Cine Metrópole: Érico de Paula / Raffaello Berti, 1942. BH/MG Criação livre sobre a foto por Alberto Gawryszewski
CADERNO DE RESUMOS
Cine Metrópole: Érico de Paula / Raffaello Berti, 1942. BH/MG Criação livre sobre a foto por Alberto Gawryszewski
III ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS DA IMAGEM
CADERNO DE RESUMOS
03 a 06 DE MAIO DE 2011 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA CCH - CESA
Profa. Dra. Nádina Aparecida Moreno Reitora Profa. Dra. Berenice Quinzani Jordão Vice-Reitora Prof. Dr. Mário Sérgio Mantovani Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Profa. Dra. Cristianne Cordeiro Nascimento Pró-Reitora de Extensão Profa. Dra. Mirian Donat Diretora do Centro de Letras e Ciências Humanas Profa. Dra. Edméia Ribeiro Chefe do Departamento de História Profa. Dra. Silvia Cristina Martins de Souza Coordenadora do Mestrado em História Social Profa. Dra. Sylvia Ewel Lenz Coordenadora do Curso de Especialização em História Social e Ensino de História Prof. Dr. Alberto Gawryszewski Coordenador do Laboratório de Estudos dos Domínios da Imagem - LEDI
Alberto Gawryszewski
Coordenador Geral
III ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS DA IMAGEM
CADERNO DE RESUMOS
Londrina • 2011
Coordenação-Geral Prof. Dr. Alberto Gawryszewski – UEL Comissão Organizadora Profª. Dra. Ana Heloísa Molina – UEL Profª. Dra. Angelita Marques Visalli – UEL Profª. Dra. Cláudia Eliane P. M.Martinez – UEL Profª. Dra. Edméia Ribeiro – UEL Profª. Dra. Márcia Rorato – UEL Profª. Dra. Zueleide Casagrande de Paula – UEL Prof. Dr. Paulo Alves – UEL Prof. Dr. Paulo Boni – UEL Profª. Dra. Terezinha Oliveira – UEM Conselho Científico Prof. Dr. Darío Acevedo Carmona – Universidad Nacional de Colombia – Sede de Medellin Profª Drª Maria C. Boixados – Universidad Nacional de Córdoba (Argentina) Prof. Dr. Laurent Vidal – Universidade de La Rochelle (França) Profª Drª Renata Senna Garraffoni – UFPR Prof. Dr. José Rivair de Macedo – UFRGS Profª Drª Juçara Luzia Leite – UFES Profª Drª Clarice Ehlers Peixoto – UERJ Prof. Dr. Rafael Rosa Hagemeyer – UDESC Profª Drª Luciene Lehmkuhl – UFU Prof. Dr. Jaime de Almeida – UNB Prof. Dr. Isaac Camargo – UFSC Profª Drª Maria da Conceição Francisca Pires – UFV Profª Drª Maria Carolina Bovério Galzerani – UNICAMP Profª Drª Ana M. Mauad – UFF Profª Drª Ismênia de Lima Martins – UFF Profª Drª Rosana Horio Monteiro – UFG
Catalogação Elaborada pela Bibliotecária Roseli Inácio Alves CRB 9/1590 E56c Encontro Nacional de Estudos da Imagem (3. : 2011 : Londrina, PR). Cadernos de Resumos [do] III Encontro Nacional de Estudos da Imagem, 03 a 06 de maio de 2011 / coordenação de Alberto Gawryszewski – Londrina : UEL, 2011. 190 p. : il.
ISSN 2236-2479
1. Imagem – Estudos – Congressos. 2. Imagem – História – Congressos. 3. Imagem e conhecimento – Congressos. I. Gawryszewski, Alberto. II. Universidade Estadual de Londrina. Centro de Letras e Ciências Humanas. III. Título. CDU 930.1:77
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Apresentação O Laboratório de Estudos dos Domínios da Imagem (LEDI) mais uma vez promove o Encontro Nacional de Estudos da Imagem. Nesta terceira versão dá continuidade a proposta de promover o encontro de pesquisadores que tenham como tema a Imagem e/ou a discussão da representação da imagem em suas pesquisas, tornando-se, portanto, um lócus privilegiado para a divulgação de uma produção científica a respeito e proporcionando o intercâmbio entre as várias áreas do conhecimento. Neste evento, além de contar com o seu parceiro habitual, o Programa de Pós-graduação em História Social, tem a participação do Programa de Pós-graduação em Comunicação Visual da UEL. A leitura da programação possibilita verificar os nomes dos conferencistas e demais palestrantes das mesas-redondas e a dimensão qualitativa da proposta em questão, com a participação de vários pesquisadores de diversas IES, inclusive com dois convidados da Colômbia e um da Bolívia. Da mesma forma, há a certeza que as comunicações venham a contribuir neste debate. A proposta do evento em questão está atrelada ao incentivo e desenvolvimento do conhecimento científico sobre os estudos da imagem no Brasil e, particularmente, no Estado do Paraná, fortalecendo os grupos de pesquisa já formados e estimulando a formação de outros. Foram inscritos mais de 340 trabalhos em todos os eixos propostos, de diversas IES, de quase todos os estados da federação, além de pesquisadores de outros países. O Encontro, mais uma vez, apresenta êxito quanto ao seu caráter multidisciplinar ao envolver pesquisadores das mais diversas áreas de conhecimento.
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RESUMOS
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AS REPRESENTAÇÕES DA MORTE NOS MAUSOLÉUS MILITARES: O EMBATE ENTRE O CÍVICO E O CONFESSIONAL (1924-2010) Adriane Piovezan Universidade Federal do Paraná / UFPR
A presente comunicação reflete sobre as representações diante da morte a partir do estudo das práticas funerárias dedicadas aos que caíram em combate no Brasil do século XX. A proclamação da República e a hegemonia dos valores positivistas levou a uma radical laicização do Exército, mas o destino dos corpos dos soldados mortos em combate fez com que muitas vezes tradições populares e religiosas conflitassem com as questões cívicas. Diversos mausoléus coletivos de mortos em conflitos militares desde 1924, passando por 1932,1935,1938 e 1945, demonstram as tensões entre a questão do monumento funerário de caráter patriótico e as devoções particulares do indivíduo e da sociedade em relação à morte. Segundo Michel Vovelle, os monumentos modernos funerários possuem por característica marcante a democratização e funcionalização da representação da morte em favor dos vivos. O historiador analisa que os monumentos e mausoléus construídos após a Primeira Guerra Mundial substituíram as fórmulas triunfalistas poe monumentos abstratos e antimonumentos. Como tendência geral ocorreu a substituição do monumento ao general vitorioso, o herói, por um túmulo do soldado desconhecido. Desta forma, o papel do indivíduo na guerra seria atenuado em prol do coletivo. Outra característica marcante nestes mausoléus é a negação do caráter religioso ou expiatório, em que elementos patrióticos, tornariam estes espaços como transmissores de uma mensagem política funcional. Trabalhando com uma variedade de fontes, os próprios monumentos com seus aspectos visuais, até documentos referentes aos relatórios individuais do pelotão de sepultamento, pretende-se perceber como estas questões foram abordadas no caso brasileiro. Palavras-chave: Imagens da morte, estudos cemiteriais, memória. DAS FORMAS BÁQUICAS E DO GROTESCO BAKHTINIANO EM IMAGENS DO HEAVY METAL E DO HARD ROCK Adriano Alves Fiore Miguel Luiz Contani Universidade Estadual de Londrina / UEL
A linguagem do Rock é essencialmente paródica, alegórica, carnavalesca e imagética. Este trabalho analisa a utilização e a significação da figura do deus greco-latino do êxtase e da embriaguez Dioniso, ou Baco, na linguagem visual do universo do Hard Rock e Heavy Metal. A tipificação das imagens é realizada com base no campo conceitual possibilitado pelo conceito de carnavalização enunciado pelo semioticista e estudioso literário russo Mikhail Mikhailovich Bakhtin, e a fundamentação também inclui as contribuições do filósofo e teórico da Comunicação, Vilém Flusser assim como do especialista brasileiro em Mitologia Greco-Latina Junito de Souza Brandão. O estigma
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rebelde do Hard Rock e do Heavy Metal se multiplica e se fortalece pari passu com a popularização desses gêneros musicais – que vêm sendo efusivamente retratados por meio de forte apelo imagético – como consequência de os responsáveis pelo marketing das bandas invocarem, sempre mais, o auxílio visual nas figuras que contêm alusões à quebra de regra e de liberdade. Obtém-se uma condição de leitura de imagens por meio de elementos como o riso e a visão grotesca do corpo humano. Palavras-chave: Carnavalização Bakhtiniana do Grotesco, Rock Pesado, Leitura de Imagem As influências do cinema nos rótulos de Cachaça Paranaense em meados do século XX Alan Ricardo Witikoski Universidade Tecnológica Federal do Paraná/UTFPR
Este texto apresenta de modo pontual algumas considerações sobre a influência do cinema sobre os rótulos de Cachaça paranaenses em meados do século XX. Os exemplos analisados fazem parte do acervo da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e pertencem entre as décadas de 1950 e 1960. Por meio de análises semióticas com base peirceanas, todos osrótulos são analisados e apresentam, dentro de suas camadas de significação, de que forma ocorre uma reinterpretação e hibridação entre uma identidade exterior, representada pelo cinema, e pelos aspectos locais, representada pela Cachaça, um produto considerado como típico brasileiro. Ao relacionar estes discursos é possível sugerir algumas linhas de análise capazes de indicar as reinterpretações presentes através dos rótulos. Estas relações constituem um rico elemento gráfico com o potencial de revelar a diversidade presente dentro do design gráfico brasileiro antes da consolidação da formação acadêmica de designers. Outro fato relevante é o convívio de tecnologias presente na confecção dos rótulos, todos eram impressos no processo de cromolitografia, originado no final do século XIX, e mesmo com a presença do sistema de impressão offset, considerado de melhor qualidade e eficiência, estes rótulos eram impressos em pequenas oficinas litográficas presentes no Paraná. Os litógrafos normalmente eram responsáveis não só pela confecção física dos rótulos, mas em alguns casos, efetuavam um processo semelhante ao representado pelos designers posteriormente. Por meio das análises dos rótulos é possível obter uma visão singular de como a influência do cinema era assimilada pela sociedade e se associava a um contexto interno, originando uma concepção diferenciada, como uma estrela de cinema consumindo uma Cachaça brasileira em meados do século XX. Palavras-chave: Design gráfico, rótulos de Cachaça, semiótica.
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REMEMORAÇÃO VISUAL E IDEOLOGIA NA REVISTA VEJA: O IRAQUE EM DOIS MOMENTOS DE CONFLITO Alberto Carlos Augusto Klein Camila Venceslau Meira Marcia Boroski Universidade Estadual de Londrina / UEL
Este trabalho analisa o mecanismo de rememoração visual como reiteração de componentes ideológicos da imagem em capas da revista Veja em dois momentos históricos distintos: a guerra do golfo (capa 6 de março de 1991) e a invasão norteamericana no Iraque (capa 2 de abril de 2003). Os conteúdos ideológicos são identificados a partir de fatores como visão política do veículo, filtragem de fotografias e textos de agências de notícia e disposição gráfica de material informativo na capa. Tais elementos de informação são analisados conforme os eixos de produção de sentido, elucidados pelo comunicólogo alemão Harry Pross, além da semiótica da cultura de Ivan Bystrina. O mecanismo de rememoração visual acaba por reiterar um discurso sobre o oriente, particularmente o Iraque, apesar da singularidade dos dois contextos. O discurso imagético reforça poderio militar americano de uma maneira positiva e acrítica. O artigo aponta a reincidência de um discurso orientalista (Edward Said), muito arraigado nos meios de comunicação do ocidente. Segundo este prisma, o oriental é em geral visto sob os signos do caos, desordem, selvageria e como uma cultura que ainda precisa ser civilizada. Palavras-chave: Ideologia, Imagem e Oriente Médio. A imagem anarquista no Brasil (1901-1927)* Alberto Gawryszewski Universidade Estadual de Londrina/UEL
O objetivo deste trabalho é apresentar algumas imagens produzidas pela imprensa anarquista no Brasil entre os anos de 1901 e 1927. Em um país onde grande número de brasileiros era analfabeta e onde a composição do operariado era em grande parte de estrangeiros (espanhóis, italianos entre outras nacionalidades), o uso da imagem como fator pedagógico e instrumento de luta ideológico foi fundamental. Assim, propõese a apresentar imagens de combate e de defesa. Combate aos inimigos maiores do anarquismo, tais como: a religião, o estado, o militarismo e o burguês. De defesa, as representações do ideal anarquista, do trabalhador, dos perseguidos políticos (mortos, deportados, presos) e dos ideólogos do anarquismo. Palavras-chave: Imagem, anarquismo, imprensa anarquista, História de Brasil. * Pesquisa financiada pela Fundação Araucária
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A PATRIMONIALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO INDIGENA NO CIBERESPAÇO ATRAVÉS DOS MUSEUS VIRTUAIS Alejandra Aguilar Pinto Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia/IBICT
Esta comunicação tem como objetivo principal apresentar a “emergência” no ciberespaço das instituições de memória, especificamente os museus etnográficos do Brasil e da América Latina/Caribe. Os museus são as principais instituições que têm assumido o papel de “resgatar”, proteger, e recuperar os objetos materiais e imateriais (patrimônio material e imaterial) das culturas indígenas extintas e sobreviventes. Palavras-chave: Museus Indigenas/Etnográficos Virtuais; Patrimonio Cultural; América Latina. PAISAGENS URBANAS E SUAS REPRESENTAÇÕES FOTOGRÁFICAS: CIDADE DE TAQUARA / 1882-1930 Alex Juarez Müller Elaine Smaniotto Faculdades Integradas de Taquara/FACCAT
No final do século XIX, as imagens fotográficas passam a ser intensamente empregadas no registro de vistas urbanas, para assim identificar o progresso, a construção da “civilidade”. A partir de então, no final do século XX, a fotografia transforma-se, para o historiador, uma fonte a mais de estudo da história. Sendo assim, essa pesquisa tem como objeto de estudo o processo de interatividade entre imagens fotográficas e a área urbana, com a finalidade de compreender as representações da urbe a partir da imagem. O recorte temporal delimita-se entre 1882 e 1930, contemplando o final do Império e a República Velha. O recorte espacial contempla a cidade de Taquara no Rio Grande do Sul. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual foram selecionadas fotos de diversos arquivos, dentre os quais, foram eleitas as imagens mais significativas para a análise da representação da cidade de Taquara. O trabalho utiliza a fotografia como fonte histórica principal e fundamenta-a com documentos escritos, contextualizando os aspectos representativos da área urbana taquarense. Nesse contexto, as fotografias empregadas caracterizam o período de transição do Brasil, num momento de introduções de novas ideologias e um novo regime político, onde é perceptível três momentos diferentes do registro fotográfico na urbe: o primeiro delimita-se a poucas imagens, ainda no virar do século XIX para o XX, identificando um pequeno povoado muito mais rural do que urbano; o segundo momento caracteriza-se pela transição, evidenciando-se o moderno mesclando-se aos aspectos rurais, aos atributos da herança imperial; e no terceiro, e último momento, evidencia-se as fotografias com a preocupação de identificar a cidade civilizada, higienizada e urbanizada para os olhares distantes. Palavras-chave: imagens fotográficas, paisagens urbanas, cidade de Taquara/RS
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CENTENARIO DE LA INDEPENDENCIA DE COLOMBIA: CELEBRACIÓN DE UNA REPRESENTACIÓN Alexander Cano Vargas Universidad Nacional de Colombia, sede Medellín
El 20 de julio de 1910, Colombia celebró su primer siglo como país soberano. El Estado, la Iglesia, la prensa, los partidos y organizaciones e instituciones gubernamentales y privadas se dieron a la tarea de hacer de esta fecha uno de los días más memorables en la historia del país. Un sinnúmero de actos conmemorativos fueron realizados a lo largo y ancho del territorio colombiano. Comisiones organizadoras de carácter nacional, regional y local se encargaron de preparar hasta el más mínimo detalle. Con la ponencia, se busca analizar los preparativos y eventos realizados durante la celebración del primer Centenario de la independencia nacional, para mostrar las lógicas subyacentes en ella, su significación, sus contenidos simbólicos orientados a forjar una idea de pertenencia nacional. También se plantea un sucinto análisis de la forma a través de la cual se representó a Simón Bolívar y los demás precursores de la independencia de Colombia en 1910, la producción masiva de monumentos públicos alusivos a los próceres colombianos, el manual de Historia de Colombia de Henao y Arrubla y la difusión del mismo en las instituciones educativas de la república como mayor legado del Centenario. Todo ello a través del estudio de los discursos rastreables en la prensa y en la iconografía patriótica de la época, con lo cual se pretende construir una mirada crítica frente a la fiesta nacional referida. Palabras clave: Colombia, centenario, representación. A CONSTRUÇÃO IMAGÉTICA DA MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES Alexandra Pingret Universidade Estadual de Londrina/UEL
Esse texto é o resultado de um estudo parcial realizado para a dissertação de mestrado, em andamento, cujo título provisório é: A Marcha Mundial das Mulheres no contexto dos movimentos sociais contemporâneos: um estudo de sua composição visual (Brasil 2000-2010), do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tendo como tema o movimento feminista Marcha Mundial das Mulheres (MMM), busca-se, nessa comunicação, apresentar o movimento e parte da sua composição visual, juntamente com algumas considerações preliminares sobre a pesquisa. Foram utilizados como documentos para o presente estudo: uma entrevista com a representante do Brasil no comitê internacional da Marcha e imagens (fotografias) que contemplam a construção imagética do movimento, encontradas nos Cadernos Marcha Mundial das Mulheres e em jornais da terceira Ação Internacional 2010. Palavras-chave: Marcha Mundial das Mulheres; construção imagética; arte política.
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“DESEJOS PROIBIDOS”: CORPOS LÉSBICOS, LEITURAS QUEER E EROTISMO MASCULINO Alexandre Augusto Fernandes da Silva Universidade Federal de Uberlândia /UFU
Este trabalho analisa, investiga e problematiza a apropriação, representação, produção discursiva dos corpos lésbicos e do homoerotismo feminino em produções sociaisculturais pornográficas voltadas para o público masculino heterossexual. Trato, especificamente, da HQ pornográfica “Desejos Proibidos”, do artista Carlos Zéfiro. O estudo tem por referencial teórico-metodológico, principalmente, os Estudos Queer, em que se problematizam os seguintes conceitos/noções: identidade sexual, performance de gênero, gênero próstetico, diferença, corpo abjeto, corpo-objeto, enunciado, agência. A representação do lesbianismo, principalmente, na arte erótica ilícita, é muito recorrente e circula, de forma inquestionável – as vezes tratada de forma natural –, determinado “fetiche”, elemento do desejo masculino por lésbicas, do voyeur ou até nas efetivas relações sexuais. Se as lésbicas povoam o desejo masculino, significa a inter-relação, em territórios delimitados (?), de um discurso homoerótico, no caso feminino, com a constituição da masculinidade e da heterossexualidade (?). Mas como atravessam as categorias de gênero neste espaço de múltiplas significações e indeterminação – principalmente como conceber a masculinidade, com a possibilidade de contato com o homoerotismo, já que a mesma pressupõe um distanciamento (?), este é necessário (?). Uma das constatações imediatas, é que as lésbicas de Zéfiro são reduzidas pelo corpo, ou melhor, pela imagem do corpo. No qual o desejo homoerótico é deslocado de um discurso da homossexualidade em si, para os prazeres e fetiche do homem, no qual se tornam objetos. Todavia, este é um processo complexo e instigante, que este trabalho pretende discutir. Palavras-chave: Homoerotismo Feminino, Estudos Queer, Imagem pornográfica. EXPERIÊNCIAS DO CORPO-DESEJO EM BRAMADERO (JULIÁN HERNÁNDEZ, 2007) Alexandre Augusto Fernandes da Silva Universidade Federal de Uberlândia/UFU
Este trabalho traz questões referentes às representações sociais e discursos engendrados acerca da sexualidade e do corpo na contemporaneidade pelo/no cinema. Considerando o cinema como uma “produção social”, alargando as fronteiras do entretenimento e do mercado, para olhar meios de produção, diálogos com segmentos sociais, processos de recepção, re-apropriações e leituras múltiplas, objetiva-se, então, uma análise “estético-política” de suas imagens. Assim, mobilizamse e problematizam-se questões sobre estética, produção, circulação, consumo, representações e dicursos sociais-culturais. Especificamente, o trabalho trata de uma experiência cinematográfica contemporânea, que se denomina como cinema Queer.
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Na diversidade de produções Queer, elejo o curta-metragem de Julián Hernández, “Bramadero” (2007), para proceder a análise filmica e imagética sobre sexualidades, corpos e experiências homoeróticas. Voltando-se para suas imagens, desde as em movimento até a fotografia, penso o curta e seu enredo, dentro de um contexto contemporâneo de produção de erotismo e cinema que tematiza as relações gays, e como que a experiência das personagens em cena permite avaliar e problematizar questões acerca dos discursos e representações sociais e culturais das sexualidades e corpos não-heterossexuais, e, principalmente, como uma produção não circunscrita ao gueto, mas ampliada no sentido de dar visibilidades e visualidades outras, possibilita problematizar e re-criar espaços outros de diálogos e experiências. Reflito a partir do jogo de cena corpo e desejo, tratando o corpo não como inscrição de uma cultura determinista, mas como meio múltiplo de expressão cultural e o desejo como ponto de partida para se pensar como se constroem as relações, notadamente marcadas pela sexualidade, e como que estas sexualidades são trabalhadas e questionadas nas imagens e discursos-representações contemporâneos. Palavras-chave: Cinema Queer, Representações sociais, Estudos Queer. O RETRATO DO PASSADO EM MOVIMENTO: A ANÁLISE DE ROBERT ROSENSTONE SOBRE OS FILMES HISTÓRICOS DE HOLLYWWOD Aline Campos Paiva Moço Pontíficia Universidade Católica/PUC-SP
Partindo de uma visão da história como discurso, a historiografia norte-americana sobre as relações cinema-história a partir do século XX, influenciadas pela Nova História Cultural de Lynn Hunt, absorveram o cinema como um objeto de estudo. O filme histórico-dramático passou a ser percebido como representação de um passado. Um monumento daquilo que seus produtores e interessados gostariam de construir num tempo passado. A idéia de tempo e de monumento, assim como a adoção do filme como documento histórico pelo historiador Robert Rosenstone, principalmente no que se refere ao filmes históricos da indústria de Hollywood, são o objeto deste artigo. Os filmes dessa indústria cultural em geral contam a históriaproblema como história-ficção, um conto com começo, meio e fim. Um conto que te deixa uma lição de moral, embutido em uma visão mais ampla de história, que é sempre progressiva. Podemos perceber o tempo nos filmes históricos, principalmente nos hollywoodianos, como uma linearidade. A noção de progresso, a ênfase no individuo, uma única interpretação, um exagero nos estados emocionais são alguns dos aspectos desses filmes que procuram ser épicos. Ainda segundo Rosenstone, o filme histórico vai sempre incluir imagens inventadas e, quando muito, verdadeiras. Verdadeiras no sentido de que elas simbolizam, condensam ou resumem uma grande quantidade de fatos; verdadeiras no sentido de que elas reportam um sentido global do passado. Os filmes sempre misturam coisas que realmente aconteceram com coisas que poderiam ter acontecido; coisas que comprimem um bocado do que aconteceu para que eles caibam na restrição visual e temporal do meio e da forma. Palavras-chave: Cinema, História, Estados Unidos
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A PRESERVAÇÃO DO ACERVO IMAGÉTICO DO ARTISTA FRANKLIN JOAQUIM CASCAES Aline Carmes Krüger Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC
Vanilde Rohling Ghizoni Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
A Coleção Professora Elizabeth Pavan Cascaes é composta por desenhos a bico de pena e grafite, esculturas em argila crua e gesso e manuscritos. Esta coleção denomina a obra do artista Franklin Joaquim Cascaes que foi incorporada ao patrimônio da Universidade Federal de Santa Catarina, sob a guarda do Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral em junho de 1981. A construção do conhecimento a partir da preservação de objetos contribui para o desenvolvimento histórico e artístico. Tendo em vista a temática e a discussão da imagem, apresentaremos nossas pesquisas constituintes do estudo da preservação de uma coleção de arte em um Museu. O caráter multidisciplinar do evento nos permite dialogar entre instituições e com diferentes áreas de conhecimento, ou seja, arte e conservação. Observando que o resultado esperado no III ENEIMAGEM é a promoção de discussão a respeito dos estudos da imagem, da representação e da preservação de acervo imagético, apresentaremos neste artigo a participação do museu na conservação e preservação da Coleção Professora Elizabeth Pavan Cascaes, especificamente os desenhos e esculturas. Através da reunião de um acervo num só lugar e da preservação do mesmo, busca-se demonstrar a importância da preservação do acervo imagético na produção do conhecimento histórico e artístico da cidade de Florianópolis. Palavras-chave: Cascaes, Coleção, Preservação. SAIAS DE CRIOULA, A ROUPA COMO CULTURA MATERIAL Aline O. Temerloglou Monteiro Universidade Federal de Goiás/UFG
Essa comunicação parte de informações e considerações advindas de minha pesquisa de mestrado, ainda em desenvolvimento, que busca discutir a produção de estamparia têxtil no Brasil e a presença de tecidos estampados advindos de outros países, tais como Inglaterra, Portugal, África entre outros, a partir da análise e percepções do estudo de duas saias de crioula pertencentes ao museu do Traje e do Têxtil de Salvador – BA. Essa pesquisa se baseia em considerações propostas por autores que trabalham com a cultura material e tem como base metodológica os passos de investigação sugeridos pelo historiador Jules Prown que entende a cultura material como um meio de estudo e não apenas como seu objeto. Ter a roupa como ponto de partida proporcionou aos meus estudos informações e deduções que apenas a sua imagem não poderia suscitar. Assim, proponho nessa comunicação expor alguns desses levantamentos e como cada informação descritiva foi construindo um caminho de estudo com direção às questões sócio-culturais e econômicas do contexto de criação das saias. Palavras-chave: saias de crioula, cultura material, estamparia têxtil.
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PATRIMÔNIO CULTURAL E IDENTIDADE EM GUAÍRA-PR Aline Rafaela Portílio Lemes Samuel Douglas Farias Costa Universidade Estadual de Maringá/UEM
Partindo de uma concepção antropológica dos conceitos de cultura, memória e patrimônio cultural, nossa proposta é levantar uma discussão acerca da construção de identidade na cidade de Guaíra-PR. Para tanto, num primeiro momento realizaremos uma introdução sobre o que é patrimônio cultural, buscando uma compreensão mais ampla desse tema e dando ênfase aos diversos contornos semânticos que essa categoria pode assumir. Em seguida, com base em fotografias e textos já produzidos a respeito da cidade de Guaíra, procuramos apresentar os principais patrimônios culturais adotados pela cidade como elementos simbólicos importantes na configuração de sua identidade. Em contraste com tais elementos, com base em pesquisa realizada pelos autores, abordaremos a questão da presença indígena dos Guarani Nhandeva, cuja cultura e, consequentemente, seus patrimônios culturais, são marginalizados dessa identidade da cidade. A partir dessa situação, presenciamos um movimento partindo dos Guarani da aldeia Tekoha Porã em busca da valorização de sua cultura. Nesse sentido, entendemos a importância da discussão do conceito e abrangência do patrimônio cultural na compreensão de como se conforma a imagem da cidade de Guaíra com base nos seus patrimônios, e como a mesma atua e resulta da/na exclusão de determinado grupo. Entendemos a cidade de Guaíra como um caso em que se apresenta de maneira clara a problemática envolvida na questão do patrimônio cultural, se tornando um campo profícuo para as discussões acerca de patrimônio, memória e identidade. Palavras-chave: Patrimônio Cultural, Identidade, Guaíra-PR ‘ALÔ AMIGOS’ DA AMÉRICA DO SUL: OS ESTEREÓTIPOS SUL AMERICANOS NA PROPAGANDA DE GUERRA ESTADUNIDENSE (1941-1943) Aline Vanessa Locastre Universidade Estadual de Londrina/UEL
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), na tentativa de estreitamento nas relações diplomáticas com vários países latino-americanos, onde muitos de seus dirigentes simpatizavam com os governos totalitários, o governo de Franklin Roosevelt buscou, através da Política da Boa Vizinhança, conquistar a simpatia do restante de seu continente. Os estúdios Disney trabalharam como agente ativo dessa política, a fim de manter as Américas livres do poderio político, bélico e cultural do nazi-fascismo. Assim, por meio de modernas produções cinematográficas e de entretenimento, o modelo de sociedade, organização política e econômica dos Estados Unidos foi disseminado além de suas fronteiras. Em 1941, alguns funcionários do estúdio saíram em excursão para a América do Sul e dessa viagem resultou, em 1943, no desenho/
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documentário “Alô Amigos”, que enfocou alguns países do continente, entre eles o Brasil. Na produção podemos perceber a tentativa em se criar uma ‘boa vizinhança’ entre os americanos por meio de uma aproximação cultural, concomitantemente, mascarar a disparidade política e econômica da região. Porém, mesmo com um esforço em comparar tais países nos deparamos com os inúmeros estereótipos presentes no imaginário estadunidense acerca dos seus vizinhos americanos e que até os dias de hoje ainda são percebidos, originando preconceitos, intolerâncias e alargando as diferenças culturais no continente. Palavras-chave: Propaganda de guerra; Política da Boa Vizinhança; Estúdios Disney. AUTORIA NO MUSEU DAS VISTAS Amanda Cifuente Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC
Este texto tem por proposta construir uma análise a partir da obra “Museu das Vistas” (2002-2007), da artista Carla Zaccagnini, na qual se procura averiguar a questão da autoria da obra de arte. Busca-se, ainda, a investigação de determinados limites impostos no século XXI, que se apresentam no estudo da obra supracitada. “Museu das Vistas” é um projeto realizado por intermédio do discurso de participantes para a construção de imagens de vistas. Portanto, desfigura a ordem do responsável por sua realização. Tal discussão se evidencia no bojo da relação artista-executor-idealizador de arte, campo no qual é possível se sugerir uma possível diluição da autoria ou, ainda, provável esvaziamento da referente autoridade. Neste interím, elabora-se um cruzamento entre as questões teóricas do sujeito autor e a ampliação deste campo, após os movimentos de vanguarda. Para tanto, percorre-se, brevemente, por questões históricas da arte. Palavras-chave: Autoria; Autor; Museu das Vistas FEIRAGUAY: MEMÓRIA VISUAL E REPRESENTAÇÃO SOCIAL – A ROTA DE MIGRAÇÃO DOS VENDEDORES AMBULANTES EM FEIRA DE SANTANA (BA), ATRAVÉS DA PERSPECTIVA DO DESENHO URBANO (1970-2012) Amanda Maracajá Vaz de Lima Queiroz Lysie dos Reis Oliveira Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS-Bahia
Desenho e História são áreas do conhecimento que guardam em si a capacidade de transmissão gerando registros que, quando trabalhados juntos, sugerem interpretações diversas. Ao considerar essa premissa metodológica, pretende-se investigar a rota de migração dos vendedores ambulantes de uma feira livre em Feira de Santana (BA), que é conhecida por Feiraguay, onde é livre o comércio de produtos informais de importados. A implantação dessa feira mudou, consideravelmente, o território
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urbano do bairro e, hoje, com a procura pelos produtos que lá são comercializados, vem agregando, dentre outros valores, o de espaço do turismo, ou seja, conhecer o “Feiraguay” é o que leva as pessoas a conhecerem Feira de Santana, a cidade. A pesquisa abarca o período de 1970-2012 e busca identificar a rota urbana dos feirantes que migraram da Praça da Bandeira para implantar o Feiraguay, e os símbolos de sua imagem multifacetada, destacando uma das mais significativas rotas de migração dos vendedores ambulantes depois da rota brasileira de sacoleiros “China-ParaguaiBrasil”. A presença de novas personagens no Feiraguay, orientais e chilenos, a partir de 2006, traduz-se numa imagem pós-moderna da feira livre globalizada do Nordeste. A história da feira se oferece a essa pesquisa através de vários códigos de linguagem para além do visual, mas que se expressam pela visibilidade que emana dos desenhos formadores do ambiente construído. A pesquisa tem como escopo registrar a rota de migração dos vendedores ambulantes em projeção gráfica urbana e, a partir de mapas mentais, avaliar a percepção do meio ambiente dos sujeitos da pesquisa, verificar os códigos visuais diversos da feira e do seu entorno e analisar os modos de constituição da memória coletiva dos participantes. Palavras-chave: Desenho urbano, imagens registros, memória social. A IMAGEM FEMININA NA POLÍTICA NACIONAL: UMA ANÁLISE DA COBERTURA DO JORNAL NACIONAL DA REDE GLOBO NAS CAMPANHAS DE DILMA ROUSSEFF E MARINA SILVA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010 Ana Carolina Felipe Contato Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este trabalho se propõe a estudar os elementos presentes na construção das imagens das candidatas à Presidência da República: Marina Silva, do Partido Verde e Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores no noticiário da Rede Globo de Televisão, Jornal Nacional. Tendo em vista o recorrente estereótipo discursivo e imagético feito da figura feminina, far-se-á uma análise de quatro reportagens veiculadas pelo JN, em que este cite as candidatas à presidência, com o objetivo de verificar se há distinção em relação aos outros candidatos, adotando-se um critério sexista. Para o desenvolvimento do estudo serão utilizadas como recorte duas edições do telejornal de setembro de 2010, mês precedente às eleições do 1º turno. Serão avaliadas as aparições diárias das candidatas e os elementos discursivos utilizados pelo telejornal. Palavras-chave: Jornal Nacional, Dilma Rousseff, Marina Silva.
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DOCUMENTOS FOTOGRÁFICOS: UM ESTUDO SOBRE SUA CLASSIFICAÇÃO EM UNIDADES INFORMACIONAIS Ana Cristina de Albuquerque João Batista Ernesto de Moraes Universidade Estadual Paulista / UNESP Marília
O documento fotográfico, em uma unidade de informação, através de processos de tratamento tanto de seus elementos formais quando temáticos, torna-se visível de forma verbal, diferente da visibilidade em sua forma original, e é essa troca de linguagem que tentamos entender no âmbito de sua classificação, técnica que permite ao documento passar posteriormente às fases que completam seu tratamento. Desse modo, propomos nesta pesquisa, iniciar um estudo conceitual do termo classificação e da classificação de documentos fotográficos em unidades de informação – arquivos, bibliotecas e museus – pois, este documento ainda suscita dúvidas e impõe desafios aos profissionais que atuam junto a área de Ciência da Informação. Estas dúvidas refletirão no modo em que o pesquisador de imagens irá recuperar uma fotografia e as informações contidas nesta. Para tanto, realizamos uma pesquisa no Museu Paulista, SP, Arquivo Histórico de Rio Claro, SP e Fundação Pierre Verger, para analisar os processos de classificação destas instituições e posteriormente construir nossa discussão baseados nas observações e questões levantadas durante as visitas. Todas as normas vigentes em bibliotecas, arquivos e museus podem englobar objetos tão singulares como os documentos fotográficos e, estas três instituições têm semelhanças entre si. Na presente pesquisa, procuraremos enfatizar a existência de princípios próprios, específicos a cada área, devido à função da instituição, sua relação com a sociedade e com o suporte informacional, mas também os princípios onde as três se aproximam. Cada tipo de acervo traz consigo problemas genéricos ao campo, e específicos a cada uma das três áreas a que se filia e, é nesse contexto, que está inserida a problemática da classificação em relação ao documento fotográfico e o cerne de nossa pesquisa. HUMOR VISUAL E CRÍTICA POLÍTICA: O RISO (POUCO) ENGRAÇADO DO AMIGO DA ONÇA NA REVISTA O CRUZEIRO Ana Flávia Dias Zammataro Universidade Estadual de Londrina/UEL
Em um contexto geral, os desenhos de humor publicados na revista O Cruzeiro eram significativos em seu valor estético e seu conteúdo uma vez que poderiam exaltar ou denegrir, defender ou criticar fatos, pessoas, eventos, com seu traço minucioso e perspicaz. O artista da imagem era então, um indivíduo partícipe de seu tempo e espaço, captando deslizes físicos e psicológicos de personalidades, as mazelas de um governo para com seu povo, a desigualdade social, o preconceito, a corrupção, mesmo que de maneira sutil. Como imagem de múltiplas facetas, uma vez que trata de eventos ocorridos na cultura, na economia, no esporte, sua crítica política é apenas uma das
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dimensões que alcança o seu conteúdo. E, partindo de metodologias específicas a respeito da análise imagética, sobretudo imagens de humor, e inserindo-as no contexto histórico do momento, trabalhamos com a publicação de Péricles Maranhão e também de Carlos Estavão com o memorável Amigo da Onça. O recorte deste trabalho voltase mais para seus temas – a crítica política – do que a uma temporalidade específica, considerando-se, portanto, toda a publicação do Amigo na O Cruzeiro (1943-1975) e demonstrando o seu valor como fonte de opinião. Palavras-chave: Amigo da Onça, crítica política, humor visual. IMAGENS COMO FONTE DE PESQUISA SOBRE A EDUCAÇÃO Ana Heloisa Molina Universidade Estadual de Londrina/UEL
A presente comunicação pretende apontar possibilidades de pesquisa sobre a complexidade do espaço da educação, refletindo sobre métodos de ensino, conformação de aulas, concepções de professores e alunos a partir de fontes imagéticas priorizando a pintura, história em quadrinhos e fotografias. Alguns percursos de leituras serão assinalados em diálogo com fontes escritas. Palavras-chave: imagens, fonte de pesquisa, educação. humor político em tiras humorísticas: Rango Ana Maria Koch Universidade Federal do Piauí/UFPI
O personagem Rango apareceu pela primeira vez em tiras humorísticas em 1970 no único número da revista Grillus publicado por estudantes de arquitetura da UFRGS. A partir de 1973 o autor, Edgar Vasquez, até então chargista de esportes, apresentou o personagem no jornal diário Folha da Manhã no período de férias do colunista Luís Fernando Veríssimo. As tiras mostravam o personagem morador de um lixão interagindo com os amigos – o bêbado, o latinoamericano, o negro e o filho – para tratar de política sob uma perspectiva daquele contexto de pobreza cotidiana da cidade que polemizava com o discurso ufanista de progresso e ordem enunciados pelos ditadores dos anos de chumbo. Com outros humoristas gaúchos – como Canini, Fraga, Santiago, Juska – o trabalho de Edgar Vasquez apareceu no espaço do humor nacional num período de sucesso do Pasquim. O personagem Rango, em 1984 – no contexto da anistia – não conseguiu mais publicação na grande imprensa; a reedição das tiras em formato de livro, em contraste, teve vários números de sucesso. A avaliação de Edgar Vasquez sobre o contraste foi o de que Rango desagradava e constrangia aos que preferiam não discutir, porque sabiam tudo ou dedicavam-se a mistificar a tragédia cotidiana, isso porque o formato da apresentação de temas polêmicos via tiras humorísticas atingia o objetivo. Edições novas das tiras, com personagens novos
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como o Cantochão, o repentista cego, foram publicadas no jornal sindical Extra-ClasseRS a partir de meados da década 1990; a visibilidade ao personagem está sendo garantida pelo autor também na rede mundial de computadores no Edgar Vasquez blogaleria. Esta comunicação pretende abordar o formato do humor político em tiras humorísticas a partir do estudo do personagem Rango – que analisa para os leitores a situação política desde o lixão tanto no contexto dos anos de chumbo como no novo contexto –, observando os fenômenos da permanência da imagem que simboliza a existência de contrastes entre discurso e prática política e o fenômeno da atualização de temas na produção humorística para novo contexto e edição em novo meio de comunicação com o público. Palavras-chave: Tiras humorísticas; Edgar Vasquez; Rango. A HIERARQUIA SOBRE A HIERARQUIA: OS DOCUMENTOS NA OPERAÇÃO HISTORIOGRÁFICA Ana Paula de Andrade Universidade Federal de Uberlândia/UFU
A presente proposta de trabalho surgiu a partir de questionamentos surgidos de experimentações práticas dentro do Museu Universitário de Arte (MUnA), órgão complementar do Departamento de Artes da UFU. O trabalho pretende investigar a “invisibilidade” de algumas obras pertencentes ao acervo do museu, que comparativamente ao restante do acervo são pouco visíveis em exposições, projetos e pesquisas realizadas ao longo do período de existência do museu em si. A fim de traçar um recorte para a apresentação aqui proposta, na tentativa de re-desenhar a trajetória de algumas das peças que integram o acervo do MUnA, proponho refletir sobre a maneira com que especialmente duas peças se “colocam” ou são “colocadas” comparativamente perante o conjunto de obras que integram o acervo. Mostrando assim possíveis hipóteses para que uma dessas peças seja figurante das exposições do acervo e a outra não. Palavras-chave: museu, acervos de arte, invisibilidade AS FOTOGRAFIAS DO MUNDO DA URBS NAS PÁGINAS DO ALBUM GRAPHICO DE MATTO GROSSO Ana Paula de Oliveira Lopes Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso
O Album Graphico de Matto-Grosso, publicado na Alemanha, em 1914, é um peça de publicidade, em grande formato, que foi organizado por iniciativa dos comerciantes ligados às atividades de importação e exportação, com o apoio do governo de Mato Grosso e insere-se na rede de produções publicitária que desde o final do século XIX circulavam na América Latina. Seu principal objetivo, tal como expressa no texto
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introdutório, era o de “propagandear” o Estado, utilizando-se como recurso publicitário mais de mil imagens fotográficas. Do universo das imagens impressas no Album as paisagens urbanas ganham destaque uma vez representam aproximadamente 48% das fotos. Pretende-se, pois, nesta comunicação, apresentar uma síntese das paisagens urbanas retratadas no Album Graphico as intencionalidades das suas escolhas e os conceitos estéticos de urbs que direcionaram a construção dos olhares dos fotógrafos na feitura das imagens. Palavras-chave: Álbum, Mato Grosso, cidades. CINEMA E MITO DA GUERRA NOS ESTADOS UNIDOS: UMA ANÁLISE DO FILME GUERRA AO TERROR Ana Paula Spini Universidade Federal de Uberlândia/UFU
Esta comunicação pretende, através da análise do premiado filme Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow, de 2008, investigar aspectos da cultura norte-americana relacionados ao mito da guerra. Sendo o cinema de Hollywood um importante canal de celebração dos grandes feitos da nação e de elaboração de suas mazelas, a análise de Guerra ao Terror possibilita a reflexão sobre em que medida a estética da guerra apresentada no filme rompe com uma forma de representação de guerra surgida e consolidada em Hollywood no pós-Vietnã, momento em que a nação vivia uma crise de identidade marcada pela derrota na guerra e de insegurança sobre o real papel da nação no cenário mundial. Palavras-chave: Guerra; Hollywood; memória nacional. MAFALDA: HUMOR, IRONIA E INTERTEXTUALIDADE Ana Raquel Abelha Cavenaghi Universidade Estadual de Maringá/UEM
A intertextualidade constitui um dos grandes temas de estudo da Linguística Textual que incorporou o postulado dialógico de Bakhtin de que um texto não existe nem pode ser avaliado e compreendido isoladamente, pois está sempre em diálogo com outros textos. As tiras da personagem Mafalda criadas por Quino de 1964 a 1973 são narrativas humorísticas permeadas de ironia compostas pela relação entre dois códigos: a linguagem verbal representada pelo texto escrito e a linguagem não-verbal representada pelas imagens, ambas importantes para o entendimento das histórias em quadrinhos. Verifica-se que o intertexto está presente em várias tiras da Mafalda tanto por meio de alusões a personagens e textos bíblicos, pessoas famosas, paródias de estórias infantis como por ironia a acontecimentos da ditadura da época em que a obra foi escrita. Diante de tais questões, este estudo tem por objetivo analisar o intertexto presente em algumas tiras da personagem Mafalda e sua contribuição para
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a produção do sentido de humor nos quadrinhos. Para isso, a análise será feita a partir da seleção de algumas tiras intertextuais da obra “Toda Mafalda” do autor Quino e será utilizado o conceito de intertextualidade implícita proposto por Ingedore Koch, que ocorre pela presença do intertexto anteriormente produzido sem citação expressa da fonte sendo o interlocutor responsável por sua identificação. Conclui-se que, para atingir o humor a partir da leitura do quadrinho, o leitor deve ser capaz de reconhecer a presença do intertexto pela ativação do texto-fonte em sua memória discursiva, pois se isso não ocorrer estará prejudicada a construção do sentido de humor da tira. Palavras-chave: Humor. Intertextualidade. Tiras da Mafalda. O ESTATUTO PEDAGÓGICO DAS IMAGENS DA INFÂNCIA EM SELEÇÕES Ana Valéria de Figueiredo-da-Costa Universidade Estácio de Sá; Universidade Iguaçu; SEEDUC/RJ; PUC-Rio
Agenor Pereira da Costa Universidade Iguaçu; PUC-Rio
Uma imagem nunca é inocente retrato desprovido de significação. É documento sócio-histórico de uma época, de um lugar, de um grupo social, atestado de usos e costumes. É formadora de identidades que se constroem no cotidiano. Partindo dessa premissa, o presente trabalho tem a intenção de discutir como as imagens (fotografias e gravuras) de crianças, veiculadas nos anúncios publicitários da Revista Seleções são formadoras de concepções de infância, instituindo modos e práticas de lidar e educar “corretamente” as crianças. O trabalho segue o curso de um estudo histórico-sociológico, e pesquisou nas fotografias e gravuras do ano de 1950, 1960 e 1970 veiculadas na revista Seleções (Readers Digest) mensagens, usos e costumes ali representados sobre a infância; as imagens pesquisadas são o texto visual, tal qual assinalam alguns autores (Moreira Leite, 2001; Kossoy, 2001, 2002; Aumont, 2000; Mauad, 2004; Samain, 2001; Freund, 1976; Fabris, 1998; entre outros citados ao longo do estudo). De maneira geral, os autores citados discutem que a imagem é um instrumento eficaz para a veiculação de ideias e para a manipulação da opinião pública. A ideia de endereçamento tem centralidade no trabalho, visto que, tomando por base as palavras de Aumont, aquelas imagens estavam ali veiculadas para um determinado público leitor, ao qual eram destinadas e que tinham uma intencionalidade didática no trato com as questões infantis. As considerações finais apontam que antes da recepção, a representação final, a mensagem, é direcionada a determinados usos e contextos de uso, com “interpretações controladas”. Esse controle já vem sendo exercido desde o início da produção do documento visual, no momento mesmo da tomada da foto e do plano fotográfico ou do desenho da gravura, que busca privilegiar ou obscurecer determinados ângulos e aspectos. Palavras-chave: Imagem; Infância; Pedagogia
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Foto de identidade – esteriótipo popular Anderson T. Ferreira Universidade Estadual de Londrina/UEL
Nossa identidade pessoal está atrelada, quase sempre, à nossa identidade coletiva, são os estereótipos criados pela identidade do grupo ao qual pertencemos que estão em uma ligação direta com os índices da nossa própria identidade. A fotografia, através de estudos científicos, foi utilizada como instrumento de estudos sobre a identidade. Dentre os estudos sobre identidade e identificação que estão na história da fotografia temos os cartões de visitas (Disderi), os retratos policiais (Bertillon), a criação do indivíduo criminoso (Lombroso), a catalogação da sociedade alemã (Sander) e o retrato 3x4, como alguns dos exemplos. Alguns desses estudos não foram muito pertinentes na sua conclusão, porém, o processo de criação ficou e ainda está como responsável de um pré-julgamento do nosso inconsciente sobre identificação, principalmente, de indivíduos à grupos sociais. A tentativa de provar com a fotografia, por sua concepção de veracidade, alguns traços comuns de integrantes que se reúnem em um mesmo grupo foi a chave para, hoje, identificarmos por meio de aparências físicas a que grupo pertence certa pessoa ou mesmo criar uma imagem de um sujeito quando mencionamos o grupo ao qual pertence. Está imagem gerada por estereótipo, em sua grande parcela, sempre está interligada com o lado sócio-econômico da sociedade em que vivemos, normalmente, o sujeito de um crime não é burguês (exemplo). Ao falarmos que alguém foi assaltado por um sujeito, o mesmo é criado instantaneamente no imaginário, porém, essa imaginação exclui tantos outros indivíduos capazes de ser o suspeito. A associação do individuo a um grupo pode fazer seu status social variar, o individuo que aparenta traços fisiognômicos de criminoso é visto por uma angular aquém do individuo com traços burgueses e, não estou afirmando se é ou não, porém, os traços indicam que realmente pertencem aos grupos de seus respectivos índices. Nessa pesquisa mostro o papel da fotografia ao longo da história e a relação que tem a fotografia de identificação nos dias atuais onde a criação da própria imagem é mais difundida, deixando uma liberdade para exposição do indivíduo e deixando-o autônomo para que estabeleça sua própria imagem para seus grupos no mundo real e cibernético, bem como a análise inversa dos grupos sobre esse mesmo sujeito. Palavras-chave: História da Fotografia, Identificação, Antropologia Visual CLUBE DA FOTOGRAFIA: Uma perspectiva de ensino e pesquisa de História Cultural com alunos do ensino médio André Camargo Lopes Rede Básica de Ensino do Paraná
O estudo apresentado no corpo deste texto é resultado de um projeto de ensino acerca da “construção social da imagem” desenvolvido paralelo às atividades escolares no ano de 2010. Participaram deste projeto 15 alunos dos primeiros anos do Ensino Médio
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do Colégio Estadual Professora Roseli Piotto Roehrig em Londrina (PR). O projeto foi dividido em duas etapas: levantamento de imagens/entrevistas e catalogação/ análise. Tendo como objetivo na experiência pedagógica: desenvolver nos alunos participantes a compreensão de que estes e seus familiares encontram-se na história como agentes produtores de conhecimento, assim como a produção de um acervo de memória local na biblioteca do colégio. O levantamento das imagens voltou-se para dentro do próprio núcleo familiar destes alunos na perspectiva de formação de uma semiologia histórico-sociológica do cotidiano cultural popular. Para este estudo, a fotografia foi trabalhada nos encontros quinzenais do projeto como representação social e as imagens fotográficas do álbum familiar coordenadas em um conjunto de questionamentos que levaram em consideração o seu agente produtor, e os sentidos sociais atribuídos por estes à imagem fotográfica. O trabalho de levantamento consistiu em um estudo temático, com uma divisão destes temas em períodos que comportavam de início três décadas: 1950,1960 e 1970. Os resultados deste estudo de imagens fotográficas como fonte de pesquisa e ensino acerca da história cultural apresentou uma possibilidade de se trabalhar o universo cultural do aluno como fonte histórica, o que se demonstrou muito prático ao longo do projeto, tanto no volume de imagens pesquisadas como nas novas representações históricas apresentadas nos relatórios dos alunos. Palavras-chave: fotografia, ensino, álbum de família. SINÉ & CIA, A CHARGE COMO VOZ DE CONTESTAÇÃO André Gustavo Ubinski Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE
Esta comunicação busca analisar as imagens que o cartunista francês Maurice Sinet traz em seu livro, Siné & Cia publicado no Brasil em 1968. Nele, Siné levanta uma série de críticas aos organismos estatais norte americanos, em específico à CIA – Central Intelligence Agency. Aborda, através de seus desenhos, vários aspectos de ações que são atribuídos a essa organização estatal. Dessa forma, minha análise está norteada em interpretar a construção das caricaturas que Siné apresenta no livro e, como através desses desenhos, ele pretende estabelecer a crítica e a contestação a já citada CIA, e como essas caricaturas podem ser pensadas dentro da sua temporalidade. Jaguar, um conhecido cartunista brasileiro, relata, no prefácio do livro que Siné retorna ao lugar social que o cartunista deve ocupar, de crítico da sociedade, e não de fabricante de amenidades para o publico leitor. Portanto, a apresentação das caricaturas visa discutir as relações dos países com os Estados Unidos, na perspectiva do nacionalismo. Concluímos, dessa forma, que a caricatura apresenta-se como manifestação política, e sua difusão visa permear a sociedade ao fazer o leitor conceber a política através do humor. Palavras-chave: Charge, CIA, nacionalismo.
