Cães-guia No Brasil: primeiros estudos

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CĂŁes-guia no Brasil: primeiros estudos



Márcia Santos de Souza Diana Cuglovici Abrão Luiz Alberto Ferreira Olivia von der Weid ORGANIZADORES

Cães-guia No Brasil: primeiros estudos


Copyright © Márcia Santos de Souza, Diana Cuglovici Abrão, Luiz Alberto Ferreira e Olivia von der Weid, (organizadores) 2019 Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida por meio impresso ou eletrônico, sem a autorização prévia por escrito da Editora/Autor.

Editor: João Baptista Pinto Capa e Editoração: Luiz Guimarães

Revisão: Rita Luppi

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

C13 Cães-guia no Brasil: primeiros estudos / organização Márcia Santos de Souza ... [et al.]. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2019. 242 p. : il. ; 15,5x23 cm. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7785-655-8 1. Treinador de Cães-guia. 2. Usuário de cães-guia - Brasil. 3. Cão-guia. I. Souza, Márcia Santos de. 19-55745 CDD: 636.70981 CDU: 636.7(81) Leandra Felix da Cruz - Bibliotecária - CRB-7/6135

Letra Capital Editora Telefone (21) 22153781 / 35532236 www. letracapital.com.br


Sumário Apresentação........................................................................................ 7 Introdução.......................................................................................... 11 Agradecimentos................................................................................. 15 Parte I - Artigos de autoria dos Primeiros Treinadores e Instrutores formados no Curso de Pós-Graduação, em nível de especialização, de Treinador e Instrutor de Cães-guia do Ifc - Campus Camboriú........................................ 19 Cães-guia: a percepção da família a respeito do processo de socialização do filhote..............................................................................21 Carlos Eduardo Rebello Análise comportamental de cães das raças Golden Retriever, Retriever do Labrador e Flat-Coated Retriever antes, durante e após treinamento para guia em projeto-piloto do governo federal do Brasil.............................47 Diana Cuglovici Abrão Treinamento de cães-guia: um estudo de caso...........................................62 Leonardo Goulart Nunes Displasia Coxofemoral como motivador da exclusão de cães do “Projeto Cães-guia”, do Instituto Federal Catarinense Campus Camboriú (SC): levantamento de dados.......................................76 Maria Aparecida Zaché A emergência de uma nova profissão no Brasil: treinador e instrutor de cães-guia............................................................... 84 Raimundo Gonçalves Ferreira Netto

Parte II - Artigos de Autoria da Equipe Técnica do Centro de Formação de Treinadores e Instrutores de Cães-guia do Ifc - Campus Camboriú..........................................101 A tecnologia assistiva cães-guia no Brasil: uma ação do programa “Viver sem Limite”................................................... 103 Magali Dias de Souza e Luiz Alberto Ferreira


“Projeto Cães-guia”: custos para implantação de um centro de formação de treinadores e instrutores de cães-guia...........................125 Lilian Campagnin Luiz, Marcia Santos de Souza, Fabricia Silva da Rosa, Altair Borgert e Elisete Dahmer Pfitscher Usuário de cão-guia: uma experiência coletiva........................................149 Luiz Alberto Ferreira, Dávila Carolina Inácio de Souza, Márcia Santos de Souza, Leonardo Goulart Nunes, Carlos Eduardo Rebello e Mercedes da Silva “Projeto Cães-guia” do IFC - Campus Camboriú: o perfil das famílias socializadoras.........................................................................157 Márcia Santos de Souza, Luiz Alberto Ferreira, Letícia Leal e Letícia Rocha Martins

Parte III - Artigos de autoria de Pesquisadores de outros cursos ou campi do Instituto Federal Catarinense e de Instituições Parceiras......................................................................165 O guia no cão: a socialidade estendida.....................................................167 Olivia von der Weid Um experimento de análise de trajetórias de cães-guia..........................191 Angelo Augusto Frozza, Daniel de Andrade Varela, Miguel Airton Frantz e Renan Ramon E. Hillesheim A experiência dos usuários e socializadores de cães-guia nos meios de hospedagem e estabelecimentos de alimentos e bebidas............................................................................... 207 Eduarda Cristina Manenti, Heloiza Santos Jeziur, Nicolle Daniele Manenti e Marina Tété Viera Um cão, 4patas, várias mudanças: relatos sobre a unidade usuário/cão-guia, a partir das perspectivas daqueles que seguram o arreio..................................................................215 Luana Tillmann Sobre os Organizadores..............................................................................233 Sobre os Autores......................................................................................... 235


