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MANUEL SÉRGIO RECEBE HOMENAGEM. MAS, QUEM É MANUEL SÉRGIO?

A 20 de novembro, LISBOA homenageou o professor com a medalha Municipal de Mérito Desportivo, pelos ideais que sempre defendeu no desporto. Para Manuel Sérgio "não há jogos, mas pessoas que jogam". E para nós, as medalhas não são dadas, mas sim merecidas pelas pessoas que as recebem. Filósofo, professor e ativista, Manuel Sérgio fundamentou a Ciência da Motricidade Humana e mudou a forma como se pensa o desporto. As suas ideias inovadoras, assentes no lado humano e ético do desporto, influenciaram inúmeros atletas e treinadores como José Mourinho e Jorege de Jesus.

Manuel Sérgio Vieira e Cunha ComIP (Lisboa, 20 de abril de 1933) é um filósofo, professor, educador, ativista e político português. É casado com Maria Helena Cabrita e Cunha (Lisboa, 30 de novembro de 1933). É licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa e Doutor e Professor Agregado em Motricidade Humana pela Universidade Técnica de Lisboa. A sua tese de doutoramento, intitulada "Para uma Epistemologia da Motricidade Humana", defende a existência da ciência da motricidade humana, de que a educação física é a pré-ciência. É sócio da Associação Portuguesa

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de Escritores e autor e co-autor de 37 livros e de inúmeros artigos, em revistas nacionais e internacionais. É professor catedrático convidado aposentado da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa. Foi professor catedrático da Universidade Fernando Pessoa e do Instituto Universitário da Maia. Entre 2001 e 2009, foi diretor do ISEIT (Instituto Piaget Almada). É sócio fundador da Sociedade Internacional de Motricidade Humana e da Sociedade Portuguesa de Motricidade Humana. Foi presidente da Assembleia Geral do Clube de Futebol Os Belenenses e vice-presidente da Direção deste mesmo Clube. Foi também presidente da Assembleia Geral da Associação de Basquetebol de Lisboa e presidente do Conselho Fiscal da Associação de Andebol de Lisboa. Entre 1952 e 1965, foi funcionário do Arsenal do Alfeite (Ministério da Marinha). De 1965 a 1968, foi professor de Português e História na Escola Comercial e Industrial Emídio Navarro e professor de Filosofia no Colégio Padre António Vieira, ambos em Almada. Em 1968, ingressou no Centro de Documentação e Informação do Fundo de Fomento do Desporto e começou por lecionar na Escola de Educação Física de Lisboa, que diplomava instrutores de Educação Física. Era presidente do Fundo de Fomento do Desporto e diretor-geral da Educação Física, Desportos e Saúde o Dr. Armando Rocha. Em 1971, acompanhando os Doutores António Leal de Oliveira, primeiro subdiretor do INEF (Instituto Nacional de Educação Física) e presidente da FIEP (Fédération Internacional d'Éducation Physique) e Celestino Marques Pereira, professor do INEF, participou, em Madrid, no Congresso da FIEP, e passou a ser redator da revista da FIEP, para os países de língua portuguesa. Em 1972, passou a pertencer ao Comité Diretor do Bureau Internacional de Documentation et d'Information d'Éducation Physique et Sport (CIEPS-UNESCO), cargo que deixou em 1978, para seguir a vida universitária. Em 1975, a convite de uma delegação de alunos do INEF que se deslocou a sua casa, com este objetivo, foi convidado para professor do INEF, onde começou a lecionar "Introdução à Política". Seria depois professor no ISEF/UTL das disciplinas de "Introdução à Educação Física", "Filosofia das Atividades Corporais" e, já na Faculdade de Motricidade Humana, "Epistemologia da Motricidade Humana". Em 1976, 1983 e 1985, respetivamente, recebeu convites para ensinar no INEF (Madrid), na Universidade Gama Filho (Rio de Janeiro) e na UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas). A partir de 1977, é colaborador da Editorial Verbo, na sua enciclopédia Polis. É também diretor da coleção "Educação Física e Desportos" da Editorial Compendium - coleção que fundou, na companhia de Noronha Feio. Acedendo a convite de Pierre Parlebas, foi representante, em Portugal, da revista "Motricité Humaine".

