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Max Shannon é um bom policial, um dos melhores em Nova Execução York. Nascido com um escudo natural que protegê-lo contra invasões emntais de Psys, ele sabe que tem poucas chances de progresso dentro da estrutura dominada de poder Psy. O último caso, que ele espera ser atribuído é a de um assassino alvo assessores mais próximos um Conselheiro do Psy. E a última mulher que ele espera para compeli-lo da forma mais sensual de formas é um Psy à beira de uma fratura catastrófica mental ... Sophia Russo é uma Justiça Psy, amaldiçoada com a capacidade de recuperar memórias de homens e mulheres tão torcidas até policiais veteranos manter a distância. Apontado como elo de Max com o Psy, ela se
vê
fascinado
por
este
homem, seu
coração
congelado ameaçando a descongelar com a emoção proibida. Mas, sua mente cheia de pesadelos de outras pessoas, o mal de outras pessoas, ela está de pé, na fronteira entre a sanidade e uma escuridão de seda que pede a ela para fazer justiça com as próprias mãos, para tornar-se juiz, júri e carrasco...
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Glossário Psy—Changeling Changelings – São humanos que podem se transformar em animais. Eles têm duas naturezas, humana e animal, e são mais fortes, mais rápidos, e com sentidos mais aguçados do que humanos comuns. Eles vivem em Clãs e possuem uma hierarquia rígida e bem definida. Os dois clãs principais na série são os DarkRiver (leopardos) e os SnowDancer (lobos). Temos:
DarkRiver DarkRiver é um clã de changelings leopardos que é um dos mais poderosos dos Estados Unidos e que controla San Francisco e arredores. Eles possuem uma aliança recém—formada com os SnowDancers, um antigo inimigo. Alfa:Lucas Hunter Curadora:Tamsyn Ryder Sentinelas:São os imediatos e guarda pessoal do alfa. Eles são: Nathan ―Nate‖ Ryder, Clay Bennett, Vaughn D‘Angelo, Mercy Smith e Dorian Christensen
SnowDancer Como um dos clãs mais dominantes na Califórnia e um dos maiores nos Estados Unidos, o clã de lobos SnowDancer é uma força a ser considerada. Eles são conhecidos por sua crueldade, o que faz deles um inimigo mortal e um valioso aliado. Alfa:Hawke Curadora:Lara Tenentes – São os imediatos e guarda pessoal do alfa. Eles são: Riley Kincaid, Tomas, Índigo Riviere, Cooper, Jem, Alexei, Matthias, Kenji e Riaz.
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Psys Psys – São uma raça com grandes poderes psíquicos. Esses poderes cobraram um alto preço a eles; loucura, psicoses, psicopatias. O Conselho Psy então decidiu implantar o Protocolo do Silêncio, que objetivava eliminar todas as emoções da raça. Os Psys passaram a ser friamente controlados e práticos. Eles lideram o governo e os negócios, e todas as suas decisões são baseadas em eficiência e lógica. Ou, pelo menos, deveriam ser. O Conselho Psy lidera a raça e faz suas próprias leis. Ele é formado por sete Conselheiros: Nikita Duncan, Ming LeBon, Tatiana Rika-Smythe, Shoshanna Scott, Kaleb Krychek e Marshall Hyde.
Henry
Scott,
Algumas designações Psy: E (Empatia) – É a habilidade de sentir e manipular as emoções de outros seres sencientes. Empatas podem afetar um ou mais indivíduos por vez e curar traumas emocionais. Eram conhecidos no passado como curadores de mentes. J (Justiça) – Capacidade de acessar as memórias de pessoas que são suspeitas de algum crime, descobrindo através delas o que eles sabem. Eles fazem parte do sistema de justiça e só são chamados em casos especiais. M (Medicina) – Existem vários tipos de M—Psys, sendo os mais conhecidos os que podem ―ver‖ dentro do corpo e diagnosticar doenças e fraturas. Alguns M—Psys têm a capacidade de ―enxergar‖ em um nível celular, podendo analisar o DNA, por exemplo. Apenas uma pequena parcela de M—Psys pode realmente curar. P (Previsão) – É a capacidade de ―ver‖ um evento futuro antes que ele aconteça. Uma rara expressão da previsão é a capacidade de ver o passado. P—Psys que veem principalmente o passado são extremamente raros, mas a maioria dos videntes pode ter um ou dois flashes do passado durante o ano.
Ps (Psicometria) – Em termos básicos, aqueles nascidos com a habilidade Ps podem obter informações tocando objetos. Ps—Psys serão discutidos mais adiante no decorrer da série. Tp (Telepatia) – É a habilidade de se comunicar mentalmente com outra pessoa. Todos os Psys são telepatas em algum grau, pois essa capacidade é essencial para que eles possam se ligar à PsyNet. Telepatas puros são raros, e
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eles podem enviar e receber mensagens ao longo de grandes distâncias com clareza cristalina. X – Uma designação obscura mesmo entre os Psys. Eles serão discutidos mais adiante na série. Tc (Telecinese) – Habilidade de mover a matéria com a mente. Alguns são capazes de se teletransportar (viajar de um lugar para outro usando poder psíquico). Subdesignações da Telecinese: Tc-Celular – Habilidade de controlar as funções de seu próprio organismo ou as de outro ser vivo em um nível celular. Eles podem, entre outras coisas, parar o coração de um inimigo com um pensamento ou fazer com que seu próprio corpo se cure mais rápido, por exemplo. São muito raros. Tc-V (Viajantes) – Esses Psys são verdadeiros teletransportadores e podem ir de um lugar a outro num piscar de olhos. Viajantes são extremamente, extremamente raros. Serão discutidos mais adiante na série.
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Quando o primeiro Psy escolheu o Silêncio, primeiro escolheu para sepultar suas emoções e se transformar em pessoas frias que não se importavam com nada de amor ou ódio, eles tentaram isolar a raça dos humanos e changelings. O contato constante com as raças que continuaram a abraçar, fazia com que a emoção tornasse muito mais difícil de manter o seu próprio condicionamento. Era um pensamento lógico. No entanto, revelou-se impossível na prática. Economicamente só fez o isolamento um objetivo inviável. Os Psy poderiam ter sido vinculados à PsyNet, a vasta rede psíquica que ancoravam suas mentes, mas não eram todos iguais. Alguns eram ricos, alguns eram pobres, e alguns estavam apenas chegando. Eles precisavam de postos de trabalho, precisavam de dinheiro, alimento necessário. E o Conselho Psy, com toda a sua força brutal, não poderia fornecer suficientes posições internas para milhões de pessoas. Os Psys tinham que continuar a fazer parte do mundo, um mundo cheio de caos por todos os lados, a rebentar pelas costuras com os extremos de alegria e tristeza, medo e desespero. Aqueles Psy que quebraram sob a pressão foram discretamente "reabilitados", limparam suas mentes, suas personalidades foram apagadas. Mas outros prosperaram. Os M-Psy, dotados com a capacidade de olhar para dentro do corpo e diagnosticar doenças, realmente nunca tinham sido retirados do mundo. Suas habilidades eram muito apreciadas por todas as três raças, e eles trouxeram um bom rendimento.
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Os membros menos poderosos da população Psy retornaram a seus postos de trabalho comuns, com tarefas cotidianas, como contadores e engenheiros, donos de lojas e empresários. Existiam os que gostavam, desprezavam, ou meramente toleravam, mas eles simplesmente faziam. Os mais potentes, em contraste, foram absorvidos na superestrutura do Conselho sempre que possível. O Conselho não queria perder nenhuma chance de ser mais forte. Em seguida, houve os J. Telepatas que nasceram com uma peculiaridade que lhes permitiam escavar nas mentes e recuperar memórias, então partilhar essas memórias com os outros, os Js faziam parte do "mundo do sistema de justiça‖ desde que havia um mundo. Não havia bastante J-Psy para lançar luz sobre a culpa ou inocência de cada acusado, eles eram trazidos em apenas casos mais hediondos: os tipos de casos que faziam com que detetives veteranos vomitassem e calejados repórteres darem um passo horrorizado para trás. Percebendo o quão vantajoso seria ter uma entrada em um sistema que mexia tanto em seres humanos e, às vezes, secretamente nos bandos de changelings, o Conselho permitiu que o Js não apenas continuassem, mas expandisse seu trabalho. Agora, no alvorecer do ano de 2081, o Js são uma parte do sistema de Justiça, e sua presença não levanta as sobrancelhas, não causa ondulações. E, para as inesperadas consequências mentais de trabalho de longo prazo como um J... bem, os benefícios superam o problema ocasional de serem assassinados.
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Circunstâncias não fazem um homem. Se o fizesse, eu deveria ter cometido meu primeiro furto com 12, meu primeiro roubo com 15, e meu primeiro assassinato com 17. ―A partir das notas de casos particulares do Detective Max Shannon.‖
Foi quando ela estava sentada olhando para o rosto de um sociopata, que Sophia Russo percebeu três verdades irrefutáveis. Um: Em toda a probabilidade, ela tinha menos de um ano antes que fosse condenada a reabilitação integral. Ao contrário de reabilitação normal, o processo não apenas acabaria com a personalidade dela, a deixaria um vegetal babando. Compreensivelmente teria 99 por cento dos seus sentidos psíquicos fritos também. Tudo para seu próprio bem, é claro. Dois: não tinha um único indivíduo nesta terra que lembraria o nome dela depois que desaparecesse do serviço ativo. Três: Se ela não fosse cuidadosa, logo acabaria tão vazia e tão desumana como o homem do outro lado da mesa... Porque a sua vontade queria apertar sua mente até que ele choramingasse, até que ele sangrasse, até que implorasse por misericórdia. O mal é difícil de definir, mas ele estava sentado nesta sala. O eco das palavras do detetive Max Shannon a puxou de volta da tentação sussurrante do abismo. Por alguma razão, a ideia de ser rotulada de mal por ele era... não era aceitável. Ele olhou para ela de uma forma diferente de outros
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machos humanos com os olhos observando suas cicatrizes, mas apenas como parte do pacote que era o seu corpo. A resposta tinha sido extraordinária o suficiente para fazê-la parar, encotrar o seu olhar, tentar adivinhar o que ele estava pensando. O que se mostrou impossível. Mas ela sabia o que Max Shannon queria. Bonner sabia onde ele enterrou os corpos, e nós precisamos dessa informação. Fechando a porta na escuridão dentro dela, ela abriu os olhos psíquicos, alcançando seus sentidos telepáticos, começou a percorrer os caminhos trançados da mente de Gerard Bonner. Ela tinha tocado muitas, muitas mentes depravadas ao longo de sua carreira, mas esta era totalmente e absolutamente original. Muitos dos que cometeram crimes deste calibre tinham uma doença mental de algum tipo. Ela entendia como trabalhar com as suas memórias, por vezes desconexas e fragmentadas. A mente de Bonner, em contraste, era limpa, organizada, cada memória em seu devido lugar. Exceto que os lugares e as memórias que continham não faziam sentido, tendo sido filtrada através da lente fria de seus desejos sociopatas. Ele via as coisas como desejava vê-las, a realidade distorcida, até que fosse impossível distinguir a verdade das teias de mentiras. Acabando com a varredura telepática, ela levou três segundos discretos para centrar-se antes de abrir os olhos físicos para olhar para as ricas íris azuis do homem que a mídia achou tão convincente. Segundo eles, ele era bonito, inteligente, magnético. O que ela sabia de fato era que ele fez um MBA de uma instituição altamente considerada e veio de uma das famílias proeminentes de humanos em Boston. Havia um sentimento predominante de descrença de que ele também era o Açougueiro de Park Avenue, o apelido cunhado após a descoberta do corpo de Carissa White ao longo de uma das avenidas mais famosas "verde" medianas. Coberto com tulipas e narcisos na primavera, que tinha sido uma das maravilhas com as árvores cheias de neve e luzes de fadas quando Carissa foi despejada lá, seu sangue uma marca dura na neve. Ela foi à única das vítimas de Bonner que nunca tinha sido encontrada, e a natureza pública do local de despejo tinha tornado seu assassino em uma
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estrela instantânea. Também havia quase chegado a ele, e pegou somente o fato de que a testemunha que tinha o visto correndo da cena estava muito longe para dar qualquer tipo de descrição útil, e isto salvou o monstro.
— Eu tive muito mais cuidado depois disso, — Bonner disse, vestindo o leve sorriso que fazia as pessoas pensarem que eles estavam sendo convidados a partilhar uma piada secreta. - Todo mundo é um pouco desajeitado na primeira vez. Sophia não esboçou nenhuma reação ao fato de que o ser humano em frente a ela tinha acabado de "ler a mente dela", tendo esperado que o truque funcionasse. De acordo com seu arquivo, Gerard Bonner era um grande manipulador, capaz de ler os sinais da linguagem corporal e expressões faciais em um minuto, um gênio com incrível nível de precisão. Mesmo o Silêncio, ao que parece, não era proteção suficiente contra a sua capacidade de ter revisto as transcrições visuais de seu julgamento, ela devia fazer a mesma coisa para outro Psy.
— É por isso que está aqui, Sr. Bonner, — ela disse com uma calma que estava crescendo cada vez mais fria, cada vez mais remota, um mecanismo de sobrevivência que logo relaxaria os estilhaços remanescentes de sua alma. — Você concordou em dizer os locais de suas vítimas em troca de mais privilégios durante o seu encarceramento. A sentença de Bonner dizia que ele iria passar o resto de sua vida natural em D2, uma prisão de segurança máxima localizada nas profundezas do interior montanhoso de Wyoming. Criada no âmbito de um mandato especial, a D2 tem alojado os detentos mais cruéis de todo o país, aqueles considerados de alto risco para permanecer no sistema prisional normal.
— Eu gosto de seus olhos, — Bonner disse, seu sorriso alargando quando ele traçou a rede de linhas finas no rosto com um olhar que a mídia havia identificado como "mortalmente sensual." — Eles me fazem lembrar de amoresperfeitos. Sophia simplesmente esperou, deixou-o falar, sabendo que suas palavras poderiam ser de interesse para os fazedores de perfis que estavam na sala do outro lado da parede às suas costas, observando a sua reunião com Bonner em
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uma tela grande.
Excepcionalmente para um criminoso humano, havia
observadores Psys nesse grupo. Os Padrões mentais de Bonner eram tão aberrantes que incitavam seu interesse. Mas não importava as credenciais desses perfis Psy, as conclusões de Max Shannon eram as que Sophia tinha se interessado. O detetive de Execução não tinha habilidades Psy, e ao contrário do açougueiro sentado em frente a ela, seu corpo era um cordel de musculatura magra. Elegante, ela pensou, semelhante a um musculoso puma. No entanto, quando chegou a hora, foi o puma que ganhou, tanto sobre a força que deixava esticado o macacão de prisão de Bonner, como sobre as capacidades mentais dos detetives Psy que foram alistados na força-tarefa, uma vez que as perversões de Bonner começaram a ter um sério impacto econômico.
— Elas eram os meus amores-perfeitos, você sabe. — Um pequeno suspiro. — Tão bonitas, tão doces. Tão facilmente feridas. Como você. — Seus olhos pousaram sobre uma cicatriz que tinha uma linha irregular sobre sua bochecha. Ignorando a tentativa flagrante de provocação, ela disse: — O que você fez para machucá-las? — Bonner havia finalmente sido condenado com base em evidências que ele havia deixado no corpo surrado e quebrado de sua primeira vítima. Ele não deixou um rastro com as cenas dos outros sequestros, havia sido ligado a eles apenas pela mais circunstancial das evidências, e a persistência de Max Shannon era implacável.
— Tão delicada e tão danificada que você é, Sophia, — ele murmurou, movendo o olhar em seu rosto, até os lábios. Eu sempre fui atraído por mulheres danificadas.
— Uma mentira, Sr. Bonner. — era extraordinário para ela que as pessoas o achavam bonito, quando ela só podia sentir o cheiro da podridão. — Cada uma de suas vítimas era extremamente bela.
— Supostas vítimas, — ele disse, olhos brilhando. — Eu só fui condenado pelo assassinato de Carissa. Embora eu seja inocente, claro.
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— Você concordou em cooperar, — ela lembrou. E ela precisava de sua cooperação para fazer seu trabalho. Porque era óbvio que ele aprendeu a controlar seus padrões de pensamento até certo ponto. Era algo que os telepatas no J-Corporação tinham notado em um número de sociopatas humanos, eles pareciam
desenvolver
uma
capacidade
quase
Psy
para
manipular
conscientemente as suas próprias memórias. Bonner tinha aprendido a fazê-lo bem o suficiente para que ela não conseguisse o que precisava de uma superfícial digitalização, ir mais fundo, cavar mais forte poderia causar danos permanentes, apagando as impressões que ela precisava para acessar. Mas, a autoridade nela murmurou, ele só tinha que permanecer vivo até que tivessem encontrado suas vítimas. Depois disso. . .
— Eu sou humano. — Surpresa exagerada. — eu tenho certeza de que lhe disse, minha memória não é o que costumava ser. Que é por isso que eu preciso de um J para ir e desenterrar os meus amores-perfeitos. Era um jogo. Ela estava certa de que ele sabia a posição exata de cada corpo descartado até o último centímetro de terra em uma cova rasa. Mas ele jogou o jogo bem o suficiente para que as autoridades tivessem que trazê-la, dando a Bonner, a chance de saciar seus impulsos mais uma vez. Ao fazer seu movimento em sua mente, ele estava tentando violentá-la da única forma que tinha de ferir uma mulher agora.
— Desde que é óbvio que sou ineficaz, — ela disse, levantando-se, — eu vou pedir a Justiça que envie meu colega, Bryan Ames. Ele vai...
— Não. — O primeiro traço de uma rachadura em seu verniz polido, escondido quase tão rapidamente como apareceu. — Eu tenho certeza de que vai ter o que você precisa. Ela puxou o fino couro preto sintetizado de sua luva esquerda, alisando-a em seu pulso, que se assentava nitidamente abaixo da manga de sua imaculada camisa branca. — Eu sou um recurso muito caro para este lixo. Minhas habilidades serão melhores utilizadas em outros casos. — Então ela saiu, ignorando sua ordem para ela ficar.
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Uma vez fora da câmara de observação, ela virou-se para Max Shannon.
— Certifique-se de que quaisquer substituições que você enviar a ele seja do sexo masculino. Um aceno profissional, mas sua mão apertou no topo da poltrona ao lado dele, sua pele tinha um tom dourado marrom quente de alguém cuja ascendência parecia ser uma mistura de asiáticos e caucasianos. Enquanto a parte asiática de sua estrutura genética havia se mostrado na forma de seus olhos, o lado caucasiano tinha ganhado no quesito altura, ele tinha no mínimo 1.90m de acordo com sua estimativa visual. Isto era um fato. Mas o impacto maior era a soma das suas partes. Ele tinha, ela percebeu algo estranho que os humanos chamavam carisma. Psys confessaram que não aceitam que tal coisa exista, mas todos sabiam que existia. Mesmo entre sua raça Silenciosa, houve quem pudesse andar em uma sala e segurá-la com nada, a não ser sua presença. Enquanto ela o observava, os tendões de Max ficaram brancos contra a sua pele a partir da força de seu aperto. — Ele conseguiu seu refúgio fazendo você vasculhar através de suas memórias — Ele não disse qualquer coisa sobre as cicatrizes dela, mas Sophia sabia bem como ele, que elas desempenharam um papel importante no que a tornava tão atraente para Bonner. Essas cicatrizes há muito tempo se tornaram uma parte dela, um rendilhado de linhas finas que falava de uma história, um passado. Sem elas, ela não teria um passado afinal. Max Shannon, ela pensou, teve um passado bom. Mas ele não usaria sobre essa bonita – não linda, bonita - face. — Eu tenho escudos. — No entanto, esses escudos estavam começando a falhar, um efeito colateral inevitável da sua ocupação. Se ela não tivesse tido opção, ela nunca teria se tornado um J. Mas, com oito anos de idade, foi dada a ela uma única escolha de se tornar um J ou morrer.
— Eu ouvi que um monte de J-Psy tem memórias eidética, — Max disse, sua intenção nos olhos.
— Sim, mas apenas quando se trata das imagens que tomamos durante o curso do nosso trabalho. — Ela se esqueceu das partes de sua vida real, mas
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nunca iria esquecer, mesmo por um instante, das coisas que tinha visto nestes anos que os tinha gasto no Corpo de Justiça. Max abriu a boca para responder quando Bartolomeu Rúben, o procurador que trabalhava lado a lado com ele para capturar e condenar Gerard Bonner terminou a sua conversa com dois dos fazedores de perfis e se aproximou.
— Aquilo, é uma boa ideia sobre Js masculino. Isso vai dar tempo para Bonner pensar, podemos trazê-la de novo quando ele estiver em um quadro mais cooperativo da mente. As mandíbulas de Max estavam posicionadas em um ângulo brutal quando ele respondeu. — Ele vai fazer isso o maior tempo possível, essas meninas não são nada, exceto peões para ele. Rúben foi puxado para fora por outro traçador de perfil antes que pudesse responder, deixando Sophia sozinha com Max novamente. Ela encontrou-se parada no lugar que estava, ao invés de se juntar aos de sua raça, sua tarefa estava concluída. Mas ser perfeito não mantinha ela segura. Estaria morta dentro de um ano, de uma forma ou de outra, então por que não ceder seu desejo de conversar mais com esse detetive humano cuja mente trabalhava de uma maneira que a fascinava?
— Seu ego ganha de deixá-lo esconder os seus segredos para sempre, — ela disse, tendo lidado com esse tipo de personalidade narcisista antes. — Ele quer compartilhar sua inteligência.
— E você vai continuar a ouvir se o primeiro corpo que veio a tona é o de Daria Xiu? Seu tom era abrasivo, corajoso com a falta de sono. Daria Xiu, Sophia sabia, era o motivo de um J ter sido trazido para esta situação. A filha de um poderoso empresário humano, ela em teoria teria sido a vítima final de Bonner.
— Sim, — ela disse, dizendo-lhe uma verdade. — Bonner é desviante o suficiente para que os nossos psicólogos achem que ele é um objeto de estudo que vale a pena. — Talvez porque o tipo de desvio exibido pelo carniceiro de Park
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Avenue já havia sido exibido por Psys em números estatisticamente elevados. . . E já não estava sendo totalmente contido pelo Silêncio. O Conselho considerou que a população não sabia, e talvez eles soubessem. Mas para Sophia, um J que passou a vida mergulhada no miasma do mal, as novas sombras no PsyNet tinham uma textura que poderia quase sentirse grossa, oleosa e, a partir do enigma da estrutura da rede neural estava se alastrando de forma insidiosa.
— E você? — Max perguntou, olhando para ela com um foco penetrante, que a fez se sentir como se sua mente pudesse desvendar os segredos que ela manteve escondido durante mais de duas décadas. — E você? A diversidade nela agitou, querendo dar-lhe a verdade, nua e crua mortal, mas que era algo que não poderia compartilhar com um homem que fez da justiça sua vida. — Eu vou fazer o meu trabalho. — Então ela disse algo que um Psy perfeito nunca teria dito. — Nós vamos trazê-los para casa. Ninguém deveria ter que passar a eternidade no escuro e frio. Max
viu
Sophia
Russo
caminhando
com
os
observadores
civis,
impossibilitado de tirar sua atenção dela. Tinha sido os olhos que tinham batido primeiramente nele. Os olhos de rio, ele pensou quando ela entrou, ela tinha os olhos de rio. Mas ele estava errado. Os olhos de Sophia eram mais escuros, mais dramáticos, de um azul-violeta, tão vívido, que ele quase perdeu a maciez exuberante de sua boca. Só que ele não perdeu e isso era um inferno de um pontapé nos dentes. Porque para todas as suas curvas e o rendilhado de cicatrizes que falavam de um passado violento, ela era Psy. Gelada e amarrada a um Conselho que tinha muito mais sangue nas mãos do que Gerard Bonner jamais teria. Com exceção... Suas últimas palavras circuladas em sua mente. Vamos trazê-los para casa. Ele tinha o peso de uma promessa. Ou talvez fosse o que ele queria ouvir. Voltou sua atenção de volta a Ruben quando ela desapareceu de vista, e ele era a única pessoa que permaneceu. — Ela usa as luvas o tempo todo? — fino couro preto sintético cobria tudo abaixo dos punhos de sua camisa e paletó. Pode ter sido porque tinha cicatrizes mais graves sobre as costas das mãos, mas Sophia Russo não parecia o tipo de mulher que se esconderia por trás de tal escudo.
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— Sim. Toda vez que eu a vi. — Linhas de expressão marcavam a testa do promotor por um segundo, antes que ele parecesse sacudir o que estava incomodando-o. — Ela tem um registro excelente, nunca atrapalhou uma retração ainda.
— Nós vimos no julgamento que Bonner é inteligente o suficiente para foder com suas próprias memórias, — Max disse, observando que o prisioneiro foi levado da sala de interrogatório. O Açougueiro de olhos azuis, o querido assassino da mídia, olhando para as câmeras até a porta fechar, o seu sorriso uma provocação silenciosa. — Mesmo se sua mente não estivesse torcida no fundo, ele sabe que seus produtos farmacêuticos, poderiam ter sido colocados em suas mãos, deliberadamente dosado a si mesmo.
— Não vamos colocar no passado o bastardo, — disse Bart, os sulcos ao redor da boca esculpida profundo. — Eu chamei um par de Js macho para o próximo show de Bonner.
— Xiu tem muita influência? — O julgamento de Gerard Bonner, descendente de uma família de Boston de sangue azul e o assassino mais sádico que o estado tinha visto em décadas, era qualificado para um J na fase de julgamento, mas pelo fato de que suas memórias estavam perto de impenetrável.
— Sociopatas, — um J disse a Max após testemunhar que ele não poderia recuperar alguma coisa útil da mente do acusado, — Não veem a verdade como outros a vêem.
— Dê-me um exemplo, — Max pediu, frustrado que o assassino que apagou tantas vidas jovens conseguia deslizar através de outra rede.
— De acordo com as memórias superficiais da mente de Bonner, Carissa White gozou quando ele a esfaqueou. Deixando a prova revoltante da realidade distorcida de Bonner, ele olhou para Bart, que parou para verificar um e-mail em seu telefone celular. — Xiu? — Ele perguntou.
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— Sim, parece que ele tem alguns amigos nas fileiras de alto nível Psy. Sua empresa faz um monte de negócios com eles. — Pondo de lado o telefone, Bart começou a juntar seus papéis. — Mas neste caso, ele é apenas um pai destroçado. Daria era sua única filha.
— Eu sei. — O rosto de cada vítima estava impresso na mente de Max. Vinte e um anos de idade, Daria estava com um sorriso banguela, massas de cabelos pretos encaracolados e pele da cor do mogno polido. Ela não estava nada parecida com as outras vítimas, ao contrário da maioria dos assassinos de sua patologia, Bonner não fazia diferença entre brancos, negros, hispânicos, asiáticos. Tinha sido apenas a idade e certo tipo de beleza que o atraia. O qual voltou seus pensamentos de volta à mulher que olhava sem piscar para o rosto do assassino, enquanto Max se forçou a ficar para trás para assistir.
— Ela se encaixava no perfil das vítimas. Os olhos e as cicatrizes da Sra Russo faziam dela admiravelmente única, um aspecto crítico na patologia de Bonner. Ele alvejava mulheres que nunca se misturariam em uma multidão. As cicatrizes de Sophia seriam para ele a cereja do bolo. Será que você organizou isso? — Sua mão apertou uma caneta que ele ajudou Bart a tirar da mesa.
— Golpe de sorte. — O promotor colocou os arquivos em sua pasta. — Quando Bonner disse que iria cooperar com a leitura, foi solicitado o mais próximo J. Russo tinha acabado de completar um trabalho aqui. Ela estava em seu caminho para o aeroporto, seguindo para nossa estreita floresta como uma questão de fato.
— Liberdade? — Max perguntou, mencionando a penitenciária de segurança máxima localizada em uma ilha artificial ao largo da costa de Nova York. Bart assentiu enquanto caminhavam para fora e para a primeira porta de segurança. — Ela está programada para atender um preso que afirma que outro prisioneiro confessou o assassinato e mutilação atualmente não resolvida de uma vítima de alto nível. Max pensou no que Bonner havia feito para a única de suas vítimas que já haviam encontrado, a ruína sangrenta que tinha sido a beleza uma vez de
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Carissa White. E ele se perguntou o que Sophia Russo via quando fechava os olhos de noite.
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Nikita Duncan, Psy Conselheira e uma das mulheres mais poderosas do mundo, escaneou os dados biográficos no arquivo confidencial em frente a ela, pausando por um segundo na imagem digital anexada. O humano tinha um rosto distinto. Maçãs do rosto acentuadas, pele que falava de uma complexa herança genética, e olhos que davam a dica de parentesco com a Ásia Central. Mas não era a aparência do Detetive Max Shannon que interessava Nikita. Não, ela estava interessada em algo muito mais importante, a mente dele.
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O paciente não está mais conectado à PsyNet por um único link de resposta biológica,
a mente dela sobreviveu ancorando sua inteira
consciência no tecido da rede neural. Qualquer tentativa de separação irá conduzi-la não somente a morte, mas a total e completa destruição de sua personalidade. — Registro da PsyMed de Sophia Russo, menor, idade 8.
Sophia não tinha dormido por vinte e quatro horas quando entrou na ironicamente nomeada Penitenciária Liberdade na manhã seguinte, mas ninguém nunca poderia ter adivinhado isso pela decidida claridade de seu tom, pela inteligência de seu modo de se vestir. Ela foi levada diretamente para uma sala de entrevistas na chegada. O assistente de promotoria em cargo do caso chegou um minuto depois. Cinco minutos depois daquilo, ela começou o acesso às lembranças. Ao contrário da mente de Bonner, a mente desse prisioneiro estava cheia de nada além de quarenta anos de existência e violência. Alguns jovens Js se perderiam na bagunça, mas Sophia tinha aprendido a filtrar muito bem. Ela foi diretamente às memórias do dia em questão e tomou não mais que os minutos relevantes. Humanos tendiam a suspeitar dos telepatas, e Js em particular, com medo de que os Psy iriam roubar seus segredos. A verdade era, Sophia já tinha
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muitas partes da vida de outras pessoas em sua mente. Ela não queria mais nenhuma, especialmente os tipos de memórias que ela era invariavelmente pedida para recuperar. Em todos seus anos de serviço, ela só encontrou quatro inocentes. — Consegui, — ela disse para o A.D.A. Pedindo ao prisioneiro e ao seu advogado para esperarem, ele a encaminhou para a área de espera fora do escritório do diretor. — Você poderia projetar as memórias para mim? Assentindo, ela fez como ele pediu. Essa pequena peculiaridade telepática era o que tornava um Tp em um J. A maioria dos telepatas podia transmitir palavras e/ou imagens isoladas, mas Js conseguiam não somente recolher, mas transmitir a memória completa em um fluxo contínuo. Esse A.D.A. era humano, seus escudos não eram barreiras. Aquilo poderia ter sido uma desvantagem em outras circunstâncias, porém, dado que esse caso não tinha custos associados ou benefícios para o Conselho, ele estava a salvo de coerção Psy. — Obrigado, — ele disse depois de ela completar a projeção. — Isso realmente muda a direção das coisas, não muda? Ela não respondeu, ciente de que ele não estava falando com ela. E mesmo se tivesse, ela não teria respondido. Ela tentou não "ver" mais as memórias. Era um esforço inútil, mas às vezes, ela podia distanciar a si mesma por uma fração. O A.D.A. soltou um fôlego. — Eu gostaria de voltar e conversar com a testemunha e o advogado dele. O Jet-chopper chegará para te levar de volta ao continente em breve. — Por favor, prossiga. — Ela o viu procurar pelo diretor. — Essa locação é firmemente guardada. Eu ficarei segura por mim mesma. — Tem certeza? — Um olhar preocupado. — Eu passei muito tempo em prisões. — Eu acho que sim. Certo, você tem o número da minha secretária. Chame-a se o jato não chegar nos próximos dez minutos. — Eu vou. — Acenando um adeus enquanto ele partia, ela tomou um assento, exteriormente calma. Mas a verdade era, ela não deveria nunca, nunca ser deixada sozinha. Assim como disse ao A.D.A., não era porque sua posição
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física a colocava em risco. Havia no mínimo quatro portas de seguranças com trancas duplas, cheias de barras e aço, entre ela e o primeiro prisioneiro. Não era nem porque ela poderia ficar assustada sentada sozinha em um lugar tão frio e cinza. Ela tinha testemunhado milhares de momentos da mais depravada violência e dor, mas ela mesma não sentiu medo. Ela não sentiu nada. O Protocolo do Silêncio, o condicionamento que acalmou a loucura Psy tanto quanto suas emoções, assegurou isso. Porém, no caso de Sophia, Silêncio não funcionava tão bem quanto deveria. E todos sabiam disso. A maioria dos Psy teria sido sumariamente reabilitada, mas Sophia era uma Psy Justiça. E Js eram raros o bastante e necessários o bastante para que fosse permitido ter suas pequenas... peculiaridades. É claro, Js nunca eram deixados sozinhos em locações "sugestivas". O mal é difícil de definir, mas está sentado naquela sala. A lembrança das palavras cruéis de Max Shannon ficou com ela por um segundo. Ele consideraria isso o mal? Talvez. Mas como era pouco provável que seu caminho se cruzasse novamente com o do homem que a fez, por um segundo fugaz, desejar ser algo melhor, ela não podia deixá-lo guiar suas ações. Porque embora o que ela estava prestes a fazer não estivesse em nenhum manual oficial, como todos os Js, ela considerava isso parte da descrição de seu trabalho. O primeiro grito veio quatro minutos mais tarde. Apesar de sua natureza penetrante e estridente, ninguém ouviu. Porque o homem que estava gritando estava fazendo tão silenciosamente, sua mente trancada em uma prisão telepática que era muito mais desagradável que o plascrete e a argamassa o envolvendo por todos os lados. Mesmo enquanto gritava, ele estava se movendo, abrindo suas calças, empurrando-as para seus tornozelos, se embaralhando para pegar a ferramenta que ele tinha escondida na perna oca da mesa que seu advogado tinha conseguido para ele. O prisioneiro era um homem instruído, seu advogado argumentou; constituía em um cruel e incomum castigo colocá-lo num lugar onde ele não poderia escrever, não poderia manter suas notas de pesquisa. O advogado nunca mencionou a pequena, desamparada vítima que seu cliente
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instruido tinha colocado em uma casinha de cachorro, desprovida das mais básicas das necessidades humanas. Contudo, as amenidades que ele tinha tido tanta alegria em ganhar eram as coisas mais afastadas da mente do prisioneiro naquele momento. A mão dele se fechou na ferramenta enquanto ele soluçava sem voz, sua vontade desfiada como papel. Então a ferramenta tocou o branco flácido de sua barriga e ele percebeu o que estava prestes a fazer. Sangue gotejou no chão por quase um minuto após aquilo, levou tempo para alcançar aquele tipo de dano com nada além de um punhal, uma arma feita de uma escova de dente e pedras contrabandeadas até que as bordas estivessem tão afiadas quanto... bem, quase uma faca. O ato de amputação foi excruciantemente doloroso. E estava acabado a muito no momento em que um pequeno, compacto homem com cabelo preto levemente tingido de prata entrou na sala de espera. — Eu sinto muito pelo atraso, Senhora Russo. Seu Jet-chopper chegou há cinco minutos, mas eu não fui imediatamente capaz de disponibilizar uma escolta, muitos prisioneiros decidiram fazer um tumulto no jardim. Sophia ficou de pé, pasta segurada folgadamente em sua mão esquerda. — Está tudo bem, Warden. — A alteridade nela acalmada, sua tarefa completa. — Eu ainda estou no horário. Warden Odess a escoltou através do primeiro conjunto de portas de segurança. — Essa é o que, a terceira vez que você vem aqui esse mês? — Sim. — As coisas estão indo bem nesse caso? — Sim. — Ela pausou enquanto ele os encaminhava através do segundo para o último ponto de inspeção. — A equipe de acusação está certa do sucesso. — Eu acho que eles têm um ás na manga como você. É bem difícil alegar inocência quando vocês podem pegar as memórias da mente do acusado. — Sim, — Sophia concordou. — Porém, apelos de insanidade ou restrição de responsabilidade são bem populares nesses casos. — Sim, eu acho que sim, Você não consegue ver dentro das mentes deles, certo? Quero dizer, saber o que eles estavam pensando na hora?
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— Só pela referência de suas ações ou palavras, — Sophia disse. — Se essas ações ou palavras contêm qualquer dica de ambiguidade, o campo fica bem aberto. — E, é claro, a defesa sempre argumenta que as coisas não eram como elas parecem. — Bufando, o diretor saiu para a viva luz de fim de dia de inverno. Sophia piscou quando ela, também, saiu. A luz parecia muito brilhante hoje, muito intensa, cortando através de suas retinas como vidro quebrado. Odess assistiu enquanto ela piscava. — Acho que é hora de você ir. A maioria das pessoas não sabia que Js só trabalhavam um turno de um mês antes de retornar para a filial mais próxima do Centro para checar seu Silêncio. Mas Odess tinha sido parte do sistema da prisão por mais de uma década. — Como você sempre sabe? — ela perguntou, tendo trabalhado com ele esporadicamente ao longo desses dez anos. — Essa pergunta é sua resposta. Ela inclinou um pouco para o lado. — Você começa a agir mais humana, — ele a disse, seus olhos escuros com uma preocupação que ela nunca entendeu. — No começo, quando você acabou de voltar de onde quer que seja que você vai, suas respostas são curtas, distantes. Agora... Nós na verdade tivemos uma conversa. — Uma observação astuta. — ela disse, percebendo o inclinar de sua cabeça pelo que era, um sinal de desintegração. — Talvez nós possamos ter outra conversação daqui a um mês. — Isso era o quanto seu condicionamento levaria para começar a se fragmentar de novo. — Eu te vejo depois, então. Sophia caminhou para o Jet-chopper esperando com passos fáceis, despreocupados. Ela estava em Manhattan na hora em que eles descobriram o prisioneiro sangrando em sua cela.
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Max passou a noite trabalhando nos arquivos do caso Bonner, na leve chance de que o bastardo realmente desistisse de um corpo em algum estágio. Na verdade, cada mínimo detalhe dos crimes de Butcher já estavam gravados em seus bancos de memória, nunca para serem apagados, mas ele queria estar absolutamente certo de sua memória. Toda aquela morte, a dor, juntamente com a arrogância presunçosa do homem que acabou com tantas vidas, não tinha deixado-o no melhor estado de espírito para o que tinha que ser algum tipo de piada Psy. — Comandante, — ele disse, olhando no rosto aristocrático do Psy que comandava a Força de Nova Iorque, — Se eu puder falar abruptamente... — Você raramente faz de outra maneira, Detetive Shannon. Na maioria dos humanos e changelings, Max teria ouvido naquela declaração um humor irônico. Mas Comandante Brecht era Psy. Ele olharia para uma vítima de estupro com o mesmo olhar imparcial com que ele olharia para um atirador. — Então, — Max disse, pressionando dois dedos na ponte de seu nariz, Você irá entender o porquê disso quando eu te perguntar por que diabos você me colocou nisso. Os Psy me odeiam. — Ódio é uma emoção, — Comandante Brecht disse de sua posição de pé no antiquado armário de arquivo que tinha sobrevivido de alguma forma às tentativas de modernização. — Você é mais como um inconveniente. Max sentiu seus lábios se curvarem em um sorriso sem graça. Pelo menos você nunca poderia acusar Brecht de não ir direto ao ponto. — Exatamente. — Ele cruzou seus braços sobre o branco nítido da camiseta que ele tinha vestido em preparação para uma aparição na corte. — Por que você iria querer uma inconveniência comandando uma investigação a uma situação Psy? — Os Psys eram insulares à enésima potência. Eles mantinham seus segredos mesmo enquanto eles roubavam os dos outros sem pausa ou consciência. Isso deixava Max puto, mas tudo que ele podia fazer era continuar fazendo seu trabalho. Às vezes, ele ganhava apesar da interferência deles e aquilo fazia tudo valer a pena. —Você tem um escudo mental natural. — O tom do Comandante Brecht era direto. — O faro de que você é imune às interferências mentais dos Psy pode ser uma pedra no caminho quando se trata de sua carreira...
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Max bufou. Fato era, com suas taxas de resolução e testes de amplitude, ele deveria ser tenente agora. Mas ele sabia que nunca seria, os Psy controlavam a Força, e sua habilidade de resistir às suas tentativas de coerção, de comandar seus casos como ele quisesse, fazia dele um risco inaceitável em qualquer posição de poder. — Como eu estava dizendo, — o Comandante continuou, seu cabelo um sólido dourado sob o raio de luz entrando pela pequena janela à sua esquerda. — Enquanto isso poderia ser um obstáculo em seu caminho para uma posição mais alta dentro da Força, é também uma vantagem. — Eu não vou discutir isso. — Diferente de tantos humanos, Max nunca teve que se preocupar sobre se ele fechava um caso ou olhava de outra forma como sendo resultado de uma sutil pressão mental, muitos bons policiais tinham quebrado por causa daquele fervente núcleo de dúvida, aquela mesquinha preocupação de que tinha sido guiado para uma conclusão particular. Ele disse a Brecht. — Eu teria partido para investigação particular se eu não tivesse o escudo, ficar aqui para ter a minha mente fodida não estaria no topo da minha lista. O comandante caminhou até sua mesa. — É vantajoso para a Força de Nova Iorque que você tenha decidido ficar, você tem os melhores níveis de resolução na cidade. E você também é, como os humanos diriam, uma mula teimosa. Max era chamado de rotweiller de vez em quando. Ele tomou isso como um elogio. — Ainda não responde a questão de por que você iria me querer num caso Psy. — O Comando sempre designava esses casos a detetives Psy. Max não tinha problema com aquilo, desde que só os Psy estivessem envolvidos. Mas irritava o inferno fora dele quando humanos e changelings eram enganados porque um membro da fria raça psíquica era parte da equação. — A situação Bonner... — Está atualmente num impasse de acordo com o registro que você fez noite passada. Você vai esperar ele se mostrar, correto? Descruzando seus braços, Max jogou uma mão através de seu cabelo. — Eu ainda preciso ser capaz de responder rapidamente se ele decidir falar, eu conheço esse caso como ninguém mais. — E embora ele fosse perseguir Butcher
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até o fim, sua tarefa ainda não estava acabada, não estaria acabada até que ele trouxesse cada garota para casa, dando às suas famílias em luto a paz de ser capaz de enterrar seus bebês em túmulos próprios. Até esse dia, ele podia sentir o leve peso da mãe de Carissa White enquanto ela colapsava em seus braços, tinha sido uma noite de neve quando ele foi até a vila intocada onde eles moravam, vila que Carissa tinha decorado com luzes cintilantes de Natal duas semanas antes. Senhora White tinha aberto a porta com uma risada. Mais tarde, ela segurava a jaqueta dele e o implorava para dizer que não era verdade, que Carissa ainda estava viva. E então ela o fez prometer. Encontrá-lo. Encontrar o monstro que fez isso. Ele cumpriu aquela promessa. Mas ele fez outras promessas para outros pais. Ninguém deveria ter que passar a eternidade na fria escuridão. — Isso não deveria ser um problema. — As palavras de Brecht quebraram através do eco da voz de outro Psy, através da memória de uma declaração tão assombrosa, tão em desacordo com a presença glacial dela que Max não tinha sido capaz de parar de pensar nela. — O caso em que eu quero que você trabalhe é de alta prioridade, mas com espaço para flexibilidade caso você precise voar para checar o caso Bonner. — Brecht deslizou na cadeira atrás de sua mesa. — Se você tomar um lugar, Detetive. — Uma pausa quando Max não obedeceu imediatamente. — Sua obsessão com Bonner resultou na captura de um sociopata que teria indubitavelmente continuado a tomar vidas se você não tivesse impedido seu surto de assassinatos. Porém, se você deixar essa obsessão controlá-lo agora, você vai acabar morto pelo estresse enquanto ele só engorda atrás das barras. Max arqueou uma sobrancelha. — Andou falando com o psiquiatra da Força? — Eu posso ser Psy, mas eu também fui um detetive. E porque Max tinha visto os arquivos dos casos de Brecht, porque ele sabia que o homem tinha sido o inferno de um policial esperto, ele tomou um assento. — O que eu estou prestes a te dizer não pode deixar essa sala, você decidindo aceitar essa tarefa ou não. — Os olhos de Brecht era uma cor pálida
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entre o cinza e o azul, cacos de gelo envoltos em aço. — Eu tenho sua palavra sobre isso? — Se é um caso da Força, é um assunto da Força. — Independentemente de qualquer coisa, ele ainda acreditava no distintivo, no bem que eles faziam. Brecht deu um aceno de reconhecimento. — Nos últimos três meses, Conselheira Nikita Duncan... Uma Conselheira? É, aquilo ganhou a atenção de Max.
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— Perdeu três de seus conselheiros por três métodos muito diferentes. Um foi ataque cardíaco, o segundo um acidente automobilístico, o terceiro suicídio aparentemente. O intestino de Max se apertou quando seu instinto policial tomou conta. — Poderia ser coincidência. — Você acredita em coincidência, Detetive? — Quase tanto quanto eu acredito na fada dos dentes. O Comandante assentiu. — Conselheira Duncan não acredita em coincidências, também. Ela quer que você descubra quem está perseguindo seu pessoal e por que. — Ela está em São Francisco, — Max disse, o mesmo instinto dizendo a ele que muito mais estava acontecendo abaixo da superfície, que uma simples, e inexplicável, solicitação de um policial humano num caso Psy. Mas Max não foi direto ao ponto, havia maneiras melhores de se conseguir informação. — Os policiais de lá não vão gostar de ter eu pisando nos dedos deles. — Para os propósitos desse caso, você se passará por um investigador especial, com a autoridade para trabalhar através das linhas do estado. É uma prática comum com detetives que tem as habilidades especializadas para trabalhar em uma situação em particular. Aquilo era verdade. Porém, algo mais era igualmente verdadeiro. — Eu ouvi que os Psy têm sua própria versão de força policial. Eu pensei que uma Consellheira, especialmente uma Conselheira com todos os segredos dela, iria querer que eles cuidassem disso. — Normalmente sim, — O Comandante pegou um pequeno cristal de dados e o colocou na mesa entre eles, uma pequena alfinetada na curiosidade
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que fez de Max um policial que sempre, sempre encontrava as respostas. — Porém, o Esquadrão Arrow é leal a outro Conselheiro, e se o Conselheiro estiver por trás dessas perseguições, então a Conselheira Duncan não descobrirá a verdade. Seu próprio pessoal provou ser defeituoso nas habilidades necessárias para cuidarem dessa tarefa. Max pensou sobre o que ele sabia de Nikita Duncan. Ela era uma astuta mulher de negócios, uma que fazia muito dinheiro, mas diferentemente dos Conselheiros Ming LeBon e Kaleb Krychek, ele nunca ouviu o nome dela ligado à operações militares, então devia ser um fato legítimo que ela tenha encontrado uma falha em seus recursos uma vez que ela eliminou o Esquadrão Arrow da mistura. — Tudo bem, — ele disse, olhos cerrados. — Mas escudos mentais de lado, tem que haver outra razão pela qual a Conselheira pediu por mim. Que habilidades me fazem tão especial? — Ele era muito bom no que fazia, mas havia excelentes policias em São Francisco. — Não desconsidere seu escudo tão facilmente, — o comandante respondeu. — É um dos mais fortes que nós já encontramos em um humano. — Uma confirmação implicando que o Psy tinha tentado quebrá-lo numerosas vezes. — Porém, você está correto. Há algo mais, você tem amigos no clã de leopardos DarkRiver. Conselheira Duncan parece acreditar que essa amizade tornará mais fácil para você comandar uma investigação na cidade dela. Gelo se arrastou em uma lenta propagação nas veias de Max. Clay Bennett, o changeling que Max conhecia melhor, era um frio cliente. Max não duvidaria da capacidade do leopardo de despedaçar seus inimigos pedaço por pedaço, eles eram predadores no fim das contas. Mas... — A filha da Conselheira Duncan não está ligada a Lucas Hunter, o alfa dos DarkRiver? — A deserção de Sascha Duncan do mundo Psy tinha feito notícia através do país. — Sim, mas elas não têm mais nenhum tipo de relação pessoal. Max assentiu para mostrar que ele ouviu, mas o fato da existência de Sascha, seu relacionamento com Lucas, tranquilizou sua mente. Porque enquanto eles eram predadores, os felinos também eram muito familiares. Ele não conseguia vê-los abatendo o pessoal de Nikita às escondidas. — Se eu fizer isso, — ele disse, sabendo que não poderia desistir agora, sua curiosidade uma
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chama azul de aço dentro dele — Eu vou precisar de acesso total. Se Duncan tiver seu pessoal me bloqueando a cada curva, será impossível para eu fazer meu trabalho. — A Conselheira Duncan entende isso. — Brecht pegou o cristal de dados e o colocou em frente a Max. — Aqui estão as informações básicas. Porém, como você pode imaginar, há áreas de considerável sensibilidade. Isso é o porquê de você estar trabalhando com um parceiro Psy que irá te ajudar com relação aos aspectos Psy peculiares na investigação, e que terá a tarefa de filtrar certos dados. Max sabia que ele iria precisar de um assessor Psy, mas a segunda parte da declaração de Brecht fez sua mão cerrar no cristal. — Como diabos ele vai notar o que é relevante e o que não é? — Ela, — o comandante disse, — irá trabalhar intimamente com você. — Não faz diferença para a questão, que qualificações essa parceira minha tem para fazer essas decisões? — Max não só estava acostumado a trabalhar sozinho, ele gostava daquele jeito. — Ela é um J, — o comandante disse. — Tem estado em operação desde os dezesseis anos. Agora ela tem vinte e oito. Antecipação lambeu ao longo da espinha dele. — Qual é o nome dela? — Sophia Russo. A mente dele reagiu imediatamente, uma imagem de olhos assombrosos em um rosto marcado pela violência, uma voz que dizia coisas que não deveria, um corpo que fazia o dele próprio coçar para derreter todo aquele gelo. E foi então, enquanto ele considerava se a última suposição era sequer possível, que ele foi atingido pela importância das palavras de Brecht. — Doze anos de serviço ativo? A maioria dos Js não dura tanto. Ele trabalhou com no mínimo vinte ao longo de seus onze anos na Força. Cada um tinha sido retirado aos trinta anos, e, ele percebeu, ele nunca viu nenhum deles de novo. Não tinha parecido estranho para ele antes, porque Psy não eram exatamente o tipo para quem você manda cartões de Natal, mas o fato de que nenhum, nenhum tinha trabalhado em outra área da Justiça, eles tinham um plano de aposentadoria do inferno ou... Dado o modo sangue frio como o Conselho Psy tratava seu próprio povo, as possibilidades eram frias. E Sophia
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Russo tem sido uma J por doze anos. Ela tinha que estar chegando à idade da "aposentadoria". Quando o comandante falou, ele não mencionou a questão implicada de Max, não o contou o que acontecia com os Js que chegavam ao fim de suas vidas ativas. — Senhora Russo tem uma experiência considerável em interagir com humanos, você deverá achá-la uma parceira satisfatória. — Uma pausa. — Detetive, eu preciso de uma resposta hoje. Max brincou com o cristal de dados em seus dedos. Ele ainda não tinha certeza de como no inferno ele estava considerando trabalhar para a Psy, ou a real razão para Nikita ter pedido por ele, mas se você deixasse de lado toda a merda, uma coisa permanecia imutável, ele era um policial. E Nikita Duncan era uma cidadã. —Eu farei isso.
Sophia sentou em frente ao M-Psy responsável pela sua avaliação na filial do Centro de Pittsburgh, suas mãos na mesa, seus olhos calmos. — Há um, — o M-Psy disse — um relato de um incidente na Penitenciária Liberdade. Ela não caiu naquele truque, não respondeu. Porque ele não tinha feito uma pergunta. — Você tem algo a ver com aquele incidente? — Qual foi o incidente? O M-Psy olhou para suas notas. — Um pedófilo se mutilou. Era fácil manter seu rosto inexpressível, ela esteve praticando desde que ela tinha oito anos e prestes a sofrer eutanásia. — Ele era humano? — Sim. — Talvez tenha sentido remorso, — ela sugeriu, sabendo que a criatura naquela cela só sentia pena de si mesmo, pelo fato de ter sido pego e preso. — Humanos tem emoções afinal de contas. — Não há indicação de que ele tenha sentido remorso.
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Pelo menos ele não quis enganar os psiquiatras da prisão. — Ele está falando? O M-Psy balançou a cabeça. — Não coerentemente. — Então é impossível saber se ele sentiu remorso, — ela respondeu com total tranquilidade. Talves devesse sentir culpa, mas é claro, ela estava no Silêncio. Ela não sentia nada. Mas sabia que o que o prisioneiro tinha feito, conhecia cada mínimo detalhe do horror que ele imprimiu numa jovem, imatura psique. Sophia tinha enterrado as mesmas enquanto ela as extraia da mente da criança, o deixando com um branco de uma semana que só destravaria quando ele fosse velho o bastante e forte o bastante para lidar com isso. Infelizmente aquele truque não funcionava nas crianças nascidas com a habilidade J. Se funcionasse, talvez ela tivesse tido uma vida diferente... Talvez. O M-Psy digitou algo em seu bloco de dados. — Esse é o terceiro incidente no último ano onde você esteve próxima. — Eu preciso estar em prisões frequentemente, — Sophia respondeu, embora a mente dela estivesse em outra sala, numa cabine bem equipada duas décadas atrás. — Minhas chances de estar perto de um incidente são maiores do que as de um indivíduo comum. — O Conselho de Administração dos J-Psy determinou que você tem de passar pelo recondicionamento — o M-Psy virou seu bloco de dados para que ela pudesse ver a autorização — Especialmente dado seu contato recente com Gerard Bonner. — Eu não tenho nenhuma divergência com isso. — Eles acotovelariam e cutucariam-na durante o processo de recondicionamento, mas Sophia sabia o que eles encontrariam. Nada. Apagar a memória completa ou parcialmente podia não funcionar nos Js, mas uma mulher que fazia sua vida retirando memórias dos outros ficou muito boa em nublar a sua própria quando necessário. — Seria possível fazer isso hoje? Eu preciso comparecer como perita num caso amanhã de manhã. Total recondicionamento, conhecido como reabilitação, efetivamente tornava o indivíduo em um vegetal. Mas o recondicionamento básico pelo qual Sophia passava inúmeras vezes tomava poucas horas para completar. Adicione
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uma noite completa de sono e ela estaria funcionando no auge de sua eficiência novamente quando o sol nascesse. O M-Psy checou seu horário. — Nós podemos te encaixar as seis essa noite. E,
Sophia
pensou,
ela
perderia
muitas
horas
em
um
estado
semiconsciente, quando o tempo estaria correndo para ela em um ritmo inexorável. Mas tudo que ela disse foi, — Excelente. — Há outro assunto. Sophia olhou para cima no comentário. — Sim? — O Conselho de Administração te reatribuiu. — O M-Psy mandou um arquivo eletrônico para o organizador de Sophia. — Você foi selecionada para trabalhar diretamente para a Conselheira Nikita Duncan como uma assessora especial. O primeiro passo, Sophia pensou, tendo esperado a transferência em algum nível. Js que começavam a mostrar muitas falhas eram dispensados passo-a-passo. Quando ela desaparecesse, ninguém lembraria que eles uma vez conheceram uma Psy Justiça por aquele nome. Ninguém percebia que os J simplesmente desapareciam, para nunca serem vistos novamente. — Meus deveres? — Conselheira Duncan vai te informar, você tem uma reunião com ela a uma amanhã. Dado a hora de seu compromisso na corte, você não deverá ter dificuldade de fazer seu voo. — O M-Psy ficou de pé. Pausou. — Eu não fui autorizado a te informar isso, mas você deve ter tempo de colocar seus negócios em ordem. Sophia esperou. As palavras eram incomuns, podia ser outra armadilha. Mas quando ele falou, ele deu a resposta para a pergunta que tinha estado circulando em sua mente por meses. — Esse recondicionamento será seu último, seus escudos telepáticos estão severamente degradados para permitir uma redefinição mais a fundo. — Olhos verdes frios encontraram os dela. — Você entende? — Sim. — A próxima vez que ela entrasse num Centro, somente uma concha cambaleante e com olhos vazios sairia de lá.
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A criança havia sido danificada em um nível fundamental. Qualquer tentativa de salvá-la exigirá a alocação de tempo e recursos consideráveis com nenhum retorno produtivo. — Relatório PsyMed sobre Sophia Russo, menor, 8 anos
Pouco mais de vinte e quatro horas depois de sua conversa com o Comandante Brecht, Max saiu no portão do terminal doméstico de São Francisco com uma mala e um gato muito de saco cheio num carregador de forçaindustrial. Um gato cujo miado lamentoso estava começando a fazer as pessoas olharem para Max com o olhar estreitado reservado para aqueles que batem em seus cães e correm seus cavalos até a exaustão. — Max! Olhando para cima, viu uma figura familiar de cabelos fulvos. Colocando a mala e o carregador embaixo, ele pegou Talin nos braços e deu-lhe um beijo nos lábios. — Maldição, você parece bem Talin. — Seu rosto com saúde, as sardas douradas contra a pele que tinha conseguido manter o tom polido do verão mesmo no puro frio de Janeiro. Um rosnado emergiu a partir do homem de olhos verdes a direita de Talin, seu olhar vívido contra a pele rica e escura. — Uma vez eu vou permitir. A beije novamente e tudo o que vai beijar é o asfalto.
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Sorrindo, Max colocou uma Talin sorridente em seus pés e estendeu a mão. — Bom ver você, também. Clay a balançou. — Olá, Policial. — Seus olhos foram aos pés de Max. E Max percebeu que Morpheus havia estado em completo silêncio no instante que se aproximaram do casal. Olhando para baixo, Max viu a bola negra de pêlo indignado encarando a Clay. — Acho que está tentando descobrir que diabos de felino é você. Talin se inclinou, indo alcançar através das grades como se para acariciar o gato. — Não faça. — Max advertiu, uma mão em seu ombro. — Ele morde. — Ele morde a Talin, — Clay disse, olhando ao gato com olhos que não eram mais humano, — eu vou lhe mostrar os meus dentes. — Shh, agora, — Talin disse, acariciando Morpheus gentilmente na testa. — Ele está simplesmente louco por estar confinado, você não está, lindo? — Olhando para Max, ela simuladamente sussurrou: — Clay fica perturbado em voos, também. — Cuidado, — Clay disse, mas a curva dos seus lábios fez Max sorrir. O homem era completamente um caso perdido. — Estou feliz que você o trouxe, — Talin disse, levantando-se. — Ele teria saudades de você. — Não, ele teria encontrado outro idiota para alimentá-lo — Max falou, sabendo que o ex-gato de rua tinha instinto de sobrevivência de um rato em um navio afundando. — Mas desde que não tinha certeza de quanto tempo isto vai tomar, eu imaginei que Morpheus podia muito bem vir e ver o mundo comigo. Acenando em agradecimento a Clay quando o macho changeling pegou sua mala, Max pegou o carregador. — Eu aprecio a carona. — Votei em deixá-lo encalhado, — Clay murmurou. Talin fechou o braço com o de Max. — Não se preocupe com ele. Secretamente, te ama.
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— Muito secretamente. — O coração de Max passou apertar de uma boa maneira ao ver Talin tão feliz. Eles tinham se aproximado durante a investigação de várias crianças desaparecidas há um tempo, mas a conheceu por dentro e por fora durante anos, suas batidas colidindo em Nova York. Ela tinha trabalhado com crianças problemáticas – e Enforcement estava sempre apanhando essas crianças. Mas não era apenas isso. Ele e Talin tinham uma conexão, uma que eles nunca tinham realmente articulado, mas que foi simplesmente entendido. Eles tinham as crianças que foram capturadas no sistema de guarda adotiva, entendendo as cicatrizes que poderiam deixar. Não era o tipo de coisa que você poderia realmente explicar a qualquer um que não tivesse vivido aquilo. Mas Clay conseguiu. Max não conhecia a história do grande homem, mas a conexão que compartilhava com Talin estava lentamente sendo formada com o seu companheiro também. Max havia os levado para jantar na última vez que foram a Manhattan, tinha acabado completamente bêbado com o leopardo. Talin os conduzira para casa a partir do bar, prometendo arrancar as suas peles o tempo todo, mas ela tinha dobrado os dois naquela noite – empurrando Max no sofá do hotel deles e lhe dizendo para ficar quieto. Sorrindo ao se lembrar da música rock pulsante que ela tinha tocado na manhã seguinte como punição, ele olhou para juba selvagem do seu cabelo. — Será que você verificou o apartamento? — Ele havia lhes enviado um email com os detalhes do lugar onde tinha sido colocado para a missão. — É perto do Fisherman‘s Wharf, — Talin disse. — Não muito longe do edifício Duncan. Área agradável, perto das lojas. Clay olhou para cima enquanto guardava a mala de Max no porta-mala do carro. — Tem certeza que você não quer nos dizer o que está fazendo para a mãe de Sascha? — Seus olhos eram humanos novamente e cheio de uma inteligência aguçada, como convinha a um dos homens mais importantes do Dark River. — Desculpe, não posso dizer nada. Ainda não. — Max colocou Morpheus no banco traseiro. — Poderia ser capaz de compartilhar mais, uma vez que souber o que está acontecendo. — Entrando no assento ao lado do gato ainda silencioso, ele amarrou-se e esperou Clay e Talin entrarem. Exceto... — O que...
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— Alcançando por baixo da coxa, ele se viu segurando um tipo de boneco de cabelo rosa estranho com juntas em lugares impossíveis. — Isso é um Metamorph, — Talin lhe disse, virando para olhar por cima do ombro — Eles se transformam em animais. — Huh. —Ele brincou com o pequeno brinquedo, conseguiu descobrir o mecanismo e voila, tinha um improvável lobo rosa nas mãos. — Como um changeling. — Sim. Clay continua a comprá-los para Noor, embora ela já tenha pelo menos uma dúzia. — Talin entrelaçava seus dedos com a mão livre de seu companheiro, mesmo enquanto brincava com ele. — Um olhar daqueles grandes olhos e ele se dobra. Clay levantou a mão dela e apertou um beijo nos nós dos dedos. — Você não reclama quando derreto para os seus grandes olhos cinzentos. — Clay. — Corando, Talin, no entanto soprou um beijo ao seu companheiro. Relaxado pela brincadeira, Max recostou-se no assento, após verificar para garantir que um Morpheus ainda silencioso ficasse bem, e pensou no e-mail que recebeu enquanto aguardava para embarcar no AirJet. Ele tinha vindo através do escritório do comandante. Sophia Russo irá encontrar você em San Francisco. Antecipação arranhou por ele, seu corpo não parecia querer aceitar o fato que a mulher mais provavelmente congelaria suas bolas na noite que consentir a emaranhar-se com ele no sentido de homem/mulher. Mas Max parou de ser governado por seus hormônios por volta da idade de dezesseis anos, independentemente que esta J com seus olhos violeta-noite cheios de segredos o puxava na mais visceral das formas. Usando o tempo que teve antes do seu embarque de voo, ele fizera alguns telefonemas, inclusive um para Bart Reuben para obter uma atualização sobre Bonner. O promotor nada teve a informar sobre aquela frente, mas quando Max falou que estava indo trabalhar com Sophia, ele havia dito: — Eu fiquei curioso sobre ela, fiz algumas escavações. Max
foi
possessividade.
surpreendido
por
uma
súbida
e
energética
onda
de
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— Por quê? — Aquelas luvas, — Bart havia respondido. —Percebi que tinha as visto antes, em um J que trabalhei há muito tempo. Sei que significam algo, mas não descobrir o que ainda. No entanto, encontrei outra coisa muito interessante. Lutando contra sua forte resposta inesperada com a ideia de Bart investigando Sophia, Max havia forçado seu tom de voz a clarear. — Você vai me fazer tirar isso de você? — Não, uma garrafa de uísque malte puro vai fazer. — Foi capaz de ouvir o riso na voz de seu amigo. — Parece que durante o último ano, nossa Sra Russo desenvolveu um pequeno curioso hábito de estar na proximidade de algumas pessoas muito desagradáveis que decidem mutilar-se de maneiras criativas. — Isso não é surpreendente, dado o tempo que ela tem sido uma J. — Um tira teria que ser deliberadamente cego para perder aquela ocasionalmente ―peculiaridade‖ homicida da psicologia J. Sempre foi impossível provar qualquer coisa, é claro, ainda que um tira se sentisse muito inclinado dada a natureza dos indivíduos os Js invariavelmente dirigiam, porém o próprio Corpo policial de forma muito eficaz – não era bom para sua imagem ter seu povo começando a enlouquecer em público. Mesmo quando o pensamento passava por sua cabeça, Max havia se encontrado
perturbado
pela
ideia
de
que
Sophia
Russo
poderia
estar
enlouquecendo lentamente. — Por que ela não foi arrancada do serviço ativo? — Tinha saído mais duro do que deveria. Bart, felizmente não notara. — Ela é muito, muito boa em seu trabalho. — ele respondeu. — Mas está alcançando seu prazo de validade. Um dias desses ela vai desaparecer como todos os outros J que já trabalhei ao longo dos anos. Agora, quando o carro entrava nas ruas íngremes da adequada São Francisco, Max pensou nas últimas palavras sobre Sophia que lhe tinha falado, e sentiu uma queimação de raiva nas entranhas com a ideia de ela ter um ―prazo de validade‖.
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Sophia se sentou em frente à mulher de aparência exótica que poderia muito bem assinar a ordem para sua reabilitação uma vez que fosse considerada obsoleta. Deveria tê-la preocupado, se somente em um nível intelectual, mas Sophia não ficava afetada por muito no presente. Então, logo após um recondicionamento, com sua mente perfurada em sua clareza, os fatos eram inegáveis: seus escudos contra a PsyNet eram rocha sólida, pela simples razão que todos Js foram perfurados impiedosamente até que dominaram essa habilidade, mas o escudo que a protegia na base do dia-a-dia, suas proteções telepáticas, eram de papel fino. Qualquer número de ocorrências poderia incitar uma crise mental devastadora. Os resultados podem variar de choque e desintegração psíquica até a morte. A conselheira Nikita Duncan ergueu a cabeça do arquivo na sua mesa quando Sophia pensava que preferiria uma morte súbita e total sobre um colapso psíquico. Bem melhor esse final em uma explosão súbita e brilhante de agonia, do que encontrar-se enfraquecida e à misericórdia de quem não tinha nenhuma. Ela foi impotente uma vez na vida, nunca mais se permitiu estar nessa posição. — Sra. Russo, — a voz da conselheira Duncan era precisa. — Acredito que você teve uma aparição no tribunal esta manhã? — Foram as nove, — disse Sophia sem pausar. — Estava terminado e no meu caminho aqui pelas dez e meia. — Então você já teve a oportunidade de ler o arquivo que enviei por email para você? — Sim, fui com ele no AirJet. — O que ela não adicionou foi que passara a maior parte do tempo olhando à pequena imagem digital do homem que estaria trabalhando, um homem a qual nunca tinha esperado ver novamente no curso que restava de sua vida. A foto foi tirada no início deste ano, e havia algo nela que disse que ele estava rindo pouco antes do fotógrafo apertar o disparador, aquele olhar superior iluminado por dentro. Ela se fascinou pela diferença entre a imagem e o homem com cara sombria que conhecera fora da sala de interrogatório, em Wyoming.
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— Você tem alguma pergunta? — Nikita perguntou. — Não neste momento, a tarefa parece simples. — Além do fato que ela foi emparelhada com um humano que a fazia ter pensamentos que não eram somente impossíveis, mas tão escandalosamente impossíveis que se perguntava se já estava trilhando o caminho rachado e torcido para a loucura irrevogável. Os olhos de Nikita se transformaram em partes de azeviche, rígido, cortante. — Antes de continuar, quero deixar uma coisa explícita, eu não quero quaisquer ―incidentes‖ enquanto você está no meu emprego. — Eu não sei a que se refere, Conselheira. — Sophia manteve o rosto inexpressivo, era uma ficção, mas uma ficção que iria mantê-la viva um pouco mais. Tempo suficiente para falar com Max Shannon novamente, para descobrir o que era nele que fazia as últimas lascas esquecidas de sua alma, sua personalidade, tremeluzir com fragmentos inesperados de luz. Ao mesmo tempo, a alteridade sussurrava que ele era esperto, que ele iria descobrir tudo sobre ela e se afastar uma vez que soubesse. Que seria machucado. E a menina quebrada dentro dela, o segredo escondido além do Silêncio, estava cansada, muito cansado de machucar. — Eu já disse o que tenho que dizer, — Nikita falou após uma pequena pausa. — Quebre as regras e você vai pagar o preço. Sophia sabia bastante de Nikita para entender que isso não era ameaça vã. Havia rumores de a Conselheira ser um transmissor viral, capaz de infectar mentes com a mais fatal – e se ela escolhesse, cruelmente dolorosa – de armas psíquicas. — Entendido. — Levantando-se a seus pés, ela pegou o organizador. — Tenho uma pergunta que não está diretamente relacionada com o caso. Nikita esperou. — De acordo com o meu supervisor imediato, você especificamente me solicitou. — Sophia não era consciente de que Nikita sequer soubesse o seu nome. — Houve uma razão para isso? — Fazia mais sentido te usar do que tomar um J em pleno funcionamento do sistema. — Legal, palavras pragmáticas. Exceto por uma coisa.
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Sophia sabia que Nikita estava mentindo.
A mente de Max havia circulado de volta ao Bonner no momento em que chegou ao apartamento, tendo parado para pegar alguns suprimentos no caminho. Forçando-se a sair do assunto, apenas para negar ao bastardo a satisfação de saber que ele mais uma vez obteve todos dançando a sua música, olhou ao redor do apartamento enquanto Talin brincava com um Morpheus ainda irritado do seu recente aprisionamento. Mas o uso prudente dos deleites de gato e as mãos afagando de Talin pareciam estar tirando o mau humor animal. —Lugar melhor do que esperava, — disse para Clay. Quarto grande, sala de estar, cozinha e banheiro. E ele tinha janelas. —Acho que ser um investigador especial paga mais do que ser um detetive. Clay andou para junto de Max na janela perto da alcova de jantar. —Uma boa vista aqui. Tivemos um nevoeiro muito pesado pela manhã, mas isso faz para alguns dos mais espetaculares nascer do sol. — Sim. — Baixando a voz, Max perguntou: — Como está Jon? — O adolescente havia sido sequestrado, mantido em um laboratório Psy e torturado antes de ser resgatado. O último que Max ouviu, ele estava dando a Talin e Clay encaixes com seus truques. Clay sorriu. — Ainda um adolescente espertinho. — Então, normal? — Yeah. Ele está tendo uma queda por uma das jovens fêmeas dominantes, pobre filhote. Ele não percebe o quão boa ela está sendo para ele por não chutar o seu traseiro. Max sorriu, alívio inundou dentro dele. — Aposto que ela pensa que ele é adorável. Clay bufou.
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— Eu acho que é mais um caso de ―ah maldição, ele é um bebê, eu não posso machucá-lo‖. — Ai. — Max estremeceu, sentindo pelo garoto. — Isso teve que morder. — Uh-huh. — Um olhar muito felino apareceu no rosto de Clay. — Mas, você sabe, ele está determinado como o inferno. Em poucos anos seguindo a pista e, quem sabe. — Max? Olhando em volta para a voz de Talin, ele viu Morpheus ronronando em seu colo. O ingrato gato de rua nunca ronronou para Max. Tudo o que obteve foi fungadas e rosnados. — Sim? — Você quer que eu o leve para casa conosco? — A preocupação marcava seus traços expressivos. — Ele não parece como um gato de dentro. Max franziu a testa em nome de Morpheus. — Maldição, certo ele não é. Ele vai encontrar um jeito de sair daqui no mesmo dia. — E, provavelmente, voltar para casa com algumas cicatrizes novas para adicionar a sua coleção já prodigiosa. Talin arranhou o gato traidor atrás das orelhas. Os olhos de Morpheus quase rolaram para trás da cabeça. — Bem, — ela disse, parecendo duvidosa da reivindicação de Max, — Se ele começar a ansiar por algumas hortaliças, você sabe onde eu moro. — O hobby favorito de Morpheus envolve latas de lixo, eu acho que ele teria um aneurisma em uma floresta, — Max murmurou. — Ele está realmente ronronando? — Claro que ele está. Eu sei como tratar gatos. — Uma olhada sensual destinada exclusivamente ao seu companheiro. Max recuou em seus calcanhares sentindo-se como um voyeur e, se fosse honesto, um pouco invejoso também. Daria o braço direito para ser amado assim... Para amar assim. Mas o fato era que ele não era capaz daquela profundidade de vulnerabilidade, e ele era honesto o suficiente para saber isso, para nunca fazer promessas que não poderia manter. Certa mulher o havia beijado na bochecha quando eles se despediram e disse:
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— Você jogou fora a chave do seu coração há muito tempo, não é, Max? Ele sorriu naquela noite, porque ela era uma mulher que respeitava e uma mulher que permaneceu um bom amigo, mas depois ele se perguntou – tinha jogado fora ou a fechadura tornado-se simplesmente deformada, incapaz de abrir? O discreto soar da campainha prateou no ar, em seus pensamentos. — Eu atendo. — Andando, ele abriu a porta. E soube que ele tinha esperado por ela desde o segundo que pôs os pés nesta cidade nebulosa ao lado de uma baía deslumbrante.
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Qualquer contato pele a pele com um humano ou changeling, mesmo um Psy com escudos inadequados, podem destruir o que resta de suas proteções telepáticas. Evitar todo contato físico. —Carta de aconselhamento a Sophia Russo do Corpo Médico da Divisão J.
Sophia estava despreparada para o impacto visual de Max Shannon, não importava que ela já o tivesse visto previamente. Ele era o tipo de homem que as mulheres gostariam de possuir, ela pensou, tendo esbarrado em algumas dessas mulheres ao longo de sua carreira por muitas vezes. Elas o viam como um troféu, um prêmio a ser exibido, nunca percebendo que elas estavam tentando encoleirar uma tempestade viciosa. Embora Max fosse bonito, o que o salvava de cruzar a linha para uma beleza mais delicada era a dureza obstinada de sua mandíbula, a expressão inflexivelmente adulta em seu olhar. Aqueles olhos diziam que Max Shannon tinha olhado dentro do vazio e tinha saído com um pedaço dele em sua alma. Então ele falou, atraindo a atenção dela para aqueles lábios bem desenhados. — Sophia. — Ele apoiou uma mão no batente da porta, não a abaixou para oferecê-la. Ela apreciou o gesto, muitos humanos tomavam como insulto quando ela recusava a apertar suas mãos, nunca percebendo que a cortesia comum poderia
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custá-la tudo. — Eu pensei em te deixar saber que eu cheguei. Eu estou no apartamento ao lado. Max olhou para sua direita. — Isso vai facilitar as coisas. — Palavras fáceis, mas seu tom dizia algo mais. — Eu não vou ficar te espiando, Sr. Shannon. — Algo há muito tempo adormecido nela se agitou com o desafio que ela leu nele. — Para ser bem franca, suas atividades pessoais não guardam nenhum interesse para mim ou para a Conselheira Duncan. — Não bem a verdade. Nikita poderia não se importar com a vida pessoal de Max Shannon, mas Sophia se encontrou impelida para conhecer o homem por trás da máscara enigmática de um detetive da Força. A borda de um sorriso tocou os lábios de Max, mas eram seus olhos que importavam. Eles nunca perdiam aquele brilho de lâmina afiada que diziam a ela que ele estava calculando cada mínimo movimento dela, cada mínimo ato. — Você só me quer pelas minhas habilidades de detecção, não é isso? Ela não sabia como responder a questão claramente não-séria, ela esteve lidando com humanos por toda sua vida adulta, mas ela nunca lidou com alguém que evocava essa estranha... fascinação nela. Tinha começado com o modo como ele olhava para ela, mas agora era uma coisa completamente independente. E o fato de que isso já era tão forte, tão cedo após um recondicionamento, significava que ela tinha muito menos tempo que ela acreditou previamente antes de seus escudos telepáticos se desfazerem para sempre. Alguém falou atrás de Max naquele momento, e ele virou, derrubando seu braço do batente. Foi quando Sophia viu os outros dois indivíduos na sala. Uma mulher humana e um homem que era claramente não humano. Ela deu um passo para trás e para a esquerda enquanto o casal saía para ficar a sua direita. — Clay, Talin, essa é minha... parceira — uma pausa que ela sabia ser intencional — Sophia Russo. O homem assentiu, enquanto a mulher sorriu. — É um prazer conhecê-la. Sophia assentiu em resposta, se perguntando como essa Talin conseguia com tanta calma ficar ao lado do homem que era inquestionavelmente um predador. E desde que essa era São Francisco só havia duas possíveis conclusões, só uma, uma vez que você fatorava o modo como o homem de olhos
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verdes se moveu, com fluidez em desacordo com o seu tamanho muscular. — Vocês são membros dos DarkRiver? — Você deve ser nova na cidade, — Talin disse, colocando seu cabelo para trás para revelar uma orelha adornada com um brinco pendurado feito de pedras de vidro irregulares nas cores do outono. — A maioria das pessoas reconhece o Clay. — Eu já estive em São Francisco antes, — Sophia respondeu intrigada pelas estranhas formas das pedras, o modo como elas foram colocadas juntas. Não havia concordância, nenhuma perfeição. — Porém, eu lido quase que exclusivamente com humanos e Psy. — Changelings tinham autoridade sobre todos os crimes que envolviam somente aqueles de sua raça. — Sophia é uma J, — Max disse, inclinando um ombro contra o batente. Ela notou os antebraços revelados pelas mangas arregaçadas de sua camisa de um azul vívido, notou, também, a fácil graça com a qual ele executava até mesmo o menor dos movimentos, esse homem, ela pensou, era construído ao longo das linhas elegantes dos carros rebaixados preferidos por muitas corridas emocionais. Os olhos dela entraram em confronto com os dele nesse momento, e a questão neles a fez consciente de que eles todos estavam esperando algo dela. Quebrando o contato, que se sentia estranhamente, inexplicavelmente íntimo, ela deu um passo à esquerda. — Eu vou deixar você com suas visitas. Detetive Shannon, se você me deixar saber quando estiver pronto para começar. — Nós podemos começar agora, — ele interrompeu, ainda naquela posição contra o batente da porta. Se ela não o tivesse visto em Wyoming, ela talvez tivesse se enganado em achá-lo "seguro". Mas ela o viu naquela prisão. Não só isso, ela leu o arquivo que narrava a sua teimosa, incessante busca pelo Butcher no Park Avenue. Ela sabia do perigo que descansava abaixo de seu charme lânguido. — Nós vamos deixá-los trabalhar, então. — A mulher chamada Talin deu um passo à frente para beijar Max na bochecha, quebrando a linha de visão de Sophia. — Mas eu estava esperando que vocês jantassem conosco, — ela disse, virando para incluir Sophia no convite.
