1 A arte na floresta
BELEZA ESCONDIDA Uma aproximação à fotografia de animais em natureza
Sumario Apresentação Capítulo I. Primeiros passos atrás dos Bichos Capítulo II. Fotografia e equipamento fotográfico
3 A arte na floresta
Apresentação Esperamos que a presente apostila sirva para difundir algumas ferramentas e conhecimentos provados, como sustento teórico da oficina que leva o mesmo nome, Beleza Escondida. Antes do primeiro passo, achamos importante expressar e justificar qual é nosso interesse na hora de começar a andar com a câmera fotográfica pronta. A beleza estética dos insetos e a sua diversidade são o foco principal da oficina Beleza Escondida. A coisa parece simples, você pega uma câmera fotográfica compacta automática, uma câmera profissional ou um simples celular. Olha pelo visor da câmera ou confere na telinha se o bicho aparece, aponta, dispara e pronto. O registro fotográfico de uma joaninha, borboleta ou gafanhoto está feito. Logo, observamos como ficou no próprio celular, no computador ou inclusive num papel fotográfico e notamos que não está tão mal, mas poderia estar bem melhor.
O arsenal de informações expressadas neste escrito não é grande segredo realmente, são noções básicas e fundamentais para dar os primeiros passos com uma câmera de fotos na mão, no encontro com os bichos. Tarefa cumprida será se o participante desta oficina correr atrás de mais e profundos conhecimentos com relação aos temas referidos. Com a câmera pronta iremos em busca de belas fotos da natureza, mas esta é fonte de uma diversidade tão ampla que faremos foco no reino animal, e mais especificamente em pequenos seres que, devido a seu mínimo tamanho ou por caraterísticas próprias da espécie, escapam a nosso olhar mais desprevenido. Foto não significa outra coisa que luz, essa então será a ferramenta para gerar imagens dos bichos, tirando-os das sombras. Tentaremos revelar, expor, perceber um universo jogando-lhe luz. Se você acha que deveria se deslocar muito longe para conseguir boas fotos de bichos, ir para um 4 A arte na floresta
safari na África, se internar na floresta amazônica, em matas ou reservas, não está errado, mas não menos verdade é que o universo dos bichos é tão grande que geralmente teremos muitas espécies mais perto do que imaginamos. Vale a pena explorar nosso próprio quintal ou o da escola, visitar uma praça no bairro, um parque ecológico ou um verdinho qualquer..
CAPITULO I. Primeiros passos atrás dos Bichos Quando observamos um inseto, estamos frente a um representante do grupo animal que domina nosso planeta, graças a sua diversidade de formas e capacidade de adaptação. Os insetos conformam um grupo de animais indispensável à manutenção da vida na Terra. Eles têm uma enorme importância e uma estética particular. Conhecer a natureza abre a porta para poder admirá-la, respeita-la e preservá-la. A biodiversidade é definida como a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo até os complexos ecológicos de que fazem parte. Um fundamento para a preservação das espécies vegetais e animais é o conhecimento da biodiversidade. Só compreender que a vida significa relação e interdependência entre os seres, permitirá propiciar condições de preservação. Isso significa que o desenvolvimento das atividades humanas nunca deve solapar a biodiversidade e o mantimento essencial da vida, ou seja, as condições que a possibilitam. Por conseguinte, a única maneira de auspiciar um desenvolvimento é se este for sustentável, o seja, preservando as condições de vida essenciais, sendo assim, torna-se vital desenvolver métodos e ações eficazes para a conservação da biodiversidade. É clara então a relação direta entre biodiversidade e desenvolvimento sustentável. Entre os fatores que afetam diretamente a biodiversidade, a mais importante ameaça provavelmente seja a perda e degradação de hábitats. Fatores como a superexploração e a poluição são de grande impacto nesse prejuízo. Se existe um grupo animal, por demais demonstrativo que ilustra a biodiversidade, esse é o dos insetos. O mais diverso grupo de organismos no planeta. O número de espécies, a diversidade de adaptações, a sua biomassa e o impacto ecológico 5 A arte na floresta
