Paisagens de Rondon - Catálogo 2016

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Equipe Técnica

Technical Team

Organização / Idealização do Projeto / Pesquisa / Fotografia Organization / Project Conception / Research / Photography

Mario Friedlander Organização / Pesquisa / Curadoria Organization / Research / Curatorship

João Antonio Botelho Lucidio Organização / Coordenação Geral Organization / General Coordination

Eduardo Espíndola Organização / Assistência de Curadoria Organization / Curatorial Assistance

©Mario Friedlander, 2016 Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios empregados, sem autorização prévia, expressa por escrito, da Instituição organizadora e do Autor. Mato Grosso. Secretaria de Estado de Cultura. Paisagens de Rondon/Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso. Autoria de Mario Friedlander, Organização de João Lucidio, Eduardo Espíndola, VivieneLozi. Cuiabá-MT: Acênica – Associação das Artes, Comunicação e Cultura de Mato Grosso, 2016. ISBN978-85-92787-01-1 Arte. 2. Fotografia 3. História. I.Friedlander, Mario (autoria, foto e pesquisa). II. Espíndola, Eduardo (organização e coordenação); III. Lucidio, João (organização, pesquisa e curadoria) IV. Lozi, Viviene (organização e curadoria) V. Título.

Viviene Lozi Produção Executiva Executive Production

Jackeline Silva Projeto Expográfico Expographic Project

Paulo Crispin Projeto Gráfico Graphic Project

Braavos Comunicação Realização Sponsors

Governo do Estado de Mato Grosso

Government of the State of Mato Grosso

Secretaria de Estado de Cultura State Culture Office

Acênica – Associação das Artes, Comunicação e Cultura de Mato Grosso Acênica -Association of Arts, Communication and Culture of Mato Grosso

Acesse fotos inéditas do projeto Paisagens de Rondon, de Mario Friedlander Access unpublished photos of the project Landscapes of Rondon, by Mario Friedlander


SUMÁRIO SUMMARY Memorial Rondon............................................................................................................................................................................................................................................................................................7 Rondon Memorial..........................................................................................................................................................................................................................................................................................7 Apresentação  •  Governo de Mato Grosso.......................................................................................................................................................................................................................................................8 Presentation  •  Government of Mato Grosso.................................................................................................................................................................................................................................................8 Apresentação  •  Secretaria de Estado de Cultura..........................................................................................................................................................................................................................................11 Presentation  •  State Department of Culture..............................................................................................................................................................................................................................................11 Apresentação  •  Acênica...............................................................................................................................................................................................................................................................................12 Presentation  •  Acênica..............................................................................................................................................................................................................................................................................13 Apresentação  •  Mario Friedlander...............................................................................................................................................................................................................................................................14 Presentation  •  Mario Friedlander..............................................................................................................................................................................................................................................................15 Cândido Mariano da Silva Rondon: a serviço da humanidade  •  João Antônio Botelho Lucídio....................................................................................................................................................................17 Cândido Mariano da Silva Rondon: in the service of humanity • João Antônio Botelho Lucídio......................................................................................................................................................................19 Organograma dos trabalhos realizados por Rondon.......................................................................................................................................................................................................................................20 Timeline of the Rondon’s works....................................................................................................................................................................................................................................................................22 Comissão construtora de linhas telegráficas de Cuiabá ao Araguaia – 1890-1898.........................................................................................................................................................................................29 Commission for construction of telegraphic lines from Cuiabá to Araguaia– 1890-1898...............................................................................................................................................................................31 Construção das linhas telegráficas no Estado de Mato Grosso – 1900-1906...................................................................................................................................................................................................35 Construction of telegraphic lines in the State of Mato Grosso – 1900-1906..................................................................................................................................................................................................37 Comissão construtora de linhas telegráficas estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas – 1907-1915...........................................................................................................................................................50 Commission for construction of strategic telegraphic lines from Mato Grosso to Amazonas – 1907-1915.....................................................................................................................................................52 Mapa geológico de uma parte do Estado de Mato Grosso..............................................................................................................................................................................................................................56 Geologic map of part of the State of Mato Grosso.........................................................................................................................................................................................................................................56 Rondon e os Povos Indígenas em Mato Grosso...............................................................................................................................................................................................................................................61 Rondon and the Indigenous Peoples of Mato Grosso.....................................................................................................................................................................................................................................63 Planta expográfica.........................................................................................................................................................................................................................................................................................76 Expographic Plan.........................................................................................................................................................................................................................................................................................76 Ficha técnica..................................................................................................................................................................................................................................................................................................78 Technical credit............................................................................................................................................................................................................................................................................................78 Referências....................................................................................................................................................................................................................................................................................................80 References....................................................................................................................................................................................................................................................................................................80


Memorial Rondon. Foto / Photo: Mario Friedlander

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Complexo Turístico e Histórico de Mimoso: Memorial Rondon

Mimoso Historic and Tourism Complex: Rondon Memorial

A ideia da construção de um monumento para homenagear Rondon em sua terra natal, Mimoso, Distrito de Santo Antônio de Leverger, partiu do então governador do Estado, Dante de Oliveira, que solicitou, em maio de 1997, ao arquiteto José Afonso Botura Portocarrero que fizesse uma proposta para sua construção.

The idea of building a monument to honor Rondon in his homeland, Mimoso, District of Santo Antônio de Leverger, was conceived by the governor of the State at the time, Dante de Oliveira, and in May 1997 he requested architect José Afonso Botura Portocarrero to submit a proposal for its construction.

Portocarrero, em parceria com o arquiteto Paulo Molina, sugeriu que fosse construído um grande memorial para múltiplos usos, uma obra marcante, com arquitetura moderna, mas com referências indígenas, que pudesse se tornar um ícone na paisagem pantaneira de Mimoso. Convencido a trocar um monumento por um memorial que pudesse acolher ações de toda natureza e que iria marcar definitivamente a paisagem de Mato Grosso, o governador autorizou a realização do projeto do Memorial Rondon, que foi entregue ao governo ainda em 1997. Portocarrero queria “fazer um memorial que representasse a grande obra de Rondon, tudo aquilo que ele construiu, em especial a defesa dos povos indígenas e o respeito aos seus territórios”. O projeto desenvolvido e depois executado teve inspiração na arquitetura das malocas indígenas e na circularidade das aldeias dos povos Jê, em especial os Boe Bororo, dos quais Rondon tinha descendência e que, segundo ele, viviam nos territórios onde Mimoso, Cuiabá e grande parte de Mato Grosso foram edificados. Até o ano de 2002, grande parte do memorial foi erguido sobre uma área alagável, em frente ao pacato e belo Distrito de Mimoso. A partir daí, uma paralisação das obras e um quase esquecimento da proposta original, mas, com o asfaltamento da Estrada Parque de Santo Antônio de Leverger para Barão de Melgaço, passando por Mimoso, o assunto tornou a ser discutido. Em 2014, chegou a ser feita uma licitação pela SECOPA para a finalização do Memorial, que seria um dos legados da Copa do Mundo.

Portocarrero, in partnership with architect Paulo Molina, suggested the construction of a large memorial for multiple uses, a landmark work of modern architecture, but with indigenous references, that would become an icon in the wetland landscape of Mimoso. The governor was convinced to exchange a monument for a memorial to shelter actions of any nature and definitively impact the landscape of Mato Grosso, and authorized the draft of the Rondon Memorial project, which was delivered to the government still in 1997. Portocarrero wanted to “build a memorial to represent the great work of Rondon, everything that he built, especially the defense of the indigenous peoples and respect to their territories.” The developed project and later executed was inspired by the architecture of the indigenous malocas and the circularity of the villages of the Jê people, in particular the Boe Bororo, of whom Rondon descended who, according to him, lived in the territories where Mimoso, Cuiabá and a large part of Mato Grosso were built. Up to 2002, a large part of the memorial had been built in a floodable area in front of the peaceful and beautiful District of Mimoso. From then on, the work has halted and the original proposal was almost forgotten, but, after the paving of the highway extending between Parque de Santo Antônio de Levergerto Barão de Melgaço, which passes through Mimoso, the idea was once again discussed. In 2014, SECOVA launched a bidding process for the completion of the Memorial, which would be part of the World Cup legacy. Finally, Governor Pedro Taques, who considers Rondon the “greatest citizen of the state of Mato Grosso in history due to his contributions in most varied areas”, instituted the “Year of Rondon”, when the governor assumed a public commitment to complete the work and deliver the Rondon memorial to the community.

Finalmente, o Governador Pedro Taques, que considera Rondon como o “maior mato-grossense da história por conta de suas contribuições nas mais diversas áreas”, institui o “Ano de Rondon”, ocasião em que o referido governador fez um compromisso público para a finalização das obras e entrega do Memorial Rondon para a sociedade.

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Amigos,

Friends,

Há, aproximadamente, um ano iniciamos as comemorações dos 150 anos de Cândido Mariano da Silva Rondon, mato-grossense e brasileiro ilustre, o Marechal da Paz, patrono das Telecomunicações brasileiras, homem que trazia no sangue a força dos Terena, Bororo e Guaná, e nas ações a fibra do pantaneiro.

Approximately one year ago we began celebrating the 150 years of Cândido Mariano da Silva Rondon, a citizen of Mato Grosso and illustrious Brazilian, the Marshall of Peace, patron of Brazilian telecommunications, a man whose blood carried the strength of the Terena, Bororo and Guaná, and whose actions showed the toughness of the wetland peoples.

Progresso, civilização e desenvolvimento – sob estes três pilares, Cândido Mariano ergueu sua história, trabalhando pela construção de uma identidade nacional, levando um novo Brasil ao Brasil, o Brasil dos sertões, redesenhado pelos 1.746 quilômetros de linhas telegráficas, desbravando um território por onde se ergueram cidades e hoje passam rodovias. Um Brasil até então oculto, desconhecido, rico, ávido por ser descoberto. Neste ano, para encerrar este ciclo comemorativo, o Governo de Mato Grosso tem o orgulho de entregar à população de Mimoso o Memorial Rondon. Também realizamos, no decorrer deste período, diversas ações para o resgate documental dos feitos do Marechal, de forma a eternizar seu legado, preservando um patrimônio inestimável. O trabalho de Mario Friedlander e sua equipe na pesquisa, curadoria e organização da exposição “Paisagens de Rondon” colabora para a revisitação da história, reconstruindo memórias em uma linguagem atualizada, tão adequada a uma era caracterizada pelo intenso fluxo de informações, em sua maioria instantâneas, fragmentadas: a linguagem visual, já valorizada em 1889 pelo próprio Marechal, homem de visão científica e apurada, sempre à frente de seu tempo, realizando registros de suas expedições, a despeito das limitações e dificuldades. Quero externar meu agradecimento a Mario Friedlander, em nome da comunidade de Mimoso e de todos os mato-grossenses, por enriquecer o acervo permanente do Memorial Rondon, disponibilizando cópias de parte do conteúdo da exposição. Que o espírito independente, inovador e, principalmente, humanista de Cândido Mariano da Silva Rondon continue nos inspirando no reconhecimento de nossa importância enquanto agentes do processo histórico-social, cultural e econômico brasileiro, bem como em nossas ações na busca por melhores dias: dias de transformação. Pedro Taques

Governador

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Progress, civilization and development – on these three pillars, Cândido Mariano built his legacy, helping build up a national identity, bringing a new Brazil to Brazil, the Brazil of the backcountry, reshaped by the 1,746 kilometers of telegraphic lines, exploring a territory where cities and roads were constructed. A Brazil that was until then hidden, not known, rich, eager to be discovered. This year, to conclude the celebrations, the Government of Mato Grosso is proud to deliver to the people of Mimoso, the Rondon Memorial. During this time, we also took several actions to rescue documents revealing Marshall’s, to eternalize his legacy and preserve such priceless heritage. The work of Mario Friedlander and his team in the research, curatorship and organization of the “Landscapes of Rondon” exhibition, collaborates in revisiting the history, rebuilding memories in an updated language so adequate for an era characterized by the intense flow of information, the majority of it instantaneous, fragmented: the visual language, already valued by the Marshall himself in 1889, a man of scientific and focused vision, always ahead of his time, recording his expeditions, despite the limitations and difficulties. I would like to express my gratitude to Mario Friedlander on behalf of the community of Mimoso and all other citizens of Mato Grosso, for enriching the permanent collection of the Rondon Memorial, making copies of part of the content of the exhibition available. May the independent, innovative and especially the humanist spirit of Cândido Mariano da Silva Rondon continue to inspire us to recognize our own importance as agents in the historical and social, cultural and economic process of Brazil, as well as to take our actions in search of better days: days of transformation.