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A vaca vai para o brejo: urbanidade juventude através da revista Chiclete com Banana (1985-1990) André Luís Sanchez Cezaretto UniSant’Anna
Esta comunicação tem como objetivo apresentar os resultados da análise do cotidiano da vida urbana em São Paulo no período entre 1985 e 1990, através da revista Chiclete com Banana, de autoria do cartunista Angeli. A pesquisa foi realizada para a dissertação de mestrado apresentada em novembro de 2011 na PUC-SP, no Programa de Estudos Pós-Graduados em História Social. A escolha da referida revista como fonte de pesquisa se deu pela riqueza do olhar de seu cartunista para uma variedade de temas sobre o período em questão. Assim, a apresentação abordará os seguintes aspectos: Uma abordagem geral da revista, observando todos seus elementos constituintes e buscando seus temas mais recorrentes, tentando decifrar a visão de mundo de Angeli e, dessa forma, compreender de onde partia seu humor; Em seguida, será apresentado o olhar de Angeli para a cidade de São Paulo, entendendo que suas representações gráficas da metrópole interferiam significativamente na própria caracterização de seus personagens e sendo fundamental para o desenvolvimento das narrativas; Por fim, a análise da percepção de Angeli sobre as juventudes que se apresentavam no período, observando as diferenciações que o cartunista fazia das manifestações juvenis e os diálogos geracionais a partir de uma abordagem de personagens como Meiaoito, Wood&Stock e Rê Bordosa, representantes da geração de 1968. Palavras-chave: História em Quadrinhos, Nova República, Juventudes. CONTRIBUIÇÕES DA NUMISMÁTICA PARA O ESTUDO DA ROMA ANTIGA: AS ESTRATÉGIAS POLÍTICAS DO IMPERADOR ADRIANO (76 – 138 D.C.) André Luiz Leme Universidade Federal do Paraná/UFPR
A numismática tem contribuído de modo cada vez mais relevante para o desenvolvimento de novas perspectivas acerca das estratégias políticas inerentes ao ambiente de poder do Império Romano. Consideradas também enquanto instrumentos ideológicos, as moedas possibilitavam trazer nas imagens e símbolos representados certos elementos que poderiam favorecer a opinião do público receptor em relação à determinadas idéias, projetos e personagens. O presente estudo contempla uma investigação, tendo por base a análise de imagens, que avalie o possível uso propagandístico das moedas por parte do Imperador Adriano (76 – 138 d.C.). De fato, desde sua ascensão no ano de 117 d.C., Adriano enfrentou sérias dificuldades para assegurar sua legitimação e fortalecimento no poder, principalmente devido à oposição e questionamento de vários senadores. Dessa forma, através de uma análise da cultura material, buscamos e propomos novas percepções acerca das estratégias políticas levadas a cabo pelo Imperador Adriano em sua luta pela permanência no
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poder, para tal buscando a contribuição do campo metodológico relacionado ao estudo das imagens. Palavras-chave: Império Romano, Numismática, Imperador Adriano. FOTOGRAFIA E HISTÓRIA: ANÁLISE DE MEMÓRIAS DA VILA DE ENTRE-RIOS PELA PERSPECTIVA DE FONTES FOTOGRÁFICAS André Luiz Reis Mattos Ana Maria Dierich Universidade Severino Sombra – Vassouras/RJ
Os patrimônios de natureza material e imaterial são portadores de referência à identidade, à ação e à memória dos grupos instituidores das organizações sociais, formando o patrimônio cultural da nação, dos estados e dos municípios. A evolução urbana da cidade de Três Rios, no processo de formação do atual espaço físico e social, privilegia à representação do moderno e a identificação do progresso, como ainda se realiza nas diversas obras que adaptam a cidade ao crescimento econômico e populacional acelerado na última década. “Do vinculo com o passado se extrai a força para a formação de identidade”, por este motivo que o estudo do patrimônio cultural material dos lugares urbanos e das manifestações sociais nestes, permitem ao historiador entender a própria identidade social e cultural da cidade, cabendo a este a análise do conjunto de vestígios/fragmentos trazendo “uma espécie de semente da rememoração a este conjunto de testemunhos exteriores a nós para que ele vire uma consistente massa de lembrança;” Como trazer para as gerações futuras as lembranças dos referenciais urbanos, fundamentais para a compreensão e perpetuação do patrimônio cultural material arquitetônico e da própria memória individual e coletiva deste município? A fonte historiográfica que melhor responde a esta indagação é a fotografia; pois esta por si mesma não rememora o passado, “não fala (forçosamente) daquilo que não é mais, mas apenas e com certeza daquilo que foi;” (Barthes); não é memória, mas é o testemunho, a lembrança de um sujeito ou de um grupo social, num determinado tempo histórico, podendo esta assumir lugar no quadro de referências de nossas lembranças. Palavras-chave: Fotografia, História, Memória. CINEMAS E MEMÓRIA NA HISTÓRIA DAS SALAS DE EXIBIÇÃO NA CIDADE DE VITÓRIA/ES: UM ESTUDO DE CASO DO PROJETO CINE MEMÓRIA André Malverdes Universidade Federal do Espírito Santo/UFES
Este artigo é uma apresentação do projeto de pesquisa “Cine Memória: A história das Salas de Cinema no Espírito Santo”, explorando as metodologias qualitativas e quantitativas utilizadas por meio de fontes de informação como a imprensa, a
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fotografia e o arquivo pessoal como documentos de arquivo. Além disso, o artigo apresenta a utilização da pesquisa em projetos de extensão e produtos educacionais (livros, exposição, etc) através de financiamentos de leis de incentivo a cultura. A pesquisa tem entre seus objetivos: analisar a trajetória das salas de exibição cinematográfica na cidade de Vitória, com os seus cinemas, sociabilidade e memória, no período compreendido entre 1901 e 1985; identificar por meio de levantamento em jornais, fotografias, arquivos pessoais, entrevistas e revistas a história da exibição cinematográfica no que diz respeito as transformações urbanas e os hábitos citadinos no cotidiano da cidade de Vitória ao longo dos tempos; apresentar os resultados do projeto cine memória e o desdobramento do mesmo através de seus produtos culturais junto a comunidade local. Palavras-chave: Salas de cinema; memória; história do Espírito Santo. A IMAGEM NO ENSINO DE HISTÓRIA: REPRESENTAÇÕES DOS SEM-TERRA E O GOVERNAMENTO DA POBREZA DO CAMPO Andresa Silva da Costa Mutz Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS
O estudo tem a intenção de mostrar um dispositivo de segurança quando opera na racionalização da pobreza rural no interior de uma governamentalidade neoliberal. Assume o pressuposto de que a regulação dos sujeitos ocorre através de narrativas e imagens que circulam em livros didáticos de História, sobre homens e mulheres sem-terra, sendo parte de uma trama discursiva que atravessa a sociedade e tem na mídia um de seus fios mais densos e poderosos. O corpus de análise esteve composto, inicialmente, por vinte e três livros didáticos de História publicados no país entre 1985 e 2005 que remeteram, posteriormente, para um conjunto de enunciados acerca dos sem-terra que circulam também em revistas semanais, jornais, documentários e sites na internet. As ferramentas teóricas ou conceitos que orientaram a pesquisa − representação, identidade, diferença, poder, currículo, governamento, governamentalidade, dispositivo − provêm da vertente pós-estruturalista dos Estudos Culturais em Educação. Os resultados obtidos apontaram para a produtividade dos jogos de poder que atravessam a política cultural de identidade a qual estão relacionados os múltiplos discursos sobre os sujeitos sem-terra em um país de dimensões continentais como o Brasil. Palavras-chave: Ensino de História, Imagem, Movimento Sem-Terra CINEMA, LITERATURA, SOCOS E PONTAPÉS Andressa Deflon Rickli Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO
O trabalho apresenta uma análise do filme Fight Club (1999), do diretor David Fincher, adaptação do romance homônimo escrito por Chuck Palahniuk. O objetivo é analisar
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a construção do filme, observando estrutura e forma, a (não) linearidade narrativa do texto fílmico e as relações entre os elementos utilizados no cinema como iluminação, cores, movimentos de câmera, etc. A análise apresenta ainda a relação entre os recursos escolhidos para a narrativa fílmica com a intencionalidade da utilização dos mesmos dentro dos contextos de determinadas cenas. Além disso, traz um olhar sobre como os conceitos de hibridismo propostos por Canclini recaem sobre a produção cinematográfica, dando ao filme características bastante similares às dos videoclipes, analisando como se dá a configuração da narrativa também a partir da utilização destes recursos. Palavras-chave: Clube da Luta; Adaptação fílmica; Hibridismo. FILMES HOLLYWOODIANOS EM ARACAJU DURANTE A 2ª GUERRA MUNDIAL Andreza Santos Cruz Maynard Universidade Estadual Paulista / UNESP Assis
Durante a 2ª Guerra Mundial os filmes produzidos em Hollywood operaram enquanto uma ferramenta poderosa na difusão do american way of life por todo o continente. Como resultado da popularidade alcançada por tais películas, a cultura norte-americana tornou-se mais próxima do cotidiano dos brasileiros. Pensando nisso este trabalho se propõe a analisar a relação entre os cinemas aracajuanos e os filmes exibidos à época do conflito. Considerado uma opção de lazer e de informação acessível, seja pelo preço dos bilhetes ou pela linguagem utilizada, o cinema se colocava como um veículo indispensável para atualizar a população sobre o que ocorria nas películas e fora delas. Para além da diversão, as notícias sobre o Brasil e o mundo justificavam a freqüência a tais espaços. Palavras-chave: Cinema, Segunda Guerra, Aracaju. AS IMAGENS DO MUNDO NA SINTONIA INTERNACIONAL DAS ONDAS CURTAS (OC) Antonio Argolo Silva Neto Edson Dias Ferreira Universidade Estadual de Feira de Santan/UEFS-BA
Nossa proposta consiste em investigar e analisar a concepção do imaginário e do desenho de mundo pela audiência brasileira, a partir da sintonia de rádios estrangeiras que emitem para o Brasil na faixa de OC. Nossos objetivos: identificar as pautas radiofônicas e suas produções mental/visuais presentes nos desenhos e imagens difundidos no meio radiofônico, gráfico e iconográfico; analisar as percepções dos ouvintes e a apropriação dessas linguagens para construção o desenho de mundo. A pesquisa se divide nas categorias metodológicas “Desenho mental” (Radiofonia) e “Desenho visual” (Radiografia). Na Radiofonia será utilizada a análise semiótica e na
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Radiografia o método iconográfico, tendo como técnicas de coletas a aplicação de questionários entre os ouvintes através de e-mail e correio postal; sintonia, gravação e análise dos programas em português e espanhol para o Brasil; digitalização dos materiais gráficos e iconográficos procedentes das rádios estrangeiras. Sob esse recorte, nosso universo se delimita ao espectro da OC; aos ouvintes associados do DX Clube do Brasil e da Lista Yahoo de Radioescuta; materiais radiográficos disponíveis no acervo do pesquisador. A prévia da análise radiográfica permite identificar uma programação cultural, sedimentada nas subcategorias “culturas tradicionais e informativas”, “religião” e “política”. A partir dessas pautas, as imagens radiofonográficas se ancoram na dimensão mental/visual, auxiliando a percepção do ouvinte entre o que se ouviu nos programas (e imaginou) e o que se viu (materializou), através do contato visual com os materiais iconográficos. Além de alimentar o ser imaginário e permitir o confronto de informações, na sintonia internacional é possível conceber um desenho de mundo distinto daquele que se difunde na mídia convencional. Palavras-chave: Comunicação, Cultura, Imaginário. RELAÇÕES EUA – AMÉRICA LATINA. CUBA E A GUERRA COM A ESPANHA. Antonio Battisti Bianchet Junior Universidade Estadual de Maringá/UEM
O presente trabalho tem dois objetivos principais: primeiro, estabelecer um breve panorama das relações EUA-América Latina para o período entre as últimas décadas do século XIX e o início do século XX; e segundo, expor, de acordo com a visão de alguns historiadores, o processo da guerra dos EUA com a Espanha, na virada do século, que teve como principal conseqüência a independência de Cuba. Tal processo foi desencadeado por um leque de motivos; neste trabalho, então, será dada especial atenção ao suposto ataque ao navio militar estadunidense Maine, que matou mais de 200 oficiais, e que, noticiado por meio da mídia impressa, exerceu influência na opinião pública em favor da declaração de guerra. Para tanto, buscou-se o diálogo entre alguns autores da historiografia especializada na área. Palavras-chave: Independência Cubana; Relações EUA-América Latina, Maine. AS ALEGORIAS FEMININAS DA REPÚBLICA NA IMPRENSA ILUSTRADA. RIO DE JANEIRO, SÉCULO XIX Aristeu Elisandro Machado Lopes Universidade Federal de Pelotas/UFPel
A imprensa ilustrada no Rio de Janeiro se notabilizou a partir dos anos finais da década de 1860 e, sobretudo, na seguinte. Nesses anos surgiram alguns dos principais periódicos como A Vida Fluminense (1868-1875), O Mosquito (1869-1877), O Mequetrefe (1875-1893), Revista Illustrada (1876-1898), além da Semana Illustrada,
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que já circulada desde 1860 permanecendo até 1876. Os jornais se pautavam pelo humor, ou seja, levavam aos seus leitores notícias e artigos de opinião escritos com irreverência. Igual atitude ocorria na composição dos desenhos, no quais os caricaturistas exploravam o cômico na concepção de seus traços artísticos. Uma das temáticas que constantemente aparecia nas páginas de ilustrações era a política do tempo. Entre os temas políticos, a campanha republicana iniciada no Rio de Janeiro com a fundação do Partido Republicano em 1870. Ao se referirem as atividades republicanas, como a veiculação do jornal República, ou então aos seus principais propagandistas, Quintino Bocaiúva, por exemplo, os desenhistas utilizavam os símbolos republicanos numa alusão aqueles empregados na França revolucionária. Alegorias femininas da República, a Marianne dos franceses, surgiam nas páginas de humor numa releitura para comentar, e criticar, os republicanos brasileiros. Averiguar como essas ilustrações – imagens políticas da República – foram veiculadas na imprensa ilustrada e quais os assuntos abordados em suas concepções é o objetivo principal desta comunicação. Ao analisar esses periódicos, as fontes pesquisadas para a elaboração do trabalho, é possível adiantar que apesar de tímida a propaganda republicana ocorria nos anos 1870. A propaganda republicana apareceu nos desenhos das alegorias confeccionadas pelos caricaturistas, o que contribuiu, mesmo sem ser o objetivo dos periódicos, na divulgação do ideário político republicano. Palavras-chave: imprensa ilustrada – simbologia republicana – política AS NARRATIVAS ESCOLARES A PARTIR DE FONTES IMAGÉTICAS, O BRASIL OITOCENTISTA E OS MÚLTIPLOS PERSONAGENS PELAS OBRAS DE ALMEIDA JUNIOR Arnaldo Martin Szlachta Junior Ana Heloísa Molina Universidade Estadual de Londrina/UEL
O trabalho busca analisar as possibilidades metodológicas através do uso de documentos imagéticos do pintor brasileiro José Ferraz de Almeida Junior produzidas no final do século XIX gerando possíveis análises no ambiente escolar através de uma educação histórica buscando outras formas de conhecimento, discutindo os personagens como o sertanejo, a mulher e a criança que compõem essa sociedade oitocentista e que são poucos destacados nos programas dos currículos e nos livros didáticos. As propostas de aula e as possíveis análises dessa pesquisa que serão feitas pelos alunos, a metodologia que pretendemos fazer é a de grupos focais que envolveriam alunos do final dos ciclos da oitava série fundamental e terceira série do ensino médio da educação básica. Como resultado final dessa pesquisa buscaremos construir narrações históricas desenvolvidas por parte dos educandos sobre o processo de formação de identidade nacional do Brasil durante o século XIX. Palavras-chave: Saber Escolar; Identidade Nacional; Almeida Junior
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ESCREVER COM A CÂMARA: patrimônio e imagem no documentário etnográfico “As escravas da mãe de deus” Áurea da Paz Pinheiro Cássia Moura Universidade Federal do Piauí/UFPI
O nosso interesse é por apresentar posturas teóricas e opções metodológicas tomadas para realização de pesquisa de natureza histórico-etnográfica que se materializou no filme documentário “As escravas da mãe de deus”. Na narrativa do filme privilegiamos uma pequena comunidade de afro-descendentes em Igarapé do Lago, Amapá, onde ocorre no mês de junho uma folia popular em louvor a Nossa Senhora da Piedade. Os fiéis celebram e reafirmam crenças seculares, praticam rituais repletos de símbolos, sentidos e significados. O argumento central do filme é a folia popular “Escravas da Mãe de Deus da Piedade”. O DISCURSO COLONIAL NAS ELEIÇÕES DO IRAQUE EM 2005 Ayoub Hanna Ayoub Fernanda Rodrigues de Souza Universidade Estadual de Londrina/UEL
O presente trabalho se propõe a fazer uma análise sobre o discurso usado pela Folha de S. Paulo nas eleições do Iraque, em janeiro de 2005. Com base na análise do discurso, procura-se identificar como os textos significam, levando em consideração a influência imagética a partir das fotografias presentes nas edições. A análise irá, portanto, identificar como esse “efeito positivo” da invasão do Iraque, no caso a democracia, surgiu sob a forma do discurso colonial e do imperialismo, justificando a dominação do país. Procura-se também verificar se, dentro desse mesmo discurso, o iraquiano é visto pelo que é, ou seja, um oriental, com sua religião e cultura, ou pelo que não é, no caso, ocidental. Busca-se assim especificar demarcações e diferenças culturais, políticas e ideológicas que se estabelecem por meio da representação no todo discursivo — tendo por base os estudos de Edward Said. Os objetivos da análise incluem estudar de que maneira a representação do “outro” no discurso indica o colonizado e, quando há a representação de um colonizador, questionar se o discurso colonial pode influenciar na percepção do leitor. Palavras-chave: Iraque, Folha de São Paulo, discurso colonial.
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Educação Visual: Imagens dos Corpos Objeto e Humanização dos Objetos na obra de Reiner Fassbinder Beatriz Sampaio Pinto Gustavo Scolfaro Caetano da Silva Universidade Estadual de Campinas / UNICAMP
Ao compreender que a educação, o conhecimento, a linguagem e a arte são faces entrelaçadas que compõem o campo geral das pesquisas e estudos de imagens, partimos da idéia que as produções artísticas de nossa época revelam que estamos inseridos num processo de Educação Visual. Dessa maneira, destacaremos o audiovisual, em especial o cinema, como fonte de conhecimento, haja visto que as imagens do cinema – ao proporcionar outras experiências subjetivas, sob novos olhares e perspectivas (diferentes temas, ângulos, cores, distâncias, ritmos e tempos) – nos educam a pensar a realidade e afetam a nossa maneira de “ler” e imaginar o real. Inseridos num programa de educação do olhar, identificamos os gestos, as expressões faciais e a roupa como elementos de expressão e reconhecimento próprios do corpo humanizado: dotado de cultura, de memória, de discurso. A presente comunicação tem por objetivo analisar, a partir do filme “As lágrimas amargas de Petra von Kant” (1972), do cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder, os significados da constituição estética do corpo na composição da imagem dos corpos-objetos e dos objetos-humanizados dos manequins e das personagens da obra. Partindo das expressões visuais que configuram e constituem a imagem do corpo, serão analisadas as representações visuais que “desumanizam” o corpo, conferindo-lhe características de objeto, e que “humanizam” a imagem do objeto (os manequins) por meio de elementos visuais de expressão cultural, ideológico e estético do ser social. Palavras-chave: Educação Visual – Cinema – Corpo A IMAGEM EM SALA DE AULA: CULTURA VISUAL E A FORMAÇÃO DE CONSUMIDORES Bruna Carolini Barbosa Universidade Estadual de Londrina/UEL
A sociedade tem se tornado cada vez mais visual, e em consequência a imagem constitui potencialmente um grande meio de persuasão e construção da identidade, formando opiniões e claro, consumidores. O presente trabalho tem como objetivo maior propor uma discussão acerca da cultura visual de nossos alunos e o domínio da cultura imagética a que estão expostos através da publicidade, além de verificar quais são os reflexos que tais exposições têm causado em sua própria imagem e formação identitária. Para tanto, buscaremos analisar a publicidade direcionada ao público infanto-juvenil e o efeito causado em sua recepção. O professor dentro desse contexto desempenha um papel fundamental, já que é ele quem cumpre o papel mediador na tarefa de filtrar e realizar o estudo não só das formas estéticas da
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imagem, mas também das impressões que ela deseja causar. Nossas considerações acerca da linguagem e publicidade são realizadas à luz da concepção bakhtiniana, além das teorias de Maingueneau, Koch, Benveniste e apoiadas na perspectiva de cultura e pedagogia visual de Rose, Hernandez e Cunha. Palavras-chave: imagem, linguagem, publicidade e cultura. Humor Gráfico nos Anos de Chumbo (1969-1973) Bruna Dolores Witte Rodrigo Leandro Lemes Gonçalves Universidade Federal de Mato Grosso/UFMT
Este trabalho tem como objetivo debater as charges enquanto fonte documental para pesquisa em História, pois, podem ser interpretadas como documento histórico de determinada sociedade, uma vez que, ao registrar o cotidiano, nos dão a possibilidade de perceber representações sobre tempos, lugares e memórias de maneira única, e, sendo assim, trazem diversos modos e múltiplas formas de olhar acontecimentos de uma determinada época, através de narrativas construídas com humor. No presente artigo, procuramos demonstrar como as charges e os desenhos publicados no tablóide O Pasquim, que circulou até o ano de 1982, abordam os mecanismos de legitimação deste período peculiar da Ditadura Militar Brasileira (1969-1973), posterior a publicação do Ato Institucional n° 5, tais como tortura, prisões entre outras representações. O humor gráfico, que se expressa através do riso, embora não aluda em transformações efetivas , mostra dúvidas, inconformismo, e ate mesmo contestação aos seus leitores: mais do que entreter, o uso da linguagem visual do humor visa alertar, satirizar, ridicularizar,e as vezes denunciar determinadas arbitrariedades praticados pelo regime vigente. Portanto, são fontes para a escrita da História, pois, trazem denúncias e criticas mordazes aos governantes dessa época. Os desenhos utilizados para o trabalho foram retirados dos livros “Antologia do Pasquim I (1969-1971)” e “Antologia do Pasquim II (1972-1973)”, ambos publicado pela editora Desiderata. Palavras-chave: Ditadura, Civil, Militar, História, Charges. TV COROADOS E A TRANSIÇÃO RÁDIO-TELEVISÃO EM LONDRINA: O PROGRESSO DA “CAPITAL MUNDIAL DO CAFÉ” CHEGA ÀS TELINHAS Bruna Mayara Komarchesqui Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este artigo trata da implantação da primeira emissora de televisão em Londrina, norte do estado do Paraná. Para tanto, adota como metodologias a pesquisa bibliográfica, levantamento de jornais de época e atuais, história oral e recuperação de documentos iconográficos (fotografias). Inaugurada em 21 de setembro de 1963, a TV Coroados iniciou um período de transição na imprensa da então “Capital Mundial do Café”.
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Até então, o rádio reinava soberano na preferência do público. Além de atrair verbas publicitárias, o novo veículo levou do rádio os profissionais de talento e algumas idéias criativas. Antes da chegada do videotape, a programação era toda ao vivo e, majoritariamente, local. Por vezes, a escassez de recursos técnicos colocava os pioneiros da TV londrinense em situações delicadas: o jeito era apelar para o improviso. Palavras-chave: TV Coroados; História; Imprensa londrinense MANUAL DO DESEJO: O LEITOR OCIDENTAL DO KAMA SUTRA Carla Fernanda da Silva Universidade Regional de Blumenau/FURB Universidade Federal do Paraná/UFPR
Este trabalho propõe tecer algumas reflexões sobre a recepção, pelo leitor ocidental, da obra indiana Kama Sutra, traduzida para o inglês no século XIX, e posteriormente para a língua portuguesa. O mercado editorial ocidental apropriou-se do título do livro de Mallanaga Vatsyayana e transformou-o em sinônimo de um manual visual de posições sexuais. Devido à profusão de obras com o título Kama Sutra, percebeuse a necessidade de um estudo comparado das imagens indianas de diversos períodos entre os séculos XV e XIX em contraste com as imagens dos manuais ocidentais contemporâneos, com intuito de evidenciar as diferentes compreensões sobre a recepção da obra de Mallanaga Vatsyayana no ocidente. Problematiza-se historicamente a compreensão ocidental da obra como um manual de posições sexuais, e não como um texto elaborado a partir de uma concepção religiosa e de um ‘cuidado de si’ a partir da vivência da sexualidade. Palavras-chave: Kama Sutra. Imagens e Literatura Erótica. Sexualidade. GRAFIAS DA LUZ: REPRESENTAÇÃO E ESQUECIMENTO NA REVISTA BLUMENAU EM CADERNOS Carla Fernanda da Silva Universidade Regional de Blumenau/FURB Universidade Federal do Paraná/UFPR
O foco deste artigo é a narrativa visual sobre a cidade de Blumenau por meio da Revista Blumenau em Cadernos, periódico dedicado à história de Santa Catarina, em especial a história local. No decorrer da pesquisa, relacionou-se a revista com o seu fundador, José Ferreira da Silva, um intelectual com considerável produção sobre a história de Blumenau enquanto escritor e jornalista, para então estabelecer a trajetória da revista, assim como sua linha editorial. Fez-se uma leitura da narrativa fotográfica sobre a cidade de Blumenau do século XIX aos anos 50, quando se comemorou o centenário da cidade. Esta narrativa iniciou-se com três imagens fotográficas da Colônia Blumenau, e continuou a partir de duas séries de cartões postais: uma de 1900, com 45 postais, e
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outra da década de 30, com 25 postais. Estas imagens dos postais, criadas inicialmente para divulgar a cidade, também evidenciam uma narrativa do progresso em que o presente é compreendido como resultado do passado. Palavras-chave: Fotografia, Blumenau, Mito Fundador UMA LARANJA, NEM SEMPRE, É APENAS UMA LARANJA: INDICIARISMO NA TRILOGIA O PODEROSO CHEFÃO Carlos Adriano Ferreira de Lima Universidade Estadual da Paraíba/UEPB
A trilogia O Poderoso Chefão (1972), (1974), (1990), do cineasta ítalo-americano Francis Ford Coppola, estabelece uma reinvenção dos filmes de gângsteres de modo específico e, no cinema, de maneira geral, seja pelas inúmeras, citações, homenagens e plágios que os mesmo recebem até hoje. Assim como o Western, considerado gênero americano por excelência, esses filmes apresentam um olhar sobre a América que remete ao saudosismo, respeito e medo. Nossa proposta consiste na análise fílmica a luz de um conceito historiográfico. Para tanto, dialogamos com a proposição do historiador italiano Carlo Ginzburg sobre o Paradigma Indiciário e, graças ao mesmo, verificamos a incidência de um elemento que antecede todas as conspirações presentes nos filmes. Acreditamos que, dessa forma, podemos auxiliar no debate sobre a ampliação de possibilidades de reflexões acerca do audiovisual e sua relação com o conhecimento histórico. Palavras-chave: indiciarismo, O poderoso chefão e cinema. As três dimensões das ImagenS Carlos de Azambuja Rodrigues Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
O objetivo deste artigo é discutir os três campos distintos – mas de modo algum excludentes, ou mesmo necessariamente contraditórios – a partir dos quais é sempre possível se pensar, analisar, formular e tentar entender o que são as imagens. Faremonos acompanhar nesta narrativa, de maneira bastante livre, por Joahnnes Hessen e o seu geminal «Teoria do Conhecimento», que nos servirá para balizar conceitos e tecer importantes relações entre o conjunto de questões que desejamos aqui apresentar. Como esta opção inicial indica, estamos trilhando um caminho aberto através de uma disciplina filosófica (a Teoria do Conhecimento), isso significa dizer que, ao percorrê-lo estaremos, por força desta condição, também formulando.
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EDIFICIO AUTOLON – PROGRESSO COM MODERNISMO EM LONDRINA Carlos Henrique Ferreira Leite Universidade Estadual de Londrina/UEL
As décadas de 1940 e 1950 marcam um período primordial no norte paranaense, que impulsionado pelo aumento da economia cafeeira, possibilitou um desenvolvimento seguido de grandes transformações econômicas, sociais, arquitetônicas e urbanísticas para a região. A cidade de Londrina destaca-se como o centro destas mudanças, ao qual daremos foco neste trabalho ao Edifício Autolon. Projetado e construído entre os anos de 1948 a 1951 para uma agência de veículos é um dos símbolos da arquitetura modernista e do progresso econômico da cidade, com características e detalhes marcantes no contexto da época até os dias atuais. Utilizando as imagens como documento, buscaremos através desta comunicação, analisar neste trabalho as características marcantes da arquitetura modernista presentes nesta edificação. Palavras-chave: Modernismo, Arquitetura, Edifício Dona Violante através das miniaturas medievais Carmen B. L. Ücker Bruna C. Tessmer Universidade Federal de Pelotas/UFPel
O presente trabalho tem como objetivo analisar a forma como a rainha Dona Violante aparece representada nas miniaturas medievais do século XIII. Dona Violante foi esposa do rei Afonso X de Castela. Nos últimos anos rompeu o seu casamento, fugindo para a sua terra natal levando consigo os infantes De La Cerda, filhos de Fernando de La Cerda. Teve uma grande e importante participação política no reinado de Afonso X. Devido a alguns problemas de saúde do rei, Dona Violante se uniu ao seu filho Fernando de La Cerda para resolver questões de governo, negociando com a nobreza rebelde, substituindo, dessa forma, o rei em alguns momentos de crise. A rainha desempenhou um papel muito importante, também, na questão sucessória ao trono de Castela. Dona Violante aparece representada nas miniaturas medievais ao lado do rei Afonso X, lendo ou tocando um instrumento musical, o que demonstra a importância da rainha como uma mulher culta e politicamente ativa. A partir desta perspectiva buscamos analisar de que forma a mulher era representada na Península Ibérica Medieval no século XIII, especialmente durante o reinado do rei Afonso X, partindo da análise da imagem da rainha Dona Violante, procurando fazer as devidas comparações, a fim de compreender o papel desempenhado pelas mulheres na sociedade durante esse período, a partir da sua representação nas miniaturas medievais. Desta forma, através desta análise, podemos constatar que a rainha Dona Violante, assim como outras mulheres que existiram na Idade Média, desempenharam um importante papel na vida social, política, familiar e religiosa, destacando-se, muitas vezes, como protagonistas nesses espaços de negociação e no exercício do poder. Palavras-chave: Protagonismo Político, Estudo de Gênero, Miniaturas medievais
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Joana D’Arc uma imagem mil interpretações Carolina A. Silveira Universidade Federal de Pelotas/UFPel
A alma nunca pensa sem uma imagem mental, as imagens tomam o lugar das percepções diretas. Quando a alma afirma ou nega que essas imagens são boas ou más, ela igualmente as evita ou as persegue. Essas palavras representam o pensamento de Aristóteles quanto ao processo de pensamento que requeria imagens. As imagens no período medieval estavam arregadas de significados, afirmavam argumentos, amedrontavam, contavam histórias, mas principalmente representam as palavras ditas. Já que muitos eram analfabetos, ela era o recurso das palavras alcançarem a todos. Dentro deste contexto o presente trabalho vem propor uma reflexão sobre sobre as apropriações modernas da personagem medieval de Joana D’Arc e, na medida do possível, traçar algumas comparações entre os usos e abusos das representações imagéticas da Santa Guerreira. Palavras-chave: Joana D´arc, Idade Média , Imagem. USO DA LINGUAGEM FOTOGRÁFICA NA INTERAÇÃO ENTRE JOVENS E O MEIO Carolina Corção Marilda Lopes Pinheiro Queluz Universidade Tecnológica Federal do Paraná/UTFPR
Esse artigo pretende refletir sobre as interações socioculturais no uso tecno-estético da imagem fotográfica. Parte-se de uma breve análise dos modos de utilização da fotografia nas observações de oficinas de fotografia com jovens e crianças (de oito a dezesseis anos), alunos(as) do ensino público de bairro da periferia em Curitiba. Busca-se interagir a construção do conhecimento técnico e estético com a apropriação do espaço físico desses jovens, através do uso da linguagem fotográfica. E assim, entender o despertar do olhar para além do visível imediato de forma a incentivar a busca pela valorização do ambiente em que se encontram. O objetivo principal do projeto de oficinas, citado nesse artigo, é promover a inclusão cultural nas comunidades como forma de divulgar as diferentes realidades em que se encontram os jovens participantes, que passam a ser protagonistas na construção de significados sociais através de imagens. A partir disso, a linguagem fotográfica abordada num contexto sociocultural, onde a cultura da comunidade e as peculiaridades são características essenciais, o processo interativo entre artefato tecnológico e usuário(a) mostra que o domínio da imagem digital é facilmente adquirida, de maneira que os jovens apropriam-se prontamente da câmera e fazem uso dela recortando o mundo no visor da câmera. Respeitando-se a complexidade das interações dos sujeitos com a cultura local, podemos perceber a riqueza dos ruídos dos registros das imagens fotográficas, ligando e redesenhando modelos de usos da fotografia como mediação
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e criação em diferentes realidades. Vale destacar que esse trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla acerca do olhar infantil pela apropriação da fotografia interagindo socioculturalmente, tanto como linguagem quanto como aparato tecnológico. Palavras-chave: Imagem, Fotografia, Interação. JOSÉ OITICICA FILHO NO SUPLEMENTO DOMINICAL DO JORNAL DO BRASIL: UMA ANÁLISE POSSÍVEL Carolina Martins Etcheverry Pontífica Universidade Católica/PUC-RS
Esta comunicação tem por objetivo apresentar, de modo problematizado, a reportagem “Recriação – ou a fotografia concreta”, publicada no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil (SDJB), em agosto de 1958, sobre a fotografia de José Oiticica Filho. A página dedicada às Artes Plásticas, no SDJB, era organizada por Ferreira Gullar, tendo como objetivo principal a introdução da arte abstrata (e concretista, no caso do Brasil) ao público brasileiro. A importância da apresentação de um fotógrafo em tal página é bastante grande, principalmente tratando-se de um fotógrafo como José Oiticica Filho, considerado precursor da fotografia moderna brasileira. A fotografia, além de passar a ser vista também como uma forma artística, é apresentada como abstrata, na variação concretista. A reportagem possui três partes distintas, mas interligadas: uma apresentação geral, sob o título de “Recriação – ou a fotografia concreta”; uma entrevista, intitulada “Oiticica: ‘fotografia se faz no Laboratório’”; e um texto escrito pelo próprio fotógrafo, explicando seu processo criativo: “A recriação fotográfica”. Assim, além de ser possível contextualizar a obra fotográfica de Oiticica Filho dentro de uma perspectiva mais ampla, das artes plásticas voltadas ao abstrato, é possível obter vários dados a respeito da prática fotográfica de tal fotógrafo, bem como problematizála, visto que esta se contrapõe diretamente à fotografia de cunho documental. Palavras-chave: fotografia, artes plásticas, concretismo E EU NÃO TENHO LUGAR NO MUNDO: A ESCRITA E A IMAGEM EM HÉLIO OITICICA Carolina Votto Silva Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC
O presente resumo pretende analisar o processo de leitura-escritura do artista brasileiro Hélio Oiticica (1937-1980) e os primeiros indícios da construção do seu livro em processo denominado de Newyorkaises. Inicialmente, torna-se importante mencionar que o processo de escritura desse projeto, desdobrou-se durante a estadia do artista na cidade de Nova Iorque no início dos anos setenta. Nessa época, H.O foi um dos artistas contemplados com a bolsa Guggenheim de estímulo a produção artística, tendo residido na ilha de Manhattan durante sete anos de sua vida, de 1971 a 1978.
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Nesse período, o artista começa a elaborar seus Blocos-fragmentos, denominados de Newyorkaises, essa proposta de elaborar um livro, contendo fragmentos de artistas, escritores, ensaístas e projetos, constitui uma parcela importante do projeto estético do artista nesse período. Nesse projeto de livro H.O se apropria da escrita, das leituras que compõem seu universo poético para a construção de suas constelações, conceito possível de ser extraído do pensamento benjaminiano, permitindo a construção de diferentes pontos luminosos no pensamento do artista. Portanto, a escrita do artista permite colocar em questão também o próprio papel do artista ao se pôr como escritor, leitor e teórico, buscando assim um diálogo com a história da arte do século XX. Palavras-chave: Escrita de artista, Imagem e leitura. Galerias de imagens e o fotojornalismo da Copa na Folha.com: o valor do efêmero na imagem pós-moderna Carolina Zoccolaro Costa Mancuzo Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este artigo faz parte de estudos que procuram alargar horizontes para a produção de dissertação no Programa de Mestrado em Comunicação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que tem como tema a imagem fotojornalística aplicada na internet e, como objeto de estudo, a Copa do Mundo de 2010 realizada na África do Sul e as galerias de imagens dos jogos do Brasil. Para tanto, apresenta aqui reflexões preliminares a partir da análise de uma das galerias apresentadas pelo portal de notícia Folha.com, quando do jogo entre as seleções brasileira e holandesa. Tendo como base metodológica a desconstrução analítica da imagem, entende-se que ao contrário do jornal impresso, a internet dá a possibilidade de romper com os limites do espaço e possibilita ao leitor a visualização de uma série de imagens de um mesmo evento sem que haja agora o apoio do texto. No entanto, questionamentos podem ser feitos no sentido de compreender como o jornalismo online tem trabalhado esta questão a partir da premissa de que com a pós-modernidade e uma visão de sociedade (hiper) espetacularizada, a fotografia jornalística passa a ser trabalhada essencialmente como factual, ou em estado efêmero permanente, para uma sociedade que busca imagens para decodificar fatos. Palavras-chave: fotojornalismo, imagem pós-moderna, jornalismo online. A HISTÓRIA NO CINEMA E O CANGAÇO COMO TEMA Caroline Lima Santos Universidade do Estado da Bahia/UNEB
O movimento do cangaço permeia o imaginário dos (das) brasileiros (as) até os dias de hoje. Diante disso, como compreender as representações do cangaço no cinema brasileiro sem estudar o fenômeno social? Resultado da pesquisa de mestrado sobre
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as representações do cangaço no cinema nacional, o presente trabalho contribuí para o entendimento das peculiaridades que fizeram desse fenômeno social tema central de um gênero de filme brasileiro, além de tocar também nos estudos relacionados à história e o cinema, dando suporte teórico para as pesquisas em torno das imagens cinematográficas que representaram a história do cangaço entre 1950 e 1964. Este artigo apresentará um esquema teórico que justifica a necessidade dos estudos da representação do passado através do cinema brasileiro. Palavras-chave: Imaginário, Cangaço, História no Cinema. A RESISTÊNCIA ATRAVÉS DOS TRAÇOS: CARICATURAS LIBERTÁRIAS DE “ALMA ROJA” Caroline Poletto Universidade do Vale do Rio dos Sinos/UNISINOS
O presente artigo pretende conceder espaço aos elementos visuais do periódico libertário La Protesta de Buenos Aires, bem como do seu Suplemento através das caricaturas políticas de “ALMA ROJA”encontradas entre os anos de 1908 a 1910, procurando retratar as variadas maneiras e estratégias que tais veículos da imprensa “subalterna” se utilizavam para contestar, denunciar e efetivar ações em prol de uma nova realidade e, dessa maneira, contribuir para a construção e afirmação da identidade anarquista entre os leitores do periódico e suplemento em questão. Este breve artigo tem a pretensão tanto de utilizar uma abordagem microanalítica no estudo de um caricaturista argentino que se esconde através de seu anonimato, do pseudônimo “ALMA ROJA”, bem como demonstrar a possibilidade de utilizar as caricaturas políticas enquanto representações de uma dada existência. Tentar-se-á, portanto, através das caricaturas de “ALMA ROJA reconstituir parte dos seus atos, convicções, reivindicações e emoções, permitindo assim a eternização de seus traços. As caricaturas serão o elemento primordial da análise, sendo tratadas enquanto representações, pois se acredita que a dimensão das imagens é sempre uma (re) criação de um possível real e, no caso em questão, as imagens serão consideradas ainda enquanto instrumento de luta, arma de combate. Através da análise caricatural tentar-se-á compreender como as imagens, sendo parte importante do discurso do jornal, contribuíram para a construção identitária dos operários em questão. Palavras-chave: imprensa libertária, caricaturas, anarquismo
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RETRATOS DE FAMÍLIA: REPRESENTAÇÕES SIMBÓLICAS DA MORTE NA CULTURA JAPONESA Cássia Maria Popolin Faculdades Adamantinenses Integradas Universidade do Oeste Paulista/UNOESTE
Este artigo resgata uma série de fotografias extraídas do álbum da família Igarashi, de Rolândia (PR), e analisa sua relação com a morte. Para tanto, foi necessário uma imersão na cultura japonesa, para entender seus rituais relacionados à morte e o culto aos mortos. Os japoneses mantêm, inclusive, oráculos dentro de suas casas. Diálogos e silêncios estão além da superfície fotográfica e revelam histórias latentes do tempo, das circunstâncias, dos objetos e das pessoas fotografadas. Este trabalho propõe um resgate da memória “coagulada” na fotografia que, mesmo em sua aparente banalidade, traz sempre para o presente as marcas indeléveis do destino e extrapola o retângulo de papel. A linha norteadora do trabalho foi a tentativa de resposta à pergunta da pesquisadora Miriam Moreira Leite: “como se servir desses instrumentos de reconstrução do mundo que podem ser as fotografias, nas quais se imprimiram os vestígios do homem no tempo?” Os métodos utilizados foram a revisão de literatura, o de levantamento das características externas, depois, a análise interna das fotografias, que compõem o corpus documental e a história oral – por meio de entrevistas com descendentes da família Igarashi – importante instrumento para contextualização e elucidação de peculiaridades inerentes à cultura japonesa. Como referenciais teóricos deste trabalho foram utilizados Boris Kossoy, Miriam Moreira Leite, Susan Sontag, Edgar Morin, entre outros. Palavras-chave: Fotografia e memória; cultura japonesa; morte. ASPECTOS HISTÓRICOS DA ORDEM DAS CLARISSAS: O GRANDE ÍCONE OU O RENTÁBULO DE SANTA CLARA Celoí Pereira Universidade Federal de Pelotas/UFPel
As imagens no período medieval não são consideradas obras de arte como entendemos contemporaneamente, mas sim objetos de transmissão de valores, ideias, e nas Igrejas são elementos evangelizadores, em uma sociedade de maioria analfabeta. Clara, nascida em 1193, era de família da alta aristocracia de Assis, porém aos dezoito anos ela optou pela obediência, castidade e pobreza Franciscana, faleceu em 1253. O presente trabalho tem por objetivo analisar a obra o Grande Ícone ou o Rentábulo de Santa Clara, o qual foi construído com base na Legenda da Santa. A obra que é datada de 1270-80, e está na Basílica de Santa Clara, em Assis, na Itália. No ícone, Santa Clara encontra-se no centro com as laterais ocupadas por oito cenas de sua vida. É a partir, dessas imagens e da Legenda que pretendemos explorar a vida da Santa a qual foi primeira Franciscana e fundadora da segunda Ordem Franciscana, a Ordem das Clarissas. Palavras-chave: Santa Clara, Ordem das Clarissas, Ordem dos Franciscanos.
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MOVIMENTO MÍNIMO Ceres Vittori Silva Universidade Estadual de Londrina/UEL
“Movimento Mínimo” é um espetáculo teatral resultante da pesquisa de alunos do curso de Artes Cênicas da UEL, dentro do Programa de Formação Complementar: “Prática de Encenação”. Objetiva pesquisar e experimentar as diversas linguagens que compõem o espetáculo teatral, promovendo a interdisciplinaridade entre o próprio fazer teatral e outros meios artísticos como a música, a dança e as artes visuais. Dirigidos pela professora Ceres Vittori, seis atores construíram o espetáculo buscando referências no Movimento Minimalista, na literatura e no balé clássico. A trilha sonora original composta para o espetáculo por Wander Lourenço segue a estética minimalista e dialoga com toda a construção visual, principalmente com o projeto de Iluminação e com os movimentos condutores, resultado da pesquisa corpórea proposta pelos atores. No processo de construção do espetáculo os movimentos e posturas do Balé Clássico foram utilizados como a base da criação de partituras corporais seguindo a estética do Movimento Minimalista; Textos como “O Inferno” de Dante Alighieri, o “Apocalipse” de João e ainda alguns escritos de Friedrich Nietzsche, William Shakespeare, Carlos Drummond de Andrade e John Milton, serviram de estímulo para a criação e pontuam o espetáculo. O resultado é um trabalho potencialmente imagético no qual cada mínimo movimento tem suma importância para sustentação da base repetitiva. Traz em sua poética a vida cotidiana, repleta de pequenas repetições contínuas. Eternamente... Sem amor, sem esperança, sem ódio. Diante da banalidade da vida e da morte, a diferença está no detalhe, no cuidado. É a diferença entre ver o outro e a si mesmo ou ignorar o humano que há em cada um, se amortecendo na própria rotina. Palavras-chave: Movimento minimalista; dança-teatro; encenação. IMAGENS DA TRANSAMAZÔNICA: DESENVOLVIMENTISMO E PROPAGANDA NA DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA (1970-1980) César Augusto Martins de Souza Universidade Federal do Pará/UFPA
Com a construção da Rodovia Transamazônica, dentro das políticas desenvolvimentistas levadas a efeito durante o governo de Médici, um forte sistema de propaganda em torno da estrada, propiciado não apenas pelo governo e empresas estatais, como também por empresas privadas, foi desencadeado para associar suas marcas ao empreendimento que visava transferir populações afetadas pelas secas periódicas do Nordeste para a Amazônia e integrar o Atlântico, no Brasil, ao Pacífico, no Peru. Ao analisar imagens da Transamazônica, no período de construção e consolidação do empreendimento contidas nas revistas Manchete e Veja, percebem-se diferentes aspectos do projeto em propagandas, fotografias e gravuras, que enfatizam a importância da obra, bem como os projetos a ela integrados e que perspectivas suscitava na população nacional
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em diferentes setores da sociedade. As imagens da Transamazônica, com toda força discursiva que possuem, permitem refletir sobre os debates em torno da construção e consolidação de uma das mais propagandeadas obras da ditadura civil-militar brasileira, que envolviam diferentes setores da sociedade e que visava segundo o slogan utilizado pelo governo, “integrar para não entregar” a Amazônia. Palavras-chave: Transamazônica, Ditadura, Imprensa CULTURA VISUAL E MEMÓRIA: IMAGENS DA COLEÇÃO LANEIRA BRASILEIRA SOCIEDADE ANÔNIMA Chanaísa Melo Francisca Ferreira Michelon Kelly Raquel Schmidt Universidade Federal de Pelotas/UFPel
A fotografia, um fragmento visual registrado em um determinado tempo/espaço, torna possível a observação e a recordação de fatos sociais que são representativos dos modos de agir e pensar dos diferentes grupos comunitários. A pesquisa “CULTURA VISUAL E MEMÓRIA: Imagens da Coleção Laneira Brasileira Sociedade Anônima” tem por objetivo refletir sobre a utilização da fotografia como artefato cultural e suporte da memória na representação social, focando a coleção fotográfica da antiga indústria Laneira Brasileira Sociedade Anônima. Essa indústria, localizada na cidade de Pelotas (RS), manteve-se em funcionamento por mais de cinquenta anos caracterizando-se pela produção e venda de lã. A coleção fotográfica desta fábrica é composta por duzentas e trinta e uma imagens em preto e branco e colorido, além de outros documentos em papel que testemunham o seu desenvolvimento, e que atualmente encontramse no Arquivo Fotográfico do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo. Como parte dos procedimentos metodológicos está em desenvolvimento a sistematização e a análise dos materiais fotográficos do referido acervo. Tais ações revelam-se fundamentais para o levantamento de dados sobre o período da construção e funcionamento dessa indústria. A posse dessas informações nos permitirá identificar, re(conhecer) e preservar a história que caracterizou a Laneira Brasileira no contexto da sociedade pelotense. Comprova-se, assim, o fundamental papel da fotografia como suporte das memórias, além da necessidade de preservarmos nossos bens culturais e materiais para o reconhecimento das teias identitárias comunitárias que nos constituem cidadãos. Palavras-chave: Cultura visual, Fotografia, Memória.
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A fotografia e a construção de uma nova visualidade urbana nas revistas ilustradas brasileiras nos anos 1920 Charles Monteiro Pontíficia Universidade Católica/PUC-RS
A proposta do trabalho é discutir o estatuto da fotografia em relação a outros tipos de imagens nas revistas ilustradas Madrugada e Máscara. Problematiza-se também a forma de edição dessas imagens fotográficas nessas revistas ilustradas no sentido de compreender a construção de uma nova imagem de indivíduo no espaço público, as novas formas de sociabilidade e de consumo modernos na sociedade urbana brasileira. Madrugada e Máscara se apresentam como revistas de literatura, arte e mundanismo e tornam-se veículos do modernismo e do cosmopolitismo no contexto local, mesclando temas regionalistas à divulgação de novos autores modernistas. As revistas ilustradas responderam a uma demanda de informação e entretenimento das camadas sociais médias urbanas nas grandes cidades brasileiras. Nelas a fotografia ganha um lugar de destaque ao lado da charge e da publicidade, fazendo parte de uma nova cultura visual em expansão e uma nova pedagogia do olhar. As revistas ilustradas buscaram um perfil editorial que fosse ao encontro dos interesses dos seus leitores-consumidores da elite política, social e econômica local. Entre outras coisas, isso significava participar dos rituais sociais de uma cultura urbana moderna, visando a escapar do anonimato. Fazer-se fotografar, consumir imagens e produtos era uma forma de distinção social em uma cidade em processo de crescimento e modernização. Palavras-chave: Fotografia – Revistas Ilustradas – Visualidade Urbana Cultura material e visual nas Minas Oitocentista: Vale do Paraopeba/MG Cláudia Eliane Parreiras Marques Martinez Universidade Estadual de Londrina/UEL
O objetivo desta comunicação é estudar a cultura material e visual do Vale do Paraopeba/MG na transição do sistema escravista. Para elaboração do trabalho foram utilizados dois conjuntos de documentos: um banco de dados composto por 761 inventários post-mortem e um conjunto de imagens do século XIX e XX referentes aos sobrados, fazendas, armazéns, utensílios domésticos, objetos pessoais e utensílios de trabalho. As fontes – visual, material e escrita – possibilitaram compor um quadro cultural e socioeconômico de uma região que passou por profundas mudanças no final do século XIX com o fim da escravidão. O estudo também permitiu dialogar com outros autores e trabalhos que versam sobre as duas temáticas em questão: a cultura visual e a cultura material da sociedade brasileira, em especial aquela que se configurou no centro sul do país. Palavras-chave: cultura material, imagem, Minas Gerais, século XIX
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NOTAS SOBRE AS JANELAS: UMA ABORDAGEM A PARTIR DE MAGRITTE Claudia Zimmer de Cerqueira Cezar Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS
A partir da obra A condição humana (1933) de René Magritte, abre-se uma discussão acerca da questão do enquadramento presente na pintura e fotografia, na janela e na paisagem. Tal fator desencadeia reflexões sobre como permanece ainda assentado entre as pessoas, de um modo geral, um olhar crente na perspectiva, bem como este é problematizado no âmbito artístico perdendo força com a Arte Moderna. Na segunda parte do texto, aborda-se o fato de como visão se desfaz de sua supremacia enquanto sentido privilegiado ao longo da história e como esta superioridade foi posta em dúvida. Em conseqüência, estes questionamentos vieram sustentados por argumentos que evidenciaram a importância dos outros sentidos, elevando, desta forma, a linguagem. Há, todavia, um novo giro icônico; e este põe em pauta novamente a questão visual, apostando na presença dos objetos. Entre falar e ver, entre a imagem e a linguagem, o texto traz ainda uma abordagem sobre o trabalho artístico Caixa para meia paisagem da presente autora. Palavras-chave: Enquadramento; Janela; Paisagem UMA PESQUISA EM ARTES NA UNIVERSIDADE: construção do texto científico e processos de criação em artes visuais Claudio Luiz Garcia Universidade Estadual de Londrina/UEL
A presente proposta tem por objetivo discutir a obra de um cineasta adotada como referência fundamental para esclarecer um dos possíveis caminhos de pesquisa na universidade. Trata-se da obra do cineasta russo Andrei Tarkovski (1932-1988), adotada como fundamentação teórico-metodológica poderá auxiliar na resposta do seguinte problema: De que modo se pode equilibrar as manifestações prático-teóricas – de materiais apresentados e diversos suportes, tais como desenho, texto e vídeo – com argumentos sobre as experiências pessoais dos estudantes e do professor, que eliminem a indefinição de caráter do texto escrito por sujeitos envolvidos com a criação de imagens? É uma obra formada por oito filmes e pelo livro “Esculpir o tempo” em que reflete teoricamente sobre os problemas encontrados na prática de seus filmes e foi escolhida por se aproximar do modo com se desenvolve, hoje, a pesquisa em artes na universidade. A pesquisa a ser apresentada na comunicação que ora se propõe será dividida em duas etapas, a saber: sessões práticas de desenho e teóricas. Nas primeiras, será praticado o desenho dentro de um ambiente composto por elementos cenográficos, músicas etc., retirados dos filmes acima citados e a segunda com leituras e discussões sobre as ideias de Tarkovski expostas no livro. Pretende-se com esta comunicação a troca de informações antes do início da pesquisa entre professores e estudantes participantes do III Encontro Nacional de Estudos da Imagem. Palavras-chave: pesquisa; ensino; artes visuais.
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IMAGEM, CORPO, TECNOLOGIA: (IN)FORMAÇÃO À DISTÂNCIA Claudio Xavier Universidade do Estado da Bahia/UNEB
A partir de considerações tecidas sobre ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), compreendendo-os como espaços de aprendizagem de uma era ciber, de cibernética e ciberaprendizagem, propõe apresentar os vetores imagem, corpo e tecnologia concebendo-os indissociáveis ao processo de (in)formação à distância. Tendo em vista a crescente oferta de cursos e propostas de formação através da EAD (educação à distância), a intenção é discutir a importância da imagem não somente enquanto recurso pedagógico, mas, sobretudo, como elemento fundamental à relação ensino/ aprendizagem. Como fundamentação por referenciais teóricos, conceituais e metodológicos, apresenta autores que discutem o advento das tecnologias digitais e suas implicações políticas, ético-estéticas em um contexto de evolução dos objetos sócio-técnicos. Por conseguinte, tem-se como lócus a observação em um ambiente virtual de aprendizagem na/da UAB. AS REPRESENTAÇÕES DE LIBERDADE NA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA CONTRACULTURAL DOS ANOS DE 1960 Clenya Ferreira Gonçalves Claudio Zannoni Universidade Federal do Maranhão/UFMA
Este trabalho tem por objetivo perceber de que maneira as expressões de liberdade foram reproduzidas nos filmes Hair e Easy Rider enquanto elementos presentes no movimento da Contracultura vivido pela juventude dos anos de 1960. O método de estudo consiste em trabalhar essas expressões de liberdade como representações sociais funcionando como multiplicadoras de pontos de vista, ou seja, analisá-las como imagens-objeto, elementos do discurso cultural presentes numa cinematografia específica desse período. Através de uma bibliografia extensa sobre o assunto, pretende-se estabelecer princípios que possam ajudar na construção e reflexão das representações imagéticas presentes nas duas produções cinematográficas em análise, bem como as maneiras de viver a liberdade a partir de práticas e valores presentes na geração hippie da década de 1960. As produções fílmicas acabaram por personificar e reesignificar a liberdade como característica do movimento contracultural por via dos aspectos da experiência social combinada com atributos emocionais e materiais mostrados em ações distintas de cada obra. Palavras-chave: Representação, Contracultura, Cinema.
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A INFLUÊNCIA DO COTIDIANO NA CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM AUTORAL NA FOTOGRAFIA Clério Augusto Back Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO
Este trabalho pesquisa a importância do cotidiano no ensaio fotográfico contemporâneo. Seus referenciais teóricos são obras teóricas que tratam da imagem fotográfica do século XX, especialmente A câmara clara, de Roland Barthes, e O ato fotográfico, de Phillipe Dubois. As mudanças constantes dos meios de comunicação com o surgimento de novas tecnologias, e baseados na produção exaustiva de imagens, têm levado o autor/fotógrafo a questionamentos sobre a real importância das imagens hoje presentes nas mídias e na sociedade. A complexidade das relações sejam elas sociais, econômicas, políticas, culturais, inquietam o fotógrafo contemporâneo, que procura produzir um trabalho consistente em meio à banalização da imagem promovida pela cultura de massa. Para tanto ele deve buscar inspiração nas diversas referências de seu dia-a-dia, seja por meio de pesquisas informativas ou mesmo na vivência para abastecer o seu imaginário com fontes criativas que enriqueçam sua bagagem cultural. Uma fotografia nunca é totalmente destituída de influências, pois o fotógrafo absorve informações de diversos lugares e pode usá-las mais adiante para criar outras imagens (Lombardi, 2008). Diversos são os caminhos da fotografia no mundo atual, e a maioria deles segue em direção a propostas que incluam a subjetividade. Na sua relação com a arte e a comunicação, a fotografia define uma nova forma não somente de representação, mas de pensamento, que leva a uma nova relação com o tempo, o espaço, o real, o sujeito, o ser e o fazer (Dubois, 1990). A fotografia passa atualmente a ser pensada priorizando a linguagem, a ideia, em detrimento da técnica formal do meio. SEDUÇÃO E SEUS LUGARES: ESPAÇOS DE OCORRÊNCIA DOS CRIMES DE SEDUÇÃO EM LONDRINA (1940-1970) Clodoaldo Oliveira Silva Universidade Estadual de Londrina/UEL
Identificar, em mapas da cidade de Londrina do período compreendido entre os anos 1940 e 1970, locais onde ocorreram crimes de sedução, a partir dos autos criminais de sedução do Fórum da Comarca de Londrina. A partir da identificação, explorar o perfil destes espaços, em busca da distinção entre lugares de prostituição e bairros de famílias “honestas”, ou seja, abaixo e acima da linha férrea. A referência espacial para a definição das zonas de baixo meretrício e os espaços destinados às famílias “honestas” é exatamente a linha férrea e seus desdobramentos. Buscar elementos urbanos que caracterizem esses lugares, que os fundamentem e os ofereçam características únicas, precisas, sustentadoras da incidência ou não desses crimes. Enfim, perceber a reciprocidade entre esses ambientes urbanos e os indivíduos que o habitaram, com suas características urbanas e habitacionais, bem como comportamentais. Palavras-chave: mapas urbanos, linha férrea, sedução
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A UTILIZAÇÃO DA FOTOGRAFIA COMO OBJETO EXPOGRÁFICO Cristiano Gehrke Universidade Federal de Pelotas/UFPel
Devido à grande importância que o documento fotográfico possui dentro da instituição Museu, tanto como fonte de pesquisa quanto objeto expográfico é que nasceu a idéia deste. Muitas vezes utilizada como um evocador de memórias, ou como afirma Maria Elisa Linhares Borges, a fotografia é um dos recursos mais utilizados para cultuar a lembrança. Ela cita como exemplo o fato de fotografar pessoas mortas, bastante comum em algumas regiões do Brasil no século XIX, o que se deve ao fato de a fotografia fazer reviver, pois ela funciona como um substituto, do ente querido, e sempre que vista estimulará lembranças e aplacará a dor da perda. Além disso, a fotografia é uma rica fonte de pesquisa. E dentro de um Museu, ela encontra o terreno propício para revelar todas as suas potencialidades, uma vez que a imagem não fala. Mostra. Materializa. Sensibiliza. Dá corpo, forma, cor à imaginação, conforme afirma Garbinato. Palavras-chave: Fotografia – Museu – Exposição QUANDO O PATRIMÔNIO É UMA IMAGEM QUE QUEBRA! Cristina Strohschoen Carlos Blaya Perez Universidade Federal de Santa Maria/UFSM
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) denomina como patrimônio cultural todas as expressões criadas pela sociedade que, com o tempo, são agregadas às das gerações anteriores. Promover a valorização, a preservação e a fruição do patrimônio cultural brasileiro, considerado como um dos dispositivos de inclusão social e cidadania são também objetivos da política nacional de museus brasileira. Arquivos e museus são instituições culturais coletoras de memória; memória esta retida em suportes materiais diversos. A imagem fotográfica constitui-se em importante patrimônio cultural do Brasil. Considerando que a valorização da memória, bem como sua preservação, é tida como algo novo na nossa sociedade... Considerando que o conceito de patrimônio cultural como designativo do conjunto de bens que constituem a herança que se recebeu das gerações anteriores é recente... questionamos: são recentes também as políticas de preservação e acesso aos acervos fotográficos nas instituições culturais brasileiras? Abordando a fotografia, enfatizamos o negativo de vidro – o precursor do negativo flexível. Os fotógrafos lambe-lambe, responsáveis pela produção de imagens a partir de 1851, em chapas de vidro, deixaram um legado a humanidade: imagens do início da colonização, álbuns de família... Partindo destas hipóteses, propomos verificar quais políticas de preservação e acesso desse valioso patrimônio cultural – coleções fotográficas de negativos de vidro – as instituições culturais brasileiras estão adotando. Para essa análise, foram selecionadas duas instituições, uma do Rio Grande do Sul e outra de Pernambuco, ambas com valiosas
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coleções de imagens do período de produção de fotografias com este suporte que quebra. Palavras-chave: fotografia – patrimônio cultural – negativo de vidro MEMÓRIAS DE DAVID Daiane Vaiz Machado Universidade Federal do Paraná/UFPR
Este estudo propõe problematizar o documentário Memórias de David (1988) e sua possível utilização como “fonte” de pesquisa da trajetória intelectual de David Antonio da Silva Carneiro (1904-1990). Observando as constantes reflexões suscitadas pela teoria da História sobre a noção contemporânea de documento, couberam algumas indagações: como tratar o documentário em meu trabalho? Utilizar, deliberadamente, as falas ali presentes como “discursos objetivos”? Considerá-lo um complemento diante dos demais documentos? De acordo com o historiador Marcos Napolitano (2005), é preciso considerar no estudo de documentos audiovisuais a tensão entre evidência e representação da realidade passada. Dessa forma, o olhar para as Memórias de David foi questionado. Nas palavras de René Dotti, o documentário trata da vida e da obra de David Carneiro, pois para ele, os expectadores teriam acesso à História do Paraná pelo documentário. David Carneiro foi retratado como personagem de diversas fases: museólogo preocupado com o patrimônio histórico, jornalista, pesquisador da Revolução Federalista no Paraná, positivista, esposo “formidável”. Entre as interpretações possíveis que o documentário pode levantar, acreditamos que se construiu uma narrativa que buscou erigir um personagem símbolo paranaense, há um desejo manifesto de preservar as memórias de “um dos maiores representantes da inteligência paranaense”. Dessa forma, acredita-se que o documentário pode ser lido como um espaço onde se (re)constroem narrativas que se pretendem oficiais. Palavras-chave: narrativa fílmica, história, David Carneiro. USOS E DESUSOS DA IMAGEM ICONIZADA DE DILMA ROUSSEFF DURANTE AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010 Daiya Olavo Nakano Universidade Estadual de Londrina/UEL
Às vésperas das eleições presidenciais de 2010, a então candidata Dilma Rousseff (Partido dos Trabalhadores) teve sua imagem saturada por fotografias e reportagens remetentes ao seu passado, adolescência militante, em geral, de forma depreciativa, pela mídia especializada; foram diversas reportagens realizadas por revistas como Veja (Ed. Abril) e Época (Ed. Globo). Em 16 de agosto de 2010, chegou às bancas a edição n.º 639 da Época, trazendo como matéria principal a reportagem intitulada “O Passado de Dilma”, cuja foto de capa era a jovem Dilma em foto 3 x 4, aos 22 anos e,
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como ilustração interna, a forma minimalista desta foto; nas palavras do editor de arte da revista Marcos Marques, “algo no estilo de Shepard” – o artista plástico autor do retrato ilustrado icônico de Barack Obama em 2008 nas eleições presidenciais norteamericanas. Esta reflexão tem como finalidade observar a difusão desta imagem de forma controversa aos objetivos da revista, na internet e outras mídias, tornando-se ícone da campanha e militância petista (e simpatizante), tão pregnante quanto um ícone pop art e comparável à forte imagem de Che Guevara na fotografia de Alberto Korda. Palavras-chave: Dilma Rousseff, Imagem, Internet SLASHER MOVIES: SERIAL KILLERS E IMAGINÁRIO SOCIAL Daniel Ivori de Matos Universidade Estadula do Oeste do Paraná/UNIOESTE
Através da análise fílmica e dos estudos sobre Cinema e História, pretendemos ao longo desse trabalho, problematizar a representação da figura dos Serial Killers, discutindo os aspectos que o compõem os slashers movies, filmes que constituem um subgênero do terror, tem como base de seu enredo, um assassino mascarado ou disfarçado, que mata jovens em situações de delinquência juvenil, como uso de drogas, sexo prénupcial, dentre outros aspectos voltados a fatores morais. Almejamos apontar como a linguagem cinematográfica acabou por construiu um estereótipo sobre os assassinos em série no imaginário social, além de destacar os vários aspectos que compõem os slasher movies de maior destaque da década de 1970 e primeira metade de 1980. Vemos nestas produções aspectos que compõem representações moldada a cenas violentas que atraem multidões aos cinemas e as locadoras, estas produções de baixo orçamento, buscaram atrair a atenção do público jovem, com temas que chocassem e apresentassem aspectos contrários as grandes produções hollywoodianas do mesmo período. Além dos diversos aspectos morais recorrentes nos slasher movies, percebemos como vários grupos sociais são estereotipados, se transformando em clichês dessas produções e de como apresentaram um entendimento dos motivos que levam um individuo a se tornar um assassino em série, sejam por motivos recorrentes a aspectos sociais ou a problemas mentais. Assim sendo, pretendemos verificar como as estratégias da linguagem/estética da narrativa cinematográfica construíram a imagem do Serial Killer e qual os aspectos recorrentes nos filmes slasher, tendo em conta os muitos estudos sobre o Cinema e sua relação com a História. Palavras-chave: Cinema e História; Serial Killers; Slasher Movies.
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OS LUGARES DE MEMÓRIA DOS MUCKER E A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DE SUA LÍDER JACOBINA MENTZ MAURER Daniel Luciano Gevehr Faculdades Integradas de Taquara/FACCAT
O trabalho analisa as imagens construídas sobre a líder dos Mucker, Jacobina Mentz Maurer, no período compreendido entre o desfecho do conflito, em 1874, e os dias atuais. O conflito Mucker (1868-1874) marcou de forma definitiva a história do atual município de Sapiranga (RS) no qual ocorreu o conflito e que no século XIX correspondia a parte da Antiga Colônia Alemã de São Leopoldo. Tendo esta questão como ponto de partida, investigamos como em diferentes épocas e contextos se produziram imagens e idealizações sobre Jacobina, bem como a construção e manipulação dos imaginários sociais sobre ela. Detemo-nos especialmente, na análise das imagens construídas e difundidas sobre Jacobina Maurer através da fotografia, do cinema, da pintura, – e especialmente – da monumentalidade e da construção de lugares de memória, vinculando-as ao seu contexto de produção e aos interesses dos diferentes grupos sociais que as forjaram. Atentamos, ainda, para o processo de (re)significação dessas imagens e representações, identificando as transformações significativas de que foram alvo ao longo do período que compreende o final do século XIX até os dias atuais. Destacamos, sobretudo, o processo de manipulação da memória e dos sentimentos coletivos da comunidade, evidenciado na eleição dos símbolos e dos lugares de memória da cidade de Sapiranga, através dos quais se deu a materialização dessas imagens e dos sentimentos coletivos em relação a líder dos Mucker. Palavras-chave: Conflito Mucker. Imagem. Lugares de memória. MEMÓRIA VISUAL DA IMIGRAÇÃO: A HISTÓRIA DOS ALEMÃES NO VALE DO PARANHANA (RS) NOS REGISTROS FOTOGRÁFICOS FAMILIARES Daniel Luciano Gevehr Marlise Regina Meyrer Faculdades Integradas de Taquara/FACCAT
O trabalho tem como tema a memória visual da colonização alemã na região do Vale do Paranhana (RS), através das imagens fotográficas produzidas pelas famílias alemãs e descendentes, desde meados do século XIX até metade do século XX. Ao privilegiar esta fonte de análise, partimos do entendimento da fotografia enquanto narrativa coletiva do grupo, num processo de (re)construção da memória. Partindo do entendimento de que olhar uma fotografia é um rito de manutenção da memória (Dubois, 1993), ela é entendida como “lugar de memória” (Nora, 1993), sendo um poderoso instrumento de afirmação, reelaboração e difusão de valores, crenças, tradição e modos de vida do grupo, ou seja, atua como construtora de representações que fixam identidades coletivas e individuais. O estudo fundamenta-se na história cultural, mais especificamente nas questões relativas à representação e memória.
