E STUDO DO TRABALHO
Métodos e Tempos
na Indústria e nos Serviços
STUDO DO TRABALHO
Tempos e nos Serviços
Tempos na Indústria
Com este livro pretende-se dotar o leitor necessários para responder ao desa o da humanizar o trabalho.
Engenheiro industrial, professor universitário, consultor e formador. CEO da CLT Services Lda. Doutorado em Gestão de Operações, mestre Advanced Manufacturing Systems and Technology, Scrum Master Certi ed e Certi ed Trainer para a ScrumStudy. Autor de diversos livros e artigos nas áreas de Filoso a Lean e Gestão de Operações
Neste livro apresenta-se a disciplina Estudo vantagens da sua aplicação e os assim como a medição do tempo. Com uma linguagem acessível e objetiva, o tos, como a produtividade, os fatores que a Percebe-se que, para a alcançar, a ergonomia ções fornecidas no local de trabalho, como a ços e perigos provenientes de cada pro ssão, quando adaptados consoante a pro ssão e motivam os colaboradores. Outros temas abordados suas diferentes escalas e unidades de medida, os métodos e os conceitos nanceiros adequados, as empresas e organizações.
“Produtividade não é apenas produzir mais, é também produzir melhor, mais depressa e com maior acompanhamento. Nas entrelinhas deste excelente livro estão sempre presentes a criatividade (pensar em coisas novas) e a inovação (fazer coisas novas ou as mesmas de maneira diferente), dois traços da personalidade do autor.”
Além do suporte teórico, são apresentados desa tulo, exercícios e links (através de Códigos QR) temas abordados.
Destinada a pro ssionais, estudantes e investigadores Operações, Engenharia de Processos e Melhoria essencial para quem procura aumentar a produtividade, zação do trabalho.
Professor Doutor Albino Reis in Prefácio
Estudo do Trabalho
Métodos e Tempos
na Indústria e nos Serviços
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ISBN edição impressa: 978-972-722-941-3 1.ª edição impressa: novembro de 2024
Paginação: Carlos Mendes
Impressão e acabamento: Tipografia Lousanense, Lda. – Lousã Depósito Legal n.º 539492/24
