#51 Marรงo | Abril 2014
revistaladoa.com.br
Editorial
Somos todos Rússia por Allan Johan
Não se trata de apoio ao presidente Vladmir Putin, mas um ensaio sobre a humanidade e a conjuntura atual. Primeiro a Rússia criou uma lei nefasta criminalizando de modo hipócrita e indireto a homossexualidade no ano passado. Depois, por baixo dos panos, anexou a Criméia - oficialmente apenas após um referendo de cartas marcadas, se aproveitando da fragilidade política de Kiev. O que aconteceu na Ucrânia é perigoso, pode criar uma instabilidade geopolítica internacional, nova crise econômica mundial ou ainda uma grande guerra. Note que por momento não falaram mais da ofensa aos homossexuais russos, tema em alta durante os Jogos de Sochi, opressão que agora fará parte da vida dos habitantes LGBT da Criméia. Não agiram naquele ponto, não agiram agora. O poder econômico e militar russo, e seu histórico, inibem uma reação maior. Se fosse um país qualquer, os termos seriam outros. A Nigéria, por exemplo, por criar uma lei que pune a homossexualidade, já sofreu bem mais. E na vida é assim. As leis valem de forma diferente aos mais fortes, o bullying e o preconceito encontram abrigo quando há outros interesses em jogo. A corda sempre estoura do lado mais fraco, invariavelmente. Os países fingem que não é com eles e se acovardam. Mas não podemos esquecer que o paralelo com o nazismo é tão vivo. Na Alemanha, o terror do holocausto
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começou assim. Um líder carismático, ações nacionalistas e pouco respeito às leis e aos direitos das minorias. O Terceiro Reich mudou a lei para que judeus não fossem considerados alemães e nem seres humanos. Juridicamente, pela lei alemã da época, o Holocausto foi uma ação legal. Há de se entender a razão da Rússia agir desta forma. Ela está fortalecida por se reerguer economicamente, clama pelo status perdido, tenta reestabelecer o status quo ao qual lhe é mais confortável. Imagine agora os estados do Sul do Brasil clamando um plebiscito pela separação e a criação do “Sul é o meu país”. Para evitar disparates como estes, que gerariam novos territórios e disputas pelo globo todos os dias, existem regras internacionais. Mas o Tibete, mesmo reconhecido por diversos países, e amado por seu carismático líder Dalai Lama, ninguém foi até hoje lá retirar a ocupação chinesa, por motivos óbvios. Mas é preciso separar aqui os fundamentos sociais, de reivindicação histórica ou direitos, no caso da população russa da Criméia, das reclamações territoriais ou estratégicas. A Rússia clama pelo território ucraniano, conhecido por Kievan Rus, no século XII, por ser berço da população Eslava do Leste,
que depois se tornou o Império Russo. Lá foi fundada, além da Igreja Ortodoxa Russa, a própria identidade do povo russo. Porém no ano de 1991, com o fim da União Soviética, a Ucrânia se tornou independente. Putin já disse que foi um erro e é clara a intenção da Rússia de unir Kiev, mesmo com grande rejeição da população local. Teremos novos e terríveis capítulos. Para muitos é um afronta internacional, para a Rússia é uma questão de raízes. O mundo evolui e muitos estão presos a valores e tradições antigas. Para estes, submeter os outros aos seus entendimentos é questão de sobrevivência do que eles acreditam. Por sua vez, os novos valores também precisam ganhar território. Por isso estamos sempre submetidos à agressão de valores que não são nossos. Choques culturais e geracionais que fazem parte da evolução da humanidade, muitas vezes regada a sangue. Neste quesito, somos todos Rússia. Estamos todos submetidos a regras e tradições, governados por um sistema tirano democrático que busca sempre reestabelecer a ordem que lhe convém, favorecendo aos interesses dos mais fortes, seja no sistema capitalista ou no socialista. Podemos ser algozes dos outros e pensar que somos vítimas históricas. Podemos ser grandes mas cair no erro de agir de forma pequena.
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LADO A #51 Março/Abril de 2014
Colaboradores e Colunistas: Raquel Gomes, Paulo Cogo Arthur Virmond de Lacerda Neto, Leandro Allegretti, Allan Johan, Dan Hapoza, Alecks Spake e Wladi.
Expediente Tiragem 5 mil Jornalista Responsável Allan J. Santin DRT PR 8019 Projeto Gráfico Dan HaPoZa Contato Redação contato@revistaladoa.com.br Para anunciar contato@revistaladoa.com.br Correspondências CP 10321 CEP 80730-970 Curitiba - PR As matérias assinadas não expressam a opinião editorial da Revista Lado A. Proibida a reprodução total ou parcial de conteúdo sem autorização prévia.
Capa Arte gráfica 8 anos
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NESTA EDIÇÃO:
04
04 Editorial Somos Todos Rússia 06 Expediente 08 Especial
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HIV Aids
16 Coluna Social 22 Seu Dinheiro
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Cinco grandes erros de quem discute finanças mas não entende
25 Blog do Johan
Morte em Vida. A mãe do Diego
29 Para Pensar
22
A homossexualidade na China do século XVI
32 Coluna Aleatória 50 tons de sacanagem
34 Coisas de Mãe De Mãe para Mãe 36 Terapia
42
O que é ser Gay
39 Androgenética 50 tons de Gay
36 29 61
42 Especial Lado A 8 anos 61 Especial
Orações para Ryan
67 Guia GLS 7
Especial
Fabrício Stocker, 25 anos, de Cascavel
Histórias reais Três jovens que vivem com o HIV nos contam como foi a descoberta, como é lidar com o preconceito e como convivem com o vírus. André é estudante e tem 29 anos. Ele respondeu nosso convite feito no Facebook para pessoas que vivem com o HIV para esta reportagem. Vindo do interior do Paraná, ele mora em Curitiba e havia descoberto que possui o vírus HIV no dia em que conversou com a gente. “Me descobri hoje”, falou ele. Em seu perfil, mensagens que remetem para um novo momento em sua vida. André havia se testado em 2009 e refez o teste agora, em março de 2014. Seu exame deu positivo. Ele fez o teste de novo, deu positivo novamente. “Como você esta lidando com isso?”. “Olha, estou reagindo bem. Descobri uma força que eu não conhecia que existia em mim”, respondeu.
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Depois de realizar o teste ele ficou em choque. Nunca imaginou que poderia dar positivo, pois “sempre” usou preservativo. “Olha, só fiz sexo oral sem proteção. Sempre me cuidei. Não sei como peguei”, relatou. Apenas com um ex namorado ele não usava camisinha mas o “ex” havia feito o teste depois que terminaram. O resultado do ex namorado deu negativo por duas vezes, contou, mas ele nunca viu o teste, confiou na palavra da pessoa com quem conviveu por quase dois anos de sua vida. Pergunto se ele já iniciou o tratamento e André diz: “Não sei nem por onde começar. Estou bem, sem sintoma algum. Lá me aconselharam procurar uma unidade de saúde e um infectologista. Nessa parte fiquei desorientado”, afirmou ele. “O importante é seguir em frente”, falou, quando discutíamos como ele acha que ele foi infectado, encarando a surpresa em sua vida, assumindo sua parcela de responsabilidade. Ele contou aos pais, para sua irmã e seus dois melhores amigos. “A vida segue”, ouviu repetidas vezes. “Conversar sobre isso para te dizer a verdade, até me faz bem”, afirma Lucas, também de 29 anos. Ele se descobriu portador do HIV em 2010, aos 25 anos. Questionado se uma matéria sobre as pesquisas sobre a cura seria importante para a reportagem, mesmo sendo uma remota possibilidade de se tornar realidade, ele nos mostra mais uma vez como quem vive com o HIV enfrenta uma realidade pouco compreendida. “Acho que não pensamos sobre a cura da mesma maneira. Você é soronegativo, eu positivo, então é claro que eu quero acreditar que ela está perto, até para viver psicologicamente melhor, entendeu?”. Com essas palavras, vemos que a cura da Aids envolve muito mais do que caras pesquisas e uma busca que dura mais de 30 anos. A esperança de viver até o dia que a cura for uma realidade é
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uma força motriz. Fabrício Stocker, de 25 anos, professor universitário, é um dos poucos jovens que falam abertamente na mídia sobre o tema. O lindo loiro de Cascavel, no Oeste do Paraná, descobriu que era portador do vírus HIV ao doar sangue aos 20 anos de idade. Fabrício resolveu não se esconder e lutar para que as pessoas se cuidem, para que deixem de lado o sexo sem proteção e se testem para o HIV. O paranaense participou em 2011 de campanhas do Ministério da Saúde. Uma amiga de infância transformou seu exemplo de vida no premiado documentário “O lado positivo de Fabrício”.