são únicos. Estima-se em quase um milhão o número de espécies descritas e muito maior o número estimado de espécies por conhecer. Além do número de espécies existe também uma outra maneira de se medir a diversidade do grupo, que é através da diversidade de formas e estruturas. Nos insetos, várias estruturas se apresentam com formas inteiramente diversas nas diferentes ordens, permitindo a adaptação deste grupo a vários ambientes. A dominância ecológica dos insetos em relação aos outros grupos de animais terrestres também deve ser mencionada. Se todos os vertebrados da terra fossem removidos, os ecossistemas continuariam a funcionar, entretanto, isto não aconteceria sem os insetos, pois a sobrevivência dos diferentes ecossistemas é dependente das inúmeras funções desempenhadas pelos insetos, dentre as quais podemos citar: a reciclagem de matéria orgânica, a polinização assegurando a sobrevivência de inúmeras espécies vegetais e ainda como fonte alimentar para uma série de outros animais. Além disso, os insetos ocupam todos os ambientes, mas é o ambiente terrestre que os insetos verdadeiramente dominam. Quem se inicia na tarefa de fotografar bichos terá uma série de dificuldades, mais cedo que tarde. Esses contratempos vão desde a dificuldade para achar bichos, problemas para focar os insetos por seu movimento constante ou pelo curto campo de focagem das lentes macro, os fundos confusos, a necessidade de compor rapidamente até a luz inadequada. Para resolver essa série de adversidades, teremos que desenvolver outra quantidade de aptidões e atitudes. Tal vez, o requisito primordial seja o cultivo da paciência, virtude que ajudará a combater a ansiedade que significa querer fotografar seres que talvez nem conseguiremos achar rapidamente. Entre as cinco e as nove horas da manhã, normalmente os insetos estão dormindo devido às baixas temperaturas permitindo franca aproximação. É preciso fotografar com celeridade porque o orvalho desaparece rapidamente, levando o frio consigo junto ao sossego dos bichinhos. As melhores horas do dia para realizar fotografia de insetos são as primeiras horas da manhã, talvez 6 A arte na floresta
com necessidade de utilizar luz artificial. Entre as 9 e as 12 da manhã, as borboletas e abelhas aproveitarão que as flores enchem de néctar. Quanto mais perto do meio-dia o excesso de luz impõe a dificuldade de sombras duras e profundas. No entanto, uma vez que encontremos insetos no seu habitat natural, a paciência deve ser sustentada. Achá-los é só o primeiro passo no caminho. Não devemos nos precipitar sobre eles, pois os movimentos bruscos muito provavelmente os assustem e só veremos eles fugirem, voando, pulando ou inclusive “se fazendo de mortos”, um recurso defensivo habitual em alguns insetos. Sendo assim, é recomendável avançar e deslocar-se lentamente e com muita calma. De um modo geral, os insetos não enxergam imagens com precisão, porém, eles compensam esse déficit com uma grande sensibilidade ao movimento, daí, a suavidade recomendada em nossos movimentos, principalmente se pretendemos chegar perto dos insetos mais ariscos. Já estamos bem pertinho de... uma borboleta! Oh não, é um exemplar muito velho com as assas descoloridas e rasgadas, provavelmente haja outras mais cativantes. Agora sim, visualizamos uma joaninha branca com manchinhas pretas, esta parece que vale a pena! Mas segure a sua paciência, devemos esperar que o bicho se posicione da melhor forma, geralmente precisamos que ele pare de andar ou voar para poder fotografa-lo. Um bicho extraordinário frente a nós não é garantia de uma boa fotografia, se não contamos com uma mínima perícia da técnica de fotografar, um juízo estético e um conhecimento adequado da vida natural que pretendemos retratar. Para ilustrar a ideia do parágrafo anterior, vamos tomar como exemplo o inseto louva-a-deus, ele é um bicho predador e a posição em que ele fica em repouso ou na espera de seus potenciais prezas (borboletas, grilos, moscas, etc.) já é digno de fotografar. Posição que justifica o nome dado a ele, já que aparenta estar rezando. Este inseto pode estar em condições ótimas para uma foto, mas se ele estiver num contexto que não ajuda a criar harmonia na composição fotográfica, um fundo poluído, excesso ou falta de luz, serão fatores contrários para uma boa fotografia. Deveremos resolver tudo aquilo, na 7 A arte na floresta
medida de nossas possibilidades. Teremos que aguardar alguma mudança no posicionamento do bicho ou, por que não, nos movimentar. Quer dizer que será o fotógrafo quem tal vez possa gerar uma melhor composição na foto, seja rotando em volta do objetivo, variar o enquadre, experimentando os ângulos e alturas até começar a disparar as fotos. Nessa experimentação é que podem surgir magníficas imagens que não sempre previmos. E enquanto a achar o bicho? Podemos dar de cara no inseto ou saber decifrar os sinais. Por exemplo, achar assas de borboleta no pé de uma planta pode ser indício de um louva-a-deus por perto. Eles comem o corpo da borboleta, mas não as asas, deixando-as cair.