Capa: José Manuel Reis Imagem da capa: © Avida Dollars
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Índice Geral
4.3 Aspetos a considerar no desenvolvimento do novo método
4.4 Usar o menor nível prático de classificação dos movimentos 52
4.5 Esforços, fadiga e ciclos de trabalho/descanso 53
4.6 A abordagem comportamental na conceção do trabalho 54
4.6.1 A hierarquia das necessidades
4.6.2 Work life balance
4.6.3 Felicidade no trabalho
4.6.4 A curva de aprendizagem
4.7 Conclusão
5 Antropometria e Ergonomia
5.1 Antropometria
5.1.1 O procedimento antropométrico na conceção de postos de trabalho 64
5.1.2 O conceito de percentil humano 65
5.1.3 Alternativa às tabelas antropométricas 66
5.1.4 A Divina Proporção: 1,618
5.1.5 Orientações quanto ao design – desenho e conceção
5.2 Ergonomia
5.2.1 Benefícios da ergonomia
5.2.2 O sistema Homem-máquina
5.2.3 Recomendações ergonómicas
5.2.4. Espaço livre
5.2.5 A zona dourada e zona de ataque – the golden & strike zones
5.2.6
5.3 Luz e iluminação
5.3.1 Conceitos e unidades
5.3.2 Iluminação natural
5.3.3 A cor e os seus efeitos
5.3.4 Níveis de iluminação recomendados
5.3.5 Outras recomendações práticas
5.4 Ambiente térmico
5.5 Som, ruído e vibração
5.5.1 Ruído
5.5.2 Vibração
5.6 Conceção de postos de trabalho
5.6.1 Princípios de conceção
5.6.2 Movimentação manual de cargas
5.6.3 Pontos de controlo/interface com o equipamento
5.7 Auditoria ergonómica
5.8 Conclusão
6 Medição do Tempo
6.1 As escalas e as unidades de medida do tempo
6.2 Julgamento da atividade
6.3 Medir o todo ou as partes?
6.4 Cronometragem
6.4.1 A folha de registo
6.4.2 O procedimento da cronometragem
6.4.3 Exemplo de aplicação da cronometragem
6.5 Amostragem do trabalho (método das observações instantâneas)
6.5.1 Aplicações do método das observações instantâneas
6.5.2 Vantagens do método das OI
6.5.3 O procedimento das OI
6.5.4 Exemplo de aplicação das OI
6.6 Os métodos de tempos predeterminados
6.6.1 A origem
6.7 Methods-time measurement
6.8 Maynard operation sequence technique
6.8.1 Exemplo prático: movimento
6.8.2
6.9
6.9.3 Comentário e conclusões
6.9.4
6.10
8
7.1
7.2
7.3
7.4
7.5
7.1.1
8.2
8.3
8.4
8.1.3
Anexo I – Gráfico do Processo e Gráfico de Processo para Duas Mãos
Anexo II –
Prefácio
João Paulo Pinto foi meu aluno no curso de Engenharia de Manutenção Industrial do Instituto Politécnico da Guarda (1989-1992) para, logo de seguida, fazer o seu Mestrado em Advanced Manufacturing Systems and Technology, na Universidade de Liverpool, (Reino Unido) com distinção (melhor aluno do curso com prémio). Em 2004, terminou o seu Doutoramento na Universidade de Huddersfield em Shop Floor Control (Operations Management). A meu convite, juntou-se à magnífica equipa do Departamento de Engenharia e Gestão Industrial da Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão, na qual esteve de 1993 a 2009 – professor com notável capacidade pedagógica, brilhante a expor a matéria e o mais procurado pelos alunos na disciplina de projeto de fim de curso (projetos esses sempre em colaboração com Empresas Industriais).
Trata-se de uma pessoa com uma inteligência superior e com um método de trabalho invejável. Muito trabalhador e organizado, consegue ser, simultaneamente, eficiente e eficaz. Sabe estabelecer prioridades e leva-as até ao fim. Também sabe ouvir e dizer não. Coragem, serenidade e sabedoria fazem parte da sua personalidade. Todas estas características levam-no a ser capaz de tomar decisões bem fundamentadas. Por outro lado, como tanto gosto de dizer, ensina o que pratica e pratica o que ensina. Com isto quero dizer que os alicerces dos seus livros são sempre muito sólidos.
Foi também formador do Centro de Energia e Tecnologia (Cenertec), empresa que fundei há 43 anos. Em 2006, tornou-se independente, formando a Comunidade Lean Thinking, hoje uma referência nacional – ficámos concorrentes, mas sempre amigos e disponíveis para uma boa conversa! Amigo leal e sempre atencioso – extraordinário ser humano.
Autor de cinco livros técnicos, sendo o lucro das vendas sempre para a instituição de caridade Mundos de Vida, dedicada a crianças e idosos necessitados. Teve a amabilidade de me fazer bonitos agradecimentos em dois deles, nomeadamente Pensamento Lean e Gestão de Operações, que também recomendo.
O Estudo do Trabalho é uma disciplina que tem por grandes objetivos o aumento de produtividade e a melhoria das condições de trabalho, só possíveis com o envolvimento e participação de todos os que trabalham num Processo ou numa Empresa. A análise e melhoria dos métodos de trabalho permitem aumentar a produtividade de qualquer
Organização, constituindo, assim, ferramentas para o processo de melhoria contínua, quantas vezes sem investimentos significativos.
Este livro não deixa de dar importância, que é essencial, à humanização do trabalho – compreender os Colaboradores e respeitar as suas diferenças. Na realidade, é crescente a importância das componentes relacional e comportamental no exercício de qualquer profissão. Estudos recentes mostram que colaboradores satisfeitos são 20% mais produtivos. Uma Organização saudável, ou feliz, será aquela em que as pessoas sentem prazer em trabalhar, em que sentem que estão, com o seu esforço, a contribuir para a construção de algo maior e melhor. Não chega fazer mais e melhor que os nossos concorrentes. Temos de o fazer antes deles. Produtividade não é apenas produzir mais, é também produzir melhor, mais depressa e com maior acompanhamento.
Nas entrelinhas deste excelente livro estão sempre presentes a criatividade (pensar em coisas novas) e a inovação (fazer coisas novas ou fazer as mesmas de maneira diferente), dois traços da personalidade do autor.
Nota Prévia do Autor
Este é o meu último livro.
Tudo o que aprendi, apliquei e ensinei está registado em cinco livros e em outros tantos manuais técnicos que escrevi entre 2005 e 2023. Neles está o meu contributo, contudo não considero que o meu maior legado sejam essas obras, mas sim o apoio que dei na criação e educação dos meus meninos a quem desejo a verdadeira felicidade.
