Rita do Perpétuo Socorro Barbosa de Oliveira José Benedito dos Santos Kenedi Santos Azevedo [Organizadores]
A LITERATURA NO AMAZONAS: 1954-2010
Conselho Editorial Série Letra Capital Acadêmica Beatriz Anselmo Olinto (Unicentro-PR) Carlos Roberto dos Anjos Candeiro (UFTM) Claudio Cezar Henriques (UERJ) João Medeiros Filho (UCL) Leonardo Santana da Silva (UFRJ) Luciana Marino do Nascimento (UFRJ) Maria Luiza Bustamante Pereira de Sá (UERJ) Michela Rosa di Candia (UFRJ) Olavo Luppi Silva (UFABC) Orlando Alves dos Santos Junior (UFRJ) Pierre Alves Costa (Unicentro-PR) Rafael Soares Gonçalves (PUC-RIO) Robert Segal (UFRJ) Roberto Acízelo Quelhas de Souza (UERJ) Sandro Ornellas (UFBA) Sergio Azevedo (UENF) Sérgio Tadeu Gonçalves Muniz (UTFPR)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS Reitora Prof. Dra. Márcia Perales Mendes Silva Vice-Reitor Prof. Dr. Hedinaldo Narciso Lima Pró-Reitoria de Extensão e Interiorização Prof. Dr. Luiz Frederico Mendes dos Reis Arruda Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Prof. Dr. Gilson Monteiro Diretora do Instituto de Ciências Humanas e Letras Profª. Dra. Simone Eneida Baçal de Oliveira Chefe do Departamento de Língua e Literatura Portuguesa Prof. ME Robert Langlady Rosas Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Letras – Estudos da Linguagem e Literários Profª. Dra. Maria Luiza de Carvalho Cruz
Copyright © Rita do Perpétuo Socorro Barbosa de Oliveira, José Benedito dos Santos, Kenedi Santos Azevedo, [orgs.], 2016 Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização prévia e expressa do autor.
Editor João Baptista Pinto
Capa Luiz Guimarães
Projeto Gráfico e Editoração Luiz Guimarães Revisão Dos autores
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
L755 A literatura no Amazonas (1954-2010) / organização Rita do Perpétuo Socorro Barbosa de Oliveira, José Benedito dos Santos, Kenedi Santos Azevedo. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Letra Capital, 2017. 162 p. ; 15,5x23 cm.
Inclui bibliografia ISBN: 978-85-7785-507-0
1. Literatura - História e crítica - América 2. Crítica literária - América. I. Oliveira, Rita do Perpétuo Socorro Barbosa de. II. Santos, José Benedito dos. III. Azevedo, Kenedi Santos.
17-39006 CDD: 809 CDU: 82.09
Letra Capital Editora Telefax: (21) 3553-2236/2215-3781 letracapital@letracapital.com.br
Sumário
Prefácio.......................................................................................................7 Apresentação.........................................................................................11 Contra o homo demens: o canto comprometido e o poema azul.......................................................................................15
Rita do Perpétuo Socorro Barbosa de Oliveira Chuva Branca no universo de Paulo Jacob............................32
Francisca de Lourdes Souza Louro Espaço, vivências e dissimetrias na poética da cidade de Aldisio Filgueiras...................................................54
Maria Luiza Germano de Souza Breve estudo sobre a obra e a fortuna crítica de Elson Farias.....................................................................74
José Benedito dos Santos A lírica social em Pássaro de Cinza, de Farias de Carvalho: a poesia como crítica à desumanização.............................................................. 105
Carolina Alves Ferreira de Abreu Leitura dos contos de Arthur Engrácio e Carlos Gomes................................................................................... 116
Kenedi Santos Azevedo Simão Pessoa – escritor pós-madrugada.............................. 129
José Almerindo Alencar da Rosa Amazônia: um outro exótico na obra de Milton Hatoum............................................................................ 146
Ana Amélia Andrade Guerra
Prefácio
O projeto de pesquisa Literatura no Amazonas: 1954-2010,
financiada pelo CNPq no período de 2013 a 2015, teve a finalidade de pesquisar obras literárias no referido período, empregando como método o ponto de vista histórico e literário, por meio da compilação das edições das obras dos seguintes autores: Allison Leão, Arthur Engrácio, Benjamin Sanches, Carlos Gomes, Erasmo Linhares, Márcio Souza, Milton Hatoum, Paulo Jacob e Vera do Val, na prosa; Alcides Werk, Aldisio Filgueiras, Alencar e Silva, Astrid Cabral, Elson Farias, Ernesto Penafort, Farias de Carvalho, Jorge Tufic, Luiz Bacellar, Luiz Ruas, Max Carphentier, Simão Pessoa, Thiago de Mello e Zemaria Pinto, na poesia; Márcio Souza e Nereide Santiago, no teatro. A análise das obras aliou o conhecimento de teoria e de crítica literária, que trata de conceitos, categorias e procedimentos artísticos relativos ao poema, prosa de ficção e