Eu Existo

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8 cm

15,5 x 23,5 cm

11,5 mm

Uma viagem ao íntimo das relações terapêuticas entre médico e paciente

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A mudança não é fácil! Mas para evoluirmos, temos de mudar.

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Todos nós nos completamos com as relações que escolhemos. Devemos procurar nos outros aquilo que nos faz bem, e não um prolongamento dos nossos lugares mais sombrios.

Quatro casos baseados numa multiplicidade de histórias verídicas, contados através de diálogos, repletos de emoções. Para mostrar que um paciente é muito mais do que um diagnóstico, Diogo Telles Correia ensina-nos que é essencial conhecer a pessoa que existe antes do diagnóstico. Onde se movimenta, como se formou a sua essência, quais os seus traços de personalidade mais favoráveis, e quais os mais sombrios, para que seja possível recuperar o João, o Francisco, a Francisca e o Frederico e vê-los para além das suas perturbações. “Recomendo este livro aos que gostam de pesquisar os mistérios da mente, mas também a todos os que se interessam pela vida e pelo relacionamento humano, pois nesta obra encontrarão vários temas de reflexão.” DANIEL SAMPAIO

In Prefácio

ISBN 978-989-693-050-9

9 789896 930509

EU EXISTO Para além das obsessões Para além das vozes Para além da depressão Para além da ansiedade

DIOGO TELLES CORREIA

Os pensamentos obsessivos são muito fortes. Vão-se infiltrando na nossa vida e acabam por nos paralisar.

João, 24 anos, frequenta o mestrado em Economia. Trabalha na loja de materiais de construção dos pais. Tem dois irmãos e sofre de perturbação obsessivo-compulsiva. Francisco, 32 anos, é músico profissional e compositor. Vive sozinho e tem pouco contacto com a família. Teve períodos em que ouvia vozes e era assolado por ideias bizarras. Francisca, uma mulher de 40 anos. Vive sozinha. É divorciada. Foi vítima de violência doméstica no casamento. Sofre de depressão. Frederico, filho de pais separados, é um jovem com cerca de 20 anos. Católico praticante. Homossexual. Sofre de crises de ansiedade.

www.pactor.pt

C

É fundamental que os pacientes compreendam que o que sentem, muitas outras pessoas o sentem também, e que não há nenhuma razão para serem marginalizados.

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DIOGO TELLES CORREIA

EU EXI S T O

É importante gerir as expectativas dos pacientes. Mas, ao mesmo tempo, é fundamental dar-lhes alguma esperança, porque disso depende o sucesso do tratamento.

15,5 x 23,5 cm

Diogo Telles Correia

é Médico Especialista em Psiquiatria e Psicoterapeuta. Doutorado em Psiquiatria e Saúde Mental pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde é Professor Auxiliar Convidado de Psiquiatria e de Psicopatologia. É Assistente Hospitalar do Departamento de Psiquiatria do Hospital de Santa Maria e Consultor na Unidade de Transplantação Hepática do Hospital Curry Cabral. É Vice-presidente da Associação Portuguesa de Psicopatologia e membro da Associação Portuguesa de Terapias Comportamental e Cognitiva, bem como de múltiplas outras associações nacionais e internacionais. Tem vários livros publicados que são referências em Portugal e noutros mercados de língua portuguesa, bem como dezenas de artigos científicos na área da Saúde Mental em revistas internacionais de relevo.


EDIÇÃO PACTOR – Edições de Ciências Sociais, Forenses e da Educação Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 LISBOA Tel: +351 213 511 448 pactor@pactor.pt www.pactor.pt

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Índice Prefácio V Introdução IX