O Estudo do Trabalho é uma área de conhecimento que me acompanhou ao longo da minha carreira, iniciada em 1993, como docente universitário e, posteriormente, como formador e consultor. Desde então, colecionei experiências, conhecimento e, mesmo assim, sinto que sei muito pouco sobre o assunto.
Considero o Estudo do Trabalho um dos pilares da Gestão de Operações e da Melhoria Contínua (Lean Six Sigma), mas infelizmente as Universidades e Politécnicos deixaram-no para trás com o processo de Bolonha.
Hoje é difícil encontrar profissionais com sólidas competências neste âmbito e muito do que se faz em Estudo do Trabalho é o básico, limitando as Organizações na obtenção de melhores resultados ao mesmo tempo que humanizam os locais de trabalho.
A literatura neste domínio é escassa e eu espero com esta obra ajudar a colmatar algumas das lacunas, deixando em aberto novas oportunidades para futuros trabalhos neste domínio.
A todos espero que esta obra seja útil.
Por fim, e para que conste, o texto original desta obra foi escrito em total desacordo com o atual “acordo” ortográfico, contudo a pedido da editora o mesmo é apresentado no novo Acordo Ortográfico de 1990. Da mesma forma, e para efeitos de simplificação, o género masculino foi utilizado neste livro para se referir a pessoas de todos os géneros. Esta escolha não implica qualquer discriminação e reafirmo o compromisso com a inclusão e igualdade de género.
Apresentação
O tema deste livro não pode ser considerado uma novidade para a indústria, nem mesmo para alguns serviços, pois a caminhada do Estudo do Trabalho foi iniciada há mais de um século. Os seus percursores foram Frank B. Gilbreth (1868-1924) e a sua esposa Lillian M. Gilbreth (1878-1972), que, nos finais do século xix, se preocupavam com o estudo dos movimentos. Também por essa altura, Frederick W. Taylor (1856-1915), conhecido como o pai da Gestão Científica, tinha desenvolvido trabalhos no âmbito da medição dos tempos e estudado a divisão do trabalho em tarefas elementares e repetitivas.
Foram várias as personalidades que, há mais de um século, começaram a criar o corpo de conhecimento a que hoje chamamos de Estudo do Trabalho (muitas vezes referido como Métodos e Tempos, embora a nova designação inclua também a Antropometria, a Ergonomia e o Estudo do Comportamento Humano no trabalho, assim como a Higiene e Segurança no Trabalho).
A popularidade do Estudo do Trabalho varia diretamente com as crises económicas. Em momentos de crise, as Organizações procuram formas de eliminar custos (através da redução de tempos e da eliminação de desperdício de recursos). Em períodos de maior abundância, as grandes margens do negócio afastam o Estudo dos Métodos para segundo plano. Não devia ser assim pois o Estudo do Trabalho tem por principal meta a melhoria da produtividade, sendo esta a melhor forma de medir a competência de um gestor. Se a produtividade em si não for um bom argumento, acrescenta-se que a melhoria das condições do trabalho e a sua adequação a quem o realiza é também uma das grandes metas do Estudo do Trabalho.
A força de trabalho que atualmente encontramos nas empresas é bem mais exigente que aquela que encontrávamos nas décadas finais do século xx. As pessoas hoje exigem muito mais que um local de trabalho seguro e estável, de tal modo que termos como a “felicidade no trabalho” e o “equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho” fazem parte das atuais gerações profissionais. Também aqui o Estudo do Trabalho pode ser envolvido para que juntos possamos criar postos de trabalhos que respondam às exigências das atuais e das próximas gerações de profissionais.
A quem se destina este livro?
Este livro destina-se a todos os profissionais focados na melhoria da produtividade e na humanização do trabalho, estejam eles ligados aos processos de melhoria contínua, à gestão de operação ou à engenharia de processos. Alunos e investigadores nas áreas de engenharia e gestão poderão também beneficiar desta obra. Para estes últimos, o livro poderá identificar os métodos e as ferramentas de suporte ao Estudo do Trabalho, enquanto para os profissionais, poderá ser um manual de suporte à sua atividade.
Pretende dotar o leitor com os métodos e as ferramentas necessárias para responder ao desafio da produtividade (i.e., fazer mais com menos) e, ao mesmo tempo, humanizar o trabalho. Procura, ainda, ajudar a responder a questões que o seu dia a dia profissional lhe coloca, nomeadamente:
Como responder aos pedidos do Cliente e simultaneamente satisfazer os interesses da Organização?
