Colecione agosto

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sobre a artista

sobre a obra

Lenora de Barros (São Paulo, 1953)

A série de trabalhos Procuro-me, de Lenora de Barros, vem sendo apresentada pela artista nas mais diversas superfícies e suportes, desde sua criação em 2002. Denominada como “pôster-poema”, Procuro-me, obra em acervo analisada para a atual edição de Coleção em Cartaz – sob a guarda da Coleção de Arte da Cidade –, exibe em sua constituição artística um sentido de busca individual pela identidade, com um caráter afirmativo da condição feminina na sociedade contemporânea. Uma ode à saudável perda da autocrítica, em detrimento da transformação daquilo que se é; naquilo que se gostaria de ser. Baseada em cartazes de rua com retratos de pessoas desaparecidas, Procuro-me aborda as possibilidades múltiplas e extradisciplinares do existir, individual e coletivamente. Em sua trajetória de exibições, Procuro-me enfrentou momentos fortes como, por exemplo, quando, em 2002, no Centro Cultural Maria Antônia, recém-inaugurado do lado externo frontal da instituição como um painel de lambe-lambes, acabou sofrendo pichação, tendo sua montagem parcialmente arrancada à força das paredes por um pequeno grupo não identificado.

Prefeitura de São Paulo Fernando Haddad Secretaria de Cultura Juca Ferreira Centro Cultural São Paulo | Direção Geral Ricardo Resende Divisão Administrativa Gilberto Labor e equipe Divisão de Curadoria e Programação Giuliano Tierno de Siqueira e equipe Divisão de Acervo, Documentação e Conservação Heloisa M. P. de Abreu Meirelles e equipe Divisão de Bibliotecas Waltemir Jango Belli Nalles e equipe Divisão de Produção e Apoio a Eventos Luciana Mantovani e equipe Divisão de Informação e Comunicação Gustavo Wanderley e equipe Divisão de Ação Cultural e Educativa Giuliano Tierno de Siqueira e equipe Coordenação Técnica de Projetos Priscilla Maranhão e equipe

Coleção em cartaz: artistas em circulação é um projeto criado em parceria entre as divisões de Informação e Comunicação e de Acervo, Documentação e Conservação e a Curadoria de Artes Visuais do CCSP Adriane Bertini, Camila Bortolo Romano, Camile Rodrigues Aragão Costa, Eduardo Navarro Niero Filho, Emi Sakai, Gustavo Wanderley, Heloisa M. P. de Abreu Meirelles, Márcio Harum, Maria Adelaide Pontes e Solange de Azevedo Revisão Paulo Vinício de Brito Projeto Gráfico Solange de Azevedo Impressão Gráfica do CCSP

A artista vem reprocessando, nos últimos anos, a série e ampliando os modos de exibir do mencionado trabalho – que faz refletir sobre os conflitos de subjetivação e narcisismo midiático virtual (das redes sociais hoje em dia, por exemplo), sem uma aparente dialética com o entorno da vida real – acontecimentos estes absolutamente voltados à natureza privada, de dimensão efêmera, mas postos publicamente sem cuidado ou preocupação alguma. Inspirada pelo experimentalismo da escrita e da forma das palavras, Lenora de Barros trabalha intensamente tais sonoridades, construindo uma ponte plástica entre literatura/ poesia em relacão ao corpo performativo sonoro-imagético. Outro momento alto do trabalho Procuro-me foi recentemente, quando, montado como instalação interativa em meio ao fluxo de visitantes do Pavilhão da Bienal na SP-Arte em 2013 (Feira Internacional de Arte de São Paulo), convidava o público a usar os banheiros do piso térreo, refletindo sua autoimagem nos espelhos e sugerindo fotografarem-se emoldurados com adesivos de Procuro-me – ativando, assim, a obra. A alteração e a manipulação da imagem múltipla presente nesse trabalho foi realizada a partir de um simples programa computacional de salões de beleza be m equipados dos anos 1990, um dispositivo de baixa tecnologia que transformava stills fotográficos em linhas de vídeo.