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Max olhou para seu relógio enquanto Sophia enrolava os dedos de sua mão esquerda em sua palma. O que Talin tinha acabado de fazer, aquele contato fácil... tinha sido comum. Humano. E fez Sophia brutalmente ciente do abismo entre ela e esse policial cuja presença, cujos olhos atentos, espalhavam fogos de rebelião nela. — São quase três horas agora, — Max disse, sua voz baixa e suave, e perturbadoramente abrasiva contra a pele de Sophia, — Então que tal jantar às sete? Nós devemos estar prontos para uma pausa, de qualquer forma. — Um olhar para Sophia daqueles olhos que viam demais. — Assim está bom para você? Ela não soube por que disse, — Sim, está bom, — quando ela deveria ter objetado o convite social. Como sua resposta a Max demonstrou com bastante clareza, ela falhou em suas tentativas de ser a mais perfeita dos Psy. Mas ela não era de forma nenhuma similar a um humano. Ela era, provavelmente, ainda menos "humana" que a maioria de seus irmãos, sua psique tendo sido desgastada pelo corrosivo ácido das imagens armazenadas em seu cérebro. Clay disse adeus então, sua voz profunda contra o suave tom de Talin. Enquanto o casal partia, a mão do leopardo na base das costas de sua companheira, Sophia se encontrou sendo o único foco dos olhos quase negros de Max, os olhos de um homem que estava acostumado a desfazer escudos, desenterrar as verdades mais profundamente enterradas. — Entre, — ele disse, — A menos que você precise pegar algo no seu quarto? Nós vamos passar os detalhes, ter certeza de que estamos na mesma página. — Sim, eu vou pegar meu organizador. — As palavras vieram calmas, embora seus batimentos cardíacos tenham se tornado errático. — Só vai levar um minuto ou dois. — Caminhando para a porta, ela a empurrou e pegou a pequena pasta que tinha deixado na mesa de café. Ela deveria ter ido diretamente de volta, mas ela tomou um minuto para respirar, para checar seus escudos na PsyNet pelas mínimas fraturas que poderiam trair sua agilidade com a qual seu recente recondicionamento tinha começado a degradar. Satisfeita de que tudo estava bem por agora e certamente, também, que seus segredos estavam seguros de um policial que já viu demais, ela foi para o quarto de Max. A sala de estar dele estava vazia. Assumindo que ele tinha ido
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pegar suas próprias notas, ela fechou a porta e tomou um assento na pequena mesa na sala de jantar perto da janela. Ela tinha acabado de abrir a pasta quando um enorme gato preto pulou na cadeira oposta, colocou suas patas da frente na mesa, e olhou para ela com um olho cinza e um olho marrom. Fisicamente assustada, ela conteve sua reação apesar de tudo, aquele aspecto de seu recondicionamento era uma grande parte dela, então não tomou muito esforço para manter. O gato continuou a encará-la. Curiosa sobre o que a criatura faria se tocada, ela estendeu uma mão e trouxe seus dedos para o nariz dele. Ele cheirou o couro sintético de sua luva antes de voltar a encará-la novamente. — Ignore o Morpheus. — Max voltou para a sala e pegou o gato para soltálo facilmente no chão. O felino saiu andando, calda no ar. — Ele gosta de encarar as pessoas. — Eu vi. — Ela se encontrou seguindo os movimentos de Max enquanto ele colocava comida de gato e água em um prato dividido para a comida. Ele colocou jeans e uma camiseta preta que deixava seus braços nus, a cor um austero contraste com o dourado quente de sua pele. — Você teve algum contato a mais de Bonner? Cabelo lustroso e preto caiu sobre a testa dele enquanto balançava sua cabeça e se levantava. — Não. — Uma única palavra áspera. — o bastardo provavelmente está esperando nós nos arrastarmos para ele. — Ele irá esperar por um longo tempo. Para a surpresa dela ele disse, — Se eu achasse que ele nos diria a localização dos corpos se eu rastejasse, eu faria isso sem hesitação. A resposta adicionou mais uma camada de complexidade à personalidade dele, fez a fascinação dentro dela crescer. — A maioria dos homens, especialmente aqueles atraídos para uma carreira na Força, considerariam isso um insulto ao orgulho deles. — O orgulho não tem sentido se você não pode manter suas promessas. — Lavando suas mãos depois de fazer aquela declaração enigmática, ele as secou numa toalha e veio tomar um assento oposto a ela. — Coisas mais importantes primeiro — todo policial, nem sequer um traço do enganoso charme que ela viu
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na soleira da porta — Aqui está o que eu sei. — Ele recapitulou a situação. — Você tem mais alguma informação? — Eu acredito que não. — Ela obrigou a si mesma a se concentrar na tela de seu organizador. — Tanto quanto eu posso dizer de sua declaração, nos foram dados arquivos idênticos. — Exceto que o dela tinha incluído uma imagem de Max Shannon, uma imagem que ela salvou em seu arquivo criptografado. Max se recostou em seu assento, esperando para falar até que ela levantou seus olhos para ele. — Você esteve em qualquer uma dessas cenas? — Não. O apartamento de Kenneth Vale, o aparentemente suicida, está comprometido ao ponto da inutilidade até onde qualquer exame forense está em causa. — ela disse a ele, tendo checado com a Conselheira Duncan. — Porém, foi deixado intacto para dar aos psicólogos do Conselho uma chance de examiná-lo no caso de isso dar alguma luz quanto à personalidade de Vale. O suicídio dele é considerado um caso incomum. Max cerrou os olhos. — Você está falando do método que ele usou para se enforcar? — Sim. — Sophia não podia imaginar os demônios que dirigiriam um homem a uma tão longa, tortuosa forma de morte, na verdade, ele tinha escolhido sua morte. — Foram me dados os códigos para acessar o apartamento. — Bom, nós vamos dar uma olhada. Eu acho que nós não temos nada sobre a vítima de ataque cardíaco, o arquivo diz que foi cremada, — Max disse, inclinando sua cadeira. — Eles pegariam amostras de seu sangue, checado para... — Eu mandei um email para Nikita de Nova Iorque, — Max interrompeu, — perguntei sobre isso. Parece que as amostras desapareceram misteriosamente. — Interessante. — Não é? — Ele bateu seu dedo contra a mesa, e não era um movimento inquieto. — Que tal o carro que a possível terceira vítima estava dirigindo quando ela sofreu o acidente? — Está sendo mantido por uma instituição privada aqui na cidade. — Bem, isso é algo ao menos. — Franzindo as sobrancelhas, ele inclinou sua cadeira ainda mais para trás. — Seria melhor se Nikita tivesse nos ligado logo
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após, ao invés de esperar várias semanas depois do acidente de carro, mas eu acho que ela pensou que poderia chegar ao fundo disso por si mesma. Sophia não conseguia se concentrar nas palavras dele, sua atenção atraída completamente para outra coisa. — Você vai cair se continuar fazendo isso. Ele atirou um olhar divertido, continuando a segurar o precário equilíbrio. — Isso costumava deixar minhas famílias adotivas loucas. A abertura dele sobre estar no sistema adotivo foi inesperada. E isso fez Sophia ceder às sementes da rebelião, perguntar uma coisa que um Psy perfeito nunca teria perguntado. — Você não esteve com uma família em longo prazo? — Não. O mais longo foram seis meses, — ele disse facilmente, e inclinou sua cadeira de volta a seus quatro pés. — Eu assumo que Nikita fez seus técnicos checarem o veículo? Ela assentiu, uma estranha percepção tomando forma dentro dela. Max não tinha tido pais também, não de verdade. Ele era como ela, ao menos naquele modo. Ela queria dividir aquilo com ele, com esse homem que parecia vê-la desde seu primeiro encontro, mas ela não sabia como, não tendo nenhuma capacidade ou experiência em construir vínculos com outro indivíduo. — Sim, — ela disse ao invés, severamente consciente do quão remota ela soou, quão inumana... como se ela já estivesse morta. — Porém, a Conselheira Duncan autorizou as despesas necessárias para um relatório independente se você achar necessário. — Eu vou decidir isso depois de ter uma conversa com o mecânico. — Empurrando sua cadeira, ele se ergueu para seus pés, o cheiro de seu corpo, sabonete, calor, algo mais obscuro, varrendo através dos sentidos dela. — Mas primeiro, o apartamento de Vale. — Certo. — Ela ficou de pé, ciente de que seus movimentos não eram tão graciosos quanto os dele, o corpo dela parecia brusco, desconexo. — Se você me der um momento para trocar meu terno. — Você foi à corte essa manhã? — Ele alcançou para abrir a porta para ela, à ação fazendo-a pausar por um segundo. Os homens nunca faziam coisas assim para ela. Não era porque ela era Psy, ela viu inúmeros homens fazer o mesmo ato automaticamente para todas as mulheres. Mas eles sempre
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pareceram querer distanciar a eles mesmos da violência que ela usava em seu rosto, como se eles tivessem medo de que fosse contagioso. — Sophia. Ela percebeu que esteve silenciosa por muito tempo. — Sim? — Como vai o caso? — Como sempre, — ela disse, destrancando sua porta com mãos enluvadas que era um lembrete constante de quem ela era, e quem ela seria até o dia de sua morte, não importava a necessidade de se rebelar, de quebrar as correntes de um passado que se recusava a libertá-la, não haveria outro amanhã para ela. — Eu disse ao juiz e ao júri o que eu vi. Isso é tudo o que eu faço.
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Homens que conhecem seus pais são criaturas diferentes de homens que não conhecem. É hora de arrancar aquela venda especial. —Email de Max Shannon para Bartholomew Reuben
Max assistiu Sophia desaparecer em seu apartamento e soltou um fôlego que ele não estava ciente de estar segurando. A mulher o alcançou, nenhuma dúvida quanto a isso. E ela o alcançou daquele jeito que zombava de quaisquer pensamentos que ele pudesse ter sobre manter sua distância emocional. Voltando ao seu quarto com aquela verdade circulando em sua mente, ele agarrou um casaco preto de sua pasta. Só tomaram alguns segundos para jogar seu celular dentro e entrar no casaco, caminhando de volta, ele se inclinou contra a parede oposta à porta de Sophia enquanto esperava ela terminar de se trocar. Isso deu a ele alguns minutos muito necessários para se acalmar. E encarar os fatos. O corpo dele não só gostava da ideia de Sophia Russo, ele gostava da realidade dela ainda mais. Ela tinha lábios exuberantes, sensuais, curvas que faziam um homem agradecer a Deus, e ela cheirava tão bem que ele queria enterrar seu rosto no pescoço dela como os leopardos faziam com suas companheiras. Mas aqueles olhos que uma vez o lembrara de um olhar sorridente... Eles eram completamente insípidos, tão sem vida que ele poderia estar falando com um autômato.
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Com a maioria dos Psy, ele teria aceitado aquela lacuna como um lado inevitável do efeito das personalidades sem emoções dele, mas com Sophia, ele sabia que tinha que ser uma mentira cuidadosamente construída. Porque ninguém que viu as coisas que Sophia Russo viu, alguém que andou nas pegadas ensopadas de sangue do mau, poderia permanecer ilesa. Não até que suas emoções não estivessem simplesmente enterradas, mas extirpadas da existência. A porta abriu naquele momento, revelando a mulher que era o centro dos pensamentos dele. Ela tinha trocado para jeans e um suéter cinza que cobria aquelas curvas pelas quais ele estava começando a ficar obcecado. Ele podia ver a borda de uma camiseta branca debaixo do suéter, enquanto tênis pretos simples apareciam por debaixo do tecido de seus jeans. — Isso é apropriado? — ela perguntou. — Eu assumi que nós teríamos tempo para ir até a garagem também. Ele correu seu olhar não sobre as roupas dela, mas sobre os suaves cachos de seu cabelo que chegava até o ombro. Ricas, pretas como carvão, aqueles cachos tentavam um homem a fechar suas mãos na suavidade, puxá-la mais perto, e afundar seus dentes, deliciosamente, cuidadosamente, naquele lábio inferior cheio. —Sim. — Isso saiu roucamente. Ela hesitou, como se tivesse captado a borda de seu tom, mas suas palavras quando elas vieram foram pragmáticas. — Eu vou mandar um email para a Conselheira sobre o carro, assegurar que o chefe mecânico saiba que nós estamos indo. — Trancando sua porta depois de pegar aquele pequeno dispositivo computrônico que parecia ser cirurgicamente atado à mão dela, ela veio caminhar ao lado dele, sua cabeça sequer alcançando o ombro dele. — Você é baixa. — Ele poderia aninhá-la debaixo de seu braço, e contra seu corpo, sem qualquer problema. Sophia quase parou. — Esse tipo de observação é rude em todas as culturas. Ele deu de ombros, mas notou o movimento espasmódico antes dela suavizar seus passos, considerando as implicações, Psys faziam questão de reagir tão minimamente quanto possível, independentemente da provocação. E Max era
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muito, muito bom em provocações quando ele estava no clima. — Eu não disse que você não parece bem por ser baixa. — Eu sou o que é denominado um "retrocesso" para a minha tataravó, — Sophia disse, seu tom puro gelo feminino. — Ela tinha um tipo de corpo idêntico. Eu nunca serei esbelta. — Do meu ponto de vista — Max não conseguia se impedir, o mal nele tomando conta — ser esbelto é superestimado. Ignorando-o com um foco que fez os lábios dele se curvarem em um lento, satisfeito sorriso, Sophia pressionou seu dedo no touchpad do elevador. — O seu mascote vai ficar bem no apartamento? Surpreso de que ela se incomodou em perguntar sobre Morpheus, ele assentiu. — Eu deixei uma janela aberta para ele. — Só há uma borda muito estreita, e está a muitos metros do chão. — Um olhar de volta ao corredor, como se ela estivesse considerando voltar por Morpheus. — Ele também está numa cidade desconhecida. Aquele olhar, as palavras, a dica da personalidade por trás do gelo, fez todos os instintos dele zunindo, Sophia Russo não era uma Psy robótica. Ela era algo, alguém muito mais intrigante. — Morpheus é um gato de rua, — ele disse, lembrando o modo como ele a viu estender seus dedos na direção do gato, o olhar inquisitivo em seu rosto quando ela achou que ele não estava olhando. — Ele já considera aquela borda sua saída pessoal e a cidade seu próprio playground, confie em mim. — Ele é seu mascote e sua responsabilidade. Deixando-a entrar no elevador quando este chegou, ele mordeu de volta um sorriso àquele lembrete empertigado e alcançou o teclado. — Me disseram que nós teríamos um veículo, você sabe se ele já está aqui? — Sim. Eu o peguei e o estacionei na garagem subterrânea. — Ela esperou até que ele tivesse pressionado seu dedo no número apropriado antes de surpreender o inferno fora dele. — Você pode dirigir. Quando ele ergueu uma sobrancelha, ela disse, — Eu já tive contato suficiente com homens humanos para perceber que você parece ter uma inabilidade congênita para funcionar enquanto uma mulher está no volante, e eu prefiro que sua atenção total esteja no caso.
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Ele se balançou em seus calcanhares, muito intrigado e bem seriamente ferrado, porque isso só acabaria de um jeito. Aquela dica de personalidade e o inexorável puxão de algo mais profundo entre eles não obstante, Sophia não era somente uma J, não era somente uma Psy, ela era os olhos e ouvidos pessoais da Conselheira Duncan. Um homem esperto manteria sua distância, se asseguraria de que ela nunca esquecesse de que enquanto eles estivessem trabalhando juntos, eles, certo como o inferno, não estavam no mesmo time. Só havia um problema com isso, ele, um homem conhecido por deixar suas amantes com sorrisos em seus rostos, e sem olhar para trás, queria cada mínimo detalhe sobre essa mulher que falava com partes dele que tinham sido guardadas num frigorífico por tanto tempo, que seu corpo se machucava fisicamente enquanto elas acordavam. Era, para ser honesto, desconfortável como o inferno. Mais, a chocante intensidade da resposta dele foi contra a natureza pragmática de sua mente, ele estava acostumado a pensar, a planejar. Mas ele era também um homem que sabia como se adaptar. E ele não tinha desistido de nada por ninguém desde o dia que ele ficou velho o suficiente, e forte o suficiente para se defender... para se proteger. — Você sabe, — ele disse enquanto as portas do elevador se abriam, determinado a descobrir a verdade do enigma que era Sophia Russo, changelings considerariam você me deixar dirigir uma rendição. Ela saiu para a garagem, tão formal e respeitável que ele queria bagunçála em três níveis diferentes, o garoto há muito tempo esquecido nele se sentando ereto em antecipação travessa. O que ela faria? Ele se perguntou. Sophia Russo sequer entendia o significado da palavra "jogar"? — Eu tenho certeza de que você percebe, — Sophia disse em resposta ao comentário dele, — que nada é assim tão fácil com os Psy, Detetive. — Max. — Ele queria ouvi-la dizendo seu nome, o reconhecesse como um homem. Um ligeiro assentir. — Esse é o nosso carro. — Ela parou em frente a um sedan preto com vidros fumê. Ele assobiou entredentes. — Esse é um tanque muito bem desenhado. — Elegante, feito para se misturar ao tráfico comum, mas, aos experientes olhos
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dele, certamente a prova de bala e com um corpo construído para sobreviver a impactos de veículos com o dobro de seu tamanho. — Conselheira Duncan achou que seria prudente desde que eu estarei trabalhando com você. — Um cacho de cabelo negro balançou contra a bochecha dela enquanto ela começou a tirar sua luva. — É de conhecimento comum que uma vez que um J toma a "impressão" de uma memória, aquela memória se torna inacessível para outro J. Percepção desceu em uma linha apertada de tensão sobre os ombros dele. — Quantas vezes já tentaram te matar? — Eu não tenho certeza. — Ela usou sua impressão digital, sua mão sem marcas, sem cicatrizes, para destrancar o carro e acessar o painel de controle computrônico. — Eu posso programá-lo agora se você vier e pressionar seu dedão no scanner. Ele fez isso, esperando pacientemente enquanto ela assegurava que ele tivesse direitos completos para operar o veículo. — Tente, — ele disse depois, enquanto ela saía e caminhava ao redor do carro para o lado da porta do passageiro. — O quê? — Me dê uma estimativa de quantas vezes você pode ter sido o alvo de uma tentativa de assassinato. Ela abriu a porta. — Eu só fui atingida três vezes. Só. Muitos policiais não eram atingidos tantas vezes em toda a sua carreira. Deslizando para o banco do motorista, depois de incliná-lo para trás mais de um pé, ele ergueu os controles manuais, visceralmente ciente da vulnerabilidade delicada da pele nua dela a apenas algumas polegadas. — Por que isso? — Ele perguntou, falando com uma súbita borda possessiva que afiou seu protecionismo para uma lâmina de aço. E aquilo, também, era uma surpresa. Embora ele fosse um protetor no coração, uma faceta de sua personalidade ele tinha aprendido a lidar, ele nunca foi possessivo... ou talvez, uma parte a muito tempo silenciosa nele sussurrou, ele simplesmente aprendeu a não ser. Se você não reivindicasse as pessoas, elas não poderiam te rejeitar, não poderiam te deixar, não poderiam partir a porra do seu coração. Exceto que mesmo aquela realidade não conseguiu impedir sua resposta
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primitiva a Sophia, vinha de algum lugar mais profundo, além da civilizada pele de sua humanidade. Sophia virou para afivelar seu cinto de segurança. — Eu presumo, — ela disse em resposta a questão dele, — que as pessoas queriam me impedir de dar as evidências, se eu morrer, a impressão morre comigo. Os dedos dele quase escovaram o cabelo dela enquanto ele apoiava seu braço na parte de trás do assento do passageiro se preparando para colocar o carro em marcha ré. O modo como ela se inclinou para evitar qualquer contato foi súbito... e um frio lembrete de que para toda aquela exuberante feminidade, Sophia Russo nunca derreteria por nenhum homem. Isso deveria ter jogado água fria em sua fome latente, arrancar aquela possessividade florescendo pela raiz, mas tudo o que fez foi fazê-lo querer puxar aqueles cachos, só para ver o que ela faria. Havia uma razão pela qual ele passou a maior parte do colegial na detenção. Lutando contra o impulso, ele deixou cair seu braço uma vez que ele tinha saído com o carro e angulando-o na direção da saída. Devagar, ele pensou, ele tinha que fazer isso devagar. Ela era tão assustadiça, ele teria que acariciá-la para confiar nele. Se ele forçasse demais, muito cedo, ele perderia qualquer esperança de se infiltrar nos escudos dela, e aquilo era inaceitável. Porque Max tinha feito sua decisão. O que quer que seja que tenha queimado entre ele e sua J com seus olhos assombrados e com muitos segredos, ele não iria desistir. — Não, — ele disse, deixando sua voz deliberadamente relaxada, sem ameaças. — Eu quis dizer por que outro J não pode reescanear uma memória? — Nós não temos certeza. — A voz de Sophia estava equilibrada, mas com um tom rouco que roçou um beijo ao longo da pele dele. — Porém, a teoria mais forte é que qualquer "porta" mental que nós entramos para tomar a memória tem o efeito de fechar permanentemente o fluxo daquela porta no instante que nós saímos. — Então com Bonner...? — Escaneamentos foram tentados no julgamento dele, mas nunca foram completados. A mente dele ainda está ―aberta‖ nesse sentido.
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Entrando no tráfego, ele colocou o carro na direção automática para o destino, mas reteve o controle manual. — Não há nenhuma navegação automática aplicada aqui, certo? — Não. Manhattan é incomum em suas regras, provavelmente por causa de sua geografia. — Hmm. — Sentindo o poderoso ronronar do veículo sob suas mãos, ele relaxou no assento e mudou sua mente para o caso... e para a verdade para a qual não estava cego, não importava o poder do que ela incitou nele. — Você está planejando foder comigo? Para Sophia, a questão foi um golpe de florete afiado entre suas costelas. — Por favor, explique suas palavras, Detetive. — Ele estava sendo uma companhia tão fácil nos últimos minutos que ela quase esqueceu o homem letal que ela conheceu do lado de fora da sala de interrogação e Wyoming. Um erro. — Você atua como um filtro — um golpe do aço que descansa abaixo da bela superfície, — Mas o fato é, eu não consigo ser eficiente se você esconder coisas que eu preciso saber. Sophia se perguntou quantos suspeitos ele enganou para abaixar a guarda antes de derrubá-los com aquela lâmina precisa de voz. — Você acabou de me chamar de estúpida. — Eu chamei, Senhorita Sophia? De novo, ele a desequilibrou, a fez incerta do que responder. Humanos a pediam informações, por uma visão dentro dos casos deles, algumas vezes fazendo um pequeno tumulto no processo, mas isso, o que Max estava fazendo... Ela não entendia isso. — Seja brusco, Detetive, — ela pediu. — Eu não lido muito bem com sutileza. Max a atirou um olhar que ela não conseguiu ler, mas ele seguiu sua ordem. — Eu preciso saber se devo tratar você como uma parceira ou um fantoche da Conselheira Duncan. Ela pensou na mulher de olhos frios que um dia assinaria a autorização legal de sua morte, assegurando que os últimos dias dela nessa terra seriam gastos como uma fugitiva; porém, também, nesse homem agudamente inteligente e complexo que a fez desejar, por um segundo partido, que ela fosse normal. Mas ela perdeu sua chance com qualquer tipo de normalidade em uma quebra de
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espelho afiado como lâmina e gritos vinte anos atrás. — Conselheira Duncan quer que você encontre a brecha no sistema dela — ela disse em uma voz que saiu coberta em gelo. — Eu vou fazer tudo que eu puder para te auxiliar. Essa é a extensão das minhas atividades. — Então, — Max disse por fim, — Esse suicida. Kenneth Vale. Sophia puxou as informações em seu organizador mesmo enquanto fechava a porta gentilmente no passado, de modo a não despertar a alteridade adormecida dentro dela. — Ele era o especialista da Conselheira em ações e títulos, — ela disse, achando uma âncora no que ela entendia, palavras, dados e fatos. — Quais foram as consequências da morte dele? — Uma pergunta prática, mas a voz dele tinha mudado novamente, o timbre quente, perturbantemente íntimo no reduto do carro. A mão dela deslizou um pouco quando sua palma ficou úmida. — Ela perdeu certa quantia de dinheiro quando as notícias do suicídio de Vale se espalharam. Você tem que entender, tal ato é altamente incomum entre os Psy — entre a maioria dos Psy — e é considerado um sinal de uma severa doença mental. As próximas palavras de Max a atingiram sem aviso. — Você não está me contando tudo. Quanto ele sabia? Ela encarou as linhas limpas do perfil dele, os olhos dela se demorando na têmpora dele. Ele era humano. Todos os registros provaram aquilo sem qualquer dúvida, e ainda o modo como ele lia os suspeitos, o modo como havia acabado de lê-la, a lembrou novamente que ela tinha de ser muito, muito cuidadosa ao redor dele. Se ele percebesse a extensão das fraturas dentro dela, se ele entendesse as coisas que a alteridade tinha feito... Ela tomou uma lenta, cuidadosa respiração. — Isso não tem importância para o caso. O olhar que ele atirou a ela era brutal em sua demanda. — Eu decido o que é relevante. — Suicídio, — ela finalmente disse, — é considerado uma escolha aceitável em algumas circunstâncias. Porém, nesses casos, o suicídio é normalmente realizado de forma calma e discreta.
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— Suicídio nunca é calmo e discreto. — A voz dele era um chicote, cortando através da pele dela. — Eu já vi famílias destruídas o bastante para saber disso. Mas... Psys não amam, não é? — Não. — Vazio em sua alma, um vazio ecoando onde deveria ter havido família, deveria ter havido conexão, mesmo o tipo mais frio. — Frequentemente, em casos de deterioração mental severa, a escolha é entre o suicídio e reabilitação. Suicídio é a melhor opção, Sophia. Outro J, falando com ela dois meses antes de ser descoberto morto em um quarto de hotel, tendo se dado uma overdose cuidadosamente calculada de um coquetel de drogas. Pelo menos, você morre inteira. Se eles te pegarem, eles irão deixar uma atrocidade para trás, uma criatura que não deveria existir.
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Os pais da menor entregaram voluntariamente a custódia total ao estado, pois ela não parece ter a capacidade de gerenciar uma vida na população comum. — Relatório da PsyMed sobre Sophia Russo, menor, idade 8
Max era um policial por mais de uma década. Não levou muito tempo para ele ligar os pontos. Olhando para as ruas da cidade, ele tentou aniquilar a imagem de Sophia deslizando suavemente na boa noite passada, incapaz de acreditar que essa mulher inteligente, forte como aço algum dia cederia à morte sem lutar. — E você acha que o suicídio é preferível à reabilitação? — Eu acredito que a escolha é individual. — Uma pausa. — Mas se você está perguntando se eu faria essa escolha, não. — Ela bateu na tela de seu organizador com uma pequena caneta laser. — Você gostaria de falar sobre a segunda morte suspeita? Convencido pela absoluta resposta dela na questão do suicídio, ele virou sua mente de volta para o caso. — Carmichael Jones, — ele disse. — Ataque coronário massivo em sua suíte enquanto ele estava num encontro nas ilhas Cayman. A camareira o encontrou, o patologista determinou que ele estava morto por pelo menos duas, três horas naquele estágio. Sophia não disse nada por quase um minuto. Então, — Você tem todos esses dados em sua cabeça?
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— Sim. — Espantado com a pergunta, ele olhou ao redor, capturou aqueles olhos noturnos violeta o observando com um foco que se sentia como um toque. —Você não? —Não, eu tenho outras coisas na minha cabeça. — Ela deixou seu olhar cair para a tela do organizador, encerrando aquele tópico, mas ele sentiu seu eco sombrio em torno dele. As mãos dele se cerraram no volante. — Você tem pesadelos? — Psys não sonham. — Essa não era resposta que ele estava esperando, mas então ela adicionou, — É fácil para eles dizerem isso, — e ele soube que Sophia tinha olhado dentro do precipício e tinha gritado. Mesmo enquanto ele abria a boca para responder, ela falou novamente, e dessa vez, as palavras dela eram friamente pragmáticas. — Carmichael Jones era o assessor principal da Conselheira Duncan em relação ao ramo de propriedades do negócio dela. Max a deixou recuar por agora. — Construção é uma grande parte do império dela pelo que eu ouvi. — Sim. Ela obteve muito sucesso construindo complexo em parceria e para os changeling. — Hmm. — Ele considerou o que ele sabia dos changelings. Sua amizade com Clay, e outro sentinela DarkRiver, Dorian, era sólida, mas tinha sido conquistada através de sangue. No geral, quando se tratava de estranhos, as espécies predatórias tendiam a manter uma distância reserva. — Como ela conseguiu isso? — Ela tem um acordo com o clã dos seus amigos. Eu acredito que foi provado ser benéfico para ambas as partes. — Um pequeno movimento enquanto ela se ajeitava contra o assento, o cheiro dela uma carícia tentadora através dos sentidos dele. — Há rumores de que os lobos SnowDancer são uma parte silenciosa em muitos desses acordos, mas nenhuma confirmação. Max assobiou. Se os felinos eram frios quando se tratava de estrangeiros, os lobos eram completamente glaciais. — Carmichael Jones lidava com os leopardos? — Não. Nikita é o contato principal, o que é incomum.
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Guiando o carro por uma curva, ele balançou a cabeça. — Não realmente, eu tenho a sensação de que a filha dela era para ser a líder original. — Ele nunca conheceu Sascha, mas encontrou seu companheiro, Lucas, brevemente durante sua viagem anterior a São Francisco, na trilha de outro Butcher, um que eviscerava crianças como se eles não fossem nada além de carne. — Detetive... Max. Você está bem? Ele percebeu que estava apertando o volante com força suficiente para deixar seus dedos brancos. — Sim. — Você tem pesadelos, também. — Palavras suaves. — Eles sempre passam. A declaração o atingiu com a força de um caminhão de dez toneladas, ela estava tentando, ele percebeu, confortá-lo, essa J que tinha mais pesadelos dentro de seu crânio do que ele jamais veria, mesmo que vivesse dez vidas. — Nikita, — ele disse, sua voz caindo enquanto lutava contra o impulso de trazer o carro a uma
parada
súbita,
para
envolvê-la
em
seus
braços,
confortá-la,
—
provavelmente assumiu quando Sascha desertou. Ela não perseguiu o assunto dos pesadelos. — Sim, isso faz sentido. — E Sacha é sangue dela — ele sabia melhor que ninguém que aquilo nem sempre significava o que deveria, mas naquele caso — Talvez ela precise de contato. Sophia balançou a cabeça. — Nikita cortou Sascha no instante que a filha dela se provou defeituosa. As palavras dela, acopladas com a direção dos pensamentos dele, ameaçaram arremessá-lo de volta ao passado, para a vida de outra criança indesejada. — Você acha, — ele disse, batendo a porta daquelas memórias, — que Sascha é defeituosa? — Não importa o que eu acho, só o que a Conselheira Duncan acredita. — Você não me parece uma covarde, Sophia. Imobilidade absoluta. — O que você quer de mim? — Era uma pergunta aparentemente calma, mas ele estava certo de que ouviu uma vulnerabilidade confusa abaixo da superfície.
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Isso o fez se sentir como um bastardo. — Eu só estou tentando saber quem você é. — E por que ela falava com uma parte dele que se silenciou há muito, muito tempo atrás. — Ninguém, — ela disse, seu tom tão plano, que ele poderia ter imaginado a mulher com a voz suave que o disse que seus pesadelos iriam passar. — Eu sou ninguém. — Sophi... Sophia falou sobre ele, a obscura, quebrada garota dentro dela em pânico. Ele estava forçando demais, vendo demais. Ela não estava preparada para ser exposta à luz, não estava preparada para desnudar as cicatrizes que a marcavam de dentro para fora. — Voltando para a situação financial, — ela disse, as palavras saindo em um ritmo rápido e destacado — O efeito cumulativo da morte dos assessores dela, enquanto não é grande, foi o suficiente para causar problemas significantes à Nikita em relação a reputação global de seus negócios. Max não falou por quase um minuto, mas quando falou, foi sobre o caso. Ela não cometeu o erro de achar que ele desistiu. Max Shannon tinha farejado a fraqueza dela. E como o puma que ela viu em sua graça masculina, ele não a deixaria até que ele tirasse o primeiro sangue.
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Centenas de quilômetros de distância, nos arredores escuros de Moscou, o Conselheiro Kaleb Krychek saiu da cama, tinha dormido cerca de duas horas. Sabendo que não haveria mais descanso, não esta noite, ele puxou um par de calças de um material fino, respirável e fui para uma corrida através da noite no campo drapeado que cercava sua casa. A terra era dura, quase cortando por baixo de seus pés descobertos, o vento um chicote na pele de suas costas. Ele não sentiu nada disso, sua mente corria através dos céus intermináveis negros da PsyNet, a escuridão quebrada apenas pelas estrelas que representavam as mentes de milhões de Psy ligados em uma rede que fornecia o biofeedback necessário para a vida. Kaleb ignorou aquelas mentes, seu foco estava em encontrar a peça de um dos dados que a própria NetMind parecia estar escondendo dele. Hoje à noite, também, a Neosentience que era ao mesmo tempo o guardião e bibliotecário da Net- a Neosentience que em todas as outras coisas obedecia Kaleb, sem dúvida, segurou-o na baía, seus escudos impenetráveis. Voltando totalmente para o mundo, ele correu a um ritmo que surpreendeu aos que o via apenas nos fatos que ele usava como um conselheiro, pura e perfeita. O que tinha sido seu erro. Porque ele era um telecinético cardeal, sua força psíquica era além da medida, com os olhos com brancas estrelas sobre um preto-vivo. Mais, ele era o Tk mais poderoso do Net-movimento, isto era tão simples para ele como respirar. E esta noite, mudou-se através da calma infinita. Mesmo as criaturas noturnas pareciam ter se recolhido. Talvez tenha sido porque elas sentiram um predador mais perigoso no meio deles.
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Voltando para casa depois de uma hora, seu corpo coberto de suor, ele tomou um banho, depois se sentou em sua mesa. A primeira coisa que ele puxou para cima foi um arquivo de Sophia Russo, não por qualquer interesse particular, mas porque ele fez um hábito de manter um olho em o que seus colegas Conselheiros estavam fazendo. Nikita pode ter se tornado uma aliada, mas a relação deles era uma aliança de conveniência, nada mais. Os arquivos da J-Psy eram detalhados, como era o caso com a maioria de sua designação. E, não obstante a sua infância irregular, e recente aparição na lista de vigiados para reabilitação, suas habilidades caiu dentro de parâmetros bastante normais para uma J. Então, por que Nikita estava tão interessada neste J em particular? Não havia dúvida de que foi ela quem fez o pedido para o corpo do J. Isto tinha sido muito específico. Fazendo uma nota mental para acompanhar a situação, ele estava prestes a
puxar
outro
arquivo
quando
sentiu
algo
batendo
em
seus
escudos
ultraperiféricos sobre a PsyNet. Dado que os escudos eram tão complexos que eram quase invisíveis, ele só poupou o incidente de forma sumária. Muitas pessoas entravam em contato com seus escudos, sem perceber... Kaleb abriu o olho psíquico entre um piscar e outro. O intruso foi embora. O que em si já era uma resposta, porque ninguém era bom o suficiente para ter entrado sem ser pego em uma de suas armadilhas. Não deveria ter provocado o alarme em primeiro lugar. — Então, — ele murmurou no plano físico, — o jogo já começou.
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A sensação se acumula. Você pode considerar um aperto de mão inofensivo, mas cada vez que você toca um humano, isso ameaça seu condicionamento. —Extraído das lições dadas às crianças Psy durante a transição para o treinamento adulto.
Sophia estava mais que preparada para sair do carro quando Max estacionou em frente a um prédio de porte médio não muito longe do Golden Gate Park, a localização do apartamento de Vale, o local de seu suicídio. Sophia nunca tinha sofrido de qualquer problema psicológico que a fez vulnerável a claustrofobia, mas estar num carro com um Max silenciosamente meditando tinha sido... inquietante. Ele ocupava mais espaço do que deveria, o calor do corpo dele inevitável no reduto do veículo. Ela sentiu como se ele estivesse tocando ela com cada onda daquele calor cruamente masculino, e para uma mulher que não tinha sido tocada há anos, tinha sido uma experiência que a deixou lutando para escapar. — Códigos de acesso? — Max perguntou enquanto eles subiam as escadas, a voz dele esfregando contra a pele dela como lixa. Novamente, era um toque sem um toque, algo que ela não tinha a habilidade para evitar, para processar. — Eu os tenho aqui. — Ela os deixou no
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prédio e seguiu em direção ao console de segurança do elevador, seus dedos enluvados deslizando do teclado uma vez antes dela recolher-se. Tremendo, Max pensou, Sophia estava tremendo. — Esse é um prédio muito exclusivo. — Uma voz calma, aquela mão traidora caindo ao lado dela enquanto o elevador descia até eles. — A posição de Vale com a Conselheira Duncan o permitiu garantir sua privacidade a esse ponto. — Por que se incomodar? — Max dobrou seus braços para se impedir de deslizar sua mão sob o cabelo dela, para o suave calor do pescoço dela para que pudesse puxá-la para ele, de modo que ele pudesse se desculpar por empurrá-la demais, muito cedo, com um lento, doce beijo, não importa que eles fossem estranhos somente um dia atrás. — Antes dessas mortes, — ele disse, se forçando a manter um aperto de deixar suas juntas brancas numa necessidade que se recusava a obedecer às regras do comportamento civilizado, — Eu estou supondo que ser o assessor de negócios de Nikita não era exatamente uma posição de alto risco, então por que a segurança? — Humanos, — ela disse, — e os ocasionais changelings predatórios, tem um modo de esperar coisas dos Psy que eles não deveriam. — Um olhar significativo daqueles olhos vívidos, impossíveis. — Vale estava, com toda probabilidade, se protegendo daqueles que queriam pegá-lo em pessoa. O elevador abriu naquele momento. Uma mulher entrou no lobby quase no mesmo instante, deslizando um cartão onde Sophia tinha digitado o código de acesso. — Por favor, segure o elevador. Max assim fez, ciente de Sophia tudo menos desaparecendo na esquina. — Obrigada, — o sorriso vermelho rubi da mulher traiu sua humanidade. — Você está se mudando? Eu nunca te vi antes. Max viu a estranha dando um entreolhar, reconheceu isso pelo que era. Mulheres tinham estado fazendo ofertas assim desde que ele se tornou maior. E ele aprendeu a dispensá-las sem machucar seus sentimentos, porque a despeito da mulher que o formou, ele nunca odiou aquelas de seu sexo. Parte dele sempre quis protegê-la, mesmo ainda criança, ele sabia que não importa o que fizesse a ele, a dor dela era mais profunda, mais velha, um animal vicioso que a rasgava em pedaços de dentro para fora.
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Então hoje, ele deu a essa mulher um pequeno sorriso. — Só dando uma olhada no lugar. — Bem, — ela disse quando o elevador se abriu em seu andar, — se você quiser fazer quaisquer perguntas sobre a área, me liga. — Entregando um cartão, ela saiu, seu perfume almiscarado um lembrete persistente de sua presença. Sophia se agitou. — Ela estava jogando um jogo de sedução com você. Max esteve a ponto de jogar o cartão na lixeira de ferro forjado no canto, mas agora ele o deslizou em seu bolso. Se for preciso o ciúme para trazer a verdadeira Sophia para a superfície, ele usaria isso sem qualquer tipo de culpa, quando um homem era chutado assim tão forte nas entranhas por uma mulher, qualquer coisa era justa. E o indivíduo único por trás da máscara da J perfeita, aquela que disse a ele que as vítimas de Bonner não deveriam passar a eternidade na fria escuridão, aquela é quem ele queria agora. — Se chama flertar. — Ele atirou a ela um lento, deliberadamente provocante sorriso. — Eu tenho certeza de que você já viu humanos fazendo isso antes. — Esse é o tipo físico que te atrai? — Ciente de que ela deveria recuar, mas incapaz de parar de pressioná-lo por uma resposta, Sophia pisou fora do elevador no andar de Vale. — Alta, esbelta, com uma preferência por vestidos da moda? Max gesticulou para a esquerda do corredor silencioso e acarpetado. — Esse é o apartamento dele. — Deixando-a passar por ele de modo que ela pudesse entrar com o código que iria desengatar as trancas, ele empurrou a porta. —E, — ele disse em uma voz que fez os pequenos pelos na nuca dela se eriçarem em alerta enquanto ela caminhava na frente dele, — a resposta para sua pergunta é não. Aquela mulher não é meu tipo. — Ele empurrou a porta fechada atrás deles. — Agora uma mulher baixa com curvas perigosas... Eu poderia mordê-la. Ela congelou, certa de que estava entendendo mal o comentário, mas subitamente muito consciente do modo como a parte inferior de seu próprio corpo enchia seus jeans. — Detetive Shannon, — ela disse, virando para encará-lo — você está sendo altamente inapropriado. Os lábios dele se curvaram nos cantos. — Você começou.
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Ela queria traçar o contorno daqueles lábios, queria tanto que seus dedos doeram quando ela os fechou em punho. O Silêncio dela tinha estado se fragmentando por anos, um lado inevitável de seu trabalho como um J, e um pelo qual o Corpo dos J tinha uma política ―não pergunte, não conte‖. Desde que os médicos
não
encontrassem
quaisquer
evidências,
o
Corpo
do
Conselho
Administrativo dos J não se tornaria um J fraturado. Era parte uma decisão econômica a fim de reter o número de Js ativos... E parte porque todos no Corpo tinham olhado dentro do abismo da loucura em algum ponto das vidas deles. Embora Sophia não fosse permitida pensar sobre a verdade mesmo dentro de sua própria mente, consciente de quão profundamente os M-Psy poderiam cavar, seu condicionamento tinha quebrado quase completamente mais cedo esse ano, sua mente entrelaçada com estranhos, obscuros tentáculos que rejeitavam o Silêncio; e o recondicionamento a que ela tinha sido submetida apenas no dia anterior já estava se descamando como pele morta. Mas a despeito de tudo isso, ela tinha sido capaz de manter a fachada, a farsa de ser uma Psy perfeita. Até agora. — Respire Sophia. — Uma ordem rouca, e para a surpresa dela, ele recuou um passo, começou a andar em volta da sala de estar de Vale. — Essa sala está equipada para o entretenimento, ou talvez reuniões, desde que eu estou supondo que Psys não fazem festas? Ela forçou seu cérebro a funcionar, a prover as repostas a ele. — Na verdade, — ela disse, as palavras saindo lentamente enquanto lutava com a confusão criada pela mera presença dele, — Coquetéis são oferecidos quando há clientes humanos ou changelings. É tudo sobre deixar o outro lado à vontade. Alguns Psy podem até gerenciar um tipo de charme glacial, Conselheiro Kaleb Krychek tinham um incomum número de admiradoras na população nãoPsy. Ela não conseguia entender o por que. Sim, esteticamente falando, ele era o epítome da beleza masculina gelada. Mas ele era também, ela estava certa, bem capaz de romper os pescoços de seus admiradores sem a menor pausa se a situação pedisse. — Você sabe se Vale recebia seus clientes aqui fora de quaisquer eventos sociais? — A expressão de Max era toda policial quando ela ousou encontrar o olhar dele novamente. Ainda, brasas continuaram a queimar nas profundidades
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daqueles olhos quase pretos. Ele não fez nenhum esforço para escondê-las, nenhum esforço para fingir que as coisas eram como deveriam ser entre um detetive da Força e uma J Silenciada. — É possível. — Max poderia dividir aquele calor, ela se perguntou, derreter o gelo da alma dela, gelo que tinha começado a se formar quando ela era só uma menina de oito anos traumatizada, amarrada impotente a uma cama de hospital? Ele poderia consertá-la? — Alguns humanos não gostam de ser vistos se associando com Psy. — Essa era uma questão, vital, necessária, poderosa — expressa em forma de pergunta. Max tirou seu casaco, embolando o material preto em sua mão. — Eu não gosto dos Psy, — ele disse com rude honestidade. — Eu não gosto de como eles bagunçam com as mentes humanas e pervertem a justiça para que o Conselho possa conseguir o que quer. Ela sabia daquilo, é claro que ela sabia daquilo. Mas ela não queria saber. — Mas Sophie — do que ele a chamou? — Eu não sou fanático. E você é uma J. Policiais e Js sempre se relacionaram. — Ele segurou o olhar dela até que ela olhou para longe, lutando para encontrar seu passo recitando as minúcias do caso em sua mente. Porque o que ele acabou de oferecer, era algo que ela queria tanto, que se ela tivesse ousado a tentar pegá-lo e ele puxasse sua mão, isso a empurraria ao passo final de uma insanidade irrevogável. — Sophie. — Uma demanda tranquila. Ela balançou a cabeça. — Não há muito mais restante dentro de mim, Max. — Às vezes, tudo o que ela ouvia eram ecos. — Eu não sei como jogar os jogos que aquela mulher estava jogando com você. Max sugou uma respiração, pego de surpresa pela honestidade decidida de Sophia. Ela jogou fora os sofisticados rituais da dança entre macho e fêmea, não permitindo nenhum espaço para ilusões e meias verdades. Ele poderia ter recuado, mas ele fez sua escolha, de seguir essa estranha, poderosa atração até o fim. — Sem jogos, — ele disse, segurando o olhar dela. — Não entre nós. Ela tomou uma longa respiração. — Eu sou Psy, Max. — Não uma rejeição... um lembrete. — Você é uma J. — Virando-se, ele jogou seu casaco no encosto do sofá próximo antes de se agachar para examinar o pequeno armário de vidro abaixo
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do console comum. Vários cristais de dados descansavam perfeitamente dentro. — Deve ter algo aqui. Ele viu Sophia puxar suas luvas para assegurar que cada centímetro de sua pele estivesse coberta antes de esticar sua mão para aceitar os cristais. Lendo a tensa linha do corpo dela, a desolada simplicidade de suas palavras mais cedo ainda circulando na mente dele, ele os deixou cair na palma dela com cuidado, evitando o contato físico. —Não é provável que seja para entretenimento, — ele disse, se erguendo em seus pés. — Notícias? Ela se dobrou para colocar os cristais na pequena mesa de café chanfrada no centro da sala. — Ele pode ter guardado documentos comerciais em fácil acesso. — as palavras eram frias, Psy, mas ele viu a máscara cair, não se enganou. — coisas que não eram sensíveis. Elas provavelmente foram deixadas para trás para ajudar os psicológicos a criarem um perfil mental completo. — Ela gesticulou para o corredor. — Ele tirou sua vida no quarto. Assentindo, Max caminhou para o cômodo onde Kenneth Vale passou os últimos minutos nessa terra, lentamente, dolorosamente, se enforcando até a morte. — Você deveria olhar isso, — ele disse para Sophia, — a imagem no arquivo realmente não transmite o impacto. Movendo-se para ficar de pé atrás de Max na porta, confiante de que por toda sua vontade implacável, ele não a tocaria sem um convite, Sophia olhou para cima e para o reluzente gancho de carne que pendurava do teto do quarto. — O fato de que ele teve o trabalho de parafusar isso ao teto foi apresentado como evidência de seu estado perturbado. — Os pensamentos dela passaram para outra foto da cena do crime, o rosto de Vale contorcido, sua língua grotescamente inchada. Ele evacuou suas entranhas, suas calças de lã caras manchadas com a morte. — Eu não tive a chance de ler o relatório completo no avião, — Max disse, seu olhar ainda no brilho brutal do gancho de carne. — Como os investigadores explicaram o fato de que havia arranhões em torno do pescoço dele? — Que ele percebeu a natureza irreversível de suas ações quando já era tarde demais. — A morte era para sempre. Ela aprendeu aquela verdade muito jovem e nunca teve a chance de esquecer.
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— Ele era um telepata bastante decente, certo? — Ao assentir dela, pequenas linhas se espalharam dos cantos de seus olhos. — Então alguém deve tê-lo ouvido gritando por ajuda. — Eles identificaram Jax em sua corrente sanguínea, — Sophia disse. — O consenso geral é de que ele estava desorientado por uma névoa da droga, não conseguia encontrar a porta de saída de sua própria mente. — Você é minha perita Psy, me diz se isso é possível. — Sim, é. — Caminhos mentais poderiam se misturar, virar, quebrar... Especialmente se você era uma criança assombrada, aterrorizada e gritando. — Porém, Vale não tinha nenhuma indicação de uso de drogas antes, e me parece que se fosse usar drogas para entorpecer as bordas, ele teria simplesmente se suicidado por esse método, usando agentes muito mais eficazes. Fazendo um som de concordância no fundo de sua garganta, Max foi para o chão branco desnudado abaixo de onde Vale tinha tirado sua vida, o carpete tinha sido cortado. — E mais, isso simplesmente não se encaixa no perfil que a PsyMed tinha feito dele antes de ele morrer. — Olhando em volta, ele agarrou uma cadeira sentada no canto do cômodo e a trouxe para o pedaço estéril de chão. — O fato de que todo mundo estava tão pronto para acreditar no veredicto suicídio a despeito de tudo, me diz que os Psy estão em mais problemas que qualquer um sabe. Ela o assistiu ficar na cadeira, seus dedos agarrando a maçaneta da porta na súbita transposição de seu corpo com o de Vale. — Max? — O nome escapou, a garota quebrada dentro dela assustada, tão assustada. Ele estava tão perto do mal. E se aquilo o tocasse, esse homem com sorrisos inesperados e seus olhos que a enxergavam? Max deu um puxão no gancho, seus bíceps definidos enquanto ele colocava seu peso no feio objeto. — Forte, mas tinha que ser, ele estava pendurado aqui por pelo menos uma hora ou duas antes de ser encontrado, não estava? Ela se forçou a pensar. — A hora da morte sugere isso. — Anos de experiência faiscaram em seus neurônios a vida, apesar do frio do terror. — Porém, ele não foi visto por dois dias antes disso. Os olhos de Max encontraram os dela. — Boa menina.
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Desconcertada pelo momento de perfeito entendimento além de qualquer conexão física, ela vocalizou as conclusões. — Você acredita que alguém estava o mantendo drogado e refém durante o tempo que tomou para instalar o gancho. — Talvez não o tempo todo, mas parte dele, sim. — Pulando da cadeira, ele voltou a sua posição anterior. — A coisa toda cheira como uma armação, show para o público. — Conselheira Duncan foi capaz de encobrir os detalhes. Max arqueou uma sobrancelha. — Você está me dizendo que ninguém sussurrou sobre isso na PsyNet? De acordo com o que eu ouvi, é um centro de compartilhamento para cada mínimo pedaço de dado conhecido pelos Psy em torno do mundo. Ela raramente entrava na Net esses dias. Havia muito lá, muitas vozes, muitos pensamentos, era semelhante a estar sendo golpeado em um mar tempestuoso, cada sussurro extraviado, cada murmúrio, um golpe. — Sim, você provavelmente está certo, — ela disse, subitamente percebendo que Max tinha uma pequenina cicatriz no topo de sua bochecha. As pontas dos dedos dela formigaram, querendo tocar, traçar, aprender. A expressão de Max mudou. — Faça isso. — Um calmo, intenso comando de um humano que viu demais. — Eu não posso. Não é não vou, Max pensou, é não posso. — Por quê? Ela desviou o olhar... Mas então voltou para segurar o olhar dele. Forte, ele pensou, ela era mais forte do que sabia, essa J que disse a ele que não tinha muito mais restando nela. — Eu agora sou uma Sensitiva. — Ela espalhou seus dedos entre eles. — Eu pego pensamentos através do toque. Ele sugou uma respiração enquanto sua mente se enchia de imagens dela sentada naquela sala com a presença maliciosa de Bonner somente a algumas polegadas, a pele do rosto dela, seu pescoço tão nu, tão vulnerável. — O que aconteceria se alguém perturbado tocasse sua pele? — Se eu fosse sortuda, eu entraria em choque. Mais provavelmente, a avalanche de imagens despedaçaria meus escudos telepáticos e me mataria. Ele não se moveu, encarando aqueles esbeltos dedos enluvados que ele fantasiou ter sobre ele. — Quanto tempo desde que você tocou outra pessoa? —
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Isso saiu áspero, cru com uma necessidade que sentia como se isso tivesse tido anos para crescer, para amadurecer. Olhos da cor de raios de calor encontraram os dele, transbordando com uma solidão tão absoluta, que não tinha fim. — Quatro anos.
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Sascha Duncan, E-Psy Cardeal, companheira do alfa do clã de leopardos mais forte do país, e uma mulher conhecia por sua calma no meio de uma crise, jogou um livro de meio milhão de dólares contra a parede. Arrependimento se instalou quase imediatamente, e ela pegou o livro usando sua menor habilidade telecinética antes dele atingir, mas a frustração continuou a girar dentro dela. De acordo com o trabalho seminal de Alice Eldridge sobre os E-Psy, um empata cardeal deveria ter a capacidade de parar um motim de milhares em seus lugares, mas Sascha não conseguia sequer controlar cinco pessoas. Aqueles cinco que tinham se voluntariado, companheiros do clã que confiavam nela o suficiente para permitir que ela tentasse alimentar emoções pacíficas neles, depois de propositalmente deixá-los acesos. — Mas isso não funciona! — Esfregando sua mão sobre o rígido monte de sua barriga de grávida, ela pisou com força para fora para encontrar seu companheiro sem camisa substituindo uma janela no lado esquerdo da cabana. A casa aérea sobre a cabana estava agora fora dos limites. Lucas tendia a rosnar para ela se ela sequer o provocasse sobre tentar escalar para lá. — Sascha querida, — ele agora disse, limpando as marcas de dedo no painel de vidro recém-instalado com sua camiseta descartada. — na próxima vez que seu fã clube de diabinhos quiser brincar de pegar, eu sugiro a casa de Dorian. O ―fã clube de diabinhos‖ dela era composto pelos filhotes gêmeos, Roman e Julian, e a casa de Dorian era feita de vidro. Normalmente aquele tipo distinto
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de comentário felino a teria feito rir. Hoje, ela chutou mal humorada o chão da floresta. — Aquele livro simplesmente pressupõe tanto conhecimento. Como se eu supostamente fosse tirar magicamente a informação do éter! — Outro chute. — Que tipo de tese é aquela? Um estudante de doutorado não deveria saber melhor que... — Sascha? Ela atirou a cabeça para cima, praticamente rosnando — O quê? Seu
companheiro
se
inclinou
para
frente
em
um
movimento
enganosamente lento, agarrou seus ombros, e a beijou. E continuou a beijando até que ela se derreteu, fechando suas mãos sobre a quente pele sedosa da pele que cobria os ombros musculosos dele. — Você precisa cortar o cabelo, — ela murmurou no meio do beijo. As mechas pretas estavam longas o suficiente para roçar as costas das mãos dela. Ele a beijou de novo, seus lábios sorrindo contra os dela. — Eu tenho medo de tesoura. — Desculpa. — Ela acariciou seus dedos pelas mechas. — Você simplesmente gosta das garotas enlouquecendo por causa do seu cabelo. — Culpado. — Uma quente, amorosa carícia sobre a barriga dela. — Como está nossa estrela do rock? — Ruidosa como sempre. — Ela era capaz de sentir a força da vida do bebê deles desde algumas semanas após a concepção. Aos cinco meses, aquela pequena vida era agora uma constante presença no fundo da mente dela, normalmente contente, geralmente feliz, e às vezes satisfeita. Como agora. O bebê deles conhecia a voz do pai dele, a presença dele. — Obrigada pelo beijo. — O apoio silencioso. — É uma dificuldade atender as suas demandas. — um suspiro fingido — mas alguém tem que fazer isso. — Outro beijo mordiscado e risonho quando ela rosnou para ele, e ela estava ficando muito boa nisso depois do número de vezes que ele fez isso para ela. — Então, — ele disse depois de deixá-la sem fôlego, — o truque de canalizar emoções não funcionou? — Não, funcionou. Mas só por um curto período. Eu não consigo segurar por mais que talvez trinta segundos. — Virando, ela inclinou suas costas contra o peito dele. — Há algo que eu estou perdendo.
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O braço de Lucas veio em torno do peito dela, a prendendo. — Você considerou falar com Dev? — ele perguntou, se referindo ao líder dos Esquecidos, Psys que deixaram a Net a mais de cem anos e formaram sua própria sociedade. — Eu estava pensando em fazer isso. — Ela segurou o braço dele. — Eu queria... Eu queria que Nikita soubesse a alegria que eu sinto agora. Às vezes eu me pergunto se ela me ouvia como eu ouço nosso bebê, ou se o Silêncio bloqueava essa conexão. — Deve ter bloqueado, — Lucas disse, roçando os lábios na têmpora dela, o cheiro dele uma carícia de selvageria com um toque de suor masculino limpo. — De que outra forma ela poderia carregar uma criança por nove meses e não amá-la com cada batida de seu coração? Sascha sentiu uma profunda tristeza pela beleza indescritível do que a mãe dela perdeu. — Você acha que ela vai se importar que logo tenha um neto? — Eles conseguiram manter a gravidez em segredo do público em geral até o momento, ajudados em parte pelo modo como o bebê se encaixou na forma dela, e por um uso inteligente de roupas, mas logo se tornaria impossível de esconder a maravilhosa verdade. A mão livre de Lucas deslizou entre eles para massagear a parte de baixo da barriga dela com fortes, circulares carícias. — Melhor? — Como você sabia? — Ela pressionou um beijo no bíceps dele. — Eu vou derreter se você continuar fazendo isso. Mas sua pantera se tornou séria. — Você quer ver sua mãe, gatinha? — Eu não sei.
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Os registros de seu nascimento foram destruídos durante um incêndio vinte e cinco anos atrás, infelizmente antes de serem arquivados. Nós sentimos muito por sermos incapazes de ajudá-lo em sua pesquisa. —Irmãs do Hospital Esperança, Cidade de Nova Iorque, para Max Shannon, Janeiro de 2079
Max e Sophia não falaram novamente até que eles estavam a caminho da garagem privada onde Nikita tinha escondido o veículo que a presumida vítima estava dirigindo quando morreu. — É só com os perturbados que você tem de ser cuidadosa? — A mente de Max ainda estava girando com a percepção de que essa mulher cuja pele ele queria acariciar desde a primeira vez, cujo corpo cantava como uma sirene para o dele, pudesse estar para sempre fora de seu alcance. — A maioria dos policiais, — Sophia disse em um calmo, plano tom que o cortou tão profundamente quanto bisturi, — Carregam quase tantos pesadelos quanto um J. Tocar um deles seria equivalente a jogar um raio na minha cabeça. As mãos dele cerraram no volante enquanto ela continuava a falar. — Todos os Psy correm o risco de se tornarem Sensitivos, mas os Js tendem a ter os maiores índices de ocorrência. Para neutralizar isso, o Conselho uma vez considerou banir o toque desde o nascimento, mas houve consequências...
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indesejáveis por tal modo de ação. Aversão tátil é ensinada para nós como a parte final dos estágios do nosso condicionamento. Max pensou nas horas, nos dias que ele passou em uma caixa escura, sem qualquer esperança de qualquer tipo de toque quando foi finalmente liberado, e ele soube que não importava o horror, tinha sido sortudo. Porque ele tinha visto fotos de orfanatos do século XXI onde bebês tinham sido deixados para apodrecer em seus berços. Aquelas crianças foram danificadas além do reparo. — Eu não consigo ver uma Psy balançando seu bebê para dormir, — ele disse, sentindo um puxão profundamente em sua alma. Ele balançaria seu bebê para dormir, nenhuma maldita questão quanto a isso. Nenhum filho, ou filha dele iria jamais se perguntar o que havia de errado com ele para seu próprio pai não poder nem aguentar vê-lo. — Que tipo de toque, — ele disse, engolindo a lâmina afiada da dor que era seu passado, — é permitido durante a infância? — Enfermeiras seguram as crianças durante a alimentação, caminham com elas às vezes. Contato é prescrevido no nível ideal para garantir a saúde psicológica. Isso soou tão frio, tão clínico. Mas o inferno disso era um cuidado melhor do que ele já teve um dia. Quando era muito pequeno e indefeso, talvez sua mãe tenha sentido um surto de amor maternal? Mas Max achava que não. Um ódio tão profundo como aquele, tão violento, levava tempo para crescer, para amadurecer. Uma pequena luz brilhou no organizador de Sophia, atraindo a atenção dele de volta para o presente. — Alguma coisa importante? — Não, só uma atualização em um dos meus casos do promotor público. Nós ganhamos. — Ela colocou uma mão no painel para se firmar quando o carro veio a uma parada repentina detectando o cachorro que se lançou na rua. Max fez uma carranca para o dono do pequeno terrier, mas deixou aquilo passar. Colocando o carro para andar novamente, ele olhou para sua esquerda. — É isso. — Hora de se focar no caso, preferível à sua impossível fascinação com uma J que poderia enlouquecer... poderia morrer se ele a tocasse.
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— Você sabe bastante sobre carros? — Sophia perguntou enquanto eles caminhavam para a entrada da garagem, puxando suas luvas em um gesto que ela reconheceu como ansiedade. Ela não podia evitar, seus nervos estavam esfolados, quanto mais ficava ao redor de Max, mais ela se encontrava pensando na tênue esperança que tinha tomado forma em sua mente quanto ela leu o arquivo dele. Max jogou suas mãos em seus bolsos, seus passos inconscientemente graciosos. Isso fez outro pensamento proibido vir à tona no canto mais escuro, mais secreto da mente dela, um pensamento atado à intimidade sussurrada do sexo. Ela nunca considerou o ato antes, um ato que rasgaria os últimos e frágeis fios de sua psique, mas hoje descobriu que não queria morrer sem ver o corpo nu de Max Shannon se mover com aquela graça líquida e poderosa. Ela estava tão consumida pela fantasia que levou um momento para perceber que ele estava falando. —... esperando falar com o mecânico que fez isso. Se ela não estiver disponível, nós vamos dar uma olhada no veículo, voltar mais tarde para falar com ela cara-a-cara. Eu não sou expert em carros, mas eu quero lê-la. — Sim, — Sophia conseguiu dizer quando eles alcançaram a entrada — para ser recebida por uma mulher bem vestida em um macacão azul. Seu crachá a identificava como a mecânica chefa. — Detetive Shannon, Sra. Russo, por favor, me sigam. — Com aquilo, ela os guiou até uma oficina isolada e selada bem no fundo da garagem. — Esse é o carro de Allison Marceau. Olhos nos destroços amassados que uma vez foi um sedan verde escuro, Max soltou um suspiro surpreso. A maioria dos carros hoje em dia sobrevivia à maioria dos impactos com os passageiros intactos. Isso era um macarrão. — Carro contra árvore? — Perto de Modesto, — a mecânica respondeu, indo para a estação computadorizada construída numa grande bancada nos fundos da sala. — Foi descoberta pelos leopardos depois deles ouvirem o som do impacto inicial. Max fez uma nota mental de falar com Clay, descobrir qualquer coisa que talvez não estivesse no arquivo oficial Psy, e até muitos humanos, tinham uma tendência a ignorar a aguda natureza dos sentidos changeling. Os gatos poderiam
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ter cheirado algo que poderia ter causado o acidente, talvez até pego uma dica de outra pessoa na vizinhança. — Você mesma trabalhou nele? — Sim. — Ela puxou algo na tela em frente a ela. — De acordo com os dados guardados no computador de bordo, — a mecânica continuou, — Sra. Marceau não freou, mas sim acelerou na curva. Sophia caminhou para o lado da mulher. — Isso não está no arquivo. — Conselheira Duncan me pediu para manter isso fora do registro oficial. Sophia olhou para ele, seu pensamento não dito claro. Suicídio? — Coincidência engraçada, — ele murmurou sob a respiração. — É possível, — ele disse, — Que o carro tenha sido fraudado para que o freio fosse lido como acelerador pelo computador? A mecânica respondeu com uma resposta positiva, mas ela disse que precisava de mais tempo para investigar. — O chip de memória do computador foi severamente danificado no acidente, eu levei quase duas semanas para reaver as informações que continha nele. — Qualquer coisa que você descubra, — Max disse, escrevendo seu número de celular para ela, — Eu quero saber. Dez minutos e algumas perguntas mais tarde, Max e Sophia saíram da garagem para o ar fresco de São Francisco. — Vamos caminhar. Eu preciso pensar. — Certo. Eles estavam a quase cem metros abaixo da encosta quando ele vocalizou seus pensamentos. — Humanos não são os únicos vulneráveis a ataques psíquicos. Se o sistema do carro se provar limpo, então Allison Marceau pode ter sido coagida a fazer o que fez. Sophia percebeu que estava andando muito próxima a ele, perto o suficiente para sentir as carícias rudes do calor do corpo dele. — O controle psíquico do agressor teria de ser considerável. — O braço dele roçou o dela, uma rígida, quente carícia. — Marceau era uma telepata Gradiente 7. — Uma advertência gritou na mente dela, mas ela não se afastou. — Os escudos dela seriam herméticos. — Tudo que você precisa, — Max disse, seu olhar distante, — é uma falha, uma fissura.
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O braço dela queimou onde ele tocou, e embora soubesse que era uma reação psicossomática, o contato tendo sido abafado pelas camadas de roupas entre eles, ela se agarrou à sensação. — Estou certo de que a Conselheira Duncan teria eliminado pessoas cujo condicionamento era suspeito. — Talvez, talvez não. — Você está pensando em Sascha, — ela disse, inclinando-se uma mínima e perigosa polegada para o calor vivo dele. — Eu não consideraria isso um paralelo. — Não? — O cabelo dele voou na brisa soprando da baía, expondo as linhas limpas e perfeitas do rosto dele. — Psys são quase obsessivos com a sua linhagem, — ela disse, seus pensamentos enterrados em memórias de um passado que provavam a verdade daquela afirmação além de qualquer dúvida. — É uma lealdade diferente de qualquer lealdade humana; ainda assim, é lealdade. — Comparado com o amor humano, a lealdade familiar Psy era uma coisa invernal, prática. E era muito condicional. Sophia falhou em cumprir aquelas condições quando criança, e isso a tinha custado à fidelidade de seus pais. Ainda assim pareceu ter funcionado com os Duncan, não obstante a natureza pública da deserção de Sascha. — Pode ser que a Conselheira protegeu sua filha porque Sascha é sua descendência genética. Max deu um sorriso sem graça. — Engraçado. Nikita é uma das mulheres mais frias que eu já conheci, mas ela provavelmente foi uma mãe melhor que a minha. Isso era uma porta aberta. E a parte perdida, solitária e dolorosa nela queria caminhar através daquela porta tão desesperadamente que ela encontrou as palavras. — Sua mãe era inadequada? — Ela me odiava, — ele disse, seu tom austero, tão distante quanto sua expressão. — Me odiava mesmo. Eu não sei por que ela me manteve, porque eu tenho certeza de que ela queria me matar no instante em que eu nasci. Sophia tentou ver em seu policial durão à criança vulnerável que ele deve ter sido. Ela não conseguiu. Mas entendia a verdade que um Psy ―verdadeiro‖ não deveria entender. — Isso te machuca, — ela disse, querendo dizer à coisa verdadeira, conquistar a confiança dele. Ninguém nunca tinha dividido algo tão
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privado com ela por escolha própria. Isso fez o coração dela se tornar estranhamente pesado, uma dor espessa em seu peito. — Ela morreu quando eu tinha quinze anos. — Palavras que soavam calmas, mas a voz dele era lixa contra a pele dela, ásperas, rudes. — E o pior de tudo era, eu sentia falta dela. — O vento ondulou através do cabelo dele naquele momento, e pareceu agir como um spray de água fria. Ele piscou, balançou a cabeça. — Eu não sei por que eu estou te dizendo isso. Ela também não sabia, mas guardou a memória na parte secreta nela que nenhum recondicionamento tinha sido capaz de alcançar ou apagar. Tudo nela queria retribuir o presente dele com gentileza, dizer a ele que ela compreendia a agonia pela qual ele deve ter passado, mas confiança era um território tão estranho que ela afundou as palavras presas em sua garganta. E Max soltou um suspiro. — Deve ser o ar marinho, trazendo velhas memórias. — Ele olhou para seu relógio. — Parece que é hora do jantar. O jantar se provou interessante. Sophia, essa J que continuava dando curto-circuito nas defesas de Max com seu presente de ouvir com um total e absoluto foco, era menos Psy em seus maneirismos que os outros que ele conheceu, e embora ela fosse reservada, entrou na conversa dominada pelas duas crianças adotadas por Clay e Talin, Jon e Noor. Isso fez os instintos protecionistas de Max relaxar por vê-los tão robustamente felizes. Mas o que o intrigou mais foi que Sophia comeu a doce carne de caranguejo que ele colocou no prato dela, embora tivesse pedido um simples filé de peixe em molho branco para sua própria refeição. Não houve nada no rosto dela para entregar se gostou ou não do gosto do caranguejo, mas ela não rejeitou nenhuma das ofertas dele. E muitas vezes, ele a pegou olhando para ele como se ela quisesse falar, aqueles surpreendentes olhos quase índigo. Ele vislumbrou aquele mesmo olhar no rosto dela quando ele falou de sua mãe para ela. Aquela era uma verdade que ele nunca dividiu com ninguém, que ele contou a ela, uma mulher, uma Psy, que mal conhecia, assustou o inferno fora dele. Era tentador recuar, erguer uma parede de formalidade entre eles, ele sabia que ela entenderia a mensagem, ela era muito esperta, muito perceptiva para não perceber, mas ele fez uma promessa. Sem jogos.
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E, o fato que importava era, apesar da habilidade dela de perturbá-lo, ele não queria manter distância de Sophia Russo. Não, ele a queria desde a beleza exuberante de sua boca às curvas perfeitamente formadas de seus quadris, até a honestidade sem adornos que havia o golpeado mais de uma vez. Se isso é obsessão, ele pensou enquanto saíam do elevador e seguiam em direção aos apartamentos deles depois de voltar pra casa, então que seja. — Sophia, — ele disse, encarando as mãos enluvadas dela e, dirigido pela determinação que tinha de possui-la, a segurou, quebrou as veias do Silêncio dela, vendo um súbito buraco na teia da lógica dela. — Sim? — Ela falou novamente antes dele conseguir responder. — Seu amigo confirma se Allison Marceau disse qualquer coisa quando foi encontrada? Ele não tinha percebido que ela captou aquela curta conversa que ele teve com Clay quando eles saíram para uma caminhada ao longo do píer depois do jantar. — Ele disse que os garotos que a encontraram eram inflexíveis, ela não falou. Nenhum cheiro suspeito na cena também. Pegando seu cartão, Sophia destrancou sua porta, o movimento uma fração rápido demais. Os instintos de Max desenrolaram em antecipação, ela estava tentando se livrar dele, o que significava que ela já sabia o que ele percebeu... e ela era sensitiva o suficiente aos humores dele para captar a tensão que tornou seus músculos rígidos. Ele tentou pegar o olhar dela, falhou. — Eu tenho uma pergunta. Ela abriu a porta. — Nós podemos conversar amanhã. Eu deveria ir descansar. Max não ia deixá-la escapar. — Você já, — ele disse em um baixo murmúrio, — tentou tocar alguém com um escudo mental natural? Sophia congelou. — Não, tais pessoas são raras. — E nenhuma dela era certa. — Há quanto tempo você sabe que eu tenho um? — Uma obscura, intensa questão. — Desde o início. — Ela entrou no apartamento, consciente da vigilância do corredor e o fato de que a primitiva superfície de seu Silêncio estava começando a rachar tal como vidro.
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Max seguiu, fechando a porta com um clique mudo que não fez nada para amenizar a tensão que apertava o peito dela, o ar subitamente muito escasso. — Então por que você me deixou pensar que meus escudos não fariam nenhuma diferença? Porque ela quebraria se isso falhasse, Sophia pensou, lutando para encontrar um ponto de apoio mental. Max, com sua inteligência, seus sorrisos, seu empenho em encontrar aquelas garotas desconhecidas... ele não era somente certo, ele era a personificação de todos os sonhos proibidos dela nascidos na parte para sempre destruída de sua psique. Esse homem viria por ela, quando ela estivesse machucada e sangrando naquela cabine onde os outros tinham morrido, ele viria por ela. — Responda a pergunta, Sophia. Ela não tinha percebido que já tinha se habituado a ouvi-lo a chamando de Sophie. A perda cortou uma linha de sangue através da alma dela. — Isso não era relevante. — Ela tinha que lutar contra essa atração, tinha que mantê-lo à distância. Aproveitar a chance de destruiu aquela última cintilante esperança... não, ela não suportaria isso. — Nós somos colegas, toque não tinha nada a ver com isso. — Agora quem está jogando jogos? — Uma única frase calma que rasgou as defesas dela. Ela olhou para cima, viu as brasas naquele olhar quase preto. E assistiu enquanto ele caminhava até que eles estavam separados por um mínimo pé de distância... estendendo uma mão, sua mandíbula uma linha tensa, desafio em cada parte dele. Ela encarou aquela mão. Se ela a tomasse e os escudos naturais dele não oferecessem proteção suficiente, as memórias de Max bombeariam dentro dela com a força de um tornado furioso e se ela sobrevivesse de alguma forma ao vicioso poder daquele golpe telepático, ela o conheceria sem sequer conhecê-lo, todos os segredos dele, todo o passado dele em um rugido sem fim dentro do crânio dele. — Vamos lá, Sophie. — Um comando que vibrou com raiva masculina... E uma emoção mais obscura, mais rica que espalhou calor pela pele dela. — Nós
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precisamos saber a resposta, e você não ouse me dizer que você não entende o porquê.
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Naquele momento, diante de um Max que não estava fazendo esforço para esconder o aço de sua natureza, um Max que a forçava a confrontar a verdade dessa coisa estranha e inesperada entre eles, Sophia descobriu que tinha um outro defeito – uma até agora desconhecida suscetibilidade para aquele tom na voz dele. — Preciso verificar se eu sinto você através da luva. — Estendendo a mão antes que o medo pudesse assumir e fazê-la por sua vez recuar, ela roçou as pontas dos dedos em toda a palma da mão dele. Os dedos dele se enroscaram para dentro mesmo quando ela recuou, como se a segurasse. — Então? — Uma demanda áspera que esfregou uma lixa mais fundo na pele dela. — Sinto apenas o calor do seu corpo. — Selvagem e quente e um convite que fez um suntuoso calor inflamar em seu abdômen, a parte quebrada dela desejando mais... e ainda completamente apavorada em tomar esta oportunidade. — Eu vou recitar o alfabeto, — disse, sabendo que ele não a permitiria recuar, não a permitiria se esconder. — Se eu ficar muito quieta, — ela puxou fora uma luva. —quebre o contato. Max baixou a mão, sem aviso prévio. — Esses olhos... as coisas que vejo neles. — Uma palavra baixa e dura. — Prometi a mim mesmo que não iria empurrá-la, e que diabos eu estou fazendo, senão exatamente isso? Jesus. — Ele enfiou as mãos pelo cabelo, os ombros torcendo como se fosse virar, se afastar.
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E ela soube que a decisão era dela. Para esconder-se, recuar diante da promessa já quebrada sob a pressão da realidade... ou para desafiar o medo e chegar a um homem que a fazia desejar por algo tão impossível, era certamente um pedacinho de loucura. — Eu conheço você, Max. — Palavras agradáveis numa voz que já havia se tornado extraordinariamente e intimamente familiar, laços suaves que manteve Max no lugar. — Antes... Eu conheço você. — Fechando a distância entre eles, Sophia esperou até que ele levantou a mão... e, em seguida, ela acariciou os dedos em todo o centro da sua palma. Foi um choque elétrico direto ao intestino de Max. Sibilando fora um suspiro, ele curvou os dedos num punho, mesmo quando ela deixou cair a própria mão e deu um passo para trás. — Sophia? — Instinto profundamente arraigado empurrou-o a ir para ela, segurar seu rosto nas mãos. Manter-se em posição foi a coisa mais difícil que já fizera. — Está com problemas? — Assolou-o que ele poderia tê-la magoado. — Não. Peço desculpas, eu estou bem. — Mas ela estava olhando para a mão dele, um tremor em sua voz. — Eu não senti nenhuma de suas memórias. Você está tão branco como um pedaço de pau. Alívio foi um maldito punho dentro de seu peito. — Eu já fui chamado de cabeça dura antes, mas nunca de pau. — Eu não tive a intenção de ofender. Era muita tentação para tocar seus lábios nos dela, provocá-la dizendo que poderia fazer as pazes com ele, mas dada a forma como ela estava tão rígida e chocada, soube que teria de esperar pelo seu primeiro gosto da luxuriante sedutora Sophia Russo. — Eu estava brincando com você, Sophie. — Oh. Ele flexionou a mão, viu os olhos dela irem para o movimento. — Você sentiu isso também, não sentiu? Afastando-se num movimento repentino, ela caminhou em volta dele para abrir a porta de seu apartamento. — Eu o vejo amanhã, Max.
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Sophia ficou de costas à porta que tinha fechado atrás de Max até que ouviu sua própria porta abrir e fechar. Só então ela escorregou na parede para se sentar com as pernas esticadas à sua frente, todo o corpo zumbido de uma forma que simplesmente não estava no reino de sua experiência. Ela olhou à mão direita, correndo a almafoda do seu polegar sobre a ponta dos dedos em uma confusa tentativa de entender aquela explosão eletrizante de sensação. Havia sido... ela não teve palavras para isso, nenhuma forma de explicar algo tão selvagem,tão extremo que desafiava os seus esforços de classificação. O verdadeiro paradoxo foi que ela não havia mentido, independentemente da sensação quase dolorosa do contato, Max foi tão silencioso para seus sentidos psíquicos como um pedaço de pau ou um bloco de plascrete. Silêncio. Pela primeira vez na vida essa palavra significou algo diferente do condicionamento que agira como uma jaula ao mesmo tempo que a mantinha viva. Max foi um muro de puro silêncio, um inesperado oásis em um mundo cheio de ruído. Mas sua resposta ao toque dele havia acabado com aquela paz surpreendente. Ela olhou para sua mão novamente. — Eu não entendo. Max sabia a resposta, pensou, ela vira em seu rosto. Mas a questão era – ela queria saber a resposta? Uma batida telepática soou em sua mente o instante depois que esse pensamento passou por ele. Reconhecendo a assinatura do seu chefe na Justice, Jay Khanna, ela reuniu os fios de sua perfeita fachada e disse: Senhor. Ele não presumiria a realidade de sua condição. Ninguém jamais tinha. Mesmo o M-Psy viu apenas a fragmentação de seus escudos telepáticos – para eles, era uma simples questão psíquica, nada a ver com as cicatrizes que ela usava fundo no interior, onde ninguém podia ver. Sra. Russo, eu preciso examinar parte do caso Valentine com você. Sophia esperou. Há muito tempo aprendera a enterrar seus verdadeiros pensamentos, seu verdadeiro eu, a fim de sobreviver.