Pedro Taques Governor


ParedĂľes do Leste Mato-grossense. Foto: Mario Friedlander Seawalls Eastern Mato-Grossense. Photo: Mario Friedlander

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Salto Belo, rio Sacre, Terra IndĂ­gena Pereci, Campo Novo do Parecis-MT. Foto: Mario Friedlander. Salto Belo, Sacre River, Pereci Indigenous Lands, Campo Novo do Parecis-MT. Photo: Mario Friedlander.

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Seguimos em 2016 reverenciando os 150 anos de nascimento de um grande brasileiro, o mato-grossense Cândido Mariano da Silva Rondon, célebre Marechal Rondon. Neste último ano, o Governo do Estado de Mato Grosso desenvolveu ações de preservação e promoção de sua memória, em diversas áreas, como a republicação e digitalização do imenso conteúdo científico e cultural que Rondon produziu em suas expedições, concursos de redação na rede pública de ensino, a finalização da obra do Memorial Rondon, na sua comunidade de nascimento, distrito de Mimoso, dentre tantas outras. Rondon viveu muitas vidas numa mesma vida, sendo pioneiro em diversas áreas do conhecimento. Foi ele quem primeiro apelou ao país para que respeitasse sua população original, especialmente as Forças Armadas, que passaram a dedicar suas vidas à salvação dos povos indígenas. Foi ele, com suas equipes formadas pelos mais destacados profissionais da época, quem estabeleceu as diretrizes que, por décadas, orientaram as políticas indigenistas do país. Mas a principal inovação de Rondon, segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, foi o estabelecimento do direito à diferença. Darcy o considerava o principal humanista brasileiro. Dentre as ações empreendidas nesta efeméride, destaca-se o importante trabalho idealizado e realizado pelo fotógrafo Mario Friedlander, atualizando nosso olhar para os caminhos trilhados por Rondon e resgatando importantes aspectos das expedições. Friedlander percorreu mais de 25 mil quilômetros pelos de estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul de carro, barco, avião ou a pé, para registrar, em fotografias poéticas, os lugares por onde a Comissão Rondon passou. O resultado é o projeto “Paisagens de Rondon” que, além das imagens de sua autoria, revela ainda um importante arcabouço de registros iconográficos deixados por Rondon na passagem por estes mesmos lugares. Parabéns, Mario Friedlander, por dedicar sua vida a tão nobre e relevante causa, possibilitandonos viajar com você para lugares especiais do nosso grande país.

In 2016 we continue celebrating the 150 years of birth of a great Brazilian, from Mato Grosso, Cândido Mariano da Silva Rondon, the famous Marshall Rondon. In the past year, the Government of the State of Mato Grosso developed activities to preserve and promote his legacy in various areas, such as republication and digitalizing of the immense scientific and cultural contents that Rondon produced in his expedition, essay contests in the public school network and the completion of the Rondon Memorial works, in the community he was born in, district of Mimoso, among many others. Rondon lived many lives in a same lifetime, and was a pioneer in several areas of knowledge. He was the first to appeal for his country to respect its original population, especially the Armed Forces, who began dedicating their lives to saving the indigenous peoples. It was he, with teams composed of the most notable professionals at the time, who established the guidelines for the Brazilian indigenous policies for decades. But the main innovation brought by Rondon, according to anthropologist Darcy Ribeiro, was establishing the right to difference. Darcy considered him the premier Brazilian humanist. Among the actions undertaken during this celebration period is the important work conceived and performed by photographer Mario Friedlander, updating our vision of the paths blazed by Rondon and rescuing important aspects of the expeditions, Friedlander travelled more than 25,000 kilometers through the states of Rondônia, Mato Grosso and Mato Grosso do Sul by car, boat, airplane or foot to record, in poetic photographs, the places through which the Rondon Commission passes. The result is the “Landscapes of Rondon” project which, in addition to his images, reveals an important framework of iconographic records left by Rondon in his passage through these same places. Thank you, Mario Friedlander, for dedicating your life to such a noble and relevant cause, allowing us to travel with you to the special places of our great country.

Leandro Carvalho

State Secretary of Culture

Leandro Carvalho

Secretário de Estado de Cultura

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Preservar a Memória da História

A exposição Paisagens de Rondon celebra os 150 anos de Cândido Mariano da Silva Rondon, o nosso Marechal da Paz, desbravador, indigenista e patrono da comunicação no Brasil, e acontece no Memorial Rondon erguido em sua homenagem em Mimoso, distrito de Santo Antônio de Leveger-MT, sua terra natal. O fotógrafo e documentarista Mario Friedlander, experiente e sagaz no trabalho de campo, acreditou que seria possível percorrer, documentar e mostrar as paisagens trilhadas por Rondon nas terras do Mato Grosso histórico, hoje dividido entre os estados de Mato Grosso, Rondônia e Mato Grosso do Sul, onde foram construídas as linhas telegráficas pela Comissão Rondon. Criamos uma exposição permanente com 190 fotografias, apresentada em um contexto histórico contemporâneo, além de uma pesquisa realizada por Friedlander e pelo Prof. Dr. João Antonio Botelho Lucidio, que assina esta curadoria. Paisagens de Rondon apresenta uma estética expográfica com 36 painéis em formatos diversos e nomeados como “Lina BoBardi”, contendo fotos históricas e textos das linhas telegráficas de Cuiabá ao Araguaia-MT, de 1890 a 1898, e no Estado de Mato Grosso, de 1900 a 1906. No percurso, encontram-se os formatos de “Barraca”, que relembram os acampamentos que eram montados nas expedições. Nesses suportes, constam informações e fotos do Reconhecimento do Sertão: de Cuiabá à Amazônia; a construção da Linha Telegráfica de Cuiabá ao Amazonas, de 1907 a 1915; e ações científicas da Comissão Rondon. Nos “Totens triangulares”, são apresentadas fotos das etnias contatadas por Rondon.

No decorrer do percurso, deparamo-nos com fotografias atuais que trazem as paisagens dos caminhos percorridos por Rondon nas regiões Centro-Oeste e Norte, além de retratos dos Povos Indígenas registrados pelas lentes de Friedlander. Fica evidente que Rondon não conseguiria realizar esse feito se não fosse a participação, o apoio e o trabalho dos Povos Indígenas, detentores do conhecimento e sabedoria acerca das regiões percorridas pela Comissão, sendo fundamentais para o êxito dessa grandiosa façanha. Tamanha a gratidão de Rondon, que foi considerado o verdadeiro defensor dos direitos dos povos das florestas. Flechado por um indígena, Rondon seguiu seu lema fielmente: “Morrer se preciso for, matar nunca”, e não permitiu que os homens que o acompanhavam reagissem. Atualmente, ficamos a imaginar que, se tivéssemos garantido que esse legado das construções telegráficas estivesse preservado, poderíamos hoje mostrar aos nossos filhos, no mapa brasileiro, a “Rota de Rondon”, como temos a “Estrada Real”, “Caminhos da Fé”, entre tantos outros no Brasil. Rondon revelou um Brasil aos brasileiros e temos o dever de garantir que essa história não seja esquecida em um país tão carente de novos heróis, líderes e ídolos. Sem memória, não há futuro. Preservar a memória da história é um ato de cidadania, pois quebra o silêncio para educar as jovens gerações. Eduardo Espíndola

Diretor da Acênica

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Preserve the Memory of History

The Landscapes of Rondon exhibition celebrates the 150 years of Cândido Mariano da Silva Rondon, our Marshall of Peace, explorer, Indianist and patron of communications in Brazil; it will BE held at the Rondon Memorial built in his honor in Mimoso, district of Santo Antônio de Leveger-MT, his homeland.

Along the course, we come across current photographs that show the landscapes of the paths travelled by Rondon in the Mid-West and Northern regions, in addition to portraits of the Indigenous Peoples registered by Friedlander.

Photographer and documentary filmmaker, Mario Friedlander, with his experience and cleverness in field work, thought it would be possible to visit, document and show the landscapes explored by Rondon in the lands of the historical Mato Grosso, today divided among the states of Mato Grosso, Rondônia and Mato Grosso do Sul, where telegraphic lines were built by the Rondon Commission.

It becomes evident that Rondon would not be able to do this without the participation, the support and the work of the Indigenous Peoples, who have the knowledge and wisdom of the regions travelled by the Commission, having an essential role for the success of this great feat.

We created a permanent exhibition with 190 photographs, presented within a contemporary historical context, in addition to research conducted by Friedlander and by Professor Dr. João Antonio Botelho Lucidio, who the curator of the collection. Landscapes of Rondon presents an expographic esthetic with 36 panels of various shapes and named “Lina BoBardi”, with historic photos and texts of the telegraphic lines from Cuiabá to Araguaia-MT, from 1890 to 1898, and in the State of Mato Grosso, from 1900 to 1906. Along the way we find the shapes “Tents” that resemble the campsites assembled in the expeditions. Such supports display information and photos of the Reconnaissance of the Backcountry: from Cuiabá to the Amazon; the construction of the Telegraphic Line from Cuiabá to the Amazonas River, from 1907 to 1915; the scientific activities of the Rondon Commission. On the “Triangular Totems” are photos of the ethnicity contacted by Rondon.

Such was Rondon’s gratitude that he was considered the true defender of the rights of the forest peoples. Struck by a native arrow, Rondon remained firm to his motto: “Die if need be, but never kill”, and did not allow the men who accompanied him to react. Now we are left to imagine that if we had been able to guarantee the preservation of the legacy of the telegraphic construction, today we would be able to show our children “Rota de Rondon” on the map of Brazil, just as we are able to show them “Estrada Real” and “Caminhos da Fé”, among so many others in Brazil. Rondon revealed a whole new Brazil to its citizens and we have the duty to guarantee that this history is not forgotten in a country in such need of heroes, leaders and idols. Without memory, there is no future. Preserving the memory of history is an act of citizenship, because it breaks the silence to educate the younger generations.

Eduardo Espindola Acênica Director

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Paisagens de Rondon

Mais uma vez, estou às voltas com uma exposição que pretende mostrar às pessoas um pouco da diversidade de paisagens naturais e históricas do lugar que escolhi para viver: Mato Grosso, no coração do Brasil, no centro da América do Sul, o ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico, a terra de Rondon.

O objetivo central do projeto pretendeu percorrer, documentar e mostrar as paisagens trilhadas por Rondon nas terras de Mato Grosso, desde a década de 1890 do século XIX, e que, após duas divisões, compreende os estados de Mato Grosso, Rondônia e Mato Grosso do Sul.

Desta vez, entretanto, a perspectiva do olhar e das imagens se baseia no legado de um homem notável.

Foi uma viagem no tempo, um esforço coletivo de uma equipe de 12 pessoas e, confesso, quanto mais pesquisávamos a obra de Rondon, mais percebíamos a dificuldade de percorrer e mostrar seu gigantesco legado.

Cândido Mariano da Silva nasceu em 1865, em pleno Pantanal, depois se tornou Rondon e hoje comemoramos os 150 anos de seu nascimento com essa exposição e com a entrega, pelo Governo do Estado, do “Memorial Rondon”, um marco arquitetônico em Mimoso, sua terra natal, que, a partir de agora, depois de longa e difícil gestação, vai seguir seu destino e escrever sua própria história.

Também me surpreendi com a quantidade de pessoal envolvido com fotografia e cinema em suas expedições: foram 37, entre fotógrafos, cinegrafistas e assistentes. Dentre os principais fotógrafos da Comissão Rondon, destacamos: Luiz Leduc, Luiz Thomaz Reis, João Salustiano Lyra, Oscar Pires, Antonio Pyrineus de Souza, Emanuel Silvestre do Amarante, e Benjamin Rondon, seu filho.

Estou feliz de fazer parte, juntamente com toda a equipe de meu projeto, deste primeiro momento do Memorial Rondon.

Na exposição “Paisagens de Rondon”, apresentamos uma mostra de diversas paisagens naturais e etnias indígenas com as quais Rondon manteve contato. Para dar visualidade às suas ações, recorremos a uma parte do fabuloso acervo fotográfico produzido pela Comissão Rondon ao longo de 40 anos. Destacamos as explorações geográficas e a construção das linhas telegráficas que conectaram Mato Grosso com o Brasil e o mundo.

O projeto “Paisagens de Rondon” foi pensado e formatado para integrar o “Ano de Rondon”, brilhante iniciativa do Governador Pedro Taques, que assim reconhece a importância que Rondon teve para a história de Mato Grosso.

Mario Friedlander

Fotógrafo e autor da Exposição Paisagens de Rondon

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Landscapes of Rondon

Once again, I am surrounded by an exhibition that intends to show people a little of the diversity of natural and historical landscapes of the place where I chose to live: Mato Grosso, in the heart of Brazil, in the center of South America, the equidistant point between the Atlantic and the Pacific, the land of Rondon.

It was a trip through time, a collective effort by a team of 12 individuals and, I must confess, the more we researched the work of Rondon, the more we realized the difficulty in travelling and showing his great legacy.

