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Leila Vilela Alegrio

Os Clemente Pinto Importantes Cafeicultores do Sert達o do Leste Fluminense


Copyright © Leila Vilela Alegrio, 2015. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9. 610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem a autorização prévia por escrito da Editora/Autor, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados.

Editor: João Baptista Pinto

Projeto gráfico: Rian Narcizo Mariano

Revisão: Rita Luppi

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ C563 Os Clemente Pinto : importantes cafeicultores do sertão do leste fluminense (Cantagalo) / [Leila Vilela Alegrio]. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2015. 288 p. : il. ; 24 cm. Inclui bibliografia e índice ISBN 9788577853625 1. Cafeicultores - Rio de Janeiro. 2. Café - Rio de Janeiro - História. 3. Café - Cultivo - Rio de Janeiro. 4. Fazendas de café - Rio de Janeiro. 5. Rio de Janeiro - História. I. Alegrio, Leila Vilela, 1951-.

15-21629 CDD: 981.532 CDU: 94(815.32)

Letra Capital Editora Tels: 21. 3553-2236 | 2215-3781 www.letracapital.com.br


Agradecimentos Aos funcionários de todas as instituições públicas que pacientemente me atenderam e ajudaram no meu trabalho de pesquisa: Arquivo Nacional, Museu da Justiça, Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, Arquivo do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Fundação Casa de Rui Barbosa e Biblioteca Nacional. Ao ilustríssimo doutor Rafael de Bivar Marquese, professor da Universidade de São Paulo, que me forneceu algumas fontes e sugestões importantes para o enriquecimento do livro. Ao meu tão caro e fiel amigo Adriano Novaes, companheiro de tantos anos neste trabalho árduo de historiador. À sensível artista plástica e escritora Maria Luiza Leão, proprietária de uma das mais belas fazendas de café do Vale do Paraíba, pelas relevantes sugestões. Ao recém-chegado amigo Marcello Monnerat, proprietário da Fazenda São Clemente, pela troca de conhecimentos e empréstimo de reproduções fotográficas. E a todos aqueles presente e ausentes que são e foram o sustentáculo de minha existência.



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Prefácio

á mais de 16 anos iniciei com devotada paixão a pesquisa histórica das antigas fazendas de café do Vale do Paraíba Fluminense. O trabalho, ao longo desses anos, trouxeram-me agradáveis e interessantes revelações. Muito se fala do “rei do café”, Joaquim José de Souza Breves. Ao entrar em contato com uma variada documentação primária e artigos publicados em jornais da Corte daquela época, foi possível entender por que o senhor Breves se tornou um personagem da nossa história, na região do Médio Vale do Paraíba, e por que não dizer, da Corte do Rio de Janeiro. Sua popularidade deve-se em parte ao seu caráter peculiar, às atitudes controvertidas e até mesmo ao tom superior diante das leis estabelecidas e vigentes naquele período, o que aterrorizava muitos de seus vizinhos. Nada e ninguém parecia poder detê-lo. Entretanto, finalmente, nos últimos quatro anos comecei a me interessar por um próspero fazendeiro, o qual é lembrado por muitos, por ter construído o Palácio do Catete (hoje Museu da República); por outros, pela iniciativa de construir a Estrada de Ferro de Cantagalo, e por alguns poucos, por ter sido um dos mais importantes fazendeiros, talvez o mais célebre dos latifundiários em terras fluminenses. Ele é Antonio Clemente Pinto, o barão de Nova Friburgo. Mas quem foi esse homem, qual é sua origem e quais foram seus feitos? A maioria dos fazendeiros de café do século XIX eram homens que chegaram ao Brasil, vindos principalmente do Norte de Portugal, e que aqui iniciaram suas vidas associando-se a algum familiar para trabalhar no comércio da Corte do Rio de Janeiro. Depois de estabelecidos, e por vezes enriquecidos, voltavam-se para a aquisição de terras para tornarem-se fazendeiros, pois a de comerciante era uma profissão que não dava status. Assim, não bastava para muitos ter posses; as posses tinham que lhes garantir posição social, adquirida como fazendeiros, ou seja, donos de terras, e, por consequência, “donos” de inúmeros escravos. Deviam ter filhos ilustrados, ser beneméritos de Santas Casas e outras instituições filantrópicas, ser influentes no


