Revista Lado A N° 49

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#49 Nov. | Dez. 2013

revistaladoa.com.br




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Editorial

Confiança é tudo. por Allan Johan Nossos pais já ensinavam quando éramos pequenos: O nome limpo é o maior patrimônio que temos. Falavam da importância de escovarmos os dentes e os estudos em dia. Andar de cabeça erguida e poder dormir tranquilo, não tem preço. Vivemos em tempos, e em um meio, onde o corpo e a fama são hipervalorizados, mas note: Tanto o sorriso, quanto a saúde e o bom nome ainda possuem muito valor. Os estudos ainda são importantes mas o dinheiro ganhou um aspecto prioritário comparado ao que já foi citado. E o dinheiro vem a qualquer custo para alguns sem escrúpulos. Note que o crédito, seja no cartão, seja na sua pessoa, no ponto de vista amoroso ou social, é o que conta. Uma pessoa pode ter milhões mas, se ela não é confiável, ou tem má reputação, ela não perdura.

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Tem gente que precisa se vestir com marcas e expor o que comprou, tem gente que vive se gabando do que tem, ou fez, nas redes sociais. Algumas se gabam de suas conquistas e performances sexuais. São pessoas que precisam, por elas, se sentirem valorizadas, mesmo que não por suas qualidades, mas por suas posses. São pessoas com baixa autoestima, cujo ego precisa ser constantemente massageado. Para ser feliz, é preciso saber que tudo dará certo, que se terá capacidade para lidar com as dificuldades e surpresas da vida que poderão aparecer. É preciso ter uma essência boa, não ter medo de viver e se conhecer. Todavia, confiança e prepotência, juntos, são uma receita para o desastre. E, como foi dito no título do texto, confiança, mas na dose certa, é tudo.


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Índice LADO A #49 Novembro e Dezembro de 2013

06 Editorial Confiança é Tudo 10 Entrevista Julio Oliveira

Expediente Tiragem 5 mil Jornalista Responsável Allan J. Santin DRT PR 8019 Colaboradores do site: Raquel Gomes, Arthur Virmond de Lacerda Neto, Beto, Leandro Allegretti, Alecks Spake, DJ Geh Colusk e Wladi. Contato Redação Para anunciar (41) 3027.6599 contato@revistaladoa.com.br Correspondências CP 10321 CEP 80730-970 Curitiba - PR As matérias assinadas não expressam a opinião editorial da Revista Lado A. Proibida a reprodução total ou parcial de conteúdo sem autorização prévia.

Capa Produção Executiva: Lado A Modelo: Luiz Mannes Locação: Lucci Meeting Club Foto: Estúdio Lado A

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14 Moda Com carinho, para Bob 21 Coluna Social 27 Especial Bob Mizer e a Physique Pictorial 30 História Elektra

32 Guia GLS Sul SC, RS e PR 37 HQ Pastel e seus amigos 38 Momentos Banda Uó


FOTO: Divulgação / Roberto Trumpauskas

Entrevista

Julio Oliveira Mais do que outro rostinho bonito na TV 9


Julio Oliveira, 23 anos, tem um currículo invejável. Com mais de 30 peças de teatro e dois papeis de destaque em novelas da Rede Globo, ele acaba de viver o personagem Peixinho, na trama Sangue Bom. Seu personagem gay o colocou mais uma vez em evidência, como aconteceu em 2011, quando viveu o DJ Ângelo (Anjinho), em Tititi. No teatro, chegou a protagonizar o espetáculo da Broadway Equus, em sua montagem brasileira. Em 2010, foi indicado como melhor ator do ano pelo Prêmio FEMSA Coca Cola, pelo espetáculo Píramo e Tisbe.

Você não esconde as dificuldades que passou, qual foi o momento mais desanimador? Foi quando perdi meu pai (aos 17 anos). Nossa, foi realmente preocupante porque a situação financeira – que já era simples – ficou muito pior. Mas como nada na vida acontece por acaso, e eu realmente acredito nisso, logo depois eu fui contratado pela Globo para fazer minha estréia na TV, em Tititi.

Paulista, de família humilde, desde cedo ele ajudava em casa sua mãe, vendendo salgados e pagando seu curso de teatro. Hoje, além da carreira de ator, ele se dedica à discotecagem e a dar aulas de interpretação. Com uma história de vida super interessante, ele conversou com a Lado A.