Em 1980, é equiparado a professor auxiliar convidado, sob parecer dos Doutores João Evangelista Loureiro, Augusto Mesquitela Lima, Henrique de Melo Barreiros e Francisco Sobral Leal. Foi também depois conferencista no I Congresso Nacional de Medicina Desportiva, organizado pela Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva (Lisboa, 22 a 24 de outubro de 1981). Em 1982, foi preletor, no ciclo de palestras “O Desporto e a Sociedade Moderna”, organizado pelo Instituto Nacional dos Desportos. Neste mesmo ciclo de palestras, orientou um colóquio na companhia dos Profs. Doutores José María Cagigal e José Barata-Moura. Em 1983, nos dias 8 e 9 de abril, participou nas I Jornadas Científico-Desportivas da Associação de Profissionais de Educação Física de Braga. Em 1983, de 4 a 6 de junho, participou no XIV Congresso do Grupo Latino de Medicina Desportiva, realizado em Madrid, no Hospital Provincial, a convite do vice-presidente, Marcos Barroco. Em setembro de 1983, visitou pela primeira vez o Brasil, a convite dos Profs. Doutores Laércio Elias Pereira e Lino Castellani Filho (secretário nacional do Desenvolvimento do Esporte e do Lazer do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva), para participar no Congresso do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, de que foi eleito “sócio benemérito”. De então até hoje, tem visitado anualmente o Brasil, designadamente a convite de várias instituições universitárias. Nos dias 23 e 24 de maio de 1984, participou no ciclo de conferências “Motricidade Humana – Ciência e Filosofia”, organizadas pelo Instituto Superior de Educação Física da Universidade Técnica de Lisboa (ISEF/UTL), na companhia de Armando Castro, Luiza Janeira e