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meio político — seus tentáculos tinham que se estender a todos os segmentos da sociedade. Busquei então rastrear a chegada das primeiras famílias, e aqui neste trabalho detive-me apenas às três gerações dos Clemente Pinto que, em terras cantagalenses, fincaram suas raízes, abrindo espaço para futuros estudos sobre este interessante clã cujo fundador chegou ao Brasil ainda muito jovem, fez riqueza e deu aos seus filhos e netos não apenas opulência, mas o status que tanto buscavam.


Apresentação

É

um grande prazer apresentar ao público interessando em história do café no Vale do Paraíba imperial o livro de Leila Vilela Alegrio, obra esta que tive a oportunidade de acompanhar desde o nascedouro. O livro traz a lume a história de uma das mais importantes famílias de cafeicultores oitocentistas da velha província Fluminense, os Clemente Pinto, representados na figura principal de Antonio Clemente Pinto, primeiro barão de Nova Friburgo. Nos últimos anos diversos historiadores têm revisitado a história dos Clemente Pinto, mas poucos mergulharam tão a fundo nos mistérios que até pouco tempo ainda envolviam a saga desta importante família de cafeicultores do Vale do Paraíba Oriental. Através de uma pesquisa minuciosa, confrontando diversas fontes, sendo a sua maioria primária e inédita, Leila tentou refazer a trajetória do português Antonio Clemente Pinto, desde sua origem em Portugal, passando pela Praça do Comércio do Rio de Janeiro até alcançar as terras dos então “Sertões do Macacu”, que atualmente englobam diversos municípios da região serrana do Estado do Rio de Janeiro. A partir do município de Cantagalo, mais precisamente de sua principal fazenda, a Areias, Antonio Clemente Pinto, junto com seu sócio, Jacob van Erven, deu início a sua epopeia como um dos maiores cafeicultores escravocratas já vistos na história do Brasil. Os números não mentem: o barão de Nova Friburgo, ao falecer em 1869, deixou uma fortuna calculada em 6:909:371$570 contos de réis! Comparativamente às demais fortunas do Vale do Paraíba Ocidental, temos como exemplo a do barão de Piraí que deixou 4:703:947$044 contos de réis, em 1859, e a sua filha, a baronesa de Vargem Alegre, 2:884:986$444 contos de réis, em 1869. O comendador Joaquim José de Souza Breves, tido como o “Rei do Café”, falecido em 1889, portanto, após a Abolição da Escravatura, teve seus bens avaliados em 1:813:344$910 contos de réis. Mas mesmo que ele triplicasse este valor, não conseguiria atingir o monte-mor das avaliações dos bens do barão de Nova Friburgo. Ainda a propósito de comparação entre estes grandes latifundiários, fica patente que o barão de Nova Friburgo era proprietário de uma enorme quantidade de terras, ou seja, 9.840 alqueires mineiros, somando-se todas as suas propriedades rurais, enquanto Joaquim José de Souza Breves, “apenas” de 1.473