This time, however, the perspective of vision and of the images is based on the legacy of a notable man.

I was also surprised by the number of individuals involved in the photography and cinema in his expeditions: there were 37, including photographers, filmmakers and assistants.

Cândido Mariano da Silva, who would later become Rondon, was born in 1865 in the middle of Pantanal, and today we celebrate the 150 years since his birth with this exhibition and with the delivery, by the State Government, of the “Rondon Memorial”, an architectural landmark in Mimoso, his homeland, which, as of this moment, after a long and difficult development, will follow its destiny and write its own history. I, along with my entire project team, am happy to be part of this first moment of the Rondon Memorial. The project “Landscapes of Rondon” was conceived and developed to integrate the “Rondon Year”, a brilliant initiative by Governor Pedro Taques, who in this way recognizes the importance of Rondon in the history of Mato Grosso. The central goal of this project sought to travel, document and show the landscapes explored by Rondon in the lands of Mato Grosso since the decade of the 1890s in the XIX century, and which, after two divisions, encompasses the states of Mato Grosso, Rondônia and Mato Grosso do Sul.

Among the main photographers of Rondon Commission, we highlight: Luiz Leduc, Luiz Thomaz Reis, João Salustiano Lyra, Oscar Pires, Antonio Pyrineus de Souza, Emanuel Silvestre do Amarante and Benjamin Rondon, his son. In the exhibition “Landscapes of Rondon”, we present a sample of several natural landscapes and indigenous ethnicities with which Rondon had contact. To provide an overview of his activities, we turned to part of the amazing photographic collection produced by Rondon Commission over the course of 40 years. We emphasized the geographic explorations and the construction of the telegraphic lines that connected Mato Grosso with Brazil and the world.

Mario Friedlander

Photographer and Author of Landscapes of Rondon

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Cândido Mariano da Silva Rondon, 1º Ajudante da Comissão Construtora da Linha Telegráfica de Cuiabá ao Araguaia – Ponte de Pedra-MT, 1891. Fotógrafo não identificado. Museu do Índio, Rio de Janeiro. Cândido Mariano da Silva Rondon, 1st Assistant of the Buidling Commission for the Telegraphic Line from Cuiabá to Araguaia– Ponte de Pedra-MT, 1891. Unknown photographer. Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Cândido Mariano da Silva Rondon: A Serviço da Humanidade A 5 de maio de 1865, veio ao mundo uma criança que recebeu o nome de Cândido Mariano da Silva. Antes de nascer, ficou órfão de pai e, dois anos depois, da mãe, e passou a ser criado pelo avô. Em idade escolar, foi mandado para Cuiabá, onde viveu com um tio, Manuel Rondon. Em dezembro de 1881, aos 16 anos, foi para o Rio de Janeiro estudar. Em 1883, após muitas privações, conseguiu ser aprovado para a Escola Militar da Praia Vermelha. Em 1888, o governo criou a Escola Superior de Guerra, para onde foi transferido e de onde foi desligado a 8 de janeiro de 1890, com o título de Engenheiro Militar e o diploma de bacharel em Matemática e Ciências Físicas e Naturais. A partir de 1890 até 1958, o jovem, que passou a assinar Cândido Mariano da Silva Rondon, em homenagem ao tio Manuel, se transformaria num dos homens mais importantes do Brasil. Sua imagem foi associada à construção de linhas telegráficas e expedições que permitiram o conhecimento de Mato Grosso, bem como das fronteiras nacionais. O seu trabalho mais importante, todavia, o identifica com a proteção dos povos indígenas. Entre 1890 e 1915, Rondon trabalhou na construção de linhas telegráficas. Ao realizar tal tarefa, atuou nas seguintes frentes: expedições de reconhecimento geográfico e científicas, com destaque para a Etnografia. Em 1907, criou o Escritório Central da Comissão Rondon. Coube àquele órgão a tarefa de organizar a documentação e divulgar as ações de Rondon e de sua equipe de oficiais pelos sertões do Brasil. A partir de 1915 até 1930, comandou três grandes frentes de trabalho: os serviços de reconhecimento para a Carta de Mato Grosso, a Diretoria de Engenharia e as Expedições de Inspeção de Fronteiras. Ao longo de sua existência, teve o cuidado de registar e guardar documentos escritos, iconográficos e fílmicos que, ainda hoje, atestam a magnitude de seu trabalho (VIVEIROS, 1958). Rondon era um político muito hábil; procurava gerar notícias que, do sertão, repercutiam na cidade do Rio de Janeiro, principalmente durante a fase de existência da Comissão Rondon. Essa estratégia o ajudava a conseguir recursos financeiros e reconhecimento necessários para levar a cabo seus trabalhos. Assim, desde logo, compreendeu o sentido, a importância e a força da imagem para divulgar suas ações.

A documentação referente aos trabalhos dos quais Rondon efetivamente participou – ou apenas esteve à frente – foi sistematizada a partir de 1907, pela Comissão Rondon. Durante anos, a considerável massa documental que ele gerou foi organizada e mantida por ele próprio e por seus comandados; depois de sua morte, pelos cultores de sua memória. Hoje, a maior parte das fontes deixadas pela Comissão Rondon encontra-se sob a guarda do Museu do Índio; mas elas também existem em outros arquivos, como: no Museu Histórico Nacional, no Museu Histórico do Exército, no Arquivo Histórico do Exército e na Biblioteca Nacional, instituições localizadas no Rio de Janeiro. Todavia, em Mato Grosso, dos registros documentais por ele gerados, apenas encontramos os que foram publicados. Mesmo as Estações Telegráficas foram abandonadas e destruídas pelo tempo. A documentação que ele deixou compõe um rico acervo, onde se destacam milhares de registros fotográficos, desde negativos, fotos avulsas, a álbuns e nove filmes com documentários. Há ainda fontes escritas, como diários de campanha, cadernetas de campo e a correspondência oficial de Rondon e de membros da Comissão. Além disso, foram publicados 107 títulos sobre assuntos diversos, como: serviço sanitário, expedições de reconhecimento, Botânica, Zoologia, Geologia, Astronomia e Etnografia (MACIEL, 1998). Uma parte dessa documentação – a que se encontra no Museu do Índio – foi consultada e reproduzida para a exposição “Paisagens de Rondon”. Além de fotos de Rondon, apresentamos um esquema dos trabalhos por ele comandados. Também procuramos dar visibilidade à sua equipe, que era composta por oficiais militares, soldados, cientistas de várias áreas do conhecimento, trabalhadores civis e indígenas. Rondon neles confiava e os comandava de onde estivesse, fosse desbravando algum sertão, fosse do Rio de Janeiro. “Paisagens de Rondon” é a oportunidade de valorizar aspectos de uma vida dedicada a Mato Grosso e aos povos indígenas. A exposição propõe um passeio pelos principais trabalhos e expedições realizados sob o comando de Rondon, no período de 1890 a 1930. Também podemos nos deleitar com fotos atuais, de autoria de Mario Friedlander, que retratam tanto as paisagens quanto os descendentes dos povos indígenas com os quais Rondon manteve contato e protegeu no século passado. João Antonio Botelho Lucidio

Curador da Exposição Paisagens de Rondon

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Cachoeira Couto de Magalhães no rio Araguaia, paisagem também visitada por Rondon. Fotógrafo: Mario Friedlander. Waterfall Couto de Magalhães the Araguaia River, landscape also visited by Rondon. Photo: Mario Friedlander.

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Cândido Mariano da Silva Rondon: In the Service of Humanity On May 5, 1865, a child came into the world with the name of Cândido Mariano da Silva. Before ever being born, he was orphaned by his father and, two years later, by his mother, after which he was raised by his grandfather. During his school days he was sent to Cuiabá, where he lived with his uncle, Manuel Rondon. In December 1881, at the age of 16, he went to study in Rio de Janeiro. In 1883, after many privations, he was approved to join the Praia Vermelha Military School [Escola Militar da Praia Vermelha]. In 1888, the government created the Superior School of War [Escola Superior de Guerra], to where he was transferred and from where he graduated on January 8, 1890 with the degree of Military Engineer and a Bachelor’s degree in Mathematics and Physical and Natural Sciences. From 1890 to 1958, the young man, who began signing his name as Cândido Mariano da Silva Rondon in honor of his uncle Manuel, would become one of the most important men in Brazil. His image was associated with the construction of telegraphic lines and expeditions that allowed the discovery of Mato Grosso, as well as the national borders. His most important work, however, identifies him with the protection of indigenous peoples. Between 1890 and 1915, Rondon worked on the construction of telegraphic lines. After completing his task, he worked on the following fronts: geographic and scientific reconnaissance expeditions, most notably those involving Ethnography. In 1907, he created the Central Office of Rondon Commission. It became the responsibility of this body to organize the documentation and disclose the activities of Rondon and his team of officers throughout the backcountry of Brazil. Beginning in 1915 until 1930, he commanded three large work fronts: the reconnaissance services for the Map of Mato Grosso, the Office of Engineering and the Border Inspection Expeditions. Throughout his life, he took care to record and keep written, iconographic and filmic documents which, even today, attest to the magnitude of this work (VIVEIROS, 1958). Rondon was very politically skilled; he tried to generate news that would have repercussion from the backcountry to the city of Rio de Janeiro, especially during the time of the Rondon Commission. This strategy helped him raise financial resources and necessary recognition to continue his work. So, from the very beginning, he understood the sense, the importance and the strength of images to promote his activities.

The documentation pertaining to the works in which Rondon effectively participated – or that were at least lead by him – was systematized by the Rondon Commission starting in 1907. For years the considerable volume of documents he produced was organized and maintained by Rondom himself and by the individuals he commanded; after his death, it was assumed by the guardians of his legacy. Today, the majority of the sources left by the Rondon Commission is under the guardianship of the Indian Museum; but they also exist in other collections, such as: in the National History Museum, in the Army History Museum and in the National Library, institutions located in Rio de Janeiro. However, in Mato Grosso, among the document records he created, we only find those that were published. Even the Telegraphic Stations were abandoned and destroyed by time. The documentation he left composes a rich collection, notably containing thousands of photographic records, from negatives, to individual photographs, to albums and new films with documentaries. There are also written sources, such as campaign diaries, field notebooks and the official correspondence of Rondon and members of the Commission. In addition, 107 titles were published on various subjects, such as: sanitary services, reconnaissance expeditions, Botany, Zoology, Geology, Astronomy and Ethnography (MACIEL, 1998). Part of this documentation – which is found in the Indian Museum – was consulted and reproduced for the exhibition “Landscapes of Rondon”. In addition to photos of Rondon, we presented an organizational chart of the works he commanded. We also tried to put the spotlight on his team, which was composed of military officers, soldiers, scientists from various areas of study and civil and indigenous workers. Rondon trusted them and commanded them wherever they were, whether it was exploring some backcountry or in Rio de Janeiro. “Landscapes of Rondon” is an opportunity to appreciate aspects of a life dedicated to Mato Grosso and to the indigenous peoples. The exhibition proposes a journey to the main works and expeditions made under the command of Rondon, during the period from 1890 to 1930. We are also able to enjoy current photographs taken by Mario Friedlander, which captures not only the landscapes, but the descendants of the indigenous peoples with whom Rondon had contact and protected in the previous century.

