Caderno de Exercícios

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Caderno 1

Natureza / Humano Covid-19: Antes, Durante, Depois (Agora)


Caderno 1

FACULDADE DE BELAS-ARTES UNIVERSIDADE DE LISBOA ANO LETIVO 2020-2021 DESIGN DE COMUNICAÇÃO I Laura Mesquita Nº 13316

p.2

DA


Caderno 1

“Um acontecimento, ou uma sucessão de acontecimentos, pode parecer tão colossal que confundimos a sua enormidade com complexidade e fazemos com que sua inefabilidade venha a ser significativa em si.” Ler Imagens, Alberto Manguel

p.3


Caderno 1

Queen’s

Freddie

Mercury

at

Live

Aid, Neal Preston,

Cultura Depois de três meses em confinamento por causa de um vírus que pensávamos não ser um atentado à forma como vivemos hoje, relembramos tudo o que passámos. Esta imagem, que retrata o famoso cantor Freddie Mercury durante um concerto no Live Aid, transmite uma energia tão poderosa de milhares de pessoas que na sentiram numa tentativa de ajudar a acabar com a fome na Etiópia e assim como elas, também muita da nossa companhia foi a música, os livros e os filmes, durante estes meses, que nos mantinham ocupados. E mesmo passando o confinamento as regras mudaram, a música é a mesma, mas a forma como a ouvimos já não. O cinema é o mesmo, mas a forma como o vemos já não. A música passou a ser ouvida com distância e o mesmo acontece com o p.4

com o cinema. Já na altura do Live Aid, o concerto foi transmitido para milhares de pessoas através de canais televisivos. Hoje há concertos solidários através de live streaming, onde em qualquer sítio que estejamos e tenhamos net conseguimos ver um concerto sem ter de sair do lugar. Por um lado, mais pessoas conseguem ter acesso, mas por outro perde se toda a emoção e vibração que um concerto ao vivo consegue transmitir, não a uma única pessoa, mas a uma multidão. O vírus veio mudar toda a cultura e a forma como a vemos, mas não deixa de ser o que era. Continuamos e vamos continuar a ir ver concertos, a ir ao cinema, a visitar museus e exposições, desta vez com distância de segurança e lugares sentados no caso da música e do cinema.

13

de

1985,

julho

de

Wembley

Stadium, London

Numa altura de pandemia temos de nos unir, para conseguir viver em comum com este vírus assassino entre nós, que vai ficar para sempre registado na memória de todos.

REFERÊNCIAS Filme dos Queen Medidas de segurança da Dges


Caderno 1

Política Ao longo da história, temo-nos debatido com várias guerras políticas entre países dispostos a sacrificar inocentes incapazes de sobreviver a esse “vírus”. Com a atual pandemia, os políticos também têm dificuldades em tomar medidas para ajudar o país e a sua economia, e ao mesmo tempo, manter as pessoas em segurança. Esta imagem é de um protesto antiguerra contra a guerra do Vietname em 1967. Milhares de pessoas juntaram-se para protestar pacificamente contra a guerra enfrentando as forças policiais. No mais recente filme de Aaron Sorkin, “The Thrial of the Chicago 7”, é relatado como se passaram esses protestos, durante uma convenção nacional democrática. A guerra entre os dois países, Vietname e Estados Unidos da América foi como um vírus que

destruiu vidas humanas e a natureza do país, destruindo toda a vida onde a destruição caía. Atualmente, não é um confronto entre países, mas sim, o mundo inteiro, a lutar contra o mais recente inimigo público: o covid-19. A origem deste vírus e da criação de todas estas guerras está no Homem, que só poluí o planeta. A natureza vingou-se em nós trazendo-nos este vírus, que já nem os políticos conseguem controlar. O coronavírus SARS-CoV-2, já ganhou juízos de “esta é a crise mais grave por que passou o mundo”, “agora sim, estamos alertados para as alterações climáticas”, “daqui adiante, seremos a geração-coronavírus”, ou “depois disto, nada será igual”. Uma das medidas que muitos governos impõem na tentativa de dispersar o vírus é dimi-

nuir a vida cosmopolitana, dar oportunidade às pessoas de trabalharem a partir de casa para não terem de sair para um grande centro urbano. E assim o Homem apenas pode adiar o inevitável, fugir ao que acaba sempre por voltar, uma raça tão poderosa, mas que em frente a uma ameaça invisível não tem qualquer poder.