1

Eu existo para além das minhas obsessões 3

2

Eu existo para além destas vozes 51

3

Eu existo para além da minha depressão 81

4

Eu existo para além da minha ansiedade 101

— III —



Prefácio Quotidianos de um psiquiatra

Muitos se interrogam sobre o dia a dia de um psiquiatra. Como conseguirá o profissional ter saúde mental para poder responder a tantas angústias dos seus doentes? Será possível não invadir a sua vida privada com os dilemas colocados pelos pacientes? É muito diferente trabalhar no sistema público e no consultório privado? As perturbações mentais são incuráveis e quem delas padece está condenado a uma vida sem sentido, em que o suicídio é uma solução desesperada que ocorre muitas vezes? O diagnóstico preciso é importante, ou as terapêuticas são muito limitadas, prescritas a partir de um conjunto de sintomas, sem ter em conta as circunstâncias de vida, o apoio da família e as crenças do doente? Existe uma única perturbação ou é agora mais frequente a presença de vários diagnósticos num só indivíduo, o que pode tornar o tratamento mais difícil? Qual o peso dos fatores genéticos na génese das perturbações


Eu existo

mentais? A vergonha e o estigma ligados à doença psiquiátrica contribuem para o atraso no diagnóstico e no tratamento, o que torna mais reservado o prognóstico de várias afeções psiquiátricas? Estas são questões para as quais o presente livro Eu existo, de Diogo Telles Correia, equaciona algumas respostas. Conhecido como autor de livros sobre Psicopatologia e Psiquiatria, descreve-nos agora o quotidiano de um psiquiatra na sua relação com doentes com diversas perturbações mentais. Numa linguagem acessível, mas que nunca perde o rigor científico, mostra as inquietações de vários doentes, desde a perplexidade perante os estranhos sintomas, até à tentativa de compreensão das complexidades de um cérebro perturbado. É também evidente a preocupação de Diogo Telles Correia em acentuar a importância da relação médico-doente, instrumento terapêutico fundamental para uma intervenção prolongada, como tantas vezes acontece em Psiquiatria. Embora o conhecimento neurobiológico tenha tido um marcado desenvolvimento nas últimas décadas, a relação terapêutica em Psiquiatria não se pode esgotar no conhecimento da química cerebral. O psiquiatra continuará a ser, espera-se, o profissional médico que estabelece a relação terapêutica mais íntima com os doentes. Neste sentido, a arte na relação e a capacidade de estabelecer uma relação de ajuda, em que a empatia e o reconhecimento do contexto são sempre fundamentais, deverão continuar a ser instrumentos fundamentais em Psiquiatria. Este livro é um bom exemplo da importância da relação transformadora, estabelecida em contexto terapêutico hospitalar ou privado, entre alguém que sofre de uma perturbação mental e um médico disponível para uma intervenção em saúde. O leitor é conduzido para o universo estranho das obsessões e compulsões, para a dificuldade de manejo das perturbações da personalidade, ou para a importância da depressão e da ansiedade, as situações mais frequentes do quotidiano do psiquiatra. Finda a leitura, ficamos com a certeza de que é muito importante tratar estes temas para além dos congressos científicos de Psicologia — VI —


Prefácio

e Psiquiatria, porque as perturbações psiquiátricas são muito frequentes e provocam marcada sobrecarga familiar. A divulgação do conhecimento sobre as circunstâncias do adoecer mental constitui uma das melhores formas de prevenção. Recomendo este livro aos que gostam de pesquisar os mistérios da mente, mas também a todos os que se interessam pela vida e pelo relacionamento humano, pois nesta obra encontrarão vários temas de reflexão. Daniel Sampaio Médico Especialista em Psiquiatria Professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

— VII —



Introdução Abril de 2015. Era um dia como tantos outros. A manhã tinha corrido a um ritmo alucinante. Este mês começara quente, com temperaturas acima do normal para a época do ano. Paro um pouco para me preparar para as consultas da tarde no meu consultório e é nessa altura que vejo o email do meu editor. Em resposta a uma proposta que lhe havia enviado, mostra interesse na sua publicação. Trata-se de um livro sobre casos clínicos em Psiquiatria. À medida que ia lendo aquelas linhas de texto, sentia-me a ser invadido por um sentimento assustadoramente agradável. Finalmente poderia ter a oportunidade de desmitificar mitos que ainda existem em relação a esta área tão complexa. Expressões como “transtorno mental” ou “perturbação mental” continuam a ser intimidantes. Receios como a marginalização ou o internamento e o afastamento dos entes queridos ainda estão muito presentes na nossa cultura