João Antonio Botelho Lucidio

Curator of the Landscapes of Rondon Exhibition

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COMISSÃO CONSTRUTORA E RECONSTRUTORA DA LINHA TELEGRÁFICA DE CUIABÁ AO ARAGUAIA (1889-1899)

1889 (23/12) - Nomeado 1° Ajudante da Comissão Construtora da Linha Telegráfica de Cuiabá ao Araguaia

1900-1903 - Construção da Linha Tronco desde o rio São Lourenço à vila de Aquidauana

1890 - Início dos trabalhos, em abril, no acampamento São Bento, distante 43 km de Cuiabá

1903-1904 - Construção do Ramal desde Aquidauana até Corumbá

1891 - Final dos trabalhos em 30 de abril, às margens do rio Araguaia

1904-1905 - Construção do Ramal desde Corumbá até Forte de Coimbra

1891 - Professor substituto na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro-RJ

1904-1905 - Construção dos Ramais desde Aquidauana até Ponta Porã e Bela Vista

1892-1898 - Chefe do 16° Distrito Telegráfico de Mato Grosso

1905 (jul.-nov.) - Expedição de reconhecimento do Sul do Estado

1882-1893 - Viagens para manutenção, reparos, e estudos para a reconstrução da Linha Telegráfica de Cuiabá ao Araguaia

1905-1906 - Construção do Ramal desde Cuiabá até São Luís de Cáceres

1893-1894 - Encarregado da construção da Estrada Estratégica de Cuiabá ao Araguaia

1906 - Reconhecimento do traçado da Linha de São Luís de Cáceres até Mato Grosso (Vila Bela) / rio Jauru / Paraguai

1893-1898 - Reconstrução da Linha Telegráfica de Cuiabá ao Araguaia

1898-1899 - Auxiliar Técnico da Instrução Geral de Guerra, no Rio de Janeiro

Organograma dos trabalhos realizados por Rondon 22

1900-1906 - COMISSÃO CONSTRUTORA DE LINHAS TELEGRÁFICAS NO ESTADO DE MATO GROSSO

1907-1915 - COMISSÃO CONSTRUTORA DE LINHAS TELEGRÁFICAS E ESTRATÉGICAS DE MATO GROSSO AO AMAZONAS


1915 - Exploração do rio Ananás pelo Tenente Francisco Marques 1915-1916 - Exploração dos rios Paranatinga, São Manoel e Teles Pires pelo Tenente Antônio Pyrineus de Souza

1907-1908 - 1ª Seção: Construção do Ramal de São Luís de Cáceres a Mato Grosso (Vila Bela)

1907-1909 - 3ª Seção: Reconhecimento do sertão através do qual se determinou o traçado da Linha Tronco

1907-1015 - 2ª Seção: Construção da Linha Tronco de Cuiabá a Santo Antônio do Rio Madeira

1916-1917 - Exploração dos rios Guaporé, Cautário e Mamoré pelo Capitão Manuel Theophilo da Costa Pinheiro e o farmacêutico Oscar Pires 1917 - Expedição pelos rios Canumã e Sucurundi (Alto Canunã) por Manuel Tiburcio Cavalcanti

1907 - Expedição de Cuiabá até o rio Juruena

1908 - Expedição do rio Juruena até a Serra do Norte

1ª Campanha - 1927 - Explorou as fronteiras do Pará, Amapá e Roraima com a Guiana Francesa, Guiana Inglesa e sul da Venezuela

1915-1925 COMISSÃO DA CARTA GEOGRÁFICA DO ESTADO DE MATO GROSSO

1917 - Exploração do rio Jacy-Paraná pelo Capitão Manoel Silvestre do Amarante

1909 - Expedição da Serra do Norte ao rio Madeira

1919 - Exploração do rio São Miguel (afluente da margem direita do Guaporé) por Cândido Mariano da Silva Rondon

1907 - Construção da Linha Tronco da Seção Sul - Cuiabá ao rio Ji-Paraná

1920 - Exploração do rio Culuene (formador do Xingu) pelo Capitão Ramiro Noronha

1909 - Construção da Linha Tronco da Seção Norte - Santo Antônio ao rio Ji-Paraná

1921 - Exploração dos rios Maici e Marmelos pelo Capitão Manoel Silvestre do Amarante

1913-1914 - Expedição Roosevelt-Rondon

1921 - Exploração do rio Cabixi pelo Capitão Manoel Silvestre do Amarante

1914 - Construção do Ramal da Parecis a Barra do Bugres

1924 - Exploração do rio Ronuro (formador do Xingu) pelo Capitão Vicente de Paulo Teixeira da Fonseca Vasconcelos e o fotógrafo/ cinegrafista Thomaz Reis

1914 - Construção do Ramal de Santo Antônio do Rio Madeira a Guajará-Mirim

1925 - Exploração do rio Ananás pelo Tenente Ramiro Noronha

1927-1930 SERVIÇO DE INSPEÇÃO DAS FRONTEIRAS

2ª Campanha - 1928-1929 - Explorou as fronteiras do Amazonas e Pará com a Guiana Holandesa (Suriname), Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia

3ª Campanha - 1929-1930 - Explorou as fronteiras da Colômbia/Venezuela/Brasil, Peru, território do Acre, Bolívia (rios Abunã, Madeira, Mamoré, Guaporé, transpôs para a bacia do Prata), fronteira com o Paraguai e a Argentina

Executou os planos de modernização dos prédios que abrigavam divisões do Exército, por todo o país 1919-1924 DIRETOR DE ENGENHARIA

Construção de quartéis em Campo Grande, Bela Vista, Ponta Porã e Aquidauana (MT/MS)

Ampliação de linha telegráfica no sul do Estado

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COMMISSION FOR CONSTRUCTION AND RECONSTRUCTION FOR THE TELEGRAPHIC LINE FROM CUIABÁ TO ARAGUAIA (1889-1899)

1889 (23/12) – Appointed 1st Assistant to the Commission for Construction for the Telegraphic Line from Cuiabá to Araguaia

1900-1903 – Construction of the Main Line from Rio São Lourenço to the village of Aquidauana

1890 – Start of the works in April, at the São Bento camp, 43 km from Cuiabá

1903-1904 – Construction of the Branch Line from Aquidauana to Corumbá

1891 – Conclusion of the works on April 30, along the banks of Rio Araguaia [Araguaia river]

1904-1905 – Construction of the Branch Line from Corumbá to Forte de Coimbra

1891 – Substitute Professor at Praia Vermelha Military School, in Rio de Janeiro-RJ

1900-1906 – COMMISSION FOR CONSTRUCTION FOR TELEGRAPHIC LINES IN THE STATE OF MATO GROSSO

1892-1898 – Chief of the 16th Telegraphic District of Mato Grosso

1905 (Jul-Nov) – Reconnaissance Expedition to the Southern region of the State

1882-1893 – Travels for maintenance, repairs and studies for reconstructing the Telegraphic Line from Cuiabá to Araguaia

1905-1906 – Construction of the Branch Line from Cuiabá to São Luís de Cáceres

1893-1894 – In-charge of constructing the Strategic Highway from Cuiabá to Araguaia

1906 – Reconnaissance of the path for the Line from São Luís de Cáceres to Mato Grosso (Vila Bela) / Rio Jauru / Rio Paraguai

1893-1898 – Reconstruction of the Telegraphic Line from Cuiabá to Araguaia

1898-1899 – Technical Assistant for General War Education, in Rio de Janeiro

Timeline of the works made by Rondon

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1904-1905 – Construction of the Branch Lines from Aquidauana to Ponta Porã and Bela Vista

1907-1915 – COMMISSION FOR CONSTRUCTION FOR TELEGRAPHIC AND STRATEGIC LINES FROM MATO GROSSO TO AMAZONAS


1915 – Exploration of Rio Ananás by Lieutenant Francisco Marques 1915-1916 – Exploration of Rio Paranatinga, Rio São Manoel and Rio Teles Pires by Lieutenant Antônio Pyrineus de Souza

1907-1908 – 1st Section: Construction of the Branch Line from São Luís de Cáceres to Mato Grosso (Vila Bela)

1916-1917 – Exploration of Rio Guaporé, Rio Cautário and Rio Mamoré by Captain Manuel Theophilo da Costa Pinheiro and pharmacist Oscar Pires 1917 – Expedition through Rio Canumã and Rio Sucurundi (Alto Canunã) by Manuel Tiburcio Cavalcanti

1907 – Expedition from Cuiabá to Rio Juruena 1907-1909 – 3rd Section: Reconnaissance of the backcountry that determined the path of the Main Line

1907-1015 – 2nd Section: Construction of the Main Line from Cuiabá to Santo Antônio do Rio Madeira

1908 – Expedition from Rio Juruena to Serra do Norte

1st Campaign– 1927 – Explored the borders of Pará, Amapá and Roraima with French Guinea, British Guinea (Guyana) and the south of Venezuela

1915-1925 – COMMISSION FOR THE GEOGRAPHIC MAP OF THE STATE OF MATO GROSSO

1917 – Exploration of Rio Jacy-Paraná by Captain Manoel Silvestre do Amarante

1909 – Expedition from Serra do Norte to Rio Madeira

1919 – Exploration of Rio São Miguel (affluent to the right bank of Rio Guaporé) by Cândido Mariano da Silva Rondon

1907 – Construction of the Main Line of the Southern Section– Cuiabá to Rio Ji-Paraná

1920 – Exploration of Rio Culuene (affluent to Rio Xingu) by Captain Ramiro Noronha

1909 – Construction of the Main Line of the Northern Section– Santo Antônio to Rio JiParaná

1921 – Exploration of Rio Maici and Rio Marmelos by Captain Manoel Silvestre do Amarante

1913-1914 – Roosevelt-Rondon Expedition

1921 – Exploration of Rio Cabixi by Captain Manoel Silvestre do Amarante

1914 – Construction of the Branch Line from Parecis to Barra do Bugres

1924 – Exploration of Rio Ronuro (affluent to Rio Xingu) by Captain Vicente de Paulo Teixeira da Fonseca Vasconcelos and photographer/filmmaker Thomaz Reis

1914 – Construction of the Branch Line from Santo Antônio do Rio Madeira to GuajaráMirim

1925 – Exploration of Rio Ananás by Lieutenant Ramiro Noronha

1927-1930 – BORDER INSPECTION SERVICE

2nd Campaign– 1928-1929 – Explored the borders of Amazonas and Pará with Dutch Guinea (Suriname), Venezuela, Colombia, Peru and Bolivia

3rd Campaign– 1929-1930 – Explored the borders of Colombia/Venezuela/Brazil, Peru, the territory of Acre, Bolivia (Rio Abunã, Rio Madeira, Rio Mamoré, Rio Guaporé, moving into Rio Prata basin), on the border with Paraguay and Argentina

Executed the modernization plan for buildings that housed the divisions of the Army throughout the country 1919-1924 – DIRECTOR OF ENGINEERING

Construction of military bases in Campo Grande, Bela Vista, Ponta Porã and Aquidauana (MT/MS) Expansion of the telegraphic line in the southern part of the State

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Cândido Mariano da Silva Rondon, General de Divisão Reformado, 1940. Fotógrafo não identificado. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Cândido Mariano da Silva Rondon, Military Retirement Division General, 1940. Unknown photographer. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Vista aérea do rio Guaporé em seu curso entre Pontes e Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade-MT, cercado por um gigantesco buritizal e repleto de vida selvagem. Aerial view of Rio Guaporé in its course between Pontes and Lacerda and Vila Bela da Santíssima Trindade-MT, surrounded by a gigantic buriti forest and full of native wildlife.

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Boe Bororo, Aldeia Tadarimana, Rondonรณpolis-MT. Foto: Mario Friedlander. Boe Bororo, Tadarimana Village, Rondonรณpolis-MT. Photo: Mario Friedlander.

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Cacique Terena, em Mato Grosso do Sul. Foto: Mario Friedlander. Terena Indian Chief, in Mato Grosso do Sul. Photo: Mario Friedlander.

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Cacique Lucio Mamaindê, Terra Indígena Pirineus de Souza, Comodoro-MT. Foto: Mario Friedlander. Indian Chief Lucio Mamaindê, Pirineus de Souza Indigenous Lands, Comodoro-MT. Photo: Mario Friedlander.

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Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Cuiabá ao Araguaia – 1890-1898

A construção de uma Linha Telegráfica que ligasse o Rio de Janeiro a Cuiabá remonta à época de D. Pedro II. Por aquela ocasião, os fios do telégrafo terminavam na cidade de Franca-SP. Foi decidido que, daquele ponto, a Linha seguiria para Uberaba-Goiás-Cuiabá. Antes de se proclamar a República, em 1889, o Capitão Gomes Carneiro já levara a Linha até Uberaba. No outro extremo, desde Cuiabá, rumo ao rio Araguaia, o Capitão Cunha Matos construíra 42 km e havia alcançando São Bento.

topográficos e determinava as coordenadas geográficas, ora ajudava o chefe no reconhecimento do sertão. Segundo suas memórias, foi com Gomes Carneiro que aprendeu a nunca lutar com os índios e a respeitá-los como humanidade. Essa experiência o marcaria para toda a vida.

O novo governo republicano decidiu que os trabalhos de construção de tal Linha deveriam ser retomados. O Major Gomes Carneiro, por conta de sua experiência, foi encarregado da seção que saía de Cuiabá. Constituiu-se a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Cuiabá ao Araguaia. Ciente das dificuldades a enfrentar, o chefe da Comissão convocou o jovem engenheiro militar mato-grossense Cândido Mariano da Silva Rondon para ser seu 1º Ajudante.

Findos os trabalhos, Rondon regressou ao Rio de Janeiro para assumir o cargo de professor na Escola Militar da Praia Vermelha, onde se manteve por apenas seis meses. Em fevereiro de 1892, casou-se com Francisca Xavier da Silva para, em seguida, retornar junto com a esposa a Cuiabá, assumindo o posto de Chefe do 16º Distrito Telegráfico de Mato Grosso.

