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governo da Bahia apresenta
sumĂ rio
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Engajamento no presente, compromisso com o futuro
Por um cinema negro no feminino
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PROGRAMA ADÉLIA SAMPAIO
MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
14 JÚRI
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83 85 MOSTRA CONTEMPORÂNEA
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JÚRI JOVEM
Sessão gênero: a pele que vestimos
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CURTAS-METRAGENS
Sessão Espaços em Disputa
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MÉDIAS E LONGAS-METRAGENS
Sessão o fim e o (re)começo do mundo
47 MOSTRA COM MULHERES
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Sessão Bahia: ruínas em construção
PROGRAMA MULHERES DE PERTO
58 PROGRAMA VAGALUME
66 PROGRAMA ENCANTARIAS
76 PROGRAMA ESPELHO DE ANA
109 Vivência & Oficina & Encontro
114 Apresentações musicais
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Engajamento no presente, compromisso com o futuro Amaranta Cesar
Enquanto preparávamos esta sétima edição do CachoeiraDoc, testemunhamos o Brasil entrar em convulsão. Ao tempo que montávamos a programação que aqui apresentamos, o país adoecia a olhos vistos, ardendo em uma febre de retrocessos: desmonte de direitos básicos arduamente adquiridos, brutalidade narrativa, secreção de ódios, ostentação institucional de hipocrisias. Neste contexto de acirramentos e derrotas, em que uma maquinaria de violência simbólica e material parece estar em plena operação, não se podia evitar a pergunta: o que podem os filmes? Quando parece que temos pouco a dizer e fazer, que os modos de combate e reação soam ineficazes e envelhecidos, o que significa estarmos reunidas/reunidos em torno do cinema? Talvez esta seja uma forma de arrancar do real e do pensamento geral um imaginário de comunhão e resistência. Talvez estarmos juntas/juntos com o cinema e pelo cinema simplesmente signifique reafirmar que seguimos engajados no presente e comprometidos com o futuro: com as mulheres e suas forças de transformação; com os índios e suas energias de cura, as únicas capazes de sanar a sangria do agronegócio; com o povo negro e suas lições de insurgência e preservação espiritual; com as minorias sexuais e seus desejos de liberdade e amor.
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Ao recuperar da história um dos poucos registros cinematográficos dos horrores da exterminação dos judeus pelos nazistas, em Histoire du cinema, Godard afirmou: “Mesmo condenado à morte, um simples retângulo de trinta e cinco milímetros salva a honra de todo o real”. No seu confronto com a morte e o aniquilamento, o cinema aparece nesta famosa formulação como espaço de redenção e ressurreição, que não devem ser entendidas por uma chave religiosa, mas através de um paradigma político: a salvação como ato de resistência. Perguntar o que pode o cinema, hoje, no Brasil, é insistir e retomar a articulação entre cinema e resistência, mas não no seu confronto com a morte e seus resíduos, e sim com a vida e suas urgências. Tudo que se verá nesta sétima edição do CachoeiraDoc será, pois, a afirmação estética e política de nossa existência, e, portanto, será luta, nas suas mais diversas formas sensíveis. Os filmes que nos atravessarão nestes dias estão aqui reunidos não apenas como obras mas também, e talvez sobretudo, como atos, ações, iniciativas ancoradas em um tempo presente. E nos irmanar em torno deles, acreditamos, é fazer vibrar um compromisso com o futuro. Avante! E Fora Temer. 9
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Para atravessar o abismo
Amaranta Cesar, Ana Rosa Marques, Evandro de Freitas, Flora Braga, Laís Lima e Ulisses Arthur
A coleção de documentários brasileiros contemporâneos que aqui se apresenta foi urdida pela urgência - dos filmes e do Brasil. Nos guiou o entendimento de que a política no documentário é tanto sensibilidade quanto ação, e apostamos no questionamento da usual cisão ou hierarquia entre invenção formal e militância. Buscamos superar a distinção entre o estético e o político, uma distinção que, segundo a pesquisadora Nicole Brenez, não tem outro significado que não seja “ideológico e falsificador”, uma vez que “a crítica à ordem mundial implica na crítica à ordem discursiva”. Frente à hostilidade que atinge sujeitos e comunidades diversas, as práticas documentais passam a atuar ativamente nas lutas, transcendendo a função de registro ou documentação, em uma aproximação entre as práticas política e cinematográfica. Diante de tantos precipícios que se abrem ao nosso perplexo olhar, o CachoeiraDoc entrincheira-se juntos aos corpos que, com o cinema, insurgem-se contra a ordem dominante, seja ela discursiva, sensível ou narrativa, política, social ou econômica. Enquanto o mundo do espetáculo mostra violência e morte e regozija-se com a audiência, ela própria contrafeita converte-se em produtora e se apropria de suas histórias e imagens, na defesa da vida e de seu espaço. Filmes como Onze, Sepulcro do Gato Preto, Quem Matou Eloá, Voz das Mulheres Indígenas questionam, reescrevem, denunciam as narrativas dominantes. 11
Vozerio e Índios no poder, por sua vez, explicitam o cinema documental como força performativa nas ocupações das ruas e nas disputas pelos espaços de poder. O primeiro é a realização de um manifesto coletivo e colaborativo, que conta com imagens de origens diversas e a ação dos artistas-ativistas que se insurgem contra o capital, a opressão do Estado e a violência policial. No segundo, o povo indígena luta por seu lugar no Congresso Nacional. Filmes e lutas se tonificam com novas formas de ação política. Rastros dessas lutas compõem a matéria dos filmes Taego Awa e Grin. Para o trabalho de pesquisa e escuta que neles se opera, o encontro no presente, diante da câmera, e no passado, com as imagens de arquivo, inventam os filmes e reatualizam a possibilidade de novos encontros. Taego Awa e Grin, por meio das formas, propõem a confluência dos que sobreviveram com os que se foram, sendo a terra o lugar de origem e o cinema, a trilha caminhada. Por outras vias, seus eventos poderiam ser destituídos de toda potência de luta. Quais as relações existentes entre uma Jararacuçu, uma menina e a Lua? Em seu imperativo, Há terra! nos apresenta que a violência da mordida da cobra pode ser um acontecimento que se desdobra em comunhão. Se a caça é estratégia e liturgia, o cinema opera por embates, fugas e conquistas, em busca da nossa própria história. Este gesto compõe Tança, memória em exercício que evoca para o filme, pessoas e lugar filmado a experiência de existência enquanto 12
quilombola, e em Tekowe Nhepyrun- A Origem da Alma, onde tais movimentos de religação espiritual com a Terra são apresentados por fragmentos preciosos da cosmologia Guarani, através dos rituais de cura. O cinema debruça-se sobre a fisicalidade do mundo e suas transformações, no desvendamento dos impactos do processo de transposição do rio São Francisco para a população sertaneja em Dia de pagamento, na antítese entre a memória afetiva da praia de Iracema e a voracidade capitalista das grandes empreiteiras em Fort Acquario, no rumo da rota dos ventos em Aracati, entre as histórias e lembranças de quem presenciou as mudanças da paisagem. Filmes que integram uma cartografia que se contrapõe à homogeneidade e indiferença dos mapas virtuais questionados em Nunca é noite no mapa. A cidade se infertiliza e entristece sob as novas políticas e práticas de urbanização. Em Entretempo, a história de um lugar e de um povo, evocados pela canção, são soterrados por uma arquitetura segregacionista, asséptica, que isola cada vez mais seus habitantes, e cujos contornos são traduzidos pela repetição e artificialidade das imagens de arquivo utilizadas. Gestos de montagem que ganham outro significado em Sem Título #2: La Mer Larme. Aqui, as imagens centenárias do mar vagueiam e nos levam a lugares e sentimentos que nenhuma das línguas cantadas poderia explicar. Em Filme de aborto, experimenta-se de modo radical ativar e provocar os lugares de fala dos homens e das mulheres, através de um 13
invento-manifesto-pirata que mistura Brecht e Capão Redondo, luta de classes e de gêneros, depoimentos, encenação e arquivos do YouTube. Pode o documentário ser, ele mesmo, um laboratório da memória? De que maneira os procedimentos cinematográficos investigam, resgatam e reelaboram experiências do passado à luz do presente? São algumas das perguntas postas em questão por Orestes, A Noite Escura da Alma e Procura-se Irenice. Os filmes indagam o passado vivido na ditadura militar e que persiste no presente na forma de traumas, impunidade e silêncio. O longa paulista reflete sobre a Justiça e aproxima a violência praticada nos dias atuais aos crimes de Estado não punidos até hoje, através de uma multiplicidade dissonante de pontos de vista e diferentes procedimentos de mise-en-scène, como depoimentos, encenação e psicodrama. Já o longa baiano, ao articular testemunhos e performances, promove, a um só tempo, uma escuta e uma interpretação da memória dos militantes torturados na Bahia, estado onde a ditadura permaneceu e se projetou na cultura. O personagem que dá nome ao título do curta paulista foi uma voz que se insubordinou e desafiou o preconceito (racial e de gênero) e o controle dos corpos e comportamentos impostos pela ditadura militar. Por não aceitar ser subjugada, Irenice foi boicotada na sua profissão, o atletismo, e apagada da história. No filme, seus vestígios são investigados para que se reconheça e se afirme a importância que lhe é de direito. 14
Conhecer e reconhecer a existência e singularidade de quem teceu e tece nossa história ao mesmo tempo em que se insurge contra seu próprio apagamento é o desafio de um conjunto dos curtas reunidos. Em Antonieta, acompanhamos a saga de uma mulher negra em defesa da educação. Conectando as memórias da vivência com os índios xavantes e o candomblé, a história de Abigail emerge das imagens de arquivo e da mise-en-scène partilhada. Em O Retrato de Carmem D., as nuances da psique humana desdobram-se nas relações familiares e no cotidiano de uma mãe com sua filha, que fazem da câmera testemunha e analista. Seu Osvaldo, o primeiro dj do Brasil, era negro e organizava bailes como alternativa para a segregação social e racial. Sua Orquestra invisível Let’s Dance era mais que uma festa, lugar de afirmação, pelos corpos, de uma comunidade que o documentário trabalha para reinscrever na história. O mundo não quer que voemos, nos quer com os pés no chão, amarrados a instâncias que reproduzem valores antiquados, estudando e trabalhando sem perguntar para quê ou para onde. Vítor com sua capa e Jonas em cima do trapézio mostram que não é cedo nem tarde demais para sonhar e lutar por isso. Em O voo e Jonas e o circo sem Lona, acompanhamos o tecer dessas fantasias, e por que não, realidades, onde a câmera que observa é a mesma que fica de lado, deixando as mãos livres para amparar as quedas e dizer que a história não acaba aí; é sempre tempo de voar, para atravessar abismos. 15
JúRI Janaína de Oliveira Pesquisadora, doutora em História pela PUC-Rio e professora no Instituto Federal do Rio de Janeiro – Campus São Gonçalo, onde coordena o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígena (NEABI). Realiza pesquisas centradas na reflexão sobre Cinema Negro, no Brasil e na diáspora, e sobre as cinematografias africanas. Desde 2011, participa ativamente do FESPACO - Festival Panafricano de Cinema e Televisão de Ouagadougou e da JCFA - Journée Cinématographique de la Femme Africaine d’Image, ambos em Burkina Faso. Fez curadoria de filmes para o Plateau – Festival Internacional de Praia, Cabo Verde. Atualmente, coordena também o FICINE - Fórum Itinerante de Cinema Negro.
