Psicologia e os Desafios da Educação
Leila Dupret (Organizadora)
PSICOLOGIA E OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
Copyright© Leila Dupret (Org.), 2014. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização prévia e por escrito do(s) autor(es). Editor
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João Baptista Pinto
Capa/Projeto/Diagramação
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Francisco Macedo
Revisão
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Marlon Magno
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
P969 Psicologia e os desafios da educação / organização Leila Dupret. – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Letra Capital, 2014. 88 p.; 14x21 cm. Inclui bibliografia Sumário ISBN: 9788577852666 1. Psicologia e educação. I. Dupret, Leila. II. Título. 14-11206 CDD: 370.15 CDU: 37.015.3
Letra Capital Editora
Telefax: (21) 3553-2236 / 2215-3781 www.letracapital.com.br
Sumário
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EM POUCAS PALAVRAS Therezinha Lins
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PREFÁCIO Leila Dupret
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Capítulo 1 DO SIGNIFICADO ATUAL DA CONVIVÊNCIA EM EDUCAÇÃO Maria Helena Novaes
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Capítulo 2 A INTERAÇÃO ESCOLA – “FAMÍLIA POSSÍVEL” Dulce Nunes
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Capítulo 3 PSICOLOGIA E CONTEXTOS EDUCATIVOS Leila Dupret
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Capítulo 4 CRECHE E AÇÃO EDUCATIVA Ana Lucia Paes de Barros Pacheco
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Capítulo 5 O PSICÓLOGO NA ESCOLA: QUEM É? Cássia Maria Baptista de Oliveira
EM POUCAS PALAVRAS Therezinha Lins de Albuquerque
A
educação é um processo contínuo e dinâmico, “ninguém educa ninguém”. No tempo em que estamos, é preciso reinventar o mundo e a educação é indispensável nessa reinvenção. Neste sentido, assumirmo-nos como sujeitos da história nos torna seres da decisão, da ruptura, seres éticos. Não há saber mais, não há saber menos, há diferentes saberes. Este livro representa momentos nossos, de estarmos juntas falando de Psicologia e de relações interpessoais muito importantes, começando por nós mesmas. Dos almoços nos restaurantes da Marquês de São Vicente e Praia do Flamengo, dos lanches na casa da Maria Helena, das apresentações em diferentes lugares do Brasil onde estivemos, inclusive nos divertindo no Parque do Beto Carreiro. Assim fazíamos Psicologia: nos amando. VIVER... na variação dos sentimentos, nas curvas dos desencontros... É mistério intransponível na vivência diferenciada de cada um “O que é viver”? “O que é morrer”? E o que fica do viver na continuidade da existência pessoal e universal...? O que Therezinha Lins de Albuquerque
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guardamos da vida na morte? Da nossa e da de cada um que chegue a deixar “marcas” na nossa história? A que desafio a Vida nos convoca! Que pretensão definir, traduzir O SER, sem mistério...! Que mistério é viver na palavra do SER! A homenagem a Maria Helena Novaes, ausente e presente, justa e significativa, aumenta a nossa responsabilidade. Que saudade!