Se ainda guardamos um pouco de paciência, agreguemos humildade e tolerância na espera de melhores resultados. Evidentemente, esses ingredientes servirão e de muito na abordagem se são acompanhados de uma autoexigência que nos leve a conhecer mais profundamente de fotografia e natureza. A macrofotografia, aquela especialidade que outorga as melhores ferramentas técnicas para nos aproximar dos bichos e retratá-los, não alcança seu auge se as noções do fotógrafo não combinam conhecimento e domínio da técnica fotográfica, conhecimento de aspectos biológicos de campo e critérios estéticos desenvolvidos. Assim, teremos maiores possibilidades de obter imagens que não sejam só banais testemunhas de vida, senão imagens expressivas e estímulos emocionais e de goze estético. 8 A arte na floresta
Não devemos esquecer que este tipo de fotografia, entre outras coisas pode causar surpresa, já que normalmente revelamos um mundo vedado e despercebido ao olhar cotidiano. Mas a surpresa sozinha não alcança para comover se não vem acompanhada de uma força expressiva, algo para comunicar. Nessa comunicação importará “o que”, mas também “o como”, e isto último fará o diferencial de uma boa foto. Uma imagem poder contar um momento, deixar em evidencia detalhes interessantes. Aqui vão só alguns exemplos de situações fascinantes que vale a pena registrar com a câmera fotográfica: a polinização de flores feita por uma borboleta ou abelha, uma formiga carregando uma folha, uma aranha envolvendo na teia uma presa que servirá de reserva de alimento, o acasalamento das borboletas, um louva-a-deus caçando a sua presa, uma cigarra deixando a “casca”, uma lagarta construindo sua crisálida e a maravilha de ver e fotografar a borboleta saindo dela. Muitas espécies de insetos possuem um recurso que lhes favorece na luta pela vida. Tal o caso do bicho pau, que graças ao mimetismo consegue passar despercebido para seus potenciais predadores. Esse recurso também beneficia alguns predadores para atacar sem ser descoberto pela presa, é o caso de o louva-a-deus, quem consegue se confundir com folhas e flores, se posicionando para atacar na hora certa em que um bichinho incauto se aproxime a ele. Um fenómeno emparentado ao mimetismo é o mimecrismo, significa a capacidade já não de se integrar ao substrato de vida para confundir-se com ele, senão aparentar ser outro bicho que não é ou parte de outro bicho. Famoso o caso das cobras corais falsas, que com suas cores adquirem a imagem da coral peçonhenta, nos insetos, existem moscas que aparentam ser abelhas, ou as asas de certas borboletas que aparentam ser olhos de coruja. Recurso ideal para enganar e intimidar com armas que em verdade não possuem. Nem todos os insetos fugirão apenas com nossa presença, tais são os casos de percevejos, bichos pau, lagartas ou formigas. Não significa que todos eles fiquem quietinhos, muitos deles não têm a intensão de fugir, mas estão numa constante movimentação. É o caso de libélulas e dentro do aparente caos de 9 A arte na floresta
movimentos tentaremos reconhecer algum tipo de regularidade. Esse inseto muitas vezes vai e volta a um ponto específico como uma folha ou galho. Reconhecer esse trajeto nos permite ficar com a câmera pronta apontando no local, e determinando as melhores composições, enquadres e verificando que exposição será a mais adequada. Quando observamos uma fotografia de um bicho com cores e formas cativantes, podemos desfrutar com um mais além da imagem. Estamos frente a uma história de evolução e adaptação bem-sucedida. Mimetismo e mimecrismo são dos fenômenos que bem podem enganar os bichos como ao fotógrafo, na tarefa de buscar animais. Assim que, muita atenção no que observa! A camuflagem pode ser uma dificuldade para achar e fotografar um inseto, inclusive muitos que não são nada pequenos. Devemos ter um pouco de paciência para acha-lo e seguir uma lógica na perseguição. Um exemplo, sabemos que o louva-a-deus é um bicho predador, por tanto que seus alimentos são outros pequenos insetos, quando não, da mesma espécie. Se identificarmos umas plantas com flores onde costumam chegar borboletas para sugar seu néctar, haverá boa chance de encontrarse por perto um louva-a-deus, na espera de alimento. A inspeção deve ser detalhada, minuciosa e pausada, para poder discriminar entre bicho e folha, flor ou galho.