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Esta análise pode ser entendida como uma “história social do lembrar” (Burke, 2000, p.73), que, partindo do conceito de “memória coletiva” (Halbwachs, 2004), preocupa-se com a investigação dos princípios de seleção da memória . A relevância do trabalho está na especificidade das fontes visuais, que permitem um alargamento das interpretações, possibilitando “imaginar o passado de forma mais vívida” (Burke, 2004, p.15), partindo de uma perspectiva – a visual – em grande parte negligenciada pelos estudos de imigração. Palavras-chave: Memória. Fotografia. Imigração Alemã. OS BASTIDORES DA RESISTÊNCIA: A ASSESSORIA DE IMPRENSA E A CRIAÇÃO DA IMAGEM DE LEONEL BRIZOLA, NO EPISÓDIO DA LEGALIDADE (1961) Daniela Görgen dos Reis Pontíficia Universidade Católica/PUC-RS
O presente trabalho pretende propor uma metodologia aplicada a um tipo específico de representação visual: as imagens técnicas, mais especificamente, a fotografia. Nesse sentido, a fotografia, é concebida aqui como uma linguagem e uma convenção, que é necessário conhecer e decifrar. A ilusão da objetividade das imagens técnicas pode funcionar, portanto, como uma armadilha. Para desmontá-la é preciso captar seu significado, decifrá-las. Uma vez que as imagens são ambíguas e passíveis de múltiplas interpretações, buscamos a desconstrução do processo de elaboração da imagem fotográfica. Para isso, é necessário um aprendizado desse código visual e uma cuidadosa discussão teórico-metodológica que nos permita utilizá-lo na pesquisa histórica. Tendo a fotografia como objeto central, a proposta da presente pesquisa é tentar analisar o papel da Assessoria de Imprensa do Palácio Piratini (RS) na construção da imagem do governador Leonel Brizola e demais lideranças políticas, civis e militares no episódio da Legalidade (1961). A metodologia do trabalho será pautada da seguinte forma: partiremos do estudo do autor das fotografias (Assessoria de Imprensa), seguindo pelo estudo do contexto histórico (político e social), adentrando na análise da obra produzida pela Assessoria de Imprensa (as imagens da Legalidade propriamente ditas) e finalizando com a análise da circulação que essas imagens tiveram na imprensa da época (o uso que tiveram pelos veículos de comunicação). Palavras-chave: História, fotografia, imagens do poder. O “MUSEU DO POBRE”: CHAMPFLEURY E A EDUCAÇÃO PELA IMAGEM POPULAR Daniela Kern Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS
A presente comunicação tem por objetivos analisar a função educativa atribuída pelo crítico de arte francês Jules Champfleury () à imagem popular, bem como contextualizar,
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em um cenário mais amplo da história das ideias e da cultura, as posições acerca do tema assumidas pelo crítico em uma obra em especial, L’Histoire de l’Imagerie Populaire, de 1869. Além dessa obra de referência, elaborada a partir de uma série de artigos anteriores publicados pelo crítico em vários periódicos franceses, é utilizada, como fonte primária, a correspondência trocada entre Champfleury e seu amigo, o pintor realista Gustave Courbet (), que em várias passagens se revela de grande importância para a compreensão do pensamento do crítico sobre o valor didático da imagem popular. Entre as fontes secundárias consultadas merecem destaque o relevante estudo de Amal Asfour, Champfleury: Meaning in the Popular Arts in Nineteenth-Century France (2004), e também a obra Champfleury: The Realist Writer as Art Critic (1980), de David A. Flanary. Os procedimentos metodológicos adotados para a consecução da presente comunicação são os seguintes: levantamento bibliográfico, mediante a consulta a acervos e bases de dados digitais como a Bibliothèque nationale de France, Internet Archive e Jstor; organização e análise do corpus documental necessário ao desenvolvimento do tema proposto. Como resultados serão apresentados, em uma análise integrada, a estrutura argumentativa do crítico francês acerca do tema em questão, amparada na exposição de extratos traduzidos de passagens escolhidas de sua obra. Pretende-se, assim, divulgar em nosso meio as pouco conhecidas, ainda que inovadoras, teorias de Jules Champfleury sobre o valor didático da imagem popular. Palavras-chave: Jules Champfleury; imagem popular; educação. MODA E LITERATURA: AS REVISTAS FEMININAS DE MEADOS DO SÉCULO XIX Daniela Magalhães da Silveira Universidade Federal de Uberlândia/UFU
Na segunda metade do século XIX, algumas das principais revistas, publicadas para o público feminino, dividiram suas páginas entre as seções de moda e os artigos assinados por homens de letras. Os literatos precisaram, então, recorrer a estratégias singulares, como fazer seus personagens comentarem a respeito dos modelos encontrados nas outras seções e da moda parisiense. Machado de Assis foi um dos que teve os primeiros contos publicados nesse tipo de revista e que não deixou de incluir em seus enredos personagens femininas interessadas pelo caderno de moda e outras questões pertencentes ao mundo das costuras. O objetivo da apresentação será o de tentar perceber como as seções de moda, contidas no Jornal das Famílias e em A Estação, influenciaram na elaboração de alguns contos de Machado. Além de analisar como a mistura de imagens e texto ajudava na hora de conquistar um número mais significativo de novas leitoras. Palavras-chave: Machado de Assis, revistas femininas, Machado de Assis.
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IMAGENS DE MODA NA REVISTA VOGUE BRASIL (2000-2001): UMA ANÁLISE SOBRE A (DES)CONSTRUÇÃO DO GÊNERO EM DIREÇÃO A NOVAS SUBJETIVIDADES CONTEMPORÂNEAS”. Daniela Novelli Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
O artigo proposto pretende contribuir, através de uma abordagem desconstrutivista e interdisciplinar, para uma reflexão sobre o gênero enquanto uma categoria complexa e inter-relacional, articulado com outras categorias – tais como raça, etnia, geração, classe, sexualidade – por meio de relações sociais de poder e de subjetividade, em contextos históricos e culturais específicos. Assim, percebe-se o gênero intersectandose com várias identidades construídas cultural e historicamente e constituídas discursivamente. Além disso, considera-se que as imagens operam simultaneamente como produtos e agentes históricos das sociedades ocidentais e que o periódico de moda pode ser reconhecido como fonte e objeto de pesquisa histórica. Desta forma, algumas imagens publicitárias de moda veiculadas na virada do século XX em uma consagrada revista de moda de projeção nacional (Vogue Brasil) são analisadas segundo essa perspectiva e reforçam tensões, diferenciações, fragmentações, diversidades e inúmeras disputas discursivas envolvidas na complexidade dessas relações de gênero, impulsionando a constituição de novas subjetividades no contexto contemporâneo. Palavras-chave: gênero, moda, imagem. MEMÓRIA E FOTOGRAFIA: COLEÇÃO MARINA DE MORAES PIRES Daniela Schmitt Universidade Federal de Pelotas/UFPel
A pesquisa é o estudo da narrativa biográfica de Marina de Moraes Pires em relação à história da Escola de Belas Artes de Pelotas através da coleção Marina de Moraes Pires. O trabalho objetiva constituir a coleção respeitando e referenciando a organicidade do conjunto e a narrativa estabelecida pela autora, além de tratar os exemplares fotográficos segundo os princípios da conservação. A coleção possui 645 documentos não fotográficos e 207 documentos fotográficos, sendo todos digitalizados, tratados e catalogados. Para a descrição dos documentos fotográficos, seguimos a metodologia empregada por Pavão (1977). O trabalho de conservação desenvolve-se sobre as etapas de diagnóstico do estado de cada exemplar e procedimentos de higienização, além de procedimentos de intervenção nos suportes e no meio ligante. Para compor as categorias e acesso utilizamos Michelon e Santo(2000), Michelon(2001) e Michelon e Schwonke(2005) . A partir dessa coleção foi possível realizar duas exposições, sendo a primeira em comemoração aos 60 anos da EBA e a segunda referente aos 40 anos da UFPel. Para que seja possível a disponibilização do acervo foi criado um banco de dados para o Arquivo Fotográfico Memória da UFPel, onde se adotou uma marca d’água para tornar possível o acesso e tornar seguro a origem da fotografia. Além disso, uma
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das metas alcançadas no trabalho foi a produção de um catálogo, em formato de CDRom apresentando todos os documentos fotográficos e não fotográficos da coleção Marina de Moraes Pires. Palavras-chave: Fotografia, Arte, Memória SOBRE O USO DA IMAGEM FOTOGRÁFICA DE NIETZSCHE NA HISTÓRIA DA FILOSOFIA: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE IDEIA E INTERPRETAÇÃO FOTOGRÁFICA Débora de Sá Ribeiro Aymoré Universidade de São Paulo/USP-SP
Este trabalho apresenta uma proposta de análise de imagens fotográficas de Friedrich Nietzsche (1844-1900) de autoria de Hans Olde produzidas no ano de 1899. Nosso objetivo é confrontar a ideia de “vontade de potência” desenvolvida por Nietzsche especialmente em suas publicações póstumas e as imagens fotográficas realizadas no final de sua vida. A relação que estabelecemos através deste estudo em particular é entre a ideia filosófica do autor e a imagem registrada do mesmo, nos questionando até que ponto a interpretação que fazemos das ideias filosóficas pode variar segundo aquilo que somos capazes de ver na fotografia. Trata-se, então, de um ensaio metodológico, que trabalha de modo interdisciplinar com a filosofia e a história, procurando trazer à discussão não apenas a questão do uso de imagens fotográficas no campo da história da filosofia, que usualmente se dedica apenas às ideias filosóficas, seus autores e escolas, como à questão de o quanto a imagem pode nos levar ao convencimento ou a descrença em relação a uma ideia. No caso particular das fotografias de Hans Olde, Nietzsche estava doente e no período final de sua vida, o que nos leva a visualização na fotografia de sua fragilidade humana e não da intangibilidade da vontade que Nietzsche nos faz crer possível através de suas obras, quando trabalha a ideia da “vontade de potência”, ou mesmo quando ele realiza seus exercícios filosóficos críticos, tais como em suas criticas a arte, a religião e a cultura Ocidental. Palavras-chave: Friedrich Nietzsche, vontade de potência, Hans Olde Lomografia segundo Flusser Débora Klempous Corrêa Universidade Estadual de Londrina/UEL
Para Villém Flusser, os fotógrafos experimentais sabem que sua práxis é estratégia dirigida contra o aparelho e buscam essas limitações ao brincar com os elementos do processo fotográfico. Esse trabalho busca relacionar os conceitos do filósofo theco a uma prática da fotografia experimental denominada Lomografia. Criada no início da década de 1990, a Sociedade Lomográfica Internacional surgiu para reunir um grupo de lomógrafos, isto é, de proprietários de câmeras LOMO, que fotografam segundo alguns
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preceitos pré-definidos, na busca por atingir o que acabou por se chamar “estética LOMO”: imagens desfocadas, cores saturadas e enquadramentos livres de regras de composição. A precariedade do aparelho – com lentes de plástico e oferecendo pouco (ou nenhum) controle de funções – foi fundamental para a definição dessa estética. Flusser divide a sociedade do futuro em duas classes: a dos programadores e a dos programados. A primeira seria daqueles que produzem programas – classe dos jogadores – e a segunda, daqueles que se comportam conforme o programa – a classe das marionetes. Por mais que os lomógrafos tentem subverter essa ordem ao inserir novos elementos no programa, continuam sendo funcionários do aparelho da indústria fotográfica. Para Flusser, todo aspecto da realidade é mediado, portanto, prefere uma abordagem antropológica que analise o media dentro de uma determinada configuração sócio-política em vez de analisar o funcionamento do seu hardware do aparelho. Assim, o foco desta pesquisa é a relação que o aparelho LOMO media entre seus usuários e o aparato da indústria fotográfica. Palavras-chave: Lomografia, Villém Flusser, fotografia experimental. IMAGENS DA MORTE: USOS DA FOTOGRAFIA MORTUÁRIA EM CONTEXTO FAMILIAR EM BELA VISTA DE GOIÁS Déborah Rodrigues Borges Pontifícia Universidade Católica/PUC-GO
A fotografia mortuária foi uma prática que teve maior aceitação social na sociedade brasileira até a década de 1950. O uso da fotografia como meio de retratar os mortos é orientado por mentalidades, compartilhadas coletivamente, sobre a morte, a família, o luto e, no caso específico do município de Bela Vista de Goiás, destacam-se, ainda, referências ao Catolicismo, como a ideia de Boa Morte. Este trabalho apresenta um breve histórico das representações imagéticas dos mortos, a qual antecede o período de advento da fotografia, delimitando os principais estilos de fotografia mortuária praticados nos séculos XIX e XX. Além disso, analisa-se a constituição estética das fotografias mortuárias feitas por famílias belavistenses, especialmente entre as décadas de 1920 e 1960, interpretando-se os usos e a importância destas imagens a partir de relatos fornecidos pelos seus proprietários. Palavras-chave: fotografia; morte; Bela Vista de Goiás. IMAGENS DA DIPLOMACIA DE NZINGA MBANDI NGOLA, EM LUANDA, NO ANO DE 1621: HISTÓRIA, GRAVURAS E NARRATIVA (PEPETELA) Denise Rocha Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS, Palmas
Contemporânea de Zumbi dos Palmares, a princesa Nzinga apresenta-se como embaixadora de seu irmão, o Ngola Ngola Mbande, para discutir um tratado de paz
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com o governador português, João Correia de Sousa, em 1621, na cidade de Luanda. Segundo a obra Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola, escrita pelo capuchinho italiano, Padre João Antonio Cavazzi de Montecuccolo, que conheceu Nzinga, pessoalmente, Sousa não a tratou com reverência, oferecendo-lhe uma esteira, ao invés de uma cadeira. Humilhada, a jovem sentou-se nas costas de uma escrava, demonstrando altivez diante do invasor luso. Será apresentado esse episódio do encontro de dois mundos, no qual uma mulher se impõe, conforme as memórias de Cavazzi, e seu reflexo em duas gravuras, bem como no romance A Gloriosa Família: no tempo dos flamengos, do escritor angolano Pepetela, publicado em 1997. Palavras-chave: História de Angola; gravuras; narrativa. IMAGENS DE UM ELEFANTE INDIANO, NOS ANOS DE 1551 E 1552, EM PERCURSO EUROPEU (SARAMAGO) Denise Rocha Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS, Palmas
Cintia de Vito Zollner UNESP- UNITINS
O projeto hegemônico de D. Manuel, o Venturoso (1469-1521), por meio da expansão marítima, refletiu-se na exibição de poderio pelas terras conquistadas, cristalizado plasticamente, com a chegada de animais exóticos em solo português: um elefante branco, presente para o Papa Leão X, em 1514; e no ano seguinte, um rinoceronte, também, enviado para Roma. Tais paquidermes, entre outros animais considerados exóticos, causaram fascínio e temor. Em continuidade dessa propaganda política lusa, Dom João III, rei de Portugal e Algarves, esposo de dona Catarina d´Áustria, ofereceu, no ano de 1551, ao arquiduque austríaco Maximiliano II, genro do imperador Carlos V, um elefante que viera de Goa, com seu tratador. De Lisboa, pela Espanha, desembarcando em Gênova, passando pelos Alpes do Tirol até a chegada triunfal em Viena, a passagem do elefante, denominado Salomão, causou admiração, e permaneceu na memória e em litografias. Serão apresentados os diversos momentos da chegada do animal em Lisboa, bem como o sucesso de sua aparição, como membro especial da comitiva de Maximiliano, em retorno ao seu país de origem. As diversas etapas desse percurso europeu estão presentes em documentos históricos, em obras de arte e no romance A viagem do elefante, de José Saramago, publicado em 2008. Palavras-chave: Elefante, imagem, literatura. O CINEMA COM FONTE PARA HISTÓRIA DA MORAL SEXUAL Dennison de Oliveira Universidade Federal do Paraná/UFPR
Esta pesquisa é dedicada à análise e interpretação de filmes brasileiros, considerados relevantes para o entendimento das transformações culturais associadas à moral
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sexual, através do estudo da relação entre este ramo da indústria cultural e a sociedade. Por meio do cinema se percebe de que forma representações fílmicas sobre a moral sexual foram afetadas pelas transformações históricas vividas no período 19501970. Inversamente, ao se estudar a recepção destes filmes pode-se fazer avançar o processo de conhecimento sobre a forma pela qual a Indústria não só influenciou as transformações mencionadas, como também foi influenciada pelas demandas sociais e necessidades psicológicas de seu público. O foco aqui é em temas como os valores patriarcais e a sua lenta, desigual e errática transformação em direção a um modelo menos hierárquico e mais igualitário de relações entre os papéis de gênero femininos e masculinos no Brasil contemporâneo. As fontes privilegiadas nesse trabalho são a comédia de 1958, “Alegria de Viver”; o drama “Os Cafajestes” de 1962; a comédia “Rio, amor e verão” de 1966; os dramas “Lance Maior” e “As amorosas” de 1968; e, a comédia “O Pornógrafo” de 1970. A interpretação dos filmes leva em conta seu sentido explícito e implícito, os condicionantes do gênero cinematográfico a que pertence (drama, comédia, etc.), a linguagem visual e sonora que emprega, complementada pelo estudo das suas condições sociais de produção e distribuição e, finalmente, pela pesquisa da sua recepção. Palavras-chave: Cinema e História; moral sexual; Industria Cultural Educação Profissional em imagens : Tecendo memórias, compondo identidades Desire Luciane Dominschek Universidade Federal do Paraná/UFPR
A partir de imagens sobre a trajetória do ensino profissional nas escolas do Senai (1940-1960),será abordado o discurso desta instituição de ensino profissional. Como os alunos encaravam esta instituição e seu processo de ensino, colocaremos a escola de Curitiba em destaque, visto a localização do periódico que constitui a fonte principal. Consta do acervo no Centro de Memória do SENAI-PR, um boletim, de publicação semestral, produzido pelos alunos do SENAI-PR, órgão informativo dos alunos. O SENAI foi instalado no Paraná em 12 de março de 1943, como uma entidade do sistema da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP). Desde então, o SENAI-PR alinhouse às políticas de desenvolvimento do Estado, passando a desenvolver projetos de vertente tecnológica, gestão de recursos humanos, reconfiguração dos espaços físicos, gestão de qualidade e redefinição da filosofia da educação profissional. Nesse sentido propomos apresentar recortes da instalação das escolas do SENAI ( 1040-1960), recortes que surgem em fotografias e destacam em imagens elementos do cotidiano do SENAI-PR e seu processo de ensino. Palavras-chave: História da educação em imagens; SENAI-PR ; Roberto Mange
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“AS PIONEIRASGUARAPUAVANAS”: IMAGEM E O ENSINO DE HISTÓRIA Diego da Luz Nascimento Universidade Federal de Pelotas/UFPel
Este estudo trata da análise de imagens, vinculadas especificamente à temática do ensino de história e da pesquisa com materiais didáticos. Dentro dessa perspectiva se procedeu a análise de 04 fotografias utilizadas nos livros paradidáticos “Guarapuava: história de luta e trabalho” e “200 anos de uma caminhada histórica: 1810 – 2010”, ambos de autoria de Gracita Gruber Marcondes. As imagens analisadas são fotografias de mulheres tratadas pela autora como “as pioneiras”: uma delas do final do século XIX e as outras três datam da primeira metade do século XX. Observou-se principalmente a relação imagem e texto escrito, constatando-se que as imagens servem apenas como ilustração não sendo analisadas no trabalho como fonte histórica, e que texto e imagem, em certa medida, expressam idéias e mensagens diferentes. Ressalta-se ainda em que medida essas imagens são consideradas representação e como atuam desta maneira ligadas ao contexto de produção do material e ao lugar social da autora. Para tanto se utilizou o referencial teórico de autores do ensino de história tais como Bittencourt, Schmidt, Luporini, Fonseca, e também do referencial dos estudos de imagem e representação como Chartier, Menezes, Manguel, Ginzburg entre outros. Palavras-chave: Ensino de história, Representação, Análise de imagens. A CRIANÇA E O DESENHO ANIMADO: CONCEPÇÕES SOBRE OS DESENHOS MAIS ASSISTIDOS E OS PERSONAGENS PREFERIDOS Dilian Martin Sandro de Oliveira Alessandra de Morais-Shimizu Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP /Marília
Diversos estudos indicam que as crianças passam a maior parte do seu tempo em frente à televisão, que o desenho animado é um dos seus programas preferidos e que esse meio de comunicação e tipo de programação podem exercer uma influência importante em sua formação integral. A presente pesquisa teve como objetivo investigar quais são os desenhos animados mais assistidos pelas crianças, os personagens preferidos e as concepções que elas possuem a respeito. A investigação consistiu na aplicação de um questionário em 162 crianças, do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, de uma escola municipal de uma cidade do interior paulista. O programa estatístico utilizado para a análise dos dados foi o software IBM© SPSS© Statistics Version 19,0. Os resultados demonstraram que todas as crianças possuíam televisão em casa, que a grande maioria assistia todos os dias, boa parte em mais de um período por dia e metade sozinha ou com outras crianças. Na maioria, era a própria criança que escolhia o programa que assistia. Constatou-se que os desenhos mais assistidos eram aqueles indicados, pelas crianças, como os seus preferidos, os quais variaram conforme a faixa etária e o gênero. Os personagens preferidos, suas características e as concepções das
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crianças sobre esses personagens e a respeito dos desenhos também apontaram para diferenças marcantes conforme as variáveis gênero e idade. Com base nos resultados alcançados neste estudo, considera-se importante que se faça uma análise crítica dos desenhos mais indicados pelas crianças e suas preferências, permitindo a elas, seus pais e educadores a possibilidade de leitura e reflexão sobre o que assistem. Palavras-chave: Televisão; Desenho Animado; Formação da Criança. CINEMA, INTOLERÂNCIA E TEMPO PRESENTE: A FILMOGRAFIA SOBRE SKINHEADS NO NASCENTE SÉCULO 21 Dilton Cândido Santos Maynard Universidade Federal de Sergipe/UFS
O final do século XX testemunhou uma preocupante onda de intolerância. O desmonte do bloco soviético, a queda do Muro de Berlim foram transformações que, se por um lado produziram desdobramentos animadores – a crença em um período de progresso e justiça social, o fim de uma época de tensão contínua –, por outro alimentaram posturas de grupos políticos identificados com propostas racistas, anti-semitas e de nacionalismo extremado. Entre tais grupos, o aparecimento dos skinheads de tendências neonazistas foi, talvez, o exemplo mais visível e explorado pelos meios de comunicação. No cinema estes grupos inspiraram diversas produções. Antecipando-se, o cinema logo sinalizou para a diversidade existente no movimento neonazi skinhead, mas também exemplificou a presença ainda comum de leituras estereotipadas sobre os cabeças raspadas. Deste modo, este trabalho investiga a recente filmografia sobre os skinheads, utilizando os seguintes trabalhos: Tolerância Zero (2001), Fuhrer-EX (2002), Skinhead Atitude! (2003), Diário de um skinhead (2005), This is England (2006), Steel Toes (2006). Tais películas nos interessam não apenas por aquilo que testemunham, mas sobretudo por cada uma das sociedades e momentos que as autorizam. Em cada um das obras, procuramos observar as representações e apropriações nelas existentes. Consideramos ainda que o cinema pode ser visto como um terreno de lutas em torno da institucionalização de uma memória oficial ou mesmo de uma leitura alternativa da história. Assim, o historiador deve buscar os interesses, os usos, os anseios e as demandas existentes na produção de uma representação imagética sobre o passado, seja ele distante ou parte daquilo que chamamos de tempo presente. Palavras-chave: Cinema – Intolerância – Tempo Presente
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AS NARRATIVAS VISUAIS DE UMA CIDADE O Recife no Acervo da Diretoria de Estatística Propaganda e Turismo – DEPT (1939-1944) Dirceu Marroquim Universidade Federal Rural de Pernambuco/UFRPE
Na urgência de explicar o que era a fotografia nos oitocentos, Balzac formulou a teoria dos espectros. Ele acreditava que todo homem era composto de infinitas camadas sobrepostas e cada fotografia tirada era um espectro a menos. Nesse sentido, as Cidades quando narradas de alguma forma, são postas em imagens de si, ou seja, um espectro aos moldes do escritor francês. Para este trabalho, nos propomos analisar, a partir do acervo fotográfico da Diretoria de Estatística Propaganda e Turismo (1939-1944) que pertencia à prefeitura municipal, as imagens de cidade que foram selecionadas para compor o acervo. Dessa forma, tentaremos perceber as narrativas visuais que se apresentam nas fotografias. Para tanto, utilizaremos como fundamentação teórica as reflexões da historiadora da arte Rosalind Krauss e do historiador francês Michel de Certeau. Palavras-chave: Acervo Fotográfico, DEPT, Recife Imagem, cultura e a representação de identidades em peças publicitárias: A consolidação de uma normatividade, fragmentação ou crise? Douglas Menegazzi Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este artigo reúne ferramentas metodológicas para adentrar os debates a cerca da imagem e por meio dela, discutir as relações entre mídia e a construção cultural de identidades sociais. Para tanto, apresenta a imagem como o local da cultura na contemporaneidade e como o principal veículo de informação, porém questiona sobre a as formas de produção do discurso imagético no âmbito da fotografia. Problematiza, com base nas concepções de Vilém Flusser (2002), a fotografia como discurso possível de manipulação: as limitações do aparelho e do fotógrafo instituídas pelas políticas de poder comercial e pelos canais de veiculação. Com foco na imagem publicitária se discute a intencionalidade nas práticas de representação de “minorias sociais” como uma forma fixa de apresentação do outro por meio do estereótipo – Hommi Bhabha (1998) –, reforçando a idéia de identidades sociais como a junção de indivíduos “diferentes” sempre às margens. Nesta perspectiva é contextualizado o conceito identidade, que para Douglas Kellner (2001) se apresenta atualmente como uma estrutura fragmentada e passível de mobilidade pelo poder de consumo. Já, Stuart Hall (2005), argumenta o sujeito contemporâneo com uma identidade em crise, a crise para Suely Rolnik (2000) está justamente no falso problema identidade, alertando para o paradoxo conceitual, qual se deve ter cuidado. Em suma, a pesquisa delimita
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eixos para a análise de imagens fotográficas, questiona e destaca conceitos para uma leitura crítica com a exemplificação de duas peças publicitárias. Palavras-chave: Imagem; Estereótipo; Publicidade. A MULHER CONDESCENDENTE: uma análise da reificação da imagem feminina nas capas da Folha de Londrina Dulce Helena Mazer Universidade Estadual de Londrina/UEL
Tomando como pressuposto a valorização das imagens técnicas na civilização ocidental contemporânea, este trabalho observa, por meio de pesquisa exploratória, a exposição individual subjetiva do corpo feminino nas capas de um jornal impresso. Com a intenção de suscitar a discussão de alguns dos impactos sociais da fotografia na mídia impressa, este trabalho considera o consentimento e a autorização de uso de imagem, em seu significado mais abrangente, como o elemento transformador da criatividade e da presença humana em mercadoria. Nesse sentido, o corpo-imagem feminino, ao ser publicado consensual e sensualmente na capa dos jornais, dá à imagem da mulher um caráter mercadológico.As próprias revistas de celebridades são fruto das práticas hedonistas de consumo, adequadas ao modelo de gestão corporal vigente. Esses veículos são, portanto, objeto de consumo visual. Para levantamento de dados foi utilizado o jornalFolha de Londrina durante o primeiro quadrimestre de 2010. A escolha do veículo serve como pano de fundo para a compreensão aplicada da relação entre os leitores de determinado veículo impresso e as fotografias nele publicadas, baseando-se no conceito de identificação de Morin. O presente artigo propõe também a reflexão sobre a temática da subjetividade exacerbada, levantada por Paula Sibilia. Observamos alguns fenômenos comunicacionais, como identificação, hiper-realidade, evocação de simulacros e exposição da subjetividade na publicação de imagens femininas em produtos midiáticos. Análises sobre a filosofia da iconofagia, como a devoração das imagens pelo homem, também contribuem para o desenvolvimento de reflexões deste trabalho. Palavras-chave: comunicação, imagem-mercadoria, mulher A LINGUAGEM VISUAL NA CONSTRUÇÃO DE IMAGENS FEITAS DE PALAVRAS Edina Regina Pugas Panichi Universidade Estadual de Londrina/UEL
A presente comunicação tem por objetivo analisar imagens filtradas pelos olhos do memorialista Pedro Nava, bem como explicar ou esclarecer a visão que este tem da realidade. Percorrer os trilhos de construção de um texto é dar nova vida a esse texto. É mostrar o movimento de escritura e, consequentemente, obter uma compreensão mais ampla de como os signos visuais e verbais podem integrar-se dentro desse processo.
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Pedro Nava transforma impressões sensoriais em imagens mentais memoráveis e consegue realizar a alquimia de transubstanciar tais imagens em obras de arte, em representações artísticas esteticamente gratificantes para o leitor. O autor deixava-se influenciar profundamente pela expressividade das obras que apreciava e projetava tal influência em sua escritura. Percebe-se, assim, o movimento tradutório que se realiza no processo criativo de Nava, o modo como a paisagem vai sendo poeticamente incorporada à obra numa tradução intersemiótica. Este entrelaçar de linguagens revela a plasticidade do raciocínio do autor que procura aproximar as duas artes, escritura e pintura, justapondo os tons que tem diante de si para obter os efeitos desejados. Assim, estudar o modo como o autor cria as suas imagens é buscar compreender como ele forma, configura e desenha o seu pensamento, bem como buscar reconstruir as suas intenções, sonhos e visões. Palavras-chave: Memórias; Imagem; Movimento Tradutório. IMAGEM E GÊNERO: A COMODIFICAÇÃO FEMININA NO FUNK ATRAVÉS DE RECURSOS LINGUÍSTICOS MULTIMODAIS Edinéia Aparecida Chaves de Oliveira Universidade do Sul de Santa Catarina/UNISUL
A imagem é um dos principais meios de comunicação na pós-modernidade. Nesse sentido, o presente trabalho é o começo da tese de doutorado que pretende investigar a comodificação feminina no gênero musical funk. Vivemos em um espaço social caracterizado pelo dinamismo do tempo e do espaço, além da tecnologia digital e do apelo ao consumo. Neste cenário, tudo pode ser usado como recurso de venda, inclusive a figura feminina, o que é facilmente observável em promoções de diferentes produtos como cerveja ou carros. Este fenômeno denomina-se comodificação (FAICLOUGH, 1992). Pela comodificação, a mulher assume o lugar do produto, ela é o produto. Esta técnica discursiva é constante nos dias atuais, principalmente através de imagens ou textos que mesclam o verbal e o visual, ou seja, textos multimodais (KRESS e VAN LEEUWEN, 1996). Partindo da ACD (Análise Crítica do Discurso), que vê o texto como a materialização de diferentes discursos, em consonância com outros autores que estudam o consumo na modernidade tardia (BAUMAN, 2008), e a potencialidade de textos com imagem e escrita (KRESS e VAN LEEUWEN, 1996); a proposta é compreender como a mulher é objetificada, comodificada e usada para vender este gênero musical. Dessa forma, aliando-se aos estudos sobre gênero e linguagem, este trabalho mostrará as linhas metodológicas desta proposta, que visa provar esta comodificação pela análise multimodal das capas de CDs funk, O estudo também pretende lançar um olhar sobre a necessidade da leitura crítica de imagens, num tempo invadido pelas mesmas, mas que ainda orienta os leitores unicamente para a leitura verbal. Palavras-chave: Mulher; Imagem; Comodificação.
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O CINEMA EM SALA DE AULA: REPRESENTAÇÕES DA IDADE MÉDIA EM O NOME DA ROSA DE JEAN-JACQUES ANNAUD Edlene Oliveira Silva Universidade de Brasília/UnB
Esta comunicação discute como a Idade Média representada no filme O Nome da Rosa (Der Name Der Rose, Jean-Jacques Annaud, 1986) constitui um importante meio para o ensino de História Medieval nas escolas. Ao mesmo tempo em que constrói e reforça estereótipos e preconceitos sobre a Idade Média, o cinema de pode ser fonte privilegiada de desconstrução desses estigmas, de aprendizagem e produção de conhecimento histórico, considerando as especificidades da linguagem cinematográfica e as possibilidades interpretativas e poéticas próprias da liberdade inerente à sétima arte. Palavras-chave: Cinema, Ensino de História, o Nome da Rosa. Cores, traços, vestimentas: o discurso racial na coleção las mujeres españolas, portuguesas y americanas Edméia Ribeiro Universidade Estadual de Londrina/UEL
Foi no século XIX que os estudos sobre a questão racial teve maior impacto e grande prestígio. O argumento da raça como um problema social apoiou-se na produção científica deste século e as idéias raciais apareceram em vários estudo, como os de Darwin, Spencer, Gustav Le Bon, entre outros – que utilizaram esta forma de caracterização para interpretar e explicar o homem. As imagens que ilustram a coleção Las mujeres españolas, portuguesas y americanas, produzida nos anos 1870 na Espanha, fazem uso do discurso racial como uma das formas de caracterizar a população hispano-americana e evidenciar a importância da cultura espanhola neste espaço. As cores, os traços físicos, a vestimenta e a postura de cada mulher representada na coleção são elementos utilizados para compor a história territorial e civilizatória de cada espaço ali abordado. Partindo de tais considerações, nesta comunicação serão abordadas questões que envolvem imagens de mulheres e discurso racial nas Américas de colonização espanhola. Palavras-chave: imagens, mulheres, discurso racial
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A PRESERVAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO DOCUMENTAL IMAGÉTICO Edson José Holtz Leme Universidade Estadual de Londrina/UEL
Esta comunicação tem como objetivo apresentar o trabalho de organização e preservação de documentos imagéticos pertencentes ao acervo do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica – CDPH da UEL. Enquanto órgão vinculado ao Departamento de História da UEL, o CDPH tem como objetivo a guarda, a organização, a preservação e a divulgação de documentação histórica, bem como servir de laboratório de apoio à pesquisa, à extensão e à capacitação. Para tanto ele acompanha, desde sua criação – final da década de 1960, aos novos olhares e perspectivas colocados pelas novas abordagens historiográficas que, desde o século XX, tem aberto espaço para novas fontes e novos objetos em que se inserem as imagens, não importando o suporte documental em que estejam materializados. As especificidades físicas destes acervos criaram a necessidade de se pensar em novas formas e técnicas de acondicionamento e também de organização arquivística. Fotografias, cartazes, plantas, mapas, slides, filmes, DVDs, etc., deixaram de ser apenas documentos secundários e ilustrativos dos trabalhos dos pesquisadores, passando, em muitos casos, para o patamar de principais objetos. Espera-se com esta comunicação contribuir com o debate relacionado aos problemas e soluções encontrados pelos chamados ‘lugares de memória’ em sua difícil tarefa de organizar e preservar, para a pesquisa e para a posteridade, estas fontes documentais imagéticas. A PROPAGANDA DO NSDAP E DA AIB: ANÁLISE E COMPARAÇÕES Edson José Perosa Junior Universidade Estadual de Maringá/UEM
Antes de abordar as máquinas de propaganda da AIB e do NSDAP especificamente, devemos proceder com a análise de que o integralismo é um movimento fascista de fato, para a partir daí compreendermos melhor as semelhanças entre essas duas propagandas nos contextos diferentes em que se encontravam. O nazismo, justamente por ser um tipo de fascismo, apresenta as características comuns a estes (a indumentária, o forte senso de hierarquia, a intensa propaganda, o anticapitalismo, o antiliberalismo, o anticomunismo, etc.). Entretanto o que mais diferencia o nazismo é a questão racial e o anti-semitismo tão enfatizada e importante para compreendêlo. Nesse sentido o integralismo não apresenta tanta semelhança com o nazismo, quanto nos quesitos anteriores, apesar de apresentar anti-semitismo e racismo, devido fundamentalmente à influência do nazismo sobre ele, principalmente através de Gustavo Barroso. Demonstrado que o integralismo é um movimento fascista, além das várias semelhanças deste com os fascismos europeus (especialmente o nazismo, que mais nos interessa) e algumas diferenças que o caracterizam por estar no contexto
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brasileiro, não será surpresa nenhuma que muitos elementos, técnicas e temas da propaganda integralista sejam semelhantes com os da propaganda nazista (talvez até mesmo o ponto de maior convergência entre esses dois movimentos fascistas). Palavras-chave: Anti-semitismo, Revista Anauê, Plínio Salgado. A PROPAGANDA NAZISTA DO KAMPFZEIT (1919-1933)
Edson José Perosa Junior Universidade Estadual de Maringá/UEM
Entre aquilo que os nazistas idealizavam como sendo a propaganda eficiente e os métodos que efetivamente aplicaram na prática há uma sutil diferença, todavia vamos encontrar uma profunda semelhança entre as concepções nazistas de propaganda e os métodos práticos. É notável o esforço nazista para se apresentar como uma vítima impotente dos ataques de seus inimigos (curioso notar como os nazistas se mostravam como vítimas da violência comunista, sem nunca revidar com a mesma violência contra esses, quando na verdade o partido agia de forma violentamente agressiva contra os comunistas através de suas tropas paramilitares, as SA e SS) e que forçosamente e bravamente continuava na luta em nome da causa suprema do nacional-socialismo e da nação alemã. A agressividade e as artimanhas da propaganda nazistas são múltiplas e patentes, afinal os nazistas não tinham nenhum pudor em mentir para atingirem seus objetivos. Os nazistas dependiam de discursos públicos tanto por necessidade (principalmente nos primeiros anos do partido), quanto por princípio. Por fim não há como afirmar que a propaganda não foi importante para os nazistas. Provas cabais atestam que a propaganda, desde as origens do partido nazistas até o fim catastrófico em 1945, foi de crucial importância para que os nazistas levassem a cabo seus planos de fortalecimento da nação alemã, de conquista mundial e até mesmo de extermínio de milhões de seres humanos. Palavras-chave: República de Weimar, Anti-semitismo, Joseph Goebbels. EDUCAÇÃO E SEDUÇÃO FEMININA NO MUNDO DOS PRAZERES DE ATENAS (SÉCULOS VI-IV a.C.) Edson Moreira Guimarães Neto Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Nosso trabalho tem como objetivo realizar um estudo comparativo entre os cotidianos das cortesãs e das esposas legítimas atenienses, concentrando-se nos processos de educação de cada um desses grupos e como as técnicas de sedução aprendidas pelos mesmos poderiam operar a seu favor nas relações com os cidadãos atenienses (detentores do poder político), e, consequentemente, em sua inserção nas dinâmicas de poder daquela pólis. Para tanto, faremos uso do diálogo entre a documentação escrita e os artefatos pertencentes à cultura material ática, sobretudo a cerâmica decorada com figuras vermelhas. Palavras-chave: Atenas; prostituição; cultura material
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REPRESENTAÇÕES JORNALÍSTICAS SOBRE O INÍCIO DA GUERRA FRIA: UM ESTUDO DAS CHARGES VEICULADAS NA FOLHA DA MANHÃ (1946-1947). Edvaldo Correa Sotana Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/UFMS
A Guerra Fria constitui-se num fenômeno complexo para os estudiosos ocupados com a História Contemporânea. Durante a sua vigência, entre 1946 e o final da década de 1980, Estados Unidos e União Soviética estiveram à frente, respectivamente, dos blocos capitalista e comunista. Os embates ideológicos, as tensões diplomáticas e as disputas políticas e/ou econômicas marcaram esse diferente estado de beligerância/ paz. Ainda em 1946, o discurso proferido por Winston Churchill, numa universidade norte-americana, afirmando que uma cortina de ferro descera sobre metade da Europa, acirrava os ânimos entre as potências vitoriosas na Segunda Guerra Mundial. Tal rivalidade foi impulsionada, em 1947, pela proclamação da doutrina Truman, pelo plano Marshall e pelo discurso em que Zadanov, então dirigente soviético, salientou ser irredutível o antagonismo entre socialismo e capitalismo. O início do conflito foi acompanhado pela grande imprensa brasileira. O Estado de S. Paulo, Folha da Manhã, Diário de S. Paulo, Correio da Manhã e Jornal do Brasil trataram desse embate em reportagens, editoriais, artigos assinados, colunas fixas e charges. A Folha da Manhã, por exemplo, veiculou inúmeras charges sobre o início do conflito entre os blocos comandados por Estados Unidos e União Soviética. Portanto, apresentar as charges sobre o início da Guerra Fria veiculadas na Folha da Manhã é o objetivo central desta comunicação de pesquisa. Palavras-chave: Charge, Guerra Fria, imprensa. A ARTE E ARQUITETURA ISLÂMICA NA IDADE MÉDIA E A REPRESENTAÇÃO DO PODER ANDALUZ: A MESQUITA MAIOR DE CÓRDOBA (SÉC. VIII) Elaine Cristina Senko Universidade Federal do Paraná/UFPR
Um dos aspectos que talvez mais nos chamem a atenção na cultura material de uma civilização é a arquitetura. Verificamos construções que surpreendem ora por sua grandeza exponencial, ora pelo minucioso detalhamento artístico que apresentam. No entanto o historiador, frente a tais monumentos, não deve apenas descrever seus aspectos formais, mas também refletir acerca dos propósitos relacionados a algumas manifestações visuais em cada respectivo contexto. Nesse sentido e vislumbrando o campo da arte e arquitetura islâmicas na Idade Média, o presente trabalho propõe, através da análise de imagens, o estudo de um importante referencial artístico inerente ao ambiente muçulmano: a Mesquita Maior de Córdoba (785). Nosso objetivo é demonstrar que tal construção teve em sua concepção uma influência não apenas do campo religioso, mas também do político, na medida em que se tornava elemento de representação do poder por parte dos emires, califas e sultões da Península Ibérica
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arabizada. Demonstramos assim a importância do estudo das imagens, bem como de sua metodologia, para o desenvolvimento de novas percepções, de caráter reflexivo, acerca da cultura material pertencente ao ambiente muçulmano medieval. Palavras-chave: Mesquita de Córdoba, Arquitetura Islâmica, Arte Andaluza. NA VANGUARDA DA ERA DA VISIBILIDADE: GETÚLIO VARGAS E AS IMAGENS DO 1° DE MAIO Eliane de Oliveira Universidade Estadual de Londrina/UEL
Até 1930, o espaço destinado ao exercício político era restrito aos gabinetes frequentados pelas elites e aos currais eleitorais, visitados em períodos próximos às eleições. A chegada de Getúlio Vargas ao poder não apenas ampliou esse espaço, abarcando praças e ruas, como trouxe novos personagens e ferramentas de comunicação para o meio político, entre as quais a fotografia. Foi com o auxílio da fotografia que ele se aproximou das classes trabalhadoras e reforçou a construção de uma imagem paternalista. A fotografia possibilitou ainda que o presidente se tornasse conhecido e, mais que isso, cultuado. A partir deste momento, construir uma imagem junto à população e “ser visível” seria fundamental para a existência política. Considerando que os estudos de Barthes apontam que a imagem fotográfica possui duas mensagens: uma denotada, caracterizada como analogon do real, e uma conotada, cujo entendimento passa pelo conhecimento histórico do momento de produção da mensagem, é possível utilizar as fotografias deste período tanto para compreender o contexto de sua produção, ou seja, o momento histórico que refletem, quanto para estudar os objetivos com os quais o registro foi realizado. Palavras-chave: Getúlio Vargas, fotografia, política. TRAÇOS MODERNOS DA CIDADE: um estudo sobre as representações da paisagem urbana de Florianópolis através dos panoramas do pintor Martinho de Haro Elizabeth Ghedin Kammers Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
Essa pesquisa está focada em representações da cidade de Florianópolis, partindo das informações visuais contidas nas telas produzidas pelo pintor Martinho de Haro na década de 1970. Esse período foi caracterizado por intensas mudanças no visual da cidade, onde se observa a intensa verticalização, aterros, nova ponte e vias expressas. Nesse sentido, a série de panoramas da cidade pintados por De Haro será o foco de reflexões acerca da construção da imagem da paisagem urbana de Florianópolis, pois partimos da idéia de que esse artista dotou de sentido aquilo que lhe servia de inspiração no momento, contribuindo para a revelação e fixação de outra imagem da
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cidade. Por fim, estaremos enriquecendo e valorizando o universo das artes pictóricas regionais e desenvolvendo outras formas de pensar as artes e a cidade. Palavras-chave: paisagem urbana, artes visuais, Florianópolis ARTE, POLÍTICA E RITUALIZAÇÕES: ESTUDOS REPUBLICANOS BRASILEIROS Elisabete Leal Universidade Federal de Pelotas/UFPel
O trabalho apresentado discute a produção e usos de imagens visuais, especialmente artísticas, com fins políticos. Analisa-se as encomendas de obras artísticas, as negociações entre contratante e artista, o produto visual e as ritualizações para sua consagração cívica. O trabalho se situará em obras escultóricas do artista positivista Décio Villares, encontradas em Porto Alegre e Rio de Janeiro, produzidas nos primeiros trinta anos do século XX. Palavras-chave: Arte; Política; República SOBRE A SÉRIE DE DESENHOS “OCORRÊNCIAS”: GESTO, ESPAÇO GRÁFICO E FORMIGAS Elke Pereira Coelho Santana Universidade Estadual de Londrina/UEL Universidade de São Paulo/USP
O presente trabalho, decorrente das pesquisas da autora no âmbito das artes visuais – com ênfase em poéticas visuais (eixo de pesquisa que toma como base a relação da produção plástica do próprio autor com a história, a teoria e a crítica de arte, bem como com outras áreas de conhecimento que tangenciem o trabalho de arte em questão) – abordará a série de desenhos intitulada “Ocorrências”. Por meio dessa abordagem, pretende-se analisar as conseqüências conceituais presentes nas instâncias do fazer artístico (emprego da monotipia; trabalhos com pequenas dimensões; caráter abstrato dos desenhos; vinculação direta com o gesto e com as sensações presentes em instâncias ínfimas do cotidiano – como a disposição espacial das formigas no quintal) a fim de verificar as possíveis significações que emergem nas relações entre o gesto gráfico, o espaço e a fisicalidade dos materiais empregados no ato de desenhar. No decorrer da pesquisa, foram desencadeados diálogos com a produção dos artistas Regina Silveira, Mira Schendel e Cy Twombly. Também, se torna relevante destacar que a presente análise se subsidiará em um texto de Walter Benjamin intitulado “Peinture et graphisme: de la peinture ou le signe et la marque”. Palavras-chave: desenho, gesto, espacialidade.
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O ESTUDO DA ARTE E SEUS CONTEXTOS – ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DO CADERNO PEDAGÓGICO DESENVOLVIDO NO PDE (2010). Eloiza Amália Bergo Sestito Regina Lúcia Mesti Universidade Estadual de Maringá/UEM
A arte na escola deve possibilitar ao educando uma visão crítica da realidade, e viabilizar a fruição artística para além da técnica e o fazer. A arte é cognição, é conhecimento, assim o educando do Ensino Médio pode identificar na arte, por meio da apreciação artística os códigos reflexivos e conhecimento em cada momento histórico. O presente artigo tem por objetivo central analisar o desenvolvimento da aplicação do Caderno Pedagógico o qual se trata de uma proposta de organização do trabalho pedagógico com o tema Estudo da Arte e Seus Contextos. Faz parte do Projeto de Intervenção Pedagógica do Programa de Desenvolvimento Educacional promovido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná em parceria com a Universidade Estadual de Maringá. Este caderno aponta uma possibilidade de estudo e compreensão da pintura por meio da análise dos conteúdos estruturantes propostos pelas Diretrizes Curriculares de Arte do Paraná (2008): elementos formais, composição, movimentos e períodos. Sua contribuição para a educação estética consiste no estudo da imagem proposto por Robert Ott (1999) e no estudo dos conhecimentos produzidos historicamente, propostos por Gasparin em Pedagogia Histórico-Crítica (2002). O percurso metodológico de estudo da pintura presente no Caderno Pedagógico é um ensaio de diálogo entre interlocutores, professores e estudantes de Ensino Médio, que buscam a compreensão do entrelaçamento das relações entre os elementos formais: linha, forma, cor, volume e textura na composição de imagens da história da arte. Palavras-chave: Caderno Pedagógico. Artes Visuais. Compreensão Estética O OLHO QUE TUDO VÊ NA ARTE DE LEÓN FERRARI Emerson Dionisio Gomes de Oliveira Universidade de Brasília/UnB
O presente trabalho buscou compreender a série de gravuras denominada Plantas do artista argentino León Ferrari por meio das principais leituras críticas e históricas empreendidas desde os anos 1970. Tal série abrange visões particulares de Ferrari sobre o humano inserido em seu habitat urbano e denota tanto uma tradição sobre o sujeito anônimo alienado em seu meio quanto se abre para uma perspectiva contemporânea da própria condição humana frente às tecnologias hodiernas. As imagens geradas foram interpretadas pela crítica especializada como não-políticas, num sentido comparativo ao campo imagético produzido pelo artista, algo que este trabalho pretende questionar, apresentando outra possibilidade interpretativa, cujo teor mira nas relações entre as políticas do ordinário e do cotidiano. Palavras-chave: arte latino-americana, imagens cotidianas, cidade.
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OS REGISTROS FOTOGRÁFICOS DO MOVIMENTO TENENTISTA EM FOZ DO IGUAÇU (1924-1925) Emerson dos Santos Dias Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este trabalho tem como objetivo mostrar, por meio de imagens coletadas entre 1924 e 1925, o comportamento e o processo de fusão dos movimentos tenentistas paulista e gaúcho. Tal fato histórico se deu em Foz do Iguaçu (PR) durante sete meses de estado de sítio em que a cidade viveu. O artigo expõe detalhes dos registros fotográficos que antecederam a formação da famosa Coluna Prestes, assim como as marcas visuais posteriores deixadas na região conhecida como Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai). Entre as fotografias selecionadas estão trabalhos do fotógrafo amador, agricultor e recenseador, Harry Schinke (1902-1976), considerado o autor da primeira imagem fotojornalística de Foz, assim como imagens do autor deste artigo produzidas entre 2000 e 2006. A opção metodológica para resgatar e avaliar o material envolveu a Análise Documental, História Oral e História Política. Ancorados nestas três referências das Ciências Humanas, foram coletados documentos e informações – 75 entrevistas e mais de 150 fotos para a reconstrução do cenário exposto – e ainda dados garimpados em livros, revistas e principalmente em jornais da região para amparar a construção da memória coletiva da Tríplice Fronteira e assim entender as mudanças drásticas ocorridas entre 1910 e 1930. Mudanças estas influenciaram tanto os tenentes quanto os moradores. Palavras-chave: Fotografia, História Política, Movimento Tenentista
ESTRUTURA, TEMPO E IMAGEM DE UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS – A NARRATIVA DE COMO SE NUNCA TIVESSE EXISTIDO... , DE GABRIEL BÁ Emília Teles da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Neste artigo, que é uma parte de minha dissertação de mestrado, a narrativa de uma história em quadrinhos (Como se nunca tivesse existido... , de Gabriel Bá ) será abordada sob três pontos de vista: sua estrutura, o papel da imagem e a questão do chamado “tempo morto”. O objetivo é obter uma compreensão mais profunda da construção de uma história em quadrinhos. O primeiro aspecto a ser investigado é a estrutura da narrativa, empregando a metodologia da analise estrutural. Serão utilizados como referência os textos Introdução à análise estrutural da narrativa, de Roland Barthes e Cinema e narração, de Marc Vernet. Em seguida, a imagem será estudada no que diz respeito à sua contribuição para a narrativa, isto é, enquanto linguagem. A relação da imagem com o texto também será observada. Para tanto, será feita uma análise semiótica. As referências serão o livro Introdução à Análise da Imagem, de Martine Joly, o texto Retórica da Imagem, de Roland Barthes, e o ensaio sobre Steve Canyon,
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de Umberto Eco. Por fim, para compreender melhor o “tempo morto” que se faz presente nesta história, haverá uma reflexão a respeito deste conceito e a respeito da materialidade da narrativa. Para tanto, serão utilizados como referência os textos de Pierre Bourdieu (A ilusão biográfica) e, em menor escala, Moacy Cirne (Quadrinhos, Sedução e Paixão) e Pierre Fresnault-Deruelle (La Bande Dessinée). Palavras-chave: Histórias em quadrinhos; Narrativa; Semiótica. HUMOR E SENSUALIDADE: A MULHEROLOGIA DAS “CERTINHAS” DE STANISLAW PONTE PRETA NA REVISTA “O CRUZEIRO” (1966-1968) Eric Allen Bueno Universidade do Estado de Santa Catariana/UDESC
Sérgio Porto, mais conhecido com Stanislaw Ponte Preta teve uma carreira humorística curta, mas muito produtiva na imprensa brasileira nos anos 1950 e 1960, escrevendo crônicas, frases, notas e antologias. Dos seus “personagens” mais ilustres se destacam as “certinhas”, lindas garotas em poses sensuais fotografadas (em geral) pelo fotografo Valentim e que apareciam nas matérias de Stanislaw. O mesmo autor se especializou neste tipo de produção que combinava a fotografia e seus comentários, vindo a se denominar como um “mulherólogo”, perito na “arte de admirar a mulher”. Neste artigo, analiso a trajetória das “certinhas” de Stanislaw, publicadas na revista “O Cruzeiro”, enfocando os aspectos do Humor e da Sensualidade presentes nestas representações. Tendo como perspectiva teórica e metodológica a História Visual proposta por Ulpiano T. B. de Meneses. Palavras-chave: História Visual; Cultura Visual; Stanislaw Ponte Preta. O NU E O SENSUAL FEMININO REGISTRADO NAS FOTORREPORTAGENS DA REVISTA “O CRUZEIRO” (1966-1970) Eric Allen Bueno Universidade do Estado de Santa Catariana/UDESC
Pelo menos desde o Renascimento, a nudez e a sensualidade são temas comuns na História da Arte. Em meados do século XIX, logo após a invenção da fotografia surgem as primeiras fotos de nu. A partir daí tem-se um processo de “desnudamento” do corpo feminino ao longo do século XX, sendo que a década de 1960 se destaca como um período de rupturas culturais, políticas, de gênero e também de visualidades. Neste artigo, abordo este último aspecto. Trabalhando no limiar da visualidade ousada e socialmente aceitável, analiso como as representações de nudez e sensualidade feminina eram retratados em fotorreportagens no periódico mais importante do período, a revista “O Cruzeiro”. Tendo como perspectiva teórica e metodológica a História Visual proposta por Ulpiano T. B. de Meneses. Palavras-chave: História Visual; Cultura Visual; Nudez e Sensualidade.
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ENTRE A MEMÓRIA E O ESQUECIMENTO: O CINEMA ARGENTINO PÓS-DITADURA MILITAR Euller Gontijo de Oliveira Universidade Federal de Goiás/UFG
A presente comunicação se constitui de uma pesquisa de mestrado em andamento, cujo objetivo é analisar historicamente as representações da ditadura no cinema argentino. Tomando como objeto os filmes A História Oficial (1985) e Garagem Olimpo (1999), nosso objetivo é compreender as formas como essas representações vêm construindo uma memória e formando identidades acerca da ditadura argentina. Partindo da premissa de que um filme é veiculo de memória, enquanto filmes-arquivo, estão sobretudo elaborando o que está fora dele e, ao mesmo tempo, naquele passado imbricado, o que é eleito e construído diegeticamente constitui uma evocação do e para o presente. Nesse sentido, é preciso pensar nestes filmes-arquivos enquanto campos de lutas e enfrentamentos que se configuram nas intenções de definir os sentidos sobre o passado. Entre a memória e o esquecimento, A História Oficial (1985) e Garagem Olimpo(1999) são filmes que se encontram inseridos em contextos de releitura desse passado ditatorial, mediante seus mecanismos técnicos e representacionais, apresentase a possibilidade de analisar como cada sociedade discute e dialoga sobre seus próprios conflitos e a partir de suas criações estéticas, propõe imaginários possíveis, nos quais a cultura se constitui desde os múltiplos encontros de diferentes visões/ versões. Nesse sentido, o cinema permite colaborar na constituição das identidades de uma nação e a possibilidade de uma memória histórica fazer-se presente, mantendo vivos os acontecimentos passados entre os integrantes de uma sociedade. Palavras-chave: Cinema – Ditadura – Memória. DOCUMENTOS FOTOGRÁFICOS: A PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA PESSOAL E INSTITUCIONAL DO PIONEIRO JOSÉ LOPEZ LOPEZ E FAMÍLIA. Eva Cristina Das Chagas PB LOPES & CIA
A fotografia é considerada um documento imprescindível na reconstrução da história e pode ser também um elemento significativo na definição da identidade de um grupo ou de um povo. A conservação e a preservação dos acervos garantem o acesso à informação tanto em arquivos quanto em outras unidades de informação, pois preservar acervos fotográficos é uma forma de perpetuar a história de pessoas e instituições em todo o mundo, além de servir como fonte de pesquisa para estudos e gerações futuras. Visando salvaguardar a memória pessoal e institucional do pioneiro José Lopez Lopez e família, a proposta deste estudo é relatar os processos de identificação, organicidade, higienização, acondicionamento e conservação aplicados no acervo imagético, pertencente a Pedro Barboza Lopes, que durante quase 60 anos, fotografou e reuniu mais de 25.000 imagens em suporte físico, tais como fotografias
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impressas, negativos, slides e cromos em vidro. As fontes imagéticas esboçam ainda imagens históricas que descrevem características singulares e expressivas da cidade de Londrina. Palavras-chave: Fotografia; organização; memória. Estudos Visuais: principais autores e questionamentos de um campo emergente Éverly Pegoraro Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO
Este artigo apresenta a proposta dos Estudos Visuais e alguns de seus principais pesquisadores. O campo emergente e polêmico de pesquisa centra suas análises na construção cultural do visual em artes, mídia e até mesmo na experiência da vida cotidiana, enfocando a formação social do campo visual ou a sociabilidade visual. Como todo campo de estudo em estágio embrionário, ou seja, em construção, as divergências, as críticas e os questionamentos são tão fortes quanto as certezas que lança em seu caminho. A primeira delas refere-se à própria denominação. Estudos Visuais, Cultura Visual ou Estudos da Cultura Visual são os nomes que já recebeu de seus principais interlocutores. Mesmo com toda a polêmica entre os adeptos dos Estudos Visuais, o que interessa salientar são as suas propostas. Não se trata apenas de pesquisa no campo da história das imagens, mas refletir sobre as formas nas quais a Cultura Visual – nos seus mais variados processos e produtos – é elaborada, consumida e circula para reforçar ou resistir a articulações dos mais variados objetivos: políticos, econômicos, culturais etc. Pode-se dizer que é uma abordagem influenciada pelos Estudos Culturais, a partir da relação entre visibilidade e discurso. Os Estudos Visuais questionam como e por que as práticas do ver (visualidade e visibilidade) têm transformado nosso universo de compreensão simbólica, nossas práticas de olhar, nossas maneiras de fazer. Palavras-chave: Estudos Visuais; Cultura Visual; Estudos Culturais. Água de cheiro, confete e serpentinas nas reminiscências momescas: o carnaval de Pelotas por meio de imagens. Everton Lessa da Silva Universidade Federal de Pelotas/UFPel
O trabalho analisa a relação entre imagem e a história do carnaval na cidade de Pelotas. De forma comparativa estuda-se o carnaval desta cidade por meio de fotografias, apresentando como escala típica de análise a cronologia carnavalesca brasileira. Paralelamente, ao longo do texto, ponderam-se peculiaridades e similaridades da festa deste município com os folguedos de São Paulo e Porto Alegre. Desta maneira, procura-se compreender a inserção da cidade sul-rio-grandense dentro das
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atividades momescas do calendário nacional. A utilização de imagens nesse trabalho não foi somente mais uma fonte de estudo sobre o passado carnavalesco, mas uma ferramenta de possíveis novas interpretações desta atividade, essencialmente visual. Cronologicamente o carnaval está dividido em três fases que, por sua vez, subdividemse em outras. Hoje é de domínio público que o carnaval brasileiro se desenvolveu basicamente no período colonial como uma herança da cultura de Portugal: o entrudo. Posteriormente surge o carnaval veneziano e por fim o carnaval-espetáculo. Nos documentos iconográficos buscou-se características distintas desses momentos, e visualizou-se como essas reproduções marcaram as gerações e hoje são passível de múltiplas interpretações. O FOTOJORNALISMO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO: A COBERTURA DE VEJA SOBRE O AI-5 Fabiana A. Alves Universidade Estadual de Londrina/UEL
Com a finalidade de mostrar o mundo, sendo testemunha ocular dos grandes acontecimentos, a fotografia conquistou um espaço significativo na vida das pessoas, desenvolvendo-se plenamente nos meios de comunicação impresso. Desta forma, o presente trabalho compreende como o fotojornalismo – e a imprensa, por sua vez – contribui para a construção do conhecimento histórico. Para tanto, será analisada a edição de número 15, da revista brasileira Veja, de 18 de dezembro de 1968. A escolha se deve ao fato de esta edição trazer a cobertura do veículo sobre a implantação do Ato Institucional 5, decretado em 13 de dezembro daquele ano. Tendo um caráter multidisciplinar, este trabalho utiliza referenciais teóricos sobre fotojornalismo, as relações entre história, imprensa e fotografia, entre outros, e utiliza a metodologia da iconografia/iconologia para analisar as imagens fotojornalísticas. Palavras-chave: Fotojornalismo, Veja, AI-5. O OLHO INTERNO: PRIVAÇÃO VOLUNTÁRIA DA VISÃO COMO EXERCÍCIO SENSORIAL NA PESQUISA CÊNICA Fabio de A. Pimenta Aguinaldo Moreira de Souza Universidade Estadual de Londrina/UEL
Qual a influencia do domínio da propriocepção (consciência do desenho do corpo no espaço) no trabalho do ator? No processo proposto pelo curso de graduação em Artes Cênicas da UEL, busca-se o desenvolvimento da consciência corporal. Nesta pesquisa coloca-se como objetivo realizar um processo de estudo teórico e de treinamento através do qual se supõe possível analisar os efeitos da privação voluntária da visão sobre o recurso da propriocepção. Das disciplinas regulares do curso de Arte Cênicas
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foi possível selecionar como principais embasamentos teóricos os estudos de E. Jacques Dalcroze sobre a consciência rítmica, de Rudolph Laban sobre o sentido cinestésico e de Klauss Vianna sobre a expressão corporal. A parte prática alia-se ao projeto Treinamento técnico e sistematização de processos de trabalho do ator coordenado pelo Prof. Dr. Aguinaldo Moreira de Souza do qual o proponente faz parte desde 2010. Integram o cronograma da pesquisa períodos de privação voluntária da visão em treinamentos de ator e em movimentações cotidianas; sessões de trabalhos de dez horas semanais referentes: a pesquisa bibliográfica, estágios de observação e relatórios sobre as atividades; e ainda, estudos propostos a grupos de controle na forma de oficinas. Os resultados pretendidos são registros multimídia contendo relatos e questionamentos do processo, bem como a criação de cenas visando a apresentação pública. Palavras-chave: Propriocepção; Treinamento de ator; Imagem corporal VAMPIRISMO DA REBELDIA: A EVOCAÇÃO DE JAMES DEAN NA IMAGEM FOTOGRÁFICA DO ASTRO DO FILME CREPÚSCULO Fabio Henrique Ciquini Miguel Luiz Contani Universidade Estadual de Londrina/UEL
O presente trabalho mostra como, por meio dos signos da visualidade, elementos em contradição podem receber tratamento fotográfico e evocar sensações como a rebeldia suavizada na imagem. Por meio de um estudo comparativo entre fotografias de atores de períodos distintos como James Dean e Robert Pattinson, procura-se descrever de que forma o conceito de rebeldia contém aspectos que permanecem e outros que se transmutam na evocação imagética. Utiliza-se, para isso, a teoria semiótica dos interpretantes de C. S. Peirce e conceitos de similaridade e contiguidade. Uma grade contendo a tipificação das imagens é apresentada e, por meio dela, são analisados cinco fatores de suavização: impacto de recebimento das atuações de “rebeldia” dos atores nos filmes; background da fotografia; fator de sofisticação das roupas; tipo de mediatização veiculada dos atores; ícones prevalecentes nas imagens dos atores. Explica-se que a despeito da permanência de sensações (no caso, a rebeldia simbolizada) existem fatores suavizadores que embora possam alterar as imagens, preservam a evocação. Palavras-chave: Rebeldia, Signo, Visualidade.
