Perfil do Musas - Museu de Street Art de Salvador

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SALVADOR 7/5/2014

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EDITORA-COORDENADORA: SIMONE RIBEIRO / DOISMAIS@GRUPOATARDE.COM.BR

MÚSICA O CANTOR IVAN LINS (FOTO) DIVIDE O PALCO COM LEILA PINHEIRO EM SHOW INTIMISTA, AMANHÃ, NO TEATRO CASTRO ALVES 3

DOCUMENTÁRIO ITAPUÃ – AS CANÇÕES DE UM LUGAR TEM LANÇAMENTO DUPLO HOJE

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Leonardo Aversa / Divulgação

PERFIL Projeto Musas – Museu de Street Art de Salvador, que realiza mutirões de grafite em diversos bairros, fixa-se na comunidade do Solar do Unhão

GALERIA AO AR LIVRE Fotos Lúcio Távora / Divulgação

LARA PERL

Na mitologia grega, as nove musas que inspiram todas as artes nasceram da união entre Zeus e Mnemosine, deusa da memória. As belas moças cantavam o presente, o passado e o futuro em um coro imortal e viviam em um templo aberto e livre, que levou o nome de museu. Inspirados nessa ideia original de museu da Grécia antiga, onde a arte estava em tudo, disponível nas ruas, Julio Costa, Marcos Prisk e Bigod Silva, grafiteiros do coletivo Nova 10Ordem, se juntaram para estruturar um movimento de encontros que já vinha acontecendo há anos. No início de 2012, criaram o Musas – Museu de Street Art de Salvador. A prática de sair para pintar diversos bairros, realizando verdadeiros mutirões de grafite, os levou para a comunidade do Solar do Unhão, curiosamente vizinha ao atual Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM). Pela afinidade com os moradores, escolheram o local para fixar uma sede fomentadora de projetos que unem o grafite às diversas linguagens artísticas.

Solar como tela

“Viemos desmistificar essa ideia de que a comunidade é violenta, queremos mostrar como ela é linda e nos recebeu de braços abertos. Fazemos parte dela”, contou Julio. A pequena comunidade com cerca de 300 famílias, definida por ele como uma grande casa com muitos quartos, virou tela em branco para os traços do coletivo. O sapo de Bigod, o letreiro de Prisk e o buda do próprio Julio tomaram as paredes das casas, junto com desenhos de outros artistas. Há poucos meses decidiram, junto com a comunidade, pintar cada casa de uma cor, sem grafite. “É bom dar uma respirada. Temos os arcos para explorar, mas sempre renovando e respeitando o desejo de cada um. Teve um casamento, pintamos tudo de branco”, explicou ele. Para o artista plástico Eder Muniz, a localização do Musas é muito simbólica por estar ao lado do MAM. “Enquanto a comunidade abraça a arte de rua, o museu ainda não se abriu para isso. Ao mesmo tempo, o Musas reforça a ideia de que o movimento coletivo é o que realmente faz a diferença no mundo. Sozinho ninguém chega a lugar nenhum”, considerou. Os custos do projeto também são cobertos a partir desse coletivo. “Nosso trabalho paga os custos maiores, como o aluguel, e a nossa rede de amigos na internet colabora com as outras coisas menores”, contou Julio. Hoje, esse grupo caminha junto e já chegou em outras comunidades como Ladeira da Preguiça, Gamboa, Calabar e Cidade de Plástico, em Periperi.

Museu vivo

Hoje, além dos tradicionais mutirões, eles também realizam atividades com plantas, cinema ao ar livre, brechós, oficinas de fotografia e pintura, exposições e tudo o que surgir, sempre a partir de ideias de amigos e colaboradores que aparecem e propõem algo novo. Por isso eles dizem que o Musas é feito por quem está lá. “Tudo vai acontecendo muito espontaneamente. Recebemos artistas do mundo inteiro na casa, eles vêm para conhecer a comunidade, pintar e desenvolver projetos”, contou Marcos Prisk, integrante do Musas que também reside na sede. Ele acredita que o resultado dos trabalhos pode ser visto nas ruas, em uma exposição natural.

“O Musas reforça que o movimento coletivo é o que faz diferença no mundo” EDER MUNIZ, artista plástico

“Na rua, não precisamos pendurar uma tela. A arte pode estar jogada em um canto, alguém pode passar e achar bonito a interação dela com o jardim, com o saco de lixo que está ao lado. É essa interação das coisas com pessoas no espaço que transforma a rua em uma grande galeria”, disse Prisk. Para Julio Costa, essas coincidências caracterizam o projeto como um “museu que guarda o acaso”. Na história das musas da mitologia grega, elas também aparecem sempre sem avisar para mostrar seus talentos e qualidades.

Julio Costa e Marcos Prisk em frente à casa sede do Musas, no Solar do Unhão

MUSAS – MUSEU DE STREET ART DE SALVADOR / WWW.ILOVEMUSAS.COM

Shai Andrade / Divulgação

Grafite nos arcos da entrada da comunidade do Solar do Unhão

Garoto da comunidade interage com a arte grafitada na parede

O coletivo de grafite Nova 10ordem está à frente do movimento


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