Em março de 1890, após um estágio no Observatório Nacional do Rio de Janeiro, Rondon seguiu para Cuiabá. A viagem – navegando a costa sul do Brasil pelos rios da Prata, Paraná, Paraguai, São Lourenço e Cuiabá – demorou cerca de trinta dias. Após mais de oito anos de ausência de seu estado, Rondon desembarcou no Porto de Cuiabá, onde reviu parentes e amigos e se apresentou ao Major Gomes Carneiro, no acampamento de São Bento.

Entre 1892 e 1893 percorreu, conservou e fez os estudos para reconstruir a Linha Telegráfica. Sempre com muitos cuidados, buscou contato com os Bororo, cuja guerra com os fazendeiros se tornara mais violenta. Também esteve a seu cargo a construção de uma estrada de rodagem de Cuiabá à margem esquerda do Araguaia.

Com a retomada da construção da Linha Telegráfica, decidiu-se que a mesma se assentaria sobre a antiga e quase abandonada estrada de terra Cuiabá-Goiás. O trajeto, de 583 km, avançava sobre as terras dos Bororo Coroado. À época, fazendeiros vindos de Goiás e Minas Gerais faziam guerra contra aqueles indígenas. Foi em meio à tensão de uma guerra iminente com os Bororo que Gomes Carneiro construiu a Linha. Seu ajudante direto, Rondon, atuava em duas frentes. Ora fazia os levantamentos

Muitas dificuldades foram vencidas no exercício de tal tarefa: a presença e o medo dos índios, as doenças, a falta de abastecimento, a baixa qualidade do material construtivo, entre outras. Mesmo assim, a Linha foi concluída, entre abril de 1890 e abril de 1891.

Seis anos viveu Rondon entre Cuiabá e o sertão do leste de Mato Grosso.

De 1894 a 1898, executou a reconstrução da Linha Telegráfica de Cuiabá ao Araguaia. Tratou de substituir fios e postes e reconstruir, em alvenaria, os prédios que abrigavam as Estações Telegráficas. Findo esse tempo, retornou ao Rio de Janeiro. Rondon voltaria a Mato Grosso dois anos depois (1900) para realizar o primeiro grande trabalho de sua vida. Ele deveria retomar e concluir a Linha Telegráfica, iniciada em 1896, de Cuiabá a Corumbá. A experiência anterior fracassara após a construção de 113 km de Linha entre os rios Manso, das Mortes e São Lourenço.

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Moรงa Nhambiquara. Foto: Mario Friedlander. Nhambiquara girl. Photo: Mario Friedlander

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Commission for construction for telegraphic lines from Cuiabá to the Araguaia River – 1890-1898

The construction of a Telegraphic Line that connected Rio de Janeiro to Cuiabá hark back to the time of D. Pedro II. At the time, the telegraphic cables ended in the city of Franca-SP. It was decided that from that moment on, the Line would continue to Uberaba-Goiás-Cuiabá. Before the proclamation of the Republic, in 1889, Captain Gomes Carneiro had already taken the Line to Uberaba. At the other end, starting in Cuiabá, in the direction of Rio Araguaia, Captain Cunha Matos built 42 km of line and had reached São Bento.

backcountry. According to his memories, it was with Gomes Carneiro that he learned never to fight with the indigenous people and respect them as part of humanity. This experience would influence him for the rest of his life. Many difficulties were overcome in performing this task: the presence and the fear of the indigenous people, illnesses, the lack of supplies, the poor quality of the building materials, among others. Nevertheless, the Line was completed between April 1890 and April 1891.

The new republican government decided that the construction work on this Line must be resumed. Due to his experience, Major Gomes Carneiro was charged with the section leaving from Cuiabá. The commission for construction for telegraphic lines from Cuiabá to the Araguaia river was then organized. Aware of the difficulties he would face, the head of the Commission summoned the young military engineer from Mato Grosso, Cândido Mariano da Silva Rondon, to be his 1st Assistant.

Once the work was completed, Rondon returned to Rio de Janeiro to assume the position of professor at Praia Vermelha Military School, where he stayed for only six months. In February 1892, he married Francisca Xavier da Silva, before then returning to Cuiabá alongside his wife, holding the position of Chief of the 16th Telegraphic District of Mato Grosso.

In March of 1890, after an internship at the National Observatory in Rio de Janeiro, Rondon travelled to Cuiabá. The trip – navigating the southern coast of Brazil through Rio Prata, Rio Paraná, Rio Paraguai, Rio São Lourenço and Rio Cuiabá– took approximately thirty days. After more than eight years of absence from his state, Rondon arrived at the Port of Cuiabá, where he was reunited with his relatives and friends and presented himself before Major Gomes Carneiro at the field camp in São Bento.

Between 1892 and 1893 he travelled, maintained and conducted studies for reconstruction of the Telegraphic Line. During this time and always with extreme care, he sought to contact the Bororo, whose war with the farmers had become more violent. He was also responsible for the construction of a roadway from Cuiabá along the left bank of Rio Araguaia.

With the resumption of the construction of the Telegraphic Line, it was decided that it would be installed over the old and nearly abandoned dirt highway from Cuiabá-Goiás. The 583 km patch travelled over the lands of the Bororo Coroado. At the time, famers coming from Goiás and Minas Gerais were at war against this indigenous people. It was amid the tension of an imminent war with the Bororo that Gomes Carneiro build the Line. His direct assistant, Rondon, worked on two fronts. At times he would conduct topographical research and determine geographic coordinates, and at others he would help the chief in the reconnaissance of the

For six years, Rondon lived within the backcountry of the eastern part of Mato Grosso.

From 1894 to 1898 he led the reconstruction of the Telegraphic Line from Cuiabá to Rio Araguaia. He ensured the replacement of lines and poles and rebuilt the buildings that housed the Telegraphic Stations out of brick. Once this period had ended, he returned to Rio de Janeiro. Rondon would return to Mato Grosso two years later (1900) to perform the first great work of his life. He was to resume and complete the construction of the Telegraphic Line that began in 1896, from Cuiabá to Corumbá. The previous attempt had failed after the construction of 113 km of Line between Rio Manso, Rio das Mortes and Rio São Lourenço.

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Estação Telegráfica de Cuiabá - Casarão situado na rua Campo Grande, esquina com a rua Pedro Celestino. Foto: Luiz Leduc, 1907. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Telegraphic Station of Cuiabá –Big House located at Campo Grande street, at the corner with Pedro Celestino street. Photo: Luiz Leduc, 1907. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Moradores em frente à Igreja da Vila de Registro do Araguaia, 1901. Fotógrafo não identificado. Acervo: Biblioteca Pública Mário de Andrade, São Paulo. Townspeople in front of the church in Vila de Registro do Araguaia, 1901. Unknown photographer. Collection: Mário de Andrade Public Library, São Paulo.

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Estação Telegráfica de Vila de Registro do Araguaia, hoje Araguaiana – Linha de Cuiabá ao Araguaia, 1891. Fotógrafo não identificado. Acervo: Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo. Telegraphic Station of Vila de Registro do Araguaia, now Araguaiana – Line from Cuiabá to Araguaia, 1891. Unknown photographer. Collection: Mário de Andrade Library, São Paulo.

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Construção das Linhas Telegráficas no Estado de Mato Grosso – 1900-1906

Na passagem do século XIX para o XX, o tema da delimitação das fronteiras terrestres do Brasil com seus vizinhos voltou à tona. No caso específico das relações Brasil versus Bolívia, foram dois os tratados assinados na segunda metade do século XIX, mas somente em 17 de novembro de 1903, com o Tratado de Petrópolis, a questão foi definida. Se no plano nacional o Tratado de Petrópolis foi muito celebrado, no âmbito do local isto não aconteceu. Inspirado no Tratado de Madrid de 1750, o Tratado de Petrópolis fundamentavase nos argumentos do uti possidetis e da troca de territórios equivalentes. Ao final das negociações, a Bolívia cedeu ao Brasil 191.008 km2, que deu origem ao Acre; e o Brasil cedeu à Bolívia 3.163 km2, dos quais 867 km2 saíram de Mato Grosso. As fronteiras com o Paraguai haviam sido definidas na década de 1870 – quando aquele país se encontrava destruído pela guerra travada com o Brasil. Apesar disso, aquela região continuava desconhecida e as ligações entre o sul do estado e sua capital, Cuiabá, se davam apenas pela via fluvial. No ano de 1900, auge do debate das disputas com a Bolívia, o Estado brasileiro resolveu ligar por fios telegráficos a ainda indefinida fronteira oeste da nação. Assim, de 1900 a 1906, a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas no Estado de Mato Grosso, de Cuiabá a Corumbá, prolongando-se até as fronteiras com o Paraguai e a Bolívia, chefiada pelo Major Cândido Mariano da Silva Rondon, levou àquelas localidades os fios do telégrafo. A Comissão foi criada por aviso do Ministério da Guerra, em 27 de junho de 1900.

O Relatório descrevendo a realização dos trabalhos retrata quatro momentos: a fase inicial, que contou com a participação de parte dos Bororo do rio São Lourenço (1901-1902); a fase da abertura do Ramal de Aquidauana a Bela Vista (1903-1906); o reconhecimento cartográfico da fronteira com o Paraguai, dos Campos da Vacaria e do vale do Alto Aquidauana (1905); e a construção do Ramal ligando Cuiabá a São Luís de Cáceres (1905-1906). Ao longo de seis anos, entre 1º de outubro de 1900 e 1º de agosto de 1906, foram construídos 1.667 quilômetros de Linhas e 16 casas para abrigar as Estações Telegráficas. Entre os registros deixados pela Comissão Construtora de Linhas Telegráficas no Estado de Mato Grosso (19001906), destaca-se um conjunto de fotos, mapas e plantas topográficas das regiões percorridas nas fronteiras do Brasil com as repúblicas do Paraguai e da Bolívia, e que foram entregues às autoridades do Ministério da Guerra, em 1907. A grandiosidade do trabalho está no fato de quase todo ele ter sido feito em uma área de pantanal de difícil acesso, durante o período das cheias. Um dado que merece ser ressaltado é que esta Linha colocou em comunicação todos os pontos estratégicos da parte sul do Estado com a capital Cuiabá e, pela antiga Linha do Araguaia, com o Rio de Janeiro. Além disso, a construção do Ramal a São Luís de Cáceres, numa extensão de 200 quilômetros, muito aproximava Cuiabá de uma parte da fronteira com a Bolívia. Uma vez concluídos os trabalhos de reconhecimento e ligação das fronteiras internacionais do Brasil pelo sul de Mato Grosso, restava então fazer a parte considerada mais difícil: a ligação do estado, desde Cuiabá, com as fronteiras amazônicas e o reconhecimento dos vales dos rios Guaporé e Madeira – fronteira com a Bolívia.

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Inauguração da Estação Provisória de Aquidauana, MT/MS. Foto: Alberto Brand, 1905. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Inauguration of the Temporary Station of Aquidauana, MT/MS. Photo: Alberto Brand, 1905. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Construction of the Telegraphic Lines in the State of Mato Grosso – 1900-1906

At the turn from the XIX to the XX century, the issue of defining the land borders of Brazil with its neighbors came under discussion. In the specific case of the relations between Brazil and Bolivia, there were two treaties signed in the second half of the XIX century, but the issue was only made definitive with the Treaty of Petrópolis on November 17, 1903. Although the Treaty of Petrópolis was widely celebrated on a national level, this was not the case on a local level. Inspired by the Treaty of Madrid of 1750, the Treaty of Petrópolis was based on arguments of uti possidetis and the exchange of equivalent territories. At the end of the negotiations, Bolivia gave Brazil 191,008 km2, originating the state of Acre; and Brazil gave Bolivia 3.163 km2, of which 867 km2 were taken from Mato Grosso. The borders with Paraguay had been defined in the 1870s – at a time the country had been destroyed by the war fought with Brazil. Despite these events, the region remained unknown and the connection between the south of the state and its capital of Cuiabá could only be made via rivers. In the year 1900, the height of the debate on the disputes with Bolivia, the Brazilian government decided to connect still undefined western border of the nation with telegraphic wires. And so, from 1900 to 1906, the Commission for Construction for Telegraphic Lines in the State of Mato Grosso, headed by Major Cândido Mariano da Silva Rondon, installed telegraphic lines from Cuiabá to Corumbá, extending the lines to borders with Paraguai and Bolivia. The Commission was created by a decree from the Ministry of War on June 27, 1900.