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PATRIMÔNIO, ENSINO E MEMÓRIA: USO DE IMAGENS NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE HISTÓRIA Fábio Luiz da Silva Cyntia Simioni França Taíse F. C. Nishikawa Universidade Norte do Paraná/UNOPAR
Trata-se de projeto de pesquisa desenvolvido pela Universidade Norte do Paraná através da modalidade de Ensino à Distância, intitulado “Patrimônio, Ensino e Memória” do curso de graduação de História, que busca a formação do profissional de história para atuar em sala de aula. O trabalho envolveu inicialmente cerca de trinta alunos localizados em dois pólos da UNOPAR Virtual: Ibaiti-PR e Diamantina-MG. As possíveis articulações entre História e Memória, como duas formas distintas de perceber o passado e suas definições foram objeto de estudo deste projeto. Contamos com discussões que proporcionaram análises acerca da construção da memória coletiva e da memória individual, dos lugares de memória, assim como, a contribuição para a disciplina histórica enquanto objeto para a crítica do historiador. Propusemos, para isso, o estudo de imagens que revelassem a História e a Memória das regiões brasileiras e em seguida a formação de um banco de imagens no Museu Virtual de Imagem e História da UNOPAR, através da coleta, digitalização e catalogação de imagens. Palavras-chave: imagem; patrimônio; ensino Retratos de uma “Cidade Limpa”: Londrina antes e depois da Lei 10.966/2010 Fernanda Grosse Bressan Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este trabalho demonstra a importância dos registros fotográficos para a documentação das transformações urbanas e preservação da memória. O objeto de estudo é Londrina e os recortes temporais abrangem o centro da cidade antes e depois da Lei Municipal nº 10.966, sancionada pelo prefeito da cidade em 2 de agosto do mesmo ano. A lei ficou conhecida como “Cidade Limpa”, pois regulamenta o uso de publicidade externa e fachadas de lojas, indústrias, estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, inclusive a área médica. Lojistas e comerciantes tinham 180 dias para adequar suas publicidades à nova lei, que prometia transformar a paisagem urbana e devolver aos cidadãos a visão de fachadas arquitetônicas históricas da cidade. O trabalho utiliza referenciais teóricos de fotografia e memória e registra dois momentos do centro da Londrina: o imediatamente anterior à vigência da lei, quando a publicidade não era regulamentada e as fachadas estavam encobertas por painéis, e o imediatamente posterior, com a publicidade regulamentada e as fachadas descobertas. Palavras-chave: História de Londrina (PR); Fotografia e Memória; Lei Cidade Limpa; Publicidade Externa.
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discursos femininos sobre as dores do amor Fernando Augusto Souza Pinho Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Edinamária Mendonça Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO
Ao folhear edições da revista “Caras” do início de 2010, um detalhe chamou nossa atenção: a onipresença da atriz Suzana Vieira. Mas, o que explicaria esse fato? Imersos naquele mundo de boatos e fofocas, algumas lembranças atualizaram a imagem pública de Suzana Vieira e nos fizeram pensar sobre aquela exposição quase sem-motivos. O escândalo amoroso que envolveu a atriz e seu ex-marido já vinha sendo tema de jornais, revistas e programas televisivos. Em oposição a um “marido-problema”, Suzana Vieira era representada como a esposa apaixonada e vítima. Entre idas e vindas, fatos e fotos, com a morte do ex-marido e a comoção pública em torno da atriz, eis que o conto de fadas chega ao seu happy end: como uma fênix, ela reaparece, com os devidos registros da imprensa, em eventos sociais, sorridente, esperançosa e com um novo amor. O interessante foi perceber que as “dores de amor” emergiam em outras histórias, demonstrando não se tratar de um caso isolado. Tal repetição indicava, portanto, um modo muito específico, por parte da imprensa brasileira, de significar a experiência feminina. Fazendo do cotidiano um espetáculo e chegando a diversos cantos do planeta, sabemos que a mídia exerce importante papel na conformação e multiplicação de modos de vida. Daí a importância em analisar os sentidos que uma determinada prática midiática produz acerca de um determinado acontecimento. Este trabalho apresenta, com base no aporte teórico-metodológico da Análise do Discurso Francesa, reflexões sobre a construção do sujeito feminino em torno da traição, separação, solteirice e solidão; especificamente, analisamos o modo como a experiência particular da atriz Suzana Vieira foi organizada, nomeada e posta em circulação em duas edições da revista “Caras”. Palavras-chave: discurso, sujeito feminino, mídia. A CONSTRUÇÃO VISUAL DA AMÉRICA EM GRAVURAS: CÓDIGOS DE PERCEPÇÃO E SUAS TRANSFORMAÇÕES Flavia Galli Tatsch Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP
Este estudo apresenta uma reflexão sobre a construção da imagem visual da América no final do século XV e início do século XVI. Nesse período, diversas xilogravuras foram impressas para acompanhar as cartas de Cristóvão Colombo e Américo Vespúcio. Não necessariamente pretendiam representar a realidade americana, mas traduzi-la em ilustrações compreensíveis ao público. A análise procura observar como as informações etnográficas foram transformadas de modo a produzir imagens visuais. Ou seja, de que forma se deu a mediação entre os textos e as gravuras que os acompanharam.
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Importa-nos perceber os códigos de percepção da América e suas transformações, assim como em que condições as gravuras se tornaram uma operação de tradução e lugar de enunciação do Outro. A realização deste trabalho desenvolve-se tendo como base a soma dos instrumentais teóricos e metodológicos da História da Arte e da História Cultural. Palavras-chave: gravuras, América, leitura de imagem. A CAPELA DE MADEIRA NO INÍCIO DA FORMAÇÃO DA CIDADE DE LONDRINA Flávia Rayane Ruthes Barbosa Universidade Estadual de Londrina/UEL
Nessa comunicação temos por objetivo apresentar a imagem da primeira capela católica construída em madeira na cidade de Londrina. Esta proposta foi recortada a partir da primeira parte da pesquisa que ora desenvolvemos intitulada Catedral de Londrina: Segundo Templo, onde estudo a plasticidade do principal templo religioso dos cristãos católicos, particularmente o período de 1938 a 1968. A arquitetura de madeira marcou a região e esse templo foi um dos símbolos de madeira que representaram o poder religioso local durante a década de 30. Desse modo propomos apresentar sua estética singularidade por meio dos documentos iconográficos como a fotografia. Essa leitura dos documentos nos permite verificar como era a estética religiosa do início da cidade de Londrina, visto que suas edificações iniciais tinham uma predominância em madeira. Palavras-chave: Capela, Londrina, plasticidade DISCURSO FOTOGRÁFICO: USO COMUNICATIVO? Flavia Renata Quintanilha Universidade Estadual de Londrina/UEL
Ao considerarmos o falibilismo, compreendido através da experiência e ação no mundo, somadas às expectativas de ação e contatos sensíveis com objetos, interpolados aos fatos, teremos como resultado a informação linguística adquirida pelo contato com “algo no mundo”. Este resultado diferencia-se do contato experimental, isto é, a informação não pode ser confundida com sua fonte. A realidade exposta através de proposições não é pura. Ela está impregnada de linguagem e esta, por sua vez, entrelaçada nos contextos de interação. Deixando, com isso, o realismo aparentemente sem representação. Entretanto, o êxito ilocucionário de qualquer uso linguístico poderá ser medido pelo “reconhecimento intersubjetivo” da pretensão de validade levantada pela situação de comunicação. Cada uso linguístico terá sua modalidade distinta. As modalidades estarão sujeitas a determinados tipos de racionalidade. Os discursos resultantes desses modelos e racionalidades irão interferir direta ou indiretamente nos espaços públicos encontrados nas sociedades democráticas, bem como na própria
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formação da opinião pública, seja ela política ou informal. Pretendemos nessa breve comunicação, primeiro, expor as modalidades de uso linguístico e suas racionalidades segundo o pensamento habermasiano e, num segundo momento, tecer uma análise crítica do papel do discurso fotográfico diante desse panorama teórico. Palavras-chave: Discurso Fotográfico, Usos da Linguagem, Habermas. A crítica social e política de Henfil a serviço do futebol Flavio Mota de Lacerda Pessoa Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
O historiador Luiz Guilherme Sodré Teixeira, em seu livro “Sentidos do humor, trapaças da razão: a charge” define a charge como um desenho de humor que estrutura sua linguagem como reflexão crítica e social e, como produto típico da classe média, identifica e reproduz seus valores dominantes. Aprofundando a reflexão dentro desta perspectiva, pode-se tomar a obra de Henfil como melhor exemplo a ilustrar o potencial da charge como formadora de opinião. Suas tiras sobre o universo do futebol eram carregadas de teor político e social extremamente contundentes. Aproveitando-se do afrouxamento da censura no meio esportivo, o cartunista mineiro pôde amplificar sua crítica política e social utilizando o mesmo canal que o governo militar lançava mão no intuito de ludibriar e entreter a população. Pesquisando suas charges, não é difícil se deparar com uma que faça menção à repressão, aos interrogatórios e à truculência militar. Suas charges eram um sucesso comprovado por respostas do público, que muitas vezes consagrava no Maracanã o que o cartunista expunha nas charges. As Charges de Henfil trazem à tona um leque de possibilidades para se compreender um pouco mais o Brasil dos anos de chumbo. Palavras-chave: Charge, futebol, militância A REPRESENTAÇÃO DA “IMAGEM DA CIDADE” DE LONDRINA PROJETADA PELO JORNAL “FOLHA DE LONDRINA” NO ANO DE 1970 Francielle Sandoval Universidade Estadual de Londrina/UEL
A década de 1970 foi de extrema importância tanto nas esferas política e econômica, quanto na social, cultural e nos planos urbanos nacionais e regionais. Em Londrina não foi diferente. Essa comunicação, fruto da pesquisa referente à imagem produzida pelo jornal Folha de Londrina acerca da cidade durante a década de 1970, tem como foco o ano de 1970, mais especificamente seu primeiro semestre. A orientação teórica terá ênfase no trabalho de Kevin Lynch. Sua perspectiva aponta marcos, eixo, nós, vias, cruzamentos na textura da cidade, como orientadores dos usuários urbanos. Portanto, visamos observar até onde o jornal acompanhou, nesse momento, as diretrizes urbanas definidas pela administração local. Durante esse período, a cidade era governada pelo
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prefeito Dalton Paranaguá, eleito pela legenda do Movimento Democrático Brasileiro – MDB – partido de oposição ao regime militar vigente na época. Palavras-chave: imagem urbana; Folha de Londrina; transformação urbana AS FUNÇÕES E OS SENTIDOS DO REGISTRO FOTOGRÁFICO SOBRE O TRABALHO DURANTE O SÉCULO XX NO RIO GRANDE DO SUL Francisca Ferreira Michelon Renata Cardozo Padilha Universidade Federal de Pelotas/UFPel
Com base nas coleções encontradas no Museu da Comunicação Social Hipólito José da Costa (Porto Alegre), Arquivo Fotográfico Memória da UFPel (Pelotas), Memorial da SOGIPA (Porto Alegre), identificou-se uma convergência temática, ora explícita, ora não, desses acervos: o trabalho. Verificou-se que os acervos não só interseccionavam a temática como a desdobravam em inúmeros aspectos. Um levantamento prévio indicou que há disponibilidade da temática em outras instituições do Estado seguindo a mesma tendência. Estamos investigando as intensas e continuadas relações entre a fotografia e o registro do trabalho durante o século XX, no Rio Grande do Sul, tendo em vista o que há reunido nas instituições de documentação e memória do Estado. Busca-se depreender os sentidos das funções que definiam os registros no momento de sua ocorrência e as revelações sobre o âmbito dessas funções apreendidas no presente. Fundamenta-se a metodologia do trabalho sobre o pensamento de Sorlin (1997), Soulages (1998) e Damisch (2001). Acredita-se que há certo volume documental de grande importância, ocultado por identificações diversas que o tornam de difícil acesso para os que desejam encontrar registros fotográficos que tenham como tema o trabalho. Assim, se está elaborando um sistema de localização, reunião e acesso dos acervos fotográficos que contemplam essa temática, e se pretende investigar a fotografia como um suporte da memória de atividades manuais ou industriais que conformaram, durante o século XX, importante percurso da sociedade gaúcha. Palavras-chave: Fotografia, Trabalho, Sistematização de Acervos. ESPAÇO MARGINAL: OS MUROS DA CIDADE FALAVAM ALTO DEMAIS. Frederico Osanan Amorim Lima Universidade Federal do Piauí/UFPI
Filme revelador de uma nova postura da juventude piauiense da virada dos anos 1970 para 1980, Espaço Marginal aponta para uma ruptura ocorrida em relação aos elementos estéticos e políticos que orientavam boa parte dos artistas do Estado até, aproximadamente, 1975. Entre outras coisas, o filme pode ser visto como uma grande metáfora do cidadão comum. “cidadão comum. sempre subindo a ladeira do nada, topar em pedras que nada revelam. levar às costas o fardo do ser e ter certeza de que
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não vai ser pago”(ARAÚJO NETO, 1982, p. 50). O filme se passa numa Teresina envolta em muros pichados de denúncias. Imerso num panorama de sonhos e frustrações, um jovem caminha com passos curtos aparentemente a espera de algo que custa a chegar... A espera de algo que, apesar de sua tão ardilosa letargia, nunca chega! A NOTICIABILIDADE NO JORNAL NACIONAL: UM ESTUDO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010 Gabriela da Silva Pereira Vanessa da Silva Universidade Estadual de Londrina/UEL
Nos últimos decênios, muito tem sido estudado acerca da conduta e das influências da mídia em campanhas eleitorais, sobretudo no meio televisivo. Como fonte de informação com maior alcance populacional, a televisão contribui para criar cenários favoráveis ou desfavoráveis a determinados candidatos e, neste sentido, é capaz de influenciar a escolha popular. Portanto, torna-se relevante, neste trabalho, investigar a construção dos critérios de noticiabilidade encontrados na cobertura do Jornal Nacional– JN, da Rede Globo de Televisão, referente às eleições presidenciais de 2010, a fim de verificar a construção da imagem dos candidatos. O estudo terá como recorte as coberturas televisivas do dia anterior ao primeiro e segundo turno eleitoral, respectivamente e se valerá das teorias dos critérios de noticiabilidade de Jorge Pedro de Souza. Palavras-chave: Eleições Presidenciais; telejornalismo; Jornal Nacional. RELIGIOSIDADE POPULAR E IMAGENS: UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DOS ALTARES DOMÉSTICOS Gabriela Cristina Maceda Rubert Universidade Estadual do Oeste do Paraná / Unioeste
Neste trabalho pretendo apresentar a análise sobre as práticas populares religiosas através do uso de imagens de altares domésticos, detendo-me mais especificamente em um altar, o qual apresenta símbolos “oficiais” da religião católica e símbolos populares ditos “não oficiais”. Também analisarei os altares “oficiais” principalmente de Igrejas Católicas, para contrapor com a imagem estética dos altares domésticos. A partir dessa multiplicidade e hibridização de imagens religiosas, buscarei compreender a formação antropológica do altar, recorrendo a alguns processos históricos, como por exemplo, as migrações. As migrações expandem as práticas religiosas para outras regiões, o que gera um intercâmbio muito grande no âmbito religioso. Isso gerou uma religião popular repleta de simbologias oriundas de várias práticas religiosas. Os altares apresentam entidades diversas, e inclusive objetos que não apresentam constantemente um significado religioso. Palavras-chave: Religiosidade Popular, altares domésticos, migrações
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O LAMPIÃO DA ESQUINA: DISCUSSÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NO BRASIL NO FINAL DA DÉCADA DE 1970 Gabriela Mesquita Garcia Leonardo Schultz Universidade Positivo
O trabalho objetiva apresentar o estudo realizado sobre as discussões de gênero e sexualidade inseridos no impresso alternativo O Lampião da Esquina (1978 – 1981), assim como sua relevância para a imprensa brasileira e repercussões para a sociedade. Para facilitar o entendimento ao leitor, apresentam-se os conceitos relacionados a essas discussões de gênero e um breve histórico do contexto social em que o periódico esteve inserido (cenário da ditadura militar e surgimento do movimento homossexual). Foram alvo de estudo quatro edições desse jornal, nas quais foram analisados aspectos textuais, gráficos e outras subjetividades. Concluiu-se que o impresso contribuiu para a construção de uma sociedade mais igualitária, ao dar visibilidade às minorias sociais, porém não conseguiu manter seu ideal politizador até o término de suas atividades. IMAGEM E HISTÓRIA Gleiton Luiz de Lima Universidade Norte do Paraná/UNOPAR
O presente artigo parte da convicção de que nunca somos indiferentes a uma imagem na construção do diálogo entre as diferentes linguagens; da premência de valorar a linguagem imagética, explorando os conceitos de multiplicidade e impermanência histórica na valorização da história social à necessidade de construir crítica ao modelo de discurso único na instrumentalização da imagem como recurso metodológico. O avanço técnico-tecnológico ampliou o acesso as diferentes formas de representação imagética, multiplicando as opções de visualidade, possibilitando o debate sobre o poder de compreensão de si e a necessidade de compreensão do outro na era da conectividade, fator determinante para o uso das diferentes opções imagéticas na construção do diálogo entre as representações artísticas e o ensino de história. O texto busca construir narrativas historiográficas a partir dos indícios imagéticos, com a ressalva de que a imagem, a exemplo de qualquer linguagem, requer leitura adequada e decodificação pertinente, capaz de ampliar elementos explícitos e implícitos à espera de compreensão. Palavras-chave: História, Imagem e Ensino.
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A IMAGEM E O ARTISTA: A LEGIÃO URBANA DENTRO DE SUA PRÓPRIA ARTE Gustavo dos Santos Prado Pontifícia Universidade Católica/PUC-São Paulo
A proposta deste trabalho visará analisar de que forma a banda Legião Urbana, procurava expor determinadas impressões apreendidas em um dado contexto histórico, por intermédio de seus álbuns. Pretende-se, utilizando as imagens ali contidas, demonstrar como se deu a metamorfose das idéias da banda, em meados dos anos 80 em direção aos anos 90. Para tanto, projetamos, utilizar como fonte para a análise, as capas, contracapas e encartes da banda, que são, em grande medida, carregados de significado. Nesta proposta, procuraremos trazer uma análise das pretensões da banda em imagens, nos remetendo, especificamente, aos álbuns do grupo gravados em estúdio: Legião Urbana (1985), Dois (1986), Que país é esse (1987), As quatro estações (1989), V (1991), O descobrimento do Brasil (1993), A tempestade ou o Livro dos dias (1996), Uma Outra estação (1997), sendo que todos esses trabalhos, possuem o selo da gravadora EMI-ODEON. Em toda a sua obra, a Legião Urbana, possui uma construção de idéias, repleta de significações, onde as composições imagéticas (fotos e desenhos) possuem uma capacidade de arquitetura e demonstração da arte. Essa, representada, em boa medida, por todo o tom de protesto e resistência, típico dos anos 80 e da tendência do mercado fonográfico na época. Logo, ao discutir os parâmetros dos padrões culturais supracitados, procuraremos, em síntese, abordar a mensagem que a banda quis deixar, a evolução de suas idéias contidas nos álbuns, tendo como norte o estudo das imagens dos mesmos. Palavras-chave: Legião Urbana, Álbuns, Imagens. A Contribuição das vanguardas artísticas européias para a poética do teatro de Tadeusz Kantor Gustavo Jose Salazar Garcia Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este estudo apresenta a relação da criação do encenador e artista plástico polonês Tadeusz Kantor (1915 – 1990), com procedimentos artísticos das vanguardas artísticas européias do inicio do séc. XX. Durante séculos o teatro esteve sobre o crivo do texto dramático, salvaguardado algumas manifestações ao longo da historia do teatro aonde o caráter literário é sobreposto elementos imagéticos. Mas é somente no inicio do século XX, que o teatro em busca de sua autonomia perante a literatura dramática, acentua e assume os elementos imagéticos como plano primeiro da encenação, é neste contexto que surge Kantor. O teatro de Tadeusz Kantor se apresenta como um universo rico em imagens de potência artística impar contrapondo-se a toda uma tradição artística baseada em cânones estéticos engessados pelo tempo. É neste contexto que também surgem as correntes artísticas, que mudaram de forma radical a forma de se fazer, pensar e apreciar arte. Kantor, assim como outros artistas pertencentes a este
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recorte histórico, foram em busca de uma releitura do mundo, sendo assim ele foi um artista em intima relação com as idéias de sua época, portanto a reflexão sobre as suas influencias é sempre bem vinda. Palavras-chave: Tadeusz Kantor; vanguardas artísticas; teatro imagem. O(s) Perfume(s): um estudo do processo de reficcionalização da narrativa literária para a narrativa fílmica Héder Junior dos Santos Universidade Estadual Paulista / Unesp Marília
É inegável que em sua trajetória, a literatura tem dialogado com o teatro, a pintura e a música, mas logo encontraria ecos também na constituição do cinema, desde seu advento no século XX, ocorrendo a partir daí constante prática intertextual entre as narrativas literárias e as cinematográficas. Num primeiro contato entre essas diferentes formas artístico-expressivas, o que estava em questão era a própria constituição estética do cinema, que por sua vez, se desenvolveu acompanhando as sólidas pegadas da literatura. Portanto, ao observarmos a relação existente entre o texto literário e sua reficcionalização no cinema, realizada através de uma adaptação propriamente dita, abrem-se muitas possibilidades de estudo e interpretação. É a partir destas possibilidades e considerando também a importância de reflexões desta natureza para a pesquisa das narrativas que surgiu o tema a ser abordado neste trabalho. Pretendemos verificar como ocorre a transposição do código literário àquele fílmico, na narração da história de Jean-Baptiste Grenouille, personagem central de duas narrativas, ou seja, do romance O Perfume – história de um assassino (1985), do escritor alemão Patrick Süskind, e do filme homônimo de 2006, dirigido por Tom Tykwer. Para isso, partimos de alguns pressupostos: a ficcionalidade como valor estético, a consciência construtiva cultivada rigorosamente por Patrick Süskind e Tom Tykwer, e a ficção como mediadora de verdades ou realidades mentais e sociais construídas historicamente. Palavras-chave: O perfume – história de um assassino; relações entre literatura e cinema; reficcionalização. As relações entre tradição, modernidade e cultura brasileira contemporânea em Saneamento básico, o filme, de Jorge Furtado Héder Junior dos Santos Luana Hordones Chaves Universidade Estadual Paulista / Unesp Marília
Este trabalho propõe-se a analisar a relação entre tradição e modernidade por meio da produção cultural brasileira contemporânea, mais especificamente, através da narrativa audiovisual Saneamento básico, o filme (2007), de Jorge Furtado. O que se configura nessa obra é um olhar sobre a pobreza; mais que econômica, tem-se em
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cena a pobreza cultural atrelada ao consumo de mercado que, através das mídias instituem pensamentos e comportamentos. O filme em questão se passa num povoado gaúcho, provavelmente formado por descendentes de italianos como nos indiciam alguns elementos diegéticos, e como tantos no país, se apresenta comprimido entre a tradição e a modernidade ou, mais nomeadamente, a modernização. Espremido entre o velho e o novo, observa-se que as relações da velha comunidade convivem com os aspectos que são típicos da modernidade, como os avanços tecnológicos, as referências da cultura de massa e as novas exigências sanitárias, nó górdio que provocará o surgimento metaficcional de um filme dentro do filme, isto é, da obra cinematográfica intitulada O monstro do Fosso. Nesse contexto histórico-social, aspectos marcantes da tecnologia moderna convivem com elementos fortes de uma tradição tipicamente interiorana. Mais que os desafios surgidos a partir das descobertas do fazer cinematográfico, é evidente a miséria cultural, como a própria analogia sugerida pelo nome do filme – o problema em questão é mesmo estrutural. Nesse sentido, partimos de alguns pressupostos: a ficcionalidade como valor estético, a consciência construtiva cultivada rigorosamente por Jorge Furtado, e a ficção como mediadora de verdades ou realidades mentais e sociais construídas historicamente. Palavras-chave: tradição e modernidade; cinema nacional contemporâneo; Jorge Furtado. CIDADES REINVENTADAS: A FOTOGRAFIA COMO DISPOSITIVO DE INVENTÁRIO À IDEÁRIO URBANO Helene Gomes Sacco Carbone Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS
O presente artigo propõe através de uma abordagem sobre a mobilidade e mundialização do urbanismo, iniciar uma reflexão sobre a coleção de fotografias intitulada Território Transitório, que é parte da pesquisa atual de doutorado onde é investigada a Arte como possibilidade de territorialização no mundo. Para isso revisaremos produções de artistas que abordam questões referentes à cidade, habitação, arquitetura e urbanismo, questões estas exploradas na utilização da imagem fotográfica como dispositivo documental de experiências no cotidiano e refletir a transformação do que é tomado como documento de registro e passa num segundo momento a assumir o status de coleção, oscilando dentro do processo de criação entre o estatuto de inventários à ideários. A partir da obra e pensamento de artistas como Robert Smithson, Gordon Matta Clark, Bernd e Hilla Becher, Edward Ruscha, Dan Graham, Lewis Baltz, Chauncey Hare, Hélio Oiticica, entre outros, podemos observar de que forma esses artistas utilizaram a fotografia com dispositivo de apropriação do real, gerando documentos dessa experiência e ampliando a esfera de registro, em narrativas ficcionais, em publicações, coleções fotográficas, e textos críticos sobre arquitetura e o sentido de morar, intrínsecos às formas de construção e os ideais políticos e econômicos em voga de suas gerações. Embora operem cada um a sua maneira, como neutralidade, se mantendo mais distante possível, ou conferindo às
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imagens o tom subjetivo da experiência, trata-se de uma geração que problematizou contundentemente o desenvolvimento desenfreado das cidades. Palavras-chave: Fotografia; reinvenção; cidade. A SERVIÇO DOS CORONÉIS – IMPRENSA E POLÍTICA NO INTERIOR PAULISTA: SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (1927). Henry Marcelo Martins da Silva Fundação Municipal de Educação e Cultura de Santa Fé do Sul – FUNEC
O presente trabalho busca analisar a relação entre os jornais e a política na República Velha, especificamente na cidade de São José do Rio Preto-SP, que em fins da década de 1920 apresenta uma série de conflitos políticos em que antigos e novos personagens disputavam o controle dos destinos locais; naquele período, a cidade adquire um patamar de desenvolvimento urbano que não envolvia apenas o crescimento populacional e econômico, mas também o estabelecimento de um meio cultural mais plural e por conseqüência mais aberto à participação popular nos destinos públicos; tal ambiente era favorecido pela presença dos jornais, que cada vez mais numerosos, passam a fazer parte do cotidiano dos habitantes rio-pretenses, e transformam-se em importantes instrumentos nas disputas políticas locais do período. O trabalho centrou-se na comparação de dois periódicos locais, A NOTÍCIA e O MUNICÍPIO, que servindo a grupos políticos opostos digladiaram em 1927 sobre os destinos da cidade; tal conflito lança luz ao poder da imprensa no reequilíbrio do poder na República Velha, permitindo a novos personagens desafiarem o controle político tradicional dos coronéis; no entanto, o trabalho também demonstra a eficiente adaptação dos antigos chefes políticos, que incorporam as novas práticas e armas políticas para manterem-se no poder. Palavras-chave: Imprensa; Política; Coronelismo. IMAGENS DIGITAIS E O DIÁLOGO DOCENTE-DISCENTE NAS AULAS DE HISTÓRIA Iandra Pavanati Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC
Richard Perassi Luiz de Sousa Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
Entende-se que o processo de formação e atuação dos professores de História, no século XXI precisa considerar o fenômeno contextual que é a cibercultura, adaptandose e desenvolvendo-se neste universo, influenciado pela forte presença midiática. Considera-se a mídia digital, especialmente a mídia interativa e interligada à Internet, como um campo cultural diferenciado com relação aos processos que, até então, foram ditos modernos nos campos da educação e do conhecimento. Num artigo
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publicado em 2001, Marc Prensky assinalou que o advento e a disseminação da tecnologia digital e do ciberespaço dividiram a sociedade em dois tipos de sujeitos tecnológicos. Os chamados “nativos digitais”, que nasceram no contexto desta nova cultura, e os “imigrantes digitais” que, originalmente, pertencem ao contexto prédigital. De modo geral, observa-se que estudantes e professores se dividem entre esses dois ambientes culturais. Sendo os professores, descendentes do mundo literário da cultura pré-digital e os estudantes, oriundos do mundo multimídia e hipertextual da cultura pós-digital. Isso evidencia a necessidade de adaptação e qualificação docente, para o novo contexto cultural. Por isso, propõe-se a utilização das imagens digitais como ponto de contato entre essas duas culturas ou realidades, experimentadas por nativos e imigrantes digitais. Por meio de uma pesquisa teórico-descritiva, de natureza qualitativo-exploratória, sustentada no método fenomenológico, com foco na interação entre cultura e sujeito, elabora-se um estudo, a respeito da utilização de imagens digitais, enquanto documentos auxiliares na composição do conhecimento sobre o passado. Palavras-chave: Ensino de História; Imagens Digitais; Cibercultura. IMAGEM NATURAL E IMAGEM ARTIFICIAL: UMA INTERROGAÇÃO SEMIÓTICA NA ANÁLISE DO DESIGN Isaac Antonio Camargo Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
O texto em pauta discute a relação entre dois tipos de imagens: aquelas que existem no mundo, de acordo com os desígnios da natureza e aquelas que são produzidas e realizadas pela produção cultural da humanidade, em especial, as que cumprem metas e funções predeterminadas ou predefinidas como as do Design. Toma como referencial teórico o texto fundador: Semiótica Figurativa e Semiótica Plástica, produzido por Algildas Julien Greimas, no intuito de instaurar uma nova perspectiva no campo da semiótica discursiva, por ele defendida e, procura expandir a leitura deste texto tomando exemplos obtidos do Design. Compara e analisa as diferentes construções do Design: gráfico, produto, moda, web na tentativa de esclarecer os elementos produtores de sentido que os instauram. Palavras-chave: Imagem, Semiótica, Design. Imagens anarquistas do Primeiro de Maio: possibilidades metodológicas Isabel Aparecida Bilhão Universidade Estadual de Londrina/UEL
A comunicação objetiva apresentar e analisar três imagens alegóricas relacionadas ao Primeiro de Maio, produzidas por militantes anarquistas ou sindicalistas revolucionários
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e publicadas na imprensa operária nas décadas de 1910 e 1920. Pretende-se discutir o uso pedagógico dessas imagens junto aos trabalhadores, a criação, difusão e circulação de símbolos e suas leituras possíveis no mundo do trabalho, bem como apresentar possibilidades metodológicas de utilização dessas imagens como fontes de estudo do período. Palavras-chave: Primeiro de Maio – imagens anarquistas – metodologia de análise DANÇA DAS OPOSIÇÕES: ANÁLISE DE FOTOS Isabel Cristina Vieira Coimbra Diniz Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG
Como explorar as relações entre linguagem e dança? Uma estratégia é dada pelo título do livro de Renato Cohen, Performance como Linguagem, que explicita um gesto razoavelmente comum no espaço entre os estudos da linguagem e outros campos de investigação. Com bastante conforto, acomodamos no espaço intelectual a noção de que podemos tomar certas práticas como linguagem. Ao fazer isso, comumente estamos apontando para um caráter de regularidade na produção de sentido e eficácia comunicacional, atributos que localizamos na linguagem por meio de nossa experiência cotidiana e que, por analogia, emprestamos a outras práticas sociais, como a perfórmance, a moda ou a dança. Grosso modo, no acontecimento da comunicação entre duas pessoas ou duas partes o que pode ser observado serão signos verbais e não-verbais, os quais o destinador comunica ao destinatário exprimindo o objeto cultural por meio de um nome e suas funções, ou seja, o objeto cultural torna-se um conteúdo e um signo concreto de uso virtual. Para Barthes (1977) existindo sociedade, toda função se transforma automaticamente em signo daquela função e tal coisa só é possível porque existe cultura. Por outro lado a cultura existe porque tal coisa é possível. ARTE EM ESPAÇO PÚBLICO: ESCULTURAS E NARRATIVAS VISUAIS EM IBIPORÃ – PR. Isabelle Catucci da Silva Universidade Federal do Paraná/UFPR
O artigo apresenta as relações entre a sociedade ibiporaense, situada norte do Paraná, e três linhas de discursos através de imagens: o artístico, o interpretativo (relacional) e o histórico. Deste modo, as discussões de obras de arte em espaço público, permeadas por meio de registros de jornais, documentos, livros de história, relatos e narrativas, e refletem com isso, percepções sobre a representatividade da imagem. Como os objetos podem ser lidos transversalmente com relação as pessoas? A partir desta implicação, analisar com auxílio dos estudos da Antropologia da Arte, as ‘texturas sociais’ (GELL, 1998), assim como os desdobramentos no tempo, por diferentes atores sobre estas esculturas, orientadas frente a problematização do espaço público, assim como a representatividade destas imagens enquanto registros, na história da jovem cidade. Palavras-chave: arte pública, imagem e história, antropologia da arte.
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NACIONALIZAÇÃO DOS QUADRINHOS BRASILEIROS NO BRASIL E CHILE (ANOS 1960 E 1970) Ivan Lima Gomes Universidade Estadual de Goiás/UEG
Histórias em quadrinhos (HQs), nacionalismo, disputas editoriais e história recente do Brasil e do Chile: o que todos estes temas podem ter em comum? Isso é o que este artigo pretende discutir. A partir das imbricações possíveis entre arte, mercado e política, procuro destacar a atuação de duas editoras em defesa da nacionalização do mercado editorial de quadrinhos: a brasileira CETPA (1962-1965) e a chilena Quimantu (1971-1973), inseridas, por sua vez, em conturbados períodos políticos da história recente da América Latina – respectivamente, os governos de João Goulart (Brasil, 1961-1964) e de Salvador Allende (Chile, 1970-1973). Ao lado de personagens da Disney, de Tarzan, Batman, Superman e outros super-heróis, as editoras CETPA e Quimantu, de acordo com as especificidades de seus respectivos contextos, articularam suas revistas em quadrinhos para a valorização do que consideravam parte da cultura nacional de seus países, ao mesmo tempo em que ingressavam nos debates e lutas em defesa da nacionalização dos quadrinhos. Diante deste quadro, algumas perguntas se fazem necessárias: quais serão os papéis das editoras CETPA e Quimantu sobre o mercado brasileiro e chileno, respectivamente? O que elas compreendiam como nacional e como alheio à realidade nacional de seus países? Por que optaram por seguir tal “linha editorial” em um mercado cujas publicações de quadrinhos eram predominantemente norte-americanas, com super-heróis e personagens infantis? Há alguma relação entre esta escolha com determinadas medidas políticas dos governos Goulart e Allende? Estas editoras, afinal, foram bem sucedidas em suas escolhas? Tentamos esboçar uma resposta a elas neste texto. Palavras-chave: Quadrinhos; Brasil e Chile (anos 1960-1970); Nacionalização. REPRESENTAÇÕES E NARRAÇÕES RELIGIOSAS: ANÁLISE DOS TEXTOS ESCRITOS E PINTURAS ACERCA DA NATIVIDADE DE MARIA Jacqueline Rodrigues Antonio Angelita Marques Visalli Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este trabalho tem por objetivo analisar o imaginário medieval mariano, em especial da baixa Idade Média, por meio das representações acerca do nascimento da mãe de Jesus, Maria. Para tanto é necessário a compreensão das narrativas do período sobre este tema, como também as evidências sobre a tradição que percorria. Para esta análise nos utilizamos de textos não-canônicos que apresenta essa tradição, pois são referências principais para as representações imagéticas, não se emprega aqui os textos canônicos pela falta de alusão ao tema da natividade mariana. Também é utilizada uma representação pictórica sobre a natividade da Virgem Maria para
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esta análise. Dentre os vários livros não-canônicos marianos foram selecionados o Protoevangelho de Santiago e o Evangelho do Pseudo Mateus. Para a análise das representações escolhemos A natividade da Virgem, pintado entre os anos de 13031305, localizada na Capela Arena, em Pádua, na qual é atribuída ao pintor florentino Giotto di Bondone (1267-1337), esta pertence a um conjunto de afrescos do qual faz uma narrativa do Novo Testamento segundo a tradição do período analisado. Com estes textos não-canônicos e imagem é possível traçar a formação desse imaginário acerca do nascimento de Maria, sendo este um dos elementos mais importantes para definir a devoção mariana. Palavras-chave: Religiosidade. Imaginário Medieval. Representações UMA CIDADE EM MOVIMENTO: O DESENVOLVIMENTO URBANO DE CASCAVEL A PARTIR DO ACERVO FOTOGRÁFICO DO MIS – MUSEU DA IMAGEM E DO SOM – DE CASCAVEL (1952 – 1983) Jael dos Santos Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE
O presente estudo constituiu-se a partir de reflexões surgidas no decorrer de minha pesquisa de conclusão de curso em História. Na composição desse esboço, também acrescento minha experiência enquanto estagiário do Projeto de Extensão “Ações para Higienização, Catalogação e Digitalização do Acervo do Museu da Imagem e do Som de Cascavel – MIS” o qual iniciou suas atividades no final de 2009. O supracitado projeto dispõe o acervo do MIS online e com isso evidencia e disponibiliza discursos não verbais – visuais – sobre a cidade de Cascavel na internet. A população urbana do município cresceu de forma vertiginosa nas décadas de 60 e 70 e esse desenvolvimento em muitas imagens aparece relacionado a iniciativas do poder público ocupado por representantes da elite local. A constituição de discursos fotográficos, tendo em vista caráter físico-químico da fotografia, expressa intencionalidades e permite que determinadas memórias sejam erigidas e percursos construídos. Buscar-se-á explicar, a partir da exposição de um determinado conjunto de imagens, como as referidas correlações aparecem e como informações “não visíveis” podem ser acrescentadas para historicizar as fotografias e a iniciativa do poder público de Cascavel expressa na divulgação do acervo do MIS na internet. Palavras-chave: fotografia; memória; acervos eletrônicos. AS CONTRIBUIÇÕES DAS IMAGENS PARA AS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS DA GUERRA SERTANEJA DO CONTESTADO Jaisson Teixeira Lino Universidade Federal da Fronteira Sul/UFFS
A Guerra Sertaneja do Contestado ocorreu nos Estados sulinos do Paraná e de Santa Catarina entre os anos de 1912 e 1916, resultando na morte de mais de 6.000 indivíduos entre sertanejos e militares. Diversos estudos acadêmicos tem sido desenvolvidos nas
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últimas décadas, resultando em uma interessante massa de trabalhos realizados em boa parte por sociólogos, historiadores e geógrafos. Do ponto de vista arqueológico, nenhuma pesquisa sistemática foi realizada até o momento com tal temática. Daí a importância de estarmos realizando um estudo de arqueologia do contexto geral deste grande conflito em nível de doutorado, que surgiu da constatação da existência de muitas ruínas e vestígios materiais relacionados à guerra em viagens pela região. Além das fontes materiais, as imagens podem fornecer importantes subsídios para a interpretação dos estudos sobre cultura material, destacando-se os aspectos de transformação capitalista da paisagem na região, por meio da implantação de ferrovias e indústrias extrativas, e pelo contexto da guerra como os locais de combate, os redutos santos e a tecnologia utilizada de lado a lado. Dentre alguns fotógrafos que realizaram trabalhos durante a Guerra do Contestado, destaca-se a figura de Claro Jansson, que documentou diversos aspectos do conflito e da paisagem cultural da região. Em síntese, este trabalho tem por objetivo discutir as colaborações das imagens para os estudos da cultura material de modo geral, contribuindo-se para a abertura do uso das fontes documentais nas pesquisas arqueológicas. Palavras-chave: Arqueologia Histórica, Guerra do Contestado, Cultura material. À MEIA-NOITE LEVAREI SUA ALMA: INVESTIGAÇÕES SOBRE MEMÓRIA NO CINEMA DE HORROR Janaina de Jesus Santos Universidade Estadual Paulista/UNESP Universidade Estadual do Oeste da Bahia/UESB
O objetivo deste estudo é investigar a memória de horror evocada na produção discursiva do filme À meia-noite levarei sua alma (1964), de José Mojica Marins pelas estratégias cinematográficas. Para tanto, está fundamentado nos pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa, com contribuições de Foucault (2007a, 2007b), Courtine (2006, 2008, 2009), Gregolin (2000, 2008) e Milanez (2006, 2009, 2011); estudos sobre cinema – Bernardet (2007) e Xavier (2001, 2005); bem como sobre horror – Cherry (2009), Carrol (1990) e Botting (2008). Ao tomarmos esse posicionamento teórico, analisamos o filme como lugar material, em que se realizam os efeitos de sentido, o que aponta para seu funcionamento enquanto materialidade específica que produz sentidos na constituição histórica. Desse modo, a remissão a memórias, sejam verbais ou imagéticas, é possibilitada pela repetibilidade da materialidade do enunciado que se transforma no tempo e no espaço. Constatamos que a produção de efeitos de sentido no discurso fílmico supõe o atravessamento entre memória e determinações históricas nas estratégias cinematográficas e a especificidade da sintaxe fílmica – seus processos e suas técnicas. Isso lançou luzes para que analisássemos as estratégias de câmera como produção discursiva relacionada a poderes e saberes que permitem uma certa maneira de dizer/mostrar. Assim, observamos no filme estudado que as estratégias cinematográficas materializam discursos, pois dizem/mostram gestos de posicionamento e saberes no tempo e no espaço. Palavras-chave: Discurso; Cinema; Memória.
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A IMAGEM DO CORPO NA HISTÓRIA DA ARTE: DO CORPO CONSTRUÍDO AO CORPO DESTRUÍDO Jardel Dias Cavalcanti Universidade Estadual de Londrina/UEL
Análise da representação do corpo na história da arte, privilegiando o estudo da ruptura que houve na idéia de corpo ideal/beleza ideal, como projeto da construção de um ideal humanista. A ruptura começa com os corpos em fragmentos na arte romântica, atravessa o expressionismo com o corpo destroçado pela guerra e pela liberação das pulsões, até chegar aos fragmentos cubistas e surrealistas e, finalmente, ao corpo como o próprio lugar da experiência artística nas performances do século XX. A pesquisa é resultado do projeto “Corpo e Arte”, desenvolvido no Departamento de Artes Visual da UEL. Palavras-chave: Corpo, Arte, Imagem do Corpo OLIVEIRA JUNKY: CHICLETE COM BANANA E A SÁTIRA AO ROCK BRASILEIRO DA DÉCADA DE 80 Jefferson Lima Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC A análise proposta, neste trabalho, demonstra como alguns segmentos do rock brasileiro foram satirizados pela revista Chiclete com Banana durante a década de 1980. Qual a proposta deste tipo específico de rock, que é críticado, e principalmente, quais tipos de jovens eram os consumidores da revista Chiclete com Banana. As histórias em quadrinhos, trabalhadas como fontes históricas, nos permitem entender a forma de pensamento de um grupo em determinado recorte, no espaço e no tempo. Para tanto pretende-se demonstrar como os quadrinhos da revista Chiclete com Banana - que trazem, em seu discurso e publico alvo, uma forte ligação com a contracultura ligada aos grupos jovens tidos como undergrounds - realiza uma crítica a alguns segmentos do rock brasileiro da década de 80. O rock brasileiro, intitulado como Brock, teve seu apogeu junto aos veículos midiáticos durante a década citada, trazendo uma miríade de influências e vertentes, tantas influências acabaram levando a diversas formas e formatos, que foram intitulados todos como Brock, levando assim a divergências musicais, que permitiram ao mercado fonográfico abocanhar diversos grupos consumidores. Para entender a crítica, e compreender o pensamento dos jovens pertencentes aos grupos contra-culturais, utilizaremos o arco de histórias da personagem Oliveira Junky, criada pelo desenhista e roteirista Arnaldo Angeli Filho Coutinho, presentes nas Chicletes com banana do numero 20 ao 22, traçamos o paralelo entre quais tipos de rock brasileiro são satirizados, ou não , pela revista, demonstrando quais são as semelhanças e diferenças apresentadas pela personagem. Palavras-chave: História em Quadrinhos – Chiclete com Banana – Rock brasileiro
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Lei Federal 10.639/2003: As possibilidades e os limites da utilização de imagens na sala de aula João Gabriel do Nascimento Gabrielle Carolina Silva Universidade Federal de Uberlândia/UFU
Atualmente a mídia desempenha uma função de extrema importância na educação, pois a partir do momento em que os meios de comunicação (impressos e televisão) associam a imagem de uma pessoa e/ou um grupo identitário, há informação e formação das representações sobre esses sujeitos. Assim, a utilização de imagens no cotidiano escolar pode ser considerada um ótimo recurso para aplicação da Lei Federal 10.639/2003, ou um mecanismo altamente capaz de ir de “contra mão” a valorização dos aspectos africanos e afro-brasileiros presentes em nosso cotidiano. O fato é que, no caso do Brasil, onde o racismo é camuflado/dissimulado, afirma-se não existirem diferenças entre negros e brancos, pois vivemos numa “democracia racial”, em que todos, independentemente da raça/etnia, têm acesso a tudo que a sociedade oferece, seja no campo político, econômico ou cultural. Porém, se esta “democracia racial” que vem sendo pregada desde os anos 30 do século passado é realmente verdadeira, a pergunta que ainda tem parcas respostas é: onde estão os negros nos livros didáticos e na mídia? E quando eles aparecem nos meios de comunicação (revista, jornal, televisão) quais são os “papéis” que eles desempenham? No caso da indústria de livros didáticos e da propaganda brasileira, até que limites há espaço para a negritude? E, como isso interfere no imaginário da população? Essas são algumas indagações centrais para problematizar e propor uma investigação seguida de análise sobre a imagem do sujeito negro nos livros didáticos e na mídia brasileira. Palavras-chave: Livro didático, Mídia e Racismo. LOUCURA, CONTROLE E VERDADE: O CASO “SHUTTER ISLAND” (2010) João Rodolfo Munhoz Ohara Universidade Estadual de Londrina/UEL
O poder psiquiátrico e a própria questão em torno do conceito de loucura são colocados em questão no filme “Shutter Island” (2010) de Martin Scorsese. Este trabalho busca analisar a construção discusiva elaborada em torno da psiquiatria ao longo do primeiro setor do filme, constituído pela narrativa vista “de dentro” da loucura, e problematizar a virada final, discutindo o cruzamento dos conceitos de loucura, sanidade e verdade. Para tanto, nosso trabalho dialoga com textos de Sigmund Freud sobre paranóia e as reflexões de Michel Foucault acerca da constituição do poder psiquiátrico a fim de estabelecer os pontos de ancoragem a serem destacados na obra de Scorsese. Nosso objetivo último é construir uma possibilidade de abordagem do filme para estudar o poder psiquiátrico conforme compreendido pelo ocidente contemporâneo. Palavras-chave: poder psiquiátrico, loucura, cinema
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HERÓIS OU VILÕES NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE DUAS JOVENS NAÇÕES? REPRESENTAÇÕES DO GAUCHO ARGENTINO E DO CAIPIRA BRASILEIRO NOS PROJETOS NACIONAIS PÓS-PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA Jonathan de Oliveira Molar Universidade Estadual de Ponta Grossa/UEPG
O presente trabalho propõe-se a discutir as representações elaboradas acerca do caipira brasileiro e do gaucho argentino a partir da visão de uma série de intelectuais do Brasil e da Argentina - dentre eles: Monteiro Lobato, Amázio Mazzaropi, Domingo Sarmiento, José Hernandez etc - por meio do cinema, pinturas e obras literárias durante a construção das Repúblicas nesses países. Apesar de distintas temporalidades, isto é, a Argentina ao adotar o regime republicano no início do século XIX apresenta as discussões sobre a formação da identidade nacional e de suas figuras típicas anteriormente à história brasileira, a qual se dá no início do século XX; ressalta-se, contudo, que a divergência temporal em nada diminui a riqueza das discussões sobre o gaucho e o caipira, pelo contrário, enriquece-as. Pois, havia discussões e possíveis aproximações de dois países vizinhos recém republicanos e de uma série de grupos e/ou indivíduos que ansiavam liderar projetos políticos, econômicos, culturais e educacionais, cuja abordagem perpassaria pelo passado, presente e futuro nacional. A ferramenta metodológica utilizada para a leitura das imagens e das obras literárias trata-se da noção de representação, pois, compreende o conjunto documental como historicamente elaborado e visualizado de um determinado ponto do sistema social. Palavras-chave: representação, identidade, formação do Estado republicano. AS IMAGENS RELIGIOSAS DOS VIKINGS Johnni Langer Universidade Federal do Maranhão/UFMA
A pesquisa realiza um levantamento analítico de algumas das principais imagens religiosas veiculadas na Escandinávia durante a Era Viking, concedendo destaque para as representações visuais com caráter simbólico, mitológico, e diretamente relacionadas com a tradição oral e artística dos tempos pagãos. As principais fontes abordadas são monumentos pétreos, estátuas, objetos cotidianos e figuras esculpidas das ilhas britânicas, Noruega e báltico sueco, todos datados entre os séculos VII a XI d.C. Nossos principais referenciais teóricos são os estudos de Jean-Claude Schmitt, Jêrome Baschet, Neil Price e Régis Boyer. Palavras-chave: religiosidade no medievo; Escandinávia da Era Viking; símbolo e imagem
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PERFORMANCE, IDENTIDADE E AUTO-IMAGEM José Fernando A. Stratico Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este artigo é resultado das pesquisas realizadas no projeto Identidade, Jogo Cênico e o Objeto/Imagem – Departamento de Música e Teatro – UEL –, e apresenta uma análise a respeito dos processos de construção da imagem performática presentes no decorrer do século XX. Busca-se demonstrar os modos pelos quais homens e mulheres construíram imagens de si em situação cênica ou performática. A partir da análise de fotografias, relatos, depoimentos e manifestos, apresentamos perfis e autoimagens de artistas que, por meio de processos cênicos e performáticos, definem e articulam identidades para si e para o outro. O foco desta análise recai, assim, sobre experiências performáticas que revelam um jogo cênico em seu interior que é marcado pela presentificação do performer. Este teatraliza o eu e o presentifica no momento da performance. Exemplos das experiências da Body Art assim como de vários outros momentos da história da performance – em especial as proposições de Lygia Clark – caracterizam um estado em que a identidade da(o) artista se fragmenta para ser reconstruída posteriormente pelas imagens de seu ato performático. A fotografia é articulada, deste modo, não somente como mero registro, mas como parte de um todo (discursos lingüísticos, manifestos, ações) que articulam o fluxo de identidades e auto-imagens. Palavras-chave: Performance; Identidade; Auto-imagem TEATRO E CULTURAS POLÍTICAS: ANDORRA E SUAS FOTOGRAFIAS José Gustavo Bononi Universidade Federal do Paraná/UFPR
Este artigo pretende apresentar certo viés metodológico para análise de imagens da história do teatro brasileiro da segunda metade do século XX: a leitura de imagens a partir de indícios de culturas políticas. Partindo da peça teatral Andorra, de Max Frisch, interpretada pelo Teatro Oficina de São Paulo no ano de 1964, com direção de José Celso Martinez Corrêa, analisar-se-ão determinadas fotografias da referida peça encontrando possibilidades de estudo e demonstrando aspectos de culturas políticas do grupo teatral e da peça escolhida para encenação, ao mesmo tempo cotejando com o período e o contexto político do Brasil no ano de 1964. Como metodologia, o trabalho enfatizará o isolamento das imagens, ressaltando aspectos formais, sociais e semânticos das fotografias. Objetiva-se, por meio do exposto, explorar as relações entre história e imagem, e contribuir com a demanda de pesquisas na historiografia do teatro brasileiro. Palavras-chave: Teatro Oficina, imagens, culturas políticas.
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Imagens do Maringá Velho José Luiz de Souza Emerson Dias dos Santos Faculdade Maringá
Este trabalho é parte dos resultados de uma monografia que retratou o bairro que deu início à cidade de Maringá, conhecido como Maringá Velho. Aqui apresentamos as imagens organizadas em um fotodocumentário. A metodologia adotada consistiu de pesquisa bibliográfica, entrevistas com pioneiros e historiadores e saídas a campo para captura de imagens. Historicamente, o local surgiu como uma espécie de acampamento para suprir as primeiras necessidades da população rural da região, que lá acorria para comprar mantimentos, ferramentas, sementes e alguns serviços, bem como para atender as necessidades da construção da cidade planejada para ser erguida num espaço físico mais adiante. Sua arquitetura ainda guarda resquícios de um passado próximo e muitos pioneiros permanecem lá, com suas residências e estabelecimentos comerciais, mantendo um jeito de cidade pequena. A fotografia foi utilizada como registro e testemunho, sendo que se procurou valorizá-la como documento histórico, como forma de contribuir na perpetuação e na democratização da memória. O fotodocumentário é composto por 40 fotografias ordenadas e mixadas com depoimentos, em vídeo, dos pioneiros e historiadores, resultando em uma peça finalizada em mídia DVD com duração de 8 minutos. Palavras-chave: Maringá Velho, Fotografia; História as fotografias de lewis w. hine como fontes para a História do trabalho infantil nos estados unidos (1908-1924) José Pacheco dos Santos Júnior Kamilla Dantas Matias Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB
As imagens fotográficas, identificadas e analisadas objetiva e sistematicamente, constituem-se em fontes inestimáveis para a recuperação das memórias, tanto individuais como coletivas. Na medida em que seleciona personagens, cenários e fatos e lhes atribui valores, o fotógrafo dialoga com o seu próprio tempo de produção e viabiliza leituras e interpretações a todos aqueles que tomam como fonte o resultado do seu trabalho. A partir da produção fotográfica do estadunidense Lewis Wickes Hine objetiva-se discutir e evidenciar a potencialidade do uso da iconografia fotográfica para a pesquisa histórica e, em especial, para a elucidação de aspectos da história do trabalho infantil na primeira metade do século XX. Entre 1908 e 1924, a serviço do National Child Labor Committee, Hine registrou e denunciou através de sua câmera, as inúmeras faces do trabalho de crianças e jovens nos Estados Unidos e deu uma contribuição decisiva para o debate sobre o emprego do trabalho infantil no mundo contemporâneo. Palavras-chave: Lewis W. Hine; Trabalho Infantil; Fotografia.
