edição #34 dez. 2010/jan. 2011 distribuição gratuita e dirigida
eNtreViStA Dimmy Kieer fala do BBB10
SerViÇo MiLitAr gays falam do alistamento
CoNto Conheça os vampiros da balada
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Editorial
Dois pesos, duas medidas? Um jovem de 18 anos é preso em um cinema da Zona Norte de São Paulo ao beijar outro rapaz de 13 anos de idade. Professora carioca é presa ao levar alunas de 13 anos para motel. E há casos também de professores héteros que foram presos no Brasil por fazer sexo com alunos menores. O Estatuto do Adolescente é claro: sexo com menores de 14 anos de idade é estupro presumido. Entre 14 e 18 anos, se houver coação ou violência é estupro ou violento atentado ao pudor. Na prática, maiores de idade só podem fazer sexo com menores de idade se houver consentimento dos responsáveis pelo adolescente, pois os pais podem denunciar a relação, ou seja: os relacionamentos gays sofrem um outro peso. Infelizmente, quando envolve relacões homossexuais, a lei é mais dura. Comumente héteros conseguem pagar fiança e respondem em liberdade, enquanto os homossexuais são sacrificados pela mídia e pela Justiça – além de enfrentarem a ira dos outros encarcerados. A lei é clara, não estamos defendendo de maneira alguma os pedófilos ou pessoas desequilibradas. Mas queremos mostrar que o preconceito também é claro. Apesar de adolescentes já fazerem sexo – há pesquisas e gravidez na adolescência para comprovar isso – a ditadura da hipocrisia cria dois pesos e duas medidas entre héteros e homos. No caso dos homos, tentase aplicar uma suposta “corrupção de menores”, enquanto nos casos heterossexuais o acusado se defende dizendo que o menor foi o sedutor do maior de idade e geralmente cumpre pena em liberdade condicional ou prestação de serviços comunitários. E não apenas nestes exemplos de relações
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intergeracionais que a lei é aplicada de forma diferenciada. Em assassinatos, ouvimos o criminoso dizer que foi assediado pelo homossexual e que por isso matou. Há também casos de demissão de funcionários gays, de manifestação de carinho em público, entre outros, que deixam uma mensagem clara: se for homossexual, seja discreto, pois mesmo que faça exatamente o que os héteros também fazem – errados ou não – você não tem os mesmos direitos. E por isso muitos se encontram no armário, mas chega uma hora que é preciso enfrentar algum percalço na vida particular, alguma injustiça. Esse é o preço que pagamos por não fazermos frente aos nossos direitos. E esta é a situação. Homossexuais oficialmente tem mais de 70 direitos negados no país. Na prática, somos infinitamente mais discriminados, estejamos certos ou errados, já fomos julgados culpados com antecedência. E a culpa não é dos que representam os gays com estereótipos, mas dos que ficaram calados pois não convinha deixar de ser invisível. Precisamos urgentemente da lei anti-discriminatória no Brasil. Não pedimos nem mais nem menos, apenas direitos iguais.
Allan Johan publisher
Expediente capa Fotografia: Eduardo Fiorindo Stylling: Fábio Bartz Modelos: Everton de Paula e Júlio Cesar (DM Agency) / Gustavo Zuccari (Time Model International)
LADO A # 34 - dez. 2010/jan.2011 Tiragem 5 mil
nesta edição 04 Editorial Dois pesos, duas medidas? 06 Entrevista Dimmy Kieer 08 Moda 3 Steps To Paradise 16 Humor A santa da Galheta 18 Bens de Consumo 20 Coluna social
J. Responsável Allan J. Santin DRT-PR 8019 Jornalista Profissional Diplomado
28 Especial Retrospectiva 2010
Editor Allan Johan
31 Reportagem Gays no alistamento militar brasileiro
Projeto Gráfico e Diagramação: TBN Com - 41 9814.0322 / 3528.0124 Website: Supermodular Colaboradores do site: Raquel Gomes, Arthur Virmond de Lacerda Neto, Beto, Fer Valois, Wander Mosco, Leandro Allegretti, Fernando Carlos, Eduardo e Paulo . www.revistaladoa.com.br Contato 41 - 3027.6599 contato@revistaladoa.com.br Para anunciar: contato@revistaladoa.com.br Correspondências CP 10321 CEP 80730-970 Curitiba - PR As matérias assinadas não expressam a opinião editorial da Revista Lado A.
34 Conto O vampiro da balada 36 Ensaio Lésbicas em Machado de Assis 38 Turismo Minha Viagem: Amsterdã 40 Guia Cultural 42 SC Guia GLS 44 RS Guia GLS 46 PR Guia GLS 49 Pastel e seus amigos 50 Playlist DJ Lu Padilha
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Entrevista
Batista Lima
Papo rápido com Dimmy Kieer No segundo dia de janeiro próximo, o maquiador paranaense Dicesar Ferreira completa seus 45 anos. Conhecido nacionalmente agora por participar da décima edição do Big Brother Brasil, o criador de Dimmy Kieer falou com a Lado A sobre sua história de vida já conhecida e sobre a sua participação no programa. Com agenda lotada, Dimmy Kieer é a drag mais famosa no Brasil na atualidade e com sua língua afiada respondeu nossas perguntas. Falamos sobre preconceito regional, contra gays e claro, sobre a casa mais vigiada do Brasil e até das eleições. Lado A - Como você começou a se montar? Dimmy Kieer - Brincando e maquiando meus amigos que faziam shows na noite. Nós saíamos todos para dar pinta, montadíssimas.