teatro, ao conhecimento dos métodos de crítica literária, entendendo que o caráter temático de cada obra investigada convoca o diálogo com teóricos e críticos de determinada linha de pensamento. A história da literatura no Amazonas tem sido escrita aos poucos. Em 1938, Djalma Batista publica o ensaio Letras da Amazônia, onde discorre sobre os primeiros cronistas da Região Amazônica, os viajantes do século XVIII, os folcloristas, até chegar aos prosadores e poetas seus contemporâneos. É da mesma década a edição de Histórias da Amazônia, de Peregrino Júnior, uma coletânea de contos da tradição oral. Nos anos setenta, Mário Ypiranga Monteiro escreve Fatos da Literatura Amazonense, em que situa a literatura produzida no Amazonas na concepção eurocêntrica e antagônica edenista ou infernista. Publica ainda Fases da Literatura Amazonense, em que analisa poemas de Tenreiro Aranha, o poema épico A muhuraida, de Henrique João Wilkens, e o romance Os selvagens, de Francisco Gomes de Amorim. Também é dessa década A expressão amazonense: do colonialismo ao neocolonialismo, de Márcio Souza, que avalia a produção literária como fruto da cultura eurocêntrica imposta
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desde a colonização portuguesa na região e da emulação tardia de estilos de arte. Na década de oitenta, Jorge Tufic publica Existe uma literatura amazonense? em que escreve sobre os textos de Carvajal a Ferreira de Castro, o soneto e a poesia concreta no Amazonas, além de discutir a denominação “amazonense” para a literatura produzida por escritores que nasceram e/ou publicaram em outros estados sobre temas da Amazônia; publica ainda o livro Clube da madrugada: 30 anos, que mostra o olhar de um dos membros desse consagrado Clube para o movimento que pretendeu transformar o modo de fazer literatura em Manaus. Anthístenes Pinto publica Literatura: novos horizontes, onde consta um conjunto de ensaios sobre as obras de Nunes Pereira, Charles de La Condamine, Mario Vargas Llosa e contistas brasileiros, dentre outros temas. João Nogueira da Mata dá a lume Referências literárias, com a crítica dos textos de Genesino Braga, Epaminondas Baraúna, Cláudio de Araújo Lima, além de considerações geopolíticas. Socorro Santiago publica Uma poética das águas: a imagem do rio na poesia amazonense contemporânea, em que analisa a tensão e a simbiose do sujeito lírico com a natureza na produção poética de autores nascidos na Amazônia. Na década de noventa, João Nogueira da Mata, com o livro Nos domínios da literatura escreve ensaios sobre as obras de Vianna Moog, Amadeu Amaral, Euclides da Cunha e Menotti del Picchia. Neide Gondim publica Simá, Beiradão e Galvez, Imperador do Acre, onde analisa histórica e literariamente os citados romances, resgatando o primeiro livro, Simá, que até então havia tido única edição, datada de 1857. A partir de 2000, aumenta o número de publicações de textos de crítica literária sobre escritores do Amazonas na atualidade, dentre eles: Amazônia: mito e literatura, A sensibilidade dos punhais, e Trilhas da literatura amazonense, de Marcos Frederico Krüger Aleixo, e Vida em trânsito: as ficções de Samuel Rawet e Milton Hatoum, de Stefania Chiarelli. Juntamente com a história e crítica da Literatura no Amazonas, constituem-se em edições de extrema relevância as antologias de poemas, contos e crônicas desde 1970 aos dias atuais, pelo acesso dado ao público aos textos de autores consagrados e outros novos que adentram o campo literário. Dentre eles, ressaltamos A poesia
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amazonense no século XX, organizada por Assis Brasil; Antologia do novo conto amazonense, organizado por Arthur Engrácio; Prosadores do Amazonas, organizado pela União Brasileira dos Escritores – UBE; Marupiara: Antologia de novos poetas do Amazonas, organizado por Aníbal Beça e André Gatti; Poetas amazonenses, organizado por Antísthenes Pinto; Conte um conto, organizado por Maria Luiza Damasceno; Poetas e prosadores contemporâneos do Amazonas, organizado por Arthur Engrácio; II antologia poética da associação dos escritores do Amazonas – ASSEAM, organizada por Gaitano Antonaccio; II antologia de contos e crônicas da ASSEAM, organizada por Gaitano Antonaccio; Poetas ocultos, organizado por Gisele Carvalho e Roberto Couto; A Quinta Estação: antologia do CLAM – Clube Literário do Amazonas, organizada por Tenório Telles e Nelson Castro; Poesia e poetas do Amazonas, organizada por Tenório Telles e Marcos Frederico Krüger Aleixo; Antologia do conto do Amazonas, organizada por Tenório Telles e Marcos Frederico Krüger Aleixo; O conto no Amazonas, organizada por Zemaria Pinto; e Arquitetura da memória: ensaios sobre os