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Contributos dos processos de supervisão para o trabalho interdisciplinar

Os Autores

Maria Inês Amaro

Licenciada em Serviço Social, pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa. Mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação, pelo Iscte. Doutorada em Serviço Social, pela Universidade Católica Portuguesa. Professora na Escola de Sociologia e Políticas Públicas (ESPP) do Iscte-IUL e Investigadora integrada do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-Iscte). Tem interesses de investigação nas áreas da Teoria e Prática do Serviço Social, da Sociedade e Tecnologia, da Exclusão Social e Trabalho e da Política Social. Consultora na área do planeamento social e avaliação. Atualmente, desempenha funções como Diretora do Departamento de Desenvolvimento Social do Instituto da Segurança Social, I.P. Neste âmbito, integra o Conselho Nacional para a Adoção, preside à Comissão Nacional do Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância, integra a formação restrita do Grupo Operativo Único no quadro da Lei do Asilo e integra o Grupo de Implementação, Monitorização e Avaliação da Estratégia para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-abrigo (GIMAE).

Maria Manuela Paiva

Licenciada em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa (ISSSL). Mestre em Serviço Social pelo Instituto Universitário de Lisboa (Iscte). Assistente social no Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPO), no Departamento de Pediatria.

Mark O. Bigler

Licenciado em Serviço Social Clínico (LCSW). Professor e Presidente do Departamento de Serviço Social e Gerontologia na Weber State University, em Ogden (Utah). Terapeuta sexual, que tem vindo a desenvolver a sua prática clínica com casais em consultório privado. Tem dedicado parte da sua vida profissional à prevenção do vírus da imunodeficiência humana (VIH)/síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) em serviços clínicos no Utah e em Nova Iorque, a par do trabalho na área do tratamento e abuso de substâncias. As suas bolsas de estudo e atividades profissionais concentram-se essencialmente na redução de danos e nas políticas internacionais relacionadas com o uso de drogas. Membro do corpo docente do Departamento de Serviço Social e Gerontologia da Weber State University, assumindo a coordenação do departamento desde 2005.

Marta Borges

Licenciada em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa (ISSSL). Mestre em Ciências da Comunicação, Organizações e Novas Tecnologias pela Universidade Católica Portuguesa. Doutoranda em Serviço Social pelo Iscte. Durante sete anos (até 2020), foi Coordenadora Regional na área da redução de danos na Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (DICAD) da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). Tem vindo a desenvolver, desde sempre, trabalho prático e de investigação na área de redução de danos, na qual também tem trabalhado ativamente como formadora. Diretora do Núcleo de Emergência Social no Instituto de Segurança Social (ISS), I.P. Membro da Direção da Associação de Profissionais de Serviço Social (APSS). Cofundadora do projeto de literacia social “Direitos de Bolso”.

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Marta Matias da Luz

Licenciada em Serviço Social pela Universidade Católica Portuguesa. Pós-graduada em Antropologia, na vertente Culturas em Cena e Performance. Entre 2012 e 2017, colaborou com o Projeto IN-MOURARIA Migrantes e PUD (Pessoas que Usam Drogas), do Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT), no qual desenvolveu vários estudos sobre o modelo de redução de danos e o modelo de gestão de casos sociais com pares.

XIII

Práticas de Intervenção do Serviço Social na Saúde

Concebe projetos experimentais e colaborativos que cruzam diferentes linguagens (da intervenção comunitária, da antropologia urbana e visual, dos arquivos, das memórias, da redução de danos e das sexualidades). Exerce funções de investigação, produção e intervenção comunitária no Atelier Artéria – Humanizing Architecture.

Olga Ávila

Licenciada em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa (ISSSL). Pós-graduada em Bioética pela Universidade Nova de Lisboa. Especializada em Terapia Familiar pela Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar (SPTF). Assistente social no Hospital da Horta, entre 1986 e 1992. Diretora do Serviço Social do Hospital Pulido Valente, entre 1993 e 2007, e Vogal da Comissão de Ética. Elemento da Equipa de Coordenação de Cuidados Continuados Integrados da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e da Equipa de Projeto de Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental, entre 2007 e 2013. Autora e Coautora de quatro publicações.

