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Edição Especial

XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL Belo Horizonte Minas Gerais

Revista Oficial do Evento Setembro • 2008


A CAMINHADA É OURO O CAMINHAR É PRATA

Rotary Club Belo Horizonte-Leste Rotary Club Belo Horizonte-Oeste Rotary Club Barbacena Rotary Club Coronel Fabriciano

Rotary Club Manhumirim-Alto Jequitibá Rotary Club Nanuque Rotary Club Santos Dumont

Rotary Club Belo Horizonte-Cidade Jardim Rotary Club Belo Horizonte-Serra Rotary Club Itabira Rotary Club Joaíma Rotary Club Arcos Rotary Club Cruzília Rotary Club Pains Rotary Club Três Pontas

Rotary Club Mariana Rotary Club Matipó Rotary Club Contagem Rotary Club Luz Rotary Club Montes Claros-Norte Rotary Club Várzea da Palma Rotary Club Goiatuba Rotary Club Goiânia-Sul

s ê c o V ! s n é b a r a P . y r a t o R a r a p o h l são um orgu Homenagem da Governadoria do Distrito 4520


Sumário Editorial

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Mensagem Presidentede Rotary International Mensagem Diretor de Rotary International

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“Preserve o Planeta Terra”

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Sustentabilidade. Afinal o que é isso? 13

Rejeitada? Que nada! Falta um r

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Nunca é tarde para aprender A hora dos pequenos

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Licença-maternidade e a mortalidade infantil 26

Aprendendo a dizer não Disposição para Envelhecer

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50 anos de Rotary no Vale do Aço

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Saúde longe dos hospitais

Responsabilidade Social e Sustentabilidade na Construção Pesada Em busca do bem comum

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Editorial

Expediente

Uma justa homenagem A Comissão Executiva do evento foi escolhida e aprovada pelo Diretor de Rotary International Themistocles Américo C. Pinho e é composta dos seguintes rotarianos: Conselheiros Archimedes Theodoro ( ) Ex-Diretor de Rotary International

José Edélcio Drumond Alves

Hipólito Sérgio Ferreira Ex-Diretor de Rotary International

Chairman do XXXI Instituto Rotary do Brasil

Há cinco décadas, jovens desbravadores, de diversas regiões do Brasil e de outros países, se instalaram no Vale do Aço mineiro. A região tornarase conhecida em todos os cantos do Brasil graças à instalação de grandes indústrias. Na década de 40, a Acesita começou a operar. No final da década de 50 foi a vez da construção da Usiminas, que iniciou a produção em 1962. As duas empresas pertenciam, à época, ao município de Coronel Fabriciano (nos distritos de Timóteo e Ipatinga). A prosperidade chamou a atenção. Bravos desbravadores então se fixaram no município. Contudo, ao contrário de ‘empreendedores’ de outras épocas, estes não queriam explorar todo o potencial do município, virar as costas e buscar novas terras.

Comissão Gestora José Edélcio Drumond Alves Chairman Antônio Elias Nahas Coordenador Geral Geraldo Eustáquio Alves Secretário Geral Francisco Fernando Schlabitz Secretário Adjunto Roberto Sá de Noronha Tesoureiro Geral Ivo Alexandre de Souza Tesoureiro Adjunto Hélio Vilela Barbosa Márcio Antônio Labruna Luiz Carlos D’Antonino Celso Luiz de Brito Cruz

Esta revista do XXXI Instituto Rotary é uma homenagem aos pioneiros do Rotary Club do Vale do Aço. Trinta e dois homens – infelizmente nem todos estão entre nós – que, em 1959, criaram o Rotary Club de Coronel Fabriciano. Na cidade-mãe, como é chamada, esses rotários construíram suas vidas e irradiaram o desenvolvimento social e econômico. Os reflexos da ação do Rotary Club de Coronel Fabriciano estão na educação, no lazer, na comunicação, na prestação de serviços à comunidade, e, claro, na irradiação do Rotary para outras cidades da região. Ipatinga é um exemplo. É um orgulho, sendo membro do RC de Ipatinga, poder fazer esta justa homenagem àqueles que tanto contribuíram para nossa região.

Assessores Tiragem: 2000 Exemplares Projeto Gráfico VCS Propaganda Jornalista Responsável Paulo Assis (MG 07169 JP) Reportagens Paulo Assis, Roberta Nobre e Patrícia Benedicto Fotografias Capa Praça da Liberdade; Oswaldo Afonso/ Acervo BHCVB Igreja da Pampulha e Vista Geral de BH: Gabriel Araujo / Acervo BHCVB Praça da Estação: Márcio Rodrigues / Acervo BHCVB Fotos Entrevistas Paulo Assis e Gravatinha

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Mensagem do Presidente

ROTARY INTERNATIONAL Dong Kurn Lee Seul, Coréia Presidente-eleito do Rotary International, 2008-09 Curador da Fundação Rotária, 2003-07 Tesoureiro do Rotary International, 2002-03 Diretor do Rotary International, 2001-03 Presidente da Comissão de Celebração Presidencial para Assuntos Comunitários, 2004-05

Aos Participantes do Instituto Rotary para as Zonas 19 A e 20, Prezados companheiros (as) rotarianos (as), É uma enorme satisfação dar-lhes as boas-vindas ao Instituto Rotary.

Governador de distrito, 1995-96 É presidente da Bubang Co. Ltd. e da Bubang Techron Co. Ltd., empresas manufatureiras de Seul. Graduado em ciências sociais e diplomacia pela Yonsei University, Lee serve atualmente como membro do conselho diretor do Busan College of Information Technology e foi diretor da escola secundária e da associação de ex-alunos universitários. Serviu como fiduciário no Bank of Seoul e como cônsul honorário da Itália na Coréia do Sul. Em 2005, foi nomeado embaixador internacional da boa vontade pelo presidente coreano. Ingressou no Rotary Club de Seoul-Hangang em 1971 e serviu como diretor e tesoureiro do RI, curador da Fundação Rotária, governador de distrito, líder de treinamento da assembléia internacional, coordenador regional da Fundação e coordenador regional de desenvolvimento do quadro social. É diretor da Iniciativa do Setor Privado para a Erradicação da Poliomielite na Coréia do Sul e foi homenageado com a Menção da Fundação Rotária por Serviços Meritórios. Em 1996, foi prestigiado na 87ª convenção do RI com o Prêmio Calgary por ter organizado 32 clubes e recrutado 1.800 novos sócios, fazendo do seu distrito o líder mundial de desenvolvimento do quadro social naquele ano. Seus sócios nos negócios ficam impressionados com a orientação confuciana de D. K. Lee: “Ele aprendeu que ´Se alguma coisa deve ser feita, é preciso fazê-la direito´”, conta o amigo Koo Bon-moo, executivo-chefe e presidente do Grupo LG.

Sua presença aqui se deve ao fato de que vocês, como eu, acreditam no Rotary e nas mudanças positivas que produz nas comunidades do mundo. Sei que ao trabalharmos juntos alcançamos feitos maiores do que sozinhos. Unidos no Rotary, podemos reduzir o índice de mortalidade infantil e realizar os sonhos de crianças em todo o planeta. Precisamos levar esperança e a chance de um futuro promissor para as crianças tanto nas comunidades locais quanto em outros países, pois sem o Rotary muitas das necessidades da população infantil não serão sanadas. É por este motivo que peço a vocês que utilizem a experiência adquirida através de iniciativas na área de recursos hídricos, saúde, combate à fome e alfabetização em benefício das crianças do mundo inteiro e inspirem outros rotarianos a fazer o mesmo. Ao participarem desta importante reunião, lembrem-se de que é nossa responsabilidade chamar a atenção para as carências das crianças. Precisamos implementar projetos que possibilitem aos pequenos o acesso à água potável e à assistência médica, bem como a oportunidade de freqüentar a escola. Devemos nos unir e fazer o que for necessário. Realizemos os sonhos este ano, fazendo com que crianças felizes e seguras se transformem em adultos saudáveis.

Cordialmente,

O envolvimento de D. K. Lee com o Rotary impressiona seus companheiros e parceiros de negócio, pois ele conseguiu equilibrar suas ações empresariais e rotárias, expandindo a empresa da família.

D. K. Lee

Lee reside em Seul, na Coréia, com sua esposa Young Ja, e tem quatro filhos e cinco netos.

Presidente do RI, 2008-09 XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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Mensagem do Diretor

ROTARY INTERNATIONAL Transformação Social

CULTURA Caros Amigos e Amigas em Rotary, Mais uma vez o Rotarismo Brasileiro se reúne em seu evento magno anual – o INSTITUTO ROTARY DO BRASIL.

Neste ano, pretendemos ver a liderança rotária brasileira, durante os dias do Instituto, engajada e interessada não só em relação às atualidades do Rotary, mas também, transmitindo suas idéias e conhecimentos numa perfeita interação, única forma para que, cada vez mais, o Brasil sedimente sua posição de verdadeiro líder em nossa Organização Internacional de Prestação de Serviços Voluntários.

Neste ano, para nossa alegria, nos acolhem os Companheiros das Minas Gerais, em sua encantadora Belo Horizonte, durante os dias 18, 19 e 20 de Setembro, em momentos de trabalho, mas também de puro companheirismo, com o sabor próprio da sua “mineirisse” cativante, o que nos permite, desde logo, ter a certeza de que teremos dias inesquecíveis neste XXXI Instituto Rotary do Brasil.