Faça o teste do HIV anualmente! No Brasil, a testagem está disponível em toda a rede pública e em alguns locais há Centros de Orientação e Aconselhamento (COA) e unidades de saúde que fazem testes rápidos, em que o resultado do teste é recebido em menos de meia hora. Os testes são de graça, anônimos, e são uma oportunidade de tirar dúvidas com pessoas altamente conhecedoras do tema. Saber a sorologia é muito importante para se autoconhecer, fortalecer a prevenção e iniciar tratamento precoce, que garante melhor qualidade de vida a quem tem o HIV. Se testar também é uma forma de assumir controle 10
“O problema da culpa e da consciência é o pior”, reconhece ele no documentário e afirma que sabia tudo sobre prevenção. “Eu assumi o risco”, relata o jovem. “Meus planos continuam os mesmos. Eu não tenho medo de morrer. Eu comecei a dar mais valor. Eu tenho medo de não poder demonstrar o que eu sinto pelas pessoas”, conta Fabrício. “Eu vi que o momento necessário de falar sobre Aids era o momento em que eu estava vivendo. Eu senti a necessidade de tornar público isso e conseguir realmente conscientizar as pessoas”, revela o jovem no curta que é usado como material educativo sobre o tema e traz ainda informações sobre a epidemia, testagem e prevenção. Assista o incrível documentário “O Lado Positivo de Fabrício”:
de sua relação com a Aids, de passar a ter um comportamento protagonista. É compreender que todos tem um passado e que, ao transar sem preservativo, você se expõe a toda a cadeia de pessoas com quem seu parceiro transou sem preservativo. Ao fazer o teste, você descobre e tem a certeza que até 40 dias antes da testagem, período de janela da sensibilidade dos testes, você não se infectou e pode passar a ter um comportamento de prevenção e controle, responsável, sobre a sua vida sexual. Os postos de atendimento do SUS também oferecem testes rápidos para outras doenças sexualmente transmissíveis como hepatites, sífilis e gonorreia.
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A AIDSfobia de todos nós
Tenho 33 anos, sou soronegativo e, para mim, na minha vida, a Aids é uma maldição não cumprida. Nasci em 1980 e desde que eu me entendo por gente a epidemia me circula. Sou homossexual e a imagem dos primeiros gays que eu vi foi de pessoas morrendo do Por Allan Johan tal “câncer gay”, como diziam nos anos 80. Lembro bem da foto do cantor Cazuza na capa de Veja, em 1989, desfigurado de tão magro. Me lembro como se fosse hoje de assistir ao filme Filadélfia, de 1993, com Tom Hanks, ao lado da minha irmã, no qual mostrava o fechamento das saunas gays, culpando-nos pela Aids.
O tratamento e sua importância Quem é diagnosticado com o HIV deve começar a tomar o coquetel antirretroviral, oferecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde. O tratamento não está disponível para a venda em farmácias. Ele pode ser acessado em qualquer unidade básica da rede pública do SUS. O tratamento inicial padrão consiste atualmente em dois comprimidos com três medicamentos de uma possível combinação entre 11 opções de medicamentos. Para isso, serão avaliados difersos fatores como o tipo do vírus encontrado e a probabilidade de sucesso do tratamento de acordo com o perfil do portador do HIV. Segundo artigo publicado este ano na revista científica The Lancet Infectious Diseases, de um estudo liderado pela brasileira 12
Me recordo de ouvir e usar o termo preconceituroso “aidético” nos anos 90, como hoje se diz bulímico ou anoréxico para quem é muito magro. Quando eu tinha 13 anos de idade, no mesmo ano em que Tom Hanks ganhou seu Oscar como o advogado soropositivo de Filadélfia, a escola católica em que eu estudava nos reuniu para uma palestra sobre sexualidade. Em um auditório lotado, me lembro claramente de duas coisas. Uma de um médico criticar uma criança que conversava com uma travesti na rua, que ele disse ser um absurdo. E outra de o mesmo senhor de cabelos brancos, avô de uma das colegas de turma, dizer que a camisinha não protegia da Aids e que era uma campanha movida pe-
los interesses de multinacionais que controlavam a venda do produto. Nos pregaram uma vida cristã, heterossexual e para procriação. Que só fizéssemos sexo depois do casamento. Ainda hoje, essa é a forma de prevenção feita por missionários religiosos na África. Toda vez que eu queria me conhecer, lá estava a Aids (e os estereótipos) fazendo eu me auto rejeitar. Foram anos até me permitir ser feliz sem medo e sentir realmente prazer de ser eu mesmo. Naquele tempo, se alguém tinha uma pinta ou mancha estranha, ou que ficasse doente, ou morresse de repente, já falavam que a pessoa estava doente de Aids. O termo morrer de Aids era comum, embo-
Beatriz Grinsztejn, da Fundação Oswaldo Cruz, o início precoce do tratamento reduz a transmissibilidade em 96% e a morbimortalidade significativamente. A pesquisa realizada em nove países, com 1.763 pessoas, apontou que o grupo de pessoas diagnosticadas com HIV-1 e com carga viral 350 e 550 células/mm apresentou menos doenças relacionadas à infecção, sobretudo metade da incidência de tuberculose, comparado ao grupo que iniciou o tratamento tardio, depois de desenvolver as primeiras doenças oportunistas. O acompanhamento médico é essencial a quem é portador do HIV, bem como a contagem de linfócitos T CD4+ e da carga viral. Com estes dados, é possível adaptar o tratamento para um melhor resultado que mantenha a boa saúde de quem vive com o HIV. Aderir ao tratamento não significa apenas tomar os remédios e ir ao médico. Dieta especial e um estilo de vida saudável são cruciais para quem tem o HIV viver melhor. 13
ra hoje sabemos que o que mata são as doenças oportunistas. Porém, os termos “grupo de risco” e o preconceito de que a Aids é uma doença gay ainda ecoam. Eu desisti de doar sangue, cansei de mentir naquele questionário idiota que exclui “quem fez sexo com pessoa do mesmo sexo nos últimos 12 meses”. Quando eu contei em casa que era gay, ouvi minha mãe dizer que se eu um dia estivesse no hospital, morrendo de Aids, ela não me visitaria. Chocante, mas a ignorância era tanta que gay chegava a ser sinônimo de Aids. Meu padrinho, que também é meu tio, nos anos 90, trabalhava como representante farmacêutico de um grande laboratório alemão. Ele trabalhou com o primeiro antirretroviral do mercado, antes do governo brasileiro criar um tratamento padrão e derrubar as patentes. Com ele eu aprendi muito sobre a infecção, sobre os mitos, sobre a importância da prevenção, do tratamento correto (que na época não era aplicado no Brasil), sobre as mutações do vírus. Em 2001, eu fui trabalhar no Grupo Dignidade e foi lá a primeira vez que vi como o tema poderia ser tratado sem preconceito, sem mistério. A prevenção era a nossa maior função embora fosse um grupo de direitos gays. Foi lá que eu conheci e dividi banheiros com pessoas soropositivas e vi de verdade a cara da epidemia. De carne e osso, com nomes e almas. Aprendi a respei-
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tar as pessoas soropositivas, a ver a Aids como uma doença como outra qualquer mas que pode e deve ser combatida com prevenção. Uma doeça que mata, mas que o preconceito mata mais do que a própria Aids. Quem se ama se cuida mais, quem se ama previne, se testa e se trata. A camisinha sempre fez parte da minha sexualidade. Minha primeira vez foi com camisinha e assim sempre, com preservativo, foi até meu primeiro relacionamento sério, aos 21 anos, e bêbado. Confiei e arrisquei. Um erro que poderia ter mudado a minha vida, avalio hoje. Poucas vezes confiei assim e sempre fiz o teste depois. É uma verdadeira roleta russa. Tendo agora mais conhecimento, eu domino um pouco melhor esse meu medo. Dizem que quem já transou com mais de cinco pessoas, tem grandes chances de ter transado com alguém que tenha o vírus. Então não arrisco. Este ano já eu fiz o teste, deu negativo. Não sei como eu reagiria se algum dia ele viesse positivo mas pode ter a certeza que toda essa história que eu contei viria imediatamente à minha cabeça. Eu escolhi a testagem e a prevenção. Sempre evitar me colocar em uma situação de risco ou perder o controle. Espero que as matérias deste especial ajudem nossos leitores a se informarem, a procurarem fazer o teste e a usar o preservativo. Vamos falar mais sobre a Aids, perder o medo, e encarar a epidemia de frente.