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De acordo com suas notas, quando você recuperou as memórias da Sra. Valentine, você a viu esfaquear seu marido dezessete vezes? É isso mesmo, senhor. Um homicídio conjugal humano-para-humano normalmente não teria merecido envolvimento J, mas a Sra. Valentine era filha de um pessoa influente com um controle acionário numa usina de grande importância. Sênior Valentine havia usado a mesma coisa que Max tinha – um escudo natural – para implacável vantagem nos negócios, até mesmo Psy ―jogava bonito‖ com ele. Sophia frequentemente se perguntara por que o Conselho não tinha tido seu assassinato discreto, e chegou à conclusão de que o homem fornecia bens ou serviços secretos que eram valiosos o suficiente para dar-lhe alguma proteção. Os humanos, motivados e moldados por suas naturezas emocionais imprevisíveis, muitas vezes apareciam com idéias e conceitos que eram incrivelmente único. Foi o porquê que Max pegou Gerard Bonner enquanto os profilers Psy ainda estavam discutindo sobre os ―parâmetros psicológicos‖ que definiam o sociopata. Quantas vezes, Jay Khanna disse agora, você viu o marido abusar dela nos dias anteriores ao assassinato? Sophia não traiu nenhuma surpresa – parte dela esperava a questão desde o momento em que conheceu a arrogantemente e bonita Emilie Valentine. Nenhuma, senhor. Pense nisso com cuidado, Sra. Russo. Vamos falar de novo antes do caso ir a julgamento. Deixando a ordem velada desvanecer da mente, Sophia considerou qual seria sua resposta na próxima visita telepática de Jay. A capacidade de ―dobrar‖ as memórias era o segredo mais bem guardado do Corporação Justiça. Todos achavam que Js só podiam projetar o que já estava na mente de um condenado. Na maioria dos casos, sim. Mas havia um seleto grupo de Js que tinha a capacidade de manipular memórias sem deixar rastro, mudando imagens e palavras, sons e ações até uma simples queda abaixo de uma escadaria poderia ser feito para parecer como um impulso abusivo. Ninguém jamais perguntou, e ela nunca disse... mas os estilhaços em sua alma eram permanentes. Ela nunca se recuperou dos dias repletos de terror que
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passara presa naquela cabana nas montanhas, nunca mais entendeu o mundo como tinha antes do vidro cortar seu rosto em pedaços.
Max finalmente adormeceu tarde da noite, seu corpo ainda zumbindo com sua resposta violenta ao toque passageiro de Sophia. Assim em certo sentido, esperava a intensidade dos sonhos... mas não o seu assunto. — Você bostinha! — Mãos o apertando forte, muito forte, enquanto uma gritante boca vomitava obscenidades a ele. Ficou congelado, tentando não chorar. Ele não poderia chorar. Isso ia somente fazê-la mais louca. — Assim como seu pai. — Estava gritando no seu rosto. —Pedaço de lixo. — Sinto muito, — ele disse, e não conseguiu evitar, sua voz quebrou. Por um instante, o rosto dela ficou estranhamente calmo. Não houve mais gritos, não mais dolorosas sacudidas. Ela apenas o encarou. E ele soube que sua mãe queria sufocar a vida fora dele. Os olhos de Max se abriram sua mão indo para a arma debaixo do travesseiro. Levou cerca de dois minutos para perceber que o perigo foi apenas em sua cabeça. Ela quase o tinha matado na lembrança, chegou tão perto que suor irrompeu ao longo de sua espinha até mesmo agora, sua pele tensa com o terror recordado. Levantando-se, ele andou ao banheiro para jogar água fria no rosto. Rompendo os fios restantes do sonho, sua mente começando a funcionar novamente. A conexão foi indiscutível – Sophia, uma J, havia o tocado... e ele tivera um sonho de quando era pequeno, tão pequeno que não podia ter mais de três anos na época. Ele nunca tinha lembrado nada daquele período de sua vida. As consequências do contato adicional não o escapou, mas quando se tratava de Sophia Russo, Max não tinha intenção de recuar.
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Max convidou Sophia à privacidade de seu apartamento na manhã seguinte quando ela veio encontrá-lo para irem ao escritório de Nikita. Sombras machucavam a pele sob seus olhos, os ossos marcando contra aquela pele normalmente exuberante. — Noite difícil? — Ele murmurou. — Eu devia saber melhor que ninguém que essas memórias nunca se vão, — ela disse num eco dos próprios pensamentos dele, — Mas mesmo eu, ao que parece, tenho algumas ilusões partidas. Erguendo a mão com uma lentidão que lhe deu bastante aviso, ele começou a brincar com uma mecha do cabelo dela. Ela ficou sobrenaturalmente imóvel, mas não o deteve. — As memórias não são sempre cruéis, — ele disse, falando para ambos. —Vou me lembrar da suavidade do seu cabelo cada vez que cheirar seu shampoo. Vejamos, baunilha e — ele fez uma pausa, tomou um longo e indulgente fôlego — sob isso, uma espécie de flor? Para a surpresa dele, ela respondeu. — Sabonete de lavanda. Eu uso no meu corpo. — Então ela levantou a própria mão, hesitou. Ele inclinou a cabeça em convite, o coração chutando contra as costelas. Devagar, Max, ele ordenou-se, leve isso maldidamente devagar. Ele esperou que as pontas dos seus dedos acariciassem por seu cabelo, no entanto ela não tocou seu cabelo... mas os lábios. Ele não podia controlar o tremor que ondulou por ele. O couro sintético da luva estava quente com o seu calor corporal, a pressão tão pequena como para ser inexistente, mas o manteve prisioneiro, escravo dos desejos dela. — Esta, — ela sussurrou, traçando o formato de sua boca, — será uma boa lembrança. Era tentador se entregar ao prazer, mas ela veio a ele com pesadelos em seus olhos. — Conte-me sobre seus sonhos.
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— Você disse que sua mãe te odiava, — ela disse, a dureza das palavras anulada pelo modo delicado que ela acariciava seu lábio inferior, como se fascinada com a sensação dele. — A minha me rejeitou completamente. A fome para segurá-la esticava em cada um de seus músculos, o flerte borboleta do seu contato abasteceu a seus instintos. — Por quê? — O policial nele disse que isso era importante, que detinha a chave para entendê-la. — Eu era imperfeita. — Soltando a mão, ela deu um passo para trás. — Devemos começar o movimento para Nikita. Imperfeita. A raiva queimou uma chama de aço dentro dele, mas inclinou a cabeça em concordância, não confiando em si mesmo para parar com um simples toque reconfortante, não quando queria esmagá-la para ele, ensiná-la que a viu como tudo menos imperfeita. Nenhum deles falou novamente até que estavam no carro e na estrada. — Meu conhecimento de Nikita é baseado no que vi na mídia, — ele disse quando se fundiram no tráfego matinal. — Ela aparece como inteligente, uma mulher de negócios feroz. — Eu concordo.
— Sophia sentiu seus músculos relaxarem na
constatação de que Max não tinha a intenção de pressioná-la a dar o próximo passo nesta imprevista, imprevisível dança. A parte dela que estava esperando por ele durante uma quebrada e atormentada eternidade queria apressar-se, correr, mas o simples fato era, ela não tinha capacidade para processar nada mais do que aquilo que eles já tinham feito. Ainda não. — Nikita também parece ser um dos poucos Psy de alto nível que pensa em termos verdadeiramente globais, ela é, tanto quanto sei, a solitária Conselheira que tem laços estreitos com um grupo de changeling. — Ouvi que Anthony Kyriakus ainda está subcontratando previsão para trabalho por fora por sua filha, Faith. Sophia concordou, tendo seguido a notícia da deserção de Faith NightStar. Foreseers eram rumoreados de serem ainda mais mentalmente instáveis do que Js – e contudo Faith havia sobrevivido. Apesar de que Sophia sempre soubera que qualquer tal deserção estava fora de cogitação para ela, sua mente tecida indissoluvelmente na estrutura da Net, a sobrevivência de Faith NightStar tinha
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parecido uma vitória para todos que foram rotulados loucos e tiveram suas vidas apagadas da existência. — Sim, — ela disse em resposta a pergunta de Max. — Anthony também está envolvido com os changelings, mas de acordo com minha pesquisa, Nikita foi a única que deu o primeiro passo em tal arranjo quando formou uma aliança de negócios com o ramo de construção do DarkRiver. Max ligou as pistas, o cenho franzido no pensamento. — Poderia haver alguma coisa ai, — ele murmurou, e ela quase conseguiu ouvir seu cérebro trabalhando, fazendo conexões com uma velocidade que muitos Psy, certo da superioridade de suas habilidades mentais,
encontrariam
extraordinário. — Quaisquer outros detalhes sobre os negócios de construção? Obrigando-se a desviar o olhar das linhas limpas do seu perfil, dos fios elegantes
dos
cabelos
escuros
que
brilhavam
com
escondidos
reflexos
avermelhados na direta luz do sol, Sophia verificou seus dados. — Parece que sua empresa está ganhando contratos habitacionais changeling não só nos EUA, mas também a nível internacional. Os assassinatos podem ser motivados pela rivalidade profissional. — Isso se encaixa. — Max tamborilou um dedo no volante. — Cada uma das vítimas morreu na beira de um grande negócio. Surpresa, Sophia rapidamente deslizou pelas partes relevantes do arquivo e percebeu que ele estava certo. — Todos os três foram pivôs, trazendo algo único à mesa, — ela disse em voz alta. — Suas mortes descarrilaram o processo inteiro em cada caso. — Nada evidente liga os três negócios, — Max disse. — Precisamos descobrir se há uma ligação sob a superfície, se há uns benefícios competitivos especial com Nikita efetivamente fora da corrida... — Um bipe interrompeu suas palavras. — É o meu celular. — Ele apontou para onde descansava no suporte do painel. — Você pode verificar quem é? —Claro. — Pegando, ela deu uma olhada no ID... e sentiu sua mente ir tranquila, gelada, a alteridade agitando à vida. — É o promotor, Sr. Reuben.
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Eu só posso te mostrar o que o réu fez naquela sala dez meses atrás. Perguntar-me se ele é ou não um monstro é presumir que eu tenho um conhecimento íntimo sobre monstros. — Resposta de Sophia Russo (J) à questão colocada pelo Ministério Público no caso 23180: Estado do Nebraska vs. Donnelly
Boca em uma linha sombria, Max trouxe o veículo em uma parada no estacionamento meio vazio de um restaurante que ainda não tinha aberto. Escutando o fim da conversa dele, ela adivinhou a razão pela ligação quando ele desligou. — Bonner quer falar comigo de novo. — O pensamento de se arrastar através daquela mente cheia de malícia fez todo o corpo dela se endurecer em repulsa. Melhor matá-lo. Porque ele poderia ser o peso final, aquele que iria fazer seus escudos despedaçarem além de qualquer esperança de reparo. E Sophia não estava preparada para ter seu cérebro partido, sua psique, sua personalidade, varridos da existência. Não quando ela tinha acabado de encontrar Max, encontrado esse homem que fez os frios, obscuros lugares se encherem de luz. Cerrando seus dedos no organizador, ela lutou contra os sussurros de vingança que pareciam se
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originar nos tentáculos obscuros que serpentearam através da mente dela e abrandou a alteridade de volta ao sono. — O bastardo diz que ele tem algo para dividir, alguma memória que ele aparentemente foi capaz de desenterrar. — Max envolveu seu braço no encosto do assento dela, brincando com uma mecha do cabelo dela assim como tinha feito no apartamento. Ela não se afastou. Eles tinham confiança entre eles agora, uma coisa frágil nascida na tempestade elétrica do primeiro contato real entre eles. — Eu sugiro que dessa vez, nós o deixemos jogar seus jogos. — Não importa a fome dela de viver, de roubar e agarrar cada dia extra que ela pudesse dessa vida, ela não conseguia se afastar do mal de Bonner. Não quando o custo de proteger a si mesma seria abandonar aquelas garotas perdidas, deixá-las enterradas e esquecidas na escuridão. Ninguém deveria ser esquecido. Ninguém. — Se nós jogarmos certo, — ela disse, lembrando-se de três outras vidas jovens que tinham sido deliberadamente apagadas de todas as mentes menos a dela mesma, — isso só vai aumentar a frustração dele, fazê-lo mais maleável. Os olhos de Max estavam cheios de emoções cruas e irritadas que ela nunca teria a chance de estudar, de verdadeiramente conhecer. Não nessa vida. Então ela perguntou, — O que você está pensando? — Que é uma pena tortura ser ilegal. — Uma raiva visceral em cada palavra. — Nós vamos fazer uma conferência. Nós não vamos viajar até lá para que ele possa ter um conveniente lapso de memória. — Os sistemas de comunicação no nosso apartamento não têm a criptografia necessária. — A raiva de Sophia era uma coisa mais fria, uma coisa que não via nada de errado em tomar isso olho por olho, vida por vida. — Nós poderíamos perguntar à Força se eles têm um link seguro. — O sistema deles estava bom da última vez que eu estive aqui. — Soltando o cabelo dela com um pequeno puxão que fez o couro cabeludo dela formigar com a sensação, o gelo descongelando numa labareda de calor brancoquente, ele esfregou a mandíbula dele. — Mas eles têm falhas.
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— Há falhas em todos os prédios da Força. — Facilitadas, na maioria dos casos, pelos Psy. — Eu acho que conheço alguém que tem um link seguro.
Então meia hora depois, Sophia foi conduzida a uma pequena sala de conferência no prédio empresarial de porte médio que era o HQ do clã de leopardos DarkRiver na cidade. — Eles não estão preocupados? — Ela perguntou depois que sua escolta, um homem jovem de cabelos castanhos, se retirou da sala de conferência. — A desconfiança dos changeling em relação aos Psy é bem conhecida. — Aqui é onde os felinos fazem negócios, — Max respondeu, configurando a sala de conferência usando os touchpads. — Alguns desses negócios são com os Psy, e não se esqueça, DarkRiver tem vários desertores Psy em suas fileiras. — Esse prédio é cheio de changelings. — A afirmação do óbvio escapou. Max virou para prendê-la no lugar com seus olhos. — Você está em problemas? — Não, — Ela puxou suas luvas mais seguramente sobre seus pulsos e confortavelmente debaixo das mangas de sua camiseta branca, a ação mais por... conforto que necessidade. — Na verdade os changelings são tranquilos. Uma sobrancelha arqueada, aqueles sólidos ombros relaxando enquanto ele voltava sua atenção para os controles de comunicação. — Não são muitas as pessoas que os descreveriam assim. Eles tendem a ter essa energia selvagem abaixo da camada humana. Ela queria apontar que ele queimava com a mesma energia selvagem, embora no caso dele, era tão bem contida, que a maioria das pessoas nunca adivinharia. Todas aquelas mulheres que quiseram possui-lo, ela pensou, elas não entendiam o que era que elas ousaram aproveitar.
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Mas ela sabia. E ela se perguntou como seria acariciar aquele corpo elegantemente musculoso com suas mãos nuas. Ele olhou para cima, e a pegou o observando. — Quando estivermos sozinhos. — Uma provocação... E um aviso. Fechando sua mão sobre o braço da cadeira, ela desviou o olhar. — Todos os changelings têm escudos mentais naturais. — Então por que você está tensa o bastante para atacar? Era impossível não olhar de volta para ele, assisti-lo enquanto re-checava a criptografia, linhas de concentração através de sua testa. Naquele momento, a coleira estava solta, as rédeas livres, e tudo desapareceu, menos a promessa e perigo que era Detetive Max Shannon, ela queria tocar a pele exposta da nuca dele, queria saber se era macia ou áspera, queria tirar a camiseta dele e esfregar seus lábios pelos músculos que se deslocavam debaixo da pele cor de mel, queria acariciar e conhecer e possuir. Ela simplesmente queria. — Changelings gostam de tocar. — Saiu suave, rouco. Os ombros de Max se enrijeceram, mas ele não se virou. — Eu perguntei a Clay sobre isso enquanto você estava no banheiro agora a pouco. Eles não presumem privilégios de pele, então você está segura. — Privilégios de pele. — Ela testou o termo desconhecido, colhendo seu significado do contexto. — E você, Max? — Pensamentos se traduziram em palavras tão rapidamente, que ela não teve chance, ou vontade, de segurá-las. — Você está confortável com privilégios de pele? Max se moveu para colocar suas mãos nas costas da cadeira, se inclinando para baixo até que seus lábios ameaçassem a roçar a ponta da orelha dela. — Isso depende de quem está perguntando. — O cheiro dele a envolveu enquanto ele posicionava suas mão na mesa em ambos os lados dela. Uma armadilha sensual. — Mas se você estiver falando de certa J, bem, para ela, eu talvez esteja muito, muito confortável. Um apertado tipo de calor floresceu no estômago de Sophia, um estranho fogo que queimou mesmo na mais obscura, mais secreta parte dela. — Max. — Ela não sabia pelo que estava pedindo, seus batimentos cardíacos uma tatuagem errática contra as costelas dela.
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Max se afastou da mesa com um grunhido. — Nós não podemos fazer isso aqui. Está quase na hora da conferência. — Um leve toque no ombro dela, segurando uma proteção que a chocou, a desarmou. — Você está pronta, Sophie? A voz dele, a presença dele, sua boa vontade para ser o escudo dela... isso a chocou, mas ela assentiu. —Sim. — Isso tinha que ser feito, aquelas garotas tinham de ser trazidas para casa. Mesmo uma Psy sem qualquer família entendia a importância das crianças, as ligações de sangue. Perder uma criança na Net era perder não somente sua imortalidade, mas também sua chance de ganhar a lealdade incondicional de ao menos um indivíduo. A menos, é claro, que você seja jovem o suficiente para gerar ou carregar outros descendentes. Os pais de Sophia tinham estado em seus trinta anos no verão em que ela completou oito anos e tudo se quebrou. Eles seguiram em frente e tiveram mais duas crianças, ambas um com o outro. Os genes deles, no fim das contas, já tinham se provado ser um conjunto complementar. Os irmãos dela, também, eram telepatas de altos Gradientes. Não tão forte quanto ela. Mas eles não estavam danificados. O rosto de Bartholomew Reuben apareceu na tela naquele momento, afastando a dor no coração do passado com o mal sádico do presente. — Max, Srta. Russo, bom ver vocês. Vocês serão transferidos para Bonner em alguns segundos. — Você voou para lá, Bart? — Max perguntou. — Perda de tempo. — Não, eu estou em outra prisão. — Os lábios do promotor se curvaram em um sorriso sem humor. — Bonner não vai se agradar de nós não termos saído correndo quando ele assim disse. Um contador regressivo de aviso apareceu no canto da tela. Dez. Max bufou. — Eu não estou exatamente preocupado em agradar o bastardo. Nove. — Eu estarei na sala de conferência... Oito. — mas Bonner só verá a Srta. Russo.
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Sete. O raspar de uma cadeira. Seis. — Eu vou me mover um pouco, — Max disse, — ter certeza de que eu estou fora de cena. Cinco. — Você está bem, Sophie? Sophie. Ternura no modo como ele disse aquele nome, tornando-o algo especial entre eles, um presente. Quatro. — Sim. — Ela segurou o presente dele apertado no coração dela. Três. — No instante que você quiser sair... Dois. — diga a palavra. Um. O rosto de Reuben desapareceu, para ser substituído pela aparência loiro dourada de um assassino tão vicioso, que os tabloides tinham lutado para contar sua história. Ele era um megastar no submundo sombrio dos fãs de seriais-killers, sua ―biografia autorizada‖ lidas com um fervor religioso. Ela se perguntou quantos dos fãs dele perceberam que o livro era em grande parte ficção. Bonner era incapaz da verdade. — Srta. Russo. — Aquele sorriso charmoso, mas havia uma borda ali. — Eu estava esperando tanto te ver pessoalmente. — Isso seria um uso ineficiente do meu tempo, — ela respondeu, mantendo suas mãos relaxadas em seu colo. — Mas como você vai coletar minhas memórias se você não está perto? — Um lento erguer dos ombros dele. — Eu temo que minha mente não esteja cooperando com a minha necessidade de compartilhar. — Profundos olhos azuis cheios com risadas tristes, as charmosas desculpas de um homem que não fez nada um pouco malvado. Seria, Sophia pensou, tão fácil matá-lo. Ela só teria que estar na vizinhança. O alcance telepático dela era longo o suficiente, ela poderia fazê-lo se sufocar com
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um travesseiro, talvez bater o esqueleto dele contra uma parede até que pedaços de ossos perfurassem seu cérebro. O terror o deixaria descuidado. Uma batida na mesa à esquerda dela. Max. O lembrete do presente que ela tinha ganhado, o presente que ela estava determinada a não perder, a fez recobrar a atenção, a alteridade se retirando face à sua resolução. — Os oficiais da prisão afirmaram que você se lembrou de um lugar do qual nós estaríamos muito interessados em aprender. Bonner mostrou seus dentes em um sorriso que poderia ter agraciado um comercial de pasta de dentes. Mas os olhos dele. Olhos de répteis. Ela viu olhos como aqueles antes, nos poderosos na Net, homens e mulheres para quem a santidade da vida significava menos que nada. O homem que fez sua última avaliação na infância, fazendo a ligação final sobre se ela era útil o suficiente para ser salva ou deveria ser suprimida, tinha olhos como o Açougueiro do Park Avenue. — Sr. Bonner? — ela solicitou quando ele não respondeu. — As memórias parecem ter desvanecido. — Um suspiro desapontado. — Eu sei que tinha algo a ver com árvores, mas... — Outro encolher de ombros. — Talvez se você viesse aqui, e usasse suas habilidades para estimular minhas recordações... — Parece que até mesmo isso foi uma perda de tempo. — Olhando para sua esquerda, ela deu um curdo acenar. — Corte a conexão. O rosto de Bonner se torceu para revelar o monstro dentro de um violento segundo. — Srta. Russo, eu não acho que você perceb... — O vazio quadro negro de uma tela vazia. — Eu quero matá-lo com as minhas mãos nuas, — Max disse em uma voz tão calma que fez cada fio de cabelo na parte de trás do pescoço dela se levantar em aviso. — Não é uma necessidade de justiça ou nada puro. Eu quero vingança. Eu quero que ele sofra assim como aquelas mulheres, aquelas garotas, sofreram. — Todos nós temos a capacidade de matar. — Sophia disse, dizendo a si mesma para parar, mas incapaz de se manter quieta, ela precisava saber o que ele pensava da parte quebrada dela que só conhecia o tipo mais letal de justiça. Se ele fosse rejeitá-la, melhor que fosse agora, quando ela só tocou o selvagem calor dele uma vez, quando ela acabou de começar a conhecê-lo... quando poderia sobreviver à condenação. — As linhas são simplesmente diferentes para cada um.
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Os olhos de Max encontraram os dela, perfurando em sua intensidade. — E as suas envolvem crianças. Às vezes mulheres, mas mais frequentemente, crianças. Sophia engoliu, incerta de como responder, incerta de como ler a resposta dele. O rosto de Bartholomew Reuben reapareceu na tela de comunicação naquele momento. — Ele está puto. Nunca vi aquela cara feia dele até hoje. — Nem mesmo no julgamento? — Sophia perguntou, seu terror confuso se traduzindo em uma compostura rígida. — Fresco como um pepino, aquele lá, — Reuben disse. — Sorriu para os jurados, flertou com a tribuna. Se nós não tivéssemos evidências herméticas, ele poderia ter jogado charme até ter se livrado. — Uma pequena pausa. — Por favor, seja cuidadosa, Srta. Russo. Bonner está sob constante supervisão, mas ele tem fãs raivosos. Se ele conseguir enviar uma mensagem a um deles, você pode estar em perigo. — Não se preocupe Sr. Reuben. — Sophia pegou a pequena, dobrada nota que Max passou para ela debaixo da mesa. — Agora mesmo, ele precisa de mim viva. Ele quer me intimidar com seu brilhantismo. — Depois disso... Max sentiu suas entranhas se apertando dolorosamente enquanto lembravase da expressão no rosto de Sophia antes de Bart finalizar a transmissão. Ele sabia exatamente o que ela estava considerando, sua complexa, perigosa J, sabia, também, que ele não poderia deixá-la fazer isso. Mas eles estavam geograficamente longe o bastante de Bonner agora mesmo para que a tendência de Sophia de machucar pessoas perversas fosse algo que ele ainda tivesse tempo para lidar. Ele sabia que não seria fácil. Não quando as ações dela, e os crimes daquele que ela puniu naquela forma J peculiar, fossem todas adicionadas a um passado que falava de um tipo brutal de dor. Aquelas cicatrizes, ele pensou, eram invisíveis. Mas elas eram muito mais importantes do que as linhas estreitas que marcavam o rosto dela. — Max, — ela murmurou sob o fôlego enquanto eles seguiam para o escritório de Nikita. Ele sabia por que ela estava dando a ele aquele olhar perplexo, e isso o acalmou, saber que o estratagema tinha funcionado, atraindo-a de volta da beira do vazio. — Hmm?
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— Você não pode me escrever notas como aquela. — Era uma ordem sibilada enquanto as portas do elevador se abriam no nível correto. — E se alguém tivesse visto? Max atirou um olhar inocente a ela. — Eu só fiz uma pergunta simples. — O que você acha de sexo na sala de reuniões? — Uma sobrancelha arqueada. — Isso não é... — Bem, desde que você perguntou, — ele interrompeu, entrando na seção externa do escritório de Nikita, — Eu voto a favor. Naquele momento, todo o seu ser sendo cheio com o deleite sensual que vinha de provocar Sophia, Max não tinha nenhuma ideia das consequências que resultariam dessa reunião.
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Algumas mulheres não foram feitas para serem mães. — Das notas privadas do caso do Detetive Max Shannon
Conselheira Nikita Duncan, ele pensou enquanto entravam no escritório privado dela, era uma mulher bonita. Se você gostasse de beleza cortada em gelo. Perfeita. Distante. Fria. De acordo com os registros públicos, ela era parte japonesa, parte russa. Aquilo explicava a combinação de bochechas altas, olhos amendoados, altura acima da média. Ela passou sua altura para sua filha, mas pelas imagens que Max tinha visto, Sascha tinha um cabelo preto e cacheado onde o de Nikita era uma chuva escura e lisa, a pele de Sascha era de um caloroso dourado enquanto a de Nikita era um marfim impecável. — Detetive Shannon, Srta. Russo. — Ela gesticulou para eles tomarem os assentos na frente da mesa dela. — Na verdade, Conselheira, — Max disse, — eu acho que estou melhor de pé. — Andando para as placas de vidro da janela do escritório dela, ele olhou para baixo para o zumbido de atividade de São Francisco e arriscou. — Eu preciso que você compartilhe a informação que você reteve. Ele sentiu os olhos de Sophia em suas costas, e se tivesse sido qualquer outra mulher, ele teria estado preparado para receber um sermão real mais tarde por esconder isso dela. Mas Sophia era diferente de qualquer um que ele já conheceu antes. Ele não tinha ideia de como ela reagiria, e isso tanto o deliciou quanto o frustrou.
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— Seria, — Nikita respondeu, — ilógico da minha parte conceder informações quando eu sou quem solicitou essa investigação. Max se virou o suficiente para encontrar aqueles frios olhos marrons. — Três mortes, um acidente de carro que você não tinha certeza de ser suspeito, um suicídio que poderia ter sido causado por doença mental, um ataque cardíaco, isso não é o bastante para você inserir um estranho em sua equipe. — Um humano. Nikita o encarou, uma adversária letal, ela vestia uma camisa e saia sóbrias, maquiagem profissional, seu cabelo perfeito. — É gratificante, — ela disse no silêncio, — Saber que você tem a inteligência para cumprir essa tarefa. — Com isso, ela digitou algo em sua mesa, Max adivinhou que ela tinha ativado algum tipo de escudo aural como uma defesa contra espiões high-tech. — Houve um atentado contra a minha vida aproximadamente quatro meses atrás. — Eu ouvi rumores. Algo a ver com a Aliança Humana? — ele disse, referindo-se a mais poderosa organização humana no planeta. Na superfície, era tudo sobre negócios, mas a verdade era, a Aliança tinha uma forte vertente paramilitar. Nikita assentiu suntuosamente em resposta à pergunta dele. — Eles colocaram um dispositivo explosivo no elevador que eu uso para acessar esse escritório e minha casa, o plano aparente deles sendo detonar a carga enquanto eu estava dentro. — Eles se infiltraram em seu sistema de vigilância? — Max perguntou, supremamente consciente da silenciosa presença de Sophia, embora seus olhos permanecessem em Nikita. — Sim. — Nikita se levantou de sua cadeira, usando um fino controle remoto, ativou o painel de comunicação que parecia ser uma parede em branco. O garoto em Max estava intrigado o suficiente para fazê-lo dar voltas pela sala. — Isso ainda não está no mercado. Outro clique no fundo da mente dele, outra peça do quebra-cabeça entrando em cena. — Uma companhia humana? — Ele capturou uma dica de baunilha e lavanda quando Sophia se moveu para ficar ao lado de Nikita, e o cheiro foi uma lenta carícia através dos sentidos dele, um lembrete sensual de que o corpo dele tinha escolhido essa mulher e não tinha nenhuma intenção de mudar de ideia. — Sim, — Nikita disse. Então, usando o teclado de comando ao lado da tela, ela trouxe um modelo tridimensional do arranha céu Duncan, buscando até que eles
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estavam encarando uma seção transversal do poço do elevador relevante. — Acessar esse elevador é difícil, mas não impossível. Contudo, o acesso ao poço em si é estritamente controlado, segurança computadorizada, vigilância vinte e quatro horas. — Alçapão de emergência no elevador? — Max perguntou. — Toca um alarme imediato se somente for tocado. Max entendeu o significado da afirmação dela quando ela usou um X vermelho para marcar o lugar onde a carga tinha sido colocada. Sobre o elevador. Mente começando a zumbir com a satisfação que vinha de saber que um caso estava começando a tomar forma, ele digitou na tela, girando a imagem até que conseguisse gravá-la em sua memória. — Alguém de dentro deve ter facilitado para o sabotador ou ter feito o trabalho por si mesmo. — E os dois, ele pensou, não estavam necessariamente conectados. Um homem esperto deve ter estado ciente dos planos da Aliança, e os usados para seguir com sua agenda. — Imagens de vigilância? — Quando eu percebi o significado do local onde a carga tinha sido colocada, as imagens estavam perdidas, apagadas. Sophia se mexeu, buscando algo em seu organizador. — A lista daqueles com certificado de segurança para executar com sucesso tal movimento é bem pequena e inclui cada indivíduo do seu círculo íntimo. — Precisamente, Srta. Russo. — Eu não acho que eu tenha o nome do seu chefe de segurança. — Ele está morto. — Palavras bruscas cobertas de gelo. — Ele foi morto em uma queda acidental três semanas antes da tentativa de assassinato. Max dobrou seus braços, suas entranhas apertadas. — Ele foi à primeira vítima. — Sim, eu acredito que sim. Sophia olhou por cima de seu organizador. — Você não contratou um substituto. — Não, eu não achei o candidato certo. O chefe assistente está fazendo um trabalho inobjetável no momento. — Max encarou a imagem do prédio Duncan, mas ele não estava realmente vendo-a. Havia dedicação aqui, ele pensou, um comprometimento de longo prazo que teve que crescer de um motivo muito específico, e qualquer que fosse aquele motivo, era sobre mais do que a emoção do
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assassinato. — Você está me dizendo, — ele disse para Nikita, — Que você não confia mais no seu circulo íntimo. — Não. Eu... — Ela se interrompeu quando seu telefone começou a tocar. — Deve ser algo crítico. Eu pedi por nenhuma interrupção. — Pegando o telefone, ela disse, — Sim? Max olhou para Sophia, capturado pelo modo como um súbito raio de sol brilhou na seda negra de seu cabelo. Ele poderia brincar com as mechas macias por horas, pretendendo fazer exatamente aquilo uma vez que tivesse persuadido sua J para ir pra cama com ele. — Não interrompa nada. Não entre. As palavras de Nikita atraíram sua atenção de volta para ela. — O que era? Ela desligou. — Parece que você não precisa mais se satisfazer com os dados do arquivo morto. Meu conselheiro internacional de finanças, Edward Chan, acaba de ser encontrado morto. Dessa vez, Max pensou, não havia nenhuma dúvida de que tinha sido assassinato. Ou as pessoas por trás dos atos estavam ficando impacientes, ou isso era uma mensagem. — Sophia, você está gravando? — Sim. — Ela colocou uma pequena câmera sem fio sobre sua orelha, curvando as lentes em frente a seu olho esquerdo. — Vai. Tendo barrado qualquer um de entrar, Max tomou seu tempo olhando a cena, que aconteceu de ser no segundo piso mais alto do prédio Duncan, bem abaixo da cobertura de Nikita. O homem assassinado deitava no outro lado da cama intacta, suas pernas penduradas ao lado. As calças dele eram cinza ardósia, o cinto dele um sério couro preto, a camisa branca uma pintura de Rorschach1 em vermelho. — Sem contusões, sem marcas de defesa em suas mãos. — A única evidência de violência era a faca empalada até o cabo profundamente no esterno dele, sólida, espessa, e Max supôs, com uma borda doentiamente curvada. O tipo de faca que você pode usar para acabar com um jogo ou tirar a pele de um animal. — Parece um golpe único, diretamente no coração. Sophia continuou a filmar enquanto eles conversavam. — Ou a vítima permitiu que seu atacante se aproximasse, ou o assassino usou Tc para apunhalar a faca.
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É o psicólogo que inventou aqueles testes de borrões de tinta. Ou seja, ele quis dizer que era um borrão vermelho.
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— Tc, telecinese? — Aquilo explicaria como a faca tinha acabado enterrada tão profundamente, embora uma fria explosão de raiva pudesse muito bem ter bastado para dar ao assassino força suficiente. — Sim. Eu vou procurar nos arquivos pessoais — Sophia se moveu para a esquerda dele, capturando imagens do corpo de cada ângulo, descobrir quantos telecinéticos a Conselheira tem em sua organização. — Nikita disse que Chan chegou de Chicago ontem à noite, — Max murmurou, — Mas que ele tinha um número de encontros informais marcados aqui na casa dele essa manhã. — O que significava que alguém conhecia a agenda dele bem o suficiente para programar o assassinato quando Chan estivesse sozinho e vulnerável. Quando ela mudou de posição novamente, a pureza limpa do cheiro de Sophia passou sobre ele, provendo um antídoto muito necessitado contra a feiúra da morte. Psy, humano, ou changeling, Max pensou, assassinatos sempre tinham o mesmo fedor pútrido. E a morte sempre gritava pela mesma justiça. Edward Chan era um dos de Max agora, bem como cada uma das vítimas perdidas de Bonner. — Era um indivíduo em quem ele confiava, — Sophia disse. — Esse é o único modo de um telepata da força dele, um Gradiente 8, ter sido pego de surpresa. Erguendo seu olhar da carne fria de Edward Chan, Max colocou suas mãos em seus quadris, empurrando sua jaqueta para trás. — Um problema, mesmo uma facada perfeitamente aplicada não teria causado morte instantânea e um telepata poderia enviar uma mensagem de emergência dentro de segundos, se não menos. — Diferente da cena do Vale, tudo aqui sugeria uma rápida, brutal operação. Nenhum tempo para drogar a vítima à submissão. — Por que ele não pediu ajuda? — Vire a cabeça dele um pouquinho. — O que você está procurando? — Ele não viu nada marcante exceto por um par de gotículas de sangue abaixo da... — Droga. — Golpe telepático. — Se alguém o atingiu com um golpe forte o suficiente ao mesmo tempo em que ele era esfaqueado, enquanto a atenção dele estivesse estilhaçada pelo choque, isso teria rasgado seus escudos, destruído sua mente. — Frio, calculado. — Um golpe um-dois para assegurar o sucesso.
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— Max. — A voz de Sophia era quase silenciosa. Espinha formigando com atenção, ele seguiu o olhar dela para o espelho do banheiro, mal visível através da porta meio aberta do outro lado do quarto. A palavra solitária foi escrita com o sangue que pingava na porcelana branca da pia. Mas a acusação ainda era muito legível. Traidor.
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O espaço para o nome do seu pai está em branco em nossos registros. Tal ação é permitida em algumas circunstâncias limitada, mas a causa deve sempre ser anotada. Não há tal nota no seu arquivo. Nós nos desculpamos pelo erro. — Escritório de Nascimentos e Mortes: Cidade de Nova Iorque, para Max Shannon, Junho de 2079.
Nikita entregou a Max um cristal de dados assim que eles voltaram ao escritório dela. — Eu baixei as imagens de segurança para você, cobre o período desde que Edward voltou do Cairo. Max o deslizou em seu bolso. — As conversações de conferências privadas são guardadas em seus servidores principais? O assassino jogou um ácido corrosivo no cérebro computadorizado do sistema do quarto da vítima. — E eles não acharam nem um celular, nem um organizador. — Todo o arquivo de Edward foi apagado usando seu próprio código de segurança, — Nikita disse, as palavras sucintas. — O assassino deve ter tirado isso da mente dele. A natureza insensível daquilo tudo poderia ter chocado outros homens, mas Max sabia que não importava a raça, alguns eram sempre nascidos com a capacidade para o mal. — Nós achamos que possivelmente temos um padrão das
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mortes, cada um dos seus conselheiros foi atingido antes de um grande negócio. Chan se encaixa nisso? Nikita estava balançando sua cabeça antes mesmo de ele terminar de falar. — Edward tinha um monte de coisas em jogo, mas nada perto de finalização. Frustrado pelo súbito fim para aquela linha de investigação, Max focou em outra. — Sophia disse que a vítima tinha um perfil alto o suficiente para fazer negócios fora do círculo? Um rápido aceno que fez seu cabelo brilhante balançar. — Era parte das funções do trabalho dele encontrar-se com homens e mulheres de negócios, humanos e changelings. Como resultado, ele ocasionalmente se encontrava em páginas da sociedade. Max sentiu Sophia olhar para ele com aqueles incríveis, perceptivos olhos, sabia que ela tinha dado o mesmo salto cognitivo que ele tinha. — Seria justo dizer que ele fez algumas conexões pessoais com esses grupos? Nikita tomou um momento para pensar nisso. — Não do modo humano ou changeling. Entretanto, certos indivíduos chegaram a ter uma medida de confiança nele por causa da história de negócios de sucesso juntos. — Uma perda inquantificável, — Sophia disse. — Uma da qual você sentirá o efeito por algum tempo. — Sim. — Nikita olhou para Sophia por um longo e silencioso momento antes de voltar sua atenção para Max. — Eu estou começando a ver o padrão que parece que você já viu, detetive. — Então minha próxima questão não virá como uma surpresa, quem não gostaria de você indo pra cama com as outras raças? Edward Chan, Max estava certo, só tinha sido considerado traidor por associação. Era a Conselheira Nikita Duncan que era a chave. — Isso, — Nikita disse, — é algo sobre o que tenho que pensar. Sophia falou na pequena pausa. — Eu ouvi rumores de um grupo chamado PurePsy, os membros parecem acreditar que o contato com as outras raças está maculando a pureza do nosso Silêncio. — Sim. Eles começaram a ganhar medidas de apoio na Net. — Nikita voltou para sua mesa. — Eu tenho alguns dados adicionais que eu estou enviando para você agora, por favor, resuma para o detetive, Srta. Russo.
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Foi uma ordem de uma mulher que era acostumada com a obediência, mas Max não tinha acabado. — Quem quer que seja que está por trás disso, ele ou ela está ficando mais ousado, eles virão atrás de você mais provavelmente cedo do que tarde. — Eu estou protegida. É por isso que Edward e os outros estão mortos, o assassino foi para a próxima melhor coisa. — Um olhar de navalha. — Você faz bem em se proteger. Você é, no final das contas, só humano. Sophia não disse nada para Max até que eles estavam no carro saindo do edifício Duncan. — Isso te incomoda? — O quê? — Ser considerado menos por causa da sua humanidade? — Isso a incomodava muito. Max valia muito mais do que qualquer outro homem que ela já conheceu. Mas ele balançou a cabeça, seus lábios curvados em um distinto sorriso satisfeito. — Nikita sentiu necessidade em apontar minha humanidade porque ela foi forçada em uma posição onde ela tem que se apoiar em um mero humano. Isso tem que doer. — Isso é irônico, não é? — Sophia murmurou, pensando em conexões, de mães e pais. — Ela é uma das pessoas mais poderosas do mundo, seu patrimônio líquido na casa dos bilhões e ainda ela não tem uma única pessoa na vida dela em quem pode confiar que não vai apunhalá-la pelas costas. — Ela fez as escolhas dela. — Max não tinha nenhuma simpatia por uma mulher que deserdou sua criança. Ele sabia exatamente o quanto aquilo deve ter machucado Sascha. Quando Sophia não disse nada, ele olhou para ela. — E quanto a você, Sophie? Em quem você confia? A resposta dela o abalou. — Você é a única pessoa para quem eu já contei sobre a rejeição dos meus pais em relação a mim. — Estranho, não é? — A voz dele saiu áspera, crua com a emoção. — O quê? — Que as duas pessoas que Nikita escolheu para trabalhar nesse caso foram rejeitadas pela mãe. — Não poderia ser uma coincidência, não com as pesquisas que Nikita tinha a sua disposição.
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O organizador de Sophia brilhou naquele momento. — Os técnicos de laboratório de Nikita fizeram a primeira análise dos dados forenses, o sangue no espelho era da vítima, o DNA e impressões digitais nas áreas públicas pertencem ou ao Chan ou aos outros empregados de Nikita, todos os quais podem ser explicados pelos encontros que ele teve essa manhã em sua casa. Nenhum DNA suspeito ou não explicado no quarto. — Isso foi rápido. A resposta de Sophia foi prática e dita mil vezes. — Ela é uma Conselheira. — Hmm.
— Estacionando em frente a
um pequeno, movimentado
restaurante, ele desligou o motor. — São quase duas e meia. Você pode me dizer sobre PurePsy durante o almoço. — Do que ele tinha ouvido até agora, o grupo estava em oposição às alianças crescentes de negócios de Nikita com as outras raças, mas ele precisava saber mais sobre as táticas dele para julgar se assassinato seria parte do arsenal. Sophia não se mexeu para sair do carro. — Nós não podemos arriscar sermos ouvidos. — Para viagem, então. — Ele não queria nada além de estar sozinho com ela, para dar o próximo passo nesse cortejo deles. — O que você quer? — Isso importa muito pouco pra mim. Max já tinha deslizado de volta sua porta, mas agora ele parou e olhou para ela, percebendo quão longe ela tinha se retirado dentro de si mesma, sua expressão tão remota que ele sabia que era uma fachada, para esconder a realidade vulnerável. — Droga. Desculpe-me. — Cada instinto protetor que ele tinha, acordou silencioso e intenso. — Eu não pensei sobre isso. — Tudo bem. — Aqueles olhos violeta noturnos seguravam uma surpresa que acariciou aqueles mesmo instintos na direção errada. — Não é algo sobre o que você precise pensar. Que ela tenha dito isso após a profundidade não falada dessa conexão entre ele o fez querer alcançá-la e puxá-la para um beijo duro, quente, lembrá-la da verdade de um modo que ela não poderia ignorar. Mas ele não podia tocá-la, não ainda. — Sim, — ele disse, — Eu preciso. — Porque lentamente, inexoravelmente, ela estava se tornando dele... para cuidar dela, para conhecê-la.
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Uma onda de sombras naquele olhar estonteante, uma indicação silenciosa de que ela ouviu a mensagem por trás das palavras. — Obrigada. Uma declaração tão educada escondendo tanta emoção. — Não se preocupe, — ele disse com um lento sorriso que fez a máscara educada deslizar, a expressão dela cintilando com suspeita, — Eu pretendo tomar meu pagamento em forma de beijos. Saindo do carro com o ofego acentuado dela, ele seguiu para o restaurante. O zumbido de energia humana e changeling o envolveram por todos os lados, vozes se ergueram e caíram em conversas animadas, uma explosão de um riso estranho pontuando o zumbido. Uma mulher roçou nele enquanto saía, jogando a ele um olhar de desculpa sobre seu ombro. Outro homem quase esbarrou nele enquanto saía de um banquinho perto da ilha que envolvia os chefs e a cozinha aberta. Ignorando o que para ele eram distrações, mas para Sophia seria uma pequena fatia do inferno, Max fez seu pedido usando o teclado fixo no balcão. A garçonete colocou o pedido em frente a ele menos de cinco minutos depois. — Você parece um policial. Ele arqueou uma sobrancelha enquanto escaneava seu cartão de débito no leitor. Rindo, ela se inclinou pra frente, seu decote exibido numa vantagem alegre. — Nós temos muitos aqui, há uma estação da Força a duas quadras daqui. — Você desenvolveu um excelente radar. — Você não é daqui, eu posso ouvir seu sotaque. — Tirando algo de seu bolso, ela o deslizou através do balcão com um sorriso. — Para você. Pegando-o quando ela se virou para entregar outro pedido, ele viu que era um pequeno cartão pessoal feito de washi japonês, mostrando o nome Keiko Nakamura e um número de celular. — Homem de sorte, — um homem rabugento disse à sua esquerda. — Eu tenho tentado sair com ela para tomar um café por meses. — Inveja era como uma videira espinhosa ao redor de cada palavra. — Eu estou fora do mercado. — Era verdade desde o instante que colocou seus olhos pela primeira vez em Sophia Russo, quer soubesse disso na hora ou não. Um brilho de interesse. — Posso ficar com o cartão então? — Sinto muito. — Max jogou o cartão na sacola de viagem. — Continue tentando.
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O pretendente rejeitado de Keiko bufou em sua sopa enquanto Max saía, sua mente já numa mulher com olhos cheios de segredos sombrios e dolorosos. Minha Sophia, ele pensou, e isso era uma promessa. Sophia ergueu os recipientes para viagem da sacola enquanto Max foi pegar os pratos em sua cozinha. Quando ela viu o pequeno cartão branco, ela presumiu ser o número do restaurante. Então o olhar dela caiu no texto. — Quem é Keiko Nakamura? — O quê? — Max voltou com os pratos. — Oh, não se preocupe com isso. Vai para a reciclagem. — Colocando os pratos na mesa, ele arrancou o cartão da mão dela e o colocou na lata marcada para reciclagem. Mas Sophia não podia deixar isso pra lá. — Você a conheceu no restaurante? — Sim. — Colocando dois copos de água na mesa, ele puxou uma cadeira com tanta eficiência que a atingiu com a essência masculina. — Garçonete. — Quando uma mulher dá o contato dela para um estranho, — ela disse, tentando não se distrair pela força quente dele tão perto... tão tocável, — é por razões privadas. — Assim como aquela mulher no elevador do apartamento do Vale. — As mulheres parecem sempre estar te dando os cartões delas. Max abriu um dos recipientes e serviu um pouco de sushi no prato dela usando os hashis descartáveis. — Isso te incomoda, Sophie? — Um tom baixo, profundo, um sorriso masculino que fez a pele dela se apertar em aviso. Lembrando-se tarde demais que Max Shannon era um policial acostumado a cavar profundamente, lendo verdades e mentiras, ela abriu o outro recipiente. — O que é isso? — Tempura. — Max colocou o que parecia ser um camarão batido no prato dela, sua voz segurando uma diversão masculina distinta. — Prove. E você não respondeu minha pergunta. Tendo tirado as luvas e lavado as mãos mais cedo, ela usou seus dedos para pegar um pedaço de sushi. — Eu suponho que eu deveria estar acostumada com mulheres... — Ela pausou, incapaz de pensar no termo correto. — Dando em cima de mim. — Sim, eu deveria ter me acostumado com mulheres dando em cima de você, — ela disse. — No fim das contas, você é um homem bonito. Cor marcou as bochechas de Max. — Eu vou deixar você, e só você, escapar dessa. Mas nunca em público. Entendeu?
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Ela estava tão fascinada pelo desarmante vislumbre de embaraço que ela deixou escapar uma necessidade tão profunda, que a devastaria se ela recusasse. — Eu prefiro que você não responda a esses convites enquanto nós estamos... O olhar dele encontrou o dela, a atenção dele tão total que ela sentiu como se estivesse sob o olhar de uma ave de rapina. — Enquanto nós estamos? — ele incitou quando ela não continuou. Ela tinha chegado tão longe, não podia desistir agora. Ele sabia sobre a alteridade, sobre a fria justiça que ela entregava àqueles que machucavam os mais vulneráveis na sociedade, e ele não deu as costas para ela, ela ainda estava muito aterrorizada para perguntar o porquê para ele, mas isso a deu a coragem para dizer, — Enquanto nós estamos nos conhecendo. — Nos conhecendo, — Max repetiu, como se medindo as palavras. — E você vai me deixar entrar, Sophie? — Sim. — Alguma coisa se agitou profundamente dentro dela, algo que uma vez foi sombrio... E solitário. Indescritivelmente, absolutamente solitário. — Fique comigo, Max. — Dizer aquilo foi à coisa mais difícil que ela já fez, e se sentia como arrancar seu coração e colocar aos pés dele... E esperar, somente esperar, que ele não o despedaçasse. Max não disse nada por muito longos momentos. Quando ele falou, a voz dele pareceu ter caído uma oitava. — Você sabe o que você está pedindo, o que eu vou exigir de você? Os pequenos pelos nos braços dela se ergueram com a intensidade da pergunta. — Sim. Max pegou um pedaço do tempura, mas ao invés de colocar no prato dela, o ergueu para os lábios dela. Os olhos dele seguravam um desafio silencioso. E Sophia encontrou sua vulnerabilidade se retirando sob uma onda de determinação. Detetive Max Shannon não iria desconcertá-la tão facilmente. Ela partiu seus lábios e deu uma mordida. Comendo a outra metade, uma chocante intimidade, ele voltou sua atenção para o rosto dela. Para a boca dela. — O que quer que seja que você experimente não vai vazar na PsyNet? — É um risco, sim, — Sophia admitiu, sentindo os lábios dela ficando secos, sua garganta parecendo inchar. — Porém, como todos os Js, meus escudos na PsyNet são herméticos, então o risco é aceitável. Mesmo se houver uma falha,
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quaisquer irregularidades serão atribuídas à minha desintegração como um J operante, ao invés de uma violação flagrante ao Silêncio. Os lábios dele se apertaram. — E uma vez que essas irregularidades se tornarem muito fortes, você será levada para ser recalibrada. — Recondicionada, — ela corrigiu automaticamente. Parte dela queria contar a ele a verdade final, que as chances dela tinham se esgotado, que o relacionamento deles aceleraria a desintegração dela... E que ela escolheria uma morte fugitiva antes de permitir que a personalidade dela fosse apagada, as memórias de Max arrancadas para deixá-la como uma concha vazia. Mas se ela dividisse aquilo, ele nunca concordaria com o pedido dela, esse homem que olhava para ela como se ela importasse, como se valesse a pena de ser protegida. E ela precisava que ele concordasse, a fome dentro dela, era tão vasta, tão interminável, tão sombria e fria, que não sabia como suportou isso por tanto tempo. — Eu sobrevivi ao recondicionamento numerosas vezes. — Quando ele não disse nada, ela esfregou suas mãos úmidas em suas coxas. — Max? Max ouviu o tremor bem escondido, o toque de vulnerabilidade, e teve que se forçar a não suavizar as preocupações dela. Porque aquilo seria uma mentira. Ele estava verdadeiramente ligado a Sophia, mas não importa quão suave ele fosse com os outros, quão descontraído, ele nunca seria desse jeito com essa mulher que ele estava começando a considerar dele. Não, com ela, ele podia jogar, iria jogar, mas ele também iria forçar e exigir e tomar. E ela precisava entender aquilo. Tomando uma decisão, ele ficou de pé e caminhou ao redor para colocar suas mãos na mesa em ambos os lados dela, sua respiração agitando os pequenos cachos sobre a orelha dela. Ele viu as mãos dela se apertarem em suas coxas, o cheiro dela uma mistura de baunilha, lavanda, e algo um pouco mais selvagem, unicamente dela, uma flor que nunca conheceu a mão de um homem. — Tenha certeza, Sophie. — Hoje, nesse minuto, ele poderia possivelmente ser capaz de se afastar. Mas se ele a tocasse, se ele a reivindicasse... não haveria volta.
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— Eu estou certa. Sophia respondeu de imediato. Mas ele viu o ângulo cansado de sua mandíbula, seu corpo tenso. — Você está? — Quando ela permaneceu dura dentro do círculo de seus braços, ele puxou uma respiração profunda. . .e deixou o controle ir embora. — Se nós fizermos isto hoje, se você me aceitar, então você me leva como eu sou. Ele se forçou a dar a ela uma chance final, entretanto a necessidade de tomar e finalmente saborear a tentação que era Sophia Russo, estava golpeando cada célula de seu corpo. — Eu não vou ser controlado e certo como o inferno que não vou fazer apenas o que você peça. Ele escovou a concha de sua orelha com seus lábios. Sophia sorveu a respiração. — Certo? — Ele murmurou, ele iria desafiá-la, usar de persuasão, seduzi-la, mas não iria feri-la. Nunca iria machucá-la. Acenou agitadamente com a cabeça. — Mas eu preciso de espaço. Ela tentou se levantar. Ele a manteve no lugar simplesmente permanecendo em posição. — Como eu disse bebê. Se fizermos isso, você terá que confiar em mim. Ele deixou seus lábios acima da ponta de sua orelha novamente, Sentiu-a tremer. Tão sensível. Tão requintadamente sensível.
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Mas não fraca. — Eu posso estar fraturada, — ela disse cegamente, — Mas eu não sou uma personalidade submissa. Ele sentiu-se encantado com a curva de seus lábios. — Eu disse que queria uma submissa? Eu só quero ter certeza que você não espera um. — Você sabe como eu vejo você? — Uma pergunta cascuda. — Como um tigre que decidiu se comportar por um tempo. Eu não sou estúpida para tentar atar você. O macho que existia nele estabelecendo uma carícia verbal. — Eu ensinarei a você como fazer que eu venha comer de boa vontade na sua mão, — ele murmurou, colocando um único e gentil beijo no declive doce de seu pescoço. — Na hora em que você quiser. Um longo estremecimento, a pele dela brilhava com o calor. — Max. — Pegue, ele disse. — Não lute. Apenas suba na onda. Sophia agitou a cabeça. O choque de seu toque, duro, dentado, quase doloroso, empurrando através dela. — Eu não posso. É demais. Por um instante, ela achou que ele não iria se mover e ela se afogaria em uma avalanche de sensações, entretanto ele se endireitou, liberando-a da prisão sensual que era seus braços. Empurrando para trás sua cadeira, ela levantou e tropeçou indo direto para o banheiro. A água fria que ela espirrou sobre o rosto devolveu um pouco do controle que tinha deixado para trás, porém levou ainda vários minutos mais para ela se atrever a verificar seus escudos na PsyNet. Sustentação, uma dura carapaça que deixava seu interior brutalizado. Brutalizado, mas protegido. Um forte escudo na PsyNet era a única proteção de uma reabilitação precoce para os
J.s, e como tal, era um segredo não dito dentro da
Corporação as técnicas de proteção passadas de J para J não constavam de
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qualquer manual. Até seu chefe, que jogava o jogo político com sangue frio, nunca iria divulgar esta verdade. Porque ninguém na Corporação estava seguro. — Sophia. — Chamava Max, falando seu nome na forma de uma carícia. — Ou você sai ou eu entro. Colocando seu cabelo atrás de suas orelhas, ela abriu a porta e caminhou em direção à mesa. — Eu estou bem. — Uma mentira. Ela estava apavorada que ele tenha decidido agir contra ela, uma mulher que não podia lidar com um simples beijo. — Foi um choque para os meus sentidos. Max puxou sua cadeira. — Explique-me. Ela não queria sentar, não ousava chegar muito perto da tentação e do perigo que ele representava. — Eu calculei mal o quão grande o impacto seria. — Visceral. Suas mãos tremiam enquanto ela tirava as luvas descartáveis. — Nós deveríamos trabalhar no caso. — Era uma atrapalhada e singela tentativa de mudar de assunto. Max sorriu, e pareceu como se passasse a ponta do dedo através de suas partes mais sensíveis. — Bem. Nós iremos assistir os arquivos da câmera de segurança do corredor do apartamento de Chan, você pode terminar seu almoço ao mesmo tempo. Seu estômago estava apertado, torcido em nós. — Eu realmente não necessito de mais. — Você irá comer. Palavras frias. — Você precisa manter suas energias. Sua resposta negativa morreu enquanto lia a firme intenção naqueles olhos escuros. — Você quer estar comigo? Embora eu não possa lidar. . .
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— Eu calculo que você apenas precise de mais prática. As palavras provocativas transformaram os nós em seu estômago em borboletas. — Você não pode falar coisas assim. —Por quê? — Um sorriso lento, profundo revelou uma covinha rasa em sua bochecha. — A prática será divertida. E eu pretendo ser um treinador muito exigente. Ela olhou fixamente, desejando poder beijar aquela covinha. — Vamos. — Com sorriso largo e cheio, um calor maldosamente sensual, ele girou a cabeça para tela na sala de estar. — Traga seu prato. — Com um olhar de persuasão por cima do ombro ele inseriu o cristal do lado da tela. — Eu prometo me comportar. Ela não estava certa se acreditava, mas não pode resistir. Ele esticou um braço no sofá atrás de sua cabeça assim que ela se sentou. — Max, você precisa se sentar um pouco mais distante. — Não. — A covinha desapareceu, mas sua expressão permaneceu morna. . . Íntima. — Não vamos voltar atrás. Ele ligou a tela usando o controle remoto, enquanto seus dedos começaram a brincar com seus cabelos. Pela primeira vez, se perguntou no que ela havia se metido. Um puxão em seu cabelo. — Foco, J. J. Tinha sido sempre, se não uma maldição, então um símbolo do inevitável. Mas quando Max disse isto. . . Seus olhos se ergueram para tela, agora preenchida com uma imagem do corredor que levava ao quarto de Edward Chan. Enquanto ela assistia, Max ia programando a tela para saltar para qualquer coisa estranha na imagem do corredor vazio.
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A primeira imagem era do robô de limpeza, zumbindo, ao longo do tapete. — Eu não acho que ele tenha feito isso, — Max murmurou. Sua atenção totalmente na tela. Sophia aproveitou a chance para observá-lo. Seu perfil era de linhas claras, sua pele como chocolate, sua estrutura óssea sem defeito. Mas Sophia tinha vistos homens bonitos antes. Objetivamente falando, o Conselheiro Kaleb Krychek era um dos homens mais devastadoramente atraentes do planeta, mas uma vez ela tinha estado perto dele e ele fazia seu sangue ficar frio. Max, no entanto. . . Seus olhos foram para o triângulo de carne que aparecia através do colarinho aberto de sua camisa. Outros homens tinham cabelos lá, mas ela podia ver que a pele dele era lisa, pura. Fazia com que ela tivesse vontade de desabotoar mais a camisa e assim beijar todo o seu tórax, aprender sobre ele com sua boca. — Agora quem é esta? Sophia virou rapidamente sua cabeça para a mulher que aparecia na tela. Vestida com um terninho de um verde profundo, ela saía do elevador caminhando em direção ao quarto de Chan, mas entrou em um apartamento em frente ao dele. Abaixando seu prato, Sophia agarrou seu organizador. — Essa é Marsha Langholm, a conselheira sênior de Nikita. Ela usa aquele apartamento enquanto está no país. — Nós precisaremos conversar com ela. Max pegou seu organizador para ler as anotações que ela tinha sobre Langholm. — Se você não gosta de sushi, você deveria ter me falado. Ela comeu outro pedaço. — Eu nunca tinha comido isto antes. É bom. — Que tal o tempurá? Ele manteve seus olhos na tela onde aparecia um homem jovem que estava deslizando um envelope em baixo da porta de Chan, antes de retornar ao elevador.
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— Eu o reconheço Ryan Asquith, — ela disse. — Ele é o estagiário que achou o corpo. E o tempurá é bastante. . . Agradável. Ela nunca considerou nenhuma comida como algo mais do que uma forma de nutrição, que a mantinha viva, como a maioria dos Psy, ela tinha sido condicionada a não se deixar levar pela sensualidade inerente do gosto e do prazer. — Nós iremos tentar qualquer outra coisa da próxima vez. — Aí está Marsha novamente. A mulher caminhava para o apartamento de Chan com uma pasta na mão. Saiu dois minutos mais tarde e entrou em seu próprio quarto. — Visita rápida. Ele congelou a tela e saltou de um quadro para outro. — Inferno. Sophia olhou para a tela. A mulher que agora aparecia era alta, com cabelo preto que se derramava em seus ombros como cachos suaves, sua pele parecia polvilhada de dourado. Diferentemente dos outros, ela não vestia um terno, mas um casaco azul Royal, informe, que escondia suas formas. Mas a despeito de sua roupa, até Sophia sabia quem ela era. — Eu pensei, — ela disse. — Que Sascha estivesse brigada com Nikita? Mas o que ela estava fazendo em um andar privado? Ele ficou mudo quando Sascha bateu na porta de Marsha Langholm e foi convidada a entrar. A tela saltou adiante. Mais dois homens apareceram pouco tempo depois, nenhum dos dois podiam ser identificados à primeira vista. O primeiro, um homem negro, esbelto, por volta dos trinta anos, ficou com a vítima cerca de dez minutos antes
de
partir.
O
segundo,
um
homem
aristocrático
com
cabelos
prematuramente grisalhos, ficou cinco minutos a mais que o anterior, antes de ser acompanhado até a saída, e a vítima estava vivo até então. Viram-no sair no corredor, e caminharem em direção ao elevador enquanto aparentemente terminavam sua conversa. O próximo quadro mostrava Sascha saindo do apartamento de Marsha com ela do lado.
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— Espere. — Max pausou a tela e retornou para a imagem de Edward Chan entrando em seu apartamento. — Olhe a marcação do horário. — Dez e quinze da manhã. — Eu estou dando playback a partir deste ponto. Mas quando ele apertou o Play, eles viam Sascha deixando o apartamento de Marsha. Sophia piscou, olhando fixamente a marcação do horário. —Isto aconteceu uma hora e uma meia mais tarde. — De acordo com os arquivos, — disse Max, — alguém programou para parar de gravar neste período. Ele reiniciou o ―playback‖. O próximo movimento aconteceu aproximadamente cinco minutos depois da partida de Sascha, quando o mesmo estagiário que tinha deixado o envelope retornou, eventualmente entrando no apartamento para descobrir o corpo de Chan. — Por que Asquith receberia não somente a permissão, mas o código para anular a segurança de Chan? — Max perguntou a Sophia, parando o ―playback‖. — Ele precisou entrar na Net para contatar Edward e descobriu que ele já tinha ido. Sophia já tinha visto mentes J se apagarem assim antes, sabia que a morte tinha levado mais um de sua designação. — Psy que sai da Net sem explicação são sempre rastreados a fim de se verificar a razão para seu o desaparecimento. Para Sophia, aquela razão só poderia ser a morte, sua mente era muito profundamente integrada à Net para sobreviver a qualquer separação. — Quanto tempo leva depende das circunstâncias, mas aqui era obviamente muito perto do tempo do assassinato. Quando Max não disse nada em resposta a sua declaração, ela virou-se para encontrá-lo beliscando a ponta de seu nariz, em gesto de frustração. — Max?
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Com uma baixa, dura palavra ele soltou sua mão. — Eu estou prestes a ferrar aos poucos amigos que eu tenho nesta cidade. Sophia chegou perto dele para tocá-lo. Mas Max passou ambas as mãos por seu cabelo e levantou do sofá, antes dela poder transformar o pensamento em ação. Os dedos dela se enrolaram nas almofadas do sofá, ao mesmo tempo em que algo passou por seus pés. Ela empurrou de volta, fazendo Morpheus uivar. — Oh, minhas desculpas, Morpheus. O gato deu um miado doloroso antes de pular e se sentar no sofá ao lado dela. — Ele quer que você o acaricie, — Max disse distraidamente, retirando seu telefone celular. — Eu irei ligar para Clay, marcando um encontro. — E sobre Marsha Langholm? — Iremos conversar com ela depois de falarmos com Sascha. Morpheus arranhava a coxa de Sophia com a pata, insistentemente. Finalmente entendendo, ela correu seus dedos por seu pelo. Era muito mais suave do que ela tinha imaginado. A viva quentura dele fazendo a experiência em nada parecida ao que ela teve ao tocar um casaco de pelo em uma loja de departamentos, como ela tinha feito uma vez. Quando Morpheus se estendeu por cima de sua coxa, com olhos fechados em uma felicidade felina, ela soube que tinha passado no teste. Porém, sua atenção já não estava mais no gato temperamental, mas sim em seu dono. Max estava junto à janela, o telefone celular em sua orelha. Ele se movia, ela pensou, com a mesma graça do felino debaixo de sua mão, com músculos que diziam a ela que ele estava no completo e total controle de seu corpo, de sua força. Como seria acariciá-lo? Ele girou, encontrando seus olhos. Ela perguntou-se o que ele viu, porque sua expressão mudou para um olhar que ela soube instintivamente que tinha um contexto sexual. Fechando o telefone, ele caminhou e passou a mão pelo cabelo dela, acariciando com o dedo ao longo da ponta de sua orelha.
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— No escritório de Sascha na cidade. Era o mais leve de toques, mas ela estremeceu. — Isso não é uma zona erógena. — Oh? — Se inclinando, ele fechou seus dentes suavemente acima do mesmo lugar. E Sophia viu estrelas.
Eles se encontraram no HQ dos Dark River na cidade com o próprio alfa, um leopardo. Lucas Hunter não estava obviamente contente em encontrar sua companheira no meio de uma investigação, mas ele não disse nada. — Max, Sra. Russo, — antes de levá-los para sala de reunião. Entrando,
Sophia
tentou
não
olhar
fixamente
para
a
mulher
acomodada no outro lado da mesa redonda. Mas isso se provou impossível. A imagem na tela não tinha feito justiça a Sascha Duncan. Não somente ela tinha os surpreendentes olhos de céu noturno de um cardeal, estrelas brancas em um fundo negro aveludado, ela era linda, e seu rosto possuía um brilho que não parecia ser real. — Esta é Sophia, — Max disse para Sascha, seus dedos apertando ligeiramente a parte posterior de suas costas. Suas roupas não amenizavam o choque que seu toque provocava. Os finos fios de cabelos acariciando seus braços, em uma resposta vívida. — Sra. Duncan, — ela de alguma maneira conseguiu dizer. — Por favor, me chame de Sascha. Olhando para cima, o Psy cardeal tocou seus dedos em Lucas e seu companheiro caminhou para ficar ao seu lado, sua mão em seu ombro. Algo se passou entre eles que não podia ser visto, porque o alfa leopardo angulou sua cabeça em um movimento que era muito felino, antes de dizer:
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— Sentem-se. E afundou seu corpo em uma cadeira ao lado de sua companheira. — Sophia. — Max puxou uma cadeira, sentando-se ele mesmo depois que ela se acomodou. — Eu vou ser direto com vocês, — ele disse para o casal Dark River, os braços apoiados na mesa. — Sascha, você esteve no Edifício Duncan esta manhã no apartamento em frente ao de Edward Chan. Lucas se debruçou de volta em sua cadeira em uma posição aparentemente casual. . .exceto que seus olhos não eram bastante humanos e Sophia podia ver uma auréola de ouro em torno do verde, como se o leopardo estava
simplesmente
à
espera
de
uma
desculpa
para
sair.
— Aonde você quer chegar Max? — Uma pergunta que continha um aviso. — Só estou fazendo meu trabalho, — disse Max facilmente. Tão facilmente que você quase poderia esquecer o fato de que ele estava segurando o olhar de Lucas com inabalável confiança. Domínio, ela pensou, era tudo sobre domínio com os machos. — Lucas, — Sascha murmurou, e Sophia viu os músculos dos ombros da outra mulher se mover de uma maneira que significava que ela tinha, com toda a probabilidade, colocado a mão sobre a coxa de seu companheiro. Um gesto íntimo entre homem e mulher, que ela sabia que Max permitiria a ela... E não a outra mulher, não importa quem fosse. Agora não. Uma coisa nova e estranha foi desfraldada dentro dela, forte e quente e determinada. — Sim, eu estava lá, — Sascha disse para Max, enquanto Sophia lutava contra o desejo de acariciar Max e sentir seus músculos sob seu toque. — Eu fui falar com Marsha Langholm. — O fato é que — o tom de Max era o mais suave que Sophia tinha escutado ele usar — Edward Chan foi assassinado no quarto em frente ao de Langholm enquanto você estava lá com ela. Os olhos de Sascha tinham sua angústia visível. — Oh, Deus. Isso explica tudo.
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Lucas passou uma mão calmante ao longo da espinha de Sascha. — Shh, gatinha. Não deixe isto causar tensão em você. — Eu estou bem — foi apenas o choque disto. Tomando várias respirações profundas, ela olhou diretamente para eles. — O quanto vocês sabem sobre minhas habilidades? Max olhou para Sophia, e ela entendeu que era uma sugestão para ela responder. — Eles dizem que você pode sentir emoção, curar as feridas do coração. Existem rumores de que você seria uma E, uma designação que não existe. — Oh, existe, — Sascha disse com uma dureza que conflitava com o calor que sua incrível presença emanava. — Eu sou uma Empática, uma coisa particularmente não muito útil na Net sob o Protocolo do Silêncio. Mas isto não importa, somente duas coisas importam. Primeiro, eu não poderia assassinar ninguém, não sem que isto repercuta em mim mesma. Eu posso sentir o impacto da morte nas vítimas, Eu estou bastante certa de que isso me mataria. Vocês podem comprovar isto com Nikita. Sophia acreditava em Sascha. Existia algo na outra mulher que fazia ela querer acreditar. Se todos os Es motivassem a mesma resposta, não era surpresa que sua designação tivesse sido enterrada, eles seriam uma ameaça, porque eles inspirariam a lealdade sem o medo, que era a arma favorita do Conselho.
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— Você disse duas razões, — ela iniciou em um tom que sugeria respeito genuíno. — Qual o segundo? — Eu acho que senti a morte dele. Foi um sussurro. — Foi um pouco antes de eu deixar o apartamento de Marsha. Eu senti uma onda de náusea, então tudo ficou preto. Eu pensei que iria desmaiar. Mas passou em questão de segundos, então eu atribuí a sensação ao fato de que tinha me levantado muito rápido do sofá. Ela inclinou-se para abraçar seu companheiro — O rosto de Lucas apresentava uma expressão protetoramente selvagem, mas a segurou com uma grande ternura. — Pobre Edward. Ele sempre trabalhou tão duro. — Sascha. O tom de Max foi cuidadoso. — Você viu ou ouviu algo que poderia nos ajudar? Existe um intervalo de 90 minutos nas gravações de segurança. — Não. — Suas sobrancelhas se uniram em uma linha. — Os apartamentos são à prova de som, e eu estava concentrada em minha conversa com Marsha. Nós ficamos juntas o tempo todo exceto quando eu me levantei para ir ao banheiro. Aqueles olhos extraordinários encontraram os de Max. — Eu sou a última pessoa que machucaria alguém. Max passou a mão por seu cabelo. — Olhe, — ele disse em um tom decidido. — Eu penso que já é tempo que vocês saibam o que está acontecendo. Ele tinha um olhar ardente em seus olhos escuros. — Sophie, poderia ser melhor para você sair da sala. Ela permaneceu em sua cadeira. Max bateu seu pé em uma aprovação brincalhona, fazendo seu coração bater em suas costelas com um estrondo e seus dedos se enrolaram, antes de voltar sua atenção para o outro par. — Alguém está tentando descarrilar a organização de Nikita, eliminando suas pessoas porque ele ou ela não pode chegar a Nikita. Parece que os bombardeios de quatro meses atrás só chegaram ao poço do elevador porque alguém no lado de dentro ajudou.
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A mão de Sascha se fechou em um punho em cima da mesa. — Você não pensa que terá outro atentado contra a vida dela? — Sua mãe, — Max disse, — é muito consciente e precavida. Por isso o assassino ficou frustrado, começando a procurar objetivos ao redor dela. Ele soltou uma respiração. — Sascha, se você continua ligada a ela, você se tornou um alvo primário. Lucas Hunter trancou seus dedos com os de sua companheira, sua raiva letal se transformando em um intenso senso de proteção. — Sascha não é herdeira de Nikita. — Ela é a filha de Nikita. — Max agitou sua cabeça, sua mandíbula uma linha teimosa. — Eu não me importo com o que dizem sobre a habilidade Psy de cortar pessoas em um pensamento, se a filha de um Conselheiro é ferida, teremos problemas. — Você pode não ser herdeira financeira da Conselheira Duncan, Sophia disse, mas você permanece sendo a única herdeira genética que ela tem. E a genética é importante, muito importante na Net. Todo aquele desejo de não ter amor, não ter ódio, mas ainda existia o sangue. — Até onde eu sei, ela não teve outra criança, ou um substituto. — Não, — Sascha sussurrou. — Eu nunca entendi por que. — Meu Clã protegerá minha companheira, — Lucas disse para Max. — Obrigado pelo aviso. — Max deu um sorriso torto. — Obrigado por não arrancar meu rosto antes de eu poder conseguir dizer uma palavra. — É um rosto tão bonito, — o Alfa leopardo respondeu, um sorriso acolhedor aquecendo aqueles olhos verdes ferozes, — as mulheres no escritório provavelmente me enforcariam se eu o estragasse. Sophia sentiu o nível de tensão na sala cair antes mesmo da expressão de Max trocar para pura diversão. — Eu pensei que Dorian era considerado o mais bonito. Foi Sascha que respondeu:
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— Eu não sei Max, — um sorriso forçado, como se a Empática estivesse preocupada com sua mãe, — você está dando a ele uma competição séria. Certa vez eu ouvi Zara dizer algo sobre lamber você como um sorvete de morango. Sophia decidiu que esta Zara não teria permissão para ficar em qualquer lugar próximo de Max. Que balançou de volta sua cadeira e riu. — Desde que já estamos quebrando as regras, se qualquer um de vocês tiver qualquer ideia sobre quem poderia seguir Nikita, terei muito prazer em ouvir. — Vamos discutir isto e te chamaremos. Apertando os ombros de sua companheira Lucas ficou em pé. — Bom o suficiente. — Max se levantou também. — Clay sabe onde eu estou ficando e tem o número do meu celular. Como os homens apertaram as mãos, Sophia se levantou, olhando pela última vez a extraordinária filha da Conselheira Nikita Ducan. Sascha estava com a cabeça curvada, seu sorriso fraco revelando preocupação. — Sophie. Ela girou para ver Max segurando a porta. Saindo ao lado dele, considerou se ela lamentou quando seus próprios pais morreram. Eles a apagaram de suas vidas muito completamente e ela teve que apagá-los da sua a fim de sobreviver. Tinha sido duro, tão duro fazer isto. Ela tinha escrito cartas, a princípio. Ela implorou. Finalmente, veio uma resposta. . . Uma que deixou a posição de seus pais clara com precisão brutal: ela não era mais um herdeiro genético aceitável. Um assobio perfurou o ar, cortando o entorpecimento causado pelas memórias em que ela percebeu que seus pais nunca retornariam. O assobia veio de uma mulher pequena com a pele cor de café. — Eu ouvi que você está solteiro, Policial. Um ofuscante sorriso. Max respondeu ao sorriso revelando a covinha rasa em sua bochecha, deixando Sophia com vontade de beijá-la assim que a viu. — Seu processador está desatualizado.
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— Eu sei disto. Vou morrer uma solteirona. — Ela inclinou seu rosto. —Eu agora mesmo vou me afogar em fantasias onde três, não quatro, homens quentes aguardam meus caprichos. Sophia não disse uma palavra até que eles chegaram ao carro. — Eu estou. . . Contente que você não se considera mais solteiro. — Levou uma força de vontade considerável para dizer isto, admitir o quanto seu compromisso significava para ela. Ninguém nunca a tinha escolhido antes. Ninguém. Com uma lentidão deliberada, Max passou as juntas de seus dedos sobre sua bochecha. A sensação era a de um chicote quente em sua pele. — As coisas que eu planejo fazer com você, Sophie, — ele sussurrou em uma voz profunda que fez seus dedos do pé enrolar. — As fantasias de Zara não têm nada haver comigo.
Lucas esperou até depois que Max e Sophia Russo partiram para girar sua companheira para ele. Lutando contra o desejo de apenas abraçar para jogar fora sua preocupação, ele se debruçou contra a parede perto da porta e cruzou seus braços. — Agora, gatinha, que tal você me dizer exatamente o que você estava fazendo no Edifício Duncan? — Seu coração quase parou de bater quando ela confessou sua pequena escapada. — Lucas, — Sascha disse em uma voz que normalmente fazia com que ele se acalmasse. — Isto não vai funcionar. — Ele soltou suas mãos, e as escorou no tampo da mesa. — Eu pensei que nós tínhamos concordado que você ficaria fora de circulação enquanto estivesse vulnerável. E Deus, você foi... — Ele apertou seus dentes, incapaz de dizer as palavras. — Ninguém percebeu que eu estou grávida, — Sascha disse, movendose em torno da mesa. Nem mesmo Marsha. Ela pensou que eu tinha
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engordado devido a minha vida desorganizada. Sua mão se curvou em sua bochecha. — Eu precisava conversar com ela. — Por quê? — Ele achava que sabia, mas quis estar certo depois que ela o socou com esta novidade. — E sente–se. — Puxando uma cadeira para ela, ele se sentou ao seu lado. Colocando uma mão em sua coxa do jeito que ela fez, o levou a puxar uma profunda inalação. — Eu queria... — Sua voz tremeu, e ele não podia mais deixar de acariciá-la e beijá-la, mais do que podia parar de respirar. — Gatinha, você sabe que pode me dizer qualquer coisa, qualquer coisa. Por que ela teve necessidade de esconder isso? Era isso que estava o deixando tão perdido. — Eu planejei dizer a você assim que eu voltei, — ela disse de uma vez, seus dedos apertados em sua coxa, mas você estava tão ocupado que eu pensei que podia esperar até hoje à noite. — Você supostamente deveria-me dizer estas coisas antes. — A pantera resmungou de acordo. — Eu sabia que você não me deixaria ver Marsha sozinha. Ela disse. Um ângulo teimoso em sua mandíbula. — E eu não queria que você se preocupasse mais do que você já faz. — Claro que eu faço. Você está grávida da nossa criança. Eu tenho direito de cuidar de você. — E eu amo você para isto. — Uma onda afetuosa de emoção passou pelo laço de acasalamento deles. Ao nível de suas almas. — Mas isto, eu precisei fazer sozinha. Sua pantera sentiu a vulnerabilidade embaixo da vontade de aço. Alcançando, ele colocou a mão em sua nuca em um gesto tão protetor quanto proprietário. — Eu ainda não ouvi o que você foi fazer. — Marsha tem sido a assistente de minha mãe, de Nikita, desde antes dela se tornar uma Conselheira, antes dela me ter. A ternura que ele sentiu nela fez sua alma machucar.