Lado A - Ao se mudar para São Paulo, sentiu algum tipo de receio por ser do interior do Paraná? Dimmy Kieer - Todos os preconceitos imaginados. Tiravam sarro do meu jeito caipira, simples de
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ser, e eu era muito ingênuo. Demorava para cair a ficha da maldade das pessoas. Eu era vitrinista e as bichas cantavam para mim quando eu passava: “Sou caipira pira porá...” E eu chorava... e muito.
Lado A - Quando você entrou no Big Brother, todo mundo ficou conhecendo o Dicesar, foi difícil tirar ele “do armário”? Dimmy Kieer - Não... eu já com 15 anos era assu-
midíssimo gay. Cheguei em São Paulo com 22 anos e me joguei nas baladas. No Big Brother eu já era a tia das bibas... (risos).
Lado A - Por que você só pôde se montar uma vez na casa?
Dimmy Kieer - Normas do Boninho... ele queria o Dicésar e não a Dimmy. Eu até fiquei surpreso pois achei que nem ia rolar de me montar na casa. Lado A - Se fosse a Dimmy Kieer, você acha que teria sido diferente? Dimmy Kieer - Não. Meu Bem... seria pior. Passar o dia inteiro montada não é fácil não... Eu acho que aí sim que ninguém iria me levar a sério, eu ia ser a palhaça da casa. Lado A - Você achava que o Brasil ia entender o seu recado contra a homofobia dentro da casa?
Dimmy Kieer - Mas o Brasil entendeu. Hoje eu
Lado A - Por que o Dourado ganhou? Dimmy Kieer - RS Coragemmm. Por que será? Deve ser porque ele é honesto, simpático, justo, merecedor do prêmio, gentil, atencioso com todo mundo, carismático... Não cospe em ninguém, não arrota, cheira bem. Tem um passado lindo e limpo... Eu que te pergunto: por que ele ganhou?
Lado A - Ele é mesmo homofóbico? Dimmy Kieer - Eu sei o que eu sou... não sei nada da vida dele.
Lado A - As ameaças que você sofreu, te geraram medo? Teve algum episódio tenso depois? Dimmy Kieer - Não... foram apenas ameaças no Orkut. Mas já passou... Mudamos o assunto já estamos no meio da Fazenda. (risos)
fotos: Lado A
vejo como sou querido por onde passo. Mas não é o público que escolhe quem ganha. Quando eu saí, já me falaram ali: “Dicesar, você era o final do programa. Hoje quem ia sair era a Lia e não você. A Lia vai sair amanhã. Quem vai com o Dourado sai...”
Lado A - Qual o grande aprendizado do BBB? Dimmy Kieer - Seja de verdade. Seja você mesmo. Podem editar o que quiserem na Globo... Você pode enganar sua equipe... Mas não engana o seu público. O seu telespectador não é bobo. Quem tinha canal pago sabe. Meu aprendizado é: valeu a pena. Estou ganhando agora na vida e na luta.
Lado A - Como você vê as intrigas no meio gay e a falta de leis para nós?
Dimmy Kieer - Infelizmente sempre vai haver brigas e intrigas... Que leis??? Não vi nada que ficasse do nosso lado. Nada.
Lado A - Em quem você votou nessas eleições para presidente? Dimmy Kieer - No primeiro turno na Marina, no segundo eu justifiquei.
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Humor
A santa da Galheta Em breve, o Papa Bento XVI terá que lidar com mais um pedido de canonização de uma Santa brasileira. Também apelidada erroneamente de Nossa Senhora da Galheta, originária de Florianópolis, mais precisamente da Praia da Galheta, reserva destinada a prática do naturismo não obrigatório na ilha de Santa Catarina. A Igreja não reconhece a Santa que nasceu católica e morreu aos 19 anos, de pneumonia, depois de largar sua vida estudantil para viver como heremita no local que lhe dá nome. José Carlos Camargo, ou Zeca, teria ido morar no local no final dos anos 70, depois que foi expulso de casa, na região de Biguaçu, Santa Catarina, quando seus pais descobriram sua homossexualidade. Apesar de alegar ser virgem e puro, a família não tolerou quando ele começou a falar a língua das monas. Ele se mudou para o local por causa de um grupo de hippies que lá freqüentava e precisava sempre de um guia.