Quais são os efeitos colaterais dos medicamentos?
tem problemas renais ou abusa do uso de medicamentos ou drogas. Mas vamos ao relato:
Muito se fala de que a adesão do tratamento é dificultada pelos efeitos que as drogas do coquetel causam em quem precisa tomar os remédios por longos períodos. Acompanhamos por 30 dias um paciente que tomou os remédios utilizados no tratamento de profilaxia pós exposição para o HIV.
“Nos primeiros três dias, senti uma leve dor de cabeça, perda de apetite e uma tontura leve – mas senti uma disposição maior. No quarto dia em diante, uma dor estomacal moderada veio após as refeições, fiquei mais irritado, enjoos rápidos, flatulência e sintomas de uma virose: tontura e fiquei meio desligado. No quinto dia, sofri um desarranjo intestinal que durou alguns dias. A partir da segunda semana, o tratamento aconteceu de forma natural, sem contratempos, salvo quando eu tomava bebida alcoólica ou comia comidas gordurosas”.
Os efeitos variam de cada pessoa e a bula não é nada encorajadora. A intoxicação hepática é uma ameaça a quem já
Você se expôs a uma situação de risco? Calma. Profilaxia para o HIV. Bebês de mães diagnosticadas com o HIV e ainda pessoas vítimas de abuso sexual, bem como profissionais da saúde que passaram por acidentes com matériais perfuro-cortantes, caso seja constatado risco de infecção ou ausência da certeza da sorologia do material, passam por um tratamento preventivo, conhecido como Profilaxia. Pouca gente sabe mas este tratamento, que pode evitar a infecção pelo HIV, também está disponível para quem entrou em uma situação de risco como: estourou a camisinha, transou sem preservativo, compartilhou seringa, e outros casos. Primeiramente será buscado a testagem e a avaliação do nível real do risco. O tratamento dura 30 dias, e é realizado à base de três medicamentos e a pessoa deve fazer testes antes e depois do relato e do tratamento. A profilaxia pós exposição deve ser iniciada até 72 horas depois do momento exato da possível infecção. O tratamento está disponível em toda a rede do SUS e é um direito seu. 15
COLUNA SOCIAL SIDE CURITIBA
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NY LOUNGE MARINGÁ
NY CLUB LONDRINA
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COLUNA SOCIAL UP CLUB JOINVILLE
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CONCA FLORIANÓPOLIS
DLED WE PARTY CARNAVAL FLORIPA
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NAS PÁGINAS SEGUINTES, VC CONFERE UM POUCO DO MELHOR EM TEXTOS E FOTOS DESTES 8 ANOS DA LADO A =) 20
Falando em Dinheiro
Cinco grandes erros de quem discute finanças mas não entende
Por Alex Spake Escrito em 09/2013
Não livra ninguém: Em algum momento da vida você, com certeza, palpitou ou levou palpite de um terceiro (voluntária ou involuntariamente) sobre o que fazer ou deixar de fazer com o seu dinheiro, ou então querem dividir com você seus pontos de vista acerca das recentes noticias das finanças e das últimas novidades sobre aquela pessoa que ficou milionária ou aquele ricaço que foi ao fracasso. Acontece que existem alguns pontos de vista que, recorrentemente, são utilizados para defender alguma opinião mas que, invariavelmente, são tolices consumadas por anos de uso indevido e largamente usados sem prévio estudo ou informação (é o velho caso de gente que sabe de menos e fala demais).
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Por tanto, caro leitor, separei aqui cinco pontos comumente discutidos em rodas de amigos acerca do assunto “Dinheiro” para que você possa se posicionar melhor na discussão ou então para corrigir aquele seu amigo sabichão quando ele inflar o peito e esbravejar algum absurdo.
1. “Eu pago IPVA para que se as ruas continuam esburacadas?” Está aí um absurdo recorrente e bem comum: O de achar que pagar o IPVA (ou o IPTU, o ICMS, ou o ISS, e por ai vai) lhe garante o direito de cobrar pelas bem feitorias do seu uso direto (no caso do IPVA, aquilo relativo aos automóveis). O IPVA é um IMPOSTO, e todo o dinheiro arrecadado com impostos são revertidos a um mega fundo público que, por sua vez, é redistribuído depois para todas as áreas afins para serem gastos (isso inclui folha de pagamento de servidores públicos, viagens, hospedagens, manutenção de prédios, construção de escolas, hospitais e, também, de rodovias e ruas). O fato de se pagar o IPVA não quer dizer que o dinheiro dele seja gasto somente com ruas, mas sim com TODO o aparato público. Mas as TAXAS, sim, são revertidas diretamente ao propósito ao qual são cobradas (por exemplo, a taxa de recolhimento de lixo ou aquelas processuais nos tribunais).
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2. “Esperar o dólar baixar para comprar” Isso, de uma maneira bem pequena, é especulação. A especulação nada mais é do que mandar uma informação para o mercado, influenciando a tomada de decisões. A questão é: Não ajuda nada esperar o dólar baixar para comprá-lo, porque quando ele baixa mais pessoas procuram por ele, o que faz ele aumentar o valor devido a grande demanda.A solução é se programar para comprá-lo. Detalhe: Especulação é crime e passível de prisão.
3. “Pague tudo o que tiver de conta, para ficar livre” Ok. Isso não chega a ser uma “Burrada” e até possui um pouco de verdade, mas deve-se ter cautela: Ficar sem dinheiro por ter pago todas as dividas é algo perigoso financeiramente, pois impede de aplicar o dinheiro em outras áreas, isso porque “endividar-se” não é em si um problema (basta olhar os bancos que, basicamente, estão sempre endividados com o dinheiro de quem deposita seu salário lá), ao que se deve atentar é para fazer com que o dinheiro trabalhe para si: adequar seu orçamento com dívidas, com poupança e também com gastos, tudo previamente medido e analisado. Desta maneira, pode-se viver tranquilamente sem medo do perigo e de ser feliz.
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4. “Pague o cartão de crédito, nem que seja o mínimo” Existem, basicamente, duas burradas na frase acima: Um deles é pagar o mínimo do cartão. Jamais, em hipótese alguma, pague somente o mínimo. O Brasil trabalha com Juros altíssimos e com uma taxa de inflação desestabilizada. O que você esta levando por R$ 1,00, amanhã pode estar pagando por ele R$ 2,00 e isso infinitamente. Use o cartão de crédito com responsabilidade e com o menor valor de limite possível. O segundo erro é TER um cartão de crédito quando você não tem nem salário nem mentalidade para utilizar um. Cartão de crédito é para gente grande.
5. “Gasto, Despesa, Custo e Investimento”. Por fim, antes de falar as burradas, aprenda a diferenciar os seus gastos: Gasto: Todo despendimento que não envolva diretamente um bem futuro. Despesa: Todo dinheiro gasto sem geração de um bem futuro. Custo: Todo dinheiro gasto para geração de um bem futuro. Investimento: Todo dinheiro gasto envolvido nessa geração. Assim sendo: DESPESA: “Foi para a balada e não pegou ninguém” GASTO: “Foi para a balada, pagou um drink pro boy” CUSTO: “Foi para a balada, pagou um drink pro boy e depois o pegou”
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INVESTIMENTO: “Foi para a balada, pagou um drink para o boy, o pegou e vão sair no final de semana”
Blog do Johan
Morte em vida A mãe do Diego Por Allan Johan Escrito em 05/2009
Esta semana, conversei com a mãe de um jovem homossexual que se matou há quase cinco anos. O caso na época foi comentado na comunidade, assim como todo caso de suicídio, que infelizmente é uma realidade. Quem mora em região de prédios sabe que é mais comum do que se pensa. Diego se jogou do escritório de seu pai, aos 23 anos, do décimo sétimo andar, em plena rua XV de Novembro, em 2004, no Centro de Curitiba.