Percevejos conseguem sugar a seiva de uma planta como a linfa de outros insetos. 10 A arte na floresta
Uma lagarta tem a capacidade de se iludir de predadores, confundindo-se com musgo e liquens, graças a seus pelos urticantes, que servem também para na defesa contar vários predadores.
Muitos insetos são de distribuição comum, podem ser encontrados nos jardins da maioria das casas, principalmente na periferia das cidades, nos campos e matas. O calor e a umidade os atraem, assim, no inverno, um grande grupo das regiões sul e sudeste do Brasil, diminuem vertiginosamente a presença. Existem alguns métodos para atrair insetos. Por exemplo, a utilização de luzes artificiais em reservas atrai mariposas, grilos, besouros, percevejos, cigarras, louva-a-deus. Iscas também servem nessa função, como sal, açúcar, frutas muito maduras ou 11 A arte na floresta
fermentadas. Não menor é a importância da atenção e concentração com que devemos andar e aguçar a observação tentando explorar a nosso redor. Os bichos podem estar camuflados ou simplesmente ocultos. Cada flor, cada, folha, cada galho, cascas e frutas em processo de putrefação, cavidades em rochas, são uns de tantos lugares onde um bichinho pode se resguardar. Procedendo assim, aumentaremos as chances de encontrar bichinhos. Às vezes, como indicamos anteriormente, um inseto pode se mimetizar com seu ambiente, servindo-se do desenho e coloração das asas, como são os casos de louva-a-deus, gafanhotos e grilos. Evidentemente, o mimetismo e um dos melhores e bem-sucedidos sistemas de defesa ao longo da evolução natural. A aventura em busca de bichos pode se limitar a um passeio pelo nosso quintal dos fundos ou passar horas andando pela mata, se for assim, consideremos em levar o mínimo de equipamento e acessórios, já que o cansaço físico normalmente chegará; quanto mais leves melhor andaremos. Além do equipamento fotográfico atenderemos ao calçado e roupa, devendo ser os mais confortáveis possíveis. Para finalizar esta primeira parte da apostila deixaremos uma série de prevenções de riscos específicos da atividade de fotografar insetos e bichos emparentados com eles. Devemos tomar em consideração potenciais problemas, mas nunca para nos fazer desistir da atividade, senão para evitá-los e minimizá-los. A recomendação geral é o uso de roupas compridas e de repelentes, essa conduta nos ajuda na prevenção de ser picados por mosquitos. A variedade de mosquitos que transmitem doenças graves é muita. Tal o caso do Aedes aegypti, envolvido na transmissão de bioagentes como os vírus que causam a dengue e a febre amarela, inoculados no homem através das picadas. O caso de vespas e abelhas também deve ser atendido com responsabilidade. A abelha Apis melífera pode causar muitos danos, principalmente se a vítima picada é alérgica a seu veneno. Como no caso dos mosquitos, tentaremos evitar ser picados. Devemos evitar o uso de cosméticos, perfumes e roupas coloridas, evitar barulhos e movimentos bruscos perto de colmeias, 12 A arte na floresta
pois incentivam o ataque. Não correr nem se debater no caso de ataque; cobrir a cabeça e permanecer imóvel, pois ela é o alvo principal de ataque. Devemos evitar tocar as lagartas, principalmente se desconhecemos quais são perigosas. O contato com os pelos e espinhos delas podem nos ocasionar desde urticárias e dermatites até o óbito, no caso da lagarta da mariposa Lonomia. Várias espécies de moscas também podem nos provocar verdadeiros transtornos dermatológicos. Como no caso dos mosquitos, evitaremos seu contato usando roupas cumpridas. Insistimos com que a apresentação de esses riscos só nos deve levar a tomar uma atitude responsável frente a eles e não desistir de uma tarefa tão fascinante com a de fotografar bichos na natureza. A obtenção de belas imagens da natureza, nos dá a possibilidade de gerar consciência ecológica, ajudando a sociedade a refletir, valorizar e preservar o meio ambiente. Podemos começar por demostrar nosso amor pela natureza não interferindo nela só para benefício pessoal, causando o menor impacto possível.