Teremos entre nós o Líder maior do Rotary International neste ano, o Presidente Dong Kurn Lee e sua esposa Young Ja participando pessoalmente do Instituto como resposta evidente em relação à importância do trabalho que a liderança rotária brasileira, em todos os níveis, desenvolve em nossa Pátria, mostrando a verdadeira imagem do Rotary, e demonstrando o quanto somos importantes e o muito que fazemos em prol dos mais necessitados, no respeito à Ética e na busca da Paz.

Porém, nada poderia ser feito e não teríamos o sabor da amizade e brejeirice mineiras se VOCÊ aqui não estivesse dando o seu calor humano e a sua resposta amiga para todos aqueles que, como Eu, desde há algum tempo, e especialmente, a partir do Instituto de Belém, se dedicam com afinco na preparação deste evento.

Sejam bem vindos, Eu e Gilda aqui estamos para abraçá-los.

Themístocles A. C. Pinho Diretor do Rotary International Convocador do XXXI Instituto Rotary do Brasil XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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genuinamente brasileira Há mais de duas décadas, a CIPALAM está no mercado brasileiro e, hoje, já está atende o mercado externo. Estas são conquistas que creditamos à qualidade de nossos produtos e às parcerias que mantemos com nossos CLIENTES, FORNECEDORES, COLABORADORES E REPRESENTANTES.

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SUSTENTABILIDADE

“Preserve O Planeta Terra” Por José Edélcio Drumond Alves A história da humanidade está sendo marcada pela multiplicação dos movimentos conservacionistas e, dizem os líderes da área, que o movimento tomou cunho de universalidade com o lançamento pelo Rotary Internacional do movimento PRESERVE O PLANETA TERRA.

• limpeza de ruas e parques; • desobstrução de rios e terrenos baldios; • adotar políticas de purificação dos recursos hídricos; • montar sistemas de reutilização de água.

No início dos anos 90, o brasileiro Paulo Viriato Correia da Costa assumiu a presidência mundial do Rotary. Ele pedia aos brasileiros e aos rotarianos do mundo inteiro que conduzissem o ROTARY COM FÉ E ENTUSIASMO e aliou ao seu Lema a ênfase PRESERVE O PLANETE TERRA, que se irradiou pelo mundo inteiro.

O programa desenvolveu ainda projetos que tratavam do uso de equipamentos nas usinas com antipoluentes.

Sua metodologia de ação começou com o pedido aos rotarianos de todo mundo para se informarem sobre os problemas do meio ambiente em suas próprias comunidades.

Foi de grande valia o estabelecimento de novas regras quanto ao uso de recursos escassos, a diminuição do uso ou a própria eliminação de materiais não biodegradáveis.

Lá no Sri Lanka, numa aldeia, os rotarianos descobriram que o lixo hospitalar era lançado nas lixeiras comuns, onde crianças e adultos buscavam restos de alimentos.

Os rotarianos foram agentes propulsores “das mudanças de seus próprios hábitos diários para refletir a necessidade de nossos tempos de usar menos, acumular menos, desperdiçar menos” afirmou uma vez Paulo Viriato.

A comunidade foi chamada a atuar pelos rotarianos de Colombo e criou o processo seletivo de recolhimento do lixo hospitalar, bem como deu outro destino ao seu armazenamento.

Para o autor do programa e toda sua equipe, “Limpar o meio ambiente é algo que levará meses, anos, décadas; algo que nós adultos podemos conseguir; mantê-lo limpo é algo para toda uma vida e para outras gerações, algo que somente nossos filhos e os filhos deles poderão conseguir”.

Com esta ação os rotarianos detectaram o problema e atenderam às orientações do programa que consistia em se informarem do problema e descobrirem as soluções.

E estava como meta do programa a participação ativa das crianças e dos jovens: “Vamos promover a educação meio ambiental de nossas crianças com fé, entusiasmo e novo vigor. Vamos encorajar a inclusão da defesa do meio ambiente no currículo escolar. Vamos oferecer ajuda em nossas escolas através de recursos, de idéias para projetos e de nossa própria experiência”, disse, na Mensagem de Lançamento, o então Presidente de Rotary International.

O segundo passo foi conscientizar o mundo rotário que deveria se engajar, com mais entusiasmo, nas campanhas de plantios de árvores e conseguiu em algumas áreas que milhões e milhões de árvores fossem plantadas. O importante deste passo foram as parcerias celebradas por clubes rotários com outras entidades não governamentais, com destaque para a intensa participação de jovens e adultos, através das suas escolas e de suas igrejas.

E este projeto foi disseminado em mais de 160 países onde os Rotary Clubs entenderam que o chamado do PRESERVE O PLANETA TERRA era muito mais que um projeto de Rotary, pois consistia numa necessidade do ecossistema e da sobrevivência do homem, com qualidade de vida. E vida VERDE.

E o programa foi além, quando a fé e o entusiasmo dominaram as almas dos rotarianos e eles foram aos mais diversos locais, contataram com as autoridades públicas e com os organismos privados fazendo parcerias para: XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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FIEMG/SESI. FIEMG/SESI. Educação, lazer, saúde e cultura

Educação, lazer, saúde e cultura que promovem bem-estar social. que promovem bem-estar social.

A FIEMG Regional Vale do Aço incentiva, apóia e fomenta o desenvolvimento industrial da região. O objetivo da entidade é fortalecer associativismo empresarial, das empresas promover desenA FIEMG Regional Vale doo Aço incentiva, apóia e fomentaaointegração desenvolvimento industrialeda região. Ooobjetivo volvimento trabalhadores da indústria. empresarial, Nas unidadesa do SESI, a FIEMG Regionale Vale do Açoo oferece da entidadedos é fortalecer o associativismo integração das empresas promover deseneducação saúde, cultura e lazer a Nas centenas de famílias. SENAI,Vale promove formação volvimentobásica, dos trabalhadores da indústria. unidades do SESI,Eaatravés FIEMGdo Regional do Aço oferece profissional, serviços técnicos e tecnológicos, aumentando a produtividade educação básica, saúde, cultura e lazer a centenas de famílias. E atravésdas do indústrias. SENAI, promove formação profissional, serviços técnicos e tecnológicos, aumentando a produtividade das indústrias.

• SINPAVA - Sindicato Intermunicipal das Ind. de Alimentação, Panificação,Confeitaria, e de Massas Alimentícias do Vale do Aço •• SINDIMIVA - Sindicato Intermunicipal das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material ElétricoAlimentícias de Ipatinga do Vale do Aço SINPAVA - Sindicato Intermunicipal das Ind. de Alimentação, Panificação,Confeitaria, e de Massas •• SINDIVEST SindicatoIntermunicipal das Indústriasdas do Vestuário Estado de Minas Geraise de Material Elétrico de Ipatinga SINDIMIVA --Sindicato Indústriasno Metalúrgicas, Mecânicas •• SIME - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânica, de João Monlevade SINDIVEST - Sindicato das Indústrias do Vestuário no Estado de Minas Gerais •• SINDUSCON - Sindicato das Indústrias da Construção SIME - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânica,Civil de João Monlevade • SINDUSCON - Sindicato das Indústrias da Construção Civil

www.fiemg.org.br/regional-valedoaco www.fiemg.org.br/regional-valedoaco XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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Aqui tem desenvolvimento. Aqui tem desenvolvimento.

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SUSTENTABILIDADE

Sustentabilidade. Afinal o que é isso? José Tadeu Moraes Presidente do Conselho de Cidadania Empresarial – Sistema FIEMG Diretor-Presidente da Samarco Mineração

necessidade de interatividade, de diálogo ocupa os bancos das escolas, os processos de gestão, as práticas empresarias e as instituições públicas. Os relacionamentos extrapolam todos os limites e exigem como resultados a participação social nas tomadas de decisões, a inclusão social como desafio de uma humanidade totalmente diversificada, o posicionamento conjunto de países em favor do todo, um diálogo capaz de remover barreiras antes intransponíveis e criar novos posicionamentos éticos.

Há algum tempo, falar dos problemas do planeta era algo que parecia ameaçador, mas ainda assim, distante do cotidiano, quase como uma profecia de ecologistas fanáticos sobre um futuro distante, longe da realidade. Décadas se passaram e grandes eventos globais surgiram, reunindo pensadores, políticos, empresários e representantes da sociedade para discutir, pesquisar, analisar os fatos que justificam a necessidade de mudanças radicais nas práticas e comportamentos da humanidade. O consumo exacerbado, as práticas de produção predatória, a exploração da mão-de-obra, a corrupção arraigada às instituições, tornaram-se tão gritantes que passaram a incomodar a própria sociedade que as produz. Um incômodo que coloca a humanidade frente-a-frente com uma realidade que não a satisfaz mais. Os direitos sociais e individuais passam a ser amplamente defendidos. A preservação do meio ambiente passa a ser percebida como uma questão de sobrevivência. A falta de ética nas relações políticas, empresariais e sociais refletem a corrosão das instituições familiares, educacionais, corporativas, públicas e privadas. Essa realidade provoca uma emergência na re-conceituação da sociedade, a necessidade de uma revolução no conceito de planeta, de ecossistema, de sociedade.