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“ Alguns dias depois ganhei o livro que a mãe fez com os poemas do filho morto. “Essa mulher amava seu filho demais”, pensei. Não consegui ler o livro, era muito triste. “ Conheci sua mãe há quase um ano. Seis meses depois de convivência diária, comentávamos os presentes de Natal. Como ela havia ganhado vários, perguntei a quantidade de filhos que ela teria. “Dois, mas um já faleceu”, jamais esquecerei o início da conversa que nos traria até aqui. Perguntei se fazia tempo, e ela disse que quase cinco anos. Perguntei se foi repentino, movido por uma curiosidade inconveniente. “Ele se matou”, disse ela com toda sua doçura característica. Eu fiquei sem palavras, a conversa poderia ter terminado por ali, mas algo a fez falar mais “23 anos, formado em Direito”. E uma luz acendeu e eu me lembrei, era o “Diego”. Confirmei que era ele e desconversei dizendo que tinha estudado com a sobrinha dela, que comentou o assunto certa vez. Alguns dias depois ganhei o livro que a mãe fez com os poemas do filho morto. “Essa mulher amava seu filho demais”, pensei. Não consegui ler o livro, era muito triste. Diego. A quem tanto eu aprendi a gostar por causa de uma amiga em comum, a Maitê Schneider, que na época até fez um site em homenagem ao amigo. A quem eu escrevi
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um roteiro de um filme mórbido, que me fizesse entender o que aconteceu, embora eu nunca tenha entendido. No filme, ele não havia morrido e ressurgia no final. Tínhamos a mesma idade, ambos eram gays. Diego... a quem uma semana antes de sua morte eu vi em um banco na balada, olhando para o chão, e pensei em ir falar com ele mas não fui. Apesar de tudo isso, de alguma forma, não consegui encarar aquela mãe de cabelos grisalhos e olhar penetrante. Eu não tinha esse direito. Passaram-se mais cinco meses até que ela faltasse ao curso e eu conversasse com a sua amiga e consogra sobre o assunto. Óbvio que o assunto foi comentado e na semana seguinte estávamos em um café conversando. Eu e a mãe do Diego. Senti um pouco da dor dessa mãe que descobriu que o filho era homossexual depois de sua morte. Que teve que lidar com um suicídio não anunciado, não previsto, não compreendido. Falar no Diego era bom para esta mãe que sofre por achar que teve algum tipo de culpa, que também
não entende o que aconteceu, que acha que não deixou claro para o filho que ele poderia contar com ela para tudo. Independente dos motivos que levaram o filho a se matar, ela o queria, queria poder ter tido a chance de convencê-lo a não acabar com sua vida. Queria ter conhecido o filho, como ele era, o outro lado que ela só soube da existência graças ao site montado pela amiga transexual, após um segundo choque. Naquele café choramos e tentamos entender algo. Eu, entender o rapaz que poucas vezes vi e dei “oi” na balada, e a genitora que buscava desesperadamente conhecer o filho que se foi. Algumas informações me ajudaram a ter idéia do que aconteceu. Diego quis poupar os pais de coisas que aconteceram com ele, preferiu a morte a encarar e decepcionar os pais. E aquela mãe guerreira ali, dizendo que apoiaria o filho em qualquer combate. Eu estava constrangido em ter levantado o assunto que deve ser uma ferida enorme no coração daquela mulher, até que ela mais uma vez me deu uma luz: “Por favor, se você puder comentar com outros para que eles não façam suas mães
passarem por isso, eu agradeço”. E aqui estamos. Cinco anos depois da morte do Diego, um ano após conhecer sua mãe, a implorar que os filhos tentem buscar outra saída aos seus problemas, que evoquem o amor incondicional dos seus pais, por mais que achem que eles não estarão do seu lado, eles sempre estarão. Não fuja assim sem tentar, por mais nobre que pareça, o suicídio não é uma saída feliz, não para quem fica. Tenho certeza que esta mãe sentirá esta dor até o último dia de sua vida, que nada lhe preencherá esse pedaço que falta em sua alma. Todo o medo e dor foram transferidos, nada e nem ninguém poderá consolar o coração desta senhora que perdeu o filho para o nada, de repente. Então amigos, valorizem mais suas mães, confiem mais nelas e nunca traiam este sentimento que jamais será compreendido senão por quem vos carregou por nove meses, sentiu dor e o peso de dar luz a uma vida. Elas não merecem sentir culpa, não merecem achar que não foram competentes. Elas não merecem enterrar seus filhos sem conhecê-los.
“ Diego quis poupar os pais de coisas que aconteceram com ele, preferiu a morte a encarar e decepcionar os pais “ 27
TÊNUE Diego M. F.
Poema retirado do livro póstumo “Sonhos” de Diego F.
Bondade Loucura Vida Azar Ódio
Maldade Sanidade Morte Sorte Paixão
Cérebro Coração Livre Arbítrio 28
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Para Pensar
A homossexualidade na China do século XVI Por Arthur Virmond de Lacerda Neto
Escrito em 08/2011
Corresponde a um dado adquirido e fora de qualquer dúvida, o de que do cristianismo procedem os tabus relativos à sexualidade, a saber, a ocultação do corpo, a vergonha da sua exposição, a sexualidade como pecado, a homossexualidade como abominação.
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As pessoas criadas em países ocidentais e sob os condicionamentos culturais derivados do cristianismo muitas vezes sequer suspeitam da possibilidade de existirem interpretações da sexualidade diversas da dele e, de conseqüência, costumes diferentes dos ocidentais. Muitas vezes, a percepção de tais diferenças resulta de viagens ao exterior, a povos de tradição cultural diversa da ocidental. Foi o caso do jesuíta Mateus Ricci, missionário na China. Natural da Itália, onde nasceu em 1552, Ricci viveu por alguns anos em Portugal e rumou para o Oriente em 1578. De Goa, então colônia portuguesa, deslocou-se para a China, onde atuou na conversão das populações locais. Alheia ao cristianismo, desconhecedora da Bíblia, ignorante dos dogmas correspondentes, os chineses regiam-se, em matéria de sexualidade, pela ausência da censura e pela presença da liberdade de costumes. Impressionou-o, em 1609, a proporção assinalável de prostitutos e a generalização da homossexualidade, em Pequim, onde ela era legalmente permitida e não correspondia a motivo de vergonha; praticada livremente em toda a parte e em todas as classes, dela se falava em público. Em algumas cidades, havia ruas em que os prostitutos perambula-
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vam (já no século X, era assim em Pequim); circulavam gravuras eróticas, que representavam o amor homossexual, feminino e masculino. Durante a dinastia Ming (1368 a 1644), a homossexualidade foi proibida, proibição, contudo, ineficaz, e causou surpresa aos chineses a repreensão formulada pelo frei Gaspar da Cruz, porquanto jamais ninguém lhes informara que tal prática fosse censurável. Também na Goa bramanista, Ricci observou a presença da homossexualidade, reprimida, todavia, pela inquisição, que, uma vez lá instalada, processou, por homossexualidade, condenou os acusados e executou-os, pelo fogo. Por sua vez, são Francisco Xavier, jesuíta português e missionário no Oriente, perplexou-se, em 1549, com a difusão da homossexualidade entre os sacerdotes budistas no Japão, que se serviam dos rapazes a quem instruíam e que riam ao serem repreendidos pelo seu proceder. O padre Francisco Cabral, em carta a Roma, de 1596, referia que o principal obstáculo à cristianização dos japoneses consistia na homossexualidade, ou seja, enquanto aqueles encaravam-na com toda a naturalidade, o cristianismo reprovava-o e tentava demovê-los de o praticar. Havia mesmo instrutores, que iniciavam os filhos dos homens de posição, nas práticas homossexuais.
