Lado A #65

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www.revistaladoa.com.br Edição 65 Dez. / Jan. 2017



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#EDITORIAL

Uma boa noite de sono

D

izem que nada paga uma boa noite de sono, o que é algo realmente gratificante. Mas há também a lenda de que quem faz coisas erradas não consegue dormir com facilidade. Bom seria. Infelizmente ficamos chocados com o desprendimento alheio com questões que nos tirariam o sono. E parece que essas pessoas conseguem, sim, dormir. Políticos corruptos, coleguinhas mau caráter, e assim vai... Parece que eles tiram mais o sono dos outros do que perdem o deles. 4


REVISTA LADO A #65 O sono é crucial para a nossa saúde e equilíbrio do corpo. É dormindo que crescemos quando criança, que nossa defesa fica mais forte. Passamos um terço da nossa vida neste estado, alguns mais, outros menos. Muitos precisam de remédios para conseguir dormir, por insônia, hiperatividade, ou dor na consciência. Mas voltando às pessoas que não ligam para os outros e conseguem dormir à noite, sorte delas. Mas aqueles que estão perdendo o sono por problemas, pela crise, falta de algo em suas vidas, aprendam: dormir é o melhor remédio para esquecer os problemas e, quem sabe, para conseguir sair de toda a tensão que te tira o sono. Vire o jogo. Se você já tentou de tudo, não desista, mas tente relaxar. O nosso corpo tem um sistema de emergência vital: quando algo de grave acontece, desmaiamos, o coma é uma outra defesa. Um boot no sistema. E o sono nada mais é do que isso. Seja o que for que te tira o sono, tente começar do zero. No dia seguinte, tudo parecerá mais fácil.

Dez. / Jan. de 2017 EDITOR CHEFE Allan Johan COLABORADORES E COLUNISTAS Bruno de Abreu Rangel, Arthur Virmond de Lacerda Neto, Lucas Panek, Leandro Allegretti e Wladi. Tiragem 5 mil JORNALISTA RESPONSÁVEL Allan J. Santin DRT PR 8019 PROJETO GRÁFICO Lado A CONTATO REDAÇÃO contato@revistaladoa.com.br PARA ANUNCIAR contato@revistaladoa.com.br CORRESPONDÊNCIAS CP 10321 CEP 80730-970 Curitiba - PR As matérias assinadas não expressam a opinião editorial da Revista Lado A. Proibida a reprodução total ou parcial de conteúdo sem autorização prévia.

CAPA Modelo: Geovani Mathias Produção Lado A

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#ÍNDICE

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ENTREVISTA

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MODA ADÃO SEM EVA ÍNDIO TIBIRA

PARADA

20 25

37 guia gls sul

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coluna social comportamento identidades falsificadas


#ENTREVISTA


Kimberlly Bey

A filha caçula da Dona Maria

N

ascida em Terra Rica, interior do Paraná, Kimbelly veio ainda pequena para Curitiba, onde foi criada e fez sua carreira como drag queen. Caçula de sete irmãos, estudiosa e dedicada, sempre sonhou em ser artista. De personalidade forte, soube desde cedo o que queria e escolheu o nome Kimberlly em homenagem ao Power Ranger rosa que marcou a sua infância. Em 2004, com apenas 14 anos de idade, espelhando-se no trabalho de sua irmã mais velha, a drag queen Aninha Butterfly, começou a sua carreira brilhante, que foi consagrada este ano ao vencer o disputado concurso Drag Blue, da Blue Space, de São Paulo. Hoje, aos 27 anos, e com 13 de profissão, com um público cativo, ela é a mais nova residente da boate Cats Club, onde se apresenta aos finais de semana. Nesta entrevista, vamos contar um pouco da história desta estrela e de sua família fantástica. 8


Você esperava vencer o concurso da Blue Space este ano? O que isso mudou na sua vida? Jamais imaginei chegar onde cheguei e ganhar um concurso tão grande, estar no palco da Blue Space sempre foi um sonho, através disso estou tendo muito mais visibilidade e portas estão se abrindo. Sem dúvidas, a melhor fase da minha vida, estou amando. Como você se descobriu como drag? Descobri o que eu queria através da minha irmã que sempre admirei. Eu via nela o verdadeiro poder de ser uma Drag Queen: expressão, ousadia e atitude. Você é gay ou trans? Como entende a sua questão de identidade de gênero e orientação sexual? Não gosto de rótulos mas me identifico como trans! Sempre quis ser uma garota e através disso pude me conhecer como pessoa e me adaptar melhor perante a sociedade. Sou super bem resolvida e sei o que quero. Amo a vida que levo e pretendo alimentar cada vez mais meu ego. 9


