura estabelecer novos horizontes em direção a outras áreas de conhecimento e a outros processos de produção e criação artísticas. Aqui se busca o novo, aqui podemos ousar. Dessa forma, este é o espaço, não só de relações políticas, mas de criação transdisciplinar e aprofundamentos, o que nos permite uma conceitualização e uma reflexão mais elaborada para a inovação da arte contemporânea. Desde quando o Festival retornou à Diamantina em 2000, tem sido sistematizada uma investigação que procura mapear as tendências da atual produção artística. Este trabalho nos mostra que o artista, hoje, é um artista investigativo, um artista que busca na pesquisa elementos para sua criação, estabelecendo uma relação mais profunda com as outras áreas de conhecimento. A partir destas constatações, o Festival começa a estabelecer propostas intermidiáticas e transdisciplinares viabilizadas pela área de Projetos Especiais. É nela que interagimos e que propiciamos um processo de criação coletiva entre as oficinas de Artes Cênicas, Artes Musicais, Artes Plásticas, Artes Literárias e Artes Visuais. Neste fazer podemos arriscar, propor projetos, cujos resultados não podemos imaginar, sabemos apenas que algo vai acontecer, algo propiciado pelo encontro, pela emoção e pela vontade criadora.
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Essa é, antes de tudo, uma arte viabilizada pela aproximação de artistas de diferentes tendências, de pensadores, e até mesmo de homens de ciência. Uma arte que abre mão da questão autoral a favor de uma produção colaborativa, feita a muitas mãos, que nos indica algo sempre novo, algo que sempre nos toca profundamente. Essa é uma arte sem disciplinas. Outro aspecto, característico da área de Projetos Especiais, é que ela possibilita intensificar as relações humanas, estimulando a permeabilidade de conhecimentos em que a riqueza de uma cultura regional interage com toda uma bagagem tecnológica e conceitual da
produção artística contemporânea. Nesta edição, quando se elege a comunidade quilombola Quartéis do Indaiá com seus cânticos Vissungos, vamos buscar lá o que há de mais preservado, o que há de mais puro, poético e plástico. Viajamos 70 km de estrada de terra, montanhas acima, para encontrar um povo que ainda preserva nos cânticos a sua forma mais singela de comunicação – a música. A partir de um aprendizado adquirido pela convivência com essa cultura de resistência, descobrimos elementos extremamente originais, que, transformados pela tecnologia, pela poética, pela ação colaborativa e criadora, resultaram num inusitado e instigante evento final do 40º Festival de Inverno da UFMG. Este evento final consistiu numa grande instalação que teve como palco a cidade, na qual as ações performáticas se concentravam ao largo de um casario e eram finalizadas no interior de um sobrado em ruínas. Todas as áreas convergiam para um ponto, em que foram tratados a poética, o texto, a música, a imagem e a plasticidade contextualizada pela cultura de um povo. Não só colaborativa, a obra era, antes de tudo, interativa. Os artistas e o público participavam e a transformavam num trabalho em progresso. Eram experiências compartilhadas que faziam do público ator, colaborador e artista participante da grande obra coletiva: Essencial. Mas os resultados vão muito além daquela apresentação pontual. Talvez tenha sido mais importante a convivência com as pessoas daquela comunidade quilombola. Talvez tenham sido mais importantes os ensaios continuados com os velhos músicos da banda Euterpe com seus 120 anos de fundação. Talvez tenha sido mais importante o próprio ato de pensar e conceituar o projeto. O resultado final é muito mais do que isso – não é apenas o objetivo que buscamos, ele faz parte do processo de envolvimento e descobrimento das potencialidades da arte. E quando ele termina, o processo ainda permanece, reverberando dentro de nós. Isto, sim, é importante.
Anima Lendas - Marcelo Branco
FABRÍCIO FERNANDINO COORDENADOR PROJETOS ESPECIAIS
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pROJETOS eSPECIAIS: oficinas
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Ânima Lendas Marcelo Branco (Uberlândia/MG)
Mãos na massa Sebastião Barbosa Vieira (BH)
Realizar uma oficina de animação 2-D para 20 jovens de Diamantina/ MG, visando a produção e distribuição gratuita de DVDs Anima Lendas 2008. Será produzido um curtametragem inspirado no rico patrimônio imaterial das Lendas de Diamantina, em especial: Mito Chica da Silva. Os jovens aprenderão as técnicas de roteiro, story-board, desenhos, edição, coloração digital e sonoplastia e produzirão os extras: making-of, depoimentos, filmagens externas do Festival e experimentos em pixilation (stop-motion de pessoas e objetos). Os resultados também poderão ser vistos no www.f7.com.br , www. youtube.com , festivais e canais de TV, como a Rede Minas.
Despertar e desenvolver no participante o interesse pela utilização de materiais e objetos do nosso cotidiano, para o uso em cenas teatrais. Utilizar o próprio corpo, como ferramenta e extensão na criação dos personagens. Com um olhar diferenciado sobre os objetos que nos cercam, o aluno trabalhará o teatro de animação de formas, com criação de personagens, modelagem, escultura, pintura, roteiros, textos, voz e, por fim, a utilização do espaço cênico.
Música, teatro, dança e objeto na instalação cênica Ione de Medeiros (BH)
Propor atividades relacionadas à música, ao teatro, à dança e à manipulação do material cênico, num projeto de criação coletiva no qual os alunos farão exercícios de criação e composição, a partir das informações adquiridas e do resgate dos valores artísticos da cultura local. O objetivo é estabelecer um processo de trocas que resultem num repertório de gestos, sons, movimentos e material plástico que, uma vez organizados como um produto artístico, possam promover a interação entre os alunos e a própria comunidade.
Essencial: Potencialidades audiovisuais Chico de Paula (BH)
Essencial: Potencialidades Poéticas Ricardo Aleixo (BH)
Essencial: Potencialidades Cênicas Fernando Mencarelli (UFMG)
Essencial: Potencialidades Musicais Damián Rodriguez Kees (Argentina)
Essencial: Potencialidades Plásticas Jorge dos Anjos (BH)
Tratar o audiovisual a partir do conceito de cinema expandido. Articular as possibilidades de interação do audiovisual com cada uma das áreas que compõem o Núcleo, para criar intervenções durante o Festival e gerar conteúdo para o DVD proposto como produto. Desenvolver habilidades técnicas e de linguagem com foco nas novas tecnologias.
Trabalhar, nos planos prático e teórico, as múltiplas possibilidades de uso criativo da voz e do corpo, na difusão e na composição da poesia de extração africana, com ênfase na textualidade banto, predominante em Minas Gerais. Por meio de exercícios individuais e coletivos, os participantes terão contato, ainda, com as inúmeras correntes da poesia experimental que exploram, desde o início do século XX, as dimensões percussiva e timbrística da voz.
Criar performances, vídeoperformances e instalações, a partir da relação com o ambiente e a cultura da comunidade em Quartel do Indaiá, onde sobrevivem as práticas dos Vissungos, pesquisada nas matrizes corpóreas cotidianas e extracotidianas, na oralidade dialetal, na musicalidade e no imaginário local.
Pesquisar o universo sonoro dos Vissungos, não somente sua música, mas todas as sonoridades do entorno da comunidade, buscando localizar a essência das estruturas, formas, cores, texturas e modalidades expressivas dos sons e silêncios daquele universo. Com os materiais pesquisados, a meta é, por um lado, contribuir no campo sonoro com o software interativo, e, por outro, fazer uma composição coletiva que interaja com as outras disciplinas, em perfomances em tempo real, se possível, com a participação de todos os artistas, alunos e professores de todas as áreas do Festival.
Pesquisar e resgatar as manifestações plásticas e imagéticas da comunidade dos Vissungos e, a partir do material coletado, retrabalhar essas imagens dentro de um contexto e processo criativo contemporâneo, para aplicações e composições das performances, instalações e nos produtos computacionais intermidiáticos.
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Essenciais - Potencialidades Musicais - Damiรกn Rodriguez Kees
Essenciais - Potencialidades Cenicas - Fernando micarelli
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Essenciais - Potencialidades Poeticas - Ricardo Aleixo
Essenciais - Potencialidades Plรกsticas - Jorge dos Anjos
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Música, Teatro, Dança e Objeto na Instalação Cênica - Ione de Medeiros
Mãos na Massa - Sebastião Barbosa Vieira
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projeto Saúde PROFª PAULA CAMBRAIA DE MENDONÇA VIANNA PROF. PAULO PIMENTA DE FIGUEIREDO FILHO PROFª ANA LÚCIA PIMENTA STARLING COORDENADORES ÁREA DA SAÚDE A participação da área da saúde no 40º Festival de Inverno da UFMG, em Diamantina, teve como objetivo proporcionar uma maior integração e interlocução com a população da cidade durante sua realização. Entendese que, muitas vezes, a comunidade se coloca distante do evento, pouco participante, apesar do mesmo acontecer no local em que residem. A saúde tem se configurado como uma área em que, a cada dia, são mais necessários os investimentos e as estratégias para atender às demandas das populações. Conversar sobre saúde, falar sobre saúde em uma linguagem acessível aproxima as pessoas e possibilita a criação de vínculos. É nesse sentido que se pretendeu criar eventos que integrem a UFMG aos habitantes de Diamantina, atraindo-os, com seus anseios e aspirações. Estes eventos permitiram, também, uma maior interlocução com a Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Os eventos foram realizados no período de 21 a 25 de julho de 2008 e contaram com a supervisão e orientação de professores da UFMG (Cursos de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Fonoaudiologia e Farmácia) e da UFVJM (Cursos de Enfermagem e de Nutrição).
para adolescentes, para maiores de 18 anos de idade, para adultos e Clínica Médica: Professor Rodrigo Fôscolo para idosos. Oftalmologia: Profa. Ana Rosa Pimentel e Dr Galton Vasconcelos • Fonoaudiologia: Durante o evento, acadêmicos envolvidos obtiveram dados antropométricos Professora Sirlei Alves da Silva Carvalho e de pressão arterial, realizaram exames bioquímicos de colesterol, • Estudantes Monitores: participação de 35 estudantes da UFMG, triglicérides e glicemia para orientação dos riscos de obesidade, distribuídos, numericamente, entre as seguintes áreas: dislipidemias, doenças cardiovasculares e diabetes das pessoas com - Medicina: 14 – dos quais 4 serão monitores que participaram do idade superior a 18 anos. Foi também feito um encaminhamento dos último Festival de Inverno (2007) indivíduos considerados de risco, em relação às doenças triadas, para - Enfermagem: 10 – dos quais 2 serão monitores que participaram do o serviço de saúde da Prefeitura de Diamantina. Para estes indivíduos, último Festival de Inverno assim como para a população em geral, foram feitas, também, discussões - Nutrição: 6 – dos quais 2 serão monitores que participaram do último sobre alimentação, atividade física e lazer, como fatores promotores de Festival de Inverno uma vida saudável. - Fonoaudiologia: 5 – dos quais 2 serão monitores que participaram do último Festival de Inverno Outras ações, tais como a abordagem da saúde da mulher e triagem oftalmológica para lesões oculares externas e de acuidade visual, com 1.2 – UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do posterior encaminhamento, dos casos que foram identificados como Mucuri) alterados, para avaliação especializada. Foram executados também, • Departamentos de Enfermagem e Nutrição procedimentos de avaliação da acuidade auditiva, com procedimentos • Professores Orientadores da UFVJM de limpeza de canal auditivo e realização de impedanciometrias e • Estudantes: 20 consequente encaminhamento de crianças e adultos com exames alterados. 2 – EVENTO “RUA DE LAZER”. A Rua de Lazer foi realizada com a participação das Secretarias de Saúde, Local: Largo Dom João Cultura e de Educação de Diamantina, em atividades concomitantes com Duração: 5 dias as oficinas descritas a seguir: Linguagem, Brincar de Mímica, Teatro, Data: 21 a 25 de julho de 2008 Brincadeiras, aproveitando essas atividades para abordar temas como: Horário: de 9 as 15 horas parasitoses, hábitos orais deletérios, motricidade orofacial, acidentes na Público Alvo: população de Diamantina, crianças e adultos infância, exercícios de proteção de voz, sessões de leitura, orientação de hábitos alimentares saudáveis e para os pacientes identificados como de Participantes: risco para obesidade, dislipidemias e diabetes.
