Paulo Boiteux
Hist贸ria das Ferrovias Brasileiras
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Editor João Baptista Pinto
Capa Desenho do autor
Projeto gráfico e diagramação Luiz Guimarães Revisão Rita Luppi
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
B668h Boiteux, Paulo, 1943História das ferrovias brasileiras / Paulo Boiteux. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2014. 98 p. ; 15,5x23 cm. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7785-250-5 1. Brasil - História. 2. Transportes - Brasil 3. Ferrovias - Brasil - História. . I. Título. 14-09527 CDD: 385.0981 CDU: 656.2(81) 11/02/2014
14/02/2014
Letra Capital Editora Telefax: (21) 3553-2236/2215-3781 letracapital@letracapital.com.br
para Helena (in memoriam)
Sumário Prefácio................................................................................................... 9 Tabelas.................................................................................................. 10 Visão Geral ........................................................................................... 11 Os Primeiros Trilhos ............................................................................ 13 O Pioneirismo Fluminense ................................................................... 19 A Encruzilhada Ferroviária Mineira..................................................... 34 A Vocação Ferroviária Paulista ............................................................ 46 Rumo ao Sul ......................................................................................... 61 O Recôncavo Ferroviário Baiano ......................................................... 71 A Malha Nordestina ............................................................................. 76 Rumo ao Oeste .................................................................................... 84 A Amazônia Ferroviária ....................................................................... 87 Indagações ao Futuro............................................................................ 92 Bibliografia .......................................................................................... 96
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Prefácio
A despeito do título, esta obra tem caráter tanto geográfico quanto
histórico, em parte por ser o autor geógrafo, mas principalmente por serem estes dois aspectos quase inseparáveis quando o tema é transporte ferroviário. Não é propósito básico deste estudo a evolução tecnológica da ferrovia no Brasil, embora sempre que necessário se faça, de passagem, menção ao assunto. Nosso objetivo principal é analisar como se deu o alastramento das ferrovias brasileiras no tempo e no espaço. Tampouco se pretenderá aqui defender esta ou aquela posição político-partidária com relação aos problemas a serem abordados; não por comodidade ou receio, mas sim para garantir informações e dados isentos e, portanto, utilizáveis por quaisquer daquelas posições. No entanto, não se hesitará em intervir em polêmicas sempre que estas surgirem; e em sendo o assunto transporte ferroviário, polêmicas nunca haverão de faltar. A abrangência desta obra propiciará certamente muitas incorreções e omissões, sobretudo no concernente a quilometragens ou datas. Assim sendo, solicita-se que todos os senões existentes sejam assinalados e comunicados para lhes serem feitas as devidas correções numa possível reedição, caso a obra o venha a merecer. Tornando-se deste modo coletiva, ela estará mais próxima dos objetivos a que se propõe.
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Tabelas
As tabelas que sucedem cada capítulo relacionam as principais es-
tações e localidades ao longo de cada ferrovia. Como o critério de seleção foi subjetivo, há o risco da não citação de localidades que pela relevância o fariam por merecer. A terceira coluna (datas) registra a data da inauguração da estação ou a data em que o trem atingiu a localidade pela primeira vez. Nem sempre elas coincidem; quando ambas foram apuradas, optou-se por registrar a mais antiga. As inevitáveis lacunas indicam dados inexistentes ou não apurados por incapacidade do autor. A quarta coluna indica o nome antigo (entre parênteses e em itálico) da estação ou localidade, os ramais ou ligações dela oriundos com a quilometragem correspondente, além de outras observações, tais como altitude, extensão, datas etc.
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Visão Geral
Houve de fato uma “Era Ferroviária” no Brasil. Terá durado cer-
ca de um século, da segunda metade do século XIX à primeira metade do século XX, compreendendo as fases de surgimento e expansão, seguidas da decadência no restante do século XX. Se isto possa também ter ocorrido em algum outro país, certamente não o foi em todos; nos países industrializados a ferrovia atua lado a lado com os outros meios de transporte, cada qual na sua área de maior eficácia, tudo definido pela concorrência. Já no Brasil, as fases da evolução histórica do transporte ferroviário podem ser percebidas na tabela a seguir, que mostra a variação da quilometragem construída através dos anos. Ano
Quilometragem
1860
223
1870
745
1880
3.398
1890
9.973
1900
15.316
1910
21.326
1920
28.535
1930
32.478
1940
34.252
1950
36.681
1960
38.287
1970
32.102
1980
29.659
1990
29.833
1998
28.168
2003
29.706
De pronto observamos que a decadência do transporte ferroviário no Brasil coincide com a nossa fase de maior ritmo de industrialização, ou seja, dos anos 50 aos anos 70 do século XX. Além de destoar do processo acelerado do crescimento industrial do período citado, no Brasil a ferrovia 11
Paulo Boiteux
ainda contradiz a proverbial virtude a ela atribuída como indutora do desenvolvimento econômico por onde quer que passe, mesmo sem ter o que transportar. Acontece que, durante a sua expansão, o transporte ferroviário brasileiro serviu principalmente como via de escoamento de matérias-primas para exportação, atividade então básica da nossa economia. Quando a industrialização suplantou em importância a exportação de produtos primários, muitas ferrovias foram aos poucos perdendo a função ou se tornando obsoletas. Decididamente, os caminhos que serviram à indústria nem sempre eram os mesmos por elas servidos. Além disso, um dos setores mais dinâmicos da industrialização foi o automobilístico, concorrente direto da estrada de ferro. E, mais ainda, a fabricação de automóveis foi artificialmente incentivada pela política oficial em detrimento do transporte ferroviário. Enquanto este era sucateado, nunca faltavam verbas para abrir ou asfaltar rodovias, nem isenções ou incentivos tarifários para instalar novas fábricas de veículos automotores. Figuradamente pode-se afirmar que o pontificado das estradas de ferro no Brasil foi deposto pela revolução rodoviária deflagrada pela instalação das fábricas de automóveis a partir da década de 1950. Nisto, porém, nada há a lamentar ou a exultar. É certo que na dita Era Ferroviária abriram-se no Brasil ferrovias a torto e a direito, sem maiores estudos quanto à compensação entre custo e benefício. Este voluntarismo inconsequente, fiado na crença de que os trilhos por si só levariam progresso aonde quer fossem instalados, trouxe a ruína a muitas ferrovias ainda mesmo no apogeu de sua fase de expansão. Só que esta opção cega pela estrada de ferro cedeu lugar hoje à insensatez oposta do transporte de safras agrícolas em caminhões, atravancando e sobrecarregando nossas rodovias – e tendo ainda como agravante um descomunal consumo de combustível. Como se vê, uma distorção tomou o lugar da outra. Onde antes tínhamos a euforia ferroviária, temos hoje a hipertrofia rodoviária, ambas decorrentes do imediatismo que norteia a política de transportes no Brasil. Em todo caso, há de se reconhecer que o Brasil viveu uma verdadeira civilização ferroviária, com profundas implicações políticas, sociais, econômicas e culturais sobre o país. Em inúmeras localidades brasileiras, por exemplo, a passagem dos trens, quando pontuais, durante muito tempo regulou a atividade cotidiana das populações por eles servidas. Impõe-se, por conseguinte, uma abordagem em detalhe desta saga ferroviária brasileira, visto ter ela ocupado uma fase considerável de nossa história econômica. 12