“ De um lado, séculos de valores e de preceitos originários da Bíblia, que constituíram um condicionamento anti-sexual e profundamente repressor; de outro, séculos de ausência de repressão e da presença da liberdade individual quanto à homossexualidade “
Entre os chineses e os padres, havia não apenas a distância geográfica das respectivas origens, como, sobretudo, a imensa distância mental das respectivas mentalidades: de um lado, séculos de valores e de preceitos originários da Bíblia, que constituíram um condicionamento anti-sexual e profundamente repressor; de outro, séculos de ausência de repressão e da presença da liberdade individual quanto à homossexualidade. Na surpresa dos padres, perante os costumes chineses, manifesta-se o antagonismo de conceitos e de comportamentos; na execução dos homossexuais chineses, pela inquisição, manifesta-se a intolerância da igreja católica e a violência com que, em certas situações, fazia valer os seus dogmas. Infelizmente, a observação dos missionários nenhuma reflexão suscitou, no seio da igreja, quanto à censurabilidade ou à inocência da
homossexualidade, que a levasse a, por alguma forma, a modificar o seu juízo a respeito. Nem seria de esperar que tal ocorresse: enunciada a reprovação cabal da homossexualidade, na Bíblia, e tomada esta como fonte de autoridade absoluta e de expressão da verdade, eterna e definitiva, a atitude do cristianismo era a que continua a ser (e que, provavelmente, será até o fim dos tempos): a de uma rejeição que, ao longo dos séculos, foi e continua a ser fonte de preconceitos, de sofrimentos e de falta de liberdade. Felizmente, contudo, com o andar do tempo e com a modificação incessante das mentalidades, estas vem se laicizando progressivamente, ou seja, cada vez menos as pessoas atêm-se aos dogmas religiosos (teológicos) como critério da sua afetividade, do seu entendimento e do seu comportamento: há menos teologia e mais racionalidade e, com isto, mais liberdade e mais bem-estar.
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Coluna aLEatória
50 tons de sacanagem Por Leandro Allegretti Escrito em 02/2013
Trabalho, trabalho! Eis que no trajeto para o trabalho comecei a reparar que MUITAS mulheres dentro do vagão do metrô liam o tão falado ‘50 Tons de Cinza’. Durante o ano passado todo perdi a conta de quantas mulheres vi carregando um dos volumes da trilogia. Virou mania (mundial, inclusive). Resolvi ler para entender por que diabos o livro faz tanto sucesso. Vamos aos números: a trilogia vendeu
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mais de 40 milhões de cópias em 37 países e ultrapassou as vendas de Harry Potter e o Código Da Vinci no Reino Unido. Claro que o número de vendas deve crescer, inclusive por conta do filme baseado no primeiro livro, que está em fase de produção. Mas como uma trama sobre sadomasoquismo pôde desbancar nosso querido Harry Potter e a História de Cristo, Nosso Senhor? o.O Veja bem, é um livro essencialmente feito para mulheres. Com uma heroína (chata na medida certa) que consegue fazer com que um homem dominador, que não gosta de ser tocado, se derreta de amor e largue o vício “amoral” de praticar sadomasoquismo, ao extremo, para ficar com ela. Dizem que as mulheres, ao fazerem sexo, amam um romance como preliminar. Esta trilogia comprova isso. Talvez, se o livro não tivesse um fundo de romance, fosse classificado apenas como pornô. Mas, como rola todo um lance de família, amizade e amor na trama, foi classificado pela mídia como “pornô de mamães”. E, bom, rola muito sexo, em cada capítulo eles transam umas três vezes, pelo menos, e o leitor é “brindado” com riqueza de detalhes do tipo: “Ele circula os dedos dentro de mim, dando voltas e voltas, enquanto seu polegar acaricia meu clitóris, para frente e para trás, mais uma vez...”.
Imagine esse tipo de descrição nos mais variados lugares: num restaurante, num elevador, em cima do piano, na cozinha, na biblioteca, na cama, no quarto de jogos sexuais, na mesa de bilhar, num iate, no carro parado dentro do estacionamento, num avião. Basicamente, no céu, na terra e no mar. Para completar, o Mr. Grey, mocinho malvado, é jovem, lindo, gostoso, tem pinto grande, transa bem e, PAUSA DRAMÁTICA: é podre de rico. Presenteia a chatonilda da Anastasia Steele, mocinha cheia de mimimi, com jóias, carros, edições raras de livros, dinheiro, roupas, viagens, uma editora na qual ela passa de empreguete para chefona e até uma mansão. Sinceramente, não tinha como não fazer sucesso. Num mundo machista, onde as mulheres são reprimidas sexualmente, ver uma mocinha conquistar o amor “defeituoso” da vida dela, transar como louca, “consertar” o homem que ama e se tornar milionária da noite para o dia, é dar asas a imaginação de qualquer um. Sacanagem mesmo é fechar o livro e voltar para a vida real, não ter dinheiro no banco e só fazer sexo meia boca a cada Lua Cheia... Leandro escreve para o doqueosgaysgostam.com, queria muito que o Mr. Grey fosse gay e o escolhesse como sua Anastasia Steele.
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Coisas de Mãe
De mãe para mãe Por Raquel Gomes Escrito em 07/2010
Todos os dias mães descobrem a homossexualidade de seus filhos e na maioria das vezes essa descoberta é dramática e traumática pois cada pessoa tem uma reação e um tempo de aceitação. Muitas mães não percebem que seus filhos já são diferentes desde pequenos, outras percebem e fingem que não sabem. Isso é muito triste.
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“ (Os filhos) já nasceram assim, não tiveram escolha, opção. E se Deus permitiu que nascessem, que “homem” poderá julgá-los? “
Mesmo com fortes indícios de homossexualidade de suas crianças, elas ficam “cegas” e não querem ver e muito menos dão chance aos filhos de se abrirem com elas. As mães inventam desculpas pra elas mesmas, arrumam namorados(as) para os filhos e a maioria nem toca no assunto. Mas, um dia, é preciso enfrentar a realidade. A verdade de que seu filho(a) querido(a) não é como ela gostaria que fosse, que tudo que ela pensava de mal e ouvia falar sobre os homossexuais (que são safados, promíscuos, que tem falta de caráter, que tem doenças, etc...) e a vergonha de que iriam falar do filho querido, agora vem à tona. Então elas se apavoram, ficam com medo, com culpas, com vergonha de ter que enfrentar a família e a sociedade, enfim, medo do mundo que não poupará seu filho. E ficam muito mal, ficam de luto. Muitas mães se dizem modernas mas não aceitam que
o fato aconteça nas suas casas. Cada uma, de sua maneira e em seu tempo, encontra forças e vai procurando entender, aceitar o fato, por AMOR ao seu filho(a). A mãe se remodela, muda para aceitar em sua concepção esse novo filho, que logo se mostra o mesmo de antes: carinhoso, amoroso, companheiro: o filho de sempre. É essa hora, vendo um olhar de amor e aceitação de sua mãe, que fará toda a diferença na vida do filho. O filho ficará aliviado, pois o que importará é a mãe saber e aceitá-lo. Ela, a pessoa mais importante em sua vida. E nós mães que já passamos ou que vão passar por isso tudo, devemos saber que eles serão sempre os mesmos, que a vida os escolheu para serem homossexuais, já nasceram assim, não tiveram escolha, opção. E se Deus permitiu que nascessem, que "homem" poderá julgá-los?
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Terapia
O que é ser gay Por Paulo Cogo Escrito em 02/13
O título do artigo poderia ser “Reflexões sobre a identidade gay”, porque quando me refiro a “ser gay” estou me referindo a uma referência identitária que está longe de ser pacífica em nossa sociedade.