Descobrimos que fazemos parte de um grande todo, de um ecossistema vivo e integrado, onde as atitudes que ferem a dignidade humana, como fome e escravidão são capazes de corroer os sistemas humanos e sociais a ponto de destruir tudo o que a humanidade construiu ao longo da história. Atitudes de produção desconectadas da preservação ambiental são capazes de exaurir aquilo que a natureza demorou milênios para construir. Os dilemas da sustentabilidade nos colocam diante do desafio de construção de um novo modelo de sociedade. Um modelo que depende da atitude pessoal, das ações cotidianas simples e éticas; da atitude coletiva que se dissemina nos sistemas de saúde, educação, nos contratos empresariais e na organização política; atitudes universais que se consagram em acordos por dignidade humana, ambiente saudável e ética nas relações. A sustentabilidade, portanto, não é um grande projeto para que imensas organizações realizem e sim uma atitude a ser incorporada no cotidiano e possui o tamanho do compromisso que cada função exige.

Assim chegamos à premência de algo capaz de integrar o patrimônio social, econômico e ecológico: a sustentabilidade. Esse conceito crescente nas últimas décadas vem mudando discursos, comportamentos individuais, práticas empresariais, políticas públicas, integrando novas teorias, estudos e sistemas educacionais, passando a permear o cotidiano de tal forma que já se incorpora ao conceito fundamentado nesse tripé: a cultura, aqui entendida como, aquilo o que é aprendido e partilhado pelos indivíduos de um determinado grupo e que confere uma identidade dentro do seu grupo de pertença. Assim a sustentabilidade como parte da própria cultura, reforça, realimenta e dissemina novos comportamentos.

Viver o cotidiano, fazer política, fazer negócios com sustentabilidade é a melhor forma de gerar riqueza econômica, social, ambiental e cultural. Os ganhos são visíveis na confiança conquistada, no ambiente saudável, na dignidade do trabalho, no fortalecimento das instituições sociais e políticas, na credibilidade da humanidade em ser protagonista de uma história que possa ser transmitida com orgulho para as próximas gerações.

A revolução ocorre nos âmbitos pessoal e institucional, provoca a sociedade a uma interdependência sem precedentes. A XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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SUSTENTABILIDADE

Rejeitada? Que nada! Por Paulo Assis

Utilização de produto derivado da escória do aço inox na agricultura aumenta produtividade e reduz emissão de gás carbônico reduz a utilização de ligas e minérios através da reutilização dos metais contidos na escória”, explica.

Toneladas de dióxido de carbono, principal gás responsável pelo efeito estufa, estão deixando de ser jogadas ao ar devido à produção do aço inoxidável. Parece contraditório, mas não é. Em 2001, uma empresa da cidade de Timóteo, onde fica localizada a usina da Arcelor Mittal Inox Brasil, antiga Acesita, introduziu no mercado uma tecnologia para transformar a escória do processo siderúrgico em um produto agrícola. Patenteado como Agrosilício, o corretivo de acidez do solo – também usado como fertilizante – é produzido a partir da escória do aço inox gerado pela Arcelor. Utilizado em substituição ao calcário, que é explorado diretamente da natureza, o produto criado pela empresa Recmix do Brasil evita a emissão do CO2, segundo pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Conforme o estudo, para cada 100 toneladas de calcário aplicadas no solo, há uma geração de 44 toneladas do dióxido de carbono. No caso do agrosilício, por se tratar de um silicato, a geração do gás do efeito estufa é zero. Desde o início de sua comercialização, já foram vendidas 801,5 mil toneladas do produto, o que significa muito menos gás carbônico na atmosfera proveniente do processo agrícola.

A transformação da escória do aço inox em outros produtos significa, então, menor exploração de minas. “A sustentabilidade exige revisão de padrões de consumo da empresa”, escreve João Meirelles Filho na obra “O Livro de Ouro da Amazônia”.

“O grande negócio é transformar 100% desse subproduto (a escória) em produtos reutilizáveis. Essa é a grande sustentabilidade do processo...”

De acordo com os estudos agronômicos, os resultados positivos são decorrentes do elemento silício, que, aumentando a resistência da parede celular das plantas (na forma de sílica), propicia os seguintes benefícios: aumento de capacidade fotossintética devido à melhoria da arquitetura foliar (plantas mais eretas), aumento da resistência ao ataque de pragas e doenças pela maior proteção das folhas e aumento da resistência à seca, devido a menor perda de água por transpiração. Resultados assim mostram que esta escória nada tem a ver com “a parte mais desprezível” de um produto, um dos muitos significados dados pelos dicionários.

Segundo Dulcemar de Oliveira Ramos, analista de Gestão de Meio Ambiente e Qualidade de Recmix, o ganho ambiental não fica apenas na questão da poluição do ar. “O grande negócio é transformar 100% desse subproduto (a escória) em produtos reutilizáveis. Essa é a grande sustentabilidade do processo, pois não precisamos mais de aterros. Além disso, a siderúrgica também XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

Reutilizar e transformar a escória não é apenas um negócio ambientalmente viável. Do ponto de vista econômico também é interessante, inclusive para o consumidor. Uma pesquisa do Departamento de Produção Vegetal da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), divulgada em 2007, revelou o aumento da produtividade de tubérculos, como a batata, em 15,8%, com a utilização do agrosilício.

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MEIO AMBIENTE

FALTA UM R Por Paulo Assis

Reciclagem e reutilização ganham destaque, enquanto a redução do consumo é colocada em segundo plano Um título mundial o Brasil vem ostentando. Ele é campeão mundial em reciclagem de latas – mais de 95% do total produzido. Todos os anos mais de 10 bilhões de latinhas de alumínio são coletadas e recicladas. A euforia da posição esconde um grande problema que, na maioria das vezes, é colocado de lado: a redução do consumo. Dados da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) e da Associação Brasileira de Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (ABRALATAS) mostram que a produção de latas aumenta cerca de 11% ao ano. “No Brasil, a política dos 3 Rs tem ficado centrada na reciclagem, enquanto a redução fica em segundo plano. É claro que a reciclagem é importante, mas podemos perceber que o viés econômico tem sustentado essa ‘consciência ambiental’ em relação à reciclagem, sobretudo do alumínio. É preciso desenvolver ações para incentivarmos o consumo consciente. Sem ele, a reciclagem está ‘incompleta’, ou seja, sua eficácia será reduzida”, defende Daniele Lima, engenheira sanitarista e ambiental. Números divulgados pela WWF Brasil mostram que os 6,7 bilhões de habitantes do planeta utilizam 25% mais recursos naturais que a Terra é capaz de repor (leia sobre a Pegada Ecológica no quadro). Em seu site, a ONG revela que 1,8 hectare (pouco menos que dois campos de futebol) é a média de área disponível por pessoa, no planeta, de modo a garantir a sustentabilidade da vida na Terra. “Entretanto, desde 1999, a média de consumo

por pessoa no mundo é de 2,2 hectares”, diz. A matemática é simples. Se não reduzirmos o consumo, não haverá reciclagem que dê conta de sustentar a utilização desenfreada dos recursos naturais. “Há muito a se fazer. Precisamos começar pela consciência ambiental por si só e não pelas questões econômicas”, completa Daniele. Não será uma tarefa fácil. Se a reciclagem de latas atinge 95%, os PETs ainda estão na casa de 50%. Achou ruim? É pior. Pesquisa do CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem) revela que pouco mais de 18% das 51,1 milhões de toneladas de resíduos sólidos produzidas no País são recicladas. Produtos de baixo valor agregado, como latas de aço, papel e vidro são muito menos reaproveitados. Mas nem tudo está perdido. Aos poucos surgem iniciativas que reduzem a utilização de produtos descartáveis. Você provavelmente já vem se deparando com consumidores que dispensam o uso das sacolas plásticas ao saírem da padaria ou da mercearia. Em São Paulo, o Rotary Clube de Jaguariúna criou o projeto “Sacola Permanente”, através do qual são fornecidas sacolas de algodão para pequenas compras. Quem tem mais de 25 anos ainda não se esqueceu do tempo em que para comprar um refrigerante (pequeno ou grande) era preciso levar o “casco” – assim como é feito com muitas cervejas. “A vida moderna trouxe muitas faciXXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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lidades, mas também criou problemas ambientais que podem ser solucionados desde que haja vontade e possamos abrir mão de algumas comodidades”, defende a engenheira ambiental. Em junho passado, representantes de diversos segmentos lançaram o Movimento PET Consciente. “O objetivo deste movimento é conscientizar as pessoas sobre os nossos hábitos do dia-a-dia em relação ao consumo de bebidas em garrafa PET. Apesar de haver reciclagem, ainda há uma grande quantidade que é jogada diretamente no meio ambiente”, disse, à época, o biólogo Marcelo Novaes, um dos organizadores do movimento. Uma coisa parece consenso: é preciso frear o consumo. Agora, pare e pense. Você está disposto a contribuir com a sua parte? “O consumidor consciente é aquele que produz pouco lixo e reutiliza ao máximo aquilo que compra. A reciclagem só vem depois destas duas etapas.”


O que compõe a Pegada?

Primeiro passo: Reduzir Reduzir o consumo e gerar menos lixo. Evitar desperdício. Escolher produtos mais duráveis e não os descartáveis.

A Pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar necessárias para gerar produtos, bens e serviços que sustentam determinados estilos de vida. Em outras palavras,a Pegada Ecológica é uma forma de traduzir, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”, em média, para se sustentar.

O primeiro R é o mais importante e o mais difícil. É deixar de comprar aquilo que é desnecessário ou que tenha muita embalagem.

