pelo Coronel
Candido Mariano da Silva Rondon
apresentado á Directoria Geral dos Telegraphos e á Divisão Geral de Engenharia (G.5) do Departamento de Guerra
Relatorio da Commissão Linhas Telegraphicas Estrategicas de Matto Grosso ao Amazonas
Estudos e Reconhecimentos
Rondon &
v. 1
Prefácio I
Governador do Estado de Mato Grosso Pedro Taques Vice-governador do Estado de Mato Grosso Carlos Fávaro Secretário de Estado de Cultura Leandro Falleiros Rodrigues Carvalho Secretária Adjunta de Cultura Regiane Berchieli
Editores Ramon Carlini Elaine Caniato Revisão Cristina Campos Capa Elaine Caniato Scaneamento e tratamento de imagens Marcelo Cabral
R771c Rondon, Candido Mariano da Silva. Commissão das linhas telegraphicas estrategicas de Mato Grosso ao Amazonas: relatorio apresentado á directoria geral dos telegraphos e á divisão geral de engenharia (G.5) do departamento da guerra./ Candido Mariano da Silva Rondon. Cuiabá-MT: Carlini & Caniato Editorial, 2016. ISBN 978-85-8009-122-9 1.História. 2.Linhas Telegraphicas – Mato Grosso Amazonas. I.Título. CDU 94(817.2)
Carlini & Caniato Editorial (nome fantasia da Editora TantaTinta Ltda.) Rua Nossa Senhora de Santana, 139 – sl. 03 – Goiabeira Cuiabá-MT – (65) 3023-5714 contato@tantatinta.com.br / www.carliniecaniato.com.br
Pedro Taques Governador do Estado de Mato Grosso
Entre 1907 e 1915, grandes regiões dos estados de Mato Grosso, Rondônia e Amazonas serviram de passagem para um grupo de oficiais e praças do Exército brasileiro que tinha a missão de estender fios telegráficos até o extremo noroeste do país. Esses militares reuniam-se com telegrafistas e guarda-fios cedidos pela Repartição Geral dos Telégrafos, com civis contratados para trabalhos pesados e especialistas, totalizando de três a seis centenas de homens, que formavam a Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas (CLTEMTA), também conhecida como ‘Comissão Rondon’. Essa Comissão, criada no governo do Presidente Affonso Penna (1906-1909) e chefiada pelo Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958), foi considerada um dos maiores empenhos realizados pela República brasileira nas primeiras décadas, com o objetivo de inserir os sertões do noroeste ao restante do país. Neste 1º Relatório, produzido em 1907, mostra-se a criação da Comissão, com suas estratégias e táticas, os trabalhos inaugurais de campo, a rota inicial e os seus objetivos. Rondon descreveu como foi implantada a linha telegráfica até o rio Madeira, os trabalhos realizados de Cuiabá a Vila Bela, primeira capital de Mato Grosso. Em seguida, as atividades realizadas entre Cáceres e Diamantino, as dificuldades para sua execução e de lá até a região do rio Juruena, em seguida pelos rios Jacy, Pimenta Bueno, Jamary, inclusive quando os postes telegráficos chegaram ao rio Madeira. A construção de linhas e estações telegráficas pela Comissão Rondon fez parte do projeto do governo que previa, também, a defesa das fronteiras brasileiras, contatos com sociedades indígenas, investigações científicas e, sobretudo, a ocupação Relatorio da Commissão Rondon v.1
produtiva de grande porção do território nacional, que seus membros denominavam “sertões do noroeste”. Também foi realizado um estudo demográfico da Amazônia, bem como sobre a flora, fauna e condições climáticas, reunindo diversos especialistas dessas áreas para investigar tudo o que pudesse ser encontrado naquela região ainda inexplorada. Todavia, a Comissão encontrou inúmeros obstáculos para o cumprimento desses objetivos, entre os quais o transporte numa região muito acidentada e praticamente inexplorada, as constantes chuvas somadas a períodos de calor inclemente e, por fim, a malária – o grande martírio dos expedicionários – que atrasou e interrompeu as diversas atividades então em curso. Logo, a expedição para a construção de rede de telégrafos – transformada, também, em expedição científica – produziu trabalhos de valor inestimável para a ciência. Registrou Darcy Ribeiro, em 1959, que a Comissão Rondon foi uma “grande empresa política e militar que se tornou, sob sua direção, o maior empreendimento científico e a maior cruzada humanística jamais testada no Brasil”. Esta é mais uma importante contribuição do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Cultura, para a preservação da memória do Marechal Rondon, como parte das comemorações dos 150 anos de nascimento de um dos mais ilustres brasileiros de todos os tempos.