CAPITULO II. Fotografia e equipamento fotográfico.
Nesta segunda parte da apostila, faremos uma aproximação à fotografia e equipamento específico. Importante é dizer que o equipamento não é o fator mais importante numa produção fotográfica e sim o olhar da pessoa que sujeita a câmera. Seu critério estético e as decisões que tome na hora de fotografar. Evidentemente uma máquina fotográfica com ótimos recursos dará a oportunidade de expressar o potencial do fotógrafo, seja amador ou professional. 13 A arte na floresta
Queremos deixar claro que quaisquer que sejam os recursos que tenhamos nas mãos, sempre poderemos produzir uma boa foto. Evidentemente, necessidades crescentes nos levarão a tentar aprimorar o equipamento; uma nova lente, um segundo flash, uma câmera mais leve e versátil, etc. Vamos classificar as câmeras com lente fixa e lente cambiável. As de lente fixa são uma adequada opção para o fotógrafo iniciante. Atualmente, essas lentes fixas oferecem boa resolução e a flexibilidade que permitem variar de curta a longa distância. Inclusive a opção de focagem macro garante a ferramenta ideal para experimentar fotografia de pequenos bichos em natureza. Quando as exigências de qualidade ótica e definição de imagem forem em aumento, provavelmente a melhor opção será conseguir uma câmera SLR digital, que com seu sistema de espelhos mostra exatamente o que sairá na fotografia. Este tipo de câmera permite desenvolver o maior potencial fotográfico. A qualidade da imagem tem relação direta a qualidade da lente que utilizemos. Os modelos são muito variáveis, tanto em funcionalidade como em preço. No caso da fotografia de natureza, são recomendáveis uma lente grande angular (recomendável para paisagens e destaque de primeiros planos) e uma lente teleobjetiva (ideal para fotografar animais a longa distância). No entanto, para o caso particular de fotografia de pequenos seres (insetos, flores, anfíbios), a opção recomendada será a lente meia tele macro de 100mm. Este tipo de lente macro é o ideal para fotografar. Provavelmente, as necessidades não se concluam com esse equipamento, mas com certeza resolve a maioria delas. As lentes podem ser de distância variável (com zoom) ou distância focal fixa. A primeira opção tem as vantagens de serem mais baratas e para diferentes ocasiões sem necessidade de trocar as lentes segundo o caso. Porém, são lentes menos luminosas que as fixas e deveremos compensar esse déficit com flashes, diminuindo a velocidade de disparo e utilizando tripé para evitar trepidações nesse tempo excessivo. Uma vantagem das lentes de distância focal fixa é que são da maior qualidade ótica que as variáveis. 14 A arte na floresta
O iniciante não deve se desesperançar com estas afirmações, segundo as necessidades e a utilização das imagens obtidas, os resultados podem ser muito bem considerados. Para muitos fotógrafos, a utilização de um tripé é indispensável. O tripé é um acessório que nos ajuda a segurar a câmera com firmeza e estabilidade, coisas que é muito difícil conseguir sem esse recurso. É inegável as incomodidades que ele ocasiona no traslado e no próprio uso. No entanto, o tripé é responsável que a fotografia fique sem efeitos do tremor e movimentos involuntários da câmera. Ele nos permite uma
exposição mais longa como também aberturas mais fechadas, evitando assim o aumento do ISO da câmera, responsável da menor qualidade da imagem. A utilização do flash é absolutamente recomendável em muitas situações, mas não menos verdade é que o bom uso dele se dará de forma gradativa. No caminho a ótima utilização do flash provavelmente acharemos uma quantidade de problemas e defeitos que ele provocará. Por exemplo, ele pode produzir fundos obscuros e só iluminar o primeiro plano, projetar sombras duras, eliminar matizes e relevos das texturas. A luz, como essência da fotografia, deve ser controlada e dominada. Intervindo na incidência da luz, na sua potência, os ângulos de onde chega são alguns modos em que lograremos variáveis e efeitos nas imagens. A luz na mata normalmente é tênue. Resolver isso com flash 15 A arte na floresta
também deve ser controlado para não provocar uma iluminação artificial. Tal vez essa seja uma das tarefas mais complexas na prática fotográfica, merecendo um estudo específico para chegar a ter esse domínio. Nada impossível, mas sim resultado da prática e dedicação. Certo tipo de teleobjetivas macro, além de permitir uma qualidade de imagem apropriada para pequenos bichos, permite-nos fotografar a uma distância prudencial, sem necessidade de debruçarmos sobre eles, provocando-lhes assim a fuga. Na aproximação aos bichos evitaremos projetar sombra sobre eles, dado que revelara nossa presença.