REFERÊNCIAS “A filosofia política perante o covid”, artigo Filme “The Thrial of the Chicago 7”

Flower Power, de Bernie

Boston,

21

outubro

de

de 1967, Washington,

Publicado

pelo Washington Star (jornal já extinto)

p.5


Caderno 1

“Dogs looking out of a window”, de Elliot Erwitt, 1990, New Orleans, Louisiana, USA, Magnum Photos

p.6


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Sociedade

A saúde mental sempre foi uma grande questão e há cada vez mais pessoas a sucumbir a uma das perturbações mais recorrente… a depressão. Podem ser várias as causas, como ficar desempregado, sozinho ou sem rotinas. O número de casos agravou-se com o novo coronavírus SARS-CoV-2 e a crise que consigo trouxe. Durante o confinamento de três meses, muitas pessoas tiveram como única companhia, apenas os seus animais de estimação. Esta imagem de Elliot Erwitt transmite-nos esses meses em que estivemos isolados dentro de um apartamento que muitas vezes não tinha sequer, uma varanda e onde os animais eram a única companhia. Eles mantinham as nossas rotinas, acabando por ser um escape muitas vezes para quando queríamos apenas sair e fingir que

tudo estava bem. Cuidar de algo implica isso mesmo: ter uma rotina que não nos leva ao stress psicológico de estar parado. No filme “Life of Pi” podemos ver a história de um rapaz que fica órfão devido a um naufrágio, ficando quase 10 meses em alto mar, no início com quatro animais selvagens e mais tarde, apenas com um deles. Para não perder nem a fé nem a saúde mental, a companhia do animal foi algo importante. A história diz-nos que, em situação de crise ou de catástrofe, a população é afetada também psicologicamente. Muitas pessoas perderam tudo, empregos, casas, até a energia de continuar a viver, devido a tudo o que acontece no planeta; as crises causadas por guerras, as pandemias (como esta em que vivemos), a situação atual do

planeta. Todas estas alterações refletem-se em nós e na nossa mente. A relação homem-animal proporciona afeto e apoio, não existem julgamentos nem críticas, apenas segurança e conforto. Daí o cão ser considerado o “melhor amigo” do homem desde há milhares de séculos.

REFERÊNCIAS Estudo do estado psicológico da população afetada pelo covid-19 Filme “Life of Pi” de Ang Lee Artigo sobre a importância dos animais na pandemia

p.7


Caderno 1

Berlin Memorial to the Murdered Jews of p.8 Europe, Peter Eisenman, 2005


Caderno 2

Espaço / Tempo Covid-19: Antes, Durante, Depois (Agora)


Caderno 2

“Através do olho da len lent contemporâneo e o pres iconografia coletiva”

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Caderno 2

te, o passado tornou-se sente resumiu-se a uma “Ler Imgens”, Alberto Maguel

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Caderno 2

Frame do filme do livro “A rapariga que Frame do filme “Interstellar”, realizado

roubava livros”. Um livro de Markus

por Christopher Edward - diretor de ci-

Frank Zusak (Sydney, 23 de junho

nema, roteirista e produtor britânico,

de 1975) é um escritor australiano.

em 2014. Nasceu em Londres.

A menina que roubava livros man-

É um dos mais bem-sucedidos direto-

teve-se no primeiro lugar de vendas

res de Hollywood. O filme ganhou um

no site da Amazon e na lista dos mais

Óscar de Melhores Efeitos Visuais em

vendidos do The New York Times.

“A suspensão” é um terço de resina de polietileno com dimensões de

2015.