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Marina Mapurunga
Marisa Merlo
Sound Designer, técnica de som direto e pesquisadora que atua no campo do audiovisual, da arte sonora e da música. Professora de som dos cursos de Cinema e Audiovisual e Artes Visuais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Coordenadora do Laboratório de Pesquisa, Prática e Experimentação Sonora - SONatório, projeto de extensão da UFRB, e da OLapSo (Orquestra de Laptops SONatório). Mestra em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), na linha de Estudos de Cinema e Audiovisual.
Graduada em cinema pela Faculdade de Artes do Paraná, Marisa Merlo é sócia, desde 2008, da empresa Grafo Audiovisual, onde atua como produtora executiva dos filmes da casa, dentre eles os longas-metragens Para minha amada morta (2015) e A gente (2013), e os curtas-metragens Pátio (2013) e A fábrica (2011). É também idealizadora do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, onde atua como diretora, programadora e produtora desde 2012.
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JúRI JOVEM Erica Sansil Estudou Audiovisual na Central Única das Favelas/RJ, crítica em comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Graduanda em cinema e audiovisual pela UFRB. Dirigiu os filmes Gritos encarcerados, selecionado para compor o filme colaborativo 1 golpe e 50 olhares, Maria, ganhador do prêmio menção honrosa no 1º Festival de Favelas da Rocinha, e Nascida pra brilhar. Participou das Mostras VI Festival Internacional de Cine y Derechos Humanos de Valencia, 8º Encontro de Cinema Negro Brasil África e Caribe, 2º Festival Brasileiro de Nanometragem, Tem nega no cinema, 1º Cine Favela Festival e Circuito de repescagem do Cine Favela Festival.
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João Marciano Neto
Thamires Vieira
Autor dos romances “A Melhor Pior Desventura já Escrita”, “A Morte Veste Roxo” e do recente “O Paradoxo de Alice”. Graduando do curso de Cinema e Audiovisual pela UFRB, diretor dos curtas “Inferno” e “Parassonia” e colaborador da revista CineCachoeira desde 2013. Tem estudado o método de entrevista de Eduardo Coutinho e o uso da ficção e, especialmente, do filme-dispositivo no documentário brasileiro. Atualmente, está produzindo seu primeiro longa documental.
Realizadora audiovisual; membro do coletivo TELA PRETA, graduanda em Cinema e Audiovisual pela UFRB, com formação em Vídeo pela Oi Kabum, membro do Cineclube Mario Gusmão. Diretora do filme “O dia que ele decidiu sair”, documentário lançado por meio do edital Calendário das Artes (Funceb), exibido no Brasil e Cabo Verde. Experiência em Produção Cultural: CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira; Paisagem Sonora – Mostra de Arte Eletrônica do Recôncavo; e Panorama Internacional Coisa de Cinema. Participou da realização de curtas e longas-metragens realizados na Bahia.
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Abigail
Rio de Janeiro, 2016, 17 min. De Valentina Homem e Isabel Penoni
Dia 9/9, Ă s 19h30 Abigail Lopes, que viveu mais de 30 anos com o sertanista Francisco Meireles, une os pontos de um mapa humano que conecta indigenismo e candomblĂŠ. O avesso do inverso, uma casa aberta de memĂłrias quase extintas.
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Antonieta
Santa Catarina, 2015, 15 min. De Flávia Person
Dia 9/9, às 19h30 O documentário aborda Antonieta de Barros (1901-1952), mulher, negra, professora, cronista, feminista e pioneira de duas formas emblemáticas na história política nacional e catarinense: ao tomar posse, em 1935, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina se tornou a primeira negra a assumir um mandato popular no país e a primeira deputada do estado.
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Dia de Pagamento
Pernambuco, 2015, 28 min. De Fabiana Moraes
Dia 9/9, às 14h Às margens dos canais de concreto ainda sem água da Transposição do Rio São Francisco, comunidades inteiras vivem em função das obras. Em Rio da Barra, Sertânia, elas interferem na renda, educação e costume locais. Cresce o poder aquisitivo e cresce a prostituição e o consumo de álcool. O filme vai abordar o preço a ser pago pelo sertanejo para ver sair do papel o projeto idealizado ainda nos tempos de Dom Pedro II.
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Entretempos
Ceará, 2015, 7 min. De Yuri Firmeza e Fred Benevides
Dia 9/9, às 16h30 Um canto que evoca. Uma cidade que desmorona. Um prédio que se ergue. Um povo que embranquece. Uma família que convulsiona. Um silêncio que corta.
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Fort Acquario
Ceará, 2016, 7 min. De Pedro Diogenes
Dia 9/9, às 14h A cidade é mistério. Atrás da aparência, e sob a transparência, empreendimentos são tramados e potências ocultas atuam junto com o poder ostensivo da riqueza. O urbano tem um lado repressivo, mas que nutre a transgressão.
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Há Terra!
Distrito Federal, 2016, 12 min. De Ana Vaz
Dia 7/9, às 16h30 Há Terra! é um encontro, uma caça, um conto diacrônico do olhar e do devir. O filme erra entre personagem e paisagem, terra e corpo, caçador e caça.
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Índios no Poder
Distrito Federal, 2015, 21 min. De Rodrigo Arajeju
Dia 8/9, às 14h Mario Juruna, primeiro índio parlamentar na história do país, não consegue se reeleger para a Constituinte (1987/88). Sem representante no Congresso Nacional desde a redemocratização, as Nações Indígenas sofrem golpes da Bancada Ruralista aos seus direitos constitucionais. O cacique Ládio Veron, filho de liderança Kaiowa Guarani, executada na luta pela terra, lança candidatura a deputado federal nas Eleições 2014, sob ameaças do Agronegócio. Contra a PEC 215, seu slogan de campanha é “Terra, Vida, Justiça e Demarcação”.
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Nunca é noite no mapa Pernambuco, 2016, 2 min. De Ernesto Carvalho
Dia 9/9, às 14h Eu estou dentro do mapa. O mapa é indiferente. Nunca é noite no mapa.
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O Voo
São Paulo, 2015, 11 min. De Manoela Ziggiatti
Dia 10/9, às 14h Aos 3 anos, Vitor veste sua capa e está pronto para voar.
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Onze
Ceará, 2016, 26 min. De Coletivo Nigéria, coletivo Zóio e Voz e Vez das comunidades
Dia 7/9, às 14h Onze é o número de pessoas mortas no bairro da Messejana no dia que ficou marcado como a maior chacina da história do Ceará. 38 policias foram indiciados pelo crime. O documentário colaborativo mostra a história de familiares das vítimas e as manifestações que ocuparam a periferia em protesto aos assassinatos.
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Orquestra Invisível Let’s Dance São Paulo, 2016, 20 min. De Alice Riff
Dia 9/9, às 19h30 A história de Seu Osvaldo, o primeiro DJ do Brasil.
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Procura-se Irenice
São Paulo, 2016, 25 min. De Marco Escrivão e Thiago B. Mendonça
Dia 8/9, às 19h30 O resgate de uma personagem silenciada. “Procura-se Irenice” é a busca por uma atleta esquecida. O encontro com uma história apagada pela ditadura.