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EM POUCAS PALAVRAS
PREFÁCIO Leila Dupret
A
ideia desta obra nasceu da necessidade de mostrarmos publicamente algumas reflexões sobre a Psicologia e suas relações com a Educação, surgidas de diferentes experiências em nossas trajetórias de vida profissional. Os objetivos desta iniciativa estão claros: resgatar não só a história como a própria condução do processo de instauração da psicologia nas instituições educativas, documentando intervenções cujo caráter epistemológico se revela em seus procedimentos. O intuito, em última análise, é que nossas falas possam fomentar uma discussão acadêmica que ultrapasse os muros institucionais, destacando alguns pontos críticos na prática da Psicologia em ação em contextos educacionais, tais como: as lacunas nas informações universitárias e o descaso do profissional de psicologia frente à violência nas próprias escolas. Além disso, colocar em relevo a necessidade de a escola ser entendida como referência para a comunidade; o foco de trabalho do psicólogo ser a subjetividade e seu alvo as relações interpessoais; e sua ação de estimular potenciais, despertar a autoestima e a valorização pessoal de alunos, professores e demais participantes da dinâmica educacional. 9
Neste sentido, Maria Helena Novaes, professora emérita da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, pesquisadora consagrada e reconhecida nacional e internacionalmente por sua atuação acadêmica com propostas e reflexões no campo da Psicologia, principalmente na área Escolar/ Educacional, em que inúmeros projetos foram incentivados pelo CNPq e pela CAPES, enquanto esteve no nosso convívio, traz suas inquietações com a virada do milênio e os desafios sugeridos pelas novas proposições que falam de incertezas e complexidades. E, mesmo não mais estando presente entre nós de forma materializada para compartilharmos o momento possível desta publicação, permanece conosco em memória, postura e saudade de suas efetivas contribuições para a manutenção do olhar desafiante à Psicologia. O papel da família na escola contemporânea proporcionou a Dulce Nunes pensar uma prática de Psicologia em ambientes educativos distinta das tradicionalmente exercidas nas instituições e que tem convocado em vão a estrutura familiar, constituída em seus papéis de pai, mãe e irmãos, como grande responsável pelo desmoronamento do processo de aprender dos alunos. Ademais, foi possível ampliar os debates sobre a penetração da Psicologia em locais cujas práticas são objetivamente interferentes no desenvolvimento humano e que pouco têm sido exploradas durante a formação profissional, tal como o exemplo do Centro de Instrução Almirante Wandenkolk, da Marinha do Brasil, onde o trabalho de psicologia escolar/educacional baseado na estimulação de potencialidades e realizado em instituições totais com bolsistas de Iniciação Científica do programa PIBIC/ CNPq gerou não só monografias de conclusão do Curso de Graduação como projetos para engajamento em mestrados de Psicologia e de Educação. 10
PREFÁCIO
Ademais, a pesquisa de Ana Lúcia Pacheco sobre creches, vinculada ao Projeto Metodologia de Avaliação de Políticas Sociais/ IPEA, coordenado por Ricardo Paes de Barros (DIPES/IPEA), nos mostra a necessidade da presença do psicólogo envolvido com o aprendizado social, como uma possível referência para políticas públicas de qualidade na educação infantil. As experiências trazidas por Cássia de Oliveira apontam para questões importantes na relação entre teoria e prática em Psicologia, destacadamente o reconhecimento da interferência do universo cultural e a classe social de todos os sujeitos pertencentes à instituição educativa; o que nos leva necessariamente a refletir sobre a interface da Psicologia com a Antropologia e a Sociologia. Cabe salientar ainda o sentido principal desta obra em enfatizar que a diversidade de nossos pensamentos e intervenções mantiveram, cada vez mais, firme nossa determinação em lutar por uma Psicologia com compromisso social. Nesse sentido, apesar de os relatos corresponderem a inquietações e práticas efetivadas na virada do século XXI, eles permanecem atuais em suas instigações aos profissionais de Psicologia.
Leila Dupret
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Capítulo 1
DO SIGNIFICADO ATUAL DA CONVIVÊNCIA EM EDUCAÇÃO Maria Helena Novaes1
A
pesar da tão propagada crise social neste mundo caótico e globalizado, é preciso atentar para a grande oportunidade que existe de se estabelecer uma nova ordem e novos olhares para superar os obstáculos que se impõem, no sentido de construir uma sociedade mais justa e solidária. Consumismo exagerado, alienação presente, individualismo reinante e imediatismo atuante são apenas alguns dos problemas atuais. Promover a estruturação eficaz de convivência humana nessa realidade implica, pois, em ampliar a ética humanitária, a responsabilidade social e a cooperação, estabelecendo vínculos duradouros e uma boa qualidade de vida, tanto na família, na escola, no trabalho como na sociedade em geral. Assim, em educação, seria urgente incentivar o crescimento pessoal, as relações interpessoais, a dinâmica grupal e mútuo aprendizado, o diálogo interativo, a tolerância e a aceitação do “outro”. 1 Graduada em Filosofia e Letras, especialista em Psicologia do Desenvolvimento, Doutora em Psicologia, pós-doutora em Psicologia, professora emérita da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
