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Cap 20: Meus pais me ensinaram a ser missionária

Meus pais me ensinaram a ser missionária

As memórias de infância são de uma menina alegre, de cerca de cinco anos, correndo com os amigos entre areia e blocos, se escondendo em cômodos não finalizados. Enquanto isso, os homens adultos se empenhavam no trabalho pesado de alvenaria, em esquema de mutirão aos domingos e, pontualmente, ao meio dia as mulheres apareciam com a refeição. Era um tempo em que todos os membros se reuniam para erguer templos, depois de anos de luta para comprar terrenos, enquanto congregavam em salões alugados.

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Hoadie Kelly Amaral dos Santos nasceu em Poço Verde, SE, em uma família de adventistas. O pai e os tios dela haviam se convertido anos antes, e já trabalhando como colportor, vendendo livros, o pai conheceu a moça que viria ser sua esposa. Ele deu estudos bíblicos para ela e também para toda a família, e juntos eles formaram uma família missionária.

Desde sempre, os pais de Kelly foram envolvidos na implantação de congregações e construção de templos, e ela também começou a atuar desde cedo na igreja; e já na adolescência assumiu uma classe dos primários, na Escola Sabatina. Aos 15 anos, quando teve a oportunidade de estudar em um internato adventista, continuou sendo bastante participativa.

Quando deixou o colégio, Kelly foi morar em Vila Velha, ES, em decorrência de complicações de saúde da avó, com quem ela era muito apegada. Como não conhecia muitas pessoas na nova igreja, foi aos poucos deixando de atuar, mas, logo percebeu que esse comportamento era prejudicial para a espiritualidade.

Para voltar a ser quem era antes, ela procurou o Ministério da Mulher, e logo foi envolvida em diversas atividades, o que a fez ter a certeza de que para se sentir viva espiritualmente deveria estar sempre em ação.

Quando terminou a faculdade de Pedagogia, foi trabalhar como professora e, naquela época, a avó já estava completamente curada. Após o casamento com Hyster Martins Ferreira, aconteceu uma nova mudança, desta vez para a cidade de Uberlândia, MG, o que não provocaria tantas modificações na rotina não fosse o fato de que, agora, ela frequentava uma congregação pequena, chamada de grupo. 84

O choque foi grande porque a igreja que ela frequentava antes recebia cerca de 300 pessoas a cada sábado, em média, e agora, eram apenas 25, menos que 10% da realidade que havia vivido em Vila Velha.

Estar em uma igreja deste tamanho exige maior envolvimento das pessoas, atuando em diversas frentes; e não foi diferente para Kelly. O esposo era tesoureiro e, para a surpresa dela, um ano depois ela foi nomeada para a assumir a direção do grupo. Ela era bastante jovem, mas encarou o desafio.

As experiências adquiridas na igreja anterior foram reaproveitadas agora na nova realidade, e a alegria de ver uma igreja se fortalecer e crescer começou a preencher o coração de Kelly, assim como era o sentimento dos pais naqueles anos da infância dela. Kelly havia crescido em um ambiente onde implantar e ver crescer uma congregação até ter templo próprio era rotina.

Ao longo deste período, Kelly e outros membros da liderança sempre participaram de treinamentos oferecidos pela Igreja, o que fez com que projetos fossem implantados e que eles aprendessem melhores técnicas para desempenhar as funções.

Quando se tornou mãe de Samuel, uma das preocupações de Kelly era como coordenar o tempo de modo que as atividades da igreja não sofressem tanto o impacto, causado pela necessidade óbvia de dedicar tempo para o bebê. Nesta hora Kelly percebeu “que o evangelho não poderia parar, e que para que isso acontecesse deveria incluir o filho na missão”, assim como os próprios pais haviam feito com ela, “incluindo e, de forma não consciente, preparando”, o que sempre lhe trouxe boas recordações.

Desde que se casou, Kelly e Hyster mantinham uma vida ativa de estudos bíblicos e de visitação a membros da igreja, uma das funções da liderança leiga local em apoio ao trabalho do pastor. Depois do nascimento, a dupla formada pelo casal se tornou um trio, porque Samuel sempre estava junto.

Kelly sempre soube que há pessoas sedentas pela Palavra em todos os lugares; a exemplo do local de trabalho do próprio esposo, o que resultou em um grupo de estudos da Bíblia que eles ministram. Acompanhando os pais, o pequeno missionário Samuel tem também o benefício de fazer novos amiguinhos, enquanto as atividades evangelísticas se desenvolvem bem próximo dele, o que sem dúvidas é um ensinamento para o futuro dele na igreja.

O próximo passo da igreja é a implantação de um Clube de Aventureiros, devido ao crescimento de membros e também de crianças. Embora continue atuando como instrutora bíblica, Kelly entendeu que a sua maior paixão no ministério é o trabalho de conservação, através do acompanhamento mais próximo das famílias.

Nos próximos meses, Kelly novamente estará envolvida na construção de um templo, só que desta vez, o processo será diferente, porque a obra será conduzida por uma construtora. Porém, ciente do quanto é bom fazer parte do processo, em um domingo de sol, um mutirão formado pelos membros fez a limpeza do terreno e lá também estava Kelly. Ela não pôde ficar de fora!

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