Prefácio II
Leandro Carvalho Secretário de Estado de Cultura
Este é o 1º Relatório produzido pela Comissão Rondon, apresentado à Diretoria Geral de Telégrafos e à Divisão Geral de Engenharia do Departamento de Guerra. O objetivo da sua nova publicação é tornar conhecido o trabalho realizado pela Comissão Rondon, e disponibilizá-lo em edição fac-similar a todos os interessados, uma vez que a tiragem da edição original foi baixa e, portanto, hoje é considerada uma obra rara. O Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Cultura, como parte das comemorações do sesquicentenário de nascimento de Cândido Mariano da Silva Rondon, vem desenvolvendo e apoiando diversas iniciativas de promoção e preservação da memória do Marechal Rondon. Um exemplo é a digitalização de 87 relatórios produzidos pela Comissão Rondon ao longo de mais de meio século de trabalho, para disponibilização em DVD, on-line, e livro catálogo impresso. Com este trabalho, a Secretaria de Estado de Cultura segue cumprindo um dos seus objetivos precípuos de preservar e promover o patrimônio histórico e artístico, material e imaterial mato-grossense, bem como de democratizar o acesso universal às artes e à cultura. Parabenizo o historiador Paulo Pitaluga Costa e Silva, pela dedicação e preservação de tão importante patrimônio, e a Carlini & Caniato Editorial, pelo esmerado trabalho editorial que resultou na publicação deste fac-símile. Sobre esta edição
A fim de disponibilizar tão importante publicação, que até então se tratava de obra rara, restrita a poucos, a Carlini & Caniato Editorial empenhou-se na reproduRelatorio da Commissão Rondon v.1
Relatorio da Commissão Rondon v.1
ção esmerada, através de edição fac-similar, deste Relatório nº 1, preservando não somente seus conteúdos, mas também a grafia e estética da obra original. Desejamos, assim, aos pesquisadores e leitores em geral uma excelente aventura histórica!
Apresentação
Paulo Pitaluga Costa e Silva Historiador
O professor Leslie Bethel, da Universidade de Oxford, certa vez me disse, no recinto do Center for Brazilians Studies que, nos seus tempos de colégio, no seu High School na Inglaterra, nunca havia estudado nem conhecido Pedro Álvares Cabral, D. João VI, D. Pedro II, nem Getúlio Vargas. De personalidades brasileiras, apenas Rondon havia sido a ele ensinado nos bancos escolares. Cândido Rondon – o brasileiro mais famoso e plenamente conhecido num planeta ainda sem rádio, sem TV, sem internet, sem Facebook, em face da importância de sua obra ciclópica, pontuada nos anais da história pátria – idealizou, constituiu e comandou a Comissão das Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas, apelidada carinhosamente de Comissão Rondon, com trabalhos tão abrangentes e diversificados como o completo conteúdo de uma enciclopédia. A construção da linha telegráfica era o objetivo maior. Com ela se seguiria a ocupação fática do vazio demográfico da Amazônia brasileira. E a esse serviço difícil, duro, penoso, trabalhoso, conseguiu agregar Rondon uma quantidade de cientistas para estudar tudo o que pudesse ser encontrado nessa rota selvagem: médicos, botânicos, biólogos, antropólogos, meteorologistas e especialistas em determinados setores da fauna, como ofídios, moluscos, aves, etc., inclusive um fotógrafo militar. Para citar apenas um, Fredrick Carl Hoene, notável botânico e posterior autor de inúmeras obras, destacando-se suas pesquisas sobre as orquidáceas. A expedição construtora de rede de telégrafos passou a ser também uma expedição científica. E das observações, pesquisas, análises, experimentos e medições surgiram inúmeros relatórios científicos de alto valor para a ciência de então. Relatorio da Commissão Rondon v.1
O acúmulo de relatórios, dada sua importância, despertou a ideia de publicá-los, daí o surgimento da coleção “Publicações da Comissão Rondon”. E o primeiro foi o Relatório de sua própria autoria, em que mostra a criação da Comissão, seus primeiros trabalhos de campo, rota inicial e objetivos. A primeira publicação foi editada pela Papelaria Luiz Macedo, do Rio de Janeiro, e encabeçou uma série de 110 edições realizadas, principalmente, pelo Serviço de Proteção ao Índio e Ministério da Agricultura. Neste primeiro Relatório, tratou Rondon de sua expedição de implantação da linha telegráfica até o rio Madeira. Primeiramente, descreveu a linha de Cuiabá até Vila Bela, então cidade de Mato Grosso. As fotos ali inseridas mostram o estado de decadência dessa cidade, que foi a primeira capital de Mato Grosso. Em seguida, descreveu os trabalhos realizados entre Cáceres e Diamantino, mostrando as dificuldades para sua realização. De lá, seguiu sertão adentro até a região do rio Juruena, na então denominada Serra do Norte, entre os índios Parecis e Nhambiquaras. Descreveu ainda os rios Jacy, Pimenta Bueno, Jamary e, finalmente, quando os postes telegráficos chegaram ao rio Madeira. Por último, dentro de um espírito científico, decidiu divulgar aos brasileiros o clima da região percorrida, fazendo ainda sobre ela algumas “conclusões geográficas”, com detalhes importantes para os interesses nacionais. Após essa publicação, 109 outras foram ao prelo, mostrando não só a preocupação em divulgar os trabalhos da Comissão Rondon, como mostrar também a importância de seus trabalhos científicos para o progresso do Brasil. As publicações desses Relatórios demonstram, por si, que os objetivos da Comissão não eram tão somente uma mera obra de engenharia em plena floresta Amazônica, mas a ocupação fática do território nacional e a produção de trabalhos e pesquisas científicas de inigualável valor para a ciência brasileira. Rondon merece ser considerado o cidadão brasileiro mais importante na História do Brasil. Um grande brasileiro e um grande mato-grossense.
Relatorio da Commissão Rondon v.1
Relatorio da Commisão Rondon n0 1
Candido Mariano da Silva Rondon
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