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Quem matou Eloá? São Paulo, 2015, 24 min. De Lívia Perez
Dia 7/9, às 14h Em 2008, Lindemberg Alves, de 22 anos, invadiu o apartamento da ex-namorada Eloá Pimentel, de 15 anos, armado, mantendo-a refém por cinco dias. O crime foi amplamente difundido pelos canais de TV que disputaram a audiência explorando a ‘dor de amor’ de Lindemberg e transmitiram o sequestro como uma novela ao vivo. “Quem matou Eloá?” traz uma análise crítica sobre a espetacularização da violência e a abordagem da mídia televisiva nos casos de violência contra a mulher, revelando um dos motivos pelo qual o Brasil é o quinto num ranking de países que mais matam mulheres. 33
Retrato de Carmem D. Rio de Janeiro, 2015, 21 min. De Isabel Joffily
Dia 9/9, às 19h30 Retrato de Carmem D. acompanha a rotina de Carmem Dametto, de 72 anos, nos dias de hoje. Em um passado recente, Carmem foi uma psiquiatra de sucesso, que contribuiu ativamente para uma psiquiatria mais moderna no Brasil. Atualmente, Carmem quase não sai de casa, mas atende os seus pacientes em um consultório no térreo. Marcela, sua filha, mora com ela. O filme observa a personagem pelos cômodos, a sua interação com os seus gatos e pacientes. A relação de mãe e filha também se faz presente - completamente presente -, com todos os desentendimentos e afetos que lhe são inerentes. 34
Sepulcro do gato preto
São Paulo, 2015, 25 min. De Kaneda Asfixia e Frederico Moreira
Dia 7/9, às 14h A busca por um jovem desaparecido no subúrbio de São Paulo leva seus amigos a uma história ainda maior: o desaparecimento de uma comunidade inteira na região norte da cidade. Em meio à história da exploração do minério ao suor dos trabalhadores locais, os jovens caminham pelos escombros com uma câmera na mão, e são surpreendidos por aqueles que ainda lutam pela comunidade.
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Voz das Mulheres Indígenas
Bahia, 2015, 17 min. De Glicéria Tupinambá e Cristiane Pankararu
Dia 7/9, às 14h O documentário reúne depoimentos de mulheres indígenas da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas acerca de suas trajetórias no movimento indígena.
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#Sem título 2 La mer larme
São Paulo, 2015, 31 min. De Carlos Adriano
Dia 9/9, às 16h30 O mar visto por atualidades do século XIX, produzidas em 1891, 1895, 1897 e 1900, no Brasil, Estados Unidos, França e Inglaterra. Da série “apontamentos para uma AutoCineBiografia (em Regresso)”.
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A Noite Escura da Alma Bahia, 2015, 85 min. De Henrique Dantas
Dia 8/9, às 19h30 Este filme traz depoimentos do ex-ministro da Cultura Juca Ferreira, da cineasta Lúcia Murat, do ex-deputado federal pela Bahia Emiliano José, do juiz Theodomiro dos Santos, condenado à pena de morte durante os anos do regime militar, do antropólogo e professor universitário Renato da Silveira, e de outros que revelaram como sobreviveram à ditadura militar. Grande parte das entrevistas foi gravada no Forte do Barbalho, o maior centro de tortura da Bahia na época (hoje, importante centro de formação cultural em Salvador) e traz relatos de prisões, perseguições e torturas vividas por esses personagens. Outros depoimentos foram gravados no Rio, em Minas e Pernambuco. O documentário é, principalmente, um registro da resistência e sobrevivência aos tempos ruins. 39
Aracati
Rio de Janeiro / Ceará, 2015, 62 min. De Aline Portugal e Julia De Simone
Dia 9/9, às 14h Vale do Jaguaribe, Ceará. Seguindo a rota do vento Aracati, o filme parte do litoral e adentra pelo interior do estado. Nesse percurso, observa a relação entre homem e paisagem, as transformações do espaço e os limites entre natureza e artifício.
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Filme de Aborto
São Paulo, 2015, 63 min. De Lincoln Péricles
Dia 9/9, às 16h30 Proletária e proletário refletem sobre seus trabalhos e lidam com uma impossível gravidez.
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Grin
São Paulo, 2016, 41 min. De Roney Freitas e Isael Maxakali
Dia 7/9, às 19h30 Um cineasta maxakali resgata memórias sobre a formação da Guarda Rural Indígena durante a Ditadura Militar, com relatos das violências sofridas pelos seus parentes.
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Jonas e o Circo sem Lona Bahia, 2015, 81 min. De Paula Gomes
Dia 10/9, Ă s 14h Jonas tem 13 anos e o sonho de manter vivo o circo que ele mesmo criou no quintal de sua casa. Enquanto luta por isso, Jonas enfrenta o grande desafio de crescer.
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Orestes
São Paulo, 2015, 93 min. De Rodrigo Siqueira
Dia 8/9, às 16h30 Em 458 a.C., Ésquilo encenou a trilogia Oréstia. A tragédia culmina com o julgamento de Orestes, que matou a própria mãe para vingar a morte do pai. A sua absolvição pelo júri de atenienses colocou fim ao olho por olho, dente por dente e converteu das Erínias, deusas da vingança, em Eumênides, como defensoras da democracia, um marco civilizatório na cultura ocidental. O documentário apropria-se da história de Ésquilo e promove o seu encontro com a história do Brasil. E se Orestes fosse brasileiro, filho de uma militante política e de um agente da ditadura militar infiltrado? E se aos 6 anos ele tivesse visto sua mãe ser torturada e morta pelo pai? E se este mesmo Orestes, 37 anos depois, matasse o pai, um torturador anistiado, em 1979, durante o processo de redemocratização? A partir dessas perguntas, o documentário usa um júri simulado e uma série de sessões de psicodrama para investigar como a ditadura militar deixou marcas profundas nas narrativas oficiais e na subjetividade dos brasileiros. Documentário e ficção compõem um Brasil de verdades simuladas. 44
Taego Awa
Goiás, 2016, 75 min. De Marcela Borela e Henrique Borela
Dia 7/9, às 19h30 5 fitas VHS encontradas na antiga Faculdade de Comunicação da UFG disparam o desejo desse filme. Anos depois, munidos de mais imagens fotográficas e audiovisuais, vamos ao encontro dos Ãwa, levar essas imagens para serem vistas, e discutir a possibilidade de um filme ser feito. Mais imagens surgem desse encontro.
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Tança
Minas Gerais, 2015, 31 min. De Irmandade dos Atores da Pândega e Associação Quilombola Mato do Tição
Dia 7/9, às 16h30 Tança, africana escravizada na região da Serra do Cipó, Minas Gerais, é a matriarca ancestral do Quilombo do Matição, que teria vivido cerca de 130 anos. Constantina Augusta dos Santos, a tia Tança, renasce vigorosa na memória de seus descendentes mais velhos: seis irmãos da família Siqueira, que mantêm com impressionante lucidez e riqueza de detalhes a história do quilombo.
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Tekowe Nhepyrun: A Origem da Alma Paraná, 2015, 49 min. De Alberto Alvares
Dia 7/9, às 16h30 Para nós Guarani, a alma é a conexão entre o corpo e o espírito. Este documentário apresenta o depoimento dos mais velhos da aldeia Yhowy, Guaíra, Paraná, compartilhando conhecimentos sobre a origem do modo de ser Guarani.
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Vozerio
Rio de Janeiro, 2015, 98 min. De Vladimir Seixas
Dia 8/9, às 14h Novas formas de insurgências e agitações nos fragmentos das ações de alguns artistas e ativistas. O registro de confronto encontra a performance como sua expressão mais forte. Vemos embates ecoando em uma série de criação de imagens. O grito começa antes do outro terminar.