Quando você está tocando, qual o seu som? Sou bem eclético, toco o que for mais propício para a casa, mas meu forte é um set dos anos 80.

Quando você era mais novo, você sonhava em um dia ser famoso? Nunca pensei na fama como objetivo, juro! Penso que o trabalho tem que vir sempre em primeiro lugar. Aconteceu como consequência me tornar famoso. Quando me dei conta, era conhecido.

E para fazer Equus, foi fácil atuar pelado? O papel do jovem Alan é difícil como dizem? É indiscutivelmente um dos papéis mais difíceis e que mais exige de um ator. Equus exige uma disponibilidade emocional gigantesca, além de um total desprendimento de qualquer tipo de ego do ator

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Sempre falam em assédio aos jovens atores em início de carreira, aconteceu com você? Não. Sempre fui respeitado pelo meu trabalho. Mas já rolou alguma proposta indecente? Gente sem noção existe em todo lugar. Quero distância.

Como ator de teatro, existe diferença em atuar para teatro, TV ou cinema? Totalmente. Por isso, mesmo já trabalhando nessas três áreas, permaneço me aperfeiçoando cada vez mais. O estudo não pára jamais.


em questão estética. As cenas são fortíssimas, densas e pesadas. É um papel impactante principalmente pra plateia, onde muito permanecem com o espetáculo na cabeça semanas depois. Até hoje recebo mensagens de quem assistiu, relatando o quanto Equus repercutiu em sua mente. Apesar de Equus ser um sonho já há alguns anos, eu entrei na verdade pra substituir o Leonardo Miggiorin e tive praticamente dois ensaios para estrear. Então tive que resolver rápido comigo mesmo essa questão do nu. Foi um grande momento da minha carreira.

tretenimento. A função do ator vai além. Temos uma responsabilidade social. Precisamos desmitificar todos esses tabus. É mais difícil chegar ao topo ou se manter nele? Qualquer um pode ter seus 15 minutos de fama. Mas só o trabalho justifica a permanência no topo. Por isso tem tanta gente passageira no mercado. O que você pensa em fazer no futuro? Penso em permanecer estudando, sempre. Vida longa no teatro e

“Qualquer um pode ter seus 15 minutos de fama. Mas só o trabalho justifica a permanência no topo. Por isso tem tanta gente passageira no mercado.”

Foi uma surpresa o personagem Peixinho ser gay na novela? Foi. Foi uma surpresa para mim e para os telespectadores. Novela é uma obra aberta, então tudo pode mudar a todo instante em nome da trama. Mas confio muito no Vincent e na Maria Adelaide, por isso recebi a proposta de coração aberto. Você acredita que o tema gay deva ser melhor explorado nas tramas de TV? Acho que tudo aquilo que atrasa o desenvolvimento de um mundo melhor deva ser retratado. E a TV é uma mídia de um alcance enorme, devemos usar isso não só como en-

em paralelo ir levando a TV. Investir no cinema, e ministrar meus workshops de interpretação, onde a função não é ensinar - afinal, pouco pode se ensinar em pouco tempo, mas sim dividir essas experiências de carreiras, mas principalmente semear nesses jovens essa necessidade do estudo constante. Ninguém entregaria a mãe para realizar uma cirurgia a um médico que está há 2 meses na faculdade. No entanto, existem “atores” aos montes, no palco com dois meses de curso, com total despreparo. Preciso fazer minha parte fazendo essa galera enxergar a arte como a profissão que ela realmente é.

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a sua balada

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www.barcodecwb.com Rua Jaime Reis, 310 Alto São Francisco - Curitiba Info.: (41) 3027.4410 / 8846.9453 PROIBIDA PARA MENORES DE 18 ANOS

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Estúdio

DJ THIAGO CASTANHA Com bagagem musical erudita e vindo de família religiosa, Thiago Castanha é lindo, inteligente e super talentoso. Residente do Side Caffe, sua personalidade reflete em seu profissionalismo, paixão pelo que faz e perfeccionismo. Ele vem se destacando na cena curitibana e acaba de lançar seu novo projeto: “New Concept 2013”. Moderno e contagiante, seu som é uma delícia. FB.COM/DJTHIAGOCASTANHA

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Moda

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Com Carinho, para Bob Mannes veste regata D.O.T.

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Nesta pรกgina: Dagostin veste sunga Fabio Bartz e camiseta Erre Nove

Na pรกgina anterior: Dagostin veste sunga Mr. Jeans e Mannes veste sunga D.O.T Embaixo: Camisa Erre Nove, bermuda Fabio Bartz e sandรกlias Mr. Jeans

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Dagostin veste sunga E.S.