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A expressão gay é um termo de origem recente inglesa que é utilizado normalmente para se designar o indivíduo, homem ou mulher, homossexual. O termo foi adotado em outras línguas, sendo muito usado no Brasil. Embora, a palavra gay seja usada como denominador comum entre homens e mulheres homossexuais, tal uso em nosso país tem sido mais utilizado para se referir aos homens homossexuais. A palavra inicialmente não tinha relação com a orientação sexual. Era usada para designar uma pessoa espontânea, alegre, motivada e feliz. Porém, o significado mudou radicalmente nos Estados Unidos, vindo a assumir o significado atual, que, com a propagação da cultura norte-americana no resto do planeta, tem sido cada vez mais utilizado. No Brasil, o termo, já marcado pela conotação sexual, ao ser inicialmente difundido, era utilizado principalmente de forma pejorativa e contra os homens gays. Contudo, a apropriação e utilização da palavra pelos próprios homossexuais, a se referirem a si mesmos, fez com que a conotação negativa fosse amenizada. O principal evento que mudou o significado negativo da palavra foi a Rebelião de Stonewall
que consistiu em um conjunto de eventos de conflito violento entre gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros e a polícia de Nova Iorque que se iniciaram com uma carga policial em 28 de Junho de 1969 e duraram vários dias. Teve lugar no bar Stonewall Inn e nas ruas vizinhas, e é reconhecida como o fenômeno catalizador dos atuais movimentos em defesa dos direitos civis LGBT. Stonewall foi um marco por ter sido a primeira vez em que um grande número de pessoas LGBT se juntou para resistir aos maus tratos da polícia contra a comunidade gay. Apesar de ter sido uma situação violenta, deu à comunidade até então marginalizada seu primeiro sentido de orgulho, o denominado orgulho gay. A partir da primeira parada que comemorou o aniversário da Rebelião de Stonewall, nasceu um movimento social nacional, e atualmente um número cada vez maior de países em todo o mundo celebra o orgulho gay ou orgulho LGBT. O movimento vem promovendo a causa dos direitos LGBT, pressionando autoridades e aumentando a visibilidade para informar e educar sobre questões importantes para a comunidade LGBT. Toda essa explicação inicial e histórica é para indicar que a palavra gay hoje é uma expressão muito importante para a co-
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“ Assim, “ser gay” é, antes de tudo, um “estado de espírito”, uma pré-disposição subjetiva, um estado positivo de ser (...) “
munidade LGBT, especialmente para os homossexuais masculinos, porque ela representa uma conquista de um lugar socialmente visível e positivo. Ela indica que os homossexuais existem, que eles são cidadãos e devem ser tratados como tal, até mesmo mais do que isso, exigem ser tratados como iguais em relação ao exercício dos direitos civis. É uma expressão identitária que, ao mesmo tempo em que marca uma diferença necessária, um lugar social, ou seja, “eu sou um homem gay, mas continuo sendo um homem e exijo respeito”, aponta para um senso de valor próprio, de auto-apreciação, que indica a necessidade de uma maior igualdade de direitos. Assim, “ser gay” é, antes de tudo, um “estado de espírito”, uma pré-disposição subjetiva, um estado positivo de ser que deve ser reconhecido e assumido por todos os homossexuais masculinos na luta pela igualdade e pelo respeito aos seus
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direitos como cidadãos e seres humanos. Não é uma opção, mas sim uma conquista, um referencial positivo e apreciativo de uma identidade construída a duras lutas, ou seja, um estado ampliado de consciência de si que, apesar de ainda cobrar um preço alto em uma sociedade fortemente homofóbica e heterocentrada como a do Brasil, traz uma liberdade de escolhas e, principalmente, de ação que não tem preço. SOBRE O AUTOR: Paulo Cogo é Psicólogo Especialista em Psicologia Transpessoal pela UNIPAZ, atuando nas áreas clínica e organizacional, dentro do enfoque da Psicologia Afirmativa; Doutor e Mestre em Sociologia pela UFRGS; Professor e pesquisador dos cursos de Psicologia, Comunicação Social e Design na UniRitter; Personal Coach nas áreas de planejamento e gestão de carreira.
AndroGenética
50 tons de gay Seres humanos começam a enquadrar outros em caixas no momento que se avistam - "Aquela pessoa é perigosa?", "Ela é atraente?", "Será um parceiro em potencial?", "Será uma provável oportunidade de networking?". Nós fazemos esta pequena interrogação quando conhecemos pessoas para fazer um sumário mental delas: "Qual o seu nome?", "De onde és?", "Que idade tens?", "O que fazes da vida?". Então começamos a ficar mais pessoais com nossos questionamentos internos: "Já teve alguma doença?", "Já se divorciou?", "Está com mau hálito enquanto responde minha interrogação?", "O que você gosta?", "De quem você gosta?", "Que gênero você gosta de levar para a cama?".
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Por HaPoZa Dan Escrito em 02/13
Isto até faz sentido. Nós somos neurologicamente programados para procurar pessoas como nós mesmos. Começamos a formar panelinhas assim que temos idade suficiente para saber o que é aceitação. Nos unimos baseados em qualquer coisa que pudermos - preferência musical, raça, gênero, a quadra em que crescemos. Nós procuramos estar em ambientes que reforçam nossas escolhas pessoais. Porém, às vezes, apenas uma questão como "o que você faz?" pode parecer
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como alguém abrindo uma caixinha minúscula e pedindo para você se espremer para entrar nela. Porque as categorias são limitantes; as caixas são muito estreitas. E isto pode se tornar realmente perigoso. Então, há alguns anos, Proposition 8, o grande debate de igualdade no casamento, criou bastante polêmica nos Estados Unidos e internacionalmente. E, naquele tempo, casamento não era algo que eu desse a mínima. Mas me atingiu o fato de que os
EUA, um país com um passado de direitos civis tão manchado, conseguia repetir seus enganos tão erroneamente. E assistir as discussões se tornou um pensamento interessante de que a separação de religião e Estado estava essencialmente criando barreiras geográficas através do país, entre locais que as pessoas acreditavam no Prop. 8 e nos que não acreditavam. Então, esta discussão começou a criar barreiras geográficas à volta das pessoas. Se isso fosse uma guerra com dois lados díspares, eu, por padrão, estaria no time homo, pois eu certamente não era 100% hétero. Na época eu estava começando a emergir de anos de um zig-zag de crise de identidade que me fez ir de ser um menino afeminado, para um garoto extremamente esquisito que parecia uma garota com roupas masculinas. Para o completo extremo de super compensar e falhar terrivelmente ao tentar parecer como os outros garotos, até chegar na atual exploração exitante do que eu realmente era, um garoto andrógino que gosta de gurias e guris, dependendo da pessoa. E por volta da mesma época acabei conhecendo o trabalho da fotógrafa iO Tillet Wright, me identificando com sua arte e história de vida. Ela foi criada no subúrbio de Manhattan no início dos anos 80, por volta do epicentro do movimento punk. Um ambiente que a protegia
das dores da intolerância e das restrições sociais de uma criação religiosa. Naquela região, se você não fosse uma drag queen ou um pensador radical ou um artista performático de qualquer tipo, você que era o estranho. Crescendo assim nas ruas de Nova York, as pessoas são encorajadas a confiar nos seus próprios instintos e seguir suas próprias idéias. Sendo assim, aos seis anos ela decidiu que queria ser um garoto, até que um dia ao querer jogar basquete com os colegas, eles não a deixaram pois era coisa de meninos. Ela raspou a cabeça e adotou a "fachada" de menino. Aos 11, se tornou atriz infantil no filme Julian Po, no papel de um menino. Ninguém nunca desconfiava que na realidade era uma menina. As outras crianças geralmente a agarravam pelo pescoço para ver se tinha pomo-de-adão ou a pegavam no meio das pernas e, ao ir ao banheiro, ela virava os sapatos para parecer que estava urinando em pé. Mesmo assim ela nunca odiou seu corpo ou genitália. Não se sentia no corpo errado, só estava atuando elaboradamente. Até que um dia acordou aos 14, a puberdade chegando, e decidiu que queria ser uma garota de novo. Agindo daquele jeito desde os seis anos, não se necessitou exatamente sair do armário, não foi nenhuma surpresa para os pais dela quando, aos 15, ela disse que o primeiro amor dela era uma garota e nem quando três anos depois ela dis-
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se que estava namorando um garoto. Tendo essa criação não ortodoxa, nunca sendo pressionada a se definir como qualquer coisa, ela poderia ser o que era, crescendo e mudando a cada momento. No começo de seu trabalho artístico, ela passou um ano fotografando essa nova geração de garotas como ela, que ficavam meio em cima do muro. Garotas que andavam de skate mas em calcinhas de lacinhos, garotas que tinham cortes de cabelo masculino mas pintavam as unhas, garotas que usavam sombra escura combinando com seus joelhos arranhados, garotas que gostavam de garotas e garotos que também gostavam de garotos e garotas e que todos odiavam ser definidos de qualquer forma. Achei isto muito interessante, mas ao mesmo tempo o mundo explodia entre debates acalorados nos quais pessoas comparavam à bestialidade o amor fora da esfera heterossexual. Nunca fui ativista, nunca balancei bandeiras na minha própria vida. Mas essa realização cresceu em mim nessa época: Eu fazia parte da minoria. Baseado em uma faceta da personalidade de alguém, que as tornava um cidadão de segunda classe. Como alguém poderia votar para acabar com os direitos de uma vasta variedade de pessoas baseado em um elemento de sua personalidade? Como alguém poderia dizer que nós, como um
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grupo, não merecemos direitos iguais a todos os outros? Nós eramos mesmo um grupo? Qual grupo? E será que alguma dessas pessoas conheceu uma vítima de sua discriminação? Eles sabiam quem eram as pessoas contra quem estavam votando e qual era o impacto disto? E é bem neste ponto focal que está a maravilha do trabalho de iO, pensando que se eles pudessem olhar nos olhos dessas pessoas que eles estavam colocando na área de cidadões de segunda classe, talvez tornasse mais difícil para eles discriminar. Ela achou um jeito de apresentar estas pessoas através da fotografia pura sem artifícios, sem iluminação especial, sem manipulação de qualquer forma. Pois através de uma fotografia você pode examinar os bigodes de um leão sem o medo de ele arrancar a sua cara fora. A revista Life introduziu através de fotos gerações de pessoas à locais distantes e inóspitos que eles talvez nem sabiam que existiam. Através de uma série de retratos bem simples, iO decidiu fotografar qualquer pessoa no país que não se definia 100% hétero, o qual é um número infinito de pessoas. De fato, um cometimento bem grande, mas com a ajuda da instituição Human Rights Campaign, nasceu o projeto Self Evident Truths (Verdades auto evidentes).