E as trans drags sofrem preconceito? Existe preconceito, sim. Muito preconceito em relação a todos os tipos de situações. Mas, acredite: infelizmente o maior preconceito está dentro da própria sociedade GLBT. Você faz a linha mais feminina, o assédio é maior? Sim, com certeza ser uma trans drag queen atrai muitos olhares e curiosidade (risos) tanto no meio LGBT quanto no meio hétero! Como foi em casa essa descoberta em casa, ao lado de sua irmã? A aceitação da minha família foi tranquila, não foi uma surpresa pois todos já imaginavam! Sempre tive um jeitinho “duvidoso” (risos). Na verdade, o que mais surpreendeu foi o fato e a certeza de termos duas estrelas incríveis dentro de casa! Sua mãe é uma grande fã das duas, rola um ciúme? Jamais! Minha mãe é um ser humano incrível e tem um coração enorme, nos trata com muito amor e carinho. Ela deposita muita positividade a nós duas. Para ela somos grandes estrelas e o mesmo carinho que ela dá pra uma, 10

ela dá para a outra na mesma medida! Sem sombra de dúvidas nosso alicerce , nosso porto seguro! Quais dicas você dá para as drags iniciantes? O mercado das drag queens está cada vez mais competitivo, procure estar bem com você mesma e aprenda a lidar com as críticas, pois quase sempre são construtivas. Humildade em primeiro lugar! Sem dúvidas, procure sua verdadeira identidade como Drag Queen e procure ser diferente. O mercado das drags está muito repetitivo; atitude e personalidade são essenciais para não se tornar só mais uma! O segredo do sucesso é ter personalidade e humildade.


#MODA

adão sem

Eva


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>> SUNGA RESERVA, PULSEIRA GRAN 5

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>> CAMISETAS E BERMUDA RESERVA

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MODELO GEOVANI MATHIAS - PRODUÇÃO LADO A

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>> CAMISA E BERMUDA RESERVA, PULSEIRA GRAN 5 AGRADECIMENTO PREVIEW FASHION

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#COLUNA_SOCIAL

@Verdant

@SpotBear

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@CatsClub

@Caracala

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Identidades Falsificadas

#COMPORTAMENTO

A normatização dos padrões de beleza na internet Por Bruno Paulino Cercal

P

oucos desenvolvimentos tecnológicos modificaram e complementaram tanto a natureza dos espaços em que se materializam as relações sociais e os poderes que nelas se investem e circulam como a internet. Dentre o amplo rol de novidades trazidas à tona por esta ferramenta, a forma pela qual a internet é capaz de desvincular a noção de espaço

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de limites e distâncias físicas é uma variável capaz de modificar significativamente as dinâmicas de relações de poder do mundo social, tanto no âmbito cibernético quanto fora dele. No mundo físico, os objetos e agentes dos poderes, como os disciplinares, biopolíticos e normalizadores, são os corpos, as populações e as subjetividades. Corpos, grupos e sujeitos estes que adotam condutas legais ou ilegais, segundo o discurso penal, e são ou não são afetados por doenças mentais e “parafilias” sexuais definidos pela psiquiatria ou recriminados pela moral cristã. A partir destes marcadores, as características e comportamentos dos corpos são distribuídos, no seio de instituições disciplinares de sequestro e, mesmo, na sociedade como um todo, ao redor de “normas”, identidades ideais, às quais são incentivados a se aproximar por meio de tecnologias de poder que empregam punições e incentivos para produzir indivíduos normalizados, tornando, por exemplo, útil e dócil o corpo dos criminosos e dos loucos e normalizando a sexualidade dos “desviantes” em função de uma “economia das po-

