2 Saulo reúne multidão em show dedicado a Caymmi 6
SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 13/1/2014
COBERTURA Cerca de 10 mil pessoas lotaram o anfiteatro do Parque da Cidade ontem, no primeiro dia do projeto Canto da Rua
LARA PERL
O nome do homenageado era o mesmo do anfiteatro lotado: Dorival Caymmi. Ontem, entre 11h e 13h, os grandes sucessos do compositor e poeta baiano ecoaram no Parque da Cidade, cantados por uma multidão estimada em 10 mil pessoas. O show, com direção musical de Saulo e Luiz Caldas, levou ao palco os dois músicos juntos, e teve abertura da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), regida pelo maestro Carlos Prazeres. Jussara Silveira, Claudia Cunha e Aloízio Menezes também fizeram participações especiais. Foi o primeiro dia do projeto Canto da Rua, idealizado por Saulo para animar as manhãs de domingo em edições temáticas, que voltarão a acontecer nos dias 9 de fevereiro, homenageado o reggae, e 9 de março, explorando o samba.
como Suíte dos Pescadores, Samba da minha terra e Maracangalha, rapidamente reconhecidas pelo público, em arranjos de Letieres Leite, Wagner Tiso, Marcelo Caldi e Luciano Calazans. “Os arranjos ajudaram muito,
mas o trabalho do maestro Carlos Prazeres tem sido fundamental nessa aproximação”, reflete Saulo. As vozes dos convidados foram, aos poucos, se juntando aos instrumentos e preparando o público para a segunda parte
do show, em que Saulo cantou os sambas de Dorival Caymmi. A orquestra saiu e a banda subiu ao palco, formada por Luiz Caldas (violão), Ivan Sacerdote (clarineta), Mário Soares (violino), Daniel Neto (sanfona) e Rudson Daniel e Raul Pitanga
(percussão). O público dançou e cantou, em coro, sucessos como Saudade da Bahia, São Salvador e O Que É Que A Baiana Tem?, todos na voz de Saulo, ao lado do seu ídolo Luiz Caldas. “Foi uma direção musical Fotos Fernando Amorim / Ag. A TARDE
Carreira
O cantor e compositor Saulo consolida o primeiro ano de sua carreira solo com projetos e parcerias, a exemplo do Canto da Rua
O público que lotou o anfiteatro era tão diverso quanto a carreira de Saulo tem se mostrado. O ex-cantor da Banda Eva hoje transita entre diferentes nichos, que vão do publico alternativo, ao axé e reggae. Além disso, o cantor tenta sempre incluir a poesia em seu trabalho. “Há um algo mais no trabalho de Saulo, uma preocupação com o bem-estar coletivo. Ele vai trazer um novo paradigma para a música baiana, quebrar barreiras”, afirma Joselito Crispim, fundador da ONG Bagunçaço, que levou sua banda de adolescentes para tocar no parque, a convite do cantor. Para Luiz Caldas, Saulo é a revelação da música baiana atual. “Por muito tempo, o axé music esteve nas mãos de quem pensa apenas comercialmente. Saulo pensa em música como arte. A Bahia precisava disso”, conclui o músico, que também dirige os próximos shows.
“Há um algo mais no trabalho de Saulo, uma preocupação com o bem-estar coletivo”
“Já estava na hora do erudito se juntar ao popular, essa separação não deve existir”
“Eu costumo dizer que o público, de uma certa forma, é como uma criança, deve ser educado”
JOSELITO CRISPIM fundador da Bagunçaço
IVAN SACERDOTE clarinetista
LUIZ CALDAS músico
Show
“Nossa intenção era ver as pessoas cantando Caymmi com força, foi lindo. Ele é um compositor cultural, canta a nossa terra”, disse Saulo, afirmando estar realizado com o resultado do trabalho. Um grande diferencial do evento foi levar a Osba para um show popular. A orquestra estava vestida de branco e tocou canções conhecidas de Caymmi,
aberta, a gente tinha uma ordem das canções, mas o público fez com que a gente mudasse. Estou rodeado de músicos excelentes, todos participaram do processo”, afirma Luiz, que cantou seus sucessos, como O Que que Essa Nega Quer? na terceira parte do show, quando Saulo cantou algumas de suas músicas pedidas pelos fãs.
Drama sobre confinamento revê questões adolescentes João Carlos Sampaio Jornalista e crítico de cinema jcsampaio@grupoatarde.com.br
O veterano cineasta italiano Bernardo Bertolucci, 73 anos, está de novo em cartaz com o drama Eu e Você, inspirado em romance homônimo, escrito por Niccolò Ammaniti. Filme e livro tratam sobre a adolescência em sua crise de identificação com o mundo, aqueles sentimentos de solidão e desconforto, muito comuns nesta fase da vida. Não raras vezes o diretor mergulhou neste universo temático da juventude. Tratou sobre idealismo e engajamento político em fitas como Os Sonhadores (2002) e Antes da Revolução (1964), mas também sobre questões íntimas, aspirações e desejos como em Beleza Roubada (1996). Desta vez, preocupa-se com a maneira como um adolescente tenta sobreviver ao conjunto de forças que o cerca e sobre o qual pouco entende. Realiza uma
obra simples, com praticamente uma única locação, abordando claustrofobia, recolhimento e a tentativa de experimentar uma liberdade que o mundo lhe parece negar.