The Report describing the realization of the works described four moments: the initial phase, which counted on the participation of part of the Bororo from Rio São Lourenço (1901-1902); the opening phase of the Branch Line from Aquidauana to Bela Vista (1903-1906); cartographical reconnaissance of the border with Paraguai, of Campos da Vacaria and the valley of Alto Aquidauana (1905); and the construction of the Branch Line connecting Cuiabá to São Luís de Cáceres (1905-1906). Throughout the course of six years, from October 1, 1900 and August 1, 1906, there were 1,667 kilometers of Lines installed and 16 buildings to house the Telegraphic Stations. Among the records left by the Commission for Construction for Telegraphic Lines in the State of Mato Grosso (1900-1906), there is a notable set of photos, maps and topographical drawings of the regions travelled along the borders of Brazil with the republics of Paraguai and Bolivia, and were delivered to the authorities of the Ministry of War in 1907. The enormity of the work lies in the fact that nearly all of it was performed in wetlands that are difficult to access, during the rainy season. One fact that deserves to be highlighted is that the Line finally provided communication between all of the strategic points of the southern part of the State with the Cuiabá capital, and also with Rio de Janeiro, through the old Araguaia Line. In addition, the construction of the Branch Line to São Luís de Cáceres, over a distance of 200 kilometers, brought Cuiabá much closer to a part of the border with Bolivia. Once the work of reconnaissance and connecting the international borders of Brazil through Mato Grosso had been completed, it was finally time to do what is considered the hardest part: connecting the state, from Cuiabá, to the borders of the Amazon and the reconnaissance of Rio Guaporé and Rio Madeira valleys – on the border with Bolivia

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Marco do Jauru, colocado junto à barra que o rio Jauru faz no rio Paraguai, pelos demarcadores portugueses e espanhóis do Tratado de Madrid, de 1750. Foi retirado de seu lugar original e colocado na praça central de Cáceres por determinação de Rondon. Foto: Luiz Leduc / 1907. Acervo: Museu do Índio - RJ Marco Jauru, placed next to the ravine that the river Jauru is on the Paraguay River, the Portuguese and Spanish paths of the Treaty of Madrid, 1750. It was removed from its original site and placed in the central square of Caceres for determination of Rondon. Photo: Luiz Leduc / 1907. Collection: Indian Museum - RJ

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Rondon e grupo na lancha Juruena, realizando trabalhos de reconhecimento ao longo do trajeto em que passaria a Linha Telegráfica de São Luís de Cáceres a Vila Bela. Foto: Luiz Leduc, 1907. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Rondon and group in the boat Juruena, performing reconnaissance work along the path through which the Telegraphic Line would pass from São Luís de Cáceres to Vila Bela. Photo: Luiz Leduc, 1907. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Ruínas da Igreja Matriz dedicada à Santíssima Trindade, em Vila Bela, Mato Grosso. Foto: Luiz Leduc, 1907. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Ruins of Igreja Matriz dedicated to the Holy Trinity, in Vila Bela, Mato Grosso. Photo: Luiz Leduc, 1907. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Comitiva com peões retirando gado do campo alagado e levando-o para uma área mais alta, no Pantanal de Corumbá-MS. Foto: Mario Friedlander. Delegation with farm hands removing cattle from a flooded field and taking them to higher ground, in Pantanal of Corumbá -MS. Photo: Mario Friedlander.

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Pescador da Comunidade Ribeirinha Tradicional Barra do São Lourenço, na divisa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, na margem esquerda do rio Paraguai. Ao fundo, a Morraria da Penha. Foto: Mario Friedlander. Fisherman from the Traditional Riverside Community of Barra do São Lourenço, on the border between Mato Grosso and Mato Grosso do Sul, on the left bank of Rio Paraguai. Morraria da Penha can be seen in the back. Photo: Mario Friedlander.

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Morro Chané no rio Paraguai, Pantanal de Corumbá-MS. Foto: Mario Friedlander. Morro Chané on Rio Paraguai, in Pantanal of Corumbá-MS. Photo: Mario Friedlander.

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Vista aérea de Corumbá-MS na margem esquerda do rio Paraguai, junto à fronteira com a Bolívia. Foto: Mario Friedlander. Aerial view of Corumbá-MS on the left bank of Rio Paraguai, along the border with Bolivia. Photo: Mario Friedlander.

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Vista aérea do magnífico Forte Real Príncipe da Beira, localizado na margem direita do rio Guaporé em Costa Marques-RO. Foto: Mario Friedlander. Aerial view of the magnificent Forte Real Príncipe da Beira, located on the right bank of Rio Guaporé in Costa Marques-RO. Photo: Mario Friedlander.

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Oficiais e auxiliares da Linha Tronco em Rosário (Oeste). Sentados: ao centro Rondon, à sua direita o Tenente Mattos Costa e à esquerda o Capitão Marciano Ávila. Em pé, da direita para a esquerda: Tenente Lyra, Tenente Rabello Leite, Tenente Carlos Mello, Alferes Athayde Galvão, Alferes Manoel Rabello e o médico Dr. Manuel Andrade. Foto: Luiz Leduc, 1907. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Officers and auxiliaries of the Main Line in Rosário (West). Seated: Rondon at the center, to his right is Lieutenant Mattos Costa and to his left, Captain Marciano Ávila. Standing, from right to left: Lieutenant Lyra, Lieutenant Rabello Leite, Lieutenant Carlos Mello, Alferes Athayde Galvão, Alferes Manoel Rabello and physician Dr. Manuel Andrade. Photo: Luiz Leduc, 1907. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Os dois trabalhadores de confiança de Rondon escolhidos para o serviço de comunicação entre os expedicionários de 1907 e a equipe de construção da Linha Tronco. Foto: Luiz Leduc, 1907. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Two trusted workers of Rondon chosen for the communication service between the members of the 1907 expedition and the Main Line construction team. Photo: Luiz Leduc, 1907. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Expedição ao rio Juruena – os oito primeiros homens que chegaram às margens daquele rio. Na foto, da esquerda para a direita, o Tenente Lyra, Rondon e o fotógrafo Leduc. Foto: Luiz Leduc, 1907. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Expedition to Rio Juruena – the first eight men to reach the banks of that river. In the photo, from left to right, Lieutenant Lyra, Rondon and photographer Leduc. Photo: Luiz Leduc, 1907. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Interior da Estação Telegráfica de Vilhena, MT/RO. Foto: José Louro, 1920. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Interior of the Telegraphic Station of Vilhena, MT/RO. Photo: José Louro, 1920. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Comissão Construtora de Linhas Telegráficas Estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas – 1907-1915

Em 1907, o então presidente da República, Afonso Pena, ‘convocou’ Rondon para mais uma grande missão. Rondon deveria comandar não só a construção da Linha Telegráfica de Cuiabá ao Amazonas, como proceder ao reconhecimento geográfico definitivo de toda a fronteira noroeste do Brasil. Foi constituída a Comissão Rondon. Ao mesmo tempo, seus membros deveriam realizar expedições de estudos científicos sobre a flora, a fauna, os rios, os solos e a etnografia das terras percorridas. Para melhor compreender as ações levadas a cabo pela Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas (1907-1915), é preciso esclarecer que a mesma foi dividida em três Seções. À 1ª Seção, coube a Construção do Ramal de São Luís de Cáceres a Mato Grosso (Vila Bela), cujos trabalhos foram realizados entre 1907 e 1908. Foi comandada pelo Major Felix Fleury de S. Amorim. Já a 2ª Seção cuidou dos trabalhos de execução da Linha Tronco Cuiabá-Santo Antônio do Madeira, que foi subdividida em Seções Norte e Sul. A 3ª Seção, que era a mais importante e de maior perigo, foi comandada pelo próprio Major Rondon e procedeu ao reconhecimento do sertão através do qual se determinaria o traçado da Linha Tronco. Era de tão difícil realização que foi dividida em três fases: 1) Expedição de Cuiabá até o rio Juruena (1907); 2) Expedição do rio Juruena até a serra do Norte (1908); e 3) Expedição da serra do Norte ao rio Madeira (1909-1910). A Linha Telegráfica saiu de Cuiabá e procurou as nascentes do rio Paraguai. Passou pelas já existentes vilas de Nossa Senhora da Guia, Nossa Senhora de Brotas (Acorizal), Nossa Senhora do Rosário do Rio Acima (Rosário Oeste) e Nossa Senhora do Alto Paraguai Diamantino (Diamantino); cada qual recebeu uma Estação Telegráfica.

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Depois, infletiu para noroeste até alcançar as bacias dos rios Guaporé e Madeira – no sertão povoado apenas por sociedades indígenas, a maioria não pacificada. No sertão, Rondon procurou instalar as Estações em locais que ele acreditava que possuíam condições para abrigar futuros núcleos de povoamento. Mas isto acabou por acontecer em casos raros. A Linha Telegráfica de Mato Grosso ao Amazonas, ligando Cuiabá à de Santo Antônio do Rio Madeira, foi inaugurada no dia 1º de janeiro de 1915. Se incluirmos a construção dos Ramais de Cáceres à cidade de Mato Grosso, o Ramal da Estação Parecis a Barra do Bugres e o Ramal de Santo Antônio a Guajará-Mirim, chegamos ao seguinte balanço dos trabalhos realizados pela Comissão Rondon: 2.270 quilômetros de Linhas Telegráficas construídas, ao longo dos quais se ergueram 32 casas que abrigavam as Estações. A exploração e o levantamento de dezenas de rios colocaram os membros da Expedição em contato com variada gama de povos indígenas, alguns deles ainda desconhecidos. A partir desse trabalho, Rondon alcançou reconhecimento suficiente para que sua ação tomasse relevo – ele deixou de ser interpretado como um militar a serviço de um projeto nacional e passou a ser lido como personagem com nuances de herói. Queremos reforçar que as ações de Rondon estiveram ligadas a um grande esforço de reconhecimento e integração do território nacional. Ao decidir levar o conhecimento do Brasil aos brasileiros, ao dar visibilidade ao seu trabalho através da imagem, ele se mostrou um político muito hábil. Era dono de uma personalidade tão forte e marcante a ponto de sua pessoa ser confundida com qualquer ação da qual participasse.


Turma encarregada da construção, sentido rio Jamary - Linha Tronco Santo Antônio do Rio Madeira a Cuiabá / Seção Norte. Foto: Joaquim de Moura Quineau, 1910. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Team charged with the construction in the direction from Rio Jamary – Main Line Santo Antônio do Rio Madeira to Cuiabá / Northern Section. Photo: Joaquim de Moura Quineau, 1910. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Building commission for strategic telegraphic lines from Mato Grosso to the Amazon – 1907-1915

In 1907, the president of the Republic at the time, Afonso Pena, ‘summoned’ Rondon for yet another great mission. Rondon was to command not only the construction of the Telegraphic Line from Cuiabá to the Amazon, but conduct the definitive geographical reconnaissance of the entire northwestern border of Brazil. The Rondon Commission was born. At the same time, its members had to perform scientific expeditions to study the flora and fauna, the rivers, the soils and the ethnic groups of the lands travelled. To better understand the activities performed by the Commission for Strategic Telegraphic Lines from Mato Grosso to the Amazon (1907-1915), it is necessary to explain that this line was divided into three Sections. Section 1 was responsible for the Construction of the Branch from São Luís de Cáceres to Mato Grosso (Vila Bela), which works were completed between 1907 and 1908. It was commanded by Major Felix Fleury de S. Amorim. Section 2 was responsible for executing the works of the Main Line from Cuiabá to Santo Antônio do Madeira, which was subdivided into Northern and Southern Sections. Section 3, which was the most important and the most dangerous section, was commanded by Major Rondon himself, and conducted the reconnaissance of the backcountry that would be used to determine the path of the Main Line. It was so difficult to complete that it was divided into three phases: 1) Expedition from Cuiabá to Rio Juruena (1907); 2) Expedition from Rio Juruena to the Northern mountains (1908); and 3) Expedition from the Northern mountains to Rio Madeira (1909-1910). The Telegraphic Line left Cuiabá and went in search of the springs of Rio Paraguai. It passed through the existing villages of Nossa Senhora da Guia, Nossa Senhora de Brotas (Acorizal), Nossa Senhora do Rosário do Rio Acima (Rosário Oeste) and Nossa Senhora do Alto Paraguai Diamantino (Diamantino); each of which received a Telegraphic Station.

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Later, it turned northwest until it reached the basins of Rio Guaporé and Rio Madeira – in the backcountry inhabited only by indigenous communities, the majority of which were not pacified. In the backcountry, Rondon tried to build the Stations in locations he believed had the conditions to house future population centers, however, this only occurred in rare cases. The Telegraphic Line from Mato Grosso to the Amazon, connecting Cuiabá to the village of Santo Antônio do Rio Madeira, was inaugurated on January 1, 1915. If we include the construction of the Branches from Cáceres to the city of Mato Grosso, the Branch from the Parecis Station to Barra do Bugres and the Branch from Santo Antônio to Guajará-Mirim, we reach the following total for the work performed by the Rondon Commission: 2,270 kilometers of Telegraphic Lines built, along which 32 buildings were made to house the Stations. The exploration and study of dozens of rivers put the members of the Expedition in contact with a wide variety of indigenous peoples, some of which were still unknown. Based on this work, Rondon achieved sufficient recognition for his actions to be noticed – he was no longer seen as a military man in the service of a national project and began being looked at as a character with the nuances of a hero. We want to reiterate that the actions of Rondon were part of a large effort for recognition and integration of the national territory. By deciding to take the knowledge of Brazil to its population, by providing visibility to his work through images, he proved to be a very capable politician. He has such a strong and memorable personality that he began to be confused with any action in which he participated.