Segundo passo: Reutilizar

Para calcular as pegadas foi preciso estudar os vários tipos de territórios produtivos (agrícola, pastagens, oceanos, florestas, áreas construídas) e as diversas formas de consumo (alimentação, habitação, energia, bens e serviços, transporte e outros). As tecnologias usadas, os tamanhos das populações e outros dados também entraram na conta.

Prolongar a vida dos materiais e adiar sua transformação em lixo. Valorizar materiais usados que tenham alguma utilidade O segundo R é um desafio à criatividade e também implica em vencer preconceitos contra o usado, o velho. É preciso reformar, restaurar, compartilhar, doar, trocar, estimular artesãos, brechós, sebos e feiras de trocas, lugares onde se vendem coisas usadas.

Cada tipo de consumo é convertido, por meio de tabelas específicas, em uma área medida em hectares. Além disso, é preciso incluir as áreas usadas para receber os detritos e resíduos gerados e reservar uma quantidade de terra e água para a própria natureza, ou seja, para os animais, as plantas e os ecossistemas onde vivem, garantindo a manutenção da biodiversidade.

Terceiro passo: Reciclar Produzir um novo produto a partir do velho. O resíduo volta ao ciclo produtivo como matéria-prima.

SERVIÇO Calcule sua pegada em http://www. pegadaecologica. org.br/

O terceiro R é o último passo, após termos reduzido o consumo e reutilizado os resíduos. Envolve a separação, a comercialização e o transporte dos materiais para as indústrias de reciclagem.

Fonte: WWF Brasil

Fonte: Revista Ecologia Integral

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EDUCAÇÃO

Nunca é tarde para aprender Por Roberta Nobre

O drama do analfabetismo ainda acomete 14 milhões de brasileiros

Treze anos. Este é o tempo médio que um estudante brasileiro, matriculado na escola regular, leva para concluir os Ensinos Fundamental e Médio sem repetências. Treze anos é o tempo que Izaias Vieira Leal, 73, morador da cidade de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, tenta aprender a ler e escrever. Desânimo é uma palavra que não faz parte do seu vocabulário, “ainda restrito”, admite o aposentado. Foram quatro matrículas nas séries iniciais do Acertando o Passo – programa de alfabetização para adultos que antecedeu a Educação de Jovens e Adultos –, além de uma professora particular. Mas só após cinco anos em uma carteira de um dos núcleos da EJA é que ele começa a decifrar as palavras e os números. “É a coisa mais maravilhosa. Passei para a segunda série. Mas a professora diz que sou muito bom de conta. Português ainda é difícil. Mas sempre que posso estou com um livro, um jornal na mão”, relata Izaias, orgulhoso. Quando criança, ele teve que trocar os cadernos e livros pelo trabalho na roça. Contra a vontade, explica o aposentado, que sonhava em ser advogado. A alfabetização é um direito humano fundamental, afirma a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Mesmo assim,

ainda é negado a 14 milhões de pessoas no Brasil. Nada menos que 11,1% da população com mais de 15 anos ainda não sabe ler e escrever, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2007. Na América do Sul, apenas a Bolívia tem o índice de analfabetismo maior do que o Brasil. “Os prejuízos sociais são enormes. Por causa do analfabetismo, coisas básicas, como tomar um ônibus e verificar a validade de um produto, acabam sendo negadas. Isso sem falar nas oportunidades de trabalho, bastante reduzidas”, analisa Josélia Silva Cavalcanti, coordenadora de um dos cinco núcleos da EJA de Coronel Fabriciano. O alto índice de analfabetismo brasileiro compromete o cumprimento dos objetivos educacionais definidos pela Unesco. Entre eles, ampliar em 50% a taxa de alfabetização de adultos até 2015. Há avanços, é verdade. Entre 1996 e 2006 a taxa de analfabetismo caiu 29,1%. Hoje, mais de 4 milhões de brasileiros estão matriculados neste sistema de ensino. No entanto, o ritmo de crescimento é insuficiente para atingir a meta da Unesco. XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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“É a coisa mais maravilhosa. Passei para a segunda série. Mas a professora diz que sou muito bom de conta. Português ainda é difícil. Mas sempre que posso estou com um livro, um jornal na mão” Izaias Vieira Leal, 73 anos


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Investimento estagnado, demanda crescente

Bons exemplos No entanto, há exemplos de superação. Josélia conta que uma ex-aluna da EJA voltou para escola, mas como professora de matemática. E também há parceiros na luta contra o analfabetismo. Um bom exemplo é projeto Lighthouse (lanterna ou farol para iluminar as mentes) do Rotary International, que visa erradicar ou diminuir o analfabetismo no mundo através do método de alfabetização CLE (Concentrated Language Encounter), importado da Austrália.

Um dos gargalos é o investimento incompatível com a demanda por ensino. Há dez anos, os recursos para a EJA estão estagnados em torno de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Enquanto isso, o número de matrículas cresceu em média 59% entre 1996 e 2006 no Ensino Fundamental que é de responsabilidade do município. No Ensino Médio, a cargo do Estado, a taxa chega a 244% - 390.925 mil alunos em 1997 para 1.345.165 milhão, em 2006.

No Brasil, Contagem é a primeira cidade a adotar o método, junto aos núcleos da EJA, adaptado para a realidade local. Mas a essência do sistema de alfabetização é mesma: recuperação da auto-estima do aluno face ao fracasso escolar. Hoje, o pólo em Contagem disponibiliza treinamento, capacitação de professoras e fornece todo material necessário. Como são aproveitadas as estruturas escolares existentes na rede municipal, a aplicação do sistema torna-se fácil, barata e eficiente.

Em contrapartida, apenas 26% das escolas públicas oferecem a EJA. Há ainda o problema da evasão (quando a aluno deixa a escola e volta depois) e o abandono (quando ele não volta mais), que contribuem pela crescente demanda por vagas na EJA. Segundo o Ministério da Educação (MEC), a expectativa é que 53% dos alunos matriculados no Ensino Médio não concluam o ciclo na idade certa. “Hoje, boa parte dos nossos alunos já passou por um banco de escola. Mas eles desistiam por causa do trabalho, família ou mesmo porque têm dificuldade de aprendizagem. Agora voltam na expectativa de aprender”, explica Josélia Silva Cavalcanti. Este é o caso da doméstica Aparecida Prudêncio, 40. Ela já esteve matriculada em outras escolas depois de adulta, mas não chegava a permanecer mais de um mês na sala de aula. As primeiras palavras lidas deram fôlego para Aparecida que já vai para cinco meses de estudos.

Aprender e ensinar As dificuldades são inúmeras. Segundo a coordenadora da EJA em Coronel Fabriciano, a maioria dos alunos já chega às salas de aulas exausta de um dia de trabalho e tarefas domésticas, além de lutar contra anos de analfabetismo ou longe dos bancos escolares. A estratégia para encurtar a distância para a tão sonhada formação básica é usar elementos do dia-a-dia como material didático. Por exemplo, para ensinar a matemática, valem a conta de água e luz. “Temos que nos aproximar da realidade do aluno para estimular sua permanência no curso e conseguir alfabetizá-lo”, argumenta Josélia. No Brasil, o número de analfabetos sobe para 30,5 milhões se for considerado o analfabetismo funcional – pessoas com menos de quatro anos de estudo. Nos núcleos da EJA, eles são maioria e a dificuldade de aprendizagem não é menor do que aqueles que nunca estudaram.

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RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS

A hora dos pequenos Por Wander Luis Silva*

Em médias e grandes empresas e organizações, as práticas socialmente responsáveis estão num estágio mais avançado (embora não seja a realidade de todas). Que seja por uma exigência do mercado, sobretudo o internacional, ou pela cobrança do consumidor. Nos estabelecimentos menores, pequenos comércios e escritórios, a realidade é outra. Nunca foi feito um estudo sobre quantos comerciantes desenvolvem ações de responsabilidade social. A convivência com nossos colegas empresários demonstra que são poucos. Nossa realidade é outra. Nem todos temos, ou melhor, poucos de nós temos departamentos que possam ser responsáveis por isso. Na verdade, “cobramos o penâlti e corremos para cabecear a bola.” Mas todos esses obstáculos para nós, proprietários de micro e pequenas empresas, não devem servir como um escudo. “A escolha é nossa: cuidar da Terra e uns aos outros, ou participar da destruição de nós mesmos e da diversidade da vida. Porque não há futuro sem respeito pelo planeta e pela humanidade”, diz trecho da Carta da Terra, documento de grande relevância quando o assunto é ‘sustentabilidade’. Somos pequenos, porém juntos podemos fazer muito. Sabe aquela caixa de papelão que vai direto para o lixo? Você pode juntar tudo e levar para alguma associação de catadores – caso sua cidade seja uma das muitas que não tenha a coleta seletiva. Incentive seus funcionários a racionalizar o uso dos copos plásticos para beber água ou tomar café. O meio ambiente agradece e seu bolso também. Afinal, ter sustentabilidade empresarial significa assegurar o sucesso do negócio a longo prazo e ao mesmo tempo interceder a favor do desenvolvimento econômico e social da comunidade, contribuindo para um meio ambiente saudável e uma sociedade estável. O desafio é criar, entre as micro e pequenas empresas – que, em maior parte, integram o quadro de associados das associações comerciais que compõem a Federaminas – o espírito do novo milênio. Como diz o presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, não existe empresa socialmente responsável sem que os seus líderes o sejam.

