Folder 2º Congresso Afro-Brasileiro de 1937

Page 1

R. Vergueiro, 1000 / CEP 01504-000 Paraíso / São Paulo SP 11 3397 4002 ccsp@prefeitura.sp.gov.br WWW.CENTROCULTURAL.SP.GOV.BR Assessoria de Imprensa Neriê Bento imprensacentrocultural@gmail.com Núcleo de Gestão Francis Vieira Soares Núcleo de Projetos Kelly Santiago e Walter Siqueira Articulação Cultural Jaergenton Corrêa Supervisão de Ação Cultural Adriane Bertini Supervisão de Acervo Eduardo Navarro Supervisão de Bibliotecas Juliana Lazarim Supervisão de Informação Fábio Polido Supervisão de Produção Luciana Mantovani Curadorias Supervisor Rodolfo Beltrão Artes Visuais Maria Adelaide Pontes Cinema Célio Franceschet e Carlos Gabriel Pergoraro Dança Sônia Sobral Literatura Hélio Menezes Moda Karlla Girotto Música Alexandre Matias Performance Maurício Ianês Teatro Adulto Kil Abreu Teatro Infantojuvenil Lizette Negreiros Centro Cultural São Paulo Diretora Geral Erika Palomino Diretor Adjunto Jurandy Valença Secretária Veruska Matos Prefeito de São Paulo Bruno Covas Secretário de Cultura Alexandre Youssef

Agradecimentos: Flávia Camargo Toni (IEB-USP), Alberto Ikeda (UNESP), Angela Lühning (UFBA), Vera Lúcia Cardim Cerqueira, Aloysio Lazzarini, Carlos Gabriel V. de Oliveira, Klaus Wernet, Elisabete Ribas (IEB-USP), Vagner Gonçalves da Silva (FFLCH-USP), Antonio Paulino de Andrade (Pai Toninho de Oxum), Luis Soares de Camargo (Arquivo Histórico Municipal), Tomico Hashimoto (Arquivo Histórico Municipal), Fábio Cintra de Oliveira (Arquivo Histórico Municipal) Supervisão de Informação CCSP Fabio Polido Edição Emi Sakai e Danilo Satou Revisão Paulo Vinicio de Brito Projeto gráfico Solange de Azevedo Acervo Histórico da Discoteca Oneyda Alavarega Supervisão de Acervo CCSP Eduardo Navarro Coordenação Rafael Sousa Documentalista Marina Siqueira Pozzoli Conservadora Andreia Aparecida da Silva Acondicionamento Priscilla Gomes Digitalização de imagens e partituras Edney Almeida de Brito Digitalização de discos 78 rpm Ivamilto Couto Farias e Jackson Costa de Oliveira Assistentes de Pesquisa Marina de Siqueira Pozzoli, Juliana Alvarenga Prado e Ranon Sobral Targa Estagiário Ramon Targa Curadoria de Artes Visuais CCSP Curadora Maria Adelaide Pontes Arquiteto de Exposições Jeff Keese Produtora de Exposições Diana Tsonis Estagiário Weslei Chagas Operação de Exposições Equipe de Manutenção CCSP Montagem Fina Arquiprom Exposição 2° Congresso Afro-brasileiro de 1937 O encontro entre Edison Carneiro e Camargo Guarnieri Curadoria Rafael Sousa

2° Curadoria Rafael Sousa

25 jul a 29 de set 2019 Centro Cultural São Paulo Piso Flavio de Carvalho

O ENCONTRO ENTRE EDISON CARNEIRO E CAMARGO GUARNIERI

CONGRESSO AFRO-BRASILEIRO DE 1937

criminalizou práticas culturais negras, tais como a capoeira; desbaratou e destruiu inúmeros terreiros de Candomblé, apesar da pretensa liberdade religiosa prevista na Constituição de 1891. Subjacente à fama de Pedro Gordilho, delegado que fez carreira perseguindo capoeiras e terreiros, registrado nas partituras colhidas por Camargo Guarnieri em 1937, havia um objetivo claro: a política racista de branqueamento que não poderia prescindir tanto da violência física quanto da cultural justificadas cientificamente pela antropologia criminal de Cesare Lombroso.

ENTREVISTA DE CAMARGO GUARNIERI COM EDISON CARNEIRO Autoria desconhecida, Salvador/BA, 1937

[...] A’s 2 horas e meia foi que se espalhou por telegrama recebido a notícia e que estava para todo e sempre extincta a escravidão no Brazil. O enthusiasmo tocou então ao auge do delírio; e inúmeros foguetes subiram aos ares durante o espaço de uma hora. [...]1

Os anos 1930, por outra via, marcaram o início de um momento de distensão menos de práticas repressoras do que de valorização da cultura negra. O 2° Congresso Afro-brasileiro, organizado em 1937 em Salvador por Edison Carneiro e Aydano de Couto Ferraz, insere-se diretamente nessa perspectiva. Ao lado do processo de afirmação da cultura afro-brasileira, verificado no Congresso em si e na organização da União das Seitas Afro-brasileiras, o principal legado político do evento de 1937, havia outro processo subjacente: o estudo da cultura e da música popular brasileiras com o fito de criar uma identidade nacional que superasse definitivamente a concepção eurocêntrica vigente nas instituições políticas, científicas e culturais do Brasil. O Departamento de Cultura da Cidade de São Paulo (1935-1975), que teve Mário de Andrade como primeiro diretor, foi seguramente o principal paradigma desse processo. Desse modo, esta exposição buscará reconstruir parte desse momento histórico, cujo legado material se encontra nos mais de 200 temas musicais e 40 artefatos materiais colhidos por Camargo Guarnieri, então regente do Coral Paulistano e representante oficial do Departamento de Cultura no 2° Congresso Afro-brasileiro, diretamente de capoeiras, mães e pais de santo da Bahia até então reprimidos ou tutelados pelas instituições policiais e psiquiátricas.

Congressistas do 2° Congresso Afro-brasileiro da Baía, no terreiro do Bate-Folha, Salvador, 1937 Foto: Camargo Guarnieri No primeiro plano estão os ogãns da casa. Ao centro está o pai de santo Manuel Bernardino da Paixão. À esquerda estão Edison Carneiro e o professor Martiniano Bonfim. Sentada entre os dois está a esposa do citado Martiniano Bonfim.

No dia 13 de maio de 1888 as ruas de todas as vilas e cidades do Brasil foram tomadas por um enorme entusiasmo e alegria. O êxtase era total. Afinal, o Brasil, o maior destino de mulheres e homens negros cativos, era o último país a abandonar a escravidão. Foram cerca de 5 milhões de almas e corpos transportados à força de inúmeras partes da África para trabalharem e morrerem nas lavouras e minas do Brasil. Por algumas horas todos os males sociais pareciam estar resolvidos e o povo rejubilava-se nas ruas. A Gazeta de Notícia do Rio de Janeiro trazia a informação de grandes festas na Bahia, Maranhão e Ceará. Segundo O Asteroide, periódico abolicionista, era absolutamente indescritível a alegria popular que reinou nas ruas das cidades do recôncavo baiano após a notícia vinda a vapor de Salvador.

1 As festas da abolição. In:. O Correio Paulistano – São Paulo, terça-feira, 15 de maio de 1888

Passados 10 anos, porém, a matéria de capa do jornal A Cidade do Salvador ressentia-se da falta de festejos que rememorasse aquela tarde de maio na qual nenhuma só nuvem encobriu o ensolarado céu. Não era por menos. A Primeira República (1889-1930) mostrava a mesma face violenta do tempo de cativeiro:


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.