SWISSCAM Magazine, edição 69

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O Magazine da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira The Magazine of the Swiss-Brazilian Chamber of Commerce

2012 R$ 10,00

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swisscam

BRASIL

foco

Infraestrutura focus

infrastructure sustentabilidade

O futuro do ensino de administração e economia sustainability

The future of management education notícias da SWISSCAM

Hospitalar 2012 Dia Nacional da Suíça chamber news

Fo t o : Fo t o l i a

Hospitalar 2012 Switzerland’s National Day


SAIBA QUEM ESTÁ AJUDANDO A SALVAR VIDAS Inovação Contínua A Roche tem entre suas principais estratégias a produção de medicamentos personalizados e a realização de investimentos pioneiros em biotecnologia, com o objetivo de desenvolver novas fórmulas, cada vez mais eficazes, para o tratamento de diferentes grupos de pacientes. www.roche.com.br

ABR/2012

agosto/2012


Mobilidade Urbana: o desafio das cidades do século XXI

O Brasil experimenta um forte processo de urbanização como demonstra o Censo IBGE 2010, pois 84,4% da população reside em cidades. Aquelas com menos de 20.000 habitantes já apresentam população urbana em patamares maiores que 56%, enquanto as cidades com população superior a 100 mil possuem taxa de urbanização maior que 94%. por Aguinaldo Velloso Borges Ribeiro

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pujança econômica do país tem possibilitado uma melhor distribuição da renda nacional, proporcionando acesso de elevado contingente populacional a bens e serviços antes inacessíveis, o que implicou no aumento de posse e utilização do automóvel. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em 2010, a frota nacional cresceu 8,4%, atingindo 64.817.974 veículos. Desse total, as motocicletas correspondem a 13.950.448 veículos, ou seja, 21,52% da frota. Em abril de 2012, a frota atingiu 72.242.959 veículos, sendo 16.052.920 (22,22%) motocicletas. Tal intensidade de uso impacta as cidades, seja devido ao número de acidentes, seja em razão da emissão dos gases de efeito estufa (GEEs) e local (GELs), contribuindo para o aquecimento global e as mudanças do clima, agravando as condições de saúde pública, principalmente para idosos e crianças. Esses fatores somados aos crescentes níveis de congestionamento na maioria das cidades, que consome combustível e horas perdidas nos deslocamentos casa-trabalho-casa, representam custos sociais ao conjunto da população,

A política de clima orienta que os programas e ações governamentais devam estar alinhados com as metas de redução entre 36,1% e 38,9% até 2020, o que representará deixar de emitir cerca de um bilhão de toneladas de CO2. significando horas a menos de lazer, de convívio familiar e prejuízos à mobilidade social decorrente da impossibilidade de dedicar-se horas aos estudos. Entre os anos 2000 e 2010, o consumo de combustíveis no setor rodoviário cresceu 24,2%, sendo o transporte individual - automóveis e motocicletas - responsável por 70% desse consumo. Em 2010, o setor rodoviário emitiu 89 milhões de toneladas de CO2 (MtCO2), sendo o automóvel responsável por 51% do total. Estima-se

que em 2020, o setor emitirá 150 MtCO2, o que representará um incremento de 65,9% nas emissões. O rápido processo de urbanização e das mudanças do clima fez com que o país promulgasse marcos regulatórios estabelecendo Políticas Nacionais sobre Mudança do Clima (Lei nº 12.187/2009) e da Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/2012). Tais normativos colocam o Brasil em posição diferenciada, por se comprometer voluntariamente com o esforço de reduzir emissões antropogênicas de efeito estufa. A política de clima orienta que os programas e ações governamentais devam estar alinhados com as metas de redução entre 36,1% e 38,9% até 2020, o que representará deixar de emitir cerca de um bilhão de toneladas de CO2. A política de mobilidade urbana orienta que o país deve priorizar os modos de transporte público e o não motorizado, ao mesmo tempo em que induz a redução das viagens motorizadas individuais. Isso proporcionará maior equidade social nos deslocamentos urbanos e menor emissão de CO2, devido ao investimento em sistemas de média e alta capacidade de transporte que, ao concentrar a demanda, possibilita maior eficiência e eficácia na relação per capita de emissão em tCO2/passageiro. O Ministério das Cidades, em atendimento a essas políticas nacionais, investe cerca de R$ 50 bilhões (US$ 25 bilhões) em sistemas de transportes públicos, o que proporcionará a construção de mais de 1.000 Km de infraestrutura de mobilidade urbana, abrangendo principalmente as seguintes modalidades: sistemas metroferroviários (metrôs, veículos leves sobre trilhos - VLTs, trens urbanos, aeromóvel e monotrilhos), sistemas rodoviários (bus rapid transit – BRTs, corredores e faixas exclusivas para o swisscam magazine 69

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transporte público) e sistemas de transporte fluvial, bem como a construção de terminais de embarque e desembarque e sistemas viários, que serão estruturantes na melhoria da mobilidade urbana. O esforço empreendido pelo Governo Brasileiro, por meio do Ministério das Cidades, para prover as cidades de sistemas de mobilidade urbana com atributos de intermodalidade física, operacional e tarifária, as tornarão compatíveis com o papel que o Brasil desempenha na economia mundial, possibilitando, ainda, o cobenefício de reduzir mais de 3MtCO2 em 2020 (acumulado de 14 MtCO2 até 2020). O Brasil é um país abençoado por Deus em matéria de fontes alternativas de energia, pois possui desde petróleo e gás, que com a exploração do Pré-Sal se tornará um país autossuficiente em gás natural, o que permitirá sua utilização em sistemas de transporte público. O país domina a tecnologia de biocombustíveis (biodiesel e etanol), o que possibilita também sua adoção em modalidades de transportes públicos, além do potencial da energia elétrica de origem hidroelétrica ou eólica. A ação conjunta de mudança na matriz modal e na matriz energética dos transportes públicos potencializará os efeitos da redução dos GELs e GEEs, confirmando o compromisso do Brasil na Rio+20, no documento “O futuro que queremos”, que propôs a sustentabilidade nos transportes e na mobilidade urbana, em particular, na forma em que utilizamos os recursos energéticos e os modais de transportes. Entendemos que as políticas do Ministério das Cidades em prol do transporte público e do não motorizado implicarão na rápida expansão da infraestrutura de mobilidade urbana do país, ampliando mercados para a construção civil, a indústria de material rodante e a operação de sistemas de transporte público. Isso proporcionará espaço à inovação tecnológica de materiais e combustíveis mais limpos nos transportes públicos. Vislumbramos a possibilidade da (re)construção das cidades, para que se tornem sustentáveis, socialmente justas, com qualidade de vida para a presente e as futuras gerações. Imbuído desse desejo é que estamos mudando a face das nossas cidades a cada dia, visando a construção de um pais socialmente justo e sem pobreza!

Errata Na edição 68, artigo da seção jurídica, página 16, onde se lê “a personalidade jurídica da empresa pode ser considerada para atingir o patrimônio dos administradores, independentemente de haverem agido com culpa ou dolo ou com relação à lei ou ao estatuto/contrato social”, considerar como correto “agido com culpa ou dolo ou com violação à lei ou ao estatuto/contrato social”. Na página 17, onde se lê “by Benedito Rodrigues Pontes and Alessandra Martins de Souza”, considerar como correto “by Enrique Tello Hadad and Alessandra Martins de Souza”. Para dúvidas, contatar os autores através dos e-mails enrique.hadad@lpadv.com.br e alessandra.souza@lpadv.com.br.

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Urban Mobility: the challenge cities face in the 21st century Brazil has been going through a significant urbanization process, as demonstrated by the 2010 IBGE Census, because 84.4% of the population live in cities. Cities with a population of less than 20,000 already present an urban population of more than 56%, while cities with a population greater than 100,000 have an urbanization rate greater than 94%. by Aguinaldo Velloso Borges Ribeiro

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he country’s economic strength has allowed for a better national distribution of income, providing access to goods and services to a larger part of the population that was previously inaccessible, which caused an increase in automobile purchases and use. According to the National Traffic Department (Denatran), the domestic number of vehicles grew 8.4% in 2010, with a total of 64,817,974 vehicles; 13,950,448 of which were motorcycles, corresponding to 21.52%. In April of 2012, the number of vehicles reached 72,242,959; 16,052,920 (22.22%) of which were motorcycles. Such intensive use has an impact on the cities, whether due to the number of accidents or to the emission of greenhouse effect gases (GEGs) and local effect gases (LEGs), contributing to global warming and climate changes, aggravating public health conditions, especially for the elderly and children. These factors, plus the growing levels of gridlocks in most cities, which wastes fuel and time during commutes from home to the office, represent social costs to the population, costs such as having less leisure time, time with family and loss of social mobility resulting from being unable to dedicate sufficient hours to education. Between 2000 and 2010, fuel consumption grew by 24.2% in the road transportation sector, with individual transportation – automobiles and motorcycles – being responsible for 70% of this consumption. In 2010, the road transportation sector emitted 89 million tons of CO2 (MtCO2), with automobiles being responsible for 51% of the total. It is estimated that by 2020, the sector will emit 150 MtCO2, which will equate to an increase in emissions of 65.9%. The rapid urbanization process and climate changes have caused the country to announce regulatory milestones establishing Brazilian Climate Change Policies (Law No. 12.187/2009) and Urban Mobility (Law No. 12.587/2012). Such regulations place Brazil in a distinguished position, due to its voluntary commitment to reduce anthropogenic greenhouse effect emissions. The climate policy directs that the programs and government actions must be aligned with the emission reduction goals, which stand at a reduction of between 36.1% and 38.9% by 2020 which will represent approximately one billion tons of CO2 that will no longer be emitted. The urban mobility policy establishes that the country must prioritize public and non-motorized means of transportation, while encouraging the reduction of individual motorized transport. This will create greater social equity in urban transportation and lower CO2 emissions, due to investments in medium and high capacity transportation systems that, by concentrating the demand, allows greater efficiency and effectiveness in relation to the emissions per capita for each tCO2/passenger.

The Ministry of Cities, in compliance with these national policies, invests approximately R$ 50 billion (US$ 25 billion) in public transportation systems, which will allow for the construction of over 1,000 Km of urban mobility infrastructure, specifically including the following: metropolitan subway-railway systems (subways, light rail transit - LRTs, urban trains, “aeromóvel” (a Brazilian elevated pneumatic propulsion transportation system) and monorails), road transportation systems (rapid transit buses– BRTs, exclusive lanes and rights-of-way for public transportation) and waterways, as well as the construction of boarding and disembarkation terminals and road systems, which will build urban mobility improvements. The effort made by the Brazilian Government, through the Ministry of Cities, to provide cities with urban mobility systems with intermodal physical, operational and fare attributes, will make them compatible with Brazil’s role in the global economy; also making possible the co-benefit of reducing over 3MtCO2 in 2020 (an accumulated amount of 14 MtCO2 by 2020). Brazil is said to have been blessed by God in terms of alternative sources of energy, because it has oil and gas; and, with the exploration of the Pre-Salt layer, it will become self-sufficient in natural gas, which will allow it to be used in public transportation systems. The country has mastered biofuel technology (biodiesel and ethanol), which also makes possible their use in public transportation systems, besides the electric power potential of hydroelectric or aeolian origin. The joint action for changes to the public transportation modal matrix and energy grid will enhance the effects of GEG and LEG reduction, proving Brazil’s commitment in the Rio+20, in the “The future we want” document, which proposed the sustainability of transportation and public mobility, especially in the way we use energy resources and means of transportation. We believe that the Ministry of Cities’ policies on behalf of public and non-motorized transportation will cause the fast expansion of the country’s urban mobility infrastructure, expanding civil construction and rolling stock equipment markets, and the operation of public transportation systems. This will create the technological innovation of using cleaner materials and fuel for public transportation. We glimpse the possibility of the (re)construction of cities, so that they can become sustainable, socially just, with quality of life for current and future generations. Imbued with this desire, we are changing the face of our cities every day, aiming at the construction of a socially just country without poverty!

Aguinaldo Velloso Borges Ribeiro é Ministro de Estado das Cidades. Aguinaldo Velloso Borges Ribeiro is Minister of Cities.