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alqueires de terras. Não há dúvida de que o barão de Nova Friburgo acumulou uma das maiores fortunas de sua época. No entanto, a importância dos Clemente Pinto para a história do café no Brasil não se limita apenas ao capital amealhado, concentrado na sua maior parte em centenas de escravos e milhares de pés de café, mas também pelo empreendedorismo tanto do pai barão como dos filhos Antonio Clemente Pinto, conde de São Clemente, e Bernardo Clemente Pinto Sobrinho, conde de Nova Friburgo, que deram continuidade ao projeto do pai tornando-se também empresários proeminentes. Comercializavam o seu próprio café, de amigos e parentes através da importante casa comissária “Friburgo & Filhos”, evitando assim a figura do intermediador na venda do café – o comissário de café. Outra importante iniciativa dos Clemente Pinto foi em 1849, o emprego de colonos portugueses, com o objetivo de equilibrar o trabalho em suas fazendas em franco desenvolvimento. Já prevendo a escassez de mão de obra escrava e a possível substituição das mesmas. Em 7 de novembro de 1831, foi editada a Lei Feijó, primeira tentativa de acabar com o tráfico de africanos escravizados para o Brasil. No entanto, talvez a maior e mais importante iniciativa dos Clemente Pinto, tenha sido sem dúvida alguma a construção da Estrada de Ferro de Cantagalo. Esta construção, iniciada em 1859, objetivava ligar as localidades de Porto das Caixas, na baía de Guanabara, a Laranjeiras, no município de Cantagalo, passando antes por Cachoeiras de Macacu e Nova Friburgo. Em virtude da sua enorme extensão e muitos trechos de serra íngreme, a obra foi considerada na época audaciosa e muito cara. Dividida em três seções, sendo a primeira terminada pelo primeiro barão de Nova Friburgo, a segunda seção ficou a cargo do filho, Bernardo Clemente Pinto Sobrinho, que por este motivo foi agraciado pelo imperador com o título de segundo barão de Nova Friburgo. A terceira foi terminada pelo governo da província, visto que em 1877 rescindiu o contrato o barão de Nova Friburgo, principal acionista da Sociedade Anônima Estrada de Ferro de Cantagalo. No ano de 1899, o governo vendeu a importante ferrovia à Companhia Leopoldina. A Estrada de Ferro de Cantagalo abriu caminho para desenvolvimento e integração regional, acelerando o processo de ocupação do Sertão de Macacu. Retardou o processo de decadência das fazendas da região, incluindo as dos Clemente Pinto, bem como facilitou o processo de mecanização da lavoura. Entretanto, os Clemente Pinto não conseguiram escapar da ruína da grande lavoura cafeeira no Vale do Paraíba. Numa tentativa de salvar a fortuna acumulada, o conde de São Clemente tentou migrar parte de seu capital para o promissor “Oeste Paulista”, mais especificamente no município de São Simão, região de Ribeirão Preto. Em 1890, investiu na aquisição das fazendas cafeeiras de Santa Olympia, Boa Vista, Três Barras, Canaã, Santa Carolina, Bella Vista e


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uma série de sítios anexos a essas fazendas. Cinco anos depois construiu em suas terras a Estrada de Ferro São Clemente, ligando-as à Estrada de Ferro Mogiana. A saga dos Clemente Pinto nos Sertões de Macacu foi de uma história marcada pela ambiguidade através da manutenção da exploração do trabalho escravo, o que os prendia às tradições do passado, e o moderno, marcado por diversas iniciativas tecnológicas implantadas em suas fazendas cafeeiras, que os projetava para o futuro. Através dos negócios e investimentos dos Clemente Pinto e a maneira conforme os conduziram ao longo de todo o século XIX, Leila nos leva a uma reflexão sobre como a classe senhorial estava intrinsecamente ligada à formação do Estado nacional oitocentista, na manutenção do monopólio da terra e na conservação do trabalho escravo baseado na monocultura de exportação. O livro da professora Leila Vilela Alegrio, sem dúvida nenhuma, constitui uma obra de grande contribuição para a Historiografia. Adriano Novaes Chefe do Escritório Técnico Regional do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, Médio Paraíba.



Sumário

Capítulo I 1. Origem dos primeiros Sesmeiros............................................................. 21 1.1 João Clemente Pinto......................................................................... 21 1.2 Manuel Clemente Pinto.................................................................... 22 1.3 Antonio Clemente Pinto................................................................... 22 1.4 Francisco Clemente Pinto................................................................. 23

Capítulo II 2 Primeiro Barão de Nova Friburgo........................................................... 29 2.1 O comercio de escravos.................................................................... 37 2.2 O Trabalho Servil nas Fazendas........................................................ 41 2.3 O Trabalho livre............................................................................... 47 2.4 O Reverso da Imigração Portuguesa................................................. 56 2.5 Construção da Estrada de Ferro Cantagalo...................................... 65 2.6 As outras propriedades do Barão de Nova Friburgo na Corte........... 71 2.7 As outras propriedades do Barão de Nova Friburgo em Nova Friburgo............................................................................ 73 2.8 A impressionante fortuna do Barão de Nova Friburgo...................... 74 2.9 Honras Honoríficas e Títulos Nobiliárquicos................................... 77