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REPRESENTAÇÕES DOS JUDEUS NAS CHARGES DA REVISTA CARETA José Vinicius Gouveia Torrentes Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Unioeste
O trabalho apresentado é parte da pesquisa que está sendo realizada no programa de mestrado em História da Unioeste, e visa analisar charges e caricaturas como imagens de que configuram uma imagem dos judeus, publicadas na revista Careta durante o governo Vargas. Essas imagens fundamentalmente contemplavam idéias racistas e anti-semitas. Nesta etapa da investigação realizamos uma análise dessas charges e caricaturas com preconceito aos imigrantes e, mais especificamente, ao povo judeu. Aplicamos a metodologia da análise de discurso e usamos como importante referencial, os estudos de Hannah Arendt, que apresentam o anti-semitismo não como secular, versão de superstições medievais, mas como decorrente de uma sucessão histórica de acontecimento, dividindo-se em tradicional e moderno. Desta forma, analisamos não só os traços das charges, mas também o editorial e o contexto da revista, utilizados como mecanismos de publicações de idéias racistas. Palavras-chave: judeus; charges; preconceito. EDUCAÇÃO PATRIMONIAL, MEMÓRIA E ORALIDADE EM NARRADORES DE JAVÉ Josineide Alves da Silva Maria de Lourdes Zizi Trevisan Perez Universidade do Oeste Paulista/UNOESTE
Esse artigo integra um estudo que reconhece a potencialidade de filmes como fonte para pesquisa em educação, utilizando o cinema como uma forma de linguagem na sala de aula, no sentido de articulação com o currículo/conteúdo, habilidades/ competências e temas interdisciplinares atuais. Nessa perspectiva, cabe sugerir um projeto interdisciplinar, utilizando o filme: Narradores de Javé (2003) – produção cinematográfica dirigida por Eliane Caffé, sendo ambientado em cidades como: Bom Jesus da Lapa e Gameleira da Lapa (BA). Observando de que maneira os argumentos do filme tendem a elucidar, sobre aspectos específicos de comunidades sertanejas no interior do Estado da Bahia. Sobretudo, destacar os sentimentos de pertencimento que são manifestados nas falas dos seus personagens, reveladoras de uma valorização da cultura local e da identidade que ali construíram. Refletindo as abordagens sugeridas na ficção e repensando a realidade social, pois seu enredo pauta-se em discussões sobre questões pertinentes ao patrimônio cultural imaterial, a história oral, a ética no campo profissional, a linguagem utilizada no vilarejo e características específicas do sertão baiano. Uma forma de trabalho que objetiva sensibilizar e despertar em alunos o interesse para a necessidade de se respeitar, valorizar e preservar os monumentos públicos e bens culturais materiais e imateriais por estarem ligados a aspectos do cotidiano e à memória de comunidades em diferentes contextos socioculturais. Palavras-chave: Educação; cinema e patrimônio;
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A ICONOGRAFIA SEDUTORA DE FLAUTISTAS: O PODER DA MÚSICA. Jozimar Paes de Almeida Universidade Estadual de Londrina/UEL
Nosso objetivo principal é o de expressar o poder exercido pela música por intermédio de seus executores aos ouvintes, tomando como fontes algumas representações iconográficas alusivas a este domínio, para isso visamos na descrição da imagem à compreensão das condições históricas de sua produção. A especificidade de nossa análise remete-se a 4 imagens de flautistas, com personagens e momentos distintos as quais consideramos representativas para estabelecermos nossa análise. Tratam-se dos flautistas personagens de literatura Ocidental e Oriental: Pã, Krishna, Hamelin e um ídolo do rock Yan Anderson, líder da banda inglesa Jethro Tull. Tendo em vista os personagens escolhidos, nossa periodização percorre como aludida por Fernand Braudel, uma longa duração. Nosso instrumental teórico-metodológico fundamenta-se na dinâmica relacional dos sentidos, como valores construídos historicamente e a matéria propriamente dita: “Como os sentidos não são indiferentes à matéria significante, a relação do homem com os sentidos se exerce em diferentes materialidades, em processos de significação diversos: pintura, imagem, música, escultura, escrita, etc. A matéria significante e/ou a sua percepção–afeta o gesto de interpretação, dá uma forma a ele.” (ORLANDI, 1996: 12.) Nossos resultados buscam apresentar alternativas de interpretação do poder simbólico iconográfico e musical, possibilitando a construção crítica de um conhecimento auto-referenciador, portanto, autônomo e poiético, isto é, criador. Palavras-chave: Cultura e Poder, História e Imagem, Imagem e Música. A REPRESENTAÇÃO FOTOGRÁFICA DOS OUTROS: MÚLTIPLAS POSSIBILIDADES DE CONSTRUÇÕES E DE LEITURAS Júlia Mariano Ferreira Paulo César Boni Universidade Estadual de Londrina/UEL
Moradores de favelas brasileiras percebem-se representados de forma estigmatizada pelas fotografias de imprensa, num discurso que, por ser legitimado, tem o poder de confirmar estereótipos e posicionamentos ideológicos. Na contramão desse processo surgiu, e vem se consolidando nas duas últimas décadas, um movimento de autoafirmação desses sujeitos excluídos da sociedade, os outros. Com proposta de inclusão visual, por meio de representações endógenas, o movimento objetiva valorizar a biografia desses moradores e desencadear um processo de reconstrução social, baseado nos princípios da cultura visual. Palavras-chave: (Auto)representação, fotografia, inclusão visual
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A IMPORTÂNCIA DOS COMPONENTES GRÁFICOS PARA A VISUALIDADE Juliana de Oliveira Teixeira Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este trabalho demonstra a necessidade de domínio dos componentes gráficos para a obtenção de produtos visuais agradáveis. Para tanto, aponta os principais elementos que formam a página impressa – ponto, linha, massa, fotografias, composição, tipografia, cores, impressão, papel e acabamento – de modo a destacar a função de cada um e a maneira como devem trabalhar em equilíbrio na diagramação. Retoma a evolução histórica das ferramentas gráficas e a forma como ela se refletiu no visual da produção impressa. Por meio da revisão de conteúdo de livros técnicos e de composição, o estudo mostra que, quando mal diagramados, os elementos que integram a página prejudicam a visualidade e, consequentemente, a recepção da mensagem impressa. Por outro lado, quando bem aplicados, potencializam a informação e a atenção do receptor. Palavras-chave: Visualidade. Composição. Produção Gráfica. A GRAVURA COMO RECURSO VISUAL NA IMPRENSA COMUNISTA (1945/1957) Juliana Dela Torres Universidade Estadual de Londrina/UEL
Desde sua fundação em 1922, o Partido Comunista do Brasil defendeu a ideia da criação de sua imprensa como forma de propaganda política. Em 1945, com a legalidade do partido, essa imprensa passou a contar com a colaboração de expressivo número de intelectuais. Em meio aos textos, diferentes recursos imagéticos foram utilizados: caricaturas, charges, ilustrações, histórias em quadrinhos e gravuras. A proposta para esta mesa temática é apresentar uma análise do debate artístico o qual enfatizou a necessidade de uma arte “realista” e destacou a gravura como canal de comunicação e denúncia. Muitas das imagens foram utilizadas pela imprensa comunista a fim de ilustrar artigos e matérias ou para ocupar espaço das páginas dos periódicos comunistas. Diante dessas obras, é possível visualizar o homem, a mulher e a criança em cenas da vida urbana ou rural, a situação dos trabalhadores e sua mobilização, o drama diante de guerras e perseguições, as assembleias, entre outros temas. Dentre as representações, verifica-se a constante figura das mulheres, o que evidencia a importância delas para os projetos do PCB. Palavras-chave: gravura, imprensa comunista, mulheres.
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IMAGENS EM MOVIMENTO: A ESTÉTICA CRIADORA DO CARNAVALESCO PAULO BARROS Juliana dos Santos Barbosa Universidade Estadual de Londrina/Uel
Este artigo apresenta uma análise do processo de criação artística de Paulo Barros, carnavalesco do grupo especial das escolas de samba do Rio de Janeiro. Selecionamos alegorias e fantasias elaboradas pelo artista entre os anos de 2006 e 2010, que serão analisadas a partir dos pressupostos conceituais das teorias da criação e dos signos. Os estudos apontam para uma estética criadora focada em imagens que agregam informação e movimento, gerando uma comunicação eficaz com o público espectador. Palavras-chave: Imagem, Paulo Barros, Estética Criadora IVAIPORÃ: HISTÓRIAS A PARTIR DE FOTOGRAFIAS E ORALIDADE Juliana Mastelini Moyses Universidade Estadual de Londrina/UEL
O presente trabalho recupera parte da história de Ivaiporã (PR), entre os anos de 1948 a 1975, sob a ótica dos que ali viveram ou vivem, com o suporte das fotografias. Mais do que ilustrações, as fotografias são usadas como fonte de pesquisa histórica e auxílio à memória. O trabalho analisa o papel que a fotografia exerce como detonadora do gatilho da memória aliando o seu uso ao da história oral. A metodologia adotada traz revisão bibliográfica, análise iconográfica e história oral. As obras Fotografia e História, de Boris Kossoy e Walter Benjamin: Aviso de Incêndio: Uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”, de Michael Löwy são alguns dos referenciais teóricos do trabalho, por abordarem concepções menos rígidas e alternativas de história, assim como o artigo Vale do Ivaí: Conflitos e ocupação de terras regionais, de Lúcio Boing, e a monografia Companhia Ubá: Colonização e ocupação do território entre os rios Ivaí e Corumbataí (1939-1970), de Simone Aparecida Quiezi, na busca de informações sobre o município para a compreensão de sua história. O trabalho consegue, mesmo que parcialmente, dar voz aos que foram alijados no processo histórico e trazer versões oficialmente desconhecidas, mas importantes para a compreensão histórica, além de observar a relação que a fotografia estabelece com a memória. Palavras-chave: Fotografia e memória; história oral; história de Ivaiporã (PR). A representação como jogo: lendo imagens de Eduardo Coutinho Juliana Muylaert Mager Universidade Federal de Uberlândia/UFU
Nesta proposta de trabalho, tenho como objetivo apresentar parte dos resultados de minha pesquisa de monografia Jogo(s) de cena: documentário, historiografia e representação, em que foram abordadas algumas relações entre historiografia e
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documentário, passando pelos conceitos de representação, narrativa, documento e testemunho. Dessa maneira, para o presente trabalho proponho apresentar as discussões desenvolvidas em torno do conceito de representação, objeto de um dos capítulos, em que visava estabelecer um diálogo entre o cinema de Coutinho e os debates sobre o conceito de representação no campo da história e das artes. Assim, foram escolhidos como objeto de reflexão dois filmes do cineasta brasileiro Eduardo Coutinho, Jogo de cena (2007) e Moscou (2009). Ao se constituírem como obras ensaísticas e questionadoras da visão do documentário como espelho da realidade, estes filmes tocam no tema da representação, recolocando as fronteiras entre ficção, real e documentário. Divisões rígidas entre os gêneros perdem sua validade, em favor de uma posição que privilegia as sutilezas e faz dessas tênues e fraturadas fronteiras o potencial criador do artista. Aqui o interesse está nas formas através das quais o diretor questiona a noção de verdade, construindo jogos complexos, em que as próprias relações com o cinema e a representação são colocadas em questão. Acreditase que, longe de significar uma dissolução do campo historiográfico, estas posturas possibilitam uma maior abertura da história para uma diversidade de objetos e trocas com o campo da cultura e da arte. Palavras-chave: Representação; Historiografia; Documentário REALIDADE E REPRESENTAÇÃO NOS VÍDEOS DO “RODA MEMÓRIA” Juliana Oshima Franco Universidade Estadual de Londrina/UEL
Realidade e representação são idéias responsáveis por um extenso debate no campo dos estudos sobre a imagem. Da fotografia à imagem digital, essa dicotomia permanece até hoje, com mais ou menos fôlego, sendo abordada a partir das mais diferentes perspectivas teóricas. Um rápido passeio por esse debate nos permite verificar, nos usos do vídeo digital na atualidade, a importância desse caráter dual da imagem, especialmente da imagem em movimento, como ferramenta estratégica de grupos sociais, entre os quais destacamos os grupos londrinenses que participaram do projeto Roda Memória, uma iniciativa do Núcleo de Comunicação Popular e Comunitária da AlmA (Associação Intercultural de Projetos Sociais). Palavras-chave: vídeo digital; realidade; representação. À SOMBRA DA MORTE: A GROTESCA SENSUALIDADE DA REPRESENTAÇÃO DA VIDA DURANTE A MORTE Juliana Porto Chacon Humphreys Universidade Nove de Julho/UNINOVE
Desde que Freud ensaiou um artigo sobre o que ele mesmo denominou de estética do estranhamento em 1919, ou seja, uma estética que é ao mesmo tempo inquietante
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e fascinante, inúmeros estudos sobre imagens que exaltam o grotesco passaram a ser desenvolvidos. Ao longo do século XX estabeleceu-se uma extensa produção artística e midiática calcada no monstruoso e no repulsivo como matéria-prima para a percepção. Embora marginalizada, essa subcultura foi determinante em muitos aspectos, pois ajudou a formatar um repertório importante de imagens que fazem parte da cultura pop contemporânea. Inicialmente inspirada no melancólico e soturno movimento gótico vitoriano, a atual manifestação artística do horror está amparada por uma extensa simbologia que se entrelaça aos aspectos psicossociais e que permanece transmutando pelos suportes sem perder a gênese gótica repleta de significados. Mantendo um forte apelo estético as produções atuais parecem estar envolvidas em um interesse pelo autômato, pelo morto-vivo, um estranho tipo apático, que se apresenta grotescamente vivo, mas ao mesmo tempo, sensualmente morto. À Sombra da Morte: a grotesca sensualidade da representação da vida durante a morte é um artigo que tem como objetivo ensaiar alguns aspectos que possibilitem elucidar a lacuna entre a percepção e a imaginação no discurso do estranhamento, com foco na simbologia das imagens provenientes da arte gótica contemporânea, mais especificamente das produções realizadas na primeira década do século XXI. Baseado nos textos de Freud e na visão fornecida pela teoria semiótica de Charles S. Peirce, o artigo contribuirá para a elucidação das motivações latentes desse discurso recorrente que exalta a vida numa espécie de morte. Palavras-chave: Imagem; Gótico; Semiótica. A transgeneridade como fenômeno de borda em fotografias de Nan Goldin Juliana Salles de Siqueira Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG
Ao observar um conjunto de retratos fotográficos produzido por Nan Goldin entre os anos 1970 e 1990, é possível estabelecer relações entre a tematização da experiência da transgeneridade e a afirmação de determinados valores, dentre os quais a coragem e a maleabilidade. Essas relações emergem textual e visualmente nos relatos da artista e no exercício de criação de pequenas narrativas fotobiográficas que constituem o seu livro intitulado The Other Side (2000). Em tal trabalho, Goldin caracteriza suas amigas travestis, transexuais e queens a partir da declaração de seu caráter subversivo e revolucionário, de sua capacidade de contestação da binaridade dos gêneros e de proposição de novas zonas de vivência do desejo. O presente artigo busca compreender de que maneira o posicionamento afirmativo da fotógrafa se produz efetivamente no repertório imagético que compõe o livro em questão. A partir da análise dos elementos composicionais das fotografias, compreendidos como organizadores da gestualidade das personagens retratadas, bem como da sequencialização e constituição de unidades temáticas e biográficas, busca-se indicar como tais narrativas agenciaram novas visibilidades e construíram, a partir de uma estética de apelo documental, a transgeneridade como a possibilidade do anômalo – termo entendido, à maneira
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de Deleuze e Guattari (2007), como um “fenômeno de borda”, “condição da aliança necessária ao devir”. Palavras-chave: fotografia, valores de gênero, transgeneridade Todos A bordo! Os passageiros da “Nave dos Loucos” de Bosch Kamilla Dantas Matias Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/ UESB
Um procedimento em relação aos loucos aparece com frequência nas criações literárias e artísticas do final da Idade Média: a deportação. Os loucos deveriam ser deslocados para além dos muros da cidade, da corte, dos espaços ordenados. Ao lado dos loucos clássicos da literatura, como Merlin e Yvain, autoexilados em uma vida selvática, à margem do mundo habitado, a Idade Média nos legou a célebre imagem da nave dos loucos, embarcação que trazia a bordo homens e mulheres expurgados do convívio cotidiano com as pessoas “normais”. Subordinado a convenções estéticas e conceituais próprias ao seu tempo, mas, por outro modo, orientado por um impulso criador resultante da sua experiência individual, o artista dedicado a registrar, por meio de seu trabalho, a imagem da nave, fez alocar pessoas em seu interior. A individualização dos passageiros resulta de um processo complexo de seleção, classificação e valoração negativa de determinados procedimentos, entendidos como lesivos ao bom funcionamento da ordem universal. Objetiva-se analisar e contextualizar as representações da Nave dos Loucos de Jerônimo Bosch, com enfoque sobre os passageiros que nela se encontram, seus caracteres físicos, sociais e comportamentais, bem como as razões de sua deportação. Palavras-chave: Loucura; Nave dos Loucos; Bosch. “NO SILÊNCIO DO OLHAR, A COMPREENSÃO DA PALAVRA” – O DISCURSO IMAGÉTICO DA RELIGIOSIDADE NA IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DAS MERCÊS DE TIRADENTES, MG. Kellen Cristina Silva Universidade Federal de São João Del Rei/UFSJ
A imagem possui um poder de persuasão muito maior se comparado ao discurso oral e escrito, isso porque a visão é um sentido muito mais sensível ao ambiente do que os outros dois e contribui imensamente com nossa imaginação. Já a imaginação é um reduto de imagens que se formam na mente das pessoas que escutam ou que lêem sobre alguma coisa. Assim, não podemos fugir do imperativo imagético na composição de discursos, uma vez que estamos condicionados a formular nossas próprias imagens em nossa imaginação. A produção de determinadas imagens vai de encontro com um ponto de vista pautado em um discurso oral ou escrito. Isso era bastante comum durante períodos em que as taxas de analfabetismo eram imensas e
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os “evangelizadores”, tinham que adaptar o discurso escrito ao oral, mas com receio de não alcançar o sucesso. E mesmo conseguindo passar o discurso pré-determinado, corria-se o risco de ser mal interpretado, criando nos ouvintes uma imagem errada do que se queria dizer, devido à imaginação, justo porque “O processo de simulação não é o da imagem em si, mas o da relação com o sujeito”. (Xavier, 1998, p.379). Dessa forma, nossa comunicação se baseia na formulação iconográfica das pinturas presentes na igreja mineira do século XVIII/XIX, de Nossa Senhora das Mercês em Tiradentes. O processo criativo da imagem, com a interação dos comitentes, pintor e receptores é a questão que permeia a busca pela importância das imagens dos forros nas igrejas barrocas mineiras, justo porque demonstra uma mentalidade, um discurso de época. Palavras-chave: Iconografia, Irmandade e discurso UM ESTUDO DO CONCEITO DE HÁBITO NAS IMAGENS DO MEDIEVAL HOUSEBOOK Laís Boveto Universidade Estadual de Maringá/UEM
No período de transição da Idade Média para a Idade Moderna é possível observar profundas transformações na estrutura social e emocional. O governo, a economia, a educação e a arte sofrem modificações que determinarão novas formas de pensamento, hábitos, comportamentos e sentimentos humanos. Nesta comunicação, apresentaremos uma análise a respeito do conceito de hábito no contexto do século XV. Acreditamos que, por meio dos hábitos comuns em um determinado período histórico, é possível analisar sob quais princípios morais e éticos os homens foram educados. A fonte principal para o estudo serão as imagens do Medieval Housebook – manuscrito cujas imagens foram produzidas por um artista anônimo que viveu no final do século XV, por volta de 1480. Para tanto, o caminho metodológico a ser seguido é fundamentado na concepção de História Social de Marc Bloch e no conceito de sociologia da arte de Pierre Francastel. Palavras-chave: História da educação medieval. Medieval Housebook. Hábito. AS IMAGENS DAS MULHERES NA REVISTA ILUSTRAÇÃO BRASILEIRA (1937-1944) Lara Lopes Universidade Federal de Uberlândia/UFU
O presente trabalho visa analisar as imagens de mulheres veiculadas na revista Ilustração Brasileira, publicação mensal da imprensa ilustrada da primeira metade do século XX. As revistas utilizadas para a pesquisa fazem parte da coleção do acervo do Centro de Documentação e Pesquisa em História (CDHIS) da Universidade Federal de Uberlândia. Foram pesquisadas revistas do período entre 1937 e 1944 das quais foram
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selecionadas 55 imagens publicadas, ainda que não em uma seção específica. Tratase de fotografias de figuras femininas de renome da época, em sua maioria símbolos hollywoodianos exibindo um cigarro na mão. Tais imagens sempre aparecem vinculadas a um texto explicativo que tende a esclarecer como as mulheres representam exemplo do que é ser bela e moderna, adjetivos vinculados ao ato de fumar. A singularidade é que não se tratam de campanhas publicitárias. Desse modo, busca-se discutir através da análise das imagens bem como dos textos a elas associados, o redimensionamento de hábitos e valores no que se refere ao comportamento feminino apresentado nas páginas da revista no período, bem como a. criação por este periódico de uma imagem para a mulher “moderna”. Palavras-chave: Imagem; Revista Ilustrada; mulheres IMAGENS E MEMÓRIAS: A FOTOGRAFIA COMO DOCUMENTO E FONTE DE PESQUISA PARA A RECUPERAÇÃO HISTÓRICA DA COLÔNIA ESPERANÇA (1935-1963). Larissa Ayumi Sato Universidade Estadual de Londrina/UEL
A utilização de fotografias como fonte de pesquisa e documento histórico tem se configurado como importante instrumento no processo de reconstituição da história de lugares de colonização recente, como a Colônia Esperança, comunidade rural situada na cidade de Arapongas, norte do Paraná. O presente estudo considera que o resgate das imagens antigas desta comunidade e a busca por detalhes que possam contextualizálas tornam-se ferramentas importantes para recuperação de cenários que hoje se encontram modificados pela passagem do tempo. No caso da colônia, que surgiu como um reduto de japoneses católicos em busca de terras férteis e melhores condições de vida em torno de uma ideologia comum (manter suas práticas religiosas e os costumes de seu país de origem), este tipo de análise se torna particularmente relevante devido ao fato de que a história local não se encontra devidamente sistematizada. A comunidade foi fundada em 1935, antes mesmo da cidade Arapongas, que iniciou em 1937; fruto da colonização pela Companhia de Terras Norte do Paraná. Neste sentido, esta pesquisa, fruto da dissertação de mestrado, adota como procedimentos metodológicos a leitura, a análise iconográfica e a interpretação iconológica dos elementos da fotografia, pesquisa bibliográfica e documental, além da história oral como técnica para resgatar aspectos da colonização e da vida cotidiana das décadas iniciais (30 a 60) da localidade. Espera-se que a sistematização dos conhecimentos obtidos, enriquecida com imagens raras que se encontravam em poder das famílias de pioneiros da Colônia Esperança, depoimentos e documentos inéditos, contribua para evidenciar o papel da fotografia como documento histórico e fonte de pesquisa. Palavras-chave: Fotografia, História, Colônia Esperança.
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OBRA ESTÁTICA: UM BICHO DE LYGIA CLARK NA PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO Larissa Chagas Daniel Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
Como principio uma proposição, hoje peça de museu, uma obra de arte. O Bicho: caranguejo duplo de Lygia Clark, adquirido pela Pinacoteca do Estado de São Paulo na década de 1970, permanece estático nas exposições. Um patrimônio preservado, uma proposição despida de sua função. Artista/ propositora Lygia Clark iniciou seus estudos em desenho e pintura orientada por Roberto Burle-Marx, por um longo período participou da vanguarda concretista brasileira, por fim deixou-se levar por suas percepções e experiências sensoriais. Reconhecida no campo das artes plásticas/ visuais a série Bichos, representa para obra de Lygia Clark o principio da participação dos espectadores, são esculturas, objetos manipuláveis que assumem assim diferentes formas diante da ação do sujeito. Parte do acervo de museus, e colecionadores os Bichos em sua maioria assumem uma forma estática, não mais em contato com espectadores tendem a ser preservados, conservados. Mas ao destituir da obra/ proposição sua forma/ função, o que os colecionadores e museus estariam conservando ou preservando? Pretendo neste artigo, apresentar uma reflexão acerca da política de preservação e conservação do patrimônio artístico, em especifico da obra Bicho: caranguejo duplo de Lygia Clark, parte do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Palavras-chave: Lygia Clark, Arte participativa, Patrimônio. Features, candids e spots: o momento de ouro da fotografia de imprensa e a contraposição com as fotoproduções e com a ausência do instante decisivo no fotojornalismo contemporâneo Lauriano Atílio Benazzi Universidade Estadual de Londrina/UEL
O estudo traça um paralelo entre dois momentos do fotojornalismo: em uma esfera a chamada “primeira revolução”, com as fotografia de imprensa trazendo o peso estético e informativo das candid photographies e das features photos, multiplicadas à poética visual do “instante decisivo” e à força informativa das spot-news; e em outro extremo o paradoxo cenário contemporâneo com o empobrecimento do valor informativo das imagens, cada vez mais ricas esteticamente, mas impregnadas com o artificialismo fake da pós-modernidade. Como vetores analíticos para este contraponto entre passado e presente foram aplicadas as ferramentas desenvolvidas pelo autor na dissertação de mestrado Fotojornalismo: taxonomias e categorização de imagens jornalísticas, cujas propostas, entre outras, foram descrever alguns dos gêneros do fotojornalismo e apontar elementos para a análise de fotografias jornalísticas. O cruzamento das nuances aqui expostas coloca em uma mesma arena duas fases e faces da fotografia
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de imprensa e utiliza como referenciais históricos e objeto para a resposta às acepções, fotografias de três dos protagonistas das fases de “glória” do fotojornalismo: Erich Solomon, Henri Cartier-Bresson e Robert Capa. Fechando a contraposição, buscouse nas fotografias publicadas em dois jornais brasileiros, Folha de S. Paulo e Folha de Londrina, a preliminar resposta relativa a uma suposta ausência do “instante decisivo” nas páginas dos veículos impressos brasileiros. Palavras-chave: Gêneros do fotojornalismo; instante decisivo; candid photography; feature photo. Calvin e Haroldo: As Relações do Universo Fictício e o Mundo Real Leandro César de Paula Neves Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este artigo tem como intuito apresentar uma relação da criação do cartunista Bill Watterson, Calvin e Haroldo (Calvin & Hobbes originalmente), a visão de mundo do personagem e sua interação com a realidade e seu cotidiano. Uma relação com a realidade de nossa sociedade e a capacidade de adaptação do comportamento social ao contexto do mundo real. Com base nesses aspectos este artigo visa apresentar a relação do personagem Calvin com os problemas que podem causar uma reflexão a todo leitor que tenha acesso a suas tiras de quadrinhos através de um estudo bibliográfico. Com base nos quadrinhos de Watterson e na análise desse ambiente proposto veremos como o humor é utilizado de forma expressiva refletindo as idéias do autor e sua crítica à sociedade e seus moldes de funcionamento. Apresentar as cenas singulares que Calvin enfrenta e sua maneira sutil de encarar situações corriqueiras e comuns a diversas crianças de sua idade. Como o personagem enfrenta seus desafios com a capacidade de propor visões fantásticas e/ou fantasiosas não como forma de fuga da realidade, mas como novas resoluções para problemas enfrentados por uma criança de seis anos. Uma visão que mostra a capacidade de relacionar o mundo real com o mundo particular e imaginário, sua interação com os estudos, relações familiares, relações humanas, convivência social e suas soluções e respostas pouco ortodoxas para situações corriqueiras encaradas pelo menino e seu tigre de pelúcia. Palavras-chave: Reflexão, Desafios e Relações. A MÁSCARA INEXPRESSIVA: IMAGEM-METÁFORA CONCRETA NA CRIAÇÃO DO ATOR Leonardo Augusto Alves Inacio Universidade Estadual de Londrina/UEL
Esta comunicação tem como objetivo desenvolver sobre a descoberta da máscara inexpressiva e sua utilização como uma metáfora para um novo corpo do ator. Se a máscara é inexpressiva, pode-se dizer daí que tudo o que resta ao ator é expressar a si
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mesmo – mas sempre em uma dimensão cênica, extracotidiana. A máscara impõe ao ator o desnudamento; a máscara inexpressiva, ao invés de fazer o “ser atoral” fluir na direção de uma personagem, de um caráter cênico, obriga ao ator que ele se coloque em contexto: na relação com o texto cênico que, antes de ser a dramaturgia, é o próprio jogo da cena. A máscara é uma imagem representativa do rosto humano do qual o ator se apropria, e assim adquire a face modelada pela própria máscara. A partir disso, o corpo do ator é capaz de construir uma imagem cênica plena de potencialidades que vão se complementar com as imagens sensações que a máscara propicia. Palavras-chave: Máscara Inexpressiva, imagem-metáfora, trabalho de ator. As representações sobre a história e as culturas indígenas nas imagens presentes nos livros didáticos de história das séries iniciais do ensino fundamental: um estudo comparado entre duas coleções aprovadas no PNLD de 2004 e de 2010 Leonardo Machado Palhares Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG
O projeto em desenvolvimento, sob orientação da professora doutora Júnia Sales Pereira, busca, através da análise das imagens, especialmente as ilustrações – utilizadas em livros didáticos de história voltados às séries iniciais do ensino fundamental (2º ao 5º ano) – investigar a abordagem da história e culturas indígenas. As questões da pesquisa são levantadas a partir das chaves teóricas presentes nos estudos de Norbert Elias com destaque para os conceitos de habitus, figuração e relações de poder. Perceber o livro didático em suas múltiplas dimensões (dentre as quais destacamos a dimensão material e comercial: com proposição de saberes escolares, e, como principal mercadoria do mercado editorial brasileiro; política: como recurso de construção do currículo escolar) é o caminho que procuraremos trilhar para entender os lugares atribuídos nesses impressos didáticos às ilustrações que constroem representações sobre a história e as culturas indígenas. Para o estudo proposto foram selecionadas duas coleções de livros didáticos de história de mesmos autores que foram aprovadas e constam dos guias do PNLD de 2004 e 2010. As coleções foram: “História, imagens e texto” da editora Dimensão (2004) e editora Formato (2010), de autoria de Carla M. J. Anastasia e Eduardo F. Paiva e a coleção “História no Dia a Dia” da editora Dimensão (2004) e da editora Saraiva (2010), de autoria de Cláudia R. F. M. Ricci, Lorene dos Santos e Célio Augusto da C. Horta. Palavras-chave: estudo de imagens; culturas indígenas; livro didático.
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IMAGENS RURAIS DE UMA CULTURA URBANA: A PRESENÇA DO RURAL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO A PARTIR DO OLHAR DE VIAJANTES DO SÉCULO XIX Leonardo Soares dos Santos Universidade Federal Fluminense/UFF
Este trabalho procura ensaiar um diálogo entre história e iconografia a partir das imagens produzidas por viajantes estrangeiros que passaram pelo Rio de Janeiro ao longo do século XIX. A partir de seus desenhos, aquarelas e quadros que retratavam a cidade do Rio de Janeiro, seus habitantes, seus costumes, suas ruas e praças, seus prédios, seu cotidiano, enfim, sua cultura urbana, podemos testificar o quanto a dinâmica da cidade acolhia em grau significativo usos e costumes rurais, e isso no interior da urbes carioca. As imagens analisadas, como as de Richard Bate, NicolasAntoine Taunay, Emeric Essex Vidal e Johann Moritz Rugendas, são um valioso registro do momento em que a cidade do Rio ainda não havia sofrido um intenso processo de “desruralização”, processo este que varreria todas as cidades do mundo ocidental, a partir do século XVIII na Europa, e que chegaria com força no Brasil em fins do século XIX. A presença de animais, hortas e pastos, assim como o desenvolvimento de atividades rurais, longe de serem detalhes insignificantes daquelas obras, são tratadas aqui como elementos essenciais de compreensão de uma dinâmica urbana bem específica, que acolhia inclusive elementos de uma cultura rural e que vigoraria na corte – e depois capital da República – até o final daquele século, quando ela seria radicalmente solapada pelos empreendimentos modernizantes dos governos republicanos. Palavras-chave: Rio de Janeiro, Viajantes e Iconografia. O Coringa: a representação imagética da loucura Levy Henrique Bittencourt Neto Pontifícia Universidade Católica/PUC-SP
O artigo tem como objeto de estudo imagens retiradas da história em quadrinhos Coringa, lançada no ano de 2009 no Brasil pela editora Panini Comics. Como o próprio nome sugere, essa HQ é focada no vilão, na sua tentativa de restabelecer seu antigo poder na cidade de Gotham, após anos de confinamento no Asilo Arkham. De alguma forma, ele consegue convencer seus médicos de que está são. Não será analisada a história em quadrinhos como um todo, mas sim recortes imagéticos e algumas linhas de diálogo que dão conta de exemplificar a insanidade crônica do protagonista. Para tanto, utilizou-se como método analítico as categorias fenomenológicas de Charles Sanders Peirce, e a tricotomia do signo em relação ao objeto dinâmico – ícone, índice e símbolo. Palavras-chave: Semiótica peirceana; fenomenologia; história em quadrinhos; Coringa
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A UTILIZAÇÃO DA FOTOGRAFIA NO PROCESSO DE INTERVENÇÃO URBANA Lígia Beatriz Carreri Mauá Thamine de Almeida Ayoub Ayoub Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este artigo pretende apresentar um panorama do contexto projetual das intervenções urbanas, destacando o papel da fotografia neste processo. Recuperar uma área pressupõe melhorar a imagem da cidade na qual está inserida. O termo imagem aqui utilizado trata-se de um valor abstrato, uma idéia desconhecida da visão que cada pessoa tem no seu subconsciente de uma determinada área. Kevin Lynch dá suporte para essa teorização através de uma metodologia que permite analisar e classificar essa visão. A intervenção urbana altera essa imagem que, portanto, deve ser trabalhada minuciosamente em todas as fases do projeto. Para tanto, é necessário que o arquiteto e urbanista materialize essa imagem para que seja possível manuseá-la e redesenhá-la do desenvolvimento ao produto final. Dessa forma a fotografia assume seu papel na transmissão das características da área fotografada. É utilizada como base (desde escala até composição espacial) para todos os desenhos e tentativas de materialização do espaço para que a intervenção seja devidamente inoculada no contexto e não agrida a paisagem ao se inserir no subconsciente pessoal. O material fotográfico pode ser trabalhado nos softwares utilizados no desenvolvimento do trabalho. Palavras-chave: Intervenção urbana, imagem da cidade, fotografia. A IMAGEM DA REALIDADE – POESIA “O BICHO” DE MANUEL BANDEIRA Ligia Maria Bremer Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
Este trabalho pretende discutir alguns aspectos do cotidiano social na poesia de Manuel Bandeira. Sua obra nos mostra que a poesia pode transmitir por meio de palavras sentimentos, mensagens e, por que não dizer, imagens que até na atual realidade podem ser absorvidas e observadas. A análise do poema “O bicho” nos proporciona esse sentimento e devido a isso sua discussão, tanto no contexto social quanto na poética, demonstra essa capacidade de revelar por meio de um poema da década de 1940 a realidade presente nas ruas na contemporaneidade de nossas cidades. A forma em que o poema é feito possui um processo de percepção que se apresenta como traduções de um diálogo entre o nível consciente e o inconsciente no processo de sua criação. Assim, sua aparente simplicidade apresenta-nos um desconcerto, um desarranjo da ordem social, de tal forma que o homem, feito à imagem e semelhança de Deus, apresenta-se como o animal, o bicho, desprovido de razão e de alma consciente, agindo apenas por extinto de sobrevivência, deixando de lado toda e qualquer regra moral e social imposta pela sociedade. Palavras-chave: poesia; cotidiano; realidade
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Imagens da cidade: o cartão-postal e a transformação do espaço Lillian Andreza dos Santos Souza Sabe-se que o ecletismo, movimento caracterizado pelas colagens de elementos de vários tipos de arquiteturas de diferentes locais e tempos, é contemporâneo da época áurea dos cartões postais ilustrados a partir de fotografias. Este artigo pretende pontuar a importância do postal na (re) construção da imagem das cidades e mostrar que, a partir do início de sua circulação elas começaram a construir suas versões remodeladas do espaço público. Para tanto, traz um levantamento e análise dos temas mais caros aos postais, suas pretensas funções, usos e maneiras de circulação, identificando as possíveis conseqüências na transformação do espaço. Palavras-chave: cidade, cartão-postal, imagem. RECORTES DE IMAGENS URBANAS DA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA, BAHIA, BRASIL Livia Dias de Azevedo Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS
Lysie dos Reis Oliveira Universidade Estadual da Bahia/UNEB
Feira de Santana se estabelece como importante cidade de médio porte baiana e brasileira. Segundo um pretenso ideal de cidade moderna, modifica-se de forma rápida e intensa, dessa forma, suas imagens e memórias urbanas modificam-se rapidamente ao longo do tempo em decorrência das variações nas suas paisagens urbanas. Dentro desse cenário, o presente texto objetiva fazer uma leitura visual, sob a perspectiva cultural, da paisagem urbana da cidade de Feira de Santana-Bahia. Considera-se a complexidade que envolve a estruturação da cultura local, visto que a cidade foi influenciada por importantes espaços culturais: o litoral e o sertão baianos. O recorte temporal concentrar-se-á entre os anos de 2008 e 2009. Como referencial teórico básico encontra-se Kevin Lynch (1997), Lucrécia Ferrara (1988, 2000), Lucia Santaella (2007) e Milton Santos (1988, 1997, 2004 e 2005). Utilizaram-se como métodos de procedimentos: pesquisa bibliográfica; trabalho de campo para aproximação, observação e registros da paisagem urbana feirense; produção de diário de campo; entrevistas; e produção de mapas diversos, desenhos e registros fotográficos. Admitese que a imagem da cidade é construída não apenas pela materialidade das formas, mas, sobretudo, pelas relações sociais depreendidas destas formas e dos seus contextos espaço-temporais que lhes dão significados. Palavras-chave: Imagem urbana, paisagem urbana, culturas
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ARTE E SECA: IMAGENS REMEMORADAS POR ARTISTAS DO SERIDÓ POTIGUAR Lourival Andrade Júnior Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
Segundo Julian Bell a “obra de arte é uma narrativa”, partindo deste princípio, esta comunicação pretende discutir os resultados do projeto “Seridó Visual: arte e estética” que visitou quinze municípios do Seridó Potiguar, região do semi-árido nordestino em 2010 e início de 2011, buscando entrevistar artistas (pintores e escultores) e registrar suas obras. O objetivo central da pesquisa era verificar se havia uma estética que perpassava estes produtores e suas técnicas. Mais do que entrar em contato com as obras destes artistas percebemos que mesmo com o desenvolvimento de políticas públicas para minimizar o terror da seca, ainda esta imagem está presente na grande maioria da população e por consequência, na produção artística. A seca está sempre presente no olhar destes artistas, a vida do sertanejo, as dificuldades de conseguir água, os animais que convivem com um solo calcinado, crianças que brincam em torno do açude ou com brinquedos improvisados. Uma “atividade da alma” como definiu Sócrates, está marcadamente presente nestas obras e na forma com que o Seridó é representado. Vale destacar, também um Seridó do passado, com suas fogueiras de São João que ainda são vistas no mês de junho em Caicó. Mesmo a representação desta terra que sempre pede chuva, há um lúdico em tudo isso. Esta ambigüidade é que faz desta arte, ou desta temática, o mais surpreendente. Um sofrimento rememorado que é encarado como “pitoresco”. A cultura local, também está eivada de significações, que aparecem nestas obras através das sensibilidades de artistas que de alguma forma são intérpretes de seu espaço identitário e cultural. Palavras-chave: Seridó; Seca; Regionalismo Artístico. IMAGENS E GESTOS: SENSIBILIDADES RELIGIOSAS EM TÚMULOS CATÓLICOS Lourival Andrade Júnior Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
Pensar o catolicismo no Brasil é embarcar numa teia composta por diversas texturas. Uma terra de diversidades e de regionalidades marcantes, que, desde a chegada dos primeiros europeus, mostra que a penetração no campo cultural e, por conseqüência, e no nosso caso, no religioso e no imagético, necessita de uma enorme generosidade no que diz respeito ao entendimento de práticas e narrativas que, em muitos casos, desagradaram e desagradam aos católicos oficiais. Mesmo a oficialidade impondo as ordens da Santa Sé, as imagens de santos canonizados não são as únicas que convivem com devotos em todo o país. Os “milagreiros de cemitério”, ou seja, os mortos santificados pelo povo possuem um poder que os iguala, na rede de devoções a todos aqueles aceitos pelo catolicismo oficial apostólico romano. É neste contexto que os túmulos tornam-se espaços de sacralidade e de encontro do devoto com seu “morto”
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santo. Não mais apenas os santos canonizados passam a fazer parte do panteão de milagreiros, mas também pessoas que de alguma forma tornaram-se santificados conforme a vontade e desejo de seus fiéis. O cemitério e mais precisamente o local de sepultamento passa a ser um lugar para a pesquisa que se debruça sobre as religiosidades não oficias e as imagens produzidas a partir dela. Práticas significativas, imagens votivas e sensibilidades são observadas nestes locais de devoção. Nesta comunicação pretendemos demonstrar que em regiões tão distante como o sul e o nordeste, conseguimos perceber estas manifestações e a produção de imagens que teimam em reafirmar a fé e a relação direta com o sagrado. Os túmulos e suas imagens: Cigana Sebinca Christo (Cemitério Cruz das Almas – Lages/SC) e Dr. Carlindo de Souza Dantas (Cemitério Campo Jorge – Caicó/RN). Palavras-chave: Imagens votivas; Túmulos; Religiosidade não oficial. ENTRE O “INSTANTE DECISIVO” E O FLAGRANTE JORNALÍSTICO – EFEITOS DE SENTIDO EM FOTOGRAFIAS VENCEDORAS DO PRÊMIO ESSO DE FOTOJORNALISMO Lucas de Toledo Martins Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este trabalho analisa as semelhanças e diferenças no modo de obtenção e produção de sentido em fotografias utilizadas em dois tipos de rotina fotojornalística quando da realização do objetivo de registrar um fato em seu momento único – ou, se preferirmos, o momento crucial em que ele se mostra por completo. Avalia e compara as técnicas utilizadas quando, para transmitir informações relevantes acerca de um fato, há emprego, ou da “estética do flagrante” ou da noção de “Instante Decisivo” de Henri Cartier-Bresson. O corpus foi constituído a partir de uma seleção das fotografias mais significativas vencedoras do Prêmio Esso de Fotojornalismo nos últimos 10 anos. Para constituição do instrumento de análise, foram utilizados conceitos provenientes da teoria da informação, da produção de sentidos a partir das funções da linguagem, com apoio também da teoria dos signos de Charles Sanders Peirce. Conclui que, apesar da semelhança, à primeira vista, entre as imagens pertencentes às duas estéticas, as imagens que contêm o “Instante Decisivo” conferem uma dimensão artística ao fotojornalismo, por conterem o efeito poético, enquanto que a “estética do flagrante” pode ser nociva em muitas ocasiões ao bom fotojornalismo, pelo fato de seu caráter impactante restringir as possibilidades de interpretação, provocando o automatismo na sensibilidade do receptor.
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Aquiles Sthengel: sua origem Lucas Vinícius Lemos Alexandre Universidade Estadual de Londrina/UEL
Temos por objetivo apresentar a origem do bairro Aquiles Sthengel, situado na região norte da cidade de Londrina. A proposta foi recortada a partir do desenvolvimento do projeto de pesquisa Aquiles Sthengel: construção de uma identidade própria, onde este projeto visa estudar a mudança da paisagem urbana do bairro e também realizar um estudo a respeito da formação de uma identidade própria do bairro. Este bairro faz parte de um conjunto de bairros conhecido por cinco conjuntos, sendo assim propomos mostrar a sua origem por meio de documentos como fotografias. Palavras-chave: Londrina, imagem, bairro. LONDRINA: TRÊS MUSEUS, TRÊS MARCOS, TRÊS TEMPORALIDADES – A IMAGEM DOS MUSEUS LONDRINENSES NO TRAÇADO DA CIDADE Lúcia Glicério Mendonça Universidade Estadual de Londrina/UEL
O presente trabalho tem como objetivo discutir a legibilidade dos três mais conhecidos museus da cidade de Londrina, O Museu Histórico Pe Carlos Weiss, O Museu de Arte de Londrina e o Museu de Ciência e Tecnologia de Londrina (mais especificamente o prédio do Planetário, braço do MCT), todos os museus estão localizados próximos uns dos outros e dentro dos limites do quadrilátero central da cidade. Para tanto, lançamos mão do estudo de Kevin Lynch e entendemos os museus como marcos urbanos presentes no traçado da cidade. A delimitação temporal está localizada nas décadas de 1980, 1990 do século XX e a década inicial do século XXI, período no qual os três museus passaram a ocupar os respectivos prédios alvos desta investigação. Serão usadas imagens dos prédios dos museus produzidas pela autora, como fonte para o estudo. Uma metáfora visual e temporal é elaborada a partir do posicionamento dos museus (entendidos como marcos urbanos) no traçado da cidade de Londrina. Discute-se a construção e sobreposição de um triângulo – em que cada museu é um vértice – sobre o quadrilátero central da cidade. Além de marcos urbanos, os três museus sugerem três momentos distintos na história da cidade com suas temporalidades distintas. Palavras-chave: Museus, Marco urbano, legibilidade PORNOGRAFIA EM PRETO E BRANCO Lúcia Helena Barbosa Guerra Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
A imagem tem sido concebida como um dos mecanismos modernos de expressão do pensamento, da temporalidade e da historicidade. Considerando este fato, a proposta deste artigo é discutir a representação imagética dos negros nos filmes pornôs. Trata-
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se do exame dos filmes que compõem o gênero pornô inter-racial, a partir de analise aprofundada de filmes encontrados em vídeos-locadora e sobre tudo na internet. Ao longo deste estudo, em duas sessões “Do mito da democracia racial a ilusão da vida real” e “Filmes pornôs inter-raciais”, discuto o análogo entre sexualidade e raça desenvolvido no imaginário popular desde o período colonial e corporificado pela indústria pornográfica. Além disso, o estudo estabelece uma relação entre história e cinema, explicitando que as tramas e enredos dos filmes pornôs inter-raciais vão além do encadeamento da imagem, mas reafirmam papeis sociais repletos de significados e sentidos que tomam formas de alegorias e estereótipos. Palavras-chave: Pornografia; Inter-racial; Cinema. A CATEDRAL DIOCESANA DE JACAREZINHO E SUAS POLÊMICAS: DISCUSSÕES-TEÓRICAS ACERCA DE PATRIMÔNIO CULTURAL Luciana de Fátima Marinho Evangelista Universidade Estadual do Norte do Paraná/Uenp
Zueleide Casagrande de Paula Universidade Estadual de Londrina/UEL
O enfoque da presente comunicação consiste em assumir a Catedral Diocesana de Jacarezinho-Pr como objeto para aproximação das discussões teóricas concernentes à temática de Patrimônio Cultural e Imagem, tendo em vista que nessa Igreja consta uma série de murais tombados sob autoria de Eugênio de Proença Sigaud. A singularidade intrigante da Catedral em questão é que o artista supracitado (comunista, maçônico e ateu) pintou-na a convite de seu irmão bispo da Diocese: D. Geraldo de Proença Sigaud (ultraconservaor, anticomunista, co-fundador, junto a Plínio Correa, da TFP), deste encontro polêmico resultou, por exemplo, o retrato de Karl Marx no quadro O Sermão da Montanha. O patrimônio aqui discutido, no entanto, sofre um processo de desgaste e, por esse motivo, remete-se aos entraves que envolvem os debates acerca da preservação de patrimônios, sobretudo através dos olhares divergentes de Jonh Ruskin e Eugene Viollet-le-Duc. Palavras-chave: Eugênio Sigaud, preservação de patrimônios, Catedral Diocesana de Jacarezinho. OLHARES, MEMÓRIAS E APRENDIZAGENS NO ESPAÇO DE UM MUSEU Luciana Maria Ricci do Valle Mesquita Universidade Estadual de Londrina/UEL
Esta pesquisa de Iniciação Científica é parte do Projeto “Histórias de Sucesso Pedagógico: outros olhares para o ensino e a aprendizagem na escola”, composto por quatro campos de análises: formação do professor, processo de aprendizagem de professores e alunos, relação com o saber e organização do espaço e tempo.
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Nosso recorte recai na categoria relação com o saber. O objetivo específico desta investigação é selecionar imagens referentes à história da cidade de Londrina para montagem de materiais pedagógicos. Com esse material intenciona-se investigar junto a professores e alunos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental quais procedimentos e estratégias potencializam a construção de narrativas históricas. Apresentamos neste texto resultados das reflexões sobre a importância da articulação museu – escola para o ensino de História e análises sobre o processo de seleção de imagens realizado no Museu Histórico Padre Carlos Weiss. Retratamos como e por que as imagens foram compreendidas com potencial para desencadear um processo de ensino e aprendizagem significativo em sala de aula. Utilizamos como fonte o acervo de imagens registradas por José Juliani no período de 1933 a 1967 na cidade de Londrina. Os procedimentos metodológicos pautaram-se em leituras e discussões pertinentes a área que apontaram critérios para o trabalho com as imagens, busca e seleção no acervo digitalizado do museu. A pesquisa iniciou-se em julho de 2009 e encerra-se em novembro desde ano. Palavras-chave: ensino de História; museu; imagem A IMAGEM E A RELAÇÃO DO ATOR COM OS OBJETOS: A COMPOSIÇÃO DE CENAS NA OBRA DE TADEUSZ KANTOR Luciano Matricardi de Freitas Pinto Universidade Estadual de Londrina/UEL
A teatralidade conquistada com imagens, materiais pessoais e a relação com o objeto: procedimentos para a composição da cena. Estudo voltado ao levantamento de algumas experiências teatrais que conjugam, desde a década de 1970, um movimento em resposta a soberania da dramaturgia textual, no qual surgem novos modos do discurso teatral e uma pluralidade de formas geradas a partir dessa inquietação, relativa à dependência do teatro ao drama. Discutir a estrutura da cena teatral na corrente pós-dramática, das últimas décadas do século XX, que se caracteriza por uma série de elementos constitutivos, na qual o texto será utilizado como mais um desses elementos, complementando estruturas comunicativas que se baseiam em estruturas corporais, na composição de imagens e na própria tradução dos elementos textuais em corporalidade. Analisar a utilização de imagens (pessoais ou não), a relação do ator com objetos, o conceito de fragmentação e sobreposição de imagens na construção de um discurso teatral no contexto do teatro pós-dramático. Relações entre a realidade do texto dramático e o espaço de representação, o objeto destituído de sua realidade e a condição do ator como objeto, na perspectiva do encenador polonês Tadeusz Kantor, Teatro da Morte. Kantor estabelece diversos tipos de relações e utilizações dos objetos, se debruça sobre o universo dos objetos como um material de revelação de memórias, investigando a natureza dos objetos e a ressignificação deles dentro do espaço cênico. Seus caracteres e imagens que refletem a morte estabelecem um contraponto, um contraste que instiga a uma reflexão sobre a vida. Imagens que se repetem como necessidade de preservar memórias. Palavras-chave: teatro imagem; pós-dramático; Tadeusz Kantor.
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IMAGENS SOCIABILIDADES E REPRESENTAÇÕES DA VIDA URBANA CASCAVEL (1976 – 2010) Maicon Mariano Universidade do Estado de Santa Catariana/UDESC
A proposta deste trabalho visa discutir o modo como as múltiplas faces das realidades urbanas são registradas, reproduzidas e representadas por diferentes grupos e agentes envolvidos nos processos socioculturais do fazer-se da vida urbana na cidade de Cascavel, localizada na região oeste do Paraná. Este estudo têm como tema os fluxos migratórios na conjuntura de urbanização e ocupação do solo urbano a partir do Plano Diretor, de 1976, para a cidade e da constituição dos bairros populares Guarujá (1976) e Parque Verde (1978). Tais processos anotam como os conflitos no espaço de disputa revelam fronteiras imaginárias e constituem territórios, lugares e não lugares. Assim, entre as fontes utilizadas estão as imagens fotográficas, sejam aquelas providas através da imprensa jornalística, acerca do crescimento vertical, da expressão das avenidas, da grandeza das cidade, da violência ou da miséria, que documentam o conjunto de disparidade existentes. Ou mesmo dos acervos comunitários ou familiares, que manifestam as intenção de registrar a casa, o comércio, determinada rua, a festa do bairro, as reuniões em família, ou seja, documentos visuais que exprimem fragmentos do passado, proporcionando a nós pesquisadores registros documentados do meio social vivido. Seus conteúdos carregam aportes compreensíveis do passado em movimento, no plano espacial e temporal, imagens constituintes de códigos culturais que preservam dados valores de muitos e para muitos sujeitos históricos. Palavras-chave: Imagens Urbanas, memória, representações. CONSTRUINDO PAISAGEM FESTIVA: IDENTIDADES CULTURAIS E TERRITORIAIS DA MANIFESTAÇÃO DA CATIRA – PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL –NO ESTADO DE GOIÁS Maisa França Teixeira Universidade Federal de Goiás/UFG
Maria Geralda de Almeida Universidade Federal de Goiás/UFG
O presente estudo pretende estabelecer uma relação entre as paisagens festivas da Manifestação da Catira e a construção de identidades culturais e territoriais no estado de Goiás, bem como visualizar elementos identitários impregnados na dança destacada que permeiam o cenário da festa. Pela sua própria definição, as paisagens oriundas da cultura, ou seja, paisagens culturais estão intimamente ligadas à imagem. A paisagem enquanto representação cria uma imagem, que passa pelo foco de quem a representa, como também dos participantes e dos observadores. Assim, a paisagem atual influencia no imaginário e na (re)criação de novas paisagens. O que proponho aqui, no entanto,
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é o estudo das imagens culturais da Catira, expostas pelas manifestações goianas na forma de danças e expressões corporais. Palavras-chave: Paisagens Festivas, Catira e Goiás. MITOS DE CALENDÁRIO: AS COMEMORAÇÕES DO ESTADO NOVO NAS FOTORREPORTAGENS DA ILUSTRAÇÃO BRASILEIRA (1938-1945) Marcelo Abreu Aline Ferreira Universidade Federal de Uberlândia/UFU
O trabalho analisa as estratégias de repercussão das comemorações do Estado Novo. As fotorreportagens relativas às comemorações publicadas na revista Ilustração Brasileira (1938-1945) constituem a fonte privilegiada para investigar a ampliação da visibilidade dos rituais cívicos e seus sentidos para além do público presente às celebrações. Ao mesmo tempo, a publicação das fotorreportagens acabava por inscrever aqueles acontecimentos na história. Neste sentido, busca-se caracterizar duas intenções que se conjugam e se materializam na produção do documento analisado: 1) o uso da imprensa ilustrada na difusão das representações do passado e do presente conformadas nos rituais cívicos; 2) a escrita visual da história na revista Ilustração Brasileira. Do ponto de vista teórico, a análise se baseia na reflexão sobre a produção do acontecimento contemporâneo através dos meios de comunicação, com seus mecanismos de reverberação e redundância que fazem com que o fato noticiado ganhe novas camadas de sentido enquanto é propagado. Por outro, trata-se de relacionar esta forma de criação do acontecimento às análises acerca da visualidade da história que conforma a cultura histórica na contemporaneidade. Palavras-chave: Comemorações do Estado Novo; Imprensa Ilustrada; Visualidade da História. ICONOGRAFIA E PERFORMANCE DA IFIGÊNIA ENTRE OS TAUROS, DE EURÍPIDES Marcelo Bourscheid Universidade Federal do Paraná/UFPR
A peça Ifigênia entre os Tauros, de Eurípides, foi uma das obras dramáticas mais apreciadas na Antiguidade Clássica, representada em diversos vasos gregos antigos. Neste estudo, analisaremos alguns elementos da extensa iconografia relativa ao mito de Ifigênia Táurica, estabelecendo conexões entre essa produção imagética e a primeira performance dessa obra, ocorrida entre os anos de 414 e 412 a.C. nas Grandes Dionísias , em Atenas. Palavras-chave: Tragédia Grega; Iconografia; Performance.
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A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL PELAS CHARGES DE BILL MAULDIN Marcelo Garcia Bonfim Universidade Estadual de Londrina/UEL
Esta pesquisa tem por objetivo realizar uma análise das charges desenhadas pelo cartunista Bill Mauldin durante a Segunda Guerra Mundial, utilizando deste período como tema das mesmas. Para a realização dessa pesquisa é necessário compreender que durante este conflito bélico surgiram alguns jornalistas e cartunistas que buscavam retratar essa guerra a partir do ponto de vista dos soldados rasos no front, e não pelo olhar de seus oficiais superiores. E também que esse tipo de abordagem de guerra teve grande impacto entre a população civil e entre os próprios combatentes. O cartunista do qual as charges são analisadas, Bill Mauldin, que teve seu trabalho reconhecido pela população estadunidense e pelos próprios combatentes, trabalhou em dois periódicos: o 45th Division News e o Stars and Stripes. Para analisar as charges foi necessário realizar um estudo visando a compreensão do contexto sócio-político da época. Para realizar o estudo com as charges buscou-se observar o que a imagem ocultava do leitor e as intenções do autor no momento de produzi-las. Contudo podemos afirmar que Bill Mauldin ao desenhar suas charges buscava mostrar a guerra pelo cotidiano vivido pelos soldados, evidenciando suas angustias, e o desejo de retornarem para seus lares. Palavras-chave: Segunda Guerra Mundial. Charges. Bill Mauldin ARAGUAIA: O SERTÃO MIDIATIZADO. IDENTIDADE E CULTURA POPULAR Marcelo Henrique da Costa Faculdade Cambury Faculdades Alves Faria – ALFA
As narrativas midiáticas constroem discursos que criam, reforçam ou modificam características identitárias, justamente pelo fato da identidade de um grupo social ser algo mutável, que está sempre em processo, em um estágio não completado. A novela ‘Araguaia’ da TV Globo entrou no ar no final de 2010 e se tornou uma promessa na divulgação das tradições culturais do interior do Brasil, de modo específico das manifestações populares do Estado de Goiás. Em seu primeiro capítulo, o corpus analisado por este trabalho, a música popular, o folclore, a vida agropecuária, aspectos da oralidade regional e o misticismo que envolve o rio foram enfatizados. Considerando o aspecto naturalizador das telenovelas Araguaia apresentou elementos suficientes para construir uma narrativa visual que promoveu uma historização da identidade regional por meio de elementos da cultura popular e que reforçou os estigmas de um Goiás rural e romântico, contribuindo para a manutenção do imaginário coletivo. Palavras-chave: identidade, Araguaia, cultura popular
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Reflexões literárias: novas questões a partir do surgimento da fotografia Marcelo Juchem Universidade do Vale do Itajaí/Univali Fundação Universidade Regional de Blumenau/FURB
O surgimento do medium fotográfico, em meados do século XIX, interferiu não só no universo das artes visuais, mas também em diversas outras formas de expressão artística. Em relação à pintura são conhecidas algumas discussões instauradasa partir do aparecimento da fotografia, sejam discussões acerca do possível caráter artístico da fotografia, sejam acerca do espírito artístico da época, ou ainda sobre aspectos industriais do novo medium. Contudo, não só diferentes áreas sociais foram obrigadas a rever certos parâmetros a partir da fotografia, mas também diferentes maneiras de se fazer arte. Na literatura, desde os primeiros romances realistas franceses é possível discutir a intermedialidade da fotografia e sua influência em outras artes. Além disso, a rápida evolução técnica e popularização da fotografia facilitaram sua disseminação pela Europa, o que também oportunizou e incentivou novas reflexões sobre a arte da época em todo o continente europeu. Considerando este contexto, pretende-se neste trabalho discutir possíveis relações entre o recém surgidomedium fotográfico e outras formas de arte, em especial sua relação com a literatura, no âmbito europeu e enfatizando as produções francesa e alemã, imediatamente após o surgimento da fotografia. Com esta abordagem busca-se evidenciar relações intermediais entre diferentes formas de expressão, em especial entre a fotografia e literatura. Palavras-chave: fotografia, literatura, Europa dAdA x fOtO: aproximações entre literatura e artes visuais na vanguarda europeia Marcelo Juchem Universidade do Vale do Itajaí/Univali Fundação Universidade Regional de Blumenau/FURB
As vanguardas, enquanto movimentos artísticos atualmente consolidados nas diferentes historiografias da literatura e da arte, podem ser consideradas como marcos da evolução artística mundial. Suas contribuições nas inúmeras formas de expressão artística das quais fez parte permanecem como exemplos extremos de inovação e pioneirismo, ou, ainda, exemplos de vanguarda, na melhor acepção da palavra. O dadaísmo, por sua vez, pode ser identificado não como a primeira vanguarda europeia, mas como uma das que se desenvolveu de forma bastante intensa e que contou com a participação dos artistas mais plurais e heterogêneos. Além disso, sua base territorial neutra e o período histórico também marcaram sua produção bastante diversificada. Neste início do século XX a fotografia por um lado ainda disputava certo espaço com outras artes, e por outro já estava relativamente consolidada. É na arte dadaísta,
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porém, que serão produzidas obras que apresentem certa hibridez entre fotografia e literatura, como as fotomontagens, exemplo clássico, que também questionam diversos preceitos de arte tradicional. Algumas obras dadaístas, por sua vez, podem ser lidas como aprimoramentos técnicos dafotografia e da literatura, ou, ainda, como evolução dos conceitos artísticos de outros movimentos vanguardistas. A partir de todo este contexto, pretende-se refletir sobre a produção dadaísta apontando-a como exemplos de interação profunda entre osmedia visual e textual que muito contribuíram tanto para a literatura quanto para a fotografia. Palavras-chave: fotografia, literatura, fotomontagem DOCUMENTO VISUAL SOB A PERSPECTIVA ARQUIVÍSTICA: REFLEXÕES, ESTUDOS E PROPOSTAS DA CÂMARA TÉCNICA DE DOCUMENTOS AUDIOVISUAIS, ICONOGRÁFICOS E SONOROS DO CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS Marcelo Nogueira de Siqueira Arquivo Nacional / Conselho Nacional de Arquivos
Esta presente comunicação relata o processo de criação e do trabalho atualmente desenvolvido pela Câmara Técnica de Documentos Audiovisuais, Iconográficos e Sonoros – CTDAIS do Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ. A proposta de criação da CTDAIS surgiu a partir da identificação da inexistência de uma terminologia própria e normalizada referente a documentação audiovisual, iconográfica e sonora, de que o tratamento técnico destes documentos carece de metodologia específica, que as instituições arquivísticas e não arquivísticas não possuem critérios definidos e padronizados de avaliação desta documentação, que a descrição arquivística referente a esses documentos necessita de especificidades próprias e de que estes documentos, por possuírem características particulares, necessitam de procedimentos específicos para sua guarda e preservação. A CTDAIS tem por finalidade realizar estudos, propor normas e procedimentos no que se refere à terminologia, à organização, ao tratamento técnico, à guarda, à preservação, à destinação e o acesso de documentos de imagem e de som, bem como orientar as instituições na elaboração de projetos que possam resultar em financiamento para a organização, preservação e acesso de seus acervos e para a constituição e/ou modernização de instituições voltadas para a sua guarda, preservação e acesso. Palavras-chave: Imagem – Documento – Conselho Nacional de Arquivos
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EDUCAÇÃO E ARTE NA AMÉRICA LATINA: CONTRIBUIÇÕES PARA O TRABALHO EDUCATIVO Márcia Cristina Amaral da Silva Universidade Estadual de Londrina/UEM
Paula Roberta Miranda Universidade Estadual de Ponta Grossa/UEPG
Este trabalho objetiva compreender algumas linguagens presentes em momentos históricos da América Latina, analisadas pelo método dialético. Intenta, ainda, apresentar uma possível metodologia docente pautada pela categoria trabalho, haja vista que as expressões artísticas, por serem datadas historicamente, oportunizam a visão da totalidade e possibilitam a emancipação humana. Portanto, confiamos que, se pela mediação pedagógica, desvelarmos o movimento estabelecido entre a produção da vida material, as contradições apontadas nessa produção e a denúncia das mesmas pelos artistas das quadras históricas eleitas, os educandos compreenderão as múltiplas determinações que tangenciam a consciência e objetividade humanas. Optamos pela América Latina, por ser este um espaço onde, em vários momentos da história, observamos focos de resistência e contraposição a lógica de submissão à reprodução do capital. Não obstante, a natureza deste trabalho impôs a definição do período, as décadas de 1970 a 1990, pois foram anos de intensas transformações nos âmbitos econômico, político, social e cultural desse conglomerado de países. O desvelar da materialidade expresso no movimento das Madres La Plaza de Mayo, nas obras do chileno José Balmes e do brasileiro Sebastião Salgado, aponta para a dupla função na prática social: de um lado expressa o papel da arte na humanização dos sentidos e na formação da sensibilidade estética do homem, por meio do trabalho criador, de outro, a significação da arte no processo de humanização do homem, visto que este como ser criador, se transforma e transforma a natureza pelo trabalho, produzindo, assim, novas maneiras de ver e sentir. Palavras-chave: Educação. Materialismo Histórico e Dialético. Linguagens. FIESTAS y BICENTENARIO EN BOGOTÁ: Mirando a los “Otros” Marcos González Pérez Corporación de Estudios Interculturales Aplicados-INTERCULTURA. Colombia
En el año 2010 se celebro en Colombia el Bicentenario de la Independencia Nacional, el cual sirvió para realizar toda una serie de eventos conmemorativos auspiciados por entidades gubernamentales, lo que le imprimió el sello de una de fiesta oficial. Esta ponencia aborda otros elementos que hemos denominado como “usos” del Bicentenario, siguiendo un estudio del investigador Eric Hobsbawm respecto del Bicentenario de la Revolución Francesa, definido con la expresión: “todo el mundo tuvo su Revolución Francesa”. De igual manera en este Bicentenario colombiano varias instituciones han tomado el acontecimiento para tener, parodiando a Hobsbawm,
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“su propio bicentenario”. La exposición aborda un análisis de las diversas imágenes que fueron producidas por otras voces diferentes de las oficiales para referirse al Bicentenario donde se destaca el uso o abuso de la conmemoración. Las imágenes fueron acopiadas en la ciudad de Bogotá en una especie de trabajo etnográfico. Palabras claves: Iconografía, Bicentenario. Usos de Imágenes. A PROPAGANDA IDEOLÓGICA NA CHINA DE MAO TSE TUNG Maria Aparecida Milagres Machado Universidade Federal de Viçosa/UFV
Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de analisar como Mao Tse Tung usou os meios de comunicação na China, dando ênfase aos meios impressos. Estes, juntamente com outros veículos de comunicação foram utilizados para a manipulação das massas na China após a tomada de poder pelos comunistas em 1949. Os meios impressos eram um dos principais veículos de propaganda do período. Na China, a propagação da imagem ganhou papel de destaque, utilizando-se de panfletos e cartazes com ilustrações para atingir ideologicamente o maior número de cidadãos. A estratégia das imagens se tornou muito eficiente em virtude do grande número de analfabetos no período. Neste estudo, buscou-se analisar como a propaganda serviu para legitimar o poder e as ações de Mao Tse Tung por meio da construção de uma imagem do governante que se transformou em mito. Palavras-chave: Comunicação, ideologia, comunismo. QUE NINGUÉM, NUNCA MAIS, OUSE DUVIDAR DA CAPACIDADE DE LUTA DOS TRABALHADORES, O FILME: O CINEMA MILITANTE NO ABC EM 1979 Maria Carolina Granato da Silva Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro/ISERJ
A paralisação no ABC paulista em março de 1979 foi analisada entre aquela de 1978 e os 41 dias de 1980. Lideradas por Renato Tapajós, João Batista de Andrade e Leon Hirszman, três equipes de cinema filmaram esta greve com visões distintas, em comum a intenção de que os grevistas ascendessem “ao status da tela”, destruindo “significados estáveis, desmontar sentidos estabelecidos, desmistificar ilusões ou mitos cristalizados”. (SALIBA, 2003) O resultado: Que ninguém, nunca mais, ouse duvidar da capacidade de luta dos trabalhadores (1979), de Tapajós, parcialmente incluído em A luta do povo (1980) e Linha de montagem (1982); Greve!, de Batista, e ABC da greve (1979-90), de Hirszman. Esta comunicação discute o circuito social de Que ninguém, nunca mais, ..., cruzando sua transcrição audiovisual com depoimentos da equipe e personagens e a imprensa. Exemplar do cinema militante, produções e exibições incorporadas a movimentos, Que ninguém, nunca mais ... rodado entre os dias 22 e 27, estreou em 10 de abril, na Igreja Matriz de São Bernardo, quartel-general dos grevistas.