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— Você foi perguntar a ela como Nikita era durante sua gravidez e quando você nasceu. — Sua companheira estava tão assustada de não ser uma boa mãe, quando todos sabiam que ela seria surpreendente. — Sim. — Seus olhos eram quase sem estrelas quando ela olhou para cima. — Mas eu não pude fazer nenhuma pergunta. Parte de mim tinha medo de saber que Nikita nunca me amou, mesmo quando eu estava em seu útero. Despedaçava a ele a ver machucada. — Gatinha. — Deu um aperto tranquilizante em sua coxa. —Machuca, mas isto já não me quebra como antes. Não enquanto eu puder sentir você me amando a todo o momento em cada dia. — Com olhos brilhantes de emoção, ela passou os dedos pelo cabelo de seu companheiro. — Principalmente, porque eu preciso ouvir as respostas da própria Nikita. Lucas chegou mais perto, então ela podia mais facilmente o acariciar com aquelas mãos que ele adorava. — Eu a chamarei e acertarei um encontro. — Ele dançaria com o diabo se isso assegurasse a felicidade de sua companheira. — Marsha não percebeu minha gravidez porque ela estava muito focada no trabalho, inconsciente para qualquer outra coisa, - ela disse, tocando seus dedos acima de sua mandíbula e junto seu pescoço. — Nikita não deixará de perceber. Lucas baixou seu olhar para a leve protuberância em seu ventre, sabendo que se ele colocasse seu ouvido ali, poderia sentir as batidas do coração de sua criança por nascer. — Nós temos conseguido manter isso em segredo, mas eu penso que a menos que você pense em ficar exilada, ficará bem visível logo. Max soube que você estava grávida no momento em que ele olhou para você. Aos
cinco
meses
de
gestação,
ela
estava
esplendidamente,
radiantemente bonita, qualquer homem com um coração perceberia que ela levava uma vida em seu útero. — Você está me chamando de gorda?
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Ele pegou o cintilar de riso naqueles olhos cardeais atordoantes e soube que sua Sascha era mais que dura o suficiente para lidar com a mulher que tinha dado a luz a ela. — De acordo com o Dev que deve estar cuidando de seus próprios negócios Santos eu deveria estar te alimentando mais. Ela ganhou apenas um pouco de peso extra com a gravidez. —Você está certa de que está comendo o suficiente? — Lucas, você saiu ou não saiu às três da manhã para me conseguir uma pizza com tudo? — Você já disse obrigado? — Ele se aconchegou para falar com seus lábios em sua orelha. Fazendo um pequeno som de contentamento, ela se aninhou em seu pescoço. — Eu me lembro de você ronronando. — Embora tudo que consegui foi uma fatia desprezível. — Eu encerro minhas alegações. — Colocou um beijo em seu pulso. — Eu me alimento como um cavalo. — Sascha bateu levemente nas mãos que Lucas tinha em seu abdômen. — Nós estamos fazendo mais que bem de acordo com o doutor e Tamsyn. A curandeira dos DarkRiver a examinou ontem. Uma sacudida dentro dela, uma coisa estranha, bonita, então um minúsculo pé bateu nela com uma força que seguramente veio do pai. — Oof. Lucas irradiou com orgulho. — Esta é minha menina. — Sascha fez uma cara. — Por que você está tão seguro que é uma menina? Eles tomaram a decisão de não perguntar ao doutor ou a curandeira para confirmar o sexo, entretanto Sascha não podia ajudar, mas sabia que a mente do bebê estava se desenvolvendo cada vez mais forte dentro dela, dia a dia. Ainda que ela gostasse de brincar com Lucas. Ela se ordenou a não contar a ele.
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— Eu apenas sei. — Curvando sua cabeça, ele apertou um beijo no topo de seu abdômen, um hábito que ele tinha toda a noite, para dizer boa noite para seu bebê. Ela correu seus dedos por seu cabelo. — Eu amo tanto você, Lucas. — Seus olhos rasgados, sua voz grossa. — E agora. — Levantando sua cabeça, ele tocou em sua testa na dela. — Os hormônios da gravidez atacam novamente? Com um aceno ela derreteu em seu abraço. — Eu deveria ter falado com você sobre a visita a Marsha, mas eu juro que eu não estava em qualquer perigo. Lucas ficou quieto como um predador. — Quem foi com você? — Eu não vou te dizer se você for grunhir. — Eu sou o Alfa deles. Eles deveriam ter me dito. Ela socou seu tórax. — E eu sou a companheira do Alpha. E, Lucas pensou, ela ganhou seus companheiros de Clã. Sua própria lealdade. — Dorian, — ele disse, conhecendo o sentinela que tinha uma queda por Sascha. — Por que ele não estava nas fitas de vigilância de Max? — Ele ficou menos que trinta segundos longe, na escadaria de emergência, monitorando o corredor, com seus super equipamentos de vigilância de alta tecnologia, enquanto eu estava na reunião. Ele ficava sempre em contato comigo no caso de Marsha ficar louca e tentar me matar lançando o organizador em minha cabeça. Ela fez um trejeito teatral com a boca. Lucas beliscou seu lábio inferior como um castigo para a resposta espertinha. E porque ele era orgulhoso da força de sua companheira, não importando se ele não conseguia tudo de seu jeito. — Vamos lá, vamos ver o que Blondie tem a dizer. — Lucas, você notou?
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— O que? — Max e seu J. Lucas se debruçou um braço contra a mesa, de cara feia. — Não. Eu não notei. — Sophia Russo é muito boa em esconder sua desintegração, — Sascha disse. — Eu somente notei por causa de minha empatia. Tanta dor, tanta. — Ela fechou sua mão em um punho, esfregando encima de seu coração. — Eu quis alcançá-la e dizer a ela que era certo, que estaria segura, que nós poderíamos ajudar. Lucas estava acostumado à natureza empática de sua companheira. Mas ele também era um alfa, obrigado a proteger aos seus. — Ela está na Net, Sascha. Não há nenhum modo de saber se ela é ou não de confiança. — Eu sei. — Um olhar teimoso. — E se ela decidir me chamar um dia, eu não vou dizer não para algum pedido que ela faça. — Você era tão teimosa quando eu acasalei com você? — Um grunhido formando baixo em sua garganta. — Não. Eu penso que eu amadureci com a idade. — Bem, pare com isto. — Apesar de suas palavras provocantes, ele pode perceber um pouco de medo nela. — Não se preocupe gatinha. O policial sabe o que ele está fazendo. — Max Shannon, Lucas pensou, poderia parecer manso com aquele sorriso fácil, mas era enganoso. O gato nele sentiu a verdade, sentiu o caçador que espreitava em baixo da pele humana. — Ele não irá parar até que pegasse sua presa.
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Ninguém nunca espera a traição. Ninguém Das notas privadas de um caso do Detetive Max Shannon
Voltando ao Edifício Duncan por volta das cinco, Max e Sofia conseguiram identificar outras quatro pessoas que tinham aparecido nas filmagens de vigilância. O estagiário, Ryan Asquith, foi incapaz de fornecer qualquer informação útil, mas Marsha Langholm estava muito mais afável. — Detetive, — ela disse. — Eu vou direto ao ponto. — Vi Edward brevemente esta manhã enquanto ele assinava um contrato. Eu estava em uma reunião privada no momento de seu assassinato e eu prefiro não... Max levantou uma mão. — Sascha disse que estava com você. Um ligeiro aceno. — Nesse caso, você compreende a necessidade de discrição. — A Conselheira não sabia que Sasha estava no edificio? — Não tenho como saber. — Uma evasiva ardilosa, a lealdade de Langholm para as Duncans era evidente até ao ponto de proteger aquela que havia desertado.
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— Você é uma das pessoas do mais alto escalão de Nikita, — Max disse. —Há qualquer coisa que você pode nos dizer que possa nos ajudar a rastrear a pessoa ou pessoas por trás desses assassinatos? A mulher não fingiu não ter entendido. — Eu sabia que Vale não cometeu suicídio, simplesmente não estava no seu perfil psicológico. — Uma pausa. — Eu não posso dar-lhe nomes ou quaisquer detalhes concretos, mas há em curso... ondulações pela deserção de Sascha. Batendo no pé de Max por baixo da mesa em um sinal silencioso, Sophia derrubou seu organizador. — Certamente ninguém pensa que a Conselheira seja responsável pela chamada falha de sua filha? Em qualquer caso, eu pensei que era de conhecimento comum que Nikita cortou todos os laços familiares com Sascha. Marsha respondeu diretamente a Sophia. — Houve algumas perguntas depois que Sascha deixou a Net, mas se acalmaram depois que ficou claro que a Conselheira estava tocando normalmente seus negócios. Eventualmente a associação empresarial de Nikita com os changelings começou a ser considerada um ativo, porque eles são um mercado extraordinariamente difícil de conseguir. Max sentou-se, estava claro que Sophia sabia precisamente as perguntas certas a fazer. Mas ele não pode resistir de bater no seu pé em uma resposta brincalhona. Ela colocou o salto alto de sua bota sobre a ponta de seu sapato de couro em reprovação silenciosa. — O que mudou? — Em nítido contraste com seu pé, os dedos de Sophia estavam imóveis sobre a mesa de tampo de vidro. Relembrou daqueles mesmos dedos passando através dos pelos de Morpheus, relembrou também a expressão de descoberta em seu rosto, como se ela nunca antes tivesse acariciado uma criatura viva. Ele queria compartilhar mil outras partes do seu mundo com ela, mas para fazê-lo ele teria que sondar seus segredos, descobrir tudo o que a J-psy mantinha escondido. Porque ele não estava deixando esta J desaparecer.
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— A Conselheira não mudou suas práticas de negócios. — A voz de Marsha Langholm invadiu seus pensamentos. — No entanto houve algumas mudanças sutis na PsyNet. — Os ventos políticos estão mudando, — murmurou Sophia. — Não. Marsha Langholm disse para surpresa de Max. — Eu digo que é mais de uma rachadura. As linhas são muito, muito finas, mas a divisão está começando a tomar forma. Nikita está de um lado e aqueles que apoiam os PurePsy do outro. Max decidiu se reintroduzir na conversa. — Explique-me sobre os PurePsy. Sophia lhe contara que sabia sobre o grupo, incluindo a informação extra que Nikita tinha mandado, mas esta era uma oportunidade para obter a perspectiva de outro poderoso Psy. — É claro que você não teria ouvido falar deles, — Marsha disse, e foi sem dúvida condescendente. — PurePsys são guiados pelo objetivo de fortalecer e preservar a integridade do Silêncio, um conceito que eles chamam de pureza. Eles acreditam que o contato com outras raças é contaminante e que essa contaminação é a causa direta do aumento da deserção e dos sussurros de rebelião. — Nikita é considerada um problema por causa de seus laços cada vez mais fortes com os changelings. — O tom de Sophia era tão pragmático como o de Marsha. — E sobre outras empresas? São eles que estão recuando de suas conexões não-Psy? — Alguns estão considerando, enquanto Nikita entrou recentemente em outro negócio de construção em parceria com os DarkRiver e SnowDancer. — Se isto é coisa dos PurePsy, — Max disse, dizendo a si mesmo para se comportar quando ele tinha o desejo de acariciar Sophia, deslizar seus dedos ao longo de coxa dela por baixo da saia austera, — Por que destacar a Nikita? Ela é um dos sete conselheiros. Marsha Langholm tocou a tela do seu organizador colocado sobre a mesa na frente dela, não um movimento inquieto, um Psy totalmente condicionado nunca fazia, mas uma indicação. — Eu investiguei você, detetive Shannon. Um homem com uma alta taxa de resolução e que raramente aparece na mídia.
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Max deu de ombros. Vamos deixar assim. — Isso me faz disposta a compartilhar essa informação. Eu tenho ouvido murmúrios que Henry Scott se aliou inteiramente com os PurePsy e que Shoshanna como sua esposa está alinhada com ele. Max fez uma anotação mental para perguntar a Sophie como isso funcionava, os Scotts não pareciam verdadeiramente casados, não no sentido emocional. — Ainda restam Anthony Kyriakus, Tatiana Rika-Smythe, Ming LeBon e Kaleb Krychek. — Todos os quatro têm declaradas lealdades políticas, — Marsha Langholm disse. — Os PurePsy talvez suspeitem de qual lado Anthony está da linha, mas novamente sua ação na subcontratação do trabalho de previsão a sua filha é uma decisão de negócios compreensível dado o puro valor de Faith NightStar. E o clã NightStar tem pouco contato com os changelings além desse acordo de subcontratação. Sophia falou novamente, sua voz um golpe através dos sentidos de Max. — Você tem alguma ideia de que lado os outros conselheiros estão? —
Tatiana
Rika-Smythe
recentemente
comprou
uma
quantidade
significativa de ações de sociedades humanas. Se ela continuar nesse caminho, isso vai por padrão colocá-la do outro lado da linha dos PurePsy. Ming LeBon e Kaleb Krychek são desconhecidos. Eles não tem feito nada que pudessse ser considerado a favor ou contra o grupo. — Eu não consegui pegar uma coisa, — Max disse inclinando para trás sua cadeira. — Psy são todos sobre lógica, certo? — Correto, detetive. — Então os PurePsy não fazem nenhum sentido racional. — Um agudo apertão em seu pé. Sorrindo ele pôs sua cadeira para baixo sobre os quatro pés. — Se tiverem sucesso, eles isolarão os Psys e farão um corte enorme em suas fontes de renda. Marsha Langholm não respondeu, mas Sophia o fez. — É lógico de certo modo, — ela disse. — Os PurePsy acreditam que se a Net for fechada novamente, então o poder dos Psy crescerá de uma forma que eventualmente poderão exterminar os changelings e os humanos.
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— Ainda que tal ato signifique uma perda de poder e de pessoal, Marsha Langholm adicionou, — Em curto prazo. Era a descrição mais fria de assassinato que Max já tinha ouvido.
Dorian olhou por cima do computador onde ele estava fazendo algo que desapareceu no momento que Sascha e Lucas entraram no segundo subsolo do edifício DarkRiver. — Ele sabe, — Sascha sussurrou para seu cúmplice. Dorian sorriu para Lucas. — Então o quão louco você está? — Se você não tivesse uma companheira, eu consideraria fazer de você um castrado, — Lucas disse observando Sascha ir para o outro lado de Dorian, sua mão atrás da cadeira do Sentinela. Voltando-se, Dorian angulou sua cabeça pedindo permissão. Quando Sascha sorriu, ele apertou sua orelha contra sua barriga, colocando sua mão protetoramente sobre a inchação. Se qualquer homem fora do bando ousasse fazer isto, Lucas o teria rasgado em pedaços com suas garras nuas. Mas este era Dorian, o Sentinela favorito de Sascha e um dos melhores amigos que Lucas já teve. Sua pantera se elevou com interesse quando Sascha riu de algo que Dorian sussurrou para o bebê. — Eh, — o Sentinela disse em um tom mais alto, — você nunca sabe. A criança pode nascer querendo saber tudo sobre artes marciais avançadas. Sascha bagunçou o cabelo loiro claro do sentinela. — De acordo com o Vaughn, ela será uma pintora, ele está certo disto. De acordo com o Clay ela vai ser uma sentinela nata. — De acordo com Hawke... Lucas rosnou ao nome do lobo alfa.
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Rindo, Sascha continuou. — De acordo com o Hawke seu propósito na vida vai ser fazer Lucas louco. Ele já comprou para Lucas um chapéu de lã para quando ele arrancar seu cabelo, — ela explicou ante o olhar confuso de Dorian. Lucas sentiu seus lábios se elevarem por sua gentil provocação. — Você sabe pelo que eu não posso esperar? Quando o lobo conseguir sua companheira. Eu vou fazer uma festa quando ele acasalar, então vou sentar na primeira fila enquanto sua companheira faz carne moída dele. A expressão de Sascha se suavizou e Lucas sabia a direção de seus pensamentos. Acreditou quando o lobo alfa disse que nunca acasalaria, mas coisas mudaram no último ano. Parecia que poderia haver uma chance para o SnowDancer. E não importava quanto eles antagonizavam um ao outro, Lucas nunca desejou qualquer coisa exceto além de boa sorte para o outro macho neste assunto. Porque quando era sobre acasalamento. . . Seus olhos encontraram os da Psy cardeal que era sua companheira, o pulsar de seu coração. — Pare de paquerar Dorian e vem aqui. Tomando sua mão, ela se moveu para se ajustar contra seu lado. — Eu não ousaria paquerar com Dorian, Ashaya cortaria meu fígado. Dorian deu um sorriso satisfeito consigo mesmo. — Minha companheira acha que eu sou o leopardo mais magnífico que ela já viu. — Nos mostre a filmagem antes que sua cabeça exploda, — Lucas resmungou, mas seu próprio gato estava rindo por ver Dorian tão feliz. O Sentinela tinha sido latente a maior parte de sua vida, incapaz de mudar para a forma de leopardo. Agora que ele podia, ele fazia em todas as oportunidades. — Você já conseguiu pegar um coelho? Um dar de dedo eloquente. — Foda-se. Lucas riu silenciosamente. — Que tal tentar uma tartaruga? Dorian pulou da cadeira e foi pela garganta de Lucas. Rindo, Sascha assistiu aos dois homens caírem no chão. Ninguém mostrou garras e era óbvio que eles estavam fazendo qualquer coisa menos lutar. Homens, ela pensou com um sacudida de sua cabeça, girando tomou a cadeira de Dorian. Oooh, isso era muito melhor.
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Embora seus níveis de energia aumentassem durante a última semana ou duas, seus tornozelos persistiam em suas tentativas de se transformarem em troncos em miniatura. Uma pequena batida em seu estômago, uma lembrança de que tudo isso valia a pena. — Sim, ela enviou o pensamento para sua criança, — por você tudo vale a pena. Sorridente, ela pressionou a tela para abrir os arquivos corretos. Dorian não tinha escutado sua conversa com Marsha, ao invés disso ele tinha monitorado o tom que ela usou com um de seus mecanismos pronto para quebrar a porta no momento em que soasse angustiada. Porém, ele também manteve um ouvido no corredor registrando tudo como de costume. Algo bateu atrás dela quando abriu o arquivo. — Dorian? Ela disse. — Este é o único áudio? — O que, umfh! Outro baque. — Sim. Não tive chance... Um impacto alto. Tentando manter uma expressão dura, ela girou. — Se você estragar este laboratório eu vou te dedurar para Ria. A assistente administrativa de Lucas comprou todo o duro-de-achar equipamento que Dorian tinha especificado, ajudando a pôr o lugar em ordem até o último rebite e parafuso. Lucas ergueu seu rosto, seu cabelo bagunçado e tão magnífico, que ela quis rolar com ele no chão. — Ora, qual é. — Sim, — Dorian resmungou se sentando, sua camiseta deixando parte de seu abdômen musculoso nu. — Era só o que faltava atiçar Ria sobre nós. — Ela tem um metro e meio, — Sascha disse notando que Lucas e Dorian provavelmente excediam Ria em altura e peso umas quatro vezes. — Por que vocês todos tem tanto medo dela? — Você não tem, porque ela gosta de você. — Levantando, Lucas ofereceu uma mão para Dorian, que a tomou e saltou em pé. Eles estavam um pouco amarrotados. Atraentes, ela pensou, eles pareciam atraentes. E eles rosnariam se ela ousasse articular a palavra. — Eu gostaria de ouvir este áudio agora. Sua alegria murchou. — Alguém está tentando machucar minha mãe. Lucas acariciou sua nuca em silencioso apoio, seu amor um escudo protetor em redor dela. Quando Dorian questionou suas palavras, Lucas deu a
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ele um pequeno resumo dos eventos, o Sentinela passou seus dedos por sua bochecha antes de girar para consertar algo no arquivo de áudio. — Eu estava monitorando a gravação o tempo inteiro e não ouvi nada suspeito, mas eu somente procurei ameaças para Sascha. Aqui vamos nós. Existia um lote inteiro de nada e mais nada na fita. — Novo plano, — Dorian disse depois de vários minutos, — Eu vou saltar para quaisquer incidentes onde o nível de barulho saltou da linha base. Existia vários ruídos que fizeram o computador parar, vaivém das pessoas. Então, alguns poucos minutos antes de Sascha deixar o apartamento de Marsha, o som de passos, um golpe, uma porta sendo aberta. — Eu vejo que você recebeu minha mensagem, — disse uma voz masculina com um leve acento francês. — Entre. Os documentos estão na mesa de café onde você os deixou hoje mais cedo. — Ah, foda, Lucas resmungou passando uma mão por seu cabelo já bagunçado. — Se isso é o que eu estou pensando, Max vai ficar puto.
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Como a maioria dos telepatas nascidos com a designação J, esta fêmea tem uma habilidade secundária no espectro F limitado ao potencial para a visão do passado. Sua habilidade de 1.5 no Gradiente e pode nunca ativar. — Relatório PsyMed sobre Sophia Russo, menor de 8 anos de idade.
Max não ficou puto quando Lucas o chamou. Ele estava além de puto. — Maldição, Luc. Você devia ter me dito isso quando nós nos encontramos. — Esta evidência você não teria de outro modo, — o alfa dos DarkRiver disse quando Sophia se levantou e fechou a porta da sala de entrevistas, assegurando o isolamento. — E para o registro, eu não sabia. E já reclamei com os dois culpados por você. Reconhecendo o oferecimento de paz pelo que era, Max soltou sua respiração. — Você pode enviar a gravação para meu telefone? Eu ouvirei o original mais tarde. — Eu pedirei que Dorian faça isto. E, Policial, — sua voz abaixou, — Se você precisar, nós estaremos lá. Não hesite. — Eu cobrarei isso. Fechando o telefone, — Max contou a Sophia o que o alfa DarkRiver havia compartilhado.
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Sophia colocou seu cabelo atrás da orelha, expondo as marcas em seu rosto, marcas que estavam se tornando intimamente familiares para Max. — Eles tomam a proteção de seus companheiros seriamente. — Você pensa que só os changelings fazem isto? — Max levantou uma mão, esperando até que ela se movesse cautelosamente em direção a ele. Então, com seus olhos na curva doce de seus lábios, passou seus dedos pela têmpora, na extremidade de sua bochecha e junto a sua mandíbula. O coração de Sophia era um tambor em seu tórax, sua pele picava com o calor próximo do doloroso, mas ela não se moveu. E quando Max se aproximou até que seus seios escovaram seu tórax em cada respiração, ela encontrou sua mão livre subindo para sentir seus mornos peitorais. — Eu quero pele, — ela ousou confessar não sabendo se sobreviveria ao choque sensual. Sim? Max curvou sua cabeça, sua respiração quente na pele dela quando esfregou seus lábios em um carinho lento e doce contra sua bochecha. Ele fechou a mão no quadril dela em um aperto tão possessivo que pareceu querer marcá-la. — Max.
— Suas pernas tremiam com o esforço de mantê-la no lugar,
bêbada em senti-lo duro e forte, uma tentação erótica. — Chega. — Max recuou. — Da próxima vez eu quero a sua boca. Agarrando a parte de trás de uma cadeira, ela tragou tentando achar sua voz. Tinha sumido perdida no trovejar de seu sangue. Seus olhos encontraram os de Max novamente, e ela viu o brilho em seu olhar, viu também como sua mandíbula estava apertada. — Isto não afeta você como a mim, — ela finalmente conseguiu falar, sua garganta crua. — Você deve estar acostumado com isso. — Então outro homem faria você reagir da mesma maneira? A resposta derramou dela. — Só você. — Uma confissão perigosa, mas Sophia não tinha tempo para jogos. A amargura ameaçou subir em uma explosão afiada, ácida, mas ela esmagou isto, determinada a não ceder à raiva inútil. — Sempre só você. Max chupou uma respiração, jurando baixo em sua garganta. — Bom porque certo como inferno que eu não sou o tipo de compartilhar. — Era uma declaração severa de reivindicação e ela entendeu perfeitamente, ele se voltou para a porta. — Eu voltarei em um segundo.
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Max se debruçou contra a parede fora do quarto de reunião, arfando. O ar fresco não conseguiu tirar o odor de Sophia de seus pulmões. Ela não era nada como ele esperava, mas tudo o que tinha procurado. E ela era uma Psy. Agora mesmo quando ele a tinha tocado, quando ela o tocou, seus olhos se afogaram em negro. Nenhuma íris, nenhuma pupila, nenhum branco, nada além de uma expansão infinita de negro. O agitou, não porque ele tinha medo, mas porque era uma lembrança do abismo entre eles. Ele tinha visto a PsyNet em seus olhos, um vasto vazio que ele nunca poderia entrar e ela nunca poderia partir. Sascha Duncan fez, sua mente sussurrou. As portas do elevador se abriram após estes pensamentos, vomitando Quentin Gareth, um dos dois homens que Max e Sophia não tinham podido identificar inicialmente na fita de segurança. — Detetive Shannon. O macho tinha cabelos prematuramente grisalhos debaixo das luzes. — Eu fui informado que você tem perguntas para me fazer. — Obrigado por vir. — Desencostando da parede, ele abriu a porta para encontrar Sophia sentada em uma cadeira no outro lado da mesa. A distância não fez nada para eliminar o crepitar da tensão entre eles, tão espesso, tão ardentemente sexual que Max se perguntou como Gareth podia ignorar isto. — Detetive, o homem disse assim que eles estavam acomodados, — se isto puder ser tão rápido quanto possível, eu agradeceria. Eu marquei para pegar um airjet para Dubai. Max estava ciente de que Gareth tinha planos para viajar, mas diferente dos criminosos humanos, os Psy, especialmente este em cima na estrutura de poder, ofereciam poucos riscos de fugir. Nikita poderia localizar Quentin Gareth através da PsyNet se viesse ao caso. — Que tal você só nos contar sobre a sua reunião com a vítima, — ele disse em um tom casual. Talvez os Psy não
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sentissem, mas pelo o que ele tinha visto, eles eram muito, mas muito bons em ler e manipular aqueles que os faziam. — Nossa reunião estava pré-programada, mas Edward reconfirmou uma vez que retornou do Cairo. A reunião era sobre várias ideias gerais para expansão, nós queríamos conversar antes de eu prosseguir as negociações de Dubai e ele com seus próprios projetos. Respondendo as perguntas de Max, Gareth disse a eles que não sabia de nenhuma razão por que alguém teria almejado Edward Chan. Max terminou a entrevista naquele ponto. — Nós precisamos checar a fundo todas as quatro possibilidades, ele disse para Sophia depois que Gareth partiu. — Meu instinto diz que Marsha está limpa, mas ela podia ter um esqueleto no seu armário que a deixa aberta a chantagem. — Eu já estou trabalhando nisto. — Sua voz era rouca, uma carícia áspera, uma lembrança da sensual febre que quase os consumiu mais cedo. — Eu tenho um contato no Judiciário que pode fazer isto sob o radar. Max apertou sua mão no braço da cadeira. — Sabe, — ele murmurou, precisando liberar a tensão de algum modo, — eu acho que esta mesa é forte suficiente para tomar seu peso. Você nunca me disse o que você acha sobre sexo no escritório. Ela levantou a cabeça, um rubor leve em suas bochechas. Mas ela não recuou. — Eu acho que nós precisamos de uma fechadura mais forte na porta, e eu não estou certa se apreciaria ser moída sobre uma superfície dura. A palavra ―moída‖ agiu como um afrodisíaco, enviando todas as suas boas intenções para inferno. — Então você pode me montar, — ele disse, seu pau uma barra de aço em suas calças. A visão, ele correu seu olhar acima de seus seios, — me faria mais que feliz por ser moído. — Max, — Sophia disse em uma voz muito apertada, — se você não se comportar, eu vou... Foi provavelmente melhor que Andre Tulane, o ultimo indivíduo na fita de segurança chegasse. Ele deu a eles a mesma história básica de Quentin Gareth. — Qualquer um deles poderia ter feito isto, — Max disse depois que o homem partiu, — até Marsha. Tudo o que ela precisava era de alguns minutos enquanto Sascha foi ao banheiro.
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Quando Sophia respondeu, suas palavras eram práticas. . . Mesmo que sua voz continuasse a esfregar através do corpo dele doce e quente. — Talvez. Mas de acordo com o que recordo da entrevista com Sascha, elas estavam juntas quando sentiu Edward morrer. Max franziu o cenho e ponderou. — Você está certa, mas confirmarei com Sascha em todo caso. Assentindo, Sophia disse, — Nós devíamos ouvir o áudio feito pelo DarkRiver. Tirando seu telefone celular, Max tocou o arquivo. — O arquivo de Edward Chan diz que ele cresceu na França; uma pontada de interesse, o primeiro perfume de sua presa — então este pode ser ele.
O que significa que Chan
recebeu alguém em seu apartamento um pouco antes de sua morte. O intervalo de tempo neste arquivo se ajusta perfeitamente na linha de tempo. Levantando, ele andou para se debruçar contra a mesa ao lado de Sophia, incapaz de resistir, correu seu dedo por seu braço. — O teor tende inocentar Ryan Asquith, mesmo que ele seja um telecinético. Ela estremeceu, mas não recuou sua mão perigosamente perto da coxa dele. Ele queria aquela mão levantando e se colocando sobre ele, subindo. Sufocando a imagem erótica, ele se focou na boca de Sophia. — Sim, — ela disse, seus lábios suaves e luxuriantes, — Asquith só entrou no apartamento depois. Mas justamente por isso, ele é o mais novo, o membro menos conhecido do pessoal de Nikita. — Sim, — sua própria voz era uma áspera lixa — Mas ele não trabalhava para ela quando foi deixada a carga no elevador. Lembrando-se da nota que tinha escrito mais cedo enquanto estava fora da sala, ele a tirou de seu bolso e largou em sua bolsa, certificando-se de somente escovar as costas da mão dela. Continuando seu jogo mudo, uma ousadia. Sophia separou seus lábios, mas o que ela iria dizer foi perdido quando ela puxou uma respiração, uma mancha negra encobrindo seus olhos. — Max!
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Sophia se se sentiu chutada com força inumana quando captou uma lembrança do passado. Exceto que esta era diferente. Não só pela violência com que
mergulhou
na
memória,
mas
também
por
sua
participação
nela.
Normalmente, nas memórias de outras pessoas, ela viu o que o indivíduo em questão viu, olhando pelos olhos dele ou dela. Aqui era como se ela fosse um observador imparcial, uma terceira pessoa completamente desconectada dos eventos que ocorriam aparentemente num beco imundo entre dois prédios de moradia. Eles
eram
crianças.
Dois
meninos.
O
de
cabelos
escuros
era
dolorosamente magro, suas pernas muito maiores que seu corpo, a escuridão líquida de seus olhos em um rosto que era tão bonito, ela soube que ele deveria ter sido provocado por ele. Ele tinha moldado aquele rosto, tornando-o barbaramente masculino mostrando sua férrea força de vontade. — Você precisa parar isto, — ele disse para o menino que era seu oposto. Ele sorriu; aquele menino com seus olhos lilás e incrível cabelo cor de trigo maduro quase dourado. Se o primeiro menino era bonito, este aqui era quase um jovem deus. Seus lábios eram perfeitamente formados, sua pele de porcelana e sua voz quando ele falou tão clara quanto os mais puros sinos. — Por quê? — Por quê? — O primeiro menino, o menino que Sophia conhecia agarrou o braço de seu amigo e o virou para revelar a feiúra das marcas de agulha. — Se isto é que faz para você no lado de fora, imagina o que faz no lado de dentro? O outro menino sorriu novamente e Sophia notou aquela estranha ausência em seu olhar, o olhar fixo de alguém que não estava totalmente presente. — Isto me faz voar, Maxie. — Isto é uma mentira. As mãos de Max tomaram o rosto do menino, forçando a criança dourada a encontrar seu olhar, sua voz dura. — Isto é um fazde-conta. Você sabe disto. Quando você cai, machuca. Um momento de estranha claridade. — Então o que? O que existe de tão bom sobre nossa vida? Huh? A dourada criança pegou a face de Max por sua vez. — Um dos homens dela tentou me tocar ontem à noite.
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A ira fria congelou a expressão de Max. — Eu o matarei. Verdade, Sophia pensou, essa era a verdade sem enfeites. — Está tudo bem. Mamãe gritou e o expulsou. Ele apertou sua fronte contra a de Max em um doloroso tipo de carinho. — Ela me protege. Por que ela não protege você? Os ombros magros sacudiram por um momento. — Eu não sei River. Uma escuridão vívida, a conexão sendo cortada e Sophia sentiu o ar deixando seus pulmões em duras golfadas. — Sophie! Olhe para mim. — A mão de Max em sua bochecha, um choque tátil que fez seus olhos estalarem abertos. Ele tirou suas mãos de uma vez, brancas linhas de tensão vincavam sua boca. — Converse comigo. — Não aqui. — Sua garganta estava em tiras, forrada com um milhão de lascas. — Leve-me para casa. Por favor, Max. E de alguma maneira, ele levou. Seus joelhos fraquejaram no momento em que eles entraram em seu apartamento. — Eu peguei você. — Pegando-a em seus braços, sedo cuidadoso para evitar qualquer roçar de pele, Max a levou para o sofá. Mas em vez de soltá-la, sentou-se com ela em seu colo. — Shh, — ele disse quando ela endureceu. — Deixe-me segurar você. — Max... — Eu preciso fazer isto. — Um sussurro feroz. Quando ele apenas a segurou, ela relaxou deitando a cabeça em seu ombro. Era tentador colocar a mão sobre o outro ombro, mas ele estava vestindo só uma camisa de algodão e ela não estava certa se a barreira seria forte suficiente. Não depois do choque do que ela tinha visto e com ele tão morno e sólido ao redor ela, o odor dele uma mistura clara de calor masculino, sabão e pinho fresco que ela sabia que era de seu pós-barba. Atraindo seu cheiro, ela suspirou se derretendo em seu abraço. Ela podia ficar abraçada nele para sempre, mas ela tinha que saber, tinha que perguntar. — Quem é River?
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Max congelou perante a pergunta, seu coração que esmurrou contra suas costelas tão duramente, que ele quase esperou ver pontos de sangue seu tórax. — Meu irmão mais novo. Sophia ficou queita entre seus braços, mas a pergunta quando veio era prática. Psy. — Você tem marcadores claros de descendência asiática enquanto ele era indiscutivelmente caucasiano. A questão lógica o acalmou, deu a ele uma âncora. — Ele parecia, parece exatamente como nossa mãe. — River tinha sido a sombra e o espelho dela. E no fim este conhecimento tinha quebrado seu irmão. — Nós tivemos pais diferentes. — Ele era tão loiro como nossa mãe. Enquanto o pai de Max era um desconhecido, um homem que tinha dado a ele apenas a herança genética de outra cultura. — Ninguém acreditava que nós éramos irmãos. — Mas eles eram. Eles tinham vindo do mesmo útero, crescido no mesmo inferno. — Ele era... — Uma pausa, uma longa respiração. — Você usou o tempo passado. Outra punhalada de dor, mas ele não disse para ela deixar o assunto. Tinha sido há tanto tempo que ele tinha conversado sobre River com alguém que o tinha conhecido e ele sabia que de alguma maneira sua J o conhecia. — River desapareceu quando eu tinha quase quatorze e ele tinha onze anos. Ele estava tão perdido nas drogas naquele momento que eu acho que ele não pode ter sobrevivido por muito tempo. . . parte de mim acorda toda manhã esperando que quando eu abrir a porta ele estará no outro lado. Sophia mudou de posição, sua mão enluvada subindo pela nuca dele. — Perdoe-me Max. Eu não queria invadir suas memórias. — Eu pensei que meu escudo... Ela balançou a cabeça. — A maioria dos telepatas que nascem com a habilidade de ser Js frequentemente, também tem alguma habilidade F oculta ou fraca. Max franziu as sobrancelhas. — Os videntes que veem o futuro. — Normalmente sim. Mas existe um pequeno subgrupo que vê o passado. Isto é chamado de backsight. Ele sabia que ela estava conversando tão factualmente porque tinha lido sua dor e estava tentando o distanciar dela do único modo que ela conhecia, sua
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J com seu vulnerável coração entendia quanto as memórias podiam machucar. — Você viu River num momento de backsight. — Sim. Este foi o primeiro incidente que já tive. — Com olhos assombrados ela colocou sua mão no ombro dele. — Se as estatísticas estiverem corretas, esta será provavelmente a única experiência que terei. — Você soa contente. — Eu nunca me senti tão impotente, — ela sussurrou. — O que você viu? — Seu coração torceu, não havia nenhum horror em seus olhos, e talvez ela tivesse visto uma fatia de felicidade. — Você e seu irmão em uma ruela. Você estava tentando o convencer a deixar as drogas. — Eu tentei tantas vezes. — Max soltou sua cabeça contra a dela. — Ele era a única pessoa que eu amava, a única pessoa que importava. Mas eu não pude salvá-lo. — Ele era tão jovem, — Sophia disse. — E tão machucado que ele não podia ver qualquer outra saída. Max desejou que pudesse voltar no tempo e convencer River que não tinha culpa de nada. — Ele culpou a si mesmo por coisas que ele não tinha nenhum controle. A mão de Sophie acariciou sua nuca, suave, hesitante, mas ganhando confiança. — Ele disse que. . . Ele disse. . . E ele soube que ela não tinha perdido o horror. — Diz pra mim. — Ele disse que ela não protegeu você. A dor da criança que ele foi o atravessou. — Era como se minha mãe tivesse duas personalidades. Uma para cada filho. Como um adulto eu sei que não poderia ter feito nada para causar o tipo de ódio que ela sentia por mim, mas parte de mim ainda acredita que eu fiz algo para fazê-la me tratar do modo que ela fez. — Sua voz quebrou. A respiração de Sophia sussurrou acima de seu cabelo quando ela o segurou, quando ela uma mulher nascida de uma raça que não tinha nenhuma emoção deu a ele mais afeto que a mulher que lhe tinha dado a luz.
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Sascha se deitou enrolada na cama por volta das seis naquela noite, cansada apesar de não ter feito quase nada. Ela não sentia necessidade de se mover, era bom deitar cercada pelo cheiro morno e masculino da pantera que era seu companheiro. Aconchegada em seu travesseiro, ela abriu o texto que era seu próprio guia de conhecimento pessoal e uma fonte infinita de frustração. Porém hoje ela se sentia mais esperançosa de decifrar a natureza ambígua de alguns dos capítulos, depois de ter falado com uma Esquecida empata, uma senhora de idade avançada chamada Maya. — Só cardeais podiam parar revoltas, — Maya disse respondendo a pergunta de Sascha, sua figura elegantemente ativa na frente da tela do comunicador. — Eu não fui ensinada a fazer isso, mas tenho uma vaga memória de minha avó conversar sobre um ―terminador de campo‖... Maya não tinha podido encontrar quaisquer memórias do que o termo poderia querer dizer, mas isto era um começo. Com isso em mente, Sascha estava para reler o capítulo de como controlar uma revolta quando ouviu Lucas se movendo na área viva. ―Lucas.‖ Ela manteve seu tom suave, sabendo que ele ouviria. Ele encheu a entrada, todo olhos verdes e cabelos escuros. Tão bonito era seu companheiro. Tão perigoso também, especialmente quando a raia protetora que tinha sido forjada em sangue o estava montando. — Você tem tempo para discutir um assunto? Sua expressão era gentil. — Dois minutos? Eu quero enviar esta nota para Zara.
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— Eu estarei aqui. — Observando ele partir, ela tocou com a lombada do livro de Eldridge. — Você precisa de uma história melhor na hora de dormir. — Lucas se espreguiçou quando voltou para o lado dela. Ela levantou instintivamente sua cabeça e ele deslizou um braço por baixo antes de curvar seu grande corpo ao redor do dela. Esta se tornou sua posição favorita para dormir. — Eu não vou dormir, — ela disse. — Quero apenas descansar meus pés. — Eu darei uma massagem em seus pés. A alegria cintilou por ela, uma luz incandescente. — Lucas, você percebe que está me mimando além da conta? — Não se preocupe, planejo ignorar você uma vez que me dê minha princesinha. Ela riu segura de seu amor. — Você conseguiu conversar com Sienna? — A adolescente, parte de uma família de desertores Psy que encontrou um santuário com os Lobos SnowDancer, ficava com os DarkRiver de tempos em tempos nos últimos meses. — Ela chegou à Toca dos SnowDancer sã e salva. — Um beijo pressionado na pele sensível abaixo de sua orelha. — Ela é uma motorista muito boa. — E Kit? — O macho DarkRiver era um jovem soldado e um alfa futuro e parecia ser acompanhante de Sienna. — Ele ainda está aqui. — Lucas pareceu franzir o rosto em pensamento. —Eu não sei se nós temos direito de dizer qualquer coisa sobre isso. Eles são ambos adultos. — Eu não sei se Sienna está pensando com lucidez. A adolescente Psy tinha estado perto do quebrar quando veio a primeira vez para ficar com os DarkRiver. Ela estabilizou desde então, mas. . . — Como está Hawke? Lucas amaldiçoou na menção do alfa dos SnowDancer, uma indicação de quão seriamente ele esteve tomando isto. — Parece bem, mas é duro ler outro alfa, nós somos bons em manter nossos pensamentos para nós mesmos quando necessário.
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— Hawke e Sienna, existe algo ali. Uma crueza, quase uma fúria colérica. Com Kit é mais difícil de definir. Eu posso sentir algo entre eles, mas o que é, eu não pode dizer ainda. — Kit seria uma escolha melhor para ela, — Lucas disse em um tom calmo que não escondeu a profundidade de sua preocupação por todos os envolvidos. — Hawke não será fácil com qualquer mulher que ele tome como sua própria. O fato é que ele perdeu a menina que seria sua companheira quando era uma criança. Eu não sei se seu lobo lhe permitirá aceitar outra fêmea neste nível. Sascha não tinha nenhuma resposta para isso. Como os changelings leopardos, lobos acasalavam para toda a vida. Ela tinha sentido a raiva de Hawks, seu lobo atormentado pela ira, mas ela também tinha sentido a angústia de Sienna em resposta ao alfa dos SnowDancer. E então existia Kit, magnífico, leal e forte. — Era sobre isso que você queria discutir? — Lucas tomou o livro de sua mão e pôs na mesa ao lado da cama antes de retornar e a abraçar novamente. O demônio da travessura que acordou depois que ela acasalou com Lucas fez um súbito aparecimento. — Não, você ouviu que os lobos estão chamando Mercy de Sentinela deles? Um grunhido fez todos os pelos de seu corpo arrepiar em uma resposta primitiva. — Ela teve o mal gosto de acasalar com um lobo, mas ela é nossa. Se eles tentarem tomá-la, eu darei a você um bom novo casaco da pele de Hawke em seu aniversário. Incapaz de deter seu riso, ela bateu levemente em seu braço. — Você é tão fácil. — Pirralha. — Mas a pantera estava rindo para ela. — Você está bem? Ela sabia que ele estava falando sobre Nikita e sobre as emoções confusas no seu coração. — Eu estou chegando lá.
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Sophie, minha doce e sensual Sophie, eu gostaria de desabotoar a jaqueta de seu perfeito terninho e depois disto, deslizar cada minúsculo botão de pérola fora de sua casa e abrir sua camisa até a cintura. — Nota manuscrita de Max para Sophia
Max saiu do chuveiro uma hora mais tarde para achar Morpheus o encarando da cama. — O que? — Ele perguntou, vestindo um par de calças jeans e uma camiseta verde escura. O gato continuou o encarando. — Eu alimentei você, Max resmungou contente que a realidade prosaica da vida desse a ele uma saída das memórias que o assombravam por mais de uma década. — Não me encare com mau humor porque você devorou tudo em um minuto e agora tem uma dor de estômago. Morpheus lambeu sua pata. Ele não estava feliz. Decidindo não o acariciar para não dar margem ao maldito gato caso decidisse morder sua mão, ele penteou seu cabelo e saiu para a cozinha. Graças às compras de supermercado que tinha feito no dia em que chegou, tinha todos os ingredientes para o jantar que planejou fazer para Sophia. — Não deveríamos nos focar no caso? — Ela perguntou antes de deixar o apartamento dele, seus olhos enormes. — Meu incidente tomou o tempo que teríamos gasto examinando cuidadosamente a evidência.
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Ele percebeu com um calor estranho em seu peito que ela estava uma vez mais tentando lhe ajudar de seu próprio modo e esperta como era, compreendeu que ele se sentiria melhor se enterrasse no trabalho. — Nós podemos discutir enquanto comemos, — ele disse. — E penso que nós temos tempo. — Por que você soa tão certo? — Você sabe sobre o padrão que falamos? — Com todas as vítimas sendo assassinados à beira de um negócio importante? — Um olhar atento. — O assassinato de Edward Chan não se ajusta. — Eu fiz algumas pesquisas sobre isso. — Ele tinha feito algumas buscas na Internet com seu telefone celular, olhou os resultados quando eles acabaram a entrevista final hoje. — Chan tinha agendado conversar com um grupo de alfas changelings na América do Sul neste fim de semana. A nenhum Psy anteriormente foi dado este direito. Sophia ficou muito quieta. — Eles o mataram porque ele estava quase conseguindo que Nikita acessasse um importante mercado inexplorado... — Ou porque o contato teria violado alguma convicção de Pureza? — O que ele tinha aprendido dos PurePsys, ele estava seguro que eles não se afastariam do assassinato. — Não há modo de saber, mas ligarei para Nikita para alertá-la desta possibilidade. Quando ele contatou Nikita, ela não só tinha concordado com sua teoria quando confirmou que não havia outro projeto em uma fase que pudesse ativar um assassinato. — Eu também coloquei vigilância vinte e quatro horas em todo o meu pessoal de alto nível. Eles não serão alvos fáceis e se um deles está por trás disso deve fazer pará-lo. Quando Max começou a preparar o jantar considerou o possível impacto da sua investigação com Sophia na conspiração. Não significante, ele decidiu. Quem estava por trás disso, o cabeça estava planejando as coisas friamente e com clareza. Ele ou ela não adiaria seus planos por um mero ser humano e uma J no fim de sua vida útil. Sua mandíbula apertou quando a campainha tocou. Soltando a faca que estava usando para cortar algumas ervas foi atender a porta. A mulher no centro de seus pensamentos estava no outro lado vestida de calça jeans e uma jaqueta
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em um tom delicado de nata, o que o fez querer abri-la e expor a pele de uma nata muito mais rica. — Max? — Sua voz foi uma tentativa porque ele continuou a bloquear a entrada. Ele recuou esperando até que ela estava dentro e longe das câmeras de vigilância antes dele ceder ao desejo de tocá-la. Afastando seu cabelo, ele depositou um único beijo na pele suave de sua nuca. O calafrio foi violento, mas ela não recuou. — Eu não estava certa se deveria contribuir com qualquer coisa para o jantar. — Sophia disse em um suspiro, sua cabeça ligeiramente inclinada como se desse as boas-vindas a outro beijo. Incapaz de resistir à tentação ele se moveu atrás dela e pôs as mãos em seus quadris e disse, — Você será a sobremesa. Sophia sentiu sua garganta apertar e sua pele estirar dolorosamente tensa. — Você está brincando? — Ela finalmente conseguiu dizer. — Como com as notas? Max respirou contra seu pescoço. — Não. Ela enrolou seus dedos em punhos. Uma reação sentimental. Uma que a teria preocupado antes dela decidir viver... Amar. Ela não estava certa como sabia, não estava certa de que a capacidade não tinha sido cortada dela com eficiência brutal. Mas Max era importante. Ela tinha matado por ele, ela pensou, este homem que viu nela uma mulher que valia a pena confiar... uma mulher com que valia a pena brincar. — Esta jaqueta tem botões de pérolas também, — ela sussurrou. O corpo de Max pareceu relaxar um pouco com a referência da nota que ele tinha posto em sua bolsa mais cedo e ela esperou ter trazido alguma luz ao seu coração. — Bruxa. Soltando seus dedos fechados um por um, ela ergueu suas mãos e então muito lentamente tirou as suas luvas. Soltando-as no chão, ela agarrou a mão dele. Palma encontrou palma e seus dedos se enroscaram. Por um momento tudo ficou negro. Quando ela pode ver novamente, se achou inclinada contra o tórax de Max, sua mão livre curvada em seu abdômen
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quando ele a segurou contra o masculino calor de seu corpo. — Eu estou aqui. — Um murmúrio áspero. Ela se agarrou com força nele, os músculos magros de seu corpo uma parede sólida em um universo inconstante. Era difícil respirar, estava no ar também em uma carícia invisível. Max a cercou potente e masculino. — Seus escudos, — ele disse contra sua orelha, seus lábios tocando sua pele em pequenas mordidas eróticas. — Você está segura? Sabendo que ele estava certo em estar preocupado, ela abriu seu olho psíquico e verificou suas proteções contra a
PsyNet, pronta para remendar
quaisquer fraturas, esconder quaisquer debilidades. O que ela viu a deixou imóvel. — Eles estão segurando, mas não de um modo normal. — Explique. — Minhas proteções sempre foram sólidas como pedras, mas agora. . . Elas estão mudando. Isto é como se eu estivesse no meio de um tornado. O vento psíquico soprou seu cabelo quando ela chocada estava no centro de sua mente. — Nada pode entrar ou sair porque as camadas constantemente trocam, despedaçando qualquer coisa que tenta penetrá-las. — Está prejudicando você? — Não. Isto é eficiente além de qualquer coisa. Eu nunca tinha visto, mas pode trazer atenção para mim. Ela tinha sobrevivido este longo tempo sendo sem defeito enquanto trabalhava, mas deliberadamente comum em qualquer outro modo, a Psy perfeita. Enquanto ela falava, sentiu um golpe em sua mente. — Alguém viu, — ela disse antes de responder ao contato telepático. Senhor. A voz psíquica de Jay Khanna era clara e direta, sua telepatia alcançava perto de 9.8 no Gradiente. Este alcance ocasionou especulação de que a razão para Khanna ter saído da ativa tão jovem era porque o Conselho tinha outros usos para sua telepatia. Sra Russo, ele disse, existe uma mudança significativa em seus escudos. Você precisa de ajuda? Era uma questão perfeitamente oculta que seu condicionamento estava perto de desmoronar totalmente. Se ela dissesse sim estaria sendo levada para o recondicionamento de emergência e se ela sofresse reabilitação total suas
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memórias de Max seriam apagadas e ela não queria ser quebrada até não ser nada além de uma concha vazia. Silenciosamente agradecendo ao M-Psy que lhe disse a ela a verdade sobre sua condição, ela disse, Minhas proteções parecem ter evoluído para fornecer uma melhor proteção. As proteções não evoluem. Não, ela pensou, elas não evoluem. Eu me expressei mal, senhor. Eu tenho trabalhado com a ideia deste tipo de proteção durante algum tempo, eles simplesmente entraram em ação antes do planejado. Era uma resposta razoável todos os Js remendavam constantemente suas proteções em um esforço para ampliar outro dia, outra hora de vida. Khanna aceitou sua explicação, seu tom voltando ao seu profissionalismo à medida que ele trocou de assunto. Você revisou o arquivo de Valentine? Sim, senhor. E suas conclusões? Permanecem inalteradas. Muito bem. Continue com sua tarefa atual. Concluindo a conversação telepática, Sophia caiu contra Max lhe contando o que tinha acontecido. Max moveu a mão que tinha no abdômen dela, incitando uma estranha mistura de sensação em seu corpo. Não era doloroso. Não, era... interessante. — O que mais? Ele perguntou. — O que? — Sua expressão mudou quando terminou. Ela pensou sobre o que seu chefe pediu para que ela fizesse, também pensou o que significaria partilhar isso com Max. Ele sabia. O que ela tinha feito. As linhas que ela tinha cruzado. Dor ondulou abaixo em sua espinha. — Eu não quero dizer a você, — ela disse incapaz de qualquer evasão sofisticada quando se tratava deste homem. Para sua surpresa Max apertou seus quadris e disse, — Mantenha seus segredos, — sua voz uma íntima escuridão em sua orelha, — por enquanto. Max sentiu a mão de Sophia apertar a sua, ele só queria curvar a cabeça e colocar sua boca ao bater instável do seu pulso e chupar forte. O desejo possessivo, a necessidade violenta de reivindicá-la era uma dor roendo seu
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intestino. Ele queria que o mundo soubesse que ela era sua, certificar-se que ninguém ousaria tocar um dedo nela. Levou toda sua força de vontade lutar contra o desejo e leva-la até as banquetas do bar neste lado da bancada da cozinha. Soltando sua mão, ele pôs ambas as mãos ao redor de sua cintura e a ergueu sobre uma banqueta. As mãos dela voaram para seus ombros. Agarrando. Preto varreu suas íris entre um piscar e o próximo. — Sophie. — Ele apertou sua cintura. — Fica comigo. — Eu estou aqui mesmo. — Seus olhos. — Oh. — Ela piscou, mas o preto permaneceu. — Acontece quando nós utilizamos uma explosão forte de poder psíquico, ou... eu suponho, — rubor cobriu suas maçãs do rosto, — sentimos uma intensa resposta emocional. O macho nele sorriu com satisfação sensual. — Eu gosto do som disto. — Inclinando ele alisou seus lábios acima dos dela, uma provocação que fez seu pênis pulsar, mas tendo consciência da distância que ele já a tinha empurrado, estava no outro lado da bancada antes dela exalar e rodar para enfrentá-lo. — Isto, — ela disse — foi... interessante. — Seu tórax expandiu em longas e profundas respirações, sua pele colorida com um calor que convidava a boca masculina. A pulsação excruciante de seu corpo, a fome constante, o demônio o teria o consumido se ele não tivesse algo extremamente importante em mente hoje à noite. — Deixe-me terminar de fazer este molho, ele disse com a voz áspera pelo desejo sexual. — Você quer cortar a alface em tiras para a salada? Ele esperou até ela lavar suas mãos e retornar a sua cadeira antes de fazer a pergunta que precisava de uma resposta antes de poder começar a achar um meio para engendrar a deserção dela, de como a manter para sempre. — Sophia, eu tenho sido paciente. — Sua mão apertada, porque ele sabia que a verdade não seria nada boa, mas pelo menos ele teria um ponto de partida. — Diga-me para onde os Js vão quando eles param de trabalhar. Silêncio, um momento de silêncio. — Alguns que são removidos da ativa cedo o suficiente começam a estudar os trabalhos burocráticos da Justiça, — ela disse em uma voz tão suave que ele
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teve que se esforçar para ouvi-la, — outros ficam loucos e o resto de nós... Nós morremos.
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Max cambaleou, apertando suas mãos na bancada. — Diga-me. — Minha sensibilidade — ela olhou para trás, para suas luvas descartadas, — é o resultado de falhas das proteções telepáticas. Elas estão tão finas agora que quando elas torrarem, o pensamento de todo homem, mulher e criança nesta cidade entrará em meu cérebro, esmagando minha mente. A previsão brutal levou Max a apertar sua mandíbula. — Quanto tempo? — Não muito. Raiva quente, protetora, violenta era um ruído ensurdecedor nos ouvidos dele. — Quando você planejava me contar? Sophia tragou diante da fúria naquela pergunta. — Perdoe-me. — Machucava-a lhe ver tão bravo com ela. — Eu achei que se você soubesse o quão... quebrada eu verdadeiramente estava, você não iria me querer. — Sophie. — Uma voz baixa, escura, uma sacudida de sua cabeça que fez as macias ondas pretas de seu lustroso cabelo captar a luz. — Eles reabilitariam você se descobrirem o quão perto você está da borda, que está no limite? — Sim. Seus ombros se firmaram, a inteligência em seus olhos uma navalha. — Eles não podem fazer isso se você estiver fora da Net. Nós descobriremos um jeito de reconstruir suas proteções uma vez que você esteja segura. Ele estava lutando por ela, ela pensou com um aperto bem fundo nela. Nunca teve alguém que lutasse por ela. Ela nunca tinha sido importante o suficiente. Isto quebrou as frágeis defesas que ela ainda tinha, ela não poderia,
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não deveria segurar a verdade final.
— Sem o biofeedback que minha mente
necessita da Net, — ela começou, — Eu morreria dentro de segundos. Percebendo que de alguma maneira ela tinha cortado em tiras a alface inteira, ela começou a descascar o pepino na bancada. — Sascha não está morta. — Max soltou a bancada e cruzou os braços em seu tórax. — Nem estão os outros Psys com os DarkRiver. — Sim, eles acharam uma rota de saída. — Terminando de descascar, ela começou a fatiar o pepino em fatias finas e precisas. — Porém até que tal saída seja aberta a outros Js, eu não poderia tomá-la. Uma pausa silenciosa, o arranhar da raiva dele um chicote contra sua pele. — Eu funciono como uma âncora secundária. — Sophia sabia que não deveria estar falando disto. A dor atravessou seus nervos em uma resposta condicionada na menção de algo profundamente proibido. Mas ela precisava fazer Max entender. — Continue falando. — Era uma ordem. Parte dela queria se rebelar, mas sabia que o tinha empurrado muito longe, qualquer coisa mais poderia destruir o laço entre eles, esta coisa bonita que nunca tinha sido dada para alguém tão quebrada, mas se recusava a desistir. Max era seu presente. — As âncoras são literalmente isto, — ela disse, lutando contra a dor intensa que se agarrava dentro dela.
— Elas nascem com a habilidade de se
fundir com a PsyNet propriamente dita. Eles ajudam a mantê-la estável e são quase sempre cardeais. Max bateu na frente dela. Levantando sua cabeça ela o viu estendendo uma mão. — Faca. Ela a deu para ele, observando o pepino ficar em centenas de pedaços minúsculos, minúsculos. — Oh. Nenhum encolher de ombros, nenhum sorriso que revelasse a covinha em sua bochecha. A perda a atravessou. Ela tinha visto mulheres humanas e changelings persuadirem seus homens com sorrisos, mas ela nunca imaginou que um dia poderia precisar fazer o mesmo. Ou que ela desesperadamente
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quisesse. Descendo da banqueta, ela enxugou suas mãos em uma toalha. — Max... — Não. — Ele a parou com o olhar. — Apenas me ajude Sophie, eu estou tão louco com você agora, — ele estourou uma respiração. — Ajude-me a arrumar a mesa. Ela cedeu ciente pela primeira vez que a inexorável vontade de Max podia se traduzir em um tipo violento de raiva. Nenhum deles falou até estarem acomodados, um em frente ao outro, suas comidas na frente deles. Morpheus apareceu para se sentar aos pés dela. — Não o alimente, — Max disse. — Ele está engordando. Ela fez cara de inocente enquanto discretamente soltava um pedaço de pão para o gato, que parecia ter uma estranha predileção por isto. — Claro que não. Diversão iluminou o fogo frio em seus olhos. — Se, — ele se recostou, um tigre momentaneamente em repouso, — as âncoras são normalmente cardeais, por que você está fazendo este trabalho? — Seus bíceps chamaram a atenção dela quando ele cruzou suas mãos atrás da cabeça. Era difícil de pensar quando a compulsão de levantar e tirar a camiseta de Max e o despertar de instintos adormecidos por longo tempo que lhe diziam que o toque o alcançaria mais rápido que poderiam as mais profundas palavras. — Você não pode tocar, — uma voz baixa, escura — até você ser honesta comigo. Então nós conversaremos sobre o castigo. Seus dedões do pé enrolaram. — Cardeais, — ela conseguiu dizer através da névoa de desejo, — são raros e cardeais que podem ser âncoras são muito mais raros. A agonia veio de nenhuma parte, suprimindo as outras sensações. Existia, parecia uma linha de condicionamento silencioso ativo nela, o Conselho não gostava de Psys que falavam sobre a rede crítica de âncoras. — Porém indivíduos não cardeais podem às vezes desenvolver a habilidade de se fundir com a Net. — Ela agarrou seus joelhos apertados a fim de aguentar as ondas crescentes de dor. — Nós não somos âncoras verdadeiras, somos mais como... pequenos pesos na Net, ajudando a manter isto em forma, no lugar. Não há âncoras verdadeiras o suficiente para fazer tudo.
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Morpheus bateu levemente em seu pé com uma pata. Contente pelo toque de realidade, ela jogou outro pedaço de pão quando Max falou. — Isso não faz sentido. Nenhum ecossistema autossustentado eficazmente incapacitaria a si mesmo. Ela piscou, nunca tendo pensado sobre isso desse modo. Enquanto ela estava ainda tentando compreender como a escassez podia ter acontecido, Max pegou o arroz com seu garfo e o levou aos lábios dela. Ela abriu a boca sem pensar e o deixou alimentá-la. Sentir o garfo deslizar entre seus lábios era um prazer fresco, lento. — Por que você fez isto? — Ela perguntou depois de engolir o alimento inesperado. — Eu pensei que você estava bravo comigo? Um sorriso de lânguido. — Eu acho que eu estou fascinado por sua boca. As coisas que eu gostaria de fazer com ela... Até quando eu estou furioso, você me deixa louco J. Uma onda de calor varreu através de seu corpo, uma reação fisiológica que ela não entendia o bastante... mas uma que eliminou a dor. Oh. Ela olhou para ele, para seu policial. — Como você soube? Sobre a dor, sobre como machuca. — Porque eu conheço você. — A sensual provocação desapareceu de seu rosto. — Agora me diga por que as âncoras não podem deixar a Net. — A maioria dos Psy tem um vínculo único e fundo com a Net dentro de sua mente e o desertor deve cortar este vínculo para partir, mas âncoras são tecidas no tecido da PsyNet por milhões e milhões de conexões. A Net mantém ambas em segurança e numa gaiola de aço. Se eu tentasse partir, a morte seria instantânea, mas esta não é a pior parte. Por causa do modo particular que estou Integrada
em
sua
armação,
parte
de
mim,
minhas
memórias,
minha
personalidade está ancorada na Net. Max derrubou seu garfo sem apetite. — Você está dizendo que você reabilitaria a si mesma eficazmente se tentar partir. — Sim. Max não estava certo se acreditava nisto. Até onde sabia o Silêncio era uma forma de lavagem cerebral. E que caminho melhor para assegurar complacência que convencendo alguém que eles não poderiam deixar a Net?
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— Você pensa que eu fui cegada para a verdade. Ele não se surpreendia mais de que ela o podia ler com tal facilidade. — Você viveu naquele mundo sua vida inteira. É duro de ver o que está bem em sua frente às vezes. — Ele passou sua infância fingindo que sua mãe o amava. Tinha sido necessário para sua sobrevivência, mas tinha sido uma cegueira voluntária. No caso de Sophia era mais provável que fosse uma resposta condicionada. Mas ela negou com a cabeça, seus olhos gélidos. — Js são pela natureza de nosso trabalho muito mais ciente das realidades duras da vida que outros Psys. Eu tenho olhado para o assunto por todos os ângulos e o fato inevitável é que depois de estar integrada de forma complexa, a mente não pode fisicamente se soltar, ainda que eu de alguma maneira sobrevivesse ao dano físico do cérebro, a pessoa que permaneceria não seria Sophia Russo. Frio espalhou por suas veias, mas ele não era um desistente. — Você está me dizendo que você desenvolveu a habilidade de se fundir com a Net, então por que você está inexoravelmente amarrada a isto? Ele tinha ouvido algo em suas palavras quando ela tinha falado disto, uma vacilação leve que picou seus instintos. Ela soltou o próprio garfo. — Nós podemos nos sentar mais próximos um do outro? Seu intestino torceu pelo modo cortês que ela pediu conforto, pronta para a rejeição. Sempre muito pronta a ser rejeitada. Ele se perguntou se ela estava ciente disto, mas ele estava e isto o fazia querer atacar quem a tinha machucado. — Sim. Deixe-me limpar a mesa primeiro. — Eu ajudo você. Nós podemos também lavá-los de forma que poderemos nos concentrar no caso mais tarde. — Quando ela estava secando um prato, tendo recolocado suas luvas, Max percebeu a quietude dolorosa dela. Movendo-se para trás dela, ele apertou um beijo na curva de seu pescoço. Ela soltou o prato. — Peguei. — Colocando o prato sobre a bancada na frente dela, ele recuou para abastecer a cafeteira, mas o que ele queria na verdade era embrulhar seus braços ao redor e abraçá-la apertado, tão apertado. — Algo para beber? Sophia respondeu sem pensar. — Sim. — Com as mãos trêmulas, ela observou quando ele serviu uma única xícara de café e então aqueceu uma
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caneca de leite. Ela quis tocar com seus dedos o pescoço para sentir o eco de seu beijo, o roçar leve de sua mandíbula sem barbear contra sua pele. — Venha aqui. — Um comando quieto, olhos que a puxaram adiante. Fechando a pequena distância entre eles, ela separou seus lábios para pedir outro beijo, guiada pela necessidade de estar com ele, quando ele tomou a colher que tinha usado para mexer uma mistura escura no leite e a pôs em seus lábios. — Prova. Era impossível fazer qualquer outra coisa. A explosão de sabor era afiada, quase amarga, primorosa em sua riqueza. Ela pôs a mão em seu pulso quando ele retirou a colher, a sensação de tê-lo sólido e tentador debaixo de sua luva. Agitando sua cabeça em uma gentil provocação, Max retirou a colher, lento, tão lento. — A caneca é toda para você. Então ele se debruçou adiante e a beijou, lambendo com sua língua a costura de seus lábios como se para roubar o sabor. Ela agarrou sua camiseta quando o chão desapareceu debaixo dela. Gemendo, Max recuou, mas só depois de raspar o lábio inferior de Sophie com seus dentes. Calor líquido desceu entre as coxas dela, fazendo o corpo apertar. — Tome seu chocolate, — uma ordem em voz áspera, — e vá se sentar antes que eu ceda à tentação e desabotoe sua jaqueta e ponha minhas mãos em seus lindos seios. Ele se virou e ela tentou processar a abrasadora sensualidade que a imagem provocou. A ideia daquelas mãos fortes apertando sua pele, o contato macio do cabelo lustroso quando ele se curvasse em um contato mais íntimo... Como as mulheres sobreviviam a tais desejos malignos? Segurando o chocolate que ele tinha lhe dado, ela observou a camiseta de seu policial esticar sobre os ombros quando ele levantou o braço para pôr a mistura de volta no armário. Ele era bonito. E lhe deu o direito de tocá-lo. Mesmo louca ele não a empurraria para longe, não iria rejeitá-la por ser tão defeituosa. Não lhe dando chance de mudar de ideia, ela soltou a caneca, fechou a distância entre eles e embrulhou seus braços ao redor de Max por trás descansando sua bochecha contra as costas dele.
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— Sophie. O fogo masculino se espalhou por sua pele quase como uma mordida dolorosa. — Quando eu comecei mostrar propensão a ser uma J quando criança, — ela disse, esperando, segurando apertado, — eu fui colocada em uma instalação residencial com outra telepata que precisava de treinamento especializado. Max fechou suas mãos sobre as enluvadas, mas não se virou, deixando que Sophie usasse seu corpo como um escudo contra a escuridão que nunca a deixou livre. — Alguém machucou você lá. — Sua voz saiu áspera e seus músculos ficaram rígidos. — Nós estávamos em um local distante, — ela disse achando coragem em sua força. — Porque jovens Telepatas, em especial aquelas com habilidades incomuns tendem a ter dificuldade com seus escudos então é mais fácil nos treinar fora das cidades. — Palavras práticas, mas sua outra metade, a metade que nasceu naquele verão duas décadas atrás, se agarrou na parede sólida que era Max, com medo, com muito medo. — Então lá não havia ninguém para notar que nosso instrutor estava começando a agir além do Silêncio. Como Bonner. — Ele era um verdadeiro sociopata. — Ira glacial em cada palavra. Ela segurou esta ira perto e a usou como uma arma contra o passado. — No verão que eu fiz oito anos, ele levou quatro de nós, quatro estagiários Js, para outro lugar até mais distante para treinamento intensivo.
Antes de nós
partirmos, ele solicitou e recebeu permissão para nos incluir em suas proteções de forma que nós pudéssemos soltar as nossas sem consequências, se tivéssemos dificuldades durante nosso treinamento. — Seus dedos cavaram o peito de Max e ela quis rasgar o tecido, apertar sua pele contra a dele, enterrar o passado debaixo da agonia da sensação. — Sophie. — Uma voz crua. — Eu posso esperar, bebê. Eu estou arrependido por... Ela negou com a cabeça. — Não. — Ela quis que ele soubesse, precisava que ele soubesse. — Uma vez que nosso instrutor — ela não conseguiu dizer seu nome, seu terror muito profundo, — nós estávamos sós e presas em seus escudos... Ele nos machucou.
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Sophia ainda podia lembrar seu choque, sua inabilidade para entender. — Carrie morreu no primeiro dia. Ela era a menor, a mais fraca. E o monstro a tinha quebrado em sua ânsia. — Ele foi mais cuidadoso depois disto. Bilar morreu no terceiro dia. — Ele tinha convulsionado na frente dela e Lin, e elas não puderam fazer nada para ajudar, suas mãos e pés amarrados atrás de suas costas, suas bocas amordaçadas. Sophia ousou enfrentar a raiva do monstro e o alcançou com sua telepatia recusando-se a deixar Bilar morrer só. Seus gritos ecoaram dentro de sua mente por horas. As mãos de Max apertaram as dela. — Por que seus pais e os guardiões em sua PsyNet não sentiram seu desvio? — Você vê Max? — Sua voz se agitou. — Ele era o Psy perfeito. O Silêncio não diferenciava entre aqueles que tinham sido condicionados e aqueles que simplesmente não sentiam. — Ele está morto? — Uma pergunta em uma voz que fez a outra metade sua, a assustada criança machucada, ficar imóvel, duvidosa. . . — Sim. — Quando ele não falou qualquer outra vez, ela continuou. — Lin e eu, nós fomos deixados por último. Ele tinha nove e eu tinha oito anos. Ela sentiu seu coração começar a acelerar, sua coluna contrair. — O monstro não quis nos quebrar muito rápido, então ele foi cuidadoso. Mas um dia ele fez algo para mim e eu não respondi como ele esperava. Eu não gritei. Então ele me lançou de ponta-cabeça pelo vidro da janela na frente da cabana. — Dor, sangue, o reflexo do vidro ao sol, ela nunca tinha esqueçido qualquer parte disto. — É o suficiente, Sophie. — O corpo inteiro de Max estava tão duro, tão imóvel, que ela teria achado que ele era de pedra, mas seu coração batia furiosamente. — Eu quero que você saiba. Por favor. — Você nunca terá que me implorar por qualquer coisa. — Uma ordem severa. — Lin me salvou, ela disse guardando as palavras dele em sua alma. — Enquanto o monstro estava no lado de fora verificando se eu tinha sobrevivido, ele de alguma maneira conseguiu chegar ao painel de comunicação e introduziu o Código de emergência. E então Lin, o doce e talentoso telepata que havia sido seu
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amigo em outra vida morreu, seus danos internos muito extensos. — Todos se esqueceram deles. Carrie, Bilar e Lin, mas eu lembro. Alguém devia lembrar. Neste momento Max se moveu. Se afastando ele girou. Ela foi para os braços dele pronta para o calor, a dor do prazer quase violenta. — As pessoas conversam sobre como os Psys estão começando a quebrar, ele disse em um sussurro feroz, — mas ninguém fala sobre as vítimas. Ele compreendeu, ela pensou, ele compreendeu. — Nós somos um segredo tão sujo quanto os monstros. Aqueles de nós que sobreviveram estamos bem danificados, nunca seremos os mesmos. Meus pais me anularam e me trocaram pelo estado. Eu os ouvi no hospital... Conversando se não seria melhor só me derrubar.
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O pedido para que Sophia Russo, menor de idade, 8 anos, seja removida da história oficial de sua família foi concedido. O Estado pagará os custos de seus cuidados e educação até que ela atinja a maioridade. Vocês já não são considerados vinculados a ela ou responsável por ela de forma alguma. — Decisão final do Conselho da Subcomissão sobre Herança Genética, novembro 2060.
O abraço de Max se apertou até quase machucar. Mas ela precisava, ansiava por isto. A metade perdida e indelevelmente fraturada dela se agarrou a ele, percebendo que estava sendo aceita, não importasse a extensão de suas falhas. — A coisa da âncora, — ele disse. — Foi isso que a salvou. Porque é uma habilidade rara. Ela assentiu com a cabeça. — Quando o monstro me jogou pela janela, ele não apenas deixou uma cicatriz em meu rosto. Ele também feriu a minha mente. — Ela era uma criança aterrorizada que finalmente percebera que não receberia ajuda, que logo seria enterrada em uma cova sem marcação ao lado de Carrie e Bilar. — Mas meu cérebro não desistiu. Ele se ―reencaminhou‖ diretamente no tecido da Net, a única coisa grande o suficiente para manter unido o que restou da minha psique. — Eu estou tão orgulhoso de você, — ele disse, sua voz baixa e rouca. Ela queria se agarrar ao compromisso, a promessa, implícito em suas palavras. — Estou realmente ferida, Max. — Era o segredo final, a verdade final. — Eu posso fingir ser normal, mas eu não sou. Eu nunca vou ser.
179 — Você sobreviveu, como fez isso não importa. O fato de que sobreviveu? É a melhor vingança contra aquele bastardo e os que permitiram que ele fizesse o que fez do que qualquer outra coisa. Estremecendo a aceitação inabalável em seu tom, ela moveu uma mão levemente sobre as costas dele. Os músculos se moveram sob seu toque, como se em resposta. Ficando mais ousada, ela pressionou mais forte, sentiu o abdômen ficar tenso contra ela. Foi instintivo esticar a mão, correr as unhas sobre o tecido em exploração sensual. Xingando baixo sob a respiração, Max recuou um passo, segurando os braços dela na altura dos cotovelos. — Você não está indo rápido demais? — Não. — Ela podia sentir os próprios nervos, esfarrapados e desgastados, perto da sobrecarga, mas ela ainda queria mais, queria encher-se até a borda com ele, até que tivesse o suficiente para toda uma vida. — Não pare Max. O toque me mantém aqui. — Não no passado. Max gemeu. — Beba. E se comporte. — Ele colocou o chocolate quente em suas mãos e pegou o próprio café, seguiu para o sofá. Sem escolha, ela o seguiu um segundo depois. Colocando a bebida ao lado da dele na mesa do café, ela virou o corpo de lado no sofá, com medo que o assustasse com a profundidade voraz de sua necessidade... mas não estava pronta para aceitar seu decreto. Ele lhe disse que ela nunca teria que implorar. Ele a aceitaria. Ele era dela. — Eu não sou mal comporta... Max colocou sua boca na de Sophia antes que pudesse pensar sobre as consequências, sua mão se enredou no cabelo dela. Deus, ele estava tão furioso com o que fizeram com ela, tão fodidamente irritado com os pais que a rejeitaram quando deveriam apoiá-la. E porque morreria antes que a machucasse, sua raiva não tinha para onde ir, exceto para uma fúria super protetora. Passando a língua ao longo da costura de seus lábios, a persuadiu que se abrisse para ele. E quando ela o fez, entrou sem hesitação, tomando, provando, reivindicando. As mãos dela caíram sobre sua coxa, dolorosamente perto de seu pênis. Soltando o aperto sobre ela, ele pegou aquelas delicadas mãos enluvadas e as colocou em seus ombros. Ela apertou os dedos sobre ele, suas unhas mordendo apenas o suficiente através das luvas finas e o material de sua camiseta para fazê-lo querer tirá-las de uma vez e lhe dizer para usar essas unhas em sua carne. Inferno. Interrompendo o beijo, ele colocou as mãos na cintura dela. — Monte-me. Ela era toda olhos enormes e boca vermelha pelo beijo, mas fez o que ele pediu, seu corpo cheio de curvas descendo sobre suas coxas, mesmo enquanto ela se inclinava
180 e tomava sua boca. Ele não esperava isto, não esperava que ela tomasse as rédeas. Mas ele estava mais do que disposto a deixá-la fazer do seu jeito. Seu beijo era inexperiente, hesitante, e tão excitante que ele precisou prender seus músculos para se impedir de empurrar aquele cardigã meticulosamente abotoado e envolver um doce e cheio seio na palma da mão, mesmo enquanto tomava a boca dela de uma forma muito mais sexual. Em vez disso, ele a deixou bebericá-lo, a deixou acariciar, provar e lamber. O último fez seus dedos apertarem os quadris dela. Ela lambeu de novo. Sophia Russo aprendia rápido. Sentindo os próprios lábios se curvarem em um sorriso que era mais do que um pouco selvagem, ele chupou seu lábio superior, mordeu o inferior. Ela estremeceu, então pressionou contra ele, os braços se entrelaçando em volta do pescoço de seu pescoço. Tomando isso como um sim, ele repetiu a carícia, movendo suas mãos quadris abaixo e ao longo do comprimento tenso das coxas dela ao mesmo tempo. Um gemido trêmulo antes que ela finalmente afastasse a boca de uma vez. Seus olhos estavam inundados de preto, um mar da mais pura meia-noite. Ele estava preparado para isso. Mas não estava pronto para a febre em suas bochechas, o martelar da batida de seu pulso no pescoço, o modo como seu corpo ficou todo solto e flexível, como se ela estivesse bêbada. Um alarme disparou. — Sophie, fale comigo. — Mmm? — Soltando a cabeça no ombro dele, ela esfregou a bochecha contra sua camiseta, uma gatinha preguiçosa. — Eu acho que você explodiu meus circuitos. O comentário atordoado o fez querer rir, apesar da selvageria de suas emoções, mas a preocupação cortou o impulso a meio caminho. Talvez isso fosse o mais próximo que eles um dia ficariam, ele e sua Sophie. — Você está com dor? Outro esfregão preguiçoso contra ele, a mão dela se abrindo e fechando em seu outro ombro. — Eu nunca percebi que homens e mulheres eram tão diferentes... não realmente. — A respiração soprou quente na pele de seu pescoço enquanto ela falava, o corpo um peso quente e sedutor contra sua forma despertada. — É bastante extraordinário. — Bebê, você não pode evitar a pergunta. — Acariciando o cabelo dela com muito cuidado para fora do rosto, ele olhou para baixo para encontrar seus olhos fechados. — Você está com dor? — Alguma vez você já ficou com o pé adormecido após um período de inatividade? — Sim.
181 — E as pontadas agudas depois, quando você tenta usá-lo? — Um sorriso flertou com seus lábios. — É como isso parece. — Seus olhos se abriram. — Eu estou acordando, Max. Um pouco de dor não vai me fazer dar um passo para trás. Proteção e orgulho se chocavam um contra o outro. — Sem mais esta noite. — Não, Max. — Ela se moveu levemente através de seu corpo, uma carícia erótica e uma vontade obstinada. — Não, por favor. Ele a deixou beijá-lo novamente, deixou-a convencê-lo. Mas quando sua pele se ruborizou como uma febre, quando seus músculos começaram a tremer, ele interrompeu o contato, levantando-a para fora de seu corpo e para o sofá. Não importava o quanto ele quisesse reivindicá-la de todas as maneiras que um homem pudesse reivindicar uma mulher, ele não o faria se fosse destruí-la. — Sem mais, Sophie. Você não pode processar tudo de uma vez. — Mas... Ele colocou um dedo contra seus lábios. — Aquele pé que adormece? Não acorda de uma só vez. Ela o encarou por um longo momento, mas ele finalmente conseguiu um aceno de cabeça. Deixando-a para reparar seus escudos, tanto quanto ela pudesse e isto era a porra de um punho em seu coração, que os toques a machucasse em qualquer nível, ele se levantou, espirrou água fria como gelo no rosto, então voltou com os arquivos do caso. — Pronta? — Sim. — Tomando um gole do chocolate quente que ele fizera, ela encontrou seu olhar, aqueles olhos misteriosos de interminável preto impenetrável, ilegível. — Max? — Sim? — Você vai se lembrar de mim? Seu coração se partiu em mil pedaços. — Para sempre.