Apresentação

A

coletânea “Cães-guia no Brasil: primeiros estudos” reúne artigos produzidos a partir da oferta do primeiro curso de treinador e instrutor de cães-guia em nosso país. Mesmo na literatura internacional são escassos os estudos sobre o assunto, e o esforço de sistematização aqui realizado visa contribuir para a busca de consolidação, no Brasil, de um campo de pesquisa em torno do tema cão-guia. Ao dar uma amostra da diversidade de abordagens, pretendese abrir o interesse para a interface com diferentes disciplinas e, assim, vislumbrar a maturação futura de linhas de investigação. A primeira parte do livro traz a contribuição dos cinco primeiros profissionais formados no Brasil e são versões revisadas dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) dos autores, como participantes do Curso de Pós-Graduação, em nível de Especialização, lato sensu, de Treinador e Instrutor de Cães-Guia, implementado no Instituto Federal Catarinense (IFC) - Campus Camboriú, iniciado em novembro de 2012. O artigo de Carlos Eduardo Rebello objetiva compreender a percepção das chamadas famílias socializadoras a respeito do processo de socialização, etapa fundamental na formação de um cão-guia. Já Diana Cuglovici Abrão avalia o perfil comportamental dos primeiros filhotes adquiridos pelo governo federal no projeto-piloto em Camboriú, bem como suas principais causas de afastamento do programa, correlacionando à raça e/ou sexo. Leonardo Goulart Nunes apresenta a descrição do processo de formação de um cão-guia, tendo como foco a mensuração do esforço físico do profissional e do cão, ocorrido durante a etapa do treinamento. O estudo de Maria Aparecida Zaché registra o quantitativo de cães que foram excluídos do 7


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plantel inicial, destinado à formação da primeira turma do referido curso, no período de novembro de 2012 a setembro de 2015, considerando como fator motivador a displasia coxofemoral. Essa parte é concluída com a contribuição de Raimundo Gonçalves Ferreira Netto através de descrições e análises acerca da consolidação de uma nova profissão no Brasil: a de treinador e instrutor de cães-guia. A segunda parte traz o resultado de estudos elaborados pela equipe técnica do Centro de Formação de Treinadores e Instrutores de Cães-guia do IFC - Campus Camboriú. Inicia com o artigo de Magali Dias de Souza e Luiz Alberto Ferreira que apresenta e discute a política pública brasileira voltada à implantação da Tecnologia Assistiva Cão-guia. Lilian Campagnin Luiz e equipe identificam a relação demanda/custos associados à implantação de um Centro para Formação de Treinadores e Instrutores de Cães-guia. Em seguida, Márcia Santos de Souza e integrantes do Projeto de Extensão “Usuário de Cães-guia: uma experiência coletiva” apresentam o resultado de entrevistas realizadas para a coleta de dados sobre o perfil dos usuários de cães-guia. Essa parte é encerrada pelo estudo coordenado por Márcia Santos de Souza sobre o perfil das famílias socializadoras envolvidas no “Projeto Cães-guia”, na primeira edição do Curso de Treinadores e Instrutores. A terceira parte registra a produção integrada com outros cursos, campus e instituições parceiras com interface na temática do cão-guia. Olivia von der Weid desenvolve um olhar antropológico para o processo de formação de um cãoguia, e aborda as relações entre humanos e animais atuantes na produção dessa realidade social, enfatizando especialmente a etapa da socialização. Da área de novas tecnologias, Angelo Augusto Frozza e equipe de pesquisadores trazem contribuiçôes para o desenvolvimento de infraestrutura necessária para o tratamento e análise de trajetórias percorridas e locais visitados

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por cães-guia. Na sequência, o estudo de Marina Tété Vieira e equipe relatam a experiência dos usuários e socializadores de cães-guia, a partir das dificuldades encontradas pelos mesmos nos meios de hospedagem e estabelecimentos de alimentos e bebidas frequentados. Finalmente, Luana Tillmann apresenta depoimentos escritos por usuários que receberam seus cães-guia através do Centro de Formação de Treinadores e Instrutores de Cães-guia do IFC - Campus Camboriú, entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2017. Márcia Santos de Souza Diana Cuglovici Abrão Luiz Alberto Ferreira Olivia von der Weid Organizadores

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Introdução

A

credito que algumas histórias são sempre mais interessantes sob o olhar de quem as viveu, mesmo assim, os organizadores deste livro consideraram que seria pertinente abrir um espaço para contar sobre as origens do “Projeto Cães-guia”, que tem um caminho longo e de muita(s) parceria(s). O “Projeto Cães-guia”, como ficou conhecido, teve seus primeiros passos ainda no ano de 2008, no então Colégio Agrícola de Camboriú (CAC), pertencente à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Eu, que na época era coordenadora do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), conheci um professor de yoga cego, o Figue. O que me chamou a atenção foi o fato de aquele profissional, que surfava e escalava montanhas, não usar uma bengala ou um cão-guia, ou seja, não ter autonomia, usando o ombro de outras pessoas para se locomover. Dessa observação até a conversa com seu pai, o João, num evento, foi uma consequência. Sem maiores detalhes, como resultado ou como linhas cruzadas no tempo, esse pai, inicialmente pensando em um cão-guia para o filho, assumiu e transferiu a Escola de Cãesguia Helen Keller (ECGHK), que estava inativa em Florianópolis (SC), para Balneário Camboriú (SC). Como militante da área de direitos das pessoas com deficiência, a ideia de fazer um projeto envolvendo cães-guia e a ECGHK foi muito desafiante e o processo de escrita do primeiro e humilde projeto foi muito rápido. O CAC, inserido numa escola-fazenda, tinha muito espaço e a HK não tinha sede; assim, a ideia inicial foi a de juntar forças. Passaram-se os meses e nada do “Projeto Cães-guia” ter um retorno positivo da UFSC. Nesse meio tempo, como coordenadora do NAPNE, comecei a falar do “Projeto Cães-guia” em vários eventos. Fomos pegos meio de surpresa com a saída do CAC da UFSC, em final de 2008. Era o início dos Institutos Federais (IF). Passamos a ser o Instituto Federal Catarinense - Campus Cambo11


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