Capítulo III 3 Conde de São Clemente.......................................................................... 81 3.1 Descrição das Fazendas Herdadas pelo Conde de São Clemente....... 82 3.2 Fazendas em São Simão, São Paulo.................................................. 96 3.3 Honras Honoríficas e Títulos Nobiliárquicos................................... 98 3.4 O inventário post-mortem do conde de São Clemente....................... 100

Capítulo IV 4. Conde de Nova Friburgo........................................................................ 105 4.1 A continuidade da construção da Estrada de Ferro Cantagalo.......... 107 4.2 Destino das fazendas herdadas pelo conde de Nova Friburgo........... 112 4.3 O conde de Nova Friburgo e a Imigração......................................... 128 4.4 O Império começa a ruir.................................................................. 129 4.5 Honras Honoríficas e Títulos Nobiliárquicos................................... 134


Capítulo V 5. Francisco Clemente Pinto....................................................................... 137 5.1 Honras Honoríficas.......................................................................... 138 5.2 As propriedades Rurais..................................................................... 138 5.3 Francisco Clemente Pinto Segundo.................................................. 139 5.4 Destino das fazendas herdadas por Francisco Clemente Pinto Segundo e suas outras propriedades.................................................. 143

Capítulo VI

6. A Família em outros meios da Sociedade................................................ 149

Capítulo VII 7. O dia seguinte......................................................................................... 161

Capitulo VIII 8. Do fausto à pobreza................................................................................ 171 Capítulo IX 9. As Dificuldades da Cafeicultura................................................................ 175

Capítulo X 10. Fazendas de Café, um importante negócio comercial?............................. 183

Capítulo XI 11. A Vida Social da Família Clemente Pinto............................................... 191 11.1 Na Corte......................................................................................... 191 11.2 Em Nova Friburgo.......................................................................... 194 11.3 Em Cantagalo................................................................................. 196

Capítulo XII 12. Pequeno Álbum de Família..................................................................... 201

Considerações finais............................................................... 219 Anexos....................................................................................... 211 Bibliografia.............................................................................. 261 Glossário.................................................................................. 281 Créditos das Ilustrações........................................................... 283


Índice de Tabelas Tabela 1. Valor das Passagens das viagens de trem......................................... 68 Tabela 2: Horário das partidas e chegadas dos trens...................................... 68 Tabela 3. Receita e Despesas do Império para o Biênio 1871-1872, e Percentual da Fortuna do Barão de Nova Friburgo (valores em réis)........... 75 Tabela 4. Patrimônio de Alguns Fazendeiros do Médio Vale do Paraíba....... 76 Tabela 5. Produção estimada das colheitas das fazendas São Clemente, Matta Porcos e Bella Vista, obtida e extraída dos livros do fazendeiro.......... 142 Tabela 6. Dados sobre a plantação de café nas fazendas São Clemente, Matta Porcos e Bella Vista............................................................................. 143 Tabela 7. Produção estimada das colheitas nas diversas fazendas dos viscondes de São Clemente e de Nova Friburgo, extraída dos livros de contabilidade das fazendas........................................................................ 185 Tabela 8. Terras, cafezais, escravos e valor das fazendas do futuro conde de N. Friburgo, em 1873 e 1883.......................................................... 185 Tabela 9. Terras, cafezais, escravos e valor das fazendas do futuro conde de São Clemente em 1873, 1883 e 1898, em mil réis........................... 186 Tabela 10. Comparação da avaliação das fazendas sem os valores dos escravos para os anos 1873, 1883 e 1898, retirados da Tabela 9............... 187 Tabela 11. Classificação dos cafés produzidos nas fazendas dos viscondes de São Clemente e de Nova Friburgo, em arrobas.................... 188 Tabela 12. Percentual dos diversos tipos de cafés produzidos nas fazendas dos viscondes de São Clemente e de Nova Friburgo.................. 188 Tabela 13. Percentual dos tipos de cafés superior, 1ª boa e escolha produzidos nas fazendas dos viscondes de São Clemente e de Nova Friburgo............................................................ 189 Tabela 14: Despesas com pagamento de trabalhadores.................................. 189