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Com mulheres Amaranta Cesar Considerar a dimensão performativa do gênero, a ideia de que a condição feminina é uma construção histórica e cultural, e que, por isso, os filmes não apenas registram ou representam as relações de gênero, mas as produzem, nos conduz ao entendimento de que as perspectivas das mulheres no cinema, mais do que desejáveis, são necessárias e mesmo urgentes. Muitos acontecimentos cinematográficos dedicados a enfrentar esta urgência têm surgido no Brasil. Normalmente, eles são orientados seja pela noção de representação – através da reunião e exibição de filmes que apresentam personagens e temáticas do universo feminino: filmes sobre mulheres -, seja pela questão da representatividade – através da reunião e exibição de filmes realizados por diretoras: filmes de mulheres. Fazer a preposição variar do de ou do sobre (de mulheres, sobre mulheres) para o com (com mulheres) implica em uma série de deslocamentos. Inspirada na bela tese de doutorado de Carla Maia[1], na composição aguda de seu objeto de investigação, o uso e a ênfase na preposição com “prima pela dimensão relacional e necessariamente ética e política do cinema”, que não implica “numa relação apaziguada ou apaziguadora das diferenças”, como sinaliza, de modo preciso, a pesquisadora. Exploramos a dimensão de comunhão que está implicada na expressão “com mulheres” tanto para tecer esta coleção de filmes, quanto para compor o método de organização que a orientou. Em primeiro lugar, provocamos uma pequena 50
expansão na noção de autoria, através da construção de uma mostra de filmes com curadoria coletiva, em que cada curadora convidada desenhou um programa. Curar esta mostra em conjunto foi, então, a ocasião para estarmos juntas, dialogando sobre os vetores de forças presentes no trabalho de olhar para os filmes – o olhar que lançamos e também aquele convocamos na condição de curadoras de cinema. Em segundo lugar, a única indicação para a escolha dos filmes a serem colecionados e exibidos foi a condição de partilha: reunimos filmes não apenas de mulheres ou sobre mulheres mas filmes entre mulheres, com mulheres – realizados e protagonizados por elas. Como escreve Carla Maia, “da pergunta: ‘o que há de feminino nos filmes?’ passamos para a: ‘que modos de partilha são dados a ver por essas mulheres? Quais relações se produzem, entre diretoras e personagens, entre os filmes e a/o espectador/a?”. Para a realizadora vietnamita Trin T. Minh-Ha, filmar/falar junto, ao lado de, com, e não sobre, não é uma técnica ou uma declaração, mas uma atitude de vida, um posicionamento diante do mundo que deve se materializar nos aspectos formais do filme. Assim, Com mulheres, através dos filmes e dos diálogos sobre o exercício curatorial, é um modo de estarmos juntas, com e pelo cinema, para articular diferenças, diferir, divergir e compartilhar. E estarmos juntas parece, agora, mais do que sempre, uma questão política - talvez a mais urgente. [1] MAIA, Carla. SOB O RISCO DO GÊNERO: clausuras, rasuras e afetos de um cinema com mulheres. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. 51
Programa Mulheres de perto Por Carla Maia
Dia 10/9, às 19h30 Cineastas Chantal Akerman nasceu em Bruxelas em 1950 e morreu em Paris em 2015. Descendente de judeus, seus pais fugiram da Polônia para escapar da perseguição nazista. A questão da identidade judia e do Holocausto será constantemente explorada em sua obra. Aos 18 anos, Akerman ingressou no Institute Supérieur des Arts du Spectacle et Technique de Diffusion, na Bélgica. Abandonou os estudos logo no primeiro semestre para fazer seu primeiro filme, o curta Saute ma ville (1968). Em 1971, o filme estreou no festival de curtas Oberhausen. Nesse mesmo ano, ela se mudou para Nova Iorque. Lá, entrou em contato com o estruturalismo, através dos filmes de Stan Brakhage, Jonas Mekas, Michael Snow e Andy Warhol, influências decisivas para sua obra. Em 1974, com Je Tu Il Elle,
seu primero longa-metragem, obteve reconhecimento da crítica, reconhecimento este que atingiria seu auge com Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelle, filme aclamado pelo New York Times como “a primeira obra-prima do feminino na história do cinema”. Ao longo de sua carreira, Akerman dirigiu mais de 40 filmes para televisão e cinema, entre ficções e documentários. Além disso, realizou instalações em diversos centros e galerias de arte do mundo, participando de importantes festivais internacionais como a Bienal de Veneza e o Documenta de Kassel. Publicou três livros: Hall de nuit (Editions de l’Arche, 1992), Un divan à New York (Editions de l’Arche, 1996) e Unefamille à Bruxelles (Editions de l’Arche, 1998).
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Cristina Maure é graduada em Psicologia e Artes Plásticas. Vive e trabalha em Belo Horizonte desde 1986. Realizou, como artista plástica, várias exposições utilizando principalmente a fotografia como suporte. Tem especialização na Escola Guignard, em Belo Horizonte. A partir de 2000, pesquisa e realiza trabalhos audiovisuais. Sócia-diretora da Vaca Amarela Filmes desde 2008, onde, além de dirigir e fotografar, tem também produzido e correalizado com as produtoras MLproduções e Oficina de Criação.
Helena Solberg iniciou sua carreira com o Cinema Novo. Seus primeiros filmes, A Entrevista e Meio-dia, foram rodados nos anos 60 e 70. Durante vários anos dirigiu e produziu documentários sobre a América Latina e o Brasil. Em 1995, seu filme Carmen Miranda: Bananas Is My Business foi lançado nos cinemas nos EUA e no Brasil, convidado a participar de inúmeros festivais, sendo premiado. Depois, assina o roteiro, junto com Elena Soárez, e dirige o longa-metragem Vida de Menina, também premiado em festivais. Em 2009, recebeu o prêmio de Melhor Direção no Festival Internacional do Rio para seu documentário de longa-metragem Palavra (En)cantada. Em 2013, lançou o documentário A Alma da Gente.
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Joana Oliveira atua na área audiovisual desde 1999. É sócia da produtora Vaca Amarela Filmes. Graduada em Direção de Cinema pela Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba (EICTV) e em Comunicação Social pela PUC-Minas, estudou também como intercambista na Academia HFF Konrad Wolf (Alemanha) por um semestre. Em 2006, foi selecionada para o Talent Campus do Festival de Berlim, Berlinale. Dirigiu e roteirizou várias produções como curtas de ficção, documentários e programas de TV.
Trinh T. Minh-ha é cineasta, escritora, compositora e professora do departamento de Gender & Women’s Studies da Universidade da Califórnia, Berkeley. Ao longo de 30 anos de carreira, recebeu inúmeros prêmios, incluindo o American Film Institute’s National Independent Filmmaker Maya Deren Award e bolsas da Fundação John Simon Guggenheim, do National Endowment for the Arts e do California Arts Council. Foi professora em Harvard, Smith, Cornell, San Francisco State University, Universidade de Illinois, Universidade Ochanomizu, no Japão, e no Conservatório Nacional de Música, no Senegal. Leciona cursos focados em políticas de gênero, póscolonialismo, teoria crítica contemporânea e artes. Seus seminários focam em políticas culturais, teoria feminista, na teoria e estética do cinema, na voz 54
Curadora Carla Maia vive e trabalha em Belo Horizonte, Minas Gerais. Ensaísta e pesquisadora de cinema, atua também como professora, curadora e produtora. Doutora em Comunicação Social pela FAFICH/UFMG, com período sanduíche na Tulane University, em New Orleans/EUA. Integra o corpo docente do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA. Já organizou diversas mostras de filmes e debates, entre elas, retrospectivas de Chantal Akerman, Naomi Kawase, Pedro Costa, Rithy Panh e Trinh T. Minh-ha. É diretora do documentário Roda, codirigido por Raquel Junqueira. Integra o coletivo Filmes de Quintal, que realiza o forumdoc.bh: Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte.
em contextos sociais e criativos e na autobiografia. É autora de oito livros e sete longas-metragens, além de vídeos produzidos para instalações multimídia.
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A criança amada ou eu represento uma mulher casada / L’enfant aimé ou je joue à être une femme mariée França, 1971, 35 min. De Chantal Akerman
Dia 10/9, às 19h30 Três personagens femininas convivem durante algumas horas no espaço de uma casa: uma mãe, uma filha e uma jovem, a própria diretora. Em seu segundo curta-metragem, Akerman conserva a distância para colocar-se no lugar de testemunha do cotidiano dessa mulher e de sua relação com a criança.
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A entrevista
Brasil, 1966, 20 min. De Helena Solberg
Dia 10/9, às 19h30
Em cena, uma noiva se prepara para o dia do casamento. Em off, moças da classe média carioca relatam suas experiências e impressões sobre virgindade, casamento, sexo e política. Em plena ditadura, Helena Solberg faz sua estreia no cinema questionando os padrões de feminilidade e relacionando, pela montagem, as questões da opressão feminina com a repressão militar vivida pelo país.
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Remontagem / Reassemblage EUA, 1982, 40 min. De Trinh T. Minh-ha
Dia 10/9, às 19h30 Remontagem é um mosaico temporal composto por imagens e sons cotidianos capturados em aldeias do Senegal. Ao mostrar os habitantes desses espaços, a cineasta problematiza a necessidade da etnologia ocidental de explicar o “outro” por meio de atribuições explícitas ou reduzidas. A obra propõe, assim, uma dupla ruptura em relação ao documentário etnográfico tradicional: por um lado, a posição da cineasta é constantemente questionada com procedimentos autorreflexivos; por outro, assume-se a impossibilidade de encontrar um discurso neutro na relação com outros povos e culturas. 58
Rio de Mulheres
Brasil, 2010, 21 min. De Cristina Maure e Joana Oliveira
Dia 10/9, às 19h30 Em um ambiente muito seco, onde a água é escassa, mulheres vivem suas vidas em meio a crianças e outras mulheres.
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Programa Vagalumes
por Ana Carvalho, Maria Cardozo e Mariana Porto
10/9, às 16h30 Cineastas O Coletivo Mulheres do Audiovisual de Pernambuco é composto pelas realizadoras Dea Ferraz, Maíra Iabrudi , Lu Teixeira, Rapha Spencer, Sá Luapo e Camila de Carvalho.
Safia Benhaim formou-se na Escola Nacional Superior de Artes Decorativas de Paris. Nascida na França, filha de refugiados políticos marroquinos, seus filmes, entre documentários e contos fantásticos, exploram territórios borrados, oriundos da experiência do exílio.
Letícia Figueiredo Bina nasceu em São Paulo (SP), onde mora e estuda. Atualmente, está no último ano do curso de Bacharelado em Audiovisual do Centro Universitário Senac. Introduziu-se no meio audiovisual paulista como assistente de edição em 2014. “Do Portão pra Fora”, seu primeiro curta como diretora, foi desenvolvido e realizado ao longo de um ano, como projeto de sexto semestre de sua faculdade.
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Tatiana Mazú González nasceu e vive em Buenos Aires. É realizadora documental/experimental e diretora de arte formada na Universidad Nacional de las Artes. Em 2014, estreou o longa-metragem El estado de las cosas, codirigido com Joaquín Maito. Seu curta-metragem La Internacional participou de mais de 25 Festivais Internacionais. Integra o coletivo de diretores de arte Los Espigadores, o coletivo DOCA – Documentaristas da Argentina e o coletivo Silbando Bembas.
