Lado A #63

Você conhece o projeto “A Hora é Agora”? É um projeto em que você pode solicitar o seu teste gratuito para o HIV pelo celular ou pelo site: www.ahoraeagora.org

E, se você quiser fazer o teste para o HIV em outro lugar?

Você pode ir ao Trailer que fica na Praça General Osório às sextas e aos sábados das 17h às 21h30.

O Grupo Dignidade também oferece testagem para o HIV, de terça a quinta das 18h às 21h.

Fica na Av. Marechal Floriano, 366 conj 43 (Centro).

E também o Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), na rua do Rosário, 144, São Francisco, de segunda a sexta, das 8h às 17h.

Baixe gratuitamente o app A Hora é Agora para Android ou IOS.

41 9834-0258 A Hora é Agora ahoraeagoracwb www.ahoraeagora.org

@facaseuteste

REVISTA LADO A #63 Julho/Agosto de 2016 EDITOR CHEFE Allan Johan COLABORADORES E COLUNISTAS Bruno de Abreu Rangel, Paulo Cogo, Arthur Virmond de Lacerda Neto, Leandro Allegretti, Lucas Panek e Wladi.

Tiragem 5 mil JORNALISTA RESPONSÁVEL Allan J. Santin DRT PR 8019 PROJETO GRÁFICO Lado A CONTATO REDAÇÃO contato@revistaladoa.com.br PARA ANUNCIAR contato@revistaladoa.com.br CORRESPONDÊNCIAS CP 10321 CEP 80730-970 Curitiba - PR As matérias assinadas não expressam a opinião editorial da Revista Lado A. Proibida a reprodução total ou parcial de conteúdo sem autorização prévia.

CAPA Montagem 60 capas 2006-2016 Lado A

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ÍNDICE 10 editorial 12 Entrevista

gabriel comicholli

do canal hdiário 16 especial

10 curiosidades das capas

da lado a 18 especial

pastel.. e seu criador 26

fotos e festas

40 religião

papa acredita que a

igreja deve perdão aos gays 42 ARMÁRIO

lgbts saem do interior em

busca de mais liberdade 44

Guia GLS Sul

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Editorial Persistência, sensibilidade e disposição para o trabalho nos trouxeram até aqui Há 10 anos surgiu a Lado A. Um projeto ambicioso de uma revista LGBT local, que nasceu de um trabalho de faculdade e desde o nascimento ganhou um dos principais prêmios acadêmicos, o Prêmio Sangue Novo do Jornalismo Paranaense, do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. O idealizador do projeto, Allan Johan, vinha de um histórico de militância no Grupo Dignidade e de duas colunas nos jornais Hora H e Jornal do Estado (hoje Bem Paraná). Era a primeira revista sem conteúdo erótico que junto com um site mostrava a comunidade local.

A Lado A chegou a ter um grande escritório que desativamos há alguns anos, já prevendo a crise que viria.

Expandimos pelos três estados do Sul, com muitas viagens e eventos, e hoje concentramos nosso trabalho em nossa cidade ponto de partida: Curitiba, mas ainda atendendo as outras capitais, enviando revistas. Foram 10 anos mágicos, de aprendizado e de história.

Hoje a Lado A é a revista gay mais antiga do país. Pequena e grande, com picos de mais de 100 mil visitantes em um dia no site, média entre 5 e 10 mil por dia.

O projeto da Lado A veio quando ainda não se discutia casamento gay e homofobia na grande mídia, as pessoas não tiravam fotos em baladas gays, fomos pioneiros nas abordagens destes temas, demos voz e rostos para um movimento até então exclusivo da militância. E vieram as redes sociais, que Não é raro ouvirmos comentários de que em outros países não existe ampliaram estas discussões.

um material da qualidade do nosso.

Reunimos incontáveis colaboradores e apoiamos projetos de sucesso por meio de parcerias, evoluímos juntos com a cena, em uma sinergia que sempre buscamos com nossos clientes e colaboradores.

O trabalho sério e incansável vai muito além do que os leitores podem ver.

Assessoramos nossos clientes, fiscalizamos o trabalho das casas, levamos as críticas e ajudamos a todos que nos procuram. A informação vira agente de mudança, seja por meio de denúncias, do debate, da exposição de pontos de vistas controversos. Nunca tivemos medo de cumprir o nosso papel.

Esperamos que nossa história de sucesso inspire nossos leitores.