Parte dos estudantes (cerca de 1/3 do total) foi selecionada, por sorteio, entre os que participaram da atividade realizada no 39º Festival de Inverno, em 2007. Neste caso, esses estudantes atuaram como monitores, ficando responsáveis por determinado grupo de trabalho. Os outros estudantes participantes foram selecionados, por áreas, a critério de cada docente envolvido com o projeto. Todos desenvolveram as atividades propostas, 1.1 - UFMG Foi realizada, também, a exibição de filmes, em local público, relacionados tanto para o “Saúde na Praça”, “Rua de Lazer” como para as oficinas. • Professores Orientadores das escolas de: a temas de saúde. Enfermagem: Professoras Paula Cambraia de Mendonça Vianna, Rita de 1- EVENTO: “SAÚDE NA PRAÇA” Cássia Marques e Anadias Trajano Camargos. Promoveram-se, também, ações de saúde no Asilo Frederico Ozanan, em Realização de atividades, em dois períodos, manhã e tarde, de atenção Nutrição: Professor José Divino Lopes Filho Diamantina, com a doação de produtos necessários aos cuidados dos e promoção à saúde, com enfoque no tema: O Lazer e a Cultura como • Medicina: idosos, através da equipe multiprofissional. fatores promotores de uma VIDA SAUDÁVEL. Também foram abordados Pediatria: Professor Paulo Pimenta de Figueiredo Filho; os seguintes temas: alimentação, atividade física, prevenção de acidentes Professora Ana Lúcia Pimenta Starling
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Eventos UM ESPAÇO PRIVILEGIADO PARA A FORMAÇÃO ARTÍSTICA É impossível imaginar um festival de arte sem uma agenda diária de shows, espetáculos, exposições, palestras, mostras, concertos, exibições audiovisuais e demais apresentações das diversas obras artísticas vinculadas às múltiplas áreas do festival – responsabilidade da famosa e complexa “Área de Eventos”. Certamente, porque esse é o espaço privilegiado para a fruição da Arte, além de representar para os alunos, professores e todos os envolvidos na organização e realização do festival uma espécie de fechamento diário do trabalho realizado. Um congraçamento que, muitas vezes, poderia significar uma harmonização às avessas – porque divide opiniões –, mas, na verdade, ressalta a riqueza da presença das dissonâncias, que nos instigam à reflexão e estimulam nossa sensibilidade. Ao me referir à Área de Eventos do festival, gostaria de ressaltar uma premissa que julgo primordial: a apreciação e a fruição da arte também ensinam, tanto quanto as aulas e demais atividades pedagógicas. Assim, a existência de uma Área de Eventos no Festival de Inverno da UFMG, para muito além de significar uma atividade de lazer ou de entretenimento – sem qualquer desconsideração a essas funções, igualmente importantes –, representa mais uma oportunidade de reflexão, discussão e aprendizado. Por isso, nos últimos anos, o princípio maior que tem orientado a programação cultural do festival é a busca da coerência dos eventos com o tema escolhido e com as oficinas oferecidas, além de se estimular a participação dos artistas que integram a comunidade acadêmica da UFMG. Para tanto, a presença cada vez maior, na agenda de eventos, dos próprios professores que ministram as oficinas, apresentando seus espetáculos, mostra-se uma excelente estratégia no sentido de estreitar o vínculo entre as atividades realizadas nas aulas e as apresentações artísticas, ressaltando a importância destas como instrumentos de formação. Assim, na 40ª edição do festival, os professores Aliéksey Vianna, André Cavazotti, Bartolomeu de Campos Queirós, Celina Szrvinsk, Chico de Paula, Damián Rodrigues Kees, Eduardo Guimarães Alves, Eustáquio Neves, Fernando Escrich, Fernando Linares, Fernando Mencarelli, Fernando Rocha, Gilberto Carvalho, Helder Vasconcelos, Ione de Medeiros, Jorge dos Anjos, José dos Santos Cabral
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Filho, Luiz Otávio Carvalho Gonçalves de Souza, Márcio Seligmann-Silva, Maria do Céu Diel, Maria Esther Maciel, Neide Dias de Sá, Nora Vaz de Mello, Paulo André Ferreira de Souza, Ricardo Aleixo, Sebastião Barbosa Vieira e Sônia Queiroz integraram a programação de eventos, evidenciando as relações intrínsecas entre os princípios focalizados nas oficinas e a sua prática artística. Ainda no que se refere à composição da agenda cultural, a 40ª edição do Festival distinguiu-se por uma ação que, em especial, privilegiou a participação dos diversos membros da UFMG (alunos, professores e demais servidores) por intermédio de um Edital de Seleção para Apresentações Artísticas, aberto exclusivamente para esse grupo. Dessa forma, além da tradicional presença da comunidade acadêmica nos lançamentos de livros e obras diversas, 17 grupos artísticos das áreas de Música e Teatro, vinculados à UFMG por meio de, pelo menos, um de seus membros e selecionados por esse edital, compuseram a programação de eventos desta edição. Temos trabalhado para que a Área de Eventos seja, efetivamente, mais um espaço de formação artística, sem dúvida, privilegiado porque, ao congregar múltiplos olhares, favorece inevitavelmente uma rica polifonia. Sem qualquer demérito a todos os outros profissionais que já trabalharam na programação de eventos do Festival, eu não poderia deixar de destacar o nome de Sérgio Diniz que, convivendo com os reveses que as produções culturais continuamente têm sofrido, sempre se dedicou intensamente à elaboração e ao desenvolvimento dessa ideia. Finalmente, eu não poderia deixar de ressaltar a complexidade que é intrínseca à Área de Eventos, que faz dela um imenso quebra-cabeça que acaba envolvendo inevitavelmente todas as outras áreas do festival. Mais ainda, sempre assusta e desequilibra a estrutura, pois é inevitavelmente o espaço do imprevisível, da ideia de última hora – característica própria do artista em processo de criação, ou seja, de todo o festival. Por isso, gostaria de concluir destacando também os nomes de Rosângela Santos, Leonardo Soares, Ricardo Luiz dos Santos e Rubem Calazans que, nos últimos anos, têm trabalhado na difícil arte que é a Produção de Eventos, abusando da criatividade para atender a inúmeros desejos e necessidades, solucionar impasses, conciliar conflitos, transformar o pouco em muito e, muitas vezes, realizar o que parecia impossível.
Cortejo Andores - Marcelo Brant
eRNANI mALETA COORDENADOR EVENTOS
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1 - Abertura 40º Festival de Inverno 2 - Cortejo Andores - Marcelo Brant 3 - Dança - Sem - Um Colóquio sobre a Falta - Dudude Herrmann e Izabel Stewart
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4 - Encontro Literário - Lançamentos de Livros 5 - Essencial - Mostra das Áreas de Projetos Especiais e Artes Visuais II 6 - Exibição - Filme 40 Invernos - Evandro Lemos e Sérgio Vilaça
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7 - Exibição - Mostra do Programa Dango Balango 8 - Exibição - Mostra Cinema Brasileiro em 1968 9 - Exposição - 40 Encontros entre a Arte e o Conhecimento - Fabricio Fernandino
10 - Exposição - ACasa AMostra II 11 - Exposição - Andores - Marcelo Brant 12 - Exposição - D.R.A. Desenhos e Objetos - Antônio Araújo
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13 - Exposicao - Exp. Fotográfica de Foca Lisboa 14 - Exposição - Fluências - Influências - Professores da Área de Artes Visuais I 15 - Exposição - Tapeçaria - Projeto Fred 10 anos
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16 - Intervençao Urbana - Cardume - Tales Bedeschi 17- Intervenção Urbana - Espaço Reservado #4 - José Carlos Barbosa de Aragão 18 - Intervenção Urbana - Um Passo a Mais - Movasse - Carlos Arão e Fábio Dornas
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19 - Mesa Redonda - Debate sobre os 40 Festivais de Invernos - Lúcia Pimentel, Evandro Lemos e José Adolfo 20 - Mesa Redonda - O Vídeo no Brasil visto no Videobrasil - Eduardo de Jesus e Eustáquio Neves 21 - Mesa Redonda - Tecnologias em Audiovisual - César Piva
22 - Oficina Aberta com Telo Borges e Juninho Santos 23 - Oficina de Imagens - Ocupar Espaços - Circuito Audiovisual Interativo - Diamantina-Sabará 24 - Palestra - Eduardo Galpão
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25 - Palestra - O Empreendorismo do Clube da Esquina - Telo Borges e Juninho Santos 26 - Palestra - Viola Brasileira - Do Pacto com o Capeta às Salas de Concerto - Paulo Freire 27 - Palestra - Violência e Cinema Marcio Seligman
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28 - Performance - Dois Peixes Fora D’Água - Andréa Dário e Yana Clark 29 - Show - Affetti Musicali - André Cavazotti e Silvana Scarinci 30 - Show - Banda Diapasão
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31 - Show - Chá de Panela - Grupo Nos & Voz 32 - Show - Corta Jaca - Grupo Corta Jaca 33 - Show - De Coco a Barroco - Banda Pifarinha
34 - Show - Gafieira com Senta Pua - Grupo Senta Pua 35 - Show - Grupo Ramo 36 - Show - Influências e Confluências - Duo Instrumentalis
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37 - Show - Música Contemporânea para Percussão e Eletrônica - Fernando Rocha 38 - Show - Música de Câmara para Flauta e Piano - Duo Joana Radicchi e Joana Boechat 39 - Show - Música Instrumental Brasileira - Marcos Carvalho e Gabriel Neder
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40 - Show - O Livro das Canções - Música Surda 41 - Show - Prucututrá - Grupo Prucututrá 42 - Show - Recital de Piano a 4 Mãos - Celina Szvinsk e Miguel Rosselini
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43 - Show - Recital de Violão - Alieksey Vianna 44 - Show - Rosas para João - Renato Motha e Patrícia Lobato 45 - Show - Soul Brasileira - Banda Iukerê
46 - Show - Viva o Causo Brasileiro - Paulo Freire 47 - Teatro - Alguns Leões Falam - Cia Clara de Teatro 48 - Teatro - Androgena de Minas - Cie Buissonnière
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49 - Teatro - Aqueles Dois - Cia Luna Lunera 50 - Teatro - Arande Gróvore - Galpao Cine Horto 51 - Teatro - As Grandes Lonas do Céu - Cia Candonga e Outras Firulas
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52 - Teatro - Dos a Deux - Cia Dos a Deux 53 - Teatro - Espiral Brinquedo Meu - Helder Vasconcelos 54 - Teatro - Garatuja - Barba Azul e Outras Histórias - Garabateios Investigações Teatrais
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55 - Teatro - Hotel Açucenas - Flores de Jorge Cia Cênica 56 - Teatro - O Amor no Grande Sertão - João Bosco Alves 57 - Teatro - O Guesa Errante - Curso de Graduação de Teatro da EBA
58 - Teatro - O Lustre - Grupo Oriundo de Teatro 59 - Teatro - Oração Para Um Pé de Chinelo - Cia ProduzAção Cênica 60 - Teatro - Por Caminhos de Brás Cubas - Grupo Intervalo
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61 - Teatro - PRÓXIMA EDIÇÃO. Espreme... Que Sai Sangue - Cia Malarrumada 62 - Teatro - Quixote - Cia 4compalito 63 - Teatro - Ta Passando - Camaleão Grupo de Dança
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64 - Teatro - Um Baú de Fundo Fundo - Giramundo Teatro de Bonecos 65 - Vesperata