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CuradoraS Ana Carvalho é formada em Radialismo pela UFMG e pós-graduada em Narrativas Contemporâneas pela PUCMG. Integra a equipe do Vídeo nas Aldeias, onde atua nas oficinas de formação e produção audiovisual indígena e na pesquisa, redação e edição de livros e publicações. Entre 2001 e 2013, foi uma das organizadoras e curadoras do forumdoc. bh: Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte. Desde 2001, desenvolve trabalhos e oficinas em colaboração com comunidades tradicionais, grupos culturais de periferia urbana e outros artistas. Dedicase à pesquisa e produção em cinema, literatura, fotografia e artes visuais.
Maria Cardozo nasceu em 1989 no Recife, Brasil. Graduada em jornalismo pela Unicap, desde 2011, tem a imagem como objeto de seu interesse, dedicando-se especialmente à imagem em movimento. Maria tem trabalhado como montadora em videoartes e filmes. É responsável pela montagem dos curtas “Loja de Répteis”, “Rodolfo Mesquita e as monstruosas máscaras de alegria e felicidade” e do longa-metragem “Todas as Cores da Noite”, dirigidos por Pedro Severien. Em 2014, realizou junto a artista visual Irma Brown uma das peças do projeto Original Cópia e fotografou a performance PaganguRevolution. Em 2015, integrou a equipe do projeto Escola Engenho e o grupo “Quebrando Vidraças – Desconstruindo o machismo no audiovisual pernambucano”. Seu primeiro curta-metragem 62
Mariana Porto é realizadora, montadora e educadora ligada ao audiovisual. Realizou três curtas-metragens e está em fase de preparação de seu primeiro longa. Atualmente, leciona direção de arte e montagem como professora substituta na UFPE. Pesquisou a alteridade nos documentários construídos a partir da noção de cultura popular no mestrado, na UFBA. Possui graduação em psicologia e formação paralela em teatro, performance e cinema. Leciona em cursos superiores e oficinas desde 2007. Criou e coordenou o projeto Escola Engenho – espaço de experimentação audiovisual para crianças – no Recife (2010 – 2014), e foi coordenadora regional do projeto inventar com a diferença (Secretaria de Direitos Humanos/UFF).
como roteirista e diretora, “Cheiro de Melancia”, foi selecionado pelo edital do Audiovisual do Fundo de Incentivo à Cultura de Pernambuco – Funcultura e será lançado em 2016.
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A Febre
Marrocos, 2011, 41 min. De Safia Behaim
Dia 10/9, às 16h30 Em uma noite febril, uma criança sente um fantasma, uma mulher que veio do mar, voltando para casa após um longo exílio. Um conto silencioso, uma voz sem corpo mistura-se à escuridão da noite e à febre. A criança e a refugiada política voltando para casa são agora uma única pessoa, viajando juntas para um estranho edifício, no que parecem ser as suas memórias perdidas. Esquecidos aparecem e desaparecem com a alucinação da febre enquanto as novas guerras, a primavera árabe do Marrocos, inundam o passado.
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A Internacional
Argentina, 2015, 13 min. De Tatiana Mazú
Dia 10/9, às 16h30 Eu filmei a minha irmã discutindo com a minha mãe enquanto elas preparavam a ceia de natal. Eu a filmei em um campo de trabalhadores, em um piquete, cantando. Eu percebi, assistindo uma VHS, que eu estava filmando ela desde que nós éramos crianças. Aparentemente, de acordo com alguns versos da Internacional, o socialismo deveria ser algo como um paraíso de irmãos e irmãs.
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Corpos Políticos
Pernambuco, 2016, 4 min. De Mulheres Audiovisual PE
Dia 10/9, às 16h30 A mídia brasileira abre espaço e faz ecoar velhos discursos fascistas, machistas e retrógrados, enquanto nas ruas um outro grito se faz urgente. Nós somos a nova política. Um corpo-político pulsante! Feminismo é revolução!
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Do portão para fora São Paulo, 2015, 16 min. De Letícia Bina
Dia 10/9, às 16h30 Jaqueline restabelece a vida no lugar onde ela cresceu. Em menos de um ano após ter deixado a prisão, tornou-se mãe pela segunda vez e hoje compartilha o seu tempo entre o trabalho e as tarefas do lar.
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Programa Encantarias por Lis Kogan
Dia 6/9, às 19h Cineasta Louise Botkay estudou na Escola nacional de cinema da França (FEMIS) e filmou em países como Haiti, Congo, Níger, Chad, Holanda, França e Brasil. Realiza filmes em diferentes mídias, usando tanto telefone celular quanto vídeo e película super-8, 16 e 35 milímetros, que são revelados artesanalmente pela própria artista. Seus trabalhos foram selecionados e premiados em festivais de cinema, como Festival de Oberhausen, Semana dos Realizadores, Fid Marseille, Festival Kinoforum, Rencontres internacionales Paris Berlin, Fespaco, Festival Janela Internacional de Recife. Expôs seus trabalhos no MAM-RJ, galeria A Gentil Carioca, Christopher Grimes Gallery, Videobrasil, entre outros. Recentemente, recebeu o prêmio E-flux na competição internacional do festival de Oberhausen 2016. Seu fil-
me VertièresI II III foi eleito um dos dez melhores filmes de 2015 pela revista Artforum na seleção da curadora e teórica Nicole Brenez.
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Curadora Lis Kogan é graduada em cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Desde o início dos anos 2000, trabalha em diferentes projetos ligados à difusão do cinema brasileiro, em especial com curadoria voltada à produção autoral contemporânea. Foi uma das fundadoras do Cachaça Cinema Clube em 2002, coordenou o projeto Porta Curtas (2004-2007), foi responsável pela programação do Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro – Curta Cinema (20072010) e em 2009 criou a Semana dos Realizadores com outros curadores e cineastas. Em 2011, assumiu a direção geral e artística do festival, que este ano chega à sua oitava edição.
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4 Portas / 4 Portes Haiti, 2009, 6 min. De Louise Botkay
Dia 6/9, Ă s 19h Um mergulho de olhos abertos numa festa/ritual vodu.
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Estou Aqui
Rio de Janeiro, 2015, 7 min. De Louise Botkay
Dia 6/9, às 19h Passei a infância no Cap-Haïtien, cidade ao norte de uma meia ilha do Caribe chamada Haíti. Minha vida sempre será habitada pela lembrança e a experiência deste lugar misterioso e cálido. Tenho a impressão de que tudo o que sou decorre dessa luz, desse vento, dessa terra, dessa infância crioula.
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Mammah
Paris, 2006, 8 min. De Louise Botkay
Dia 6/9, às 19h No calor de um hammam (sauna) feminino, no interior da grande mesquita, a vida segue em suspenso no privilègio dessa tarde, um passeio pelo Hammah da mesquita de Paris.
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Mãos Limpas / Mains propes Chade, 2015, 8 min. De Louise Botkay
Dia 6/9, às 19h Na era pós-colonial, os países pobres continuam sujeitos aos mesmos grupos de nações que os colonizaram. A Europa está em guerra, mas sem alardes. Nas ruas das cidades, assim como no campo, todos fingem não saber ou não lembrar disso. Existem as cooperações internacionais que “ajudam” os países mais pobres, deixando no ar um perfume de infinita dependência. Este filme fala dessa dependência e do desejo do “branco” em possuir a imagem clichê da extrema pobreza africana.
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Novo ano
Rio de Janeiro, 2010, 3 min. De Louise Botkay
Dia 6/9, Ă s 19h Um beijo no trem do tempo-contratempo.
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Seiva/ SĂŠve
Haiti, 2010, 11 min. De Louise Botkay
Dia 6/9, Ă s 19h Quando menos se espera, o encontro acontece e traz consigo muitos sonhos, uma adolescente se inicia nos mistĂŠrios do Vodu haitiano.
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Vertières I, II e III Haiti, 2014, 10 min. De Louise Botkay
Dia 6/9, às 19h Vertières I II III apresenta três incursões fílmicas ao processo histórico, social e político haitiano. Explorando eixos como disciplina/controle, natureza/ternura e ruína/resistência, a obra investiga índices de domesticação e escravidão resultantes dos processos pós-coloniais que marcaram a história do país. Vertières é o nome do bairro na cidade de Cap-Haïtien onde, em 1803, ocorreu a grande batalha que culminou na expulsão do exército de Naploeão do Haiti, o primeiro país do mundo a conquistar sua independência frente às potências colonialistas.
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Vivo e Morro dos Prazeres Rio de Janeiro, 2016, 7 min. De Louise Botkay
Dia 6/9, Ă s 19h Gesto fĂlmico exalando maternidade.
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Programa O Espelho de AnA por Marisa Merlo
Dia 7/9, às 11h 30 Cineasta
Curadora
Jessica Candal é bacharel em Audiovisual e especialista em Poéticas Visuais. Como diretora, realizou os curtas ‘Teia’, ‘O espelho de AnA’ e ‘Bárbara na cidade’. Na área de curadoria, foi responsável pelo ‘Reflexos de AnA – Mostra de Documentários de Mulheres’; e, nos dois últimos anos, atua na curadoria dos curtas-metragens do Olhar de Cinema. Como roteirista, está desenvolvendo o longa-metragem ‘Êxtimo’, pelo Núcleo Criativo Acere, e seu primeiro roteiro de longa, ‘Horizonte’, está em fase de captação.
Marisa Merlo é graduada em cinema pela Faculdade de Artes do Paraná. Sócia, desde 2008, da empresa Grafo Audiovisual, onde atua como produtora executiva dos filmes da casa, dentre eles os longas-metragens Para minha amada morta (2015) e A gente (2013), e os curtas-metragens Pátio (2013) e A fábrica (2011). É também idealizadora do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, onde atua como diretora, programadora e produtora desde 2012.