Como aumentar a produção (industrial ou serviços) sem envolver mais recursos?
Como reduzir o esforço de cada trabalhador?
Como criar um local de trabalho adequado a cada pessoa?
Como determinar o tempo padrão para um determinado produto, serviço ou processo?
Como fixar objetivos em termos de cadências e tempos por operação?
Como garantir que a avaliação do desempenho estimula as pessoas a alcançar os objetivos da Organização?
Como calcular corretamente o custo de um produto tendo como inputs os tempos de operação?
Através de uma abordagem simples e direta procura-se dar resposta a estas perguntas ao longo de oito capítulos. Como complemento ao suporte teórico, serão apresentados desafios ao leitor no final de cada capítulo, exercícios e links (através de Códigos QR) importantes para complementar os temas abordados.
Estudo do Trabalho
O Estudo de Trabalho é uma área do conhecimento que envolve temas como o estudo dos métodos, antropometria, ergonomia, higiene e segurança no trabalho e a medição do tempo.
Tal como referido antes, o Estudo do Trabalho tem como grandes objetivos a melhoria da produtividade e a humanização dos postos de trabalho (Figura 2.1). Estes objetivos são alcançados pela caraterização e investigação da situação atual, examinando as fraquezas do sistema de trabalho. Depois do diagnóstico inicial, segue-se a determinação e a introdução de medidas de melhoria de modo a desenvolver métodos operacionais mais eficientes.
Estudo dos métodos de trabalho
Estudo dos movimentos
Estudo do Trabalho Maior produtividade
Humanização do trabalho
Estudo dos métodos
Medição do tempo
Antropometria e ergonomia
Higiene e segurança no trabalho
Métodos diretos
Métodos indiretos
Enquanto área de conhecimento, o Estudo do Trabalho foi desenvolvido há mais de um século por Henri Fayol (1841-1925), o casal Gilbreth, Frederick Taylor (1856-1915), Henry Gantt (1861-1919), Harold Maynard (1902-1975) e muitos outros.
O Estudo do Trabalho contribui para aumentar o lucro das Organizações, para a melhoria das condições de trabalho, para a criação de padrões (métodos e tempos), para a avaliação do desempenho e, ainda, para apoiar as práticas de melhoria contínua (e.g.,
lean management) nas Organizações. Além disto, o Estudo do Trabalho apoia funções importantes dentro de uma Organização, a saber:
A gestão de operações (indústria ou serviços) – Fornece dados e informações fundamentais para o planeamento e controlo das operações e para o balanceamento de processos;
A engenharia dos processos – Apoia na determinação de dados (e.g., tempos e sequências de operações) e na industrialização de produtos;
A melhoria contínua – Apoia na melhoria dos métodos de trabalho e na consequente redução das tarefas que não acrescentam valor;
O custeio dos produtos e serviços – Fornece dados para a determinação de custos e o estabelecimento de custos padrão;
A Higiene e Segurança no Trabalho – Preocupa-se com aspetos relacionados com a Ergonomia e Antropometria, criando postos de trabalho seguros e ajustados às pessoas que neles operam.
A popularidade do Estudo do Trabalho varia inversamente com os ciclos económicos: em períodos de abundância ninguém se lembra do Estudo do Trabalho e, em momentos de crise, para muitas Organizações é a salvação. A história recente tem sido marcada por frequentes episódios de crises económicas e por essa razão se percebe a atenção que as Organizações têm dado ao Estudo do Trabalho.
As duas últimas décadas (e acredito que a tendência futura seja essa) mostram uma indústria cada vez menos capaz de atrair pessoas para nela trabalharem. As novas gerações são bem mais exigentes e preferem os serviços que classificam como mais “limpos”, menos “pesados”, menos “monótonos”, muitos pagam melhor e com ambientes mais “bonitos”. Ou seja, a indústria tem dois caminhos: automatizar tudo para não depender de pessoas (é caro, demora tempo e não se sabe se funciona…) ou recorre ao Estudo do Trabalho para o humanizar e assim evitar a fuga de pessoas para os serviços enquanto melhora a produtividade.
2.1 Relação entre o estudo dos métodos e a medição do tempo
A Figura 2.1 identificou os dois principais pilares do Estudo do Trabalho: o estudo dos métodos e a medição do tempo. Embora não pareça, estes dois estão intimamente ligados.