Especial 8 anos
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Especial
Orações para Ryan Mãe conta história de filho gay morto tragicamente em “Só por ele respirar” “Just Because He Breathes” é o emocionante site criado por Linda Diane Robertson, mãe de Ryan Robertson, morto aos 18 anos de idade, em Seattle, Estados Unidos, em 2009. Em Janeiro deste ano ela postou no Facebook a história de sua vida, de uma mãe em dor. Assim como no filme “Orações para Bobby”, ela, uma fervorosa mãe cristã, não viu o destino trágico que se escrevia a sua frente quando rejeitava seu filho por seu homossexual. O texto narra, infelizmente, uma história que se repete e serve de alerta. Em 2013, os pais de Ryan contaram a história de seu filho na Conferência Mundial do Grupo Exodus, que por mais de 30 anos realizou a “cura gay” nos EUA e encerrou suas atividades em razão de casos como o de Ryan.
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“Só por ele respirar” Na noite de 20 de novembro de 2001, uma conversa realizada no MSN mudou nossas vidas para sempre. Nosso filho de 12 anos me mandou mensagens em meu escritório a partir do computador em seu quarto. Ryan diz: Eu posso te dizer uma coisa? Linda diz: Sim, eu estou ouvindo Ryan diz: Bem, eu não sei como dizer isso, mas realmente, bem.... Eu não posso continuar mentindo para você sobre mim. Eu tenho escondido isso por muito tempo e eu tenho que dizer tipo agora. Então agora você provavelmente já tem uma ideia do que eu vou contar. Ryan diz: Eu sou gay Ryan diz: Eu não posso acreditar que eu acabei de dizer Linda diz: Você está brincando? Ryan diz : não Ryan diz: eu pensei que você iria entender por causa do tio Don Linda diz: é claro que eu entenderia Linda diz: mas o que faz você pensar que é? Ryan diz: eu sei que eu sou Ryan diz: eu não gosto de Hannah Ryan diz : é apenas pra despistar Linda diz: mas isso não faz de você gay ... Ryan diz: eu sei Ryan diz: mas tu não entende Ryan diz : eu sou gay Linda diz: Me conta mais Ryan diz : é apenas a maneira que eu sou e isso é algo que eu sei Ryan diz: Você não é lésbica e vc sabe disso. Então, é a mesma coisa Linda diz: o que você quer dizer? Ryan diz : apenas que eu sou gay
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Ryan diz: EU SOU Linda diz: Eu te amo não importa o que Ryan diz: eu não sou preto, sou branco Ryan diz: eu sei Ryan diz: eu sou um menino. não uma menina Ryan diz: Eu se sinto atraído por meninos, e não meninas Ryan diz: A gente sabe que sobre e eu sei isso Linda diz: E você sabe sobre o que Deus desses desejos? Ryan diz: eu sei Linda diz: obrigado por me dizer Ryan diz: e eu estou muito confuso sobre isso agora Linda diz: Eu te amo mais ainda por ser honesto Ryan diz: eu sei Ryan diz: obrigado Estávamos completamente chocados. Não que nós não conhecemos e amamos os homossexuais - o meu único irmão tinha saído do armário vários anos antes, e eu o adorava. Mas Ryan? Ele não tinha medo de nada, era valente, era todo machinho. Não tínhamos visto isso chegando, e a emoção que foi nos dominando, nos manteve acordado durante a noite e, infelizmente, o que influenciou todas as nossas reações ao longo dos próximos seis anos foi o medo. Nós dissemos todas as coisas que nós pensávamos que pais cristãos que amam os filhos e acreditavam na Bíblia - A Palavra de Deus - deveriam dizer:
Nós te amamos . Nós sempre vamos te amar. E isso é difícil. Muito difícil. Mas nós sabemos o que Deus diz sobre isso, e assim você vai ter que fazer algumas escolhas muito difíceis. Nós te amamos . Nós não poderíamos te amar mais. Mas há outros homens que enfrentaram esta mesma luta e Deus trabalhou para mudar seus desejos. Nós vamos te dar os livros deles... você pode ouvir os testemunhos deles. Nós vamos confiar em Deus com isso. Nós te amamos. Somos tão feliz que você é nosso filho. Mas você é jovem, e sua orientação sexual ainda está em desenvolvimento. Os sentimentos que você teve por outros meninos não fazem de você gay. Então por favor, não conte a ninguém que você é gay. Você não sabe quem você é ainda. Sua identidade não é que você é gay - e sim que você é um filho de Deus. Nós te amamos. Nada vai mudar isso. Mas se você vai seguir Jesus , a santidade é a sua única opção. Você vai ter que optar por seguir Jesus, não importa o quê. E uma vez que você sabe o que a Bíblia diz, e já que você quer seguir a Deus, abraçar a sua sexualidade não é uma opção. Pensávamos que compreendíamos a magnitude do sacrifício que nós - e Deus - estavamos pedindo. E este sacrifício, nós sabíamos, levaria a uma vida abundante, perfeita, em paz e com recompensas eternas. Ryan sempre se sentiu in-
tensamente atraído por assuntos espirituais. Ele desejava agradar a Deus acima de tudo. Assim, durante os primeiros seis anos, ele tentou escolher Jesus. Como tantos outros antes dele, ele implorou a Deus para ajudá-lo a se sentir atraído para as meninas. Ele memorizou as escrituras, se reunia em seu programa pastoral semanal de jovens, participava entusiasticamente em todos os eventos do grupo de jovens da igreja e Estudos Bíblicos e foi batizado. Ele leu todos os livros que afirmavam saber de onde seus sentimentos homossexuais vinham, mergulhou em aconselhamentos para descobrir ainda mais sobre os “porquês” de sua atração indesejada por outros meninos, trabalhou através de dolorosas atividades de resolução do conflito com meu marido e eu, e construiu amizades sólidas com outros caras - héteros - assim como os especialistas de terapia reparativa aconselhavam. Ele mesmo saiu do armário para todo seu grupo de jovens, dando o seu testemunho de como Deus o havia resgatado das armadilhas do inimigo, e repetia - de memória - verso após verso que Deus usou para chamar a Ryan a ser ele mesmo. Mas nada mudou. Deus não respondeu a sua oração - ou a nossa – apesar de crermos com fé que o Deus do Universo - o Deus para quem nada é impossível - poderia facilmente fazer Ryan hétero. Mas Ele não o fez.