Diretor do Magazine e de Comunicação Magazine and Communication Director Stephan Buser Coordenação Editorial Editorial Coordination Denise Ortega Anúncios - Advertisements Mariana Badra Projeto Gráfico Editorial Design Markus Steiger

foco:infraestrutura focus: infrastructure 6 Desafios do setor público para contratar projetos de infraestrutura. Challenges facing public-sector infrastructure projects. 10 O preço da mobilidade nas cidades. The price of urban mobility. 24

Ativos Atrativos. Attractive Assets. Fo t o : Fo t o l i a

O Magazine da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira The Magazine of the Swiss-Brazilian Chamber of Commerce

Direção de Arte Art Direction Felipe Ledier Revisão e Tradução Proofreading and Translation Global Translations.BR Denise Ortega, Stephan Buser Jornalista responsável Journalist in charge Ester Tambasco, MTB 48.058 Produção Gráfica - Printing Coktail

sustentabilidade sustainability

cultura culture

18 O futuro do ensino de administração e economia. The future of management education.

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St. Moritz Art Masters 2012. Fo t o : S A M / A l e x a n d r a P a u l i

A reprodução das notícias é permitida, contanto que seja mencionada a fonte. As opiniões contidas nos artigos não refletem necessariamente a posição da SWISSCAM. The reproduction of items is permitted as long as the source is mentioned. The opinions contained in the articles do not necessarily reflect the position of SWISSCAM.

jurídico legal

22 A importância das patentes verdes. The importance of green patents. economia economy

26 Esses países ainda são atraentes para se investir. These countries are still attractive for investors. Câmara de Comércio Suíço-Brasileira Swiss-Brazilian Chamber of Commerce Schweizerisch-Brasilianische Handelskammer Chambre de Commerce Suisse-Brésilienne Avenida das Nações Unidas, 18.001 04795-900 São Paulo (SP) Brasil Tel +55 (11) 5683 7447 Fax +55 (11) 5641 3306 swisscam@swisscam.com.br www.swisscam.com.br Presidente - President Emanuel Baltis Vice-presidentes - Vice-Presidents Carlos Roberto Hohl Antonio Carlos Guimarães A Câmara de Comércio Suíço-Brasileira, constituída em 1945, é filiada à União das Câmaras de Comércio Suíças no Exterior e à Câmara de Comércio Internacional. The Swiss-Brazilian Chamber of Commerce, founded in 1945, is affiliated to the Swiss Foreign Trade Chambers and the International Chamber of Commerce.

www.swisscam.com.br

comunidade suíça no Brasil Swiss community in Brazil

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Associação Lar Feliz.

n o t í c i a s d a S W I S S C A M chamber news 08 Palestra com Prof. Gabriel Chalita. Lecture with Prof. Gabriel Chalita. 12 Comitês SWISSCAM. SWISSCAM committees. 16 Dia Nacional da Suíça. Switzerland’s National Day. 17 A Suíça apresentou sua tecnologia na Hospitalar 2012. Switzerland presents its technology at Hospitalar 2012. 21 Novos associados. New members.

Próxima edição: Negócios suíços no Brasil. Next edition: Swiss business in Brazil.

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foco: infraestrutura

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Desafios do setor público para contratar projetos de infraestrutura

Lei nº 11.079/2004 (Lei das Parcerias Público-Privadas) merece elogios por ter conseguido equilibrar os vários interesses em jogo, tais como, o estímulo ao desenvolvimento econômico, o resguardo da administração pública, a proteção dos usuários, a segurança jurídica para investidores, a garantia dos financiadores e o controle do gasto público. No entanto, o ritmo de novos empreendimentos ainda está abaixo da necessidade atual.

Um marco legal adequado é condição necessária, mas não suficiente para gerar bons resultados sob o ponto de vista social e econômico. A afirmação é particularmente verdadeira no setor de infraestrutura pública. A implantação de projetos com apoio da iniciativa privada, na modalidade de concessão ou parceria público-privada, enfrenta inúmeros desafios, notadamente do lado governamental.

Não é nada simples selecionar e modelar bons projetos de infraestrutura e, em seguida, contratar o empreendedor que ficará responsável pela construção e operação. As carências existem e não são poucas, assim como as oportunidades de negócios que lhe são correlatas. Falta, porém, capacidade do setor público para desempenhar essas tarefas de forma ágil e efetiva, buscando ao mesmo tempo preservar os interesses do erário e dos usuários, e manter a atratividade para o setor privado.

por Mario Engler Pinto Junior

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O problema seria menos crítico se houvesse planejamento adequado e visão de longo prazo por parte


das autoridades governamentais. No entanto, o ciclo político no Brasil favorece uma visão de curto prazo, marcada por improvisações. Afinal de contas, todo governante quer construir e inaugurar grandes obras durante sua breve gestão de quatro anos. Na ausência de expertise interna, o ideal seria o poder público contratar um consultor multidisciplinar com elevado capital reputacional para realizar os estudos iniciais (jurídico-institucional, técnico, econômico-financeiro, ambiental etc.), propor a melhor modelagem do projeto, interagir com o setor privado para certificar-se de sua atratividade, divulgar a nova oportunidade de negócio, e finalmente apoiar a fase de licitação e contratação. Tudo isso demanda um tempo considerável (12 a 24 meses), o que muitas vezes é considerado incompatível com o calendário eleitoral. Para contornar o problema, imaginou-se franquear ao setor privado apresentar propostas de projetos ao poder público, acompanhados dos devidos estudos e em condições de serem rapidamente licitados. Nesse caso, o autor do projeto não está impedido de participar da licitação e deve ser remunerado pelo licitante vencedor, conforme valores previamente aprovados pelo poder público. É fácil perceber que a alternativa da via rápida pode ser uma falsa solução para o setor público. Primeiro porque a assimetria informacional entre o autor do projeto e os demais licitantes pode comprometer a competitividade do certame. Segundo porque o autor do projeto está naturalmente mais preocupado em maximizar o retorno financeiro, do que em preservar os interesses do setor público e dos usuários. Terceiro porque a iniciativa do setor privado não dispensa o setor público de conduzir suas próprias análises sobre a adequação da proposta apresentada. Quarto porque o exame crítico nesse caso demanda o serviço de técnicos experientes, recrutados interna ou externamente, que possam dialogar em condições de igualdade com o setor privado. Retorna-se, assim, ao ponto de origem: a necessidade de planejamento de longo prazo no setor público e imune a aspectos meramente circunstanciais. O gargalo da infraestrutura no Brasil não se limita à elaboração de bons projetos. Existem certamente outros fatores, a exemplo da desconfiança dos tribunais de contas sobre a acurácia das estimativas do valor de investimento e das despesas de operação. Isso decorre da crença de que a competição inerente ao processo licitatório não é suficiente para corrigir eventuais desvios na formação do preço de referência do setor público. Daí a justificativa para a atuação mais profunda e rigorosa dos órgãos de controle, o que acaba gerando demora adicional na fase de licitação e contratação. Apesar dos desafios existentes, o balanço final é positivo no que se refere às perspectivas futuras na área de infraestrutura. A superação dos obstáculos apontados depende essencialmente de vontade política, amadurecimento institucional e visão de parceria séria entre os setores público e privado.

focus: infrastructure

Challenges facing public-sector infrastructure projects A legal framework is a necessary but not sufficient condition for generating good results from a social and economic standpoint. This assertion is particularly true for the public-sector infrastructure. Implementing projects with support from private enterprise, in the form of concessions or public-private partnerships, poses many challenges - in particular from the government’s side. by Mario Engler Pinto Junior

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aw No. 11.079/2004 (Law on Public-Private Partnerships) garnered praise for managing to balance the various interests at stake, stimulating economic development while safeguarding public administration, protecting users, assuring legal security for investors, guarantees for lenders, and control over public spending. However, the pace of new developments is still lagging behind current needs. Selecting and modelling good infrastructure projects, and then contracting an entrepreneur to build and operate them is no easy task. There are more than just a few weak links, just as there are related business opportunities. What is missing is the public-sector ability to get this done quickly and effectively, safeguarding the interests of the public purse and users while maintaining attractiveness for the private sector.

The problem would be less critical if there was proper planning and long-term vision on the part of the government authorities. However, the political cycle in Brazil favours a short-term approach marked by improvisations. After all, everybody in government wants to build and inaugurate major projects during a brief four-year mandate. In the absence of internal expertise, the government would ideally retain a multidisciplinary consultant with high reputational capital to carry out initial studies (legal, institutional, technical, economic, financial, environmental etc.), suggest the best project modelling, interact with the private sector to ensure its attractiveness, publicize the new business opportunity, and finally support the bidding process and contractual arrangements. All this takes quite some time (12 to 24 months), which is often too long when elections are upcoming.

As a way around the problem, one idea was franchising the private sector to submit project proposals to government, accompanied by the appropriate reports and ready for quick tendering and bidding. In this case, the project’s author is not impeded from bidding and has to be paid by the winning bidder, being paid an amount previously approved by government. It is easy to see that the fast track alternative may be a false solution for the public sector. Firstly, because informational asymmetry between the author of the project and the other bidders may compromise competitiveness. Secondly, because the project’s author is obviously more concerned with maximizing financial return than safeguarding the interests of the public sector and users. Thirdly, because the initiative of the private sector does not absolve the public sector’s duty of conducting its own analyses of the proposal. Fourthly, because critical examination in this case requires the service of experienced technical experts recruited internally or externally, who are able to converse with the private sector on an equal footing. This takes us back to the point of origin: the public sector’s need for long-term planning that cannot be affected by circumstantial aspects.

The problem would be less critical if there was proper planning and long-term vision on the part of the government authorities. The reasons for Brazil’s infrastructure bottleneck are not limited to getting good projects devised. There are certainly other factors, such as the audit courts distrust of the accuracy of estimates of investments and operating expenses. This arises from the belief that the competition inherent to the bidding process is not sufficient to correct any deviations when setting reference prices for the public sector. Hence the justification for control agencies to take more far-reaching and rigorous measures that eventually lead to additional delays in the bidding and contracting process. Despite the challenges, the final balance is positive in relation to prospects for the infrastructure industry. Overcoming the above-mentioned obstacles essentially depends on political will, institutional maturity and a meaningful vision for public-private sector partnership.

Mario Engler Pinto Junior é professor do Pós-GV law Infraestrutura – Direito GV – Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. Mario Engler Pinto Junior is professor with the Law and Infrastructure postgraduate program at the School of Law, Fundação Getulio Vargas.

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Palestra com Prof. C Gabriel Chalita notícias da SWISSCAM

om o tema “Gestão de Pessoas e de Ideias: um novo conceito na educação”, o professor Chalita iniciou a palestra abordando os três elementos da retórica de Aristóteles: ethos, pathos e logos, a serem aplicados em qualquer estratégia comunicativa. Seguindo esta linha, apresentou as três habilidades que um ser humano deve desenvolver para ter autonomia intelectual, pensamento crítico, formação ética e equilíbrio emocional.

No dia 28 de maio, os associados da SWISSCAM e da Swedcham tiveram a oportunidade de assistir à palestra do Prof. Gabriel Chalita, deputado federal, precedida por um almoço no Club Transatlântico, em São Paulo.

• Habilidade cognitiva: esta habilidade não é privilégio de alguns. Porém, na opinião do professor, o processo educacional brasileiro infelizmente não está desenvolvendo este elemento da inteligência. Quanto mais cedo se inicia, maior o seu progresso, permitindo desta forma que a pessoa mantenha sua capacidade de aprender até idades avançadas. • Habilidade social: o professor Chalita citou Rousseau e a noção de cooperação entre as pessoas. Ter a consciência de que sempre há algo a aprender com o outro e respeitar o próximo fazem parte desta habilidade. • Habilidade emocional: todo ser humano precisa de vínculo. Neste sentido, o professor aponta a leitura de histórias pelos pais como um forte processo emocional e consequente vínculo entre pais e filhos. A prática de esporte também é muito benéfica para a ampliação da habilidade emocional, pois se aprende a ganhar e a perder.

O Brasil passou ao sexto lugar no ranking das maiores economias do mundo. Ainda assim, não conseguiu melhorar a educação. O Brasil passou ao sexto lugar no ranking das maiores economias do mundo. Ainda assim, não conseguiu melhorar a educação. O professor Chalita afirma que surgiram no país educadores com ótimas propostas, mas que infelizmente não foram para frente por imaturidade política. Troca-se o mandato e perde-se o objetivo. Não há continuidade dos projetos. Desde 2006 está sendo discutido um projeto de lei para a criação da Lei de Responsabilidade Educacional, funcionando de forma similar à Lei de Responsabilidade Fiscal, mas para a área da educação. Esta lei garantiria o compromisso do Estado com a educação, acima de qualquer partido e independente de qualquer governo. Fo t o : M á r i o H e n r i q u e

Em uma comparação com países do BRIC, o professor menciona a China que por um lado está melhor na educação, mas por outro afugenta as pessoas pelo seu regime ditatorial. A Índia ainda se organiza

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1) Christina Binnie (Lufthansa) e Suely Estancione (Dynargie) prestigiam o evento. Christina Binnie (Lufthansa) and Suely Estancione (Dynargie) appreciate the event. 2) Jonas Lindström (Swedcham) faz os agradecimentos finais para o Prof. Gabriel Chalita. Jonas Lindström (Swedcham) thanks Prof. Gabriel Chalita. 3) Emanuel Baltis (SWISSCAM) presenteia o palestrante com uma lembrança suíça. Emanuel Baltis (SWISSCAM) offers a Swiss gift to the speaker.

socialmente pelo sistema de castas e sofre de conflitos étnicos e religiosos. Já o Brasil, por seu clima e recursos naturais, uma imprensa livre, entre outros atrativos, tem tudo para crescer mais, porém emperra na educação. A gestão de pessoas é decisiva neste processo. Se as empresas não investirem na formação, poderão ficar em desvantagem. Um porteiro ou uma recepcionista mal treinados não prestarão um bom atendimento ao cliente, que consequentemente não mais voltará. No turismo muito pode ser feito na área da educação. Taxistas melhor preparados, que estudem uma segunda língua para se comunicar com os turistas, gerarão mais oportunidades.