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O Espelho de AnA Brasil, 2011, 43 min. De Jessica Candal
Dia 7/9, às 11h30 “O Espelho de AnA” relata a investigação da diretora-personagem a respeito da sua condição enquanto mulher. Através do espelhamento em pessoas íntimas, como a avó, mãe, marido, amigas e a filha de uma delas, sua própria identidade é ao mesmo tempo forjada e revelada.
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Por um cinema negro no feminino por Janaína de Oliveira
Dia 6/9, às 20h30 e dia 7/9, às 10h CineastaS Pascale Obolo nasceu na República dos Camarões e vive em Paris. Estudou no Conservatório Livre do Cinema Francês. Tem realizado documentários para as TVs Camaronenses, filmes experimentais e videoclipes para diversos artistas, tais como Manu Chao, Les Nubians, 3canal, Mungal Patasar.
Yasmin Thayná é cineasta, seu filme mais recente é Kbela, “uma experiência sobre ser mulher e tornar-se negra”. É estudante de comunicação social da PUC-Rio e interessada por assuntos ligados à cultura digital, comunicação, cinema, literatura, raça e gênero. Passou pela Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu, foi pesquisadora de políticas públicas da FGV e desde os 16 anos dirige, escreve e participa de produções de curta-metragem. Idealizou um projeto de audiovisual onde trabalhou com mais de 300 alunos da rede pública de ensino da Baixada Fluminense. Hoje, além de escrever no Brasil Post, é diretora do Afroflix, cofundou o projeto Nova Iguaçu Eu Te Amo e faz parte do Coletivo Nuvem Negra (coletivo de estudantes negros da PUC-Rio). 80
Curadora Janaína de Oliveira é pesquisadora, doutora em História pela PUC-Rio e professora no Instituto Federal do Rio de Janeiro – Campus São Gonçalo, onde coordena o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígena (NEABI). Realiza pesquisas centradas na reflexão sobre Cinema Negro, no Brasil e na diáspora, e sobre as cinematografias africanas. Desde 2011, participa ativamente do FESPACO - Festival Panafricano de Cinema e Televisão de Ouagadougou e da JCFA - Journée Cinématographique de la Femme Africaine d’Image, ambos em Burkina Faso. Fez curadoria de filmes para o Plateau – Festival Internacional de Praia, Cabo Verde. Atualmente, coordena também o FICINE - Fórum Itinerante de Cinema Negro. 81
A Mulher invisível / La Femme Invisible França, 2010, 6 min. De Pascale Obolo
Dia 7/9, às 10h Uma jovem mulher negra em busca dos rostos de sua comunidade nos posteres de filmes nas ruas de Paris.
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Calypso Rose
França / Trinidade e Tobago, 2011, 53 min. De Pascale Obolo
Dia 7/9, às 10h Embaixatriz da música caribenha, a carismática Calypso Rose é uma lenda viva. Para homenageá-la, a cineasta franco-camaronesa Pascale Óbolo passa quatro anos com a diva da Calypso Music em uma trajetória muito especial. A turnê percorre Paris, Nova Iorque, Trindade e Tobago e volta para a África, constituindo uma viagem que apresenta as diversas perspetivas da arte afro-caribenha. O documentário aborda não só a memória, o intercâmbio e a descoberta de diversas culturas do mundo, mas é também a jornada de uma mulher militante e autêntica. Pascale Óbolo desvenda as muitas faces da protagonista: cantora e compositora radiante, feminista, espiritualista, celebridade e mulher consciente de sua origem escrava. 83
Kbela
Rio de Janeiro, 2015, 23 min. De Yasmin Thayná
Dia 6/9, às 20h30 Um olhar sensível sobre a experiência do racismo vivido cotidianamente por mulheres negras. A descoberta de uma força ancestral que emerge de seus cabelos crespos transcendendo o embranquecimento. Um exercício subjetivo de autorrepresentação e empoderamento.
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Programa Adélia Sampaio por Yasmin Thayná
Dia 8/9, às 10h30 Cineasta
Curadora
Adélia Sampaio. Nascida em Belo Horizonte, residente do Rio de Janeiro desde os seus 12 anos, Adélia Sampaio foi a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil, o “Amor maldito”, além dos curtas-metragens “Denúncia Vazia”, “Agora um Deus dança em mim!”, “Adulto não brinca” e “Na poeira das ruas”.
Yasmin Thayná é cineasta, seu filme mais recente é Kbela, “uma experiência sobre ser mulher e tornar-se negra”. É estudante de comunicação social da PUC-Rio e interessada por assuntos ligados à cultura digital, comunicação, cinema, literatura, raça e gênero. Passou pela Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu, foi pesquisadora de políticas públicas da FGV e desde os 16 anos dirige, escreve e participa de produções de curta-metragem. Idealizou um projeto de audiovisual onde trabalhou com mais de 300 alunos da rede pública de ensino da Baixada Fluminense. Hoje, além de escrever no Brasil Post, é diretora do Afroflix, cofundou o projeto Nova Iguaçu Eu Te Amo e faz parte do Coletivo Nuvem Negra (coletivo de estudantes negros da PUC-Rio).
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Amor, maldito
Brasil, 1984, 76 min. De Adélia Sampaio
Dia 8/9, às 10h30 Considerado o primeiro longa-metragem brasileiro dirigido por uma mulher negra, Amor Maldito narra uma história trágica de amor entre duas mulheres, Fernanda, uma executiva, e Sueli, uma ex-miss, filha de uma família evangélica e opressora, que comete suicídio. Tornada réu pela morte da ex-companheira, Fernanda é julgada por uma corte preconceituosa e cruel. O processo penal que atravessa o filme apresenta-se, assim, como um documento da mentalidade misógina e lesbofóbica que, estribada no fanatismo religioso, entranha-se na justiça, exercendo um controle nefasto sobre os corpos e sexualidade das mulheres lésbicas. 86
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Olhar o breu na imensidão escura Ana Rosa Marques O mundo em desordem. O corpo sob muitas ordens. Que formatam, controlam e negociam vidas e modos de ser, estar e existir. Uma força obscura tenta arrumar à força aquilo que resiste à classificação e enquadramento. Da jovem que não se encaixa nos padrões de beleza vigentes ao quilombola que mantém sua roça autossustentável, tudo o que não seja uniforme, previsível, obediente e especialmente vendável será afastado. Contra os dragões que cospem as chamas de diversos tipos de maldade, as pessoas apresentam suas armas: o corpo, a palavra, a imaginação. E ao cinema, o que cabe fazer? Como diz o filósofo italiano Agamben, o poeta, e a ele podemos aproximar o cineasta, deve arregalar os olhos, ver o seu tempo e enxergar não as luzes, mas o escuro. A Mostra Contemporânea reúne curtas que iluminam à sua maneira essas trevas para onde nos levaram o patriarcado, o machismo, o preconceito, a ganância, o autoritarismo. Reunimo-os em quatro sessões: Gênero – a pele que vestimos, Espaços em Disputa, O fim e o (re) começo do mundo e Bahia: ruínas em construção. Com os filmes, seguimos para dentro e para fora do cinema, indo também às escolas e comunidades de Cachoeira e São Félix. Em Gênero, a pele que vestimos, quatro obras destacam a luta das mulheres e trans, certamente uns dos movimentos mais aguerridos do Brasil contemporâneo, ao mesmo tempo que florido, poético e lindamente purpurinado. Pessoas que, diante da câmera, de um espelho, de um campo de futebol, em manifestações ou no simples cotidiano não hesitam em defender seus direitos e afirmar a autonomia sobre o seu próprio corpo. 88
Assim como os corpos, os espaços encontram-se também em disputa. Na cidade maravilha, na cidade monumento ou num paraíso ecológico, as populações enfrentam proibições e perigos para exercer os direitos mais básicos de qualquer cidadão, como atravessar um beco ou parir. São como seres invisíveis aos olhos do poder que os enxergam apenas como entraves aos seus projetos e interesses políticos e econômicos. Não entendem que os lugares pertencem a quem os nutre de arte, histórias, sonhos e vidas. Sinais dados pela natureza nos fazem acreditar que chegamos ao ponto máximo de devastação da Terra. Por onde andam as andorinhas, o lobo-guará, o micoleão-dourado, as estrelas e ouriços do mar? E o pau-brasil, o jequitibá e a imbuia? E os índios Jumas ou Carijós? Extintos ou ameaçados pelo desmatamento, poluição ou avanço das fronteiras agrícolas. Mas a ambição do homem tem um preço a se pagar, acreditam os Maxacalis e, quem sabe, após o grande dilúvio as esperanças se renovem? Entre O fim e o (re)começo do mundo, há quem resista às pressões sobre os modos de vida mais solidários e em respeito ao meio ambiente, como os pescadores e camponeses, que cultivam não apenas um ofício, mas um ritmo, uma cultura e um outro universo de valores. Enquanto isso, na terra da felicidade prometida, os responsáveis pela administração e proteção das cidades carregam e apontam suas pistolas reais ou simbólicas contra a população e em defesa de interesses privados. Montados em retroescavadeiras, viaturas ou cavalos, avançam sobre os espaços da nossa história, dos afetos e da sobrevivência. Sob os escombros ou túmulos, encenam um teatro farsesco ambientado em Miami ou Dubai e nos levam cada vez mais para perto de Canudos ou Palestina. Sorria, você está na Bahia: ruínas em construção. 89
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Corpo manifesto
São Paulo, 2015, 28 min. De Carol Araújo
Dia 6/9, às 9h30 e 14h, e dia 11/9, às 10h O filme explora de maneira poética as dimensões simbólicas do corpo e sua representação, costurando imagens de uma performance da artista Nina Giovelli, com entrevistas de pensadoras e militantes feministas como Djamila Ribeiro, Margareth Rago, Marcia Tiburi, Laerte, Luiza Coppietters e Jéssica Ipólito. Paralelo a isso, o documentário acompanha atos públicos feministas e mostra quem são e o que desejam as mulheres que ocupam as ruas e escancaram, com potência, fúria, poesia, humor e alegria, os mecanismos de dominação engendrados pelo poder patriarcal e pelo machismo, lutando por um mundo mais ético e igualitário. 91
Ingrid
Minas Gerais, 2016, 6 min. De Maick Hannder
Dia 6/9, Ă s 9h30 e 14h, e dia 11/9, Ă s 10h Uma mulher e seu corpo.