Os jovens Ariti (Paresi) com seus dois professores. A educação formal ficava a cargo da senhora Olga Higgins. Seu esposo cuidava da administração de todo o Utiariti, Núcleo Indígena. Foto: José Louro, 1920. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Young Ariti (Paresi) with their two teachers. Olga Higgins was responsible for formal education. Her husband took care of the administration of the entire Utiariti Indigenous Center. Photo: José Louro, 1920. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Estação Telegráfica de Vilhena. Linha Tronco de Cuiabá a Santo Antônio do Rio Madeira / Seção Sul. Foto: José Louro, 1920. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Telegraphic Station of Vilhena. Main Line from Cuiabá to Santo Antônio do Rio Madeira / Southern Section. Photo: José Louro, 1920. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

Estação Telegráfica Jaru. Linha Tronco de Cuiabá a Santo Antônio do Rio Madeira / Seção Norte. Foto: José Louro, 1920. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Jaru Telegraphic Station. Main Line from Cuiabá to Santo Antônio do Rio Madeira / Northern Section. Photo: José Louro, 1920. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

Estação Telegráfica de Coronel Ponce – Capim Campo Branco, Campo Verde-MT. Foto: Mario Friedlander. Telegraphic Station of Coronel Ponce – Capim Campo Branco, Campo Verde-MT. Photo: Mario Friedlander.

Estação Telegráfica de Porto Esperidião-MT. Foto: Mario Friedlander. Telegraphic Station of Porto Esperidião-MT. Photo: Mario Friedlander.

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Vista do Porto da cidade de Corumbรก. Foto: Benjamim Rondon, 1919. Acervo: Museu do ร ndio, Rio de Janeiro. View of the Port in the city of Corumbรก. Photo: Benjamim Rondon, 1919. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Mapa geológico de uma parte do Estado de Mato Grosso, organizado pelo Eng. Alberto Betim Paes Leme, de acordo com as anotações e amostras do Eng. Cicero de Campos. Fonte: LEME, [19--]. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Partial geologic map of part of the State of Mato Grosso, organized by engineer Alberto Betim Paes Leme, according to the notes and samples of engineer Cicero de Campos. Fonte: LEME, [19--]. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Índios Bororo Coroado – Estado de Mato Grosso. Fotógrafo não identificado. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Bororo Coroado Indigenous People – State of Mato Grosso. Unknown photographer. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Grupo de homens Bororo durante as filmagens de um funeral. Foto: Thomaz Reis, 1917. Acervo: Museu do Ă?ndio, Rio de Janeiro. Group of Bororo men during filming of a funeral. Photo: Thomaz Reis, 1917. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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“Cavaignac” Nhambiquara do Grupo Nenê, preparando-se para a caça. Foto: José Louro, 1920. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. “Cavaignac” Nhambiquara of the Nenê Group, preparing for a hunt. Photo: José Louro, 1920. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Homem Umutina/Barbado recém-contatado. Foto: José Louro, 1920. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Recently contacted Umutina/Barbado man. Photo: José Louro, 1920. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.


Rondon e os Povos Indígenas em Mato Grosso

Ao longo de sua vida, Rondon não se cansava de demonstrar o orgulho que sentia de sua origem indígena. Em suas memórias, afirma descender de “três tribos”. De Francisca Leonarda, tataravó paterna, vieram “algumas gotas de sangue Guaná”. Do lado materno, teria herdado “o sangue Terena e Bororo” (VIVEIROS, 1958, p. 18). O primeiro contato efetivo que Rondon teve com índios foi com os Bororo Coroado, quando da construção das Linhas Telegráficas de Cuiabá ao Araguaia (1890-1891). Reconhecia que aprendeu a respeitar o indígena, em sua humanidade, com o Major Gomes Carneiro. O contato com os Bororo se estreitaria quando da reconstrução da Linha, ocorrida entre 1892 e 1898, a ponto de se gabar de saber falar a língua daquele povo. Por ocasião dos trabalhos realizados a cargo da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas no Estado de Mato Grosso (1900-1906), a temática indígena se lhe apresentou com maior dramaticidade. Foram três momentos mais intensos. O primeiro se refere aos Bororo, que haviam trabalhado sob sua direção. Reflete sua falta de experiência por não impedir que muitos deles fossem contaminados e mortos numa epidemia de varíola. O segundo momento explicita a tensão com os fazendeiros, ao demarcar terras para os Terena. Já o terceiro trata da intervenção que fez para salvar os Ofaié, que viviam nas cabeceiras dos rios Taboco e Negro, e eram “caçados como feras por um coronel” que os acusava de comer suas vacas (VIVEIROS, 1958, p. 225).

aos Índios (SPI). Coube a Rondon comandá-lo, tarefa que desempenhou concomitantemente com a chefia da Comissão Rondon. Entre 1907 e 1930, Rondon e sua equipe – fosse da Comissão Rondon ou do SPI – viveram a mais monumental experiência de contato com os povos indígenas de Mato Grosso, Amazonas, Pará, Acre, São Paulo e Paraná, entre outros estados do Brasil. No caso de Mato Grosso, os trabalhos foram realizados no Noroeste, vale do Guaporé-Pimenta Bueno-Madeira; depois, na região Nordeste, ao longo dos rios Xingu e Araguaia. Após anos de experiência de campo, Rondon classificou os diversos grupos, a partir de critérios linguísticos, como: Nhambiquara, Caribe, Chapacura, Gê, Nu-Aruáque, Aruáque, Urupá, Bororo, Guaicuru, Pano, Tupi, Guarani, Tupi-Guarani e povos Alófilos. Há que se esclarecer que, à época de Rondon, não havia cursos de Antropologia no Brasil e, mesmo assim, ele e seus colaboradores estudaram e construíram um sistema de classificação dos povos indígenas contatados. Ainda que tal sistema seja hoje superado, a sua importância científica, bem como os registros coletados, é insuperável. Mesmo depois de reformado (1930), Rondon presidiu o Conselho Nacional de Proteção ao Índio (1939-1954); conseguiu instituir o dia 19 de abril para comemorar o Dia do Índio (1943); ajudou a fundar, com Darcy Ribeiro, o Museu do Índio (1953); e fez parte do grupo que discutiu o Projeto para a criação do Parque Nacional do Xingu (1952-1961).

Por esse mesmo período, no Rio de Janeiro e em São Paulo, travava-se, pelos jornais e em instituições civis e do governo, um intenso debate sobre a questão indígena. Uns defendiam o extermínio dos índios, que atrapalhavam o “progresso”. Outros, entre eles os padres salesianos, insistiam que a Igreja deveria retomar seu papel histórico de catequese. Rondon foi conclamado a participar do debate.

O antropólogo Darcy Ribeiro, que foi seu secretário, ao proferir a oração fúnebre diante do seu túmulo, assinalou os quatro princípios formulados por Rondon para a política indigenista brasileira:

Amparado nos ideais positivistas, Rondon fez parte do grupo de intelectuais, políticos e instituições que defendiam que o Estado deveria estar à frente do processo e tomar para si a responsabilidade de propor um conjunto de ações que protegesse os índios.

1. Os brasileiros não devem revidar os ataques defensivos dos índios, mas buscar a paz: ‘Morrer se preciso for; matar, nunca!’;

Assim, em 1910, três anos após Rondon assumir a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas, foi fundado o Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPILTN) que, após 1918, foi chamado apenas de Serviço de Proteção

2. Devem-se respeitar as tribos indígenas como povos independentes, permitindo sua evolução sem quaisquer pressões; 3. É necessário assegurar aos índios a posse de suas terras; 4. O Estado deve garantir a assistência aos índios (FREIRE, 2009, p. 122). 63


Chefe Bacairi ao lado do marco plantado pela Comissão Rondon, como forma de garantir a posse de suas terras. Fotógrafo não identificado. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Chief Bacairi next to the marker planted by the Rondon Commission, as a form of ensuring the ownership of their lands. Unknown photographer. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Rondon and the Indigenous Peoples of Mato Grosso

Throughout his life, Rondon ceaselessly demonstrated the pride he felt in his indigenous roots. In his memoirs, he says he is the descendant of “three tribes”. From Francisca Leonarda, his great-great-great grandmother on his father’s side, came “a few drops of Guaná blood”. From his mother’s side, he allegedly inherited “the blood of the Terena and Bororo” (VIVEIROS,1958, page 18). The first real contact Rondon had with indigenous people was with the Bororo Coroado, during the construction of the Telegraphic Lines from Cuiabá to Araguaia (1890-1891). He credited having learned to respect the Indians for their humanity from Major Gomes Carneiro. The contact with the Bororo would become stronger during the reconstruction of the Line, from 1892 to 1898, to the point that he boasted knowing how to speak the language of that people. As a result of the works performed under the responsibility of the Commission for Construction of the Telegraphic Lines in the State of Mato Grosso (1900-1906), the matter of the indigenous people gained more drama. There were three very intense moments. The first refers to the Bororo, who had worked under his direction. His lack of experience is reflected by his inability to prevent many of them from being contaminated and killed during a smallpox outbreak. The second moment explains the tension with the farmers, while defining the lands of the Terena. The third moment, however, was an intervention he performed to save the Ofaié, who lived at the headwaters of Rio Taboco and Rio Negro, and were “hunted like beasts by a colonel” who accused them of eating his cattle (VIVEIROS, 1958, page 225). that same period, in Rio de Janeiro and in São Paulo, an intense debate regarding the matter of indigenous people was “fought” in the newspapers, civil institutions and the government. Some defended the extermination of the native population, who hindered “progress.” Others, among them Salesian priests, insisted that the church needed to resume its historical role of catechism. Rondon was asked to join the debate. Backed by positivist ideals, Rondon became part of a group of intellectuals, politicians and institutions that defended that the Government must be at the forefront of process and take upon itself the responsibility to propose a set of actions to protect the natives. Therefore, in 1910, three years after Rondon assumed the leadership of the Commission for the Construction of Telegraphic Lines from Mato Grosso to the Amazon, the Service for the Protection of Indigenous Peoples

and Localization of National Workers (SPILTN) was founded, which became known simply as the Indian Protection Service (SPI) after 1918. Rondon was responsible commanding it, a task he performed in addition to heading the Rondon Commission. Between 1907 and 1930, Rondon and his team – from both the Rondon Commission and the SPI – lived the most monumental experience of contacting the indigenous peoples of Mato Grosso, Amazonas, Pará, Acre, São Paulo and Paraná, among other states in Brazil. In the case of Mato Grosso, the works were performed in the Northwest, the Guaporé-Pimenta BuenoMadeira valley; and later in the Northeast region, along Rio Xingu and Rio Araguaia. With years of experience in the field, Rondon classified the various groups based on linguistic criteria, such as the: Nhambiquara, Caribe, Chapacura, Gê, Nu-Aruáque, Aruáque, Urupá, Bororo, Guaicuru, Pano, Tupi, Guarani, Tupi-Guarani and Alófilos peoples. It must be clarified that, at the time Rondon was alive, there were no Anthropology courses in Brazil; even so he and his collaborators studied and built a classification system for the indigenous peoples that were contacted. Although this system is now outdated, its scientific importance, as well as the records that were collected, are priceless. Even after his military retirement (1930), Rondon presided the National Council for the Protection of Indians (1939-1954); he was able to institute April 19 as the celebration of Indian Day (1943); he helped found the Indian Museum, alongside Darcy Ribeiro (1953); and participated in the group that discussed the Project for the creation of Parque Nacional do Xingu [Xingu National Park] (1952-1961). The anthropologist Darcy Ribeiro, who was his secretary, while delivering the funeral eulogy in front of his tomb, repeated the four values Rondon had created for the Brazilian policy on indigenous peoples: 1. Brazilians must not avenge the defensive attacks of the native population, but seek peace: ‘Die if need be; but never kill!’; 2. Indigenous tribes must be treated as independent peoples, allowing their evolution without any pressures; 3. It is necessary to assure the native population the ownership of their lands; 4. The Government must guarantee assistance to the native population (FREIRE, 2009, page 122).