Fo t o : M á r i o H e n r i q u e

A apresentação foi encerrada com a sugestão de que as empresas contribuam com a sociedade formando, no mínimo, seus próprios funcionários ou os filhos dos funcionários.

chamber news

Lecture with Prof. Gabriel Chalita On May 28, the members of SWISSCAM and Swedcham had the opportunity of attending a lecture by Prof. Gabriel Chalita, federal congressman, preceded by lunch at the Club Transatlântico, in São Paulo

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ith the theme “Management of People and Ideas: a new concept in education”, professor Chalita began his lecture by addressing the three elements of rhetoric of Aristotle: ethos, pathos and logos, to be applied in any communicative strategy. Following this line, he presented the three skills that a human being should develop to have intellectual, autonomy, critical thinking and emotional balance.

Brazil is now sixth place in the ranking of the largest economies in the world. Even so, it has not managed to improve the education.

Os associados da SWISSCAM e da Swedcham assistem atentamente à palestra ministrada pelo Prof. Gabriel Chalita. SWISSCAM and Swedcham members attend the talk given by Prof. Gabriel Chalita.

• Cognitive skills: this is not the privilege of just a few people. However, in the professor’s opinion, the educational process unfortunately is not developing this element of intelligence. The earlier started the better its progress, thus allowing the person to maintain his/her capacity of learning in advanced ages.

• Social skills: Professor Chalita stated Rousseau and the notion of cooperation between people. Being aware that we can also learn something from others and respecting others is a part of these skills. • Emotional skills: every human being needs relationship. In this sense, the professor points out the reading of stories by the parents as a strong emotional process and the consequent relationship between parents and children. Playing sports is also very beneficial in developing emotional skills, because people learn to win and lose. Brazil is now sixth place in the ranking of the largest economies in the world. Even so, it has not managed to improve the education. Professor Chalita affirms that educators in the country with excellent proposals have appeared, but unfortunately they did not advance due to political immaturity. The mandates change and the objective is lost. There is no continuity of these projects. Since 2006, a draft bill has been discussed for the creation of the Law of Educational Responsibility, which should work like the Fiscal Responsibility Law, but for the area of education. This law guarantees the commitment of the State with education, independently of any party and independently of any government. In a comparison between the BRIC countries, the professor stated China on the one hand is better in education, on the other frightens people due to their dictatorial regime. India is still organized socially by the caste system and suffers ethnical and religious conflicts. Now, Brazil, due to its climate and natural resources, and free press, among other attractions, has what it takes to grow more, but is held back because of education. People management is decisive in this process. If the companies do not invest in training, they may be at a disadvantage. A badly trained doorman or receptionist will not provide good customer service, and the client is not likely to return. In tourism a lot can be done in the area of education. Taxi drivers that are better prepared to communicate with tourists, who learn a second language, will create more opportunities. The presentation ended with a suggestion that the companies should cooperate in training society, at least, their own employees or their employees’ children. swisscam magazine 69

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foco: infraestrutura

O preço da mobilidade nas cidades A mobilidade individual trouxe benefícios e comodidades para as pessoas que vivem nas cidades. Mas também há inconvenientes. Como os países lidam com os problemas do trânsito.

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entre os ‘efeitos colaterais’ do uso do automóvel em larga escala nas cidades estão os acidentes de trânsito. Quando analisamos as estatísticas sobre mortes no trânsito por cada milhão de habitantes dentro de um ano, observamos diferenças impressionantes neste número entre os países.

A lista do Eurostat (Instituto de Estatística da EU) mostra que mesmo dentro da Europa há diferenças grandes. Junto com Holanda, Noruega, Suécia e Reino Unido, a Suíça faz parte do ranking ‘Top Five’ dos países europeus com relativamente poucas mortes no trânsito, sendo estas entre 40 e 50 por cada milhão de habitantes em um ano. A Suíça teve 312 mortes no ano de 2011. Com seus 8 milhões de habitantes, isto significa pouco menos que 40 mortes por cada milhão. Enquanto isso, o Brasil com 30.000 mortes por ano numa população de 200 milhões está no mesmo patamar das lanterninhas europeias Polônia, Hungria e Grécia com 130 a 150 mortes por milhão por ano. Quais são os fatores determinantes para um aumento ou diminuição destes números? A procura por respostas nos leva primeiramente à infraestrutura, porque é óbvio que estradas bem planejadas e constantemente mantidas em bom estado são mais seguras que ruas não pavimentadas, sem boa iluminação e com manutenção escassa. E também é óbvio que carros bons, com manutenção constante e controle técnico decretado por lei quebram menos e são mais seguros do que veículos em estado precário. E estes dois fatos, infraestrutura e bons carros, também obviamente são uma questão de dinheiro. Por isto, as ruas nos países mais ricos geralmente são mais seguras. Outros fatores também requerem dinheiro. Para garantir um sistema funcional e denso

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Enquanto no Brasil o excesso de velocidade ou a embriaguez ao volante são as causas mais comuns dos acidentes, na Suíça consta em primeiro lugar a desatenção ao volante (falar ao telefone, usar o retrovisor para retocar a maquiagem, ler jornal no semáforo etc.). de controle de velocidade ou manter as vistorias policiais para abordar motoristas que beberam acima do permitido, há que se investir consideravelmente e devidamente o dinheiro público. Mas há outros fatores que também fazem uma grande diferença e não custam tanto. Em primeiro lugar citaríamos o estado de direito, cujo objetivo é a garantia de que as leis sejam cumpridas. Já que as leis sobre trânsito são semelhantes em todos os países, a diferença está no cumprimento delas. Enquanto em alguns países é bem comum que uma multa recebida possa ser ‘negociada’, não há discussão sobre isto em outros. Recentemente, na Suíça, o chefe da polícia estadual do cantão de Aargau, Stephan Reinhardt, renunciou do seu alto cargo por ter recebido várias multas por excesso de velocidade em seu carro particular e por perder a carteira de habilitação por meio ano. Com isso, considerou ele mesmo, não teria mais credibilidade na população para exercer um cargo público. A segurança jurídica ou a certeza de que qualquer cidadão será multado e terá que enfrentar as

consequências previstas em lei pela infração que cometeu influi bastante na hora de decidir dirigir embriagado, de ultrapassar a velocidade permitida ou de fazer manobras arriscadas. Enquanto no Brasil o excesso de velocidade ou a embriaguez ao volante são as causas mais comuns dos acidentes, na Suíça consta em primeiro lugar a desatenção ao volante (falar ao telefone, usar o retrovisor para retocar a maquiagem, ler jornal no semáforo etc.). Enquanto falar ao celular no volante causa uma multa de 100 francos suíços (por volta de 230 reais), porém sem perda da carteira, o excesso de velocidade e a embriaguez, além de causar multas de mais de 260 francos (600 reais), resultam na perda da carteira. Quem dirige a 66 km/h em ruas limitadas a 50 km/h ou quem pisa o pedal até chegar a 126 km/h num trecho de autoestrada limitada a 100 km/h recebe sanções severas e viajará por algum tempo de transporte público. Mas não são as multas e sanções em si que fazem o cidadão pensar duas vezes antes de fazer a coisa errada, é a certeza de que não terá escapatória se for pego e que a chance de ser pego é considerável. O sistema de provas de habilitação também é fator determinante. Enquanto alguns países mantêm um sistema informal de ‘compra’ de carteira de habilitação, em outros esta tem que ser merecida. Nos países Top Five, os jovens não raramente precisam de duas tentativas até conseguir passar na prova que consta de uma fase teórica e outra prática. E, incluindo a educação, também o trabalho preventivo feito em escolas e nas famílias é de alta importância para evitar tragédias. É nas escolas e dentro de casa que a criança aprende pouco a pouco que faz parte de uma sociedade que somente funciona se os seus integrantes se considerarem cidadãos responsáveis e conscientes e começam a ter orgulho disso.


focus: infrastructure

The price of urban mobility Individual mobility has brought benefits and amenities to people living in cities. But there are also some inconveniences. How countries deal with traffic problems.

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Fo t o : Fo t o l i a

mong the “collateral effects” of the large-scale use of cars in cities are traffic accidents. When we analyze the statistics of traffic deaths per million inhabitants in one year, we find that there is a striking difference in figures across the countries.

Uma nova lei brasileira estipulou que até 2014 todos os carros devem sair da montadora com airbags e freios ABS. Na Suíça, a alta demanda por estes itens de segurança ocorreu principalmente pela conscientização do público, através da divulgação de testes de colisão feitos por entidades imparciais como a Euro NCAP. Recentemente, uma entidade similar se formou na América Latina, a Latin NCAP, realizando testes de segurança em alguns dos carros mais populares no país e incentivando que autoridades e fabricantes aumentem as medidas de segurança nos veículos. A privatização de grandes trechos de autoestradas também melhorou muito este aspecto. Um bom exemplo é o da Rodovia Régis Bittencourt, que era conhecida por apresentar os maiores índices de acidentes de todo o país e hoje, após melhorias pesadas e a duplicação das suas vias, apresenta índices significativamente menores. Portanto, podemos observar que o bom funcionamento do estado de direito, um sistema judicial seguro, multas severas, boa infraestrutura, provas desafiantes de habilitação e conscientização desde cedo são os fatores que fazem a diferença entre os países. Enquanto talvez não tenhamos muita influência sobre o uso correto do dinheiro público e talvez soframos com um ou outro buraco na pista, temos muita influência em nosso próprio comportamento. É a nossa atitude que nos faz adequar a velocidade às circunstâncias dadas ou não dirigir embriagado. São estas escolhas de um cidadão responsável que podem ser decisivas para as estatísticas de todos os países. Fontes: www.bfu.ch www.eurostat.com www.ibge.com.br

The Eurostat (EU Statistics Institute) list shows that even in Europe there are substantial differences. Jointly with Holland, Norway, Sweden and the United Kingdom, Switzerland is part of the “Top Five’ ranking of European countries with a relatively low number of traffic deaths, which was between 40-50 traffic deaths per million inhabitants in one year. Switzerland recorded 312 deaths in 2011, which with its 8 million inhabitants, equates to a little less than 40 deaths per million inhabitants. On the other hand, Brazil, which records 30,000 deaths per year among its population of 200 million inhabitants, stands at the same level as the lowest ranked countries in the European group: Poland, Hungary and Greece. They recorded 130-150 deaths per million per year. What are the determining factors for an increase or decrease of such figures? The search for answers leads us first to infrastructure, because it is obvious that well planned and continuously maintained roads are safer than unpaved roads, which are poorly maintained and lacking lighting. And it is also obvious that good cars, which are well maintained and have technical control as required by Law, are prone to fewer defects and are safer than using unreliable equipment. However, the availability of both infrastructure and good cars is obviously a matter of money. As such, streets in richer countries are generally safer. Other factors also require money. In order to ensure a strong functional speed control system or enforce police inspections to intercept drivers that have drunk more than permitted, a significant amount of public funds need to be properly invested. However, there are other factors that also make a difference and which are affordable. First we would like to mention the institutional system, the objective of which is to ensure that all laws are enforced. Since traffic laws are similar in all countries, the difference between them lies in their enforcement. While in some countries it is very common that a traffic ticket may be “negotiated”, there is no discussion about it in other countries. Recently in Switzerland, the chief of State Police in the Aargau district, Stephan Reinhardt, resigned from his high position because he had received many speeding tickets while using his private car and had his driving license suspended for half a year. Because of this he assumed that he would no longer have the public credibility to hold a public office. Legal assurance, or the assurance that any citizen will be fined and have to face the legal penalties for any infraction, is a deciding factor which will influence a driver when deciding whether or not to drive drunk, exceed the speed limit or drive dangerously. While in Brazil excess speed and drunk driving are the most common causes

of accidents, in Switzerland driving inattentively (use of telephone, use of rear-view mirror to retouch makeup, reading the paper at the traffic light etc.) is the most common cause. Talking on a cell phone is subject to a fine of 100 Swiss francs (about 230 BRL), and the drivers will not lose their driving license; but excess speed and drunk driving do result in the loss of driving license, in addition to a fine exceeding 260 SF (600 BRL). Anyone driving at a speed of 66 km/h in streets limited to 50 km/h, or who accelerates up to 126 km/h in a roadway section limited to 100 km/h, is subject to severe sanctions and will have to use public transportation for some time. But it is not the fines and sanctions themselves that make a citizen think twice before making a wrong decision; it is rather the certainty that there will be no room for excuses or exceptions if he/she is caught, and that the chance of being caught is considerable. The driving test system is also a factor. While some countries maintain an informal system of driving license “purchase”, in other countries it has to be well earned. In the Top Five countries, youngsters very often need two attempts to pass the test which comprises of both a theoretical phase and a practical phase. And, in terms of education, the preventive work carried out in schools and at home is highly important in preventing tragedies. It is at school and at home that children learn little by little that they are part of a society which only works when its members consider themselves as responsible and aware citizens and begin to be proud of that. A new Brazilian law has established that by 2014 all cars manufactured must have airbags and ABS brakes provided. In Switzerland, the high demand for such safety items largely comes from public awareness, through the publication of collision tests performed by impartial entities, such as Euro NCAP. Recently, a similar entity was established in Latin America, Latin NCAP, which performs safety tests on some of the most popular cars in the country thereby encouraging the authorities and manufacturers to increase safety measures in vehicles. The privatization of long roadway stretches has also improved this aspect. A good example is Régis Bittencourt Road, which was known for having the highest accident levels in the country, but which today, after substantial improvements and twice as many lanes, records significantly lower rates. Therefore, we can see that a good performance of the institutional system, a secure judicial system, severe fines, good infrastructure, challenging driving tests and early awareness are the factors that account for the difference among the countries. Although we may not have a great influence on the use of public funds and so may find one or more hole in the road, we do have a great influence on our own behavior. It is our attitude that makes us respect the speed limit or avoid drunk driving. These are the decisions of a responsible citizen, which could be decisive for statistics in all countries. Sources: www.bfu.ch www.eurostat.com www.ibge.com.br swisscam magazine 69