Patrícia Teixeira da Silva

Licenciada em Serviço Social pelo Instituto Superior Serviço Social de Lisboa (ISSSL), com especializações em: Saúde e Intervenção Social; e Cuidados Paliativos Pediátricos. Assistente social. Responsável pela Área de Apoio Social do Hospital de Dona Estefânia – Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC).

Paula Silva

Licenciada em Política Social, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP). Mestre em Serviço Social no ISCSP. Iniciou funções como assistente social em contexto hospitalar no Hospital de Curry Cabral (HCC), em janeiro de 1999. Exerceu funções nas várias especialidades cirúrgicas, em medicina e no serviço de urgência médico-cirúrgico e psiquiátrico. Atualmente, exerce funções na equipa de gestão de altas (EGA) e no serviço de cirurgia.

Paula Torgal

Licenciada em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa (ISSSL). Pós-graduada em Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho pela Universidade da Beira Interior. Assistente social no Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira (CHUCB). Diretora do Serviço Social do CHUCB. Vice-presidente da Comissão de Ética do CHUCB. Coordenadora do Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens em Risco do CHUCB. Responsável pelo Gabinete Técnico de Produtos de Apoio do CHUCB. Auditora interna de qualidade do CHUCB. Elemento do grupo de trabalho Cuidados Centrados no Doente, na acreditação do CHUCB pela Joint Commission International. Representante do CHUCB em diversas parcerias extra-hospitalares. Candidatou projetos ao Prémio Boas Práticas em Saúde 2013 (apuramento para final) e ao Prémio Kaizen Lean 2014.

XIV

PrefáciO

Colaborar com académicos e profissionais que, nos seus campos de trabalho, se esforçam por dar continuidade e inovar conhecimento, através de pesquisas e práticas comprometidas com o desenvolvimento humano e social sustentável e com a melhoria das políticas públicas, constitui um desafio a que respondo prontamente e que muito me honra. Faço-o na expectativa de que seja um contributo reflexivo construído a partir da leitura dos capítulos desta obra, numa análise transversal de aspetos relevantes e inspiradores no panorama da produção científica atual. Esta é uma oportunidade de fazer emergir algumas considerações onde o meu perfil académico e o conhecimento partilhado das práticas no terreno se cruzam.

Configurado como um universo temático e um campo de exploração e análise de práticas profissionais aberto ao conhecimento científico, cuja dimensão heurística permeia a diversidade de enfoques teóricos, o livro Práticas de Intervenção do Serviço Social na Saúde constitui uma oportunidade de construção de um “novo” e “renovado” perfil profissional que responda às exigências das realidades e dos conhecimentos atuais. Assim se reforça a solução de continuidade implícita à mudança e transformação social, pela apropriação de conhecimentos e pela visibilidade de competências e saberes práticos e teóricos, e valores partilhados por assistentes sociais.

Produto da colaboração de profissionais ligados à academia e a campos de prática do Serviço Social na área da saúde, a obra evidencia uma plasticidade de enfoques que valorizam a articulação entre a universidade e o campo profissional e apontam para a integração de novos domínios de conhecimento na formação em Serviço Social, como a área da reparação de danos.