legenda Procuro-me, 2006 fotografia sobre papel algodão 86X72,2cm

artistas em ação

COleção de arte da cidade A aquisição de obras de arte pela municipalidade teve seu início durante a gestão do prefeito Antonio da Silva Prado (1899-1910), quando foram obtidas com o propósito de decorar gabinetes de administradores, dentro da temática paulista e de motivos históricos. Na década de 1920, marcada pela ruptura nos padrões estéticos vingentes na época, doações e aquisições de obras foram realizadas, incluindo as premiadas nos Salões Paulistas de Belas Artes, cuja primeira mostra foi em 1934, formando um eclético acervo de arte. Com a criação do Departamento de Cultura, em 1935, projeto de Mário de Andrade, Paulo Duarte e Paulo Barbosa de Campos, a Divisão de Bibliotecas, por meio da Seção de Estampas e Mapas, passou também a adquirir obras de arte, iniciando com a compra da biblioteca brasiliana de Félix Pacheco com importantes gravuras. Várias propostas foram pensadas pelos administradores municipais no sentido de se construir um local apropriado para a armazenagem e a apresentação dessa coleção, que se avolumava e foi se intensificando com a força de Sérgio Milliet na direção da Biblioteca até 1959. Em 1975, com a criação da Secretaria de Cultura, desvinculada da Educação, criou-se o Departamento de Informação e Documentação Artística (IDART), tendo Maria Eugênia Franco como diretora. Foi então que a coleção começou a fazer parte da Divisão de Artes Plásticas daquele organismo, chamada de Pinacoteca Municipal. Em 1982, o Centro Cultural São Paulo foi inaugurado e passou a abrigar a Pinacoteca Municipal, que, a partir de maio de 2008, recebeu o nome de Coleção de Arte da Cidade de São Paulo, adequando-se à variedade de suportes e técnicas da arte contemporânea. Hoje a Coleção de Arte é composta de 3144 obras com as mais diversas técnicas e artistas. Possui ainda uma importante Coleção de Arte Postal, que, no momento, encontra-se em processo de catalogação e tombamento. Com a instituição do Prêmio Aquisição do Programa de Exposições pelo Centro Cultural São Paulo, em 2004, a Coleção passou a ser atualizada, aliada ao incentivo à produção de jovens artistas. COLEÇÃO EM CARTAZ O projeto Coleção em cartaz é uma proposta curatorial cujo formato expositivo traz uma série de cartazes com reproduções de obras do acervo do CCSP para serem colecionados pelo público ao longo de 12 meses, de maio/2013 a abril/2014. O projeto visa a extroverter o acervo e discutir o espaço da arte, numa alusão ao museu imaginário de André Malraux.

Assessoria de Imprensa do Centro Cultural São Paulo Juliana Lazarim, Nelson de Souza Lima, Zaira Hayek e Alvaro Olyntho (estagiário) (imprensaccsp@prefeitura.sp.gov.br)

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agosto/2013

colecione

Esta primeira edição do projeto Coleção em cartaz: artistas em circulação privilegia a Coleção de Arte da Cidade, destacando obras de artistas que trabalharam no CCSP e no IDART. Esta será a sequência das reproduções de obras dos artistas: Sérgio Milliet, Fernando Lemos, Julio Plaza, Lenora de Barros, Gabriel Borba, Fabio Miguez, Paulo Monteiro, Célia Euvaldo, Mario Ramiro, Carla Zaccagnini, Débora Bolsoni e Decio Pignatari.

lenora de barros

Formada em Linguística na Universidade de São Paulo. Poeta e artista visual, seu trabalho se desenvolve a partir de diversas linguagens, como o vídeo, a performance poética, a fotografia e a instalação. Sua obra faz parte de coleções públicas e particulares no Brasil e no exterior: Museu d’Art Contemporani de Barcelona; DarosLatinamerica, Zurique; Rio de Janeiro/ RJ, Brasil; e Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Participou como artistacuradora da Radiovisual, na 7ª Bienal do Mercosul – Grito e Escuta, Porto Alegre/ RS, em 2009. Participou em 2011, da 11ª Bienal de Lyon – Une terrible beauté est née. Entre as recentes mostras e atividades, destacam-se Revídeo (Oi Futuro, Flamengo, Rio de Janeiro, set/out 2010) e Meridianos (programa de diálogos sobre arte organizado pela Casa Daros em parceria com Oi Futuro, MAM/RJ e CCBB/ RJ); o último resultou na elaboração de um filme-performance de autoria de Lenora de Barros e Teresa Serrano. Recentemente, lançou duas publicações: Relivro (realizado a partir da exposição Revídeo), que reúne parte de sua obra entre 1975 e 2010, com textos de Augusto de Campos, Tadeu Chiarelli e Alberto Saraiva; e Coisa em si, entrevista cedida a Eduardo de Souza Xavier e publicada em livro pela Editora Zouk, Porto Alegre, 2011.Participou como artista convidada da III Mostra do Programa de Exposições do CCSP em 2012.

coleção em cartaz

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