Jorge Correia Jesuíno. Apresentou o trabalho “A Investigação Epistemológica, na Ciência da Motricidade Humana”. Em 20 de julho de 1984, foi eleito, em Assembleia Geral do Clube de Futebol “Os Belenenses”, por proposta de Acácio Rosa, “sócio de mérito” deste mesmo clube. Durante o mês de novembro de 1984, proferiu palestras em sete ilhas da Região Autónoma dos Açores, a convite do diretor regional de Educação Física e Desportos, Eduardo Monteiro. Em agosto de 1985, publica no Brasil (Palestra Edições Desportivas, Rio de Janeiro) um opúsculo intitulado “Ciência da Motricidade Humana – uma investigação epistemológica”. Durante o mês de setembro de 1985, visitou o Brasil, a convite da Universidade Federal da Paraíba e do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Em Novembro de 1985, é diretor do I Curso de Treinadores de Futebol de Salão, organizado pela Associação de Futebol de Salão de Lisboa. Em 6 de junho de 1986, defende a sua tese de doutoramento, sob a orientação do Prof. Doutor João Evangelista Loureiro, vice-reitor da Universidade de Aveiro, no ISEF/UTL. Nesta sua tese, defende não só a existência da ciência da motricidade humana (CMH), que integra, no seu entender, o desporto, a dança, a ergonomia e a reabilitação, como também fundamenta, epistemologicamente, a criação da Faculdade de Motricidade Humana que, administrativa e politicamente, se deveu ao Prof. Doutor Henrique de Melo Barreiros, então presidente do Conselho Científico do ISEF/UTL. A tese é antidualista, antipositivista e pós-moderna, dado que se integra numa transição paradigmática e num conhecimento-emancipação (Boaventura de Sousa Santos) e portanto anticolonialista e anti-imperialista. Do ponto de vista epistemológico, a tese é pós-cartesiana, pois rejeita o dualismo “res cogitans” versus “res extensa” (reflexo do dualismo social e político) e até as duas culturas sugeridas por C. P. Snow e aceita a complexidade humana. Manuel Sérgio cria mesmo uma definição nova de motricidade: "a energia para o movimento intencional da transcendência, ou superação”. Trata-se de um “paradigma emergente”, mas que sabe que “o princípio da incompletude de todos os saberes é condição de possibilidade de diálogo e debate epistemológicos, entre diferentes formas de conhecimento” (Boaventura de Sousa Santos, “A Gramática do Tempo - para uma nova cultura política”, Edições Afrontamento, Porto, 2006). A CMH é, para Manuel Sérgio e para a Sociedade Internacional de Motricidade Humana, uma nova ciência social e humana. Para eles, a educação física, epistemologica e ontologicamente, não existe, porque não existe uma educação unicamente de físicos. No entanto, nas aulas e em conversas particulares, já vai chamando também à CMH um “híbrido cultural”, misto de ciência, tecnologia, arte, filosofia e senso comum. De igual modo e de acordo com o que este autor defende, há mais de 20 anos, a própria “preparação fìsica” do desporto altamente competitivo não tem sentido, já que o treino se deve subordinar a um modelo de jogo, onde são trabalhados simultaneamente os vários aspetos do ser humano. Os brasileiros Anna Feitosa (na Universidade do Porto), Ubirajara Oro (na Universidade Técnica de Lisboa), João Batista Tojal (na Universidade Técnica de Lisboa), Vera Luza Lins Costa (na Universidade Técnica de Lisboa), Luciana do Nascimento Couto e Ana Maria Pereira (na Universidade da Beira Interior), a espanhola Ana Rey Cao (na Universidade da Corunha), os portugueses Paulo Dantas e Abel Aurélio Abreu de Figueiredo (na Universidade Técnica de Lisboa) e o chileno Sérgio Toro Arévalo (na Pontifícia Universidade Católica do Chile) fizeram as suas teses de doutoramento fundamentados na CMH, que Manuel Sérgio criou. Outro tanto poderá dizer-se das teses de mestrado dos Mestres Vítor Ló e Carlos Pires (na Universidade da Beira Interior), do Prof. Doutor Gonçalo M. Tavares (na Universidade Nova de Lisboa), da Mestre Fernanda Sofia da Silva Gonçalves (na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)[1] e do doutoramento de Ermelinda Ribeiro Jaques, doutorada em Ciências da Enfermagem (no ICBAS/Universidade do Porto). Foi professor convidado, durante os anos de 1987 e l988, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-Brasil). Lecionou nos cursos de graduação da Faculdade de Educação Física e nos doutoramentos da Faculdade de Educação. O convite foi subscrito pelo Reitor Paulo Renato Souza (que seria depois o Ministro da Educação dos governos do presidente Fernando Henrique Cardoso), sob proposta do Prof. Doutor João Batista Tojal, ao tempo diretor da Faculdade de Educação Física da Unicamp. Foi depois conferencista, na 40.ª Reunião Anual da Sociedade