A manhã seguinte, bem cedo, encontrou Sascha sentada em frente à Nikita em uma sala de conferência na sede administrativa dos DarkRiver. — Eu não achei que você viria. A resposta de Nikita foi pragmática. — DarkRiver é um importante parceiro de negócios.
182 — Esta não é uma reunião de negócios, — Sascha disse, recusando-se a deixar sua mãe ignorar a verdade. — Eu pensei que tivesse deixado isso bem claro na minha solicitação. Sinto muito se você foi induzida ao erro. Nikita permaneceu uma escultura de gelo do outro lado da mesa. — Todo contato com você são negócios. Se você não fosse parte dos DarkRiver, não haveria necessidade de contato. Doeu, sim, doeu. Mas Sascha estava mais forte agora. E possuía a força de seu clã atrás dela. Ela podia sentir a proteção selvagem deles do outro lado da porta que a cercava nesta sala com Nikita. Mas acima de tudo, ela podia sentir o amor de sua pantera. — Eu queria lhe contar... — Você está grávida, — Nikita disse sem cerimônia. — É difícil de não notar. Mas tantas pessoas não notaram, Sascha pensou, tentando não ler nos olhos aguçados de Nikita qualquer tipo de significado emocional. — Estou com cerca de cinco meses. — Você deve ser capaz de sentir o feto se mover. Sascha enrolou a mão em um punho sob a mesa, tentando manter suas emoções sobcontrole. — Sim. O bebê é bastante mal-humorado, especialmente às três da manhã. Uma pausa. — Você era igual. E ali, naquele instante, Sascha soube que não entendia sua mãe tão bem quanto pensava que o fazia, que a Conselheira Nikita Duncan possuía segredos que mesmo uma empata não podia sondar. Nikita falou novamente antes que Sascha pudesse começar. — Eu ouvi rumores de que os leopardos isolam suas companheiras grávidas durante os últimos meses de sua gravidez. Sascha revirou os olhos. — Os tabloides inventaram isso depois que foi prescrito repouso para uma das mulheres do clã por causa de complicações, você deve saber como eles sensacionalizam tudo. — Sua pantera, superprotetora como ele era, nunca tentaria mantê-la longe daqueles que considerava dela, tanto no clã como fora dele. Mas não foi por isso que chamou sua mãe aqui para discutir. — Por que você me enviou o livro da Alice Eldridge? — Você é um cardeal com a força para controlar dezenas de milhares, — Nikita respondeu, apanhando seu organizador. — Ter uma pessoa de sua força no meu canto seria um grande reforço, o benefício compensaria qualquer custo associado à sua falha. Um dia, isto teria cortado Sascha até a alma. Agora... agora ela se perguntava quantas mentiras Nikita lhe contara durante toda sua vida.
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Sophia acordou da mais insone das noites, seu corpo dolorido de dentro para fora, com a pele muito apertada, seus nervos em pedaços. Tudo estava ―estranho‖. Irritação queimava dentro dela, e sem alvo, sem foco. O banho ajudou a acalmar seu corpo uma fração, assim como uma meditação intensa de dez minutos. Sentindo-se um pouco mais no controle, ela se vestiu com um terninho preto combinado com uma camisa branca, secou, depois trançou os cabelos, expondo um rosto tocado pela violência que Max não parecia achar nem um pouco censurável, e se forçou a comer uma barra de nutrição de café da manhã. Seu policial, ela pensou, não aprovaria. Estranhas sensações retorcidas em seu abdômen, as renovadas pontadas de sua pele. Exatamente quando o calor estava começando a manchar suas bochechas, a campainha tocou. Jogando o invólucro da barra de nutrição no reciclador, ela se aproximou e abriu a porta. Foi o aroma dele que a atingiu primeiro. Exótico e familiar, masculino de uma forma que ela não podia explicar. Mas sabia que seria capaz de distingui-lo entre um milhão de outros. — Max. Os olhos dele se estreitaram quando entrou, fechando a porta atrás de si. — Você está corada. O que há de errado? Ela esfregou as mãos enluvadas sobre os braços. — Eu não sei. Eu me sinto... Impaciente. Minha pele, meu corpo... A preocupação desapareceu de seu rosto, para ser substituída por algo mais sombrio e cheio de uma masculina diversão tranquila. — É chamado de frustração, querida. Frustração: sinônimo de agravamento, irritação, insatisfação. Sim, ela pensou. Essa é a palavra. — Eu tenho mais simpatia por você, exceto que eu passei a noite com uma ereção permanente. Os olhos dela caíram para sua virilha. Ele gemeu mesmo enquanto seu corpo reagia um tanto espetacularmente.
184 Sophia queria tocar. — Conserte isso, — ela ordenou. — Você sabe como acabar com a minha frustração e a sua, e eu não estou mais tão sobrecarregada como estava na noite passada. Ele soltou um suspiro. — Sim? Talvez eu esteja. E talvez você também. — Havia algo estranhamente sensual em suas palavras. — Eu... Ela nunca chegou a ouvir o que ele teria dito, porque seu telefone celular tocou naquele momento. E tudo mudou. — É o Bart. — Qualquer pitada de sensualidade deixou sua expressão, Max colocou o telefone no ouvido, suas respostas não diziam muito a Sophia. — Eu vou falar com ela. — Ele fechou o telefone. — Bonner quebrou mais cedo do que pensávamos. — Ele está com raiva, — disse Sophia, sentindo uma camada de gelo se formar em torno dela, uma barreira impenetrável entrelaçada com tentáculos sombrios que tinham o ―gosto‖ da Net. — O ego dele não consegue aguentar que eu tenha terminado a conferência de ontem antes que ele estivesse pronto. — Virando-se, ela se dirigiu para seu quarto. Max pegou o braço dela, a sentiu tremer embora tivesse sido cuidadoso para não tocar pele. — O que você está fazendo? — Fazendo uma mala para passar a noite, — ela disse, sua voz firme, embora seu corpo tenha balançado em direção a ele antes que ela se contivesse. — Ele vai falar desta vez, eu tenho certeza disso. — Ela acenou para o telefone celular dele. — Ligue para Nikita. — Nós não podemos partir no meio do caso, — Max disse, porque embora essas meninas perdidas possuíssem um pedaço de seu coração, elas já haviam partido, suas luzes extinguidas. Mas Sophia, ela estava viva, sua chama bruxuleante contra a violenta tempestade do mal de Bonner. Ele não podia acreditar que Carissa White e suas irmãs em morte gostaria que ele sacrificasse Sophia para trazê-las para casa. — Nikita vai nos permitir fazer uma pequena pausa, — Sophia respondeu. — Como você mesmo disse, é improvável que este assassino ataque em um futuro próximo. — Ela continuou falando, embora ele pudesse ver o subir e desce irregular de seu peito, a dor brilhando em seus olhos. — Os dados forenses da cena de assassinato de Edward Chan terão sido mais bem processados quando retornarmos, e nós já falamos com as testemunhas. Podemos continuar a executar verificações de antecedentes mais profundas e verificar seus álibis para os assassinatos anteriores à distância. Max esperou até que ela parasse para respirar. — Você tem que passar isso para outro J.
185 — Não. Este é meu. — Pequenas linhas se espalharam a partir dos cantos de sua boca exuberante, uma indicação de teimosia, uma que ele acabara de aprender a ler. — Eu vou fazer isso. Eu vou acabar com isso. Max não cedeu, ele possuía toda uma veia teimosa nele, também. — Você me contou o quanto está perto de perder seus escudos telepáticos. Trabalhar com uma mente como a de Bonner só vai colocar mais estresse... Ele congelou quando ela pressionou um dedo sobre seus lábios. — Elas estão perdidas, Max. — Uma tristeza em seus olhos que o machucava testemunhar. — Eu tenho que encontrá-las, trazê-las para casa desses túmulos não identificados Ele ouviu nessas palavras um eco do pesadelo de verão que quase a destruiu, um sofrimento silencioso e doloroso, e ele soube que precisava deixá-la fazer isso. — Mesmo uma sugestão de um problema e você sai. De acordo? Era mais uma ordem do que uma pergunta, mas ela balançou a cabeça. — De acordo. Eu vou deixar o Bart saber que ele precisa ter um M-Psy de sobre aviso. — Essa é uma boa precaução. — Nenhum M-Psy poderia curar a deterioração telepática de um J, muito menos de um já danificado como Sophia, mas talvez pudesse ajudá-la a lidar com quaisquer sintomas físicos. — No entanto, certifique-se que o M permaneça fora da sala de interrogatório, Bonner vai atacar a sequer um toque de fraqueza. — Não deixe o bastardo atingi-la. — Puxando sua luva para baixo para expor um pedaço de pele nua entre luva e punho, ele inclinou a cabeça enquanto ela observava em transe. O beijo dele a marcou de dentro para fora. — Nós temos a pequena questão da frustração para discutir.
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Às vezes, o mal vence. Mas não aqui. Não hoje. — Das notas de caso particulares do detetive Max Shannon: O Estado de Nova York contra Bonner
Nikita não ficou satisfeita com a interrupção em sua investigação, mas não tentou ficar no caminho deles depois que Max deixou claro que não só continuam a trabalhar no caso dela enquanto estivessem em Wyoming, mas que as vítimas de Bonner possuíam uma reivindicação anterior sobre sua lealdade. — Quanto tempo esta viagem vai levar? — ela perguntou. — Se Bonner revelar os corpos... — uma sinistra esperança — Vou ter que informar os pais. — Eles o conheciam, confiavam nele... saberiam por que apareceu depois de tanto tempo. — Depois disso, a perícia vai assumir. Desde que Bonner já está na prisão pela duração de sua vida natural, não é imperativo que eu esteja lá a cada momento. — Apesar de que antes, ele teria ficado, iria querer acompanhar até o amargo e destrutivo fim. Agora, ele tinha outras prioridades. — Eu posso delegar a supervisão a um dos outros detetives, - bons policiais, policiais que sacrificaram fins de semana, desistiram de férias, para ajudar Max na caça ao Açougueiro do Park Avenue, — E ficar de olho nas coisas à distância. — Claro, ele nunca ficaria livre do caso Bonner, não verdadeiramente. E talvez ele não quisesse ficar. Um homem carregava cicatrizes em seu coração. Elas formam o que ele é. Sophie deixaria a maior cicatriz de todas.
187 Não. Ele se recusava a perdê-la, esta J com sua fome de toque e mente talentosa. — Muito bem, detetive. — Atendendo uma chamada de telefone celular, ela se virou para a janela de vidro. — Eu espero que você me mantenha informada. Max se encontrou momentaneamente capturado pela imagem da silhueta de Nikita de pé contra o vidro, seu olhar longe, em algum lugar à distância. Poderosa. Letal. Solitária.
Sascha esticou as pernas sobre a poltrona na sala de estar de Tammy e se recostou contra a suavidade do sofá. Como todo mundo em DarkRiver, ela procurava a curadora deles no instante em que precisava de conforto do tipo feminino. Lucas a deixara após o almoço com um beijo, embora ela soubesse que foi apenas porque o companheiro de Tammy, Nathan, estava em casa. Provavelmente, havia outro sentinela rondando do lado de fora de qualquer maneira, DarkRiver levava a proteção de sua curadora muito seriamente. Raspões suspeitos soaram atrás dela. Sentindo seus lábios puxando para cima, ela permaneceu no local, com os olhos fechados. Pequenos click-clacks no chão de madeira, silenciados quando atingiram os tapetes. Em seguida uns poucos arranhões sussurrados e ela sentiu uma presença quente e brincalhona caminhar ao longo da parte superior da parte de trás do sofá para se deitar a poucos centímetros de seu ouvido. Outra presença, tão brincalhona quanto à primeira, um pouco mais maliciosa, se estabeleceu ao lado de sua coxa. Ela meio que esperava um rugido bebê para fazê-la saltar de surpresa, mas, quando ela abriu os olhos, Julian e Roman, os gêmeos de Tammy, ambos em forma de leopardo, estavam olhando para ela com expressões tão inocentes, que seu coração derreteu. — Como é que eu poderia resistir? — Ela murmurou, acariciando Jules enquanto olhava acima, para Rome. Levantando-se, ele caminhou até aninhar em seu ouvido. Ela tentou pegá-lo em um braço para derrubá-lo, mas ele pulou no sofá ao seu lado para que assim pudesse acariciá-lo, também. — Os meus pequenos demônios estão incomodando você? — Tammy perguntou, entrando na sala com uma bandeja com altas pilhas dos biscoitos com gotas de chocolate favoritas de Sascha recém-saídos do forno.
188 — Eles estão sendo uns queridos, — disse Sascha, enquanto Rome se ajeitava com as patas em sua coxa, fechando os olhos em êxtase enquanto ela afagava sua linda cabeçinha com carícias firmes e determinadas. — Eles não estão mais tão indisciplinados comigo. — O que você esperava? — Tammy revirou os olhos. — Eles estão crescendo em torno de Nate e os outros. Eles entenderam que você deve ser ‗cuidada‘. Sascha riu enquanto Tammy se sentava a sua frente. Feroz, o gatinho de estimação dos gêmeos, imediatamente se fez em casa no colo da curadora. — Ambos não deviam estar no jardim de infância? — Eles estão fazendo meio períodos no momento, acabaram de chegar a casa alguns minutos atrás, — Tamsyn disse com um sorriso carinhoso. — Ambos receberam um relatório de bom comportamento do professor. Beijando seu dedo indicador, Sascha o encostou na ponta do nariz de Julian. Levantando uma pata, ele beliscou seu dedo de brincadeira. — Por que você soa tão surpresa? — Diga-me que você não está. Sascha não pode evitar, ela riu de novo, mesmo quando Jules e Rome davam pequenos rosnados. — Eles vão se tornar jovens maravilhosos, você sabe. Os olhos de Tammy se suavizaram. — Eu sei. — Acariciando um Feroz que ronronava, ela se recostou na cadeira. — Então, você viu a sua mãe hoje. — Sim. — Roman deu uma cabeçada contra sua mão quando ela parou de acariciá-lo, e ela continuou na hora, coçando-o atrás das orelhas daquele jeito que ele gostava antes de subir e descer através do belo pelo negro e dourado de suas costas. — Eu não sei se estou me enganando, mas eu acho... que há algo diferente sobre ela. Tamsyn não disse nada, apenas deixou Sascha falar. E ela o fez. Ela falou sobre suas esperanças, suas preocupações, seus medos. — Você acha que, — ela disse afinal, — é só as emoções da gravidez? Quer dizer, eu amo tanto o nosso bebê. Eu não consigo imaginar qualquer mãe não se sentindo assim. — Sob suas mãos agora imóveis, Jules e Rome estavam enrolados, dormindo, duas vidas extraordinariamente preciosas. — Psy são diferentes, — Tammy disse, finalmente, — você sabe disso muito melhor do que eu jamais poderia. Mas você também é uma empata, e se o seu coração lhe diz que há alguma esperança de um relacionamento saudável com Nikita... — Eu não sei, — Sascha disse. — Eu apenas sei que eu não estou pronta para desistir dela ainda. O sorriso de Tammy foi lento, forte como o seu coração de curadora. — Então eu acho que é melhor a Conselheira Nikita Duncan tomar cuidado.
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Tendo deixado um Morpheus de aparência duvidosa na sede dos DarkRiver, para ser levado para casa por Clay, Max e Sophia chegaram ao aeroporto mais próximo para a penitenciária D2 em menos de três horas após a reunião de Max com Nikita. Uma viagem de carro de vinte minutos mais tarde e eles estavam no estabelecimento. — Bonner ainda se recusa a falar? — Max perguntou a Bart após Sophia voltar para a sala, depois de ter sofrido um rápido exame preliminar nas mãos do M-Psy. Max encontrou seu olhar, percebeu o balançar muito leve de sua cabeça. Alívio torceu seu coração, ela estava aguentando, recusando-se a se render à morte que havia perseguido por toda a sua vida. — O bastardo não disse uma palavra desde que solicitou a Srta. Russo, — Bart disse, olhando para Sophia. — Tenha cuidado, Stra. Russo. Tenho a sensação de que ele está furioso depois que enviaram um J homem para fazer uma introdução da conferência dele com você. A expressão de Sophia não mudou. — Eu esperava isso, Sr. Reuben. Bonner não está acostumado a ser contrariado. Max cruzou os braços sobre o peito. — Isso é um eufemismo. — Bonner nasceu na riqueza, frequentou as escolas particulares mais exclusivas, passava o verão em um vinhedo na região de Champagne, o inverno em um resort de esqui na Suíça. Ele precisava apenas pedir e os seus pais lhe dariam, o único filho deles, um carro de cem mil dólares aos dezesseis, uma viagem ao redor do mundo aos dezessete, uma residência privada na extensiva propriedade deles aos dezoito. — Ele vai tentar jogar com você, — Bart disse, batendo uma caneta no antiquado bloco legal que ele insistia em usar. — Ele teve alguns dias para fazer alguma pesquisa secreta, talvez descobrir coisas sobre você. Sophia balançou a cabeça. — Eu sobrevivi a monstros piores. — Seus olhos se encontraram com os de Max. — É hora de eu entrar. Cada músculo do corpo dele ficou duro como pedra na rejeição à ideia, mas ele assentiu. — Eu vou estar bem aqui, um pequeno sinal e eu entro para te pegar. Sophia entrou na mesma sala em que entrara apenas alguns dias antes, mas desta vez, ela estava visceralmente ciente do olhar de Max sobre ela, não importava que ele estivesse escondido atrás da parede que separava a sala da câmara de observação. E
190 apesar de um guarda da prisão estar de costas para a parede atrás de Bonner, era o conhecimento de que Max estava cuidando dela que a manteve calma, focada. Seu policial nunca iria deixar o monstro tocá-la. Com esse conhecimento em seu coração, ela disse: — Sr. Bonner, — quando chegou à mesa. O sorriso de Gerard Bonner presumia uma intimidade que fez sua pele arrepiar. — Sophia. Eu levantaria para recebê-la, mas infelizmente... — Ele fez um gesto para os grampos que o mantinham imobilizado, as mãos empurrando até parar. — É para a minha proteção que você não pode se mover, — ela disse, sentandose em frente a ele. — Você tem mãos muito fortes. — Depois de torturar Carissa White em uma infinidade de maneiras terríveis, ele finalmente a matou com a intimidade de suas mãos. — Você está tentando me chocar? — Uma risada quente do homem exteriormente bonito a sua frente. — Eu gostei, você sabe. Pobre Carissa. Ela me implorou que o fizesse no final. Tão inteligente, ela pensou, sempre expressando suas palavras de uma maneira que nunca era totalmente uma confissão. Não que eles precisavam, não para Carissa White. — Disseram-me que você estava pronto para cooperar. — Eu lhe causei muito inconveniente com o meu pedido? — Ele perguntou, sua expressão se enchendo com o que muitos confundiriam com a mais sincera das desculpas. — Eu descobri que gosto mais de você. Você é muito mais... gentil do que os outros Js. — Você sabe, Sr. Bonner, — ela disse em tom de conversa, — que no início deste século, eles ainda encarceravam homens juntos na mesma cela? Diga-me... — ela segurou seu olhar, deixando-o ver que ela olhava para o abismo, que nada que ele dissesse poderia tocá-la — Você acha que teria... gostado, — Um eco deliberado de suas palavras, de seu tom, — De estar em uma cela com outro interno que poderia não compartilhar seus gostos mais sofisticados? Bonner não gostava disso, seus olhos mostravam a mordida sádica de raiva maligna antes que a colocasse sobcontrole. — Tenho certeza de que eu teria sobrevivido, Sophia. Hmm, alguém chama você de Sophie? Ela odiou que ele usasse o apelido de Max para ela, odiou tanto que por um instante, ela se perguntou se havia traido a si mesma, porque os olhos azuis de Bonner brilharam com prazer.
191 — Você pode me chamar de qualquer coisa que quiser. — Um falso sorisso calmo, bom o bastante que tem enganado os médicos todos estes anos. — Tudo que me importa são as suas memórias. Outra rachadura na fachada, a feiúra dentro dele subindo para a superfície por um instante fugaz. — Então, tome-as, Sophie. — Palavras viciadas ornadas com charme. — Pegue o que você veio encontrar... então talvez possa me dizer como conseguiu um rostinho tão bonito. Ela não fez nada, não sentiu nada. Suas palavras não importavam, não quando Max a via, a conhecia, a aceitava. — Eu não vou entrar em uma espécie de caça ao tesouro em seu cérebro, Bonner. Se você quiser cooperar, então coopere. Se não, eu vou fazer uma recomendação final e que suas ofertas para compartilhar informações têm sido nada além de um desperdício de tempo e que todas as suas próximas abordagens sejam ignoradas. — Vadia. — Foi dito naquela mesma voz encantadora, seu sorriso nunca escorregando. — O restante de sua pele é marcada? Ou você é uma tela em branco à espera do artista certo? — Pela última vez, Sr. Bonner, você está pronto para cooperar? — É claro. Ela segurou o contato ocular, varrendo com o seu raro dom telepático. Alguns Js necessitavam de contato físico com aqueles que examinavam, mas ela nunca precisou. E agora, com a sua Sensibilidade, toque a levaria muito profundamente, a trancaria em outra mente. E se havia uma consciência em que ela não queria ficar presa, era a do sociopata no outro lado da mesa. Movendo sem esforço através da barreira facilmente permeável que era a fraqueza de um escudo humano, ela entrou na mente dele. Estava igualmente calma, igualmente ordenada... mas as peças havia mudado. Bonner estava reorganizando suas memórias do passado, talvez para encaixar melhor a sua própria visão pessoal do mundo. O rosto de uma mulher gritando, suas costas se contorcendo em agonia, os olhos sangrando nos cantos. Sophia recuou dentro de si, mas anos de treinamento a impediam de trair sua aversão em seu rosto. — Nós já sabemos o que você fez com Carissa White, — ela disse. — Se isso é tudo que você tem... Uma pequena clareira de uma floresta, quase pacífica. Ela sentiu o cabo da pá vibrar debaixo de suas mãos enquanto ele/eles se dirigiam para a terra, ouviu o silêncio estranho, sentiu o estalo frio do plástico debaixo das mãos dele/deles enquanto ele/eles rolavam o corpo no mais raso dos túmulos.
192 Bonner não perdeu tempo cobrindo sua vítima novamente, as ações dele/deles tão impessoal como se ele/eles estivessem cuidando de um jardim. O corpo deixara de ter qualquer significado uma vez que parou de gritar. Pouco tempo depois, a terra cobriu o plástico, e então eles estavam andando pela floresta, saindo menos de cinco minutos depois, em uma trilha acidentada envolta em nevoeiro. Abetos, profundamente verdes, espesso com folhagem, seus topos desaparecendo na névoa branca e fina, os cercavam de todos os lados, mas havia um monte de mato, algumas árvores finas de outras espécies. Portanto, não era uma fazenda de árvores, mas algo mais natural. Ela entrou no veículo, ligou o motor depois de tirar as pesadas luvas de jardinagem. A tração nas quatro rodas tomou a estrada estreita com facilidade, até que meia hora depois, ela surgiu da neblina e se encontrou em um entroncamento, uma estrada asfaltada em frente a ela. Seu coração estava calmo, seu corpo relaxado. Era... Sophia percebeu que estava se perdendo em Bonner, lutou para se trazer de volta. — Eu preciso de um local. — Ela não conseguia ver nada além do carro infrequente passando rápido, uma estrada solitária. — Paciência, minha doce Sophia. — Bonner estava respirando forte, animado com a memória... por fazê-la a reviver com ele. Foi quando ela viu, a placa à esquerda que marcava a entrada da — Estrada Vale da Neblina. Ela tomou nota dos tipos de flores que vira, o ângulo do sol, o clima, tudo o que podia. Então as memórias de Bonner se deslocaram para o lado, um caleidoscópio rodopiante. Ela esperava algo do tipo, recuou antes que pudesse afetá-la. — Isso não nos dá muito. — Você vai encontrá-la. — Ele deu um suspiro longo e profundo. — Você vai encontrar a minha adorável Gwyn. Gwyneth Hayley desaparecera seis meses após Carissa White e foi amplamente considerada como a segunda vítima de Bonner. Sophia tentou arrancar mais detalhes do Açougueiro, mas ele apenas deu aquele sorrisinho íntimo e satisfeito e lhe disse que teria que fazer parte do trabalho sozinha. Saindo, ela deixou o médico examiná-la. — Você precisa de nutrientes, — foi à resposta. Ela bebeu as bebidas energéticas que ele lhe deu, então deixou Bartholomew Reuben levá-los para fora das entranhas do edifício e para uma sala de conferências no piso superior. — Se todo mundo puder baixar seus escudos, — Sophia disse, — Eu posso
193 projetar a varredura em suas mentes. — Isto era parte do que fazia dela uma J, ao invés de uma simples telepata, a capacidade de literalmente projetar memórias inteiras. Ela poderia lidar com apenas cinco pessoas de cada vez, mas além de Max, havia apenas Reuben, o diretor e o assistente de Reuben. — Sinto muito, Detetive Shannon, não posso projetar através de seu escudo natural. Max encolheu os ombros. — Projetar é pesado para um J, certo? — Ele continuou, sem esperar por uma resposta, — Por que você não nos dá um resumo em vez disso? — Seus olhos eram penetrantes. — Se Bonner realmente está em um humor cooperativo, não sabemos quanto você poderá ter de examiná-lo novamente. Ele estava a protegendo. O conhecimento fez seu coração expandir até que ameaçou consumi-la. Respirando fundo, sustentando esta emoção poderosa como o tesouro que era, Sophia descreveu o que viu. — Estrada Vale da Névoa, — Max disse, já ao telefone com os técnicos de computação dos Executores. — Sim, quantos resultados? — Uma pausa. — Reduza-os a um local com um monte de abetos, relativamente isolado, ou que teria sido há cinco anos; talvez fora de uma autoestrada. Sophia levantou a mão para chamar sua atenção. — A temperatura estava fria, embora a posição do sol sugerisse que fosse perto do meio-dia. — Sua mente filtrou as distrações dos outros carros, os pensamentos de Bonner, e viu até o outro lado da estrada. — Havia um outdoor promovendo um festival da colheita quando ele virou para fora da pista. Max repetiu suas palavras para o técnico de computação, esperou alguns instantes. — Eu te devo uma bebida. Envie tudo através da D2, estação de comunicação três. E criptografe-as, apenas para o caso de alguém estar examinando a linha da prisão. — Desligando, ele disse, — Nós temos três menções de uma Estrada Vale da Névoa que podem corresponder, — ele disse. — A estrada era muito difícil, — Sophia apontou. — Pode ser que não esteja nos mapas em absoluto. — É. — Um olhar sombrio. — Mas nós vamos nos preocupar com isso depois de conferir essas imagens. As imagens foram transmitidas momentos depois. Sophia disse, — Aquela, — quase antes de estar ciente de abrir a boca. O último lugar de descanso de Gwyneth Hayley estava profundamente dentro de uma cadeia de montanhas cobertas de neve.
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Faith NightStar, filha do Conselheiro Anthony Kyriakus e a mais poderosa vidente do mundo, saiu para a floresta que cercava a casa que dividia com seu companheiro changeling, esperando que o ar fresco derretesse o nevoeiro que nublava sua mente. Profundo e viscoso, úmido e pegajoso, parecia quase real, o frio da sensação fazendo-a esfregar as mãos para cima e para baixo de seus braços. — Alguma coisa ruim está chegando, — ela disse em voz alta, tentando pensar além do cinzento caldo grosso que escondia tudo de vista. — Fogo, nevoeiro, gritos e metal. — Eles estavam todos conectados. A neblina tocava aqueles no centro, mas assim como as chamas e o esfaqueamento cortante e violento do metal. Ela começou a andar sem descanso entre pinhas que cobriam o chão da floresta, suas entranhas retorcidas com o conhecimento de que alguém iria morrer. Lágrimas pinicando seus olhos, queimando em sua garganta. — Fogo, nevoeiro, gritos e metal. Mas não importava quantas vezes ela repetisse isto, não importa quantas vezes tentasse dissipar o nevoeiro, tudo o que conseguia era uma sufocante sensação de horror iminente.
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O mal de fato existe. Pode não estar listado em qualquer manual oficial, pode ser considerado um construto emocional, mas como Js, vocês devem aceitar que vai chegar um momento em que serão confrontados por tal malevolência que irá desafiar tudo o que vocês sabem, tudo o que vocês acreditam que são. —Sophia Russo (J) para Js estagiários (seminário não oficial realizado em um local não revelado)
Quatro horas depois de Sophia localizar o local, toda a equipe, completa por uma unidade forense, saiu de seus veículos no final florestado da Estrada Vale da Névoa. Embora o terreno estivesse limpo atualmente, o ar aqui em cima carregava um toque de gelo, a ameaça persistente de neve no ar. — Você, eu, e Bart, — Max disse para Sophia. — Entramos, vemos se conseguimos notar alguma coisa. Se isso falhar, nós enviamos os cães. — Passou um pouco das cinco, mas a luz do sol de inverno estava desaparecendo rapidamente. Teria sido mais sensato esperar até o dia seguinte, mas um pensamento não dito unia todos eles, não conseguiam suportar deixar Gwyn sozinha e com frio no escuro por mais tempo. Assentindo, Sophia começou a conduzi-los. — A vegetação rasteira ficou consideravelmente mais espessa durante os anos desde que Bonner esteve aqui. — Pelo menos o caminho ainda é administrável, — Bart disse, empurrando um galho para fora de seu caminho enquanto ele e Max seguiam Sophia de perto. — Vai ser uma merda para processar, contudo, uma vez que encontramos o túmulo.
196 Max lançou uma mão para segurar a parte de cima do braço de Sophia quando ela tropeçou em uma pedra. — Obrigada, Detetive. — Uma voz calma e nivelada, mas Max sentiu o leve tremor de seus músculos, sabia que sua Sophie estava se aguentando por meio de uma pura teimosia corajosa. — Algo parece familiar? — Soltando o braço, Max recuou, ciente de Bart olhando para ele. — Não estamos muito longe. Bart cutucou Max, com voz baixa. — Você sabe que Psy não gostam de ser tocados. — Eles provavelmente também não gostam de cair de cara. — Verdade. — Soltando um suspiro, Bart sacudiu a cabeça. — Eu ainda não liguei para os pais de Gwyn. — O nome saiu facilmente da língua do procurador, como Max, ele veio a conhecer intimamente a curta vida e os sonhos perdidos de todas e cada uma das meninas. — Nem eu, — Max disse, lembrando o sorriso de milhas de largura de Gwen, suas longas pernas de corredora, com uma raiva que não esmorecera no período. — Não adianta rasgar a casca desta ferida a menos que possamos lhes dar um pouco de paz. Sophia ficou imóvel à frente, com a cabeça inclinada em direção a uma velha árvore torcida à beira do caminho. — Eu vi isso. — Foi quase sem som. Max ficou de olho nela enquanto ela saía do caminho e começava a correr. Não mais de cinco minutos para dentro, ela virou de repente para a esquerda e subiu em um tronco caído. Mas ela não desceu no outro lado. Alcançando-a, Max pulou à sua direita, enquanto Bart fazia o mesmo à sua esquerda. Não havia necessidade de perguntar a ela o que vira — É como se a terra tivesse morrido aqui, — Sophia disse, seus olhos sobre o pedaço sem vida de terra em frente a eles, que, embora delimitado pelo ritmo de vida da floresta, brotos minúsculos e verdes, era ele mesmo amarronzado e seco como poeira. Como se seiva de Gwyneth Hayley tivesse encharcado o solo e o deixado estéril.
A equipe forense trabalhou noite adentro, sob lâmpadas brilhantes. Até a meianoite, eles encontraram apenas sete ossos discretos, os outros, em toda a probabilidade,
197 deviam ter sido levados por criaturas da floresta, mas, surpreendentemente, um dos sete era o crânio. E ainda havia dentes ligados ao crânio. Uma combinação dental positiva foi feita no local usando equipamentos móveis. Sophia viu os ombros de Max tremer e cair no instante após o técnico forense fazer o seu pronunciamento. — Eu faço isso, — ele disse a Bart Reuben. O rosto de Bart estava retorcido, os olhos cheios de uma antiga dor enquanto concordava. — Eles confiam mais em você. Deixando o promotor passar por ela e voltar ao local, Sophia caminhou para ficar ao lado de Max enquanto ele se afastava do grupo e para a noite da sombra de uma árvore gigante com braços abrangentes. — Você está ligando para família dela? Um aceno de cabeça, seu rosto forrado com tristeza raivosa. — Eu iria preferir fazer isso pessoalmente, mas tenho que garantir que eles recebam as informações antes delas vazarem para a mídia. — Seus dedos apertaram o telefone. — Isso vai destroçá-los tudo de novo. Escondidos na escuridão, ela ousou colocar a mão em seu braço. — Mas vai lhes dar paz e a Gwyneth um lugar seguro para descansar. Max não respondeu, mas se inclinou para seu toque. O que ameaçou estilhaçála. Porque Max Shannon não era um homem que se apoiava em alguém. Enquanto ficou ali ao lado dele, ele discou um número de memória e levantou o telefone ao ouvido. E então fez o que devia ser feito.
Os próximos dois dias se passaram em um borrão. Sophia teve outra conferência com Bonner. No entanto, ele não estava com vontade de cooperar. — Estou curtindo demais minha hora extra no sol, — contou a ela. — Tão prestativo da parte das autoridades prisionais manterem o acordo deles comigo. Sabendo que ele os manipularia agora que tinha a atenção deles, ela não desperdiçou seu tempo e, em vez disso, perguntou a Max se havia alguma coisa que pudesse fazer para ajudá-lo. — Fique de olho na situação de Nikita, — ela disse. — Revise os relatórios forenses quando chegarem, compare os resultados enviados pelo pessoal de Nikita contra os do laboratório independente que contratamos. — Como o detetive responsável pelo
198 caso de Bonner, ele não estava apenas lidando com as famílias das vítimas, mas também com a descoberta e os meios de comunicação, seus olhos estavam injetados de sangue pela falta de sono. — Nós recebemos o relatório da mecânica sobre o carro batido? — Sim. Ela confirmou que o computador foi adulterado. — Sophia queria tocá-lo, dar conforto à maneira humana, mas eles estavam na ―sala de guerra‖ apressadamente montada, localizada na estação mais próxima dos Executores de onde o corpo de Gwyneth Hayley foi encontrado. Atividades zumbiam por todos os lados, colidindo contra seus sentidos. — A segunda autópsia que você ordenou no motorista também foi concluída. Não havia drogas no sistema de Allison Marceau. — Faz sentido se o carro era a arma. — Ele olhou rapidamente para o relatório. — Mesmo que ela tenha enviado um grito telepático, não teria sido observado como algo suspeito. — Pode ser melhor se eu voltar. Sou capaz de lidar com coisas... — Fique. — Foi uma única palavra tranquila, mas que carregava milhares de coisas não ditas. Ligado a ele agora por laços que não entendia muito bem, mas que se tornaram as verdades definitivas em sua vida, ela ficou, estabelecendo-se em seu quarto de hotel, longe da tempestade constante da sala de guerra. Para surpresa de todos, o Conselho enviou vários Ps-Psy para ajudar com a pesquisa em torno do que fora apelidado Campo Bonner #1. — Psicométricos sentem as marcas do passado, — Sophia explicou para Max quando ele pediu um resumo rápido. — Eles geralmente trabalham na verificação da idade e proveniência das obras de arte, e outros objetos caros, mas eu ouvi dizer que alguns também podem pegar ‗ecos‘ de eventos que ocorreram em um determinado local. — Eu dei uma olhada na escritura da propriedade, — Max disse a ela poucas horas após os psicométricos chegarem. — É de posse de um conglomerado Psy e destinada para algum empreendimento. Isso, pensou Sophia, fazia muito mais sentido. — Eles não querem quaisquer perguntas sem resposta diminuindo o valor da terra e do posterior empreendimento. — Não que isso importe por que eles estão aqui. Tanique... — o nome de um dos Ps-Psy. — Já localizou dois dos ossos de Gwyneth a quase um quilômetro do túmulo. Essa foi uma das poucas conversas que eles conseguiram ter nas tristes e exaustivas horas que se seguiram. Foi na última noite deles na base das busca, logo depois que foi anunciado que nenhuma evidência de mais corpos havia sido encontrada dentro do raio de uma milha do local, que ela descobriu algo interessante.
199 Ela estivera procurando profundamente nos antecedentes de todos os indivíduos de interesse, acionando suas conexões na Justiça, quando necessário. O aristocrático Quentin Gareth surgiu como um homem de negócios impiedoso, mas parecia de outra forma limpo. Andre Tulane, em contraste, havia repetindo reuniões semanais que ela não podia ligar a nada oficial, enquanto o estagiário, Ryan Asquith, possuía uma nota em seu arquivo que significava que ele fora recondicionados no último ano, como resultado de uma ordem judicial. Todos mereciam uma investigação mais aprofundada, mas os dados mais interessantes foram resultados de um logaritmo que ela vinha executando em postagens de notícias em torno da época dos assassinatos: O Conselheiro Kaleb Krychek estivera na área relevante no momento de cada um dos assassinatos. Ele até foi flagrado pelo San Francisco Gazette, deixando uma reunião de manhã cedo com Nikita, no dia em que Edward Chan recebeu uma facada em seu coração. — Isto amarra tão bem, mas ao mesmo tempo, não faz sentido, — ela disse para Max no dia seguinte enquanto terminava de trancar sua bolsa para a viagem de retorno a São Francisco. Com as famílias de todas as vítimas tendo sido notificadas sobre o que estava acontecendo nos bastidores com Bonner, e sem esperança de encontrar mais restos mortais, Max decidiu que eles precisavam voltar sua atenção para a situação de Nikita. — O Krychek não é telecinético? — Max perguntou, com sombras sob os olhos pela falta de sono. — Exatamente, e ele é capaz de se teleportar. — Feria-a vê-lo sofrendo, ela não podia esperar para que estivessem em casa, onde ela poderia envolver os braços ao redor dele, dar-lhe a cessação que ele lhe deu tantas vezes. — Ele teria sido inteligente o suficiente para se teletransportar para cometer os assassinatos, enquanto ele não fosse oficialmente conhecido por estar na região. Pegando a mala dela e atirando a sua mochila própria sobre o ombro, Max foi para os elevadores enquanto ela fechava a porta de seu quarto de hotel. — Pelo que eu sei do Conselheiro Krychek, — ele disse quando ela chegou ao seu lado, — ele é um operador frio como pedra. Eu não posso vê-lo perdendo tempo com o teatro de um falso suicídio. — Eu nunca ouvi uma confirmação, mas há rumores constantes de que ele foi criado por um sociopata, que ele é um assassino no coração. — Ela viu Krychek uma vez, do outro lado do lobby de um hotel, mas a presença dele a fez alterar sua rota, tomar o longo caminho para o seu destino, a fim de evitá-lo. Fora autopreservação, a alteridade nela reconhecendo uma inteligência igualmente letal, e muito, muito mais fria.
200 Max passou a mão sobre o queixo que ela o viu barbear alguns minutos atrás, quando ela fora para o seu quarto ostensivamente para falar sobre o caso. A experiência fora dura e lindamente íntima. — O padrão é político demais para um assassino em série, — ele disse, esperando até que ela entrasse no elevador antes de continuar. — Esse tipo de surto sociopata não teria permitido a ele manter seus impulsos sobcontrole a ponto de apenas cometer assassinatos à beira de um grande negócio. — Há outro boato que pode ser mais oportuno, — Sophia disse, enrolando os dedos em suas mãos para evitar tocar a pele suave do queixo dele, respirando o pinho fresco de sua loção pós-barba. — Que Nikita e Krychek possuem algum tipo de aliança. — Agora isto se encaixa no padrão, — Max murmurou enquanto as portas se abriram no nível da garagem. Seguindo para o veículo que alugaram no aeroporto, um veículo que passou a totalidade das últimas quarenta e oito horas parado na garagem, Max recebera acesso a um carro dos Executores, enquanto Sophia permanecia no hotel para trabalhar, ele soltou suas bagagens no porta-malas. — Alguém está tentando causar desconfiança entre os dois. — E... — Ela foi cortada por o sinal sonoro de seu telefone celular. Puxando-o para fora, ela disse, — Sophia Russo. — Graças a Deus eu peguei vocês, o telefone de Max não completa. — Era uma voz desconhecida, tremendo como se o orador tivesse corrido uma centena de quilômetros. — Aqui é Faith NightStar. Entrando no carro quando Max abriu a porta para ela, Sophia imediatamente percebeu o motivo da chamada. — Você teve uma visão. — E as visões de uma cardeal VPsy possuíam precisão de um centésimo de um ponto decimal. — Sim, — Faith disse enquanto Max estalava seu cinto de segurança e foi colocar sua impressão digital na partida. — O carro foi sabotado. Você entendeu? — Palavras frenéticas. — Não ligue o motor. O polegar Max roçou o interruptor da ignição. — Não! — Sophia empurrou a mão de Max para longe da ignição com uma força que fez a cabeça dele estalar em sua direção. — Sophia! — A voz de Faith se fundiu com a demanda de Max para saber o que estava acontecendo. — Eu estou bem, — ela disse à Faith, tremores sacudindo sua forma. — Nós dois estamos bem. Aqui, é melhor você falar diretamente com o Max. Inclinando-se para trás no assentou, ela tentou fazer seu coração bater em um ritmo normal enquanto Max tinha uma discussão curta e penetrante com Faith.
201 Fechando o telefone, ele ordenou que ela saísse do carro. Nenhum dos dois disse uma palavra até que eles estavam em frente ao veículo de aparência inócua. — Vou chamar o esquadrão antibombas, — Max disse, usando o telefone celular dela para fazer a chamada, quando o seu provou ter uma bateria descarregada. — Eles vão estar aqui em cinco minutos, no máximo. — Então logo? — Ela precisava se concentrar no mundano, no prático... em vez de no fato de que Max esteve terrivelmente perto da morte. Max tocou levemente em suas costas, e ela percebeu o quanto sentira falta do contato no ritmo frenético dos últimos dois dias. Ninguém jamais lhe disse que toque era algo em você que se tornava viciado, a sua perda se tornando uma fome, uma profunda dor interior. — Eles trabalham no mesmo prédio dos Executores que usamos como base. — Sua mão caiu quando um veículo dos Executores entrou na garagem. — Ainda assim, isso foi extremamente rápido. Dois homens e uma mulher saíram, todos os três usando equipamento de proteção do esquadrão antibombas. — Contem-me o que vocês sabem, — a mulher disse. — Recebemos o aviso de uma V-Psy... — Max começou. — Vidente? — A mulher assobiou. — Eu não sabia que eles faziam previsões civis, ouvi que era tudo negócios. — Faith NightStar, — Max disse. — Ela é parte dos DarkRiver. Ela viu o carro explodir depois que eu liguei o motor. — Hmm... Dada a tecnologia atual, tem que ser algum tipo de mensagem de detonação a ser enviada ao dispositivo real. — Ela já estava se movendo em direção ao carro, o equipamento em mãos. — Vocês dois podem querer deixar a garagem. Não estão usando equipamentos de proteção. Max acenou para a rampa de entrada. — Estaremos esperando do lado de fora. — Vou te dar um grito assim que localizar qualquer coisa.
Faith andava através da caverna lindamente iluminada que era o seu escritório caseiro, esfregando as mãos para cima e para baixo de seus braços. — Está com frio, querida?
202 Olhando para cima, ela encontrou Vaughn na porta. Seu jaguar tinha uma faixa de pó branco no rosto, um rasgo na parte inferior de sua camiseta, e era tão maravilhoso que ainda não podia acreditar que ele era dela. — Não. — Mas caminhou para seus braços. — Abrace-me. — Ei. — Seus braços foram ao torno dela, fortes e quentes, uma mão segurando um cinzel que ele claramente estava usando em sua escultura atual. — Eu pensei que você tivesse dito que estava tudo bem com o policial e a J dele? — Eles estão bem. — Ela passou os dedos sobre o pó arenoso que cobria a pele de seu braço. — Mas eu ainda tenho esse saber que algo ruim está por vir. — Ela odiava os saberes amorfos ainda mais do que as visões sombrias. Pelo menos as visões lhe mostravam algo concreto, algo com que ela poderia lutar ou evitar. — É um saber emocional, ligado a alguém que é importante para mim. — Você tentou os exercícios com que tem trabalhado para afinar o seu controle sobre suas habilidades? Ela assentiu com a cabeça, deslizando as mãos sob a camiseta e para o calor de suas costas musculosas. — Eu não consigo romper o véu. E Vaughn, é algo muito, muito ruim. — Gelo enchia seu coração, revestia suas veias. — E se eu não conseguir evitar? — E se ela perdesse uma das pessoas que amava? Vaughn apertou os lábios em sua testa. — Nós discutimos isso. Você vai enlouquecer se assumir a responsabilidade por todo o mal que não conseguir evitar. — Seu tom de voz era suave, mas absoluto. — Você salvou duas vidas hoje. Celebre isso. Erguendo a cabeça, ela encontrou aqueles olhos dourados, olhos de um gato selvagem que se tornou humano, que se tornou o fulcro de seu universo. — É difícil. — E parte da razão pelas quais muitos V-Psy ficaram irrevogavelmente loucos no passado, aquela necessidade de salvar cada vida, evitar todo sofrimento, poderia devorar os incautos. — É por isso que você tem a mim. — Lábios contra os seus, proteção intensa no modo como seu corpo curvou sobre o dela. — Vamos ver se não conseguimos colocá-la em um melhor estado de espírito. — E então seu jaguar estava ronronando baixo em sua garganta enquanto tirava as roupas dela. — Vai depender de você, se está relaxada. Ela sentiu o coração ficar mais leve com humor sensual. Ah, como ela precisava dele. Sua capacidade de brincar, de rir, de amar, fazia toda a escuridão suportável. — Então você está me deixando nua para meu benefício? Um olhar tão inocente, que teria deixado um dos gêmeos indisciplinados de Tammy orgulhoso. — É claro.
203 Faith o deixou amรก-la, o deixou consolรก-la... E esperou que rompesse o impasse em sua mente. Porque seja o que estivesse por vir, era uma escuridรฃo esmagadora e aterrorizante que sempre significava apenas uma coisa. Morte.
204
Nós não escolhemos nossos pais. E os erros deles não são nossos. Você é o que você faz de si mesmo, nunca se esqueça disso. —Max Shannon, em resposta a um e-mail do único sobrevivente do assassinatosuicídio de Castleton.
Sophia se permitiu encostar contra a parede da garagem uma vez que saíram para a rua tranquila do lado de fora. Ela não estava preocupada em disparar sinos de alarme caso fosse apanhada na vigilância, mesmo Psy às vezes perdiam a postura perfeita, que lhes foi marcada como um sintoma e indicação de controle. Max se firmou com um braço na parede ao lado dela, seus olhos em chamas, embora mantivesse distância. Seu toque mais cedo seria desconsiderado por todos como uma ação humana inspirada pelas emoções do momento. Mas se ele a tocasse agora, Sophia sabia que não seria capaz de resistir a ruir em seu abraço. — Você está bem? — Tom áspero, violência contida. Ela queria tanto rastejar para seus braços, segurar a sólida realidade dele até acreditar que ele estava vivo, estava seguro. — Sim. Linhas repuxavam a boca de Max. — Isso tem que estar ligado ao trabalho que estamos fazendo para Nikita. — Não necessariamente. — Percebendo que ele estava focando sua raiva no trabalho, ela colocou seu cérebro lento para funcionar. — Bonner é muito rico, e Bartholomew disse que ele tem muitas fãs.
205 — Eu vou
fazer com que
seus registros
de
visitante e
registros de
correspondência sejam verificados. Mas o fato é, ele gosta de brincar com você, não acho que faria com que fosse morta. — Ele não tem como saber que estou trabalhando com você em outro caso, — ela disse, com as mãos úmidas dentro de suas luvas, o batimento cardíaco irregular, — especialmente se esse plano em particular foi posto em movimento antes de nos conhecermos. Ele o considera seu adversário, não é? — Ela vira as notas, notas que Bonner enviara para Max enquanto ele ainda era um assassino serial desconhecido. Cada um era uma provocação, uma declaração de sua superioridade. Mas, então, Max o pegou. — Porra. — Soprando uma respiração, Max cerrou o punho contra a parede, a textura áspera do plascrete esfregando contra sua pele. Ele não queria nada mais do que agarrar Sofia e arrastá-la para seu o peito, esmagá-la até que o medo martelando em seu batimento cardíaco caísse para algo menos angustiante. — Max, — uma palavra suave, um aviso de uma J com olhos cheios de terror relembrado. Empurrando a outra mão no bolso para se impedir de alcançá-la, ele disse, — Bonner gosta de agir de perto e pessoalmente. Sophia assentiu, seu cabelo levantando na brisa que fez uma garrafa de refrigerante descartada descer rolando pela rua vazia. — Sim, uma bomba é algo mais apto a ser usado por aqueles da minha raça, especialmente se o objetivo era conveniência. — Vamos ver o que o esquadrão antibombas tem a dizer. Eles tiveram que esperar mais quinze minutos antes do esquadrão liberar tudo, tendo removido o dispositivo e o colocado em um recipiente à prova de explosão. — Alta tecnologia, — disse o membro feminino da equipe. — Nada que a proporção média pudesse fazer por conta própria. Max agachou-se ao lado dela, consciente dos dois homens dando uma olhada em Sophia. Se eles sequer sorrissem errado em sua direção, aqueles rostos iriam bater no bom e velho concreto do chão da garagem, ele não estava em um humor racional agora. — Alguém rico? — Claro. Os ricos podem conseguir qualquer coisa, mas teria que ter algum contato bastante forte, este material é grau Defesa. — É de uma empresa Psy? — Sophia chegou tão perto ao lado dele, que ele poderia estender a mão e curvá-la ao redor da tentação suave da panturrilha dela.
206 Embora ele se forçasse para não tocar, sua proximidade acalmou o limite arrebatador de seu senso de proteção. — Não é possível dizer a partir de um olhar superficial, mas eles são os líderes em tecnologia de explosivos, então eu supondo que sim. — Ela trancou a caixa. — Você quer que eu chame a perícia? — Obrigado. — Levantando-se, despediu-se dos especialistas de bombas assim que dois policiais uniformizados chegaram para manter a cena segura. — A Detetive Chen está a caminho, — disse um deles. Conseguindo o número de Chen com eles, Max fez uma ligação para ela, então uma para Bart, contando-lhe do incidente e pedindo para que seu pessoal revisasse a correspondência de Bonner e os registros de visitantes. — Eu vou organizar isso, — Bart disse. — Fico feliz que você esteja seguro. — Obrigado. — Terminando a chamada, Max fez outra pedindo uma carona até o aeroporto. — Não deveríamos ficar para a investigação? — Sophia perguntou. — Não há motivo. — Max queria Sophia fora daqui, a queria segura. — Eu conheço Chen, e ela é uma bela de um detetive. Ela vai nos manter atualizados se descobrir algo, e ela não se importa em tomar nossos depoimentos através de uma teleconferência. — E se isto estiver ligado a Nikita em vez de Bonner, — Sophia disse, — Então precisamos estar em São Francisco. — Sim, porque mesmo Psy com certeza não iriam tentar explodir um policial a cinco minutos de uma estação de Executores, a menos que eles estejam planejando algo bem espetacular. Ou chegamos muito perto de algo... —... Ou a intenção era que fôssemos uma distração, — Sophia concluiu. A pergunta era. Quem ou qual alvo era importante o suficiente para se arriscar a derrubar um policial? O fato de que ele fosse humano não negava o perigo, todas as políticas de lado, o comando dos Executores levaria o assassinato de um de seus oficiais como um ataque pessoal.
Sascha sorriu quando Lucas parou em uma lojinha de esquina para lhe comprar um sorvete. — Obrigada, Sr. Hunter.
207 — De nada, Sascha querida. — Ele balançou a cabeça enquanto se afastava da loja. — Eu não sei para onde tudo isso vai. Ela deu uma mordida contente em seu sorvete de chocolate com cobertura de chocolate. — Não me deixe louca. Ele estremeceu. — Eu acho que você cumpriu sua cota de loucura hoje. Ela fez uma cara para ele, capaz de ouvir o humor de gato em sua voz. — Não existe uma cota, não uma vez que você comece a carregar por aí uma bola de boliche em sua barriga. — Um tapinha para tranquilizar o bebê, que parecia estar dormindo. — Não que eu não adore a nossa bolinha de boliche. Um olhar apaixonado do gato ao seu lado. — Por que estamos indo para o trabalho? — Porque eles precisam que você assine documentos. — Saboreando o delicioso prazer, ela suspirou. - Está um dia tão bonito. — Vamos dar um passeio pelo Presídio antes de irmos, — ele disse, referindo-se à região de floresta nos arredores da cidade. — Você pode encontrar um agradável local ensolarado para comer o seu sorvete enquanto eu tiro uma soneca. Ela lhe lançou um olhar sorridente, calor enchendo seu corpo com a lembrança de exatamente por que ele estava tão privado de sono. — Você está reclamando? — Não. — um sorriso perverso. — Estou planejando a minha vingança.
Max e Sophia haviam passado por cada pedaço de evidência relacionada ao caso de Nikita duas vezes enquanto seu voo somava vinte minutos. — O que estamos perdendo? — Max murmurou, frustrado com a sensação de que eles estavam cegos a algo extremamente importante. Bonner e seus jogos distorcidos simplesmente não se encaixavam. A baunilha do xampu de Sophia sussurrava através de seus sentidos enquanto ela inclinou a cabeça sobre o organizador, uma carícia invisível. — Seja o que for, deve acontecer em breve, para que viessem atrás de nós em um local de alto risco. — Ambos perceberam que a bomba poderia ter sido plantada a qualquer momento nas últimas quarenta e oito horas. O que significava. — Temos que trabalhar no pressuposto de que o cronograma esteja muito, muito apertado agora.
208 — Um ataque tão cedo vai quebrar o padrão de assassinatos antes de um grande negócio. — Max conversara com Nikita antes do embarque no jatinho, reafirmou que nada estava nem perto de final. — Por quê? — Alguma coisa os fez empurrar sua programação para frente. — A coxa dela roçou a sua. O toque fugaz era um bálsamo, centrando-o. — O pessoal de Nikita, alguém que vai estar fora de alcance fácil por um longo período de tempo? Sophia digitou na tela de seu organizador com movimentos rápidos. — Praga, Berlim, Tóquio, dificilmente locais fora de rota. E qualquer um que vai partir voltará dentro de uma semana ou duas, no máximo. — Tem que ser uma questão de acesso, — Max murmurou. — E, por alguma razão, eles estavam preocupados que nós descobríssemos... — Você, Max. — Os olhos de Sophia se transformaram em um intenso e incrível violeta noturno. — Eles estavam preocupados que você descobrisse, você é o coringa nesta situação, um ser humano cujos processos de pensamente eles não podem prever. — Okay, então um alvo que um Psy não pensaria de imediato, juntamente com uma letal... Gelo se arrastou por suas veias, direto para seu coração. — Não. — Max? — Onde diabos eu vi isso? — Alcançando no bolso do assento à frente dele, tirou o módulo de entretenimento. — Eles estavam piscando as seleções na tela grande quando embarcamos, lembra? — Sim, mas o que você... — Ali! — Ele parou na primeira página de um tabloide nacional. A manchete era: Furo! Sascha Duncan está grávida! Abaixo disso estava outra manchete em uma fonte um pouco menor: Alfa dos DarkRiver Mantém Cativa a Companheira Grávida! Max abaixou o módulo. — Os bastardos estão com medo dos gatos realmente estarem prestes a colocar Sascha em um esconderijo. Uma sensação de mal estar floresceu na boca do estômago de Sophia enquanto se lembrava do calor brilhante da presença de Sascha. A E-Psy era algo incrivelmente bom, algo que a raça delas precisava proteger, e não ferir. — Nossos telefones celulares não vão funcionar. — Como resultado de acidentes no século XX, todos os dispositivos eram agora bloqueados automaticamente quando um jatinho estava no céu. Max já estava se levantando. — Eu vou falar com o comissário de bordo, conseguir uma chamada de emergência. — Espere, — Sophia disse. — Isso vai demorar muito. Eu vou fazer isso na PsyNet. — Embora fosse um telepata muito forte, seus escudos estavam violentamente
209 degradados. Se ela tentasse transmitir para tão longe sem a ajuda da Net, eles podiam entrar em colapso, matando-a antes que a mensagem chegasse ao destinatário. — Você faz isso na Net, eu vou fazer a chamada, cobrir nossas bases. Assentindo, ela fechou os olhos para garantir o foco total e abriu seu olho psíquico. Ela não tentara cruzar seus novos escudos antes de hoje, mas se eram dela, deviam obedecê-la e o fizeram, envolvendo-a em distintos firewalls móveis enquanto ela saía para a PsyNet. Obrigando-se a ignorar o influxo violento de informação que era o rio infinito da Net, ela mirou diretamente para mente de Nikita. Como esperado, os escudos da Conselheira eram além de impenetráveis, mas Sophia começou a tentar quebrá-los. Era a maneira mais fácil de garantir que ela chamasse a atenção de Nikita o mais rápido possível. Levou apenas uma fração de segundo. — Srta. Russo. — A presença gelada de Nikita. — As pessoas que tentam invadir os meus escudos não costumam sobreviver. Sophia sabia muito bem que se arriscou a pegar infecção por um vírus mental se a Conselheira tivesse envolvido suas defesas com a sua própria marca de veneno. — Você precisa mandar uma mensagem para Sascha. Achamos que ela é o próximo alvo. — Detalhes? — Nada de concreto, mas vai acontecer muito em breve. Nikita rompeu o contato. Abandonando a Net, Sophia descobriu que ela estava segurando os braços do assento tão forte, que seus tendões apareciam brancos contra sua pele. — Sophie, querida, fale comigo. Foi um comando de voz suave, com a intenção de chegar apenas aos seus ouvidos enquanto Max voltava para deslizar em seu assento. — Eu contei a Nikita. — Ela engoliu em seco, percebendo algo muito tarde. — Eu só espero que ela seja a pessoa certa para contar.
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Uma coisa que eu aprendi depois de tantos anos neste trabalho - ninguém é simples, ninguém é unidimensional. E ainda, as pessoas me surpreendem. — A partir das notas dos casos particulares do detetive Max Shannon
Ambos os telefone de Sascha e de Lucas começaram a apitar com o código de emergência do clã quando estavam a duas ruas para chegarem ao HQ. Em seguida, o telefone do carro começou a apitar. — Que diabos? — Lucas parou em fila dupla ao lado de uma monstruosidade magenta brilhante que Sascha estava o provocando para comprar. — Isso será meu, — Sascha estava dizendo quando sentiu uma pancada telepática em sua mente. Firme, familiar. Mãe. Seu próprio alcance telepático era pequeno, mas o de Nikita era tão grande, que ela ouviria a voz mais fraca de Sascha. Você pode ter sido escolhida como alvo pelos meus inimigos. Eu entendo. Os métodos que eles usaram até agora sugerem que eles não têm um telecinético teletransporte, capaz à sua disposição. Eu vou me certificar de que serei cuidadosa com meus arredores físicos. Não se esqueça dos explosivos. Não.
211
Eu vou organizar proteção. Obrigada, Mãe, Sascha disse, a emoção uma pedra em sua garganta, mas o clã irá cuidar de mim. Eu prometo. Muito bem. A mente de Nikita se foi, mas Sascha não considerou isso com desaprovação. Olhando para Lucas, ela viu que seus olhos verdes tinham se transformado em gato. — Minha mãe só me alertou que eu poderia ser um alvo, — ela disse. — Eu pensei que você estava se conectando com alguém. — Dando partida no carro, ele retornou para o caminho que eles tinham vindo, saindo da cidade e em direção a sua casa. — Faith teve uma visão, isso foi o seu telefone. Dorian encurralou um franco-atirador em sua ronda de segurança, isso era o meu telefone. E Clay recebeu um telefonema de Max antes de seus próprios informantes
lhe
contarem
sobre
outro
homem
suspeito
no
prédio
de
apartamentos em frente ao HQ - isso era o telefone do carro. Sascha soltou um suspiro. — Querido, você percebeu que isso significa que o bebê e eu nunca estivemos em perigo? Lucas apertou o volante como se ele quisesse arrancá-lo. — Eu não irei me acalmar por um tempo, então lide com isso. Estendendo a mão, ela esfregou as costas da sua mão sobre sua bochecha. — Desde que nós estamos voltando para casa, eu terei muita privacidade para mimar você. — Uma cotovelada em seu estômago, um toque no seu coração. — E você pode acariciar-me de volta. O leopardo lançou-lhe um rápido olhar. — Eles teriam machucado você, também. — Como eles se atrevem! Lucas pegou sua mão e a levou a seus lábios. — O clã nunca teria deixado isso acontecer. A maneira astuta que seu leopardo lhe disse suas próprias palavras para ela quando o convinha, fez com que passasse a raiva e deixasse somente uma necessidade profunda de tocar, de amar, de cuidar. — Leve-me para casa, Lucas. Max telefonou para Lucas no instante em que pousaram. — Ela está segura? — Nós estamos ambos muito bem – você é a razão da Nikita saber?
212
— Sophie conseguiu passar uma mensagem através da PsyNet. — Clay e Dorian tem alguma informação de fora em nossa sede que você deve ver, provavelmente não deve ter vindo das linhas de comunicação. — Um suspiro longo e abatido. — E, policial... obrigado. Desligando, Max acenou para Sophie. — Ela está bem. E nós podemos ter um líder. — Ele esperou até que eles estivessem a sós dentro do carro para chegar mais perto e fechar a mão sobre sua coxa, com a palma da mão separada de sua pele por nada, exceto o material de sua saia. Ele entendeu exatamente quão selvagem o alfa dos DarkRiver estava se sentindo naquele momento. Se Faith não tivesse avisado sobre a bomba... — Eu quero te despir até a pele e te conduzir até ambos estarmos gritando. — Max. Ele levou três minutos para se controlar com os dentes rangendo antes que ele pudesse começar a dirigir. Nenhum dos dois disse uma palavra até que entraram no edifício DarkRiver. Clay encontrou com eles no lobby e os levou para cima para uma sala de reuniões, onde Dorian estava esperando. O sentinela com seus olhos azuis, loiro e de boa aparência levantou a mão. — Aqui está toda a história, o assassino que achei comeu algum tipo de comprimido suicida de merda. Eu não havia visto nada parecido fora dos dramas históricos. — Eu trabalhei em um caso onde um pequeno culto cometeu suicídio em massa, — Max disse, sua mente com imagens sombrias em cascata de pequenos corpos enrolados ao lado de outros maiores que deviam estar protegendo, não prejudicando. — Eles usaram um vinho misturado com veneno. — Isso trata de devoção fanática, — sua J disse, — ao invés de profissionalismo. — Mas ele era um profissional, também. — Dorian mostrou-lhes algumas imagens na tela de comunicação. — Sua arte, a maneira como ele ficou esperando tempo suficiente para ter deixado para trás o DNA, se você sabe o que quero dizer, o homem sabia o que estava fazendo. — Onde está o corpo? Clay foi quem respondeu. — No necrotério da Execução. — E o outro? — Max perguntou.
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O sentinela olhou enojado. — Ele descobriu que estávamos em cima dele e correu. Eu tive que trazê-lo para baixo em uma área pública – a Execução estava lá dentro de um minuto. Ele está sentado em uma cela e não está falando agora. Sem dúvida ele é um Psy. — Há mais uma coisa. — Dorian pegou o que parecia ser um cartão de visita para fora da mesa. — Isso foi deixado para trás no quarto onde o segundo atirador estava escondido. — Isso é uma prova. — Max fez uma careta. — Merda, você está contaminando como um inferno isso. — Confie em mim, — Dorian disse, — você não quer isso nos sistema. E nós tratamos disso. Max olhou para baixo para ver que o cartão trazia uma única linha de texto - que parecia ser um código de comunicação. Virando-o, ele leu a nota manuscrita: Sascha, DR HQ — Eu reconheço esse código, — Sophia disse em uma voz calma. — É a linha privada da Conselheira Duncan. — Muito bem guardado, — disse Dorian. - E disponível apenas para um grupo seleto. Max sacudiu a cabeça. — Nikita não está por trás disso. E a escrita - está faltando o horário. Sophia tomou de sua mão. — Eles iriam inserir isso uma vez que eles conseguissem bater em Sascha, fazer parecer como se a Nikita lhes tivesse dado a localização e o horário. — Ela colocou o cartão de volta na mesa. — Mas o fato de que eles têm este número ainda implica em alguém do círculo íntimo de Nikita. — Outro conselheiro também poderia ter isso, ou sido capaz de conseguir isso, — disse Max, com os olhos apertados. — Não há dúvida de que Nikita tem um buraco dentro de sua organização, mas existe um poder muito maior por trás disso. — Eu já enviei aos nossos informantes um alerta para qualquer coisa que possa estar relacionada. — Disse Clay com uma fúria sã mantida em segredo. — Vocês precisam de nós, estaremos lá. Max bateu o cartão. — O que você achou?
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A carranca de Dorian não fez nada que diminuísse a beleza de seu rosto. — A única impressão utilizável foi - surpresa, surpresa – de Nikita. — Eles realmente pensaram que íamos cair nessa? — Max tinha visto a forma como os gatos operavam - eles eram predadores altamente inteligentes. A boca de Dorian ficou ameaçadora. — Se eles tivessem conseguido ferir Sascha, nós não iríamos pensar muito direito. Os leopardos já teriam passado para o sangue. E, Sophia percebeu com um calafrio no coração, a carnificina que teria começado uma guerra.
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Nikita pensou muito arduamente sobre o seu próximo movimento, considerado, também, o que poderia trair. Nada. Se ela tivesse cuidado. Pegando o seu celular, ela introduziu um código. Anthony Kyriakus respondeu depois de alguns segundos. — Nikita, isto é inesperado. Sim, Nikita pensou, era. Embora eles ocupassem a mesma área base do estado, seus caminhos raramente colidiam. O império NightStar foi estruturado em torno das previstas habilidades que eram as mais prevalentes em sua linha genética, enquanto a empresa de Nikita tinha uma base muito mais prosaica em habitação e design. Mas. — Nós temos certos assuntos em comum. Uma pausa. — Isso é uma questão do Conselho? — Não. — Isso os deixou com apenas um fio condutor, um fio que eles nunca tinham antes discutido. — Sascha foi alvo de meus inimigos hoje. Você pode querer garantir a segurança de Faith. — Eu não acho que você está fazendo isso por bondade de seu coração. Nikita não tinha um coração. O que ela tinha era cérebro e um instinto de sobrevivência que não via nada de errado com assassinato, manipulação e traição. Mas ela não era inconstante. Isso era ruim para os negócios. — Pareceme, — ela disse, — que os nossos objetivos coincidem com mais frequência do que as negativas em relação aos assuntos de tarde no Conselho. — Você está aliada à Krychek.
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— Você também. — Isso era, ela sabia, menos do que uma aliança comparado ao que ela tinha com Kaleb, mas existia. — Eles estão tentando tomar o nosso território, Anthony. — Isso é o erro deles. — E, pela primeira vez, ela ouviu o aço puro que havia feito Anthony Kyriakus uma ameaça muito antes de ele se tornar Conselheiro.
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Para o meu policial - Eu nunca imaginei que você pudesse existir, que você existia, para alguém como eu. Eu nunca imaginei que você me olharia do jeito que faz. Eu nunca imaginei o quão difícil seria dizer adeus. — Sophia Russo em uma carta criptografada e codificada com temporizador para ser enviada para Max Shannon após sua morte.
A principal estação da Execução em São Francisco era um complexo cheio até a borda com os humanos - e no presente, um assassino Psy. Sophia respirou fundo enquanto eles eram levados para baixo pelo curral e pelas pequenas instalações da empresa na parte de trás da estação. Tantas vozes, tantas pessoas, tantas lembranças e sonhos - eram um zumbido incessante em sua cabeça, seus escudos já tensos após o tempo gasto no espaço fechado da aeronave. Embora ela mantivesse seus braços apertados ao seu corpo, o rosto virado, as pessoas ainda esbarravam nela. Ela tinha conseguiu evitar o contato pele com pele até agora - principalmente porque Max estava usando seu próprio corpo para proteger o dela nas formas mais sutis, mas era impossível fazer qualquer coisa, a não ser friccionar os seus dentes contra o ataque do barulho psíquico. Esperanças e desejos. Ódios e amores. Alegrias e tristezas. Apesar dela não poder ler os pensamentos específicos, ela podia sentir o peso colossal desses pensamentos golpeando sobre ela. A pressão contra seus
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escudos era imensa - ela estava aterrorizada que isso pudesse criar uma fratura, esmagando-a sob uma avalanche de pesadelos das outras pessoas. — Aqui está. — O policial que os escoltava parou na frente de uma cela. — Ele não disse uma palavra. — Obrigado. — Max estendeu a mão. — Eu agradeço a colaboração. O policial apertou, mas seus olhos eram planos. — Você tem apoio Psy. Chame-me quando tiver terminado. A boca de Max estava marcada com linhas brancas enquanto o outro homem foi embora. Ela queria consolá-lo, mas o que poderia dizer? Ela era Psy, parte específica da raça cuja histórica arrogância fazia com que Max fosse visto como um traidor de seu próprio povo. Seu olhar encontrou o dela naquele momento e algo nele parecia diminuir. Indo em direção as antigas barras de aço desta cela temporária, ele disse: — Manter a sua boca fechada não irá fazer você conseguir nada, não enquanto você estiver no território de Nikita. O homem sentado em uma cama do lado da sala não fez nada, nem um movimento como virar a cabeça. Max tentou novamente. Com o mesmo resultado. E mudou para olhar para ela, Max levantou uma sobrancelha. Ela deu um passo mais perto das barras. — Fanatismo, — ela disse, mantendo o tom claro, silencioso, puro, — é uma violação do Silêncio. Sem resposta, mas ela sabia que ele estava ouvindo. — O fato de que o seu colega cometeu suicídio quando ele estava de corpo e mente sã nos refere ao fanatismo. O homem levantou a cabeça. — Pode muito bem ter sido uma decisão tática para privar o inimigo de uma pessoa para interrogar. — Mas você não seguiu esse mesmo caminho, — ressaltou. - Você não estava de acordo com suas ações. — Não tenho nada a esconder. — Palavras tranquilas — Não é nenhum crime estar em um apartamento em São Francisco. Mesmo um com vista para o edifício DarkRiver. Sophia se perguntou se o homem tinha realmente pensado nas consequências de suas ações. Tratar-se com termos legais não iria salvá-lo, e não
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quando ele provou a si mesmo como parte da conspiração contra a Nikita. Recuando, ela baixou a voz para que ela chegasse somente a Max. — Nikita não sabe ainda. — Isso era evidente, porque se ela soubesse, a mente deste homem estaria dilacerada como papel muito antes deles terem a chance de falar com ele. Max apertou sua mandíbula. — Eu não me importo o que diabos ela é - se ela faz isso, eu estou fora deste caso. Eles podem explodi-la, é como me importo. Nikita iria esperar o seu tempo, pensou Sophia. Porque agora, ela precisava de Max. — Você quer tentar mais alguma pergunta, enquanto eu... O grito era afiado, agudo. Mesmo quando os alarmes médicos começaram a tocar, o macho Psy caiu para frente e para o chão, seu corpo debatendo-se ao meio de uma crise que tinha sua cabeça batendo mais e mais contra o chão de cimento. Max tinha acabado de pegar a chave com o guarda no instante após o primeiro grito, porém Sophia se ajoelhou perto das barras, seu coração torcido com piedade. O rosto do suposto assassino estava contorcido e com sangue vazando de suas orelhas, e ali, naqueles momentos finais, Sophia viu o medo preencher sua alma. Alcançando-o através das grades, ela agarrou a mão que batia em sua direção. — Espere, a ajuda está chegando. Sua mão se contraiu na dela, puxando para baixo a luva. E ele tocou um dedo na pele nua em seu pulso. Um grito de som, imagens e pensamento, um ontem enroscado em agonia. Alguém – Max - arrancou de volta a sua mão. — Sophia! Ela piscou, tentando desesperadamente controlar a coisa feia agitando em seu estômago. — Ajude-o. — Isso saiu rouco, áspero. Max sacudiu a cabeça, seus olhos solenes. — É tarde demais. Seguindo seu olhar, ela viu outro agente da Execução no lado de dentro com o prisioneiro, de cabeça baixa com a derrota. Os olhos masculinos do Psy estavam parados em direção ao teto. Nikita foi inflexível dizendo que ela não tinha matado o homem. — Ele foi eliminado para me impedir de descobrir o que ele sabia, — ela disse quando eles a confrontaram. — Se eu tivesse tomado sua mente, arrancado seus segredos, eu
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não teria mais necessidade nem de você nem da Sra. Russo, detetive - e eu garantiria que você soubesse disso. Sophia assistiu Max sustentar aquele olhar arrepiante. — Agora isso, eu acredito. — Isto não teria acontecido se eu tivesse sido notificada no início. Era verdade. Porque ela teria feito o trabalho sozinha. Mas ela não tinha. E naquele momento, Sophia estava muito insensível para considerar qualquer coisa. Ela se sentiu golpeada e ferida no instante em que eles chegaram a casa. Ela não fez o menor protesto quando Max a levou para seu apartamento, em vez de seu próprio. — Vá tomar um banho quente, — ele ordenou, empurrando-a para o quarto e para o banheiro adjacente. — Eu irei fazer algo para você comer. Ela sentiu o tremor do seu lábio inferior e foi uma sensação tão estranha que ela olhou para ele, sem compreender. — Vamos lá, querida. — Palavras macias, um tom gentil enquanto ele a levava para o quarto e virou-a na direção da porta do banheiro, com as mãos em seus ombros, com o cuidado de manter os dedos longe de sua pele. Ele estava cuidando dela, ela pensou, seu estado de choque a deixava sem nenhum tipo defesa. — Você é a primeira pessoa que já tomou conta de mim. — Mesmo antes, seus pais a tinha rejeitado, ela tinha sido nada, exceto uma responsabilidade prática. Max estava muito, ainda muito atrás dela. Então, soltando um longo suspiro, ele se aproximou o suficiente para que suas respirações se misturassem. — Sim? — Um sorriso lento. — Eu acho que isso me faz um homem de sorte. — Movendo-se para encará-la, ele a puxou em seus braços até que ela os abaixou em volta de sua cintura. Então ele tirou a jaqueta. — Querida, se eu a despir, eu não tenho certeza se serei capaz de continuar a ser um cavalheiro. Algo estalou acordado dentro dela, eletrificado com a ideia de Max vê-la nua. — Eu estarei bem. Deslocando-se para trás, Max tirou algo do armário. — Você pode colocar isso em seguida.
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Isso era, ela viu, uma de suas camisas. Ela poderia ter facilmente lhe pedido para ir a seu apartamento e recuperar um pouco de sua própria roupa, mas ela pegou a camisa... Pegou o cheiro de Max em suas mãos. — Obrigada. — Lá está uma toalha reserva na grade. Deixe a porta aberta, — ele disse. — Eu estarei na sala - Eu quero ter certeza que eu te ouvirei se você chamar. Ela não conseguiu encontrar as palavras que queria dizer, então ela forçou seus pés para frente e para o banheiro. Deixando a porta entreaberta, ela ouvia os sons de Max se movendo do quarto enquanto ele se movia. Pelo tempo em que ela tirou a roupa e entrou no chuveiro, ela já não se sentia mais tão perto de quebrar. Ainda assim, havia uma nova fragilidade dentro dela, uma nova fratura em seus mais íntimos escudos psíquicos. Eu não posso quebrar, ela pensou consigo mesma, obstinada em sua raiva, sua necessidade, ainda não. Eu ainda não vivi. Desligando o chuveiro só depois de sua pele estar rosa do calor, ela saiu e usou a toalha extra para se secar, então, pegou a camisa de Max e a levou até o nariz. Ela havia sido lavada, mas ela podia sentir ecos do cheiro inato de Max sob o frescor do sabão. Ela deslizou facilmente sobre seu corpo, pendurada no meio de sua coxa. A cor era branca, mas o tecido era grosso o suficiente para que ela não tivesse que se preocupar com a sua falta de lingerie sendo vergonhosamente óbvia. Não que Max já não tivesse ciente de que ela estava nua por baixo da camisa. Sentindo sua bochecha corar, ela colocou as suas roupas sujas - e luvas - em uma nítida pilha ao lado, depois saiu para o quarto. Ele estava vazio. Satisfeita pelo adiamento, ela se encontrou caminhando para a cômoda. Um pente preto liso estava na superfície, juntamente com uma carteira e um cartão de acesso. A natureza austera disso o convinha, ela pensou, porque apesar de toda a sua beleza masculina, Max era um policial por completo. Tomando o pente, ela o levou para seus cabelos. Sentiu-se maravilhosamente íntima para executá-lo através dos fios úmidos, e ela imaginou como seria tê-lo acariciando seu couro cabeludo com os seus dedos fortes ao invés. — Sophie.
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Assustada, ela deixou cair o pente sobre a cômoda, e virou-se para encontrá-lo encostado ao batente da porta. Ele havia se trocado para uma calça jeans desbotada e uma camisa preta lisa que acariciava seu corpo ágil com uma fácil maciez. — Você parece tão jovem, — ela disse. Com seu cabelo deslizando sobre sua testa e sua expressão aparentemente relaxada, ele poderia ser um garoto da faculdade... Mas havia muito conhecimento nesses olhos atentos. — Olha quem está falando. — Com isso, ele se afastou da batente da porta e diminuiu a distância entre eles com uma graça masculina inerente. — Você está bem com a minha camisa. Ela puxou as mangas da camisa e as rolou até os seus pulsos, nervosa de uma maneira que não poderia explicar. — Max, eu... — As palavras presas na garganta, duras, irregulares. Olhos quase pretos encontraram os dela enquanto ele dobrava os joelhos para ficar mais baixo a sua altura. — O que você precisa? A barragem estourou. — Será que você me abraçaria, Max? Max se aproximou. — Sempre. Mas você tem certeza? Seu escud... — Por favor. Seus braços vieram ao seu redor, suavemente, tão suavemente, como se ele tivesse medo que ela se quebrasse. Mas quando ela mesma se trancou em torno de sua cintura em um abraço apertado de ferro, o seu abraço ficou inquebrável. A eletricidade de seu contato arqueou através dela, mas por baixo de tudo era um silêncio tranquilo, puro. Um suspiro ondulado saiu dela, quando encontrou um doce alívio da pressão incessante das milhões de mentes na vizinhança, os bilhões de pensamentos pressionados em cima dela. Quando Max mudou seu abraço para embalar a parte detrás de sua cabeça, ela estremeceu. Ele congelou. — Sophie? — Tudo o que eu sinto é você, — ela sussurrou contra seu corpo, o calor dele fazendo-a querer esfregar seu rosto contra ele, esfregar a pele contra ele até que ele fosse uma parte dela. — Só você. — Mais? — Uma pergunta rouca. — Mais.