Fácil não é. Impossível também não. Necessário? Com certeza. Exemplos não faltam. Há mais de um século, quando nasceu o primeiro Rotary Club, em Chicago, nos Estados Unidos, parecia um sonho impossível reunir pessoas com o objetivo de ajudar o próximo e a comunidade. O resultado está ai. Só no Brasil são mais de 53 mil rotarianos, desenvolvendo ações de meio ambiente, educação, saúde, entre outros.

“Administrar um negócio sob esse prisma é muito mais complexo. É preciso lidar com diversas variáveis que não têm a ver necessariamente com o seu segmento ou com o seu produto, e que, no entanto, afetam o mercado”, escreve Young, no seu artigo “Quem é o gestor socialmente responsável.” XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

* Presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas) 21

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FOME

Tanto para uns, tão pouco para outros Por Paulo Assis

Enquanto o desperdício de alimentos supera a casa de 60% em sua cadeia produtiva, milhares de pessoas passam fome no País Com três décadas de experiência em feiras livres, Rogério Ferreira é enfático: quase metade das frutas e verduras que vende se perde no trajeto entre o produtor e o consumidor. “Só aqui na banca, a perda é de 20% no calor e um pouco mais de 10% no frio”, diz ele. A percepção do feirante é respaldada pelos estudos ligados ao desperdício e à fome, embora os números variem. Segundo a ONG Banco de Alimentos, a perda ao longo da cadeira produtiva estaria em 64% e ainda representaria um prejuízo de quase R$ 18 bilhões em todo o País. Quando se fala em números tão grandes pode até parecer que você não tem nada a ver com isso. Muito pelo contrário. Dados da ONG Prato Cheio demonstram que as famílias brasileiras desperdiçam cerca de 30% dos alimentos. Segundo a gerente-geral da ONG, Miriam Ferrari, os alimentos são encaixotados de qualquer forma e em recipientes não apropriados. “Ninguém está preocupado em aperfeiçoar esse serviço e, quando [o alimento] chega às cidades, as caixas são jogadas. Os alimentos são tratados de qualquer forma e, por isso, XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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ficam amassados e danificados”, afirma Miriam, em entrevista à Agência Brasil. Uma forma simples, mas eficaz de evitar o desperdício, é aprender a utilizar aqueles produtos que, geralmente, jogaríamos no lixo. Em todo o País, o Serviço Social da Indústria (Sesi) desenvolve, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o programa “Cozinha Brasil”. Com receitas simples (veja quadro), o programa dissemina conhecimentos para aproveitar melhor os alimentos e também ensina receitas nutritivas e baratas com alimentos que seriam descartados. “Através deste programa, buscamos não apenas ensinar receitas. Nosso objetivo maior é conscientizar as pessoas sobre a importância de se evitar o desperdício. Para atingir nosso objetivo, realizamos cursos com multiplicadores, como cantineiras de escolas. É vital disseminar esse conhecimento, afinal, não há dúvidas que enquanto há desperdício em nosso País existem milhares de pessoas passando fome”, diz o empresário Luciano Araújo, presidente da Regional Vale do Aço da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Contraditório Enquanto dezenas de toneladas de alimentos são desperdiçadas na colheita, no transporte e até mesmo no preparado, milhares de pessoas clamam, todos os dias, por um prato de comida. Estima-se que um bilhão de seres humanos passe fome na atualidade, enquanto até 20 milhões morram, todos os anos, por enfermidades ligadas à falta de alimentos. No Brasil, a realidade não é diferente. Cravada no Vale do Mucuri, a cidade de Setubinha, com seus 10 mil moradores, ostenta o título de pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Por ali, boa parte da população complementa sua renda com o Bolsa Família, programa do governo federal. “Dá até fila”, diz João Pinto, proprietário de um supermercado, onde também é pago o benefício.

Torta Vegetariana Ingredientes: Massa: 1 tablete de caldo de galinha ¼ xíc. (chá) de água quente ¾ xíc. (chá) de óleo 2 ovos ½ xíc. (chá) de leite 1 xíc. (chá) de água fria 2 ½ xíc. (chá) de farinha de trigo 1 ½ col. (sopa) de fermento em pó Recheio: 1 xícara (chá) de casca de beterraba 2 xícaras (chá) de folha de couve-flor 1 xícara (chá) de talos vegetais picados ½ xícara (chá) de cebola ralada 1 dente de alho amassado 2 colheres (sopa) de óleo 1 xícara (chá) de cenoura ralada com casca 1 xícara (chá) de tomate picado

Modo de Preparo: Para a massa, dissolva o caldo de galinha na água quente. Bata todos os ingredientes no liquidificador, com exceção dos dois últimos. Coloque a farinha e o fermento em uma tigela e acrescente a mistura do liquidificador aos poucos, mexendo para homogeneizar. Em uma assadeira untada, coloque a metade da massa, acrescente o recheio e despeje por cima o restante da massa. Leve para assar em forno pré-aquecido até que, ao espetar um palito, este saia limpo. Para o recheio, lave bem a casca de beterraba, as folhas de couve-flor e os talos de vegetais. Pique e reserve. Em uma parede, refogue a cebola o alho no óleo. Acrescente os outros ingredientes, misture bem e deixe refogar até ficarem macios. Dica: Podem ser usados talos de salsa, agrião, espinafre, beterraba e outros. Tempo de preparo: 1h Calorias (porção): 185,34 Kcal Rendimento: 16 porções Fonte: www.sesi.org.br

Enfim, soluções mágicas não existem. Existem estudos, programas, ONGs, gente dedicada. Ainda falta sensibilidade de grande parte da população. Falta colocarmos as mãos na consciência e policiarmos nossas ações cotidianas. XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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MORTALIDADE INFANTIL

Licença-maternidade e a mortalidade infantil O aleitamento materno exclusivo durante os seis primeiros meses de vida pode evitar até 13% das mortes de crianças menores de 5 anos nos países em desenvolvimento No início de setembro, com a nova lei sancionada pelo presidente Lula, voltou à tona a polêmica sobre a ampliação da licença-maternidade de 120 para 180 dias. Do ponto de vista econômico, o ministro da Fazenda Guido Mantega e o setor produtivo acenderam o sinal amarelo para os gastos com o novo benefício. O presidente Lula rebateu: “Vai ficar mais barato do que a quantidade de criança que, por falta da mãe poder cuidar, ficam doentes e precisam ir para o hospital”.

milênio estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, faz coro aos defensores do projeto. Em julho, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) revelou dados preocupantes sobre o aleitamento materno: somente 11% dos bebês entre 4 e 6 meses têm uma alimentação exclusiva com o leite materno. Até os três meses de vida, o índice é de 43%.

“O aleitamento materno exclusivo durante os seis primeiros meses de vida pode evitar até 13% das mortes de crianças menores de 5 anos nos países em desenvolvimento”, reforçou Ann M. Veneman, diretora executiva do Unicef, durante a abertura da Semana Mundial do Aleitamento Materno, no início de agosto.

Na concepção de Temporão, a ampliação da licença-maternidade é fundamental para reverter o quadro. “Uma questão fundamental nesse sentido é a ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses. A ampliação inclusive transcende o acesso ao leite materno, porque é nesse período da vida que se dão as bases de formação do indivíduo”, argumentou. Para o governo a ampliação da licença estaria intrinsecamente ligada ao aumento do aleitamento materno. Segundo o Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimento (PNUD), o incentivo ao aleitamento é uma das ações que devem ser incentivadas para reduzir a mortalidade infantil, quarto objetivo do XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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Atualmente, no Brasil, quase 30 crianças em cada mil que nascem morrem antes de completar o primeiro ano de vida. A situação já foi muito pior. Na década de 80, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice era de 82,8. Apesar da queda, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) diz que, na América do Sul, o Brasil está à frente apenas da Bolívia e da Guiana.

Segundo o Unicef, o aleitamento materno pode reduzir o número de mortes causadas por infecções respiratórias agudas e diarréia – duas importantes causas de mortalidade infantil – assim como de outras doenças infecciosas. Infelizmente, alguém tem que pagar a conta. É certo que a ampliação da licença, única e exclusivamente, não irá resolver o problema da mortalidade infantil. O saneamento básico, a aplicação de vacinas essenciais e dezenas de políticas públicas devem ser articulados. O Rotary Internacional está fazendo sua parte e lançou uma campanha para arrecadar 100 milhões de dólares. O objetivo é que cada clube consiga mil dólares anuais, por três anos. Vai valer a pena, afinal ajudaremos a evitar a morte de 9,7 milhões de crianças no planeta.


DROGAS

Aprendendo a dizer não Por Roberta Nobre

Educação para crianças e jovens ainda é a principal arma para afastá-los das drogas No último dia 22 de agosto, 2.101 estudantes da rede pública de Ipatinga foram diplomados pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), desenvolvido pela Polícia Militar. Durante seis meses, estes meninos e meninas, estudantes da 1ª a 5ª série, tiveram, semanalmente, lições sobre os problemas causados pelo uso e abuso de drogas e como se manter longe delas. Não há garantias de que a Aline, o João Paulo, a Bianca e o Carlos ‘nunca’ terão contato com as drogas, como o álcool, o tabaco e a maconha. Afinal, experimentar é típico da adolescência que se aproxima, reconhecem os policiais instrutores do programa. No entanto, com certeza, essa nova turma aprendeu como e quando dizer ‘não’ – talvez, a lição mais importante deixada pelo Proerd. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), dos 35 milhões de jovens brasileiros, quase 8 milhões são usuários de drogas, lícitas ou ilícitas. Destes, 100 mil são dependentes. Nos últimos 20 anos, a porcentagem de jovens que usa ou já usou drogas passou de 15% para 25%. Os números são alarmantes. Mas ainda há outra preocupação: os jovens experimentam drogas lícitas, como álcool e tabaco, cada vez mais cedo. Os dados são de uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Embora igualmente precoce, o consumo de drogas ilícitas só costuma ocorrer em média um ano e meio depois da primeira tragada ou do primeiro copo: aos 14,9 anos. Por mais que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 81, proíba a venda de “substâncias com risco de criar dependência” a menores de 18 anos, em qualquer esquina pode-se burlar a lei e comprar um maço de cigarros ou um litro de cachaça. XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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Encarando o problema

ingeriram bebidas alcoólicas. No entanto, o indicativo é de que as lições aprendidas, quando tinham em média 10 anos, surtiram efeito prático. Quase 50% dos ex-alunos do Proerd afirmam que não se tornaram dependentes das substâncias experimentadas.