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Mannes veste blusa Fabio Bartz, sunga E.S. e sandรกlia Mr. Jeans


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Modelos: Luiz Mannes e Vinicius Dagostin Produção Executiva: Lado A e Estúdio Lado A Agradecimento especial : Lucci Meeting Club

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Coluna Social UP CLUB JOINVILLE

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CONCORDE CLUB FLORIANÓPOLIS

D.LED BALNEÁRIO CAMBORIÚ


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Coluna Social BLACK BOX CURITIBA

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N.Y. CLUB LONDRINA

LUCCI CURITIBA



Coluna Social SIDE CAFFE CURITIBA

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PARADA DA DIVERSIDADE DE FLORIANOPOLIS

CLUB 773 CURITIBA


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Especial

BOB MIZER E A PSYSIQUE PICTORIAL

De maldito a visionário, o fotógrafo norte americano Robert Henry Mizer (27/03/1922–12/05/1992) deixou um legado de quase um milhão de imagens de homens nus ou com pouca roupa e vídeos em VHS de seu legendário estúdio. Fundador da revista Physique Pictorial na década de 50, viu pouco antes de sua morte seu trabalho sendo reconhecido. De pervertido, virou tema acadêmico e seu trabalho chegou ao patamar artístico, inspirando a fotografia homoerótica atual. Muitos atribuem o padrão de beleza masculino de hoje, de homens jovens musculosos e sem pêlos, à estetica renascentista do artista. 26


Nascido no estado de Idaho, foi em Hollywood, para onde se mudou com sua mãe e o irmão, que o menino começou a explorar seus desejos e talento. Desde pequeno ele gostava da cultura greco-romana, dos homens nus, e brincava de fotógrafo com os amigos. Em Hollywood, nos anos 40, passou a fotografar jovens que buscavam a fama e a viver da fotografia como profissional respeitado, especializando-se em retratos e publicidade. Como hobby, ele recrutava modelos recém chegados à cidade, nas praias e pontos turísticos, e o resultado do trabalho era vendido para estudantes de pintura, para colecionadores e outros gays por meio dos correios. Mas o conservadorismo da época fez com que os correios dos EUA (US Post) se negasse a transportar o trabalho de Mizer e o acusassem de distribuição de pornografia.

Em www.bobmizer.org é possível comprar filmes e fotos do arquivo do artista e ainda saber mais sobre ele.

As fotos eram pintadas com aquarela, e o destinatário usava um pano úmido para remover as sungas que encobriam as partes íntimas, uma forma de burlar a fiscalização moralista. Em 1947, uma misteriosa acusação de manter relações com um modelo menor lhe rendeu uma pena de oito meses de trabalho comunitário, fato que lhe acabou acendende uma personalidade adormecida: Convencido de seu valor como artista, ele iria criar um dos maiores impérios homoeróticos do mundo.

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Em 1945, Bob Mizer, com ajuda de sua mãe e seu irmão, montou a Athletic Model Guild (AMG), uma agência de modelos que fazia fotos para jovens artistas e supostamente os oferecia para os grandes estúdios. Em 1951, inspirado nos fisioculturistas de Venice Beach – movimento que acompanhou surgir - e em revistas européias, Mizer criou a Physique Pictorial, sua jogada de mestre. Sem poder distribuir e vender suas fotos pelos correios, Mizer utilizou de uma revista supostamente sobre fisioculturismo (conhecidas como beefcake magazines, populares na Europa desde a década de 30), para lucrar e manter sua obsessão de fotografar homens de cuecas. Até o ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, um jovem imigrante fisiculturista, foi um dos modelos de Mizer na década de 70. Alguns modelos, sempre homens, chegavam a morar na casa da família do fotógrafo, que se transformou em palco de famosas festas e ponto de encontro de artistas gays da época. As fotos começaram simples, em estúdio, com iluminação e efeitos criados com peças de cristal em frente aos refletores, óleo no corpo, tangas e com o tempo foram mudando de estilo, ganhando interpretação, humor, temas e sofisticação na produção. No canto das fotos, símbolos chamavam a atenção. Segundo o processo que