Brasileira para o Progresso da Ciência (S. Paulo, 10 a 16 de junho de 1988). Em 1988, foi patrono, eleito pelos alunos, do primeiro de curso de Educação Física da Unicamp. Em 1989, o ISEF (Instituto Superior de Educação Física) passou a Faculdade de Motricidade Humana, à luz da Ciência da Motricidade Humana (CMH). A propósito, salienta-se que é Manuel Sérgio o primeiro a dizer (em Portugal e não só): que a Educação Física é um cartesianismo; que a CMH é uma ciência humana – tendo provocado uma verdadeira revolução na teoria e na prática do desporto. No livro “Motrisofia – Homenagem a Manuel Sérgio”, José Mourinho refere a importância das ideias de Manuel Sérgio, na sua carreira de treinador (pp. 119/120). Em 1990, Medalha de Mérito Desportivo, concedida pelo Presidente da República do Brasil, José Sarney (Diário Oficial, de 19 de fevereiro de 1990). Em maio de 2013, foi nomeado Provedor da Ética no Desporto. "As Lições do Professor Manuel Sérgio" é uma síntese do seminário realizado no Museu Nacional do Desporto, de 27 a 31 de maio de 2013. Actividade política De 1991 a 1995, foi deputado à Assembleia da República, na VI Legislatura (1991-1995), pelo Partido da Solidariedade Nacional, de que foi o primeiro presidente. O PSN deixaria o parlamento depois das legislativas de 1995 e decairia constantemente a partir de então até finalmente se extinguir depois de fracos resultados nas legislativas de 2002. Condecorações e honras Em fevereiro de 1990, foi distinguido pelo Governo Brasileiro, com a medalha de mérito desportivo. Em 21 de junho de 2007, foi galardoado pelo Governo Português com a Honra ao Mérito Desportivo, durante uma sessão solene presidida pelo Secretário de Estado da Juventude e do Desporto. No mesmo dia, a Presidente da Câmara Municipal de Almada anunciou a atribuição a Manuel Sérgio da Medalha de Ouro desta cidade, que recebeu, em cerimónia pública, no dia 10 de julho do mesmo ano. No dia 14 de setembro de 2007, a Assembleia Legislativa de São Paulo, por proposta do deputado Simão Pedro, líder parlamentar do Partido dos Trabalhadores, homenageou Manuel Sérgio, pela criação da Ciência da Motricidade Humana. Em 21 de março de 2017, foi feito Comendador da Ordem da Instrução Pública, distinção que lhe foi entregue em 5 de dezembro de 2017 em cerimónia presidida pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.[2] Obras Entre o nevoeiro da serra (1963) Para uma nova dimensão do desporto (1974) Para uma renovação do desporto nacional (1974) Desporto em Democracia (1976) A prática e a educação física (1977) Homo Ludicus (1978) Heróis Olímpicos Do Nosso Tempo (1980) Filosofia das Actividades Corporais (1981) Ideário E Diário (1984) Para uma epistemologia da motricidade humana (1987) A Pergunta Filosófica e o Desporto (1991) Motricidade Humana – contribuições para um paradigma emergente (1994) Epistemologia da Motricidade Humana (1996) O Sentido e a Acção (1999) Um Corte Epistemológico: da educação física à motricidade humana (1999) Algumas Teses sobre o Desporto (1999) Da educação física à motricidade humana (2002) Alguns Olhares sobre o Corpo (2004) Para um novo paradigma do saber e… do ser (2005) Textos Insólitos (2008)

Crítica da Razão Desportiva (2012) As Lições do Professor Manuel Sérgio (2013) O Futebol e Eu (2015) Futebol: ciência e consciência (2017)

RAMSSÉS DE SOUSA SIVA

A prática do Remo começou em nossa cidade por volta do ano de 1900, às margens do rio Anil. O esporte ganhava mais visibilidade em períodos festivos, em especial nas comemorações da adesão do Maranhão à Independência, em que a elite local participava de competições que se iniciavam nas proximidades do Palácio dos Leões e findavam nas imediações da Praça Gonçalves Dias.

Curiosidade: Um dos motivos que colaborou para a falta de sucesso do esporte em nossa cidade foi a presença de tubarões na região.