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Inclinando a cabeça, ele tocou seus lábios em sua têmpora, um de seus braços se moveu para cima, para a curva ao redor de seus ombros, seus dedos enredaram em seu cabelo. Ela esperava que ele falasse, mas o que ele fez em vez disso foi deixar cair uma linha de beijos ao longo de sua bochecha e para baixo sobre sua mandíbula. Tremendo da sensação, do prazer quase doloroso do contato, ela ficou na ponta dos pés, tentando chegar mais perto. Uma crua risada masculina. E então Max a beijou. Isto não era uma pincelada, não uma provocante prova. Ele tomou sua boca com a intensidade contida que ela podia sentir vibrando sob os seus dedos, seus músculos tensos, seu corpo inteiro seguro por apenas um ponto. E ela percebeu que ele estava com uma raiva selvagem, um tigre não mais preso na coleira. Sua língua varreu contra a dela, estremecendo seus joelhos. Ela agarrou seus ombros, tentou se pendurar, se afogando no gosto escuro, masculino dele. Seu coração estava batendo rapidamente dentro de sua caixa torácica, sua mente um lugar de estilhaçado caos. A única âncora, a única realidade, era Max. Os músculos de seu ombro mudando sob seu alcance, ele alterou um braço para baixo para fixar sobre a parte inferior das suas costas, com a mão amassando o material da camisa. O ar acariciou as costas de suas coxas, e ela se lembrou que estava em pé na frente de um espelho. Mas o pensamento foi embora no instante seguinte, ele puxou seu cabelo para virar a cabeça para mais um beijo profundo, quente e sexual. Molhado, aberto e exigente, era o contato mais íntimo de sua vida. O peito dela ficou apertado, tão apertado. — Respire. — Uma ordem dura enquanto Max quebrava o beijo. Sugando uma respiração ofegante, ela apertou sua boca de volta para a dele. Beijar era... selvagem e emocionante e tão chocantemente íntimo, ela não tinha certeza de que ela poderia lidar com o que vinha depois. Mas ela o faria. — Não. — O protesto veio de fora enquanto ele quebrava o beijo uma segunda vez e agarrava seus braços, segurando suas mãos para longe dele. Um rubor vermelho dispôs sob suas altas maçãs do rosto, e sua voz, quando falou, tremeu com a força da emoção, — Você não está pensando direito.
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— Eu não posso ficar sozinha, Max. — Ela tentou diminuir a lacuna entre eles, mas ele era muito forte. — Eu quero você. — Você teve um baita de um choque psíquico hoje, — ele disse, recusando-se a ceder. — Eu não estou prestes a deixar você causar mais danos, sobrecarregando o seu... — Pare com isso, — ela estalou apesar do fato de que sua pele era tudo, exceto cheia de necessidade, e teve a satisfação de ver os seus olhos apertados. — Eu não sou uma criança que você tem que proteger. Eu sei o que eu quero. Max sibilou uma respiração. — Seus escudos... — Eu não sei o que está acontecendo com meus escudos, — ela disse, cega em sua necessidade, — mas sei que agora, eu sou um enigma para aqueles na PsyNet. Esta é a minha chance. Se o escudo falhar amanhã, se minha mente se rasgar, que assim seja, mas não se atreva a nos negar isso, porque você acha que está me protegendo. Não ouse. Os dedos de Max flexionaram em seus pulsos, mas ele não a puxou para frente. — E eu? — Perguntou ele, a raiva um fio vibrando em sua voz. Ela foi pega de surpresa com a pergunta, pela emoção brilhando em seus olhos. — Max... — Que porra você acha que vai fazer comigo, te amar, em seguida, assistir você ter sua mente quebrada? — Veias se destacaram ao longo de seus braços, como se ele estivesse tendo que se manter em um feroz estado para não a sacudir.
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A expressão de Sophia passou de uma emoção para a outra na velocidade da luz, mas Max já tinha a antecipado, segurando-a firmemente quando ela tentou puxar-se para fora de seu alcance. — Não, — ele disse, — você não pode ser covarde e se afastar agora. Seus olhos brilhavam com o fogo. — Eu não estou sendo uma covarde. Você está certo - foi egoísmo da minha parte pedir isso a você. — Então você vai embora? Basta colocar isto em um canto da sua mente Psy e esquecer que nós alguma vez nos tocamos? Um tremor no seu lábio inferior que ela tentou esconder dele. — Sim. Eu sou Psy. — Palavras habituais, seu rosto virado para o lado. — Eu aprendi a compartimentar. — Mentirosa. — E então ele a beijou novamente, incapaz de parar, quaisquer barreiras restantes que ele tinha, havia sido despedaçada por sua proximidade, seu cheiro, sua presença, a maldita maneira que ela estava tentando tão arduamente combater a dor profunda de sua necessidade, porque ela não queria magoá-lo. Sua boca se abriu sob a dele até mesmo quando ela tentava libertar seus pulsos. Ele a segurou no lugar um segundo antes de liberá-la. Em vez de empurrá-lo o que ele meio que esperava, ela colocou os seus braços em volta do seu pescoço e o encontrou toque por toque, lambida por lambida. Gemendo, ele amassou a camisa que ela vestia com uma mão, descendo para embalar suas nádegas com a outra.
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Sophia gemeu em sua boca, e de alguma forma ele encontrou a presença de espírito para levantar a cabeça e perguntar: — Isto está machucando você? — Não. — Ela o puxou de volta e usou as habilidades que ela tinha acabado de aprender para deixá-lo louco. Ele sentiu seus dedos cavando a sua carne macia, e suavizou o seu abraço. A sua resposta foi o raspar dos dentes sobre sua mandíbula e ao longo de seu pescoço. Suas mãos se apertaram novamente e seus olhos passaram rapidamente pelo espelho em suas costas. O erotismo cru da imagem estava além de qualquer coisa que ele tinha ousado imaginar. Sua pele era de um corado delicado, uma suavidade cremosa contra as suas mais ásperas mãos escuras. Percebendo que ela havia ficado parada, ele olhou para seu rosto. Seus lábios estavam separados e inchados de seus beijos. — O impacto visual é muito intenso? Isso foi tão o jeito de Sophia de se colocar que o limite quase violento de sua fome se mudou para algo diferente, requintadamente tenro. — Eu não acho que você esteja pronta para isso ainda, — ele murmurou, entregando-se ao acariciar com a mão a sua carne exuberante. — Mais tarde? — Mais tarde. — Chupando o seu lábio inferior, ele a levou para longe do espelho em direção a cama, sem ter a certeza que conseguiria se segurar em face da deliciosa tentação. Ela não resistiu, deixando-o tocá-la como quisesse, levando-a como ele queria. Era uma sensação inebriante, e uma que, paradoxalmente, lhe deu mais controle. Beliscando o seu lábio inferior, ele se afastou um pouco. Ela parecia perdida, por um instante, até que ele levantou as mãos pela frente da camisa que ela usava para desfazer o botão de cima. Sua cabeça abaixou, o observando soltar botão após o botão até que a camisa estava completamente aberta. Levantando a mão, ele tocou com um único dedo o meio profundo de seu peito, lhe chamando a atenção. Seu peito subia e descia em um ritmo irregular, enquanto ele corria devagar o dedo pelo vale de seus seios e sobre a maciez de seu abdômen para dar a volta em seu umbigo. Fazendo um som inarticulado, ela agarrou seus bíceps. — Isso não é uma região íntima.
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Ele levou um segundo. — Ah, é? — Espalhando seus dedos sobre ela, ele apenas quase encostou aos cachos no ápice de suas coxas. Seus dedos apertaram sobre ele, sua respiração tornou-se superficial. Deixando a mão onde estava ele se voltou para a sua cabeça e lhe deu outro beijo, mas este era lento, preguiçoso, enquanto ele tentava seduzi-la para relaxar. Ela respondeu como um fogo selvagem, mas seu corpo permaneceu no limite, quase tremendo de tensão. Beijando seu caminho ao longo de sua mandíbula, ele disse, — Tire a camisa. Ela ficou imóvel, seu hálito quente contra seu pescoço. Por um momento, ele pensou que a tinha empurrado longe demais, e passou a recuar. Mas ela levantou as mãos para as lapelas da camisa naquele momento, seus dedos pálidos pela força do aperto em suas mãos. — Não? — ele perguntou, acariciando-a, levando o seu cheiro para seus pulmões. — Quer parar? A resposta foi suave, mas imediata. — Não. — Quer que eu te ajude? Um aceno de cabeça quase imperceptível. Obrigando-se a manter no domínio de sua própria fome, ele levantou as mãos para por em cima as dela. Juntos, eles separaram as bordas da camisa para os ombros. — Vamos lá, — ele disse contra seus lábios. Isto demorou alguns segundos, mas seus dedos se abriram. Ele segurou a camisa em seus ombros por um longo momento antes de liberar o tecido. Ela poderia parar a sua descida usando seus braços, mas ela os relaxou e o material deslizou-se para fora com a graça de uma caricia silenciosa de um amante. Em vez de se fartar sobre a exuberante beleza dela, ele a abraçou, colocando a mão com muito cuidado na parte inferior das suas costas, seus olhos se encontraram com os dela, sua boca com uma distancia de um sussurro a sua. Ali estava, ele estava contente de ver, nenhum medo nela. Um pouco de receio, mas que, ele poderia entender. Sorrindo, ele a beijou de novo, preguiçoso, pouco exigente, fácil. Sua boca se abriu sob a dele, mas seu corpo continuou a tamborilar com a tensão. — Do que você está com medo? — ele finalmente perguntou, colocando sua mão livre em seu rosto. — E não diga nada.
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Um suspiro longo e trêmulo. — Eu só quero acabar com isso uma vez então eu saberei o que esperar. Ternura varreu sobre ele juntamente com um toque de desgosto. — Isso não é exatamente o tipo de coisa que um homem quer ouvir quando ele está tentando seduzir sua mulher. — Max. — Um olhar preocupado. — Eu sinto como se eu estivesse tropeçando no escuro. Se eu soubesse, eu poderia... — Controlar? — Uma provocação suave. Suas mãos se fecharam em sua cintura. — Você acha que eu deveria simplesmente deixar acontecer. — Não, — disse ele, tomando sua boca entre as palavras. — Todo mundo fica um pouco nervoso na sua primeira vez. — Então, você irá... — Que tal em vez de apressar, — ele murmurou, — nós fazemos o que é bom? Sem expectativas, sem objetivo final. — Mas eu quero terminar. — Um olhar teimoso. Uma fome carinhosa o abalou, desta vez selvagem e brincalhona. — Sim? — Ele não podia segurar o seu sorriso. — Tudo bem. Seus olhos se arregalaram, como se ela tivesse lido algo em seu rosto que a preocupava. - Max? Mas ele já a estava segurando em seus braços e a colocando sobre a cama. Descendo sobre ela, ele se acomodou entre as suas coxas. — Enrole suas pernas em volta de mim. — Isso me faz sentir... — Ofegante, quase chocada. — Seus jeans... Ele mudou de posição Ele se mexeu contra sua carne delicada, sabendo que o material bruto iria intensificar as sensações. Dando um grito inarticulado, ela arqueou o seu corpo. Era todo o convite que ele precisava. Mergulhando a sua cabeça, ele tomou um pequeno mamilo escuro em sua boca e chupou duramente, mesmo enquanto ele insinuava a sua mão entre seus corpos, procurando o pequeno botão no seu centro líquido e suave que poderia proporcionar tanto prazer.
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Seus dedos cravaram em seus ombros enquanto ela tentava puxá-lo para mais perto e empurrá-lo ao mesmo tempo. Mudando a sua atenção para o peito negligenciado, ele começou a brincar com seu clitóris, rígido, macio. Lá. Ele sentiu o momento em que ela reagiu, modificando seu curso para o que lhe trouxesse maior prazer, levantando-se um pouco sobre ela o suficiente para que ele pudesse movimentar-se para baixo para esfregar também a entrada sensível do seu corpo. Ela estava molhada, escorregadia. Ele não podia resistir à tentação de mergulhar seu dedo lá dentro. E isso foi tudo o que precisou. Um grito sufocado. Seu corpo arqueou como uma corda apertada. Ele podia sentir a borda do prazer que pulsava através dela, só queria se enterrar dentro dela, sentir os músculos apertarem em torno de seu pênis. O suor escorria ao longo de sua espinha quando ele ao invés a acariciou ao orgasmo. A única coisa que tornava suportável era que ele tinha feito isso com ela, a sua inteligente, sexy, teimosa... e vulnerável J. Levantou-se para deixar as palmas das suas mãos em cada lado dela quando ela caiu sobre a cama com seu peito arfando, ele lhe deu um beijo. Outro. Ela deu a si mesma, sem hesitação, seu corpo inerte sob o seu, sua pele brilhando de suor. — Sentindo-se mais relaxada? — ele murmurou. Sophia levantou os cílios para ver a maldade pura nos lindos olhos de chocolate amargo olhando para ela. — Sim, muito obrigada. — Seus próprios lábios curvados - algo que parecia espumante, novo e sublime na sua perfeição. — Eu o apressei? — Um pouco, mas eu pretendo me vingar. — Outro beijo de Max - como se ele tivesse todo o tempo do mundo para saboreá-la. — Agora, fique deitada e desfrute. Nesse
exato
momento
ela
não
poderia
ter
feito
outra
coisa.
Intelectualmente, ela sabia sobre orgasmos, mas era uma questão completamente diferente ter uma parte em seu corpo. — É isso o que devo esperar quando fizermos sexo? — Sim. Exatamente. Então, não se preocupe. Ela pensou que tinha entendido nas bordas das palavras algo sufocado, mas Max tinha mergulhado sua cabeça para beijar o seu caminho ao longo de
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sua clavícula e tornou-se difícil pensar. Conseguindo levantar os braços o suficiente para tocar suas costas, ela puxou sua camiseta. — Você vai tirar isso? Ele levantou a cabeça. — Você está bem com tanto contato mesmo depois do que acabamos de fazer? Era tentador dizer que sim de uma vez, mas ela levou um momento para pensar sobre isso. — Sim. — Uma sensação estranha no peito, uma mistura de antecipação, prazer e... risada. — Você é uma cabeça-dura maravilhosa. Seu riso parecia assustado quando saiu. Ele se levantou e a fez se sentar sob seus joelhos, ele sorriu. — Acho que estar duro assumiu todo um novo significado ao seu redor. — Ele tirou a camiseta com uma economia de movimento que lhe pareceu muito masculino. Foi no momento em que se virou para jogar a camiseta para o lado da cama é que ela viu. — Espere. — Erguendo-se sobre os cotovelos, ela tentou ver em volta de suas costas. — O que é isso? Para sua surpresa, seu rosto corou. — A lembrança da minha juventude desperdiçada. Ela estava ainda mais curiosa agora. — Mostre-me. Resmungando baixinho, ao invés ele se inclinou para beijá-la. — Você pode olhar para isso mais tarde. — Mas... Sua boca tomou conta da dela, com toda a demanda e uma forte fome. Oh, ela pensou, oh. E isso foi tudo que sua mente tinha a capacidade de pensar, porque ele estava a pressionando para cama e o contato pele-a-pele era como um chocante chicote de fogo por seu corpo. Mas ao invés de recuar, como ela teria feito uma vez, ela se arqueou para ele. Sem mais medo, ela pensou. Isto era viver. Isto era Max. — Sophie, minha doce, sexy, Sophie. — Sua mandíbula roçou seu pescoço quando ele abaixou a sua cabeça para beijar os seus seios, sua boca possessiva de uma maneira que ela nunca soube que ansiava até esse momento, até este homem. Torcendo-se sob o domínio que ele tinha em sua caixa torácica que a segurava no lugar para suas carícias enlouquecedoras, ela sentiu um – oh - tão intrigante do contorno de sua ereção que pressionava contra a sua coxa. — Max, por favor. — Ela empurrou o lustroso calor de seus ombros.
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Ele levantou a cabeça, seu cabelo pendurado confuso e palpável em sua testa. — Sophie? — Eu quero ver. Estremecendo, ele a deixou lhe rolar de costas. Sua mandíbula era uma linha brutal, os músculos de seus braços estavam rígidos enquanto ele agarrava as barras da cabeceira da cama, mas ele não disse nada enquanto ela subia ao seu lado, enquanto ela passava a mão para baixo no seu peito liso e musculoso em uma exploração sensual. — Seu peito é suave. — Ouro escuro e livre de cabelo. — Exceto aqui. — Uma linha fina de preto, que começava logo abaixo do seu umbigo e em direção inexorável para baixo. Max deixou sair um silvo de respiração quando ela seguiu esse caminho com o dedo. Olhando para ele através de seus cílios, ela sentiu algo um pouco pecaminoso vir a ronronar vida no fundo de sua alma. — Eu aprendo muito rápido, você sabia. Ele disse uma palavra que deixou o ar azul. — Eu não estou exatamente no humor de ser provocado. — Você tem certeza? — Sentindo uma alegria ímpar em seu sangue, ela foi para o botão da calça jeans e a descobriu já aberta. Ela podia ver o porquê. Ele estava lutando contra o zíper. Apertando a guia de metal, ela foi puxá-la para baixo quando Max disse, — eu vou fazer isso, — e a alcançou. Ela pegou sua mão, entrelaçando os seus dedos nos dele. — Você não confia em mim? Um olhar aquecido. — Você me toca e isso acaba. — Então começaremos de novo. — Apertando os lábios sobre as mãos entrelaçadas, ela desembaraçou seus dedos. Mesmo ele tendo lhe lançado um olhar mordaz, ele não tentou contê-la quando ela deslizou as mãos sobre a beleza magra de seu quadril, começando a puxar o zíper. Ela teve o cuidado, mas não foi hesitante. E esse foi o presente de Max para ela. Com nenhum outro homem ela poderia se imaginar sendo assim aberta, tão vulnerável. O abdômen de Max relaxou um pouco quando ela terminou de abrir seu zíper. Ele estava –somente - contido dentro de sua cueca. A curiosidade tomou conta dela em uma onda de luxúria sem-vergonha. Ela já tinha visto imagens médicas de homens, tinha sido ensinada sobre os órgãos sexuais em suas aulas
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de saúde, mas ninguém nunca tinha dito a ela que tudo iria mudar, quando fosse seu homem. Seus dedos coçaram para acariciá-lo, seu coração trovejando em excitação, a boca seca com antecipação. Olhando para cima, ela viu que ele havia fechado seus olhos, as cordas do seu pescoço estavam esticadas brancas contra o tom quente da sua pele. E ela sabia que ele não iria tentar impedi-la, não importando o que ela desejasse. Tremendo com a necessidade que fazia sua pele apertar, seu corpo se alongar, ela cedeu ao delicioso e derretido calor que desenrolava em seu estômago e começou a beijar seu caminho por essa passagem fina de cabelo. A textura dele foi surpreendentemente de uma seda áspera contra sua carne aquecida, e foi instinto colocar sua mão no curso de sua pele quando ela o provava. — Menino Jesus. — Palavras estranguladas saíram enquanto ela colocava seu rosto no abdômen e o alcançava embaixo para fechar seus dedos sobre o seu comprimento duro através do tecido preto de sua cueca. A forma inteira de Max ficou rígida... e isso só trouxe um sentido requintadamente certo que era de lamber com a língua toda a orla da sua cueca e segurar a mão com firmeza ao longo do calor masculino de seu aperto. — Sophie!
Max saiu do banheiro para encontrar Sophia enrolada debaixo dos lençóis. Havia um olhar de culpa distinta em seu rosto. Alegria o aqueceu de dentro para fora, mas ele manteve sua expressão firme. — Foi à segunda vez que você me apressou. — Ele não havia perdido o controle assim... bem, nunca. — Não ache que eu não vá te punir por isso. Cor tingiu suas bochechas enquanto ele caia debaixo dos lençóis ao seu lado. Mas sem se importar com a tentação, ele não a puxou em seus braços, depois de ter notado que ela estava reagindo muito mais rapidamente até mesmo ao mais leve toque. — Levará um tempo para você se recuperar.
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Um olhar teimoso se desvaneceu em um suspiro. — Você está certo. Eu acho que já empurrei por hoje até onde meus sentidos vão. — Eu acho que é como uma pessoa que está morrendo de fome, — Max murmurou. — Quando você começa a comer novamente, você tem que fazê-lo em pequenas mordidas em primeiro lugar. — Posso te morder? — Uma pergunta provocante que não o surpreendeu, agora que ele havia conhecido o seu lado mau. — Se você perdir gentilmente. Eles ficaram deitados por um tempo, falando sobre nada, e então depois eles se sentaram lado a lado na sala de estar, sobre o quebra-cabeça complexo, que era a investigação de Nikita. Mas, ocasionalmente, ela teve que ir para seu próprio apartamento. — Eu gostaria de poder passar a noite toda com você, — ela lhe disse quando ele a acompanhava. — Mas seria muito para hoje. — Da próxima vez, — ele disse, mantendo a distância, enquanto ela abria a porta e entrava. — Sophia? Ela olhou para trás, tão linda com aqueles olhos incríveis e com o cabelo macio e escuro. — Diga-me se alguma coisa acontecer. — Sua mão se apertou sobre o batente da porta com a ideia de perdê-la para a ferocidade de seu dom, de nunca mais vê-la deitada amarrotada e sorridente em sua cama, nunca mais ouvi-la falar nesse tom orgulhoso que envolvia uma nuança de emoção selvagem. — Eu vou. — Uma resposta firme, mas quando ela olhou para cima, seus olhos estavam machucados. — Eu estou tão brava, Max, — ela disse em sussurro áspero. — Como é que eu vou lutar contra a minha própria mente?
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Sophia Russo poderá ser exigida ainda mais persuasão no caso dos Namorados. — Jay-Khanna para contato sem nome por e-mail
Frustrado, e engasgado com uma raiva que não tinha para onde ir, Max fez uma xícara de café e tentou se perder no trabalho. Sophia tinha o atualizado em tudo o que ela havia descoberto durante o tempo em que ele havia se enrolado no resultado violento da descoberta do corpo de Gwyn Hayley, mas agora ele começou a ler suas notas com profundidade. Ela tinha um baita de um cérebro, pensou. A informação não foi só ordenadamente apontada e descrita, mas havia uma referência cruzada de uma forma que lhe disse que ela tinha uma compreensão inata de como sua mente trabalhava. Perto do fim do arquivo, ele se deparou com algo que o fez franzir a testa. Sabendo que precisava de Sophia para explicar a relevância da informação em um contexto Psy, ele começou a se levantar - quando ele pegou o despertador com o horário piscando no painel de comunicação. Uma da manhã Seu olhar foi para a parede que separava o apartamento de Sophia do dele, e ele não conseguiu evitar ao se lembrar da suavidade de sua pele, a forma como o seu pulso tinha subido ao seu toque, o cheiro delicado e sedutor dela. Seu
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corpo, tendo finalmente parado de andar na borda de aço da necessidade, cresceu duro e pesado mais uma vez. Absorvendo uma respiração com os dentes cerrados, ele jogou sua caneta e se levantou, com a intenção de tomar uma ducha fria quando algo o deteve. Um ruído. Dobrando sua cabeça, ele ouviu novamente. Um baque surdo. Uma vez. Só uma vez. Mas ele havia ouvido. Sophie. Ele pegou sua arma paralisante e caminhou calmamente até a porta. Ativando as câmeras externas, ele verificou que o espaço imediatamente fora de sua porta estava claro antes de sair - com uma vigilância que todos os policiais aprenderam em seu primeiro dia no trabalho. O corredor se mostrou vazio, a iluminação suave para níveis noturnos. Pisando no apartamento de Sophia ele o digitalizou usando de sua impressão da palma, seu acesso era cortesia própria de Sophia. Preocupado que ela tivesse apagado, como resultado dos eventos dos últimos dias, ele se obrigou a se mover com cautela no caso de um intruso, ele fez o seu caminho através da sala de estar apagada e para seu quarto. A cama tinha somente os lençóis amassados e um organizador com uma tela brilhante e incandescente. Ela estava acordada, também, ele pensou. O que quer que tenha acontecido, não a tinha pegado de surpresa. Pele sobre seus pés. Morpheus. Após o olhar brilhante noturno do gato, ele sentiu seus dedos cutucarem alguma coisa no chão. Ele congelou e curvou-se. A sensação de algodão que cobria a pele quente. Não. Continuando a segurar pronta a sua arma, enquanto ele mesmo verificava o pulso de Sophia, ele disse, — Luzes, modo noturno. — As luzes se acenderam, em um ambiente escuro, fazendo a transição da escuridão para a luz muito mais fácil. Ninguém saltou, as sombras escondendo nada maligno. Ele olhou para o banheiro rapidamente apenas no caso. Nada. O que quer que tenha acontecido tinha acontecido na mente de Sophia. Retornando, ele se inclinou para verificar suas lesões, não encontrou cortes, sem escoriações. Mas, quando ele levantou suas pálpebras, era para ver
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seus olhos engolidos pelo preto. — Sophie, — disse ele de novo, seu tom firme sobre uma raiva angustiada que o rasgava - impulsionado por uma parte dele que não entendia a lógica, apenas uma necessidade, poderosa e visceral de sua voz. Nenhuma resposta. Deslizando os braços sob seu corpo, ele a levantou e a levou para a cama, puxando um edredom sobre ela antes de sua mão ir para o bolso de seus jeans, onde ele tinha deixado seu celular. Pressionando um código familiar, ele disse, — Eu preciso de ajuda Psy. Mas o Psy que apareceu em meros dez minutos depois, com um alto loiro âmbar masculino não era qualquer um que ele tinha esperado. Ele a reconheceu certamente - aquele cabelo vermelho distintivo, aqueles olhos cardeais. Faith NightStar era reconhecida como a mais forte F-Psy dentro ou fora da Net, a sua capacidade de ver o futuro era ambos um dom e uma maldição. Mas Max sabia que ele iria sempre vê-lo como um presente após o jeito que ela tinha salvado suas vidas. — Obrigado por vir. Enquanto Faith se apressou passando infalivelmente para o quarto, Max fez uma pausa longa o suficiente para dizer: — Você chegou aqui rápido. — Faith, — o macho changeling disse, — me acordou uma hora atrás e me disse que iríamos ser necessários na cidade por volta de agora. Max, caminhando de volta para o quarto, parou por um instante. — Eu acho que eu nunca pensei sobre a realidade de estar acoplado a um F-Psy. Vaughn deu um tapa em suas costas. — Pergunte-me depois de algum tempo sobre como é difícil para caramba surpreendê-la com um presente. — Foi dito com carinho, seu tom de voz foi de um homem que não tinha apenas prazer em sua companheira, como também não se importava que o mundo inteiro soubesse sobre isso. Eles entraram no quarto naquele momento, e tudo o mais se desfez. Faith estava sentada ao lado de Sophia de forma dura, a mão na testa de sua J. — Seus escudos telepáticos estão terrivelmente finos, mas eles continuam a protegêla, — Faith disse, antes de parar por quase dez segundos. — Seus escudos da PsyNet parecem estar bem. Um pouco incomum de acordo com o meu contato, mas não está danificado.
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Max não perguntou sobre os contatos de Faith, tomando-o como um fato de que esse contato logo estaria morto se tornasse conhecido que ele ou ela estivesse compartilhando informações fora da Net — Precisamos levá-la ao hospital? Os olhos intermináveis de Faith que tudo via encontraram com o seu. — Não. Ela vai acordar em breve. Uma resposta simples, absoluta, e ainda... — O que é que você não está me dizendo? — Irá levar tempo até ela acordar. — Faith olhou para seu companheiro enquanto ele vinha para ficar ao seu lado, seus dedos brincando com seu cabelo. — Café, — ela perguntou. O sorriso de Vaughn foi indulgente. — Viciada. — Sua culpa. — A sua expressão de vidente era sombria, desmentindo suas palavras com luz. — Nós vamos precisar conversar quando ela acordar. Seu sorriso desapareceu com uma expressão de ternura intensa, Vaughn desembaraçou os seus dedos do cabelo de sua companheira e se direcionou para sair do quarto. — Vamos, Max. Você não pode fazer nada por aqui. — Eu vou ficar. De jeito nenhum ele estava deixando sua Sophie sozinha. Faith parecia lutar com algo enquanto se levantava. Mas no final, ela seguiu Vaughn em silêncio. Faith andou direto para onde Vaughn estava medindo a borra de café. — Hey. — Colocando um braço em volta dela, ele a abraçou com uma força sólida ao seu lado. — A resposta é não. Ela esfregou o rosto contra seu peito quando ele se virou para abraçá-la totalmente, amando o cheiro dele. — Como você sabe o que eu vou perguntar? — Estamos acoplados por mais de um ano. Dê ao gato um pouco de crédito. — Um beijo provocante de seu jaguar, sua mão curva em torno de sua garganta como uma posse suave. — Você mesmo disse, Faith. — Um lembrete silencioso, os olhos de jaguar a fitando. — O futuro não é fixo. Não foi para Dorian. — Sim. — Ela havia visto o futuro do sentinela apagado, tinha pensado que significava a morte, mas ele havia sobrevivido. — É diferente desta vez, Vaughn.
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— Como? — Eu vi pedaços da realidade – o fato de que Sophia iria precisar de nós por algum motivo esta noite, outros eventos que podem ou não acontecer, mas eu senti essa onda se reunindo. Eu não posso descrevê-la, mas eu sei que algo grande está prestes a acontecer, e está centrada em torno de Sophia Russo. — Você está falando mais do que a vida de uma pessoa... duas pessoas, — acrescentou, e ela sabia que ele tinha visto a forma como Max olhava para Sophia. Assim como ela. O coração de sua vidente estava machucado por eles, para o futuro que eles não tinham. — Eu nunca senti uma coisa assim, mas a partir da pesquisa que eu tenho feito... — usando os registros que seu pai tinha conseguido descobrir depois de contrabandear para ela, — F-Psy no passado observavam os mesmos tipos de sensações antes de grandes eventos catastróficos. Vaughn pegou o rosto dela, uma auréola de ouro puro em torno de suas íris, a onça subindo à superfície. — Você está falando de terremoto, praga, tumulto político? — Qualquer um deles, todos, — ela sussurrou. — Mas seja o que for, Sophia Russo é o dominó que vai iniciar uma cascata incontrolável. — A J era a vanguarda de uma tempestade perfeita, uma que poderia aniquilar todos eles. — Max? — É como se ele simplesmente não existisse no futuro de Sophia, — Faith disse, puxando o laço que continha o cabelo de seu companheiro. Isso caiu sobre as suas mãos como um golpe de seda áspera, uma âncora familiar. — Mas eu não tenho a mesma sensação de vazio que eu tive com Dorian. Em vez disso, é este sentimento de que ele nunca tem sido parte de sua vida. Que é impossível. Vaughn acalmou. — Não, se a Sophia que você vê é a Sophia após a reabilitação. Faith balançou sua cabeça em um horror atordoado, mas ele estava certo. Completa reabilitação destrói a psique, a criação de uma lousa em branco para que nada da mente e da alma permaneça.
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Max argumentou consigo mesmo sobre se ele devia ou não tocar Sophia, sabendo que tinha que ter sido o seu jogo sexual que causou isso, mas impulsionado pelo instinto, ele ficou na cama e a embalou em seu colo. E no instante em que ele o fez, ele sentiu que era certo. Ela era um peso, macio e quente sobre ele, sua respiração fácil, seu batimento cardíaco estável. Algo selvagem e em pânico dentro dele se acalmou. Ela não o tinha deixado, esta J iria tornar-se o suporte do seu universo. Um som quieto, tão quieto que ele mal ouviu. Mudando de posição, ele empurrou os fios de meia-noite de seu cabelo do rosto, mantendo a mão em suas bochechas. — Sophie? A respiração engatou, olhos vibrando em aberto. Eles permaneceram afogados em preto, infinito e misterioso. — O qu... — Um suspiro, a mão voando para fechar acima da sua. Sua alma ficou fria. Impulsionado por sua necessidade primordial, será que ele cometeu um erro fatal? Se tivesse, o choque iria fazê-la mergulhar de volta na inconsciência... ou pior. Mas antes que pudesse quebrar o contato, ela agarrou sua mão, apertado, tão apertado. E enquanto ele olhava, o líquido negro começou a recuar a partir de seus olhos, até que, finalmente, só violeta, a de sua íris, o preto normal de sua pupila era visível. — Max? Ele tentou pegar seu olhar, mas esse continuava a mudar. — Concentrese, Sophie. Foco. — Sua desorientação o preocupava, poderia muito bem ser um sinal de algum tipo de dano cerebral. De uma vez por todas seus olhos se fecharam nos dele. — Meu nome não é Sophie. — Não? Qual é? Um minuto maior de uma pausa. — Sophia Russo. — Quase soou como alívio. — Sophia Russo, — ela repetiu, — Gradient 8,85 J-Psy, empregada pelo Corpo de Justiça, temporariamente ligada ao escritório da Conselheira Nikita Duncan. — Bom. — Alívio passou por ele também. — E quem sou eu?
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— Max Shannon, detetive da Execução, maior taxa de apuração em Nova York, escudo mental natural, e... e as mãos que me tocam. — Sua própria mão se contraiu em torno dele, como se ela tivesse acabado de tomar conhecimento de quanto ela estava a segurando. — Shh. — Levando a mão na sua, ele deu um beijo na palma da mão. — Você está bem. — Seu coração estremeceu embora ele lutasse para manter a voz calma. — Max, você pode me chamar de Sophie, — ela disse em uma rapidez de palavras, como se tivesse medo que ele levasse a declaração anterior de forma errada. — Eu pretendo fazer isso por um longo tempo. — Ele havia perdido tudo e sobrevido, mas ele não poderia perdê-la, não a sua J. Isso o quebraria. Entrelaçamento seus dedos com os dele, ela virou a cabeça um pouco. — Alguém mais está aqui. Eu posso ouvir os sons. — Faith NightStar e seu companheiro, Vaughn D‘Angelo. — Faith, a vidente. — Ela baixou o olhar para suas mãos. — O que aconteceu? Faith e Vaughn voltaram naquele momento, com quatro canecas de café na mão. — Nós estávamos esperando que você pudesse nos dizer, — Faith disse, colocando duas das canecas na mesa de cabeceira. Sophia olhou para cima, mas não se moveu do colo de Max, que lhe dizia mais sobre sua condição que qualquer outra coisa. Porque a sua Sophie era muito reservada sobre ela em público, ou quando eles estavam em torno de outras pessoas, característica que ele tinha percebido como de sua natureza e não um produto do Silêncio. Ela nunca ficaria confortável com demonstração aberta de emoção - mas isso estava bem com o Max, porque com ele, ela deixava a guarda baixa, dando-lhe a sua confiança. Quebrando seu aperto de mão, ele pegou uma das canecas e as entregou em suas mãos. — Beba. Ela tomou um gole obediente, seus olhos não em Faith, mas em Vaughn. Max sentiu um puxão de irritação. Ele se lembrou de ouvir que Vaughn não era um leopardo, mas que o macho era um gato de algum tipo. Ele tinha a mesma graça felina que Max tinha visto em Lucas, em Dorian. E Max tinha estado no
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mundo o tempo suficiente para saber que as mulheres se sentiam atraídas pelos gatos changelings. Os olhos de Sophia não se moveram para longe de Vaughn, mesmo quando o gato esticou o braço no sofá atrás da cabeça de Faith, dobrando a sua mão ao redor da nuca de sua companheira em uma flagrante exibição e demonstração de sua lealdade. Foi Faith que quebrou o estranho silêncio. — Se você não parar de olhar para o meu companheiro dessa forma, eu poderia ter de desembainhar as minhas garras. — Seu sorriso tirou qualquer picada de que era claramente uma provocação. Mas Sophia não riu. Mantendo os olhos em Vaughn, ela falou com Faith. — Ele não é seguro, você sabe. Ele poderia quebrar seu pescoço com um único movimento. Você deveria se afastar dele. Feliz com a razão pela qual ela tinha estado o olhando, Max lutou para não rir. Mas o olhar de afronta no rosto de Vaughn era impagável. Enterrando seu rosto no cabelo de Sophia para abafar o riso, ele a puxou um pouco mais, apenas no caso do changeling estar irritado o suficiente para rosnar para ela. Mas Faith colocou a mão na coxa de seu companheiro, e os olhos cardeais que brilhavam de tanto rir, acenava para Sophia. — Eu não jogaria pedras. Olha onde você está sentada. Sophia tardiamente pareceu perceber sua posição. Cor tingiu seu rosto, mas ela não se movimentou. Essa é minha garota. Passando a mão sobre os cabelos, Max perguntou se ela sabia a razão que tinha caído inconsciente. — Sim. — Ela se aconchegou impossivelmente mais perto dele. — Uma tentativa de invasão no meu cérebro.
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Max respirou, mas foi Faith quem falou depois. — Isso deve ser impossível. Eu sei de alguns homens e mulheres com designação F que vêem apenas o passado, e eles trabalham para a justiça - seus escudos são impenetráveis. Presumo que com os Js acontecem o mesmo. — Sim, é verdade, — Sophia disse, dando-lhe o café para que ele pudesse colocá-lo na mesa de cabeceira. — Mas a tentativa foi intensa o suficiente para causar uma pressão quase insuportável sobre meu cérebro. — Seu corpo tremia só um pouco, mas Max sentiu. Colocando-a na cama com toda a ternura que ele tinha, ele balançou as pernas para o lado e disse: — Podemos discutir isso mais tarde. Agora, Sophia precisa descansar um pouco. — Sim, é claro. — Faith se levantou de uma vez só. Vaughn a seguiu um pouco mais lentamente. Caminhando até a porta, Max estava pronto para as palavras finais do sentinela DarkRiver. — Ela ainda está ligada à Net, Max. Significa que ela pode não ser confiável. Ele sentiu a sua mão apertar a porta. — Assim como Faith quando a conheceu, se eu estou certo... — Não é a mesma situação, e você sabe disso. — O changeling não soava irritado - se havia alguma coisa, era um entendimento profundo em seu tom. — A Faith era vigiada, mas em um ambiente isolado. Sophia está no meio do Corpo de Justiça. Há todos os tipos de olhos sobre ela.
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E embora o sentinela não o dissesse, Max sabia das implicações - Sophia já poderia ter algo em sua cabeça, algo que já houvesse penetrado seus escudos sem seu conhecimento.
Tendo mudado para uma frouxa camiseta para dormir, Sophia voltou do banheiro para encontrar Max a esperando ao lado da cama. Ele parecia forte e bonito... E distante, a arma que ele mantinha livremente ao seu lado era um lembrete austero de quem ele era, o que ele fazia. — Fique comigo. — isso saiu sem pensar, o calor do seu corpo ainda impresso em sua pele. — Eu acho que eu posso lidar com as sensações agora. — O convite tomou toda a coragem que ela tinha. Ela mordeu o lábio para acalmar a alegação de que queria fugir. Ela não queria que ele tivesse pena dela, mas, oh, como ela precisava dele. Sem palavras, ele colocou a arma na mesa de cabeceira e arrancou sua camiseta. Ela apertou as mãos na parte inferior da sua. Dobrando a cabeça, ele se acomodou para baixo do edredom e esperou por ela. Enquanto ele passava a seguir, ainda com seu jeans, ela teve um pensamento. — Max, e se eu estiver comprometida de alguma forma? Você não deveria deixar uma arma acessível para mim. — A segurança está ativada, programada para se ativar com minha impressão digital, — ele disse, puxando o edredom sobre eles. — E sem ofensa, Sophie, querida, mas você seria uma assassina muito ruim. — Eu poderia explodir a sua mente, — ela lembrou. — Não facilmente, — ele respondeu. — De acordo com o que eu já passei ao longo dos anos, um escudo natural significa que eu teria tempo o suficiente de ter um aviso para ir para a minha arma, ou considerando o fato de que você é um pouco de nada - te derrubaria friamente. — As palavras o fizeram obscurecer-se. — Bom. Aliviada - apesar do fato de que ela podia ver que ele odiava a idéia de machucá-la - ela o deixou deslizar um braço sob sua cabeça, o outro
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indo ao redor de sua cintura. Toda essa sensação, todo esse contato, ainda fazia arder uma chama quente e selvagem através de sua pele, mas ela estava, ela pensou, se acostumando a ele. Como o Max não era um intruso, mas uma escolha por parte dela. Virando-se, ela colocou as mãos espalmadas sobre o peito. Calor. Uma febre súbita. Quase dor. — Mas sem vozes na minha cabeça, — ela sussurrou. — Sem memórias, nem pensamentos, nem passados, somente eu. Max a apertou gentilmente, e ela sabia que ele tinha entendido. — Não se apresse, — ele disse. — Pequenas mordidas, lembra? Ela não o ouviu, perdida na tempestade de sensações, o mundo ao seu redor um caleidoscópio. — Nós nunca terminamos. A mão de Max parou de traçar suavemente suas costas. — Você não está exatamente em nenhum forma... Inclinando a cabeça, ela beijou a linha do seu pescoço, pegando o gosto dele em seus pulmões. — Sophie. — Então, sua mão estava em sua bochecha e ela estava sendo virada sob suas costas e ele a estava beijando até acabar com sua respiração. O caleidoscópio girou e girou até que explodiu. Enquanto as peças choviam ao seu redor, ela se encontrou agarrando o ombro de Max na tentativa de se segurar. Seus músculos mudaram sob as palmas de suas mãos, líquido e poderoso. Em vez de tentar controlar a quantidade de estímulos sensoriais, ela cedeu, afogando-se no calor selvagem dele, a pressão deliciosa de seus lábios, a forma como seu polegar pressionava sua mandíbula para abrir a boca para ele. Max sentiu o instante em que Sophia se soltou. Seu corpo inteiro derreteu para ele, cada centímetro seu aberto em convite. Foi a mais deliciosa tentação. Mas ele não estava prestes a tirar proveito dela quando ela havia estado desorientada e perdida apenas minutos atrás. Quebrando o beijo, ele olhou nos olhos que tinham ido para um puro preto novamente - mas ele podia distinguir a diferença, embora ele estivesse duramente pressionado para descrevê-la. Ele só sabia que desta vez, não era um marcador para perigo. — Todos os olhos dos Psy fazem isso? — Um murmúrio íntimo contra seus lábios, suas pernas se enroscaram com as dela, suas mãos em seu cabelo.
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Seus dedos acariciaram seus ombros com movimentos rápidos e famintos, e ele foi macho o suficiente para adorá-la por estar tão encantada com ele. — Eles são mais aparentes no ponto mais alto do espectro... mas eu acho que posso ser ainda mais suscetíveis a isso, dada a natureza da minha mente. — Palavras calmas, mas seus olhos, seu corpo, contavam uma história diferente. Ele quase podia sentir a tensão vibrando nela, cada tendão mantido tenso. — Eu sei quem você é, — ele disse, segurando seu olhar. — Eu não vou ter medo e me afastarei por causa de suas ‗imperfeições‘. Um
brilho
molhado
em
seus
olhos,
transformando
a
meia-noite
iridescente. — Nós nos ajustamos, eu e você, — ele sussurrou olhando para aquele olhar assustado. — Dois pedaços quebrados tornando-se um todo. — Não era a declaração mais romântica, mas foi arrancada de sua alma. — Eu não estou perdendo você. Ela o puxou, beijando-o até que seu corpo ansiava por ela, até que sua respiração veio em suspiros agitados. Ele quebrou o beijo. — Todo este contato está lhe causando dor? Uma pausa. — Não. Xingando, ele rolou para se sentar na beira da cama, olhando para ela por cima do ombro. — Por que diabos você... — Eu não estava mentindo, Max. — Ondulando para o seu lado, ela o olhou com um intenso interesse que lhe disse que ele era o foco absoluto e total do seu mundo. Alguns homens ficariam afugentados. Max sabia que ele a observava da mesma forma. Seu peito subia quando ela deu um suspiro longo e trêmulo. — Eu não sei como descrever essas sensações. A palavra mais próxima é a dor, mas eu sei que não está certo. Eu não anseio pela dor. E eu ainda quero o que acontece quando você toca em mim. Max virou-se para que ele pudesse olhá-la, uma mão apoiou a palma para baixo ao lado de sua perna. — Parece que seus nervos não estão preparados – estão sobrecarregados. — Talvez. — Palavras claras, uma vontade de aço. — Mas eu não quero ir devagar.
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Ele tinha uma vontade tão forte quanto. — Sem mais toques. Eu não vou te machucar. Seus ombros caíram. Sentindo sua vantagem, ele empurrou. — Por que alguém tentou invadir sua mente esta noite? — Provavelmente porque eles queriam contaminar a prova que eu sou capaz de ceder em um caso de assassinato de alto perfil, — ela disse, seus olhos não encontrando com os seus. Vergonha, ele pensou, é o que ele lia em sua expressão. — Sophie? — Eu vou te dizer... apenas me dê um pouco mais de tempo? — Tão vulnerável, suas emoções despidas. — Por favor, Max? Ele soltou um suspiro. — Eu estou começando a pensar que você está usando a palavra ‗por favor‘ para me enrolar. Um tremor de luz passou em seus olhos. — Não, eu não estou... mas eu poderia? Ele sentiu o peito apertar espontaneamente com um riso inesperado. — Você acha que eu vou responder a isso? — Isso significa que eu posso. — Ela parecia surpresa e encantada em medidas iguais. — Eu prometo usar os meus poderes para o bem. Ele deu um tapa de leve na sua bunda através do edredom. — Você tem os ingredientes de um moleque em você. Um lento, tão lento sorriso, sua Sophie acabara de acordar de um sono de décadas. — Eu preciso te dizer uma coisa sobre a investigação de Nikita que eu me esqueci de mencionar mais cedo. Ele manteve a mão em seu quadril, apreciando as suas curvas quentes, mesmo que ele não sentisse o contato com a pele. — Eu também queria te perguntar uma coisa. Sobre Rya... — Isso é quem eu queria discutir, — ela interrompeu, — especificamente, a razão para seu recondicionamento há seis meses. Max franziu o cenho. — O arquivo está selado. — Ele já havia tentado acessá-lo esta noite. — Eu liguei por um favor para outro J. — Levantando-se para uma posição sentada, ela tremeu quando ele deslizou a mão sobre a sua coxa. — Ryan
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matou alguém, mas foi um acidente. Seus poderes telecinéticos saíram do controle. Acariciando-a através do edredom, mais uma vez, Max levantou-se para caminhar até a janela e voltou. — Quanto o recondicionamento poderia ter mexido com sua cabeça? — Não há como saber - o processo é intenso, mas deixa a mente intacta. Esse é todo o propósito - para eliminar todas as fraturas para que assim o indivíduo possa funcionar. — Suas palavras mostrava o saber da experiência. — Não faria sentido que ele fosse ser simpatizante a um PurePsy se suas próprias habilidades estivessem fora de controle. — Mas... — Max cruzou os braços, recostando-se na parede ao lado da janela, — voltamos ao fato de que ele não estava trabalhando para Nikita no momento da sabotagem do elevador. Um espião eu posso aceitar. Dois? Não. Nem na organização de Nikita — Ele ainda é a melhor pista que nós temos. Max se endireitou. — E ele não irá a qualquer lugar hoje à noite. Eu irei ligar, certificarei que a segurança o tenha em sua mira. Podemos falar com ele amanhã. Ela sabia que ele ia sair. Deslizando sob o edredom, ela se virou de costas para ele. Ela tinha aceitado a sua vontade, mas não significava que ela tinha que gostar. — Sophie. Ela bateu seu travesseiro para arrumá-lo. Uma palavra baixa, então a cama se afundou. — Eu não posso ficar esta noite, baby. — Sua mão em seu quadril, uma chama de calor, mesmo através do edredom. Ele havia prometido lutar por ela. Bem, ela estava indo lutar por ele, também. — Nós, não temos que estar pele com pele. — Ela virou-se para encarálo, mantendo as mãos para ela. — Você pode dormir em cima do edredom. — Então, ela deu um pequeno sorriso. — Por favor? — Você definitivamente tem os ingredientes de um moleque. — Mas Max ficou, dormindo ao lado de sua J por horas até o amanhecer. O sonho veio pouco
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antes de ele acordar, um sonho em que River vinha correndo e rindo atrás dele enquanto eles perseguiam um cão vadio que haviam feito de animal de estimação. Ele abriu os olhos para encontrar a garganta grossa com lágrimas, seu coração inchado com uma dor em seu peito. E ele sabia que havia sonhado com a alegria por causa da mulher que acordava um momento depois. — Obrigado, — eçe disse. Olhos sonolentos, cachos escuros caindo sobre uma bochecha. — Por quê? — Por me fazer lembrar. — Ele havia enterrado seu passado porque doía demais da conta. Mas ao fazer isso, ele havia enterrado River. — Eu acho, — ele disse, — que você adoraria River. Ele poderia lhe ensinar todos os truques sobre como ser um moleque de verdade. — Então, enquanto eles se levantavam, vestiam-se e comiam, ele disse a ela sobre o irmão que havia deixado uma cicatriz com milhas de largura em seu coração.
Sophia interrompeu Max antes de ele sair do carro em frente ao prédio de Duncan. — Eu quero dizer-lhe sobre o motivo do golpe. — Ela não podia esconder mais, não depois da honestidade crua das memórias que ele havia compartilhado, da família que ele havia compartilhado. Seu coração estava tão cheio que era difícil respirar, difícil de falar. — Seja o que for, — Max disse, sua mão ao longo da parte de trás do seu assento, — Você sabe que não importa. Não entre nós. — Eu posso alterar memórias. — Ela não fez nenhum esforço para enrolar. — Eu sei. Ela ergueu a cabeça. — O que? — Eu sou um policial, Sophie. Um lembrete irônico. — Eu não tinha estado no trabalho por dois anos antes de eu perceber o que os Js poderiam fazer.
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— Então, por que você não nos odeia? — Eu sempre achei que você não tinha escolha no assunto. E, eu fiz o meu trabalho. Eu tenho a prova. Não é todo o caso grande que se ganha ou perde por causa da evidência de um J. Ela deveria ter terminado então, mas agora que ela havia começado, ela não poderia parar. Ela não iria roubar seu afeto, sua lealdade, por meio de fraude. Seria violar a confiança entre eles, manchando tudo que tinham. Assim, embora o terror da rejeição fosse uma mão fria em torno de sua garganta, ela alisou a saia perfeitamente reta para baixo em suas pernas e disse: — Você se lembra do Dr. Henley? — O famoso geneticista tinha matado sua esposa grávida a sangue frio, em seguida, a cortado em pequenos pedaços e jogado os pedaços no mar quando ele havia saído para uma viagem de pesca de domingo. Houve até especulações de que ele havia usado algumas peças como isca. — Não é um caso que eu jamais poderia esquecer. — O Conselho tinha planejado transferi-lo para um centro Psy onde ele poderia continuar seu trabalho inovador. — O assassinato cruel de uma mulher inocente e seu feto tinham sido considerados uma mera inconveniência. — Todos os Js sabiam. — Uma pena que, em seguida, — Max disse em uma voz dura, — ele teve uma embolia, súbita e violenta que parou seu coração em seu primeiro dia na prisão, morreu antes que os médicos pudessem chegar até ele. Sophia respirou. Ela tinha suposto que ele entendia o que os Js eram capazes, queria levantar a questão de modo que haveria absoluta honestidade entre eles, mas do jeito que ele falou... — Você sempre soube? — Policiais chamam de a penalidade J. — Um olhar sombrio. — Você não estava na vizinhança. Eu vi o seu registro. Você não estava perto da prisão de Henley quando ele morreu. — Não. — Então, — Não eu. Não dessa vez. Ele deslizou sua porta. — Vamos. Ela saiu para caminhar ao lado dele, seu coração um nó apertado, esperançoso. — Eu sei que você me aceitou, — e isso permanece como um tipo profundo e maravilhoso. — Mas eu ainda achei que você ficaria mais...
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— Puto? — Um bufo. — Eu vi homens ricos escaparem de acusações de estupro, os políticos enterrarem queixas de abuso, as jovens cometerem suicídio depois de serem feridas. Eu não concordo com justiça pelas próprias mãos, mas os Js não são exatamente vigilantes, não é? Eles sabem a natureza exata de um determinado crime, e eles tendem a dar punições perfeitamente calibradas para os crimes - e apenas em casos onde a justiça poderia ser contaminada. — Nós não somos juiz e júri. — Ela nunca havia falado abertamente sobre isso. Mesmo entre os Js, isso não era nunca realmente discutido. Mas todos sabiam os parâmetros, entendia o custo que a corporação ignorava para ter Js no sistema. — Nós somos o último recurso quando as ferramentas da justiça falham com as vítimas. — Qual, — Max disse, parando em frente aos elevadores, o corpo inclinado para escondê-la das câmeras de vigilância, — é o impacto sobre o J, que age como o último recurso... como um carrasco, se necessário. — Toda ação tem uma reação igual e oposta, — ela disse, citando bem a conhecida lei da física. — Essa máxima é verdadeira no plano psíquico. Linhas brancas se formaram ao lado da boca de Max. — Então um J será prejudicado pelo evento? — Não é exatamente danificado. Eu diria... mudado. Uma longa pausa. — Você não pode mais fazer isso, — ele finalmente disse, muito, mais muito calmamente. — Você me entende, Sophia? Seus lábios tremeram por uma simples fração de momento. — Max, você está tentando me consertar? — Era impossível, e ela não poderia suportar que ele percebesse isso mais tarde e se afastasse. — Não. Eu estou tentando salvá-la. — Uma resposta, implacável absoluta. — Isso é uma questão de escolhas. Eu preciso que você faça uma e lute contra esses instintos - cada vez que você se entrega, corrói um pouco a sua psique. A alteridade nela - entrelaçada com os fios escuros que provavam a Net – agitou-se considerando, inclinando a sua cabeça. — Eu posso fazer isso. — Para Max, só para Max. Ele era um policial. Ele havia aceitado seu passado com os olhos e o coração aberto, mas o que ela faria a partir de agora, mesmo que apenas alguns indivíduos percebessem a profundidade da ligação entre eles, iria
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refletir sobre ele, manchando sua carreira - e ela era muito orgulha dele para mudar isso. — É um preço pequeno a pagar para estar com você. — Preço não, Sophie, sem ultimatos. — Uma garantia irrestrita de que a fez querer puxá-lo pela frente, pela lapela do paletó e beijá-lo novamente e novamente. — Você me pertence - e eu estou mantendo você, não importa o que aconteça. — Isso significa que você pertence a mim, também. — Isso veio da parte escura de seu coração, o lugar onde a luz nunca tinha brilhado... Até que este homem olhou para ela com olhos que diziam que ela não era uma peça de lixo a ser descartada, porque ela tinha sido imperfeita. Pela primeira vez em sua vida, ela começou a se sentir inteira, as cicatrizes, as fraturas, apenas uma parte dela. Max encolheu os ombros, a covinha magra aparecia em sua bochecha. — Eu não estou discutindo. — Então—, ela disse, tudo nela - até mesmo a pequena e assustada menina, que antes apenas falava pela mão fria da justiça - determinada a apostar sua reivindicação com alto e bom som, — se eu encontrar um cartão de visita de uma fêmea em sua jaqueta, é melhor ser uma colega. Max sentiu uma risada nascer em seu peito, teve que lutar contra o impulso de puxar Sophia em seus braços e morder em cheio seu lábio inferior em um gesto de posse aberta. — Ninguém ousará encostar-se a mim depois que eu falar que a minha esposa é uma J com uma veia de ciúmes. Esposa. Sua compostura se estilhaçou. — Max, não importa o que, nós nunca poderíamos... — Eu disse a você, Sophie. Você é minha. Fim da história.
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Em certos tipos de casos, a maioria dos policiais imediatamente suspeita do pai. Ninguém pensa na mãe, não de primeira. Exceto eu. E eu gostaria de não. — A partir das notas dos casos particulares do detetive Max Shannon
Ryan Asquith entrou na sala de conferências olhando tão serenamente como sempre, mas que, naturalmente, era de rigor para o Psy. Max não disse nada durante vários segundos após o estagiário chegar. Tomando-lhe a sugestão dele, nem Sophia. Finalmente, Ryan olhou para o relógio. — Eu estou adiantado, detetive? — Você não nos disse que havia sofrido recondicionamento, — Max disse, em vez de responder a sua pergunta. O jovem macho não fez nada mais do que piscar. — Tudo está no meu arquivo. — E você não pensou em mencionar o fato de que você havia matado usando Tk quando nós estávamos investigando um assassinato que poderia ter tido um componente Tk? Os olhos de Ryan se distanciaram dos de Max. — Presumi que já sabia. O departamento pessoal preencheu uma tela cheia sobre mim quando me candidatei para esta posição.
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— Uma coisa é interessante, — Max murmurou, — Parece que o departamento só fez uma tela básica de curto prazo para os estagiários. Sophia colocou o organizador sobre a mesa. — Os policiais não entendem, Ryan, — ela disse em um tom calmo e tranquilo. — Oh? — Max levantou uma sobrancelha. — Aqueles de nós que passam por um recondicionamento, — Sophia respondeu: — Não são considerados criminosos por atos cometidos durante o período da fratura, porque não há nenhuma intenção. Ryan assentiu, segurando o olhar de Sophia. — Exatamente. Eu sabia que se eu lhe dissesse sobre o incidente, vocês se concentrariam em mim, deixando o verdadeiro assassino à solta. — Mas você pode ver, — Sophia disse, — Como isso o coloca no centro da investigação. Ryan olhou para baixo, depois para cima, sem dizer nada. Sophia bateu no pé de Max quase no mesmo instante. Obtendo a dica, ele se pôs de pé. — Eu vou pegar uma garrafa de água lá fora, enquanto Ryan coloca seus pensamentos em ordem. Sophia? — Obrigado, um pouco de água seria ótimo. Assistindo a porta se fechar atrás do seu policial, Sophia voltou sua atenção para o garoto na frente dela. E era exatamente isso, só um menino. Um menino, que, dentro de algum lugar profundo, estava com medo de suas próprias habilidades. — Diga-me o que você estava hesitando em dizer na frente do Detetive Shannon. — Você vai mantê-lo confidencial? Logo em seguida, Sophia viu algo nos olhos de Ryan que ela nunca tinha esperado. — Enquanto isso não fizer efeito na segurança da Conselheira Duncan, isso não passará além destas paredes. — Na época do assassinato de Edward Chan, eu havia me trancado em uma das salas de reuniões que quase ninguém usava, porque eu precisava meditar. — Você continua a ter problemas com o seu Silêncio? — Sim.
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Foi uma confissão que poderia ter enviado este menino de volta para o Centro, o que fez Sophia mais inclinada a acreditar nele. — Por que você me disse? Olhos escuros e cinzentos bloqueados com o dela. — Você é uma J. Eu pensei que se alguém entendesse de pressão, seria você. Sophia se perguntou se estava sendo manipulada muito habilmente. — Qual sala de reunião? Ryan lhe deu os detalhes sem hesitação. — E eu não sou forte o suficiente para teleportar, — ele disse, confirmando o que eles já haviam determinado. — Isso nunca foi meu conjunto de habilidades. — Obrigada. Ryan abriu a boca, fez uma pausa e disse: — Ninguém presta atenção a um estagiário. — O que você ouviu? — Há rumores na cidade que Nikita é tão falha como sua filha. — O tom de Ryan caiu. — Eu pensei, num primeiro momento, que era apenas conversa de desinformados, mas os sussurros estão se reunindo no momento - e esse tipo de coisa não acontece sem que alguém, algo venha alimentando o fogo. — Você tem alguma ideia de quem poderia ser? — Marsha não, — Ryan respondeu. — Ela não tem descendência genética. Eu acredito que ela tem dado toda a sua lealdade para a Conselheira. Eu não posso reduzir ainda mais. A porta se abriu em seguida e Max entrou, Sophia disse, — Mantenha seus olhos e ouvidos abertos, Ryan. Deixe-me saber se você ouvir qualquer coisa. — Eu vou. — Levantando-se, olhou para Max, sua expressão opaca, sua roupa impecável - o Psy perfeito... sobre a superfície. — Você tem mais perguntas para mim, detetive? Ele saiu logo que Max sacudiu a cabeça. — Eu acredito nele, — Sophia disse após deixar Max por dentro. — Eu acho que ele se candidatou para trabalhar para Nikita por causa de Sascha. Max inclinou a cadeira para trás. — Explique. — É óbvio que o seu recondicionamento não funcionou tão bem como todos acreditam. — Alcançando-o quase automaticamente, ela empurrou sua
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cadeira para trás em todos os seus quatro pés. — Acho que ele está esperando que desde que Nikita tem uma filha que sente emoção, ela vai pegar leve com ele se a verdade vier à tona. — Nikita tem um coração como uma merda de pedra e eu estou sendo cruel com a pedra. Sophia tinha ouvido sussurros de como Nikita tinha ascendido ao Conselho – sua natureza pura de sangue-frio não era algo para se duvidar. — Sim. — Eu ouvi um ‗mas‘. — Ela permitiu que a sua filha crescesse até a idade adulta, quando poderia ter sido muito mais fácil para Sascha ter tido um ‗acidente‘ fatal na infância, — Sophia disse, sabendo que ele entendia o que ela não disse, os paralelos que ela havia desenhado. — E, no final, a realidade é menos importante do que a percepção. Ryan quer encontrar algo, alguém que vai estar do seu lado. — Eu entendo porque ele iria agarrar-se a ela, — Max disse, — Mas se Nikita é o melhor que ele pode fazer, o garoto está em sérios apuros. — Ele bateu nas duas impressões que ele tinha acabado de colocar em cima da mesa. — Nós colocamos Ryan e Marsha fora – eu estou com o garoto em sua lealdade, além de Sascha confirmar que eles estavam juntos quando Chan morreu - e nós ficamos com Andre Tulane e Gareth Quentin. — Pequenas linhas se espalharam a partir dos cantos de seus olhos. — Eu tenho um par de coisas que eu quero checar no que diz respeito a esses dois. — Incluindo as misteriosas consultas semanais de Tulane? Max assentiu. — Ele tem sido muito cuidadoso para não levantar nenhuma bandeira vermelha. Pode ser um caso de se esconder em plena vista. — Isso requereria, pensou Max, bolas de aço para se fazer no território de Nikita. — Se você não precisa de mim, — Sophia disse, seus lábios exuberantes e distraídos, — Eu quero voltar para o apartamento e olhar através da PsyNet. Eu tenho algumas ideias. Ele franziu a testa. — Eu não sei muito sobre a PsyNet, mas o que eu sei me diz que você vai colocar uma enorme quantidade de pressão sobre você estando cercada de tantos dados, tantas mentes.
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— Meus escudos na PsyNet parecem estar se adaptando com o crescimento... de minha necessidade, — ela disse, e ele ouviu o fio de confusão em seu tom, — Então isso não deve ser um problema. — Eu não gosto disso. — Seus instintos protetores queimavam uma chama quente e branca. — Você vai estar sozinha, se algo acontecer. Isso lhe deu uma pausa. — Há um risco, mas... — Faith, — Max interrompeu, lembrando a forma quase protetora que a FPsy tinha olhado para Sophia. — Chame-a. Pergunte se ela pode olhá-la enquanto você mergulha através da Net. — Ela é uma cardeal F-Psy, — Sophia disse. — Seu tempo vale centenas de milhares, se não milhões, de dólares. Por que ela deveria concordar em desperdiçá-lo comigo? Max viu que ela realmente não entendia. — Porque os DarkRiver me consideraram um amigo. — E os gatos entendiam - mesmo se eles não aprovassem exatamente, que Sophia era dele. E mais - — Você recebeu a mensagem para Nikita quando Sascha foi ameaçada. Os changelings não esquecem coisas assim. — Ele a viu absorver, dando um pequeno aceno de cabeça. — Eu vou chamá-la, mas o fato de que Faith salvou nossas vidas não cancela qualquer obrigação de sua parte? — Não é sobre obrigação. É sobre criar laços. — Colocando a mão na parte de trás de sua cadeira, ele encontrou seu olhar, a suavidade de seu cabelo luxuriante escovava sua pele. — Prometa-me que será cuidadosa. Eu não quero você sangrando porque você ficou correndo riscos. Sua expressão não mudou, mas ele podia ver o vapor saindo de suas orelhas. — Eu não sou estúpida, detetive Shannon. Por favor, coloque esse pensamento em sua cabeça. Ele queria beijá-la.
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Kaleb entrou no escritório de Nikita para encontrá-la no término de uma conversa com um homem alto de etnia mista que não se movia como um changeling, mas como um ser humano. Kaleb sabia quem o homem era, é claro. Ele sabia tudo sobre Max Shannon quase que instantaneamente após o pedido de Nikita. O detetive da Execução não era apenas bom em seu trabalho, ele era tão tenaz e obstinado como um cão de caça. — Conselheiro Krychek, — disse o detetive com um pequeno aceno de cabeça enquanto ele saia da sala e fechava a porta atrás de si. — O que você precisa com um agente da Execução? — ele perguntou a Nikita à medida que ele se sentava na cadeira em frente a ela. — Temos Arrows por uma razão. — Os Arrows são de Ming, — ela disse. — Eu precisava de uma parte imparcial. Kaleb pensou nas contínuas tentativas de hackear seus escudos, a sensação de ser muito observado de perto – e as tentativas falhas de tentá-lo localizá-lo através da PsyNet quando ele não queria ser rastreado. Ele poderia ter terminado o jogo dias atrás, virando a mesa em seus rastreadores – apesar de dada a sua habilidade, ele iria ter que tomar uma quantidade concentrada de tempo e esforço, mas ele ficou intrigado o suficiente para deixá-lo continuar. Porque havia um grupo, apenas um grupo sozinho na Net com as habilidades secretas para fugir das armadilhas que ele havia definido - e se esse grupo tinha decidido mudar sua lealdade... — Você está dando as pessoas hemorragias, — ele disse a Nikita, mantendo seus outros pensamentos para si mesmo. — O fato que você notou o coloca no topo da lista de suspeitos. — Pelo contrário. Nós dois sabemos que eu faço o que precisa ser feito sozinho. Eu não tenho a necessidade de recorrer a outras pessoas que possam cometer erros. Nikita se acomodou em sua cadeira com sua franqueza. — Você notou algo nos padrões de comportamento de Henry? Kaleb não tinha, e estar de fora do circuito não era algo que ele apreciava. — Diga-me.
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— Eu prefiro mostrar. — Virando a cadeira em direção à tela fina do comunicador montado na parede, ela escureceu suas janelas, e trouxe um mapa do mundo. — Os pontos vermelhos indicam os locais onde Henry tem estado nos últimos seis meses. Os pontos azuis indicam os incidentes que aconteceram ao mesmo tempo. Havia grupos de azul em torno de cada ponto único vermelho. — Os incidentes estão aumentando, — Kaleb disse. — Não é impossível ele estar coincidentemente nos mesmos locais - mas eu estou assumindo que os incidentes eram grandes o suficiente para chamar sua atenção. — Não os cinco primeiros ou assim, não, — Nikita disse. — Como você disse, houve explosões de violência, um pouco aqui e ali, então eu não lhes dei atenção. Mas esses incidentes não envolvem violência, exceto do tipo que se auto aflige. — Suicídios? — Isso picou seu interesse. O suicídio não era considerado tabu na cultura Psy. A maioria das pessoas que reconheceram seus padrões mentais como aberrante escolheram terminar a sua existência, em vez de enfrentar a reabilitação. Mas as chances de suicídios - dez ou mais em cada local – revestidas tão bem com as viagens de Henry eram excepcionalmente baixas. — Eu tenho certeza de que ele já usou essa tática antes, — Nikita disse. Kaleb concordou. Havia ocorrido uma série de incidentes violentos há vários meses, com Psy quebrando condicionado em público. Todos aqueles Psy pareciam ter sido programados para o suicídio depois de completar sua tarefa, ou se pego. — Seu comportamento recente, no entanto, sugerem que ele viu um erro nessa linha de pensamento. — Dada a maneira como a PsyNet funcionava, a violência somente gerava mais violência. Um ciclo de realimentação constante. Nikita largou o controle remoto, mas não apagou a imagem. — Muitas das pessoas que se suicidaram estavam na lista de vigiados para a reabilitação. Os outros poderiam ter sido fragmentados. — Então, Henry podia ver como uma remoção da violência da Net. — Kaleb considerou a ideia. — Você pode me enviar os dados completos sobre os suicídios? — O arquivo foi enviado via telepatia em sua mente um instante depois.
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Nikita verificou as mensagens em seu organizador enquanto ele via através da lista. — Ele eliminou um químico errático, mas muito inteligente, — Kaleb disse — dois médicos especialistas, e pelo menos um atirador treinado. E isso por que é uma primeira olhada. — Ele continua assim, — Nikita disse a ele. — Ele poderia ver como apagar o fraco da Net, mas ele também empurrou a balança para a mediocridade. Kaleb olhou para ela. — Ou talvez Henry ainda não desistiu da ideia de uma Net totalmente coerente. — Antes de sua deserção, a conselheira e cientista Ashaya Aleine tinha estado perto de desenvolver um implante neural que instituiria o Silêncio ao nível biológico, criando uma verdadeira mente de colmeia. Ela havia destruído todos os dados pertinentes, quando ela desertou, mas esse conhecimento poderia ser recriado. — Ele pode estar podando aqueles que ele acha que será um desafio para esse objetivo. — Nesse caso, eu sugiro que você tome cuidado. Kaleb afastou-se da tela no momento que ela jogou isso para fora. Suas janelas abriram um momento depois. — Eu aprecio a informação – nós teremos que considerar como proceder com isso. Mas eu queria falar com você sobre outro assunto. Nikita esperou em um silêncio intocado. — Eu descobri alguns fatos bastante interessantes sobre E-Psy. — Fatos que poderiam transformar o ‗fracasso‘ de Nikita em um ativo. Nikita colocou de lado seu organizador. — Sério?
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Você me faz sentir forte, me faz sentir como se eu pudesse lutar contra o destino em si. Se você está lendo esta carta, eu falhei. Mas se orgulhe de mim Max - Eu tentei tanto. — Sophia Russo em uma carta criptografada e codificada com temporizador para ser enviada para Max Shannon após sua morte.
Sophia não estava acostumada a ter alguém além de Max no espaço da sua vida. Faith NightStar não estava nem perto de quanto Max era fisicamente imponente, mas ela tinha uma presença. Mas também havia uma fêmea de pernas compridas que a estava acompanhando. — Sophia, — Faith disse. —Esta é Desiree. Reconhecendo Desiree pelo o que ela era - um guarda-costas - Sophia disse a seus convidados para ficarem à vontade na sala antes que ela entrasse no quarto e tomasse a posição de pernas cruzadas no meio da cama. Navegar na Net não exigia muita preparação para a maioria das pessoas, mas quanto mais centrada ficasse, menor a chance de uma quebra acidental. Porque mesmo na Net, havia indivíduos com escudos fracos ou inúteis. Seus pensamentos vazavam como um bombardeio constante. Uma Sensitiva poderia facilmente ser apanhada na tempestade psíquica.
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Mas Sophia não tinha nenhuma intenção de ser jogada contra as rochas. Estreitando seus pensamentos a um ponto, bem fino, ela deu um passo cuidadoso para os céus escuros da PsyNet e baixou automaticamente os firewalls altamente eficazes, se envolvendo em outros mais mundanos ao invés - para que ela pudesse ir para onde ela precisava ir sem ser notada. Havia um elemento de risco para a sua escolha. Se qualquer uma de sua fragmentação... seus sentimentos, vazassem ela iria ser caçada em minutos. E uma vez que a encontrasse, reabilitação seguiria tão rápido, que ela não teria nenhuma chance de escapar. — Então eu vou ser muito cuidadosa, — ela murmurou, e foi se misturar na instalação integrada da Net. Exceto que seus escudos se redefiniam em uma distinta nova formação sem aviso prévio. E não importava quantas vezes ela tentasse, eles não iriam permanecer comum, normal. — Eu preciso que você se comporte, — ela finalmente murmurou em voz alta em frustração. — Eu poderia muito bem estar usando um alvo nas costas se eu saísse com este. Seus escudos viraram o veludo preto exato da Net, fazendo-a efetivamente invisível. Sophia engoliu no plano físico. — Ah... isso vai funcionar. Nenhuma resposta, mas ela teve a impressão de que algo a estava assistindo, ouvindo-a. Isso devia a estar desconcertando, e ele a fez uma extensão. Mas o que quer que isso fosse também a estava protegendo. E ela não iria rejeitar... nem quando a alteridade nela, a menina quebrada que era finalmente uma parte integrante dela depois de duas longas décadas, reconhecia a dor nessa entidade, como se esperasse um chute de lado, para ser empurrado para um canto, para ser esquecido. Eu aceito, pensou Sophia no fundo de sua mente. Obrigada. Sem resposta, mas seus escudos pareciam se fortalecer ainda mais quando ela entrou na elegante, escura e impenetrável Net. A rede psíquica em torno dela foi o maior arquivo de dados do mundo, suas estradas de informação atualizadas a cada segundo de cada dia por carregamentos das milhões de mentes sequestradas em seu tecido psíquico, mas como uma J na posse de informações, muitas vezes confidenciais, Sophia foi treinada a ser muito mais
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cuidadosa com o que ela compartilhava. A maior parte do tempo, as únicas coisas enviadas eram as oficiais, aprovadas pelo resultado dos seus casos em tribunal. Mas não eram apenas dados enviados propositadamente que enchiam a Net. Havia fragmentos de pensamento, imagens, coisas que tinham escapados como resultado de escudos inadequados ou fragmentados, as conversas que tiveram seu lugar na Net no exterior de um cofre mental. Havia certa deterioração depois de um período de tempo - mas o período nunca poderia ser previsto. Ela uma vez havia capturado rumores que mencionava fatos de cem anos atrás. Outros comentários decaiam quase tão rapidamente quanto eram ditos. Você poderia passar uma eternidade navegando na instalação. No entanto, como uma jovem estagiária, Sophia tinha sido ensinada a pesquisar usando filtros altamente refinados - ela havia trabalhado para um promotor em um verão, um juiz em outro, rastreando partes específicas de dados. Agora, ela usaria essas mesmas habilidades para procurar qualquer menção de um PurePsy. Um número significativo de acessos. Rumores na sua maioria de que um PurePsy não existia oficialmente. E ainda assim, quase todos na Net sabiam sobre eles. Era uma técnica muito eficaz, Sophia era forçada a admitir. Aqueles de acordo com a visão de mundo dos Psy Puros fazia um esforço para encontrá-los. Por outro lado, aqueles que não compartilhavam a visão tendiam a considerar o grupo como nada além de um elemento de margem pequena. Enquanto ela perfurava para baixo camada por camada, a triagem através de grandes quantidades de dados, ela começava a vislumbrar a extensão total do crescimento do insidioso grupo. PurePsy era sussurrado em francês, em malaio, russo, maori, tonga, grego, suaíli, urdu, e uma série de outras línguas que ela não poderia identificar imediatamente. Salvando o máximo de dados que ela podia para uma tradução futura, ela se concentrou sobre as peças que ela pudesse entender. . . . bem da raça. PurePsy tem o direito. . . Fora do controle do Conselho. . . . . . Apoio. Definitivamente Conselho apoiado. Eu não vejo a validade no fechamento da rede. Eles estiveram por trás das limpezas Jax...
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O último sussurro pegou o interesse de Sophia. Jax foi o flagelo do Psy, uma droga que muitos disseram que quebrava o condicionado no nível mais básico, permitindo o usuário sentir emoção. Verdadeiro ou não, era um câncer, ninguém tinha sido capaz de extirpar da população. Mas, pensou Sophia, ela havia notado uma diminuição no número de viciados nas ruas de tarde - e ela não tinha visto nenhum desde que chegou a São Francisco. É claro, que poderia ser um resultado da presença pesada dos changelings na cidade. Os usuários de Jax tendiam a ficar em locais mais amigos de Psy. Minha família ainda está discutindo o assunto. . . . bem do Psy. Ele vai nos trazer de volta. . . Os changelings e seres humanos são irrelevantes. É só a PsyNet que importa. Essa última resumia o teor das discussões mais clandestinas, e sobre os PurePsy. O grupo tinha a intenção de uma política isolacionista. Ele acreditava que a PsyNet havia sido corrompida por influências externas e estava determinado a trazer todos os Psy de volta em dobro. Independentes se queriam vir ou não.
Tendo conseguido colocar as mãos sobre o arquivo de navegação pessoal no veiculo de Andre Tulane - graças a uma ajuda discreta do chefe mecânico da Corporação Duncan - Max estava em seu caminho para onde o negro macho magro desaparecia todas as segundas terças-feiras, quando seu estômago roncou. Caindo em uma lanchonete próxima, ele pediu e então fez uma chamada para Sophia. — Ela está bem — Faith respondeu, com a voz conscientemente tranquila. — Pegou um cochilo após o esforço, mas por enquanto bem.
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A imagem de Sophie embalada na cama fez de seu corpo se encher com um calor que não tinha nada com sexo e tudo a ver com uma ternura, dura de proteção. — Chame-me se isso mudar. Uma pequena pausa. — Max, ela é uma J. Você entende o que isso significa, não é mesmo? Foi o carinho em seu tom que o impediu de retrucar. Faith, pensou, provavelmente compreendia mais sobre as pressões que enfrentavam os J do que praticamente qualquer outro fora do Corpo. — Eu sei. Não significa que eu tenho que aceitar. — Você fala como Vaughn. Desde que o changeling tinha conseguido salvar seu companheiro, Max percebeu que isso era uma coisa boa. Desligando após um rápido adeus, ele agarrou seu sanduiche de frango e abacate e tomou um assento em uma das mesas. Ele estava em processo de destruição quando Clay deslizou para o banco do outro lado, com o seu próprio sanduiche na mão. — Eu tenho algo para você, — disse o sentinela, dando um longo gole em sua bebida energética que havia pedido junto com o sanduiche. — Sim? — Os rumores na rua são que os Psy estão reunidos em pequenos grupos em todo o lugar, — o sentinela disse. — Mas eles estão sendo encobertos sobre isso. — Evitando os olhos de Nikita? — Possivelmente. Não se esqueça que Anthony Kyriakus também está nessa área. — Isso é certo – ele está perto de Tahoe. — E embora o pai de Faith mantivesse um perfil mais discreto do que Nikita, ele controlava uma vasta rede de videntes - uma vantagem imensurável sobre seus inimigos. — Então o quê, você estava apenas passando e me viu? — Ouvi dizer que estava por perto, precisava falar com você e almoçar. — Um encolher de ombros. — Engraçado como você escuta as coisas. — Sim, engraçado. — O sentinela não mudou sua expressão, mas Max teve a nítida impressão de que o leopardo estava rindo.