Os sonhos são possíveis. O sucesso é a realização de um projeto ousado, de derrubar barreiras e colaborar para um mundo melhor. A união sempre fará a força, e mesmo que seja demorado para atingir os objetivos, nada substitui a certeza de um trabalho bem feito e honesto.

Allan Johan Publisher

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Com apenas 20 anos, o youtuber curitibano abalou o mundo digital. “Oi, meu nome é Gabriel Comicholi e eu acabei de descobrir que eu tenho HIV”. Foram com estas palavras que ele iniciou o seu canal, o HDiário, no início deste ano e expôs como ninguém a realidade de se descobrir portador do vírus HIV. O canal já tem 13 mil inscritos e abordar sua perspectiva sobre esta sua nova realidade de forma divertida e otimista, e ainda compartilha experiências, opiniões e, informações importantes na discussão sobre o HIV e a AIDS. Com isso ele colabora para preencher uma lacuna em um universo ainda cheio de tabus e preconceitos.

Por isso, conversamos com o jovem que respondeu as nossas perguntas gentilmente:

semana.

E o que você sentiu nesse meio tempo?

Senti oque provavelmente muitos jovens devem sentir ao descobrir sua soropositividade, uma surpresa sem igual, receber uma noticia dessas nunca é uma coisa fácil, é aquelas coisas que a gente acha que nunca vai acontecer com a gente. Eu respirei fundo e pensei “ Se a vida te da um limão...”

Depois que assumiu ter o HIV, você sofreu algum tipo de preconceito?

Isso é uma das coisas que mais me deixa feliz nesse processo todo, eu estava preparado para o preconceito e para receber muita coisa negativa, porém isso não aconteceu. Recebo muito mais apoio e pedidos de ajuda do que comentários negativos.

O HDiário conta como você se descobriu soropositivo. Do momento que você recebeu a confirmação do teste de HIV até o primeiro vídeo, quanto tempo levou?

Você sentiu raiva da pessoa que te passou o HIV? Com é esse perdão?

De jeito nenhum! Até porque eu não sei quem me passou o vírus, mas se soubesse eu jamais sentiria raiva da pessoa. Imagine que a pessoa pode não saber ter o vírus, se eu soubesse quem foi eu desejaria todo amor e sucesso do mundo no tratamento dela.

Tudo aconteceu muito rápido, a descoberta, a mudança do Rio de Janeiro para Curitiba e em seguida o canal, todo o processo levou menos de uma

Quais os maiores medos de quem tem HIV? O meu maior medo é que por algum motivo, seja ele político ou qualquer 13

“”Muitas pessoas acham que por já terem o vírus devem deixar de usar camisinha e isso é um grande MITO! . outro, o tratamento deixe de ser distri- soropositividade pode ser uma bomba buído gratuitamente, isso afetaria mi- e acabar levando ela a uma depressão. lhões de pessoas no Brasil e no mundo todo, pois é um tratamento caro!

O que você precisa melhorar na comunidade para entender melhor Você toma algum cuidado a mais, quem vive com o HIV? além dos medicamentos?

As pessoas precisam deixar o preconSim! A camisinha não pode deixar de ceito de lado, a ignorância, e ir atrás ser usada de forma alguma! Muitas de informações concretas sobre o que é pessoas acham que por já terem o ví- viver com HIV. Eu não digo que é como rus devem deixar de usar camisinha e se nada tivesse acontecido pra mim, isso é um grande MITO! E cuido muito porém não é o bicho de sete cabeças da minha alimentação para estar sem- que as pessoas enxergam. pre saudável e com a imunidade lá em cima.

Você acredita que é melhor contar para todos quando se tem o HIV? Foi fácil aderir ao tratamento?

Por quê?

Muito fácil! O tratamento é totalmente Eu acredito que cada caso seja o seu gratuito no Brasil, o que facilita muito o caso, não posso dizer que a melhor coiacesso a ele. Eu consegui tudo em me- sa para quem descobriu é contar para o nos de três dias. mundo. Mas digo que no meu caso foi a melhor coisa que fiz, não sinto vergoO que você acredita que precisa me- nha de mim, não me vitimizo por isso, lhorar no sistema de saúde para os e isso fez com que eu passasse por isso soropositivos? com muita tranquilidade e de coração Acho que precisamos antes de mais aberto. nada acabar com o preconceito e com o estigma dentro do sistema de saú- Para acompanhar essa jornada e de , já passei por médicos totalmente desfrutar de toda a personalidade despreparados que dão “dicas” do tipo: contagiante de Gabriel, não deixe “Acho que você não deveria contar isso de conferir o canal do HDIÁRIO e para ninguém!”. Isso na cabeça de uma seguir o youtuber nas redes sopessoa que acabou de descobrir sua ciais:

youtube: canal Hdiรกrio twitter: @gcomicholi instagram: @gabrielcomicholi snapchat: gabrielcomichol facebook: /gabrielcomicholi contato: gabrielcomicholi@hotmail.com