Não há uma fórmula que garanta aos pais que seus filhos se manterão afastados das drogas, afirmam os especialistas. “Cada ser humano tem uma história diferente, não existe uma fórmula que explique como, porque ou com que conseqüências um jovem procura as drogas”, afirma o psicoterapeuta Flávio Gikovate, em entrevista à revista Época.

Pais, filhos, escola Para a capitã Marcineli Cristina, do 14º Batalhão da Polícia Militar, localizado em Ipatinga – responsável pela pesquisa com ex-alunos do Proerd – o êxito do Programa de Resistência às Drogas deve-se ao fato de conseguir envolver, não apenas o jovem no seu ambiente escolar, mas porque as lições também são passadas aos pais dos estudantes.

No entanto, a prevenção, que vai muito além de explicar os malefícios das drogas, ainda é o melhor caminho para evitar o uso e o abuso de entorpecentes. “A prevenção passa necessariamente por um tipo de educação não apenas aberto ao diálogo, mas também à independência”, completa Gikovate. Ações estas que, segundo o psicoterapeuta, devem ser pensadas e executadas em conjunto entre pais, escolas e o próprio adolescente.

“Quando se pensa em enfrentamento às drogas é preciso, antes de tudo, dar bons exemplos, inclusive em casa”, argumenta a oficial. No caso do Proerd o nível de atividade preventiva é a primária – medidas educativas dirigidas a adolescentes que ainda não utilizam drogas.

E é justamente por trazer para a escola o debate sobre as drogas e envolver os pais que o Proerd vem obtendo êxito no que se propõe a fazer: afastar os jovens das drogas. Segundo uma pesquisa realizada com 395 ex-alunos do programa em Ipatinga e Coronel Fabriciano, 34% e 31%, respectivamente, afirmam que a partir das lições da PM aprenderam a resistir às pressões e fazer as próprias escolhas.

No entanto há limitações. Após a reformulação do Programa, em 2005, estavam previstas lições para os alunos da 6ª série do ensino fundamental – uma espécie de reforço para aqueles já passaram pelo Proerd, o que contribuiria para que mais jovens ficassem longe das drogas. No entanto, o número de instrutores é insuficiente para atender as duas séries.

Hoje, eles têm entre 15 e 16 anos. Muitos experimentaram algum tipo de droga – 20% usaram cigarro e outros 59%

O que é o Proerd O Proerd é a versão brasileira do programa Drug Abuse Resistence Education (Dare), implantado inicialmente nos Estados Unidos e desenvolvido em mais de 40 países. A iniciativa é considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos maiores programas de prevenção ao uso das drogas e contra a violência do mundo.

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Em Minas Gerais, a Polícia Militar investe nas escolas da rede de ensino interessadas em receber os militares. São 10 lições ministradas por militares capacitados para desenvolver as atividades em sala de aula com os estudantes. Hoje, 623 instrutores participam do programa em cerca de cinco mil escolas públicas e particulares, em 430 municípios de todas as regiões mineiras.

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TERCEIRA IDADE

Disposição para envelhecer Por Patrícia Benedicto

Não existe fórmula mágica: a solução é investir em exercícios físicos, alimentação adequada e no bem-estar social Enquanto uma pílula da juventude não é criada, a solução para envelhecer com saúde é investir na qualidade de vida. Aos 74 anos, Maria Moreira Martins Pereira, ou simplesmente Dona Piu, é um exemplo de disposição e dá inveja a muitos jovens. Antes das seis horas, ela já está acordada para fazer sua caminhada e praticar as aulas de tai-chi. “A única receita que existe é ter saúde e manter o corpo e a mente em atividade”, conta Dona Piu, casada há 53 anos, mãe de seis filhos e avó de cinco netos. Seu estilo de vida é o inverso daquele estereótipo da vovó. Pijamas e chinelos não fazem parte da rotina dessa senhora, que percorre os bairros e escolas de Ipatinga para ensinar bordado gratuitamente a pessoas carentes. O médico Cornélio Magalhães Júnior diz que a receita de Dona Piu está correta. “O corpo funciona como um todo. Quando o idoso faz algo para ocupar seu tempo, com certeza ele terá um envelhecimento muito mais prazeroso. Costumo dizer aos meus pacientes: órgão que não se usa, atrofia”, destaca. Ele, que também é coordenador do departamento de Atenção à Saúde do Idoso de Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, diz que não é interessante uma pessoa ter longevidade sem qualidade. “Não adianta uma pessoa viver mais de 80 anos, mas passando boa parte deles acamado”, afirma. Além do bordado, cuidar de plantas é outro hobby que Dona Piu não abre mão. São dezenas de espécies espalhadas pelo seu quintal. “Adoro cuidar das plantas, passo horas conversando e cuidando delas, não gosto de ficar sem fazer nada, sempre fui e vou continuar sendo uma pessoa ativa”, afirma. Netos, família, amigos: o contato com

pessoas e uma vida emocional ativa ajudam muito a envelhecer com qualidade. O idoso tem que ter projetos de vida, independente da idade. Pequenas atividades, um hobby, esporte ou uma simples visita a um filho devem fazer parte de sua rotina. Ficar parado pode se transformar num problema. A depressão atinge 15% das pessoas com mais de 60 anos. As causas variam e vão desde a saída dos filhos de casa a pessoas que se deprimem após se aposentarem. Até os 70 anos, 27% dos homens e 45% das mulheres têm pelo menos um episódio de depressão. “É muito importante que a saúde mental da pessoa idosa seja levada em consideração. Nessa fase da vida elas são muito propensas a apresentarem problemas de depressão”, diz o especialista. Para a viúva Leda de Assis Mendel, 56, o convívio com as pessoas de um grupo da terceira idade colaborou para que ela saísse do quadro de depressão. No mesmo ano ela perdeu o marido e um filho. “Quando comecei a participar tinha crises de ansiedade, na hora de fazer natação sentia dormências e não conseguia passar da beira da piscina, agora já vou até o fundo. A convivência com as pessoas aqui me ajudou muito, pois passo a maior parte do tempo sozinha”, afirma Leda.

ESPECIALIZAÇÃO Com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, multiplicam-se os serviços específicos para pessoas com mais de 60 anos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 19 milhões de brasileiros estão nessa faixa etária e cerca de 30% desse total XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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trabalha. Com base nessa nova realidade, agências de turismo passaram a organizar pacotes com programações segmentadas. “Hoje, praticamente todas as operadoras têm pacotes com serviços direcionados para esse público. O destino mais procurado é Caldas Novas. Os pacotes contam com guias especializados, e uma série de programas voltados para eles, como bailes e caminhadas”, revela Vanessa Ramalho, proprietária de uma agencia de turismo. Mas se o problema é o dinheiro, há opções para se divertir sem deixar sua cidade. Até quem não chegou, oficialmente, à terceira idade já aproveita para se integrar. Maria das Graças Gomide, 54, começou a freqüentar um movimento da terceira idade para acompanhar a mãe, e hoje não perde uma programação, que varia entre passeios turísticos na cidade e região a eventos culturais - teatro, canto, cinema.


Atividades físicas que podem ser realizadas por idosos Natação

É uma atividade indicada para todos os idosos e aumenta a capacidade cardiorrespiratória. Deve-se escolher o nado que permite maior conforto na sua execução.

Caminhada

Por ser um exercício aeróbico, de baixa intensidade e longa duração, a caminhada traz diversos benefícios à saúde.

Musculação

Os benefícios da musculação na saúde e na qualidade de vida dos idosos são valorosos, pois melhoram a função neurológica, aumentam a resistência e a força muscular localizada e os efeitos positivos no metabolismo energético. A musculação melhora o equilíbrio e a coordenação nas atividades de vida diária, favorece a socialização, melhora a auto-estima e autoconfiança, reduz a perda do tecido ósseo e muscular e, acima de tudo, promove alívio nos sintomas da depressão.

“Adoro cuidar das plantas, passo horas conversando e cuidando delas, não gosto de ficar sem fazer nada, sempre fui e vou continuar sendo uma pessoa ativa”

Ginástica Localizada

Sua prática orientada e regular proporciona à pessoa idosa uma melhora significativa do sistema cardiovascular, equilíbrio e melhor postura. É de fundamental importância que seja controlada a intensidade do exercício e sua freqüência semanal de duração.