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Como na literatura, no cinema: “não convém separar a repercussão da obra da sua feitura, pois, sociologicamente ao menos, ela só está acabada no momento em que repercute e atua.” (MELLO E SOUZA, [1965] 2000) O conceito de fabulação desenvolvido por Deleuze relaciona experiência e filme; personagens reais ou fictícios, ao ficcionalizar contribuem para sua própria invenção. Personagens-telespectadores no momento em que a TV se afirmava como veículo de comunicação cujas “performances” incorporam a relação com o diretor, “mas também por um universo tão concreto quanto virtual que se constitui a partir de sua relação com aqueles meios de comunicação, com o que ele vê desenrolar-se nos programas jornalísticos da TV.” (VASCONCELOS, 2006) Palavras-chave: Cinema militante – metalúrgicos do ABC – greve de março de 1979 POLÍTICA, RELIGIÃO E CULTURA NO HUMOR GRÁFICO DO SÉCULO XIX Maria da Conceição Francisca Pires Universidade Federal de Viçosa/UFV
A apresentação examinará a participação de Ângelo Agostini nos debates acerca da Questão Religiosa. Interessa-me discutir a condição engajada do autor e de sua obra, e como sua participação nesse debate se alinhou às críticas e pressupostos apresentados por críticos do padroado, o colocando na condição de partícipe da defesa de uma causa política que transcendia a questão religiosa. Com essa analise pretendo assinalar a rede de sociabilidade intelectual e política ao qual se integrava, bem como os seus vínculos políticos e intelectuais de Agostini. Desse modo, intento ressaltar que seus desenhos não eram formas isoladas de contestação, mas que o seu conteúdo discursivo partilhava do mesmo repertorio político intelectual critico do Império, fazendo parte de um movimento coletivo, ao mesmo tempo cultural e político, desenvolvido em espaços não partidários, as revistas ilustradas, mas que se configuram como redes informais de solidariedade e de ação política que unem grupos diferenciados e interdependentes. Palavras-chave: humor, política, imprensa O CULTO A EUCARISTIA: ESTUDO ICONOGRÁFICO DE PINTURAS DE JOSÉ JOAQUIM DA ROCHA DA IGREJA DO PILAR E DE PINTURAS DE JOSÉ TEÓFILO DE JESUS DA ANTIGA CATEDRAL DA SÉ EM SALVADOR – BAHIA Maria de Fátima Hanaque Campos Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS
Roberta Barcelar Orazem Universidade Federal do Sergipe/UFS
O Concilio de Trento (1545-1563) deu atenção ao Sacramento da Eucaristia tanto no plano doutrinal como no campo da pratica cultual e celebrativa. Ao longo dos séculos, houve uma iconografia variada para a representação do sacrifício de Jesus
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como a representação do Cordeiro, que era o próprio Cristo Salvador, cujo sangue foi derramado para salvar os homens, daí a sua associação com o sacramento da Eucaristia. Esse rito também foi associado à elevação da hóstia e do cálice. No Brasil, os ritos litúrgicos e para-liturgicos vocacionados a Paixão eram promovidos por irmandades como a do Santíssimo Sacramento. As irmandades foram as responsáveis pela maioria das encomendas das obras artísticas nos séculos XVII, XVIII e XIX. A construção dos programas iconográficos passava pela influência de cenas bíblicas. O objetivo é o estudo iconográfico e iconológico de pinturas encomendadas, em 1793, pela Irmandade do SS. Sacramento da antiga Sé ao pintor José Teófilo de Jesus e de pinturas encomendadas entre 1796-1797, pela Irmandade do SS. Sacramento da Igreja do Pilar ao pintor José Joaquim da Rocha, ambas com mesmo programa iconográfico. As fontes utilizadas foram documentais, bibliográficas e iconográficas. Como resultado, aponta-se a necessidade da elite baiana de ostentar valor simbólico através da arte sacra no século XVIII. Palavras-chave: Irmandades; Escola Baiana de Pintura; Iconografia. IMAGENS DE ORDEM E PROGRESSO NA REGIÃO SUL DE MATO GROSSO (1935-1960) Maria Eduarda Ferro Andreína de Melo Louveira Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul/UEMS
Preservados em arquivos da atual Dourados (MS), uma coleção de fotografias e uma de jornais do antigo sul de Mato Grosso, nos idos de 1935 a 1960, consistem as fontes primárias que delineiam o cenário e definem o recorte temporal de nossa pesquisa. A proposta da presente comunicação consiste em discutir como documentos – escritos ou imagéticos – são portadores de normas e expressam múltiplos vestígios sob a instauração de novas formas de viver, habitar, pensar e “ser pensado” em um espaço geográfico marcado pela transição da condição de Patrimônio para Município e posteriormente para um cenário urbano mais amplo. Compreender o potencial polissêmico do documento fotográfico é buscar a educação do olhar para além da ingenuidade, utilizando-o como mediação para o entendimento de representações de práticas, discursos e mensagens que se processam através do tempo. No limite desse artigo nossa reflexão recai sob os ecos das mensagens de ordem e progresso. Palavras-chave: pesquisa histórica, imagem fotográfica, educação do olhar
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“LA MIGRACIÓN DE LAS IMÁGENES. ARTE, DISEÑO Y TEXTILES. LA GUARDA PAMPA.” María Gabriela Hernández Celiz Universidad Nacional de Río Negro, Patagonia, Argentina.
Laura Leonor Fuerte Universidad Nacional de La Plata, Prov. de Bs. As., Argentina.
El siguiente texto se desprende de una investigación en curso, la que bajo la denominación “La migración de las imágenes en la Era Poshistórica. Arte, diseño y textiles”, propone un abordaje transdisciplinar. Analizaremos el fenómeno de “Migración de las imágenes” en el marco de la Cultura Visual, tanto desde el campo artístico como el del diseño e investigaremos cómo esta “migración” de-construye y reconstruye el aura de las producciones simbólicas en un proceso dinámico al que no escapan sus manifestaciones locales. Se entiende que dicha “migración” vehiculiza un diálogo fecundo con el pasado nacional e internacional, posibilitando la construcción y reconstrucción de identidades tanto regionales como nacionales. El análisis se realizará sobre dos corpus visuales: los que toman como referentes a un cierto número de obras “canónicas” y los que toman como referente a la iconografía de los pueblos originarios, en respuesta a la necesidad de confrontación de dos grupos de imágenes que han sido aparentemente creadas con finalidades distintas y que son retomadas y resignificadas por la contemporaneidad. Trabajamos bajo la hipótesis de que tanto desde la producción como desde la recepción, en las últimas décadas se habría producido un movimiento de sentido en cuanto a la valoración de las tradiciones originarias y cómo esa transformación es reconocible en cuanto a los usos que de sus imágenes se hace, involucrando esos usos un carácter de re-sacralización que, comparativamente se habría modificado en cuanto al arte antes considerado como de “Alta cultura”. En una primera etapa se ha trabajado sobre la relación entre la tradicional Guarda Pampa (originalmente elemento decorativo textil de los ponchos) y el diseño industrial contemporáneo, eligiéndose para esta segunda etapa analizar la utilización de la misma imagen como identificación de la “argentinidad”, en la vajilla de la empresa “Aerolíneas Argentinas”. Palabras claves: Imágenes – resignificación – Diseño De Largo do Colégio a Praça João Pessoa: a transformação de uma paisagem urbana vista em fotografias Maria Helena de Andrade Azevedo Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, a cidade da Parahyba (atual João Pessoa) passou por obras públicas que tinham por finalidade a sua urbanização. Iluminar, sanear e aformosear são verbos constantemente conjugados nos relatórios, discursos e mensagens dos presidentes da Província dessa época. A
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década de 1910 é um período de prosperidade econômica em função da cultura do algodão e que resultou em ações modernizadoras para a paisagem urbana da capital. O antigo conjunto dos Jesuítas, situado no Largo do Colégio, por exemplo, recebeu em sua vizinhança o edifício sede da Imprensa Oficial e a Escola Normal. Assim, o largo foi se transformando em um espaço ajardinado chamado, oficialmente, de Jardim Público para onde as famílias acorriam nos finais de semana a fim de ouvir a retreta, como também os rapazes e as moças iam em busca de um flerte. Lugar do footing e da paquera, era ali onde se encontrava um tipo de diversão não promovido pela igreja, como as tradicionais festas de padroeiras. Em 1932, o coreto de arquitetura do ferro foi substituído por uma escultura do artista plástico Umberto Cozzo executada em homenagem a João Pessoa, presidente da Província da Parahyba até 1930 e com isso, o Jardim Público passou a ser oficialmente a Praça João Pessoa. Toda essa situação chamou a atenção dos fotógrafos pioneiros da cidade da Parahyba que registraram as mudanças de linguagem arquitetônica ocorridas no entorno dessa praça entre o final do século XIX e os anos 1930. Essas imagens nos permitem entender as transformações da paisagem urbana trazidas pela modernização como também a apropriação desse espaço público pela população. Palavras-chave: cidade da Parahyba, Largo do Colégio, fotografias da paisagem urbana GUARDIÃO DE IMAGENS: “MEMÓRIAS FOTOGRÁFICAS” E A RELAÇÃO DE PERTENCIMENTO DE UM PIONEIRO COM LONDRINA Maria Luisa Hoffmann Universidade de São Paulo/USP
Paulo César Boni Universidade Estadual de Londrina/UEL
A partir de lembranças individuais de um pioneiro de Londrina, este estudo visa contribuir com a discussão sobre memória, identidade e pertencimento. Para tanto, foram selecionadas imagens da cidade e da família Benatto durante a época da colonização, tomadas nas décadas de 1930 e 1940 e descritas textualmente pelo entrevistado, Omeletino Benatto. Esses registros imagéticos foram apresentados durante as entrevistas, quando foi trabalhada a proposta metodológica da fotografia como “gatilho detonador da memória” que, aliada à técnica da história oral, enriqueceu os relatos do pioneiro. As análises apontaram para uma relação de pertencimento do entrevistado ao lugar, onde ele identifica-se, orienta-se e pelo qual desenvolve o sentimento de topofilia. Sua relação com a cidade é permeada por experiências particulares e as fotografias de sua família são uma espécie de patrimônio simbólico, que asseguram coesão, identidade e referência. Ao reconhecer e identificar elementos da cidade, o indivíduo deixa transparecer sua relação de intimidade com seu lugar de vida social e com a comunidade. Isso significa que ao mesmo tempo em que ele pertence ao lugar, o lugar pertence a ele, podendo interferir em sua rotina e em seus rumos. A narrativa, organizada a partir da imagem, aponta para a existência de mapas mentais, construídos ao longo do tempo por meio da experiência perceptiva e cognitiva.
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Para a análise foram abordados os conceitos de lugar, de Augé (1994), topofilia, de Tuan (1980) e considerações de autores como Schutz, Lynch, Kossoy e Le Goff, sobre história, fotografia, cidade e memória. Palavras-chave: História de Londrina (PR); Gatilho da memória; Lugar de Pertencimento. AS REPRESENTAÇÕES FEMININAS NOS ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS DE MODA DA REVISTA CLAUDIA (1961-1985) Maria Paula Costa Universidade Estadual do Centro-Oeste/Unicentro
Este trabalho tem como objetivo analisar algumas imagens de anúncios publicitários que foram publicados na Revista Claudia referentes à moda no período de 1961 a 1985 e discutir as relações existentes entre a moda e o corpo, a família, a indústria e o consumo. Para tanto utilizo como metodologia o conceito de representação, pois entendo a moda como uma construção cultural e social, dessa forma o ato de vestir traduz valores e comportamentos que vão além das aparências. A moda e sua relação com o feminino esteve presente em Claudia desde os primeiros números e além de modelar o corpo com o discurso da conquista das formas tidas como ideais e perfeitas, cuidou também de vesti-lo. Para este fim a revista aliou-se à publicidade destacando as principais novidades do mercado. Tratar da moda em Claudia significa perceber de um lado a construção do feminino, já que procurava ensinar sua leitora a se compor, saber escolher o que usar em cada ocasião, saber combinar os acessórios a as diversas peças do seu guarda-roupa. E de outro, compreender uma fase da história da moda no Brasil, pois a revista acompanhou as transformações e o fortalecimento da indústria têxtil brasileira, assim como o boom das grandes lojas e marcas do prêtà-poter. Portanto, pretendemos analisar alguns anúncios publicitários referentes a indústria da moda que foram publicados na Revista Claudia no período de 1961 a 1985 investigando as representações femininas presentes na construção de um ideal de moda e seus significados. Palavras-chave: Imprensa feminina, História Cultural e Moda O signo figurativo das choes no ritual das Anthesterias Maria Regina Candido Atenas se configurou como uma sociedade das imagens, fato que nos permite admitir que a imagem grega sempre constituiu como uma mensagem para o outro para ser vista, nesse caso, o outro somos nós, pesquisadores da sociedade ateniense do V século. Martine Joly nos orienta, através da analise da imagem, a identificar os códigos presentes na mensagem visual, sua função e qual ação devemos prosseguir para a apreensão do seu conteúdo e sentido. Como ação experimental, selecionamos o corpus imagético de vasos oinochoes que integram o ritual religiosos das Anthesterias e a partir da analise das imagens dos vasos apreender a possível mensagem registrada no V século em Atenas e que chegou até nós, destinatários tão distante.
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DIRCEU MAUÉS: A FOTOGRAFIA PINHOLE NA ARTE CONTEMPORÂNEA. Mariana Capeletti Calaça SENAC
O presente trabalho busca discutir a fotografia expandida, em especial as imagens com pinhole do artista-fotógrafo paraense Dirceu Maués e suas fotografias produzidas em Belém no famoso mercado Ver o Peso. A análise será guiada pelo processo criativo do fotógrafo, os procedimentos utilizados para obtenção da imagem, as características e os resultados que tornou sua obra reconhecida. A fotografia está associada a fatores técnicos e a processos de aperfeiçoamento, porém alguns fotógrafos-artistas fazem um resgate desses processos históricos produzindo imagens dentro do campo das artes visuais. O uso de processos alternativos parte de uma inquietação e necessidade de experimentação dos artistas em relação à rígida linguagem fotográfica, onde os fotógrafos que utilizam desses processos o fazem pois desejam ir além do aparelho. Os fotógrafos denominados experimentais procuram respostas num contexto da liberdade dominado por aparelhos, onde não se limitam aos mecanismos e dispositivos. Palavras-chave: Fotografia expandida, pinhole, Dirceu Maués Debatendo os conceitos de Caricatura, Charge e Cartum Mariana de Mello Arrigoni Universidade Estadual de Londrina/UEL
A charge e a caricatura são componentes do humor gráfico que apresentam diferenças entre si. Apesar de terem sido tratadas inicialmente como sinônimos, há atualmente um consenso entre os autores acerca das suas particularidades. Além disso, é importante destacar que, embora sejam categorias do humor gráfico, nem sempre objetivam o riso, ou ao menos o riso gratuito, por parte do leitor. O objetivo deste trabalho é analisar como a imagem desenhada (caricatura, charge e cartum) foi usada e como os autores construíram o conceito de caricatura, charge e cartum. Palavras-chave: Caricatura; Charge; Cartum; Humor Gráfico; Imagem. Histórias em quadrinhos e público infantil: análise do consumo de HQ por alunos da 4ª série da Escola Municipal Olavo Soares Barros em Cambé – PR Mariana Ferreira Lopes Universidade Estadual de Londrina/UEL
A relação entre meios de comunicação e o público infanto-juvenil vem levantando uma série de reflexões sobre das formas de apropriação, de produção de sentido dos conteúdos veiculados pelas diversas mídias presentes no cotidiano desta faixa etária e
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pela criação de uma resposta social a essas mensagens por meio da formação de um receptor crítico. Um dos vieses de pesquisa nesta area centra-se na identificação dos hábitos de consumo midiático que permitem analisar de que maneira esta audiência específica interage com o meio em questão. Dentre as linguagens midiáticas que estão inseridas no dia a dia de jovens e crianças encontram-se as histórias em quadrinhos (HQ) que apesar de serem atualmente um meio de comunicação residual, tendo em vista a centralidade que a televisão e as novas tecnologias de comunicação ganharam nas últimas décadas, ainda se constituem como um produto midiático bastante consumido. Estima-se, por exemplo, que as produções de Maurício de Souza em torno na Turma da Mônica desde a década de 1970 tenham alcançado uma vendagem de um bilhão de exemplares. Neste sentido, o presente trabalho apresenta como proposta identificar e analisar as formas de consumo de histórias em quadrinhos pelo público infantil, tendo como amostragem 125 alunos de 4ª série da Escola Municipal Olavo Soares Barros, em Cambé-PR. Trata-se de uma pesquisa quali/quantitativa realizada a partir da aplicação de uma entrevista estruturada e sua conseqüente análise que se apresenta como etapa inicial para o estudo das mediações que interferem na produção de sentido de HQ por este público. O estudo contempla igualmente uma discussão sobre a linguagem das histórias em quadrinhos e a relação entre meios de comunicação e infância. Palavras-chave: Histórias em quadrinhos; Consumo Infantil; Mídia Educação. CULTURA E ARTE: A UTILIZAÇÃO DA IMAGEM NO PROCESSO EDUCACIONAL Mariane Cecilia da Silva Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este trabalho propõe uma reflexão sobre a utilização da imagem no processo educacional, tendo como recurso base, a cultura e a arte, ou seja, a cultura como meio de divulgação dessa arte. A utilização da imagem no processo de ensino em sala de aula permitirá que o aluno possa ter uma visão da arte como fonte de uma cultura viva e importante no processo de aprendizagem. Sendo assim, a utilização de uma determinada imagem como recurso educacional será capaz de resgatar no âmbito da educação toda riqueza e experiência de diferentes formas de compreender e interpretar o real, a vida e a condição de mundo em que vivemos, despertando o interesse dos alunos pelas obras de arte. Portanto, o principal objetivo desse trabalho é ilustrar algumas imagens para que possamos refleti-las como objeto de ensino. Palavras-chave: Cultura; Arte; Imagem.
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AS REPRESENTAÇÕES DO AUTOMÓVEL NO HUMOR GRÁFICO BRASILEIRO DO INÍCIO DO SÉCULO XX Marilda Lopes Pinheiro Queluz Luciana Vicente da Silva Tamiris Cequinel Belli Universidade Tecnológica Federal do Paraná/UTFPR Este texto faz parte de uma pesquisa mais ampla sobre as representações de tecnologia presentes nas revistas de humor do início do século XX. Na análise discursiva das imagens, o conteúdo narrativo, a linguagem e o contexto histórico são vistos como uma unidade expressiva e dialógica, traçada na materialidade do desenho e na organização da forma. O objetivo aqui é analisar o humor gráfico voltado à novidade de transporte nas cidades: o automóvel. A
República investiu numa modernização pautada nas reformas urbanas e nas inovações técnicas: ferrovias, telégrafos, telefones, gramofones, luz elétrica, saneamento, bondes elétricos, cinematógrafos, zincografia, fotografia, automóveis, provocavam curiosidade e desconfiança na população. O medo e o encantamento pelas máquinas, a reapropriação dos artefatos e dos espaços instauraram uma permanente negociação de significados da experiência urbana, das novas percepções do espaço e do tempo, no ritmo das fábricas. As imagens de humor assumiram o papel de tradução avessa do cotidiano, tornando visível as contradições
das práticas culturais, não apenas como reflexo do social, mas ajudando a constituir e divulgar essa visibilidade. As representações de tecnologia narram diferentes histórias para dar sentido às transformações que surgem com as máquinas. As charges sobre os automóveis são uma face importante para as concepções sobre tecnologia, rearticulando, simbolicamente, as mudanças sociais e urbanas, além das mudanças na linguagem visual do período. Resgatar essa cultura visual pode contribuir para compreender as relações entre as pessoas e os artefatos, ampliando os olhares sobre os modos como a sociedade se organizou para produzir, consumir, usar, imaginar e representar a tecnologia. Palavras-chave: humor gráfico, automóvel, tecnologia
A LOUCURA NO CINEMA: A REPRESENTAÇÃO DA LOUCURA EM PERSONA Marina da Costa Campos Universidade Federal de Goiás/UFG
Este trabalho objetiva analisar a representação da loucura feita pelo cinema moderno por meio da análise do filme Persona (1966), de Ingmar Bergman. Tal estudo procura entender como o cinema moderno se apropria do tema e que visão oferece ao espectador, a partir dos vários conceitos que a Loucura abrange. Para isso, percorrese um breve caminho pela história do próprio conceito de Loucura, que envolve não só um sentido biológico, mais organicista relacionado com os conhecimentos da medicina e psicologia, como também o sentido psicossocial, que engloba todas as concepções criadas pela própria humanidade no enfrentamento de sentimentos e comportamentos que lhe custam ser “adaptados” ou “estereotipados”. A partir do pressuposto de sua constância nas artes, literatura e cinema, o artigo aqui proposto
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busca estudar não só a atração pelo tema loucura por parte das artes em geral, mas também entender o que está por trás desta representação. No caso aqui do trabalho, opta-se pelo cinema, especificamente o cinema moderno, vertente esta que trás uma necessidade mais acurada de estudo e compreensão. Temos aqui o difícil desafio de compreender o fascínio provocado pela Loucura no cinema. Palavras-chave: Loucura, cinema, representação. O REINO DA PALAVRA: o DISCURSO MIDIÁTICO DA E SOBRE A IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO (1990 – 2010) Marina Fazani Manduchi Universidade Estadual de Londrina/UEL
A Igreja Universal do Reino de Deus ao longo de seus 32 anos de existência tem despertado interesse e protagonizado escândalos. Devido sua expansão meteórica, tornou-se a principal denominação neopentecostal, estando presente em diversos países; adepta da Teologia da Prosperidade, a Igreja Universal do Reino de Deus arrecada milhões de reais doados por seus fiéis. Sua rápida expansão gerou desconfianças, principalmente depois da compra da Rede Record, o que instigou autoridades nacionais a investigar as contas e vidas dos líderes da Universal. Protagonizou diversos escândalos, como o “chute na santa”, os confrontos com as religiões afro-brasileiras, a prisão de Edir Macedo, e muitos outros. Recentemente a Universal ocupou o cenário brasileiro devido a acusações feitas pelo Ministério Público de São Paulo, foi destaque na mídia e travou um particular embate com sua principal rival, Rede Globo. Por fim, o objetivo do trabalho é analisar as imagens divulgadas nas mais publicadas capas de revistas relacionadas as igrejas neopentecostais. Palavras-chave: Neopentecostalismo; Mídia; Igreja Universal do Reino de Deus. Edir Macedo FOTOGRAFIA E HISTÓRIA: LEITURA DE IMAGENS DO COLÉGIO IMACULADA CONCEIÇÃO Marisa Farias dos Santos Lima Universidade do Estado de Mato Grosso/UNEMAT
Este trabalho objetiva conhecer alguns teóricos que trabalham a temática Fotografia e História como também analisar fotografias encontradas no acervo do Colégio Imaculada Conceição (CIC) localizado na cidade de Cáceres-MT. Burke (2004) afirma que as fotografias ou imagens apresentam pontos interessantes de observação, as quais servem, para distorcer a realidade social a qual reflete e não devem ser consideradas simples reflexões de suas épocas e lugares, mas sim extensões dos contextos sociais em que elas foram produzidas. Assim, objetivou-se perceber as relações do cotidiano escolar nas imagens encontradas no CIC. Dessa forma, partindo do pressuposto de que
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as fotografias podem ser comparadas a fragmentos de tempos históricos, as fotografias do acervo do CIC contribuíram para a compreensão da sociedade cacerense no início do século passado. Vale ressaltar que as imagens escolhidas são em sua maioria reflexos do cotidiano escolar. Pode-se dizer que as fotografias analisadas certamente tinham um propósito em demonstrar a ordem, a disciplina e principalmente a qualidade de ensino da instituição católica. As imagens escolhidas demonstraram autoridade e respeito em relação aos alunos que ali estudavam como também as maneiras de vestir e de se comportar. Uma das dificuldades encontradas para a realização da pesquisa foi a falta de informação quanto aos autores das fotografias, o instrumento fotográfico utilizado e o ano de sua realização. Os resultados da pesquisa mostraram-se relevantes e corroboram com Martinez (2004) a qual afirma que a imagem fotográfica pode ser compreendida como documento e revela aspectos da vida material de um determinado tempo do passado que vai além de uma descrição verbal detalhada. Palavras-chave: Fotografia. História. Cotidiano escolar. CIDADE-SHOPPING-CIDADE: O OLHAR SOBRE O BOULEVARD SHOPPING DE FEIRA DE SANTANA, BAHIA, COMO CIDADE Maristela dos Santos Pinho Nadia Virginia Barbosa Carneiro Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS
Lysie dos Reis Oliveira Universidade do Estado da Bahia/UNEB
Este artigo tem como busca realizar uma leitura da implantação do Boulevard Shopping no espaço urbano de Feira de Santana e discutir o (re)desenho por ele provocado no ambiente urbano de Feira de Santana; compreender em que medida o shopping vem se tornando uma continuidade do espaço urbano como cidade-shopping-cidade. Segundo os pressupostos da modernidade, o shopping é, na atual realidade das cidades brasileiras, um simulacro de cidade. Sugere-se que diferentes fenômenos sociais, como a violência urbana, o niilismo, a efemeridade das relações sociais, aliados ao modelo do capitalismo atual, são propulsores do costume/habito de ver os corredores do shopping como ruas, as vitrines como fachadas, o conjunto de lojas que vendem comida como praça de alimentação, enfim, considera-se que há muitas analogias entre o estar no ambiente citadino e o atual modelo de utilização do shopping como extensão de uma cidade. Esse tema tem sua relevância quando se aproxima da história da cidade de Feira de Santana. Marcada como cenário de grandes movimentações comerciais, foi sendo naturalmente reconhecida como o território do estado em que a pujança comercial afirmava-lhe o nome de batismo. Feira tem um papel fundamental no entendimento da história da Bahia, e desde o seu surgimento, almeja se tornar uma cidade moderna. Mas, aspectos de sua cultura foram apagados ou relegados ao esquecimento. A cidade negligencia suas memórias, em nome da “modernidade”. O método utilizado para compreensão da pesquisa foi a Semiótica peirciana e à leitura de Kevin Lynch, que permite a compreensão de como as pessoas criam imagens mentais
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através da observação, percepção, deslocamento e uso do espaço urbano. Palavras-chave: Desenho urbano; cidade shopping; Shopping Boulevard de Feira de Santana. A IMAGEM FOTOGRÁFICA COMO REGISTRO SOCIAL – ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DO CADERNO PEDAGÓGICO DESENVOLVIDO NO PDE (2010) Marlene Adélia Marchi Regina Lúcia Mesti Universidade Estadual de Maringá/UEM
A análise da imagem fotográfica como documento de registros sociais é um dos princípios básicos da linguagem visual na arte, apresentado pela Secretaria do Estado da Educação do Paraná, nas Diretrizes Curriculares (de Arte) da Rede Pública de Educação Básica. Departamento de Educação de Curitiba, 2008. A imagem fotográfica se caracteriza em captar a realidade e pode ser resultado de um processo investigativo, de interação do homem com o meio e os fatos vivenciados. A metodologia históricocrítica proposta por João Luiz Gasparin (2008), evidencia a importância de considerar o conhecimento inicial do educando para, por meio dos conteúdos mediados no âmbito escolar, este educando possa voltar à sua realidade e transformá-la. Essa Investigação da Imagem Fotográfica como Registro Social, tem por objetivo estudar a fotografia como uma forma de investigação do meio social. A análise do trabalho fotográfico de Sebastião Salgado com título de Êxodo, tem como finalidade aprender a respeito dos códigos da linguagem visual, que buscam uma articulação entre os elementos formais: cor, volume, linha, forma e textura e analisar o contexto social que retrata. O Caderno Pedagógico aponta possibilidades de organização do trabalho pedagógico com o tema A Imagem Fotografia como Registro Social, pois compreender a importância da Imagem Fotográfica exige a ousadia de ver a imagem e identificar o sentido da obra por meio da análise do contexto social. A apreciação da imagem como exercício para reviver o passado e observar o presente, possibilita a refletir os significados que a fotografia exerce em nossa vida. Palavras-chave: Caderno Pedagógico. Fotografia. Artes visuais. LINEAGE II como cruzamento de mídias Martha Werneck de Vasconcellos Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Os games online multiplayer produzidos na Ásia, em especial na Coréia do Sul, indicam um diálogo intercultural criativo e um cruzamento de mídias. A NCSoft, maior produtora de games online do mundo, está inserida em um mercado global com produtos cujos predicados também abarcam a cultura local. Tais jogos dependem parcialmente de
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outras formas culturais como os Role Playing Games, cinema, quadrinhos e animação, sendo geralmente resultantes de adaptações em termos temáticos e imagéticos. O artigo examina as influências estéticas e as questões de mercado que permeiam o jogo Lineage II (2003), produzido na Coréia do Sul, apresentando também uma análise de imagens a partir de interfaces, que traz à tona a relevância do conceito de remediation (Bolter e Grusin). Apontaremos questões culturais que trazem características específicas para esse jogo, que tem na cultura ocidental medieval um ponto de apoio temático e na cultura sul coreana aspectos funcionais e conceituais que dão a ele características locais. Palavras-chave: Lineage; games; cibercultura Um poema, um filme e dois corvos distintos: uma comparação ente Poe e Corman Maurício F. De Araújo Filho Universidade Estadual da Paraíba/Uepb
O tema da morte de uma bela mulher, que era idolatrávelmente amada por um nobre e distinto marido, foi um dos que certamente marcou o legado do notável escritor norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1849). No seu poema “The Raven” (1845), considerado sua obra-prima e foco desse estudo, o narrador se deleita em sua própria amargura ao “dialogar” com um corvo a respeito de sua esposa Lenore. A cada questionamento levantado pelo homem em relação ao seu futuro e se chegaria a encontrar, em outra vida, aquela que jazia, o corvo respondia-lhe nevermore. O objetivo geral desse trabalho é fazer uma comparação entre o poema “The Raven”, publicado por Poe em 1845, com o filme que carrega o mesmo título, dirigido pelo cineasta Roger Corman em 1964. Como objetivos específicos, se detalhará as aproximações e as convergências dos personagens principais de “The Raven”, os diálogos, as cenas e depois comparar os corvos de ambos os trabalhos. Palavras-chave: Poe, Corman, The Raven. A CRIAÇÃO DE UM MITO MODERNO NO FILME “DRÁCULA, DE BRAM STOKER” (1992) Maytê Regina Vieira Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC
O objetivo desta comunicação é discutir a formação de um mito recente, no imaginário ocidental, que é a figura do vampiro Drácula, constantemente associado a Vlad Tepes, um personagem histórico romeno bem conhecido. A partir da obra de Bram Stoker e daquela que foi considerada sua “melhor adaptação” ao cinema, “Drácula de Bram Stoker”, realizada por Coppola em 1992, ambas as figuras se fundem: no entanto, examinando as fontes européias anteriores ao livro e ao filme, descobre-se de forma
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surpreendente que não há ligações diretas entre as duas figuras (Vlad Tepes e o Drácula do livro), e que a “lenda” em torno do mito foi absolutamente criada pela literatura do século XIX. Para compreender como este processo ocorreu, examinaremos, por meio da grade semiológica proposta por Roland Barthes (Mitologias, 1979), a reconstrução dos significados e dos significantes em torno da figura do vampiro, que se configuram, de modo claro, na proposta ficcional de Bram Stoker e que se consolidam, em definitivo, no filme de 1992. Com isso, esperamos demonstrar através de estudos históricos recentes como a construção deste mito, foi apropriada pelo imaginário popular, a ponto de transformar-se numa opinião de senso comum amplamente difundida. Palavras-chave: vampiros – história e cinema – Drácula. O PECADO COMO PRECEITO DA EDUCAÇÃO NA BAIXA IDADE MÉDIA: A INVEJA NA ARTE DE HIERONYMUS BOSCH Meire Aparecida Lóde Nunes Terezinha Oliveira Universidade Estadual de Maringá/UEM
A proposta, em tela, compreende a arte como uma linguagem que traz consigo muitas informações da historia. Partindo desta premissa, ela se torna fonte primordial de nossa pesquisa acerca da educação na Baixa Idade Média. A educação é concebida como um processo que visa à formação do homem para o convívio em sociedade e que requer a construção de hábitos, forjados no seio das relações sociais seja por meio das instituições formais ou não formais. É, pois, dentro desta perspectiva que elegeremos o conceito de pecado como um aspecto da educação do homem na baixa Idade Média. Ao concebermos o pecado como uma construção mental importante no processo educativo, nos propomos a analisar o pecado da inveja no quadro Os sete pecados mortais e os quatro novíssimos do homem do pintor holandês Hieronymus Bosch (1450 – 1516). Destacamos que no âmbito teórico, da análise do pecado como construção mental educativa, nos basearemos em Tomás de Aquino e no que diz respeito à metodologia de análise iconográfica nos fundamentaremos em Panofsky. Este autor expõe três possibilidades de análise da imagem, a pré-iconografica, iconográfica e iconológica. Dessa forma, o texto apresenta reflexões sobre características do contexto social que se constituem em pistas para a compreensão da arte boschiana como um reflexo do pensamento do homem medieval, por conseguinte, a estreita relação entre a imagem do pecado, a construção mental dele e a educação. Palavras-chave: Pecado. História da Educação na Idade Média. Arte/Imagem.
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A fotografia como estratégia para atrair usuários na rede social Facebook Meire Helen Godoi de Moraes Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”/Unesp
Com o surgimento das câmeras digitais e dos sites de relacionamentos virtuais a fotografia se torna cada vez mais presente na sociedade contemporânea. Neste sentido, o objetivo desta comunicação é tentar mostrar porque a fotografia pode ser vista como uma prática de estratégia econômica para atrair usuários na rede social Facebook. Nosso corpus de análise é composto pelos enunciados verbais e não verbais inseridos no Facebook. Para analisar tais enunciados utilizaremos o aporte teórico da Análise do Discurso, derivada do trabalho de Michel Foucault, e a metodologia de análise e interpretação das imagens fotográficas concebidas por Boris Kossoy. As análises têm evidenciado que as fotografias unidas aos enunciados verbais funcionam como práticas de estratégias econômicas, pois ambos são transformados em inovações tecnológicas, à medida que os programadores de software criam e disponibilizam para acesso redes de relacionamentos virtuais. Estas são criadas e disponibilizadas com a finalidade de atrair milhões de usuários e, consequentemente, incitar interesses e mobilizar um grande número de aliados para obter sucesso comercial. Palavras-chave: fotografia; discurso; Facebook. INTERFACES ENTRE ARTE E POLÍTICA:CONSTRUÇÃO, APAGAMENTO E DESCONSTRUÇÃO DE MEMÓRIAS IMAGÉTICAS Milton Genésio de Brito SEJU-PR
O nosso escopo nestetrabalho é debateralguns pontos de conexão na complexa relação entre produção artística e contexto politico, como dentre outros a ingerência da politica na constituição de estratégias direcionadas para a construção, o apagamentoe a desconstrução de memóriasimagéticas. Neste sentido, delineamos o itinerário de análise através de quadrosque têm como personagem principal Napoleão Bonaparte,elaborados durante a primeira metade do século XIX, e que enfocam o período em que o corso esteve à frente do governo da França pós-revolucionária. Palavras-chave: Produção Artística – Contexto Político – Napoleão Bonaparte.
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IMAGEM, MEMÓRIA E INFORMAÇÃO: UM TRIPÉ PARA O DOCUMENTO FOTOGRÁFICO Miriam Paula Manini Universidade de Brasília/UnB
Este texto é resultado de reflexões em torno de três eixos conceituais que orbitam em torno da fotografia: imagem, memória e informação, aqui chamados de tripé fotográfico. Dividido – não de maneira absoluta – também em três partes, quais sejam Fotografia como Imagem, Fotografia como Memória e Fotografia como Informação, o trabalho reúne esta tríade que conforma o documento fotográfico presente não só em arquivos, mas em outras instituições reconhecidas como lugares de cultura e memória. Em Fotografia como Imagem, a abordagem gira em torno dos signos constituintes e observáveis na imagem fotográfica a partir de análises orquestradas por Charles Sanders Peirce, apresentadas por Philippe Dubois, e passando também pelo crivo semiológico de Roland Barthes. Em Fotografia como Memória, trabalha-se o aspecto do registro perpetuador do referente, resultante da abordagem acima, que torna a fotografia um objeto do passado e, portanto, um objeto de memória, fazedor de lembranças, provocador de rememorações e ponto inicial de narrativas memorialistas. Em Fotografia como Informação, voltamos ao tema da representação e da análise documentária de fotografias, ferramenta da Ciência da Informação e da Documentação no acesso e compartilhamento de memórias. Palavras-chave: Fotografia, Imagem, Memória, Informação. O IMPALPÁVEL SENTIMENTO DO BUTOH: IMAGENS E PENSAMENTOS Mônica Cristina Moreira Bernardes Muito se fala do corpo dilacerado e das cidades devastadas pela segunda guerra mundial. É fato que não conhecemos de perto nenhuma destas duas realidades. Mas é fato também, que o colapso do corpo experimentado nas duas décadas seguintes ao confronto registrou grandes mudanças no território das artes. No Japão, onde corpos plurais e mestiços se reafirmavam no país devastado, surge não isoladamente o Butoh. Movimento artístico surgido em 1959 com Tatsumi Hijikata que se apoderou do velho e do novo, da cultura milenar oriental e das novas artes ocidentais para deixar eclodir algo mais profundo e essencial, menos externo. O presente trabalho pretende tratar a imagem da autonomia dos membros do corpo neste movimento. Filho do pós-guerra, o butoh reformulou todo o pensamento a respeito do corpo, dos objetos, da vida e da morte. Para ele, imagens são muito mais do que representações, são vidas em construção/desconstrução que se revelam/ habitam o espaço que é o corpo, também elas próprias. Palavras-chave: Butoh, Arte no pós-guerra, Tatsumi Hijikata.
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A UTILIZAÇÃO DE FONTES VISUAIS NA PESQUISA HISTÓRICA E AS DISCUSSÕES SOBRE REPRESENTAÇÃO E IMAGINÁRIO Mônica Maciel Vahl Universidade Federal de Pelotas/UFPel
Este artigo tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre história e imagem. Inicialmente farei uma discussão sobre aspectos teórico-metodológicos da utilização de fontes visuais na pesquisa histórica, indicando algumas de suas possibilidades e limites. Para tanto, será esboçado um breve panorama da historiografia contemporânea, recorrendo aos trabalhos de Menezes, Burke, Manguel, e Knauss, entre outros. Em um segundo momento será analisado de forma mais detalhada as propostas teóricas acerca dos conceitos de imaginário e representação. Entre os autores que balizarão essa problematização destaco: Backzo, Volvelle, Chartier e Ginzburg. Por fim, tecerei algumas considerações que buscam entrecruzar as temáticas anteriormente propostas. Palavras-chave: Fontes Visuais/História Visual – Teoria da História – Imaginário e Representação FELLINI POR ELE MESMO: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE “FELLINIANA” Neemias Oliveira da Silva Universidade Estadual de Goiás/UEG
Este trabalho pretende tecer algumas considerações sobre a construção e a representação da identidade em Federico Fellini, um dos mais importantes cineastas italiano. Por meio da análise de obras fílmicas como o “Satyricon” e “A Doce Vida” é possível tecer um diálogo entre a História e o Cinema, uma vez que ambas as obras abordam temas que são contemporâneos ao período em que foram produzidas, isto é, a década de 60. A metodologia empregada para analisar a construção da identidade em Federico Fellini é a leitura das obras cinematográficas com base na análise de material bibliográfico específico. Assim, a narrativa composta pelo cineasta em suas obras nos permitirá desvendar o conceito “felliniano”, adjetivo concedido a Fellini em decorrência de sua criatividade ilimitada que tornava seus pensamentos e delírios como algo próprio da nossa imaginação. Através da análise de Fellini por ele mesmo perceberemos o quanto Fellini contribuiu para a identidade italiana e para a representação de sua própria identidade. Palavras-chave: Federico Fellini, identidade, felliniana.
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METADADOS PARA A DESCRIÇÃO DE FOTOGRAFIAS Neiva Pavezi Universidade Federal de Santa Maria/UFSM
A atividade de descrição arquivística de documentos fotográficos requer um planejamento detalhado de forma a contemplar os referenciais teóricos e recomendações técnicas vigentes. Nesse contexto, o artigo apresenta o conjunto de metadados proposto para a descrição de uma parte do acervo fotográfico da UFSM, visando a sua preservação enquanto patrimônio documental e disponibilização online. Esse trabalho é o ponto de partida para as primeiras atividades desenvolvidas no âmbito do projeto institucional “A preservação do patrimônio cultural regional de Santa Maria na produção de instrumentos de pesquisa arquivísticos”, contemplado pelo PROEXT 2010. Palavras-chave: Descrição arquivística, patrimônio documental, arquivo de fotografias MEMORIA VISUAL DA NAVEGAÇÃO EM MATO GROSSO Ney Iared Reynaldo Universidade Federal de Mato Grosso/UFMT
Esta comunicação visa apresentar um projeto denominado Memória Visual da Navegação em Mato Grosso. Este vem sendo desenvolvido com a participação de um grupo de discentes do Departamento de História do Campus Universitário de Rondonópolis (Universidade Federal de Mato Grosso). Com base em levantamento documental fotográfico apresentado pela publicação do Álbum Gráfico de Mato Grosso de 1914 e, outros acervos de imagens depositadas no Arquivo Público Estadual. De modo que se pretende recuperar a História Imagética da Navegação em Mato Grosso, por meio de fotografias públicas e privadas que envolvem as empresas e embarcações que singravam pelo rio Paraguai, entre os anos de 1870, este fato permitiu a livre navegação, colocando a economia regional mato-grossense em contato com os mercados platino e europeu, no pós-guerra contra o Paraguai até 1940, ano em que ocorreu o “desmonte” da estrutura fluvial em detrimento da recém chegada ferrovia Noroeste do Brasil. Isto ocasionou o descaso das autoridades republicanas que minimizaram sua importância no transporte de mercadorias para o comércio de Mato Grosso. Palavras-chave: Fotografia. História. Navegação.
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A FOTOGRAFIA NA SALA DE AULA, A PROBLEMÁTICA DA FONTE IMAGÉTICA. DA EFEMERIDADE AO TRABALHO COM A SENSIBILIDADE DO OLHAR Nisley Ciacareli Universidade Estadual de Londrina / UEL
Este trabalho trata do uso de fotografia como fonte nas aulas de história e resulta da experiência de oficinas ministradas no projeto “Contação de Histórias no Norte do Paraná” desenvolvido por professores e graduandos do curso de história da UEL - Universidade Estadual de Londrina no ano de 2010. O objetivo deste trabalho é desenvolver um método de análise de fotografia – baseado na experiência das oficinas e revisão bibliográfica pertinente ao tema – para alunos de ensino fundamental e médio onde ao analisar uma fotografia possam produzir conhecimento histórico e desenvolver a sensibilidade do olhar, pois, atualmente vivemos em meio a um turbilhão de imagens e se torna imprescindível desenvolver a criticidade nos alunos que sem perceber são afetados nas suas escolhas, hábitos e consumos. O trabalho com fontes permite uma proximidade entre teoria e ensino possibilitando aos alunos reflexões que desenvolvam seu poder cognitivo de investigação e formulação de teorias, contribuindo para a sua formação como cidadãos críticos e conscientes. Palavras-chave: Ensino de História. Fotografia. Análise de fontes. “RETRATOS DE VELHOS QUANDO JOVENS”: MEMÓRIA, IDENTIDADE E CULTURA EM LONDRINA – UMA ABORDAGEM FOTOGRÁFICA Nisley Ciacareli Universidade Estadual de Londrina / UEL
Com a melhora da expectativa de vida, os idosos vêm ganhando mais espaço em nossa sociedade, conquistando independência e vida ativa. A proposta central deste trabalho reside em buscar compreender “a melhor idade” – que pode ser definido como o grupo de pessoas que já atingiram os 60 anos –, através de vestígios da memória presentes em sua identidade. Para isso analisaremos um grupo de idosos que frequentam os bailes de terceira idade da cidade de Londrina, utilizando fotografias realizadas no próprio local dos bailes, tendo como apoio para análise as observações feitas nos dias de baile, as conversas com os idosos e a revisão bibliográfica referente ao tema. Os suportes comunicacionais utilizados (fotografias e conversas) serão portas de entrada para o mundo das lembranças desses idosos que nos ajudará a compreender alguns aspectos culturais que invariavelmente está ligada com o passado desses frequentadores e fundamentam a afirmação de um determinado tempo e de uma identidade social. Palavras-chave: História do tempo presente. Fotografia. Memória.
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“O ardor progressista do nosso povo”: a representação do Theatro Guarany no periódico A Opinião Pública, em Pelotas, RS, 1920. Olívia Pereira Tavares Universidade Federal de Pelotas/UFPel
Este trabalho visa analisar um do artigo do periódico pelotense “A Opinião Publica”, pertencente à coluna intitulada “Pelotas e a Iniciativa Particular”, que foi redigida em março de 1920. O objeto de análise é o artigo que abre a coluna e referencia ao Theatro Guarany que está sendo edificado na cidade de Pelotas. Através dos conceitos de representação de Ginsburg e Pesavento, são considerados como tal veículo de comunicação formula a imagem do novo teatro inserindo-o como um espaço social já pertencente aos moradores locais. O foco da análise é o artigo em questão, no entanto sem desconsiderar outros aspectos que podem indicar representações acerca do Theatro Guarany contidos neste jornal, no período analisado. O método empregado no artigo é análise de conteúdo, proposta por autoras como Laurence Bardin e Eni Orlandi. Palavras-chave: Imprensa; Representação; Theatro Guarany. IMAGENS RELIGIOSAS NOS MANUSCRITOS MEDIEVAIS Pamela Wanessa Godoi Universidade Estadual de Londrina/UEL
Neste trabalho procuramos desenvolver uma analise de como os vários autores da historiografia atual percebem o estudo de imagens. Utilizamos de base as imagens encontradas em manuscritos medievais: as iluminuras. A iluminação é a arte que nos manuscritos alia a ilustração e a ornamentação, por meio de pintura em cores vivas, ouro e prata, de letras iniciais, flores, folhagens, figuras e cenas, em combinações variadas, ocupando parte do espaço reservado ao texto e estendendo-se pelas margens, em barras ou molduras. Percebemos como as imagens ao longo da história foram utilizadas para expressar e representar o contexto vivido pela sociedade, deste modo, partimos das imagens de uma determinada sociedade para compreendermos melhor suas formas de imaginário e de representação cotidiana do social. Utilizaremos as discussões feitas a partir de historiadores que desenvolvem a questão do uso de imagens como fontes para a narrativa histórica e as várias metodologias apresentadas para analisar e questionar a imagem da iluminura medieval. Dessa forma procuramos demonstrar a transformação da representação visual de simples ilustração para uma base documental de fato, percebendo como esse suporte documental tem sido útil aos historiadores atuais e quais as formas propostas atualmente para a utilização, apresentando e discutindo alguns dos métodos, abordagens e exemplos.
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Breve panorama da fotografia no Salão Paranaense Patricia Camera Pontifícia Universidade Católica/PUC-RS
Este trabalho relata a introdução da fotografia no Salão Paranaense tomando como análise as proposições das diferentes edições, a estética de cada obra e as circunstâncias em que se incluem as 10 primeiras “obras fotográficas” nessa instituição. Apresenta-se a metodologia usada para o levantamento da fotografia veiculada nos catálogos e comunica-se o valor numérico das obras ao longo dos sessenta anos deste salão. Dentre os apontamentos principais tem-se a relação da obra com a edição do salão e o contexto social da época. Esta pesquisa discute a fotografia como mídia múltipla e dinâmica, tendo em vista seu entendimento vinculado à construção social da tecnologia fotográfica. Palavras-chave: fotografia, Salão Paranaense, tecnologia A FOTOGRAFIA ESCOLAR COMO POSSIBILIDADE SEMIÓTICA PARA A ATRIBUIÇÃO DE SENTIDOS DE CONCEITOS CIENTÍFICOS Patrícia de Oliveira Rosa-Silva Carlos Eduardo Laburú Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este trabalho, de cunho qualitativo, tem o objetivo de identificar a frequência de curiosidades científicas externadas por estudantes ao lerem imagens criadas por eles. São apresentados dados decorrentes do recorte de uma das estratégias utilizadas com o método CIP, “Criar e interpretar suas próprias fotografias” (ESHACH, 2010), que diz respeito à fase de levantamento de questões para estudo, após uma visita a um parque urbano, com o objetivo de fotografar animais quando vistos pelos aprendizes. Foram feitas dez oficinas no total de 32 horas, com a participação, em média, de sete estudantes da 5ª série. Das 161 fotos reveladas (100%), 29 delas (18%) foram selecionadas para a elaboração de 35 perguntas no total, de acordo com os três grupos de aprendizes. De posse das questões (100%), foi possível estabelecer cinco categorias, pela análise de conteúdo (BARDIN, 1977) das questões, as quais são pertinentes para estudo nas aulas de Ciências por fazerem parte do currículo escolar, além de aguçarem a curiosidade estudantil à investigação. A categoria biodiversidade teve a maior representatividade (66%), composta de oito subcategorias; seguida das categorias mecanismo biológico (17%), com quatro subcategorias; recurso natural – água (8%), com duas subcategorias; intemperismo (3%), sem subcategoria; e a quinta categoria, outra (6%), que se aplica indiretamente sobre o conteúdo, uma vez que as perguntas são para confirmar informações, pelo fato de o referente estar fora de foco. Esses dados sugerem intervenção didática com o uso de estratégias de leitura imagética, por exemplo, pelas vias semióticas denotativa e conotativa, com comparação ou não entre fotografias, a fim de acompanhar a atribuição de sentidos pelos estudantes sobre os conceitos científicos implícitos nas perguntas. Palavras-chave: fotografia escolar; semiótica; conceito científico.
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A CONSTRUÇÃO DE CATEGORIAS A PARTIR DAS PERGUNTAS DOS ESCOLARES DA 5ª SÉRIE PARA A LEITURA DE FOTOGRAFIAS Patrícia de Oliveira Rosa-Silva Elisa Barbosa Leite da Freiria Estevão Carlos Eduardo Laburú Universidade Estadual de Londrina/UEL
É consenso considerar que a formulação de perguntas é fundamental no processo cognitivo de leitura de imagens, uma vez que o indagador ativo busca respostas a suas perguntas. Um dos problemas que se coloca, atualmente, na linha de pesquisa sobre a leitura de imagens na escola é a investigação sobre a taxonomia das questões elaboradas pelos estudantes. Este trabalho, de caráter qualitativo/interpretativo, tem como objetivo analisar 35 perguntas feitas por escolares ao utilizarem o método CIP – “Criar e interpretar suas próprias fotografias” (ESHACH, 2010). A maioria das imagens é sobre animais, quando foram vistos pelos aprendizes em visita a um parque urbano. Houve a realização de 10 oficinas num total de 32 horas, com a participação, em média, de sete estudantes da 5ª série. Das 161 fotos reveladas (100%), 29 delas (18%) foram selecionadas para a elaboração de 35 perguntas feitas por três grupos de aprendizes. De posse dos dados, foi possível estabelecer quatro categorias, pelos critérios da técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 1977) em conjunto com o referencial semiótico de Eco (1985). As duas primeiras classificações estão de acordo com a semiótica denotativa (com adaptação para a denotação científica) e conotativa, e as duas últimas relacionadas ao tempo de elaboração de resposta. As categorias são: perguntas imagéticas no plano denotativo (PIPD); perguntas imagéticas no plano conotativo (PIPC); perguntas de resposta a curto prazo (PRCP) e perguntas de resposta a médio/longo prazo (PRMLP). Considera-se que a compreensão dessas categorias, por professores, no uso de imagens fotográficas possa auxiliar no processo da leitura das mesmas, para uma aproximação mais fácil com informações consideradas relevantes na investigação científica. Palavras-chave: fotografia escolar; perguntas; taxonomia semiótica. UMA GUERRA PELA OPINIÃO: A PROPAGANDA POLÍTICO-IDEOLÓGICA ESTADUNIDENSE DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Pauline Bitzer Rodrigues Universidade Estadual de Londrina/UEL
Durante a Segunda Guerra Mundial o governo estadunidense, liderado pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, precisava conquistar e manter o apoio e a participação da população no esforço de guerra, visto que somente com o suporte popular conseguirse-ia aumentar a produtividade, aumentar a arrecadação financeira e garantir maior vigilância sobre possíveis inimigos dentro do país. Para alcançar tais objetivos, o governo investiu como nunca na disseminação de uma propaganda político-ideológica
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criada por órgãos governamentais e por parcerias com empresas privadas que mostravam a guerra como necessária e justa. O esforço propagandístico mobilizou toda a imprensa e a indústria cinematográfica, e o material divulgado se mostra extremamente rico. Neste trabalho, que consiste apenas em parte de um projeto de pesquisa [pesquisa que é vinculada ao projeto “A Reintegração Social dos Veteranos da Segunda Guerra Mundial: estudo comparativo dos ex-combatentes do Brasil e dos Estados Unidos (1945-1965)”], é analisado parte desse material, algumas das imagens veiculadas pelo país na forma de pôsteres ou em revistas durante os anos de 1942 e 1945. Tais fontes estão disponíveis online em sites como o da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, e para analisá-las é levado em consideração quem as produziu ou encomendou, o ano de sua produção, para quem eram destinadas e por que. Os objetivos desse estudo são perceber como essa propaganda tencionava influenciar a opinião e a vida da população dentro do esforço de guerra e no imediato pós-guerra, e se ela teria contribuído para a construção da imagem de “Guerra Boa” (premissas que se confirmaram até o momento), para então verificar se existe alguma relação sua com a recepção da sociedade aos veteranos do conflito. Palavras-chave: Estados Unidos; Segunda Guerra Mundial; Propaganda. DE LENTES BEM ABERTAS: UM ESTUDO SOBRE A INTIMIDADE E A FOTOGRAFIA DE NAN GOLDIN Paulo Estevão Mortati Fuzinelli Vanessa Israel de Souza Universidade Estadual de Londrina/UEL
O presente trabalho tem como objetivo aliar o suporte teórico relativo à mudança e transformação da intimidade à fotografia produzida pela estadunidense Nan Goldin que começou a fotografar impulsionada pela morte de sua irmã. Nan Goldin retratou a subcultura homossexual, o new wave e o pós-punk da década de 70 e início da década de 80, além disso, explicitou em suas fotografias a vida dos seus amigos e de pessoas mais próximas, desde momentos sexuais até mesmo suas mortes. Um dos principais teóricos utilizados para a presente pesquisa é Anthony Giddens e seu livro “A transformação da intimidade”. A partir da história e da vivência da fotógrafa em questão, nota-se que toda sua produção é baseada através do reduto cotidiano da mesma, sendo assim, baseada em sua intimidade. Portanto, pode-se traçar um paralelo entre a produção de Nan Goldin e os conceitos relacionados à intimidade pelo fato de ambas tratarem da vivência e da relação entre as pessoas. Além disso, pretendese trabalhar o modo como a intimidade está representada na fotografia através de sua composição, como os seres humanos retratados, seus comportamentos, gestos e ambientes. Palavras-chave: Intimidade; Nan Goldin; Comportamento.