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Propomos a utilização do paradigma intersticial de Boaventura dos Santos que estabelece várias alternativas a seguir nessa direção. Uma primeira, que se refere a conciliar o possível com o desejável, o que pressupõe constante aprendizado; uma segunda, que estabelece a ligação entre o saber e a ignorância, desenvolvendo níveis de conhecimento variados ao ligar os saberes e os contrassaberes; uma terceira, que favorece a díade interesse-capacidade, uma vez que o interesse, por exemplo, em resolver problemas nem sempre deságua na capacidade para resolvê-los; uma quarta, que enfatiza as redes da subjetividade e formas de poder que circulam nas instituições e sociedades; uma quinta, que leva em conta os patamares da hierarquia, a fim de não haver desconstrução permanente no cotidiano das comunidades; e uma sexta, que relaciona a minirracionalidade, prejudicada através do fragmento da modernidade, com as soluções encontradas, locais e movediças. Uma das preocupações constantes, citadas hoje em dia, nas famílias e escolas é a falta de limites dos filhos e alunos, que não respeitam normas, regras, não têm disciplina e desacatam as autoridades. J. Lebrun afirma que esse fenômeno se deve à tendência do mundo moderno e tecnológico de estar caminhando para o “sem limites”, devido aos progressos ilimitados da tecnociência, da falta de poder e de autoridade, seja de uma crença religiosa, seja de figuras parentais atuantes provocando a fragilidade dos laços sociais que se tornam fugazes, esporádicos e inconsistentes. É evidente que tanto pais, professores, filhos e alunos quanto os demais profissionais envolvidos no processo educativo sofrem também tais influências, mesmo porque os recursos da realidade virtual, as redes possantes de 14
DO SIGNIFICADO ATUAL DA CONVIVÊNCIA EM EDUCAÇÃO
informação, a “internet”, os jogos eletrônicos, a velocidade das imagens, as transmissões imediatas, os contatos humanos mediatizados, a transciência do saber, levam todos a uma crise da convivência autêntica e construtiva. Aliás, Ítalo Calvino já preconizava no seu livro Propostas para o Terceiro Milênio as seguintes características que cada vez estão se acentuando: leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e coerência.
Processo educativo e intercâmbio humano Ao salientarmos a importância da troca intergeracional na dinâmica social, destacamos vantagens para avaliar os níveis de convivência relacionados à: troca de energias e experiências, favorecimento de um diálogo expressivo, respeito à realidade e mundo do “outro”, conhecimento de outras realidades de vida, valores e ideais; ligação entre passado, presente e futuro, reforço da autoestima e o sentido de pertencer a um lugar mais definido socialmente e importante. Dentre os referenciais pregnantes que afetam tal estruturação, podemos destacar: a subjetividade, a ética, a estética, o nível da virtualidade e da introspecção, a feminilização, o saber com criatividade, o mundo real e simbólico que contribuem para provocar mudanças nos tipos de relacionamento social, visando a uma cooperação solidária. A questão central seria a de que modo e quais eixos dos desdobramentos e a intensidade dessas implicações afetariam a dinâmica institucional. Por exemplo, a legitimação da autoridade está sempre presente na construção da convivência e pode se dar e ser interpretada em cinco patamares: num primeiro, do humano, propriamente dito, que assegura a perenidade estando relaMaria Helena Novaes
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cionado à linguagem e ao discurso; num segundo, da sociedade humana que leva em conta o interdito e o imediato; num terceiro, da sociedade concreta influenciada por regras, normas, leis, o que leva a renunciar as coisas desnecessárias e irrelevantes; num quarto patamar relacionando à família e instituições paralelas, o que implica na aceitação para poder desejar e acreditar; finalmente, num quinto, ou seja, do sujeito com ele mesmo com a interiorização dos próprios limites e daqueles dos contextos onde está inserido. Contudo, o problema mais grave é que não há mais o reino da transcendência, assumindo o homem o próprio poder, divinizando-o, que faz com que cada um aceite só o que deseja e faça o que atende aos seus interesses e suas motivações egoístas e individuais. A história da fé, da tradição, virou uma ficção, sendo que os que ordenam perdem a legitimidade social que está submetida às exigências do imediato e do real, do virtual, tendo dificuldades para alcançar a completude e a participação real num processo educativo e de intercâmbio humano. Lembraria que estão sempre presentes no processo da relação e adaptação social os da diferenciação, fonte dos “possíveis”, que contracena com os da integração, “necessários”, operando simultaneamente e determinando os significados dos procedimentos educacionais. Ajudar a construir as relações considerando necessidades e possibilidades pessoais, além dos limites grupais e institucionais, é propiciar a mudança e a inovação constantes, e uma análise do real. Piaget já afirmava: a fim de uma transformação ser concebida como “necessária” é preciso compô-la com outras e, em consequência, situá-la entre os “possíveis” deduzíveis; ao se subordinarem ao “real”, percebe-se com mais nitidez as motivações subjacentes na convivência, manipulando com mais 16