2600 x 1050 x 75 cm, instalado no alto

Filme

Livro

O espaço num museu está em constante mudança e o tempo vai variando de divisão para divisão. Num sítio podemos estar no tempo do Egipto como noutro podemos estar no século passado. O tempo vai passando, mas os registos dos seus acontecimentos retratados pelos artistas vão ficando. Com certeza a pandemia pela qual estamos a passar também será registada pelos artistas e ficará presente como história para gerações futuras.

A narradora desta história é a Morte, onde a sua função é recolher a alma dos que morrem. Durante a Segunda Guerra Mundia, na Alemanha, ela encontra a protagonista, Liesel Meminger, onde o seu irmão mais novo é enterrado numa estação de comboio próxima. Ela é dada a uma família de adoção, na Rua Himmel: Hans e Rosa Hubermann. Ao longo dos quatro anos que viveu com a sua nova família, roubou diversos livros onde aprendeu lições com eles. O livro fala um pouco de como as pessoas se protegiam na segunda guerra Mundial e o que fazia para distrair as pessoas durante os bombardeamentos. A história termina novamente com a morte a narrar e a contar como Liesel viveu muitos anos e construiu a sua própria família.

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do Recinto de Oração do Santuário de Fátima, Joana Vasconcelos, 2017

Obra de Natureza Artística A religião/fé sempre fez parte da civilização humana, com a pandemia é um refugiu para muitos que perdem os seus entes queridos para a covid-19. Joana Vasconcelos é uma artista plástica portuguesa que expõe regularmente desde meados da década de 1990. O reconhecimento internacional do seu trabalho aumentou com a participação na 51.ª Exposição Internacional de Arte – la Biennale di Venezia, em 2005. Nasceu em 1971. A natureza do processo criativo de Joana Vasconcelos assenta na apropriação, descontextualização e subversão de objetos pré-existentes e realidades do quotidiano.


Caderno 2

“Uma fotografia ao mesmo tempo que regista o que foi visto, sempre e por sua própria natureza refere-se àquilo que não é visto” John Berger

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Caderno 2

Undated, Vivian Maier

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Tempo

Durante o período de confinamento o tempo passou mais lentamente, sendo o espaço onde nos encontrávamos, a nossa casa ou as quatro paredes do quarto. Isto para nós, pessoas comuns, mas para os médicos e outros profissionais de saúde, o tempo passou num instante, uma vez que as solicitações e o trabalho acrescido não lhes permitiram parar e descansar devidamente. Hoje olhamos para o passado e pensamos que algo desta dimensão seria impossível de acontecer, mas que, no entanto, aconteceu. Nesta imagem de Vivian Maier, o espaço é o museu. Apesar de ser uma estrutura estática, o tempo está em constante mudança. Aqui, podemos encontrar testemunhos de Guerras, Pandemias e importantes marcos na história da Humanidade, ou seja, permite viajar no tempo através das obras expostas.

A pandemia veio desta forma, também revolucionar a Arte e tudo o que consigo acarreta, desde o modo como a vemos a como sentimos. No filme “Interstellar” percebe-se que todos os males causados ao planeta Terra fizeram com que mais tarde a civilização tivesse de procurar outro planeta para viver, no entanto vemos que, de planeta para planeta, o tempo é relativo, o que para nós é lento, noutro mundo passa num instante. Esta imagem fez-me lembrar exatamente isso: o tempo é relativo. Podemos ficar horas a contemplar um quadro e sentir que o tempo passou a correr. Alberto Manguel no livro, “Ler Imagens” diz: “Através do olho da lente, o passado tornouse contemporâneo e o presente resumiu-se a uma iconografia coletiva”. A arte do passado tornou-se contemporânea, uma vez que eventos pas-

sados, repetem-se na atualidade. É o caso desta pandemia, fenómeno já ocorrido, mas que tem hoje, outras implicações e consequências, porque o mundo de hoje já não é o mesmo do passado.

