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Imagem 14. Planta da Fortaleza da cidade do Pará

De qualquer modo, destaca-se o desenho pela sua composição. Verifica-se o baluarte que evidencia o alinhamento com a fortificação à moderna. Note-se a presença do traçado francês, como, por exemplo, a tenalha característica do tratado de Vauban, conforme destacamos anteriormente. As características do sistema de fortificação à moderna aparecem em outras plantas de fortificação no Pará. O baluarte, por exemplo, que foi o principal elemento de mudança do sistema defensivo na Europa, já estava presente na planta antiga da fortaleza de Belém e, em 1696, uma proposta de reforma inclui no projeto a construção de mais dois baluartes. Assim como a planta anterior, não há registro de autoria, o que dificulta afirmar que se tratava de um desenho de José Velho de Azevedo, embora a data da planta coincida com o tempo do engenheiro na capitania. No catálogo das Iconografias do AHU, também não há referência sobre o documento escrito, somente a planta, conforme se vê na próxima imagem.

Imagem 14. Planta da Fortaleza da cidade do Pará.439

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439 “Planta da fortaleza da cidade do Pará: em a qual o penejado mostra a obra antigua e toda aroinada”. ca.1696. Coleção Cartográfica e Iconográfica Manuscrita do Arquivo Histórico Ultramarino.

D. 0792.

Trata-se de uma planta justaposta sobre a antiga. As linhas desenhadas sobre o projeto antigo incluem mais dois baluartes, indicados como G e H que, na percepção do engenheiro, tornariam a praça mais defensável. Era uma prática recorrente aprimorar o projeto conforme o conhecimento de defesa constituído a partir das técnicas modernas de construção. Nas informações da planta, lê-se “o risco delgado a obra que se propôs se lhe podia fazer para que ficasse com melhores defensas inda que curtas por causa do terreno e edifícios da praça”. A solução apresentada é que se “fizesse e que se acomodasse um Baluarte inteiro onde se mostra Baluarte G da mesma sorte que no Baluarte oposto H quase se mostra acomodado com o risco mais grosso, e toda a planta com melhor forma ficando as muralhas velhas que são de terra servindo de terraplano”.440

A dissociação entre os desenhos e o documento escrito dificultam a atribuição de autoria das duas últimas plantas citadas atrás a José Velho de Azevedo. Por outro lado, seu trabalho como engenheiro na capitania do Pará aparece em diversas cartas. Em consulta de 1691, por exemplo, consta que ele foi responsável pela construção de duas casas fortes no rio das Amazonas “Nossa Senhora do Bom Sucesso do Paru e a outra Jesus Maria José do Rio Negro”.441

Em 1697, a fortaleza de Paru foi invadida pelos franceses, como se informava numa carta da câmara de Belém. Estes destruíram parte da fortaleza que, por essa razão, estava com “falta de mantimentos, como de defesa, gente, armas e mais petrechos para a guerra”.442 A falta de gente no Estado e de soldados para guarnecer as fortalezas era um grande problema na percepção de José Velho de Azevedo, que chegou a sugerir a vinda de pessoas de Pernambuco. Em 1695, a fortaleza de Cumaú também havia sido reformada por Velho de Azevedo.443

É do período em que José Velho de Azevedo ocupava o posto de engenheiro a primeira obra do armazém da pólvora da cidade de Belém. Em carta,

440 Idem. 441 Consulta do Conselho Ultramarino para o Rei. 7 Lisboa 7 de fevereiro de 1691. AHU, Avulsos do Pará, Cx. 4, D. 337. 442 Carta dos oficiais da câmara da cidade de Belém do Pará ao rei. Belém do Pará, 24 de julho de 1697. AHU, Avulsos do Pará, Cx. 4; D.338. 443 Carta do governador Gomes Freire de Andrade para o rei. 14 de novembro de 1695. AHU,

Avulsos do Pará, Cx. 4; D. 329.

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