ESPECIAL

10 curiosidades sobre as capas da LADO A! LADO A 1 O primeiro ensaio de capa era para ser com um modelo em evidência na época mas ele rejeitou sair na capa de uma revista GLS na hora das fotos! Então, o trapezista Pedro Cruz aceitou ser o nosso número 1! #obrigado

#AMADO O ator curitibano Ary Fontoura foi capa e entrevistado da Lado A 5!

DOUBLES Em 63 edições, repetimos apenas três modelos nas nossas capas. O sex symbol da internet Felippe Braga---> (Lado A 44 e 55) e o DJ Nill Lumertz <--- (Lado A 42 e 60) e o modelo Diogo Nicoletti (Lado A 4 e 50) #lindos

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TRANS As trans Melina Vasconcelos (Lado A 8) e Selma Light (Lado A 30) estrelaram nossas capas

MR GAY Bruno Toledo PR (Lado A 17), Lucas Gondin SC ( Lado A 29), Maicon Araújo SC ( Lado A 25) e Maurício Bungi RS (Lado A 26) estrelaram nossas capas depois de vencerem os eventos organizados pela Lado A na região Sul entre 2007 e 2009.

GURIZÃO A Lado A de 6 anos, #41, trouxe o modelo Edgar Hernandes em uma versão holográfica luxuosa e 80 páginas!

MISTER BRASIL 2013 O gato João Paulo Andrade foi o modelo da edição de 7 anos, que teve capa dourada e foi uma das mais lindas até hoje.

Delícia A capa da Lado A de 2 anos (#21) com o Mr. Paraná 2007 Gleiber Siolari é uma das mais lembradas. A Edição Deluxe foi a primeira especial que fizemos MULHERES A edição de um ano teve a personagem lésbica Katita. Das 63 edições, seis trouxeram mulheres nas capas.

MARC FITT Ícone do mundo das academias e do Instagram, o canadense foi capa da nossa edição 54, na qual foi o entrevistado!

PARTE DO NOSSO ACERVO ESTÁ DISPONÍVEL ONLINE EM: ISSUU.COM/LADOA

ESPECIAL

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O Pai do Pastel O artista Wladimir Licnerski Gomes nasceu em Mafra, Santa Catarina, e estudou Arquitetura e Urbanismo, além de Comunicação Social na PUC PR, ele descobriu sua paixão pelo desenho desde pequeno e por isso acabou no Design. Com o trabalho de ilustrador ganhou destaque em catálogos, livros e tiras com seus personagens. Ele dedica boa parte de seu tempo às esculturas de pinups e à Pop Art. Wladi conheceu a Lado A e criou com exclusividade histórias de um personagem gay jovem, o Pastel, que ilustra nossas edições desde 2007. O projeto já ilustrou a capa de aniversário de 5 anos da Lado A e é uma das seções mais divertidas do nosso trabalho.

O artista respondeu nossas curiosidades sobre o personagem e montamos essa matéria especial para esta edição de 10 anos da revista.

Wladi ainda cedeu rascunhos da criação do personagem e de sua evolução. Ainda este ano deveremos lançar, pela LADO A, um livro infantil protagonizado 19

pelo personagem!

Lado A – Como surgiu a idéia do pastel?

Wladi - A ideia surgiu há 10 anos, devido o apelido de um amigo na época que o chamavam de Pastel. Gostei de seu apelido e falei pra ele que iria homenageá-lo fazendo um personagem inspirado nele, com suas características. Aí surgiu o Pastel e a oportunidade de colocá-lo na revistinha Lado A.

Qual a personalidade do Pastel?

Como ele é inspirado numa pessoa real, ele tem características bem próximas.... é tímido, e acrescentei algumas características a mais pra criar a personalidade dele. É ingênuo, pois veio do interior para a cidade grande. Como ele tem 18 anos, quer aproveitar todas as oportunidades da cidade grande. Gosta de baladas, como todo jovem, e é romântico e sonha arrumar um namorado tipo príncipe encantado!