Índice de Quadros Quadro 1. Movimento Comercial das Fazendas do Barão de Nova Friburgo em 1861............................................................. 53 Quadro 2. Saldo a favor das fazendas do barão de Nova Friburgo em 1861... 55 Quadro 3: Resumo da Partilha dos Imóveis Rurais do Barão de Nova Friburgo........................................................................... 70 Quadro 4: Resumo da Partilha dos Bens Imóveis na Corte do Barão de Nova Friburgo........................................................................... 72 Quadro 5. Resumo da Partilha dos Imóveis em Nova Friburgo, do Barão de Nova Friburgo........................................................................... 73 Quadro 6. Resumo dos bens em Cantagalo.................................................. 101 Quadro 7. Resumo dos bens em Nova Friburgo............................................ 102 Quadro 8. Resumo dos bens na cidade do Rio de Janeiro............................. 102 Quadro 9. Bens herdados pelos herdeiros do conde de São Clemente............ 103

Índice de Anexos Anexo 1. Registro Paroquial de Terras. Declaração apresentada pelo barão de Nova Friburgo, Antonio Clemente Pinto.................................................. 211 Anexo 2. Jornal do Commercio, 5 de Outubro l de 1829. Edital. p.1.............. 216 Anexo 3. Instruções Gerais Para a Administração das Fazendas.................... 217 Anexo 4. Instrução para Engajamento de Colonos em Portugal.......................228 Anexo 5. Ofício do cônsul-geral interino de Portugal no Rio de Janeiro, sobre o interrogatório feito a dois emigrantes portugueses, em 1862.................... 232 Anexo 6. Conta apresentada ao colono José Ribeiro Fernandes, entre 1859-1862.................................................................................................234 Anexo 7. O Globo, 12, 16 e 20 de março de 1877.......................................... 235 Anexo 8. Necrologia de Brazileiros Illustres- Conde de São Clemente. Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro. 1899......... 255


Anexo 9. Correio de Cantagallo, 9 de agosto de 1914. Conde de Nova Friburgo....................................................................................... 256 Anexo 10. Registro Paroquial de Terras. Declaração apresenta por Francisco Clemente Pinto..................................................................................... 258

Índice de Ilustrações Imagem 1. Assento de batismo de Antonio Clemente Pinto......................................29 Imagem 2. Reprodução fotográfica da aquarela sobre papel do largo de Santa Rita, Rio de Janeiro, 1844. Eduard Hildebrandt..........................33 Imagem 3. Rua Municipal Augusto Malta - 1911.....................................................33 Imagem 4. Postal da rua Mayrink Veiga, antiga rua Municipal. Augusto Malta.......34 Imagem 5. Rua Direita. Joahann Moritz Rugendas..................................................35 Imagem 6. Rua da Candelária..................................................................................36 Imagem 7. Carta de crédito de venda de escravos em favor de Antonio Clemente Pinto.......................................................................................40 Imagem 8. Detalhe das ruas do Centro do Rio de Janeiro em 1864.........................73 Imagem 9. Comenda da Ordem de Cristo................................................................78 Imagem 10. Comenda da Ordem da Rosa................................................................78 Imagem 11. Vista geral da Fazenda Areias 1922........................................................87 Imagem 12. Sede da Fazenda Areias 2009................................................................87 Imagem 13. Vista geral da Fazenda Itaóca................................................................89 Imagem 14. Vista geral do Chalet - foto em papel albuminado, p&b; 21x27,5cm. Henschel&Benque, 1875..........................................................................................91 Imagem 15. Foto da sala de entrada do Chalet 2010.................................................92 Imagem 16. Foto do pátio interno do Chalet............................................................92 Imagem 17. Vista geral da Fazenda do Cônego, foto papel albuminado, p&b; 21 x 27,5 cm, 875. Henschel & Benque...........................................................93 Imagem 18. Palácio Nova Friburgo, atual Museu da República. 1897. Cartão postal de Marc Ferrez....................................................................................96