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Modernos e positivistas: imagens e o contexto artístico da Primeira República Paulo Monteiro Nunes Universidade Federal da Fronteira Sul/UFFS
Este trabalho investiga como as imagens produzidas por dois dos maiores pintores do Império ajudam a entender as disputas no campo artístico da Primeira República. Victor Meirelles e Pedro Américo tinham vocações bem distintas, este para a arte sacra e alegórica, aquele para a paisagem, mas convergiram suas carreiras para a pintura de temática histórica, a mais prestigiosa do Segundo Reinado. Contudo, com o ocaso da Monarquia e do Academicismo, ambos os artistas produziram obras mais distintas do cânone acadêmico, mais próximas de suas primeiras telas. As consequências desta reviravolta estilística e temática, contudo, não ficaram restritas apenas às suas biografias e produção. Tendo em vista a importante atuação de ambos como professores no último quartel do século XIX, sua influência pôde ser percebida mais adiante, quando seus alunos disputavam a hegemonia do fazer artístico brasileiro. A metodologia do trabalho é composta de dois conjuntos de análises. Primeiro na comparação entre as telas de Américo e Meirelles ao longo de suas carreiras a fim de entender quais as suas convicções no que se refere ao fazer artístico e como estas se alteraram ao longo do tempo. Em segundo lugar, a análise de quadros de três dos mais conhecidos seguidores de cada um dos pintores (Rodolfo Amoedo, Eliseu Visconti e Belmiro de Almeida, discípulos de Meirelles; Aurélio Figueiredo, Décio Villares e Eduardo de Sá, ligados a Américo) a fim de avaliar as semelhanças e diferenças da influência dos dois mestres acadêmicos. A análise das técnicas e temáticas das telas aponta para divergências nas ideologias estéticas, pedagógicas e políticas que polarizaram em campos opostos os seguidores de Meirelles e Américo e contribui para a compreensão do cenário da arte brasileira no início da República. Palavras-chave: Academicismo; iconologia; Primeira República IMAGENS DA DEMOCRACIA: ABERTURA POLÍTICA E TELEVISÃO NO BRASIL Paulo Roberto de Azevedo Maia Universidade Federal Fluminense/UFF
O programa Abertura, exibido pela Rede Tupi entre 1979 e 1980, teve importância no processo de abertura política no Brasil ao tratar, semanalmente, de assuntos variados relacionados ao fim da ditadura. A discussão política e cultural afinada com a idéia de redemocratização confrontava pensamentos progressistas e conservadores. O programa fazia uma discussão aberta sobre o processo de abertura política no exato momento em que esse estava em curso. Apresentava um formato de revista, com uma equipe formada por Vilas Boas Corrêa, Sérgio Cabral, Antonio Calado, Roberto D’avila, Ziraldo, Glauber Rocha e outros, o programa inovava na linguagem ao propor uma reflexão jornalística audiovisual sobre a questão do fim do regime militar. Palavras-chave: Abertura, televisão, ditadura
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CONTÁGIO IMAGÉTICO: IMAGEM CÊNICA E A PESTE NO DUPLO TEATRAL DE ANTONIN ARTAUD Paulo Theodorico Cucaroli Barducci José Fernando Amaral Stratico Universidade Estadual de Londrina/UEL
Por meio de estudos sobre o Teatro da Crueldade, a pesquisa tem como objetivo investigar as imagens construídas no texto O Teatro e a Peste, de Antonin Artaud e a sua relação com o ator no processo de criação da cena. Busca analisar como Artaud faz uso de imagens sobre a peste para articular sua poética. Palavras-chave: Encenação, Crueldade, Artaud. CORPO SIMBÓLICO: O USO DO FEMININO NA CONSTRUÇÃO DE SENTIDO DAS FOTOGRAFIAS DE CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS DE MODA Pedro Ceccim Morales Universidade Federal de Santa Maria/UFSM
A representatividade simbólica do corpo feminino se faz cada vez mais presente nas ações midiáticas realizadas no nicho foto-publicitário de moda. Isso acontece devido ao alto grau de expressividade que este corpo possui nas representações imagéticas e que permitem aos inventivos e profissionais da área da publicidade criar, trabalhar e difundir as mais variadas redes de significação na tentativa de constituir uma construção de sentido específica através da imagem fotográfica. Desenvolve-se a partir daí, uma analise qualitativa de gênero, onde são pesquisadas fotografias que trabalham o conceito de moda a partir do corpo feminino. Logo, elegem-se duas fotografias que pertencem a diferentes campanhas de uma renomada marca do mercado têxtil brasileiro na tentativa de demonstrar as diferentes tratativas estéticas e conceituais dadas ao corpo feminino, através das fotografias de campanhas publicitárias de moda no decorrer dos anos. Assim, percebe-se o quanto é freqüente o uso da imagem do corpo feminino para dar sustentação às redes simbólicas fabricadas no contexto foto-publicitario de moda, a fim de transmitir apreciações e solidificar imagens. Fica evidenciada também, a predominância existente da representação do corpo feminino, através da imagem, em detrimento do outro gênero, fato esse que fica evidenciado na história da arte, enquanto campo precursor da produção imagética. Logo, percebe-se o quanto é freqüente o uso da imagem do corpo feminino para dar sustentação às redes simbólicas fabricadas no contexto foto-publicitario de moda, transmitindo, assim, apreciações para solidificar imagens que, quando veiculadas na mídia, posicionam marcas no mercado de consumo, resignificando o universo simbólico feminino e tornando efêmeras, suas construções de sentido. Palavras-chave: imagem – corpo feminino – moda.
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FERRO NOS TRILHOS E NA ESTAÇÃO: O CASO DA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LONDRINA Priscilla Perrud Silva Universidade Estadual de Londrina/UEL
Idealizado, projetado e finalizado entre as décadas de 1940 e 1950, o edifício do hoje conhecido Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss, foi construído com o intuito de ser uma nova (e grandiosa) Estação Ferroviária para uma recém fundada cidade em processo de expansão. Mesmo após sua reforma na década de 1980, a edificação ainda se constitui como distinção em meio ao contexto citadino. Sua forma arquitetônica eclética se faz peculiar na paisagem urbana em que está inserido. Vivenciadas nessa projeção eclética se mesclam várias linguagens arquitetônicas, e entre elas a chamada Arquitetura de Ferro, na qual está focado este trabalho. Para tanto, analisaremos alguns elementos constituintes desta construção, através do uso de imagens como fonte documental, com destaque para a Arquitetura de Ferro. Palavras-chave: Arquitetura de Ferro, Ecletismo, Ferrovia. CONTRIBUIÇÕES DO MARXISMO PARA A COMPREENSÃO DO CINEMA: A TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL DE VIGOTSKI (1896-1934) E A TEORIA CRÍTICA DE W. BENJAMIN (1892-1940) Rafael Egidio Leal e Silva Universidade Estadual de Maringá/UEM
O objetivo deste artigo é analisar as teorias acerca da arte e da estética do russo L. S. Vigotski (1896-1934) e do alemão Walter Benjamin (1892-1940), e, permitir que possamos debater a contribuição de tais teorias para compreendermos o significado histórico do cinema enquanto arte, de acordo com materialismo dialético. Desta forma, questionamos duas teorias que, a partir do marxismo, buscaram compreender o século XX, acerca dos rumos do capitalismo e de seus aspectos ideológicos, na alienação da humanidade, e até mesmo na estética e na arte e sua relação com a sociedade e sua influência na humanização ou na desumanização das massas, trabalhadoras ou marginalizadas. A sociedade contemporânea, ocidental, urbana e capitalista o adotou como uma de suas formas de arte mais massificadas, através da ideologia do progresso científico e tecnológico, o que nos permite observar que a obra cinematográfica é um eficiente retrato da nossa época, onde o homem é instigado a todo tempo a se colocar em movimento, a fim de alienar-se cada vez mais de si mesmo, mas que, contraditoriamente, é apenas através do movimento que o mesmo homem tem a possibilidade de se libertar e se universalizar, tendo a arte papel fundamental neste processo. Através de recorte teórico, analisaremos a Psicologia da arte de Vigotski e sua influência no cineasta russo Serguei Eisenstein (1898-1948), considerado um dos principais diretores do cinema até nossos dias. A teoria de Benjamin considerava o cinema como potencialmente revolucionário, por possibilitar às massas um
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instrumento de renovação. Considerando que a arte, como a ciência, constitui-se como uma forma mais desenvolvida de conhecimento produzida pelo homem, ela pode nos ensinar a ver e a ouvir, e também a refletir, fazendo avançar a nossa humanidade. Palavras-chave: Cinema. Liev S.Vigotski. Walter Benjamin. LER IMAGENS NOS/DOS/COM OS COTIDIANOS ESCOLARES: QUESTÕES QUE NOS PERMEIAM Rafael Marques Gonçalves Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF
O presente trabalho deriva das discussões teórico-metodológicas trabalhadas no desenvolvimento de minha pesquisa de mestrado. Dialogando com as noções dos estudos nos/dos/com os cotidianos (ALVES; OLIVEIRA, 2008) busco tecer as redes necessárias para a compreensão das singularidades das práticas escolares cotidianas, a partir de imagens fotográficas captadas no/do cotidiano escolar. Entendo as fotografias como fontes de pesquisa, buscando ressaltar uma criticidade e um viés criterioso para a compreensão do mergulho no cotidiano e dele fazer emergir diferentes potências de trabalho, a partir das imagens captadas. Neste sentindo, encontro em Kossoy (2009), as seguintes questões: “quem constituiu as fontes? Em que condições? Para quê? O que expressam? O que dizem e o que não dizem?” (p. 157). Através dos questionamentos apontados é possível, e necessário, nos colocarmos em constante alerta e dúvida, para a partir de então buscar tecer as (in)certezas que se tem em nossos sentidos sobre os modos de se fazertecer conhecimento. Ainda levamos em consideração que ler imagens (MANGUEL, 2001) é também fomentar questões que nos auxiliem a compreender as diferentes dimensões cotidianas e suas narrativas imagéticas, nas quais o uso da teoria como limite é um percurso capaz de fazer emergir das fontes fotográficas outras leituras e outros conhecimentos nos/dos/com os cotidianos escolares. Palavras-chave: Leitura de imagens, cotidiano escolar; pesquisa em educação. A RETÓRICA E A PRODUÇÃO DA IMAGEM DO PRINCIPE EM MAQUIAVEL Raone Ferreira de Souza Centro Universitário Geraldo di Biase
Na Renascença italiana, sobretudo entre os séculos XIV e XVI, os exercícios de manutenção do poder político estavam intrinsecamente ligados ao emprego da arte retórica (advinda da Antiguidade Clássica Greco-romana) nas assembléias e conselhos deliberativos. Esta aproximação entre política e retórica, já fortemente manifestada em diversas cidades da península itálica, também esteve presente na grande maioria dos escritos políticos deste período – como é o caso de “O Príncipe”de Maquiavel (1513). Valendo-se de nítidos instrumentos retóricos como o decoro, ou seja, o que dizer ou escrever segundo a ocasião, diante de iguais, de superiores ou de
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inferiores, Maquiavel se mantêm atrelado ao gênero de aconselhamento “espelhos de príncipes”; porém inaugura uma outra forma de narrativa política onde a persuasão e a dissimulação seriam condições de suma relevância para um contexto de emergência dos principados e fim das repúblicas italianas. Assim, valendo-se do éthos – parte do campo da retórica – e do conceito de virtú – amplamente abordado no Príncipe – o ator político, em uma perspectiva maquiaveliana, se torna capaz de obter o controle da ação de seus súditos e lhe proporcionar a manutenção do poder político. Ante uma cultura de visibilidade própria do renascimento, esta relação entre retórica e a produção da imagem do ser político, tornam o estudo do Príncipe essencial para a formação do pensamento político moderno. Palavras-chave: Maquiavel – Retórica – Política COPA DO MUNDO 2010: DA INFORMAÇÃO AO ESPETÁCULO NO JORNAL HOJE DA REDE GLOBO DE TELEVISÃO Regina Célia Daefiol Universidade Estadual de Londrina/UEL
A proposta deste artigo é discutir a abordagem do tema Copa do Mundo de 2010 pelo Jornal Hoje, da Rede Globo de Televisão, que nas edições da véspera e do dia de estreia da seleção brasileira substituiu a informação pela espetacularização da notícia. O trabalho baseia-se em estudo bibliográfico de Guy Debord. Foram analisadas duas edições do telejornal, exibidas na véspera e no dia da partida de estréia da seleção brasileira na Copa do Mundo da África do Sul (14 e 15 de junho de 2010). Palavras-chave: Telejornalismo, espetacularização da notícia, Jornal Hoje. REPRESENTAÇÃO CÊNICA E ROTEIRO FOTOGRÁFICO NO CÍRCULO DE CULTURA Regina Lúcia Mesti Pedro Carlos de Aquino Ochoa Universidade Estadual de Maringá/UEM
Este resumo apresenta um estudo sobre práticas pedagógicas na educação de jovens e adultos que foram constituídas em contexto comunicacional de produção de roteiro fotográfico e representação cênica. Na análise do Círculo de Cultura, desenvolvido por Paulo Freire, destacamos a seleção de palavras e imagens nas discussões de situações de vida dos trabalhadores. Seria essa produção das interações comunicacionais a indicação das condições consideradas essenciais ao diálogo promovido por Paulo Freire? Nossa hipótese é de que a valorização do contexto comunicacional favorece a significação indispensável no processo de aprendizagem. A metodologia de estudo da cultura e condições de trabalho dos alunos contou com procedimentos de entrevistas, produção de roteiros fotográficos com o tema imagens de minha vida, textos teatrais
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e representações cênicas. A elaboração do texto teatral aproveitou as informações presentes nas fotografias e nas histórias orais registradas pelos entrevistadores. As imagens fotográficas com cenas de vida da comunidade e a construção de cenários no teatro demarcaram o tempo e o espaço de atuação dos atores sociais. Os exercícios cênicos representaram uma oportunidade para o diálogo em vários tons em pleno desenvolvimento das atividades relacionadas ao Círculo de Cultura. Cada aluno-trabalhador viu e representou o outro no palco. A comunidade confirmou as interpretações das histórias e reconheceu alguns traços das condições de trabalho dos cortadores de cana-de-açúcar e da lagoa que são fontes de sustento no município de Roteiro, estado de Alagoas, nordeste brasileiro. Palavras-chave: Formação de Professores. Círculo de Cultura. Representação Cênica. ATERIDADE E ORIETALISMO: A DEMARCAÇAO DO OUTRO NAS FOTOGRAFIAS DO CONFLITO ENTRE ISRAELENSES E PALESTINOS Regina Krauss Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este trabalho atenta para a caracterização imagética de palestinos e israelenses nas capas do jornal Folha de S. Paulo. Para isso, utiliza como subsídio os conceitos de teóricos da imagem e da semiótica da cultura de Bystrina, além das noções de estereótipo e arquétipo para compreender de que modo se elabora a construção da alteridade na oposição Ocidente versus Oriente. A partir dos esquemas de representação escolhidos pelo jornal, investiga as estratégias de apelo emocional, espetacularização e mitologização dos personagens para demarcar o espaço do Outro na imprensa diária e na formação de imaginários coletivos. Palavras-chave: Fotografia. Israel e Palestina. Alteridade. QUADRINHOS, IDEOLOGIA E GÊNERO: “PITECO EM: A CLAVA DO VOVÔ” Reinaldo César Zanardi Universidade Norte do Paraná/Unopar
Rozinaldo Antonio Miani Universidade Estadual de Londrina/UEL
As histórias em quadrinhos (HQ) constituem-se numa importante linguagem iconográfica. Partindo do pressuposto que a palavra não é neutra, concebe-se as HQ como instrumentos de difusão da ideologia, aqui entendida como um processo de produção de significados e valores que ajuda a legitimar um poder dominante. Neste sentido, o objetivo deste artigo é analisar o episódio “Piteco em: A clava do Vovô” (revista do Cascão, nº 45. setembro de 2010). Para tanto, a metodologia usada foi a análise do conteúdo, com a técnica análise da enunciação, considerando as imagens dos contextos intra-icônico e inter-icônico dos quadrinhos. Como resultado principal,
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pode-se afirmar que “Piteco em: A clava do vovô” revela a ideologia masculina como dominante nas relações de gênero, em detrimento das mulheres que são retratadas de forma estereotipada, desrespeitando as diferenças entre as pessoas sejam físicas ou psicológicas. Palavras-chave: Ideologia, Gênero, História em Quadrinhos. IMAGENS EM SALA DE AULA Reinaldo Nishikawa Universidade Norte do Paraná/Unopar
Vivemos em uma sociedade na qual as imagens adquiriram, ao longo dos séculos, uma quase absoluta credibilidade. Com o surgimento da fotografia no século XIX, multiplicaram-se seus usos e funções, que iam desde molduras fixadas nas lareiras das propriedades das elites, aos retratos pitorescos e pornográficos destinados à diversão. A partir da premissa de que a fotografia é a transposição da realidade congelada no espaço/tempo, seria possível inferir que existem formas de “ler” uma imagem? No tocante aos textos escritos, é válido ressaltar que os compreendemos como construções históricas, na medida em que são elaborados por um indivíduo inserido num conjunto de relações sociais, econômicas, culturais e políticas. A linguagem, neste ínterim, é perpassada de signos que representam dado “objeto”, de modo que abre possibilidades para múltiplas leituras distintas. Estas, por sua vez, são também convenções ligadas a um espaço/tempo, condicionadas por diversos elementos, como autor, obra, edição e público. Tendo em vista estas considerações, pretendemos, neste artigo, contribuir para o estudo das imagens, apresentando a fotografia como um conjunto de relações, apropriações e representações da “realidade”, demonstrando as possibilidades de se “ler” uma fotografia, uma vez que a mesma é perpassada de “protocolos de leitura”, que funcionam como filtros interpretativos indicando sentidos pré-determinados pelo produtor. Palavras-chave: educação, imagem, protocolos de leitura. RELAÇÕES DE GÊNERO EM SALA DE AULA. UMA REFLEXÃO SOBRE ALMODÓVAR Rejane Barreto Jardim Universidade Federal de Pelotas/UFPel
O objetivo do presente trabalho é discutir em que medida as relações de poder em sala de aula são permeadas por discursos de gênero. A proposta se apresenta como uma possibilidade de refletir sobre os fenômenos contemporâneos sobre a sexualidade humana, em especial as diferentes formas de masculinidades e seus desdobramentos em diferentes espaços. Nesta perspectiva a obra de Pedro Almodóvar se apresenta como um instrumento privilegiado a partir do qual podemos observar uma série de
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elementos que juntos nos dão a conhecer aspectos relevantes das relações entre os sexos em sala de aula, mais precisamente em a Má Educação. Este filme nos permite analisar diferentes aspectos das masculinidades contemporâneas em suas relações quotidianas. Má Educação é, possivelmente, o único filme de Almodóvar que trata de homens, do mundo masculino, homo e hetero-afetivo, um filme no qual as mulheres são secundárias, o protagonismo é masculino, é justamente esta peculiaridade, isto é, o mundo masculino, que pretendemos abordar nesta terceira edição do Eneimagem. Palavras-chave: Masculinidades; poder; cinema O RETORNO DAS IMAGENS CLÁSSICAS: abordagem discursiva do processo de ressignificação do cânone visual Renan Belmonte Mazzola Universidade Estadual Paulista/Unesp - Araraquara
A presente comunicação objetiva demonstrar uma abordagem discursiva das imagens artísticas. Mais especificamente, propõe-se descrever e analisar a releitura que se faz das pinturas canônicas do ocidente na internet. O arcabouço teórico mobilizado é o da Análise do Discurso de linha francesa, derivada dos trabalhos de Michel Pêcheux (e seu grupo) e dos diálogos que ele(s) traça(m) com Michel Foucault. O corpus compõe-se de variadas imagens-paródias feitas a partir do cânone visual do ocidente (Da Vinci, Rubens, Velásquez, Michelângelo, Monet, Picasso, etc) colhidas do site Consumehastamorir.org. Este trabalho faz transparecer um desconforto presente atualmente no campo da AD francesa, trabalhada no Brasil, qual seja, o de buscar categorias analíticas para compreender discursivamente os elementos não verbais que compõem um enunciado imagético/pictórico. Por apresentar uma abordagem histórica e materialista das imagens canônicas ressignificadas, essa pesquisa recorre com frequência a Roland Barthes (no campo da semiologia) e a Erwin Panofsky (no campo da história da arte) para o estudo do que é “visivelmente” fundante em nossa sociedade hodierna e como tais objetos (re)circulam por meio das mídias digitais. Fundamentalmente, este trabalho almeja uma discussão epistemológica que consistiria em observar as instâncias do “dizível” e do “visível” na produção de sentido. Palavras-chave: Análise do Discurso; Semiologia; História da arte ÁFRICA DO SUL E APARTHEID: ANÁLISE IMAGÉTICA DOS CONFLITOS RACIAIS DE 1990 A 1994 Renata de Paula dos Santos Paulo César Boni Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este artigo analisa fotografias dos repórteres Greg Marinovich, Kevin Carter, Ken Ooesterbroek e João Silva, durante os conflitos denominados Guerra dos Albergues,
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ocorridos na África do Sul entre os anos de 1990 a 1994. O recorte temporal se caracteriza como um marco histórico no país, representado pelo ano em que Nelson Mandela foi libertado (1990), depois de 27 anos de prisão, e o ano em que venceu as eleições presidenciais, determinando, assim, o fim do regime do apartheid. As medidas de segregação raciais foram mantidas por quatro décadas e determinaram o desenvolvimento político, econômico e social do país. Como referencial metodológico, foi utilizada a técnica da desconstrução analítica da imagem. Por meio da análise dos recursos técnicos e dos elementos da linguagem fotográfica utilizados, a pesquisa buscou identificar a intencionalidade de comunicação dos repórteres fotográficos Marinovich, Carter, Oosterbroek e Silva – conhecidos como O Clube do Bangue Bangue – na cobertura desses conflitos. Palavras-chave: África do Sul; Apartheid; Desconstrução analítica da imagem. A CHARGE POLÍTICA EM GOIÁS COMO FERRAMENTA DA ARTECOMUNICAÇÃO NA ABORDAGEM DE MARIOSAN Renato Fonseca Ferreira Universidade Federal de Goiás/UFG
Neste trabalho a charge será apresentada como um dispositivo transdisciplinar, portadora de um discurso persuasivo e ideológico que utiliza o humor como mecanismo de orientação crítica e de protesto, buscando assim estabelecer correspondência entre imagem e texto na transmissão da informação. A análise do discurso da charge é realizada com o intuito de revelar conteúdos e significados intrínsecos em sua composição e como método de descrever e explicar criticamente os processos de produção e circulação da charge goiana, procurando identificar os principais aspectos que definem a charge, reconhecendo sua prática artística, sua condição de discurso e, portanto, um veículo de protesto e materialização da formação ideológica do artista. Visando a análise de uma charge executada por Mariosan em 2008, a abordagem política ressaltada na mesma revela o posicionamento ideológico que o artista possui e, considerando a charge uma ferramenta da arte-comunicação, ela transmite uma informação não apenas a um indivíduo específico, mas sim a vários indivíduos, tornando-a uma forma de comunicação de massas e de construção de identidades. E por se tratar de um artista que acompanhou o desenvolvimento da charge no Estado e as mudanças políticas, econômicas e sociais – de meados da década de 1970 até os dias atuais – constituem-se também em uma fonte de conhecimento não apenas de seu trabalho, mas também um resgate de parte da história da charge de Goiás. Palavras-chave: charge, charge política, discurso ideológico
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A FOTOGRAFIA NO LIMIAR DA MODERNIDADE: IMAGEM FOTOGRÁFICA E RITOS MORTUÁRIOS NA CULTURA RELIGIOSA JAPONESA Richard Gonçalves André Universidade Estadual de Maringá/UEM
Desde o seu surgimento na primeira metade do século XIX, a fotografia foi considerada artefato moderno por excelência, a ponto do discurso realista afirmar que seria capaz de reproduzir a realidade sem a interferência do sujeito, diferentemente de outras formas de arte como a pintura e a literatura (não obstante o fotógrafo faça cortes sobre a realidade, representando-a). Por isso, a imagem fotográfica passou a ser utilizada como evidência do “real”, seja do ponto de vista criminal ou jornalístico. Contudo, paralelamente a essa aura de modernidade, a fotografia começou a ser aplicada em atividades que poderiam ser consideradas obscurantistas, como sugere Phillipe Dubois, sendo apropriadas em túmulos e outros objetos mortuários. É justamente essa faceta aparentemente antimoderna que a situa, justamente, no limiar da modernidade, perpassada de paradoxos. Tendo em vista tais questões, esta comunicação tem por objetivo analisar as funções assumidas pela fotografia ao ser apropriada em artefatos mortuários denominados butsudan, relicários domésticos de caráter budista utilizados na cultura religiosa japonesa com o intuito de realizar trocas simbólicas com os ancestrais. Busca-se sugerir que, bem como outros objetos inseridos no oratório (como o ihai, tabuleta memorial que “representa” o defunto), a imagem assume o papel de duplo, evocando teoricamente a presença do espírito, devendo ser reverenciado materialmente por intermédio de oferendas, como água, saquê e arroz. Da perspectiva epistemológica, são utilizados os conceitos de apropriação e prática propostos por Roger Chartier, bem como a problematização da noção de representação realizada por Carlo Ginzburg Palavras-chave: Fotografia. Ritos Mortuários. Butsudan. IMAGEM E NARRATIVA NO ROMANCE SERTANÍLIAS DE ELOMAR FIGUEIRA MELLO Rita de Cássia Mendes Pereira Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/Uesb
Objetiva-se discutir o recurso à linguagem cinematográfica na construção do romance Sertanílias, de Elomar Figueira de Mello. Assemelhado a um roteiro de cinema, o texto, que conta a saga do vaqueiro Sertano em suas andanças pelo sertão, traduz a complexa atitude do romanceiro, que, julgando-se o mestre dos sentidos, pretende subordinar o ato da leitura às suas próprias impressões. Indicativos de iluminação, enquadramento, sonorização, incorporam-se às formas narrativas, a denunciar o desejo do autor de controle sobre a recepção de sua obra. Por outro lado, Elomar faz articular o anúncio e a apresentação do romance à divulgação de um discurso “anti-cinema”, de rejeição à arte contemporânea e à cultura “estadunidense”, que ele define como
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a mais perfeita expressão do anunciado “tempo do culto às nulidades”,e contra a qual ele opõe o respeito à herança européia, preservada, em seus diferentes matizes, durante o processo de ocupação do interior do Brasil. Palavras-chave: cinema, literatura brasileira, elomar IMAGENS SOBRE A CONFLITIVIDADE SOCIAL NA IMPRENSA – 1990/2002 Rivail Carvalho Rolim Simone Nunes dos Santos Universidade Estadual de Maringá/UEM
A imprensa nas últimas décadas do século XX tem assumido um ativismo significativo na difusão de imaginário sobre as situações sociais presente nas principais cidades do país. Para isso tem utilizado o recurso de fazer reportagens com imagens ou ilustrações com o intuito de difundir como a sociedade deve apreender, tipificar ou reagir diante dessas situações sociais. Diante disso, temos como principal objetivo nesta comunicação demonstrar como uma das revistas mais importantes do país procurou difundir o medo, estimular o combate e a guerra nas ações repressivas como estratégia para resolução dessas situações nos espaços urbanos marcadas pela intensificação da conflitividade social. O trabalho se baseia na análise de imagens de um periódico de grande circulação nacional entre 1990 e 2002, período este que os periódicos procuraram difundir uma nova cultura do controle do crime como única forma de enfrentar as mudanças ocorridas nos padrões sócio-culturais dos países ocidentais nas últimas décadas do século XX. Palavras-chave: Imprensa; conflitividade social; segurança pública DIVERSIDADE E AUTOIMAGEM: DA REPRESENTAÇÃO À APRESENTAÇÃO Roberta Puccetti Maria Irene Pellegrino de Oliveira Souza Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este trabalho apresenta a leitura da auto-imagem produzida por pessoas com deficiência intelectual. Apoiado em Vigotsky, Gombrich e Greimas, entre outros, procura compreender até que ponto a questão da deficiência aparece na impressão que os sujeitos têm de si. Apoiado no conceito social de deficiência estuda a imagem como representação, apresentação, expressão e conhecimento de si e para si (significação). Toma o autorretrato como forma expressiva e considera como categorias de análise: o fazer (processo de produção em sua dimensão poética e pioética e de constituição social do sujeito), o exprimir (sentido, significação, apresentação e representação), os elementos visuais e o processo criativo (conhecimento de si). Se por um lado o indivíduo ao compor visualmente articula e estrutura o sentir e o pensar, por outro lado, na produção do autorretrato o fazer pressupõe o conhecimento e a leitura dos elementos
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visuais, a organização do pensamento, a significação (representação), a construção da imagem, a expressão da história pessoal e social, neste caso, do sujeito com deficiência. Assim, a leitura da imagem como atividade simbólica supõe compreensão, apreensão de informações, seletividade e reconstrução da imagem/objeto, com a mesma importância da produção artística na construção do conhecimento porque possibilita a sua interpretação. Não significa decifrar, mas decompor-recompor para apreender a imagem como fonte de conhecimento, de informação, de explicitação de idéias e conceitos. Palavras-chave: Leitura de imagem; deficiência intelectual; autoimagem. MODA SIGNIFICANTE X MEMÓRIA SIGNIFICADO: ANÁLISE DA COLEÇÃO DE MODA “NARA LEÃO” E DE SUA INFLLUÊNCIA NA PRODUÇÃO DE UMA MEMÓRIA NACIONAL Rochelle Cristina dos Santos Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC
Os recursos da semiótica são utilizados para produção de moda com o intuito de atribuir significados aos temas propostos e representados por determinados significantes. No campo da análise, as intenções dos autores das obras nem sempre serão interpretadas da maneira como este autor da obra propôs, ou mesmo, os objetivos e metodologia de análise podem trazer novas possibilidades para a interpretação da mesma. Neste artigo, analiso imagens do desfile de moda intitulado “Nara Leão” do estilista Ronaldo Fraga. Meu objetivo é apontar elementos desta coleção que possam servir de suportes para difundir e conduzir uma memória coletiva. Para tanto, me utilizarei de fundamentos da autora Martine Joly – Introdução a análise da imagem – a qual utiliza os recursos da semiótica para compreendermos como se formulam as mensagens plásticas e mensagens icônicas presentes nas imagens e passíveis de interpretações fundamentadas de acordo com o recorte e objetivos finais desta análise. Palavras-chave: Análise de imagens. Coleção de Moda. Memória Coletiva ENTRE A LITERATURA E A HISTÓRIA: A METAFICÇÃO DE VALÊNCIO XAVIER Rodrigo Gomes de Araujo Universidade Federal do Paraná/UFPR
Este trabalho propõe um olhar sobre a recente apropriação dos métodos narrativos historiográficos por parte da literatura contemporânea. De acordo com Linda Hutcheon trata-se de um tipo de metaficção capaz de questionar os limites entre história e literatura. Busco problematizar a produção literária de Valêncio Xavier (1933-2008), artista que atuou como cineasta, jornalista e escritor. Sua atuação polivalente pode ser percebida em seus livros, pois se apropriam de métodos de montagem cinematográfica e do jornalismo, criando obras plástico-literárias que mesclam
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narrativas iconográficas e literárias. Seus livros apresentam desafios aos padrões narrativos e questionam os limites da literatura e historiografia. Nas obras de Valêncio, são utilizados recursos de colagem de obras pré-existentes, como jornais impressos e cenas de filme, se apropriando de fatos verídicos para criar ficção literária. Os livros do artista chegam a confundir o leitor, sendo difícil caracterizá-los como ficção. O recurso de colagem utilizado pelo artista funciona como um equivalente das fontes e da referenciação utilizadas no trabalho historiográfico, entretanto em seus livros o efeito de verossimilhança chega a parecer mais eficaz do que na historiografia, criando um efeito de realidade. Palavras-chave: historiografia, literatura contemporânea, verossimilhança. AS IMAGENS UTÓPICAS DA IMORTALIDADE NA PÓS-MODERNIDADE Rogério Bianchi de Araújo Universidade Federal de Goiás/UFG
Vivemos uma época de busca incessante da felicidade, da eterna juventude, da beleza do corpo. Projetos coletivos e políticos cada vez mais perdem espaço para manifestações individualistas, consumistas e utilitaristas. O prazer perante a vida, o carpe diem, o combate às frustrações e angústias, além das sensações de instantaneidade e efemeridade, parecem dar a tônica da vida na pós-modernidade. Seríamos imortais? A ideia de imortalidade não é nova. No mundo ocidental e na perspectiva filosófica e antropológica ela é inaugurada pela imagem da morte platônica. A noção de finitude é extremamente perturbadora para o ser humano e a consciência da morte é algo que incomoda os indivíduos na pós-modernidade. Com isso, criouse ao longo do período moderno, uma série de imagens sobre o além da vida ou, se preferir, o pós-morte. Nesta comunicação pretendo apresentar algumas imagens da imortalidade que foram criadas pelos seres humanos e que fomentam o imaginário coletivo. Destaco principalmente o papel do cinema na eterna busca de racionalizar o irracionalizável. No nosso imaginário, saber que há algo a mais do que nossa mera passagem terrena nos conforta e nos dá esperança. Para fundamentar esse estudo teórico sobre o imaginário da morte me apoio em três autores: Edgar Morin, Norbert Elias e Gilbert Durand. Morin dá um suporte antropológico sobre o significado da morte, Elias mostra como a morte no processo civilizatório foi sendo um elemento social de suma importância para a compreensão das sociedades e, por fim, Durand procura mostra como o medo da morte constitui a angústia existencial do homem, e por isso ele destaca a importância do imaginário. Palavras-chave: Imaginário, utopia, imortalidade
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OS MILITARES NA PENA DOS HUMORISTAS: HERMES DA FONSECA E OMILITARISMO NA CAMPANHA CIVILISTA Rogerio Rosa Rodrigues Universidade Estadual de Santa Cruz/UESC
A candidatura de Hermes da Fonseca a presidência do Brasil em 1909 suscitou debates e polêmicas na imprensa. A disputa do sobrinho de Deodoro da Fonseca contra o aclamado senador Rui Barbosa contribuiu para a proliferação de imagens apaixonadas em defesa dos candidatos para a oposição entre civilismo e militarismo. Entre as imagens se destacam as charges e caricaturas construídas pelos humoristas. Minha proposta nesta comunicação é destacar de que forma os chargistas da época exploraram o militarismo na Campanha Civilista, ora ressaltando, ora desconstruindo tal imagem. Nessa trilha, tem-se como pretensão maior articular o discurso dos humoristas com demais discursos político-intelectuais da época que viam na candidatura Hermes da Fonseca o retorno do exército na política nacional. Para tanto, além das charges e caricaturas, serão utilizadas fontes como literatura, artigos de jornais e memórias de intelectuais da época. Palavras-chave: Militarismo; Humor; Campanha Civilista. IMAGENS E MEMÓRIAS PESSOAIS NO PROCESSO DE CRIAÇÃO EM ARTE Ronaldo Alexandre de Oliveira Universidade Estadual de Londrina/UEL
Partindo da análise de dados advindos do projeto de pesquisa “Formação Inicial e Continuada de Educadores em Arte: Marcas e Perspectivas dos Saberes e Fazeres Docentes – (Arte Visual – UEL), que investiga os modos pelos quais as práticas artísticas e a apreensão das imagens são construídas na escola e pela escola, apresentamos uma reflexão sobre o lugar que ocupa o sujeito que faz e apreende imagens no âmbito escolar. Os dados colhidos por meio dos relatórios de estágio têm nos revelado uma enorme distância entre aquele que produz e o que se produz da sua própria vida, do seu mundo. Numa direção contrária, apresentamos exemplos de práticas pedagógicas que lidam com a formação docente e nos mostram o quanto as imagens pessoais, as memórias de cada sujeito podem ser ponto de partida para a construção das imagens da arte. Desta maneira, o presente artigo apresenta processos de criação e apreensão de imagens, cujo centro é o reconhecimento dos lugares e vivências do sujeito da aprendizagem. Palavras-chave: Imagem; Arte; processo de Criação
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IMAGEMS DA ESCOLA E DA ARTE NOS PROCESSOS DE RE-SIGNIFICAÇÃO DA EDUCAÇÃO Ronaldo Alexandre de Oliveira José Fernando Amaral Stratico Universidade Estadual de Londrina/UEL
Este artigo apresenta uma análise e reflexão crítica sobre imagens contemporâneas da escola no âmbito do ensino fundamental e médio e propõe interferências a partir da elaboração e utilização de imagens de arte como processos de re-significação do espaço escolar. Com base nas abordagens de Fernando Hernandez,João Francisco Duarte Junior e Nilda Alves são empreendidas análises sobre o espaço escolar e suas significações, bem como sobre a perspectiva de uma educação dos sentidos e a maneira como a arquitetura e espaços escolares estão impregnados de subjetividades. Tomamos ainda como dados os elementos oriundos das imagens articuladas em relatórios de estágio advindos do Projeto de Pesquisa “Formação Inicial e Continuada de Educadores em Arte: Marcas e Perspectivas dos Saberes e Fazeres docentes – (Arte Visual – UEL), e informações colhidas das atividades da disciplina de Metodologia e Ensino de Arte deste mesmo curso. Buscam-se identificar as articulações e conteúdos veiculados por imagens da escola pública. Nos distintos momentos pesquisa, estágio e disciplina acadêmica – estudantes adentram no universo de imagens construídas para a escola e pela escola. Tais vozes e imagens revelam o sentido que está impregnado nesses ambientes; a forma como os espaços são utilizados, percorridos, vividos, sentidos. Mudam-se os discursos, mas as práticas pouco se alteram. Os espaços nos dizem o que fazer e como fazer. Silenciosamente definem os nossos currículos, por vezes de maneira oculta. Finalmente, com base em exemplos de interferência docente e discente a partir do uso e construção de imagens de arte, mostramos modos de transformação da imagem escolar, que passa a ganhar um sentido mais humano e coletivo. Palavras-chave: Espaço Escolar; Educação; Arte ENSINANDO COM IMAGENS: MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA E HISTÓRIA DO COTIDIANO Rosangela de Oliveira Dias Universidade Severino Sombra/USS
A proposta desta comunicação, bem como da pesquisa que desenvolvo na Universidade Severino Sombra, é analisar e discutir determinados filmes de ficção, a partir dos quais pensaremos o uso da película como recurso didático para o Ensino Fundamenta. A proposta é mostrar como películas específicas auxiliam na compreensão de períodos e conceitos históricos e historiográficos. O objetivo final é a produção de textos, produzidos pelos alunos de Graduação e Pós-graduação em História da USS, voltados para professores do Ensino Fundamental que auxiliem no ensino de História e na reflexão sobre a mesma. O filme aqui analisado, que mostra o dia a dia de uma família
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católica na Holanda protestante do século XVII, se apresenta extremamente fértil e rico para trabalharmos história do cotidiano e a mudança de sensibilidade na Idade Moderna européia. FOTOGRAFIA COMO FONTE DE PESQUISA: REVELANDO OU OMITINDO? (SANTA MARIA/RS – 1900/1940) Roselâine Casanova Corrêa Daiane Rossi Silveira Centro Universitário Fransciscano – UNIFRA
Os trabalhos no Projeto de Extensão “Casa de Memória Edmundo Cardoso (CMEC): a arte de salvaguardar coleções museais (Santa Maria-RS)”, do Curso de História do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) iniciou em março de 2010 e têm a previsão de conclusão para fevereiro de 2012. Até o momento foram realizadas ações efetivas no acervo como a documentação e classificação de algumas de suas coleções. Vale lembrar que o acervo é composto por pinacoteca, biblioteca, peças de metais, porcelana e prataria, jornais, revistas, álbuns, mapas da cidade de Santa Maria, desenhos e fotografias. Especificamente na coleção fotográfica, trabalhou-se na higienização de 1600 documentos imagéticos, acondicionando-os em envelopes de papel com pH neutro. Como o Curso de História da UNIFRA está ancorado no tripé ensino, pesquisa e extensão, optou-se por agregar à organização desta coleção a pesquisa das imagens fotográficas. Assim, foi realizado no ano de 2010 e verão de 2011, um estudo acerca do processo de modernização urbana de Santa Maria durante a primeira metade do século XX, por meio das imagens higienizadas, catalogadas e lançadas no banco de dados da casa de Memória Edmundo Cardoso (CMEC). Dessas fontes, depreende-se o esforço coletivo de melhoramento no espaço urbano santa-mariense, no que tange o saneamento básico, o embelezamento das praças e bulevares e a expansão imobiliária. Ainda que o uso de imagens como evidência histórica seja recente, os historiadores têm feito referência a essas fontes documentais iconográficas como se “estivessem enchendo baldes no riacho da verdade” (BURKE, 2004, p. 15-17). Palavras-chave: Fotografia; Urbanização; Santa Maria. a lINGUAGEM vISUAL sOBRE O nEGRO EM LIVROS DIDÁTICOS Rozana Teixeira Secretaria de Estado da Educação/SEED – Paraná
O estudo apresentado neste trabalho é relativo a representação imagética do negro no livro didático de História e Língua Portuguesa. Objetivou-se a apontar o papel da linguagem visual dos livros didáticos, do ensino fundamental, no que diz respeito à atenuação ou a perpetuação do racismo no Brasil. As teorias de Thompson sobre o valor da simbologia e ideologia nas sociedades humanas, sobre a força das representações
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sociais e individuais apresentadas por Moscovici e Durkheim respectivamente, sobre a relação do espectador com a imagem na teoria de Aumont, mostram que as imagens que fazem parte do cotidiano escolar são fundamentais para explicar e reforçar a nossa relação com o mundo visual, conseqüentemente para desenvolvimento intelectual das crianças em situação de aprendizagem. O trabalho consiste em um levantamento e análise de imagens das coleções de livros didáticos, de Língua Portuguesa e de História, disponíveis e em uso na escola escolhida para a pesquisa. Mensurar em que medida a Lei 10.639/003 e o Parecer 03/2004 está sendo observado ao escolher as imagens para ilustração dos materiais didáticos. A conclusão é que os livros didáticos de Língua Portuguesa apresentam uma preocupação maior em relação às imagens apresentadas enquanto os autores de História continuam apresentando imagens estereotipadas do negro brasileiro. Palavras-chave: linguagem visual; educação; livro didático. A REPRESENTAÇÃO IMAGÉTICA DA BRANQUIDADE EM LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA E LÍNGUA PORTUGUESA Rozana Teixeira Secretaria de Estado da Educação/SEED – Paraná
Este artigo procura dialogar com as teorias de Thompson sobre simbologia e ideologia, Aumont sobre a importância da imagem, as representações sociais e individuais apresentada por Moscovici e Durkheim. O objetivo é situar a branquidade como construção social, histórica e a cultural, como ela é experienciada e reproduzida nos livros didáticos, de Língua Portuguesa e de História. No segundo momento apresentar a visão de alunos do ensino fundamental da rede pública de ensino, sobre a representação social da branquidade, como ela está influenciando a sua visão acerca de outros grupos étnicos existentes na sociedade brasileira. Para atingir o objetivo utilizou-se a linguagem visual e a escrita, cada aluno desenhou a imagem da branquidade no livro didático mais presente em sua memória e a complementação veio através de uma entrevista. Nesta amostra, os alunos rememoraram imagens da branquidade classificadas em sete categorias distintas: imagens de conquistadores e de poder político; imagens que representam poder econômico e social; imagens que representam norma de beleza; sucesso profissional; imagens que representam lazer e conforto pessoal e finalmente imagens que representam heróis nacionais. Palavras-chave: branquidade, representação social, livro didático.
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As influências político-ideológicas do humor: a charge na ditadura militar Rozinaldo Antonio Miani Daniel de Oliveira Figueiredo Universidade Estadual de Londrina/UEL
No que se refere às formas de resistência e enfrentamento contra as práticas de repressão política e violência simbólica, o período da ditadura militar foi marcado por uma pluralidade de iniciativas políticas, com suas respectivas estratégias discursivas, nos mais diversos campos e áreas de atuação social. Dentre as estratégias discursivas iconográficas, a charge ocupou espaço privilegiado nos processos sociais comunicativos junto às organizações políticas de luta contra a ditadura, porém, não se pode considerar sua apropriação uma exclusividade das forças políticas organizadas de resistência. Nesse sentido, o presente artigo analisa as possibilidades de influência do humor, um dos elementos constitutivos da linguagem chárgica, com o objetivo de explicitar possíveis impactos de sua presença no cotidiano social. Em concordância com o projeto político e editorial de uma determinada publicação, o humor na charge pode, por um lado, proporcionar e potencializar certa transgressão no leitor, ao subverter uma lógica sociopolítica imposta à sociedade e retratada criticamente pelo argumento de tal modalidade de linguagem iconográfica, ou pode ainda, por outro lado, promover uma amortização da consciência do sujeito. Palavras-chave: Charge; Humor; Ditadura militar UM DOS MAIORES ANTI-FILMES DE TODOS OS TEMPOS!: A LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA DO FILME CRITICA A SEPARAÇÃO Rychelly Lopes dos Santos Cleyce Raquel da Silva Cabral Universidade Federal do Piauí/UFPI
O cinema é tido como a arte central da sociedade, integrando novas tecnologias e formas de linguagem. O filme é uma, dentre muitas, possibilidade dimensional de se manifestar em um ser ou em um público. O filme Critica a Separação do cineasta Frances Guy Debord, produzido em meados 1961, é tido como um interruptor subversivo das manifestações cinematográficas de sua época. Na busca de uma leitura histórica do filme, procura-se entender como o mesmo se intitula como antifilme, em sua relação com a sociedade e os movimentos artísticos, buscar em suas relações subjetivas, tanto na produção como na exibição. A análise do filme constitui peculiaridades em sua multiplicidade como uma obra estética, que pode constituir uma complexidade em sua relação com história. Assim o filme não deve servir como pretexto para falar de acontecimentos históricos banais que podem vir a tona quando se relata de uma determinada época. Também não se pode negar a época da produção do filme. Dessa forma o filme deve ser desfragmentado e (re)fragmentado/reconstituído , numa
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forma de que não seja somente um reflexo social ou de um mundo pré-existente. Será que o filme Critica a Separação, torna-se um objeto para esta análise como uma necessidade de se ater a um cotidiano, que se apresenta caótico e (re)territorializado, numa constante busca do real, que parece tão longínquo mas não intocável, suas discussões podem revelar algo sobre a realidade e o que se torna freqüente ao filme, o homem é importante para ele, quais suas necessidades e de se impor sobre os outros, e onde ele pode pecar em suas relações na produção e exibição, qual sua função afinal. Qual seu emblemático significado para o micro ou macro da pesquisa histórica. Onde o oficio do historiador pode ser aplicado na observação subjetiva deste filme? Como o campo da história pode tirar proveito de um objeto tão complexo como o filme? A linguagem humana a todo tempo sofre mutações e o filme é um dos sismógrafos mais sensíveis de arte, de modificações em um dado comportamento ou modificação temporal, enfim é um sobrevivente de um tempo. A Palavra-Imagem no Trabalho do Ator Contemporâneo Sandra Parra Furlanete Universidade Estadual de Londrina/UEL
O presente artigo é fruto do trabalho realizado na ação “A Palavra como Objeto/ Imagem”, dentro do grupo de pesquisa “Identidade, Jogo Cênico e o Objeto/Imagem”, coordenado pelo Prof. Dr. Fernando Stratico no curso de Artes Cênicas da UEL. Para ter domínio e desenvolver maturidade sobre a criação cênica, tão fundamental quanto o ator se concentrar, em seu trabalho de criação, na produção de imagens exógenas, é também ele se exercitar na produção de imagens endógenas. Esta produção de imagens deverá ser desenvolvida no sentido da máxima complexidade, envolvendo camadas diversas de significados e diferentes tipos de coerências, inclusive as nãológicas. Sendo a palavra um dos elementos básicos e fundamentais do trabalho do ator, exploramos seu potencial imagético tanto endógeno quanto exógeno (na medida em que a palavra falada gera imagens para quem a ouve), e a construção de imagens significantes surgidas a partir de encadeamentos de palavras, coerentes ou não. Palavras-chave: imagem, palavra, ator. IMAGEM E MONARQUIA ABSOLUTISTA: UMA LEITURA NO CAMPO DA EDUCAÇÃO Sandra Regina Franchi Rubim Univeridade Estadual de Maringá/UEM
Esta comunicação tem por objetivo analisar a imagem como uma das linguagens importantes à educação. A nosso ver a arte, enquanto atividade humana, reflete a realidade social, propiciando a compreensão das ações humanas e da organização social em diferentes períodos históricos. Percebe-se que tanto no processo criativo quanto
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no ato de fruição, a imagem é uma fonte de humanização e educação do homem. No entanto, como a leitura de imagens implica compreensão, entendimento e significação, torna-se necessário o desenvolvimento da sensibilidade humana. Acreditamos que a criação e a apreciação da arte oportunizam o aperfeiçoamento da sensibilização e da educação do ser humano. Investigaremos, assim, em algumas representações de imagens dos reis franceses Francisco I e Henrique II, do século XVI, a possibilidade da construção de discursos com o fito de construir um modelo educativo que propiciasse a formação de identidade social. Selecionamos essas imagens na hipótese de que elas nos dêem indícios do intento formativo da Coroa, ou seja, da probabilidade de se construir o Estado Absolutista francês centralizado na figura do rei. Para nós, um dos aspectos importantes para a realização desse intuito era a educação por meio da imagem. Desta forma, leitura da imagem nos permite perceber como os homens construíam suas relações e, por conseguinte, suas práticas formativas, especialmente aquelas de caráter coletivo. Nesses termos, permite-se considerar que o campo da cultura visual, quando estudado sob a ótica da dinâmica das relações humanas e da transformação social, pode em muito beneficiar o pesquisador no contexto das análises concernentes à Educação. Palavras-chave: Educação. Arte. Estado Moderno Absolutista. MARCEL PROUST: UM ESTUDO SOBRE FOTOGRAFIA, MEMÓRIA E PERFORMANCE NA OBRA “EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO” Saulo Dallago Universidade Federal de Goiás/UFG
O presente trabalho procura inserir-se no campo de estudos interartísticos, buscando na referência da obra “Em busca do tempo perdido”, do romancista francês Marcel Proust, a presença de elementos que denotem uma performance subjacente ao texto literário, performance esta provocada, detonada e inscrita pela fotografia e seu poder catalisador de memórias, revelador de minuciosidades e inspirador de procedimentos artísticos. A partir de passagens retiradas do texto proustiano, a tentativa será de demonstrar a trajetória do aparecimento da arte fotográfica concomitante a narrativa literária, a recepção da fotografia, diferentes visões sobre o documento fotográfico, além de buscar inter-relações entre a vida e obra do escritor francês, onde a fotografia tenha desempenhado papel de destaque. O conceito de escritura, de Jacques Derrida, irá embasar a discussão sobre uma possível performatividade do autor, ligada à utilização de fotografias, que caminha para a escrita; além disso, teremos também a escrita própria enquanto performance, através do conceito de performative writing, que podemos encontrar em autores como a professora australiana Marie Macclean. Esta pesquisa vincula-se ao projeto de doutorado homônimo, junto ao programa de pós-graduação em História da UFG, sob orientação do prof. Dr. Márcio Pizarro Noronha. Palavras-chave: Memória, Fotografia, Literatura
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A VERTIGEM DO TEMPO NAS MEMÓRIAS FOTOGRÁFICAS DA AVENIDA SENHOR DOS PASSOS Sidiney de Araujo Oliveira Universidade do Estado da Bahia/UNEB
O texto aborda a imagem fotográfica como recurso que se lança mão para preservar e elucidar a memória arquitetônica e urbanística da Avenida Senhor dos Passos, entre as décadas de 1980 e 2000 na cidade de Feira de Santana, Bahia que nos primórdios do século XX figurou como endereço privilegiado da elite econômica e política local. Atualmente ela se constitui como principal logradouro do comércio central, onde a especulação imobiliária fez com que antigos imóveis fossem postos abaixo para ceder lugar a novas arquiteturas ou simplesmente, se transformassem em estacionamento privativo de veículos. Diante de tais transformações grupos de intelectuais passaram a promover exposições fotográficas das imagens produzidas pelos fotógrafos, leitores privilegiados e desenhadores da cidade de Feira de Santana, na perspectiva de perpetuar a vera imagem da cidade que despertam para o presente as múltiplas cidades que a de hoje encerra. Para tanto, a discussão se encontra ancorada na literatura produzida pelos memorialistas locais, periódicos e jornais da cidade de Feira de Santana. A metodologia utilizada envolveu catalogação das fontes no Arquivo do Museu Casa do Sertão, da Universidade Estadual de Feira de Santana, Arquivo Público Municipal de Feira de Santana, arquivo do Jornal Folha do Norte e do Jornal Noite e Dia. Assim, após a verificação foi feita leitura e análise dos dados obtidos. Palavras-chave: imagem fotográfica, imagem urbana, Avenida Senhor dos Passos. CONSIDERAÇÕES SOBRE FOTOGRAFIA, ARTE E TECNOLOGIAS DIGITAIS Silvana Boone Universidade de Caxias do Sul/UCS
Uma das questões que nos leva a pensar a fotografia no contexto da arte é a implicação das tecnologias utilizadas na criação da imagem. Passados cento e setenta anos da invenção oficial da fotografia, nos vemos diante de uma nova realidade da imagem, aparentemente próxima, mas muito diversa daquilo que as pessoas acostumaramse a chamar de fotografia. Este artigo apresenta algumas relações conceituais entre a fotografia, sua história recente na arte e as mudanças significativas ocorridas na imagem a partir do final do século XX, por conta das tecnologias digitais, além de evidenciar a manipulação da imagem, através das fotomontagens de John Heartfield e a crise do real que se manifesta com manipulação digital nos retratos múltiplos de Nancy Burson, bem como nas fusões fotográficas produzidas por Francis Galton. Palavras-chave: Fotografia, história, tecnologias digitais
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REPRESENTAÇÕES SOBRE O TEATRO E PLATÉIAS PAULISTANOS NAS LITOGRAVURAS DE ANGELO AGOSTINI DO JORNAL CABRIÃO (1866-1867) Silvia Cristina Martins de Souza Universidade Estadual de Londrina/UEL
A imprensa ilustrada brasileira teve como um dos seus precursores o italiano Ângelo Agostini. Apesar de existirem vários estudos tratando deste personagem, o início da sua trajetória na imprensa, particularmente o período em que residiu e trabalhou em São Paulo, tem sido pouco privilegiado nestes trabalhos. Nesta comunicação, pretendemos nos ater a este período da sua vida profissional analisando as litrogravuras por ele produzidas para o jornal paulistano Cabrião (1866-1867) Esta análise tem como objetivo mostrar como Angelo Agostini lançou mão do seu lápis litográfico para construir certas representações sobre o teatro e as platéias paulistanos, num momento em a vida teatral da cidade de São Paulo era bastante incipiente e, simultaneamente, compreender de que forma sua arte estabeleceu uma estreita interlocução com outros discursos do seu tempo. A busca deste objetivo será norteada pela idéia de que imagens e textos são historicamente construídos; se articulam com lugares socioeconômicos, políticos e culturais; implicam um meio de elaboração circunscrito por determinações próprias e dependem das ações e representações dos sujeitos históricos que com eles se envolveram e contribuíram para a sua existência. Palavras-chave: imprensa, litogravura, teatro musicado A doença em exposição: fotografias da lepra na obra do médico Souza-Araújo Silvia Danielle Schneider Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Unioeste
Este trabalho tem como objetivo problematizar 18 estampas presentes no segundo volume da obra “História da Lepra no Brasil”, de autoria do importante médico paranaense Heráclides César de Souza-Araújo, o qual atuou fortemente no combate à lepra no Brasil, na primeira metade do século XX. Este volume, da obra do médico, foi editado em 1948 e conta com 380 estampas, resultando em mais de 1000 fotografias sobre a doença. Souza-Araújo, através da sua carreira médica, foi um defensor de medidas isolacionistas para a profilaxia da lepra, apoiando-se na idéia que o doente deveria ser separado do restante da sociedade, assim como, os filhos desses doentes deveriam ser separados dos pais leprosos ao nascer. O conteúdo das fotografias de “História da Lepra no Brasil” nos remonta a uma idéia, que após a intervenção da ciência e do Estado, a situação da doença e dos doentes mudou para melhor. As 18 estampas problematizadas foram apresentadas na “Exposição da II Conferência Nacional de Assistência Social aos Lázaros, Rio, Julho, 1945”, enfatizando aspectos dos doentes, a atenção dirigida a eles, os filhos que não possuiam a doença e eram felizes nas construções bem equipadas e feitas para atendê-los, enfim, mostrava que
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a separação dos filhos de pais leprosos era uma medida eficiente e garantia um futuro sem a doença para essas crianças. Palavras-chave: fotografia, doença, ciência. GÊNERO E PUBLICIDADE: ANÁLISE DASPEÇAS PUBLICITÁRIAS DE TABACO NOJORNAL DAS MOÇAS (1940-1960) Silvia Sasaki Universidade do Vale do Itajaí/UNIVALE
A indústria do tabaco, no século XX, se utilizou amplamente da publicidade para divulgar seus produtos, oferecendo modelos que mesclam valores familiares, distinções de classes, preceitos de sociabilidades e configurações de gênero. As possíveis articulações veiculadas através do conteúdo das peças são reapropriadas e ressignificadas quando chegam ao espectador, abrindo-se também lacunas para as possíveis subjetividades. De um lado, a emissão das peças publicitárias que, a partir de certas escolhas e preferências de seus produtores, discursa conceitos de sociabilidades, gostos, legitimando e instituindo convenções através de um universo simbólico inteligível ao público. De outro lado, a recepção deste público que, embora estruturados em conceitos pré-concebidos, também se encontra aberto às novas ideias, transitando entre estratégias e práticas cotidianas. Assim, proponho analisar as peças publicitárias de cigarros da empresa Souza Cruz, veiculadas no periódico Jornal das Moças, no período de 1940 a 1960, como agenciadoras das diferenciações de representações dos modelos de figuras de mulheres e homens como consumidores dos discursos propostos pela publicidade do fumo, onde a simplesaquisição do produto também é promessa de sociabilidade e aceitação social, oferecendo a manutenção e a proposição de padrões comportamentais, de gênero e de estéticas, promovendo a manutenção de ideias construídas sócio-culturalmente. Palavras-chave: Publicidade. Relações de Gênero. Tabaco. PHOTOGRAFIA: DISCREPÂNCIA NAS MENSAGENS E FICÇÃO NA CONSTRUÇÃO Sionelly Leite Universidade Tuiuti do Paraná/UTP
O objetivo desse artigo é discutir uma fotografia feita por Sebastião Salgado, em 1996, durante invasão de uma fazenda no interior do Paraná, sob a interpretação que o sociólogo José de Souza Martins defende: a de que essa fotografia não é um flagrante documental, mas sim o registro de uma cena encenada. Discutem-se os efeitos sentidos com a quebra do clímax e do aspecto “casual”, características típicas do registro documental, além dos valores da imagem a partir das representações ficcional e documental, no debate de conceitos como o “isto foi” e o “momento decisivo”, trazidos por Roland Barthes e Cartier-Bresson, respectivamente; além da contribuição de François Soulages nos estudos da estética da encenação. Palavras-chave: fotografia; experiência estética; Sebastião Salgado.
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O TERCEIRO CINEMA NA ILHA DE SANTA CATARINA: Duas ficções e um documentário experimentais (1968 – 1976) Sissi Valente Pereira Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
Novelo (1968), A Via Crucis (1972) e Olaria (1976) são três curtas-metragens em 16mm, produzidos por grupos independentes em Florianópolis, na primeira fase do período da Ditadura Militar. Nesta comunicação, pretendemos descrever aspectos de sua composição artística, influência de movimentos internos, nacionais e internacionais e características estéticas que posicionam tais obras como importantes fontes de estudo do ambiente intelectual, cultural e político da cidade. Em Novelo, o protagonista abandona os valores de sua vida burguesa e urbana, para ir ao encontro da natureza, numa metáfora de suicídio. Em A Via Crucis, numa alusão à tragédia bíblica, encenase a crucificação do indivíduo moderno. No documentário Olaria, o oleiro torna-se personagem de sua própria história, narrando a decadência das Olarias em São José, diante da industrialização recente. Nosso enfoque se dá a partir da idéia do cinema como representação social: segundo Chartier, as representações partem do real, de condicionamentos sociais, porém, a partir da recepção daqueles que a produzem, este real é re-elaborado na forma de discursos e práticas. A análise destes discursos nos traz novas perspectivas de interpretação de fatos e idéias, ressignificados na obra cinematográfica. Palavras-chave: curta-metragem; terceiro cinema; Florianópolis. As duas faces de Jano em Bonnie e Clyde – uma rajada de balas Soleni Biscouto Fressato Universidade Federal da Bahia/UFBA
Bonnie Parker e Clyde Barrow foram dois conhecidos ladrões de bancos e postos de gasolina que viveram os conturbados anos da depressão econômica nos Estados Unidos. A Bloody Barrow Gang fazia tremer o comércio e era vista como um sinal de revolta contra a miséria em tempos de crise. A partir de 1932, quando ocorreu o primeiro assassinato, eles começaram a ser perseguidos ferozmente pela polícia norteamericana. Em 1934, num tiroteio com a polícia de Louisiana, eles foram assassinados. Em 1967, período em que os jovens contestavam e desafiavam o poder, a história do casal vem novamente à tona com o filme Bonnie e Clyde – uma rajada de balas. Warren Beatty (Clyde) e Faye Dunaway (Bonnie) se transformaram nos símbolos de uma mudança de atitute da juventude frente às imposições sociais e morais. Diante do exposto, a proposta da presente comunicação é analisar em que medida o filme Bonnie e Clyde é uma biografia do famoso casal de assaltantes norte-americano e, ao mesmo tempo, uma representação da juventude nos revolucionários anos 1960. Palavras-chave: Biografias cinematográficas, Representações sociais no cinema, Revolução e contestação.