eventos do festival Abertura oficial do 40° Festival de Inverno da UFMG Cortejo Andores, de Marcelo Brant (Diamantina) Abertura das exposições D.R.A., desenho e objetos de Antônio Araújo e Andores de Marcelo Brant (Diam) Vesperata - Banda Sinfônica Pref. Antônio de Carvalho Cruz e Banda de Música do 3º Batalhão da PM Intervenção urbana - Espaço Reservado #4, por João Carlos Barbosa de Aragão (BH) Exibição do filme 40 Invernos e debate com Lúcia Pimentel, Fabrício Fernandino e José Adolfo Moura Mesa-redonda: O vídeo no Brasil visto no Videobrasil - Eduardo de Jesus (BH) e Eustáquio Neves (Diam) Abertura da exposição Festival de Inverno da UFMG - 40 Encontros entre a Arte o Conhecimento Soul Brasileiro - Banda Iukerê (Diamantina) Intervenção urbana - Esquina com Relíquias, por Miriam Chiara e Renato Almeida (BH) Abertura da mostra do programa Dango Balango Mesa-redonda: Tecnologia em Audiovisual, com César Piva (Cataguases) e Helder Quiroga (BH) Espetáculo teatral O Amor no Grande Sertão - João Bosco Alves (BH) Espetáculo Androgena de Minas - Cie. Buissonnière (Espanha/Suiça) - dança-teatro Exibição do filme 40 Invernos, dirigido por Evandro Lemos e Sérgio Vilaça Retrospectiva Videobrasil (1983-2007) Palestra Musical Viola Brasileira - Do pacto com o capeta às salas de concerto - Paulo Freire (Campinas) Show musical Diapasão (BH) Espetáculo Androgena de Minas - Cie. Buissonnière (Espanha/Suiça) - dança-teatro Aula aberta da oficina A construção de textos - Bartolomeu Campos de Queirós (BH) Aula aberta da oficina Stockhausen para Iniciantes - Gilberto Carvalho (UFMG) Mostra do programa Dango Balango Abertura da exposição Tapeçaria - Projeto Fred 10 anos Viva o Causo Brasileiro - show musical com Paulo Freire (Campinas) Retrospectiva Videobrasil (1983-2007) Influências e Confluências: uma homenagem aos 100 anos de Arthur Bosmans - Duo Instrumentalis (UFMG) Chá de Panela - Grupo Nós & Voz (BH) Aula aberta da oficina Cena aberta: inventário de memórias - Eustáquio Neves (Diamantina) Aula aberta da oficina Imagem - lugar de diálogo entre corpo e espaço - José dos Santos Cabral Filho (UFMG) Espetáculo teatral Arande Grávore - Galpão Cine Horto (BH) Mostra do programa Dango Balango Show musical com o Grupo Corta Jaca (BH) Retrospectiva Videobrasil (1983-2007) Recital de Piano a 4 Mãos - Celina Szrvinsk e Miguel Rosselini (UFMG) Espetáculo teatral O Lustre - Grupo Oriundo de Teatro (BH) Aula aberta da oficina Representação com máscaras - Fernando Linares (UFMG) Um Passo a Mais - Movasse - Carlos Arão e Fábio Dornas (BH) - dança/intervenção urbana Aula aberta da oficina O tempo-ritmo como recurso no processo criativo do trabalho de ator - Luiz Otávio/UFMG Um Passo a Mais - Movasse - Carlos Arão e Fábio Dornas (BH) - dança/intervenção urbana Retrospectiva Videobrasil (1983-2007) Música de Câmara para flauta e piano - duo Joana Radicchi e Joana Boechat (BH) Dos a Deux - Cia. Dos a Deux (França/Brasil) - espetáculo de teatro gestual Mostra da Oficina Banda e Musica - Prática de Repertório Sinfônico As Grandes Lonas do Céu - Companhia Candongas e Outras Firulas (BH) - espetáculo teatral O Guesa Errante ou de como... Curso de Graduação em Teatro da EBA/UFMG - espetáculo teatral Aqueles Dois - Cia. Luna Lunera (BH) - espetáculo teatral Gafieira com Senta a Pua! - Grupo Senta Pua! (BH) - show musical Da Epifania de Silêncios e Outras Odes - intervenção urbana - Antônio Dante Rodrigues Acosta (BH) Notas para Letras - Renato Motha (BH) - oficina aberta para estudantes de música, compositores e músicos. As Grandes Lonas do Céu - Companhia Candongas e Outras Firulas (BH) - espetáculo teatral Lugar do Esquecimento (BH) - espetáculo teatral Sem - um colóquio sobre a falta - Dudude Herrmann e Izabel Stewart (BH) - espetáculo de dança Rosas para João - Renato Motha & Patrícia Lobato (BH) - show musical Espiral Brinquedo Meu - Helder Vasconcelos (Recife) - espetáculo cênico-musical Aula aberta da oficina: Essenciais: Potencialidades Musicais - Damián Rodriguez Kees (Argentina)
Aula aberta Minas Afro-Descendente - Sônia Maria de Melo Queiroz (UFMG) Marcos Carvalho e Gabriel Neder: Música Instrumental Brasileira Mostra Cinema Brasileiro em 1968 - Blá Blá Blá e Fome de Amor Mostra de filmes - O Amor Não Tira Férias Fluências: influências - exposição dos professores da área de Artes Visuais I Encontro Literário (lançamento de livros e palestras) - Tânia Diniz, Vera Casa Nova, Fabrício Fernandino, Maria Esther Maciel, Roberta Canuto, Cássia Macieira e Juliana Pontes (BH) Quixote - Cia. 4com Palito (BH) - espetáculo teatral Cardume - Revoada - intervenção urbana - Tales Bedeschi (BH) Dois Peixes Fora D’Água - performance por Andréa Dário e Yana Clark (BH) Ta Passando - Camaleão Grupo de Dança (BH) Mostra Cinema Brasileiro em 1968 - As Amarosas Mostra de filmes - Ratatouille Música contemporânea para percussão e eletrônica - Fernando Rocha (UFMG) Hotel Açucenas - Flores de Jorge Cia. Cênica (BH) Aula aberta da oficina Técnicas de Estamparia Têxtil: desenhos na trama - Paulo André F. de Souza (UFMG) Dois Peixes Fora D’Água - performance por Andréa Dário e Yana Clark (BH) Aula aberta da oficina Música, teatro, dança e objeto na instalação cênica - Ione de Medeiros (BH) Aula aberta da oficina Introdução ao Conceito de Livro de Artista - Neide Sá (RJ) Mostra Cinema Brasileiro em 1968 - Trilogia do Terror Mostra de filmes - E se fosse verdade Palestra Violência e cinema: um olhar sobre o caso brasileiro hoje - Márcio Seligmann-Silva (SP) De Coco a Barroco - Pifarinha (Uberlândia) - show musical Alguns Leões Falam - Cia. Clara de Teatro (BH) Aula aberta da oficina Palhaço - um passo à frente - Fernando Escrich (SP) Aula aberta da oficina A Dança Contemporânea na Escola... - Nora Vaz de Melo (UFMG) Próxima Edição. Espreme...que sai sangue - Cia. Malarrumada (BH) - espetáculo teatral Palestra As Relações Entre Teatro de Rua e de Palco - Eduardo Moreira (BH) Mostra Cinema Brasileiro em 1968 - 1968 e O Bandido da Luz Vermelha Mostra de filmes - Patch Adams - o amor é contagioso Lançamento do CD O livro das canções - Música Surda (RJ) Grupo Ramo (BH) - show musical Aula aberta da oficina Um jeito de fazer tradicional e contemporâneo (Helder Vasconcelos/Recife-PE) Palestra musical O Empreendedorismo do Clube da Esquina - Telo Borges (BH) Mostra Cinema Brasileiro em 1968 - Câncer Oração para um pé de chinelo - Companhia Produz Ação Cênica (BH) Mostra das oficinas Figurações do Erotismo e Introdução ao Conceito do Livro de Artista Recital de Violão - Aliéksey Vianna (BH/Suiça) Por Caminhos de Brás Cubas - Grupo Intervalo (BH) - espetáculo teatral Mostra da oficina Construindo Narrativas Através dos Gêneros Cinematográficos Prucututrá - Grupo Prucututrá (BH) - show musical Oração para um pé de chinelo - Companhia Produz Ação Cênica (BH) Aula aberta da oficina Núcleo Avançado de Criação Intermidiático - Fernando Mencarelli (UFMG), Ricardo Aleixo (BH), Damián Kees (Argentina), Chico de Paula (BH) e Jorge dos Anjos (BH) Essencial - mostra das áreas de Projetos Especiais e Artes Visuais II Mostra das oficinas Percussão e Música Contemporanea; e Violão sem Fronteiras Tocai o Tambor, Descei o Pau - Aula aberta da oficina Música Cênica Mostras Mãos na Massa (prof. Tião Vieira) e No País do Faz de Conta (profa. Ione Medeiros) Garatuja: Barba Azul e outras histórias - Garabateios Investigações Teatrais (BH) Mostra das oficinas da área de Artes Visuais I Oficina aberta com Telo Borges (BH) Mostra da oficina A Dança Contemporânea na Escola Um Baú de Fundo Fundo - Giramundo Teatro de Bonecos (BH) Affetti Musicali - André Cavazotti e Silvana Scarinci (UFMG/BH) - recital
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PUBLICAÇÕES
publicações A ARTE PELA ARTE, SEM VESTÍGIOS ENTREVISTA COM ANDRÉ CURI E ARTHUR RIBEIRO
André Curi e Arthur Ribeiro são fundadores da Cia. De teatro Dos à Deux, nome criado a partir do primeiro espetáculo da companhia e que foi apresentado no 40ª Festival de Inverno da UFMG. Além do espetáculo, também ofereceram uma oficina de Improvisação e escritura
dramática. O trabalho deles é marcado pelo teatro gestual, e seus espetáculos já foram apresentados em todo o mundo.
coisa que eles nem sabem o que é, e a partir dessa situação, o drama está dentro do corpo deles, e a cada momento eles tentam sair disso, é quando vem o onírico e o humor. Eles tentam se distrair, mas voltam sempre para o estágio zero, o estágio da angústia, dessa coisa de esperar e não saber se virá da esquerda ou da direita, de cima ou de baixo. Eles estão perdidos num espaço vazio e não sabem muito bem o que fazer. Tem toda uma relação de dependência que se estabelece entre os personagens, porque eles se detestam, mas só podem existir se estiverem juntos. São os arquétipos do ser humano. A gente precisa do outro pra viver. É muito melhor esperar com alguém do que esperar sozinho. A solidão é muito forte, muito trágica.
- FALEM UM POUCO SOBRE O ESPETÁCULO DOS À A gente fez uma leitura diferente para o fim da história de DEUX. Godot, que é a morte de um deles. Mesmo com a morte, o Arthur – Nos inspiramos na obra de Beckett, Esperando outro continua a esperar em cima do corpo dessa pessoa. Godot. Pegamos a essência de doiss personagens: Um dos personagens morre, mas eles permanecem Vladimir e Estragon e os construímos de uma forma fisicamente juntos, mesmo não estando como espírito, teatral, ou seja, pensando em quais seriam as atitudes como gente, mas tem um corpo. Então tem toda uma deles, a maneira deles andarem, a relação entre eles. metáfora que vai além da espera ou dos joguinhos que Toda a trama que se seguiu é em função desse physique eles criam entre si, mas sim de uma dependência muito du rôle. A gente foi levando esse espetáculo de acordo forte entre os dois. Eles são moradores de rua, estão ali com o diálogo corporal ente os dois: um é muito mal à margem. Aliás, a exclusão é uma coisa que habita em humorado, o outro mais infantil, está sempre atrás do todos os nossos espetáculos. Temos uma necessidade e primeiro. Enfim, é uma relação superingênua, e ao mesmo uma vontade muito grande de falar dessas pessoas que tempo são personagens tragicômicos, que têm um conflito são excluídas, através de inúmeros temas e estéticas diferentes. muito forte entre si. Existe uma tragédia que perpassa o espetáculo: 2 personagens que estão num vazio esperando por uma 106
- O ESPETÁCULO DOS À DEUX É TODO CONSTRUÍDO COM 2 PERSONAGENS. QUAL É O PAPEL DO OUTRO NA
CONSTRUÇÃO DO PERSONAGEM? Arthur - O trabalho do outro é muito ligado à genialidade, trabalhando com dois personagens estética e visualmente coniventes, mas interiormente muito diferentes. Acho que eles se completam, até no nome do espetáculo que quer dizer de costas a dois, ou seja, um está suportando o outro, se segurando através do outro. Enfim, tem toda uma metáfora em cima dessa dualidade das personagens, que, eu acho, estão ali precisando um do outro para passar o tempo, para esperar essa pessoa que eles sequer conhecem, nem sabem por que estão ali. - O PROCESSO CRIATIVO DE VOCÊS DOIS É BASEADO NA PRESENÇA DO OUTRO TAMBÉM? Arthur - O processo criativo é mais um ping-pong de ideias, de construção. A gente tem um trabalho complementar. Não tem um que domina, que se sobressaia. A gente funciona, passo a passo, juntos. - QUAL É A PROPOSTA DO TRABALHO DE VOCÊS? Arthur - Nós desenvolvemos um trabalho gestual há 10 anos, o qual envolve técnicas e linguagens completamente diferentes. Primeiro desenvolvemos o trabalho de precisão dos gestos, e pra isso a gente usa muito a técnica das danças orientais: a mímica corporal dramática do kung fu, por exemplo, não como uma técnica em si, mas como uma ferramenta para desenvolver uma tonicidade do corpo, uma precisão e uma escuta. Nosso trabalho é muito baseado na escuta e na precisão do lugar do ator, a gente trabalha muito com a escritura dramática.
publicações - O QUE É ESCRITURA DRAMÁTICA?
surgiu o Dos à Deux .
Arthur - É uma dramaturgia teatral escrita, mas somente com gestos. Existe um roteiro nos nossos espetáculos, uma história contada sem palavras. É o teatro gestual, um roteiro que não tem falas.
E depois o Je suis bien moi, que é o segundo espetáculo da companhia, já foi um processo completamente diferente. Não partimos de uma escritura pronta, partimos do tema e trabalho de concentração constante. Na verdade a gente tinha ideias, cenas, e visualizava com o grupo, a partir dessa visualização é que a gente montava o espetáculo. Foi um processo de montagem conjunta de espetáculo.