REFERÊNCIAS Alberto Manguel, “Ler imagens” Megan O’Grady, “What Can We Learn From The Art Of Pandemics Past?”, The New York Times

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Caderno 2

Passado Ao longo da história vamos ao encontro de diversas situações trágicas com repercussões a nível mundial, nomeadamente: Crises a crise do prime time que começou nos EUA e afetou a economia do mundo todo; Guerras - como a Segunda Guerra Mundial que ressoltou na morte de milhares de soldados e civis e Pandemias - a gripe espanhola infetou milhões de pessoas e resultou na morte de muitas outras. O livro “A Rapariga Que Roubava Livros” conjuga a Morte, algo muito presente no tempo de ação do livro (Segunda Guerra Mundial), com o poder de distração e o mundo do imaginário dos livros. De forma semelhante, também nós tentamos pensar noutro assunto, além do covid. Servimo-nos da arte como escape, quer seja fazendo-a ou a apreciando-a. A Morte está presente há milhões de anos na civilização humana,

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onde as Guerras, Pandemias e Crises têm o maior impacto, e todos tentamos escapar à morte, algo inevitável. Hoje com o covid-19, já com onze meses da sua companhia, contamos com milhares de mortes por todo o Mundo. Esta imagem de Robert Capa, “A Field of the Dead”, é um registo de como eram tratados os falecidos da Segunda Guerra Mundial, cobertos com um cobertor e postos lado a lado. Uma imagem que é o testemunho do passado, mas que se repete no presente. O mesmo aconteceu durante o confinamento a que fomos submetidos durante três meses. Muitos não sobreviveram e não havendo espaço, foram enterrados lado a lado na mesma vala, algo desumano. Desde a Crise do prime time em 2007 que muitas pessoas têm passado por dificuldades econó-

micas e com esta nova pandemia decerto, que surgirá ou acentuará a crise que precede esta atual situação. Não sabemos como será a vida depois do covid-19, mas o que é certo é que ele já nos mudou de uma maneira que nem nós sabemos como.

REFERÊNCIAS “Crise Financial 2007”, Britannica Megan O’Grady, “What Can We Learn From The Art Of Pandemics Past?”, The New York Times


Caderno 2

A field of the dead in Normandy, by Robert Capa

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Caderno 2

Buddhism in Tibet (YYK-T35), Yang Yan Kang, 2006, Silver gelatin print

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Caderno 2

Místico Todos tentam arranjar maneira para passar o tempo durante o que vivemos hoje e do futuro que virá, inevitavelmente com outra crise. Não acho que existam palavras boas para descrever o que estamos a passar e Susan Sontag uma vez disse que dávamos um valor punitivo às palavras que usamos para descrever o que estamos a passar, parecendo ser uma sugestão de um julgamento bíblico sobre a sociedade. Penso que no fundo estamos a julgar-nos por sermos responsáveis, de alguma forma, pelo que estamos a passar. A Obra Artística de Joana Vasconcelos “A suspensão” remete-nos para a religião, para a crença em Deus, algo que com a pandemia muitos se devem ter perguntado “Onde está Ele?”. Esta imagem de Yang Yan Kang, “Buddhism in Tibet”, uma mulher tibetana a segurar uma pom-

ba como se fosse uma imagem omnipresente da Virgem Maria a apertar as mãos contra o peito como as asas de uma pomba, transfere-nos para um lugar místico onde não é a religião a alcançar, mas sim a espiritualidade que durante a pandemia também fez muitos de nós tentar alcança-la através de meditação. Para muitas religiões não se trata apenas da crença, mas sim da misticidade da espiritualidade e onde ela nos leva, e naquilo que nos transforma. Muitos tentam encontrar um equilíbrio através da meditação. Como afirma o Sacerdote, Pablo D’Ors: “A justiça social, a denúncia, tudo isso, vem por acréscimo, é o fruto de estarmos centrados. Primeiro, vamos transformando a nossa própria vida. A oração, o nosso próprio espírito transforma-nos e, simultaneamente, vai

transformando a vida à nossa volta, a vida familiar, a vida social, a vida do bairro. A vida da nação”. Durante a pandemia questionamo-nos sobre o nosso lugar no meio de tudo isto e a necessidade de mudar certos comportamentos, de forma a ajudar a combater

