3 minute read
Imagem 16. Mapa de defesa da Barra e Cidade do Grão-Pará
compreensão do governador, somente um cosmógrafo ou engenheiro poderia fazer e corrigir os erros. Na tentativa de resolver o imbróglio, consta nos documentos que João da Maia da Gama pediu ao capitão-mor José Velho de Azevedo que tirasse a planta da barra e cidade do Pará, o que ele fez. Dessa confusão foi produzido um mapa em 1724 em que se demonstram “as defensas da Barra e Cidade do Grão-Pará”, conforme se vê na imagem seguinte.
Imagem 16. Mapa de defesa da Barra e Cidade do Grão-Pará.451
Advertisement
451 “Mapa em que se mostram as defenças da Barra e Cidade do Gram Parâ, e a obra que se intenta fazer na reedificação do fortim da ditta barra: q. fica na Ilha fronteyra á Fortaleza Redonda della, aqual Ilha não tem fundato sólido; e se vê na planta próxima acima na qual o risco pretto mostra a obra antiga e aruinada, e o de pontinhos a que propõem”, 1724. Coleção Cartográfica e
Iconográfica Manuscrita do Arquivo Histórico Ultramarino.
Nesse mapa de José Velho de Azevedo, de 1724, apresenta-se todo o sistema defensivo da cidade de Belém. Na composição tem-se a Fortaleza de Belém (Forte do Castelo do senhor Santo Cristo do Presépio de Belém), o baluarte Nossa Senhora das Mercês, o baluarte de Santo Antônio, e as Ilhas fortificadas na Baía do Guajará, a fortaleza da Barra (Nossa Senhora das Mercês da Barra de Belém) passando Val de Cães e a Ilha do Fortim assinalado defronte da Barra.
Ressalta-se no documento que o terreno da Fortaleza de Belém “pela parte do mar lhe bate a maré cheia como se vê das plantas do rio, e Barra e pala da terra é alto como se demonstra na planta”. Na carta de João da Maia da Gama, destaca-se como “o mais importante a ponderar é a vizinhança do colégio, uma grande igreja de pedra e cal que fica quase cavaleira ao mesmo forte e a parede da cerca pouco mais de 100 palmos”. Na interpretação do governador, “foi grande erro, e ignorância de quem deixou fundar o colégio e ultimamente fazer a dita igreja”. Consta ainda que da Fortaleza de Belém até o fortim de Santo Antônio a estrutura é de madeira, a maré derruba com facilidade.452
Se observamos o detalhe destacado do mapa, verifica-se que o desenho da Fortaleza de Belém está traçado com quatro baluartes, exatamente o formato proposto no desenho em 1696, referido anteriormente. Do mesmo modo, a fortaleza da Barra, no conjunto defensivo, é apresentada em formato arredondado tal como a planta de 1696, de José Velho de Azevedo, também demonstrado anteriormente. Isso significa que, em 1724, o Mapa de Defesa da Barra e cidade do Grão-Pará integra composição de reformas realizadas no final do século XVII. Além disso, revela que os engenheiros atuaram na formatação de um traçado defensivo que definiu, em grande parte, o núcleo urbano de Belém.
Por outro lado, essa composição agrega elementos de um saber moderno sobre engenharia e arquitetura militar e um conhecimento igualmente importante adquirido na experiência de construção na Amazônia, por exemplo, o regime das marés, regularidades das chuvas e os caminhos dos rios. A construção do fortim na ilha fronteira à Fortaleza da Barra, representada no mapa, foi feita porque o canal que permitia a entrada dos navios passava muito mais próximo à ilha. Por essa razão, era considerada tão importante para o sistema defensivo do Pará. Em 1724, ocasião em o fortim da ilha se encontrava
452 Carta do governador João da Maia da Gama ao Rei. AHU, cx.8, D. 726.