Eu existo

e afastam a maior parte dos pacientes dos consultórios psiquiátricos, ficando assim sem tratamento. Estava na altura de informar, de mostrar às pessoas que não estão sozinhas na longa cruzada que têm pela frente, que essas doenças também têm cura. O papel do psiquiatra é talvez dos mais complexos de toda a Medicina. Temos de olhar para o paciente como um todo, corpo e alma. Se negligenciarmos uma das partes, a nossa função não se consegue realizar em toda a sua abrangência. Lá fora, as temperaturas desciam, mas o mês continuava quente. Todavia, o final de tarde estava frio e até um pouco ventoso. Senti uma enorme vontade de voltar a ler aquelas páginas já escritas e concluídas há alguns meses. Foco-me em quatro casos, baseados numa multiplicidade de histórias verídicas. Ao longo de diálogos, repletos de emoções, quer do paciente quer do médico, descrevo o crescimento da proximidade entre os dois e as centelhas que se vão acendendo ao longo das várias consultas na mente do paciente e que o ajudam a recuperar a sua vida anterior à perturbação psiquiátrica. Explico os vários obstáculos que vão surgindo, como a resistência à medicação psiquiátrica, tantas vezes encarada como um alvo a recear, ou os traços de personalidade rígidos e que provocam sofrimento, perante os quais o apoio psicoterapêutico se torna uma arma fundamental. Quero que o leitor acompanhe o íntimo das relações terapêuticas entre o médico e os pacientes, mostrar-lhe que eles existem para além dos seus problemas psíquicos e que é fundamental explorar esse mundo para lá dos sintomas de forma que a sua recuperação seja completa. Quero contar a história do João, do Francisco, da Francisca e do Frederico. Quero mostrar que um paciente é muito mais do que um diagnóstico. Os diagnósticos psiquiátricos servem para nos ajudar a orientar o tratamento e são muito úteis para isso. No entanto, não chega arrumar um doente numa gaveta diagnóstica. Temos de ir mais além. Conhecer a pessoa que existe antes do diagnóstico. Onde se movimenta, como se formou a sua essência, quais os seus traços —X—


Introdução

de personalidade mais favoráveis e aqueles mais sombrios. Temos de alavancar o nosso trabalho na força e na coragem do paciente para que este se possa reencontrar dentro de si. Temos de ver para além das suas perturbações para recuperar o João que existe atrás das suas obsessões; o Francisco que existe atrás daquelas vozes; a Francisca que existe atrás da sua depressão e o Frederico que existe atrás da sua ansiedade.

— XI —



3

Eu existo para além da minha depressão

Esta tristeza não me deixa viver.


Eu existo para além da minha depressão

Perturbação depressiva major

A Francisca era uma mulher com os seus 40 anos. Trazia o cabelo solto, negro, lustroso, que desvendava o olhar igualmente negro, muito vivo e penetrante. O tom moreno da sua tez perpetuava-se na escuridão da sua roupa. Toda ela era luto. Mas um luto cuidado e belo, que contrastava com o brilho das suas joias, denunciando uma existência material privilegiada.

* – Doutor, foi-me muito bem recomendado. Vim ter consigo porque, como já deve ter reparado, estou de luto. A minha mãe morreu há sete meses. Desde então, tenho estado assim como vê. A minha vida perdeu a cor. Não tenho vontade para nada, choro pelos cantos, não quero vestir outra cor que não o preto… – A Francisca falava num tom monótono e grave, muito desligado, mas elegante.