O estudo dos métodos foca na redução do conteúdo do trabalho de uma tarefa ou operação, enquanto a medição do tempo está associada à investigação e identificação dos tempos que não acrescentam valor numa tarefa ou operação.
Antropometria e Ergonomia
Nota prévia:
Este capítulo propõe ser apenas uma introdução aos temas da Antropometria e a Ergonomia. Qualquer um destes dois temas daria origem a extensas obras científicas ou tratados. Aqui, o objetivo é fornecer as bases ao leitor para que perceba a importância destes dois temas e os possa incorporar no Estudo dos Métodos. Em Portugal, a produção científica neste domínio é escassa, não se conhecendo, por exemplo, tabelas antropométricas atualizadas da população portuguesa.
No âmbito do Estudo dos Métodos, a Antropometria é usada como input no dimensionamento dos locais de trabalho (e.g., bancadas, ferramentas e utensílios) e a Ergonomia é considerada na adequação do trabalho ao Homem (entenda-se homens e mulheres).
5.1 Antropometria
Quando se inicia um projeto de conceção de um posto de trabalho devem-se ter em conta aspetos como:
Que tipo de pessoa vai ocupar o posto de trabalho (e.g., género e idade)?
Que tipo de atividade vai ser realizada?
Que limitações existem?
Que vestuário, proteção, meios e ferramentas vão ser usados?
Qual o regime de trabalho?
Em que condição atmosférica vai ser realizado o trabalho?
A consideração simultânea destes aspetos justifica por si a presença da Antropometria e da Ergonomia na conceção de postos de trabalhos humanizados e produtivos.
Começando pela Antropometria, o termo tem origem em dois vocábulos gregos anthropos (humano) e metron (medida) e refere-se à medida do corpo humano de uma dada população. A Antropometria envolve a medição sistemática das propriedades físicas do corpo humano, principalmente as caraterísticas dimensionais de tamanho e
5.3
Luz e iluminação
É através dos nossos olhos que recebemos cerca de 80% de informação do mundo exterior. Por esta razão, especial atenção deve ser dada a este tópico por parte do agente de métodos.
A luz visível ao olho humano é uma pequena faixa do espetro eletromagnético que varia desde as longas ondas de rádio até ondas extremamente curtas e de elevada energia (os raios gamma). A luz é capturada pelo olho humano e processada em imagens pelo cérebro. A qualidade destas imagens depende da iluminação disponível e do ambiente cromático.
Os conceitos de iluminação aplicam-se a uma fonte emissora de luz (e.g., uma vela) com uma dada intensidade luminosa (medida em candelas [cd]). A fonte emissora emana luz esfericamente em todas as direções. Uma fonte emissora com uma intensidade de 1 cd emite um fluxo luminoso de 12,57 lúmen (ln). A quantidade de luz numa superfície é chamada de iluminância. A quantidade de iluminação numa superfície diminui com o quadrado da distância (d) ao ponto emissor, ou seja:
Intensidade
Iluminância = d2
[Equação 5.2]
Parte da luz emitida é absorvida e outra é refletida, o que nos permite ver os objetos e nos dá a perceção de brilho. A luz refletida é chamada de luminância.
A iluminação e o ambiente cromático são um dos principais fatores físicos que têm como principal finalidade facilitar a visualização dos objetos no seu contexto espacial, de modo que o trabalho possa ser realizado em condições de eficácia, conforto e segurança. A satisfação destes objetivos não só se manifesta positivamente nas pessoas, reduzindo a fadiga, os defeitos e os acidentes, como também contribui para aumentar a produtividade.
A luz gera uma impressão de claridade nos nossos olhos. No entanto, a sensibilidade dos olhos varia com a cor e é máxima à radiação amarelo/verde que se situa no meio do espetro da luz visível. Nos extremos do espetro (violeta e vermelho), a sensibilidade diminui até que a radiação deixa de impressionar os olhos. Se uma fonte luminosa emite apenas luz amarelo/verde criará uma impressão de grande claridade e os objetos parecer-nos-ão todos amarelos ou esverdeados e é impossível reconhecer as cores.
5.3.1 Conceitos e unidades
Sempre que for necessário consultar um catálogo de um fabricante de fontes emissoras (e.g., lâmpadas LED), será confrontado com termos e conceitos demasiado técnicos
Custeio Industrial
No mundo empresarial, compreender o custo de produção dos produtos é crucial para o sucesso. É aqui que entra o custeio industrial, sendo este entendido como o processo de identificação, acumulação e análise de todos os custos incorridos durante a produção de bens (e serviços).