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respondeu, os ideogramas passavam dicas sobre o modelo (Se faziam programas, o que faziam na cama, ou ainda como eram suas performances). O código Mizer revelaria a verdadeira face da “agência” e da própria revista, segundo as investigações futuras, mas nada foi comprovado. Era a primeira revista “gay” distribuída em todo o mundo e foi um sucesso. E não era preciso ter medo de comprar arte ou algo que falava sobre ser forte: os gays entenderam o recado. Ser gay naquele tempo era diferente de hoje. Até a década de 70, a homossexualidade era vista como perversão, como desvio de personalidade, uma patologia, os gays não queriam direitos, apenas queriam poder viver tranquilamente em seus armários e em grandes cidades isso não era um problema. Para muitos, ser gay não era pertencer a um grupo – embora houvessem guetos e gays assumidos - mas ter um hábito sexual diferente, que deveria ser sufocado ou discreto, quando possível. Para muitos, não existia nada positivo sobre o assunto, e o preconceito fazia com que falar sobre o tema fosse algo sujo, melhor ser evitado. Homossexuais submetiam-se aos mais diversos tratamentos, dentro e fora de casa, aceitando que eram inferiores socialmente mas sem entender dos seus direitos ou reagir por igualdade. Uma revista gay,


outras revistas concorrentes em seguida veio a luta pelos direitos gays e o sentimento de orgulho. A década de 80 foi um golpe para todo o mundo homossexual, com a epidemia da Aids. O seguimento editorial perdeu mais de 20 publicações do tipo, só nos EUA, que foram fechando aos poucos, por falta de modelos ou de público. Na década de 90, as revistas de fisioculturismo reapareceram, desta vez com textos falando de produtos, exercícios, concursos, mas a relação entre a beleza do corpo masculino e arte homoerótica havia se perdido.

que dissesse aos leitores que não estavam sozinhos no mundo, em 1950, era algo inimaginável. Em 1957, a Physique Pictorial lançou os desenhos de um jovem artista Finlandês, leitor e fã da revista, hoje considerado um dos maiores desenhistas homoeróticos, Tom of Finland, na época apenas um menino de um lugar distante, que virou famoso em todo o mundo com seu pseudônimo, ao estampar capas e contra capas da Physique Pictorial. Em 1962, o nu frontal deixou de ser crime, essa liberdade deu ao artista um mundo a ser explorado e criou dezenas de

“Eu sinto mais força do que nunca, mas essa força, essa energia motriz, devem ser cuidadosamente freada e dirigida com sabedoria... Minha ambição é tudo - o prazer, as sensações físicas não significam nada comparadas às grandes realizações”, dizia trecho de carta de Bob Mizer a sua mãe, em 1954, enviada da prisão A AMG e o arquivo de Bob Mizer acabou sendo comprado e restaurado em 2004 pelo experiente produtor pornô Dennis Bell que acabou usando a marca para nomear a sua produtora de filmes hardcore. A empresa possui uma filial brasileira, a AMG Brasil, dedicada a filmes pornográficos.

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Especial

Noites Surreais em uma Cidade Fria

Quem viveu o ano de 1999 em Curitiba se lembra e sente saudades do Club Elektra. Um verdadeiro inferninho que durou pouco mais de um ano e marcou como se fosse uma Era. No auge da moda clubber curitibana, modernos lotavam a calçada na Rua Saldanha Marinho, entre a Alameda Cabral e a Visconde de Nacar. Em um discreto prédio de quatro andares abriu no dia 24 de junho de 1999 o Club Elektra. Na primeira noite, a atração foi a atriz travesti Rogéria. O clube possuía uma fachada toda prateada e um discreto letreiro de acrílico laranja e roxo, e foi um empreendimento de um empresário da noite erótica hétero. Nomes ali nasceram, muitas festas aconteceram, muitos barracos, sonhos e noites inesquecíveis. A Lado A teve

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acesso ao arquivo do clube por meio do gerente da casa, Vítor Ostrowski Júnior, que conversou ainda sobre o clube. Ao postarmos no Facebook que publicaríamos uma matéria recheada de fotos da época, houve burburinho e muito saudosismo. No primeiro andar funcionava a recepção e um lounge com puffs coloridos. A drag Brigitte Beaulieu organizava a fila gigante que formava todas as noites de sexta e sábado. O hoje promoter Paulo Marinho fazia a recepção e registrava os nomes nas comandas, muitos ele nem perguntava pois já havia decorado. O prédio que era na verdade conjuntos de apartamentos residenciais adaptados e tinha uma escada do lado direito que interligava todos os andares. Volta e meia, com muita chuva ou quando um cano velho estourava, virava uma cascata e o