- APROXIMA-SE DA DANÇA? Arthur – Aproxima, sim, porque tudo é coreografado, tudo tem a precisão da dança, mas não posso comparar o nosso trabalho à dança, é outro universo. A diferença é que a dança é muito mais abstrata e os movimentos visam mais à forma estética, não digo que uma é melhor ou pior que a outra. Nós temos a preocupação estética, obviamente, mas também nos preocupamos com os personagens e as histórias. Na verdade quando os personagens dançam, eles dançam porque têm a necessidade daquela dança. A dança vem junto com a construção do personagem. - COMO É O PROCESSO DE CRIAÇÃO DESTE TEATRO GESTUAL? Arthur - A nossa maneira de funcionar a cada espetáculo é uma história, então vamos dar dois exemplos. O Dos à Deux foi a única vez que a gente partiu de uma inspiração. Pegamos os dois personagens inspirados na obra de Beckett, Esperando Godot e criamos uma outra dramaturgia que não tem a ver muito com a obra de inspiração. São dois personagens de arquétipos diferentes que desenvolvem ações para preencher o vazio da espera. Então a partir daí, a gente começou improvisando o que este personagem faria gestualmente para esperar. Daí
- QUAL É O BARATO DA IMPROVISAÇÃO? André - O grande barato da improvisação é se deixar levar pelo tema, pela dinâmica que você estabelece dentro da improvisação. A gente tem sempre um fio condutor que coloca ritmo para não virar uma coisa sem direção nenhuma. Esse fio condutor são focos, tipos de estilo, de dinâmica, de material que é desenvolvido naquele momento, naquela cena. Isso cria uma dinâmica diferente, um ritmo geral para o espetáculo, que é superimportante na hora de amarrar, em termos de encenação, todos os elementos no final. - ANDRÉ, VOCÊ QUE JÁ TRABALHOU COM TEATRO DE RUA, QUAL É A DIFERENÇA DO TEATRO DE RUA PARA O TEATRO GESTUAL? André - É difícil diferenciar, porque o teatro de rua é muito ligado ao objeto. Quando fazia teatro de rua, eu trabalhava com objetos enormes, gigantescos. Então o eixo era muito mais de manipulação de objetos, com uma dramaturgia muito mais solta. Não tinha realmente uma história, era mais um teatro de imagens. E é outra energia, na rua tudo
é maior, mais exagerado. Mesmo a condição própria da personagem é muito diferente. - ARTHUR, E VC TEM EXPERIÊNCIA COM O CINEMA... Arthur – O meu percurso no cinema e até na televisão são coisas que tiveram importância na minha vida, mas que não fazem parte da minha formação, do que eu faço hoje. Foram experiências que serviram para poder trabalhar e conhecer um pouco as outras linguagens. Mas interiormente, o que me leva, o que me habita é o teatro...e em todas as suas divisões: o teatro, a mímica, a mágica. As experiências com o cinema foram mais efêmeras, que eu gostei muito, mas que não foram o meu foco. Durante esses últimos 10 anos, todo o meu trabalho foi em cima da Companhia, em cima do trabalho teatral e coreográfico. - AS ARTES CÊNICAS SÃO UMA ARTE EM QUE O ARTISTA TEM O CONTATO DIRETO COM O PÚBLICO... Arthur - É a única arte que não deixa vestígios, a não ser o próprio espectador relatando o que foi visto. Mas ele jamais vai escrever perfeitamente o que ele sentiu e o que ele viu. Então é a arte mais efêmera das artes. Tudo que fazemos é no presente, o que pode ficar são fotos, mas esses registros nunca terão o sentimento do que é a obra, mesmo uma gravação em vídeo. Ao contrário das outras artes, como a literatura, em que cada um sempre tem uma impressão imediata e que permanece, fica completamente na história. André - E é bacana ver a reação de cada cultura. Cada país entende e sente de uma maneira os nossos espetáculos. 107
publicações - DESSA FORMA ENTÃO, O PROCESSO DE CRIAÇÃO NO TEATRO ESTÁ PRESENTE ATÉ NA HORA DA APRESENTAÇÃO? Arthur - O personagem que é construído está permanentemente evoluindo, a gente tem o privilégio de, em todos os nossos espetáculos, termos um ritmo de apresentação constante, uma média de 450 apresentações. Então é lógico que há 10 anos, quando construímos o Dos à Deux, eu tinha 10 anos menos de experiência, tinha menos maturidade que eu tenho hoje em dia. Tudo isso influencia na apresentação, mesmo que a estética e a partitura gestual continuem as mesmas, a maneira de a gente aplicar esta forma é diferente. - O TEMA DESTE FESTIVAL DE INVERNO DA UFMG É ARTE: ESSENCIAL. VOCÊS JÁ ENCONTRARAM A ESSÊNCIA DA SUA ARTE? André – A verdade. Eu acho que a verdade do que fazemos é a coisa mais importante. Arthur – E a vocação. A vocação é essencial. Para se ter uma profissão, tem-se que ter uma vocação. É mais do que uma profissão. Porque com tantos obstáculos, com tantas dificuldades que há em uma profissão, só com a vocação ela passa a significar pra sua vida. A vocação tem que ser essencial, senão não fica possível. É a parte humana. Ainda pensando nessa coisa da essência, este espetáculo que apresentamos no Festival está na sua essência estética, não há nada que fica no palco que não seja utilizado 108
para a ação. Não há cenários, objetos, é um palco nu, e foi o carro chefe da nossa pesquisa. Sempre procuramos pensar na cenografia de forma que tudo que esteja em cena seja necessário, para que tudo ali seja verdade, nada seja parasita ou decoração, tudo está ali para servir àquela ação. Este espetáculo funciona verdadeiramente neste sentido: no humor, no vazio e na reclusão. - O TEATRO É UMA DAS ARTES MAIS PRIMITIVAS, QUE, AO CHEGAR ATÉ OS DIAS ATUAIS, MUDOU EM MUITA COISA. TEMOS TECNOLOGIAS QUE PODEM AJUDAR TANTO NA CONSTRUÇÃO DO CENÁRIO, QUANTO NA CONSTRUÇÃO DO PERSONAGEM. O QUE VOCÊS ACHAM DE MISTURAR ESSA COISA PRIMITIVA COM A MODERNIDADE? Arthur – Gordon Craig1, em sua teoria, diz que o teatro não precisava de ator. Que poderia estar nu, com luz, com bonecos, ou simplesmente com objetos de cena que já seria o teatro. Então o que é teatro? Para mim, o teatro é ter um personagem ali comunicando com o outro ou com uma imagem projetada, que seja, e trabalhar com uma representação. Mas tem que ter uma justificativa de utilização de tal ferramenta. A aplicação dessas novas tecnologias nas artes cênicas é inevitável, é a evolução. Nós, particularmente, ainda mantemos um teatro com um lado mais existencial. A 1 - Edward Gordon Craig (1872 - 1966), ator, encenador e cenógrafo inglês. Foi um dos pilares do chamado simbolismo teatral. Na defesa desta estética, assinou algumas montagens históricas, como Hamlet, encenada em 1912 no Teatro de Arte de Moscou, de Stanislavski. Depois da Primeira Guerra Mundial, passou a ser muito mais um teórico que um homem da prática teatral, um teórico muito especial, que além de escrever sobre suas idéias, esboçava cenas e construía maquetes de cenários para peças que imaginava, de realização quase inimaginável.
gente precisa de ator, precisa de gente representando algo dentro de um conflito, por isso é teatro. Teatro é conflito, sem conflito, não há teatro. André – Eu acho que é uma coisa que depende muito de como é feito também. Todas essas coisas que estão surgindo agora são válidas, fazem parte da evolução, da história do teatro. Depende de como é feita esta mistura de técnicas (primitivas com tecnológicas), de como essas novas técnicas são assimiladas no teatro “primitivo”, que tanto pode ser uma experiência válida, mas também pode não ser bom. Talvez perca a essência. Eu tenho um pouco de dificuldade quando eu vejo, por exemplo, uma coisa com muita projeção. Depende de como é feito, mas aquilo pode me desviar do que eu estou sentindo da própria essência do teatro. Que seja utilizado, mas esteja dentro da sua proposta, do que você está querendo dizer naquele momento. Arhtur – Se aquilo não é bem utilizado, é também um parasita. Da mesma forma com imagem: se uma imagem é projetada, mas não tem um link perfeito com o que está acontecendo, vira um efeito. Eu acho que a mesclagem é como fazer do limão uma limonada, o segredo está na forma de misturar.
publicações O LUGAR ONDE O SENTIDO PERDE SENTIDO ENTREVISTA COM BERNARDO CARVALHO
Bernardo Carvalho é um escritor consagrado no Brasil, ganhador de prêmios como Jabuti e APCA, da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Também jornalista, já foi editor do suplemento literário da Folha de São Paulo, Folhetim, e foi correspondente deste jornal. Na 40ª edição do Festival de Inverno da UFMG, ele ministrou a oficina de Criação Literária e, no intervalo das aulas, batemos um papo com ele sobre seu trabalho e seu processo de criação. - VOCÊ FOI À MONGÓLIA E À RÚSSIA PARA FAZER SEUS LIVROS, COMO FOI A EXPERIÊNCIA DE VIAJAR PARA ESCREVER? Nos dois casos, tanto na Mongólia quanto na Rússia, foram encomendas. Na Mongólia, foi meu editor português que tinha um acordo com uma Fundação Oriente e me propuseram de passar 2 meses no país e escrever um livro baseado na minha experiência. Podia ser ensaio, romance, diário de viagem, etc, e eu optei por escrever um romance. No caso da Rússia foi um projeto de um produtor de cinema de São Paulo, Rodrigo Teixeira, que convidou 16 ou 17 escritores, cada um para uma cidade do mundo durante um mês, e a partir dessa experiência, escrever um romance que eventualmente seria adaptado para o cinema.
Nos dois casos foram encomendas, só que muito abertas. No caso da Mongólia não tinha nenhuma restrição, a não ser que a obra se passasse na Mongólia. E no caso da Rússia, além do romance ter que se passar em São Petersburgo – lugar onde eu estava – tinha que ser uma história de amor. Mas fora isso, era totalmente livre, se podia fazer o que se quisesse. Num certo sentido, pelo menos na Mongólia, para mim, foi muito produtiva essa proposta da encomenda, porque é como se me pusesse um limite e eu tivesse que chegar a esse limite, é como se fosse um desafio. Ao invés de limitar, na verdade, me ajudou. Lá eu viajei com um casal de guias mongóis e a gente passava o dia viajando de carro. Por ser um país pouco urbanizado e de cultura nômade, viajávamos pelos campos e dormíamos nas barracas dos nômades. A partir dessa experiência eu fiz um romance com 3 narradores, 2 deles viajam pelo país. A partir das situações que aconteciam comigo durante o dia, eu direcionava o assunto para um desses narradores. No caso da Rússia, acho que foi mais difícil para mim porque eu fui pego de surpresa, foi em cima da hora. E aconteceu uma coisa engraçada. A história tinha que ser de amor, mas eu queria evitar os clichês, esse negócio de cidade romântica, queria fazer uma história que fosse mais barra pesada. No meu terceiro dia na cidade fui assaltado, e a partir daí fiquei em pânico, foi um mês de pesadelo. Isso ajudou, não a mim porque fiquei devastado, mas para o livro foi superlegal por ter me dado um gancho de, ao invés de ver a cidade como um clichê, um lugar comum,
eu passei a ver uma cidade horrível. O mês inteiro eu só via coisa horrível, queria sair dali. E com isso eu criei o ambiente do meu romance. Ele não está pronto ainda, estou no meio, mas é um romance meio claustrofóbico, em que os personagens estão tentando escapar daquela cidade. É engraçado porque as encomendas acabam ajudando o romance, no final das contas, porque elas me põem num estado de espírito em que a experiência conspira a favor da história que quero contar. No caso da Rússia foi claro pra mim. Eu queria escapar do clichê e, no 3º dia, a própria realidade me empurrou para um lado. - PORQUE VOCÊ ESCOLHEU O ROMANCE AO INVÉS DO DIÁRIO DE VIAGEM, POR EXEMPLO? No caso da Mongólia, porque eu achava que tinha um lado exótico do lugar, que já estava muito esgotado por todos esses guias de viagem, etc. Eu decidi fazer o romance porque é a minha praia, eu não poderia fazer um poema, porque não sei fazer, poderia ter feito um ensaio... Mas o interessante para mim naquele momento era criar, como no caso da Rússia também, um ambiente que não fosse exatamente a Mongólia, criar um ambiente imaginário a partir da minha experiência. Por exemplo, quando viajei pelo deserto da Mongólia, tinha a sensação de que não ia chegar a lugar algum. Por não ter nenhum ponto de referência, parecia que andávamos em círculos. Isso foi transferido para o romance, o personagem diz que as coisas se repetem. A experiência ajuda na criação, e eu escolhi o romance 109
publicações porque eu queria que a minha perspectiva subjetiva deste país fosse o principal do livro, e não um olhar objetivo, histórico, etc.
- MAS O QUE DIFERENCIA O ARTISTA É QUE ELE NÃO TEM ESSA NECESSIDADE DE BUSCAR UM OLHAR OBJETIVO DA REALIDADE...
- NESSAS VIAGENS, COMO VOCÊ TRABALHAVA O OLHAR NECESSÁRIO PARA UM ESCRITOR?
Ele não só não tem essa obrigatoriedade, como o olhar subjetivo e alucinado acaba sendo o mais interessante mesmo.
O que acontece nessas viagens é que como é um lugar desconhecido, por mais que você pesquise, leia sobre o lugar, seu olhar será um olhar equivocado. Igual ao de um estrangeiro que vem ao Brasil sem saber nada, nem a língua, e começa a fazer conclusões supersofisticadas sobre o Brasil. Na verdade foi o que eu fiz na Mongólia, sem saber nada, de uma forma totalmente leviana, só que eu pus isso na boca dos personagens. Então o olhar é totalmente equivocado, que não vê a Mongólia do povo nativo, mas ao mesmo tempo pra mim, é um olhar verdadeiro, por ser o olhar que me interessa. O olhar do curto-circuito, do que não está normalizado por aquela vida local. Que não está viciado com a vida cotidiana, com a história, com o passado, com a tradição. É como se eu viesse para Diamantina, por exemplo, e olhasse para cá e visse tudo ao contrário do que estamos vendo. Só que esse olhar contrário do que estamos vendo é que me interessava na Mongólia. Então o fato de estar lá como um estrangeiro, sem compreender as coisas, pro romance funciona perfeitamente. O romance é um ponto onde o equívoco, por ser um lance subjetivo, se aproxima muito da verdade, é paradoxal. O equivocado e a verdade podem ser a mesma coisa num romance. Na Rússia, sobretudo por eu ser um cara muito medroso, a distorção que o medo fez da realidade foi sensacional para mim. 110
- ESTES SEUS LIVROS DIZEM UM POUCO SOBRE VOCÊ E SUAS EXPERIÊNCIAS. VOCÊ ACHA QUE A ARTE É INERENTE AO SER? Acho que meu trabalho sempre vai partir da minha experiência, do que eu sou, de onde nasci, das coisas que vivo e estou vivendo. O que eu acho interessante no caso dessas viagens é que é a minha experiência sim, mas é também uma experiência forçada, artificial. Não é minha vida cotidiana em São Paulo. Sou eu, essa pessoa produzida no Brasil, com todo o passado de escritor brasileiro, mas que foi deslocado artificialmente para um outro lugar estranho com o objetivo de criar um romance. O curto-circuito deste deslocamento faz a minha experiência pessoal, da qual não posso me distanciar de jeito nenhum. A realidade é distorcida pelo deslocamento. A viagem já é uma ficção na hora que se decide viajar para escrever o romance. - É UM DIÁRIO DE VIAGEM, DE CERTA FORMA, ENTÃO... Sempre é, na verdade, um diário de viagem quando você vai para um lugar que você não conhece. Interessa-me muito no meu trabalho ter este confronto entre uma
realidade a qual você não consegue compreender de jeito nenhum, e a sua subjetividade tentando compreender tal realidade. Lutando para compreender, mas com uma parede entre realidade e subjetividade. Daí acontece uma explosão ali e sai uma alucinação, um equívoco, que tem uma verdade dentro, uma verdade que é justamente deste lugar, deste confronto. O choque entre a realidade e a subjetividade. - VOCÊ ACHA QUE A ARTE QUE VOCÊ FAZ É IMPULSIONADA POR ESSE CHOQUE? Eu não sei o que impulsiona, são várias coisas em vários momentos. O que eu comecei a entender é que não sei se é impulsionada, mas alimentada por esse conflito. Num momento quando eu começo a sentir que estou meio perdido, sem saber pra onde ir, o que fazer, estas viagens funcionam como espécie de alimento da ficção e do próprio trabalho do escritor. - O INCÔMODO É QUE TE INSPIRA? O incômodo me inspira muito. E uma vivência estranha das coisas. Porque se eu estou em casa, está tudo bem. Se eu tenho minha rotina, não tem graça. O que tem graça, pra mim, é quando você se joga num ambiente que é inóspito. Mês passado a Folha de São Paulo me mandou para fazer uma reportagem grande nos Estados Unidos sobre religião, e aí comecei a encontrar uns personagens maravilhosos! Fui com uma ideia, e essa ideia mudou quando cheguei ao lugar, isso pra mim é adorável.