HTTPS://SAOLUISEMCENA.BLOGSPOT.COM/2010/11/O-REMO-E-AS-REGATAS-DE-19001929.HTML?M=1&FBCLID=IWAR1GXKGPDLKZW7ECX7E-430IMMZS34865F9OWLUMKPUQBNQYV1XG_HMXPYY

Origens Em 1900, os “sportmen” maranhenses tentam implantar mais uma modalidade esportiva - desta vez, voltaram-se para o remo, e a utilização dos rios Anil e Bacanga. É criado o “Clube de Regatas Maranhense”, instalado na Rua do Sol, 36. Manoel Moreira Nina foi seu primeiro presidente: “Club de Regatas Maranhense - Director Presidente - Manoel G. Moreira Nina; Vice Director Presidente - Jorge Brown; Director Secretário - José Carneiro Freitas; Director Thesoureiro Benedicto J. Sena Lima Pereira; Director Gerente - Alexandre C. Moreira Nina; Supplentes: 1º Manoel A. Barros; 2º - Othon Chateau; 3º José F. Moreira de Souza; 4º - Antônio José Silva; 5º Almir Pinheiro Neves; Commissão d’Estatutos: Dr. Alcides Pereira; Eduardo de A. Mello; Manoel Azevedo; Arthur Barboza Pinto; João Pedro Cruz Ribeiro”. (“A Regeneração”, 21 de fevereiro de 1900). Essa iniciativa foi efêmera. Os primeiros passos foram dados, para colocar as coisas no rumo certo, mas faltaram recursos para aquisição das embarcações apropriadas e também faltou apoio do comércio e das autoridades constituídas.

1908

A 13 de setembro voltou-se a falar na implantação do remo chegando a ser organizada uma competição, envolvendo duas equipes que guarneciam os escaleres “Pery” e “Continental”. Os irmãos Santos estavam envolvidos em uma prática esportiva - Nhozinho - como era mais conhecido Joaquim Moreira Alves Dos Santos - como timoneiro e Maneco - Manoel Alves dos Santos - como voga; A. Lima (sota-voga); B. Azevedo (sota-proa); e A. Vasconcelos (proa), na “Pery”. A largada deu-se onde é a ponte do São Francisco, com chegada na rampa do Palácio, sendo vitoriosa a baleeira “Continental”, que tinha no timão, F. Oliveira; como voga, J. M. Sousa; voga, J. Sardinha; sota, Maneco Sardinha; e na proa, Raimundo Vaz. Essas atividades, realizadas no rio Anil, começam a se tornar hábito das manhãs de domingo e feriados, contando com uma boa afluência de público.

Nas comemorações de 28 de julho em São Luis, houve outra prova de remo, tomando parte da mesma militares do 24º BC do Exército e da Marinha (Capitania do Porto e Escola de Marinheiros), sendo utilizado barco a dois remos. A elite maranhense fez-se presente tomando parte ativa, pois atuaram como árbitros da competição: os coronéis Albino Noronha e Carlos, e os doutores João Alves dos Santos, Antônio Lobo, Domingos Barbosa, Viana Vaz foram os juizes de chegada. Na partida, funcionaram Braulino Lago, capitão-tenente Rogério Siqueira, Dr. Armando Delmare, João José de Sousa, Francisco Coelho de Aguiar e o Dr. José Barreto; como juizes de raia, estavam o comandante João Bonifácio, Charles Clissot, Agnelo Nilo e Antônio José Tavares; sendo o diretor de regatas, o tenente Haroldo Reis. A saída deu-se na Rampa do Palácio, tomando parte nos diversos páreos os escaleres: o do comércio tinha como patrão Antônio da Silva Rabelo; o “Fogo”, contava com o mestre João Tibúrcio Mendonça; o “Espírito Santo”, tinha como mestre Manoel Joaquim Lopes; o “Remedinhos”, com Hermenegildo A. de Oliveira; o “Alfândega”, Bernardo de Serra Martins; o “Oriental”, João Romão Santos; o “São José”, Raimundo Alves dos Santos; o “Flor da Barra”, de Carlos Moraes. Participaram ainda, os escaleres “João Lisboa”, “Gonçalves Dias”, “São Luís”, “Nero”, “28 de Julho”, “Correio” e “Bequimão”. O trecho entre a Rampa do Palácio e a Praça Gonçalves Dias estava todo tomado por um grande público. A partir daí, quase todos os anos, no dia 28 de julho, essas competições faziam parte das festividades. Mesmo assim, as regatas foram se arrastando em São Luís, com os abnegados, aqui e ali, aproveitando uma comemoração para realizar uma prova no rio Anil. O “Clube de Regatas Maranhense” chegou a ser fundado novamente, muito embora as condições do rio não apresentassem as ideais, pois não oferecia segurança. O mar, em determinadas épocas, ficava muito agitado, temendo-se que uma virada ou o desequilíbrio de um tripulante pudesse vir a ser fatal, dada a freqüência dos tubarões.