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Reflexiva
Bahia, 2016, 3 min. De Clarissa Queiroz Brandão
Dia 6/9, às 9h30 e 14h, e dia 11/9, às 10h Nas inúmeras pilhas materiais que soterraram até a mais ínfima reflexão sobre as memórias e acontecimentos que mudaram minhas escolhas e tornaram cotidiana minha natureza acumulativa, busco a razão dos excessos. No amontoado de objetos que me consome e sufoca, Reflito.
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Virou o jogo: a história de Pintadas Bahia, 2015, 26 min. De Marcelo Villanova
Dia 6/9, às 9h30 e 14h, e dia 11/9, às 10h Pintadas, cidade do interior da Bahia, é retratada a partir da perspectiva feminina abordando temas como família, tradições culturais e mudanças de parâmetros sociais e culturais que instituíam os modos de vida da comunidade.
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Ninguém nasce no paraíso Distrito Federal, 2015, 25 min. De Alan Schvarsberg
Dia 7/9, às 20h No paraíso da ilha de Fernando de Noronha, espécies em extinção, como a tartaruga marinha, que retorna ao local onde nasceu para depositar seus ovos, encontram abrigo e políticas de preservação. Em contrapartida, a espécie humana encontra-se em extinção diante da atual proibição do nascimento na ilha, quando as gestantes são expulsas aos 7 meses de gravidez e forçadas a deixar suas casas rumo a Recife ou Natal. Nesse cenário, mulheres da ilha lutam pelo direito ao parto e contam histórias sobre suas gestações em um contexto de ameaças, criminalização, violências físicas e psicológicas por parte do hospital, administração local e o silêncio da comunidade. 96
Obra autorizada
Bahia, 2016, 16 min. De Iago Cordeiro Ribeiro
Dia 7/9, Ă s 20h Cachoeira, Cidade Monumento Nacional. Uma casa, um beco, as pessoas - a histĂłria.
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Plano Aberto
Rio de Janeiro, 2016, 25 min. De Elder Barbosa
Dia 7/9, Ă s 20h Jovens vivem e constroem novas formas de resistĂŞncia nas periferias do Rio de Janeiro.
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Boi na linha
Bahia, 2016, 17 min. De Arthur Dias
Dia 8/9, às 20h O boi é o herói de sua jornada, entre carros, trens, cancelas, entre gritos, percorre passivo o próprio destino. A tragédia do boi de corte é o irreparável ciclo de vida e de morte.
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Konãgxeka: o Dilúvio Maxakali Minas Gerais, 2016, 13 min. De Charles Bicalho e Isael Maxakali
Dia 8/9, às 20h Konãgxeka na língua indígena maxakali quer dizer “água grande”. Trata-se da versão maxakali da história do dilúvio. Como um castigo, por causa do egoísmo e da ganância dos homens, os espíritos yãmîy enviam a “grande água”.
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Olho de Peixe
Rio de Janeiro, 2015, 15 min. De Diogo Nonato e Icaro Cooke
Dia 8/9, às 20h Localizada no canto direito da praia de Copacabana, a colônia de pescadores Z-13 tem sua importância, não apenas pelo seu valor poético e fora do tempo, mas pela sua resistência política no espaço. Os pescadores vivenciam em seu cotidiano o ofício da pesca artesanal exercida há muitos anos. O filme, através de um olhar sensorial num cenário imagético e sonoro, se aproxima do ritmo impresso pela vida no mar e sua intrínseca relação com o “homem pescador”.
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Para onde foram as andorinhas São Paulo, 2015, 21 min. De Mari Corrêa
Dia 8/9, às 20h O clima está mudando, o calor aumentando. Os índios do Xingu observam os sinais que estão por toda parte. Árvores não florescem mais, o fogo se alastra queimando a floresta, cigarras não cantam mais anunciando a chuva, porque o calor cozinhou seus ovos. Os frutos da roça estão se estragando antes de crescer. Ao olhar os efeitos devastadores dessas mudanças, eles se perguntam como será o futuro de seus netos. E ficam indignados ao constatar o que se passa entorno do seu território. Nos últimos 30 anos, 86% das florestas foram derrubadas e deram lugar à monocultura de soja e milho. “Não aceitamos que os brancos acabem com a floresta. Como é que nós vamos nos defender deles?” 103
Sementes
Rio Grande do Sul, 2015, 12 min. De Marcelo Engster
Dia 8/9, às 20h No interior do Rio Grande do Sul, um grupo de pequenos agricultores se reúne. Em um dia de mutirão, trabalham na propriedade onde produzem coletivamente, trocam sementes e preparam um almoço com o que eles mesmos plantaram. São guardiões de sementes crioulas, agricultores familiares que produzem e preservam os grãos naturais e tradicionais, selecionados e melhorados durante centenas de anos pelos camponeses, que quase desapareceram com a Revolução Verde. Em um banco de sementes, resgatam e protegem as mais diversas variedades de grãos, difundindo-as através de trocas. 104
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Ah! Dios! Salvador Bahia, 2015, 3 min. De Hirosuke Kitamura
Dia 10/9, às 10h30 Demolição dos prédios antigos em Salvador.
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Muros
Bahia, 2015, 25 min. De Fabrício Ramos e Camele Queiroz
Dia 10/9, às 10h30 O curta relaciona Brasil e Palestina enquanto acompanha o fotógrafo Rogério Ferrari que percorre favelas de Salvador.
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O mundo do rio não é o mundo da ponte Bahia, 2016, 19 min. de Silvana Olivieri e Tenille Bezerra
Dia 10/9, às 10h30 O filme acompanha a disputa entre diferentes modos de existência, a partir do momento que uma obra de reurbanização do bairro Rio Vermelho, em Salvador, ameaça a permanência de uma comunidade de pescadores na foz do Rio Camarajipe, onde estão instalados há mais de um século.
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Ă“timo amarelo Bahia, 2016, 20 min. De Marcus Curvelo
Dia 10/9, Ă s 10h30 Desisti de ser Ăłtimo e voltei para Salvador, a cidade feliz.
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Quilombo Rio dos Macacos Bahia, 2011, 15 min. de Josias Pires
Dia 10/9, às 10h30 Canudos é aqui, entre Salvador e Simões Filho, na Baía de Aratu. Este filme mostra que a Marinha do Brasil deflagrou nesta região guerra a um grupo de famílias negras descendentes de escravos que vivem ali antes da chegada da marinha. Hoje, constituem mais de 50 famílias reconhecida pela Fundação Cultural Palmares como remanescente de quilombo.