publicações Tem um lado no jornalismo que de fato me interessa no trabalho como escritor, que é me proporcionar uma situação que não viveria se não fosse pelo pretexto jornalístico. É menos a escrita jornalística do que um trabalho existencial do lugar do jornalista. Este negócio de ser jogado, fazer uma reportagem especial num lugar a que eu nunca iria. - O SEU PROCESSO CRIATIVO PARTE DE UM ELEMENTO QUE PODE NÃO SAIR DA LITERATURA, E QUE SE TRANSFORMA EM ALGO CRIATIVO... É minha experiência, mas fora do lugar, sempre fora do lugar. O choque do deslocamento que me alimenta. - O QUE É ESSENCIAL NA SUA ARTE? É uma pergunta difícil, não sei te dizer. É igual quando perguntam “porque você escreve?” não sei, talvez se eu soubesse, não escreveria. O que é essencial? – engraçado –, pode ser uma bobagem, mas acho que tem coisas que são muito essenciais para mim, por exemplo, o paradoxo, essa ideia de tentar criar um sentido na literatura onde as coisas não fazem mais sentido, isto eu acho que está muito presente, em alguns livros isto está mais bem resolvido, em outros menos. Para mim me interessa muito o lugar onde o sentido perde sentido, o paradoxo é um pouco esta figura. O interessante é a busca do sentido, o resultado não virá. Isto é, na vida de todo o mundo, o interessante é buscar, e não achar um resultado.
A INTEGRAÇÃO ENTRE AS ARTES ENTREVISTA COM CHICO DE PAULA
Chico de Paula tem trabalhos premiados em vídeo, televisão e cinema. É sócio da Arquipélago Audiovisual, responsável pela direção de arte e finalização de trabalhos com foco na utilização de tecnologia digital. Nesta 40ª Edição do Festival de Inverno da UFMG, foi convidado a ministrar uma das oficinas que integram a área de Projetos Especiais, que unia 5 oficinas de áreas diferentes em um objetivo em comum: um trabalho de investigação artística, que teve por base os remanescentes quilombolas Vissungos, residentes em um pequeno lugarejo que dista aproximadamente 50 quilômetros de Diamantina, chamado Quartel do Indaiá. A partir dessa interação, foi produzida uma performance única, no fechamento do Festival. Tivemos esta conversa com Chico de Paula ainda nos primeiros dias de sua oficina. - FALE UM POUCO SOBRE A PROPOSTA DA SUA OFICINA NA ÁREA DE PROJETOS ESPECIAIS. Pode-se pensar na proposta desta oficina em dois momentos. Primeiramente é o trabalho coletivo: a integração de todas as oficinas para criar um evento de encerramento deste Festival. Neste sentido, pensei em trabalhar a integração do audiovisual com as outras áreas da arte, o que se constitui em um processo muito natural do audiovisual, pois sempre estamos falando de outra coisa. E, de uma forma mais específica, assumir o vídeo, ou o audiovisual, como expressão artística. Estes eram
os dois objetivos desta oficina: a interação com as outras áreas e a adoção do audiovisual como forma de expressão artística. - PARA ESTE TRABALHO FINAL, VOCÊS ENTRARAM EM CONTATO COM A CULTURA DOS VISSUNGOS PARA QUE, A PARTIR DESSA INTERAÇÃO, FOSSE PRODUZIDO ALGO QUE SE UTILIZASSE DE NOVAS TECNOLOGIAS. COMO AGREGAR A COISA DA TRADIÇÃO, DOS COSTUMES, A FERRAMENTAS DE ÚLTIMA GERAÇÃO? Eu não sei se o tecnológico não é primitivo. Se formos pensar no caso dos Vissungos, que são os cantos com os quais estamos trabalhando, ao utilizarmos da voz do Seu Crispin ou do Seu Pedro, que são integrantes da comunidade, percebe-se que a voz deles é uma tecnologia muito mais avançada para reproduzir a música do que o computador. Porque, aliada a essa tecnologia do corpo, que é o instrumento, há uma outra bagagem que o próprio instrumento detém. A cultura está no corpo deles, não no computador. Eu tento passar esta ideia na oficina. A transposição das coisas se dá primeiro pela a assimilação de valores, pertinentes a essa cultura, pelas pessoas que utilizam os equipamentos. Isto é fundamental. Eu acho que a gente teve uma sintonia muito grande com isso, porque desde o primeiro momento que nos juntamos para definir a instalação em sua totalidade, a gente viu que todas as coisas que pensávamos separadamente estavam afinadas. Acho que isto aconteceu devido às reuniões ocorridas anteriormente, das conversas que tivemos, da visita que fizemos ao próprio local. - DE QUE FORMA VOCÊS CONSEGUIRAM INTEGRAR 111
publicações A CULTURA DOS VISSUNGOS COM AS MÍDIAS AUDIOVISUAIS E COM AS OUTRAS OFICINAS DA ÁREA DE PROJETOS ESPECIAIS? É uma releitura, obviamente, não poderia ser de outra forma. Eu acho que a integração é, neste caso, essencial, assim como a proposta das oficinas. É essencial, porque sem ela não conseguiríamos o diálogo, que é uma característica dos Vissungos, um canto de respostas em que um entoa e o outro responde. Eu acho que isso foi uma coisa assimilada quase que intuitivamente desde o primeiro momento. Mas acho que isto também é próprio de cada uma das pessoas escolhidas. - SOBRE A INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE AS ARTES, VOCÊ FALOU NO COMEÇO QUE O AUDIOVISUAL É A ARTE QUE MAIS SE INTEGRA COM AS OUTRAS, POIS ELA SEMPRE ESTÁ FALANDO DE UM OUTRO... Não sei se é a que mais se integra, mas eu acho que o audiovisual tem esta característica de trabalhar sempre com áreas do conhecimento que não são a sua. Vamos comparar com a música, mesmo que você esteja compondo com os Vissungos, a nota musical que você vai usar para a criação é própria da sua linguagem musical. O audiovisual é forçado a entrar numa área de conhecimento que não é a dele. De certa maneira, eu acho que isto é uma coisa que vem acontecendo com as artes. Às vezes é meu modo de trabalho, mas eu só funciono se eu trabalho conectado com outras artes, com outros conhecimentos que não são os meus.
“Eu não vejo razão em fazer nada sozinho.” 112
- O QUE VOCÊ ACHA QUE MUDOU NA LINGUAGEM DO AUDIOVISUAL COM O SURGIMENTO DO VÍDEO? O Greenaway2 deu uma entrevista, recentemente, em que lhe perguntaram o que ele achava que ia acontecer com o cinema, se iria morrer com a entrada das novas tecnologias. Ele disse o seguinte: “o cinema não vai morrer porque ele nunca nasceu, o que a gente vê nas telas é literatura, não é cinema”. Então eu acho que a gente ainda está muito no início dessa linguagem, nós sabemos muito pouco dela. Ainda estamos muito presos à formalidade do texto, trabalhamos muito com legenda, com roteiro.
“Ainda somos incapazes de usar a totalidade das possibilidades que o audiovisual oferece.” Eu acho que, cada vez mais, temos a oportunidade de experimentar isto em junção com outras artes. Por exemplo, instalação e performance são formas de narrativas audiovisuais que são muito pouco reconhecidas, principalmente aqui. - VOCÊ ACHA ENTÃO QUE AINDA ESTAMOS MUITO ATRELADOS AO TEXTO? Estamos completamente atrelados ao texto, até pela nossa cultura. A palavra tem uma força muito grande para a gente. Precisamos nos libertar mais disso. E não acho, de maneira nenhuma, que uma imagem vale mais que 2 - Peter Greenaway é cineasta britânico que trabalha com elementos renascentistas e barrocos em seus filmes,ao compor a luz de forma que a fotografia de cada filme pareça uma pintura. Foi um dos primeiros a mesclar a edição ao vivo de imagens com a música em grandes telões.
mil palavras, não é isso. Mas a gente trabalha com uma ferramenta audiovisual que nos permite trabalhar tanto com a palavra quanto com a imagem. A produção do sentido está na forma de relacionar esses elementos. Precisamos subestimar menos as pessoas que vão assistir ao trabalho e precisamos arriscar mais. Assumir mais o audiovisual como linguagem, e não como uma forma de representação de um pensamento cartesiano. - O AUDIOVISUAL ESTÁ ENTRANDO NO LUGAR DO DISPOSITIVO? Não sei se é dispositivo, eu tenho uma certa implicância com essa palavra porque virou moda. Tudo hoje é dispositivo, se se quer fazer um projeto de lei, é só falar que aquilo será dispositivo para tal coisa. - DISPOSITIVO COMO MEIO DE REGISTRAR AS COISAS. COMO POR EXEMPLO, NAS ARTES CÊNICAS, VOCÊ TEM TODO O APARATO TÉCNICO PRÓPRIO DAQUELA ARTE. O AUDIOVISUAL SERIA O SENTIDO DE DISPOSITIVO PORQUE ELE TEM SIDO MAIS USADO COMO REGISTRO DO OUTRO? Não, por que ele é do registro? Ele é construção como qualquer outro. Como Greenaway mesmo disse, ele usa o audiovisual, ou o cinema, mais especificamente, para pintar. Ele acha que o que ele faz é pintura. Ele tem um trabalho, Tulse Luper Project, que já se desdobrou em 4 longas, um livro, uma exposição que circulou o mundo inteiro, e acho que nunca será terminado. E quando você vai ver, tem elementos ali presentes desde o trabalho de escola dele. Eu acho que a gente está sempre dizendo
publicações a mesma coisa de maneira diferente. Mas não estamos reproduzindo nada.
“É preciso assumir o audiovisual como forma de construção, não de reprodução. Como forma de expressão artística.” - DENTRO DE TODAS AS CARACTERÍSTICAS DO AUDIOVISUAL, ONDE ESTÁ A ARTE? A arte está na forma como você usa as coisas. O Paulo Francis tem uma definição de arte que eu acho bacana: “a arte é uma coisa tão subjetiva que qualquer pessoa consegue entender”. Tem uma pessoa que mora em um distrito de Ouro Preto que detém uma técnica de construção de casas de pau de arrimo que na região quase ninguém mais faz. E ele também faz esculturas em pedra. Ele dizia que arte tem que ser feita para os outros. Se uma pessoa não gosta do trabalho dele, para ele não está bom. Para ele, este diálogo tem sempre que existir. Às vezes fazemos coisas para incomodar, para tirar as pessoas do lugar, mas sempre precisamos de respostas, seja a favor ou contra. O problema da arte é que ela começou a trabalhar com conceitos de mercado, o que desvirtua o caminho que ela tem. Às vezes se pensa que, mais do que querer se expressar, o que vale é querer agradar o curador. Enquanto existir este pensamento, a arte não será fiel a seu artista. Portanto, acho que arte mesmo vemos muito pouco. Vamos pegar o exemplo desses vários Pontos de Cultura que existem hoje pelo país, que foram dotados, para o
trabalho, de tecnologia que antes não eram acessíveis. Eu já vi trabalhos oriundos de Pontos de Cultura que são muito mais arrojados que os que a gente vê normalmente. Por que eles são livres de preconceito para criar. Eles não estão fazendo aquilo para agradar alguém, eles fazem aquilo porque é essencial para eles. Eu acho que é daí que vem a arte: de uma necessidade básica que temos de não conseguir ficar calados. Eu posso falar com pincel, com caneta, com computador, com o que eu quiser. Depende do que eu quero falar. A tecnologia nunca está à frente da proposta, não posso fazer meu trabalho em função do uso da tecnologia. - VOCÊ JÁ FEZ ALGUNS TRABALHOS MAIS INSTITUCIONAIS E OUTROS MAIS EXPERIMENTAIS. QUANDO VOCÊ RECEBE UMA DEMANDA DE TRABALHO INSTITUCIONAL VOCÊ FICA NO ESFORÇO DE TORNAR AQUELE TRABALHO MAIS AUTORAL? COMO SE DIFERE O PROCESSO DE CRIAÇÃO? É diferente porque a demanda partiu do outro, não de mim. Eu tenho feito cada vez menos trabalhos comerciais, estou mais ligado hoje à área cultural. Mas quando sou procurado para fazer algo institucional, já sabem qual é minha linguagem.
A GLOBALIZAÇÃO E A CULTURA EMERGENTE ENTREVISTA COM DAMIÁN RODRIGUEZ KEES
Quando o sol se despede do dia, desenha um mundo de sombras, através de jogos de esconde-esconde de luz no paredão de pedras que protege Diamantina. É essa a imagem que nos fez companhia em frente a um banco de praça em Diamantina. O cenário não poderia ser outro, para dar o charme de uma conversa sincera, delicada e poética de nosso visitante hermano do Festival. Damián é músico, professor de Arte Latino-Americana e Música em Universidades na Argentina e atual Secretário de Cultura da Província de Santa Fé. Na entrevista, ele nos falou um pouco do universo cultural do nosso país vizinho e soltou seu lado poético. - CONTE-NOS UM POUCO SOBRE SEU TRABALHO COMO MÚSICO. Eu comecei, há 15 anos, a tocar piano. Depois entrei na Faculdade para estudar composição, quando fiz muitas músicas para teatro, dança e vídeo. Dessa forma, aprendi muito com o teatro e com o vídeo, por isso gosto muito de trabalhar com a imagem e o gesto.