1910-1915

Neste período, a modalidade esportiva de remo entrou em crise no Maranhão, voltando a reviver posteriormente graças ao empenho do cônsul inglês em São Luís, Sr. Charles Clissot.

1916

Mesmo com contratempos, foram promovidas algumas competições de remo em São Luis, sempre no rio Anil, como a deste ano, que tinha como objetivo implantar, definitivamente, o remo, inclusive com a criação de uma “Liga do Remo”. (Martins, 1989, p. 217). Os amantes do “esporte do muque”, como era conhecido, adquiriram no Pará - onde o remo estava plenamente consolidado - duas baleeiras apropriadas, batizadas de “Jacy” e “Alcion”. Devidamente equipadas, eram guarnecidas por empregados do comércio, que se apresentavam bem adestrados no seu manejo. No dia 26 de março as duas embarcações fizeram-se ao mar, realizando um “passeio”. A “Jacy” - equipe branca – tinha como guarnição J. Nava (timoneiro); Júlio Galas e A. Martins (vogas); A. Santos e Nestor Madureira (sota-vogas); Humberto Jansen e A. Cunha (sota-provas); e S. Silva e J. Travassos (proas); já a “Alcion” - trajes azuis -, contava com Humberto Fonseca (timoneiro); A. Paiva e Avelino Farias (vogas); e A. Rosa e M. Borges, como proas. As competições realizavam-se isoladamente, no rio Anil, e não há registro do por que a “Liga do Remo” não se estruturou. Nas manhãs de domingo, as embarcações realizavam passeios, mais como recreação do que como disputa, não obstante os esforços do capitão Melo Fernandes, dos vogas Barão Mota, Agostinho e Manoel Tavares, dos sota-proas Acir Marques e Haroldo Ayres, dos proas Joaquim Carvalho e Francisco Viana e do “crock” Maneco Fernandes. Na Escola de Aprendizes de Marinheiros o remo também era praticado, dispondo de uma guarnição que treinava diariamente. Contava com os vogas Cantuária e Fulgêncio Pinto; como sota-vogas, com Almeida e Abreu; na proa, Belo e Matos; sota-proas, Zinho e Oliveira e o patrão era Fritz.

Neste ano – em plena 1ª. Guerra Mundial -, enchia-se de esperança para os praticantes dos esportes. No Maranhão, dizia-se que dois esportes marcariam presença definitiva para ficar, o remo e o futebol: “Apesar da guerra, das crises financeiras, do alto custo de vida, etc., a mocidade só pensava no futuro, olhos fixos no dia de amanhã, e, por isso, preparava-se fisicamente. Pensar diferente era ir de encontro à lógica dos fatos que se nos apresentavam diariamente, onde se viam rapazes, que eram incapazes de levantar, como dizia o adágio popular, um gato pelo rabo. Era inadmissível e errônea a educação do espírito sem a educação dos músculos, como dizia Müller. De tudo o homem devia saber. Um organismo raquítico nada valia. Era o importante para suportar uma moléstia, comentavam os críticos. Pregava-se o exercício do remo, porque esse esporte era de uma real utilidade. Esperava-se para breve que, na capital do Maranhão, pudéssemos nos rejubilar da existência de um bom futebol e que o remo se tornasse um esporte definitivo, com prática assídua” (Martins, 1989).