REFERÊNCIAS Megan O’Grady, “What Can We Learn From The Art Of Pandemics Past?”, The New York Times Anselmo Borges, “Religião e Espiritualidade”, Diário de Notícias Alberto Manguel, “Ler Imagens”

p.19


Caderno 2

Tina Modotti. Convent of Tepotzotlán, Mexico. p.20 1924


Caderno 3

Lugar / Não-Lugar Covid-19: Antes, Durante, Depois (Agora)


Caderno 3

“Pintada e não vazia, pintada está a casa. A cor de todas as grandes paixões e desgraças.” Ler Imagens, Alberto Manguel

A sobremodernidade é caracterizada por três excessos: o Excesso de Tempo, o Excesso de Espaço e o Excesso da Figura do Indivíduo. O que liga as pessoas aos não-lugares são as palavras, as imagens, a publicidade, que permitem a criação de “novos mundos”. Na sobremodernidade tudo é uma questão de meio para atingir o fim, o que usamos para chegar ao nosso propósito.

p.22


Caderno 3

Excesso de Espaço

Fotografia do reflexo de um foco de luz, 2020

Esta fotografia é composta por formas, uma circular e outra quadrangular. Existem várias linhas, as das próprias formas quadrangulares e a que liga a os dois círculos que se vai aprofundando ainda mais para dentro do espelho. O nosso reflexo nem sempre é o que parece, o espaço onde nos encontramos pode ser uma ilusão á realidade. Os espelhos dão-nos uma sensação de excesso de espaço, torna o sítio onde estamos numa espécie de terceira dimensão do outro lado do espelho. Se considerarmos de facto essa terceira dimensão haveria um alargamento do espaço infinito. Nas cidades também temos esta sensação de que estamos a ser enviados para o outro lado do “espelho” quando passamos por publicidade nos transportes

públicos que nos fazem pensar neles. Atualmente temos tudo que precisamos e queremos mesmo á nossa frente, passamos por vários sítios que nos transportam para lugares sem precisar de sair do mesmo. A comunicação cada vez mais tem se tornado num meio também para viajar, não são só os aviões que nos efetivamente levam a outro sítio, mas por exemplo, um indivíduo estar num outro país a fazer um live streaming através do telemóvel e nós estando em qualquer outro lugar, seja em casa, no carro ou até mesmo sítios públicos, podemos ver o que a outra pessoa está a mostrar. Isso faz-nos querer saltar para o outro lado do ecrã, como que se estivéssemos a ser transportados para esse sítio, essa terceira dimensão, esse alargamento do espaço do ecrã para

um infinito. É como Marc Augé refere no seu livro “Não Lugares”, “o que liga as pessoas aos não-lugares são as palavras, as imagens, a publicidade, que cria “novos mundos”. Esta fotografia retrata um não-lugar que nos possibilita a ligação a um lugar.

REFERÊNCIAS Marc Augé, “Não-Lugares”

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Caderno 3

Excesso da Figura do

Esta é uma fotografia de um lugar, a casa do indivíduo, da sombra de uma janela projetada numa parede, com contrastes escuros em tons de cinzento e preto. Mostra a sombra de um indivíduo, neste caso uma mulher, por causa dos cabelos, e a sombra de um ecrã de computador. É uma imagem com linhas horizontais e linhas verticais que incorporam a sombra da janela. A presença do individuo nestes últimos meses tem sido mais dentro de casa do que fora, devido ao novo coronavírus. O excesso de indivíduos na sobremodernidade, especialmente nas cidades, fez com que muitos tivessem agora de se refugiar em casa. O filme “The Naked Island” de Kaneto Shindö, que retrata uma família que vive numa pequena ilha e que tem de ir buscar água