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notícias da SWISSCAM

Comitês SWISSCAM

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SWISSCAM realiza reuniões periódicas em cinco diferentes áreas com o intuito de deixar os associados atualizados sobre novas tendências e de aprofundar conteúdos relevantes através de palestras e mesas redondas. Além disso,

o objetivo dessas reuniões é promover o networking entre os nossos associados e convidados. Essas reuniões são denominadas de Comitês. Atualmente, a Câmara possui o Comitê Jurídico, o de Recursos Humanos, o de Comunicação e Marketing, o de Meio Ambiente e Sustentabilidade e o Financeiro e Econômico. Apresentamos a seguir as palestras realizadas no primeiro semestre de 2012 pelos comitês da SWISSCAM. Acesse www.swisscam.com.br para verificar a data dos próximos eventos programados ou envie um e-mail para marketing@swisscam.com.br para receber mais informações. Também teremos grande satisfação em atendê-lo através do telefone (11) 5683 7447.

Comitê Jurídico / Coordenador Gustavo Stüssi Neves, Diretor Jurídico da SWISSCAM e Sócio Gerente do escritório Stüssi - Neves Advogados 23 de março – “Atualização Jurisprudencial - Temas Atuais na Área Tributária”

15 de junho – “Alterações introduzidas pela MP 563 na legislação de preços de transferência”

20 de março – “Viabilizando energias renováveis no Brasil: estratégias que deram certo”

Palestra ministrada por Fernanda Amaral e Andrea Puppi, Gerentes Senior da área de preços de transferência da PwC Brasil.

Mesa Redonda composta por Fernando C. L. de Almeida, Sócio Fundador da Hexa Eficiência Energética e Presidente da Agnys Energia; Nuno F. B. Patrício, Sócio Gerente da HI-GTEL Renováveis Portugal e Brasil e Carlos de O. Ávila, Sócio Diretor da Modus Operantis e Diretor da Agnys Energia.

Comitê de Recursos Humanos / Coordenadora Maria Lúcia Menezes Gadotti, Sócia do escritório Stüssi - Neves Advogados 29 de março – “Gestão e Liderança: Modelos e Tendências” Palestra ministrada por João Barbosa, CEO da Dynargie Internacional. 25 de abril – “Talent Management Process” Palestra ministrada por Alberto Garcia Mendes, Human Resources Services Head Region Latin America da Clariant. 15 de maio – “Redes Sociais nas empresas: como criar um programa para aumentar a visibilidade da empresa e reduzir seu uso inadequado” Palestra ministrada por Emílio Calil, Technical Producer da empresa Microsoft, e por Vinícius R. Cosso, Sócio do escritório Becker, Duffles, Polycarpo e Cosso Advogados.

Comitê de Comunicação e Marketing / Coordenadora Maria Isolina Noguerol, Communication Services LATAM da Clariant 26 de abril – “Gestão e Engajamento dos Stakeholders”

Palestra ministrada por Henrique Philip Schneider e Eduardo Pugliese Pincelli, sócios fundadores do escritório Souza, Schneider, Pugliese e Sztokfisz Advogados.

Palestra ministrada por Thelma V. Rocha, Coordenadora do Programa de Mestrado em Gestão Internacional da ESPM.

27 de abril – “Nova Lei de Defesa da Concorrência – Super Cade: as principais mundanças esperadas para o ambiente de negócios brasileiro”

26 de junho – “O impacto da comunicação na reputação das empresas: como otimizar o relacionamento com a mídia”

Palestra ministrada por Daniel O. Andreoli, Sócio da Área de Direito da Concorrência do escritório TozziniFreire Advogados.

Palestra ministrada por Andréa Moraes, Diretora de Atendimento da Ketchum Imprensa.

31 de maio – “A Política Nacional de Resíduos Sólidos” Palestra ministrada por Cláudia Montenegro, Advogada da área consultiva do escritório Lautenschleger, Romeiro e Iwamizu Advogados.

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Comitê de Meio Ambiente e Sustentabilidade / Coordenadora Angélica Rotondaro, Representante LATAM Hub da Universidade de St. Gallen

11 de junho – ‘Management Education for the World” Mesa Redonda composta por Thomas Dyllick, Professor de Gestão em Sustentabilidade e Diretor do Instituto de Economia e Meio Ambiente da Universidade de St. Gallen; Katrin Muff, Reitora da Business School Lausanne; Martin Bernard, Sóciodiretor da Amrop-PMC; Christian Cetera, Diretor de Desenvolvimento Organizacional da GE; Julia von Maltzan Pacheco, Coordenadora de Relações Internacionais da FGV-EAESP e Heiko Spitzeck, Professor de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral.

Comitê Financeiro e Econômico / Coordenador Frederico Araújo Turolla, Sócio da Consultoria Pezco 09 de março – “Energia Elétrica: Desafios da Regulação e da Expansão do Setor e as Oportunidades de Negócios” Palestra ministrada por Maria João C. P. Rolim, Professora do curso de Regulação da Energia Elétrica da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), e Sócia do escritório Rolim Viotti & Leite Campos Advogados; Dilcemar P. Mendes, atuante nas atividades de Regulação e Comercialização de Energia Elétrica na Alupar. 11 de maio - “Uma análise da Nova Lei da Concorrência à Luz da Experiência Internacional” Palestra ministrada por Cleveland P. Teixeira, Sócio Fundador da MicroAnalysis Consultoria Econômica. 11 de junho - “Cenários da Infraestrutura e Riscos no Brasil” Palestra ministrada por Frederico Araújo Turolla, Sócio da consultoria Pezco, e por Bruno Ramos Pereira, Coordenador do PPP Brasil.


chamber news

SWISSCAM committees

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WISSCAM holds periodic meetings in five different areas in order to keep the associates up-to-date with the new trends and explore relevant content through lectures and round table discussions. In addition, the objective of these meetings is to promote networking among our associates and guests. These meetings are called Committees. Currently, the Chamber has a Legal Committee, a Human Resources Committee, a Communications and Marketing Committee, an Environmental and Sustainability Committee and a Financial and Economic Committee. We presented the following lectures given in the first semester of 2012 by the SWISSCAM committees. You can visit www.swisscam.com.br to verify the date of the events programmed or send an e-mail to marketing@ swisscam.com.br to receive further information. We are also available to assist you by telephone on (11) 5683 7447.

Legal Committee / Coordinator Gustavo Stüssi Neves, legal director of SWISSCAM and partner manager of law firm Stüssi - Neves Advogados March 23 – “Jurisprudential Update – Current Themes in the Tax Area” Lecture given by Henrique Philip Schneider and Eduardo Pugliese Pincelli, partners and founders of law firm Souza, Schneider, Pugliese e Sztokfisz Advogados. April 27 – “New Antitrust Law - Super Cade: the main changes expected in the environment of Brazilian business” Lecture given by Daniel O. Andreoli, partner of the Area of Competition Law of the law firm TozziniFreire Advogados. May 31 – “National Policy on Solid Waste” Lecture given by Cláudia Montenegro, lawyer of the advisory area of the law firm Lautenschleger, Romeiro e Iwamizu. June 15 – “Changes introduced by MP 563 in the legislation of transfer pricing”

Lecture given by Fernanda Amaral and Andrea Puppi, senior managers of the area of transfer pricing of PwC Brasil.

Human Resources Committee / Coordinator Maria Lúcia Menezes Gadotti, partner of the law firm Stüssi - Neves Advogados March 29 – “Management and Leadership: Models and Trends” Lecture given by João Barbosa, CEO of Dynargie Internacional. April 25 – “Talent Management Process” Lecture given by Alberto Garcia Mendes, Human Resources Services Head Region Latin America at Clariant. May 15 – “Social Networks in companies: how to create a program to increase the visibility of the company and reduce inadequate use” Lecture given by Emílio Calil, technical producer of Microsoft, and by Vinícius R. Cosso, partner of the law firm Becker, Duffles, Polycarpo e Cosso Advogados.

Communications and Marketing Committee / Coordinator Maria Isolina Noguerol, Communication Services LATAM at Clariant April 26 – “Managing and Engaging Stakeholders” Lecture given by Thelma V. Rocha, coordinator of the Master’s Program on International Management at ESPM. June 26 – “The impact of communication on the reputation of companies: how to optimize relations with the media”

March 20 – “Enabling renewable energies in Brazil: successful strategies” Round table composed by Fernando C. L. de Almeida, partner and founder of Hexa Eficiência Energética and President of Agnys Energia; Nuno F. B. Patrício, partner and founder of HI-GTEL Renováveis (Portugal and Brazil branches) and Carlos de O. Ávila, partner and director of Modus Operantis and director of Agnys Energia. June 11 – ‘Management Education for the World” Round table composed by Thomas Dyllick, professor of Management on Sustainability and director of the Institute of Economics and the Environment at University of St. Gallen; Katrin Muff, dean of Business School Lausanne; Martin Bernard, partner and director of Amrop-PMC; Christian Cetera, director of Organizational Development of GE; Julia von Maltzan Pacheco, coordinator of International Relations at FGV-EAESP and Heiko Spitzeck, professor of Sustainability of Fundação Dom Cabral.

Financial and Economic Committee / Coordinator Frederico Araújo Turolla, partner of Consultoria Pezco March 09 – “Electric Energy: Challenges of Regulation and Expansion of the Sector and Business Opportunities” Lecture given by Maria João C. P. Rolim, professor of the course of Regulation of Electric Energy at the Brazilian Association of Infrastructure and Base Industries (ABDIB), and partner of law firm Rolim Viotti & Leite Campos Advogados; Dilcemar P. Mendes, who is engaged in the activities of Regulation and Marketing of Electric Energy at Alupar. May 11 – “An analysis of the New Competition Law in View of International Experience”

Lecture given by Andréa Moraes, director of assistance at Ketchum Imprensa.

Lecture given by Cleveland P. Teixeira, partner and founder of MicroAnalysis Consultoria Econômica.

Environmental and Sustainability Committee / Coordinator Angélica Rotondaro, representative of LATAM Hub at University of St. Gallen

June 11 – “Scenarios of Infrastructure and Risks in Brazil” Lecture given by Frederico Araújo Turolla, partner of consultancy firm Pezco, and by Bruno Ramos Pereira, coordinator of PPP Brasil.

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notícias da SWISSCAM

Dia Nacional da Suíça

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ais uma vez, o Consulado da Suíça e a SWISSCAM realizaram um almoço com comidas típicas na residência do Cônsul Geral Hans Hauser em comemoração ao Dia Nacional da Suíça, 1º de agosto. Na ocasião, os associados da SWISSCAM e demais convidados puderam confraternizar e fazer contatos.

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chamber news

Switzerland’s National Day

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nce again, the Consulate of Switzerland and SWISSCAM promoted a traditional Swiss lunch at the residence of the Consul General Hans Hauser to celebrate Switzerland’s National Day, August 1st. On the occasion, SWISSCAM members and other guests could get together and make contacts.

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1) Convidados no jardim da residência. Guests in the garden. 2) Degustação de chocolate suíço. Swiss chocolate tasting. 3) Lana Moura, Mariana Badra, Cônsul Geral Hans Hauser, Denise Ortega. 4) Stephan Buser (SWISSCAM), Serge Kreis (Atamed). 5) Hamilton Belizario (GGBA), Cônsul Geral Hans Hauser. 6) Werner Stettler (Zurich), Walter Thuring (Selectchemie).


chamber news

Switzerland presents its technology at Hospitalar 2012

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he Swiss companies Ascom, Atamed, Hocoma, Lemo, Schurter, Sterishred and Venosan participated at Hospitalar – the major healthcare trade fair in Latin America – to show high precision technology to the medical sector in Brazil. The fair took place from 22nd to 25th May in the Expo Center Norte in Sao Paulo and had 92.000 visitors.

notícias da SWISSCAM

For the 9th time in a row SWISSCAM organized the Swiss Pavilion and gave support to a successful exhibition of the Swiss companies. The Pavilion received many visitors and was opened by a welcome cocktail on the first evening with delicious Arab food.