- ENTÃO ISTO TE DÁ UMA CERTA LIBERDADE... Isto já é uma liberdade, mas também tenho consciência de que estou trabalhando com uma encomenda.
- QUAIS SÃO OS SEUS MAIORES DESAFIOS COMO SECRETÁRIO DE CULTURA DE SANTA FÉ? Ah, podemos ficar aqui até o fim do Festival falando de todas as dificuldades que passo, mas... Acho que o maior desafio é lidar com a cultura da globalização, é uma cultura 113
publicações de mentira. Ela nos faz mal, pensamos que conhecemos tudo, mas não conhecemos nada. Pensamos que temos acesso a tudo, mas temos acesso somente àquelas coisas que o mercado nos proporciona. O desafio é fazer com que a cultura emergente seja vista e conhecida por toda a comunidade. - A CULTURA EMERGENTE DA QUAL VOCÊ FALA É AQUELA ALTERNATIVA, FORA DO MERCADO? É essa cultura que é crítica do sistema, que não pensa a arte como uma troca de serviço, de dinheiro. - EXISTEM ESPAÇOS PARA A DIVULGAÇÃO DESSA CULTURA EM SANTA FÉ, POR EXEMPLO? Existem sim, em todas as partes do mundo existem pessoas que têm sensibilidade e se juntam com outras pessoas com energia em comum para produzir essa cultura emergente. O meu papel é criar possibilidades para, digamos, facilitar a vida dessas pessoas. Porque a outra cultura proveniente da globalização não precisa do Estado, ela tem vida própria, tem espaço na mídia. - QUERIA QUE VOCÊ FIZESSE UM PANORAMA DA ARTE CONTEMPORÂNEA NA ARGENTINA. A Arte Contemporânea faz parte da cultura emergente, por que é uma arte que propõe romper com o status quo, que vai além do pensamento cotidiano. Ela também precisa de vida própria, então isto é um problema, porque a nossa Província de Santa Fé, na Argentina, tem poucos recursos para incentivar a criação da arte contemporânea. 114
O cenário lá é mais limitado, não temos circuitos, não temos festivais. Temos muito em Buenos Aires, daí vem outro problema do nosso país, porque tudo é muito concentrado na capital. - PARA VOCÊ, QUE CONHECE BEM A CULTURA BRASILEIRA, QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS ENTRE A PRODUÇÃO ARTÍSTICA DOS DOIS PAÍSES? Vocês têm muito mais produção. Vocês têm mais arte, e mais arte boa. A população brasileira é 4, 5 vezes maior que a da Argentina. Então a produção acompanha esta diferença. Vocês têm a Lei de Incentivo à Cultura, o que é ótimo. Não sabem a ferramenta que possuem. - VOCÊ É MÚSICO, PROFESSOR E SECRETÁRIO DE CULTURA, COMO A CABEÇA FICA COM ESSAS TRÊS ATIVIDADES? Bem, 90% do meu tempo é gasto como Gestor Cultural, porque agora estou no campo da política. Na década de 90, eu fazia cerca de 8 obras por ano, hoje em dia eu faço uma apenas, mas eu ainda faço questão de não deixar de criar. Agora estou fazendo uma obra para percussão. É muito difícil me alternar entre essas duas funções. Quando quero fazer música, tenho que fazer um trabalho mental, me acomodar em frente ao piano, ler alguma coisa. Eu faço isso à noite, mas geralmente já estou muito cansado. Mas eu acho que meu tempo na vida política será um ciclo, ele vai acabar e voltarei a dar minhas aulas. Eu ainda dou aula, uma vez por semana. Eu gosto muito, é quando relaxo. Quando vou para a Faculdade é meu momento
de férias do meu trabalho! São 4 horas convivendo com os alunos, falando de música, de artes, todo o meu conhecimento ali é para eles, para mim é uma felicidade! - VOCÊS VIERAM PATROCINADOS PELO PROGRAMA DA ASSOCIAÇÃO DE UNIVERSIDADES DO GRUPO MONTEVIDÉU (AUGM) QUE PROMOVE O INTERCÂMBIO CULTURAL ENTRE AS UNIVERSIDADES. QUAL É A IMPORTÂNCIA DESSE PROGRAMA? Hoje convivemos com muita guerra, violência nas comunidades mais individualistas. Eu acho que o intercâmbio cultural é uma ferramenta para trabalhar o outro lado. O lado da paz, do amor, do companheirismo, porque a partir do momento em que um conhece a cultura do outro, aprende a respeitá-la. Temos muitos preconceitos, e a globalização, de certa forma, faz com que briguemos por causa do dinheiro, do petróleo, da água. Para mim, o intercâmbio cultural é o caminho mais fácil para lutar com o pensamento positivo, da interação, da integração mundial. - POR FALAR EM INTEGRAÇÃO, VOCÊ ESTÁ DESENVOLVENDO UM TRABALHO AQUI NESTE FESTIVAL DE INTEGRAÇÃO ENTRE AS ARTES, O QUE VOCÊ ACHA DISSO? Eu gosto demais, é uma experiência muito rica e é minha linha de trabalho. Eu dou uma aula de integração artística na Faculdade. A nossa cultura dividiu a mente, o coração, o gesto e o corpo; assim como dividiu as artes: música, em que a única coisa integrante é o som, e o teatro em
publicações que a única coisa é o gesto sobre o texto. Eu acho que o ritmo é uma só coisa: som e imagem, o movimento que se faz com o som. A integração entre as artes sempre existiu, às vezes mais constante, às vezes menos. Por exemplo, a ópera foi o resultado da interação do teatro com a música, as histórias em quadrinhos são a junção das artes plásticas com a literatura. Eu, na década de 90, procurava fazer um trabalho em que não havia limites entre as artes. Em uma obra, não se sabia muito distinguir o teatro, o show, etc. Ainda sou músico, mas uso elementos das artes cênicas, literatura, vou até as fronteiras. - QUAL É O GANHO NAS SUAS OBRAS DE ESTAR SEMPRE NAS FRONTEIRAS? Eu ganho liberdade. Algumas coisas não podem ser expressas com sons, precisam ser representadas como imagens. Não só na obra em si, mas no próprio processo criativo. Por exemplo, para tocar piano, preciso do silêncio. Mas o silêncio de ausência de sons, em si, não existe, sempre haverá algum ruído. Portanto, me concentro nos leves movimentos da mão ao tocar o piano e dali eu tiro meu silêncio necessário. - QUERIA QUE ME FALASSE DESSA SUA EXPERIÊNCIA DE AGORA COM ESTA OFICINA. Eu vim com minha cabeça aberta, não havia planejado nada para essa oficina. Eu procurei respeitar o que
havíamos combinado antes, sobre a interação com a comunidade dos Vissungos e a proposta de integração entre as artes. Tínhamos acordado em não fazer uma imitação da expressão artística desse povo, mas tentar compreender seu entorno. Passei isso para os alunos, conversamos muito e percebemos coincidências entre a comunidade quilombola com a comunidade dos artistas. Ambos são resistentes que procuram se expressar com uma liberdade, mas uma liberdade restrita. - QUAL É A RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DELES? Eles preferem morar perto da floresta, mas têm medo da natureza. Ao mesmo tempo em que a natureza é vital para sobrevivência, ela é perigosa. É difícil para eles integrarem-se à civilização, mas creio que é mais uma opção. Não é uma liberdade plena, ninguém tem essa completude. Mas uma liberdade interior eles possuem. E o campo da arte é o lugar ideal para se procurar a liberdade. A arte é livre, mas com a restrição do tempo. - ESTA SERIA A ESSÊNCIA DA ARTE? Nossa! Que pergunta difícil de responder! A essência da arte? Bom... Acho que é mudar. Mudar as coisas de um plano para outro. Essas coisas são imagens, objetos, nossa realidade. Então seria mudar a nossa realidade para uma outra mais expressiva, mais liberta, mais comunicativa. Eu acho que é isso, não sei! - É O QUE VOCÊS SE PROPUSERAM A FAZER NESTA OFICINA, NÃO É?
Foi uma lição muito importante que partiu da base para o processo criativo. - PORQUE VOCÊ ACHA QUE A ARTE É ESSENCIAL? Em minha vida é. Eu não quero fazer uma coisa, assim, taxativa. Algumas pessoas têm uma relação espiritual com a comunicação, com a liberdade da arte sem saber que estão fazendo arte. Por exemplo, existe uma comunidade no sul da Argentina que não possui a palavra “música” em seu vocabulário. Para nós, eles fazem música, mas para eles é um ritual com sons. Não existe a figura do artista, como em outras culturas, mas eles FAZEM arte. Nos pigmeus, por exemplo, a arte faz parte da vida cotidiana. A nossa cultura ocidental separa estes dois momentos. Eu gostaria de viver assim, mas é muito difícil. Nós temos o consumismo impregnado nas nossas vidas, somos o que temos, seja em posses ou em títulos. Gostaria de viver uma vida sem pretensões de acumulação. Lembrei agora de uma frase de John Lennon: “A vida é o que acontece, então nós a planejamos.” Nossa cultura é assim. Por exemplo, uma pergunta simples e recorrente em nossa cultura: o que você vai ser quando crescer? Desde cedo somos forçados a planejar nossas vidas, e não deveria ser assim. Porque o que vai acontecer quando ficarmos velhos e olharmos para trás e virmos que desperdiçamos nossos tempos planejando? - VOCÊ QUER DIZER QUE A ARTE TEM UM COMPROMETIMENTO COM O AGORA? Quando eu faço música, eu estou ali, nada mais. De nota em nota, estou ficando no presente. A obra procura ficar 115
publicações no aqui e agora. E força o artista a estar de corpo e alma presente para aquilo. A arte nos força a fixar-nos no presente, numa situação de pensamento crítico. - AGORA FALANDO SOBRE DIAMANTINA. VOCÊ JÁ VEIO AQUI MUITAS VEZES, CONHECE DIAMANTINA MAIS QUE MUITOS DIAMANTINENSES (RISOS). QUAL É A IMPORTÂNCIA DE TRAZER UM FESTIVAL DESTE PORTE PARA A CIDADE? Pensando naquilo de que falamos agora, eu acho que é uma prática de mudar o espaço e o tempo para podermos concentrar no presente. Por exemplo, se você estivesse em Belo Horizonte, morando em sua casa lá e participando do festival, ainda se ateria à sua realidade cotidiana, que interferiria no espírito do festival. Agora, estando em Diamantina, deslocada de seu cotidiano, você fica mais aberta a conhecer mais pessoas, absorver mais do festival. Desloca-se dos seus planejamentos cotidianos e se força a viver o presente. Adoro Diamantina, caminhar, olhar as paisagens, conhecer novas pessoas. Vivi horas mágicas aqui, como o sol nascendo, a primeira estrela surgindo no céu. É uma cidade muito poética. E nos inspira, não é?
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O CINEMA PRIVADO DA LITERATURA ENTREVISTA COM MARÇAL AQUINO
Marçal Aquino nasceu para escrever. Sua trajetória é marcada por suas obras, como o livro e roteiro de O Invasor, os roteiros de Nina e O Cheiro do Ralo, além de já ter trabalhado nos jornais o Estado de São Paulo e Diário da Tarde. Fez questão de nos receber em um acolhedor café no Beco da Baiúca de Diamantina para nos proporcionar um papo sincero e descontraído. Daqueles papos que com certeza saímos diferentes do modo como entramos. - VOCÊ TEM UMA MANEIRA PECULIAR DE TRATAR SUA PERSONAGEM. TEM AQUELE PESO DA ESTRANHEZA E A LEVEZA DO HUMOR. Eu costumo dizer que minhas histórias nascem na rua. Eu preciso do clima da rua para poder criar. Minha imaginação é disparada a partir da rua. Evidentemente me interesso pelas histórias mais pesadas, mas como sou um cara que lê muita poesia, eu acredito muito que se deve entremear as narrativas com um certo lirismo. E o humor, eu sou um cara que gosta muito de brincar com as coisas. Apesar desta gravidade que aparentemente existe nos meus textos, eu acho que dá para brincar com a vida. Eu brinco muito na vida, tenho sempre uma piada pronta. E isto evidentemente acaba aparecendo naquilo que eu escrevo, até para dar um refresco. Porque se você escrever só sobre dureza, acho que fica difícil até para conseguir passar o que pretendemos.