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Max deu ao macho changeling um olhar que prometeu retaliação. — Você tem todos os endereços específicos para estas reuniões secretas? — Alguns - eles tendem a se mover. — Puxando um pedaço de papel dobrado de sua calça jeans, Clay o passou adiante. — Nós temos mantido um olho sobre a situação, mas desde que eles são contadores e professores, estamos colocando para baixo na lista de prioridades. Olhando para a lista, Max observou que nenhuma das localidades correlacionava com as viagens inexplicáveis de Tulane. — Obrigado. — Terminando o almoço, ele colocou o pedaço de papel em segurança na sua jaqueta. — Eu o deixarei saber se alguma coisa vier disso. Clay colocou sua garrafa de bebida vazia sobre a mesa. — Como está a sua J? — Seu tom disse muito mais do que as palavras. — Ela não pode deixar a Net. — Dizer isso em voz alta parecia tornar o inevitavelmente em algo mais real. — Nunca. — Ah, merda. Desculpe-me Max – nós os ajudaríamos se ela quisesse desertar. Max não tinha sido parte de qualquer tipo de família desde que River desapareceu, mas ele entendeu o que era, compreendeu o valor da oferta de Clay. — Seus escudos telepáticos estão perto de um colapso total, — ele encontrou-se dizendo, as palavras arrancadas dele. — Ela é uma gradiente 8,85, por isso, quando eles falham... Nenhum lugar no mundo habitado seria seguro para ela. Os incríveis olhos violetas de sua Sophia que ia para preto sob uma avalanche de ruído – e depois disso, haveria apenas o silêncio em sua vida. Interminável. Implacável. Para sempre. Vinte minutos depois, Max estacionou seu carro a um quarteirão de onde Andre Tulane desaparecia em intervalos regulares, e caminhou pela rua suburbana alegremente pintada. As casas usavam tons de azul chiclete, doce rosa, e amarelo merengue, quase todas com acabamento em branco. Humano. Muito humano. A única razão que um Psy poderia acabar vivendo entre tanto brilho seria se houvesse alguma lei municipal que estipulasse as cores, a fim de manter um caráter histórico na área.
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Psy compreendia o valor do turismo arquitetônico. Vendo uma velha senhora que cuidava de seu jardim de inverno silenciosamente a um par de casas ao fim, ele atravessou. — Um rosto bonito não faz isso por mim, — ela disse, sem parar em sua tarefa. — Nunca - não desde que Bobby Jones quebrou meu coração no colegial. Max não tinha muita vontade de sorrir - o tempo estava passando muito malditamente rápido - mas ele fez seus lábios curvarem. — Eu não suponho que você saiba quem mora no número nove? — Ela nunca fez nada para prejudicar ninguém, — um olhar desconfiado — então você a deixe sozinha. Max franziu o cenho. — Humana? Seu bufar foi deselegante, suas palavras amargas. — Você acha que um Psy viveria nesta rua? Max tomou uma decisão. Se era a errada, poderia deixar sua presa escapar - mas Max tinha acabado de se lembrar de algo mais que ele leu na historia recente de Tulane e percebeu que a resposta para esse mistério poderia ser um tanto lógica... E totalmente inexplicável. — Obrigado por sua ajuda. — Afastando-se, ele caminhou até a porta de número nove e bateu. A pequena mulher que abriu a porta tinha braços cobertos por carapaças pretas computadorizadas e cicatrizes em seu rosto que ainda tinha um brilho de rosa forte - vívido contra a cor café com leite natural de sua pele. — Sim? Sua garganta se apertou com o conhecimento de que ele estava certo sobre a motivação de Tulane para visitar esta casa, Max mostrou seu ID eletrônico. — Srta. Amberleigh Bouvier? — Não era uma adivinhação, não devido a sua condição física. — Sim. Sobre o que é isso? — Podemos conversar aí dentro? — Ele podia sentir o jardineiro olhando para ele. Uma hesitação antes que ela concordasse e o levasse para o corredor e para a cozinha. — É sobre Andre? — ela perguntou, sentando-se à mesa posta perto da janela. Quando ele levantou uma sobrancelha surpreso, ela continuou, — eu
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percebi que alguém viria mais cedo ou mais tarde, mas eu pensava que seria outro Psy. Max inclinou seu ombro contra o batente da porta. — Eu preciso saber o motivo das visitas de Andre Tulane. — Penitência, — disse Amberleigh em uma resposta gritante. — Explodiu um fusível em seu carro e ele perdeu o controle do mesmo em uma noite chuvosa há seis meses. Infelizmente, aconteceu de eu estar na calçada quando ele passou sobre ela. — Amberleigh balançou a cabeça, seu cabelo azul escuro curto na luz do sol. — Eu mesma também não entendo, então eu não espero que você possa. Todo mundo – até mesmo eu – concordo que foi um acidente, mas ele disse que era o responsável, então ele pagou todas as minhas contas médicas, para ter certeza que eu tivesse o melhor tratamento. — Seus braços? — Eles estarão de volta com força total em mais alguns meses. — Ela tocou seu rosto. — E essas cicatrizes vão ser tudo, mas depois de curarem o suficiente posso começar o tratamento a laser. Esses tratamentos, Max pensou, não existiam quando Sophia era uma criança. Ele poderia perguntar por que ela não tinha aproveitado deles quando adulta, mas ele sabia a resposta - era uma rebelião, tranquila e poderosa. Sophia queria se lembrar do passado, lembrar-se dos três filhos que havia perdido. Ele estava tão fodidamente orgulhoso dela por encontrar uma maneira de falar, mesmo com o Silêncio. — Por que André ainda vem para ver você? — Para fazer qualquer trabalho que precisa ser feito em torno da casa ou quintal. — Amberleigh parecia desnorteada, seus olhos enormes naquele rosto pequeno. — Ele não fala mais de três palavras comigo, mas pelo tempo que ele termina, o gramado está cortado, tudo que estava quebrado consertado, e meu carro flui tão bem como uísque irlandês. Max não precisava ouvir mais nada. Quaisquer que sejam os demônios que motivavam o quieto homem negro, Andre Tulane estava profundamente envolvido com uma humana - uma violação direta dos objetivos de absoluta pureza racial dos PurePsy
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No mundo PurePsy, Max pensou enquanto ele saia para o ar fresco da tarde, um policial humano nunca iria encontrar, nunca amar... e nunca perder uma J de olhos violetas.
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Existe sempre um preço quando você começa a fazer perguntas. Às vezes, as respostas não são o que você espera encontrar. E, às vezes, não há respostas. — A partir das notas particulares do caso do detetive Max Shannon do arquivo denominado "River"
Clay tinha dirigido diretamente do almoço para tomar sua posição de observação em torno da casa da companheira de seu alfa, olhou para Sascha enquanto caminhava para fora de sua casa e de Lucas. Ele não era tão próximo dela, como alguns dos outros sentinelas, mas ele respeitava profundamente a mulher que seu alfa tinha escolhido. Ela era forte, e ela fez o seu clã forte. — Eu não disse nada para Max, — ele disse, continuando uma conversa que haviam começado ao telefone no caminho. — Não queria elevar suas esperanças. Mas poderia Noor ajudar Sophia? — Sua filha adotiva - proprietária de um grande pedaço de seu coração - era parte humana, parte Psy. Ela também havia formado uma profunda amizade com outra criança superdotada, Keenan. E essa fusão de fatores criou algo surpreendente. Sascha colocou a mão em seu braço para se firmar enquanto passava por cima de um tronco caído, facilmente reivindicando os privilégios de pele que era um direito por ser um membro da matilha - mas que ela nunca tinha se
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convencido até que Clay tinha dito a ela que estava tudo bem. — Eu perguntei a Faith para ver se o pai dela poderia nos conseguir os exames médicos de Sophia depois que você ligou. Anthony Kyriakus, Clay pensou, era um enigma, um conselheiro Psy com um aparente coração. — E ele conseguiu. Um rápido aceno, uma mecha de cabelo negro rico escapou da trança para enrolar em seu rosto. — Tammy, Ashaya, e eu, todas nós demos uma olhada neles. — Sua expressão era sombria quando ela olhou para cima. — De acordo com os exames, seu cérebro orgânico é bom. Ah, maldito. — Isso é o que as crianças corrigiram, não é? — Tanto quanto sabemos - sim. Mas o fato é que nós estamos aprendendo enquanto nós trabalhamos com Noor e Keenan. — Ela pegou uma folha que tinha flutuado para baixo através das luzes em tons de ouro da floresta, preocupação entre os seus dedos. — Js também têm sido um mistério desde o início da sua existência. Meu melhor palpite é que o dano é psíquico e cumulativo. Quando eu a conheci... Senti esta vontade incrível contendo uma dor muito grande. — Sua voz era tensa, seus ossos tensos contra sua pele. — Seus escudos não estão quebrados - eles têm sido desgastados por milhares de lentos pingos de ácido. Clay passou a mão pelo cabelo. — Existe alguma coisa que pode ser feito? Ele queria ajudar o policial que havia sido um amigo de sua companheira, quando ela estava sozinha, que havia derramado sangue na caçada para encontrar um monstro que fazia experiências com crianças vulneráveis, como Noor. Sascha parecia tão aflita que ele sabia a resposta antes dela falar, esta empata com o coração enorme. — Eu tentarei ver se eu posso fazer algo a nível psíquico, mas de acordo com uma nota em seu arquivo, ela é uma pequena âncora. — Uma única lágrima listrou seu rosto, sua tristeza tão pesada que ele podia sentir isso nos seus ossos. — Ela está se alimentando da Net – e esta Net está enlouquecendo devagar. Clay libertou suas mãos fechadas para alcançar e aproximar uma sobre os ombros de Sascha. — Ela terá alguma chance? Os dedos de Sascha agarraram os seus em uma simpatia dolorosa. — Não.
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Max voltou para seu apartamento ao descobrir que Morpheus havia desertado de vez. O gato bem alimentado estava ronronando feliz na mesa de café de Sophia quando ela o havia deixado entrar. — Senti sua falta hoje, — ela disse com um sorriso, mas ele viu as sombras sob os seus olhos, as novas linhas de tensão no seu rosto. O coração apertou com a força do que ele sentia por ela, ele esperou apenas até a porta se fechar para colocar seu rosto em suas mãos, para tomar sua boca em um beijo que transmitia tanto selvageria quanto ternura. Ela respondeu com um gemido baixo em sua garganta. — Max, espera. Ele mordeu o lábio inferior, furioso com ela pelo que iria fazer em breve, a traição que ela logo cometeria. Seus olhos brilhavam. — Max. Não foram as lágrimas que o detiveram. Foi o jeito que ela disse, o jeito que ela olhou para ele. Não com medo dele, mas por ele. — O que foi? — Ele agarrou seus quadris, incapaz de deixá-la ir. Ela baixou a cabeça contra o peito por um momento. — Você vai me odiar, Max? — Cada momento de cada dia. — Bom. Raiva retorcia dentro dele, por esta mulher que precisava dele para se lembrar dela. Ela não sabia que ele jamais a iria esquecer? — O que, — ele disse, sua voz áspera com uma raiva retida, — você quer me dizer? Um longo suspiro e ela levantou a cabeça. — Enquanto eu estava na Net, fiz algumas pesquisas fora dos parâmetros do caso. — Aqueles olhos incomuns se transformaram, em seguida, voltaram. — Eu encontrei algumas informações para você. Ele não estava acostumado com esse tipo de evasão dela. — Se você não sabe eu estarei com você
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Seus dedos foram para sua boca. — Eu sei. — Os olhos brilhantes em um tom que não deixava espaço para dúvidas. — Eu não quero que esse conhecimento o machuque... e eu sei que ele tem a capacidade para uma dor enorme. Ele tomou sua mão e beijou-lhe os dedos. — Eu sou durão. Eu irei sobreviver. — Isso foi o que ele fez, sobreviveu. Mas essa cicatriz, a cicatriz de Sophie, nunca iria se curar. Ela colocou a mão em seu rosto com um afeto gentil, e ele sabia que ela entendia o que ele não tinha dito, a ferida que ele não tinha vocalizado. — River pode ter estado vivo há dois anos. Seu coração parou. Quando ele chutou forte outra vez, ele se viu acenando com a cabeça, suas mãos apertando as dela - ele havia procurado River desde que ele se tornou um policial, através de cada banco de dados conhecido e não chegou a nada. — Por que haveria alguma coisa sobre ele na PsyNet? — Seu caminho cruzou com o de um pesquisador humano fazendo um estudo sobre os adultos que haviam sido dependentes de tóxicos quando crianças. — Palavras gentis, um olhar preocupado. — Os dados do pesquisador eram notas de rodapé - e ligadas – pelo o estudo de um cientista Psy sobre o vício de Jax. — Onde... — ele começou, mas Sophia já estava se afastando para pegar uma folha de papel ao lado do corpo ronronante de Morpheus. Tomando a impressão, ele foi direto para a parte que ela havia destacado. Lá estava ele. O nome de River em preto e branco. A citação trazia que o sujeito tinha estado livre da dependência desde seu décimo quarto aniversário, quando ele havia se voluntariado a entrar em um programa gerido por uma organização de caridade. — Max. — Os dedos de Sophia se fecharam sobre seu pulso. Foi só então que ele percebeu que sua mão estava tremendo. — Eles apenas usaram os primeiros nomes - poderia ser outra pessoa. — Esse é um nome incomum e juntamente com a sua idade na época que o artigo foi escrito, e sobre o vício... Sua mente não estava trabalhando muito bem. Ele olhou para cima, para vê-la segurando um pequeno pedaço de papel de carta. — O que é isso?
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— O número de telefone do pesquisador que escreveu o artigo original. Ele está atualmente lecionando na Universidade do Pacífico Sul, e está ficando em Vanuatu. — Havia uma esperança quase dolorosa em seus olhos. — Você deve ser capaz de encontrá-lo em seu escritório um pouco mais tarde, verifique se era seu irmão. Avançando, ele a puxou em seus braços, esmagando a suavidade feminina dela para ele, enterrando o rosto em seu cabelo. — Você não sabe o que isso significa. Seus dedos cravaram em suas costas, suas emoções tão claras como se ela tivesse falado. — Você sabe, não é? — Ele sussurrou em seu ouvido, o aroma de seu bálsamo sobre a sua alma devastada. — Você sabe exatamente o que isso significa. — Família, Max. Você terá uma família. — Palavras ferozes de esperança. — Você não estará sozinho. — Depois que eu me for. Max apertou a mão em seu cabelo, atraindo-a de volta para que ele pudesse olhar em seu rosto, para que pudesse falar com os seus lábios contra os dela. — Nós, — ele disse. — Nós teremos uma família. Seus olhos se encheram de luz, de uma felicidade sem limites. — Max. — Ela deu um beijo na sua mandíbula, no momento em que seu telefone celular começou a apitar. Era Bart. — Bonner escapou.
— Como isso é possível? — Sophia olhou para Max quando ele desligou o telefone e disse a ela o que tinha acontecido. A prisão era subterrânea, todos os pontos de acesso guardados em segurança. Mesmo as saídas de emergência tinham alarmes com pontos sensíveis que ativavam com a percepção de qualquer coisa maior que um rato selvagem.
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A raiva de Max era uma coisa fria e forte. — Ele teve um ‗acidente‘, teve que ser levado para a enfermaria. Pelo que me parece, ele tinha trabalhado na médica por meses. Ele deve tê-la convencido de que ele era inocente. — Mesmo assim... — Sophia não podia imaginar o astuto e maldoso Bonner de volta as ruas — A médica não poderia ter a esperteza necessária para tirá-lo de lá. — Mas ela tinha acesso a calmantes - ela utilizou no diretor, em seguida, saqueou seu escritório a procura das chaves reservas. — Max apertou sua mandíbula tão apertada que podia ouvir seus ossos rangendo uns contra os outros. — Já está em andamento a sua caça e é bastante certo de que ele esteja dirigindo o carro da médica. Sophia se sentou no braço do sofá, os dedos cavando no tecido. — E a médica? — Se ela tiver sorte, — Max disse categoricamente, — Ela já estará morta. Se não... — Ele sabia que Sophia compreendia melhor do que ninguém o que Bonner era capaz, a dor que seria a recompensa da médica por ser tola o bastante por acreditar em um sociopata. Um aceno tranquilo de cabeça. — Você precisa se juntar à equipe de caça? — Eu posso entrar em contato com eles a partir daqui. — Bonner não iria fodidamente roubar o tempo que Max tinha com Sophia. — Eles têm os números necessários. — O time era enorme e crescia a cada hora. — O que eles precisariam de mim é prever onde Bonner poderia ir, atualizar a grade de pesquisa à medida que tivermos suas aparições. — A primeira coisa que veio na mente de Max tinha sido o interesse que Bonner tinha trançado em Sophia. — Sophie, há uma chance de ele vir a você. Sophia engoliu, assentiu. — Eu irei estar com você a maior parte do tempo, e quando eu não estiver, estarei em edifícios mais seguros. Eu pegarei um dos agentes de segurança comigo se eu precisar sair por conta própria. Ele a amava por não fazê-lo lutar para protegê-la. — Neste momento, ele está em terra, de modo que não há muito perigo. — Mas se ele conseguisse chegar a um vôo... — Eu irei alertar a Força de Execução aqui, vamos deixar os DarkRiver saberem para que a sua rede possa manter um olho atento.
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— Por que a Execução está tendo problemas para rastreá-lo? Eles não são incorporados? — Sophia perguntou, referindo-se ao transmissor em que todos os criminosos violentos tinham sido colocados sob a pele durante o período de sua sentença. — Ele conseguiu desativá-lo logo após sua fuga, mais possibilidade plausível seja que a médica tenha tirado para ele. Sophia tomou uma respiração profunda, tremendo. — Será que ela, a médica... o satisfez por um período? O estômago de Max virou. — Ele tem estado atrás das grades tempo suficiente para ter elevado suas necessidades. — Refinado suas perversões. — O que posso fazer para ajudar? Ele não a queria em nenhum lugar perto da maldade de Bonner - ela havia caminhado para o vazio o suficiente por dez vidas. — Dê outra olhada no Quentin
Gareth
-
Eu
tenho
esse
pressentimento
que
perdemos
algo.
Especialmente com Tulane fora da jogada. — Ele disse a ela o que havia descoberto na casa de Amberleigh Bouvier. — Interessante - a dinâmica da força de trabalho de Nikita. — Uma declaração reflexiva. — Eu irei olhar o arquivo de Gareth agora. Enquanto ela fazia isso, ele agachou-se para cruzar referencias da localização da penitenciária D2 com os conhecidos buracos de Bonner, e enviar a lista para a equipe de caça a medida que isso tomasse qualquer tipo de forma. — Ele é inteligente, — Max disse à equipe na linha de comunicação segura que ele havia conseguido, depois de discutir a possibilidade de que Bonner poderia tentar chegar a Sophia, para que eles pudessem colocar alerta nas rotas relevantes. — Eu não acho que ele vai chegar perto de seus antigos buracos que usava como esconderijos. — Mas a equipe ainda tinha que verificar todos e cada um, apenas no caso. — Eu também enviei algumas propriedades que eu sei que eram dele, mas que eu não pude legalmente vincular a ele - aqueles que nunca estiveram nos arquivos da polícia, então ele não teria o direito de vê-los durante o julgamento. — Foda-se, Max, por que ele não pode simplesmente morrer e nos fazer um favor? — O líder da equipe, um homem que era uma lenda por nunca perder a calma, se quebrou por um segundo antes de tomar uma respiração calmante.
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— Nós temos certeza de que a médica já está morta, os cães nos levaram a um trecho da floresta não muito longe de D2. Muito sangue. — Algumas deles eram de Bonner, eles cortaram lá o transmissor. Com a alta velocidade de um spray, ele agradeceu a médica por sua ajuda cortando sua garganta. Ele nunca foi tão impaciente antes, nós nem tivemos a chance de salvála. Max sacudiu a cabeça. — A médica era uma necessidade. — Uma ferramenta. — Ela era muito velha para satisfazê-lo em qualquer outra forma, na sua mente, ela provavelmente estava feliz por morrer uma vez que havia vivido o seu propósito. O outro policial balançou a cabeça em uma raiva incrédula. — O que você precisa de nós? — Qualquer avistamento confirmado ou crível – me envie os detalhes assim que você pegá-los. Mesmo uma direção geral vai me ajudar a diminuir os possíveis locais. Com a quantidade de dinheiro que ele tem em sua disposição, — e Max sabia que havia membros da família de Bonner que ainda acreditavam na inocência de seu menino de olhos azuis. — Ele poderia ir a qualquer lugar. — Nós temos os aeroportos cobertos. — Ótimo. Ele pode tentar um voo doméstico, — Especialmente se a sua fixação em Sophia for mais forte do que o seu impulso para encontrar outra presa. — Mas eu não acho que ele vai deixar o país. Ele gosta muito de ser uma estrela por aqui. — Terminou a chamada depois de mais algumas palavras rápidas, ele foi se sentar ao lado de Sophia no sofá. — Agora vamos esperar. Sophia não podia suportar ver o peso sobre os ombros de Max, a tensão em torno de sua boca. — Não se machuque Max. — Ela segurou seu rosto, suas emoções despidas. — Bonner não merece ter você se machucando por seu mal. — Querida. — O beijo de Max foi tão suave, lágrimas queimavam a parte de trás de seus olhos. E sentiu-se diferente - mais do que sexual, mais do que íntimo. Sentiu-se como se ele estivesse entregando-a um presente que ela não entendia. Segurando-se a ele, ela se entregou ao beijo, se entregou a Max. Quando seus lábios vagaram sobre seu rosto e seu queixo para baixo, ela tremeu e teceu seus dedos através da seda grossa de seu cabelo.
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Nikita podia esperar, ela pensou. O mundo inteiro podia esperar. Hoje à noite, este momento, ela o estava roubando para ela e para o forte, leal e lindo homem que havia visto cada peça sua quebrada e ainda a olhava como se ela fosse perfeita. — Max. Não pare. Não hoje. Levantando sua cabeça da dela, ele levantou-se em um movimento suave que falou de cada força masculina. Quando ele estendeu a mão, fez todo o sentido colocar a sua própria contra a dele e o permitir que a levasse para o quarto, para vê-lo colocar os dedos sobre os botões de sua camisa, abrindo-os, um por um. Seus dedos roçaram o lado de um dos seus seios, fazendo-a estremecer. — Frio? — Um sopro íntimo contra seu pescoço quando ele deixava cair a camisa no chão e se movia para curvar seu corpo ao redor do dela por trás, uma dura, elegantemente musculosa excitação masculina que ele não fazia nenhum esforço para esconder. Ela nunca havia se sentido mais viva, mais sensual em sua feminilidade. — Não. — Bom. — Suas mãos se deslocaram para fechar sobre os seus seios através do algodão do seu prático sutiã. — Se eu te comprar uma lingerie sensual, — Moldando-a, possuindo-a — Você usaria? Alegria percorreu a sua sensualidade, um tempero picante. Ele estava tão determinado como ela, pensou, para fazer deste tempo deles, algo que ninguém jamais seria capaz de roubá-los, não importando o que o futuro reservava. — Quão sensual? — Muito. — Ele beliscou seus mamilos levemente - uma rápida e acentuada mordida – rolando-os entre os seus dedos. — As peças podem até fazer você corar. O calor já estava subindo sobre seu corpo, mas era uma coisa langorosa e sedutora. — Isso soa como um desafio. — Alcançando-o de volta com um braço, ela emaranhou seus dedos em seu cabelo, segurando-o para ela. — E eu aceito. Um sorriso que ela podia sentir contra sua pele enquanto suas mãos escorregavam pela sua carne dolorida. Soltando o próprio braço para o lado, ela o deixou desfazer o fecho do sutiã, em seguida, estendeu a mão para puxá-lo para baixo e fora de seu corpo. — Por que é... — ela estremeceu quando ele beijou o
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topo de sua coluna e foi para baixo. — Que eu sempre acabo nua enquanto você permanece vestido? Uma risada rouca masculina, seus lábios se movendo por cima de seu ombro, com as mãos em seus quadris. — Porque eu sou um homem inteligente. — Brincando com seus dedos em seu abdômen, ele desfez o botão de cima de sua calça jeans. — Tire estes para mim. Aquele lento, sonolento e inflamado calor, queimava, mas ela deu um passo para frente, baixou o zíper e então - tomando uma respiração profunda empurrou para baixo tanto a sua calça jeans quanto a sua calcinha. Inclinandose para retirá-los fora de seus pés, ela mal conseguia ouvir nada através do trovão do seu batimento cardíaco. Max não disse uma palavra até que ela se endireitou de volta à sua altura. Mas então ele falou... e ela se derreteu.
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— Linda. — Um som áspero, mãos impacientes que a levaram ao encontro do seu beijo. E, oh, seu beijo. Ele a segurou com a mesma ternura selvagem, o mesmo protecionismo que tinha dedicado a ela desde o inicio. Mas também identificou algo mais - um prazer escuro, cru, uma agressão calorosamente sexual. Tremendo, ela puxou sua camisa. Botões saíram voando para todos os lados enquanto ele cooperava com a sua necessidade frustrada de tocá-lo, mas a sua atenção estava em sua boca, uma fome inexorável. Logo que a camisa caiu no chão, as mãos foram para trás em seu corpo, ele a apertou e a acariciou até que ela terminou o beijo, incapaz de tomar mais. Mas ele não iria deixá-la ir. Deu beijos em seu queixo, em seu pescoço, o calor do seu peito uma carícia requintada, enquanto ela caminhava para trás. Ela estava mais do que pronta para cair em cima da cama, quando essa a atingiu na parte posterior de seus joelhos. Não esperando por ele para empurrá-la, ela rastejou e ficou entregue, apoiada em seus cotovelos. Ele a estava olhando com uma espécie de brilho no olhar, o que fez a sua pele se contrair até quase machucar. Ela engoliu em seco quando os seus dedos foram para o seu jeans e ele desfez a pressão, pondo a calça para baixo junto com
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a sua cueca. Seus olhos estavam fixos no comprimento e espessura de sua ereção... na mão que ele apertava em torno si. Ele o acariciou uma vez, e seu corpo arqueou. Ela não podia explicar, nem entender, mas a visão dele acariciando sua própria carne foi à coisa mais erótica que ela já tinha visto. — Max. — Um apelo trêmulo. Vindo em sua direção enquanto ela mantinha o convite silencioso, ele abaixou-se apenas o suficiente para que suas coxas resvalassem na dureza de sua ereção empurrando sobre seu abdômen a sua flagrante demanda masculina. Puxando uma respiração, ela deslizou as mãos até a beleza de seu peito e sobre os seus magníficos ombros. — Sim. — Foi à resposta para a pergunta que ele não tinha feito. Mas ele entendeu. Relaxando seus músculos, ele permitiu que seu corpo a tocasse por toda parte. O contato de corpo inteiro causou um relâmpago erótico, uma tempestade elétrica. Gemendo com a dor e o prazer disso, ela emaranhou os dedos em seus cabelos e tomou tua boca na sua em um beijo. Ele estremeceu contra ela, sua mão apertando seus quadris. Quando ele moveu a mão para empurrar suas coxas, ela abriu as pernas em um convite silencioso. Ele a tocou com sua esperteza, e isso a fez tremer. Mas ele não iria acariciá-la com paciência como tinha feito antes. Desta vez, seu toque era deliciosamente, demandamente áspero, como se usasse o conhecimento que tinha de seu corpo para levá-la a torcer por debaixo dele. — Isso, — ele murmurou, seus ombros musculosos indo de encontro com suas palmas, enquanto brincava com ela. — Grite por mim, Sophie. Ela conseguiu apertar suas coxas, prendendo a mão dele no meio. — Eu, — ela ofegou, — Não sou uma pessoa que grita. Um sorriso perverso, inesperado surgiu, mostrando uma covinha em sua bochecha. — Bem, agora, um homem tem que tomar isso como um desafio. Ela o adorava. Puxando a sua cabeça, ela pressionou uma linha de beijos ao longo da covinha, mesmo quando ele começou a provocá-la com pequenos movimentos de seu dedo em seu clitóris. Sua respiração foi capturada. — Max, você está me apressando.
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A queixa sensual o fez rir. — É justo. — Porém ele retirou sua mão, inclinando-se para beijá-la lenta e preguiçosamente, embora seu corpo zumbisse com tensão acima dela. Enquanto ele movia para baixo, seu cabelo fez um curso em sua pele, roçando nos seus seios antes dele tomar um mamilo apertado em sua boca. Era uma agonia de sensações, e foi magnífico. — Oh! Passeando com os dentes, ele tragou o mamilo. — Isso, — ele disse, circulando o nó molhado com a língua, — Foi quase um grito. — Suspiro, — ela respirava. — Foi um suspiro. Agora, por favor, pode fazer isso novamente. — O quê? — Outro sorriso perverso. — Max. Rindo, ele mergulhou sua cabeça para provocar seu mamilo negligenciado, curvando sua mão possessivamente sobre o arredondamento de seu outro peito. Tremendo, ela descobriu que abria suas coxas de novo, que ele estava embalando-a na mais íntima das maneiras. A profundidade do prazer era uma faca afiada e provocativa - ela pensou sem parar, suas mãos correndo para cima e para baixo nas costas dele. Meu, ela pensou com uma possessividade primordial, ele é meu. Suas mãos tocaram em sua bunda quando ele levantou a cabeça para beijá-la nos lábios, e assim ela descobriu que realmente gostava de acariciar esse seu músculo forte e elegante. Um gemido contra ela. — Pare com isso. — Ele mordeu o lábio inferior quando ela não obedeceu — Ou eu vou jogar o mesmo jogo com você... em frente ao espelho. As mãos dela ficaram imóveis. Max apoiou-se em seus antebraços, intrigado o suficiente para combater a necessidade pulsante de seu pênis, a vontade de se afundar em Sophie e seu calor de seda. — Então, a Sra. Sophia Russo tem fantasias excêntricas sobre espelhos. Interessante. Calor subiu em sua face, mas ela apenas inclinou a cabeça. — Diga-me uma de suas fantasias. Ele adorava que ela confiava nele o suficiente para não recuar. Combater fogo com fogo, ele fez um movimento lento e deliberado... até sua ereção cutucar
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seu clitóris. Senhor tenha piedade. Sentia-se tão bem, ele queria escapar alguns centímetros mais para baixo, entrar com tudo. Mas esta era a primeira vez de Sophie e ele tinha muito bem a intenção de afogá-la em prazer, o que era uma questão de orgulho masculino... e do quanto ele sentia por esta mulher. Seus olhos se afogaram em preto pela forma como ela disse, — Não pense que você vai me distrair. Sorrindo, ele beijou-a, aninhando em seu pescoço enquanto ele falava: — Você sabe aqueles ternos que veste? Aqueles com saia até o joelho e jaqueta que abotoam abaixo dos seus seios? — Mmm. — Ela fez um desses pequenos movimentos que o deixava insano, esfregando-se contra seu pau. — Meus ternos são chatos. Ele levou alguns segundos para encontrar sua voz. — Au contraire. — Palavras roucas, sua respiração presa em sua garganta. — Esses ternos dão idéias a um homem. Como, por exemplo, pegar você sozinha em um escritório deserto. — Ele agarrou seu lóbulo da orelha em uma rápida e provocante mordida — dobrar-lhe em uma grande mesa de madeira, tirar sua saia e te encontrar molhada para mim. — A imagem o levou a um passo mais perto da insanidade. Em seguida, Sophie disse: — Você irá me tocar? — Com uma voz sensual que fez apertar o redor do seu pênis. Trêmulo, ele abaixou a cabeça, chupou duro o seu pescoço, deixando uma pequena marca vermelha. — Não, isso é uma fantasia do homem Neandertal — uma das minhas favoritas. — Eu só vou arrancar sua calcinha e entrar em você. — Isso... ela engoliu e molhou os lábios. — Eu tenho... hum, nada contra essa fantasia. Agora, inferno, ela merecia um beijo quente de língua. — Eu tenho outra versão, — ele a disse mais tarde. Dedos apertando os meus bíceps, seus seios subindo e descendo em irregulares respirações. — Desta vez, eu ia te colocar na minha frente e ia tirar a sua saia centímetro por centímetro, enquanto seguia acariciando com meus polegares o interior das suas coxas. — Levantando-se para se ajoelhar acima dela, ele ia espelhando suas palavras em ações, partindo de suas coxas para levar-lhe no mais delicioso dos pontos de vista. — Eu sei que você não estará usando nada
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por baixo, embora às vezes, eu a deixe usar meias de seda e uma cinta-liga... — Seus seios se tornaram ainda mais rosados e um calor quente percorreu todo o seu corpo. — ax. Ele moveu suas mãos sobre ela, numa carícia arrebatadora. — Shh, isso está ficando bom. — Ela estremeceu sob seu toque. — E então eu ia posicionar a saia toda na sua cintura, e achar você nua, toda rosa e úmida para mim — deslizando as mãos sob seu traseiro — ia puxar você perto — posicionando-me mais para baixo em seu corpo — e ia comê-la como doce. E, em seguida, ele a tomou. Quente, profundo e com uma aberta possessividade. Ela resistiu sob ele, exuberante em sua feminilidade, fazendo pequenos sons de prazer que rogavam para que ele a levasse mais alto. Porém hoje, ele não queria que ela chegasse ao auge sem ele. Ele precisava segurá-la em seus braços, sentir seu prazer. Então, quando ele sentiu seus pequenos músculos íntimos apertarem, sua respiração alterar, ele provou uma última saboreada e subiu sobre seu corpo, sua mão em seu quadril. — Juntos, desta vez, Sophie. As palavras foram tão profundas, tão roucas, que foram quase irreconhecíveis. Sophia percebeu que seu policial tinha chegado ao fim de seu controle. — Sim, oh, sim. — Sentindo-se selvagem, necessitada e muito feminina, envolveu sua perna sobre seu quadril, abrindo-se ainda mais para ele. Ele não perguntou novamente, a beijou com uma mistura angustiante de ternura e uma necessidade quase violenta enquanto ele cutucava a entrada de seu corpo. A sensação era... indescritível. Ele poderia a ter levado a loucura se tivesse tentado fazer isso quando eles se conheceram. Mas agora... Enterrando o rosto no seu pescoço, inspirando a mistura inebriante de seu cheiro, ela agarrou seu corpo apertado enquanto ele deslizava para dentro dela. Sua entrada queimou um pouco, mas isso foi uma coisa pequena consumida na agonia da sensação. Tremendo, ela colocou a outra perna em torno dele. O ato repentino a abriu, e o fez deslizar para dentro mais rápido do que antes. Ambos gritaram e Max congelou acima dela. — Sophie?
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Ela correu os dentes até a linha de sua garganta. — Sim. — Sempre, sim para este homem. Puxando para fora suas mãos, ele entrelaçou-as com a sua própria e as pressionou no lençol, sua boca reivindicando a dela. Ela sentiu-se deliciosamente exposta e chocantemente excitada pela maneira como ele flexionou seus quadris e enterrou-se ao máximo dentro dela. Um grito foi arrancado dela e seu corpo foi arqueando em direção a sua resposta primal. Quando ele começou a se mover, ela tentou seguir. Ela estava uma fração de segundo fora de sincronia... mas apenas nas primeiras estocadas. E depois, não havia mais pensamento. Apenas a marcha, o deslizar quente de seu corpo contra o dela, dentro dela, a sua grossa mandíbula contra seu rosto quando ele abaixou a cabeça... e, finalmente, a beleza turbulenta da tempestade sexual que jogou ambos contra as rochas e as quebrou, abrindo os amplamente. — Ei, você. — Apoiado ao seu lado, Max correu a mão para baixo em sua frente. — Você parece um gato bem alimentado. Ela franziu o rosto. — Isso não é uma imagem sensual, não quando eu sei que é provavelmente Morpheus que você está usando como comparação. A resposta torta lhe rendeu um beijo, um que era reinvidicado, profundo e intenso. — Como você está se sentindo? — Muito bem. Meu inexplicável... mas viciosamente forte escudos ainda estão se mantendo na PsyNet. — Isso é bom, mas eu estava falando sobre o físico. Seu corpo foi liberado. — Oh. — Ela fez uma visita ao banheiro, tinha olhado para seu rosto no espelho, e se espantado com a mulher amarrotada de prazer e com a boca machucada pelo beijo daquele que a encarava. — Estou um pouco dolorida, só isso. — Foi estranho ter essa conversa, mas ainda sim ela conseguiu. Porque era Max. Ele alisou a mão sobre seu abdômen. — Deixe-me saber quando você estiver pronta para a segunda rodada, como eu disse, a prática, muita, muita prática, leva a perfeição.
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Captando a luz da brincadeira em seus olhos, ela deu-lhe um soco de leve no ombro, antes de virar para encará-lo. — Obrigado por tornar a experiência muito... — Interessante? — Um flash da covinha que ela adorava. — Sim, — ela disse, traçando o riso com seu dedo, sentindo a curva dos próprios lábios... — Foi extremamente interessante. Isso é um ótimo elogio. — Eu estou tão feliz. — Deslizando um braço sob a cabeça dela, ele envolveu a outra mão sobre seu quadril. — Para uma Psy, você foi bem. — E você não estava tão ruim para um policial. Eles olharam um para o outro, ambos totalmente satisfeitos no momento. Ela queria aconchegar-se mais perto dele, mas seu corpo ainda estava zumbindo com a sensação. Melhor esperar um pouco, pensou, deixar as coisas se acalmarem. — Vire-se. Para seu crédito, ele nem fingiu não saber o motivo de sua demanda. Carrancudo, ele fez o que ela pediu. A tatuagem percorria ao longo da sua coluna vertebral, uma espada com a ponta logo abaixo de sua nuca e um punho intrincado na parte inferior das costas. Era uma linda peça de arte. Fascinado pela beleza disso, Sophia empurrou para baixo o lençol para que ela pudesse ver toda a coisa. — Quando você fez isso? — Dezesseis, — ele disse. — Eu pensei que eu era uma merda sexy. Ela considerou o menino que ele deveria ter sido, resistente, mas esbelto, com sua musculatura ainda em desenvolvimento e queria rastrear cada centímetro daquela tatuagem com suaves e adoráveis beijos. — A lâmina tão vazia em comparação com a obra de arte sobre o punho. Seus músculos franzidos. — Deixei em branco de propósito. Para você. Sua garganta fechou. Ela também queria dar-lhe um presente... um presente tanto precioso quanto duradouro. — Está próximo da hora do almoço em Port Vila. Você provavelmente poderia pegar o professor em seu escritório. Virando-se para encará-la, ele disse — Eu sei.
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Ele estremeceu, inclinou sua cabeça para que sua testa tocasse na dela. — Estou com medo. — Uma austera admissão. — E se ele não for River? Ou se for... e ele não quiser me ver? — Por que ele iria rejeitá-lo? — Max tinha lutado por seu irmão, tentado salvá-lo. — Eu sempre achei que ele foi pelo caminho errado, em parte devido à culpa que ele sentiu pela forma tão diferente como nossa mãe sempre nos tratou. — River tinha sido seu menino de ouro, Max o bode expiatório. — Eu tentei protegê-lo, mas não pude, não no final. — Se este é o seu irmão, se ele é o menino que eu vi naquela visão, ele se preocupa com você nas profundezas de sua alma. — Às vezes, isso não é o bastante. — Max sabia que ele parecia duro, mas era a única maneira que podia lidar com isso. Se se permitir importar, poderia doer para caralho. — Eu não iria culpá-lo se não quisesse se lembrar do passado. Sophia apertou sua mão, deixando a decisão para ele, para aqueles olhos quentes violeta com uma lealdade intensa, inquebrável. No final, só havia uma coisa que ele poderia fazer, seu amor pelo irmão mais novo atormentado e danificado, era mais forte e de longe mais persistente do que o medo que tentou segurá-lo. Pegando seu celular, ele fez a chamada — a conversa com o professor levou menos de um minuto e terminou com o homem idoso prometendo passar detalhes de Max para esse suposto River, que poderia ser seu irmão. Desligando, Max puxou uma respiração profunda e tragou o perfume de Sophia em seus pulmões. A tentação de se enrolar em volta dela e esquecer o mundo era quase irresistível, mas o policial nele não iria aceitar. Ele tinha feito um juramento, uma promessa. — Eu deveria deixar você descansar, — ele disse à mulher que estava se esforçando para certificar-se que ele tinha uma família, — mas... Gostaria de entrar em uma tocaia? — Sua raiva por ser impotente diante de seus escudos falhando, ameaçou torná-lo amargo, mas ele lutou contra a feiúra, recusando a manchar a beleza desta estranha e bonita alegria entre um policial e sua J. O rosto de Sophia se iluminou com um prazer quase infantil. — Sério? Sim!
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E ele sabia que faria qualquer coisa a seu alcance para manter a luz em seus olhos. — OK, — ele disse uma vez e iria checar com o time de caçada — nenhum avistamento, nenhuma informação para ajudá-lo a diminuir a rede de pesquisa, sua frustração tão aguda quanto à deles, e eles estavam em seu caminho através da cidade escurecendo, — a palavra é, alguns Psy estão tendo reuniões secretas em torno da cidade. Não se sabe o porquê. — Nós iremos observar uma dessas reuniões secretas? — Sim. Os informantes de Clay dizem que é o lugar que iremos é quase certo que estará no lugar do ponto de encontro esta noite. — O changeling leopardo o tinha enviado mais cedo através de mensagem. — Por agora, estamos indo só para assistir, ver se podemos obter uma idéia do que está acontecendo, ver se pode estar ligado a situação de Nikita.
Não muito tempo depois, Max levou o carro a uma parada na exclusiva vizinhança Pacific Heights, estacionando entre dois outros sedans pretos semelhantes. Esta rua particular era um marco histórico, mantido como tinha sido no início do século XX, os frisos das graciosas casas de estilo de decoração da Rainha Anne, as cores distintas, mesmo sem luz. — Isso é emocionante, — Sophia disse, de olhos arregalados, no mesmo momento que os postes sentiram a aproximação da noite e ligaram-se. Max mordeu o interior de sua bochecha. — Sim, e não pense que eu levo todos os meus encontros em minhas vigilâncias. Você é especial. — Uma declaração tão incrivelmente simples para descrever a profundidade do que ele sentia por ela. — Estou lisonjeada. — Uma risada rouca. — Oh, eu posso ter descoberto o que o estava incomodando sobre o arquivo de Quentin Gareth, — eu quis dizer depois que você saiu do comando, mas ficamos... distraídos.
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O corpo de Max respondeu a lembrança dessa distração. — Ainda se sentindo dolorida? — Max. Estendendo a mão, ele a fechou sobre sua coxa, deu um pequeno aperto. — Então? — Sim. — Ele podia vê-la corar. Então ela disse, — Você está ereto? Inferno. — Eu deveria saber melhor antes de te provocar. — Sorrindo, mesmo quando ele mudou de posição para facilitar a ereção que ela trouxe a vida, ele disse: — Então, Quentin Gareth? — Tem uma discrepância bem escondida em seus primeiros registros. Diz que ele foi para a faculdade Ivy League entre seus18-23 anos de idade e ele o fez. No entanto, ele não estava realmente na faculdade nos seis meses do seu último ano. Ele não se matriculou em nenhuma classe, não fez nenhum exame. — Quando eu procurei mais fundo, eu descobri que ele ganhou uma vaga em um tipo de programa de estágio. — Ela tocou os dedos da mão que ele tinha em sua coxa, esfregando o polegar sobre suas articulações. — Não há nada inerentemente suspeito nisso, mas o fato de que ele escondeu isso em vez de colocá-lo em seu currículo me diz que fez algo tão ruim durante o programa que ele quer isso fora do seu histórico de trabalho... ...ou, — Max completou, — ele tem um segredo que não quer que a gente descubra. Onde estava publicado? — Esse é o problema. Não há registro algum de onde ele passou esses seis meses. Max pegou algo com a sua visão periférica. — Mantenha-se relaxada, — disse a Sophia. — Está escuro o suficiente para que eles sejam capazes de nos ver. — Embora a luz em frente a casa feita de alvo os torne uma presa muito visível. Dois homens e uma mulher aproximaram-se do outro lado da rua, entraram na casa depois de uma batida rápida. Mais duas mulheres, de meiaidade, desta vez, os seguiram. O sexto participante era um homem muito mais velho, com cabelos grisalhos e cachos apertados. Sophia deu um solavanco para frente sem aviso. — É quem eu acho que é?
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O indivíduo que chamou sua atenção fez uma pausa nos degraus da casa, ficou olhando em volta como se consciente de estar sendo observado. — Filho da puta, — Max murmurou enquanto Ryan Asquith girava em seu calcanhar e entrava.
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Conselheiro Kaleb Krychek estava entrando em seu carro para a unidade do seu escritório em Moscou quando ele sentiu. Um ricochete telepático. Pegando a trilha de volta com a mão psíquica, inclinou-se contra o veículo. Ele tinha milhares dessas construções psíquicas invisíveis espalhadas em toda a Net, todas elas preparadas para fazer a varredura através de bilhões e bilhões de bytes de dados a procura de um nome. Este foi o primeiro que tinha retornado desde que ele começou sua busca há seis anos, cinco meses, e três semanas. Ele foi cuidadoso com a antiga e frágil construção, não querendo perder o que ele tinha trazido de volta. Ele levou quase dez minutos para penetrar as camadas de sua própria segurança — e então, lá estava. Esse nome, ligado à informação que tinha passado por uma parte distante da Net duas semanas atrás. A informação foi fragmentada, a trilha seria difícil, se não impossível de pegar, mas pouco importava neste momento. Porque, pelo menos, ele teve a confirmação de que sua presa estava viva.
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Estou escrevendo isso enquanto você dorme ao meu lado, sua respiração fácil, as linhas de estresse suavizadas, e eu não o sei como descrever o que eu sinto por você. Eu não tenho essas palavras. Dói essa emoção em meu coração, uma dor inexorável. —Sophia Russo em uma carta criptografada e codificada com temporizador para ser enviada para Max Shannon após sua morte.
Sophia estava deitada na cama na manhã seguinte, seus membros relaxados e seu corpo totalmente saciado. Então, pensou na maravilha do prazer que sentiu. Foi sobre isso que os poetas escreveram e os artistas pintaram. Era por causa disso que os seres humanos davam sorrisos secretos entre si e outros changelings murmuravam nos ouvidos de seus companheiros. A porta do banheiro abriu e revelou o cômodo de azulejo cheio de vapor. Ela pegou a dica para acariciar Morpheus apenas quando sua forma sólida saltou na cama e aconchegou-se sobre seu abdome. — Você tomou banho em água muito quente — ela disse para o belo macho musculoso que saiu do calor e se dirigiu para onde estava jogada a muda de roupa da noite passada. Depois de terem visto Ryan entrar na majestosa casa estilo Rainha Anne, ela e Max tinham decidido que ela deveria voltar para a casa e procurar os
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arquivos de Ryan. Seu policial tinha chamado o macho changeling branco e loiro com nome de Dorian para deixá-la em casa, enquanto ele permanecia com Ryan até perto de três horas da manhã, deixando o posto somente quando seu amigo Clay chegou para fazer a vigia por algumas horas. Ela o ouviu voltar para casa e conversar com a equipe de caçada por mais de meia hora. — Parece que os pais de Bonner forneceram-lhe acesso a um jato particular, — ela disse quando caiu na cama. — O bastardo poderia estar em qualquer lugar. Eu alertei os aeroportos locais, deixei os gatos saberem. — Ele tinha dormido direto depois... mas acordou uma hora atrás com energia mais do que suficiente para deixá-la com a respiração ofegante. — Você vai ferver, — ela disse quando uma nova onda de vapor saiu do banheiro. Uma impenitente piscadela. — Calor faz bem para você. — Com a toalha enrolada em torno de sua cintura fina e o cabelo úmido, ele parecia jovem e extremamente acessível. Um retumbar contra a palma de sua mão quando Morpheus começou a ronronar. — Eu estava pensado sobre a chamada na Faculdade de Quentin Gareth. — Como não descobrimos nada incriminatório nos arquivos de Asquith, hoje estou ficando para trás na esperança de descobrir algo nos dados de memória da PsyNet que possa ligar diretamente o PurePsy aos ataques ao pessoal da Nikita. — Mas se ele tem alertas colocados nesse lugar, poderia dar uma dica para ele. — Adie isso, — Max disse jogando a toalha na cama. — Eu posso ser capaz de obter essas informações de outra maneira. A intimidade de vê-lo se vestir lhe deu um aperto no peito. — Volte para mim, Max, — ela disse calmamente. — Como eu poderia resistir? — Um olhar solene, um beijo com tanta emoção que fez sua alma doer. — Está mantendo meu coração como refém. Dez minutos mais tarde e muito cedo, Max caminhou até a porta, com ela atrás dele. — Ao longo do dia, eu também vou estar ao telefone com a equipe de caçada, pode deixar uma mensagem através deles, se não conseguir, eu te ligo de
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volta. — Estendendo a mão, ele colocou uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. — A segurança do edifício tem a imagem de Bonner, eles sabem que não deve deixá-lo subir em nenhuma circunstância. — A Execução está em alerta e Clay também colocou a foto na rede de informantes dos DarkRiver. — Um aperto em seu quadril. — Se você sair, mas eu preferia que não, não se esqueça de levar um dos caras de segurança com você. Ou melhor ainda, ligue para mim, e se eu não puder me afastar, eu vou ligar pros DarkRiver, e providenciarei um leopardo pra escoltar você. Lembrando
o
mau
presságio
que
teve
com
Bonner
durante
o
escaneamento Hayley Gwyn, Sophia abraçou a si mesma, os minúsculos pêlos em seu corpo se arrepiando em um aviso primitivo. — Eu planejo ficar aqui. — Estar fora na população em geral estava se tornando cada vez mais insuportável. — E não estarei entrando na PsyNet, assim não tem com o que se preocupar. Ele tocou os lábios em sua têmpora. — Como você está? — Uma pergunta áspera que englobou milhares de coisas não ditas. Ela colocou a mão sobre o coração, embebido no incrível dom de sua presença. —Ainda estou aqui. — Mas seus escudos telepáticos estavam tão finos que qualquer toque por uma pessoa instável poderia perfurar-los. Um beijo duro. — Eu vou checar você a cada hora. Nem tente me parar. Ele se foi um instante depois. Sabendo que ela deveria ter protestado, mas tranquilizada por seu protecionismo, ela alimentou Morpheus, que graciosamente lhe permitiu acariciálo uma vez, então depois tomou um banho rápido. Revigorada, ela vestiu um par de calças de veludo macio, elas não eram como nada que já tivesse usado. Ela tinha comprado há vários meses por impulso, em uma decisão tão não-Psy que ela não precisava de um médico para dizer-lhe que precisava ir para o recondicionamento. Mas ela não a tinha usado até agora. O material escuro azul era suave e aveludado, delicado e bonito contra sua pele. Desfrutando o prazer tátil, ela colocou uma blusa strech, cobrindo a si mesma com um moletom cinza de capuz num tamanho muito maior que o seu para completar o visual. Não estava nem tão frio em seu apartamento, mas a camisa era de Max e carregava seu perfume.
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Seu policial, ela pensou, nunca iria entender a profundidade do que ele significava para ela, o que ele tinha dado a ela. Era uma coisa selvagem, terrena, uma alegria incandescente. A sombra só veio a partir do conhecimento de que seu tempo tinha quase acabado, que um dia, em breve, sua mente se encheria de ruídos e ela iria perder Max, perder o poder da emoção que a tinha feito se sentir completa, cada parte quebrada aceita e valorizada. Seus dedos se cerraram. Ela obrigou-os a abrir. Não adiantava estar com raiva, não com os trilhos do destino. Fatos são fatos, ela já percorreu todos os manuais, falou com cada um de seus colegas, tudo sem sucesso. Os escudos telepáticos não poderiam ser reconstruídos uma vez que começaram a degradar-se do núcleo para fora. — Eles nos usam e em seguida nos descartam como lixo, — um colega J tinha dito a ela. — Por que aceitou o cargo? — Como uma menina de oito anos de idade amarrada a uma cama de hospital, Sophia não tinha escolha, mas outros Js tiveram? — Foi o único emprego disponível. Sophia tinha entendido. — É sempre o único trabalho que está disponível quando um J procura por emprego? — Sim. Fúria tinha feito seu intestino torcer. Sabendo que a J frente a ela queria ter sido uma historiadora se tivesse sido dada a escolha, ela ousou perguntar. — No passado, antes de Silêncio, era assim? — Não. Js só eram usados em casos de pena capital. Ou se havia um júri onde o crime se encaixava em certos parâmetros. A carga, Sophia tinha percebido, já havia se espalhado, colocando muito menos pressão sobre cada indivíduo. — Js ainda enlouquecem, ainda se quebram, — seu colega continuou, — mas não mais do que o resto da nossa raça. Mas agora o Conselho os usou para consolidar seu poder. Tendo em conta a brutal verdade, Sophia não tinha certeza se queria salvar Nikita, mas Max era um bom policial. Ele acreditava na justiça, e a fez querer acreditar nela também.
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Sua mente teve esse pensamento, o conectando a um rumor emaranhado no cache de informações que ela tinha começado a processar enquanto pegava os ingredientes para preparar um chocolate quente que Max tinha comprado para ela para o café da manhã. Interessante. Deixando o leite fechado no balcão, ela encontrou um pedaço de papel e, sentando-se no sofá, começou a anotar os fatos relevantes que ela retirou dos ―pedaços‖ de dados brutos. O clique de sua porta sendo aberta foi suave, mas isso quebrou sua concentração. — Ma... mas não era seu policial. Os olhos dela voltaram-se para a chave reserva da segurança na mão de mulher, o emblema no centro em sua lapela. Não. Ela foi abaixando seus escudos na PsyNet, mandando um pedido de socorro psíquico, mas a mulher do companheiro já estava segurando seu braço, batendo um injetor de pressão contra a pele vulnerável de seu pescoço, suas mãos nuas a meros centímetros de distância. Sua concentração fraturada e eles injetaram algo em sua corrente sanguínea que tornou sua mente sem vida, letárgica. — Útil que Js tenham tais escudos sólidos na PsyNet, — a mulher disse, apoiando Sophia sob um braço, enquanto seu parceiro levou a outra. — Por que ela esta na lista de vigiados para reabilitação então? — Todos seus escudos telepáticos sumiram. Se ela não for reabilitada agora, há uma chance dela se quebrar por conta própria. — Eles começaram a descer pelo corredor. — E a morte vinda da fratura é sempre tão perturbadora para o silêncio. Sophia tentou resistir a suas mãos, a maneira como eles a carregavam como uma boneca de pano, mas sua mente estava atolada na névoa espessa, seu corpo se recusando a seguir seus comandos. Eles "andaram" com ela até o nível da garagem, cada um segurando a metade de seu peso. E a única coisa que ela conseguia pensar era que Max nunca iria saber o quanto ela amava o seu cheiro.
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Max correu através das portas do HQ de Chinatown dos DarkRiver assim que o céu caiu. — Isso que é tempestade, — ele disse, sacudindo as gotas que conseguiram acertá-lo. — Previsão para limpar em algum momento esta noite, — Dorian disse. — E então? Clay ainda está emprestando aquele estagiário para você? — Não, ele teve que mudar por um cara chamado Emmett. — O que mandou mensagem para Max há poucos minutos para dizer que Asquith tinha chegado ao trabalho. — Isso mesmo, — Dorian estalou seus dedos. — Clay esta comandando uma sessão de treinamento para alguns dos soldados hoje. Max assentiu com a cabeça. — Ouvi dizer que é bom com computadores. — O que ele ouviu foi que o sentinela loiro era um hacker especialista. Brilhantes olhos azuis se iluminaram com a inteligência perdida por muitos, sendo influenciados pela aparência de um surfista adolescente. — Sim? Onde você ouviu isso? Max bateu na lateral do nariz. — Você tem suas fontes. Eu tenho a minha. — Eu não trabalho de graça. — Dorian cruzou seus braços e olhou significativamente para a caixa que Max carregava para dentro. Houve um olhar muito felino de antecipação no seu rosto. — Obrigado por levar Sophie para casa ontem à noite. — Max entregou os donuts. — Eu estou trabalhando até tarde de qualquer maneira. — Ele abriu a caixa, e deu um longo suspiro. — O que você precisa do computador? — Qualquer coisa que você puder descobrir sobre um Psy chamado Quentin Gareth durante um determinado período, há quase vinte anos. — Tirando um bloco de notas, anotou os detalhes da lacuna de seis meses. Dorian deu uma mordida no donut de geléia. — Boa pedida, vindo até mim, — ele disse depois de engolir. — Psy muitas vezes se esquecem da Internet. Muitas coisas em cache nesse lugar. — Ele pegou a nota no pedaço de papel timbrado, e deslizou em um bolso. — Eu vou fazer a pesquisa agora, tenho alguns minutos livres antes de uma reunião. — Ligue-me no celular se conseguir qualquer coisa. Estou indo para Nikita, — Mas ele só chegou até a porta quando recebeu um telefonema do chefe
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da equipe de caçada. — O Doutor foi encontrado. — Fúria e compaixão interligadas. — Tínhamos razão sobre o tempo e o método da morte. Pelo menos ele não a torturou. Foi, Max sabia, uma pequena misericórdia. — Ela foi encontrada perto do aeroporto privado, onde você acha que ele embarcou em um jato? — É. Os pais se recusam a nos dizer onde o jato poderia ter ido. O plano de vôo arquivado diz que estavam indo para a Grécia, mas e um monte de besteira. O controle aéreo não os identificou em seus sistemas, o que significa que os Bonners estavam fudidamente preparados com um avião projetado para fugir do radar. Raiva queimou nas veias de Max. — Eu vou colocar um rastreador em algumas contas que conheço são dele. — Sem um mandado judicial e com a ajuda de amigos no ramo de crimes de computador da Execução, ele iria ajudar a capturar o Butcher antes que ele mate novamente, sem se preocupar com a ética. — Ele não as acessou ainda, sua mãe provavelmente está lhe fornecendo. — Bart está trabalhando em um mandado para suas finanças. — Avistamentos? — Através do telhado... — Um som áspero. — As pessoas pulando em sombras, você sabe como é. — Nós vamos pegá-lo, — Max disse, capaz de ouvir a frustração na voz do outro policial. — Fizemos uma vez; vamos fazer novamente. — Desligando após mais algumas palavras, ele correu para o carro, a chuva forte contra seu corpo. Descartando seu paletó molhado, ele estava dirigindo através de Chinatown quando percebeu que tinha esquecido seu cartão de acesso, que lhe permitiria acesso total ao edifício Duncan, ao apartamento de Sophia. Imaginando que seria mais rápido pegá-lo do que tê-lo reeditado, ele enfiou a mão pelo cabelo úmido de chuva e voltou para casa. — Sophia, — ele gritou quando apareceu em seu quarto. A chave estava na cômoda onde ele tinha colocado sua carteira na noite anterior, mas o quarto se provou o contrário, vazio. — Sophie? Você está no chuveiro? — No entanto, quando ele bateu, a porta se abriu.
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Preocupado com ela ter decidido sair, apesar da possível presença de Bonner, ele pegou seu telefone celular e fez uma ligação para ela.
O telefone
tocou na sala de estar. Seu sangue gelou. Fechando seu celular, ele começou a olhar pelo apartamento com os olhos de um policial. A cozinha estava impecável, exceto pelo recipiente fechado de leite no balcão. Ele se acalmou. Sophie teria irremediavelmente arrumando, mas era possível que tivesse se esquecido de guardá-lo enquanto estava distraída com outra coisa. A sala estava intacta. Organizador na mesa de café. E o quarto, quando ele retornou a este... Sua cabeça se voltou novamente ao organizador. Sophia pode esquecer seu telefone celular, mas ela nunca sairia sem esse dispositivo eletrônico. Tomado por um medo tão visceral que ele não imaginaria ter recursos para sentir se estava fazendo-se funcional, ele correu para fora do apartamento e em linha reta para o centro de segurança no coração do edifício. Entrando com a chave substituta que Nikita tinha programado, ele tinha ido a guarda Psy para rebobinar a gravação do corredor. — Pare. Quem são esses dois? O guarda ampliou a imagem. — O software de reconhecimento facial reconheceu a mulher como um MPsy ligado a uma filial local do Centro, enquanto o macho parece ser um especialista em segurança. Max ignorou sua preocupação e fúria, se focando apenas na clareza letal de sua raiva. — Por que eles foram permitidos a subir, — ele perguntou, seu tom um chicote. — Porra, eu avisei a todos que ela poderia ser um alvo! O guarda já estava acessando o sistema de segurança. — De acordo com isso, eles tinham uma autorização, que cancelou a nossa... — Tragam-na, — ele interrompeu. — A autorização! — Isso foi uma ordem quando o homem não entendeu imediatamente. A tela mostrava um nítido documento com a obrigatoriedade da remoção de Sophia Russo, designação J, para o Centro de Reabilitação Integral do Berkeley.
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Raiva queimou como inferno na pele de Max, mas sua mente permaneceu fria. — O que isso significa? — Ele apontou para o que parecia ser um brasão de armas ou algum tipo de emblema na parte inferior da página, um quadrado preto pequeno sobreposto com uma teia. O segurança ficou estranhamente parado. — Aquilo é o novo emblema do Conselheiro Henry Scott. Max já estava em uma chamada codificada para Nikita quando ele ordenou ao guarda para enviar a localização do Centro para o seu telefone. — Nikita, Henry Scott está levando Sophia pra reabilitação, — disse no instante que Nikita respondeu, sabendo que a interferência de Henry garantiria a cooperação de Nikita. — Os Conceleiros, ele aprendeu, eram tão territoriais como changelings. — Ela foi levada uma hora atrás. Nikita não fez perguntas inúteis. — Qual centro? — Berkeley. — Espere. Ele estava gritando no carro pela cidade chuvosa e escura quando sua voz voltou à linha. — Eles ainda não chegaram ao Centro. — Uma pausa. —Eles deveriam, de acordo com o tempo que você tinha me dado. Obrigando-se a pensar, a se concentrar. A chuva não tinha virado torrencial até cerca de 20 minutos, Nikita estava certa, eles já deveriam ter chegado ao Centro agora. E, em seguida, de repente, ele percebeu que Nikita deveria ter sido capaz de contatar Sophie na rede. Tudo parou quando ele se forçou a perguntar: — Será que ela ainda está viva?
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— Sua mente está presente na PsyNet, — Nikita disse, — Mas ela não está respondendo aos contatos telepáticos. Alivio misturado com uma gelada, muita gelada raiva. Se esse bastardo a machucar... — Eu preciso que você descubra a marca e o modelo dos carros que o pessoal do Centro estão dirigindo para que eu coloque a Execução em alerta. — Você vai ter essa informação em minutos. Eu já tinha notificado o Centro para não proceder com a ordem de reabilitação. Agradecendo-a, ele desligou. Mas sabia que a intervenção de Nikita poderia não ajudar, não se Sophia tiver sido levada para outro lugar. Eles já podem ter... Não.
— Aguente firme, Sophie. Você apenas aguente firme. —
Abrindo seu celular, ele fez outra chamada. — Clay, eu preciso de sua ajuda. O macho masculino acabou por estar no local de treinamento pelo menos vinte minutos mais perto do Centro do que Max. — Eu tenho alguns soldados comigo, — Clay disse capaz de ouvir a incrível tensão na voz de Max. Mas ele sabia por experiência que o outro homem não queria sua simpatia, apenas sua assistência prática. — Nós estamos saindo agora. — Desligando, ele montou uma equipe, e eles saíram para a chuva. — Muito isolado, — Kit disse, quando chegaram à estrada que levava ao Centro, com o cabelo ruivo parecendo um marrom profundo a luz da tempestade. — Visibilidade baixa.
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E ficando menor enquanto continuaram a rolar para dentro das nuvens carregadas, sua densidade fazendo parecer como se fosse final da tarde quando era ainda meio da manhã. — Este é o único caminho para o lugar. O Psy havia localizado seu novo acesso a lobotomia em um conjunto de construção inócua em um pedaço de terra cercada que os
DarkRiver tinham
mantido um olho, mas não tinham considerado uma ameaça, porque não tinha função tática ou militar óbvia. — Se eles não estão nesta rota... — Pare! — O grito de Kit veio quase no mesmo instante que Clay parou o carro, reagindo antes dos sensores de proximidade detectar o veículo virado na estrada. Saindo, Clay ergueu a mão para os companheiros de matilha seguirem no veículo por trás deles e correu para o acidente. — Eu tenho um macho de um lado, ferido — merda, parece que a garganta foi cortada. — O mesmo aqui, a não ser que é uma mulher. — Limpando a chuva do rosto, Kit olhou para Clay sobre o carro quando este se levantou. — Ela tinha uma identificação no pescoço, com um M no canto. A chuva bombardeou as costas de Clay como pequenas balas duras. — Eu vou chamar Max, pedir para nos enviar as imagens... O carro de Max gritou em uma parada atrás do veículo DarkRiver naquele instante. — Homem. — Kit assobiou, seus cílios pingando chuva. — O policial deve ter conduzido a três vezes o limite de velocidade. Eu mesmo não sabia que os carros iriam deixá-lo fazer isso. — Ela não está no aqui, — Clay gritou assim que Max saiu de seu veículo, sabendo pelo pálido rosto do policial, que era o que ele temia. Max olhou para o carro capotado como que para confirmar as palavras de Clay. Um segundo depois, ele se inclinou, apoiando as mãos sobre os joelhos, a camisa branca tão molhada que estava quase transparente. — Obrigado Deus. — Empurrando a mão pelo cabelo liso de chuva, ele se colocou de pé. — Parece que Sophie pode ter sido drogada. Se ela saiu, se afastou... — Jamie, Nico, Dezi, — Clay disse, apontando para os companheiros de matilha que saíram do segundo veículo quando Max veio correndo. — Façam uma
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varredura, vejam se podem encontrar qualquer vestígio da J de Max. — A copa pesada das árvores ao redor deles poderia ter protegido a trilha de cheiro da chuva. — Kit, você, também. — Max, — Desiree disse, seu tom suave. — Você tem alguma coisa da Sophia? Max piscou a chuva de seus olhos. — Eu tomei um banho antes de sair de casa, — ele disse, obviamente consciente de que o contato íntimo poderia deixar um cheiro detectável, — Apenas um beijo de despedida. A porra da chuva provavelmente deve ter lavado tudo o que foi deixado. Franzindo a testa, Desiree chegou mais perto, suas elegantes longas tranças finas ébano molhadas. — Você acha? — Com o aceno distraído de Max, ela desabotoou os três primeiros botões da camisa encharcada e pressionou o nariz em sua pele, tomando uma respiração profunda. Para seu crédito, Max não se moveu. — Peguei. — Um sorriso feroz. — Ela está em sua pele, policial. Jamie, Nico, e Kit repetiram o processo, os homens que escolheram sentir o cheiro no braço de Max agora que Desiree tinha confirmado que estava em sua pele, antes deles se dispersaram. Max olhou para Clay, seus penetrantes olhos mesmo na escuridão. — Gargantas cortadas, parecem ter óleo em toda a superfície da estrada, este não é um simples acidente. — Suas palavras eram calmas, extremamente práticas. Clay entendeu, primeiro o policial queria encontrar sua companheira. Só então ele cederia aos demônios rasgando-o aparte. Com isso em mente, ele seguiu a linha de pensamento de Max, os seus olhos sobre o óleo. — Você sabe quem mais pode querer a sua J? Fúria transformou o sangue de Max em fogo. — Bonner, o Carniceiro do Park Avenue. — Tirando a força, a nuvem vermelha que só iria entrar em seu caminho, Max andou em torno do carro, verificando qualquer coisa que pudesse dar a ele uma pista de onde Bonner possa tê-la levado. — A única coisa boa é, se o bastardo a tem, ele não pode matá-la. — Não, ao contrário, com o médico, Bonner iria jogar com Sophia no mais cruel dos caminhos. Sua mão fechada. — O acidente de carro, — Clay apontou, levantando a voz para ser ouvido acima da chuva batendo no acidente, — poderia ter ido muito mal.
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— Não. — Max sacudiu a cabeça. — Ele foi muito bem planejado. Olha onde estamos, logo após uma curva, então a sua velocidade deveria ser baixa. — O carro tinha que estar sobre rodas para que isso funcione, — Clay disse. — E eles, não fizeram sentido com a chuva. Percebendo que o sentinela estava certo, Max examinou o lado do veículo, com foco na seção que ele sabia que controlava o sistema de foco. — Isso parece um buraco de bala para você? Ele apontou para um buraco distinto no plasmetal. — Aqui outro, — Clay disse do outro lado. — Ele devem ter perseguido-os desde o apartamento, ultrapassando-os em algum momento para configurar a mancha de óleo, — Max disse, bem consciente da inteligência de Butcher. Ele já teria checado o sistema de navegação do seu veículo, descoberto que esta estrada não tinha retorno, nem ruas laterais. — Tudo o que tinha a fazer era mentir em esperar e atirar. — Agachado, ele olhou através dos destroços do carro quebrado. Os cintos na parte de trás foram cortados completamente, mas era obvio que Sophia foi amarrada muito mais segura do que qualquer um destes dois. — E se ele a estava perseguindo, Bonner teria visto os cintos nela. — Os olhos de Clay eram de um leopardo-brilhante no escuro da chuva. — Fudidamente um risco aceitável. — Para ele, sim. — Subindo, Max começou a considerar e descartar opções, se recusando a deixar a ira de Clay alimentar a sua própria. Ainda não. Ele tinha que pensar, tinha que encontrar Sophie. — O bastardo tem dinheiro. Sua família o está ajudando na fuga. Ele não ficaria a céu aberto ou mesmo em um motel barato, mas ele vai estar por perto. Clay deu a volta para ficar ao lado de Max. — Não faria mais sentido levála o mais longe possível, dar a si mesmo um espaço para respirar. — Ele é... impaciente. — Max engoliu sua fúria pela milésima vez, disse a si mesmo que podia gritar para os céus depois. — Ele vai querer tê-la para si o mais rápido possível. — E se o Açogueiro a tocar, a sua maldade poderia quebrar sua mente. Para sempre.
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Não. Com os dentes cerrados, Max agachou-se, bloqueando a chuva com seu corpo enquanto ele examinava o veículo de novo. Bonner, aparentemente, não teve problema com os passageiros do banco da frente. Ou um ou ambos estavam inconscientes no momento. Não havia absolutamente nenhum sinal de luta. Ele se moveu para agachar ao lado da janela pela que Sophie tinha sido arrastada. Isso foi quando ele viu algo cintilar nos faróis do carro de Clay, logo abaixo da janela em si... onde Bonner pode ter apoiado o pé para ganhar vantagem. Ele abaixou-se, até que seu nariz quase tocou a terra, usando a luz embutida no seu telefone celular para iluminar a área. Minúsculas partículas que brilhavam e brilhavam, teriam sido escondidas da chuva pelo ângulo do acidente. Areia. Mas havia algo de estranho nisso. Pegando-a entre os dedos, ele trouxe ainda mais perto da luz. Brilhos em amarelo e um vermelho cristalino, juntamente com o cintilante ímpar do que parecia azul. — Clay! Os olhos de Max caíram sobre um escudo branco minúsculo, assim que o leopardo correu. — O que você conseguiu? — O sentinela perguntou. Max mostrou-lhe o que tinha encontrado. — A areia não é natural. Eu não acho que nós estamos falando de uma casa de praia. — Espere. — Clay pegou a pequena concha, trouxe-a para os olhos aguçados changeling. — Eu acho que isso é revestido com alguma coisa. Plástico de proteção seria o meu palpite. — Você sabe de algum lugar próximo que pode usar esse material? Que vai oferecer isolamento suficiente para Bonner se sentir confortável, mas não muito robusto. — Esse não era o estilo do Açogueiro. Os olhos de Clay se estreitaram. — Kit e os meninos estavam rindo de um tipo de resort em uma praia falsa cerca de uma hora daqui. — Ele puxou para fora de sua cela. —Eu ainda tenho o endereço da web salvo. Aqui, diz que tem bangalôs ‗discretamente separados‘, lavanderia e serviço de quarto. Todos os confortos de casa para um assassino que gosta de trabalhar sem baixar o seu padrão pessoal. Encaixa-se. Max levantou-se, tentando não pensar sobre o que Bonner poderia estar fazendo a Sophia, se ele fez, ele iria quebrar, e
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Sophia precisava dele para mantê-los juntos. — Envie o local para o meu celular, — ele já estava correndo para o carro. — Eu vou colocá-lo no sistema de navegação. — Feito! — O gato chamou depois dele. — Nós vamos continuar a busca aqui, apenas por precaução! Ele estava há cinco minutos na estrava, fudidamente muito devagar, quando seu telefone tocou. Era Nikita, querendo uma atualização. — Conselheira, — Max disse, dizendo-lhe onde ele estava indo, — Quantos teletransportadores você conhece? Ele não esperava ajuda, não agora que era um sociopata humano que tinha pegado Sophia, em vez de ser uma interferência de outro conselheiro. Mas ela disse, — Eu vou ver o que posso fazer. Suor escorria pela coluna de Max. Estou chegando, baby. Apenas aguente firme.
O estômago de Sophia agitou, náuseas subindo em sua boca. Drogada, ela pensou. Ela tinha sido drogada. O cérebro Psy não reagia bem a narcóticos. Um gemido sussurrado de como ela foi empurrada, seu corpo já golpeado, incapaz de parar esses movimentos bruscos. — Sinto muito. — Uma voz suave e encantadora, com... emoção, sim, era emoção que borbulhava abaixo da superfície. — Nós estamos quase lá. Esta estrada é uma particular para o meu bangalô. Feita para parecer um caminho natural de seixos. Eles devem ser selados. Pelo menos a chuva tinha parado. Sophia só entendeu metade do que ele tinha dito. Mas soube que ele a tinha tomado, e que ele não era um homem com quem ela gostaria de ficar sozinha. Ele cheirava mal. Uma risada, quase divertida. — Eu vou tomar banho quando chegar ao bangalô. Fiquei um pouco suado e sangrento ao salvar sua vida.
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Um flash de memória, suas pernas chutando em um pânico inútil, seus membros muito pesados para fazer danos, quando ele cortou as tiras que a seguravam no carro, quando a puxou para fora. A chuva em seu rosto. Vidro em suas pernas. Inclinando-se, ela tocou as coxas, tocou o material úmido que cobria. — Você não está machucada, — Disse o homem com o mau em si enquanto freiou o veículo até parar. — Alguns cortes e contusões do acidente, mas no mais tudo bem. Nem mesmo está molhada. Meus braços estão bem cortados por vir em seu socorro. Eu tenho certeza que você está morrendo de vontade de me agradecer. Com um zumbido na cabeça, uma vertiginosa série de palavras e imagens, sua mente girando fora de controle por um instante assustador como as drogas perfuradas por ela novamente. Mas voltou o suficiente para vacilar quando o homem saiu de seu lado do carro e deu a volta para o dela. — Eu não vou te machucar. Mentindo, ela pensou, ele estava mentindo. — Não me toque, — ela forçou as palavras para fora de seus lábios que não queriam trabalhar direito. Sua expressão mudou, transformando se de uma maneira que não era possível descrever. — Estou no comando agora. — Com a mão apertada em seu braço, ele abaixou a cabeça, como se fosse beijá-la. Mesmo nas profundezas do seu estado narcótico induzido, ela sabia que se ela lhe dissesse a verdade, esta iria ser outra arma com a qual torturá-la. Mas se não dissesse, ele poderia inadvertidamente quebrar sua mente, matá-la, fazendo-a reviver a feiúra horripilante de seu sangue encharcado de memórias. E ela tinha que sobreviver. Porque Max não sabia. — Não, — ela sussurrou, engolindo a náusea inspirada por sua simples presença. — J. não podem... ter contato. Ele acalmou, sua mão apertando o braço dela. — Você está me dizendo que contato físico direto pode ferir você? É por isso que você estava sempre vestindo as luvas? Ela tentou assentir, mas sua cabeça caiu para frente, e ela teve tanta dificuldade para trazê-la de volta. — Sim.
307 — Então eu acho que vamos precisar ter cuidado. — Desatando o cinto de
segurança, ele ergueu-a em seus braços e saiu do carro. Sua roupa a protegia, mas tão perto, seus escudos telepáticos restantes desfiados pelas drogas, poderiam não ajudar, exceto se afogar no mal fétido dele. Ele parecia normal, humano. Mas ele não era. Ele estava tão retorcido por dentro, tão cruelmente mutante que não estava nem mesmo perto dos humanos. Uma batida, seu corpo foi colocado em algum tipo de superfície macia, aqueles lindos olhos azuis entrando e saindo de foco. Seu estômago se revoltou no mesmo momento, ela foi colocada de lado no que acabou por ser um sofá, seu estômago torcendo em agonia. — Não, não... —Ele estava limpando seu rosto com um pano molhado, sua
voz solícita. — Eu vou limpar aqui em acima. Deixe-me levá-la para o quarto. — Um sorriso que fez seu sangue gelar. — Esse será o lugar onde nós estaremos jogando nossos jogos de qualquer maneira.
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Você vai cuidar de meu coração, não vai Sophie? É um pouco estranho tê-lo fora do meu corpo, mas eu estou planejando roubar o seu para compensar isto. — nota manuscrita de Max para Sophia
Max passou por cima das instruções de segurança do carro pela décima quinta vez, mas sabia que ia ser muito tarde. Pelos seus cálculos, Bonner estava quase 50 minutos à sua frente. Mesmo se fizesse a viagem para o resort na metade do tempo, ainda daria ao Açougueiro uma eternidade para atormentar Sophia confusa e drogada. Ela vai sobreviver, ele disse a si mesmo. J-Psy eram tocados em todos os sentidos. E sua Sophie tinha provado sua força mais e mais. Ele ia encontrá-la. Não havia outra opção. Ele tinha acabado de ultrapassar um sedan indo exatamente no limite de velocidade, quando houve uma ligeira mudança no mundo à direita dele. Ele tirou sua arma e apontou para a cabeça do Psy que tinha teletransportado para o banco do passageiro antes que o pensamento clareasse sua mente.
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— Isso não será necessário, Detetive. — Uma voz tão fria, que foi além do gelo, além da emoção. — Nikita pediu um favor. Onde você precisa ir? Tomando uma decisão em frações de segundo, Max baixou a arma e cruzou para a estridente faixa de sinais de alerta, chegando a beira de um ponto final. — Para Sophia Russo, — ele disse ao homem no banco do passageiro. Conselheiro Kaleb Krychek usava um perfeito terno cinza carvão e tinha os olhos em puro preto, cheio de estrelas brancas. Mas ao contrário dos de Faith ou de Sascha, seus olhos estavam remotos em uma forma que Max simplesmente não poderia explicar. Era como se Kaleb nunca tivesse sentido, como se nem mesmo um eco do menino que ele deve ter sido vivesse em seus olhos. — Eu preciso de uma chave, — disse o conselheiro, e eles poderiam estar discutindo sobre o tempo e não a vida de uma mulher que lutou por seu direito de viver cada segundo de cada dia. — Eu só posso teletransportar para locais que eu já tenha visto ou que tenho um visual recente deste. — Você pode ir para as pessoas? — Sim, com certas qualificações. Max estendeu a mão. — Tome a sua imagem da minha cabeça. Kaleb não o tocou. — Você tem um escudo natural. — Seu tom disse tornando qualquer coisa impossível. Não cedendo à frustração, Max rapidamente se encaminhou à Internet usando seu telefone. — Aqui, — ele disse, mostrando uma imagem do resort de praia. — Você pode me levar lá? Kaleb tirou um dispositivo fino que parecia ser um organizador de alta tecnologia e buscou várias imagens detalhadas do local. — Sim. Não houve contato, nenhum aviso. Max apenas manteve seu equilíbrio quando eles apareceram em frente ao lobby de vidro maciço que era a fachada do resort, o ar pesado, mas claro da chuva. O porteiro fechou bruscamente sua boca escancarada. — Conselheiro Krychek, — ele conseguiu colocar para fora. — Eu não estava ciente que você
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tinha uma reserva, senhor. — Max entrou pela porta antes de Kaleb, indo para a mesa. Colocando seu próprio ID na frente do recepcionista, ele pegou uma foto de Bonner, de uma historia de jornal em seu celular e mostrou para o macho loiro de plantão. — Qual é o quarto? — Ah... — O homem olhou à esquerda, depois à direita. — Eu tenho que perguntar ao meu gerente... — Se ela morrer, — Max disse com a intenção absoluta, — Você morre em seguida. Indo a folha branca, o recepcionista sacudiu a cabeça. — Eu não tinha... — Homem solteiro, provavelmente fez o check in nas últimas doze horas, num bangalô isolado. O homem loiro começou a trabalhar em seu computador. — Nós só tivemos uma chegada nas ultimas 24horas. Porém o Sr. White... O gelo da corrente sanguínea de Max transformou-se em fogo líquido ao som daquele nome, um nome que o Açogueiro não tinha o direito de usar. — Onde! — Bangalô Dez, à direita no final da Rota Leste. — O recepcionista trouxe uma imagem holográfica do resort sem avisar. — Nós estamos aqui. O Bangalô Dez é aqui. — Ele apontou os locais. — Cerca de vinte minutos de caminhada. Max viu Kaleb entrar, virou-se para ele. — Você pode teletransportar para lá? — Esta imagem é uma representação, um mapa 3D, — disse o outro homem de uma só vez. — Eu preciso de uma foto real do edifício. — Eu sinto muito. — O recepcionista abriu as mãos. — Eu não tenho nada parecido em mãos. Eu poderia tentar com o nosso departamento de Relações Publicas. Mas Max já estava correndo pelas portas.