OBJETIVA FIXA
LENTE MACRO
OBJETIVA ZOOM
LENTE OLHO DE PEIXE
A composição da imagem, bonita plasticamente, deve ser resolvida muitas vezes em poucos segundos. Por esse motivo grande parte das resoluções devem estar tomadas antes desse breve tempo. As abelhas e borboletas são insetos muito vantajosos para serem fotografados, eles se pousam nas flores para sugar com a língua o néctar das flores, e ali permanecem por alguns segundos, que devemos aproveitar para realizar as fotos. As flores são lugares excelentes para flagrar insetos. O ideal, para que esteja se iniciando na atividade de fotografar insetos, é indicado buscar as espécies mais calmas e lentas. Obter alguns bons resultados desde o início ajuda a ganhar confiança e ir atrás de metas cada vez mais complexas. A persistência e autoexigência são caraterísticas que ajudam nesse caminho. Se utilizarmos uma lente macro, notaremos que a profundidade de campo é mínima, devendo fechar ao máximo o diafragma, situação que prejudica a entrada de luz natural. A iluminação com flash oferece algumas vantagens, permite trabalhar com velocidades mais altas de disparo. Uma dica básica para resolver o problema da focagem, devido à mínima profundidade de campo é tentar que os temas fotografados estejam no mesmo plano. Outra 16 A arte na floresta
indicação é trabalhar com o diafragma o mais fechado possível. Mas esta última solução traz outro inconveniente, quanto mais fechado deixamos o diafragma menos luz entrara pela lente objetiva da câmera.
Esse déficit de luz entrante deverá ser compensado para que a exposição seja correta. Uma opção é deixar mais tempo aberto o obturador mediante uma lenta velocidade de disparo, ou seja, quanto mais fechado o diafragma, maior tempo de exposição do filme (ou do sensor das câmeras digitais) precisará.
Em macro, o método de focagem mais eficiente é por aproximação em relação ao assunto. Isso pode dar um pouco de dificuldade no início, mas a utilização de um tripé ou monopé facilita a focagem. Para concluir esta apostila deixaremos alguns critérios que poderão nos aproximar de uma bela foto. A ideia de beleza excede grandemente ao tema especifico dos bichos. Quando o fotógrafo começa sua obra avaliando e discriminando o que deixará fora e dentro do quadro e dentro dele, se haverá equilíbrio, harmonia, organização. Uma tendência humana é organizar as formas, se criamos uma imagem na qual seu conteúdo e composição expresse algum tipo de unidade, será recebida com maior agrado que uma imagem desarticulada. 17 A arte na floresta
FOCO AUTOMÁTICO
FOCO MANUAL
Uma forma de compor é destacando o assunto que queremos mostrar e que abarque todo o quadro da foto. Outra maneira, mais sutil, é direcionar o olhar ao ponto que nos interessa destacar. A ansiada sensação de unidade deve ser buscada, ainda com elementos diversos no mesmo quadro, em tanto exista relação, diálogo entre eles sem sensação discordante. O caso de uma borboleta junto a uma flor. A sensação harmônica é clara. Um ótimo recurso para criar essa sensação é utilizar a regra dos terços, ela diz que os elementos de interesse devem se posicionar em pontos de intersecção entre as linhas imaginarias traçadas na horizontal e vertical do campo fotográfico, de modo que formem nove retângulos iguais. Querido leitor, as informações até aqui expostas são só introdutórias, para mais conteúdo dos temas tratados, por favor, acesse nos seguintes links:
http://belezaescondida.3sprojetos.com.br
18 A arte na floresta
20 A arte na floresta