- VOCÊ FALOU QUE SUAS PERSONAGENS NASCEM NAS RUAS... É A PRIMEIRA VEZ QUE VOCÊ VEM A DIAMANTINA, NÃO É? QUE TAL DIAMANTINA? Adorei Diamantina. Achei muito diferente das outras cidades históricas, é uma cidade com um astral diferente. Há um silêncio diferente aqui. Até fiquei tentado em vir pra cá escrever... - VOCÊ TAMBÉM ESCREVE ROTEIROS PARA O CINEMA. QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS ENTRE ESCREVER UM LIVRO DE LITERATURA E UM ROTEIRO CINEMATOGRÁFICO? São linguagens diferentes, para começo de conversa. São técnicas diferentes de escrita. Eu digo que sou um escritor que escreve roteiros, e não um roteirista que escreve livros. Minha casa é a literatura, sem dúvidas. Eu faço roteiro com prazer, assim como faço jornalismo com muito prazer, mas não tenho dúvida de que sou escritor. Uma diferença é que o roteiro não é o fim da obra. É uma espécie de receita de bolo que você vai criar para que gere outra coisa que é o filme. O livro não, o livro é o fim, está pronto. O roteiro, por mais pronto que esteja, não é nada ainda. Ele é um ensaio para algo que vai surgir. O livro só precisa do leitor, o roteiro precisa de todo um coletivo de produção para que atinja sua finalidade. Tem ainda as diferenças técnicas, por exemplo, quando você escreve livro você é totalmente livre para escrever do jeito que você quiser, de acordo com sua criatividade. O roteiro não, ele tem uma linguagem determinada, um formato determinado. Então em termos de liberdade, não
publicações se compara um roteiro e um livro. - VOCÊ É MAIS REALIZADO NA LITERATURA QUE NO ROTEIRO... Eu sempre quis ser escritor, desde menino, nunca quis ser roteirista. Eu virei roteirista por acidente, foi uma obra minha adaptada para o cinema, o diretor precisou da minha ajuda e eu fui lá e gostei de fazer. Mas o meu prazer, o sonho, a minha grande cachaça é a literatura.
O caos se completa porque eu escrevo no escuro, eu não sei o que estou escrevendo, vou descobrindo à medida que escrevo. Eu sou meu primeiro leitor. Eu penso assim, deixa ver o que a história tem pra me dizer, e aí vou anotando e escrevendo. É um processo muito caótico e deliciosamente inesperado. - O TEMA DO FESTIVAL É ARTE: ESSENCIAL. EU ACHO QUE ESSENCIAL ESTÁ LIGADO À VITALIDADE HUMANA. COMO VOCÊ ENCARA A SUA ARTE NA SUA VIDA?
- COMO É SEU PROCESSO CRIATIVO? Eu parto do real, a partir de um dado do real que me interessa. Seja uma personagem, uma cena, uma frase... Às vezes eu começo a escrever um livro porque eu descobri o título para ele. Meu último romance foi assim, eu estava com um título na cabeça dois anos antes: “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”. E aí eu falei pô, isso é o título de um livro, e eu escrevi o livro dois anos depois. Meu processo é meio caótico. Das coisas que eu faço questão, a primeira delas é ter liberdade para tratar do tema que quero tratar, eu não posso me sentir obrigado a nada. A segunda coisa que é tão importante quanto essa liberdade é o processo em si, a falta de método. Eu não sei nada sobre a história, eu vou escrevendo e vou descobrindo na medida em que escrevo. Eu não tenho a história fechada na minha cabeça. Essa viagem da descoberta, para mim, é o grande barato. É começar a escrever e ver aonde a história vai parar.
- VOLTANDO AO ROTEIRO, QUANDO SE FAZ UM ROTEIRO, TEM-SE QUE PENSAR MUITO NA IMAGEM, VOCÊ FAZ ISSO TAMBÉM QUANDO ESTÁ ESCREVENDO UM LIVRO? A diferença é que quando eu faço um roteiro, eu penso visualmente de modo a dar informações para que quem leia também veja aquilo. Quando escrevo um livro, eu não me preocupo muito. Eu estou vendo as coisas, mas eu sei que aquela visão minha é muito mais singular. Que a de cada leitor será diferente. De acordo com o repertório de cada leitor, com os preconceitos de cada um. Então o cinema que passa na hora em que eu escrevo literatura é um cinema privado. O roteiro, não, tem elementos lingüísticos, o que faz que qualquer profissional do processo de produção de um filme que o leia tenha que visualizar.
Especificamente com literatura e com cinema, eu acredito que é necessário que qualquer obra a que você tenha acesso, ou livro que você leia, ou filme a que você assista, deixe algo em você, provoque você de alguma forma. Isso significa que, após o término de um livro ou um filme, você saia diferente de como você entrou, seja para o bem ou para o mal. Há filmes bons que fazem mal, há livros bons fazem mal. A única coisa que não é permitido a um livro ou a um filme é deixar você indiferente.
- VOCÊ FALOU ANTES QUE O TRABALHO DO ROTEIRO NÃO É UMA COISA FECHADA. É UM RASCUNHO, UMA RECEITA. COMO VOCÊ LIDA COM ESSE PROCESSO NÃO AUTORAL?
Eu não tenho nada contra o entretenimento, quem queira ir ao cinema pra se divertir, e não para pensar. Mas algo está se perdendo. Porque existe um fator muito mais importante que é que, com a arte, você pode se comunicar com as pessoas e provocar reflexões. Está é a grande maravilha da arte, em minha opinião.
Eu não tenho esta preocupação. Esta preocupação, se ela existe, ela se limita à literatura. No roteiro eu já sei que eu sou parte do processo coletivo. Mesmo se eu escrevesse sozinho o roteiro, que geralmente eu escrevo em parceria com o diretor, eu sei que muita gente vai interferir naquilo, a partir daquilo.
Você interferir no pensamento de alguém. É maravilhoso, não é? Alguém chegar para você assim li seu livro, e me perturbou muito, fez com que eu pensasse isso ou aquilo. Eu acho que o escritor está realizado nesse momento.
- TEM ALGUM FILME QUE VOCÊ ROTEIRIZOU E CUJO TRABALHO FINAL NÃO O SATISFEZ? Não, nada digno de nota. Sou muito feliz com os filmes 117
publicações que fiz até hoje e gosto muito do resultado. Tenho muito prazer em revê-los. - AGORA PODEMOS DIZER QUE O ROTEIRO É UMA MISTURA DE DUAS ARTES: A ARTE LITERÁRIA COM A ARTE CINEMATOGRÁFICA. O QUE VOCÊ ACHA DESTA INTEGRAÇÃO ENTRE ARTES? Se você olhar historicamente, a arte sempre tem esses pontos de passagem. Tem essas fronteiras corrompidas, essa combinação entre artes. Isto é favorável, isto é absolutamente positivo. A arte se alimenta de outras artes porque ela se renova e se reinventa a partir dessa troca. A abolição das fronteiras entre as artes me parece algo muito interessante. - VOCÊ JÁ PENSOU EM FAZER UM TRABALHO QUE CAMINHASSE ENTRE VÁRIAS ARTES? Não, porque eu sou um contador de histórias, eu não passo disso. A forma como essas histórias vão ser contadas pode variar, mas eu não passo de um contador de histórias. No juízo final estarei na fila dos contadores de histórias. - FALANDO AGORA SOBRE A OFICINA DE INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS DO ROTEIRO CINEMATOGRÁFICO QUE VOCÊ DEU NESTA EDIÇÃO DO FESTIVAL. COMO FUNCIONOU? Eu não me propus a ensinar ninguém a escrever roteiro, eu me propus a dar informações a eles sobre roteiro para que os interessados possam se aprofundar. Mas, sobretudo, eu fiz questão de que fosse um diálogo sobre 118
cinema, que é uma coisa de que eu gosto muito. Mexer com a cabeça das pessoas, falar de filmes, e fazer uma troca. Porque eu não chego lá, professoralmente, e fico falando. Eu obtenho também dos participantes aquilo de que eles gostam e como eles vêem o cinema. Esta troca é muito gostosa. Foi uma delícia esses três dias aqui em Diamantina, conversando com uma turma muito jovem, muito interessada e fãs de cinema. - O FESTIVAL DE INVERNO DA UFMG, TEM A CARACTERÍSTICA DE OFERECER UMA QUANTIDADE MAIOR DE OFICINAS, TEM UM CLIMA MAIS VOLTADO PARA A FORMAÇÃO, PARA A REFLEXÃO SOBRE A ARTE E SOBRE A CULTURA. E VOCÊ É UM EDUCADOR TAMBÉM, JÁ ESCREVEU LIVROS JUVENIS. UMA DAS PROPOSTAS DO FESTIVAL É UNIR ARTE E EDUCAÇÃO, VOCÊ TAMBÉM JÁ FEZ ISSO. COMO FOI ESSA EXPERIÊNCIA? O bacana desta história é você poder atrair pessoas diferentes entre si. Não é chegar a um formato fechado, acadêmico. Tem curiosos ali. Na minha oficina, por exemplo, tinha psicólogo, ator, gente da área de letras, da área de comunicação, então essa variação é mais rica. O espírito do festival atende plenamente a isso aí. Esta foi uma parte que me interessou muito e eu vi na oficina que foi assim, é um público muito heterogêneo. - HOJE EM DIA É MAIS FÁCIL OU MAIS DIFÍCIL ESTIMULAR A ARTE DENTRO DAS PESSOAS? As pessoas não vivem sem arte, o problema está no acesso, é curioso isso. Fala-se assim: pouca gente gosta de música clássica, eu penso assim: pouca gente
tem acesso a música clássica. Uma vez proporcionado o acesso, as pessoas podem gostar. É uma questão de otimismo ou pessimismo, eu sou otimista. Eu acredito que é possível mostrar às pessoas o diferente, e assim mexer com a cabeça delas. É um trabalho de formiguinha, você não consegue formar grandes massas, a arte às vezes é tão pequena que é quase íntima. Eu lido com literatura que é uma arte de um alcance muito pequeno aqui no Brasil. Imagina, a média de tiragem de um livro brasileiro é de 3 mil exemplares. O que são 3 mil pessoas num país com 200 milhões de habitantes? Mas o legal é você acreditar naquilo que está fazendo, acreditar que não importa com quantas pessoas você está mexendo. O importante é que você está se realizando enquanto você escreve e está conseguindo chegar até algumas pessoas. - FALAMOS DO ACESSO AO CONSUMO. E O ACESSO À PRODUÇÃO? HOJE EM DIA VOCÊ ACHA QUE ESTÁ MAIS FÁCIL PUBLICAR LIVROS E ENTRAR NO MUNDO CINEMATOGRÁFICO? Quanto ao livro, eu penso que sim, a tecnologia barateou a edição de um livro. Hoje você tem um número muito grande de pequenas editoras. A possibilidade de um autor estrear hoje é muito diferente do tempo em que eu estreei. Era muito mais difícil há um tempo. Eu não posso dizer ao certo, porque não vivencio isso, mas eu acho que um autor estreante hoje demora muito menos tempo para chegar ao primeiro livro e conseguir a sua publicação. O roteiro continua complicado, porque a tecnologia
publicações barateou no cinema, mas não barateou tanto. O cinema é uma arte cara. Então para você conseguir ter um roteiro filmado, sobretudo, ele tem que ser um roteiro muito bom. Ele tem que ser necessário, que caia no gosto de algum produtor ou diretor, e que ele queira filmá-lo. Mas é caro, por ser coletivo, demorado... Imagine que o ciclo de produção médio de um filme no Brasil é de 5 a 7 anos. Imaginar ficar 5 anos atrás de uma ideia?! Eu não conseguiria isso na literatura, eu tenho mais pressa, mais urgência! - VOCÊ TEM UMA FORMAÇÃO MÚLTIPLA: É JORNALISTA, ESCRITOR, AGORA ROTEIRISTA. VOCÊ ACHA QUE ESSAS MULTIFUNÇÕES AJUDAM ENTRE SI OU DIFICULTAM? Com certeza facilita muito. Eu sou muito curioso pelo outro. Eu quero muito saber do outro. Esta possibilidade de variação me leva a contatos variados com as pessoas. Eu digo sempre que o fato de ter olhos e ouvidos abertos sempre facilita, qualquer que seja a ocupação. O que me impulsiona em transitar por várias áreas é essa minha curiosidade pelo outro.
jornalismo. As coisas se tocam. Como estamos falando basicamente de coisas relacionadas com texto, acho que não há conflito nenhum, pelo contrário, as coisas se complementam. - O QUE, NA OFICINA QUE VOCÊ OFERECEU, DIALOGA COM A PROPOSTA DO FESTIVAL? O QUE HÁ DE ESSENCIAL NA SUA OFICINA? As pessoas. As pessoas certamente saíram modificadas. Eu tenho certeza de que depois destes 3 dias, no mínimo, eu dei alguma dica de algum filme em que alguém não havia pensado, eu falei de algum aspecto. Ou me falaram, eu também saí modificado. O essencial pra mim é sempre o humano. Eu tenho certeza de que as pessoas saíram de lá com alguma coisa diferente. E o diferente é sempre essencial.
- QUANDO VOCÊ ESCREVE UM LIVRO, O QUE DE JORNALISTA TEM EM VOCÊ? É difícil fazer essa separação, eu digo que não tenho uma tecla SAP dentro de mim que eu aperto e digo, agora serei jornalista, agora escritor, agora roteirista. Claro que conheço as linguagens específicas de cada área, até pela prática. Mas é muito difícil não ser um pouco jornalista enquanto estou escrevendo literatura, e é muito difícil não ser um pouco literário enquanto estou escrevendo 119
ERRAta ERRATA REFERENTE AO CATÁLOGO DO 39º FESTIVAL DE INVERNO DA UFMG EM 2007 ¦ Na seção Artes Cênicas, as fotos das oficinas “Jogos teatrais” e “Dramaturgia do corpo” estão invertidas. ¦ Na seção Artes Literárias, a oficina “Fazer o Verbo” de Eucanaã Ferraz foi oferecida por Vera Casa Nova. O homem que aparece na foto do professor e apresentando seu projeto no quadro na foto da oficina é um aluno.