pulações”. Talvez, efeitos correspondentes aos destes mecanismos atuem, de uma forma mais dispersa, mas igualmente efetiva, em outro registro: por meio da comercialização de padrões de beleza, de juventude, de atratividade, de moda e de pertencimento normalizados. Há, em função dessa comercialização, no mundo físico, uma vasta gama de espaços voltados à normalização estética dos corpos: spas, academias, clínicas de cirurgia plástica e de nutrição, shopping centers, lojas de roupas para tribos urbanas específicas, que vendem e disseminam a ideia de um mundo em que pertencer à(s) norma(s) estética(s) é, se não obrigatório, altamente valioso. Esses poderes agem sobre corpos que pertencem a classes sociais, grupos étnicos e culturais, faixas etárias diferentes; corpos que possuem determinados tamanhos e formatos; que adotam determinados símbolos de pertencimento e que são replicados ou transformados por meio de “comentários”. Essa dispersão dos comentários tem, nos indivíduos, papel fundamental ao exercer o aspecto vigilante deste poder 25


- generaliza-se a pressão social para inserir-se nos processos de adequação à norma, com base na vigilância e explicitação generalizada de seu (in)sucesso, em particular com relação às mulheres, cujos corpos sofrem um constante e histórico processo de objetificação.

ticamente ao mundo, convencendo-os de que a compra da norma estética almejada lhes dará o poder de exercer determinados benefícios sociais, quais sejam, principalmente, o pertencimento ou o acesso a determinados grupos e, de forma mais discreta e subentendida, a prática de relações sexuais e a obtenção de prazer É óbvio o efeito psicológico dentro deles. positivo de ouvir um comentário alheio a respeito da pró- Vamos, agora, à transfiguração pria “beleza”, que pode ser deste jogo social no mundo vista em termos de aproxima- digital. No mundo social da ção satisfatória de determina- internet, os agentes e objetos da norma estética. Da mes- das relações de poderes não ma forma, é óbvio o efeito são mais corpos. São perfis em frustrante de comentários ou redes sociais e plataformas de pressões negativas a respeito interação, perfis estes que todessas normas. A diferença é mam diferentes formas, a deque, em se tratando da rela- pender do propósito da rede ção entre a norma estética e a ou plataforma em questão. aceitação em grupos sociais, Perfis que estão sujeitos a um o que define quem entra não jogo social que, em função da são tecnologias biométricas transposição dos limites de esou similares, mas sim a ade- paço e tempo físicos, aumenta quação a determinadas nor- a potencialidade da vigilância mas, dentre elas as estéticas, e dos mecanismos que a torreforçadas no seio de cada nam visível (curtidas e comengrupo social. tários, por exemplo), congela no tempo os discursos e coO poder normalizador dos sa- mentários e viraliza a pressão beres que definem os padrões social. Ou seja, os mecanismos de beleza funciona, portanto, em questão no que se refere na medida em que é capaz aos tipos de poder aqui aborde “agir sobre a ação” dos dados se veem intensificados. indivíduos no tocante a suas formas de se apresentar este- As relações de poder em que 26


são investidos e inseridos os perfis sociais na internet têm, também, como objeto, o aspecto estético-visual destes perfis. O esforço de normalização, neste contexto, não encontra barreiras. Métodos e práticas consideravelmente viáveis se disseminam, visando à aprimoração das identidades estéticas dos perfis. Os chamados filtros, o Photoshop e outros programas de edição de imagens, a postagem seletiva de imagens com determinadas características, visando à visibilidade e à aprovação, materializadas, na rede social Facebook, por exemplo, no número de “curtidas” e de comentários, levam os perfis a um jogo duplo de normalização e de inclusão, anulando, dessa forma, o efeito negativo (exclusão dos não normalizados, que aparentemente deixam de existir) do poder estético no contexto digital. Levada ao extremo, essa lógica encontra sua manifestação e seu efeito mais peculiares na criação de identidades estéticas falsificadas, adotadas por indivíduos por uma série de motivos. Dentre eles, o de exercer benefícios que as restrições do mundo físico não permitiram e que nem mes-

mo o aprimoramento estético dos perfis digitais viabilizou, em função, talvez, de uma localização distante demais em relação às normas estéticas dos grupos em que querem se inserir os donos dos perfis. O que, no mundo real, implica em exclusão, no mundo digital, pode, e frequentemente acaba implicando, na falsificação. Há, assim, uma discrepância entre os efeitos do poder estético sobre os corpos e sobre os perfis, de forma que, cada vez mais, os perfis inventam a ilusão de um mundo normalizado que não condiz com a visão do eu no mundo físico, por mais que o faça no mundo virtual - e isso vale para todos.