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Embora em nossos corações pode ter sido algo bondoso (nós realmente pensávamos que o que nós estávamos fazendo era amor), nós nem sequer demos a Ryan a chance de lutar com Deus, para descobrir o que ele acreditava que Deus estava dizendo para ele por meio das escrituras, sobre sua sexualidade. Tínhamos acreditado firmemente em dar para cada um de nossos quatro filhos o espaço para questionar o cristianismo, de decidir por si mesmos se eles queriam seguir Jesus, para realmente eles pudessem ser donos de sua própria fé. Mas estávamos com muito medo de dar a Ryan, quando ele saiu do armário, por medo que ele fizesse a escolha errada. Basicamente, nós dissemos a nosso filho que ele tinha que escolher entre Jesus e sua sexualidade. Nós o obrigamos a fazer uma escolha entre Deus e ser uma pessoa sexuada. Escolhendo Deus, praticamente significava viver uma vida condenada a solidão. Ele nunca teria a chance de se apaixonar, ter seu primeiro beijo, andar de mãos dadas, compartilhar a sua intimidade e companheirismo ou a experiência de um romance. E assim, pouco antes de seu aniversário de 18 anos, Ryan, deprimido, suicida, desiludido e convencido de que ele nunca seria capaz de ser amado por Deus, fez uma nova escolha. Ele decidiu jogar fora sua Bíblia e sua fé, ao mesmo tempo, e tentar procurar o que ele queria desesperadamente: paz, de uma outra
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maneira . E a maneira que ele escolheu primeiro foram as drogas. Nós ensinamos - involuntariamente – Ryan a odiar sua sexualidade. E uma vez que a sexualidade não pode ser separada do “self” (seu eu), tínhamos ensinado Ryan odiar a si mesmo. Então, quando ele começou a usar drogas, ele o fez com uma imprudência e falta de cuidado por sua própria segurança que foi alarmante para todos que o conheciam. De repente, o nosso medo de Ryan um dia ter um namorado (uma possibilidade que honestamente me aterrorizava ) parecia trivial em contraste com o nosso medo da morte de Ryan, especialmente à luz da sua recente rejeição do cristianismo e sua raiva por Deus. Ryan começou com maconha e cerveja... mas rapidamente em seis meses usava cocaína, crack e heroína. Ele era viciado desde o início, e sua auto aversão e raiva contra Deus só alimentou seu vício . Pouco depois, perdemos contato com ele. No próximo ano e meio não saberíamos onde ele estava, ou mesmo se ele estava vivo ou morto. E durante esse tempo foi horrível e Deus teve a nossa atenção. Paramos de orar para que Ryan se tornasse hétero e começamos a orar para ele saber que Deus o amava. Paramos de rezar para ele nunca ter um namorado e começamos a rezar para que um dia pudesse vir a conhecer e ter um namorado. Nós até deixamos de orar por ele para voltar para casa,
nós só queríamos que ele voltasse para Deus. No momento em que o nosso filho nos ligou, depois de 18 longos meses de silêncio, Deus tinha mudado completamente a nossa perspectiva. Porque Ryan tinha feito algumas coisas bem terríveis enquanto usava drogas , a primeira coisa que ele me perguntou foi: Você acha que você pode me perdoar? (Eu disse a ele: claro, já foi perdoado. Ele sempre tinha sido perdoado.) Você acha que você poderia me amar de novo? (Eu disse a ele que nunca tinha deixado de amá-lo, nem por um segundo. Nós amamos ele, então, mais do que nunca.) Você acha que você poderia me amar com um namorado? (Chorando, eu disse a ele que poderia amá-lo com quinze namorados. Nós só queríamos de volta em nossas vidas. Nós só queria ter um relacionamento com ele de novo... E com o seu namorado. ) E uma nova jornada começou . Uma de cura, restauração, comunicação aberta e de graça. Muita graça . E Deus estava presente em cada passo do caminho, nos levando e guiando, gentilmente, lembrando-nos simplesmente de amar o nosso filho e deixar o resto para ele. Ao longo dos próximos 10 meses aprendemos a amar verdadeiramente o nosso filho. Ponto. Nada de “poréns”. Não havia condicionantes.
Só porque ele respirava. Aprendemos a amar quem quer que nosso filho amasse. E foi fácil . O que eu tinha tanto medo de se tornou uma benção. A viagem não foi sem erros, mas tivemos a graça para o outro, e a linguagem da desculpa e do perdão tornou-se uma parte natural do nosso relacionamento. Com nosso filho perseguido a recuperação de drogas e álcool, nós o seguimos. Deus nos ensinou a amá-lo, para nos alegrarmos com ele, e para ter orgulho do homem que ele estava se tornando. Estávamos todos nos curando... e o mais importante, Ryan começou a pensar que se poderíamos perdoá-lo e amá-lo, então talvez Deus pudesse também. E então Ryan cometeu o erro clássico de um viciado em recuperação ... ele voltou a andar com seus velhos amigos ... seus amigos usuários. E uma noite que era para ser apenas uma noite de filmes, acabou por ser a primeira vez que ele sumiu em dez meses ... e pela última vez. Recebemos um telefonema de uma assistente social do Harborview Medical Center, em Seattle, nos pedindo para vir identificar o nosso filho que tinha chegado lá em coma, em estado crítico. Passamos 17 dias em Harborview, durante o qual toda a nossa família foi capaz de se envolver e amar Ryan. Nós experimentamos milagre após milagre, durante esse tempo , as coisas que nenhum médico tinha qualquer explicação. A presença de Deus era tangível no quarto de Ryan. Mas isso é uma história longa, sagrada, que eu vou ter que dizer em uma outra vez.
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Embora Ryan tivesse sofrido tal dano cerebral grave e teve paralisia quase completa, os médicos disseram-nos que ele poderia muito bem sobreviver. Mas, inesperadamente, Ryan morreu em 16 de julho de 2009. E perdemos a capacidade de amar o nosso filho gay... porque já não tínhamos mais um filho gay. O que tínhamos desejado... orado por... esperávamos... que nós não tivéssemos um filho gay, se tornou realidade. Mas não da maneira que costumávamos imaginar. Agora, quando eu penso no medo que regeu todas as minhas reações durante os primeiros 6 anos após Ryan nos ter dito que ele era gay, eu me encolho quando eu percebo o quão tola eu fui. Eu estava com medo de todas as coisas de forma errada. E eu estou em luto, não só pelo meu filho mais velho, que eu vou perder por todos os dias para o resto da minha vida, mas pelos erros que eu fiz. Sofro por aquilo que poderia ter sido, se tivéssemos andado pela fé e não pelo medo. Agora, sempre que Rob e eu juntamos nossos amigos gays para uma noite, eu penso sobre o quanto eu gostaria de estar visitando com Ryan e seu parceiro para um jantar. Mas, em vez disso, visitamos o túmulo de Ryan. Celebramos aniversários: os aniversários que ele poderia ter sido e os aniversários do dia inesquecível de sua morte. Nós usamos laranja - a cor dele. Nós acumulamos memórias: fotos, roupas que ele usou, manuscritos, listas de coisas que ele amava, memórias de suas paixões, lembranças de can-
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ções engraçadas que ele inventou, qualquer coisa, que realmente nos lembra de nosso belo menino... é isso tudo o que nos resta e não haverá novas memórias. Nos realegramos com nossos filhos adultos, em nossa família que cresce, quando eles se casam ... mas sentimos dor pelo nosso “quarteto” que está em falta. Marcamos nossa vida com os dias AC (antes do coma) e DM ( depois da morte) , porque nós somos pessoas diferentes agora, nossa vida foi mudado irrevogavelmente - em um milhão de maneiras - por sua morte. Valorizamos amizades com outras pessoas que “entram”... Porque eles também perderam um filho. Nós choramos. Buscamos Céu pela graça e misericórdia e redenção enquanto tentamos - não para ficarmos melhor, mas para sermos melhores. E oramos para que Deus possa de alguma forma usar a nossa história para ajudar outros pais a aprenderem a amar verdadeiramente seus filhos. Só porque eles respiram. Linda Diane Robertson
Texto publicado originalmente no Facebook em 14 de janeiro de 2013 (Aniversário de 24 anos de Ryan) Tradução Livre Revista Lado A
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