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Como ele veio parar na cidade grande?

Veio pra cidade grande pra estudar Moda, e seu sonho é fazer figurino pra cinema em Hollywood. Como é um jovem sonhador, vive nas nuvens imaginando como se estivesse num conto de fadas! Na faculdade, conhece sua melhor amiga, Kaká. Juntos vão ao cinema, baladas, pra dançar e paquerar e festas em casa de amigos.

Você teve alguma dificuldade para criar o personagem?

Não encontrei dificuldades em desenhar um personagem com traços infantis e simples, por simplesmente deixar fluir a criação dele...as dificuldades que encontro estão na criação das idéias das historinhas, com um toque ingênuo e mostrando as dificuldades de um jovem gay na sociedade. Mas tento colocar situações engraçadas e leves...

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E qual o futuro do Pastel?

O futuro do Pastel serรก trabalhar em cinema, como designer de modas pro figurino dos filmes e namorar um rapaz de seus sonhos!

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E o Pastel tem um pouco de você?

Me identifico com algumas situações, por ter vindo de uma cidade pequena e vivenciado essa mudança pra cidade grande, onde tudo é diferente de um lugar menor, onde todo mundo se conhece...por isso fiz questão de criar um personagem pra trazer uma mensagem alegre e com um leve toque de humor. Espero que esse personagem cresça e apareça!!! Mas o mais importante do personagem... ele tem sonhos que o motivam a ser feliz!

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Confira a Fan Page do Pastel no Facebook: FB.COM/pasteleamigos

LADO A 10 ANOS Como parte das comemorações dos 10 anos da Lado A, em maio, levamos colaboradores, leitores e clientes para uma sessão de cinema exclusiva no IMAX PALLADIUM, para assistir ao filme Alice Através do Espelho.

CATS CLUB MARCHA DA IVERSIDADE

COLUNA SOCIAL

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BLACK BOX

VERDANT

COLUNA SOCIAL

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LADO A 10 ANOS

A festa PINK DIAMOND, de 10 anos da Lado A, agitou a BLACK BOX em maio, reuniu um pĂşblico lindo e muito som. A pista lotou e nossos performers encantaram.

FOTOS PINK WILLIAMS

LADO A 10 ANOS A LADO A também comemorou seus 10 anos na VERDANT com a festa Dreams, em maio, com o tema em Alice no País das Maravilhas. A noite foi mágica com decoração e personagens perfeitos! E, claro, muita gente linda e animada.

FOTOS PINK WILLIAMS

RELIGIÃO

Papa Francisco acredita que Igreja deve perdão aos gays

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Em um voo de volta da Armênia em junho, o Papa Francisco deu uma declaração inédita a jornalistas, quando questionado sobre as vítimas gays da boate Pulse, de Orlando. Perguntado se a Igreja devia desculpa aos gays, ele afirmou que não apenas aos gays mas aos pobres e às vítimas de armamentos. “Eu acho que a Igreja não deveria pedir desculpas apenas a uma pessoa gay que tenha ofendido, mas também aos pobres, às mulheres que foram exploradas e às crianças força-

das a trabalhar. A Igreja deve se desculpar por ter abençoado tantas armas”.

Antes, o Papa afirmou mais uma vez que os gays devem ser acolhidos pelos cristãos, como prega o catolicismo: “não devem ser discriminados, mas respeitados e acompanhados no plano pastoral”.

O papa ainda reafirmou sua declaração dada há alguns anos: “A questão é: se uma pessoa tem essa “condição”, tem

sacramento sagrado entre homem e mulher, e evocam a questão do propósito divino para a família. A verdade é que, a despeito das religiões tradicionais, hoje temos igrejas que aceitam o casamento gay e a família gay, como o budismo, igrejas inclusivas cristãs, umbanda, entre outras.

A própria Igreja foi construída com o suor de muitos homossexuais, a própria Capela Sistina foi pintada pelo gênio Michelangelo.

boa vontade e olha para Deus, quem somos nós para julgar?”, explicou o pontífice. Federico Lombardi, portavoz do Vaticano, afirmou em seguida que o papa usou o termo “condição” como sinônimo para “uma pessoa nesta situação” e não como “condição médica”. O que reabre a discussão sobre ser gay ser uma escolha ou um fator de nascimento para o Vaticano, o que sustenta a contradição entre pecado e criação divina.