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Zeca, aos 16 anos, teria conhecido aquela praia em um sonho, no qual viu muitos homens sarados, quando percebeu que este era um sinal divino para que ele achasse o local e fundasse ali uma comunidade religiosa. Em outra versão da lenda, dizem que ele tentou acabar com sua vida se jogando ao mar e que as correntes o levaram até este local longínquo, milagrosamente. Em ambas as estórias, depois de anos trabalhando de guia pelas trilhas e fazendo sexo sem proteção, Zeca padeceu. Ainda é possível encontrar algumas tábuas de sua antiga casa em uma trilha próxima a uma bica de água que permaneceu de sua residência. Um milionário que preferiu não se identificar, afirmou que irá patrocinar a construção de uma capela no local. Outro fanático promete criar uma comunidade no Orkut e afirma que “A santa é mara”. A água da bica citada também é considerada milagrosa e milhares de gays fazem a chuca no local por suas propriedades regenerativas. O Ibama
teve que interferir e proibir a retirada de água e areia da região, pois já estavam vendendo frascos com esses itens na internet. A identificação com a Santa é grande, tanto que muitos querem seguir o exemplo de vida de Zeca e ir morar no local: “Pena que não pode acampar e nem fazer festa por aqui”, diz Gregório, outro que teve uma graça alcançada. Conta-se que muitos gays que vão ao local conseguiram diversos milagres e que em todos os verões a praia é invadida por romarias e muita devoção, principalmente no Carnaval. Como parte de toda esta fé, eles chegam a subir as trilhas e pedras ajoelhados e a passar horas nessa posição louvando a santa. Outros meditam no local. No próximo verão, um transatlântico lotado de fiéis irá até lá. A fama da santa corre o mundo e muitos estrangeiros vão ao local para fazer seus pedidos, como comprovamos em uma visita ao seu santuário a céu aberto. Ao anoitecer, da praia é possível ouvir os gemidos dos fiéis concentrados, um coro suplicante por um milagre, gemidos e dor. Alguns devotos chegaram a enviar supostas imagens de Nossa Senhora da Galheta, que apareceu para diversas pessoas nas trilhas da praia. A santa é a protetora contra as doenças sexualmente transmissíveis, diversos tipos de chatos e doenças de pele, além do próprio sol, sim, já que muitos fiéis passam horas por lá. Outros chegam a dizer que a santa emagrece, mas ainda não foram feitos testes para comprovar tal relação. Dizem que do HIV ela não protege, o bom mesmo é usar o preservativo, que a Santa apóia, totalmente, ao contrário do Vaticano. Dizem que ela foi uma das primeiras vítimas da Aids no Brasil e teria pego de um argentino, o que fortalece a rixa entre os dois países. Este é um verdadeiro ponto de atrito entre os fiéis, que também rechaçam a idéia de que ela se travestia, apesar da santa não ser santo e sim santa, e aparecer sempre com trajes virginais. A polêmica sobre o tema é grande. A comunidade de surfistas e naturistas do local sempre critica a presença dos fiéis da Santa na região mas sabem que foi ela que conseguiu preservar este paraíso pois muitos políticos que
criaram a reserva são seus fiéis de longa data. Uma das pessoas mais devotas, trabalhadora de um bar gay da região, chegou a nos ensinar a suposta oração que a Santa teria lhe ensinado em uma das aparições, a frase deve ser repetida três vezes, do alto de uma pedra, com muito fervor (não é fervo, é fervor): “Nossa Senhora da Galheta, eu não gosto de buce**. Nossa Senhora da Galheta eu quero (ou não) uma neca preta. Nossa Senhora da Galheta, se eu conseguir o bofe dos meus sonhos faço em três feias uma chup***”. Isso mesmo, a Santa também é caridosa. Para ter uma graça concedida, é preciso amar ao próximo e fazer a fé na Santa crescer no local. Esta é uma das partes do mistério da Santa da Galheta que atrai a cada ano mais fiéis. Ela não faz nada de graça e emprega esta interessante base de troca. A necessidade de explicar se quer ou não uma neca preta é que a Santa sempre manda um dum dum, pois essa era a sua preferência. Muitos fiéis chegam a deixar camisinhas no local como oferenda, algumas delas cheias, com o inscrito OBRIGADO PELA GRAÇA ALCANÇADA.
Se você leu este texto e já teve uma graça alcançada na Praia da Galheta deve repassar esta reportagem para mais cinco pessoas ou a Santa promete não mais te abençoar em suas romarias por suas terras, que incluem a Praia Mole. Se você apenas leu, também mande, ou a Santa vai te gongar por um ano. Deixar um comentário no site também satisfaz a Santa ou repasse a mensagem da Santa: USE CAMISINHA! 17
Bens de consumo Positivo Alfa O gadget lançamento da Positivo Informática usa “tinta eletrônica” para reproduzir em uma tela touch a sensação de ler em uma folha comum, impressa. O leitor de livros “nacional” tem conexão Wi-Fi e ainda 2GB de memória. O produto é compatível com os títulos lançados em português, pesa 240 g, tem 8,9 mm de espessura e vem com o dicionário Aurélio integrado. Preço previsto: R$ 650 e R$ 750.
Serie 1 LG Enquanto todo mundo deseja uma tela gigante, LCD ou LED, e agora 3D, a LG aposta também no mercado retrô ou saudosista. A marca lança a Série 1, um modelo com controle remoto em formato de cone e design antigo. A tela de tevê é em sépia, ou preto e branco, sem cores e ainda tem apenas 14 polegadas. Talvez o preço agrade. É o cúmulo do cool! Sugestão de venda no Brasil: 449 reais.
Óculos 3D by CK Com a onda de Cinema 3D, o chique agora é levar o seu de casa. Com mais estilo e lente maior, os óculos “particulares” prometem maior aproveitamento da experiência 3D. O modelo criado pela Calvin Klein pode ser ainda usado fora da sala de cinema, como um óculos de sol comum. O lançamento aguarda a aprovação da patente e é prometido para dezembro. Preço previsto nos EUA: US$180
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Bens de consumo Bracelete de lentes Com os modelos 24-70mm e 50mm, estes braceletes conseguem ser super fashion e por um preço irrisório. Ainda não chegaram no Brasil, mas podem ser encomendados pela internet. O presente ideal para aquele amigo que gosta de fotografar ou é moderno. Preço: US$15 o par no http://photojojo.com
iVideokê Mini 8162 A empresa Raf Eletronics, que popularizou o videokê no país, aposta na internet como sua aliada para voltar com a mania. A nova geração compacta do videokê é voltada aos consumidores domésticos, é sem fio e conecta-se por Bluetooth a outros aparelhos. A compra de musicas é feita via internet e esse modelo vem com 200 músicas na memória e dois microfones sem fio. Um lançamento que anima qualquer festa ou reunião de amigos. Preço: a partir de R$699 na internet
Camiseta “Você tem Probleminha?” é uma das camisetas lançadas pelo videologger Felipe Neto em seu site. O carioca que tem quase um milhão de seguidores no Twitter e ficou famoso por falar de assuntos polêmicos. Preço: R$ 39,90 em www.felipeneto.net
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Coluna social Black Box - Amannda Live (Curitiba)
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James - Pop Line (Curitiba)
Side Caffe - 6 anos (Curitiba)
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Coluna social UP - 2 anos (Joinville)
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Parada da Diversidade de Florian贸polis 2010
Parada da Diversidade de Curitiba 2010
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Coluna social Concorde - Festa à Fantasia (Florianópolis)
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Refugius - 3 anos (Porto Alegre)
The Cherry (Curitiba)
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Coluna social Bar Code - Scandal (Curitiba)
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Duo Lounge - Fotos by Vibe Mix (BalneĂĄrio CamboriĂş)
Venezianos - 10 anos (Porto Alegre)
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Especial
Retrospectiva 2010 Lá fora foi um ano de conquistas. Se nos outros países os direitos gays andaram, por aqui, a falta de novidades foi total. Mas 2011 promete muito com a primeira mulher como presidente do Brasil.