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A Suíça apresentou sua tecnologia na Hospitalar 2012

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s empresas suíças Ascom, Atamed, Hocoma, Lemo, Schurter, Sterishred e Venosan participaram na Hospitalar – a maior feira na área de saúde da América Latina – com o intuito de mostrar a tecnologia de alta precisão ao setor médico no Brasil. A feira aconteceu do dia 22 a 25 de maio no Expo Center Norte em São Paulo e teve 92.000 visitantes.

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Pelo 9º ano consecutivo a SWISSCAM organizou o pavilhão suíço e providenciou todo o apoio para uma exposição de sucesso às empresas suíças. O pavilhão recebeu muitos visitantes e foi inaugurado por um coquetel de abertura na primeira noite com um buffet de culinária árabe. 4

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1) Pavilhão suíço na Hospitalar 2012. Swiss pavilion at Hospitalar 2012. 2) Raimar Schmidt, Lemo. 3) Atendimento no balcão da SOB. SOB reception counter. 4) Serge Kreis, Atamed. 5) Laura Mariel Gallego (Hocoma), Emerson Miranda (Agil Representação). 6) Stephan Buser, SWISSCAM; Erik Vidal, Curaprox; Hugo Buser, Elotrans.

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Elsom Valim (FDC), Angélica Rotondaro (University of St. Gallen), Kathrin Muff (Business School Lausanne), Heiko Spitzeck (FDC), Thomas Dyllick (University of St. Gallen).

sustentabilidade

O futuro do ensino de administração e economia

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objetivo do evento foi apresentar o resultado dos estudos de um grupo formado por escolas de negócios de vários países preocupadas em como incluir efetivamente em seus currículos escolares o tema sustentabilidade permeando todas as matérias ao invés de ser um tópico isolado. Esse grupo foi denominado “50+20” e é liderado por Kathrin Muff, reitora da Business School Lausanne, e Thomas Dyllick, diretor do Instituto de Economia e Meio Ambiente da University of St. Gallen. O tema também foi discutido com convidados em uma mesa redonda. Posteriormente, o grupo levou suas ideias para a Rio+20. O representante da FDC, Prof. Elson Valim, deu as boas-vindas aos participantes e ressaltou a importância das escolas e empresas se unirem para discutirem temas como esse sobre o futuro da educação de administração e economia. O Embaixador da Suíça no Brasil, Wilhelm Meier, fez a abertura do evento elogiando a iniciativa e ressaltando a importância da abordagem ética nos negócios e de colocar a sustentabilidade no foco das atenções. Mencionou ainda o exemplo do cientista George Washington Carver que, à frente de seu tempo, já

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havia desenvolvido subprodutos agrícolas que poderiam ser utilizados na indústria como um substituto à borracha, além de um processo para desenvolver pigmentos à base de soja. A professora Kathrin Muff apresentou o grupo 50+20, cujo intuito é o de buscar novas abordagens educacionais nas escolas de negócios que levem em consideração a sustentabilidade, as questões sociais, a reflexão sobre a lógica econômica dominante, o papel crucial da liderança, entre outros. Enfatizou que o lucro não é o único objetivo de um negócio, mas apenas a medida do seu sucesso. As pessoas querem um propósito naquilo que fazem. Portanto, não adianta querer ser o melhor no mundo, mas sim o melhor para o mundo. Neste sentido, as escolas de negócio devem formar um novo líder, que coloque em prática tais valores e que acelere as udanças que precisam acontecer no mundo, ainda incipientes nas mãos dos governos. A professora apresentou um vídeo produzido pelo grupo para defender suas ideias e que se encontra disponível em http://50plus20.org. O professor Thomas Dyllick deu continuidade na palestra argumentando que no futuro as discussões centrais se concentrarão em soluções para os problemas

No dia 11 de junho, o Comitê de Meio Ambiente e Sustentabilidade da SWISSCAM, em parceria com a Fundação Dom Cabral, a University of St. Gallen e a Business School Lausanne, realizou em São Paulo a conferência “The Challenges and Future of Management Education”. ambientais e que os novos líderes precisarão saber lidar com estas questões. Para tanto, a introdução de três pilares na educação para os negócios é sugerida:

Educar: Os estudantes ainda saem da escola apenas com conhecimentos analíticos e de pouca ordem prática. Para serem globalmente responsáveis, é preciso formá-los por inteiro, e não somente o cérebro. Habilitar: O meio acadêmico ainda é criticado por estar longe do alcance do mundo dos negócios. As escolas devem estar a serviço da sociedade, com todas as suas pesquisas voltadas para o bem comum, ajudando as empresas e acompanhando os líderes em sua transformação. Engajar: Tornar-se ativo na transformação dos negócios e da economia resolvendo problemas em nível teórico, conceitual e prático. Entre as prioridades abordadas durante a Rio+20 estão: treinamento e desenvolvimento de professores,


Após a apresentação dos resultados e propostas do grupo de trabalho 50+20, deu-se início à mesa redonda, na qual foram apresentadas as diferentes perspectivas tanto da indústria como de outras instituições de ensino sobre o tema em pauta. A professora Julia von Maltzan Pacheco, da FGV-EAESP, iniciou a discussão lembrando que a FGV é signatária do PRME - Principles for Responsible Management Education e que nos cursos os alunos estudam ciência social e filosofia. Além disso, são propostos estudos de caso para discussão e busca de soluções para uma determinada comunidade, um exemplo foi o acompanhamento, na localidade, das discussões envolvendo a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Martin Bernard, sócio-diretor da Amrop-PMC, destacou o papel da governança corporativa alinhada à estratégia da empresa. Do contrário, de acordo com ele, nada acontece. Do seu ponto de vista, as competências necessárias para os líderes são: visão sistêmica, liderança colaborativa, habilidade para lidar com a diversidade, saber ouvir, promover atividades de voluntariado, mentalidade global, habilidade para aprender, se atualizar, transformar e influenciar. E incluiu ainda capacidade de imaginação, valores pessoais, crenças, senso de propósito. A maioria dos jovens ainda escolhe uma escola de negócios com a intenção de fazer dinheiro (motivação superficial) e de ter visibilidade, e não de contribuir e transformar a sociedade. Em sua visão, é necessário que a escola promova reflexões, inclua a filosofia e a sociologia nos cursos e incentive a diversidade em seu quadro docente. E questiona: quantos professores de escolas de negócios vêm de ONGs ou de classes mais baixas? Christian Cetera, diretor de desenvolvimento organizacional da GE, mencionou os 4 “E”s da liderança de Jack Welch (Energy, Energize, Edge e Execution), o papel da educação corporativa para criar líderes, a perspectiva da empresa e o que ela valoriza: flexibilidade, conexões, diversidade, imaginação e coragem. Em suas palavras, para um líder ser inovador ele precisa ser corajoso, provocativo e ser pioneiro. Mas a questão que fica é: dentro deste contexto, como fazer um crescimento sustentável? Para Angélica Rotondaro, representante da University of St. Gallen, apesar de algumas empresas começarem a mudar os indicadores de performance em seus sistemas de reconhecimento e remuneração variável, a gestão de consequências (consequence management) ainda é um tabu. São raros os casos em que um funcionário é demitido por, por exemplo, não cumprir com os valores corporativos. E uma vez que os indicadores e sua aplicabilidade não mudam, também não mudam as atitudes. Engajar as empresas com os propósitos do grupo 50+20 é crucial. O professor Heiko Spitzeck, da Fundação Dom Cabral e que moderou o painel, tirou de conclusão com esta discussão que todos sabem o que um líder deve ter, mas ainda não se tem certeza de como educá-lo. Por fim, abriu para as perguntas dos participantes.

sustainability

The future of management education On June 11, the Environmental and Sustainability Committee of SWISSCAM, in partnership with Fundação Dom Cabral, University of St. Gallen and Business School Lausanne, held the conference “The Challenges and Future of Management Education”, in Sao Paulo.

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he objective of the event was to present the results of the studies of a group, consisting of business schools from various countries, concerned with the issue of how to include the theme of sustainability effectively in their school curriculum, including it in all subjects instead of being just an isolated topic. This group is called “50+20” and is led by Kathrin Muff, dean of Business School Lausanne, and Thomas Dyllick, director of the Institute of Economics and the Environment at the University of St. Gallen The subject was also discussed with guests in a round-table discussion. Then, the group took their ideas to Rio+20.

The representative of FDC, Prof. Elson Valim, welcomed the participants and stressed the importance of the schools and companies that were gathered to discuss themes like this related to the future of management education. The Ambassador of Switzerland in Brazil, Wilhelm Meier, opened the event by praising the initiative, and stressed the importance of an ethical approach in business, focusing the attention on sustainability. He mentioned the example of the scientist George Washington Carver who, ahead of his time, had already developed agricultural sub-products that could be used in the industry to replace rubber, as well as a process to develop pigments based on soybean.

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criação de modelos educativos e uma orientação por pesquisas para o bem comum.

1) Discussão entre os convidados da mesa redonda e os participantes do evento. Discussion among round-table guests and participants of the event. 2) Julia von Maltzan Pacheco (FGV-EAESP) faz seus comentários durante a mesa redonda. Julia von Maltzan Pacheco (FGV-EAESP) offers her comments during the round-table. 3) Christian Cetera (GE) e Heiko Spitzeck (FDC) compartilhando suas ideias. Christian Cetera (GE) and Heiko Spitzeck (FDC) sharing their thoughts. 4) Kathrin Muff (Business School Lausanne), Thomas Dyllick (University of St. Gallen) e Martin Bernard (Amrop-PMC). Kathrin Muff (Business School Lausanne), Thomas Dyllick (University of St. Gallen) and Martin Bernard (Amrop-PMC). swisscam magazine 69

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People want purpose in what they do. Therefore, it is no use wanting to be the best in the world, but wanting to be the best for the world. Professor Kathrin Muff presented the 50+20 group, whose purpose is to seek new educational approaches in business schools that consider sustainability, social issues, that reflect on the dominance of economic rationale, and the crucial role of leadership, among others. She emphasized that profit is not the only objective of a business, but is only a measure of its success. People want purpose in what they do. Therefore, it is no use wanting to be the best in the world, but wanting to be the best for the world. In this sense, the business schools should form a new leader, who puts these values into practice and accelerates the changes that are necessary in the world, even though incipient in the hands of governments. The professor presented a video produced by the group to defend its ideas, which is available on http://50plus20.org. Professor Thomas Dyllick continued the lecture arguing that in the future the main discussion will focus on solutions for environmental problems and that the new leaders need to know how to deal with these issues. For this, the introduction of three pillars in education for business are suggested, which are:

Educate: The students leave school with only analytical knowledge and little practice. If they are to be globally responsible, they need to be trained completely, and not just their brains. Train: Academia is still criticized for being distant from the business world. The schools should be at the service of society, with all their research focused on the common good, assisting companies and following leaders in their transformation. Engage: Become active in the transformation of business and the economy resolving problems at theoretical, conceptual and practical level.

The training and development of teachers, creation of models of education, and guidance for research for the common good are among the priorities addressed during the Rio+20. After the presentation of the results and proposals of the 50+20 workgroup, there was a round-table discussion, in which the different perspectives were presented both of the industry and other education institutions on the issue in question. Professor Julia von Maltzan Pacheco, of FGV-EAESP, began the discussion reminding those present that FGV

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1) Elson Valim (FDC) cumprimenta o Embaixador da Suíça, Wilhelm Meier. Elson Valim (FDC) greets the Ambassador of Switzerland, Wilhelm Meier. 2) Participantes do evento durante o coffee break. Participants of the event during the coffee break.

is a signatory of the PRME - Principles for Responsible Management Education and that the students study social science and philosophy in the courses. In addition, case studies are proposed for discussion and solutions are sought for a certain community, an example was the monitoring, in loco, of the discussions involving the construction of the hydroelectric power plant of Belo Monte. Martin Bernard, partner and director of Amrop-PMC, stressed the role of corporate governance aligned with the strategy of the company. Otherwise, in his opinion, nothing will happen. He believes that the necessary competences for leaders are: a systemic view, collaborative leadership, the ability to deal with diversity, know how to listen, promote voluntary activities, have a global mentality, the ability to learn, and always be up-to-date, transform and influence. And it also includes the capacity of imagination, personal values, beliefs and a sense of purpose. Most young people also choose a business school with the intention of making money (superficial motivation) and to have visibility, and not to contribute and transform society. In his opinion, the school should promote reflections, include philosophy and sociology in the courses and foster diversity among its teaching staff. He also questions: how many teachers from business schools come from NGOs or from lower classes? Christian Cetera, director of organizational development of GE, mentioned the 4 “E”s of leadership of Jack Welch (Energy, Energize, Edge and Execution), the role of corporate education to create leaders, the perspective of the company and what it values: flexibility, connections,

“School should promote reflections, include philosophy and sociology in the courses and foster diversity among its teaching staff.” diversity, imagination and courage. In his words, for a leader to be innovative he needs to be courageous, provocative and a pioneer. But the question is, ‘in this context, how is sustainable growth possible?’ For Angélica Rotondaro, representative of the University of St. Gallen, despite some companies begin to change the performance indicators in their systems of recognition and variable compensation, consequence management is also a taboo. The cases in which an employee is dismissed, e.g. for not fulfilling corporate values, are rare. And once the indicators and their applicability do not change, the attitudes also do not change. It is crucial to engage the companies in the objectives of the 50+20 group. Professor Heiko Spitzeck, of Fundação Dom Cabral and who moderated the panel, concluded with the discussion that everyone knows what a leader should have, but are not sure how to train him. To close the discussion, he gave the participants the opportunity to ask questions.


notícias da SWISSCAM

Novos associados / New members Classificados Temos o prazer de apresentar os nossos novos associados. We are glad to introduce our new members. Empresa

Breve descrição

Categoria

Böckli, Martin

Advogado. Lawyer.