primeiro andar inundava. No segundo andar, a pista – primeiro com uma escada caracol de metal e depois com gaiolas – além do único bar da casa e os banheiros. No terceiro piso ficava um mezanino, a famigerada sala de vídeos pornô coberta de papel alumínio e após ela o dark room. Já no quarto andar ficava o escritório, lugar onde poucos iam, mas que tem muitas histórias, a maioria delas impublicáveis. Cabelos coloridos berrantes, roupas sintéticas, piercings, cabelos pontiagudos e muitos acessórios de cores flúor eram a moda oficial. Se não possuía nada fluorescente, bastava usar uma caneta marca texto pelo corpo para ficar brilhante nas luzes negras das escadas e do lounge. O clube tinha go go boys lindos, magros, de sunga e pouca idade. O DJ Arthur Becker, aliás, aos 15 anos de idade já era um dos DJs da casa e levava o povo à loucura. DJ

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Raul Aguilera, hoje professor de discotecagem, também era um dos residentes do clube ao lado do falecido DJ Fernando. O promoter Neno Lima, hoje da Black Box, era o responsável pela programação que trazia DJs e atrações de São Paulo com frequência e sempre causava com festas temáticas bem elaboradas. Os flyers e filipetas da casa eram assinados por Marcelo Medeiros, hoje em Londres, e Leo Favre, hoje no Rio, normalmente com uma cor prata ou flúor - super descolados, com traços, quase nunca com fotos e bem futuristas. O público era misturado, de travestis a grandes empresários. De gayzinho que ia no Mercado Mundo Mix e saía pela primeira vez até senhores enrustidos querendo se dar bem ou se divertir. Garotos e garotas de programa terminavam a noite por lá. Um dos ilustres clientes


da casa, o cônsul de Portugal, conheceu dois garotos de programa na casa e foi assassinado na sua residência. O chocante crime jogou o nome do clube nas colunas policiais. “A gente achava que ia acabar com a casa mas no dia seguinte a fila estava ainda maior”, conta Vítor. O Elektra era o epicentro da noite, o centro do mundo para uma geração eufórica, afinal, o mundo poderia acabar no ano 2000. O Elektra desbancou clubes como o Legends e SPM, que fecharam as portas naquele ano. Um ambiente libertário, misturado, um glamour decadente, um quê de Studio 54 tupiniquim. As drag queens também marcavam presença na casa, bem como celebridades em passagem pela cidade. Não havia nada parecido ao Elektra, nisso ele foi autêntico e único. Um dos go go boys, Regynaldo, virou estrela pornô na Alemanha. De lá saíram hoje atores globais, milionários, promoters, djs de renome, designers e artistas. Todos se conheciam, pois no Elektra não havia tanto carão quanto hoje e os clientes se esbaravam nas escadas estreitas, ou pediam bebida, cigarro ou fogo, quando ainda se

podia fumar nos clubes. Não haviam camarotes, todos eram iguais. Outros clubes abriram e a noite se cansou do Elektra. O ciclo se fechou em 5 de Agosto de 2000. Uma nova casa, a Cats Club, já havia mudado a rota da noite gay da cidade e o Elektra fechou suas portas em uma festa que anunciava o seu retorno futuro. Assim como a personagem em quadrinhos que inspirou o nome da casa e tinha sua imagem enorme estampada na pista, Elektra, da Marvel, hora vilã e hora heroína, o clube permanecerá com essa fama de dualidade para sempre. Um inferninho, um paraíso – mas com certeza um clube que nunca será esquecido. Com outra proposta e bem estruturada, o mesmo empresário investiu uma verdadeira fortuna na primeira Box, um ano depois, no Largo da Ordem, que abriu com o mesmo gerente e promoter do Elektra mas com outra pegada. Dali surgiu outra história de sucesso, mas as pessoas foram se mudando da cidade e uma nova geração foi surgindo. As pessoas foram envelhecendo, mudando de fase em suas vidas e a saudade e as lembranças do Elektra ficarão guardadas em uma geração que pode dizer que conheceu o clube mais louco e polêmico de Curitiba.

Curta nossa página no Facebook e tenha acesso a todas as fotos que digitalizamos do Elektra: www.fb.com/revistaladoa

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Quinta e domingo 23h Avenida Bandeirantes, 160 www.nylounge.com.br (43) 3029-4002

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Sauna G3 R. Henrique Valgas, 112

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