argentina
Em julho, o Senado do país vizinho aprovou o casamento gay e o assunto correu o mundo. Famosos por serem machistas, até os argentinos se renderam à lei que promove a igualdade.
portugal eua
Os Estados Unidos protagonizaram grandes discussões acerca do casamento gay e do fim da proibição dos homossexuais servirem às forças armadas. Lady Gaga puxou o discurso contra a lei “Don´t Ask, Don´t Talk” que bane homossexuais das forças armadas e uma juíza baixou a medida que depois foi cassada pelo governo que quer que o Senado – que derrubou a lei que acabaria com a proibição em setembro - defina o assunto de vez. Com uma onda de suicídios de jovens gays em setembro vieram discursos de artistas como Madonna, Cindy Lauper, e até do presidente Barack Obama, que descobriram que teve uma baba travesti na infância! Em dezembro, o Pentágono deve anunciar que um estudo provou o que já era óbvio: que gays podem sim servir as Forças Armadas.
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Gays já podem se casar na terrinha! O presidente Cavaco Silva disse que frente à crise era preciso não perder o foco e aprovou em junho o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O marco histórico mostrou que o país está disposto sim a se modernizar e a acompanhar o resto da Europa em termos de Direitos Humanos.
Especial BRASIL
E as leis que concedem igualdade aos homossexuais continuam paradas nas casas legislativas. Desinformação e pessoas querendo complicar as discussões criam mais dificuldades para uma real possibilidade de aprovação de leis importantes.
Inimigos dos gays
A Lado A lançou em março uma lista com 10 nomes das pessoas que mais atentam contra os direitos dos homossexuais. A listagem foi amplamente divulgada e teve reações muito boas, como o então governador Roberto Requião, eleito Senador, que chegou a se aproximar do movimento gay para mostrar que não era homofóbico. Contaram na lista: Senador Magno Malta, pastor Silas Malafaia, deputado federal Walter Brito Neto, feputado bispo Rodovalho, Júlio Severo (blogueiro), psicóloga Rosângela Justino, senador Marcelo Crivell, governador Roberto Requião, o BBB
Marcelo Dourado e o juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho que disse que gays deveriam sair do futebol no Caso Richarlyson.
PL 122
Durante o mês de outubro, o projeto de lei 122 – que está em trâmite desde 2002 – foi discutido durantes as eleições. O projeto originalmente visava criminalizar os atos de preconceito contra homossexuais em todo o país. Religiosos contestaram que o projeto é uma “mordaça”, pois proíbe que eles sejam contra o sexo gay e clamaram seu direito de liberdade de expressão. O projeto já foi aprovado na Câmara e aguarda ser votado no Senado. Em razão da pressão da bancada evangélica, o projeto já foi alterado e inclui outros segmentos como negros e idosos, e foi retirada a parte que fala de citações religiosas em templos. Mesmo assim, eles continuam a bater o pé contra o projeto.
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Especial
CAMpeÃo De VioLÊNCiA
Em 2009 o Brasil bateu recorde em assassinatos de homossexuais e o Congresso convocou uma reunião para debater o assunto, em novembro. Em 2009, foram 200 assassinatos de gays, lésbicas, travestis e transexuais. Mais de uma morte a cada 2 dias. Em 2010, os números devem chegar perto ou até ultrapassar o ano anterior.
CASAMeNto hoMoSSeXuAL
Também durante as eleições, políticos chegaram a dizer que casamento era assunto religioso e tentaram mostrar apoio à União Civil. A lei, que está há mais de 15 anos no Congresso é sobre a União Civil e já é considerada obsoleta pois não inclui adoção por homossexuais e não há mudança de estado civil de solteiro para casado. Apesar de ser uma reivindicação do movimento, o projeto precisa ser atualizado. Ainda não há nenhum projeto de lei de Casamento Gay em tramite, o que não explica a discussão do tema em horário eleitoral.
eLeiÇÕeS
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O casamento gay e o aborto foram temas constantes no debate a presidência deste ano. Venceu Dilma Rousseff que chegou a ser apontada como lésbica em uma notícia falsa espalhada pela internet. Apesar de boatos sobre a sexualidade da nova presidenta, ela não disse que era nem hétero e nem gay. Em todo caso, podemos esperar uma presidente comprometida com a causa gay e com a liberdade. Ela já se mostrou a favor da união civil e a expectativa é que ela não enrole a comunidade como o governo anterior. E há ainda aqueles que realmente acreditam que ela sairá do armário. 2011 promete ser muito bom.
