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Cap 10: Quero um marido missionário

Mesmo assim, Sirlei conseguiu um bom emprego em uma loja da cidade, aos 17, e já estava atenta para enxergar o rapaz que seria resposta das suas orações. Começou a namorar com um, que era evangélico, mas se desiludiu ao analisar alguns comportamentos. Ela não desistia. Sentia que o seu marido seria aquele que estudaria a Bíblia com ela, “como os crentes que via lá na roça”.

Por um tempo Sirlei frequentou uma igreja evangélica na cidade, mas sentia que não se encaixava com os rituais e mensagens; até que um vizinho, que era adventista, a convidou para estudar a Bíblia. Imediatamente ela se lembrou dos tios que falavam bastante a respeito dos adventistas.

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A resposta veio em uma noite onde vários amigos se juntaram para comer pastel, e Sirlei não só foi convidada como convocada para preparar os pastéis. Entre outros jovens, Sirlei se sentiu atraída por um rapaz, e a receita desandou. A receita dos pastéis deu errado como nunca antes, mas, mesmo assim, naquele mesmo dia eles iniciaram uma aproximação, o que resultou em namoro pouco tempo depois.

Eles passaram a estudar a Bíblia juntos e mesmo antes do batismo de Sirlei já estavam dando estudos bíblicos para outras pessoas. O pai dela não fazia oposição, já que ela entrava na fase adulta, trabalhava e era evidente que eles logo se casariam. Dar estudos bíblicos com o namorado era uma confirmação dos sonhos de infância.

O batismo aconteceu na primavera, em 1990 e, no ano seguinte, eles se casaram. De volta à roça, morando em uma casa emprestada por uma amiga da igreja, eles iniciaram a vida com bastante dificuldade, porém cientes da direção divina.

Mesmo morando na zona rural, o casal continuou dando estudos bíblicos na cidade, à noite, após o expediente. Os filhos vieram, ficou mais difícil a rotina, mas ainda assim eles nunca deixaram de dar estudos bíblicos juntos.

Cerca de 100 pessoas já foram alcançadas pelo casal, que se envolve também em outras atividades da igreja. Por 14 anos, Sirlei conduziu as iniciativas sociais da Ação Solidária Adventista, realizando mutirões solidários, que atenderam a população em grandes calamidades, com entrega de alimentos, roupas e sapatos. Este reconhecimento das iniciativas levou-a compor a diretoria da Santa Casa da cidade, um trabalho voluntário que a coloca a frente na resolução de um importante aspecto da comunidade: a saúde.

Desde a primeira semana como adventista, Sirlei atende os departamentos infantis da igreja, cuidando principalmente dos juvenis e rol do berço. Atualmente, na liderança do Ministério da Mulher, o projeto envolve mulheres da região em ações que as insiram em atividades de pregação, em classes bíblicas, pequenos grupos ou em duplas missionárias.

Vi tanta pobreza que não consigo esquecer

Os acenos com panos brancos nas mãos eram o sinal da população ribeirinha para os profissionais que atuavam na lancha Luminar II. Era início da década de 1960 e no barco que percorria as barrentas águas do Rio São Francisco, no norte de Minas Gerais, estavam Silvalino e Terezinha Freitas que haviam se casado naquele ano e a primeira residência deles era o quarto localizado no convés da embarcação. A casa era também o local de trabalho dos dois que, logo após poucos dias de lua de mel, já iniciavam uma vida de missão.

Silvalino havia recém-terminado o curso de Enfermagem, no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro, e assumira a função de atendimento à população. Ela, que viveu toda a vida em Juiz de Fora, MG, e completou somente o terceiro ano primário, trabalhava na farmácia, mas era um trabalho não-assalariado. Ela era parceira na missão de Silvalino.

A lancha missionária Luminar II havia sido inaugurada em 1959, dispondo de leitos para atender pacientes e equipamentos médicos; era parte de um trabalho maior iniciado por missionários americanos em 1940, que atuavam também na Amazônia e no interior de São Paulo, na época. Ainda hoje a Igreja Adventista presta atendimento na área de saúde navegando pelos grandes rios brasileiros com a lancha Luzeiro.

Pouco tempo antes de partir navegando por um dos maiores rios brasileiros, Silvalino e Terezinha haviam se tornado adventistas, ouvindo a mensagem pela primeira vez através de Marli, em momentos distintos.

Marli se casou com o irmão de Terezinha e também se encarregou de apresentar Silvalino a ela. Todos frequentavam a igreja adventista central de Juiz de Fora, no mesmo endereço onde o templo ainda hoje está de portas abertas. A cidade tem um grande destaque na história do Brasil, especialmente na época da monarquia e no ciclo do ouro, momento de exploração mineral que deu nome ao estado de Minas Gerais.

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