Bronze Sênior

Coresystems Softwares Ltda.

Aplicativos para negócios. Business applications.

Institucional I

Dynargie Brasil

Desenvolvimento e formação comportamental. Behavioural training and development.

Institucional Ill

Fulstandig Shows e Eventos MC Ltda.

Coordenação logística e desembaraço alfandegário. Logistics coordination and customs clearance.

Institucional I

Hotel Guarda Golf - Representação no Brasil

Hotel (restaurantes, SPA, banquetes etc). Hotel (restaurants, SPA, banqueting etc).

Institucional I

Infobrazilbr Consultoria Ltda.

Informações de natureza exclusiva e sigilosas para empresas estrangeiras interessadas em investir no Brasil. Unique and differentiated information for foreign companies wishing to enter Brazil.

Institucional II

Koller, Felipe Lu

Revisor. Reviser.

Bronze Júnior

Lyceum Alpinum AG

Schule; Gymnasium Schweizer Matura / Deutsches Abitur & International Baccalaureate.

Associado na Suíça (Pessoa Jurídica)

Probst, Peter Alexis

Administrador de empresas. Business administrator.

Bronze Sênior

Spiess, Urs-Felix

Engenheiro. Engineer.

Bronze Sênior

Tepsi Andina SAC

Serviços de engenharia. Engineering services.

Associado na Suíça (Pessoa Jurídica)

Umbria Consult. Serv.

Corretora empresarial, seguros, sistemas/ software/ T.I. Corporate broker, insurance, systems/ software/ I.T.

Institucional II

Steimle, Alexander

Gerente de Marketing. Marketing Manager.

Associado na Suíça (Pessoa Física)

PROCESSOS DE MU DANC A

ATITU DE POSITI VA DYN60x187FNZ.indd 1

Pesquisa Salarial O Estudo de Remuneração Executiva Boyden 2012 está disponível para aquisição e inclui salários e benefícios de presidentes, diretores e gerentes. Contamos com a participação de 71 empresas e outras tendências importantes são analisadas de forma que os líderes possam ter uma visão geral de como o mercado está compensando seus executivos. Informações: www.boyden.com.br Contato: carlos@boyden.com.br (11) 3382-8300.

Mansão em estilo suíço À venda na Serra da Cantareira. Grandes diferenciais na arquitetura, remetendo a um castelo suíço com piscina interna e externa, sauna, lareira, salão de festas, casa do caseiro, 1.400 m² de área construída em um terreno de 2.500 m² dentro de condomínio fechado com total segurança. Aceita-se permuta. Condições facilitadas. Exclusividade de comercialização: Eco3 Empreendimentos Informações: www.eco3.com.br Contato: contato@eco3.com.br (11) 3031-40211

Salas Comerciais Aluga-se duas salas comerciais na Av. Luis Carlos Berrini com Arizona. Área total de 72 m², podendo ser locadas separadamente (2 x 36 m²). Uma vaga de garagem por sala. Dois banheiros por sala. Infraestrutura para instalação externa de sistema de ar condicionado, piso elevado para passagem de cabeamento e forro. Código de acesso eletrônico às salas. Próximo ao shopping D&D. Informações: Contato: Serge Kreis • serge@atamed.com.br (11) 5686 2007.

Todo processo de mudança pode ser encarado de duas formas – Ou como uma ameaça ou como um desafio. Os desafios nós encaramos, já diante das ameaças, resistimos. O que você quer para sua carreira? A Atitude Positiva é a chave do sucesso. Entre em contato com nossa equipe e descubra o que podemos fazer para sua empresa quando o assunto é desenvolvimento de pessoas.

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jurídico

A importância das patentes verdes A proteção à propriedade intelectual e ao meio ambiente podem não parecer assuntos inter-relacionados em uma primeira abordagem. Contudo, a necessidade de medidas eficazes (e globais) para tecnologias sustentáveis não é nova, assim como tampouco é nova a necessidade de tecnologias verdes, levando o assunto do meio ambiente e mudança climática à propriedade intelectual. por Cláudio Roberto Barbosa e Edson Paula de Souza

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ão por acaso esta inter-relação foi identificada pelo Escritório Europeu de Patentes (EPO) em 2006. Após uma bem-sucedida cooperação entre diversas organizações internacionais, entre as quais o próprio EPO e o programa de meio ambiente das Nações Unidas (UNEP), o assunto foi tratado em uma apresentação em Copenhagen em 2009 e uma classificação de tecnologias verdes foi então elaborada em 2010.

Para qualificar-se, o pedido de patente será avaliado por uma comissão técnica do INPI e, por enquanto, serão somente admitidos pedidos relacionados a energias alternativas, transporte, conservação de energia, gerenciamento de resíduos e agricultura. 22

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Com o consenso da comunidade internacional acerca da importância de tecnologias verdes no combate às mudanças climáticas, os governos nacionais também passaram a reconhecer a relevância do procedimento de concessão de patentes como um mecanismo para estimular a inovação verde. Desta forma, a partir de 2009, os escritórios nacionais de patentes do Japão, Coréia do Sul, Reino Unido, Estados Unidos e outros criaram programas piloto para acelerar o exame de pedidos de patentes para tecnologias verdes. Se a concessão rápida de patentes é fundamental em qualquer área do conhecimento, para as tecnologias verdes é ainda mais importante. A concessão da patente, além de proteger e incentivar a criação, também permite ao inventor ter uma garantia adicional em pedidos de investimento para implantação da criação. De fato, por serem tecnologias diferentes do padrão habitual e romperem modelos usuais, precisam de um reforço ainda maior para conquistar investidores e serem implementadas. Assim, é muito importante a notícia de que o INPI inicia um programa piloto para as “patentes verdes”,

O INPI inicia um programa piloto para as “patentes verdes”, visando priorizar o exame de pedidos de patentes relacionados a tecnologias ambientalmente amigáveis, reduzindo o seu prazo de exame para, alegadamente, menos de dois anos. visando priorizar o exame de pedidos de patentes relacionados a tecnologias ambientalmente amigáveis, reduzindo o seu prazo de exame para, alegadamente, menos de dois anos. Para qualificar-se, o pedido de patente será avaliado por uma comissão técnica do INPI e, por enquanto, serão somente admitidos pedidos relacionados a energias alternativas, transporte, conservação de energia, gerenciamento de resíduos e agricultura.


Fo t o : Fo t o l i a

legal

The importance of green patents Protecting intellectual property and the environment may not seem to be inter-related issues at first glance. However, the need for effective (and global) measures to introduce sustainable technology is not new, and neither is the need for green technology, so the issue of the environment and climate change leads to intellectual property.

B

by Cláudio Roberto Barbosa and Edson Paula de Souza

y no coincidence, this interrelation was identified by the European Patent Office (EPO) in 2006. After the successful cooperation between various international organizations, including the EPO itself and the UN’s environment program (UNEP), the subject was addressed at a presentation in Copenhagen in 2009 and a green technology classification was then developed in 2010. With a consensus in the international community on the importance of green technologies to combat climate change, national governments have also begun to recognize the relevance of the patent granting procedure as a means of stimulating green innovation. As a result, since 2009, atent offices in Japan, South Korea, the United Kingdom, the United States and other nations have set up pilot programs to expedite the examination of green-technology patent applications.

Como em outros países, trate-se de um programa limitado, o qual apenas compreenderá 500 solicitações e, além disto, os seguintes requisitos deverão ser observados: a) ser um pedido de patente de invenção de positado por residentes ou não residentes, por meio da Convenção da União de Paris - CUP (excluídos aqueles depositados através do Tratado de Cooperação em matéria de Patentes - PCT); b) ter sido depositado a partir de janeiro de 2011; c) incluir um número limitado de reivindicações. Ainda que nascente, o passo dado pelo INPI é uma sinalização de importante avanço para a sociedade brasileira, privilegiando o incentivo à inovação e o desenvolvimento de soluções sustentáveis.

The INPI is starting a pilot program for “green patents” in order to prioritize the examination of patent applications for environmentally friendly technologies, and is allegedly reducing the review period to less than two years. Fast track procedures for patents are crucial in any field of knowledge, but are even more important for green technologies. Patents not only protect and encourage creativity, they also give inventors additional

A patent application will be evaluated by an INPI technical committee that will only accept applications related to alternative energy sources, transportation, energy conservation, waste management, and agriculture. assurance to attract investors and implement their innovations. Indeed, these technologies need even more support to attract investors and become implemented because they differ from the customary pattern and break the usual models. In this way, it is very important news that the INPI is starting a pilot program for “green patents” in order to prioritize its the examination of patent applications for environmentally friendly technologies, and is allegedly reducing the review period to less than two years. To qualify, a patent application will be evaluated by an INPI technical committee that will only accept applications related to alternative energy sources, transportation, energy conservation, waste management, and agriculture. As in other countries, this limited program will only cover 500 applications, which must also meet the following requirements: a) applications must be filed by residents or nonresidents under the Paris Union Convention (excluding those filed under the Patent Cooperation Treaty); b) they must be filed after January 2011; c) must include a limited number of claims.

Cláudio Roberto Barbosa e Edson Paula de Souza são sócios de Kasznar Leonardos Propriedade Intelectual. Cláudio Roberto Barbosa and Edson Paula de Souza are partners with Kasznar Leonardos Propriedade Intelectual.

Despite the limitations above, the INPI has taken a step forward that points to major progress for Brazilian society in terms of encouraging innovation and developing sustainable solutions. swisscam magazine 69

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foco: infraestrutura

Ativos Atrativos O abismo que separa o 5º do 64º colocado no campeonato mundial da infraestrutura é, na verdade, um mundo de oportunidades. O Relatório Global de Competitividade 2011-2012 do Fórum Econômico Mundial mostrou a infraestrutura da Suíça em 5º lugar no mundo, enquanto o Brasil figura em 64º lugar, com uma distância bem maior quando se leva em conta a qualidade da infraestrutura. O quadro resume os indicadores.

Relatório Global de Competitividade 2011-2012 do Fórum Econômico Mundial Global Competitiveness Report 2011-2012, World Economic Forum Infraestrutura infrastructure

Qualidade da infraestrutura geral Quality of overall infrastructure

Qualidade das rodovias Quality of roads

Qualidade da infraestrutura ferroviária Quality of railroad infrastructure

Qualidade da infraestrutura portuária Quality of port infrastructure

Qualidade da infraestrutura aérea Quality of air transport infrastructure

64º

104º

118º

91º

36º

30º

122º

26º

69º

57º

37º

66º

por Frederico Araujo Turolla

E

mbora esteja apenas na 5ª posição mundial, a Suíça lidera o mundo quando se fala em qualidade da sua infraestrutura, liderada pelo invejável sistema ferroviário. Seus desafios estão nas telecomunicações, com penetração relativamente baixa no serviço móvel e um significativo espaço para a promoção de concorrência e de investimentos, principalmente na área móvel. Sob a perspectiva brasileira, esta é apenas uma briga pelo champanhe do pódio. Em outro extremo, no quesito de qualidade da infraestrutura, o Brasil aparece na 104ª posição mundial, entre 142 nações. O quadro destoa completamente da percepção internacional sobre o país. Apesar da situação crítica de sua infraestrutura, o Brasil tem boas notícias para comemorar. Na década de 90, o país iniciou transformações macroeconômicas e institucionais que abriram um caminho para um salto na sua infraestrutura, ainda nos anos 2000. Os principais elementos dessas transformações foram: • a introdução de marcos regulatórios para todos os setores de infraestrutura, com criação de entidades reguladoras e de vários mecanismos de promoção de concorrência;

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Assentos disponíveis na aviação kms/semana, milhões Available airline seat kms/week, milions

Qualidade na oferta de eletricidade Quality of electricity supply

Linhas telefônicas fixas/100 habitantes Fixed telephone lines/100 pop

Assinantes de telefonia móvel/100 habitantes Mobile telephone subscriptions/100 pop

• a introdução de um aparato legal e institucional para a participação privada nos serviços de infraestrutura, com a Lei das Concessões de 1995 e a Lei das PPP de 2004, e que vem amadurecendo, com um número crescente de projetos de boa qualidade entre os entes subnacionais; • o custo de capital declinante, refletindo o menor risco, que se deve tanto aos marcos regulatórios e contratos mais estáveis quanto à transição política de 2002/2003, que reduziu significativamente o risco de expropriações e de mudanças bruscas na política econômica.