1927-1929

Promoveram-se alguns festivais, no rio Anil, em São Luís, sempre com receios de ataques de tubarões, que subiam para desfrutar dos dejetos despejados pelo Matadouro Modelo. Em 28 de julho de 1928, promoveu-se uma regata, em homenagem ao comandante Magalhães de Almeida, tendo a frente os “sportmen” Antônio Lopes da Cunha, sempre envolvido com as coisas do esporte, Cláudio Serra, Hermínio Belo, Benedito Silva e Gentil Silva. As embarcações não eram apropriadas, usando-se botes de quatro remos para a distância de 500 metros, embarcações de pesca à vela e outras de qualquer espécie, desde que não superiores a dez palmos de boca, embarcações com motores de popa ou internos, lanchas à gasolina, etc. As embarcações tinham os mais variados nomes: “Maranhão”, comandada pelo patrão Justo Rodrigues; “Sampaio Corrêa”, com Gino Pinheiro, como patrão; o bote “São José”, com Horácio dos Santos como patrão. A firma Marcelino Almeida & Cia - proprietária do “Loyde Maranhense”-, colocou os vapores “São Pedro” e “São Paulo” à disposição dos convidados especiais. Para as comissões, foram cedidos os rebocadores “Mero”, “Loyd”, e “Satélite”, gentileza da “Booth Line Co.”, do “Loyd Brasileiro” e de “Santos Seabra & Cia”. Naturalmente que o homenageado - Magalhães de Almeida - foi o presidente do Júri de Honra, que contou ainda com as presenças de Dr. Pires Sexto, do comandante Martins, do coronel Zenóbio da Costa, Dr., Jaime Tavares, Major Luso Torres, Dr. Basílio Franco de Sá, Dr. Constâncio de Carvalho e João de Mendonça. A “comissão de chegada” era composta por Clóvis Dutra, Agnaldo Machado da Costa, Dr. Horácio Jordão, Dr. Waldemar Brito, e Sr. Edmundo Fernandes; a “comissão de partida e raia”, contava com Cláudio Serra, Hermínio Belo, Melo Fernandes e Américo Pinto; o cronista, Gentil Serra e o Diretor técnico da Regata, Arnaldo Moreira. Os dois primeiros páreos homenagearam o coronel Zenóbio da Costa, comandante da Força Pública do Estado, a Associação Maranhense de Esportes Atléticos - AMEA -, na pessoa do Dr. Waldemar Brito; o terceiro, foi em homenagem ao aniversariante do dia, o comandante Magalhães de Almeida, então governador do Maranhão; o quarto, foi em homenagem ao Capitão dos Portos, comandante Moreira Martins, com o quinto, sendo homenageado o Prefeito de São Luís, Dr. Jaime Tavares e, finalmente, no sexto páreo, o homenageado foi o major Luso Torres, comandante do 24º BC, do Exército. Dado ao êxito da manhã esportiva, cogitou-se na criação do “Clube de Regatas Atenas”, que teve como incorporadores e fundadores, os esportistas Sílvio Fonseca, José Simão da Costa, Euclides Silva, Herculano Almeida, Carlos Aragão, Dário Gusmão, Anísio Costa, Murilo Viana, Francisco Lisboa, e José Teixeira Rego. Para começar, iria se adquirir uma iole a quatro remos, medindo 11 metros de comprimento - a primeira no gênero a singrar águas maranhenses -; esperando-se que outras fossem “financiadas”. Mas o novo esporte do remo em São Luis feneceu nos anos seguintes.

Fontes: Martins, Dejard Ramos. Esporte: Um Mergulho no Tempo. São Luís: Sioge, 1989 Remo no Maranhão, 1900 – 1929 Leopoldo Gil Dulcio Vaz (2005) Foto: Maranhão 1908, Gaudêncio Cunha.

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