O custeio industrial eficaz permite às empresas:
Definir preços competitivos para os seus produtos – Conhecer o verdadeiro custo de produção ajuda as empresas a estabelecer preços justos que cubram as despesas e gerem lucro;
Tomar decisões informadas – Análise de custos fornece informações valiosas sobre a alocação de recursos, eficiência de processos e possíveis oportunidades de economia de custos;
Melhorar a rentabilidade – Identificar as áreas onde os custos podem ser controlados ou reduzidos, as empresas podem melhorar os seus resultados financeiros.
Neste capítulo iremos abordar os vários componentes de custo, métodos de custeio e a sua aplicação prática.
Aquilo que por norma se designa de “custo industrial” divide-se em três componentes principais:
Custo de matéria-prima (CMP);
Custo de mão de obra direta (CMOD);
Gastos gerais de fabrico (GGF)
A soma de CMP com CMOD constitui o “custo primário”. Por outro lado, a soma de CMOD com GGF constitui o “custo de transformação” (ou de fabrico).
Ou seja, o custo industrial resulta da soma do custo primário com GGF ou é igual ao custo da matéria-prima mais os custos de transformação.
Em qualquer empresa, é importante que a elaboração de orçamentos seja rigorosa para garantir margens de lucro aceitáveis e realizados num curto espaço de tempo, para que seja possível efetuar um elevado número de orçamentos, sem despender demasiado tempo.
A presença de um departamento de engenharia que assuma as funções do Estudo do Trabalho é crítica para a determinação de custos e a consequente elaboração de propostas e orçamentos. Não é possível calcular um custo na ausência de tempos, nem estimar corretamente e imputar os GGF sem conhecimento dos métodos de trabalho.
Desafios ao leitor
O tema do custeio industrial não se esgotou nas páginas anteriores. O tema em si justificaria uma obra detalhada. Assim, um dos desafios que se apresenta ao leitor é que explore com maior detalhe os métodos ABC, TDABC e Target Costing
Como segundo desafio pretende-se que identifique um produto e um serviço na sua empresa para determinar o respetivo custo de fabrico (CMOD + CMP + GGF). Quanto ao método de imputação dos GGF fica à sua consideração escolher aquele que melhor se ajuste à sua empresa (não deixe de ouvir a opinião do seu departamento de contabilidade).
Como terceiro e último desafio, considere a abordagem ao custeio proposta pela ToC, muito em concreto o modelo de TA. Como vimos a TA não aloca custos, em vez disso, foca-se no aumento dos ganhos.
Gráfico do Processo e Gráfico de Processo para Duas Mãos
Gráfico N.º
Localização
Agente M&T
Assinale:
E STUDO DO TRABALHO
Métodos e Tempos na Indústria e nos Serviços
Com este livro pretende-se dotar o leitor com os métodos e as ferramentas necessários para responder ao desa o da produtividade e, ao mesmo tempo, humanizar o trabalho.
Neste livro apresenta-se a disciplina Estudo do Trabalho, abordando a sua importância, as vantagens da sua aplicação e os métodos práticos de implementação, assim como a medição do tempo.
Com uma linguagem acessível e objetiva, o leitor será guiado por vários conceitos, como a produtividade, os fatores que a in uenciam e como pode ser medida. Percebe-se que, para a alcançar, a ergonomia e a antropometria, ou seja, as condições fornecidas no local de trabalho, como a luz e iluminação, o ambiente, os esforços e perigos provenientes de cada pro ssão, são dois conceitos fundamentais e quando adaptados consoante a pro ssão e o contexto em questão, bene ciam e motivam os colaboradores. Outros temas abordados são a medição do tempo, as suas diferentes escalas e unidades de medida, e o custeio industrial que, aplicando os métodos e os conceitos nanceiros adequados, se torna uma grande arma para as empresas e organizações.
Além do suporte teórico, são apresentados desa os ao leitor no nal de cada capítulo, exercícios e links (através de Códigos QR) importantes para complementar os temas abordados.
Destinada a pro ssionais, estudantes e investigadores nas áreas de Gestão de Operações, Engenharia de Processos e Melhoria Contínua, esta obra é um guia essencial para quem procura aumentar a produtividade, sem esquecer a humanização do trabalho.