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patrocinadores
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patrocinadores promoção
realização
UFMG
parcerias institucionais Assessoria Especial para a Área de Saúde / UFMG Diretoria para Assuntos Estudantis / UFMG Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade
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patrocinador
apoio de mĂdia
leis de incentivo
www.bebopdesign.com.br
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expediente expediente institucional
coordenação de eventos
Reitor: Prof. Ronaldo Tadêu Pena / UFMG Vice-Reitora: Profa. Heloísa Maria Murgel Starling / UFMG Diretor de Ação Cultural: Prof. Maurício José Laguardia Campomori / UFMG Prefeito de Diamantina: Dr. Gustavo Botelho Jr. / Diamantina Vice-Prefeita: Maria Zilmar de Medeiros Quirino / Diamantina Secretária de Cultura, Turismo e Patrimônio: Márcia Dayrell F. Botelho / Diamantina Diretora de Divulg. e Comunicação Social: Profa. Maria Ceres Pimenta Spínola Castro / UFMG Coordenação geral: Diretoria de Ação Cultural / UFMG Coordenação adjunta: Prof. Ernani Maletta / UFMG Curador: Prof. Fabrício Fernandino / UFMG Coordenadora de Artes Cênicas: Profa. Mônica Ribeiro / UFMG Sub-coordenadora de Artes Cênicas: Profa. Mariana Muniz / UFMG Coordenador de Artes Visuais I: Prof. Lincoln Volpini / UFMG Sub-coordenadora de Artes Visuais I: Profa. Tânia Araújo / UFMG Coordenadora de Artes Literárias: Profa. Vera Casa Nova / UFMG Sub-coordenadora de Artes Literárias: Profa. Sônia Queiroz / UFMG Coordenador de Artes Musicais: Prof. Mauro Rodrigues / UFMG Sub-coordenador de Artes Musicais: Prof. Fábio Adour / UFMG Coordenador de Projetos Especiais: Prof. Francisco Marinho / UFMG
Coordenador da Programação Cultural: Sérgio Renato Diniz Araújo / UFMG Assistente da Coordenação: José Geraldo de Oliveira / UFMG Produtora Executiva: Rosângela da Silva Santos / UFMG Produtores: Ricardo Luiz Souza dos Santos / Diamantina, Rubem Calazans / BH Produtores Assistentes: André Leão Moreira / UFMG, Diogo da Rocha Neves / Diamantina, Enedson Gomes / UFMG, Jefferson Matoso / BH, Lucas Felipe de Avelar Pinto / Diamantina, Marco Túlio Lopes / UFMG, Roberson Domingues Parreiras / UFMG Produtora Assistente Camarim: Ana Lélia Ramos / Diamantina Auxiliar de Camarim: Daiana dos Santos Moreira / Diamantina Técnicos de Luz: Carlos Eduardo Bicalho de Aguilar / BH, Eliezer Sampaio dos S. Júnior / UFMG Monitores de Exposição: Bárbara Rocha / Diamantina, Diego Henrique Alves / Diamantina, Fernanda da Conceição Nunes / Diamantina, Iolanda de Castro Almeida / Diamantina Vigias Noturno Mercado: Giovani Godinho/Diamantina, Otávio de Jesus Ferreira/Diamantina Bilheteiro do Teatro: Cleiderson Fernando Alves / Diamantina Porteiro/Vigia Noturno do Teatro: Tiago Giovani dos Santos / Diamantina Vigilantes: Elias José Vieira do Advento / Diamantina, Elinton Luiz Cruz / Diamantina, Escolástico da Silva / Diamantina, Wilson Camargo Silva / Diamantina Ajudantes de serviços gerais: Antônio Caetano da Mota / Diamantina, Aparecido da Conceição Elias / Diamantina, Cleiton de Oliveira / Diamantina, Geraldo Arcanjo Borges / Diamantina, Tiago de Jesus Guedes / Diamantina Office-boy: Aluízio Ângelo Fernandes / Diamantina
apoio institucional - diamantina 13ª SR II IPHAN-MG 3º Batalhão da Polícia Militar Adeltur Asilo do Pão de Santo Antônio Associação Comercial de Diamantina Banda de Música do 3º Batalhão de Polícia Militar Banda Mirim Prefeito Antônio de Carvalho Cruz Biblioteca Antônio Torres Centro Vocacional Tecnológico Chica da Silva Colégio Diamantinense Conservatório Estadual de Música Lobo de Mesquita. Corpo de Bombeiros Militar Cúria Metropolitana E.E. Prof. Leopoldo de Miranda E.E. Mata Machado EPIL Escola Estadual Professora Ayna Torres Fundação Educacional do Vale do Jequitinhonha – FEVALE Instituto Casa da Glória - IGC/UFMG Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM
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coordenação administrativa Coordenadora: Márcia Fonseca Rocha / UFMG Sub-coordenadora: Rossilene Azevedo Rossi Diana / UFMG Assessor Financeiro: José Reinaldo Maia / UFMG Assistente Financeiro: João Fernandes Nepomuceno / UFMG Assistentes de Informática: Maurício Antônio Vieira / UFMG, Robson Miranda / UFMG Assistente de Apoio BH: Hélida Cristina Markowicz / UFMG Apoio BH: Gilson Gil Gomes / UFMG Operador de Xerox: José Piroli Filho / UFMG Assistente de Hospedagem: Sandra Fonseca Rocha Alvim / UFMG Assistente de Alimentação: Maria Bernadeth Gomes / UFMG Assistentes Acadêmicos: Edilene Conceição de Oliveira / UFMG, Maria Goreth Gonçalves Maciel / UFMG, Mary do Carmo Silva Ramos / UFMG Assistentes de Matrícula: Adriana Alves Figueiredo Nascimento / UFMG, Carmem Maria Cortez Durães / UFMG Auxiliares do Alojamento: Agostinho da Silva Aquino / UFMG, Laci Domingos da Silva / UFMG Assistentes de Material Consumo: Fernando de Souza Guimarães/UFMG, Gilson Antônio Mathias/UFMG Office-boy: Darlan Rabelo / Diamanatina Copeira/Faxineira Secretaria: Aparecida Matoso / Diamanatina
coordenação comunicação
coordenação de infra-estrutura
Coordenador: Marcílio Lana / UFMG
Coordenador: Alberto Antônio de Oliveira / UFMG Sub-Coordenador: Marcus de Queiroz Ferreira / UFMG Encarregado da Manutenção: José César de Oliveira / UFMG Eletricistas: José Geraldo Oliveira / Diamantina, João Paulo Motta / Diamantina Carpinteiros: Inácio dos Santos Pereira / UFMG, Antônio Aparecido Soares / Diamantina Pintores: Antônio das Graças Costa / Diamantina, Carlos Roberto Natalício de Lima / Diamantina Ajudante chefe: Juarez dos Santos Israel / UFMG Ajudantes: Marcus Antônio Alves de Oliveira / UFMG, Francisco Aristeu Batista / UFMG, Reginaldo Robson Pereira / UFMG, Antônio Euzébio de Oliveira / Diamantina, Geraldo Vieira / Diamantina, Jeferson Rodrigues de Araújo / Diamantina, Pedro Alcântara Soares / Diamantina Carpinteiro montador exposição: Antônio Reginaldo / Diamantina Vigilantes: Adalberto Batista Silva / Diamantina, Antônio Gonçalo Santos Silva / Diamantina, Elvis Altiere Pereira / Diamantina, Geraldo Milton de Lima / Diamantina, Jorge Luiz Soares / Diamantina, José Haroldo Mendonça / Diamantina, Luciano do Rosário Medeiros / Diamantina, Luciano Vieira Ventura / Diamantina, Lucídio Vieira de Souza / Diamantina, Marinho Alves Pereira / Diamantina, Maurílio da Conceição Lima / Diamantina, Roque Alves Ferreira / Diamantina, Samuel da Silva de Jesus / Diamantina Apoio Local Leopoldo Miranda: Altina Rodrigues dos Santos / Diamantina Faxineiras: Andréa Aparecida I. dos Santos / Diamantina, Antônia Israel de Oliveira / Diamantina, Antonina de Fátima Coelho / UFMG, Áurea Nascimento / Diamantina, Daniela de Souza Lima / Diamantina, Deisivânia Aparecida de Oliveira / Diamantina, Eurídice Cunha Santos / Diamantina, Fabiana Maria dos Santos / Diamantina, Geralda Antônia Alves Ferreira / Diamantina, Helena Roberta da Costa / Diamantina, Maria das Mercês Rabelo / Diamantina, Maria de Fátima / Diamantina, Maria de Jesus Rodrigues Santos / Diamantina, Marli Aparecida Neves de Oliveira / Diamantina, Paula Soares / Diamantina, Perpétua Socorro de Oliveira / Diamantina, Poliana Figueiredo / Diamantina, Sionara Pereira Silva Medeiros / Diamantina, Vanessa Santos da Silva / Diamantina, Viviane Aparecida / Diamantina Assistente de Segurança e Limpeza: Artur Botelho Neto / Diamantina Encarregado de Transporte: Blandino de Oliveira Diana / BH Encarregado de Transporte BH: Marcelo Moreira dos Santos / UFMG Frentista Posto UFMG: Ernandes Vidal da Silva / UFMG Motoristas: André Luiz Navarro/UFMG, Antônio Carlos Rosa/UFMG, Antônio Sílvio de Oliveira/UFMG, Carlos José dos Reis/UFMG, Edson Elias Moreira/UFMG, Edson Guimarães/UFMG, Elias Estêvão Batista/ UFMG, Gilmar Rodrigues Moreira/UFMG, Hudson Luiz Barbosa de Oliveira/UFMG, João Lúcio Câmara/ UFMG, José Lúcio dos Santos/UFMG, José Rezende Santos/UFMG, José Tavares da Silva/UFMG, Luiz Marcos Ambrósio/UFMG, Márcio Antônio da Silva/UFMG, Marcos Antônio dos Reis/UFMG, Ricardo Augusto de Assis/UFMG, Roberto Alves Lessa/UFMG, Roberto Coelho Rocha/UFMG, Roberto Eustáquio de Souza/UFMG, Valdir Alves de Oliveira/UFMG, Waldir de Paula Martins/UFMG, Willer Lucas Ferreira da Silva/UFMG Assistentes de Equipamento: Geraldo Henrique da Costa / UFMG, José Osvaldo Álvares Andrade / UFMG, Luiz Fábio Tabuquini Antunes / UFMG, Sérgio Luiz Nonato Rosetti / UFMG Operadores de Audio e Vídeo: Felipe Rafael dos Santos / UFMG, Ivanildo Lúcio dos Santos / UFMG Operador de Som/Teatro: Graziano de Carvalho / UFMG Técnico de Luz: Weverton Augusto Soares / UFMG Técnico de Palco: Hudson Ricardo Martins Lisboa / UFMG
ASSESSORIA DE IMPRENSA Coordenador/jornalista: Gilberto Boaventura Carvalho / UFMG Jornalistas: Flávia Miranda / BH, Karla de Lourdes Ferreira / BH Fotógrafo: Florisvaldo (Foca) Lisboa / UFMG Estagiários de Fotografia: Felipe Zig / UFMG, Paulo Cerqueira / UFMG Programador Visual: Samuel Rosa Tou / UFMG Estagiário de Criação: Délio Faleiro Melo / UFMG Estagiários de Jornalismo: Bruno Vieira dos Santos / UFMG, Fábio Neves de Freitas / UFMG, Raíssa Pena / UFMG, Sâmia Bechelane / UFMG, Vinícius Luiz / UFMG EQUIPE RÁDIO UFMG EDUCATIVA Coordenador Executivo: Elias Santos / UFMG Produtor: Cleiber Pacífico / UFMG Locutoras: Michelle Bruck / UFMG, Rosaly Senra / UFMG Estagiários: Ana Flávia Oliveira / UFMG, André Campos / UFMG, Débora Amaral / UFMG, Ethel Braga / UFMG, Fernando Safar / UFMG, Juliana Deodoro / UFMG, Luiza Lages / UFMG, Otávio Ogando / UFMG, Tamira Marinho / UFMG, Thiago Campos / UFMG EQUIPE TV UFMG Coordenador Executivo: Luiz Henrique Batista / UFMG Produtora/Jornalista: Bia Starling / UFMG Jornalista TV UFMG: Bruno Marun / UFMG Cinegrafistas: Alexandre Mendes / UFMG, Rogério Fidélis / UFMG Estagiários de produção: Alexandra Duarte / UFMG, Amanda Marchetti / UFMG, Andreza Brito / UFMG, Cíntia Godoy / UFMG, Elton Lizardo / UFMG, Fernanda Pádua / UFMG, Flávia Lovisi / UFMG, Frederico Claret / UFMG, Guilherme Barreto / UFMG, Guilherme Gouveia / UFMG, Huxley Bruno / UFMG, Leandro Augusto / UFMG, Letícia Silva / UFMG, Luíza Antunes / UFMG, Marianita Saraiva / UFMG, Natália Becattini / UFMG, Otávio Oliveira / UFMG, Sulamara Moreira / UFMG, Thaís Marinho / UFMG Office-boy: Jeremias Nicodemos dos Santos /Diamantina
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expediente catálogo
publicação
Concepção e Coordenação Editorial - Fabrício Fernandino Projeto Gráfico - kurtnavigator e Pedro Peixoto (bebop design) Assessoria Técnica - Márcia Fonseca Rocha, Rossilene Azevedo Rossi Diana Produção - Laura Guimarães Pesquisa e Textos - Laura Guimarães Revisão de Textos - Maria Antonieta Pereira FOTOGRAFIAS DO FESTIVAL: Foca Lisboa, Paulo Cerqueira, Felipe Zig FOTOGRAFIAS DA ÁGUA (efeitos aplicados às imagens): Fabrício Fernandino Impressão - Editora Rona
créditos fotográficos e ilustrações Eventos, Oficinas, Coordenadores, professores e participantes - Felipe Zig, Foca Lisboa e Paulo Cerqueira Foto da Capa: Craig Jewell INTERVENÇÕES DIGITAIS: kurtnavigator e Pedro Peixoto da Bebop Design
www.bebopdesign.com.br
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Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte - 2009
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