Imagem 19. Palacete da rua Marquês de Abrantes, atual Colégio Metodista Bennett 2013.....................................................................103 Imagem 20. Desenho de Angelo Agostini, retratando o Dr. Bernardo Clemente Pinto Sobrinho.................................................................106 Imagem 21. Desenho de Angelo Agostini, retratando o banquete de inauguração da segunda seção da Estrada de Ferro de Cantagalo – 1873......................................108 Imagem 22. Desenho de Angelo Agostini, retratando os trens descendo a serra 1874..................................................................109 Imagem 23. Estação de Nova Friburgo, foto em papel albuminado, p&b; 21x27,5cm. Henschel&Benque, 1875..............................................................109 Imagem 24. Estação de Cantagalo............................................................................111 Imagem 25. Estação de Euclidelandia.......................................................................111 Imagem 26. Traçado da Estrada de Ferro de Cantagalo............................................111 Imagem 27. Nova Friburgo 1875..............................................................................111 Imagem 28. Casa do barão de Nova Friburgo, em Nova Friburgo............................111 Imagem 29. Vista geral do Engenho Central Rio Negro...........................................115 Imagem 30. Sesmarias Laranjeiras e Água Quente....................................................117 Imagem 31. Sede da Fazenda Água Quente 2011......................................................117 Imagem 32. Vista geral da Fazenda Aldeia 1922.......................................................121 Imagem 33. Sede da Fazenda Gavião 2009...............................................................124 Imagem 34. Sesmaria Gavião, Aldeia, Cafés e São Martinho...................................125 Imagem 35. Vista geral da Fazenda Cafés 1922........................................................126 Imagem 36. Sesmaria de São Martinho....................................................................127 Imagem 37. Casa do Barracão...................................................................................133 Imagem 38. Reprodução fotográfica da tela da Fazenda São Clemente. Albert Henry Walder. 1885.......................................................................................146 Imagem 39. Vista geral da Fazenda São Clemente - 1922.........................................146 Imagem 40. Sede da Fazenda São Clemente.............................................................147 Imagem 41. Reprodução fotográfica da tela da Fazenda Ibipeba. Albert Henry Walder. 1885.......................................................................................147 Imagem 42. Regiões atacadas pela praga do café, a partir de 1878...........................180 Imagem 43. Almoço da princesa Isabel e conde d’Eu, presentes os barões de Nova Friburgo e São Clemente. Estereograma. Papel albuminado, p&b 7,5X16,1.............199


Imagem 44. Primeiro barão de Nova Friburgo, Antonio Clemente Pinto.................201 Imagem 45. Primeira baronesa de Nova Friburgo, Laura Clementina Pinto.............202 Imagem 46. Reprodução fotográfica da foto do primeiro barão de São Clemente, Antonio Clemente Pinto...........................................................................................202 Imagem 47. Reproduçaõ fotográfica da foto da primeira baronesa de São Clemente, Maria José Rodrigues Fernandes Chaves...................................................................203 Imagem 48. Primeira baronesa de São Clemente......................................................203 Imagem 49. Antonio Clemente Pinto (criança), futuro segundo barão de São Clemente.......................................................................................................203 Imagem 50. Segundo barão de São Clemente, Antonio Clemente Pinto...................203 Imagem 51. Segunda baronesa de São Clemente, Georgina Pereira Darrigue de Faro ..........................................................................204 Imagem 52. Segunda baronesa de São Clemente, Georgina Pereira Darrigue de Faro ..........................................................................204 Imagem 53. Alice Clemente Pinto e Rodolpho Epiphanio de Souza Dantas.............204 Imagem 54. Alice Clemente Pinto (jovem)...............................................................204 Imagem 55. Alceu Guimarães de Azevedo, 1906......................................................205 Imagem 56. Clotilde de São Clemente, 1906............................................................205 Imagem 57. Conde de Nova Friburgo, Bernardo Clemente Pinto Sobrinho..............205 Imagem 58. Condessa de Nova Friburgo, Ambrosina Campbell, com uma criança.......................................................................................................205 Imagem 59. Brás de Nova Friburgo, 1908.................................................................206 Imagem 60. Brás de Nova Friburgo, em Paris, 1910.................................................206 Imagem 61. Laura de Nova Friburgo, aos 17 anos.....................................................206 Imagem 62. Januária Clemente Pinto, filha de Francisco Clemente Pinto................206 Imagem 63. Família do conde de Nova Friburgo......................................................207 Imagem 64. Enlace de Luiz Rodolpho de Souza Dantas com Cecília Maria de Souza Dantas.........................................................................207



