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NOTA PRÉVIA

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PREFÁCIO

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O turismo global oferece às pessoas a oportunidade de explorar e ampliar as suas perspetivas, interagir com diversas culturas, religiões e tradições e desenvolver uma apreciação pela humanidade e pelo mundo real. Neste ambiente orientado para os serviços, as autoridades nacionais, regionais e locais, juntamente com residentes, prestadores de serviços turísticos e funcionários, dão as boas-vindas aos visitantes nos seus destinos e colaboram com eles e com o ecossistema de negócios turísticos mais amplo para cocriar experiências.

O uso de recursos ambientais, socioculturais e económicos gera valor em termos de emprego, rendimento, riqueza, lucro e outros benefícios. Ao vender bens e serviços locais, o turismo apoia as economias ao envolver no processo de produção uma série de sectores, como a agricultura, a arte, a cultura, o património e a indústria transformadora. Estas atividades exigem recursos significativos para investir em infraestruturas e serviços comunitários, incluindo saúde, educação, segurança e proteção. No entanto, o crescimento rápido e não planeado do turismo pode resultar em impactos negativos, como a sobrelotação (overbooking), a deterioração da cultura tradicional, o aumento do jogo, o tráfico de droga, a prostituição e a desconstrução de valor. Quando feito de forma adequada, o turismo pode ser uma estratégia crítica para a construção de sociedades inteligentes e sustentáveis (Buhalis, 2022). Para criar valor e enriquecer as experiências turísticas, está a surgir um ecossistema global que oferece vários serviços e promove o desenvolvimento de sociedades inteligentes e sustentáveis. Turismo e Hotelaria Futureland ilustra as tendências críticas que moldam o futuro do turismo e prepara as diferentes partes interessadas para desenvolver as suas capacidades para enfrentar as oportunidades e os desafios emergentes. Espera-se que a indústria global enfrente imensos desafios impulsionados por vários fatores, incluindo: a pandemia e as ameaças à saúde e à segurança; a escassez de recursos humanos e concursos de gestão de talentos; movimentos geopolíticos; guerras globais e regionais e terrorismo; evolução económica e financeira; ameaças ambientais e climáticas e rápidos desenvolvimentos tecnológicos. A popularidade e a competitividade dos destinos no futuro serão determinadas pela forma como os países e as regiões podem enfrentar estes desafios e desenvolver tecnologias dinâmicas e inovadoras através do emprego de inteligência ambiental (Buhalis, 2020). Tecnologias emergentes como a Internet das Coisas, a inteligência artificial, a tecnologia blockchain e a análise dos big data e dos veículos autónomos prometem tornar as viagens mais eficientes e acessíveis a muitas pessoas, ao mesmo tempo que revolucionam os modelos de negócio e adotam novas práticas, como a economia da partilha (Buhalis, Andreu & Gnoth, 2020).

Esta obra sugere também que o sector global do turismo deve posicionar-se como um pioneiro estratégico, incorporando ideias e tecnologias emergentes e aplicando múltiplas estratégias de mercado para gerar novos fluxos turísticos. A integração da atividade turística no modelo de economia circular é fundamental para minimizar o impacto ambiental negativo. As empresas terão de ter em conta o seu impacto no ambiente e abordar o seu impacto e criar estratégias regenerativas para o capital natural, sociocultural e económico utilizado na produção e no consumo turístico.

O turismo inteligente refere-se à utilização de tecnologia para otimizar o ecossistema de negócios e trazer valor para todas as partes interessadas por meio de networking. Trata-se de um afastamento das práticas anteriores de gestão e marketing turístico, que se centravam apenas na competitividade e rentabilidade de entidades individuais, como destinos, companhias aéreas, hotéis ou atrações. A utilização da computação em cloud, das redes, da Internet/Internet móvel, com os equipamentos de acesso ao terminal portátil, da perceção ativa dos recursos turísticos e da divulgação atempada de informações proporcionará uma gestão e serviços turísticos de destino inteligente.

O objetivo da inteligência no turismo é criar sociedades sustentáveis que apoiem todas as partes interessadas na cocriação de valor. Isto é conseguido através da integração de toda a cadeia de valor para otimizar os benefícios para todo o sistema de modo a garantir o bem-estar a longo prazo de todas as partes interessadas. Uma tecnologia inovadora permite que as organizações de turismo ganhem vantagem competitiva e se mantenham na linha da frente no que respeita às últimas tendências. À medida que mais dispositivos se conectam à Internet das Coisas, faz sentido que o sector de turismo e hospitalidade comece a aproveitar esses dados para melhorar a experiência do cliente. O uso de tecnologias inteligentes, incluindo a inteligência artificial, a realidade aumentada e virtual, o metaverso e a tecnologia blockchain, apoiará elementos digitais de turismo híbridos, permitindo a cocriação de valor para todas as partes interessadas (Buhalis, Leung & Lin, 2023; Buhalis, Lin & Leung, 2023). Tal deverá resultar numa atividade global do turismo que seja atrativa, eficiente, inclusiva e sustentável do ponto de vista económico, social e ambiental. Espera-se que a aplicação da automação inteligente em viagens e turismo aumente no futuro, mas o toque humano será sempre um determinante essencial do turismo experiencial.

Dimitrios Buhalis

Diretor do eTourism Research Lab na Bournemouth University Business School (Reino Unido); Editor Executive na revista Tourism Review e na Encyclopedia of Tourism Management and Marketing

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