Bruno Paulino Cercal é estudante de Relações Internacionais na USP. Foi estagiário da Seção Cultural do Consulado dos EUA em São Paulo e atualmente estagia no Centro de Relações Internacionais da FGV. Apaixonado por escrever, inovação e movido pelo desejo de fazer a diferença em um mundo cada vez mais complexo e pluralista.

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#GUIA_GLS_SUL

PORTO ALEGRE

BAR Venezianos Pub Café - R Joaquim Nabuco 397 Casa do Lado - R. da República, 546 Cabaret - Av. Padre Tomé, 200 Beco 203 - Av. Independência, 936 Mixx Bar - R. Conde de Porto Alegre, 232 After Bar - R. Com. Coruja, 189

RIO GRANDE DO SUL

CLUB Ocidente - Av. Osvaldo Aranha, 960 Refugiu’s Megadanceteria - R. Marcílio Dias, 290 Vitraux Club - R. Conceição, 492 Sexy Vício - R. Comendador Coruja, 102 Indiscretus- R. Visconde do Rio Branco, 390

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SAUNA/PEGAÇÃO 621 - R. Gen. Couto de Magalhães, 621 Barros Cassal - R. Barros Cassal, 496 Coruja- R.Comendador Coruja, 189 Eróticos Vídeos - R. Alberto Bins, 786 Plataforma - R. Pernambuco, 2765 Sauna Floresta - R. Dr. Vale. 88 Sauna Video - R. Ernesto Alves, 284 Thermas Mezzaninu - R. São Salvador, 108 Thermas Point Sul - R. Cabral, 468

CANOAS BAR Mix Pub - Av. Santos Ferreira, 922

CAXIAS

CLUB NOX - R. Darcy Zapparolli, 111 Studio 54 - R. Visconde de Pelotas, 87


FLORIANÓPOLIS

SANTA CATARINA

BAR Bar do Deca - Praia Mole (Último a Esq.) Blues Velvet - R. Pedro Ivo, 147 Jonas 570 - R. Francisco Tolentino, 750 PEGAÇÃO Hunter Video Club - R. Pe. Roma, 47 SAUNA Thermas Oceano - R. Luiz Delfino, 231

SÃO JOSÉ

CLUB Deny’s Bar R. João Grumiche/Trav. 437

CLUB Concorde Club - Av. Rio Branco, 729 Jivago Social Club - R. Dep. Roberto Leal ,4 1007.- Al. Adolfo Konder, 1007

JOINVILLE

CHAPECÓ

BAR Yes! Banana - R. Marcílio Dias, 92

BAR Bar Pixel - R. Min Calógeras, 178 D’Joy - Av. Getúlio Vargas, 743 Tongas e Milongas - R. São Paulo, 1447 Nosso Cantinho - R. Pres. Campos Sales, 217 SAUNA Thermas Joinville - R. Independência, 721 CLUB Notri Club - R. do Príncipe, 765

BLUMENAU

CLUB Queens - R. 7 de Setembro, 790 SAUNA Sauna Bruno - R. Pres. Vargas, 173

JARAGUÁ DO SUL

BAR Cantinho Lounge - R. João Fran. de Paulo, 627

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SANTA CATARINA

BALN. CAMBORIÚ BAR Duo Lounge - R. 300, 120 Sublime Café - R. Alvin Bauer, 555 Check-In Pub - R. 2100, 99, Sl 02. CLUB D.LED - Quarta Avenida 136 SAUNA Sauna Master - R. 2450, 86 Sauna Bianca - R. Jamaica 700 Thermas Club - R. 2800, 422

CURITIBA BAR Barbarala - Al. Cabral, 353 Bar do Simão - Av. Manoel Ribas, 640 Cwb Bar e Balada - R. Saldanha Marinho, 206 Route 69 - Al. Cabral, 597 Spot Bear - Al. Princesa Isabel, 704 Vu Bar - Av. Manoel Ribas,146 Zeigest - R. Jaime Reis, 310