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OS RETRATOS DE FELIPE IV DE DIEGO VELÁZQUEZ: REFLEXÕES SOBRE AS PERCEPÇÕES DETEMPO NA PINTURA ESPANHOLA DO SÉCULO XVII Susana Aparecida da Silva Universidade Estadual de Londrina/UEL
Neste trabalho pretendemos estudar algumas pinturas do artista espanhol nascido em Sevilha no século XVII, cujo nome de batismo é Diego Rodriguez de Silva e Velázquez (1599-1660). Atualmente são conhecidas aproximadamente cem obras deste pintor. Propusemo-nos a analisar seis delas levando em conta alguns “efeitos” de suas obras que permitem inferir a sua percepção de Tempo. Esses retratos são do soberano espanhol Felipe IV em ambientes interiores em diferentes momentos de sua vida. Embora haja mais alguns retratos do rei retratado como caçador ou pinturas eqüestres, estes não serão enfocados neste trabalho. Nesta perspectiva, faz-se necessário estudar de forma panorâmica alguns aspectos sócio-biográficos do pintor, problematizando a idéia de que o contexto por si só é suficiente para estudarmos uma fonte histórica. Pretende-se também realizar reflexões a respeito da Arte barroca espanhola, cujo estilo artístico convencionou-se a dizer que Velázquez pertence. Palavras-chave: Velázquez; Representações; Tempo IMAGENS APAGADAS PELOS VENCEDORES: ALEMÃES SOB CHAMAS E ENTRE RUÍNAS Sylvia Ewel Lenz Universidade Estadual de Londrina/UEL
Cerca de 140 cidades alemães de médio e grande porte foram destruídas sob bombardeio incendiário e sistemático realizados pela Royal Air Force com apoio das forças armadas americanas. Primeiro, o lançamento de bombas provocavam focos de incêndio em vários lugares das cidades que, dependendo das condições climáticas, formavam línguas verticais cuja força sugava o ar dos porões, arrastava pessoas e destruía, em minutos, sólidas construções. A seguir, o lançamento de bombas sobre as principais vias para bloquear o trânsito dos bombeiros, quebrar tubulações de água e impedir o uso dos hidrantes. Finalmente, bombas de efeito retardado eram programadas para explodir horas depois de modo a deixar os sobrevivente, já exauridos, com os nervos em frangalhos. Afinal, na guerra total a ordem do 1º. Ministro Britânico, Mr. Churchill era empregar “the maximum use of fire!”. Para ele somente a destruição das cidades, ao arrasar bairros industriais de operários, matando inclusive milhares de prisioneiros estrangeiros minaria o moral dos civis contra o governo Hitler. O primeiro grande sucesso ocorreu em Hamburgo, no verão de 1943 cujo resultado foram 900 mil desalojados, cerca de 50 mil e o emprego da expressão “the hamburgisation of the German cities” para as demais operações sobre as cidades alemães. Não obstante, estas imagens de morte e destruição da 2ª. Guerra Mundial pouco é tratada, muito menos as suas imagens são publicadas. Afinal, até 1990 o país
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fora cenário da Guerra Fria, com a parte do território oriental perdido à Polônia e a outra subordinada à URSS; a ocidental tripartida e ocupada pela França, Reino Unido e EUA, acabou sob a égide de Washington. Após a Reunificação alemã começa a haver espaço para que a historiografia apresente a versão dos vencidos, até então ignorada, restrita à memória pessoal. Palavras-chave: Bombardeios, incêndios, população civil FUTEBOL E NACIONALISMO NA REVISTA VEJA (1969-1970) Talita Vidigal Terciotti Universidade Estadual de Londrina/UEL
O objeto de estudo desse trabalho são as imagens presentes na revista Veja referentes ao futebol durante os anos de 1969 e 1970. Período que precede e no qual acontece a Copa do Mundo realizada no México, na qual o Brasil ganhou o tricampeonato mundial de futebol. É nesse período também que o governo cívico-militar promove uma grande propaganda política a favor da ditadura, com a tentativa de legitimá-la perante a população, sendo que o tricampeonato no futebol também foi aproveitado. O objetivo aqui é tentar entender a postura da revista durante os seus primeiros anos de vida, mostrando que ela se modificava de acordo com seus interesses, não possuindo uma constante durante o início dos “anos de chumbo” da ditadura brasileira. Como metodologia de análise utiliza-se os autores Ana Maria Mauad, Peter Burke, Paulo César Boni e Jorge Pedro Sousa. Palavras-chave: futebol, revista Veja, ditadura cívico-militar. CowParade Porto Alegre 2011: mercado e representações Tanise Pozzobon Universidade Federal de Santa Maria/UFSM
A CowParade torna-se um exemplo de como a arte tem se manifestado na contemporaneidade e de como ela evoluiu em relação aos seus suportes. Emerge através do exemplo da CowParade Porto alegre 2010 uma discussão sobre o mercado de representações. As novas leituras (ou releituras) da arte promovem um novo dialogo entre arte e vida. A arte está cada vez mais inserida na pluralidade do cotidiano: consumo, publicidade, moda, cultura de massa entrelaçam-se. A CowParade passa a ter um valor substancial e representativo na era da globalização, assim a arte de cada local em que a exposição ocorre (com suas particularidades, tradições, folclores) pode ser identificada e consumida tanto pela população local – que se identifica- quanto pelos visitantes ou turistas – que podem conhecer mais sobre as tradições do local que estão visitando através das personalizações e pinturas das esculturas criadas pelos artistas locais. A arte, no último século se transformou bastante e acompanhou os rumos da sociedade e por muitas vezes, serviu de contraponto ao pensamento dominante e
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generalizado. A análise e a compreensão do evento CowParade Porto Alegre 2010 se constitui numa espécie de laboratório conceitual para entender o fenômeno representado pela presença da arte contemporânea no mercado das representações. Palavras-chave: CowParade, mercado, representação PASSEIO DO OLHAR: um viés antropológico da mensagem visual urbana Tássia Caroline Zanini Universidade Estadual Paulista/UNESP
Tomando como base uma atividade acadêmica – cuja proposta envolvia eleger um ambiente de uma cidade e registrá-lo de acordo com o olhar livre do fotógrafo, na tentativa de abarcar sua totalidade; detalhes e contexto –, este artigo agora pretende, ampliando essa proposta, analisar as imagens feitas na cidade de Joinville (SC), no feriado de 21 de abril de 2008, com foco na Praça das Palmeiras, localizada no centro da cidade. O objetivo se concentra em analisar essas fotografias sob um viés antropológico, voltado também para a perspectiva etnográfica, envolvendo o contexto urbano, seu cenário, habitantes e potencialidades, com base em autores como Magnani, Calvino, Schumacher e Norberg-Schulz. Uma vez que a composição é o meio interpretativo de controlar a reinterpretação de uma mensagem visual por parte de quem a recebe, o estudo também apresenta abordagens metodológicas de análise imagética complementares, como as regras de composição e os fenômenos de sensação e percepção, incluindo a perspectiva de autores como Aumont, Dondis, Samain e Joly, a fim de enriquecer o repertório e ampliar os conhecimentos acerca da influência da antropologia visual na pesquisa fotográfica. Observou-se, assim, que, em meio a essa busca por um olhar antropológico diante do atual contexto contemporâneo, a fotografia tem se tornado um importante instrumento de análise de dados. O fim torna-se meio e vice-versa; a antropologia complementa o universo da análise imagética ao mesmo tempo em que a fotografia se estabelece como um importante meio de significação no estudo antropológico, especialmente em um recorte etnográfico. Palavras-chave: antropologia visual; análise fotográfica; imagens urbanas. DILMA PRESIDENTA: as imagens da mídia na formação do imaginário político Tássia Caroline Zanini Universidade Estadual Paulista/UNESP
A partir do acompanhamento crítico da cobertura jornalística no período da campanha presidencial de 2010, desde a definição dos candidatos até a repercussão do resultado, este artigo descreve e analisa alguns comportamentos do jornalismo visual na
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formação do imaginário político, especificamente nas características que servem de sustentação para o julgamento de valores da candidata eleita Dilma Rousseff e do Partido dos Trabalhadores (PT). O corpus selecionado compreende as edições das revistas semanais Veja e Istoé publicadas no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2010, com recorte específico nas imagens de capa e aberturas de grandes matérias que trazem a candidata eleita ao longo da campanha. As observações identificadas são relatadas a partir da composição da imagem da candidata e seu partido político, em plano geral e sob a discussão de tópicos específicos, como enquadramento, ação e contexto (cena e cenário), gestualidade, caricaturização, cores e iluminação. A análise é complementada com a apresentação de algumas características do jornalismo visual na cobertura política, com base em autores como Flusser, Pross, Baitello, Romano e Guimarães, com o objetivo de demonstrar como pode ser verificada a intencionalidade de alguns produtos midiáticos. Palavras-chave: campanha presidencial de 2010; jornalismo visual; revistas semanais. AS QUESTÕES DE GÊNERO EM IMAGENS FOTOGRÁFICAS: UM OLHAR SOBRE A OBRA DE CINDY SHERMAN Tatiana Brandão de Araujo Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
Cláudia Mariza Mattos Brandão Universidade Federal de Pelotas/UFPel
O artigo focaliza a discussão sobre as questões de gênero, principalmente no que se refere às mulheres, levando em consideração o fundamental papel das imagens artísticas como instigadoras de processos cognitivos de percepção da temática abordada. Ele resulta de pesquisa desenvolvida junto ao PhotoGraphein – Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação, UFPel/CNPq. Partindo de uma perspectiva feminista, principalmente de autoras como Judith Butler (2003), são analisadas as produções fotográficas da artista estadunidense Cindy Sherman, da série A Play of Selves, produzida na década de 1970. A obra, uma narrativa imagética, apresenta a história de uma personagem e seus embates identitários com referência à corporalidade frente aos ideais socialmente moldados, e à forma como os mesmos afetam as subjetividades. Tais imagens evocam sentidos críticos conectados ao pensamento feminista, relacionando os personagens apresentados à desconstrução das identidades sexualmente hierarquizadas. Sherman torna visíveis os seus próprios questionamentos, instigando o olhar do espectador, que é convidado a compartilhar de seus mundos recriados, preservados no tempo do fotográfico. O trabalho tem como prerrogativa a análise de imagens visuais relacionadas às representações de gênero, com base nos estudos de Jacques Aumont (1993). A intenção reside em demonstrar como as imagens artísticas potencializam olhares críticos e inovadores sobre o tema, destacando a relevância de tais discussões no contexto da Sociedade do Espetáculo. Este conceito, cunhado por Guy Debord (1967), é fundamental para o entendimento do mundo essencialmente imagético em que vivemos, assim como, para a compreensão da necessidade de discutirem-se as imagens que nos atingem cotidianamente. Palavras-chave: Gênero, Cindy Sherman, Imagem.
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IMAGEM MENTAL E IMAGEM MATERIAL NO ENSINO CITADINO DO SÉCULO XIII Terezinha Oliveira Universidade Estadual de Maringá/UEM
O objetivo desta exposição é analisar as relações entre discursos de mestres da Universidade de Paris, especialmente Tomás de Aquino e Boaventura de Bagnoregio, e imagens materiais do ambiente citadino do período. O intuito é demonstrar que as imagens materiais correspondem, em grande medida, ao conteúdo que é ensinado nos textos destes dois mestres mendicantes. Explicitaremos, assim, que a imagem da cidade espelha a construção mental dos homens citadinos do século XIII. A nosso ver, há um fio que une a imagem mental do que é pensado e ensinado na universidade e a produção da imagem da cidade. Este fio revela que não é possível a construção da imagem material sem que antes tenha existido a imagem imaterial do que será significado na pintura, na escultura ou mesmo na grafite contemporânea. Palavras-chave: Imagem material e imaterial, História da Educação. Idade Média. A FOTOETNOGRAFIA ENQUANTO MÉTODO DE PESQUISA: MEMÓRIA E REALIDADE Thais Julianne de Castro e Silva Universidade Federal de Mato Grosso/UFMT
Este ensaio pretende mostrar porque guardar a memória através de um mecanismo tecnológico, no caso a fotografia, e não somente um diário de campo somado aos recursos fisiológicos de um cérebro humano pode ser uma escolha que oferece vantagens. Para desenvolver a idéia utilizamos pensadores que tratam da linguagem cinematográfica e do fotojornalismo, como Marcel Martin e Henri Bergson. Palavras-chave: Fotoetnografia. Memória. Verdade. O PRESENÇA DA MÍMESE NA OBRA DE VIK MUNIZ: UMA ANÁLISE ESTÉTICA Thais Priscilla P. Jerônimo Duarte Universidade Estadual de Londrina/UEL
A obra de arte é uma linguagem, um modo próprio de expressar sentimentos. Sob este aspecto, não se apresenta como um ser acabado, perfeito, mas como algo inacabado, buscando uma interpretação. Como um dos frutos primogênitos da humanidade, a obra de arte recusa-se a ser interpretada em um sistema fechado, mas sim por um processo que não é apenas formado por cores, imagens, ou sinais tipográficos, mas possui a condição de símbolo. Neste sentido, todos os elementos que envolvem a criação de uma obra de arte precisam ser traduzidos em termos de criação estética, inseridos no contexto de uma filosofia do belo. Diante do impasse das diferentes acepções de beleza, muitos foram os filósofos que investigaram o que é ser belo. Julgamos belo aquilo que
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nos proporciona prazer, o que não é nada lógico ou racional, mas muito subjetivo. O presente trabalho busca analisar, por uma perspectiva estética, a construção das obras do artista plástico Vik Muniz e a presença do conceito de mímese, tão discutido neste campo de estudo. A mímese tem sido entendida, por alguns, como imitação, ou cópia imperfeita do ideal. Enquanto a característica de mímese indica uma imitação do real visto pelo homem, a poética é a criação do real, mais rica de sentidos. As características miméticas e poéticas na obra de Vik Muniz podem ser visualizadas de acordo com o objetivo de sua obra e do momento histórico de sua carreira. Ao iniciar os trabalhos com lixo e sucata, o artista busca, deliberadamente, copiar obras renomadas, revelando uma tradução ou uma nova interpretação de trabalhos anteriores. Palavras-chave: Mímese; Obra de Arte; Vik Muniz. Enquadrar a imagem, modelar os corpos, libertar os olhares: possibilidades de visualizar a fotografia através de Michel Foucault Thiago Fernando Sant’Anna e Silva Universidade Federal de Goiás/UFG
Ao percorrermos por algumas teorizações de Michel Foucault, direcionamos nosso olhar para o campo teórico-metodológico da fotografia. Nessa incursão, podemos pensar a fotografia e a prática de fotografar como prática discursiva, presidida por seus regimes de verdade/visibilidade que tornam possíveis experiências; como tecnologia política do poder micro-dimensional/molecular capaz de normatizar corpos, comportamentos e relações sociais; por último, como exercício da liberdade. De porte de experiências de pesquisa com fotografias históricas de Goiás no século XIX e de prática de produção de fotografias no cenário de uma cidade Patrimônio Histórico da Humanidade, buscamos desconstruir as evidências e elucidar possibilidades de leitura e reflexão sobre a fotografia sob uma ótica foucaultiana. Palavras-chave: Fotografia, Michel Foucault, Teoria, Poder O PLANEJAMENTO URBANO E COTIDIANO: UMA LEITURA SOBRE O CALÇADÃO DE LONDRINA Thiago Tomoaky dos Santos Sato Universidade Estadual de Londrina/UEL
A partir da segunda metade do Séc. XX, ao redor do mundo, começaram a surgir com mais intensidade as ruas exclusivas para pedestres, no Brasil, mais conhecidas como calçadões. O presente trabalho visa apresentar o calçadão localizado no centro de Londrina, mais especificamente na Rua Paraná, o qual foi criado no final da década de 1970 como parte de um projeto de revitalização do centro da cidade, idealizado pelo urbanista Jaime Lerner. Este importante momento na história de Londrina modificou drasticamente a vida na região central da cidade. Esta análise possuirá como foco os elementos constituintes deste espaço e sua relação com a população. Palavras-chave: Londrina, Calçadão, História
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O DISCURSO DA IMAGEM: REPRESENTAÇÕES E IMAGINÁRIO SOBRE O NAZISMO NA REVISTA VIDA POLICIAL (1942 – 1944) Tiago Weizenmann Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul/PUCRS
Como meio de comunicação de massa, a revista Vida Policial constituiu um importante instrumento da Repartição Central de Polícia para a consolidação ideológica e autoritária do Estado Novo no Rio Grande do Sul, determinando, entre outros desígnios, ações de indivíduos sociais contra supostos inimigos que representavam ameaças plausíveis aos olhos das autoridades. Neste sentido, o seguinte trabalho tem como objetivo analisar os elementos aplicados à construção de formas simbólicas presentes neste meio de comunicação, de representações sociais e políticas presentes no imaginário social estadonovista sobre o nacional-socialismo, construídas a partir da retórica policial, especialmente entre os anos de 1942 e 1944. A compreensão desta dinâmica será feita a partir das diferentes imagens utilizadas pela revista Vida Policial como mecanismos construtores de representações e de um imaginário sobre o nazismo. As imagens, compostas pelas capas da revista, pelas caricaturas e pelas fotografias, constituem uma categoria de análise documental, um ponto onde igualmente se condensaram conflitos ideológicos que interferiram no mundo do imaginário político e social. Palavras-chave: Revista Vida Policial, nazismo, imagens “ESTÔMAGO”, O FILME, COMO O PRATO PRINCIPAL PARA A HISTÓRIA Uliana Kuczynski Universidade Federal do Paraná/UFPR
O presente trabalho busca estabelecer a relação entre Cinema e História a partir do longa-metragem Estômago (Marcos Jorge, 2007). O filme fora eleito por protagonizar a figura do cozinheiro (através do talento culinário do protagonista, que lhe garante a “ascensão social”), sublinhando o papel essencial atribuído à comida na totalidade da trama. Considerada uma categoria histórica, por não se restringir puramente ao nutricional, mas abarcar relações sociais e de poder, culturas e símbolos, a comida aparece em uma série de outras obras representadas pela indústria cinematográfica, configurando, inclusive, um “gênero” específico. Isso, sobretudo desde o final da década de oitenta, com filmes como A Festa de Babette (Gabriel Axel, DNK, 1987), O Jantar (Ettore Scola, ITA/FRA, 1998) ou Sem Reservas (Scott Hicks, USA/AUS, 2007). Cumpre investigar, então, Estômago na sociedade que o produz e consome (uma vez que o sentido se estende ao contato com o público). Por isso, além das representações acerca da gastronomia (comida) – que norteia o enredo e que é notória em cenas cujos enquadramentos são provocativamente fechados nos preparos das iguarias – é válido compreender ainda suas condições sociais de produção, distribuição, exibição e recepção, examinando o recorte nacional denominado “pós-retomada” (após 2002). Vale notar que esta co-produção ítalo-brasileira já rendeu 24 prêmios nacionais e internacionais e foi vendido para 20 países – o que também aguça a pesquisa nos termos aqui esboçados. Ou seja: pretende-se explorar a fonte fílmica Estômago
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na realidade histórica em que se insere, tanto do imaginário presente na temática da comida (categoria histórica), quanto do filme enquanto produto da indústria cinematográfica nacional. Palavras-chave: Comida, Cinema, “Estômago” REPRESENTAÇÕES DA MARGINALIDADE NA CULTURA CONTEMPORÂNEA: UM ESTUDO SOBRE CIDADE DE DEUS Valquíria Lima da Silva Universidade Federal da Bahia/UFBA
O momento histórico atual nos apresenta obras literárias diferentes, agressivas, que compõem mosaicos para tematizar, radiografar e ressignificar a realidade capitalista, considerada cruel. Entre estas, está o romance Cidade de Deus (1997), de Paulo Lins. Sua narrativa já traz em si a marca da rapidez, assim, requer novos olhares sobre o literário, que o entrecruzem com o cinematográfico e com a história. O filme, com o mesmo nome, dirigido por Fernando Meirelles e lançado em 2002, provocou grande repercussão no cenário nacional e internacional, pela realidade ficcionada e mediada por imagens fortes, que ora conseguia apresentar ao leitor/ expectador. Entre estes dois textos um dilema se apresenta: a representação do personagem Zé Pequeno, que aparece sob dois olhares, um trazido pela imagem e outro pelo texto literário, configurando leituras que se integram e repelem, contraditoriamente. Buscando entender este contexto, bem como suas possíveis contradições; e partindo dos estudos e conceitos sobre Dialética da Marginalidade elaborados pelo crítico João Cezar de Castro Rocha, pretende-se aqui analisar as representações dadas ao personagem Zé Pequeno nos dois textos, levando em conta os meios, o momento histórico-cultural e as concepções que se organizam em torno do ‘marginal’ na cultura contemporânea. PÁGINAS DE LEMBRANÇAS: Uma análise de álbuns de família no interior baiano Valter Gomes Santos de Oliveira Universidade do Estado da Bahi/UNEB
Este estudo procura analisar a presença da fotografia no cotidiano de grupos familiares através de seus álbuns fotográficos nas cidades de Jacobina e Miguel Calmon, na região atualmente conhecida como Piemonte da Diamantina. Na alvorada do século XX, o advento do consumo fotográfico provocou, dentre vários impactos, a inserção de populações sertanejas no universo visual daquela que foi uma das principais artes da era da reprodutibilidade técnica na contemporaneidade. O presente estudo demonstra como as coleções fotográficas foram instrumentos significativos relacionados ao espaço da memória familiar e à definição das identidades sociais dos grupos. Assim, a fotografia foi analisada para além da sua dimensão plástica, uma vez que foi de grande relevância perceber os usos e funções dos álbuns fotográficos enquanto artefatos familiares. Palavras-chave: Fotografia, álbum de família, memória
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O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO COMO IMAGEM: O SIMULACRO NA PAISAGEM DE OURO PRETO Vanessa Regina Freitas da Silva Universidade Federal de Pelotas/UFPel
O trabalho tem como objetivo discutir a valorização do patrimônio arquitetônico a partir da imagem que evoca e para esse fim utiliza os estudos de Milton Santos e Jean Baudrillard na compreensão das relações entre paisagem e imagem, respectivamente. Ao considerar a preservação da Praça Tiradentes no espaço urbano de Ouro Preto e a reconstrução de um elemento da sua paisagem, percebe-se que as intervenções atuais no patrimônio arquitetônico são voltadas para uma cultura da imagem. A reinterpretação de elementos de uma edificação procurou restabelecer a unidade de um conjunto em busca da manutenção de uma realidade local a ser visitada e consumida. A reconstrução fez uma releitura da volumetria e dos elementos compositivos das fachadas, similares à edificação anterior, para aproximar-se da paisagem entendida como a original e manter o passado através de uma imagem urbana. A paisagem guarda tempos desiguais nas formas construídas, contudo busca comunicar uma imagem de temporalidade única. Quando algo novo substitui o que existia anteriormente, como simulacro, há um rompimento da compreensão da diferença entre o verdadeiro e o falso, conforme teoria de Baudrillard, considerando que o simulacro não imita, mas sim substitui o real. A Praça Tiradentes reforça uma imagem fortemente consolidada como representação do período colonial no Brasil e indica uma singularidade do local, ao mesmo tempo em que visa valorizar o patrimônio através da construção de imagens similares, como se uma identificação global fosse possível. O simulacro, exemplificado na reconstrução, e a sua aplicação no contexto da paisagem ouropretana faz com que o presente se torne espaço temporal para reafirmar o que a cidade foi um dia, mantendo-a como imagem de um passado. Palavras-chave: simulacro, paisagem, patrimônio arquitetônico O VERBAL E O IMAGÉTICO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE FEMININA: A DISCURSIVIZAÇÃO DO FEMININO EM PROPAGANDAS TELEVISIVAS DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER Vânia da Silva Universidade Estadual de Londrina/UEL
À luz da Análise do Discurso francesa, o presente trabalho objetiva analisar a construção da identidade feminina em propagandas televisivas acerca do acontecimento discursivo Dia Internacional da Mulher, visto que, além do objetivo primeiro de vender, é possível compreender no discurso publicitário o papel assumido sócio-ideologicamente pelas mulheres na sociedade. Este estudo terá, portanto, como recorte duas peças publicitárias veiculadas na televisão aberta brasileira, respectivamente, Mulheres (Volkswagen-2009) e Mulher brasileira (Lojas Marisa-2008), por meio das quais se poderá entender construções que explicitam enunciadores que, inscritos em diferentes condições de produção e interpelados por valores ideológicos, discursivizam o sexismo
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(BOURDIEU, 2003) ou o feminismo como identidade. Assim, torna-se relevante analisar a construção identitária feminina a partir da relação entre linguagem e ideologia, memória discursiva, formações discursivas e ideológicas, interdiscursividade (PÊCHEUX, 1990, 1997 e 2009), bem como de estudos antropológicos (BEAVOUIR, 1970; BUTLER, 2003; DEVEREUX, 1990; FLAX, 1991) e da publicidade (CARVALHO, 1996; CITELLIA, 2004) e, por fim, verbal e imagético que possibilitam a constituição de diversificados efeitos de sentido acerca da data comemorativa e do feminino. Palavras-chave: identidade; feminino; Dia Internacional da Mulher. A NEGRA, DE TARSILA DO AMARAL, E OS OLHARES NA HISTÓRIA DA ARTE NO BRASIL Vera Pugliese Universidade de Brasília/UnB
A Negra de Tarsila do Amaral (1923), figura como uma mulher nua que foge aos padrões europeus de beleza que se aproximasse do aspecto que se esperaria de uma figura feminina acadêmica, ao mesmo tempo em que afirma incontestavelmente sua etnia. Cotejada aos vários tipos iconográficos femininos recorrentes no Brasil desde a época colonial até os anos 1930, passando por todo o século XIX, percebe-se inadmissível e insuportável a grande figura centralizada no primeiro plano de uma mulher em pose “deselegante” segundo os padrões acadêmicos. Ela não está reclinada nem aparece numa postura lânguida, sensual, permissiva. Não disfarça o olhar para que não nos sintamos invasores de sua intimidade. No plano de conteúdo da obra a Negra não pratica nenhuma ação a não ser olhar para nós. A Negra simplesmente está. É uma designação formal ao mesmo tempo em que é sujeito de predicações inusuais por ser uma mulher sem ocupar uma função social pré-estabelecida. Tarsila encarnaria o brasileiro/a em um/a mestiço/a sem ceder ao coletivo masculino. Esta inversão não é inocente nem inócua. Provem de uma mulher que então se destacava no núcleo modernista paulista. Mas a pintora ultrapassa a questão de gênero quando evidencia que a Negra não precisa se identificar com nenhum status preestabelecido. O texto coloca como hipótese que a Negra seja um arquitexto da tipificação feminina na iconografia americanista no Brasil, mas de forma a inverter seus termos, como uma resposta moderna em vários registros simultâneos de modo a criar uma rede de referências dos processos identitários da mulher, do brasileiro/a e do moderno/a. Palavras-chave: Tarsila do Amaral, processo identitário, historiografia da arte no Brasil Dançar para os Mortos: Uma Análise da Hibridação de imagens Sagradas e Profanas no Ritual a São Gonçalo de Amarante Victor Hugo Neves de Oliveira Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
A pesquisa proposta neste trabalho busca investigar as relações construídas entre elementos representativos da esfera social que compõem o culto a São Gonçalo de
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Amarante, produzido no povoado quilombola da Mussuca (Laranjeiras/SE): o sagrado e o profano, analisando estados de hibridação que configuram a rede de códigos e o comportamento expressivo do ritual. Propomo-nos, por isso, neste momento a identificar aspectos que apontem e fomentem o encontro da devoção com a diversão no estabelecimento do ato de dançar para os mortos, iniciando questionamentos e discussões sobre a influência dos arcabouços da religiosidade em representações sensíveis na dinâmica cultural. Assim, em primeira instância, a guisa de introdução discutimos o caráter da hibridação e(m) nossos procedimentos metodológicos; em seguida, analisamos a formação de imagens e o princípio articulador do ritual aos mortos e, por fim, propomos um estudo que nos permita apreender a alegria do culto e a responsabilidade da festa como elementos determinantes à construção da Dança da Mussuca. Palavras-chave: dança, ritual, morte. AS TRAMAS DO CORPO NA ARTE CONTEMPORÂNEA Vinicios Kabral Ribeiro Universidade Federal de Goiás/UFG
O recorte desse artigo, o corpo na arte contemporânea, insere-se em uma investigação onde percorro e discuto a sua presença nas produções de artistas brasileiras e a dissolução de fronteiras do corpo como sujeito e objeto artístico. Retomo, brevemente, suas representações desde a Renascença, passando pelas transformações do olhar na modernidade, culminando na centralidade dada a corporeidade nas culturas contemporâneas e a emergência do artista como corpo. As abordagens metodológicas são referenciadas tanto pela Antropologia visual e do corpo quanto pela História da Arte e os estudos da Cultura Visual. Algumas indagações direcionam essa pesquisa: como são travadas as metáforas do corpo nas visualidades artísticas; de que maneira o corpo é tomado como um enfrentamento aos discursos biomédicos e patologizantes; como arte, corpo e ciência engendram-se para a formulação de outros saberes e olhares. Palavras-chave: corpo; arte contemporânea; cultura visual FOTOGRAFIA E MÉMORIA: ENTRE A MORTE E A LEMBRAÇA Vinicius Borges Figueiredo Universidade Federal de Goiás/UFG
A intenção deste ensaio é discutir as relações que a fotografia, inserida no contexto das poéticas visuais contemporâneas, pode estabelecer com a memória e a temática da morte. Historicamente, a fotografia já é marcada por esta discussão, assim sendo, este trabalho visa observar como alguns artistas contemporâneos, através da fotografia convencional ou manipulada por outras técnicas, problematizam a questão da morte e da reminiscência. Para tanto, tomo como base teórica alguns autores como Roland Barthes, Susan Sontag, e artistas como Christian Boltanski e Rosângela Rennó. Tendo como foco da pesquisa minha própria produção poética a partir de fotografias selecionadas que fiz de meus avôs por ocasião de minha monografia, seja fazendo
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experimentações sobre fotografias tratadas/desconstruídas/fragmentadas digitalmente, mas já impressas, através da técnica do desenho sobre tais fotografias, ou seja, utilizando as imagens dos meus avôs como tema para técnicas mistas de gravuras tradicionais ou contemporâneas. Um dos objetivos da análise destas imagens e experimentações será norteado pelas seguintes indagações: De que forma a arte contemporânea aborda a questão da morte? Que tipo de metalinguagem pode advir da experimentação de novas técnicas de fotografia em diferentes suportes? Que artistas e teóricos investigam a morte e a memória dentro da produção contemporânea das artes visuais? Palavras-chave: memória, morte, fotografia. A PRODUÇÃO DE PINTURA DE RETRATO E RETRATO FOTOGRÁFICO EM UMA CIDADE DO SUL DO BRASIL: UM ESTUDO DA OBRA DE FREDERICO TREBBI (PELOTAS, SÉCULO XIX-XX) Vinícius Silveira Kusma Universidade Federal de Pelotas/UFPel
O presente trabalho tem como objetivo discutir e analisar o imbricamento entre a pintura e a fotografia do final do século XIX e início do século XX, na cidade de Pelotas/ RS. Utiliza como estudo de caso o pintor e fotógrafo italiano Frederico Trebbi o qual atuou em Pelotas neste período não somente como pintor, mas também como um difusor da arte. Com um ateliê de indiscutível reconhecimento e prestígio, Frederico Trebbi retratou grande parte da elite de Pelotas e de outras cidades do estado. A quase totalidade dos retratos pintados por Trebbi utilizava-se da fotografia como modelo, o que nos faz pensar na relação entre pintura e fotografia e de que maneira esse imbricamento entre duas distintas técnicas influencia e modifica a forma de produção de retratos no período, tornando possível uma conjunção entre a pintura de retrato e o olhar fotográfico. Palavras-chave: pintura, fotografia, Frederico Trebbi. A cultura visual além da imagem: a necessidade de fontes escritas e orais para a compreensão da cultura visual Vivian Wolf Krauss Universidade de São Paulo/USP
Nosso trabalho discute a metodologia de pesquisa em cultura visual, enfatizando questões relativas à escolha do corpus documental e do objeto de pesquisa. No caso da presente pesquisa, cujo foco é a produção fotográfica paulistana em meados do século XX, além das séries de imagens, as fontes escritas e orais são fundamentais para a compreensão da formação da cultura visual, uma vez que o objeto não consiste na imagem em si, mas na sociedade que a produziu. Primeiramente, esclarecemos o conceito de visual e como ele é abordado nas metodologias s de pesquisa adotadas por Michael Baxandall, Enrico Castelnuovo, Svetlana Alpers, Carlo Ginzbourg, Ulpiano T. B. Meneses, Heliana Angotti-Salgueiro, Lygia Segala, Solange Ferraz de Lima, Vania Carneiro de Carvalho e Helouise Costa. Em seguida, apresentamos os primeiros
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resultados da pesquisa em andamento relativa à formação do campo fotográfico na cidade de São Paulo na década de 1940 a partir do levantamento e distribuição dos estúdios fotográficos paulistas na década de 1940, realizado com base nos dados coletados de periódicos e do antigo Departamento Estadual de Estatística do Estado de São Paulo (DEE). Por fim, procuramos tratar em conjunto a metodologia e a documentação levantada, demonstrando a necessidade e a conveniência da utilização de fontes não visuais para a compreensão do visual. Entre vendas e poses: os vendedores ambulantes na fotografia de Marc Ferrez e Harry Olds Viviane da Silva Araujo Pontifícia Universidade Católica/PUC-Rio
O presente trabalho tem o objetivo de comparar duas séries fotográficas que tiveram os vendedores ambulantes como tema comum. Em 1899, esses personagens urbanos foram registrados pelo fotógrafo Marc Ferrez nas ruas do Rio de Janeiro; dois anos mais tarde, em Buenos Aires, foi a vez de Harry Grant Olds dedicar-se a produzir uma coleção de fotografias desses tipos populares. Afim de realizar tal comparação, buscase analisar o conteúdo das imagens a partir das opções estéticas dos fotógrafos, tais como o enquadramento, as relações entre o primeiro e o segundo plano, as poses dos modelos, entre outras. E, a partir daí, refletir sobre o modo como cada fotógrafo construiu um olhar próprio sobre esses vendedores ambulantes, bem como da sua relação com as cidades que habitavam e retratavam. Palavras-chave: vendedores ambulantes, fotografia, tipos urbanos a Rebecca, o Rebeco E A rabeca: sátira e caricatura de Vargas na revista Careta (1946-50) Wagner Cabral da Costa Universidade Federal do Maranhão/UFMA
Estudo da série iconográfica sobre Getulio (Rebeco) Vargas, na revista Careta (1946-50). A partir da personagem Rebecca (do filme homônimo de Alfred Hitchcock), analisa-se o processo de migração de imagens pelo qual a personagem espectral foi apropriada, reinventada e ressignificada, tornando-se, em terras brasileiras, “Rebeco, o ditador inesquecível”. Este apelido foi criado pelo jornalista Carlos Lacerda (em artigo no Correio da Manhã), logo integrando-se ao anedotário político nacional, bem como alcançando repercussão e forma satírica nas páginas do semanário humorístico Careta, com destaque para o traço inconfundível das charges de Théo (Djalma Pires Ferreira, 1901-1980). O artigo investiga ainda as relações entre a caricatura de Rebeco e a cultura política liberal da UDN (forjada no enfrentamento com a ditadura do Estado Novo e simbolizada pelo slogan da “eterna vigilância”: “Lembrai-vos de 37!”), em que se evidencia o papel político da imagem (acte d’image). Assim, à luz da conjuntura instável de redemocratização do país no pós-1945, marcada por sucessivas crises políticas, econômicas e sociais, bem como pelo medo constante de um retrocesso à ditadura,
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a caricatura de Rebeco pode ser interpretada como uma contra-imagem udenista, ou seja, um signo pelo avesso do mito populista do “pai dos pobres”. Palavras-chave: Getúlio (Rebeco) Vargas, revista Careta, cultura política. IMAGEM E MOVIMENTOS SOCIAIS: A FOTOGRAFIA NA COMUNA DE PARIS Walfrido Cabral Claudino Universidade Estadual de Londrina/UEL
Esta comunicação procura analisar as relações entre o dispositivo fotográfico e os movimentos sociais através das fotografias da Comuna de Paris de 1871. A ampla cobertura fotográfica dos 40 dias que marcaram a instauração da Comuna promoveu um capítulo a parte na construção dos tencionamentos políticos da modernidade. O largo uso da imagens fotográficas pelas diferentes forças políticas em conflito transformaram a Comuna de Paris no espaço do primeiro acontecimento comunicacional dos movimentos sociais que tem na utilização da imagem técnica um elemento preponderante na constituição das relações de poder. É na Comuna de Paris que pela primeira vez na história o problema da visibilidade política dos movimentos sociais passa a ser definido também através do uso social da fotografia. A partir da utilização da metodologia de análise de discurso buscou-se trabalhar com uma abordagem crítica dos registros fotográficos da Comuna de Paris permitindo identificar no uso social da fotografia as origens das questões centrais que afligem, até hoje, o jogo político do qual participam os movimentos sociais. Pelo crivo da imagem fotográfica passa desde o problema da visibilidade dos sujeitos e de suas reivindicações políticas, a emergência de novas identidades e subjetividades, bem como também os processos de criminalização dos movimentos sociais. Dessa forma, a fotografia mostra-se como elemento vital na construção das relações de poder ao apontar para uma disputa de sentido que governa o entendimento sobre os conflitos políticos da contemporaneidade. Palavras-chave: Imagem, Fotografia, Movimentos Sociais. As imagens que ensinam: o Telecurso 2º Grau da Fundação Roberto Marinho Wellington Amarante Oliveira Universidade Estadual Paulista/UNESP - Assis
Este trabalho tem por objetivo historiar as imagens do Telecurso 2º Grau. Programa veiculado, a partir de 1978, pela Rede Globo e por emissoras educativas. Fruto da parceira inicial entre a Fundação Roberto Marinho e a Fundação Padre Anchieta, o Telecurso colaborou na preparação de telespectadores/alunos para os exames supletivos – modalidade criada pelo regime militar com a reforma 5.692/71. Porém, a importância do programa não se restringe a esse aspecto, o Telecurso trouxe uma nova linguagem para os programas educativos na televisão brasileira. O visionamento dos programas, combinado com a análise de outras fontes, possibilitou pensar de que modo as relações sócio-históricas entre os principais agentes envolvidos com a produção do Telecurso modificaram ou reiteraram práticas comuns as campo televisivo. Palavras-chave: História da Televisão; Telecurso; campo televisivo.
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A diversidade do grafite urbano William da Silva-e-Silva Universidade Federal Fluminense/UFF
Ao“sair da rua”,o grafite urbano deixa de existir e passa a ser simplesmente grafite ou outra manifestação artística cujas técnicas, materiais e/ou traço são oriundos dos guetos. O mesmo desenho ou escrito feito sobre cavalete também não é grafite. Falamos da importância do espaço;existe ainda como fatores determinantes para cada grafite urbano o suporte, os materiais usados para a produção, a ideologia, a técnica. Nosso objetivo nesse texto é expor a grande diversidade contida no interior deste fenômeno composto por uma multiplicidade de representações e tipologias. Assumiremos a atribuição do professor Paulo Knauss segundo o qual “o grafite enquanto técnica pode ser definido como uma inscrição livre sem tratamento de suporte.” A partir daí pichação, tag e grafite urbano são partes quese misturam. Por isso, trataremos de discutir e analisar também as pichações garatujas.Principalmenteatravés da obra A grande arte da pixação em São Paulo, Brasil descobrimos que paradoxalmente cada borrão é uma letra. Há um alfabeto estabelecido. As representações estão por todo lugar distribuídas não somente em muros, mas em fradinhos, caixas comutadoras, postes, bancas de jornal. Sobretudo, é um fenômeno totalmente globalizado. O trabalho inserido no campo da História Cultural estudará a atualidade, o tempo presentedessa intervenção urbana encontrada navegando por aí pelos diversos países, e, para isso,contará com análise de fonte bibliográfica, jornalística e entrevistas. Palavras-chaves: grafite urbano, diversidade, globalizado. IMPRENSA ALTERNATIVA E DITADURA MILITAR – O HUMOR SUBVERSIVO DE HENFIL NAS PÁGINAS DO PASQUIM Zamara Graziela Pinheiro de Oliveira Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
O presente trabalho possui como foco a relação entre a política e o humor representado através das charges presentes na Imprensa Alternativa durante o período em que foi instituído o regime militar, jornais como O Pasquim foram responsáveis por atuarem como uma contraposição à construção de um Estado militar soberano, tornando-se a voz de uma sociedade marcada pelo medo, as personagens criadas pelos traços de Henfil ilustravam os temores enfrentados pela população diante das mudanças do regime, dentre essas; a liberação dos partidos políticos, a diminuição da censura à imprensa e a possibilidade das por muito aguardadas, eleições presidenciais, junto a esperança trazida por essa “abertura” veio também a insegurança de um possível recrudescimento do regime militar. Dessa forma proponho uma inserção ao contexto político da sociedade, através de um desmembramento das charges que se valendo do humor atuou como um meio de expressão política entre a sociedade e o regime. Palavras-chave: Ditadura; Humor; Imprensa alternativa.
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LEITURAS DA CIDADE: EDUCAÇÃO PARA O PATRIMÔNIO URBANO Zita Rosane Possamai Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS
O conhecimento sobre as cidades brasileiras compõe o currículo do ensino fundamental, sendo, assim, uma das preocupações de educadores que necessitam recorrer a material didático e metodologias capazes de apreender o urbano. O estudo da cidade geralmente restringe-se exclusivamente ao espaço da sala de aula e os recursos pedagógicos utilizados limitam-se aos materiais didáticos bidimensionais. E, no entanto, a cidade está lá fora. Com suas ruas, praças, avenidas, monumentos, a cidade é um caleidoscópio de imagens, cores e sons; vivenciada pelos educadores e pelos educandos, mas alheia a sua própria investigação quando se deseja melhor conhecê-la. Leituras da cidade é um projeto que concilia pesquisa, ensino e extensão, visando a capacitação de educadores para a abordagem do urbano. Constitui-se na perspectiva da educação para o patrimônio, possibilitando o acesso a diversas leituras da cidade de Porto Alegre, em perspectiva multidisciplinar (arquitetura, arte, história, arqueologia, antropologia, educação, museologia), através de livro, portal na internet e formações presenciais. A proposta tem uma possibilitando diversas leituras da cidade, suas memórias, histórias e patrimônios. Na construção do portal Leituras da cidade privilegiou-se a imagem nas seções O que ver e O que vivenciar, oferecendo um leque de informações e fontes com vistas a apropriação dos educadores para posterior utilização em suas ações educativas. Palavras-chave: cidade, patrimônio, educação IMAGENS DA CONTRARREFORMA ESPANHOLA NO BRASIL: A VIDA DE SÃO JOÃO DA CRUZ NA IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO DE CACHOEIRA, BAHIA Roberta Barcelar Orazem • Universidade Federal do Sergipe/UFS Maria de Fátima Hanaque Campos • Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS No teto da nave central da igreja da Ordem Terceira do Carmo de Cachoeira (Estado da Bahia), há um conjunto de onze pinturas em caixotões produzidas no século XVIII. As imagens mostram cenas sobre a história da Ordem do Carmo, enfatizando a doutrina divulgada pelos princípios da contrarreforma e pela Reforma religiosa dentro da Ordem do Carmo, ambas realizadas no século XVI. No conjunto pictórico, predominam as representações de dois santos carmelitas espanhóis, que são ícones da Idade Moderna, Santa Teresa D’Ávila (1515-1582) e São João da Cruz (1542-1591). Sendo assim, o presente estudo enfatiza a análise iconográfica-iconológica de quatro pinturas desse acervo colonial, as quais retratam cenas da vida de São João da Cruz. As temáticas privilegiam diferentes fases da vida do santo, além de representá-lo como místico e exorcista, e adorador do Cristo em martírio e próximo à Nossa Senhora. Essa representação da vida de São João da Cruz é rara em conjuntos pictóricos nas igrejas laicas carmelitas do Brasil, tendo em vista que há uma predominância de imagens de Nossa Senhora e Santa Teresa D’Ávila. As principais fontes de pesquisa para a análise são as séries de gravuras sobre a vida do Santo Carmelita, produzidas, em sua maioria, no século XVII na Europa, e suas biografias escritas após sua morte. Palavras-chave: pintura colonial; São João da Cruz, iconografia
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REPRESENTACOES DO DESENVOLVIMENTO NAS FOTORREPORTAGENS DA REVISTA O CRUZEIRO (1955-1957) Marlise Regina Meyrer FACCAT – Faculdades Integradas de Taquara
O trabalho focaliza as representações do desenvolvimento brasileiro que foram divulgadas na revista O Cruzeiro nos anos de 1955 a 1957. A construção e difusão do ideário desenvolvimentista, no seu aspecto cultural, será estudado através da análise das fotorreportagens, “carro-chefe” da revista. Nos anos cinqüenta, o desenvolvimento compunha o imaginário no qual o Brasil aparecia como país do futuro, moderno, progressista e pleno de possibilidades. Economistas, intelectuais, políticos passaram a discutir, planejar e implementar ações que levassem o país rapidamente ao futuro. Na sua versão mais conhecida, o “desenvolvimentismo”, tem sido estudado por historiadores e economistas, enfatizando, sobretudo, o viés especificamente econômico. Baseiam, principalmente, na documentação de Instituições criadas na época, como a CEPAL, O BNDE e o ISEB. As reportagens de O Cruzeiro, entretanto, nos fornecem outra perspectiva de análise, na medida em que sua leitura nos informa que a revista tratou de reforçar e construir a idéia de desenvolvimento não apenas econômico, mas múltiplo, mostrando as mudanças em curso em todos os setores da sociedade brasileira. Nesse sentido, as fotorreportagens serão analisadas como representações destinadas a afirmar, de um lado, uma cultura nacional mais afinada com a modernidade pela qual passava o país, pautada pelas novas formas e expansão dos meios de comunicação e sociabilidade, decorrentes, sobretudo, do intenso processo de urbanização vivenciado na época. De outro, modelos de comportamentos e condutas mais adequados àqueles entendidos como próprios do mundo civilizado. Palavras-Chave: Imprensa – Representação – Fotorreportagem .
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Índice de autores A
Adriane Piovezan 7 Adriano Alves Fiore 7 Agenor Pereira da Costa 22 Aguinaldo Moreira de Souza 75 Alan Ricardo Witikoski 8 Alberto Carlos Augusto Klein 9 Alberto Gawryszewski 9 Alejandra Aguilar Pinto 10 Alessandra de Morais-Shimizu 59 Alexander Cano Vargas 11 Alexandra Pingret 11 Alexandre Augusto Fernandes da Silva 12 Alex Juarez Müller 10 Aline Campos Paiva Moço 13 Aline Carmes Krüger 14 Aline Ferreira 119 Aline O. Temerloglou Monteiro 14 Aline Rafaela Portílio Lemes 15 Aline Vanessa Locastre 15 Amanda Cifuente 16 Amanda Maracajá Vaz de Lima Queiroz 16 Ana Carolina Felipe Contato 17 Ana Cristina de Albuquerque 18 Ana Flávia Dias Zammataro 18 Ana Heloisa Molina 19 Ana Heloísa Molina 30 Ana Maria Dierich 26 Ana Maria Koch 19 Ana Paula de Andrade 20 Ana Paula de Oliveira Lopes 20 Ana Paula Spini 21 Ana Raquel Abelha Cavenaghi 21 Ana Valéria de Figueiredo-da-Costa 22 Anderson T. Ferreira 23 André Camargo Lopes 23 André Gustavo Ubinski 24 Andreína de Melo Louveira 126 André Luís Sanchez Cezaretto 25 André Luiz Leme 25 André Luiz Reis Mattos 26 André Malverdes 26 Andresa Silva da Costa Mutz 27 Andressa Deflon Rickli 27 Andreza Santos Cruz Maynard 28 Angelita Marques Visalli 90 Antonio Argolo Silva Neto 28 Antonio Battisti Bianchet Junior 29 Aristeu Elisandro Machado Lopes 29 Arnaldo Martin Szlachta Junior 30
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Áurea da Paz Pinheiro 31 Ayoub Hanna Ayoub 31
B
Beatriz Sampaio Pinto 32 Bruna Carolini Barbosa 32 Bruna C. Tessmer 36 Bruna Dolores Witte 33 Bruna Mayara Komarchesqui 33
C
Camila Venceslau Meira 9 Carla Fernanda da Silva 34 Carlos Adriano Ferreira de Lima 35 Carlos Blaya Perez 48 Carlos de Azambuja Rodrigues 35 Carlos Eduardo Laburú 144, 145 Carlos Henrique Ferreira Leite 36 Carmen B. L. Ücker 36 Carolina A. Silveira 37 Carolina Corção 37 Carolina Martins Etcheverry 38 Carolina Votto Silva 38 Carolina Zoccolaro Costa Mancuzo 39 Caroline Lima Santos 39 Caroline Poletto 40 Cássia Maria Popolin 41 Cássia Moura 31 Celoí Pereira 41 Ceres Vittori Silva 42 César Augusto Martins de Souza 42 Chanaísa Melo 43 Charles Monteiro 44 Cintia de Vito Zollner 57 Cláudia Eliane P. Marques Martinez 44 Cláudia Mariza Mattos Brandão 174 Claudia Zimmer de Cerqueira Cezar 45 Claudio Luiz Garcia 45 Claudio Xavier 46 Claudio Zannoni 46 Clenya Ferreira Gonçalves 46 Clério Augusto Back 47 Cleyce Raquel da Silva Cabral 164 Clodoaldo Oliveira Silva 47 Cristiano Gehrke 48 Cristina Strohschoen 48 Cyntia Simioni França 77
D
Daiane Rossi Silveira 162
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Daiane Vaiz Machado 49 Daiya Olavo Nakano 49 Daniela Görgen dos Reis 52 Daniela Kern 52 Daniela Magalhães da Silveira 53 Daniela Novelli 54 Daniela Schmitt 54 Daniel de Oliveira Figueiredo 164 Daniel Ivori de Matos 50 Daniel Luciano Gevehr 51 Débora de Sá Ribeiro Aymoré 55 Déborah Rodrigues Borges 56 Débora Klempous Corrêa 55 Denise Rocha 56, 57 Dennison de Oliveira 57 Desire Luciane Dominschek 58 Diego da Luz Nascimento 59 Dilian Martin Sandro de Oliveira 59 Dilton Cândido Santos Maynard 60 Dirceu Marroquim 61 Douglas Menegazzi 61 Dulce Helena Mazer 62
E
Edinamária Mendonça 78 Edina Regina Pugas Panichi 62 Edinéia Aparecida Chaves de Oliveira 63 Edlene Oliveira Silva 64 Edméia Ribeiro 64 Edson Dias Ferreira 28 Edson José Holtz Leme 65 Edson José Perosa Junior 65, 66 Edson Moreira Guimarães Neto 66 Edvaldo Correa Sotana 67 Elaine Cristina Senko 67 Elaine Smaniotto 10 Eliane de Oliveira 68 Elisa Barbosa Leite da Freiria Estevão 145 Elisabete Leal 69 Elizabeth Ghedin Kammers 68 Elke Pereira Coelho Santana 69 Eloiza Amália Bergo Sestito 70 Emerson Dias dos Santos 97 Emerson Dionisio Gomes de Oliveira 70 Emerson dos Santos Dias 71 Emília Teles da Silva 71 Eric Allen Bueno 72 Euller Gontijo de Oliveira 73 Eva Cristina Das Chagas 73 Éverly Pegoraro 74 Everton Lessa da Silva 74
F
Fabiana A. Alves 75
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Fabio de A. Pimenta 75 Fabio Henrique Ciquini 76 Fábio Luiz da Silva 77 Fernanda Grosse Bressan 77 Fernanda Rodrigues de Souza 31 Fernando Augusto Souza Pinho 78 Flavia Galli Tatsch 78 Flávia Rayane Ruthes Barbosa 79 Flavia Renata Quintanilha 79 Flavio Mota de Lacerda Pessoa 80 Francielle Sandoval 80 Francisca Ferreira Michelon 43, 81 Frederico Osanan Amorim Lima 81
G
Gabriela Cristina Maceda Rubert 82 Gabriela da Silva Pereira 82 Gabriela Mesquita Garcia 83 Gabrielle Carolina Silva 94 Gleiton Luiz de Lima 83 Gustavo dos Santos Prado 84 Gustavo Jose Salazar Garcia 84 Gustavo Scolfaro Caetano da Silva 32
H
Héder Junior dos Santos 85 Helene Gomes Sacco Carbone 86 Henry Marcelo Martins da Silva 87
I
Iandra Pavanati 87 Isaac Antonio Camargo 88 Isabel Aparecida Bilhão 88 Isabel Cristina Vieira Coimbra Diniz 89 Isabelle Catucci da Silva 89 Ivan Lima Gomes 90
J
Jacqueline Rodrigues Antonio 90 Jael dos Santos 91 Jaisson Teixeira Lino 91 Janaina de Jesus Santos 92 Jardel Dias Cavalcanti 93 Jefferson Lima 93 João Batista Ernesto de Moraes 18 João Gabriel do Nascimento 94 João Rodolfo Munhoz Ohara 94 Johnni Langer 95 Jonathan de Oliveira Molar 95 José Fernando Amaral Stratico 148, 161 José Fernando A. Stratico 96 José Gustavo Bononi 96 José Luiz de Souza 97 José Pacheco dos Santos Júnior 97
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Resumos III Encontro Nacional de Estudos da Imagem
José Vinicius Gouveia Torrentes 98 Josineide Alves da Silva 98 Jozimar Paes de Almeida 99 Júlia Mariano Ferreira 99 Juliana Dela Torres 100 Juliana de Oliveira Teixeira 100 Juliana dos Santos Barbosa 101 Juliana Mastelini Moyses 101 Juliana Muylaert Mager 101 Juliana Oshima Franco 102 Juliana Porto Chacon Humphreys 102 Juliana Salles de Siqueira 103
K
Kamilla Dantas Matias 97, 104 Kellen Cristina Silva 104 Kelly Raquel Schmidt 43
L
Laís Boveto 105 Lara Lopes 105 Larissa Ayumi Sato 106 Larissa Chagas Daniel 107 Laura Leonor Fuerte 127 Lauriano Atílio Benazzi 107 Leandro César de Paula Neves 108 Leonardo Augusto Alves Inacio 108 Leonardo Machado Palhares 109 Leonardo Schultz 83 Leonardo Soares dos Santos 110 Levy Henrique Bittencourt Neto 110 Lígia Beatriz Carreri Mauá 111 Ligia Maria Bremer 111 Lillian Andreza dos Santos Souza 112 Livia Dias de Azevedo 112 Lourival Andrade Júnior 113 Luana Hordones Chaves 85 Lucas de Toledo Martins 114 Lucas Vinícius Lemos Alexandre 115 Lúcia Glicério Mendonça 115 Lúcia Helena Barbosa Guerra 115 Luciana de Fátima Marinho Evangelista 116 Luciana Maria Ricci do Valle Mesquita 116 Luciana Vicente da Silva 132 Luciano Matricardi de Freitas Pinto 117 Lysie dos Reis Oliveira 16, 112, 134
M
Maicon Mariano 118 Maisa França Teixeira 118 Marcelo Abreu 119 Marcelo Bourscheid 119 Marcelo Garcia Bonfim 120 Marcelo Henrique da Costa 120
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Marcelo Juchem 121 Marcelo Nogueira de Siqueira 122 Marcia Boroski 9 Márcia Cristina Amaral da Silva 123 Marcos González Pérez 123 Maria Aparecida Milagres Machado 124 Maria Carolina Granato da Silva 124 Maria da Conceição Francisca Pires 125 Maria de Fátima Hanaque Campos 125, 186 Maria de Lourdes Zizi Trevisan Perez 98 Maria Eduarda Ferro 126 María Gabriela Hernández Celiz 127 Maria Geralda de Almeida 118 Maria Helena de Andrade Azevedo 127 Maria Irene Pellegrino de Oliveira Souza 157 Maria Luisa Hoffmann 128 Mariana Capeletti Calaça 130 Mariana de Mello Arrigoni 130 Mariana Ferreira Lopes 130 Mariane Cecilia da Silva 131 Maria Paula Costa 129 Marilda Lopes Pinheiro Queluz 37, 132 Marina da Costa Campos 132 Marina Fazani Manduchi 133 Marisa Farias dos Santos Lima 133 Maristela dos Santos Pinho 134 Marlene Adélia Marchi 135 Marlise Regina Meyrer 51, 187 Martha Werneck de Vasconcellos 135 Maurício F. De Araújo Filho 136 Maytê Regina Vieira 136 Meire Aparecida Lóde Nunes 137 Meire Helen Godoi de Moraes 138 Miguel Luiz Contani 7, 76 Milton Genésio de Brito 138 Miriam Paula Manini 139 Mônica Cristina Moreira Bernardes 139 Mônica Maciel Vahl 140
N
Nadia Virginia Barbosa Carneiro 134 Neemias Oliveira da Silva 140 Neiva Pavezi 141 Nisley Ciacareli 142
O
Olívia Pereira Tavares 143
P
Pamela Wanessa Godoi 143 Patricia Camera 144 Patrícia de Oliveira Rosa-Silva 144, 145 Paula Roberta Miranda 123 Pauline Bitzer Rodrigues 145
Resumos III Encontro Nacional de Estudos da Imagem
Paulo César Boni 99, 128, 154 Paulo Estevão Mortati Fuzinelli 146 Paulo Monteiro Nunes 147 Paulo Roberto de Azevedo Maia 147 Paulo Theodorico Cucaroli Barducci 148 Pedro Carlos de Aquino Ochoa 151 Pedro Ceccim Morales 148 Priscilla Perrud Silva 149
R
Rafael Egidio Leal e Silva 149 Rafael Marques Gonçalves 150 Raone Ferreira de Souza 150 Regina Célia Daefiol 151 Regina Krauss 152 Regina Lúcia Mesti 70, 135, 151 Reinaldo César Zanardi 152 Reinaldo Nishikawa 153 Rejane Barreto Jardim 153 Renan Belmonte Mazzola 154 Renata Cardozo Padilha 81 Renata de Paula dos Santos 154 Renato Fonseca Ferreira 155 Richard Gonçalves André 156 Richard Perassi Luiz de Sousa 87 Rita de Cássia Mendes Pereira 156 Rivail Carvalho Rolim 157 Roberta Barcelar Orazem 125, 186 Roberta Puccetti 157 Rochelle Cristina dos Santos 158 Rodrigo Gomes de Araujo 158 Rodrigo Leandro Lemes Gonçalves 33 Rogério Bianchi de Araújo 159 Rogerio Rosa Rodrigues 160 Ronaldo Alexandre de Oliveira 160, 161 Rosangela de Oliveira Dias 161 Roselâine Casanova Corrêa 162 Rozana Teixeira 162, 163 Rozinaldo Antonio Miani 152, 164 Rychelly Lopes dos Santos 164
S
Samuel Douglas Farias Costa 15 Sandra Parra Furlanete 165 Sandra Regina Franchi Rubim 165 Saulo Dallago 166 Sidiney de Araujo Oliveira 167 Silvana Boone 167 Silvia Cristina Martins de Souza 168 Silvia Danielle Schneider 168 Silvia Sasaki 169 Simone Nunes dos Santos 157 Sionelly Leite 169
03 a 06 de maio de 2011 • Londrina-PR
Sissi Valente Pereira 170 Soleni Biscouto Fressato 170 Susana Aparecida da Silva 171 Sylvia Ewel Lenz 171
T
Taíse F. C. Nishikawa 77 Talita Vidigal Terciotti 172 Tamiris Cequinel Belli 132 Tanise Pozzobon 172 Tássia Caroline Zanini 173 Tatiana Brandão de Araujo 174 Terezinha Oliveira 137, 175 Thais Julianne de Castro e Silva 175 Thais Priscilla P. Jerônimo Duarte 175 Thamine de Almeida Ayoub Ayoub 111 Thiago Fernando Sant’Anna e Silva 176 Thiago Tomoaky dos Santos Sato 176 Tiago Weizenmann 177
U
Uliana Kuczynski 177
V
Valquíria Lima da Silva 178 Valter Gomes Santos de Oliveira 178 Vanessa da Silva 82 Vanessa Israel de Souza 146 Vanessa Regina Freitas da Silva 179 Vânia da Silva 179 Vanilde Rohling Ghizoni 14 Vera Pugliese 180 Victor Hugo Neves de Oliveira 180 Vinicios Kabral Ribeiro 181 Vinicius Borges Figueiredo 181 Vinícius Silveira Kusma 182 Viviane da Silva Araujo 183 Vivian Wolf Krauss 182
W
Wagner Cabral da Costa 183 Walfrido Cabral Claudino 184 Wellington Amarante Oliveira 184 William da Silva-e-Silva 185
Z
Zamara Graziela Pinheiro de Oliveira 185 Zita Rosane Possamai 186 Zueleide Casagrande de Paula 116
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