A questão religiosa é importante para muitas pessoas, porém muitos gays não são cristãos por falta de apoio das igrejas, que ao mesmo tempo dizem que não se deve discriminar, mas afirmam que o casamento é um

O discurso segregador da Igreja Católica hoje deve desculpas à sua própria História, ao exemplo de Jesus Cristo, que mandou amar ao próximo como a ti mesmo, e que jamais julgou qualquer pessoa. Um discurso que promove a violência, reforça a suposta superioridade do cristão branco heterossexual, na qual a Igreja cresceu e prosperou.

O próprio papa Francisco, quando na Argentina, era contra o casamento gay e deu declarações muito longes das de hoje em dia. Se o próprio Cardeal Jorge Mario Bergoglio aprendeu com o tempo, é hora da Igreja revisar seus dogmas. Há uma grande resistência vindo das famílias, as mesmas que devem acolher seus filhos homossexuaise ainda as nem sequer citadas pessoas trans. São novos tempos mas o discurso truncado e não claro do papa dá margem para a Igreja explorar o que sabe fazer de melhor: o medo.

ARMÁRIO

LGBTS saem do interior para terem mais liberdade nas capitais O Brasil ainda é um país conservador e ser homossexual assumido ou transgênero, em cidades pequenas, é dar a cara à tapa todos os dias ao sair na rua. Homossexuais do interior contam que os maiores medos em se assumir por lá é de ficar mal falado na cidade inteira, ser apontado em público e sofrer violência homofóbica, até dentro de casa.

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Outros fatores que pesam na escolha de migrar para cidades maiores são o senso de comunidade LGBT, organizações sociais que prestam serviço e auxiliam a classe e mais opções de entretenimento e emprego.

Um estudo realizado pelo Projeto Arco-íris, na Irlanda do Norte, comprova que homossexuais que moram em áreas rurais têm maior tendência a desenvolver algum nível de depressão e maior probabilidade de enfrentar discursos homofóbicos e transfóbicos na sua rotina. Descobriram também que em 43% dos casos, a orientação

sexual foi, mesmo que parcialmente, o motivo da migração da área rural Junior fundou em Curitiba, no início para a capital. da década de 90, um site chamado OEvento.com, um dos primeiros nas No Brasil, o IBGE não traz esses dados coberturas de festas noturnas na cipara elaborarmos parâmetros, mas dade, e também descobriu seu alter conseguimos enxergá-los no nosso ego, a drag Gloria Godiva. Os projecotidiano. Quem nunca conheceu um tos ficaram de lado quando precisou amigo gay que veio do interior porque largar tudo e voltar para Timbó, em era assumido na sua cidade e, por cau- 2007. “Em Curitiba, por exemplo, eu sa disso, não encontrava emprego por pude assumir tudo aquilo que sempre lá? Há ainda casos piores, de famílias fui desencorajado a admitir, porque que expulsaram os filhos de casa ao não era só um, nem dois homens hodescobrirem sobre sua orientação se- mossexuais assumidos, mas uma cena xual. inteira bem resolvida que explora esse nicho e favorece o auto-conhecimento Nelson Farias Jr., 33 anos, nasceu em e liberdade individual. Isso não garanTimbó, Santa Catarina, município com tiu que eu nunca sofresse preconceito, 40 mil habitantes, no Vale do Itajaí, e mas garantiu que eu tivesse mais resse mudou ainda pequeno para Curiti- paldo de outros LGBT, aproveitando o ba. Seguindo o caminho inverso, pre- maior encorajamento à pluralidade”, cisou voltar para a sua terra natal há explicou ele. alguns anos e planeja agora morar na capital paranaense novamente.

Alguns vivem na capital, ou em cidades maiores, uma vida diferente de “Quando tinha meus 10 casa, outros assumem para a família anos de idade, lembro que depois de encontrar independência. de haver um homem gay A entrada para uma universidade assumido na cidade toda, e longe de casa é uma oportunidade era comum ouvir piadas fei- de abertura de um mundo novo para tas sobre ele na escola, na os jovens gays, bem como se mudar família, em qualquer lugar. com o pretexto de fazer um cursinho Nunca cheguei a conversar melhor. A distância apesar de causar com ele, mas nem precisei. saudades de cara é crucial para se viIsto em si já foi desde então ver com mais liberdade, sem pressão e me desencorajando, incons- em busca da felicidade de ser quem é.

cientemente, a ser um dia tão corajoso como ele”.

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