– Estou a compreender que não tem sido fácil, Francisca. Posso tratá-la assim? Ainda bem que veio. Vou fazer tudo para a ajudar. – Claro que pode. Não, não tem sido fácil. Mas não compreendo como fiquei neste estado. O meu pai morreu há dois anos. Foi difícil, mas não cheguei a este ponto. Doutor, eu quase não saio da cama. Não tenho energia para nada, não como, não durmo… – Compreendo que é a primeira vez que cai desta forma. Todos nós por vezes caímos. A minha missão vai ser ajudá-la a reerguer-se. Fale-me mais sobre si. É casada? Tem filhos? Com quem mora? – Moro sozinha. Estou separada há quase um ano, divorciada há menos. Foi um processo muito difícil. Mas graças a Deus que já me afastei desse homem. A minha mãe não soube… Seria demasiado para ela. Custou-me fazer teatro, mas ao menos não a magoei. Mas já passou! – Era muito ligada à sua mãe… Fale-me sobre ela. A Francisca fitou-me de oblíquo, desenhando sempre com o seu olhar uma imensa saudade que trazia preza a si. Fez-me lembrar que as palavras nada dizem quando separadas da expressão. – A minha mãe era uma mulher austera, herdeira de um império que ela e o meu pai construíram. Uma mulher com muito valor. Sempre muito presente em tudo. Era com ela que eu partilhava as minhas angústias… Tinha sempre uma opinião para tudo… Era uma presença constante, em tudo o que fazíamos. Não era de grandes beijinhos… Não… Beijinhos e abraços não era com ela. Mas quando estávamos juntas, era como se a nossa relação se transpusesse além do contacto físico. Uma união muito além da manifestação exterior. Era interessante como ela conseguia sempre dar uma opinião sobre tudo. Uma mulher que tinha poucos — 83 —


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Uma viagem ao íntimo das relações terapêuticas entre médico e paciente

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A mudança não é fácil! Mas para evoluirmos, temos de mudar.

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Todos nós nos completamos com as relações que escolhemos. Devemos procurar nos outros aquilo que nos faz bem, e não um prolongamento dos nossos lugares mais sombrios.

Quatro casos baseados numa multiplicidade de histórias verídicas, contados através de diálogos, repletos de emoções. Para mostrar que um paciente é muito mais do que um diagnóstico, Diogo Telles Correia ensina-nos que é essencial conhecer a pessoa que existe antes do diagnóstico. Onde se movimenta, como se formou a sua essência, quais os seus traços de personalidade mais favoráveis, e quais os mais sombrios, para que seja possível recuperar o João, o Francisco, a Francisca e o Frederico e vê-los para além das suas perturbações. “Recomendo este livro aos que gostam de pesquisar os mistérios da mente, mas também a todos os que se interessam pela vida e pelo relacionamento humano, pois nesta obra encontrarão vários temas de reflexão.” DANIEL SAMPAIO

In Prefácio

ISBN 978-989-693-050-9

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EU EXISTO Para além das obsessões Para além das vozes Para além da depressão Para além da ansiedade

DIOGO TELLES CORREIA

Os pensamentos obsessivos são muito fortes. Vão-se infiltrando na nossa vida e acabam por nos paralisar.

João, 24 anos, frequenta o mestrado em Economia. Trabalha na loja de materiais de construção dos pais. Tem dois irmãos e sofre de perturbação obsessivo-compulsiva. Francisco, 32 anos, é músico profissional e compositor. Vive sozinho e tem pouco contacto com a família. Teve períodos em que ouvia vozes e era assolado por ideias bizarras. Francisca, uma mulher de 40 anos. Vive sozinha. É divorciada. Foi vítima de violência doméstica no casamento. Sofre de depressão. Frederico, filho de pais separados, é um jovem com cerca de 20 anos. Católico praticante. Homossexual. Sofre de crises de ansiedade.

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É fundamental que os pacientes compreendam que o que sentem, muitas outras pessoas o sentem também, e que não há nenhuma razão para serem marginalizados.

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DIOGO TELLES CORREIA

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É importante gerir as expectativas dos pacientes. Mas, ao mesmo tempo, é fundamental dar-lhes alguma esperança, porque disso depende o sucesso do tratamento.

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Diogo Telles Correia

é Médico Especialista em Psiquiatria e Psicoterapeuta. Doutorado em Psiquiatria e Saúde Mental pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde é Professor Auxiliar Convidado de Psiquiatria e de Psicopatologia. É Assistente Hospitalar do Departamento de Psiquiatria do Hospital de Santa Maria e Consultor na Unidade de Transplantação Hepática do Hospital Curry Cabral. É Vice-presidente da Associação Portuguesa de Psicopatologia e membro da Associação Portuguesa de Terapias Comportamental e Cognitiva, bem como de múltiplas outras associações nacionais e internacionais. Tem vários livros publicados que são referências em Portugal e noutros mercados de língua portuguesa, bem como dezenas de artigos científicos na área da Saúde Mental em revistas internacionais de relevo.


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