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Sophia saiu da cama e começou a cambalear para a porta. Ele não a tinha amarrado quando ele foi tomar o seu banho, o que foi o seu erro. Sua perna saiu de debaixo dela depois de três passos vacilantes, o joelho batendo no chão com força suficiente para enviar a dor através de sua perna. Engolindo o choro, ela agarrou a borda da cama e puxou-se para cima novamente. Demorou muito tempo. Ela podia ouvi-lo assobiando, obcenamente alegre, nu a alguns metros de distância, um homem sem preocupação no mundo. A porta do quarto balançava, ela se estendeu para o lado, fazendo do aperto no final da cama seu equilíbrio. Obrigando-se a deixar o apoio, ela caiu para frente, desesperada para passar por aquela torção estendida da porta. Ela quase podia ouvi-lo rindo dela. — Pare. Pare. O riso se transformou em gargalhadas. — E onde você acha que está indo? — A umidade em torno de sua cintura, a pele tão perto de seu rosto. Ela se encolheu, tentando esconder suas mãos sob as axilas. — Agora ande de volta... é para lá que você vai. Ela sabia que tinha de fazer o que ele disse, porque sua semi nudez era de propósito, uma ameaça. — Por quê? — Isso saiu, mas foi a partir do centro do cérebro, da parte que não tinha sido comprometida. Ele não respondeu até que ela estava sentada com as costas apoiada na cabeceira da cama, e as pernas esticadas a sua frente. — Você me fascina, — ele disse, passando a mão para baixo em sua coxa. Enjoada, ela tentou se afastar, mas ele a prendeu no lugar. — Quando nos falamos antes, — ele continuou com uma voz calma e clara, como se fossem pessoas próximas em uma conversa cotidiana, — Eu costumava me perguntar como você era sob a superfície Psy. Gostaria de saber se você era como as outras mulheres ou se você era mais.
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— Drogado, — ela disse, com a boca cheia de algodão. — Não mesmo. Raiva ondulou por suas feições. — Não. Isso é bastante decepcionante. Eu quero jogar com você. Isso não importa, temos tempo. — Ele se inclinou. —Sua pele é tão clara, tão adorável. — Sua mão se moveu um centímetro longe da carne vulnerável de seu rosto. — Eu não quero perder minha parceira muito rapidamente, mas depois de tanto tempo, eu apenas... não posso resistir. — Seu dedo roçou sua carne. Pasmado, bocas gritando. Socorros. Sussurros. Gritos. Terra, escura e suja. Sangue espirrado na parede. Mil gotículas de horror. Sophia lutou com o redemoinho em espiral, sabendo que desta vez alguém viria por ela, seu policial viria por ela. Tudo o que tinha a fazer era sobreviver. Max parou a poucos metros do Bangalô Dez, seus pulmões queimando após a corrida que lhe trouxe aqui. O instinto lhe pediu para abrir a porta em uma explosão, armas em punho, mas tomou dois goles profundos de ar, e estabeleceu a sua respiração. — Temos que ter cuidado, — disse ele ao Psy de olhos frios que correu ao seu lado com uma graça letal que deixou desumanamente claro que ele era um telecinético. — Se ele tiver perto dela com uma arma, ele poderia decidir matá-la se nos o assustarmos. Krychek olhou para o edifício, sem alterar sua expressão. — As janelas têm cortinas. Como você vai saber o que está acontecendo dentro? — O ego de Bonner sempre foi sua ruína, — Max disse, andando em silêncio até a porta e torcendo a maçaneta da antiga porta com cuidado. Como ele esperava, o monstro não tinha trancado, deixando a possibilidade de escapar como uma provocação à sua vítima. Empurrando-o de volta uma fração, ele arriscou um olhar. Não vendo nada e ninguém na sala de estar, ele abriu o suficiente para que pudesse deslizar dentro.
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Não sabendo qual o interesse de Krychek além de uma curiosidade intelectual legal, ele deixou o Conselheiro fazer suas próprias escolhas enquanto tirou os sapatos e as meias encharcadas e atravessou a sala de estar na ponta dos pés, indo em direção a porta semi-aberta que podia ver do outro lado. Pressionando-se contra parede, ele olhou através da fenda no lado articulado da porta. Sophie. Ela sentava-se encostada na cabeceira da cama, com os cabelos emaranhados, seu rosto arranhado e machucado. Mas foi a forma como ela se sentou que o preocupava. Sua cabeça caia mole para o lado, e ela parecia tentar forçá-lo de volta. Suas mãos estavam em suas coxas, nua e desprotegida do monstro que se sentou em frente a ela, suas próprias mãos acariciando o espaço de uma polegada próximo ao seu rosto. Torturando-a. Com os ombros rígidos pela necessidade de colocar a arma de sua mão no crânio de Bonner, Max estava prestes a ter a chance de um tiro quando Krychek apareceu ao seu lado. O Conselheiro deu-lhe um aceno único de cabeça, e desta vez, Max estava pronto para o teletransporte. Ele encontrou-se em pé na frente de Bonner, sua arma apontada para o Açougueiro de Park Avenue. Bonner congelou. — Detetive. — Tire a sua mão, — Max disse em um tom plano que não deixou margem para dúvidas, — ou eu vou apertar o gatilho. Os olhos azuis de Bonner arregalaram. — Você soa como se fosse fazer isso. — Ele puxou seu braço. Torcendo, Max atirou através da palma de sua mão fudida antes que ele pudesse tocar Sophia novamente, expondo a brancura do osso. Sophia virou-se de lado na cama, no mesmo instante. A situação esta sob controle, Max estava prestes a enfiar o Açougueiro no chão e algemá-lo quando um Bonner gritando foi batendo por toda a sala para chegar a um impasse acuado em um canto.
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Max, tendo jogado seu corpo em uma curva de proteção sobre Sophia, levantou a cabeça. — Ele não é mais uma ameaça. — Ele ficou em cima da cama, embalando Sophia ao seu lado. — Ele vai ser uma ameaça, enquanto ele viver, — Kaleb disse, virando-se para assistir Max e Sophia com uma espécie isolada de foco que fez Max se perguntar se ele tinha trocado um assassino para outro. — Faz um sentido lógico se livrar dele. — Ele não está morto? — Perto o suficiente, não faz diferença. Max tomou uma cruel decisão. — Vasculhe sua mente. Precisamos saber onde ele enterrou suas vítimas para que seus pais possam levá-las para casa, para que eles possam sofrer. — Ele se perguntou se um Psy iria entender. Mas Kaleb Krychek não fez perguntas. — Está feito. Eu vou anotar os locais para você. — Uma pausa. — Ele está morto. Você está arrependido? Max olhou para o corpo de Bonner amassado e não sentiu nada, apenas uma espécie selvagem de satisfação. — Não. — Talvez um homem melhor fosse capaz de responder de forma diferente, mas Max nunca alegou ser um homem melhor. Abraçando Sophia apertado, ele olhou para baixo, — Sophie? Ela não respondeu, seus olhos fechados, os cílios escuros em forma de lua crescente contra suas bochechas. — Eu preciso levá-la a um hospital. Krychek não moveu um músculo, mas um instante depois, Max encontrou-se em pé no meio do que parecia ser uma instalaçao médica Psy, Krychek ao lado dele. Os médicos ficaram imóveis por um segundo antes de pegar na engrenagem. Respondendo às suas perguntas, como o que tinha acontecido, Max informou sobre sua custódia de Sophia, mas recusou-se a sair do lado dela. Ele não teve consciência de quando Krychek desapareceu.
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Kaleb olhou para o corpo do ser humano que ele tinha acabado de matar, seus dedos brincando com um pequeno amuleto de platina— uma única estrela perfeita — que estava sempre com ele, não importa de onde ele fosse. Olhando para baixo para a estrela, ele disse: — Para você. — Para uma pessoa que ele conhecia melhor do que ninguém nesta terra, e ainda, não conseguiu se teletransportar, não importa quantas vezes ele tentasse. E ele tinha tentado todos os dias por mais de seis anos. Se outros tivessem estado presentes na sala naquele momento, eles poderiam ter presenciado a varredura de preto que eclipsou as estrelas de seus olhos, um preto tão absoluto, que foi além do comum, além do aceitável. Mas só havia um homem morto no quarto, por isso não havia dúvidas. Colocando a estrela no bolso, Kaleb contatou as autoridades e fez com que este incidente não causasse quaisquer problemas. Dada às predileções de Gerard Bonner, ele não teve que forçar a barra. Então, quando estava sozinho, ele se teletransportou para cada local que vasculhou na mente de Bonner a fim de garantir que ele tinha as coordenadas corretas. Fria e desolada, cada cova anônima o lembrou das salas sem luz usadas por outro assassino, um sociopata que Kaleb tinha preparado para ser sua audiência... E seu protegido. Kaleb. A voz de Nikita veio em sua mente enquanto ele se teletrasnportava para longe da última sepultura e para o deck de sua casa de Moscou. Está feito. Sophia Russo e Max Shannon estão ambos seguros. Sentiu o desfiladeiro se afastar na barreira final do deck com a promessa irregular que veio para ele da mesma forma que a promessa sussurada do gêmeo escuro da Netmind, a nova senciência, que era tanto o bibliotecário quanto o guardião da Net. Mas Kaleb não estava indo a lugar nenhum ainda. Não até que ele tenha rastreado sua presa indescritível, descoberto o que o aguardava. A força da voz telepática de Nikita oscilou por um segundo. Peço desculpas. Eu estava falando com a equipe médica. A J?
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Ela está em um coma, às drogas que usaram parecem ter tido um grave efeito colateral. Uma pausa. Obrigado. Kaleb poderia tê-la lembrado que não tinha sido realmente um favor, que ele iria obter o seu pagamento, mas ele não fez. Você tem certeza, Nikita? Ela não perguntou como ele sabia o que ela ia fazer. Não adiantava lutar contra a onda. Existem aqueles que vão se afogar. Alguns vão dizer que você é a pessoa que vai se afogar, esmagada contra um muro de silêncio. E você? Kaleb olhou para a escuridão do desfiladeiro, mas foi outra escuridão que ele viu, a luz piscando nos olhos de uma mulher e como ela implorou por misericórdia. Eu acho que chegou a hora.
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Agora que esta encaminhando para isto, eu acho que não posso dizer adeus depois de tudo, que não posso suportar a idéia de deixá-lo. E uma necessidade
egoísta, teimosa, mas ela me mantém refém.
—Sophia Russo em uma carta criptografada e codificado com temporizador para ser enviada para Max Shannon após sua morte
Sophia se sentiu dolorosamente exposta, como se sua pele tivesse sido raspada a partir do seu interior. Choramingando baixo, ela abriu os olhos. As luzes esfaqueavam e as vozes eram muito acentuadas, também furando. — Sophie. Ela virou seus olhos cegos, deslumbrados para essa voz. E quando ele passou a mão em torno dela, ela segurou. Porque ele estava tranquilo. Ele também tornava tudo mais tranquilo. Engolindo o fôlego, ela tentou pensar, tentou se concentrar. — O que. . . aconteceu?
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— Eles estão usando outras drogas para combater as drogas, — ele disse, e ela sabia que seu nome era Max. — Os médicos dizem que você esta começando a responder bem. Imagens quebradas, desconexas, passaram por sua cabeça. — Quanto tempo? — Vinte horas, — ele disse a ela, sulcos profundos em seu rosto que ela sabia que não tinha estado lá antes. — Eu estava começando a me preocupar que você nunca iria acordar. Seu cérebro lutava para se desprender dos efeitos persistentes das drogas, impulsionado por aquilo que ela sentia por este homem com sua beleza máscula obscura e sua ternura. — Meu corpo desistiu de lidar com as drogas. — Isso foi o que o M-Psy disse. — Ele olhou para a direita. Seguindo seu olhar, viu o M-Psy além do vidro, de pé em uma estação de monitoramento. — Estou em um hospital Psy. — Um privado, — Max disse a ela. — Nikita tem certeza da lealdade da equipe. Mas não importava a lealdade da equipe, pensou Sophia, eles tinham que saber que ela quebrou o Silêncio. Pelo simples fato de que ela estava segurando a mão de Max, eles tinham que saber. — Eles vão... — Shh. — Inclinando-se, ele baixou a voz. — Eu disse a eles que o meu escudo natural parece ajudar você a se segurar. Ela pensou nisso, afastando as teias de aranha que ameaçavam sufocá-la. — É verdade. — Ele estava agindo como uma parede psíquica, mantendo tudo na baía. — Bom.
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Mas junto com esse entendimento veio outro. — Eu posso passar a minha vida segurando sua mão. — Seus dedos se fecharam em torno de seu aperto, forte e capaz. — Meus escudos telepáticos... Eu quase posso concentrar o suficiente para testá-los. Não existe nenhuma maneira que eles poderiam ter sobrevivido a Bonner e as drogas. Sua expressão era sombria. — Você não está dando em cima de mim, não é? — Não, — ela disse, com sinceridade. Ele era dela, a única pessoa que sempre seria dela. E ele precisava dela, este policial que sentiu sua dor de tão perto, suas cicatrizes escondidas. — Eu não estou desistindo de você. Seus olhos brilharam. — Boa menina. Ela sabia pelo jeito que ele a olhou que ele queria pressionar sua boca sobre a dela, colocá-las tão perto que nada poderia separá-los novamente. Levou tudo o que ela tinha para não suplicar-lhe para agir por desejo. Porque quando Max a tocou, ela tornou-se viva, se tornou humana. — Eu preciso que você saiba de uma coisa, — ela sussurrou. Ele balançou a cabeça. — Não. Diga-me no dia do nosso casamento. Sua mente rodou novamente, mas desta vez, era um tipo diferente de uma dança, incitando uma falta de ar estranha. — Certa vez, testemunhei em um caso em que o Ministério Público apresentou um vídeo feito de um casamento grego, porque o acusado havia sido visto lá na companhia da mulher que ele tinha eviscerado uma hora mais tarde, mas ela não queria se concentrar mais em a escuridão, depois, havia uma parte onde todos jogaram pratos no chão. Max riu, a covinha magra que ela amava saiu do esconderijo. — Você quer jogar pratos no chão no nosso casamento, bebê, eu vou comprar uma maldita caixa deles.
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— Não. — Ela queria fazer eco de sua risada, traçar seu dedo sobre os lábios. — Eu acho que eu gostaria de me casar dentro das paredes do lugar que decidimos chamar de lar. A expressão de Max mudou, tornando-se selvagicamente masculina. — Então, é o que nós vamos fazer.
Com os antígenos agindo com notável rapidez, Max pretendia levar Sophia para casa mais tarde naquele dia, para que ela pudesse curar com privacidade, mas o M-Psy se recusou a liberá-la. — Olha — Max finalmente estourou seu temperamento pendurado por um fio muito fino, perto de tornar-se invisível - ela não tem lesões físicas a não ser alguns cortes e contusões, e os efeitos colaterais dos medicamentos todos se foram. — Apesar de sua dolorosa necessidade de segurá-la, você nunca teria sugerido levá-la para casa de outra forma. — Por que ela precisa para ficar aqui? O M-Psy olhou para Sophia. — Eu preciso discutir isso em particular com a Sra. Russo. — Ela é minha companheira. — Max ia ter dificuldade para deixar Sophie sozinha por um bom tempo. — E ela já tinha sido atacada enquanto estava em um local supostamente seguro. — Solte a mão dela, — disse o médico. Max apertou os dedos de Sophia. — Você está louco? — Não. Sophia olhou para o M-Psy, então de volta para Max. — Faça isso lentamente, — disse ela. — Eu vou ser capaz de dizer se ha algum problema. Seus Instintos protetores se rebelaram. — Sophie. — Eu preciso saber. — Os olhos dela disseram muito mais do que suas palavras.
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Suor eclodiu ao longo de sua espinha quando ele a soltou até que apenas seus dedos se tocassem — então Sophia quebrou até mesmo esse contato. Ele estava pronto para apertar-lhe o pulso, ao primeiro sinal de problemas, mas ela olhou para ele antes de voltar sua atenção para o M-Psy. — Eu deveria estar morta. As vozes deveriam ter quebrado minha mente — mas eu posso ouvir até mesmo um sussurro. — Os pensamentos irregulares estilhaçados que tinham esfaqueado sua mente quando ela acordou foi mantido longe na baía, sua mente estava clara e intocada como uma lagoa. — Exatamente. — O M-Psy colocou o arquivo eletrônico na mão. — De acordo com os registros que eu acessei, seus escudos foram motivo de grande preocupação, ao ponto de você ser colocada na lista de reabilitação. Ainda de acordo com meus exames, os escudos são agora herméticos. Max respirou ao seu lado, seu corpo alto mantido tenso. — Ele está certo? — Leve-me para fora, Max, — ela disse, enrolando os dedos em cima da cama sob os lençóis quando eles deveriam ter alcançado o policial. — Eu preciso ter certeza. Uma brisa fresca acariciou o rosto de Sophia durante o caminho que Max usou para o telhado do hospital privado. Ela foi atingida com o sal do mar e o ritmo de vida da população vibrante desta cidade. Mil cheiros pairavam no ar, desde a doçura de um algodão doce até o paladar salgado do peixe, o tempero selvagem de algum restaurante exótico. Ruídos, também, levantaram-se do chão. O shush suave de veículos, o pulso forte da conversa que fluía entre milhares de pessoas, a sirene estranha de veículos de emergência indo atrás de suas tarefas. — Eles estão todos fora, — ela sussurrou, incapaz de acreditar. Nada se chocou contra seu crânio, ou se o fez, seus escudos eram tão incrivelmente fortes que ela não sentiu nem um eco. — Leve-me mais longe, Max. Quando ele empurrou a cadeira para frente, ela ousou tentar manipular o que quer que estivesse protegendo-a, abrindo uma mera fração nas paredes de aço. Fragmentos de ruído, lascas de pensamento. Ela fechou as paredes. — Não há duvidas, eu tenho escudos funcionais. — Agarrando os braços da cadeira, levantou-se. — Escudos altamente funcionais. — Melhor do que ela já teve, mesmo quando criança.
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Max levou a mão para pegá-la mesmo quando o M-Psy protestou com ela. Tenha cuidado. De pé, trêmula em seus pés, ela tomou uma respiração profunda, profunda... e deixou que o ritmo da cidade fluísse ao seu redor. — Estou livre, — ela disse, embora soubesse que não era tão simples assim. A J Corps não iria soltá-la, não agora que ela era útil novamente. Mas... — Eu vou lutar para manter minha liberdade. — Sem mais acidez em minha alma. Não mais. A expressão de Max mostrava uma alegria realizada misturada com determinação, e ela ouviu as palavras que ele não iria dizer, até mesmo quando o M-Psy falou. — Você deve sentar-se, Sra. Russo. Como suas pernas estavam um pouco instáveis, ela não discutiu. — Você tem alguma idéia de como meus escudos se regeneraram? O M-Psy balançou a cabeça. — É por isso que eu quero mantê-la aqui por mais tempo, escudos danificados como o seu não deveriam regenerar. Eu tenho olhado através de todos os nossos arquivos, sem encontrar outro caso. Estou considerando que o escudo poderá falhar de novo tão rapidamente... — Nesse caso, — Sophia disse, olhando para trás para a cidade, — eu prefiro usar esse tempo tão sabiamente quanto puder. Não muitos Js tiveram uma segunda chance. O M-Psy olhou para o gráfico. — Eu só posso liberá-la se você tiver alguém com você em todos os momentos ao longo das próximas vinte e quatro horas. As drogas poderiam ter um efeito rebote, provocar um apagão. — Eu vou ter certeza de que ela nunca estará sozinha, — Max disse, seu tom implacável. — Libere-a. Dez minutos mais tarde, Sophia se encontrou no banco do passageiro do carro de Max, sendo levada de volta para o apartamento. — Eu vou alertar a segurança, — ele disse, sua mandíbula numa linha sombria. — Ninguém chega até você sem ter sido autorizado por mim. — Max, eu sei que você disse para esperar pelo dia de nosso casamento, mas eu realmente quero lhe dizer uma coisa. As mãos de Max apertaram o volante. — Você está sempre com pressa, não e querida? — Ela pensou, com Max, sim, ela era tanto impaciente quanto gananciosa. — Eu amo o seu cheiro. Um olhar assustado. — Isso é o que você queria me dizer?
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— Sim. — Sorrindo, contente, ela fechou os olhos e se rendeu ao sono que a estava empurrando desde que eles entraram no veículo. Ela não teve consciência de chegar ao prédio, nenhuma consciência de estar sendo carregada até o seu quarto e ser colocada na cama. Nem sentiu o beijo pressionado em sua testa ou ouviu os sussurros baixos, abalados de um homem que disse que ela era seu tudo. Max se sentou no sofá de Sophia, capaz de pensar sobre o caso de Nikita pela primeira vez desde o pesadelo do rapto. Depois do que Nikita tinha feito para salvar Sophia, ele devia a Conselheira muito mais do que aquilo que era obrigado pela sua posição como um detetive de execução. No entanto, apesar de Nikita ter estado em contato com ele durante o dia passado, ele havia retido a informação sobre a presença de Ryan Asquith numa reunião dos PurePsy — o instinto dizia que o menino não era nenhum assassino e ele provavelmente iria se lascar de acordo com a versão de Nikita de um batepapo. — No máximo, o estagiário foi uma toupeira, uma que pode levá-los ao chefão. Mas Max contou a Nikita sobre Quentin Gareth, avisou para observá-lo até que pudessem determinar onde o homem de cabelos prematuramente grisalhos tinha ido por aqueles meses em seu passado. — Quentin esta na Jordânia a negócios, — Nikita tinha lhe dito. — Ele não estará de volta por mais três dias, então temos tempo para descobrir a verdade, eu já comecei a rastrear em nível profundo na PsyNet em relação a esta questão. Imaginando se ela teve sorte, pegou seu telefone celular e fez uma chamada. No entanto, a linha de comunicação do escritório, a sua linha privada e a célula, todos foram para a caixa postal. Ele estava prestes a tentar a sua assistente quando o telefone tocou em sua mão. Olhando para ele, ele levantou uma sobrancelha. — Ryan. — Detetive Shannon, como você manteve nossa discussão anterior confidencial, — o estagiário disse, sem chumbo, — Eu sinto que posso confiar em você com isso. Max esperou.
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— Fui abordado por um indivíduo associado ao PurePsy depois do meu recondicionamento ano passado, eles acreditavam que eu estaria aberto a sua mensagem. — Boa maneira de pegar recrutas. — Ryan tinha matado quando seus poderes saíram de controle, poderia ter sido, em algum nível, uma busca por algo para tornar o mundo certo novamente. — Sim. — Ryan fez uma pausa. — No começo, eu fui junto, mas logo percebi que meus objetivos não coincidiam com o deles. No entanto, quando eu estava prestes a renunciar a minha afiliação, eu consegui o estágio com a Conselheira Duncan. — Você esta espionando para ela? — Não oficialmente. Ela não sabe. — Um longo suspiro. — Eu queria trazer-lhe algo que a faria mais inclinada a me manter ligado quando o estágio terminar. Ou o menino depositou honestamente sua esperança de sobrevivência em Nikita, ou ele era um bom mentiroso. — O que você descobriu? — Nada de concreto... mas havia um "clima" na última reunião que participei, um senso de antecipação. Eu acredito que os membros não estavam cientes dos detalhes do que está prestes a acontecer, mas algo está. Desligando depois que ficou claro que o estagiário não poderia dizer mais nada, Max começou a verificar a infinidade de mensagens que tinham vindo durante o tempo que ele esteve no hospital com Sophia, sua mão colada em torno dela. Tinha um e-mail de Dorian. Encontrei um bilhete em cache num servidor velho ditado que Gareth ganhou um estágio de 6 meses na KTech Inc. (Londres). Bate com o período de tempo que você está olhando. Tudo legal. Mas alguém fez um inferno, teve um monte de problemas para escondê-lo. Uma segunda mensagem apareceu como enviada apenas dez minutos atrás. Policial, espero que sua menina esteja bem. Ligue para mim.
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Max digitou o código. Dorian atendeu no primeiro toque. — Como esta Sophia? — Bem, muito bem. — Seu coração torcido, parte dele ainda não conseguia acreditar que sua Sophie estava segura. — Então, o que
você
conseguiu? — Lamento que isso chegou tarde, — Dorian disse. — Uma moto deslizou na chuva, colidiu com um par de nossos soldados alguns minutos após eu ter enviado o primeiro e-mail. — Eles estão bem? — Braço quebrado, perna quebrada, mas vão ficar bem. Eu tenho cobrido seus turnos. — Uma pausa, o farfalhar de papel. — De qualquer forma, eu apenas fiz um pouco mais de escavação sobre esta KTech Inc.. Ela é propriedade de uma empresa de fachada, que é propriedade de outra empresa de fachada ad nauseum. Mas por trás de tudo isso, KTech faz parte de Scott Inc. — Como em Henry e Shoshanna, — Max completou, todas as peças se encaixaram. De acordo com o arquivo confidencial que Nikita tinha dado a Sophia, Henry foi o conselheiro mais envolvido com PurePsy. Ela não era bastante uma arma de fumar quando ele veio para os assassinatos, mas foi perto o suficiente para colocar Gareth diretamente na mira. — Obrigado, Dorian. — Desligando, ele estava prestes a tentar novamente Nikita quando percebeu um pedaço de papel em seu pé, como se tivesse caído da mesa de café. Pegando-o, ele viu a letra de Sophia. Gareth. Rumor. Pr Não havia mais nada. Ela claramente tinha sido interrompida antes que pudesse terminar o pensamento. Lutando contra uma onda de protecionismo possessivo quando ele percebeu que deveria ter acontecido na manhã de seu sequestro, ele olhou para o quarto, viu que ela estava dormindo pacificamente. Havia, pensou com uma chave no fundo de seu coração, não há necessidade de perturbá-la. Exceto... tinha que ser importante se ela tinha deixado o leite fechado no balcão para escrevê-lo e sua Sophie, a mulher corajosa que era, que se recusou a ceder a um sociopata, era forte o suficiente para lidar com isso.
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Indo se ajoelhar ao lado da cama, ele segurou seu rosto, as linhas finas de suas cicatrizes um padrão familiar. — Sophie? — Ele não conseguia evitar traçar as linhas com uma sequência de beijos. Ela se moveu, seus olhos obviamente pesados quando os abriu. — Mmm? — Ao lado dela, Morpheus, que não tinha deixado seu lado desde que ela chegou a casa, lançou-lhe um olhar invejoso. — Você ouviu um rumor sobre Quentin Gareth. — Ele deu beijinhos nos cantos de sua boca. — O que foi? Outro pequeno som, e ela se aconchegou. — Relatório de Praga, — ela murmurou, como se em seu sono. — Boato Vago. — Ela virou-se para a sua boca, um gatinho em busca de mais carinho. — E sobre o boato, querida? — Ele escovou os cabelos do rosto dela, acariciando-a com mais beijos. — Sophie? — Gareth poderia ter matado um estudante há quatro meses. — Foi uma declaração clara como cristal. — O estudante estava em uma curta lista do Centro. — Ele foi considerado falho, — Max murmurou em voz alta. — Hmm. Se o boato fosse verdade, Max percebeu, Quentin não era simplesmente um calculista, era um do alto nível de Henry Scott, era um fanático que acreditava absolutamente no PurePsy. E esse tipo de indivíduo poderia quebrar se sentisse qualquer tipo de a... A campainha da porta tocou.
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A primeira coisa que Max notou foi que a Segurança não tinha chamado, cada instinto que ele tinha entrou em alerta máximo. — Sophie, querida, acorde. — Empurrando para fora os cobertores, ele a pegou e a carregou para o banheiro, sentando-a com as costas contra a parede ao lado da pia. Morpheus seguiu em um passo silencioso. Espirrando algumas gotas de água no rosto de Sophia, ele despertou-a. — Tranque a porta atrás de mim e fique aqui até que eu volte por você. — Max? O que há de errado? — Seu olhar ainda estava um pouco atordoado. — Talvez eu esteja sendo um tolo paranoico, mas é provável que teremos má companhia. — Pegando sua arma reserva de sua bota, ele o colocou em sua mão. — Apenas aperte isto se alguém vier atrás de você. E fique com o meu celular, ligue para a Execução se as coisas forem à merda. — A campainha tocou novamente enquanto ele colocava o celular no colo dela. — Entendeu? Ao seu assentimento, ele fechou a porta e esperou até que ouviu a porta ser trancada antes de se afastar da porta. Ele não estava surpreso ao verificar a vigilância e encontrar Nikita do outro lado, com Quentin Gareth ao lado dela. — Nikita, — ele disse, abrindo a porta, sua arma escondida no seu lado. — O que é isso?
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— Quentin tem uma arma apontada diretamente para a parte de trás da minha cabeça, — Nikita disse, friamente serena. Max deu um passo para trás quando Gareth empurrou Nikita para dentro do apartamento. Max viu Nikita varrer o quarto com os olhos e perguntou-se o que ela estava procurando. — Sophia não está aqui, — ele disse, testando a reação de Gareth. — Os médicos não a liberaram. — De qualquer forma o cérebro dela deve ser mingau há essa hora, — o outro homem disse, seus olhos brilhando de forma a mostrar uma mente perturbada que tinha perdido todo o senso de realidade. — Detetive, se você também não quer o cérebro da Conselheira vazando por seus ouvidos, por favor, coloque sua própria arma na mesa de café. Max fez como pedido, tendo captado o olhar de Nikita. Por alguma razão, ela estava cooperando com Gareth. O que, pensou ele, poderia fazer com que uma mulher com o poder de Nikita segurasse seu fogo? — Bom, — Gareth disse enquanto Max se afastava da mesa de café. — Fique contra o balcão. Max assim fez, encarando Gareth. — O que você pretende fazer agora? — Ele ouviu algo vindo do quarto, sentiu sua espinha endurecer quando percebeu que Sophia tinha saído do banheiro. Mas Gareth parecia não ser ciente de qualquer coisa além da sua missão. — Agora vamos esperar. — Pelo Henry, eu presumo, — Nikita disse. — Será que ele realmente acha que você tem a capacidade de se livrar de mim? — Eu pressiono esse gatilho e seu cérebro será líquido três segundos mais tarde. — Eu já infectei você, — Nikita disse calmamente enquanto Max, pela primeira vez em sua vida, desejou que ele tivesse nascido um telepata. Que diabo estava Sophia pensando? — Sua mente, — Nikita acrescentou, — já está sendo consumida por um vírus mental.
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A mão de Gareth não tremeu, embora o estranho brilho em seus olhos parecesse chamejar ainda mais brilhante. — Eu já esperava. Será um preço pequeno a pagar para salvar a Net. Mártires, Max sabia, eram ainda mais perigosos do que fanáticos. — Sascha está morta? — Nikita perguntou, dando a Max a informação de que precisava. — Não. Mas ela está sob nosso controle. Ela não vai ser prejudicada se você fizer exatamente como mandado. — Se ela está viva, — Nikita continuou, — Eu deveria ser capaz de alcançá-la telepaticamente, e eu não posso. — Você é uma criatura de hábitos, Nikita. Eu batizei o jarro de água de seu escritório com uma droga que diminui temporariamente seu alcance. — Uma pausa. — É uma variante do Jax, ainda experimental, então eu espero que você não beba mais do que o seu usual único copo. — Como você poderia possivelmente ter alcançado Sascha? — Max perguntou, esperando como o inferno que Sophia se manteria escondida. Quentin Gareth estava louco, mas ele ainda estava em pleno controle daquela arma. "Ela é rodeada pelos gatos DarkRiver. — Nós atiramos no alfa DarkRiver enquanto ele a levava para casa. Foi fácil levá-la. E Max soube, sem dúvida que Gareth estava mentindo. Porque se Lucas estivesse morto e Sascha desaparecida, Dorian estaria caçando Gareth com a fúria letal de um leopardo em modo de perseguição, não executando uma pesquisa para Max. — Ele está mentindo. Nikita encontrou seu olhar. — Eu preciso ter certeza detetive. Quentin me informa que se ele contar a seus superiores que ele foi levado, ou se a sua estrela desaparecer da Net, Sascha será condenada à morte. Max viu a porta do quarto começar a se abrir. Deslizando para a esquerda em um movimento repentino, ele fez Gareth girar em direção a ele, embora o homem continuasse a usar Nikita como escudo. — Eu não iria alcançar sua arma, Detetive, — ele disse. — Nós precisamos questioná-lo a fim de garantir que
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você não compartilhou informações confidenciais sobre a nossa causa, mas você não é indispensável. Um pequeno chiado à medida que a porta do quarto se abriu mais, mas Max já estava falando. — O que o seu mestre lhe prometeu? — A escolha das palavras foi deliberada. — Uma posição de poder? Dinheiro? — Essa pergunta mostra que você não sabe nada sobre mim. Eu estou fazendo isso pelo bem da raça Psy. — E então, finalmente, ele confirmou sua aliança com os PurePsy. — A pureza vai nos salvar. — Eu liguei para Faith. — Foi uma rouca declaração vinda da porta do quarto. — Sascha está bem. O que aconteceu a seguir foi tão rápido, tão mortal, que Max nunca foi capaz de colocar a sequência de eventos em ordem. Uma explosão atingiu a arma de Gareth, o pulso ricocheteando em cima dele conforme o braço de Sophia tremia. Ao mesmo tempo, ou um instante depois, Nikita ficou de joelhos, ao mesmo tempo em que a mão de Max fechou em torno da arma sobre a mesa de café. Ele se virou, seu tiro ajustado para atordoar, acertando Gareth exatamente no peito... mas o macho já estava caindo, o sangue escorrendo de suas orelhas, olhos e nariz. Levantando-se enquanto Gareth caia no chão, seu corpo se contorcendo na agonia da morte, Nikita fez uma chamada codificada de seu celular. — Sascha, — ela disse enquanto Max correu para Sophia, — Eu queria perguntar se você recebeu os contratos que enviei ontem à noite. — Uma pausa. — Excelente. Desligando, Nikita olhou para o cadáver de Gareth com um olhar totalmente desapaixonado. — Henry é muito bom em limpeza telepática. Ele se certificou que Quentin não carregasse nenhuma memória que eu poderia usar para ligar isto a ele, mas eu sei que ele estava por trás disso. Max colocou Sophia suavemente contra a parede e olhou para a mulher que acabou de destruir o cérebro do homem em uma fração de segundo. — Eu acho que as drogas não diminuíram suficientemente o seu alcance. — Um erro de cálculo da parte deles. Só afetou minhas habilidades de envio a longo alcance. E Gareth tinha estado de pé bem ao lado dela. — Ele era o único. O sangue constante de Marsha e a limpeza de Tulane ― Eu manteria um olho sobre
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o estagiário, mas meu instinto diz que ele está mais inclinado a dar-lhe sua devoção que qualquer outra coisa. — Eu não tenho tempo para ficar de olho em todo mundo, — Nikita disse, refazendo o único botão de sua jaqueta com uma eficiência que disse a Max que o homem morto no chão já havia sido dispensado de seus pensamentos. — No entanto, você seria muito bom nisso. Max piscou. — Você está me oferecendo um emprego? — Eu preciso de um chefe de segurança. Pense sobre isso. Ele não precisava. — Eu sou um policial. — Você pode continuar sendo, pessoas da Execução são conhecidas por serem destacados para a equipe privada de um Conselheiro. Eu estou disposta a ser flexível se você quiser continuar a acompanhar os seus casos antigos. — Seu olhar mudou para Sophia. — Srta. Russo, a Corporação solicitou que eu a libere o mais breve possível, para que você possa retornar para o rol de ativos. Com esse lembrete indiferente de que Sophia era uma vez mais um J funcional, esperada a caminhar para o abismo de novo, de novo e de novo, Nikita foi para a porta. — Uma equipe de limpeza chegará em breve. Você pode querer voltar para seu apartamento temporariamente. E garanta que o grande felino preto não prove o sangue do Quentin, meus vírus nunca foram transmitidos através da matéria orgânica, mas não posso garantir. Com essas palavras frias, ela se foi. Ajudando Sophia a ficar de pé, Max caminhou para fora do apartamento. Morpheus tinha muita classe para lamber o sangue de Gareth. Virando o nariz para o Psy sem vida, ele andou para o apartamento vizinho, atrás de Max e Sophia. Max estava apenas tomando um gole de café, na manhã seguinte, antes de tentar entrar em contato com Kaleb Krychek quando a segurança entregou sua correspondência. Verificando-a, ele viu que o seu superintendente em Manhattan tinha encaminhado o que parecia ser um par de letras em um grande envelope. — O que é isso? — Sophia perguntou enquanto ele se sentou ao seu lado no sofá. Ela teve uma boa noite de sono, eliminando o restante dos efeitos colaterais das drogas.
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Max estendeu a mão para passar no cabelo dela, incapaz de parar de tocála. — Provavelmente contas, — ele disse com um encolher de ombros que tentou parecer descuidado. Ele soube que tinha falhado quando Sophia tocou seu ombro. — Max? — Eu venho tentando rastrear o meu pai, — ele disse a ela, admitindo o seu segredo final. — Eu não sei por quê. Talvez eu saiba quando eu encontrá-lo. — Você acha que a informação está nesse envelope? — Não há como saber, mas cada vez que eu abro um "envelope misterioso"— ele disse, olhando para o papel pardo claro, — Eu tenho esperanças. Sophia mudou de posição para aconchegar-se ao seu lado. Foi automático colocar seu braço em torno dela, puxá-la apertado contra ele. Ela cabia perfeitamente. — Há algo mais. — Uma declaração suave vinda da Psy que é dona de seu coração. — Sua expressão... Ele roubou um beijo, precisando dela. — Você está começando a me ler como um livro. No momento em que estivermos sentados na cadeira de balanço, assistindo nossos netos brincar, você irá conhecer os meus segredos antes de mim. Ela sorriu e acertou-lhe bem no coração o quanto malditamente ela significava para ele. Ele não estava deixando-a ir, não estava deixando o Corps arrastá-la de volta para dentro do mundo de pesadelo de um J ativo, mesmo que ele próprio tenha que lutar contra o silêncio. — Eu sei os seus segredos também, Sophie, — ele disse. — Com quem você estava falando telepaticamente antes? — Com outro J. — Uma pausa. — Meus escudos, Max, eu preciso explicar-lhes para avaliar se há uma chance de que eles vão falhar novamente. Sua alma repudiou a ideia, mas ele sabia que ela estava certa. — O que o seu amigo disse? — Que Sascha Duncan supostamente é uma excelente técnica em escudos, ele recomendou que eu falasse com ela, ver se ela pode descobrir o que está por trás da regeneração dos meus escudos. — Levantando-se um pouco, ela apertou os lábios na pequena cicatriz em seu rosto, aquela que parecia amar. Fazia seu coração sorrir toda vez que ela fazia isso. Mesmo hoje, agora, ele se sentiu amado, adorado.
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— Mas nós podemos discutir isso tudo mais tarde, — Sophia murmurou. — Abra o envelope. Removendo o braço do redor dela, ele tragou o cheiro de baunilha e lavanda dela e abriu o papel. Ele abriu tantos envelopes desde que começou esta pesquisa, ficou tão acostumado à decepção que ele levou quase um minuto para perceber o que ele tinha na mão. Deixando os outros pedaços do correio cair no tapete, ele passou a mão sobre o papel branco que ainda segurava. — Vê isso? — Ele disse, esfregando o polegar sobre o emblema no canto superior esquerdo. Sophia inclinou a cabeça. — É do Departamento de Justiça. — Bart, — ele esclareceu. — Pedi-lhe um favor. — Poderia ter feito o outro homem ser demitido, mas o promotor público fez apenas as perguntas que ele precisava para obter uma resposta. Sophia deu um longo suspiro. — Você pediu-lhe para comparar o seu DNA contra o banco de dados da central de justiça criminal. Ele não estava minimamente surpreso que ela tivesse adivinhado. — Foi um passo lógico, dado as nossas circunstâncias socioeconômicas, a história de outros homens na área naquele tempo. — Ele tomou uma respiração profunda. — E é um passo que eu evitei por um inferno de longo tempo. — Isso é compreensível, — Sophia disse, passando para uma posição ajoelhada ao lado dele no sofá, os dedos dela acariciando o cabelo dele. — Você é um policial. Você dedicou sua vida para defender a lei, descobrir que seu pai foi um criminoso que violou essas mesmas leis será um golpe. — Suas palavras estavam calmas, práticas. — Mas Max, — seu tom de voz mudou, suavizado, seus os olhos brilhando, — isso não irá alterar nada do homem que você é, do homem que você fez de si mesmo. Ele deslizou um braço ao redor de sua cintura, sua garganta grossa. — Verdade? — Sim. — A testa dela tocando a sua em terna afeição as mãos segurando seu rosto. — Você é quem me ensinou que a vida não é predestinada. Nós somos quem nós fazemos de nós mesmos. Sua fé nele rasgou-lhe aberto, tornando-o um homem melhor. — Abra para mim.
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Sophia pegou o envelope, apta a ser forte para o policial dela, para dar-lhe o que ele precisava. Deslizando o dedo sob a aba, ela rasgou para remover dois pedaços de papel. O primeiro estava fechado em torno do segundo, o que mostrou ser uma cópia impressa que foi automaticamente selada, com bordas serrilhadas que podem ser puxadas para revelar o que estava dentro. O primeiro era uma nota manuscrita. — Max, — ela leu, — no que diz respeito aos computadores esta pesquisa nunca foi feita. Eu não conheço os resultados. Nem o computador. Nós pedimos que os resultados fossem impressos e automaticamente selados. Eu espero que você encontre o que você está procurando. — Foi assinado com o nome Rúben. Mais abaixo tinha outra linha — P.S. O pai de um homem não faz o homem. Se assim fosse, eu seria um filho da puta com três esposas e uma incapacidade de ser fiel a qualquer uma delas. — Sophia abaixou a carta, sua curiosidade uma coisa selvagem. — Eu presumo que ele quiz dizer três esposas consecutivas? — Não. — Ao seu arquejo, seus lábios se curvaram. — O pai de Bart fundou a sua própria religião. — E quantas esposas o Bart tem? — Ele tem estado casado com Tasma desde a faculdade de direito. Eles têm quatro pirralhos que eles amam como loucos. Sophia sorriu. — Então. — Então. — Pronto? — Sim. Ela rasgou as bordas serrilhadas, mas segurou a carta fechada. — Você deveria ver primeiro. — Passando para ele, ela esperou ele lê-lo e em seguida colocar na mesa de café. Nada aconteceu nos próximos segundos... até que Max deu um suspiro trêmulo e baixou a cabeça, empurrando as mãos pelos cabelos. A preocupação atravessou-a... até que ele levantou os olhos. Alívio reluziu como um farol de luz solar através de sua íris. — Max? — Eu sempre pensei, — ele disse, sua voz áspera com emoção, — Que havia algo de errado comigo porque minha mãe não podia me amar. Ela podia amar River e eu acho que ela até amava alguns dos homens que ela trouxe para casa. Mas não a mim, nunca a mim.
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Os olhos de Sophia foram para o envelope, seu cérebro fazendo conexões das experiências de uma vida gasta na Justiça. — Quem foi o seu pai, Max? — Seu nome não é importante, — Max disse e ela viu que para ele, realmente não era. — Mas o que ele fez com ela... Ele a estuprou, foi condenado por isso e morreu em uma briga na prisão. — Um resumo curto e brutal. Max sacudiu sua cabeça. — A única coisa que eu não entendo é por que ela me manteve. Sophia apertou a mão sobre a sua coxa. Olhando para cima, ele viu olhos enormes cheios de preocupação e empatia. — Ah, Sophie. — Puxando-a em seu colo, ele esfregou o rosto na curva doce de seu pescoço enquanto ela colocou os braços ao redor dele. — Eu não estou em choque. — Parte dele, em algum lugar profundo, tinha adivinhado a verdade há muito tempo. — Agora que eu sei por que ela não pode me amar, eu posso perdoá-la por isso. — Você é uma pessoa melhor do que eu, — Sophia disse, sua raiva uma chama de aço. — Você era uma criança. Max sorriu, segurando firme esta mulher que iria lutar por ele. — Mas eu me tornei um homem. Olhando para trás, ele podia sentir somente pena e tristeza pela mulher atormentada e assombrada que tinha sido a sua mãe. — E eu sou um homem que é amado. Que ama até as profundezas de sua alma. Não havia nenhuma maneira no inferno dele deixar alguém levar Sophie para longe dele. Ela era sua. A Corporação teria apenas que fodidamente se acostumar com isso. — Bebê, — ele disse, voltando sua vontade implacável para garantir que ninguém nunca ousaria se colocar entre ele e sua J, — precisamos de um plano. Olhos de Sophia brilharam. — Eu tenho uma ideia.
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Nikita entrou no cofre mental do Conselho sabendo que o que ela estava prestes a fazer iria mudar o curso da história Psy. Se ela sairia viva dessa mudança, somente o tempo poderia dizer. Kaleb entrou com ela, Ming LeBon chegando logo depois. — Você está bem? — ela perguntou. O Conselheiro militarmente inclinado não revelou muito. — Sim. Eles pararam de falar quando Henry e Shoshanna Scott entraram, seguido por Tatiana Rika-Smythe e Kyriakus Anthony pouco tempo depois. — Nikita, — Shoshanna Scott disse assim que as portas psíquicas foram fechadas, — isto é sobre os problemas que você está tendo? — Sim, — disse Nikita. — Os especialistas que contratei foram capazes de rastrear os assassinatos até um fanático PurePsy. — Eu não chamaria os membros do Puro Psy de fanáticos. — Henry juntou-se à conversa. — Oh? — Nikita já tinha jogado jogos o bastante. — A definição de fanatismo é ‗fanático partidarismo‘ de acordo com o dicionário. Eu diria que os PurePsy se encaixam nessa definição. Ming LeBon foi quem falou em seguida e suas palavras não eram nada que Nikita esperasse. — Eu, também me tornei preocupado com a direção dos PurePsy.
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— Eles procuram apenas proteger o nosso silêncio, — disse Henry. — Não há nada de preocupação nisso... não a menos que você deseje proteger aqueles que são falhos. Nikita ignorou a referência direta a sua filha, focando em Ming ao invés. — No entanto, — Ming continuou, — esse objetivo agora está sendo entrelaçado com uma agenda visivelmente racial. Os PurePsy começaram a ver as outras raças como "impuras" por falta de uma palavra melhor. É indiscutível que Nikita foi alvo porque ela tem fortes laços comerciais com os changelings. Bem, a voz de Kaleb sussurrou na mente de Nikita, parece que isto fará de todos nós estranhos companheiros. Ele pode ter um motivo oculto, Nikita respondeu. Vamos esperar e ver. — Manter o nosso povo separado das outras raças, — Henry disse, — não é a pior das escolhas. — Se nós pudéssemos conseguir o isolamento, o nosso silêncio logo seria intocável. — Se você acredita nisso, — Anthony Kyriakus com voz calma e considerada, — então você é um tolo. A réplica de Shoshanna foi rápida. — São apenas os membros mais fracos da nossa população que são propensos à quebra do condicionamento. — Então, agora você vai adicionar dois cardeais e uma cientista brilhante a essa lista? — A questão de Anthony foi comedida, mas não menos letal por sua calma absoluta. - É hora de enfrentar os fatos. O Silêncio está começando a desmoronar, muito mais do que apenas nas bordas e se nós não fizermos uma escolha sobre como lidar com isso, nós corremos o risco de um colapso incontrolável. — Certamente, — Tatiana Rika-Smythe disse, entrando na conversa pela primeira vez, — Não é tão urgente. Sim, tem havido incidentes, mas nada que sugira uma ampla emergência Net. A mente de Ming uma lâmina afiada. — Eu cuidei de um incidente na estação de mineração Sunshine vários meses atrás.
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— O surto psicótico em massa? — Nikita esclareceu, não tendo sido imediatamente envolvida com a situação. De acordo com os dados que ela rapidamente acessou, o episódio resultou em mais de uma centena de fatalidades. — Sim. Parecia uma aberração na época, mas nos últimos três dias nós tivemos outro incidente em massa em uma remota estação científica nas estepes Russa. — Quantos mortos? — Kaleb, falando em voz alta pela primeira vez. — Trezentos, — foi a resposta. — E dos cinquenta sobreviventes, ao menos trinta são candidatos para a reabilitação total. Suas mentes estão quebradas. Houve um momento de silêncio enquanto eles digeriam isso. Nikita decidiu falar primeiro, desenhar uma linha na areia. — Nós não podemos apenas continuar a reabilitar as pessoas. É semelhante a colocar o dedo em um dique quando a barragem estourou. — A reabilitação é fundamental, — Henry argumentou. — Ela irá remover a parte instável da população. — Quantos? — Nikita perguntou, mantendo o seu próprio silêncio, mantendo o frio que foi condicionado nela quando criança, um frio tão profundo e verdadeiro que nada jamais iria descongelá-lo. — Parar quando todas as nossas pessoas estiverem mortas parece sem sentido. — Uma declaração melodramática, — Tatiana respondeu. — Ainda é uma minoria que está experimentando problemas e você mesmo disse que mais e mais pessoas estão voluntariamente se recondicionando, assim a situação irá se corrigir por si mesma. — Quanto a isso, — Anthony disse, — Parece que você não tem lido seus relatórios, Conselheira. Shoshanna falou no silêncio. — Anthony? — Houve um acentuado declínio no número de indivíduos escolhendo ter seu condicionamento verificado ao longo dos últimos dois meses. — Como isso é possível? — Henry perguntou. — Eu tenho me mantido atualizado com todos os números.
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— Ou alguém está mentindo para você, — Nikita disse, — ou você interpretou mal os dados. O fato é que a Net está cheia de novos sussurros da dissidência. — O Fantasma, — Shoshanna interrompeu, referindo-se ao mais infame insurgente na PsyNet. — Ele está espalhando sua marca de rebeldia. — Não, — Nikita disse, — Ele simplesmente apontou a verdade, que a violência que começou o recondicionamento foi planejada, que a população estava sendo guiada em direção ao Centro. — Mesmo Psys, ao que parece, não gostam de ser tão abertamente manipulados. — Na verdade, isto veio como uma compreensão inesperada. Nikita começou a ver seu povo como o rebanho de ovelhas que eles foram por tanto tempo. Mas as marés estavam mudando. E Nikita não tinha a intenção de se afogar. Houve um momento de silêncio e ela sabia que mensagens telepáticas estavam sendo trocadas, dados escaneados, enquanto suas afirmações eram verificadas. — O Silêncio, — Henry finalmente disse, — Não pode cair. — É, — Tatiana acrescentou, — A base da nossa estabilidade. — Concordo. — A voz de Shoshanna. — Esta estabilidade está falhando, — Ming disse. — Não há forma de deter o impulso agora. — Então, pode ser a hora, — Anthony murmurou, — Para o Silêncio cair. — Não. — Três vozes. Ming não disse nada. — Esta não é uma decisão que podemos fazer em um único dia, Kaleb disse, — Seja o que for que decidimos. Mas o PurePsy é um problema que precisa ser eliminado. As ações deles estão apenas turvando o problema. — O PurePsy é composto por aqueles que apoiam o silêncio, — Henry disse. — Se você está sugerindo tirá-los da equação, isto é inaceitável. — Você está dizendo que eles estão sob sua proteção? — Nikita perguntou. — Sim.
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— E agindo sob suas ordens? Houve uma longa pausa, quando Henry percebeu o que sua resposta iria revelar. Todos sabiam, é claro, que ele foi o único puxando as cordas de Quentin Gareth por pelo menos a metade do ano passado, mas ele admitir isso era uma questão diferente. Shoshanna "salvou" o seu marido. — O PurePsy tem seu próprio conjunto de princípios. O fator de Henry concordar com eles não é motivo para rotulá-lo como um conspirador em seus ataques contra você, Nikita. Tão esposa. O tom do baixo murmúrio telepático de Kaleb estava cheio de nada, tão vazio que Nikita se perguntou o que ela estava fazendo aliando-se com ele. Mas, em um poço cheio de víboras, pelo menos ele era um que ela parcialmente compreendia. Ela ligou seu veleiro ao dele, Nikita respondeu. Se ele cair, o mesmo acontece com ela. Tatiana está com eles. Nikita concordou. Ming é ambivalente. Anthony vai ficar com a gente, ele tem muitos interesses comerciais amarrados com as outras raças. Nikita não mencionou as conversas que ela teve com Anthony. E você, ela pediu ao Tk mais perigoso da Net. Onde está a sua verdadeira lealdade? Isso, você vai ter que esperar e ver. — Parece que estamos em um impasse. — A voz inteligente de Anthony. — Seria melhor, — ele disse a Henry, — Se você deixar claro para os PurePsy que suas ambições para um golpe de estado seriam melhor se eles prontamente desistissem. — E informe qualquer membro em minha cidade, — Nikita disse, — Que eles têm até o final desta reunião para sair. Ou eu vou pessoalmente eliminá-los. — Ela já matou. Muitas vezes. E ela faria isso novamente. Auto interesse, ela disse a si mesma. Não tinha nada a ver com o fato de que os PurePsy tentaram alvejar sua filha e seu neto não nascido. — Só mais uma coisa, Henry? — Ela disse, focando no outro Conselheiro. Ela tinha mil composições de vírus em sua cabeça. Um deles, pensou ela, iria
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penetrar seus escudos. E ela iria encontrá-lo, não importa quanto tempo levaria. — A próxima vez que você decidir que uma das minhas pessoas é falha e pedir uma reabilitação sem o meu consentimento, eu posso não agir de forma tão civilizada. Na verdade, pode ser melhor para a sua... saúde se você não pisar no meu território de novo. — E sobre a sua J de estimação? — Tatiana perguntou, seu tom suave, sedoso. — Há algo seriamente errado com ela. Seu escudo não é nada comum. — Ser extraordinário agora é crime? — Nikita sobreviveu no Conselho por muito mais tempo do que Tatiana. Se a mulher mais jovem esqueceu isso, ela teria uma surpresa letal em um calmo dia quando ela crer estar segura. — Ela é uma das minhas pessoas, assim como todos os outros Psy dentro dos meus limites territoriais. A implicação era clara. — Então. — Shoshanna. — Você está protegendo os quebrados agora. Acho que o sangue dirá. Nikita não se envolveu com a Conselheira que tomou a fatal decisão de ficar com Henry. — Eu disse o que eu tinha que dizer. A reunião terminou menos de um minuto depois. Nada parecia ter sido resolvido, mas Nikita sabia que isso era uma fantasia velada. O Conselho se dividiu em dois. Kaleb assistiu à reunião em pé no deck de sua casa em Moscou. Agora, ele se virou para voltar para dentro, para considerar seu próximo movimento e para retornar a chamada de Max Shannon, a mensagem chegando assim que a reunião começou. Isso foi antes dele ver o pacote colocado no centro da sua mesa. Isso não estava lá quando ele saiu para o deck. Apenas um grupo de pessoas tinha a habilidade para ter violado a sua segurança interna sem disparar os alarmes. Pegando um abridor de cartas de prata que tinha sido dado por um parceiro de negócios humano, ele abriu. Continha uma caixa de madeira. Essa caixa continha um brasão, como aquelas que podem ir a um uniforme. O brasão trazia a imagem de duas serpentes em combate, o emblema pessoal do Conselheiro Ming LeBon. Mas atravessando o tecido tinha uma pequena e perfeita seta preta.
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O Esquadrão Arrow, ao que parecia tinha decidido encerrar sua aliança com Ming. Kaleb não cometeu o erro de pensar que a lealdade agora tinha mudado para ele. Não, isso era uma advertência e ao mesmo tempo um convite. Removendo a seta, ele colocou-a em sua mesa. Então ele colocou o brasão de volta na caixa e se teletransportou com a caixa para um local extremamente seguro, saindo tão logo chegou. Dois Arrows olharam juntos ao leve som de algo sendo colocado sobre a mesa à sua direita, uma mesa que existia profundamente dentro do Comando Central do Esquadrão Arrow e era conhecido apenas por outros Arrows. Nenhum homem disse uma palavra, mas eles começaram a trabalhar juntos para desmontar a caixa e destruir o brasão. Não haveria nenhuma evidência para Ming encontrar, não até que fosse tarde demais.
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Sonhe comigo. Nota de Max para Sophia.
Sophia sentou em frente à Nikita, consciente da presença inquieta de Max do outro lado da porta. Três dias se passaram desde que ele descobriu sobre seu pai, eles já fizeram seus planso e Max passou a maior parte dessas 72 horas em diferentes partes do país, falando cara-a-cara com os pais cujas filhas desaparecidas agora estavam sendo encontradas, graças às coordenadas que Kaleb Krychek tinha arrancado da mente morrendo de Gerard Bonner. - Eu não vou deixar você sozinha, ele disse após receber a informação. Sophia tinha sacudido a cabeça. - Seus amigos DarkRiver irão cuidar de mim. Vá Max, elas possuem uma parte de seu coração, todas e cada uma." E isso estava bem para ela, mais do que bem. Max se lembrou daquelas meninas perdidas, sempre lembraria. "Vá e diga para suas famílias que elas estão voltando para casa. É importante." Seus olhos se encheram de uma raiva protetora enquanto concordava e ela sabia que ele ouviu o eco da menina de oito anos de idade que ela foi uma vez. Como resultado, ela passou as últimas 72 horas com um changeling em seu espaço. Desiree
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era inteligente e engraçada, Clay era tranquilo, e Vaughn ainda fazia cada cabelo em seu corpo arrepiar. O próprio companheiro de Sophia, seu Max, voltou exausto há uma hora com a notícia de que, enquanto ele estava entrando em um doloroso contato pessoal com os pais e parentes das vítimas as equipes forenses tinham localizado todas as meninas. "Vai levar semanas para processar completamente as cenas, mas os restos mortais estão no necrotério", ele disse a ela. "Eu vou voltar quando os pais tiverem que entrar para pegar suas meninas, mas todo mundo está apoiando as famílias agora. Eles não precisam de mim, você precisa." Então, como um cão cansado, mas determinado, ele ficou do lado de fora da porta, enquanto ela estava sentada perigosamente perto de uma mulher que tinha a capacidade de matar sem remorso, sem pena. Mas Nikita Duncan também era uma mulher que entendia de negócios, entendia como pesar os custos em relação aos benefícios. Sophia encontrou seu olhar. "Eu preciso de um emprego." "Você é uma J." "Js têm uma vida muito curta." Olhos amendoados cheios de especulação. "Eu estou precisando de diversos conselheiros como você está ciente, mas ao contrário do Detetive Shannon, você não tem habilidades que posso utilizar." "Eu tenho contatos na Net." Js viam tudo. E eles falam uns com os outros, porque somente outro J entendia os pedaços quebrados neles. "Como a situação com Quentin Gareth provou, você tem uma lacuna crítica em sua organização. Sou capaz de preencher uma grande parte dela e organizar uma equipe que irá completar os outros aspectos." Nikita recostou-se na cadeira. "O detetive Shannon é parte do negócio?" "Não." Sophia segurou o olhar da Conselheira. "Para ser claramente franca, você não quer ele trabalhando para você se ele não quiser estar aqui."
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"Não." Nikita ficou em silêncio por alguns minutos. "Você pode ser discreta sobre sua relação pouco ortodoxa com ele?” O choque deixou Sophia em silêncio por vários segundos. Lutando para entender o sentido da pergunta, ela decidiu alterar o plano e fazer a maior aposta da sua vida, uma que poderia colocá-la de volta na lista dos vigiados para reabilitação. "Sim, em público. No entanto, eu pretendo me casar com ele." Mais uma vez, Nikita não reagiu como previsto. "Faça em privado, dê entrada na papelada legal através do mais lento tribunal que você encontrar. Como um J, você deve saber exatamente qual encaixará na definição. Sob nenhuma circunstância, pode qualquer coisa que você experimentar vazar na Net. Se isso acontecer, os Arrows irão aparecer." "Meus escudos são impenetráveis." Sophia olhou para a conselheira, de repente consciente de que ela tinha mais capacidade de entender essa mulher poderosa do que a maioria. A escuridão nela reconheceu o mesmo em Nikita. "O que está acontecendo?" "Mudanças". Nikita levantou-se e caminhou até a parede de vidro que dava para a cidade. "Mas as mudanças levam tempo e sempre faz vítimas." Sophia não seria nunca mais uma vítima. "Eu nunca gostarei de você," ela disse para as costas da Conselheira. "Mas eu também nunca vou mentir para você. Eu acho que você pode tomar isso como um conselho de quem não tem medo de você." "Um Psy normal não sente." Sophia não disse nada. Não sobre isso. "Eu pensei e pensei sobre o porquê você poderia ter pedido por mim nesta missão e eu só posso chegar a uma resposta." E era uma resposta além do Silêncio, uma resposta para levar mães e filhas a redenção e ao perdão. "Mas eu não posso fazer a mim mesma acreditar. Não de você."
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Nikita levou cinco longos minutos para responder. "Pegue o contrato de trabalho padrão em sua saída. E Sra. Russo?" "Sim?" "Você deveria estar com medo de mim." "Talvez." Sophia se levantou. "Mas uma vez que você viu o que eu vi, uma vez que você viveu no abismo por tanto tempo, o medo torna-se apenas outra prisão." Então ela andou para fora e para os braços de um policial, que esperou somente até eles terem fechado a porta de seu apartamento antes de esmagá-la em seus braços e pegar sua boca em um beijo exigente. Ela sentiu a dor persistente nele, a pesada tristeza por todas aquelas famílias e deu-lhe o que ele precisava. Tudo. Ele rasgou o casaco dela, retirou sua saia com aspereza, mãos famintas que deixavam rastros de fogo em sua pele. "Pare-me, Sophie." Um sussurro áspero. "Eu não quero te machucar." "Está tudo bem." Ela empurrou para fora a camisa dele, mostrando a beleza musculosa de seu peito. "Eu senti tanta saudades de você que eu não conseguia respirar. Venha para dentro de mim." Sua calcinha foi arrancada dela, seus dedos urgentes quando ele testou sua umidade. Levantando uma perna, ela envolveu-a em torno de seu quadril. Ele praguejou, abaixou o zíper da calça e então o calor, duro e quente e ele estava empurrando dentro dela, prendendo-a contra a parede. Ela gritou, segurando, segurando-o firmemente. O prazer foi uma tempestade de fogo que apagou a dor, limpou a tristeza e deixou-o mole, com o rosto enterrado em seu pescoço, enquanto aquelas musculosas costas brilhavam com a transpiração. "Olá, meu Max", ela sussurrou. "Olá, minha doce, sexy Sophie." Mais tarde naquele dia, depois de terem passado a maior parte do tempo enredado pele com pele, dormindo, amando e abraçando um ao outro, Sophia
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respirou fundo. "Eu fiz uma profunda investigação nos meus novos escudos enquanto você estava fora, eu acho que eu sei sua origem." Seu policial retirou-lhe o cabelo de seu rosto, sua expressão concentrada. "Diga-me". "Parte disso é porque eu sou uma âncora, mas outra parte disto é porque minha mente é... única." Tinha sobrevivido fazendo o extraordinário. "Você sabe sobre a NetMind?" "Eu ouvi boatos de que é algum tipo de entidade psíquica que organiza a Net." "Sim. O caso é que existe uma DarkMind também. "Ela procurou, cavou fundo para encontrar a confirmação de suas suspeitas. "Ele é feito de todas as emoções que a minha raça rejeitou e é tão irritado, tão assustado e muito, muito solitário. E eu acho que... é também um pouco louco." Max não fez as mesmas perguntas que outros teriam feito. Ele perguntou apenas a questão crítica. "Este DarkMind está protegendo você? " "Os dois estão de certa maneira." Ela tomou uma respiração instável e engoliu. "No começo eu pensei que meus escudos fossem uma extensão psíquica da Net, que por algum motivo a NetMind e a DarkMind decidiram cuidar mim, mas ao mesmo tempo que isso fazia sentido para os meus escudos na Net, não explicava as minhas proteções telepáticas, pois estas tinham que vir do interior. Então eu percebi que era eu." Ela hesitou. "Está tudo bem querida." Um beijo em sua testa, braços que lhe apertaram perto. "Não importa o que, você ainda é minha Sophie, ainda a minha J." Seu coração assentou, quieto, satisfeito. "Eu sou uma viva extensão da Net, Max." O elo serpenteava através de sua mente, finos fios e não apenas a escuridão. A luz estava lá também, simplesmente menos óbvia para o olhar casual. "Eu não sou mais apenas uma âncora, eu me tornei algum tipo de foco." Duas horas mais tarde, ela compartilhou a verdade sobre seus escudos com Sascha Duncan através de um link seguro. O rosto da empata não mostrou nenhuma
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rejeição, apenas preocupação. "Mas Sophie, a Net está ficando louca. Se está dentro de você nesse nível..." "Há esperança, Sascha." Uma deslumbrante, bonita esperança. "À medida que a Net passa pelo meu ponto de ancoragem, a luz e a escuridão ficam juntas por apenas uma fração de segundos." Compreensão apareceu em uma fratura de cores nos olhos cardeais de Sascha. "E naquele momento eles estão saudáveis?" "Sim". Sua garganta trancada. "Eu posso ser a única âncora que pode dar-lhes essa paz. E isso não está certo. "Porque fora do pequeno oásis de sua mente, a Net estava inexoravelmente louca, uma podridão escura vazando através de seus próprios tecidos, partes da PsyNet já estavam mortas, lugares onde nem a DarkMind nem a Netmind poderiam ir. Os próprios olhos de Sascha brilharam molhados. "Não, eles nunca deveriam ter sido divididos em dois, mas a senciência deles é formada e moldada pela Net. Eles não podem, não vão se fundir até que o silêncio caia." E isto, ambas sabiam, poderia levar uma eternidade... e uma guerra que poderia devastar seu mundo. "As coisas estão mudando", Sophia sussurrou, segurando o olhar da empata. A NetMind amava Sascha. O DarkMind sabia que a empata poderia dar-lhes algo, mas não sabia como dar forma a seu pedido, como até mesmo transmitir a sua dolorosa necessidade. "Você sentiu isso." "Sim." Um olhar solene, mas manteve a esperança, a determinação de uma Psy disposta a lutar por seu povo. "Você tem certeza que está segura, Sophia?" Tanta preocupação, o enorme coração da empata estava lá no timbre de sua voz, em cada parte dela. Naquele momento, Sophia entendeu um pouco do que a aleijada, sem voz da DarkMind estava tentando lhe dizer, entendeu que os Es tinham que ser redespertados se a Net fosse sobreviver.
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"Eu entendo porque ele faz o que faz", Sascha continuou, tristeza apagando as estrelas em seus olhos, "mas a necessidade de vingança da DarkMind levou-o a causar crimes terríveis." Sophia colocou os braços ao redor da cintura de Max, colocando seu ouvido contra o pulso firme de seu batimento cardíaco, o calor dele sua âncora pessoal. "Na minha mente, eles são um." Eles estão completos. Assim como ela estava finalmente completa. "Eles equilibram um ao outro." A voz de Sascha ficou suave, pensativa. "Sim, é claro." "E... eu aceito o DarkMind", disse Sophia, não escondendo nada de quem ela era, a escuridão que havia moldado ela. "Ele não tem necessidade de gritar, sem necessidade de lutar para ser conhecido, para ser lembrado." Ela nunca iria jogá-lo longe, nunca o forçaria a ficar em Silêncio. Assim como o seu policial nunca havia lhe pedido para ser qualquer coisa além do que ela era, uma falha e cicatrizada J. Erguendo a cabeça, ela estendeu a mão e deu um beijo sobre aquela cicatriz em seu rosto, indiferente de seu público. Agradecendo-lhe. Adorando-o. "Eu sei", ele sussurrou, seus braços apertando-a forte. "Eu sei bebê." Era tudo que ela precisava ouvir.
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Eu sinto muito, Max. Por favor, não fique bravo. Eu só não consigo mais ficar aqui. -Handwritten nota do River Shannon para Max Shannon Sophia nunca tinha se sentido mais contente do que estava naquele momento, deitada no círculo dos braços de Max enquanto eles se sentaram na cama assistindo a tela de entretenimento. O show não era importante, isso era o fundo. Mas o calor de Max, o cheiro dele, o conhecimento de que ninguém poderia roubar isso dela agora... foi uma felicidade quase imoral. Max esfregou o queixo em seu cabelo. — Eu posso dizer quando está pensando. — Tem certeza de que não é Psy? — Um beijo pressionado na pele marrom-dourado sob sua bochecha. Ele estava vestindo apenas um par de boxers, enquanto ela vestiu uma blusa e um par de calças de pijama com pinguins dançando sobre eles. Os dedos de Max massageavam a parte de trás do seu pescoço em uma carícia ausente. — Cem por cento de homem primitivo. Batendo o punho contra a dureza de seu abdômen nu, ela estendeu a mão para pressionar um beijo contra sua mandíbula. — Eu gosto de você primitivo. Ele tomou sua boca, roubou o fôlego. E quando ele a soltou, ele disse, — Eu sabia que você me queria pelo o meu corpo.
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— Isso e seu salário. Sorrindo, ela caiu-lhe sobre os lençois até que ela montou nele, os cotovelos apoiados em ambos os lados de sua cabeça. — Você vai aceitar o emprego oferecido Nikita? — Isso me dá urticária, pensar em trabalhar para um conselheiro. — Ele fez uma careta, suas mãos moldando seus quadris. Descendo. — Mas então eu penso sobre todos os segredos que eu poderia aprender, todos os outros policiais que eu poderia ajudar com os contatos que ia fazer, o acesso que eu teria. Sophia estremeceu com a maneira como ele acariciou, decidiu que teria que consegui-lo na frente de um espelho hoje. A fantasia estava dirigindo-a ao delírio. — Eu já´vendi minha alma. — Isso conseguiu um sorriso dela, e ela teve que beijar sua covinha — Então eu tenho pouca credibilidade, mas Nikita parece ser melhor do que alguns. — Isso não diz muito. — Não. — Ela correu uma mão para baixo sobre o peito, amando o fato de que poderia adorá-lo para seu prazer, sem preocupação, sem medo. Enquanto nada vazasse na Net, ninguém viria caçá-la, não no território de Nikita. — Max, você se importa se nós continuarmos a ter cuidado? — Qualquer mudança estava acontecendo, que era uma coisa lenta e secreta. — Eu quase perdi você para reabilitação total, — ele disse, o tom sombrio. — Comparado a isso, um pouco de discrição não é nada. E — Max sorriu — Você sabe que me excita quando você está toda contida e apropriada em público. Eu só quero te levar para casa e deixá-la nua, ensinar-lhe coisas más, perversas. — Mãos possessivas moldavam a sua carne com intenção sensual. — Ah, é? — Ela começou a deslizar a mão para o sul. — Talvez... A campainha tocou, interrompendo Max que gemeu de antecipação. Ele fez uma careta quando ela olhou para cima. — Ignore-o. Isso é provavelmente são os capangas de Nikita tendo a certeza de que eu estou dando a devida consideração a sua oferta. — Como se você vai tomar qualquer decisão, execeto a que você quer. — Ela o empurrou. — Vai atender a porta. Eles não vão embora até que você faça. Um olhar negro em seu rosto, Max levantou-se e puxou a calça jeans, a tatuagem em suas costas deslumbrante. E, Sophia pensou, não era só porque ele tinha seu nome escrito na lâmina. — Eu te amo Policial.
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Ele se virou para beliscar seu lábio inferior. — Bom, porque você tem uma vida com nenhuma possibilidade de liberdade condicional. — Então, descalço e com cabelo de sono, ele saiu. Ela sabia que ele feito isso de propósito para irritar qualquer assistente que Nikita teria enviado. Levantando, ela vestiu um roupão de veludo grosso e começou a escovar os cabelos. — Vamos ver quem é, — ela perguntou para Morpheus, que estava serpenteando em torno de seus tornozelos. Como se ele entendesse, ele foi à frente, com ela seguindo. Sua mão parou no meio do caminho quando viu o homem na porta. Max segurou o batente da porta, os nós dos dedos brancos. — Como você passou pela segurança? — Foi a primeira pergunta que surgiu, a última coisa que importava. O homem loiro no corredor apertou o pulso de uma mão com a outra. — Eu disse a eles que eu estava no trabalho, e eles disseram que eu estava na lista. Assim... Eu... — Ele engoliu em seco. — Você sabia? Quero dizer, eu devo ir? Eu pensei... Estendendo a mão, Max agarrou seu irmão mais novo em um abraço esmagador. — Você idiota. Se você tentar fugir desta vez, eu irei amarrar seu rabo na cadeia. Os braços de River trancaram em torno dele. Max sentiu a umidade contra a pele, teve de piscar os olhos, engolir o nó na garganta. Levantando a mão após um longo, longo tempo, ele bagunçou todo o cabelo na parte de trás da cabeça do River. — Onde você esteve garoto? River deu um sorriso tímido quando eles se separaram. — Conseguindo minha merda arrumada. — Você não poderia fazer isso sem desaparecer? River baixou a cabeça, enfiando as mãos nos bolsos de trás da calça jeans. Isso fez Max sorrir, seu coração a ponto de transbordar. Ele conhecia este homem, embora crescido. — Max? — Sophia falou com a voz suave. — Você vai convidá-lo ou interrogá-lo na porta? Os olhos de River se arregalaram quando ele olhou para Sophia. — Uau, Max, o que você diz a ela por deixá-la na porta?
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Max deu um tapinha bem-humorado na orelha dele quando River deslizou por ele e se inclinou para beijar Sophia na bochecha. — Olá, você tem certeza que está com o irmão certo? Sophia nunca tinha tido um irmão mais novo. Mas este homem com os seus olhos risonhos e um sorriso brilhante. . . — Você está me fazendo uma oferta? — Eu iria, — um sussurro, — Mas Max sempre foi um pouco possessivo. Os braços de Max vieram ao redor de sua cintura, pesado, quente, real. — Não se esqueça disso.
River olhou para Max quando seu policial virou-se para pressionar os lábios na testa de Sophia, e por um instante, Sophia viu a verdade nas emoções desnudadas de River. Tanto amor, tanta necessidade, tanta dor. O irmão de Max, pensou, precisava deles. — Bem vindo ao lar River. Sua expressão mudou para um tipo desconfiado de esperança. — Sim? — Mas ele estava olhando para Max. Max estendeu o um punho para bater no ombro de River. — Você vai ficar nem que eu tenho que amarrá-lo nos móveis. — Não há necessidade, — River disse, abaixando a cabeça, mas não antes de Sophia vir o brilho em seus olhos, — Apenas me amarre à sua Sophia. — Eu acho, — Sophia disse quando Max franziu o cenho, — Eu vou gostar de ter um irmão mais novo. — Estendendo a mão, ela passou o braço na curva do cotovelo de River. — Então, me diga tudos os segredos de Max. Max enrolou a mão ao redor de sua nuca. — Ei, agora, não se unam contra mim. River riu, e disse algo. Assim fez Max, o calor do seu abraço queimando, aquecendo cada parte dela enquanto ela ouvia a alegria debaixo de suas palavras. Casa. Finalmente, eles estavam todos em casa.
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Cinco coisas que aconteceu depois daquele mês. Todas elas memoráveis, de maneiras muito diferentes. Um: Max decidiu que havia medicamentos que ele poderia tomar para urticarias. Dois: Conselheira Nikita Duncan encontrou com o Conselheiro Anthony Kyriakus para elaborar um plano para proteger seu território contra as incursões de outros no Conselho. Três: Sascha Duncan conseguiu parar uma luta entre 10 leopardos changeling de seis anos de idade usando sua habilidade, embora ela não conseguisse descobrir como ela fez isso. Quatro: Conselheiro Kaleb Krychek encontrou o início de um caminho que poderia um dia levá-lo a sua presa. E cinco. . . Max comprou para Sophia uma lingerie muito travessa para sua lua de mel.
Fim.
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Próximo :
Livro 09 - Play of Passion
Em sua posição como rastreador para o Bando SnowDancer, cabe a Drew Kincaid conter os changelings desonestos que perderam o controle de sua metade animal, mesmo que isso signifique matar aqueles que foram longe demais. Mas nada em sua vida o preparou para a batalha, ele deve agora empreender para conquistar o coração de uma mulher que faz o corpo pegar fogo ... e que ameaça escravizar seu lobo.
Tenente Índigo Riviere não permite facilmente privilégios de pele, especialmente do tipo sensual, a última pessoa que ela espera encontrar-se desejando é o homem mais perversamente lúdico na toca. Tudo o que ela sabe diz a ela para retroceder antes que as chamas os queimem em cinzas ... mas ela não contou com vontade de Drew.
Agora, dois dos lobos mais teimosos dos SnowDancer encontram-se um jogo quente, sexy, mesmo com um perigo letal perseguindo o lugar que eles chamam de casa.
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PRT Flรกvia, Janaina, Josy, Karla, Neuza
TAD Lud, Luciana, Thais, Anna, Iza
Lud e Juju
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1. Slave to Sensation 1.5 - The Cannibal Princess 2. Visions of Heat 3. Caressed By Ice 3.5 - Beat of Temptation 4. Mine to Possess 5. Hostage to Pleasure 5.1 - Stroke of Enticement 5.5 - A Gift for Kit 6. Branded By Fire 7. Blaze of Memory 7.5 - A Conversation 8. Bonds of Justice 8.5- Whisper of Sin 9. Play of Passion 9.2 - The Party 9.5 - Wolf School 10. Kiss of Snow 11 - Tangle of Need 11.1 -Poker Night 11.2 - Stalking Hawke 12 - Heart of Obsidian 13 – Não divulgado 14 – Não divulgado