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segurança a relação entre o subjetivo e o objetivo, ganhando a ação educativa, significado mais autêntico. Por outro lado, considerar o sentido de sociabilidade é fundamental nessa área; G. Simmel, por exemplo, define-a como sendo “a forma lúdica da socialização” que expressa aspectos de natureza cultural dos indivíduos, a associatividade e, sobretudo, em sua expressão desinteressada com formas que ganham vida própria, existindo por si mesmas e que difundem, pela própria liberação, as vivências sociais. Entretanto, sua duração e permanência devem ser relativizadas, pois esse mesmo autor, embora defenda a sua pureza formal e estrutura igualitária, tomando-a como modelo privilegiado da sociologia formal, ao mesmo tempo não deixa de fazer referência à dificuldade de se manter esse nível, quando se processa com pessoas de contextos muito diferentes. Nesse caso, torna-se amiúde inconsistente e frustradora, dependendo dos limiares superiores ou inferiores existentes. Lembraria, por oportuno, que a reciprocidade é parte básica do mecanismo fundante da sociabilidade humana, que pode ser espontânea ou dirigida, impedindo ou favorecendo a transformação das relações privadas. O fato é que em educação a sociabilidade se dá em vários níveis e abrange diversos tipos de relacionamento, devendose estar atento para as condições e o nicho que favoreça esse ou aquele tipo de vínculo social.
O trânsito entre as distintas representações e práticas sociais O atual contexto, denominado pós ou hiper-moderno, traduz-se por um conjunto de ideias e valores, estilos de vida, mudanças rápidas, novas sensibilidades marcadas pela racionalidade nas formas de conhecimento e organização social. Maria Helena Novaes
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Observa-se que a desmistificação e a dessacralização das tradições e crenças levam a uma diferente reestruturação dos espaços afetivos, íntimos e subjetivos, contaminados, muitas vezes, por uma ideologia individualista. É preciso lembrar sempre o trânsito entre as distintas representações e práticas sociais, entre o tradicional e o moderno, que interferem nas mediações necessárias entre sistemas de significados distintos que tornem eficientes as políticas sociais. Esse seria o grande desejo do nosso século e da educação atual, procurando-se a harmonia dos conflitos existentes, imersos no caos universal e num acaso que se deseja organizador. Segundo o escritor Paulo Novaes, na vida “o que conta é o durar através de um percorrer entre possibilidades e probabilidades mescladas numa trepadeira de força e energia constantes”. Como contraponto, o teólogo coreano Jung Mo Sung, no seu livro intitulado Sujeito e Sociedades Complexas, afirma que reconhecer a complexidade da realidade social é reconhecer os limites humanos; por sua vez, reconhecer a complexidade do próprio ser humano é reconhecer que é capaz de desejar um mundo além do existente, de criar símbolos que nomeiem esse mundo, de elaborar utopias que expressem seus horizontes de esperança dando um sentido mais humano para sua existência, sem perder-se em simplificações indevidas ou cinismos pós-modernos. Cabe lembrar que complexidade não é uma propriedade intrínseca do objeto do conhecimento, mais sim uma qualidade particular da relação entre o sujeito protagonista, ator, e a visão do conhecimento do pesquisador, não devendo nunca ser confundida com uma visão complicada de pensar as coisas.
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Na verdade, não se pode viver sem sujeito, e ser sujeito é assim uma potencialidade humana que o leva, como ator, a transcender o sistema. Na realidade, professores, pais, orientadores, diretores, supervisores, assistentes técnicos, políticos, e demais profissionais e educadores estamos todos envolvidos na construção de uma convivência que pretende ser sadia e solidária, sem a qual uma sociedade mais justa e responsável não será possível. Em conclusão, o fato é que todos, ao serem aceitos, reconhecidos, incluídos e amados encontram forças para enfrentar dificuldades, medos e inseguranças, promovendo um convívio real, construtivo de colaboração permanente.
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Maria Helena Novaes
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