romances Dois irmãos, Relato de um certo Oriente e Cinzas do Norte de Milton Hatoum, organizado por Maria da Luz Pinheiro de Cristo. Também a história e a crítica literária se enriquecem com a publicação dos livros intitulados Análise literária das obras do Vestibular, entre os anos 90 à primeira década de 2000, tendo em vista a inserção de obras de autores amazonenses ou que produziram textos sobre a Amazônia nos concursos vestibulares à graduação realizados pela Universidade Federal do Amazonas, sendo alguns desses textos organizados por Tenório Telles, outros por Marcos Frederico Krüger Aleixo e Zemaria Pinto, além de outros por João Batista Gomes. Por último, a história e crítica literária no Amazonas têm sido escritas pelos membros da Academia Amazonense de Letras desde a sua fundação em 1º de janeiro de 1918, com posterior instalação, em 25 de junho de 1935, na Rua Ramos Ferreira, esquina com a Rua Tapajós, nº 1003, em Manaus, com a publicação, por meio de sua revista, de poemas, crônicas, contos, ensaios, além de artigos de crítica literária, discursos, palestras, memórias e historiografia. A síntese das publicações sobre a história e a crítica da Literatura no Amazonas acima descrita mostra a necessidade e a
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importância de se elaborar e publicar textos dessa natureza sobre a obra de autores da segunda metade do século XX, quando inicia o movimento do Clube da Madrugada, até a primeira década do século XXI, para divulgar a pesquisa ao público amante da literatura. A relevância da investigação proposta reside ainda na divulgação dos resultados obtidos em eventos científicos na área de Letras e Literatura e na organização de um fórum de debate sobre história e crítica literária. Os Organizadores
Apresentação
Os
artigos presentes neste livro resultaram de parte da pesquisa Literatura no Amazonas: 1954-2010, financiada pelo CNPq no período de 2013 a 2015, cuja finalidade, método de pesquisa e relação de autores pesquisados constam no prefácio deste livro. Os artigos e ensaios aqui reunidos contemplam as obras de Thiago de Mello, Ernesto Penafort, Paulo Jacob, Aldisio Filgueiras, Farias de Carvalho, Elson Farias, Arthur Engrácio, Carlos Gomes, Milton Hatoum e Simão Pessoa. No artigo de abertura do livro, Rita Barbosa de Oliveira discorre, de modo crítico e histórico, sobre a obra de Thiago de Mello, iniciada com os questionamentos a respeito do estar no mundo, e que, posteriormente assume a proposta de transformação da injustiça social e de pôr fim à repressão política que se espalhava na América Latina a partir da década de sessenta, com imagens configuradas pela esperança. Discorre, também, sobre a produção poética de Ernesto Penafort que se manifesta com a proposta de olhar a vida pela tonalidade do azul, simbologia da serenidade assumida perante os conflitos sociais que marcavam o Brasil e a Europa na década de setenta. Na obra de ambos, o grito contra o homo demens é contido em favor do saber baseado na necessidade do diálogo, da tolerância e do resgate da liberdade. No artigo de Francisca de Lourdes Louro é lançado um olhar sobre a obra Chuva branca de Paulo Jacob, que problematiza o espaço amazônico denominado por alguns, de “inferno verde ou hileia amazônica”. Com esse propósito, evidencia o uso da linguagem regional, a cultura, o conhecimento da fauna e da flora, a capacidade de sobrevivência do homem interiorano na floresta da Amazônia. No terceiro artigo, Maria Luiza Germano de Souza descreve a questão que envolve a construção imaginária do espaço delimitado na poesia de Aldisio Filgueiras nos livros Malária e outras canções malignas, de 1976, A república muda, de 1989, A dança dos fantasmas, de 2001, sobretudo, Manaus – as muitas cidades (1996) e Nova subúrbios de 2004. Com esse propósito, são demonstradas as muitas
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cidades na representação do eu lírico presente nos livros citados, bem como a linguagem como processo de criação artística. No quarto artigo, Carolina Alves Ferreira de Abreu discorre sobre a lírica social, nos poemas intitulados “Prólogo” e “A moda do poeta”, na obra Pássaro de cinza, de 1957, do poeta amazonense Farias de Carvalho. Tal proposta tem a finalidade de pensar o modo como a lírica social se fundamenta, como artifício oposto à reificação da vida moderna, na metade do século XX, através da criação do poema, da sensação do poeta diante de um mundo em ruínas e sua íntima relação entre o meio social em que está e cria. No quinto artigo, José Benedito dos Santos apresenta um breve estudo sobre a obra e a fortuna crítica de Elson Farias, com o objetivo de verificar como esse autor vem sendo lido no