Reportagem
Gays no alistamento militar brasileiro:
dizer que é ou não? Enquanto nos Estados Unidos se discute a aceitação de homossexuais nas Forças Armadas, no Brasil a realidade é preocupante. Alvo de momentos tensos e até vexatórios, jovens brasileiros que são obrigados a se alistarem no Exército ficam na dúvida se devem omitir ou dizer que são homossexuais. Por aqui, os militares perguntam sobre a intimidade dos alistados
de forma irregular e discriminam os gays que se assumem. “Você namora? Com menino ou menina?” perguntou um militar ao jovem catarinense André, de 18 anos, durante a apresentação de seleção em julho deste ano em um quartel na cidade de Blumenau, em Santa Catarina. Ao lado, ouviu ainda outro candidato ser perguntado se faria sexo com outro homem por dinheiro. André mentiu e disse que namorava uma menina e foi convocado para a
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Reportagem próxima fase, mesmo tendo dito que não gostaria de servir. Já ao gaúcho Anderson, 19, que se alistou no ano passado em Porto Alegre, perguntaram se ele já fez sexo com outro homem e ele disse que sim. Ouviu então o major dizer a um soldado “tire esse garoto daqui” e foi levado a um canto por algumas horas até que os primeiros liberados do contingente fossem levados para jurar à bandeira. Ele recebeu em seu Certificado de Alistamento Militar o carimbo “liberado por excesso de contingente”. Ficou feliz, pois também não queria servir. A reportagem da Lado A ouviu ainda casos de homossexuais que serviram literalmente ao Exército, outros que passaram pelo Serviço Militar escondendo que eram homossexuais e, claro, muitos casos de preconceito, o que explica porque muitos gays rejeitam a idéia de se tornarem militares. A maioria não ouviu a pergunta indiscreta. Em todos os casos em que ela foi feita, quem disse ser homossexual foi retirado do alistamento, enquanto alguns dos que mentiram chegaram a passar de fase mas buscaram outros meios para serem dispensados como atestados médicos falsos ou alegações de que são arrimo de família, ou seja, sustentam a família e não podem deixar de trabalhar. Em resposta ao nosso pedido, a assessoria de imprensa do Ministério da Defesa nos respondeu
que indagar se o candidato é homossexual não faz parte do procedimento de seleção para o serviço militar. “O Serviço Militar se fundamenta no princípio da universalidade de sua aplicação, não fazendo distinção entre os cidadãos. As Normas Técnicas para o funcionamento das Juntas de Serviço Militar (NT 11-JSM) têm por finalidade orientar as Juntas de Serviço Militar quanto ao funcionamento do Sistema de Serviço Militar. Não há qualquer orientação ou documento que se refira à citada pergunta”. Para o Ministério, o que importa é que os candidatos correspondam nos seguintes aspectos previstos em lei: físico, cultural, psicológico e moral. “Nesse processo, ocorre uma entrevista individual, não constando nenhuma pergunta discriminatória. O cidadão que atenda aos aspectos previstos na seleção estará apto à incorporação”, explicou a assessoria que afirmou que a pergunta não pode ser feita e não consta nos manuais oficiais. Na prática, a questão é feita e apesar da negativa de que a pergunta existe durante o processo, a resposta falsa pode ser enquadrada como crime. “Declaração Falsa, prevista na letra b do art. 49 da Lei do Serviço Militar (Lei nº 4.375/64) e do art.179 do Regulamento (RLSM ,Decreto nº 57.654/66), passível de punição com multa. As informações prestadas pelo conscrito devem ser expressão da verdade, e serão processadas como verídicas”, afirmou novamente a assessoria
E se o candidato se sentir ofendido com a pergunta ou for discriminado se responder que é homossexual? Nestes casos, a vítima de assédio moral deve notificar a autoridade responsável em busca de providências
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Reportagem do Ministério da Defesa, responsável pelas Forças Armadas. E se o candidato se sentir ofendido com a pergunta ou for discriminado se responder que é homossexual? Nestes casos, a vítima de assédio moral deve notificar a autoridade responsável em busca de providências. Deve falar com o Presidente da Comissão de Seleção ou o Chefe da Seção de Serviço Militar Regional; ou ainda com o Comandante ou Chefe de Organização Militar. A Secretaria Especial de Direitos Humanos da Pre-
sidência da República também deve ser informada pelo email ouvidoria@sedh.gov.br com o máximo de detalhes sobre o caso, como nomes, local e datas do acorrido. As denúncias podem ser feitas de forma anônima quando forem para citar casos ocorridos com terceiros que se possível devem ser identificados. O endereço de email deve ser usado para qualquer tipo de violação de Direitos Humanos e em breve o serviço contará com um disque denúncias, já em implantação e previsão de começar a atender por telefone no próximo ano.
o CASAL De SARGenToS GAYS em junho deste ano, em novo processo militar, os sargentos Laci Araújo e Fernando Alcântara (foto),, que expuseram em 2008 o seu romance na revista época e sofreram represálias do exército Brasileiro, foram condenados por difamar o exército após acusarem a instituição de tortura e maus tratos. A defesa do casal de sargentos (Fernando já recebeu baixa do exército) prometeu recorrer da decisão. os dois protagonizaram uma capa da revista época com o título “eles são do exército. eles são parceiros. eles são gays” e expuseram a perseguição que sofriam na caserna, segundo eles, por denunciarem irregularidades no Hospital Militar de Brasília. em primeira instância, munidos de parecer do Ministério Público Militar, a Justiça Militar entendeu que a tortura sofrida por Laci teria sido inventada e a falta de provas no processo militar culminou na condenação dos dois por difamação ao exército. Para Giovanni Rattacaso, procurador de Justiça Militar, os dois “eram cúmplices nessa intenção odiosa de difamar o bom nome do exército e lançar lama sobre os militares pechados de torturadores”. Laci Araújo recebeu a pena de 1 ano, 3 meses e 15 dias de reclusão pelos crimes de calúnia e desacato a superior; Fernando Alcântara foi condenado a 8 meses de detenção, por “propalar fatos que sabe inverídicos”. A pena pode ser anulada por bom comportamento no prazo de dois anos. Fernando foi candidato a deputado federal por São Paulo este ano mas não se elegeu. A história dos dois virou um livro chamado “Soldados não choram”.