Personagens
A trama apresenta um garoto de 14 anos, Lorenzo, vivido pelo jovem ator Jacopo Olmo Antinori. Ele experimenta o auge da sua crise existencial, apesar de que, para o “mundo adulto”, ele não possui nenhuma razão para se rebelar. É um menino de classe média, com todas as condições para uma vida escolar normal. Lorenzo aproveita um período de férias nas montanhas como álibi para fugir dos que o cercam. Ao invés de seguir no passeio com os colegas, prepara mantimentos para se esconder no porão da casa onde mora, em Roma, com a sua mãe. Com livros, música e comida (lanches, refrigerantes, basicamente) garante as condições para permanecer refugiado, em seu retiro voluntário, inalcançá-
O diretor fala de seu tema maior, o amor, sem tons incestuosos
vel pela mãe ou por qualquer outro contato com o mundo externo, ainda que o celular permaneça ligado, justamente para dissimular a troca de destino que planejou para a sua viagem pessoal. A princípio o plano parece dar
certo, até que surge algo inesperado. Ele é descoberto pela meia-irmã, Olívia, filha de seu pai, que é interpretada por Tea Falco. Ela é uma garota na faixa dos 20 anos, que está tentando fugir também, mas não do mundo e sim das drogas. Divulgação
Jacopo Olmo Antinori (Lorenzo) e Tea Falco (Olívia), destinos cruzados em novo filme de Bertolucci
O acaso de encontrar o meio-irmão no porão soa como algo perfeito para os seus planos de desintoxicação. Ao que parece, a moça encontrou um grande amor e está pronta para viver com ele ou, pelo menos, tentar uma relação estável, desde que se livre de sua dependência química. O estranhamento entre os dois (incluindo a diferença de idade) parecia instransponível até que este fortuito confinamento, que os obriga a se conhecerem melhor e, quem sabe, descobrir muito um sobre outro e ambos sobre si mesmos. Bertolucci faz aqui um filme singelo, um drama psicológico cuja ação fala de uma possível fraternidade como força motriz para uma redenção dos dois personagens. Cerca de dez anos depois do seu último filme, o cineasta, autor de O Último Tango em Paris (1973) e O Último Imperador (1987), fala de seu tema maior, o amor, sem tons incestuosos ou qualquer polêmica, mas simplesmente de amparo, acolhida.
CURTAS Erivan Morais/ Divulgação
Cantor Hélio Rocha é convidado no Dubliners Relançamento de catálogo de arte Mais uma edição do projeto I Hate Mondays acontece nesta segunda-feira, a partir das 22h, no Dubliners Irish Pub (Rio Vermelho). O convidado da vez é o cantor, escritor e compositor Hélio Rocha, ex-vocalista de bandas lendárias do rock baiano dos anos 80 em Salvador como Circus, 14º andar e Delirium Tremmens. A noite será regada também pela música dos anfitriões do projeto, mais precisamente do blues de Marconi Lins, acompanhado pela Soda Acústica com o guitarrista Gabriel de Moura, e o percussionista André de Souza. Depois
de um tempo afastado dos palcos locais, Marconi volta com repertório novo. A entrada é franca.
Já passaram pelo projeto I Hate Mondays artistas de diferentes estilos musicais, do rock até nova MPB
A Caixa Cultural Salvador convida para o lançamento da edição ampliada do livro 50 Anos de Arte na Bahia, da crítica de arte Matilde Matos. A obra inclui a participação de cinco novos artistas da Geração 2000 e tem sido considerada uma referência literária para as artes da Bahia. Neste volume foram incluídos artistas como Carlinhos Brown, Fábio Magalhães, Gaio Matos, Pedro Mariguella e Willyams Martins. O evento é gratuito e acontece nesta quarta, às 19h30, na Livraria Leitura do Shopping Bela Vista.
Obra do artista visual Vinicius S/A
Cursos de tecnologia na escola Oi Kabum! Jovens que têm entre 16 e 20 anos e residem em bairros populares de Salvador terão oportunidade de se formar em computação gráfica, design gráfico, fotografia e vídeo. A Oi Kabum!, escola de arte e tecnologia do Oi Futuro, está com inscrições abertas para seus cursos, que têm duração de 18 meses. O curso é inteiramente gratuito e os jovens têm direito à bolsa-auxílio. As inscrições vão até o dia 30 pelo link goo.gl/x3LpVw ou enviando e-mail para oikabum2014@gmail.com.