Amazonas e no Brasil. O articulista também discute acerca do isolamento e da invisibilidade do intelectual que publica fora dos grandes centros culturais e sobre a existência ou não de uma crítica literária no Amazonas. No sexto artigo, Kenedi Santos Azevedo analisa os contos de Arthur Engrácio e Carlos Gomes, com perspectivas diversas, tomando como pretexto o espaço rural e urbano onde ocorrem as ações em suas narrativas curtas. Se de um lado, Engrácio apresenta a condição do novo homem amazônico que se projeta no espaço dele fazendo parte e estabelecendo um novo momento para a história e cultura local, na outra ponta, Gomes vai além, na análise psicológica e do inconsciente, mostrando os desassossegos daqueles que habitam o espaço urbano: seus pesadelos, medos e horrores do caos que é a vida na cidade. No ensaio Amazônia: um outro exótico na obra de Milton Hatoum, Ana Amélia Guerra retoma a discussão a respeito da diversidade de ideias de alguns autores sobre a Amazônia, as quais compõem o imaginário da região mediante a grandiosidade da natureza em comparação com a da Europa. Em seguida, cita os primeiros contistas e romancistas que construíram ou reiteraram esse imaginário, nele inserindo elementos de realismo. E então discorre sobre os vestígios culturais que enriquecem a narrativa ficcional de Milton Hatoum, seu modo de descrever o espaço e assim remontar o passado, marcado pelos registros sensoriais, pelo cheiro da Amazônia. Por esses aspectos, Ana Amélia qualifica o narrador de Dois irmãos (2000) de “colecionador de minúcias”.
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O ensaio “Simão Pessoa – Escritor Pós-Madrugada” sobre a produção literária de Simão Pessoa, de José Almerindo Alencar da Rosa faz o levantamento da produção do citado poeta, em material, primeiramente mimeografado, fotocopiado e/ou em off set, e posteriormente, grande parte dele reproduzida no blog e facebook mantidos pelo próprio autor ou em sites de alguns críticos literários, como o de Zemaria Pinto e de Antônio Miranda. Almerindo Rosa situa a obra de Simão Pessoa na dos escritores pós-Clube da Madrugada e que não formam grupo, corrente ou geração, mas sim possuem individualidades no trabalho com a linguagem poética. Os Organizadores
Contra o homo demens: o canto comprometido e o poema azul Rita do Perpétuo Socorro Barbosa de Oliveira (UFAM)1
Resumo: A obra de Thiago de Mello, iniciada com os questionamentos a respeito do estar no mundo, assume a proposta de transformação da injustiça social e da repressão política que se espalhava na América Latina a partir da década de sessenta, com imagens configuradas pela esperança. A produção poética de Ernesto Penafort manifesta-se pela proposta de olhar a vida pela tonalidade do azul, simbologia da serenidade assumida perante os conflitos sociais que marcavam o Brasil e a Europa na década de setenta. Na obra de ambos o grito contra o homo demens é contido em favor do saber baseado na necessidade do diálogo, da tolerância e do resgate da liberdade. Nesta comunicação oral, pretende-se demonstrar os processos poéticos pelos quais os temas sociais são problematizados na poesia de Ernesto Penafort, em Azul geral e A medida do azul, e de Thiago de Mello, em Faz escuro, mas eu canto e Poesia comprometida com a minha e a tua vida, respaldando teoricamente a análise com o pensamento de Edgar Morin, em Amor, poesia, sabedoria, de Norberto Bobbio, em Elogio da serenidade, e de David Harvey, em Espaços de esperança. A discussão aqui engendrada constitui-se do resultado parcial da pesquisa financiada pelo CNPq intitulada “A Literatura no Amazonas: 1954 – 2010”. Palavras-chave: Poesia em Língua Portuguesa; Literatura no Amazonas; Ernesto Penafort; Thiago de Mello. Abstract: Thiago de Mello’s work has started with existential questions and it extends for transforming the purpose of social injustice and political repression in Latin America since 1960, with images of hope. At the same time, Ernesto Penafort makes up his point and sees life as it was in a blue color, a symbol of serenity, toward the social conflicts that had come up in Brazil and in Europe between 1960 and 1970. Both authors emphasize the scream against homo demens which has been in favor of a dialogue for tolerance and rescue of freedom. This paper demonstrates social issues 1 Doutora Em Letras – Estudos de Literatura Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – RIO); Professora Adjunta do Departamento de Língua e Literatura Portuguesa e Membro Efetivo do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Amazonas; líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Literaturas de Língua Portuguesa – GEPELIP. E-mail: ritapsocorro@gmail.com.