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Conto
O vampiro da balada Nada mais importava. Para ele, restava deixar seu legado na Terra. Saiu de casa feroz em busca de uma próxima vítima. Desgraçados! Não era como um vampiro clássico que fora presenteado com a vida eterna. Juan é alto, másculo e tem uma barriguinha sarada conquistada com dieta e malhação diária, pele perfeita. Não curtia afeminados, ele era macho, pegava até mulher às vezes. Esses atributos lhe garantiam muitas vítimas. Era fácil enganá-las. Bastava jurar amor ou um pequeno interesse que elas caiam em sua conversa. Sim, pessoas desesperadas por amor, enquanto ele direcionava para elas todo o desprezo. Amava sexo e era bom nisso. Não eram
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poucos os que voltavam a sua procura. Mas os que tiveram prazer de se deitar com o vampiro mais de uma vez foram poucos, pois ele não queria namorar ou casar, tinha pavor disso. Naquela noite, Juan teve um pouco mais de dificuldade. Chovia e saiu de casa tarde, não poderia mais caçar suas vítimas no parque ou no terminal de ônibus. Da internet já tinha cansado, não era como escolher a vítima sentindo o seu cheiro fora isso encontrava mais gente conhecida mentindo nome e qualidades do que pessoas novas. E este vampiro tem um tipo preferido: os caras bonitos, com cara de ricos, independentes, com ar de inocente, que acreditam ainda no amor. Ele queria caras que se acham espertos ou mais machos do que ele.
Nem sempre ele foi assim. Na verdade, ele já acreditou no amor eterno por outra pessoa e sempre ignorava os perigos mesmo depois de tantas vezes alertado. Não, jamais aconteceria com ele. Até que se apaixonou por um turista e o cara era como ele hoje: outro vampiro. Que levou todos os seus sonhos e lhe deixou uma lembrança que levaria consigo para sempre. Hoje ele só amava a si. Na boate, Juan avistou a sua próxima vítima. O cara era lindo e estava sozinho. Tinha ar de mauricinho e bebia algo destilado no bar. Os olhos azuis do vampiro cruzaram com os olhos verdes da presa e anunciavam que aquela caçada seria fácil. Trocaram algumas palavras e o rapaz fez algo inusitado que só aguçou ainda mais seu interesse. O rapaz pediu licença e saiu, foi ao banheiro. Ao que ele retornou, voltaram a conversar. Seu nome era Pablo. Loiro, gostoso e com ar angelical – era perfeito. A testosterona poderia ser sentida no ar entre os dois. Eles queriam a mesma coisa: sexo. Pablo então pediu desculpa e saiu novamente. Juan então puxou seu braço e disse: “Sou mais importante que essa porra de pó”. “Seu careta, eu ia pegar outra bebida”. Os dois riram. Juan não queria afastar sua presa. A caça achava que tinha o controle mas também não queria afastar o cara mais lindo e cobiçado da cidade, mesmo que ele fosse um grosso. No fundo, até gostou, deveria ser ativo, pensou. Riram falsamente juntos. Após alguns goles e outras tantas músicas, o primeiro beijo – lascivo e quente. A noite estava mesmo perfeita. Ficaram dançando e se exibindo para os outros. Um cara se aproximou com interesse e eles se entreolharam. Não, seriam só eles, mas ambos pensaram que o cara era gostosinho e torceram para que ele aparecesse outro dia, quando estivessem sozinhos. Resolveram ir a um motel. Juan pegou o quarto mais caro. Pablo perderia sua inocência naquela noite, apostava o vampiro. O loiro deitado sobre a cama de bruços não era virgem, mas um dia ele entenderia. Descobriria tudo e sentiria ódio de Juan. Teria ódio de si mesmo por ser desatento. Juan queria que fosse especial, como foi com ele.
“Os olhos azuis do vampiro cruzaram com os olhos verdes da presa e anunciavam que aquela caçada seria fácil” Depois de beijos, sexo oral na sauna, massagem no colchão de água e até um pouco de momentos de romance com Pablo na piscina, era chegada a hora. Juan ainda pensou mais uma vez no seu ex que lhe deu aquele presente. Com seu pênis em punho, pronto, olhou para o rosto angelical de Pablo. Olhou para seu membro e sentiu orgulho. Grande, com veias saltando e sem nenhuma curvatura. “Você é meu” disse ele. “Sou teu” ouviu de Pablo como resposta. Ele nem falava com seu amante daquela noite, falava com seu membro, ao qual idolatrava. E quando encostou em Juan, ouviu: “Ei, e a camisinha?”. Aquela frase era broxante. “Não curto”, disse, já iniciando a penetração. Pablo então tirou Juan de dentro dele e disse: “Cara, você é louco. Não rola.” O vampiro então disse que era alérgico ao preservativo, que o artefato de látex iria estourar mesmo e, sob tantas outras negativas, anunciou que era melhor irem embora. Não trocaram telefone. Juan voltou à boate onde no banheiro conseguiu sua centésima vítima. O cara não era bonito mas havia se drogado e bebido tanto que não ofereceu resistência. Sua meta do ano estava completa e ainda era agosto. Não se sentia mais sozinho no mundo, outros passavam pelo mesmo que ele. Depois de algum tempo, o vampiro se mudou como fazia com frequência. As pessoas já estavam falando, era preciso achar novos ares, novas vítimas. Juan decidiu criar no próximo ano uma nova meta, queria agora só homens bem jovens, até 25 anos. Ele foi morar na praia, onde o clima era mais ameno.