Capítulo I

A Origem dos Primeiros Sesmeiros

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mbora a genealogia da família Clemente Pinto encontre-se tanto em alguns sites da internet e livros, é necessário fazer-se uma pequena revisão nos dados ali existentes. Os pequenos dados genealógicos abaixo arrolados servirão apenas para o leitor se orientar quanto às propriedades rurais que a família possuiu em Cantagalo, e que foram devidamente consultados nos assentos de batismo, casamento, óbitos, e testamentos no site www.tombo.pt, e na Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro.

As origens João Clemente Pinto (1723-1789) casou-se com Maria Gonçalves Clemente, em 1749 Filhos: 1. Manoel José Clemente (1751-1839) cc. Luiza Maria de Miranda. 2. Alferes João Clemente Pinto (1752-1819) cc. Tereza Joaquina da Silva Pinto. 3. Ignacio Clemente Pinto. 4. José Clemente Pinto. (?-1808). 5. Bernardo Clemente Pinto. 6. Thereza Gonçalves Pinto (1757-?) cc. Estanislao Pinto da Silva. 7. Maria Clemente Pinto (1754-1828).


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Primeiro Sesmeiro Alferes João Clemente Pinto cc. Tereza Joaquina da Silva Pinto Filhos: 1. Comendador Francisco Clemente Pinto (1803-1872) 2. Manuel Clemente Pinto (?-1851) cc. Umbelina Carolina Vianna 3. Laura Clementina Pinto (1805-1870) cc. Antonio Clemente Pinto, primeiro barão de Nova Friburgo (1795-1869) 4. Bernardo Clemente Pinto (1810-1875) cc. Maria Ferreira de Almeida Pinto Segundo Sesmeiro Manuel Clemente Pinto cc. Umbelina Carolina Vianna Não deixou descendência. Terceiro Sesmeiro Antonio Clemente Pinto (1795-1869) cc. Laura Clementina Pinto primeiros barões de Nova Friburgo Filhos: 1. Antonio Clemente Pinto (1830-1889) cc. Maria José Rodrigues F. Chaves (1828-1876). Condes de São clemente 2. Bernardo Clemente Pinto Sobrinho (1835-1914) cc. Ambrosina Campbell (1848-1939). Condes de Nova Friburgo Tiveram ainda dois filhos, aos quais deram o mesmo nome de João Clemente Pinto, que faleceram ainda crianças. No Correio Mercantil1, uma nota de esclarecimento e de missa de sétimo dia que se realizaria no dia 10 de março, pelo falecimento de João Clemente Pinto, foi publicada, o que confirma o nascimento e falecimento de um filho com o nome de João. Geração dos condes de São Clemente 1. Antonio Clemente de Miranda (1860-1913) cc. Georgina Pereira Darrigue de Faro (1864-1938)

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Correio Mercantil, 9 de Março de 1850.