potável todos os dias a outra, é um pouco como nós a fazermos a vida ao sair de casa para ir trabalhar, para ganhar o sustento que permite ter uma vida razoável em casa. No entanto com a pandemia agora fazemos a vida em casa, o indivíduo passou de ir para o trabalho ou faculdade para estar em casa a trabalhar virtualmente e manter-se-á assim até á descoberta de uma vacina que consiga combater este vírus. Agora é cada um por si, não pode haver ajuntamentos e temos de viver solitários, mas isso até pode ser algo bom. Geralmente ligam a solidão a algo negativo, pensam que estar sozinho é mau, mas não é. Estar num sítio calmo, a viver sozinho, faz com que nos conhecemos melhor: as nossas ideias, o que gostamos e não gostamos, sem sermos influen-

ciados por outras pessoas. O Homem sempre foi sociável e, não deixando de o ser porque existe internet e a comunicação para o outro lado do mundo faz-se no instante apenas com um clique, agora tem de restringir o contacto físico para não contagiar ninguém.

REFERÊNCIAS Filme “The Naked Island, de kaneto Shindö Artigo “As (muitas) vantagens de estar sozinho”

p.24


Caderno 3

o Indíviduo

Fotografia de uma sombra de uma janela com a luz natural de fora. 2020

p.25


Caderno 3

Fotografia de uma televisão

antiga

tirada

MAAT.

2020

p.26

no


Caderno 3

Excesso de Tempo

Nesta imagem o foco de luz artificial que chama a atenção é o ecrã da televisão, que está centrado no centro da imagem. Esse foco de luz reflete-se no chão, um pouco menos nítido. Esta imagem tem um contraste forte entre o fundo, preto, e o objeto, a televisão. Podemos comparar esta imagem a uma sala fechada que só tem uma janela onde deixa entrar luz, quase como estivemos confinados e apenas podíamos apanhar a luz que entrava pela janela adentro. Muito do nosso tempo é passado em frente a ecrãs, sejam eles a televisão, o computador ou o telemóvel. No entanto, é através destes ecrãs que vemos o que se passa á nossa volta e no mundo Um estudo da Eurodata diz que, até ao final de 2017, o número médio de horas diárias que

cada individuo vê televisão, em 110 países, é de duas horas e 56 minutos por dia. São quase três horas gastas do nosso tempo a ver filmes, series, reportagens, telejornais, etc. Estas horas deveriam ser reduzidas devido ao facto de causarem distúrbios ou falta de vista e muitos pais tentam que os filhos passem o menor tempo possível, mas já temos uma geração tão avançada que é impossível viver sem esta tecnologia. Na sobremodernidade, com a vantagem de termos tudo ao nosso dispor, tudo se torna mais rápido. Antigamente tínhamos de aproveitar muito bem o tempo para conseguir fazer tudo, atualmente o que temos sobra, temos tempo a mais para fazer o que queremos, temos excesso de tempo. As mais recentes notícias sobre o vírus SARS-CoV-2, a possibili-

dade de uma vacina por exemplo, são nos dadas ao minuto todos os dias através de telejornais, que são transmitidos através das televisões, ou através de plataformas digitais que dão a visualizar as notícias a todos. Todos estes aparelhos acabam por ser um lugar, um lugar onde podemos ir buscar informação ou retirar.

REFERÊNCIAS Estudo sobre o tempo que cada pessoa passa por dia a ver televisão Marc Augé, Não Lugares

p.27


Caderno 3

The Deep, Jackson Pollock, 1953

p.28


Caderno 4

Emoções / Pensamentos Covid-19: Antes, Durante, Depois (Agora)


Caderno 4

“Dependendo da cronologia que escolhemos, muda a nossa visão dessas obras primas.”