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Imagem reprodução do filme “A Duquesa”
Ensaio
Lésbicas em Machado de Assis Por Arthur Virmond de Lacerda Neto Josué de Sousa Montello nasceu no Maranhão, em 1917. Ao longo dos seus oitenta e oito anos de vida, escreveu vinte e cinco romances, peças teatrais, novelas e ensaios. Redigiu, também, de 1952 a 1995, um diário pessoal, de que publicou excertos em seis volumes. No “Diário do Entardecer”, encontra-se esta anotação, de 24 de agosto de 1967: “Relendo os Papéis avulsos, aconteceu-me o que habitualmente ocorre nos meus regressos ao pequeno mundo de Machado de Assis: em vez de ater-me ao objeto da pesquisa, andei a ler um trecho aqui, outro ali, outro mais adiante, levado pela sedução da prosa do velho feiticeiro literário. De repente, nas emoções desse passeio, travei as sobrancelhas, redobrando de atenção. Seria possível o que eu estava lendo? E por
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que, até agora, ninguém atentara para a página erótica de Machado de Assis, no livro de 1882? Porque o que eu tinha diante de mim, espantado, era uma cena de homossexualismo feminino, transparente, perfeita, habilmente concatenada, sem deixar dúvida alguma quanto à sua natureza. Em Machado de Assis? No Machado de Assis que, em 1878, escrevendo sobre O primo Basílio, pedia contas a Eça de Queiroz pelas cenas ousadas do seu romance? Sim, é verdade. No mesmo Machado de Assis. O episódio -nítido, claro, objetivo, sem deixar dúvidas- está no conto “D. Benedita”. A página reclama leitura atenta, dando mesmo a impressão de que o autor, intimidado pela escabrosidade do tema, sustem a pena, dando-lhe um desfecho que interrompe a narrativa, abreviando-lhe o fecho natural. Convém re-
lê-la, devidamente alertado, redobrando de atenção quando se juntam as duas personagens do episódio: a d. Maria dos Anjos e a que dá nome ao conto. Em meio ao burburinho da casa cheia, eis como o narrador nos mostra a personagem: D. Benedita fala, como as suas visitas, mas não fala para todas, senão para uma, que está sentada ao pé dela. Essa é uma senhora gorda, simpática, muito risonha, mãe de um bacharel de 22 anos, o Leandrinho, que está sentado defronte delas. D. Beneditanão se contenta de falar à senhora gorda, tem uma das mãos desta entre as suas; e não se contenta de lhe ter presa a mão, fita-lhe uns olhos namorados, vivamente namorados. A releitura do texto, com os olhos prevenidos, levanos a redobrar de malícia, sobretudo quando as duas saem de cena, para voltar à sala, onde se acham outras amigas: D. Benedita voltou nesse momento pelo braço de d. Maria dos Anjos. Trazia um sorriso envergonhado; pediu desculpas da interrupção, e sentou-se com a recente amiga (d. Maria dos Anjos), agradecendo-lhe o cuidado que lhe deu, pegando-lhe outra vez na mão. Atente-se mais para o diálogo das duas, logo a seguir: “Vejo que me quer bem”, disse ela. “A senhora merece”, disse d. Maria dos Anjos. “Mereço”, inquiriu ela entre desvanecida e modesta. Por fim, eis o que diz o narrador, insistindo na feição amorosa do episódio, quando d. Benedita assume um ar modesto: “E declarou que não, que a outra é que era boa, um anjo, um verdadeiro anjo; palavra que ela sublinhou com o mesmo olhar namorado, não persistente e longo, mas inquieto e repetido”. A cena erótica aí está, sem subterfúgios, transparente, muito clara. O que atualiza o velho Machado, numa hora em que tudo é permitido.” Josué Montello escreveu tais notas em 1967, quando as mentalidades eram, ainda, intensamente conservadoras em relação aos costumes e à liberdade sexual. Atente-se à sua observação final, de que a cena de erotismo atualiza o texto de Machado de Assis, de 1882, em uma hora em que
(referia-se a 1967) tudo é permitido. Tudo, então, era permitido? Certamente, ao tempo desta anotação, os costumes eram relativamente soltos, em cotejo com o que tê-lo-iam sido cerca de oitenta anos antes, porém eram muito menos liberais do que, felizmente, são-no hoje. Assim, por exemplo, até aproximadamente trinta anos atrás, a mulher separada era chamada de “prostituta” e tratada como tal, ou seja, marginalizada, ao passo que, hoje, o divórcio é perfeitamente banal e ninguém mais discrimina as descasadas. Até 2004, a defloração, antes do matrimônio, da mulher recém-consorciada, justificava-lhe a anulação, pelo marido que a desposara na convicção da virgindade da sua noiva, ao passo que, hodiernamente, rara será a moça que se case ainda virgem. Da época de Machado para a de Josué Montello e da deste para a presente, há um acréscimo, lento, é verdade, porém constante, de liberdade individual em matéria de costumes, de afetividade e de sexualidade.
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Turismo
Minha viagem
AMSTERDÃ
“Em 2009, fiz esta que foi a viagem da minha vida. Onde entendi a felicidade e a aceitação completa, entendi que pessoas são pessoas onde quer que estejam e independente de vida, nacionalidade, sexualidade. Aprendi a respeitar e, acima de tudo, aprendi a entender o mundo em sua plenitude.” Kauan Von Novack, 19 anos, estudante de moda
Esta é a mais nova seção da Revista Lado A. Mande fotos de uma viagem marcante que fez para nós. Envie-nos um e-mail para contato@revistaladoa.com.br e saiba mais como participar.