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Grupo Umutina/Barbado recém-contatado. Foto: José Louro, 1920. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Recently contacted group of Umutina/Barbado. Photo: José Louro, 1920. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Grupo de Índios Bacairi no novo Posto Indígena Simões Lopes, em 1920. Fotógrafo não identificado. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Group of Bacairi Indians in the new Simões Lopes Indigenous Outpost, in 1920. Unknown photographer. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Cacique Nhambiquara “Cavaignac” do grupo Nenê vestido com uniforme militar, presente enviado pelo próprio Rondon. Foto: José Louro, 1920. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Indian Chief Nhambiquara “Cavaignac” of the Nenê group, dressed in military uniform, a present sent by Rondom himself. Photo: José Louro, 1920. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Indígena voltando da caça e exibindo sua arma e um tatu-canastra como resultado de seu esforço. Foto: Anastácio Queiroz, [19--]. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Native Indian returning from a hunt and displaying his weapon and the giant armadillo he captured in his efforts. Photo: Anastácio Queiroz, [19--]. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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Grupo de índios Carajá. Fotógrafo não identificado. Acervo: Museu do Índio, Rio de Janeiro. Group of Carajá Indians. Unknown photographer. Collection: Indian Museum, Rio de Janeiro.

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A sede da antiga fazenda Descalvados, localizada na margem direita do rio Paraguai, em Cรกceres-MT. Foto: Mario Friedlander. Seat of the former Descalvados farm, located on the right bank of Rio Paraguai, in Cรกceres-MT. Photo: Mario Friedlander.

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Vista panorâmica de Casalvasco Velho, na margem do rio Barbados, em Vila Bela da Santíssima Trindade-MT. Foto: Mario Friedlander. Panoramic view of Casalvasco Velho, on the banks of Rio Barbados, in Vila Bela da Santíssima Trindade-MT. Photo: Mario Friedlander.

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Salto Utiarity no rio Papagaio, entre Campo Novo do Parecis e Sapezal-MT, divisa entre a Terra IndĂ­gena Pareci e Tirecatinga dos Nambiquaras. Foto: Mario Friedlander. Salto Utiarity in Rio Papagaio, between Campo Novo do Parecis and Sapezal-MT, the border between the Pareci and Tirecatinga dos Nambiquaras Indigenous Land. Photo: Mario Friedlander.

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Aspecto do morro ParedĂŁo Grande, localizado no leste mato-grossense, em General Carneiro-MT. Foto: Mario Friedlander. View of Morro ParedĂŁo Grande, located in the east of Mato Grosso, in General Carneiro-MT. Photo: Mario Friedlander.

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Vista aérea do encontro do rio Paraguai de águas barrentas, a montante de Cáceres-MT, com o rio Sepotuba, de águas limpas. Foto: Mario Friedlander. Aerial view of the meeting of the muddy waters of Rio Paraguai, upstream from Cáceres-MT, with the clear waters of Rio Sepotuba. Photo: Mario Friedlander.

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Corredeira no rio Sacre. Terra IndĂ­gena Paresi, Campo Novo do Parecis-MT. Foto: Mario Friedlander. Rapids of Rio Sacre. Paresi Indigenous Land, Campo Novo do Parecis-MT. Photo: Mario Friedlander.

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PLANTA Planta EXPOGRร FICO expogrรกfica

EXHIBIT EXPOGRAPHIC PLAN 8 7 9 6

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5 11

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3

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2

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1


Legenda

Legend

1 Painel Comissão Rondon: organograma, biografia e retratos

1 Rondon Commission Panel: organizational chart, biography and portraits

2 Retratos Indígenas, por Mario Friedlander

2 Indigenous Portraits, by Mario Friedlander

3 Linha Telegráfica Cuiabá / Araguaia-MT

3 Cuiabá Telegraphic Line / Araguaia-MT

4 Linha Telegráfica Cuiabá / Corumbá-MS

4 Cuiabá Telegraphic Line / Corumbá-MS

5 Linha Telegráfica Cuiabá / Vila Bela da Santíssima Trindade-MT

5 Cuiabá Telegraphic Line / Vila Bela da Santíssima Trindade-MT

6 Paisagens de Mato Grosso do Sul, por Mario Friedlander

6 Landscapes of Mato Grosso do Sul, by Mario Friedlander

7 Paisagens de Rondônia, por Mario Friedlander

7 Landscapes of Rondônia, by Mario Friedlander

8 Reconhecimento do Sertão: Cuiabá / Amazonas

8 Reconnaissance of the Backcountry: Cuiabá / Amazonas

9 Construção da Linha Telegráfica Cuiabá / Amazonas

9 Construction of the Telegraphic Line Cuiabá / Amazonas

10 Trabalhos Científicos da Comissão Rondon

10 Scientific Works of the Rondon Commission

11 Estações Telegráficas e Paisagens

11 Telegraphic Stations and Landscapes

12 Etnias Contatadas por Rondon

12 Ethnic Groups Contacted by Rondon

13 Paisagens dos Caminhos de Rondon, por Mário Friendlander

13 Landscapes of Caminhos de Rondon, by Mário Friendlander

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FICHA TÉCNICA TECHNICAL CREDIT Governo do Estado de Mato Grosso

Government of the State of Mato Grosso

Governador do Estado de Mato Grosso / Governor of the State of Mato Grosso

Equipe Paisagens de Rondon

Rondon Landscapes Team

Organização / Idealização do Projeto / Pesquisa / Fotografia

Pedro Taques

Organization / Project Conception / Research / Photography

Vice-governador do Estado de Mato Grosso / Vice-governor of the State of Mato Grosso

Mario Friedlander

Carlos Fávaro

Organização / Pesquisa / Curadoria / Organization / Research / Curatorship

João Antonio Botelho Lucídio

Leandro Carvalho

Organização / Coordenação Geral / Organization / General Coordination

Regiane Berchieli

Organização / Assistência de Curadoria / Organization / Curatorship Assistant

Secretário de Estado de Cultura / State Secretary of Culture

Secretária Adjunta de Cultura / Deputy Secretary of Culture

Eduardo Espíndola

Secretário Adjunto de Administração Sistêmica

Viviene Lozi

Deputy Secretary of System Management

Produção Executiva / Executive Production

Roberto Cyriaco da Silva

Jackeline Silva

Giordanna Santos

Protásio Morais

Superintendente de Políticas Culturais / Cultural Policies Superintendent

Superintendente de Infraestrutura e Articulação Institucional Institutional Infrastructure and Articulation Superintendent

Ivan de Almeida Coordenadora de Patrimônio Cultural / Cultural Heritage Coordinator

Fernanda Quixabeira

Assessoria de Imprensa / Public Relations

Angélica Moraes Lidiane Barros

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Assessoria de Imprensa / Press Agent Public Relations

Assistência de Fotografia / Photography Assistant

Victor Amadeo Friedlander

Projeto Expográfico / Exhibit Expographic Project

Paulo Crispin

Montagem / Layout

Rodrigo Leite Projeto Gráfico / Graphic Project

Braavos Comunicação / Jhon Douglas


Equipe Paisagens de Rondon

Rondon Landscapes Team

Tratamento de Imagens Históricas / Handling of Historic Images

Luiz Arruda / Mario Friedlander / Kenny Kendy / Roberto Ribeiro Revisão Textual / Text Revision

Cristina Campos Versão em Inglês / English version

Aliança Traduções Textos / Text Página: 7

Mario Friedlander

Páginas: 29, 35, 50 e 61

João Antonio Botelho Lucidio Cessão de Imagens Históricas / Use Authorization for Historic Images

Biblioteca Mário de Andrade – Coleção de Obras Raras e Especiais Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso José Guilherme Aires de Lima – Acervo Mario Baldi Welt museum Wien – Acervo – Mario Baldi Mario Friedlander Imagens – Acervo Museu do Índio / Fundação Nacional do Índio (Funai)

Agradecimentos / Acknowledgements

Anna Maria Costa Antônio Hilário Aguilera Urquiza Cacá de Souza Cinthia Mattos Claudete Ferreira de Castro Santos Daiane Marafon Edir Pina de Barros Elena Guimarães Elias Bígio Elizabeth Madureira Siqueira Fernanda Quixabeira Machado Flávia Taques Flávio Ferreira Ilza Dias Paião Ione Couto Jean Toya Joana Moreno de Andrade João Bertoli João Bosco Queiroz da Costa João Carlos Vicente Ferreira José Afonso Botura Portocarrero José Carlos Levinho José Guilherme Aires Lima Leandro Carvalho Lilian Bazzi Luciano Carneiro Alves Luciwaldo Pires de Ávila Luiz Domingos Gonçalves Filho Luiz Gustavo de Souza Lima Junior Luiz Leduc Júnior Marcos Antônio Ferreira Sampaio Museu de Arte de Mato Grosso Museu Histórico de Mato Grosso Natália Nogueira Paulo Molina Paulo Pitaluga Suísse Monteiro Leon Bordest Valdir Pereira de Castro

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ReferÊncias

REFERENCES

FREIRE, Carlos Augusto da Rocha. Rondon: a construção do Brasil e a causa indígena. Brasília: Abravideo, 2009.

FREIRE, Carlos Augusto da Rocha. Rondon: a construção do Brasil e a causa indígena. Brasília: Abravideo, 2009.

LASMAR, Denise Portugal. Estoques de informação: o acervo imagético da Comissão Rondon no Museu do Índio (1890-1938). 2. ed. Rio de Janeiro: Museu do Índio, 2011.

LASMAR, Denise Portugal. Estoques de informação: o acervo imagético da Comissão Rondon no Museu do Índio (1890-1938). 2. ed. Rio de Janeiro: Indian Museum, 2011.

LEME, Alberto Betim Paes. Quatro Mappas do Anexo n. 5 de História Natural, Mineralogia e Geologia. Rio de Janeiro: Cimissão de Linhas Telegraphicas Estratégicas de Matto Grosso, [19-]. (Publicação n. 24, folha 6.)

LEME, Alberto Betim Paes. Quatro Mapas do Anexo n. 5 de História Natural, Mineralogia e Geologia. Rio de Janeiro: Cimissão de Linhas Telegraphicas Estratégicas de Matto Grosso, [19--]. (Publicação n. 24, folha 6.)

LUCIDIO, João Antonio Botelho; LIMA JÚNIOR, Luiz Gustavo de Souza. Rondon: a imagem como aliada (1890 a 1940). Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, Cuiabá, n. 66, p. 57-67, 2007.

LUCIDIO, João Antonio Botelho; LIMA JÚNIOR, Luiz Gustavo de Souza. Rondon: a imagem como aliada (1890 a 1940). Revista do Instituto Histórico e Geográfico of Mato Grosso, Cuiabá, n. 66, p. 57-67, 2007. MACIEL, Laura Antunes. A nação por um fio: caminhos, práticas e imagens da Comissão Rondon. São Paulo: Educ, 1998.

MACIEL, Laura Antunes. A nação por um fio: caminhos, práticas e imagens da Comissão Rondon. São Paulo: Educ, 1998.

RONDON, Cândido Mariano da Silva. Relatório apresentado à Directoria Geral dos Telegraphos e à Divisão Geral de Engenharia (G.5) do Departamento de Guerra. Estudos e reconhecimentos. v. 1. Rio de Janeiro: Papelaria Luiz Macedo, 1910.

RONDON, Cândido Mariano da Silva. Relatório apresentado à Directoria Geral dos Telegraphos e à Divisão Geral de Engenharia (G.5) do Departamento de Guerra. Estudos e reconhecimentos. v. 1. Rio de Janeiro: Papelaria Luiz Macedo, 1910.

_____. Relatório apresentado à Directoria Geral dos Telegraphos e à Divisão Geral de Engenharia (G.5) do Departamento de Guerra. Estudos e reconhecimentos. v. 2. Rio de Janeiro: Papelaria Quitanda, 1919.

_____. Relatório apresentado à Directoria Geral dos Telegraphos e à Divisão Geral de Engenharia (G.5) do Departamento de Guerra. Estudos e reconhecimentos. v. 2. Rio de Janeiro: Papelaria Quitanda, 1919. _____. Índios do Brasil: do Centro ao Noroeste e Sul de Mato Grosso. v. 1. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Proteção ao Índio, 1946. _____. Relatório dos trabalhos realizados de 1900-1906. Rio de Janeiro: Cia. Editora Nacional, 1949. _____. Índios do Brasil: das cabeceiras do rio Xingu, rios Araguaia e Oiapoque. v. 2. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Proteção ao Índio, 1953. VIVEIROS, Esther de. Rondon conta sua vida. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1958.

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_____. Índios do Brasil: do Centro ao Noroeste e Sul of Mato Grosso. v. 1. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Proteção ao Índio, 1946. _____. Relatório dos trabalhos realizados de 1900-1906. Rio de Janeiro: Cia. Editora Nacional, 1949. _____. Índios do Brasil: das cabeceiras do rio Xingu, rios Araguaia e Oiapoque. v. 2. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Proteção ao Índio, 1953. VIVEIROS, Esther de. Rondon conta sua vida. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1958.



Organização

Associação das Artes, Comunicação e Cultura de Mato Grosso

Realização


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