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Vivência em curadoria da perspectiva das mulheres Com Amaranta Cesar, Carla Maia, Janaína de Oliveira, Lis Kogan, Marcela Borela, Maria Cardozo, Mariana Porto, Marisa Merlo e Yasmin Thayná
6 de setembro, das 9h às 17h Local: Fundação Casa Hansen, São Félix Carga horária: 6 horas 20 vagas
Quando pensamos que a existência histórica dos filmes é uma construção da crítica e das instituições curatoriais, instâncias majoritariamente ocupadas por homens, como não suspeitar que a aparente frágil presença de mulheres no cinema brasileiro não se deve também às perspectivas masculinas que estariam imiscuídas aos critérios de valoração dos filmes? Nos perguntamos, então, em que medida a atuação minoritária das mulheres na curadoria e na crítica condiciona os parâmetros de legitimação dos filmes em vigor, bem como a notável negligência crítica em relação às mulheres do/no cinema brasileiro. Assim, a partir da consideração de que a curadoria, instância fundamental para a inscrição dos filmes na História dos cinemas, é uma ação política e perspectivada, a Vivência em curadoria da perspectiva das mulheres levanta e tenta enfrentar a questão: o que podem as mulheres para a legitimação e escritura histórica dos filmes de mulheres e de suas trajetórias? 112
As mulheres, cinema experimental e de autor com Lis Kogan (Semana dos Realizadores), Marcela Borela (Fronteira Festival) e Marisa Merlo (Olhar de Cinema: Festival Internacional de Cinema de Curitiba)
As mulheres e o cinema negro com Janaína de Oliveira (Fórum Itinerante de Cinema Negro – FICINE) e Yasmin Thayná (Afroflix)
Programar filmes de mulheres com Maria Cardozo e Mariana Porto (Festival Internacional de Cinema de Realizadoras - FINCAR)
Sob o risco do Gênero: clausuras, rasuras e afetos de um cinema com mulheres com Carla Maia (Filmes de Quintal, Forumdoc.bh) Mediação de Amaranta Cesar (CachoeiraDoc)
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Oficina Filmes&Luta Limites do filme e da vida memo Com Lincoln Péricles e Tomé das Ruas
7, 8 e 9 de setembro, das 10h às 13h Local: CAHL/UFRB Carga horária: 9h 25 Vagas “O subtítulo da oficina é Limites do filme e da vida memo, ‘memo’ é como falamos ‘mesmo’ lá no Capão Redondo”, explicou o diretor Lincoln Péricles, que irá ministrar a oficina Filmes&Luta com o rapper Tomé das Ruas. Ambos são moradores do bairro do Capão Redondo – periferia de São Paulo, e irão refletir sobre experiências de luta social e da construção de personagens moradores da periferia, que partem de longe dos olhares animalescos que a classe média (as vezes querendo ou não) impôs ao cinema brasileiro. Partindo de uma certeza, de que não se separa estética e política, a oficina propõe uma troca de ideia sobre as limitações dos filmes “de luta”, aqueles que pretendem estar na linha de frente de alguma ideia política, e que em sua maioria é feita por quem, inclusive, não está dentro da própria luta. A oficina contará com a participação de jovens de São Paulo que ocuparam espaços, como escolas e fábricas de cultura, com exemplos de filmes inéditos feito dentro do contexto de ocupações, discutindo agitação e propaganda no contexto do presente, entendendo o que significou isso no passado, pensando nas construções coletivas para o futuro. 114
Encontro de coletivos audiovisuais: política, estética e economia
Com Carolina Canguçu, Gercino Batista, Lindomar dos Santos e Luana Gonçalves (Irmandade dos Atores da Pândega e Associação Quilombola Mato do Tição), Lincoln Péricles (Coletivo Terra de Nós), Marcus Curvelo (Coletivo CUAL), Thiago Mendonça (Coletivo Zagaia). Mediação: Camila Camila (Coletivo Gaiolas)
Dia 10/9, das 9h às 10h30 Local: Cine Theatro Cachoeirano A mesa propõe uma apresentação, encontro e debate entre diversos coletivos audiovisuais de todo o país para que compartilhem e discutam suas experiências de trabalho. Assim, traçaremos um painel contemporâneo desse modo de produção e pensamento sobre o cinema no Brasil. 115
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Som das Binha
6/9, às 21h
Praça Teixeira de Freitas
Flor Orgástica
7/9, às 22h
Pouso da Palavra
Michaela Harrison
8/9, às 22h
Praça Teixeira de Freitas 118
Se o Brasil começou na Bahia, aqui também é onde nasce a primeira JAM formada unicamente por mulheres e com repertório feminino. A fim de criar espaços de aprendizados e trocas musicais, longe do pedantismo machista, o Som das Binha convida musicistas a apresentarem o seu melhor em ciranda sonora que não se restringe a determinados ritmos, pelo contrário, visa a ampla difusão da música concebida por compositoras em suas múltiplas vertentes: no movimento rola samba, rap, carimbó, bossa, xaxado, rock, funk, valsa, arrocha e tudo mais que apetecer às moças.
A Flor Orgástica nasceu de uma maneira despretensiosa e descontraída. Com o intuito de quebrar o tabu de que mulheres não sabem tocar instrumentos, o nome da banda é uma alusão a delicadeza e feminilidade que nos são impostas, correlacionado com o termo orgástica, o que traz liberdade e domínio próprio sobre nossos corpos, mentes e anseios interiores. Composta por Aiala São Luis (guitarra), Ayanne Paixão (baixo), Paloma (vocal) e Rachel Mercês (percussão), a banda busca criar uma sonoridade original com uma setlist de composições autorais e versões, através da mistura de várias referências musicais, em sua maioria femininas.
Radicada em Nova Orleans, já encantou públicos em vários países com a voz e alcance raros. A artista começou a cantar na igreja aos cinco anos de idade. Estudou e viveu no leste da África e no Brasil, sendo fluente em francês e português, além de familiarizada com espanhol e suaíli. Seu repertório, além de autoral, passa também por clássicos do jazz, pop, blues e mpb. 119
Barquinha de Bom Jesus dos Pobres
9/9, às 22h
Praça Teixeira de Freitas
Isto não é uma Mulata
10/9, às 21h30
Praça Teixeira de Freitas
Carol Morena
10/9, às 22h
Praça Teixeira de Freitas 120
A Barquinha é uma tradição cultivada há muitos anos em Bom Jesus dos Pobres, em Saubara. Tem sua origem nas comemorações do ano novo, onde as mulheres da localidade, esposas dos pescadores e dos saveiristas reuniam-se com a comunidade no último dia do ano, como forma de agradecimento às divindades do mar por ter protegido as famílias, suas embarcações e, consequentemente, os seus sustentos. Tocando tambores e dançando no ritmo do samba de roda, elas passavam de casa em casa, pedindo oferendas que eram colocadas numa pequena barca levada por uma das mulheres.
Vencedor do Prêmio Braskem de Teatro 2015, na categoria Revelação, o solo teatral Isto Não É Uma Mulata é uma obra que provoca reflexões sobre a representação da mulher negra, além de apontar as fragilidades do mito da democracia racial brasileira, com ironia e humor. Com criação e atuação de Mônica Santana, a obra ganhou ressonância na cena teatral de Salvador por trazer uma perspectiva de discussão sobre as questões raciais, com uma linguagem aproximada com a performance, mas também incorporando elementos de cultura pop, ironia, depoimento pessoal e apontamentos de teatro épico.
DJ especializada em Novíssima Música Brasileira, é também realizadora de eventos de música em Salvador como o Festival Radioca.
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Ficha técnica Idealização: Amaranta Cesar Coordenação artística e acadêmica: Amaranta Cesar e Ana Rosa Marques Coordenação de Produção: Fernanda Pimenta e Leonardo Costa Curadoria da Mostra com Mulheres: Amaranta Cesar, Ana Carvalho, Carla Maia, Janaína de Oliveira, Lis Kogan, Maria Cardozo, Mariana Porto, Marisa Merlo e Yasmin Thayná Curadoria da Mostra Contemporânea: Amaranta Cesar, Ana Rosa Marques, Camila Gregório, Evandro Freitas, Fabio Rodrigues, Flora Braga, Laís Lima, Maria Clara Arbex e Ulisses Arthur, em parceria com o Cineclube Mario Gusmão Curadoria da Mostra Competitiva Nacional: Amaranta Cesar, Ana Rosa Marques, Evandro Freitas, Flora Braga, Laís Lima e Ulisses Arthur Tráfego: Evandro Freitas Técnico das projeções: Samir Suzart Produção: Heide Costa Produção Local: Clarissa Brandão Mobilização: Fabio Rodrigues Vinhetas: Danilo Scaldaferri Assessoria de Comunicação: Maria Clara Lima Fotos: Danilo Scaldaferri e Fernanda Pimenta Site: Fernanda Pimenta e Leonardo Costa 122
Design Gráfico: Everton Marco e Tiago Ribeiro Mestre de Cerimônias: Mônica Santana Monitores: Anna Terra Peixoto Paiva, Bruna Maria, Camila Gregório, Gabriela Palha, Geilane de Oliveira, Hená Guimarães, Jean Walker, Leopoldo Vaz Eustáquio, Maria Clara Arbex, Marvin Pereira, Mateus Santos Ribeiro, Raí Gandra Registro fotográfico: Állan Maia, Juan Rodrigues e Pedro Maia Coordenação da Cobertura Audiovisual: Flora Braga e Ulisses Arthur Cobertura Audiovisual: Augusto Daltro, Erick Lawrence, Evanize Essi, Léo Costa, Liz Riscado, Lucas Bonillo, Rafael Rauedys, Rudyally Kony Oficina Filmes&Luta - Limites do filme e da vida memo: Lincoln Péricles e Tomé das Ruas Vivência em curadoria da perspectiva das mulheres: Amaranta Cesar, Carla Maia, Janaína de Oliveira, Lis Kogan, Marcela Borela, Maria Cardozo, Mariana Porto, Marisa Merlo e Yasmin Thayná Spot rádio: Emerson Cabral e Evelin Buchegger Troféu: Louco Filho
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Agradecimentos
Adélia Sampaio, Adriano Oliveira, Alana Magalhães, Ana Carvalho, André Reis, Carla Maia, Carlos Menezes Pereira, Carol Morena, Cirlla Machado, Cristina Maure, Cyntia Nogueira, Danilo Scaldaferri, Dona Dilma e Natalice, Edgilson Tavares, Elton Vitor Coutinho, Fabiana Marques, Flora Rodriguez, Helena Solberg, Janaína de Oliveira, Jarbas Jacome, Jefferson Parreira, Jessica Candal, Joana Oliveira, Jorge Cardoso, Letícia Bina, Lis Kogan, Louise Botkay, Marcela Borela, Marcelo Silva, Maria Cardozo, Mariana Porto, Marisa Merlo, Michaela Harrison, Moema Franca, Mônica Santana, Mulheres Audiovisual PE, Olívia Santana, Orquestra Rumpilezz, Pascale Obolo, Paula Regina Andrade, Paloma Cristina, Pouso da Palavra, Rafael Carvalho, Rita da Barquinha, Rose Aguiar, Safia Behaim, Samir Suzart, Sandra Caphé, Silvio Soglia, Tatiana Mazú, Trinh T. Minh-ha, Yasmin Thayná, funcionários do Cine Theatro Cachoeirano, funcionários, alunos e professores da UFRB.
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www.cachoeiradoc.com.br
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