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Turismo
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Guia Cultural Porto Alegre Os Meandros da Memória
6ª MOSTRA UNISINOS DE CINEMA Os curtas em HDV dos formandos do curso de Realização Audiovisual da Unisinos mostram em exibições únicas do talento dos novos cineastas. Com até 15 minutos, as produções abordam temas diversos. Exposição marca os 15 anos da fundação Iberê Camargo com apanhado de pinturas e pensamentos do artista gaúcho com curadoria do francês Jacques Leenhardt. 72 obras, algumas inéditas, apresentam a vida do artista que manifestou seu descontentamento político antes de morrer. SERVIÇO Quando: até 03/04 (Fechado as segundas); Onde: Museu Iberê Camargo – Av. Padre Cacique, 2000 - Praia de Belas; Quanto: gratuito; Info.: (51) 3247-8000
SERVIÇO Quando: de 9 a 12/12 (Quinta às 20h, nos outros dias às 19h); Onde: Santander Cultural – Pc. Da Alfândega s/n – Centro; Quanto: gratuito; Informações: www.santandercultural.com.br
Curitiba Picasso a Gary Hill
A Metáfora O MARGS realiza o seminário A Metáfora Indomada e a Metáfora Domesticada todas as às quartas-feiras, no auditório do museu, sob a orientação do professor e Coordenador do Núcleo de Documentação do MARGS José Luiz do Amaral. Em foco, as configurações da arte ocidental a partir da observação das artes plásticas e da literatura enquanto metáforas. SERVIÇO Quando: até 08/12 – às quartas-feiras das 16h às 18h; Onde: Auditório do MARGS – Praça da Alfândega, s/nº, Centro; Quanto: gratuito mas pede-se a doação de alimentos ou agasalhos; Info.: (51) 3227-2311
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Esta exposição reúne 50 obras de nomes consagrados da Arte Moderna como Dalí, Picasso, Chagall, entre outros, e mostra as mais diferentes técnicas e visões de gênios do último século no ocidente. A inclusão de artistas sulamericanos completa a proposta da mostra. SERVIÇO Quando: até 27/02; Onde: Museu Oscar Niemeyer - Rua Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico; de R$2 a R$4 ; Info.: http://www. museuoscarniemeyer.org.br
Factos da Actualidade
MPB nas janelas do prédio histórico. Um show de luz, cor, música e fogos para todas as idades. SERVIÇO Quando: de 2/12 até 18/12 às 21h (de quinta a domingo); Onde: Palácio Avenida HSBC – Rua XV de Novembro; Quanto: gratuito
Florianópolis Guardar
Usando o nome de um boletim publicado pela Fundação Cultural de Curitiba, a exposição Factos da Actualidade: Charges e Caricaturas em Curitiba, 1900 – 1950 mostra a vasta produção do cartunismo local no início do século passado e resgata os problemas e humor da época. SERVIÇO Quando: até 26/03 (fechado às segundas); Onde: Casa Romário Martins Largo da Ordem, 30; Quanto: gratuito; Info.: 3321-3255
Sinopse Impressionantes 27 obras do alemão Gerhard Richter, considerado o artista vivo mais caro e genial do mundo podem ser apreciadas em Curitiba nesta exposição imperdível. Telas impressionistas, fotografias e até obras abstratas do artista que é nome de peso também na Pop Art.
A arte da cerâmica brasileira poderá ser vista na exposição itinerante Guardar que reúne obras de todo o país, organizada pelo grupo Bando de Barro. Desde outubro de 2009, o arquivo permaneceu no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul e agora segue para a capital catarinense. SERVIÇO Quando: de 10/12 a 13/03; Onde: Museu Histórico de Santa Catarina - Praça XV de Novembro, 227 – Centro; Quanto: gratuito; Info.: (48) 3028-8091
Orquestra Sinfônica de Florianópolis Apresentação da Orquestra Sinfônica de Florianópolis pelo Circuito Catarinense de Orquestras com programa que inclui peças de Richard Strauss, Nikolai Andrejevitch Rimsky-Korsakov, Leroy Anderson, Mozart, entre outros. SERVIÇO Quando: 19/12 às 20h; Onde: Parque de Coqueiros – Av. Eng. Max de Souza, s/n – Coqueiros; Quanto: gratuito; Info.: (48) 9638-0053
SERVIÇO Quando: até 27/02 (fechado as segundas); Onde: Casa Andrade Muricy – Al. Dr. Muricy, 915 – Centro; Quanto: gratuito; Info.: (41) 3321-4798
Natal Encantado HSBC No tradicional Palácio Avenida, 160 crianças de instituições de apoio cantam músicas natalinas e da
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Ponta Grossa Bar Deck Club Lounge - R. Balduino Taques, 1408 B
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DJ Lu padilha Divulgação
Nascido em uma família de músicos, Luiz Fernando Padilha (ou Lu Padilha como é conhecido) estuda violino e teoria musical há 15 anos. Em 2008, entrou na cena eletrônica quando, sob tutela de Hermes Pons (VOX), passou a discotecar nas principais casas alternativas de Curitiba. Logo após sua estreia no James Bar, assumiu a residência do POP Line que agita os sábados da noite curitibana. Hoje, além de DJ, também trabalha com produção musical e possui projetos musicais paralelos em execução.
top 10 1. Ke$ha - We R Who We R 2. Hadouken! - Mic Check 3. Lady Gaga - Nothing On (But The Rradio) 4. Pink - Raise Your Glass 5. Shakira - Loca (Feat. Dizzee Rascal) 6. Discobitch - C’est Beau La Bourgeoisie 7. The Ting Tings - Hands 8. Katy Perry - Peacock 9. Kings Of Leon - Use Somebody (Chew Fu Festival) 10. Miike Snow - Animal
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