Dança de Salão

Por ter grande aceitação social a dança de salão é muito praticada obedecendo a diferentes ritmos. Essa modalidade desenvolve a capacidade coordenativa, melhora a noção espaço-temporal, a capacidade motora, articular e cardiorrespiratória. Ela retarda o risco de osteoporose, reduz riscos de quedas, aumenta a força muscular, permitindo, assim, maior mobilidade e independência. A dança de salão possibilita envolvimentos amigáveis entre os idosos e a perpetuação das relações, através de diálogos, cooperação corporal e incentivos.

Dona Piu, 74 anos

Pilares da qualidade de vida FAZER EXERCÍCIO

Quem se exercita combate nove problemas comuns na velhice: doenças cardiovasculares, depressão, câncer, diabetes, pressão alta, arteriosclerose, impotência sexual, perda do sono e da memória

COMER BEM

Uma dieta rica em frutas, verduras, proteínas e grãos faz bem para tudo. Estudos mostram que, dependendo do que come, uma pessoa pode aparentar até 13 anos menos que sua idade real.

NÃO FUMAR

Sete em dez fumantes têm doenças na velhice. Depois de cinco anos de abstinência, o não-fumante corre o mesmo risco de sofrer um derrame que quem nunca colocou um cigarro na boca

CABEÇA ATIVA

Usar para não faltar é a receita de combate à atrofia dos neurônios. Ler, jogar xadrez e desenvolver múltiplas habilidades conservam a memória e o pleno funcionamento do cérebro. XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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ANIVERSÁRIO

50 anos de Rotary no Vale do Aço Instalação do Rotary Clube de Coronel Fabriciano, em 1959, contribuiu para o desenvolvimento social e econômico da região e também deixou sua marca na história do ensino superior brasileiro

Em março de 2009, o primeiro grupo rotariano do Vale do Aço mineiro completará 50 anos. Foi no dia 21 de março de 1959 que trinta e duas pessoas de Coronel Fabriciano, cidade a 196 quilômetros de Belo Horizonte, participaram da instalação provisória do Rotary Club de Coronel Fabriciano-Acesita, que incluía moradores de Timóteo e Ipatinga, então distritos de Coronel Fabriciano.

Rotary Club de Governador Valadares, localizada a 100 quilômetros. Em sua dissertação de mestrado “Rotary Club: Poder Invisível na Terra Prometida”, o rotariano Renato Santos Lacerda revela, a partir de entrevistas com os fundadores, a dificuldade em se instalar uma unidade no Vale do Aço.

O surgimento do Rotary Club no Vale do Aço está estreitamente ligado à expansão industrial verificada nas décadas de 40 e 50, com a instalação da Acesita (Aços Especiais Itabira), em Timóteo, e da Usiminas (Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais), em Ipatinga. Em apenas uma década, a população da cidade aumentou nada menos que 585%.

Uma das exigências era que a comunidade apresentasse desenvolvimento, estruturação econômica e política. Bem, era previsível que isso aconteceria com a região, mas não era um fato naquela época. O outro problema estava relacionado às regras para a composição dos sócios do clube:

O desenvolvimento industrial e populacional do município e seus dois proeminentes distritos chamou a atenção do XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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as pessoas deveriam ser realmente importantes e ocuparem destaque na comunidade.

Homenagem

“Há que se ressaltar ainda a necessidade de se cumprir a filosofia básica do Rotary, que determina que o clube, sendo composto por profissionais liberais, donos, gerentes de comércio, bancários, dirigentes de indústria ou de outras instituições, deveria representar um corte transversal da comunidade”, escreve Renato. Só que 70% dos convidados trabalhavam nas companhias siderúrgicas Belgo Mineira ou Acesita. A idéia dos rotarianos Hermírio Gomes, Antônio Rodrigues Coelho, ambos de Governador Valadares, e do americano R.P. Simpson só não falhou por causa da interferência desse engenheiro norte-americano junto às instâncias superiores do Rotary Club. Depois da instalação provisória, em março, e da primeira reunião, em abril, a Carta Constitutiva de admissão foi assinada em 12 de abril de 1959 e entregue em 4 de julho. Em princípio, o trabalho concentrou-se em explicar aos sócios o que era Rotary Club. Mas não demorou para que os reflexos na atuação do clube fossem percebidos em toda a comunidade. Um benefício foi a integração de pessoas de diferentes origens – apenas dois sócios eram provenientes do próprio Vale do Aço. A comunidade em geral também sentiu as melhorias.

José Avelino Barbosa, 87 anos Morador de Coronel Fabriciano desde 1925, ele é o único fundador do Rotary Club do município em atividade. Comerciante, Avelino presidiu o Club em 1972/73. Na fotografia abaixo, o registro da entrega da carta constitutiva. À esquerda, o presidente Rubem Siqueira Maia recebe o documento do Governador do Distrito 458, Antônio Pereira de Souza.

Em 1984, o advogado Geraldo Perlingeiro de Abreu, um dos sócio-fundadores do Rotary Club de Coronel Fabriciano, elencou uma série de conquistas provenientes de intervenção dos rotarianos. Ele citou o asfaltamento da BR-381, que liga Belo Horizonte ao Vale do Aço, a instalação da companhia telefônica na cidade, as construção de escolas (como o Colégio Técnico de Metalurgia), hotéis e cinemas, permitindo um desenvolvimento integral daquela comunidade. “A atuação rotária a favor do ensino não se limitou ao ensino primário e secundário, mas também ao Ensino Superior”, relata Renato Lacerda. “O rotariano Geraldo Perlingeiro Abreu foi quem teve iniciativas nesse âmbito de ensino. Ele escrevia artigos defendendo que o Governo Federal deveria financiar Ensino Superior para alunos que prestam vestibular em universidades particulares e que não tinham meios para custeá-las”, completa. Perlingeiro fez um estudo para Companhia Vale do Rio Doce, que depois foi implantado pelo Governo Federal. “Nasceu no seio do nosso Rotary o debate da sugestão que gerou a aprovação de Bolsas de Estudos da Companhia Vale do Rio Doce e da Caixa Econômica Federal”, escreveu o advogado em ‘O que você conhece do Rotary?” Os exemplos e a história do Rotary Club de Coronel Fabriciano demonstram que esses pioneiros foram peças fundamentais no desenvolvimento social e econômico do Vale do Aço, hoje uma região com quase 800 mil habitantes, um Produto Interno Bruto de R$ 12 bilhões e destaque nacional em qualidade de vida e desenvolvimento humano.

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“A história de Coronel Fabriciano é marcada pela atuação do Rotary Club. As contribuições para o desenvolvimento da cidade e da região foram várias, mas destaco duas. Primeiro a vinda da companhia telefônica, cujo primeiro presidente foi um rotariano, meu pai Narciso Drummond Tôrres. Em segundo, destaco a vinda de outros clubes. Inicialmente o Rotary de Fabriciano era junto a Acesita. Dele surgiram os Rotary Club de Ipatinga, Acesita e o Fabriciano-Norte”

“A presença do Rotary Club possibilitou a integração da comunidade da região. Naquela época a integração era muito difícil, a comunicação era muito difícil, e através de nossas reuniões e ações conseguimos aproximar entre os diferentes segmentos. Até a expressão Vale do Aço foi cunhada pelo rotariano Carlos Cotta em parceria com o jornalista Carioca (José Rodrigues do Amaral).” Paulo Procópio S.M. Neto, Membro do Rotary Clube de Coronel Fabriciano desde 1962

Rinaldo de Morais Torres, Presidente do Rotary Clube de Coronel Fabriciano

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SAÚDE

Saúde longe dos hospitais Por Patrícia Benedicto

Incentivo à alimentação adequada e à prática de exercícios ajuda a reduzir custos com medicamentos Em 2008, o governo brasileiro deverá gastar quase R$ 49 bilhões com a saúde. Apesar do número polpudo, os brasileiros ainda têm cerca de 40% de sua renda familiar comprometidas com a saúde, conforme pesquisa do Ministério da Saúde. Grande parte dos recursos públicos é destinada à compra de remédios, manutenção de unidades de saúde, pagamento de profissionais, enfim, ações para ‘remediar’ os problemas. “O Ministério da Saúde não deveria se chamar Ministério da Saúde e sim Ministério da Doença”, brincou Nuno Cobra, palestrante que ganhou fama como preparador físico do piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna, em recente evento. Destinada a empresários, sua apresentação buscava demonstrar como os trabalhadores teriam um melhor desempenho se estivessem bem fisicamente e mentalmente. Não é necessário ser nutricionista para ter uma alimentação equilibrada, nem esportista profissional para ter uma boa capacidade física. Adotar um estilo de vida saudável depende de dedicação e alteração da nossa rotina. Diversas patologias clínicas podem ser amenizadas apenas com a mudança de hábitos, sem a necessidade de utilizar medicamentos que, em alguns casos, podem fazer mais mal do que bem. Estresse, obesidade, hipertensão, diabetes e depressão são doenças que, em diversos casos, podem ser aliviadas apenas com atividades físicas e alimentação balanceada. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 40% das mortes registradas no País ocorrem por causa das chamadas doenças não transmissíveis, como infarto, derrame cerebral, enfisema, câncer e diabetes, custando cerca de R$ 11 bilhões por ano em consultas, internações e cirurgias. Ainda de acordo com o Ministério de Saúde, essas doenças, em grande parte, podem ser evitadas, com uma simples mudança de hábito. Por isso, investir em projetos que estimulem a população a adotar modos de vida diferente, com ênfase na atividade física, na reeducação alimentar e no controle do tabagismo, é uma forma de prevenção e alternativa ao uso regular desnecessário de remédios. “Os profissionais de saúde deveriam incentivar alternativas à medicação. Claro que existem doenças em que eles são imprescindíveis, mas aliado a uma alimentação balanceada e XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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à prática regular de exercícios, o consumo de remédios poderia ser bastante reduzido”, afirma a Adalgisa Soares Souza, profissional de Educação Física.