Com estas transformações, o Brasil está pronto para um salto em infraestrutura, e desta vez será inevitável contar com forte participação do setor privado, local e internacional. O Estado brasileiro esgotou sua capacidade de investimentos e, mesmo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, não trouxe grandes melhorias, apenas aproveitando, com um selo, o melhor ambiente criado no país e também se beneficiando da folga fiscal do período de crescimento mais elevado. Em alguns casos, o PAC chegou a deslocar investimentos privados, atrasando-os e reduzindo sua eficiência.


Fo t o : S h u t t e r s t o c k

focus: infrastructure

Attractive Assets There is a huge gap between the countries ranked 5th and 64th in the world infrastructure ranking, but one that actually presents a whole world of opportunities. The World Economic Forum’s Global “Competitiveness Report 2011-2012” ranked Switzerland’s infrastructure 5th worldwide, while Brazil’s was 64th, and the gap is even wider if quality of infrastructure is taken into account. The following table summarizes the indicators.

O Brasil está pronto para um salto em infraestrutura, e desta vez será inevitável contar com forte participação do setor privado, local e internacional. Há diferentes oportunidades nos diversos setores. A cadeia da energia, tanto petróleo e gás quanto a energia elétrica, oferecem negócios de grande volume, assim como nichos em expansão. Neste momento, os aeroportos e portos estão em destaque, com os programas federais de participação privada, assim como em outros segmentos de transportes. O saneamento básico tende a oferecer mais possibilidades, com investimentos elevados. As telecomunicações, um grande gargalo do desenvolvimento brasileiro, sofrem com a baixa promoção da competição, mas ainda assim tendem a manter um ritmo de crescimento forte, com novos nichos de mercado em expansão. Neste novo ambiente, há significativas oportunidades para investimentos diretos e para alocação de carteiras nos setores de infraestrutura no Brasil. Esta classe de ativos oferece, neste momento, um retorno razoável frente a um risco relativamente baixo, mesmo considerando a preocupação recente com o aumento das práticas de intervenção e de seleção discricionária. Em um mundo de baixos retornos, os ativos brasileiros nesta área são, no mínimo, uma alternativa a ser considerada.

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lthough ranked only 5th, Switzerland is a world leader in terms of quality of infrastructure. It has an enviable railroad system but is challenged in telecommunications by relatively low penetration of mobile services, and there is plenty of room for more competition and investment in mobile telephony in particular. From a Brazilian point of view, however, this is just the leaders on the podium vying for the champagne. In 104th place out of 142 nations, Brazil is at the other extreme in terms of infrastructure quality and this situation is now totally at odds with the international perception of this country. Despite its critical infrastructure situation, Brazil has good news to celebrate too. Macroeconomic and institutional changes introduced in the 1990s have given way for a leap forward in infrastructure, even on into the 2000s. Some of the main features of these changes were: • regulatory frameworks - introduced for all infrastructure sectors, and regulatory agencies were set up with various mechanisms designed to foster competition; • legal and institutional framework for private participation in infrastructure services - with the 1995 law on concessions and the 2004 law on PPPs - which has been maturing with a growing number of good quality projects at subnational entity level; • the falling cost of capital reflecting lower risk, due to both more stable regulatory frameworks and contracts, and the 2002/2003 political transition, which significantly lowered risks of expropriation or sudden changes in economic policy. On the basis of these transformations, Brazil is poised for a leap forward in infrastructure and this time local and international private sectors will inevitably be heavily

by Frederico Araujo Turolla

involved. The Brazilian state has exhausted its investment capacity. Even the federal government’s Growth Acceleration Program (PAC) did not lead to major improvements; it merely set its seal on projects arising from a more favourable environment in Brazil, while also benefiting from higher government spending in a period of faster growth. In some cases, the Growth Acceleration Program crowded out private-sector investments by delaying them and lowering their efficiency. There are various opportunities in the different sectors. The energy chain, both oil-and-gas and electricity, offers high-volume business as well as expanding niches. Airports and seaports are currently highlighted by federal government programs for private-sector participation, as are transportation segments. Sanitation tends to offer more opportunities with high investments. Telecommunications, a major bottleneck for Brazil’s development, is affected by the insufficient fostering of competition. Nevertheless, the industry tends to maintain a strong growth rate, with new market niches growing too. This new environment offers significant opportunities for direct investment in Brazil’s infrastructure sectors, and portfolio allocations too. At present, this asset class is offering a reasonable rate of return and relatively low levels of risk, even after recent concern over increased intervention and discretionary selection. In a world of low rates of return, Brazilian assets in this field are, at least, an alternative to be considered.

Frederico Araujo Turolla é sócio da Pezco e professor do Programa de Mestrado em Gestão Internacional da ESPM. Frederico Araujo Turolla, Pezco partner, professor with ESPM’s International Management masters program.

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economia

Esses países ainda são atraentes para se investir A crise afeta o crescimento nos países emergentes e, especialmente no BRICS, porém o seu dinamismo ainda faz deles o “motor” da economia global. Analista do Credit Suisse comenta sobre as perspectivas e problemas das potências do “futuro”. por Alexander Thoele

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swissinfo.ch: Se pegarmos o exemplo do Brasil, vemos também um paralelo com os riscos atuais na China através do forte aquecimento do mercado imobiliário. Analistas consideram que existe um risco de bolha nesses mercados. A senhora também compartilha essa opinião?

swissinfo.ch: Muitos analistas veem problemas não solucionados nos países emergentes, especialmente do BRICS: burocracia, medidas protecionistas, inflação em alta, divida pública crescente, dependência dos recursos naturais ou investimentos reduzidos na infraestrutura e educação. A senhora também não é um pouco cética?

N.W.: Penso que esses dois países têm consciência do problema. Porém tanto o Brasil, como a China e a Índia, decidiram tornar mais rígidas suas políticas monetárias e fiscais entre 2010 e 2011, depois da crise global em 2009. Isso foi absolutamente uma reação ao forte crescimento da demanda doméstica, que em parte foi financiada pelo “boom” de crédito e abasteceu também o mercado imobiliário.

ara a economista alemã Nora Wassermann, especialista de países emergentes na divisão Global Economic Research no segundo maior banco suíço, a crise na zona euro pode afetar os países emergentes. Porém a perspectiva de crescimento nessas regiões do globo é mais forte do que no “velho continente”.

Nora Wassermann: De fato existem esses problemas relacionados ao desenvolvimento dos países em determinadas áreas. Porém os países do BRICS ainda são vistos como fortes impulsionadores do crescimento quando você analisa o contexto da economia global. Os dados mostram um crescimento nos últimos dez anos, que começou quando a China aderiu, em 2001, à Organização Mundial do Comércio (OMC). Esse crescimento ocorreu não apenas na China, mas também em outros países do BRICS, e responde por 50% do crescimento global da economia. Agora nos últimos dois anos, desde o início da crise econômica, houve de fato uma queda de crescimento nos países desenvolvidos. Porém precisamos dizer que as perspectivas nos próximos anos são de que a economia chinesa não irá mais crescer a taxas de 10%, como até então, mas também que ela estará mais focalizada no crescimento do consumo interno e menos no crescimento a partir de investimentos. Isso significa que as importações da China vão aumentar, o que faz com que o país continue a impulsionar positivamente a economia global. Mas de fato a economia chinesa deve crescer menos, de forma geral.

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Agora no momento já podemos detectar na China uma leve queda no preço dos imóveis, sendo que no Brasil ainda não. Na China esse desenvolvimento é impulsionado pelo próprio governo e pelo Banco Central da China para combater essa bolha e estabilizar os preços.

swissinfo.ch: Há pouco pesquisadores do Banco Mundial alertaram os países emergentes para se preparem a uma queda severa na economia global. Quais são seus prognósticos? N.W.: De fato existe o risco de uma diminuição das taxas de crescimento mais forte nesse e no ano que vem se a crise europeia piorar. Mas atualmente avaliamos que Europa deve viver em 2012 uma leve recessão com taxas negativas de crescimento e, no próximo ano, a taxas de 1% ou até menos, mas pelo menos positivas. Para os Estados Unidos as taxas de crescimento devem ficar abaixo de 2%, ou seja, abaixo do seu potencial, mas pelo menos mais fortes do que na Europa. Não é um cenário positivo, mas também não tanto pessimista. Porém tudo depende se a zona euro consegue resolver sua criise. E o resultado é que devemos ter também taxas mais fracas de crescimento nos países emergentes como a China e o Brasil, porém sem ser uma queda brutal.

ós esperamos para 2012 taxas de crescimento no Brasil na ordem de 2,5%, que está abaixo das perspectivas de crescimento em longo prazo do país, mas em todo caso muito mais forte do que os números durante a crise econômica em 2008/2009, quando chegou a ser negativo. Para a China esperamos taxas de crescimento na ordem de 8%. Nos dois países vemos que o apoio é dado através de uma política monetária menos rígida. E esse apoio vem não apenas dos juros mais baixos, mas da política fiscal, especialmente no Brasil, onde se investe pesado na infraestrutura em vista dos grandes eventos esportivos, dentre outros.

swissinfo.ch: Que consequências teriam para os países emergentes um colapso do euro? N.W.: As consequências podem ocorrer através de dois canais: o canal de comércio e o canal financeiro. A exposição através do canal financeiro é relativamente baixa na Ásia e não representam um risco substancial na América Latina. Para as relações comerciais a exposição é maior, especialmente para a China, cuja economia beneficiou de forte crescimento nas exportações, da quais 19% são direcionados atualmente para a Europa. Isso significa que a China sentiria fortemente esse possível colapso, apesar da transição que ela está vivendo para um crescimento movido mais graças ao consumo interno. Mas esse processo não decorre rápido o suficiente, o que faz com que o país esteja ainda bastante exposto a esses riscos, significando talvez uma redução da economia para taxas de crescimento cerca de 6%. Porém precisamos aqui ressaltar que essas taxas ainda são bastante elevadas no contexto global. A China ainda tem alguns recursos para segurar sua economia, especialmente através de instrumentos fiscais ou monetários. O mesmo também vale para o Brasil. As relações comerciais com a Europa também correspondem a 20% do todo, mas o país também exporta 17% dos seus bens para a China. Por isso o país poderá sofrer consequências também indiretamente de um possível colapso na zona euro, já que o crescimento da China poderá diminuir e, consequentemente, a demanda por produtos brasileiros como matéria-prima. Taxas menores no Brasil, frente a taxas já reduzidas de 2,5%, levam o país a permanecer em um patamar reduzido de crescimento. Não é ideal, mas também não acreditamos que a crise do euro leve a uma forte recessão no Brasil.

swissinfo.ch: Os últimos números do Banco Central Suíço mostram que os investimentos diretos suíços no Brasil passaram de 12,7 bilhões de francos em 2009 para 20,3 bilhões em 2010. Que empresas estão investindo por lá e por que esse crescimento foi tão grande? N.W.: Eu não posso dar nomes de empresas, mas posso dizer que existem dois setores interessantes no Brasil: em primeiro lugar, os setores relacionados ao consumo de produtos domésticos ou alimentares, explicado pelo forte crescimento do consumo interno no país nos últimos anos e o fortalecimento da classe média; o outro setor é a infraestrutura graças aos investimentos planejados para os grandes eventos. Fornecedores da indústria de construção, por exemplo.


economy

O setor financeiro tem até agora sido também interessante, mas enfrenta o aumento da competitividade dos bancos públicos e pressão do governo para reduzir as suas margens.

These countries are still attractive for investors The economic crisis is affecting the growth of emerging countries, especially the BRICs, but their dynamism means that they are still driving the engine of the global economy. Credit Suisse analyst comments about prospects and problems facing the superpowers of the “future”. by Alexander Thoele

Fo t o : Fo t o l i a

Nós iríamos recomendar mais investir no Brasil do que na Índia, por exemplo, porque o Brasil tem uma política fiscal e monetária mais eficientes.

swissinfo.ch: Somados, os investimentos diretos suíços dos países do BRICS correspondem a 42,5 bilhões de francos. Porém somente em Luxemburgo a Suíça tem 68 bilhões de francos investidos. Já nos centros financeiros “offshore” na América do Sul e Central esse número chega a 97 bilhões de francos. Qual a razão dessa discrepância? N.W.: Obviamente o setor bancário na Suíça é muito forte, o que explica também as investimentos nesses países. A questão é que ainda vejo riscos nos países emergentes, o que explica a reserva por partes dos investidores suíços de colocar o seu dinheiro neles. São países onde os trâmites para se abrir uma empresa ainda são muito complicados como é o caso do Brasil, onde a cobrança de impostos é extremamente complexa. O Brasil ainda é um dos países com a colocação mais baixa no ranking do “ease of doing business” do Banco Mundial. Por isso acredito que existem ainda fortes problemas administrativos a se resolver, o que explica por que não se investe mais no país.

swissinfo.ch: O poupador na Suíça e países da zona euro como a Alemanha sofre atualmente ao ver que seus investimentos praticamente não trazem mais juros. Nesse sentido, a senhora como analista de Credit Suisse, recomendaria aos clientes do banco de investir nos países emergentes como os do BRICS? N.W.: As previsões de crescimento foram fortemente revisadas para baixo para os países do BRIC nos últimos meses. Em meio a um ambiente mais fraco de crescimento global, é improvável que o BRIC retorne para a força pré-crise. No entanto, ainda esperamos um crescimento mais forte do que nos países industrializados e por isso pensamos que os mercados emergentes oferecem oportunidades de investimento atraentes. Nossos analistas acreditam que a situação atual oferece algumas oportunidades de compra atraentes no espaço de equidade (nos setores relacionados ao consumo, por exemplo). Além disso, os mercados emergentes ainda oferecem dividendos mais elevados. Em todo caso, precisamos ser seletivos com esses países. Nós iríamos recomendar mais investir no Brasil do que na Índia, por exemplo, porque o Brasil tem uma política fiscal e monetária mais eficientes.