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2. Alice Clemente Pinto (1864-1896) cc. Rodolpho Epifanio Souza Dantas (1854-1901) 3. Maria José Clemente Pinto (1868-1948) Geração dos condes de Nova Friburgo 1. Braz de Nova Friburgo (1881-1950) cc. Maria José de Souza Dantas 2. Renato de Nova Friburgo (1882-1882). 3. Laura de Nova Friburgo (1883-1971) cc. Fernando Souza Dantas (1886-1957). 4. Celia de Nova Friburgo (1885-1888) 5. Renato de Nova Friburgo (1886-1964) cc. Luiza Laura Couto (1896-1942). 6. Ada de Nova Friburgo (1887-1960). Quarto Sesmeiro Francisco Clemente Pinto (1803-1872) Faleceu solteiro, e deixou seus bens para o sobrinho de mesmo nome, que teve a seguinte descendência: Francisco Clemente Pinto (1848-1921) cc. Eulalia de Barcellos Filhos: 1. Bernardo Clemente Pinto (1869-1903) cc. Celina Barcellos Guimarães. 2. João Clemente Pinto (1871-1889). 3. Emilia Clemente Pinto (1873-1922) cc. Diogo Campbell. 4. Luiz Clemente Pinto (1875- ?) cc. Maria José Monteiro. 5. Alfredo Clemente Pinto (1877-1922). 6. Januaria Clemente Pinto (1879-?) cc. Domingos Marques de Azevedo. 7. Paulo Clemente Pinto (1881-1924) cc. Annita Veiga. 8. Franco Clemente Pinto (1883-?) cc. Emilia Losada. 9. Mario Clemente Pinto (1887-1887).


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Depois desta breve exposição da genealogia da família Clemente Pinto, cabe tratar das informações contidas nos pedidos de terras em sesmaria, por aqueles que acima estão assinalados em itálico. O primeiro entre eles foi o pedido de concessão de terras às margens do rio Paraíba2, e no ribeirão dos Arcos3 feito pelo alferes João Clemente Pinto, em 1809. Pelo pedido referente às terras do rio Paraíba, nota-se que João Clemente Pinto residia na Corte, ou seja, na cidade do Rio de Janeiro, e que tinha possibilidades para cultivar e plantar as terras solicitadas. Este fato não constitui surpresa, pois uma das exigências para a concessão de terras era que o solicitante tivesse condições para cultivá-las. No documento encontra-se registrada a localização precisa das terras que eram devolutas: “o requerente tem derrubado mattas no Ribeirão de N. Sa das Areas, q fás barra no Rio Parahiba cujo corgo sendo desconhecido por este nome por ser a primeira vez q assim se denomina”. (Talvez tenha sido o próprio alferes quem nomeou o ribeirão.) Quando João Clemente Pinto chegou ao Brasil? Não foi encontrado até o momento nenhum documento do registro de sua entrada no país, no entanto o primeiro documento que podemos considerar como revelante é a sua indicação em 1803, para o cargo de alferes da companhia da ordenança do distrito da Capela de São Roque da Canastra4. Teria vindo João com o interesse expresso de explorar ouro? Ali já não havia tanto ouro quando lá chegou. Que trabalho fez até ser indicado para o cargo de alferes? São perguntas que desejo que um dia sejam respondidas pelos historiadores. Em 11 de maio de 1812 a sesmaria foi concedida, exigindo-se que, antes de a carta ser expedida, fosse feita a medição e demarcação da sesmaria. É difícil precisar as dificuldades e facilidades, naquele tempo, para o sucesso dos pedidos de concessão de terras. O fato é que normalmente mais de um membro da mesma família promovia gestões semelhantes. Ainda em 1809, há o pedido feito por dona Teresa Joaquina da Silva Pinto, mulher do alferes João Clemente Pinto, para o mesmo local concedido a seu marido — Ribeirão de N. Sa das Areas5.

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Notação: BI.15.1126. Microfilme: 135-2005. Arquivo Nacional.

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Notação: BI.15.1181. Microfilme: 137-2005. Arquivo Nacional.

Proposta de nomeação que faz o capitão Joaquim Teixeira Álvares indicando a João Clemente Pinto ocupar o posto de alferes da companhia da ordenança do distrito da Capela de São Roque da Canastra. Arquivo Publico Mineiro. SG-Cx.58-Doc.19.

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Notação: BI.15.1181. Microfilme: 137-2005. Arquivo Nacional.


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