Ler Imagens, Alberto Manguel

p.30


Caderno 4

“This too incurred the censure of many, but brought no enmity

to the child himself; for his growing beauty and the charm of his disposition were a wonder and delight to all who met him. Indeed many persons of ripe experience confessed themselves astounded that such a creature should actually have been born in these latter and degenerate days. In the summer of that year the lady became very downcast. She repeatedly asked for leave to go to her home, but it was not granted. For a year she continued in the same state. The Emperor to all her entreaties answered only “Try for a little while longer.” But she was getting worse every day, and when for five or six days she had been growing steadily weaker her mother sent to the Palace a tear- ful plea for her release. Fearing even now that her enemies might contrive to put some unimag- inable shame upon her, the sick lady left her son behind and prepared to quit the Palace in secret. The Emperor knew that the time had come when, little as he liked it, he must let her go. But that she should slip away without a word of farewell was more than he could bear, and he hastened to her side. He found her still charming and beautiful, but her face very thin and wan. She looked at him tenderly, saying nothing. Was she alive?

“Genji Monogatari”, Murasaki Shikibu, Tradução de Arthur Waley

p.31


Caderno 4

Gengi Monogatari Murasaki Shikibu, Tradução de Arthur Waley

Kiritsubo Primeiro Capítulo A minha narrativa irá demonstrar este primeiro capítulo do romance “Kiritsubo”, um capítulo que mostra o nascimento da personagem principal, Genji, o príncipe, a morte da sua mãe, a primeira vez que Fujitsubo aparece e a beleza das personagens envolvidas, porque este conto trata também a beleza das mulheres que fizeram parte da vida de Genji e também a dele. Sendo o primeiro capítulo de uma história de romance e cultura, apresenta-nos as principais personagens e um possível rumo do conto, quando se avança para outros capítulos e começamos a ver o romance entre Fujitsubo e Genji ao longo da obra e a sua relação. Achei que esta obra tivesse muito o conceito de Belo, centrado na sedução de Genji a várias amantes.

p.32


Caderno 4

Guião Narrativo Painel Esquerdo

Painel Central

Painel Direito

Mostrar a morte da mãe de Genji, Kiritsubo. Duas imagens: a primeira mostra o sentimento de perda do imperador perante a morte da esposa (duas personagens, um homem e uma mulher, onde o homem está a segurar a mulher que está deitada apoiada com a cabeça no colo do homem, com um fundo branco); a segunda mostra a mulher já falecida (a mulher deitada em cima de um colchão fino, com as mãos apoiadas uma na outra e os olhos fechados). As personagens que pretendo demonstrar a beleza (Kiritsubo, Genji e Fujitsubo), estão vestidas com um lençol comprido como as vestes antigas do Japão.

Mostrar a beleza do pequeno imperador, Genji. Três imagens: duas delas, os extremos, mostram pequenos pormenores de Genji, a sua beleza (uma imagem dum pescoço com um pouco da cara do lado direito e uma imagem de uns lábios com o pescoço e a continuação do corpo); a imagem do meio, mostra o corpo inteiro do príncipe, a sua beleza (um rapaz vestido com um lençol comprido e a olhar subtilmente para a camara).

Mostrar a primeira vez que Fujitsubo aparece. Duas imagens: a primeira mostra a chegada da mulher com dois acompanhantes (uma mulher, vestida com um lençol, à frente e atrás acompanhada por dois homens vestidos normalmente, atuais); a segunda mostra a admiração que as outras mulheres tinham por Fujitsubo (uma mulher distante de outras duas, todas vestidas com um lençol, e as outras que estão mais atrás estão a admirá-la).

p.33


Caderno 4

Storyboard

p.34


Caderno 4

p.35


Caderno 4

INDÍCE Caderno 1 p.4 p.5 p.7

Cultura Política Sociedade

Caderno 2 p.15 p.16 p.19

FILE#1 Tempo Passado Místico

Caderno 3 p.23 p.24 p.27

FILE#2 Excesso de Espaço Excesso da Figura do Indivíduo Excesso de Tempo

Caderno 4 p.33 p.34

p.36

Tríptico Guião Narrativo Storyboard


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