Uma leitura aprofundada e transversal dos diversos capítulos do livro permite destacar algumas ideias-chave, que assumem particular atenção quando se trata de intervir na área da saúde, a saber:

1. A relevância do contributo da abordagem socioecológica do desenvolvimento humano, de Urie Brofenbrenner e seus seguidores, para a compreensão da complexidade dos contextos de intervenção dos assistentes sociais, aos níveis micro, meso e macro. 2. O significado e o valor do trabalho em equipa, onde a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade se constroem a partir da exigência e afirmação do reconhecimento do Serviço Social enquanto disciplina. A sua visão holística e integrada da saúde permite uma maior e melhor adequação dos serviços prestadores de saúde e de garantia da sua qualidade e continuidade. 3. A investigação científica é um processo rigoroso, necessário ao conhecimento da realidade social e funcional da intervenção dos assistentes sociais, uma pesquisa baseada no questionamento e orientada por fundamentos teóricos e metodológicos validados, sejam eles clássicos (entrevistas, questionários, etc.) ou inovadores (grupos de discussão, narrativas, etc.). Tal exigência não constitui uma moda, é uma condição, dadas as implicações dos resultados alcançados na melhoria das práticas e na capacidade propositiva em prol dos direitos sociais e humanos da população a quem se prestam serviços de saúde.

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XV

Práticas de Intervenção do Serviço Social na Saúde

XVI 4. O recurso a instrumentos de diagnóstico (descritivo e avaliativo) das redes de suporte social, cuja validade está cientificamente reconhecida, constitui uma janela de oportunidade da especificação dos pontos de partida e de chegada da intervenção profissional. A reapropriação desta dimensão técnica (não tecnicista) da profissão contribui para a valorização do trabalho colaborativo (interinstitucional e interprofissional) subjacente à ampliação da rede de suporte social.

5. A centralidade da análise das competências profissionais quando se descreve, se analisa e se perspetiva o Serviço Social, num determinado campo na área da saúde, distancia-nos de uma leitura normativa das suas funções, atribuindo aos profissionais um papel ativo na construção da sua profissionalidade. 6. A análise da diversidade e multiplicidade de contextos temáticos, institucionais e políticos de enquadramento das práticas de Serviço Social potencia a visibilidade dos fatores sociais determinantes da saúde e do seu impacto no funcionamento dos serviços, e introduz (re)configurações do espaço profissional ocupado pelo Serviço Social. 7. A análise da dimensão ética e de alguns dos dilemas com que os assistentes sociais se confrontam constitui uma linha verde da deontologia profissional que não podemos negligenciar e que afirma a natureza humanista da profissão.

Muito mais haveria a sinalizar, tal é a diversidade de estilos de escrita e de conteúdos, onde a teoria e a prática se articulam. O livro Práticas de Intervenção do Serviço Social na Saúde está muito bem estruturado e constitui um referencial para todos os que se interessam pelo campo da saúde, uma área de intervenção profissional, a primeira ao nível nacional, que tem vindo a diversificar-se e a ganhar visibilidade e afirmação. Será útil para alunos, profissionais, docentes e investigadores. Nesta obra encontram-se pesquisas de terreno, reflexões, revisões de literatura e a organização de saberes formais e informais provindos do contexto de prática profissional.

É urgente dar continuidade a este esforço de sistematização e análise reflexiva, criando oportunidades de publicação de saberes construídos na academia e no campo experiencial, de forma a consolidar o conhecimento que se vai produzindo. Neste panorama, a professora Maria Irene de Carvalho, coordenadora desta obra, tem feito um percurso com muito mérito e sabedoria, no panorama nacional. Deixo aqui uma palavra de incentivo para que se prossiga na tradução reflexiva das práticas quotidianas, onde tudo acontece e nada parece acontecer, desde o simples ao complexo, do individual ao coletivo, da intervenção de nível micro (indivíduo e rede informais), à intervenção de nível meso (meio e vertente profissional envolvente) e à intervenção de nível macro (perspetiva política com programas e projetos de intervenção). Tal construção em conhecimento científico, onde os saberes se cruzam e permitem a emergência de recomendações, ganha estatuto e traduz-se na verdadeira fonte da contribuição do Serviço Social nas políticas sociais e públicas.

Helena Neves Almeida

Professora Auxiliar da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, aposentada, Investigadora do Centro de Estudos Interdisciplinares – CEIS20-UC e do Observatório da Cidadania e Intervenção Social – OCIS/FPCE-UC

Coimbra, 3 de maio de 2022

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