PARANÁ

CLUB Cat´s Club - Al. Dr. Muricy, 949 CWBears - R. Kellers, 39 Black Box - R. Mateus Leme, 585 James - R. Vicente Machado, 894 Soviet - R. Bispo Dom José ,2277 Verdant - R. Dr. Claudino dos Santos, 126

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SAUNA 520 - R. Souza Naves, 520 Caracala - R. Alferes Poli, 1039 Club 773 - R. Ubald. do Amaral, 1664 Opinião - R. Amintas de Barros, 749 Batel - R. Teixeira Coelho, 54 Sauna Master - R. Saldanha Marinho, 214 PEGAÇÃO Dragon Vídeo - R. Vol. da Pátria 475 / 708



PARANÁ

CASCAVEL

BAR Biblioteca Pub - R. Maranhão, 483 Taboo - Av. Paraná, 3355

FOZ DO IGUAÇU

CLUB Space Disco - Av. República Argentina, 1028 Biblioteca Pub - R. Edmundo de Barros, 712 SAUNA Sauna 629 - R Almirante Barroso, 629 Sauna Aquarius - R. Eng Rebouças, 968

LONDRINA

BAR Valentino - Av. Pres Faria Lima, 486 CLUB NY Lounge - R. Rio Grande do Norte, 750 Narciso Club - R. Pref Faria Lima, 765

MARINGÁ

BAR Atari Pub - Av. Prudente de Morais, 946 CLUB Lexus Club - Pç. Manoel Ribas, 126 NY Lounge - Av. Rio Branco, 485

PONTA GROSSA

BAR Deck Club Lounge - R. Balduíno Taques, 1408 B

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Cervejas Comida de Buteco Som assinado por DJ's Encontro de Ursos e amigos! Aberto Sexta e Sรกbado รกs 21:00 | Domingo - 20:00 Fone: (41) 3022 6065 Alameda Princesa Izabel 704 - Bigorrilho - Curitiba PR


#HISTÓRIA

Índio Tibira

O primeiro militante e vítima da homofobia no Brasil

U

ma lápide gigante foi inaugurada em dezembro na Praça Marcílio Luz, no Centro de São Luís, Maranhão. O local escolhido é próximo de onde um índio gay foi morto em 1614, conforme resgate feito pelo Dr. Luiz Mott, decano do movimento gay e doutor em Antropologia, feito nos arquivos da Inquisição portugues a. 34


Antes de morrer, explodido na boca de um canhão, Tibira protestou que seus parceiros não receberam a mesma punição por serem ativos nas relações. A violenta morte também aponta para a homofobia do frei capuchinho francês Yves D’Évreux, que ordenou a execução sangrenta. Os tupinambás formavam a maior nação indígena do país, espalhados entre o Maranhão e Santa Catarina, ao longo do litoral. Entre eles, haviam os tibiras, homens que executavam tarefas caseiras atribuídas às mulheres e ainda faziam papel sexual passivo. Com hábitos sexuais libertinos aos olhos dos europeus, não são poucos os relatos destes índios homossexuais que habitavam o Brasil há 500 anos e sendo bem tratados por seus iguais. Depois de batizado e ter seu ultimo desejo de fumar realizado, o índio sem nome foi executado na muralha do forte de São Luís, junto ao

mar, por um tiro de canhão. O português Gabriel Soares de Souza, em 1587, escreve à coroa: “São os Tupinambá tão luxuriosos que não há pecado de luxúria que não cometam. Não contentes em andarem tão encarniçados na luxúria naturalmente cometida, são muito afeiçoadas ao pecado nefando, entre os quais se não tem por afronta. E o que se serve de macho se tem por valente e contam esta bestialidade por proeza. E nas suas aldeias pelo sertão há alguns que têm tenda pública a quantos os querem como mulheres públicas.” “A reivindicação do tibira cobrando que seus cúmplices também fossem executados revela surpreendente sentido de justiça igualitária, talvez o réu estivesse sugerindo que entre os principais chefes que o condenavam à pena de morte, havia alguns que frequentavam seus serviços homoeróticos”, destaca o texto do historiador Mott, que chegou a pedir a canonização do Índio Tibira

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#MILITÂNCIA

Parada da Diversidade de Curitiba 2016

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