Dicas de alimentação

Entre os principais distúrbios clínicos, ela cita a obesidade. Segundo pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), 609 mil adultos - o equivalente a 0,64% da população brasileira - têm excesso de peso extremo, resultado de uma dieta com abundância de calorias e gorduras, associada a pouca atividade física. “A obesidade é responsável por uma série de distúrbios clínicos - diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, doenças osteosticulares, diversos tipos de câncer, etc, e pode ser combatida com atividade física e uma reeducação alimentar”, destaca.

Fracionar a alimentação em cinco ou seis refeições diárias; Aumentar o consumo de frutas, ingerindo de 3 a 5 frutas/dia; Aumentar o consumo de vegetais no almoço, lanches e/ou jantar; Consumir mais alimentos integrais, ricos em fibras, pois essas ajudam a regularizar o trânsito intestinal, melhoram os níveis de colesterol, triglicérides e glicose no sangue;

A obesidade em todas as idades desencadeia uma série de doenças que estão entre as que mais matam no Brasil como problemas no coração, diabetes, câncer de intestino, artrite, além de atacar outros órgãos como pulmão e vesícula. Estudo do Ministério da Saúde aponta que entre 212 mil e 260 mil mortes poderiam ser evitadas com uma alimentação adequada.

Diminuir o consumo exagerado de gorduras e alimentos açucarados; Diminuir o consumo de alimentos industrializados ricos em gorduras trans;

De acordo com a nutricionista Maria Amélia Alvarenga, a diabetes tipo II, que costuma se manifestar por volta dos 50 anos, acomete geralmente pessoas acima do peso. “Na fase inicial ela pode ser tratada sem uso de remédio, apenas com uma dieta balanceada. A prática de exercícios também é indicada porque faz com que os músculos consumam a glicose”, destaca a nutricionista.

Preferir sucos naturais ao invés de refrigerantes e sucos de pacote artificiais Usar com moderação as bebidas alcoólicas.

A mudança das políticas públicas, claro, demanda tempo. Somente em 1992 a Organização Mundial de Saúde reconheceu o sedentarismo como um mal em si. Até então, ele era apenas um fator que contribuía para doenças como obesidade, diabete, colesterol alto e hipertensão. Quando a falta de exercício físico foi analisada de forma independente, percebeu-se que ela figurava entre os piores flagelos da humanidade. Em 1995, um estudo feito com mais de 20 mil pessoas mostrou que um obeso que faz exercícios tem uma expectativa de vida maior do que um sedentário com o peso correto. Em seguida, cientistas mostraram que indivíduos com problema de excesso de colesterol, com diabete ou com hipertensão que são ativos morrem menos do que sedentários que não possuem nenhum desses males. Infelizmente, comprar ambulância e construir postos de saúde dá votos. Programas de ginástica e orientação nutricional, nem tantos. XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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SICEPOT-MG 40 anOS. UMa hISTórIa ESCrITa POr MUITaS MãOS. O SICEPOT-MG está completando 40 anos e, para chegar até aqui, venceu grandes desafios. Com muita luta e trabalho, obteve conquistas e se afirmou como uma entidade de classe que ultrapassa sua função representativa. Tudo isso foi possível com o apoio das empresas associadas. Foi com elas que o SICEPOT-MG consolidou a imagem de um setor que hoje contribui efetivamente na construção do País. Sicepot-MG. 40 anos à frente.

Para comemorar seus 40 anos, o SICEPOT-MG está revitalizando o Parque JK, adotado pela entidade há 10 anos: novos canteiros, reformas da pista e da área de lazer, nova sinalização e mais brinquedos. A praça vai ganhar mais beleza, e a comunidade, um espaço renovado para a prática de esportes e lazer.

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RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS

Responsabilidade Social e Sustentabilidade na Construção Pesada O Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais – SICEPOT-MG – é a entidade que reúne e representa as empresas do setor de infra-estrutura no estado. Em 2008, ao completar 40 anos de fundação, adotou como um dos pilares de comemoração a visão de um país cujo futuro se constrói amparado na sustentabilidade de seus recursos e na busca de uma sociedade mais justa. Percebemos, cada dia mais, que, por sua importância econômica e social e capacidade geração de emprego e renda, o segmento da construção em Minas Gerais apresenta grande potencial na disseminação da Responsabilidade Social Empresarial. As empresas observam que investir em relações socialmente responsáveis com seus públicos – empregados, comunidade, acionistas, poder público, fornecedores e clientes – possibilita vantagens e resultados favoráveis nos negócios, além de ser um importante fortalecedor de vínculos. O SICEPOT-MG incorporou em sua estrutura, desde 1995, o Núcleo Construção e Cidadania, que coordena, planeja e executa as ações de responsabilidade social do sindicato. As suas ações se amparam em quatro grandes programas: Cultural, Educacional, Solidário (com ações de voluntariado) e Bem Viver, este último de cuidados com o meio ambiente e qualidade de vida. Tendo como principais objetivos implementar práticas de responsabilidade social e apoiar as iniciativas das empresas associadas, o Núcleo é responsável

por ações de grande alcance como cursos profissionalizantes, a adoção do Parque JK, implantação de bibliotecas em comunidades carentes, campanhas de solidariedade e ações de incentivo à cultura. Busca também envolver funcionários do próprio sindicato e de empresas associadas ao voluntariado, em programas e campanhas de solidariedade. Outro passo importante que demos nesta gestão, em especial neste ano em que comemoramos 40 anos, foi o lançamento da cartilha Responsabilidade Social na Construção Pesada. Essa publicação pretende, de forma simples, sugerir caminhos para que um número crescente de empresas de nosso setor XXXI INSTITUTO ROTARY DO BRASIL

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assuma uma postura de comprometimento social e se insiram nas práticas de responsabilidade, alinhadas às estratégias de seus negócios. A atual diretoria de nossa entidade e, tenho certeza, as que nos sucederão, vem fazendo esforços para que as empresas da construção pesada mineira se tornem protagonistas da construção da cidadania e bem-estar da população, juntando-se aos esforços de governos, sociedade e empresas que estabeleceram um compromisso com a sustentabilidade do planeta. Marcus Vinícius Salum Presidente do SICEPOT-MG


RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS

Em busca do bem comum por Nilton Carlos Chieppe Presidente do Grupo Águia Branca

A responsabilidade social se apresenta como um tema cada vez mais importante no comportamento das organizações, exercendo impactos nos objetivos, nas estratégias e no próprio significado das companhias. Uma empresa preocupada em desenvolver ações de responsabilidade social precisa, antes de tudo, estar com olhos e ouvidos bem atentos à sua própria equipe. Muitas vezes é nesse meio que surgem os mais interessantes e bem-sucedidos projetos – que podem contribuir imensamente para o bem-estar da comunidade local e distribuir ações positivas em outros setores da organização. Um exemplo disso é a gincana social dos funcionários do Grupo Águia Branca, a AmiGAB, que ao completar 10 anos mostra-se cada vez mais fortalecida dentro da empresa. Criado pelos próprios colaboradores, este é atualmente o principal programa social corporativo no grupo, e além de incentivar as ações voluntárias entre os funcionários, também se transformou em uma importante

ferramenta de integração da equipe, melhorando as relações interpessoais e aprimorando permanentemente o ambiente de trabalho. Somente nesta 11ª edição, que será encerrada no mês de outubro, mais de 2.600 crianças e jovens até 17 anos de 23 entidades amigas serão beneficiados. Em 2007, as três equipes envolvidas recolheram 31 toneladas de alimentos, 17.363 peças de roupas e calçados, 5.647 brinquedos, 8.180 itens de material de higiene e 9.137 vidros para bancos de leite, além de mutirões, eventos recreativos e campanhas para doação de sangue. A AmiGAB envolve tarefas como recolhimento de alimentos, materiais de higiene, materiais de limpeza, kit escolar, brinquedos, móveis e equipamentos. Já as ações de voluntariado incluem treinamento sobre empreendedorismo, realização de mutirões, organização de eventos, consultoria e ações que promovam a saúde bucal. Os participantes são divididos em três equipes, formadas a partir do agrupa-

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mento das empresas de cada unidade de negócio. Um grupo integra as empresas da Unidade Passageiros (Viação Águia Branca, Viação Salutaris e Turismo e Companhia Viação Sulbaiano – Sulba); a outra equipe é formada por funcionários da Unidade Logística (Autoport Transportes e Vix Logística); e a terceira equipe une os colaboradores da holding do grupo (Águia Branca Participações) e da Unidade Comércio (Kurumá Veículos, Vitória Motors, Linhares Diesel, Vitória Diesel, Savana Comércio de Veículos e Vitória Motors). Este ano as equipes também desenvolveram pela primeira vez ações voltadas para as áreas de gestão, inclusão digital e meio ambiente, mostrando que, além de tudo, nossos colaboradores também estão antenados com as mais atuais demandas da sociedade. O Grupo Águia Branca apóia e incentiva ações socialmente responsáveis e considera imprescindível a inserção social das empresas. Para o grupo, isso é fundamental para a sustentabilidade das gerações atuais e futuras.


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