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he Eurozone crisis may well affect emerging countries, said the German economist Nora Wasserman, an emerging market analyst with the Global Economic Research Division of Switzerland’s second largest bank. However, the growth outlook for these regions is still stronger than that for the “Old World”. swissinfo.ch: Many analysts identify issues that have yet to be solved by emerging countries, especially the BRICs: bureaucracy, protectionism, rising inflation, public debt, dependence on natural resources, and low investment in infrastructure and education. Aren’t you a little sceptical too? Nora Wassermann: There certainly are development-related problems for countries in certain areas. In the global economic context, however, the BRICs are still seen as strong

driving forces for growth. Their numbers demonstrate growth over the last ten years, since China was admitted to the World Trade Organization (WTO) in 2001. Not only China, but other BRIC countries too, and they currently account for 50% of global economic growth. However, in the last two years since the beginning of the economic crisis, developed-country growth has slowed. But we must also say that according to the outlook for the next few years, the Chinese economy will no longer continue with its previous 10% growth rates. It will be more focused on domestic consumption and less on investment-driven growth. This means that China will be importing more, and so it will continue to act as a positive driving force for the global economy. However, it is true that China’s economy is likely to grow more slowly overall. swisscam magazine 69

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swissinfo.ch: If we take the example of Brazil, here we also see a parallel with the current risks being seen in China, of overheating in the housing market. Analysts believe there is a risk of a bubble forming in these markets. Do you share this opinion? N.W.: I think both of these countries are aware of the problem. However, like China and India, Brazil decided to tighten monetary and fiscal policies for 2010 and 2011 in the aftermath of the 2009 crisis. This was most certainly a response to a strong growth in domestic demand, partly financed by a credit ‘boom’, which also fuelled thehousing market. At present we are seeing a slight fall in house prices in China, but not yet in Brazil. In China this development is driven by the government itself, with the Central Bank of China stepping in to combat the bubble and stabilize prices. swissinfo.ch: World Bank researchers have recently warned emerging countries to get ready for a severe fall in global economic growth. What are your predictions? N.W.: Certainly there is a risk of growth rates falling more steeply this year and next year if the European crisis worsens. However our current view is that Europe is headed for a mild recession with negative growth rates in 2012 followed by a growth rate of 1% or even less next year, but at least it will be a positive rate. In the United States growth rates are likely to remain below 2%, which is below its potential, but stronger than Europe at least. It is not a good scenario, but it’s not too pessimistic either. However, everything depends on whether the Eurozone can solve its crisis. As a result, we are also likely to see weaker growth rates - but not a drastic fall - in emerging countries such as China and Brazil. We are expecting 2012 growth rates of around 2.5% for Brazil, which is below its long-term growth prospects, but in any case much stronger than the negative numbers during the 2008-2009 economic crisis. For China, we expect growth rates of around 8%. In both countries we see support coming from a looser monetary policy, not only lower interest rates but fiscal policy too, especially in Brazil, which is investing heavily in infrastructure for big sports events, amongst other things. swissinfo.ch: What would be the consequences of a euro collapse for the emerging countries? N.W.: They could be affected through two channels, trade and finance. Exposure through financial channels is relatively low for Asia and no substantial risk is posed to Latin America. As regards trade relations, there is more

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For example we would suggest investing more in Brazil than India, because Brazil’s fiscal and monetary policies are more effective. exposure, especially for China, since its economy benefited from a strong growth of its exports, with 19% of them currently being shipped to Europe. Therefore China would be hit hard by a collapse, despite the fact that it is currently moving towards a more domestic-consumption driven growth. But this transition is not moving fast enough, so China is still very much exposed to these risks which may lead to economic growth rates slowing to around 6%. On this point, however, we must emphasize that these rates are still quite high in the global context. China still has the means of keeping its economy on course, particularly through use of fiscal and monetary instruments. The same goes for Brazil. Trade with Europe also accounts for 20% of its total, but 17% of Brazil’s exports are going to China. So it too may be indirectly affected by the consequences of a Eurozone collapse, since China may experience slower growth, which would reduce demand for Brazil’s raw materials. Lower rates than Brazil’s, which are already down to 2.5%, tend to hold the country down, keeping it at a low level of growth. This is not an ideal situation, but neither do we believe the Eurozone crisis will lead to a severe recession in Brazil. swissinfo.ch: The latest numbers from Switzerland’s Central Bank show that direct Swiss investment in Brazil rose from 12.7 billion francs in 2009 to 20.3 billion in 2010. Which companies are investing there and why was this number so high? N.W.: I cannot name companies, but I can say that there are two interesting sectors in Brazil. The first one relates to sectors driven by consumption of food or household products, due to strong growth in Brazil’s domestic consumption in recent years, and its growing middle class; the other sector is infrastructure due to the investments planned for major

sports events; construction industry suppliers, for example. So far the financial sector has also been interesting, but it is now facing higher competition from public-sector banks, and the government is also putting pressure on banks to lower their margins. swissinfo.ch: Swiss direct investments in BRIC countries totalled 42.5 billion francs. But Switzerland has 68 billion francs invested in Luxembourg alone. For Central and South American offshore financial centres, this number reaches 97 billion francs. Why this discrepancy? N.W.: Obviously Switzerland has a very strong banking sector, which accounts for investments in these countries. The point is that I still see risks for emerging markets, which is why Swiss investors are reluctant to put their money in them. Business start-ups in these countries still face a lot of red tape. This is the case in Brazil, where taxation is extremely complex, and for this reason it is one of the lowest ranked countries on the World Bank’s “ease of doing business” list. So I think there are still substantial administrative issues to sort out, which is why investors are not putting more money into Brazil. swissinfo.ch: Savers in Switzerland and the Eurozone countries such as Germany are currently concerned to see their investments earning practically no interest. Bearing this in mind, as a Credit Suisse analyst, would you recommend that the bank’s clients invest in emerging countries such as the BRICs? N.W.: Growth forecasts for the BRIC countries have been revised sharply downwards in recent months. In a weaker global growth environment, BRICs are unlikely to return to their pre-crisis strength. However, we are still expecting them to outperform the industrialized countries, so we do believe emerging markets offer attractive investment opportunities. Our analysts believe the current situation offers some attractive buys in equity (such as consumer-related sectors). In addition, emerging markets are still paying out higher dividends. In any case, we have to be selective with these countries. For example we would suggest investing more in Brazil than India, because Brazil’s fiscal and monetary policies are more effective.

Alexander Thoele é é jornalista da swissinfo.ch – empresa do grupo da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SRG SSR). A plataforma internet em nova línguas informa um público internacional e aos suíços do estrangeiro sobre eventos de relevância na Suíça. Da Suíça, sobre a Suíça - além dos clichês. Alexander Thoele is journalist at swissinfo.ch – a branch of the Swiss Broadcasting Corporation SRG SSR. The nine-language platform informs an international public and Swiss living abroad about events in Switzerland. From Switzerland, about Switzerland – beyond the clichés.


cultura

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e 24 de agosto a 2 de setembro de 2012, acontece na Suíça a 5ª edição do St. Moritz Art Masters (SAM), festival que traz múltiplas formas de arte, incluindo apresentações especiais de música, workshop com artistas, exibição de filmes e vídeos, exposições em galerias, museus, instituições, áreas públicas e particulares abertas para visitação durante o evento.

trazer exposições, palestras e atividades com artistas brasileiros como Adriana Varejão, Vik Muniz, Carlito Carvalhosa, Thiago Rocha Pitta, Roberto Cabot e Pedro Wirz.

Este ano, o evento terá como destaque o Brasil e fará uma homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer, além de

Mais informações podem ser encontradas no site: www.stmoritzartmasters.com.

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Como parte dessa homenagem, pela primeira vez será aberta à visitação de convidados a única casa projetada por Oscar Niemeyer na Suíça, no lago de St. Moritz. Seu bisneto, Paulo Niemeyer, representará sua família expondo objetos de design assinados por ele.

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culture

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St. Moritz Art Masters 2012

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rom the 24th of August until the 2nd of September 2012, tthe 5th edition of the St. Moritz Art Masters (SAM) takes place in Switzerland, a festival that will bring multiple forms of art, including special music presentations, workshops with painters, exhibitions of films and videos, exhibitions in galleries, museums, institutions, public and private areas open for visitation during the event.

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This year, the main theme will be Brazil, paying homage to the architect Oscar Niemeyer, along with exhibitions, lectures and activities with Brazilian artists, such as Adriana Varejão, Vik Muniz, Carlito Carvalhosa, Thiago Rocha Pitta, Roberto Cabot and Pedro Wirz. As a part of this homage, for the first time, the only house projected by Oscar Niemeyer will be open to public visitation, in Lake St. Moritz. His great grandson, Paulo Niemeyer, will represent his family exhibiting objects of design signed by him. More information can be found on the site: www.stmoritzartmasters.com.

1) Chesa PLanta, Samedan. Artista / Artist: Jonathan Meese. Crédito da imagem / Credit image: SAM / Alexandra Pauli. 2) Cartier Gala Night – Badrutt’s Palace Hotel. Crédito da imagem / Credit image: SAM / Alexandra Pauli. 3) Lotus Flower, Lake St.Moritz. Artista / Artist: Choi Jeong Hwa - Lingua Franca. Crédito da imagem / Credit image: SAM / Alexandra Hungerbühler. 4) Winner SAM Foundation Project 2011 “BLACKBOX”. Artista / Artist: Jaqueline Baum & Ursula Jakob. Crédito da imagem / Credit image: SAM / Alexandra Pauli. 5) Paracelsus Building, St.Moritz. Artista / Artist: Yves Netzhammer. Crédito da imagem / Credit image: SAM / Alexandra Pauli. 6) Dorfkirche St.Moritz. Artista / Artist: Dokupil. Crédito da imagem / Credit image: SAM / Alexandra Pauli. 7) Gallery Tschudi, Zuoz - Gallery Tschudi, Zuoz. Artista / Artist: Stanley Brown, Martina Klein, Balthasar Burkhard. Crédito da imagem / Credit image: SAM / Alexandra Pauli.

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comunidade brasileira na Suíça

Associação Lar Feliz

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Fo t o : A s s c i a ç ã o L a r Fe l i z

Associação Lar Feliz é uma Instituição Filantrópica e sem fins lucrativos fundada em 1958 pela Igreja Evangélica Suíça de São Paulo. Teve sua transferência para Curitiba em 2008. Atualmente atende grupos de irmãos, em um total de 12 crianças e adolescentes, que viviam em situação de risco social e pessoal. Crianças essas retiradas de suas famílias pelos órgãos competentes. Elas ficam acolhidas na instituição até que se decida se elas retornarão para sua família nuclear ou extensa ou se irão ser inseridas em família substituta (adoção). O maior objetivo da instituição é proporcionar, além de uma casa e educação, amor e toda infraestrutura de uma família feliz com caráter cristão.

Mais informações / More information CNPJ: 43.192.400/0001-59 Tel: 55 (41) 3292-2895 / 3032-2895 E-mail: associacaolarfeliz@gmail.com www.larfeliz.net.br

Fo t o : A s s c i a ç ã o L a r Fe l i z

Swiss community in Brazil

Associação Lar Feliz

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Fo t o : A s s c i a ç ã o L a r Fe l i z

ssociação Lar Feliz is a non-profit Charitable Institution founded in 1958 by the Swiss Evangelical Church of São Paulo. It was transferred to Curitiba in 2008. It currently assists a group of brothers and sisters, a total of 12 children and teenagers, who were living in a situation of social and personal risk. These are children who have been removed from their families by competent authorities. They are cared for by the institution until a decision is reached as to whether they will be returned to their main or extended family, or if they will be taken in by a substitute family (adopted). The main objective of the institution is to give them, besides a home and education, love and the whole basis of a happy family with Christian virtues.

diretório directory Confira os endereços da comunidade suíça no Brasil e da comunidade brasileira na Suíça em nosso site. Acesse www.swisscam.com.br e clique em “Informações úteis”.

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Find the addresses of the Swiss community in Brazil and the Brazilian community in Switzerland on our website. Go to www.swisscam.com.br and click on “Useful information”.


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